Vous êtes sur la page 1sur 39

AUTARQUIA EDUCACIONAL DE AFOGADOS DA INGAZEIRA – AEDAI

FACULDADE DO SERTÃO DO PAJEÚ - FASP


CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

MARIA LUCICLEIDE BRANDÃO DA SILVA

HISTORIOGRAFIA DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NA LUTA ARMADA CONTRA


O REGIME MILITAR
AFOGADOS DA INGAZEIRA – PE
2018
MARIA LUCICLEIDE BRANDÃO DA SILVA

HISTORIOGRAFIA DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NA LUTA ARMADA CONTRA


O REGIME MILITAR

Monografia apresentada ao departamento de


História da Faculdade do Sertão do Pajeú -
FASP de Afogados da Ingazeira, com requisito
parcial para obtenção do título de Licenciatura
em História orientado pela Profª. Juliana
Carlinda da Silva Ferreira.
AFOGADOS DA INGAZEIRA – PE
2018
AUTARQUIA EDUCACIONAL DE AFOGADOS DA INGAZEIRA – AEDAI
FASP - FACULDADE DO SERTÃO DO PAJEÚ - FASP
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

BANCA EXAMINADORA:
PROFESSOR ORIENTADOR:

JULIANA CARLINDA DA SILVA FERREIRA

PROFESSOR EXAMINADOR:

GENILDO SANTANA

DATA DE APROVAÇÃO: _______/________/_______

AFOGADOS DA INGAZEIRA – PE
2018
DEDICATÓRIA
A minha Família que deu-me as mãos e
que sempre esteve pronta para me
ajudar no enfrentamento deste desafio,
incentivando-me para que superasse
todos os obstáculos enfrentados nesta
jornada.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado força e saúde durante mas esse percurso de
minha vida.
Aos meus familiares que me apoiaram durante toda trajetória.
Ao meu grande amigo Ednaldo Gomes Queiroz, que me incentivou muito durante a
minha trajetória.
Aos professores e colegas do curso, pelo companheirismo nessa jornada, em
especial ao coordenador do curso: José Rogério de Oliveira e o meu arguidor:
Genildo Santana Firmino.
A Professora orientadora Juliana Ferreira da Silva e Edmundo Cunha Monte
Bezerra, pelas orientações metodológicas para a realização da pesquisa e na
elaboração deste trabalho de conclusão do curso.
E a todos os funcionários da FASP que contribuíram e incentivaram-me na
realização de mais uma etapa.
"Só engrandeceremos nosso direito à vida,
cumprindo o nosso dever de cidadão do
mundo."
Mahatma Gandhi
RESUMO

Esta monografia apresenta um breve estudo sobre a participação feminina na luta


contra a Ditadura Militar que ocorreu entre 1964 a 1985 no Brasil, onde o país
ficou sob o comando de militares. Esse período foi muito importante para a
ruptura de estereótipos que eram muito comuns nessa época. As mulheres
urbanas não tinham nenhuma participação ativa na política e na economia,
para elas restava apenas o espaço doméstico. Com a Ditadura Militar, as
mulheres puderam escrever uma nova história e com a participação ativa no
Regime o sexo feminino contribuiu para novos relatos e novos olhares para a
história do Brasil. É de extrema relevância saber por que tantas pessoas foram
mortas, em especial as mulheres que foram as primeiras a sair às ruas a
procura de seus maridos, pais, amigos e filhos torturados, presos ou
desaparecidos. Os torturadores por serem do sexo masculino, transformavam
a sexualidade feminina como seus fetiches. Quando eram presas, as mulheres
urbanas tinham pela frente não apenas a tortura, mas também a violência
sexual. As sombras e o terror da Ditadura Militar no Brasil continuam
escondendo muitos detalhes. Em especial a luta e a participação das mulheres
nos movimentos de resistência ao Regime, que não deve ser menosprezada e
sim destacada. A memória das mulheres que participaram ativamente na luta
contra o Regime Militar, foi ‘escondida’ durante muitos anos, prevalecendo
assim, a memória dos grandes vencedores desse período. Para recuperar a
luta feminina pela democratização da sociedade é necessário revelar sua
memória e os registros importantes que foram deixados de lado pelo simples
fato de ser contado e exaltado por mulheres. As guerrilheiras foram de
fundamental importância para derrubar o Regime Militar do poder, pois de
acordo com sua 'sensibilidade feminina' poderiam adentrar lugares em que os
homens não tinham acesso. São essas mulheres que ajudam para uma nova
visão da história e para novas descobertas.

Palavras-chave: Brasil. Mulheres. Torturas. Memória.


ABSTRACT

This monograph presents a brief study on the female participation in the


fight against the Military Dictatorship that occurred between 1964 and
1985 in Brazil, where the country was under military command. This
period was very important for the rupture of stereotypes that were very
common at that time. Urban women had no active participation in politics
and economics, only domestic space remained. With the Military
Dictatorship, women were able to write a new story and with the active
participation in the Regime the female contributed to new reports and new
looks for the history of Brazil. It is extremely important to know why so
many people were killed, especially women who were the first to go out
on the streets looking for their husbands, parents, friends and children
tortured, imprisoned or missing. The male torturers transformed female
sexuality as their fetish. When they were arrested, urban women faced not
only torture, but also sexual violence. The shadows and terror of the
Military Dictatorship in Brazil continue to hide many details. In particular,
the struggle and participation of women in movements of resistance to
the regime, which should not be overlooked but highlighted. The memory
of the women who participated actively in the fight against the Military
Regime was "hidden" for many years, thus prevailing in memory of the
great winners of that period. To recover the women's struggle for the
democratization of society, it is necessary to reveal their memory and
important records that have been left aside by the mere fact of being
counted and exalted by women. The guerrillas were of fundamental
importance to overthrow the Military Regime of power, because according
to their 'feminine sensibility' they could enter places where men did not
have access. It is these women who help in a new vision of history and
new discoveries.

Keywords: Brazil. Women. Torture. Memory.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

Este estudo tem por objetivo fazer um levantamento da participação das


mulheres na militância política no período do Regime Militar no Brasil (1964-1980).
Com o golpe de 1964 instalou-se no Brasil um dos períodos de mais terror já
existentes nesse país onde várias pessoas que não se curvavam ao Regime foram
presas, torturadas e mortas.
Período esse de grandes turbulências para os militantes das organizações que
eram contra o regime ditatorial dos militares. Torturas, prisões, exílios, e até mesmo
a morte foram as consequências para aqueles que ousaram ir contra o regime.
No primeiro capítulo que tem como título “ xxxxxxxx” será uma discussão
acerca da xxxxxxxxxxxxxx. No subtópico 1.2. faz-se uma análise sobre xxxxxxxxxxx.
Descore-se no segundo capítulo, cujo tema é “xxxxxxxx”

Essas organizações eram na maioria constituídas por homens e foram


cassadas ferozmente pelos DOIs e CODIs que eram incumbidos de exterminar
qualquer um que fosse contra os militares
Mas essas frentes revolucionárias inspiradas pela Revolução Cubana também
contaram com a participação direta ou indireta de muitas mulheres. Mulheres essas
que sofreram com os horrores desse período. Tendo em vista um castigo a mais pelo
simples fato de serem mulheres e serem ousadas ao ponto de enfrentar algo que
não lhes cabia. Como já observa a ministra da Secretaria Especial de Políticas para
as Mulheres da Presidência da República. Passamos a citar:

“Se nos impuséssemos o exercício de mapear os dez nomes


que mais aparecem nos livros de história, dificilmente
aparecerá um de mulher entre eles. Com a honrosa exceção
da princesa Isabel, que aparece como “libertadora” e nunca
como “governante”, o Brasil parece ter sua história feita
exclusivamente por homens. O relato oficial sobre a nossa
trajetória como nação é estritamente masculino; nos retratos
oficiais nossos heróis têm, quase sempre, barba e bigode.”
(FREIRE, Nilcéia 2010, p.17).

A mulher desde muito tempo não fora criada para lutar e nem para participar da
política e sim fora educada para servir ao lar, ao marido, aos filhos. O patriarca
detém o controle sobre escravos, familiares, os filhos e seus descendentes, seu
cônjuge, entre outros elementos que se abrigam em sua propriedade agrária. A
casa-grande atua como um símbolo que agrega a todos, pois manifesta o potencial
de acolher os membros que compõem esta comunidade o que facilitou o convívio
com o outro, com o diferente, com o indígena, branco e negro na época do Brasil
colônia e eis os motivos da permanência do português europeu no Brasil. Mas o fato
é que muitas mulheres fizeram parte de organizações e guerrilhas que batalhavam
em busca de seus ideais, apesar de sua educação ser a favor delas ficarem em seu
lares cuidando de suas famílias.
Segundo a socióloga Heleieth Saffioti 1, o Estado brasileiro e seus aparelhos de
repressão viam as mulheres como tolas, bobas, incapazes de se incorporar à luta
política naquele momento. Isso serviu para que elas atuassem na cena política com
mais facilidade e com certeza não foi fazendo café ou varrendo chão.
Mas se essas mulheres foram tão atuantes nesse cenário tão quase que
exclusivamente masculino qual o motivo de quase não encontrarmos material
historiográfico que exalte sua grandiosa participação nesse período tenebroso que
foi o do Regime Militar no Brasil?
Nesse sentido, buscamos com esse trabalho lidar com alguns temas
instigantes e importantes para a construção da memória social, como geração e
gênero, refletindo sobre um conjunto de fatores que se revelaram muito significativos
para a avaliação das motivações que levaram à participação política e seus reflexos
na vida conjugal, na maternidade e na participação política e social dessas
grandiosas e corajosas mulheres.

I CAPITULO

1. A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NA LUTA ARMADA

1.1. O Brasil de 1964 – 1980

1
A autora retrata esta discussão no documentário “Um X na questão”, produzido pela socióloga Heleieth Saffioti
Como ponto de partida pretende-se contextualizar brevemente os anos 1970
no Brasil, O Regime Militar, instaurado em 1964, estendeu-se por vinte e uns anos,
nos quais a presidência da República foi ocupada, sucessivamente, por cinco
generais-presidentes do Exército que governaram sobre as prerrogativas jurídicas
estabelecidas pelos Atos Institucionais (AI’s).
A sucessão de governo foi marcada por Marechal Humberto de Alencar Castelo
Branco², que permanece no poder de 1964 até março de 1967. O Supremo
Comando Revolucionário, decretou através do ato Institucional nº 1 a escolha de um
novo presidente para o Congresso Nacional, que deveria governar até 31 de janeiro
de 1966. Chefe do Estado-Maior do Exército, teve seu mandato prorrogado até 15
de março de 1967. O Ato Institucional nº 1 permitia também a suspensão dos direitos
políticos de qualquer cidadão durante dez anos e a cassação de mandatos
parlamentares.
Castelo Branco pregava o respeito à Constituição de 1964. No entanto, durante
o seu governo, foram criados vários instrumentos de controle, como o Serviço
Nacional de Informações (SNI) -- órgão de inteligência ligado às Forças Armadas -- e
uma lei de greve que, na prática, impedia a realização de greves de qualquer
natureza.
Outros atos institucionais estabeleceram eleições indiretas para o governo
estadual, que por seu turno nomeava os prefeitos das capitais. Milhares de pessoas
ligadas ao governo deposto foram punidas, centenas de sindicatos sofreram
intervenções. Todos os partidos políticos existentes foram extintos; em seu lugar, o
governo criou dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que reunia os
partidários do novo regime; e o Movimento Democrático Brasileiro (MBD), única
oposição permitida pelos militares.
Em seguida, assume o Marechal Arthur da Costa e Silva, de março de 1967 até
agosto de 1967. General Emílio Garrastazu Médici², nasceu em 4 de dezembro de
1905, na cidade de Bagé, Rio Grande do Sul estudou no Colégio Militar de Porto
Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo (1924-1927). Seu pai era um
rico fazendeiro descendente de italianos e sua mãe era uruguaia de origem basca.
Foi a favor da Revolução de 30 e contra a posse de João Goulart em 1961.
Posteriormente foi nomeado adido militar nos Estados Unidos e, em 1967, sucedeu
a Golbery do Couto e Silva na chefia do Serviço Nacional de Informações (SNI). No
SNI, permaneceu por dois anos e apoiou o AI-5 em 1968. Em 1969 foi nomeado
comandante do III Exército, com sede em Porto Alegre.
Com o afastamento definitivo do presidente Costa e Silva, assumiu a
presidência da república uma junta militar por um período de um mês, a qual fez
uma consulta a todos os generais do exército brasileiro, que escolheram Médici
como novo presidente da república. Novembro de 1969 a março de 1974, general
Ernesto Geisel², de março de 1974 a março de 1979; nasceu em Bento Gonçalves,
no Rio Grande do Sul, em 3 de agosto de 1907. Filho de alemães, estudou no
Colégio Militar de Porto Alegre, onde se formou em 1924 como primeiro aluno da
turma. Seguiu a carreira militar e participou de movimentos políticos, como a
Revolução de 1930, a qual apoiava. Em 1932, lutou contra a Revolução
Constitucionalista de São Paulo.
Teve que enfrentar dificuldades econômicas e políticas que anunciavam o fim
do "Milagre Econômico" e ameaçavam o Regime Militar, além dos problemas
herdados de outras gestões, já no final de 1973, a dívida externa contraída para
financiar as obras faraônicas do governo ultrapassava os 10 bilhões de dólares. O
governo começou sua ação democratizante diminuindo a severa ação de censura
sobre os meios de comunicação. Depois garantiu a realização de eleições livres
para senadores, deputados e vereadores em 1974.
O Governo de Ernesto Geisel foi marcado pela necessidade de se administrar
o avanço das oposições legais frente os sinais de crise da ditadura, buscava
conciliar a retomada do crescimento econômico com a contenção da onda
inflacionária. Dando prioridade ao desenvolvimento de bens de capital.
Por último, João Baptista de Oliveira Figueiredo², de março de 1979 a março de
1985. O governo de João Batista Figueiredo marcou a posse do cargo de presidente
brasileiro como de um militar pela última vez. Em seu mandato a abertura política se
intensificou e as manifestações populares conseguiram pressionar o governo em
sentido ao fim da ditadura. Além disso, uma grave crise econômica marcou os anos
de João Figueiredo no poder.
O Regime Militar controlou a expressão artística e cultura, o regime militar foi
instaurado pelo golpe de Estado em 31 de março de 1964. Durou até a abertura
política em 1985, junto com o regime também termina o governo de Figueiredo, foi
nesse governo que os militares perderam sua força e sofreram um grande desgaste
político, e mesmo estando em baixa, os militares ainda tentaram desestabilizar o
governo e amedrontar a sociedade. Foi um tempo caracterizado pela falta de
democracia, anulação dos direitos constitucionais, perseguição policial e militar,
prisão e tortura de quem era contra o sistema e uma censura prévia aos meios de
comunicação.
Como não é muito difícil de imaginar, a grande maioria da população acreditava
que tudo estava ocorrendo de maneira adequada, que não havia problemas
maiores, pois mesmo com todas as adversidades, o período do regime militar
também nos trouxe progresso, principalmente ao que tange à industrialização, e
aproveitando-se disso os governos autoritários passavam a ideia de que só havia
um inimigo a ser combatido, e esse inimigo era o comunismo e todos aqueles que
iam contra o regime vigente.
Naquela época, as pessoas que estavam lutando por seus direitos, pela sua
liberdade, eram vistas como “foras da lei”, como delinquentes. Segundo Foucault
(1977, p.153), Cabe destacar que é um período que a população em sua maioria
permaneceu adestrada, obediente, vigiada e por que não dizer, disciplinada por
mecanismos hierarquizados do Estado. O exercício da disciplina supõe um
dispositivo que obrigue pelo jogo do olhar: um aparelho onde as técnicas que
permitem ver induzam a efeitos de poder, e onde, em troca, os meios de coerção
tornem claramente visíveis aqueles sobre quem se aplicam.
Após a tomada de poder pelos militares em 1964, houve uma necessidade de
criar órgãos de informações a fim de se obter total controle sobre a sociedade.
Desse modo, a censura estava a cargo do Departamento de Censura e Diversões
Públicas do Departamento de Polícia Federal, órgão ligado ao ministério da Justiça².
Além disso, estabeleceu-se a necessidade de uma licença emitida pelo chefe de
polícia com base nas informações de empresário ou diretor do espetáculo. Na
dúvida proibia ou “solicitava” ao autor, cortes considerados subversivos e
comprometedores à ação do Estado. Um aspecto importante que caracteriza esse
período é a repressão política aos dirigentes e lideranças legalizadas, tais como,
políticos, sindicalistas, professores, estudantes, padres que foram cassados,
torturados, submetidos a processos jurídicos, exilados e até mesmo mortos.
Fora isso, regularizou-se a função do censor, nomeado pelo ministro da Justiça
e Negócios Interiores após proposta do chefe de Polícia na condição de cargo de
confiança.
Já no período do governo de Getúlio Vargas, a censura foi organizada de
maneira uniforme e federativa através do Decreto n° 21.240 de 4 de abril de 1932.
Em 1934, com o novo regulamento da Polícia Civil do Distrito Federal, foi criada a
Censura Federal, subordinada à Diretoria Geral de Publicidade, Comunicações e
Transporte. Porém, à Inspetoria Geral da Polícia (IGP) ficava a responsabilidade da
censura policial, enquanto para a Censura Federal ficava a censura política e moral.
O Serviço Nacional de Informação (SNI) e os diversos centros de inteligência das
Forças Armadas interferiam nas ações e decisões da censura. O SNI ainda contava
com o auxílio das Divisões de segurança internas (DSIs), as Assessorias de
Segurança e Informações (ASIs), Centro de Informação do Exército (CIE), Centro de
Informações de Defesa Interna (CODIs), Destacamentos de Operações e
Informações (DOIs).
O método de tortura, as prisões e os numerosos exílios não foram inaugurados
com o regime instaurado em 1964. Para tanto, cabe ressaltar que tais métodos já se
faziam presentes durante o governo de Getúlio Vargas, sobretudo, em 1937, período
conhecido por Estado Novo. Em 1969, é criada a Operação Bandeirantes (OBAN),
formada inicialmente por um grupo de aproximadamente oitenta pessoas
pertencentes ao Exército, Marinha e Aeronáutica, sendo, portanto, ligadas ao
governo oficial. A OBAN² consistia numa equipe especializada em tortura para
liquidar os grupos guerrilheiros e para atuar contra qualquer um que fosse
considerado suspeito.
Em 1965, foram realizadas eleições para os governos estaduais. As oposições
ao Regime Militar conseguiram significativas vitórias. O governo federal decidiu
tomar novas medidas repressoras. Decretou o Ato Institucional n° 2 (AI2) que
conferia mais poderes para o presidente cassar mandatos e direitos políticos,
extinguia todos os partidos políticos existentes e criava apenas dois: A Aliança
Libertadora Nacional (ARENA) partido de apoio, e o Movimento Democrático
Brasileiro (MDB). É desse Ato, que também fora criada a Lei de Segurança Nacional,
que enquadrava como inimigos da pátria aqueles que se opunham ao Regime.
Após o AI-2 foi decretado o AI-3, que estabelecia o fim das eleições diretas
para governadores e prefeitos das capitais. Ainda em 1967 foi colocado em ação do
Ato Institucional n°4 (AI-4) permitindo o governo gozar de poderes para elaborar
uma nova Constituição.
Durante o governo do Marechal Arthur da Costa e Silva², foi um militar e político
brasileiro, o segundo presidente do regime militar instaurado pelo Golpe Militar de
1964. Tomou posse no dia 15 de março de 1967. O período de seu governo foi
marcado por forte agitação política, com importantes movimentos populares e
políticos de oposição, como a Frente Ampla, liderada por Carlos Lacerda e apoiada
por Juscelino Kubitschek e João Goulart. Este movimento tinha como proposta a
redemocratização, anistia, eleições diretas para presidente e uma nova constituinte.
Cresceram no país manifestações contra o Regime Militar. Apesar da repressão
policial, estudantes saíram às ruas em passeatas, operárias organizaram greves
contra o arrocho salarial, políticos discursavam atacando a violência do regime
político instaurado, padres progressistas pregavam contra a fome do povo e a
tortura, que passou a ser praticada pelos órgãos de segurança contra os adversários
da ditadura.
Diante das pressões da sociedade em favor da democracia, o governo militar
presidido por Costa e Silva² reagiu e decretou em 1968 o Ato Institucional n° 5 (AI-5).
A partir desse momento, era conferido ao presidente da República poderes totais
para reprimir e perseguir as oposições. Ele podia fechar o Congresso Nacional, as
assembleias legislativas e as câmaras de vereadores, legislar em todas as
instâncias, intervir nos estados e municípios, suspender direitos políticos de
qualquer cidadão num prazo de dez dias e cassar mandatos federais, estaduais e
municipais, restringir as liberdades individuais e suspender a garantia do habeas-
corpus.
Suspendendo o habeas corpus, foi decretado o Código Penal Criminal Militar,
Código de processo Penal Militar, Lei da Organização Judiciária Militar, redefinindo
nessa ordem, os crimes contra a segurança nacional e atribuindo à Justiça Militar, o
julgamento de todos os crimes a ela relacionados, entre os quais, o assalto a banco,
prática realizada pelos opositores, que, segundo eles mesmos, tinha a finalidade de
financiar a luta contra o regime. Com o governo de Castelo Branco iniciou-se um
período de intensa repressão aos líderes políticos considerados, pelos militares,
inimigos da nova ordem imposta ao país.
O governo general Emílio Garrastazu Médici exerceu forte repressão contra a
sociedade. Os direitos fundamentais do cidadão estavam suspensos, e qualquer um
podia ser preso se fosse de vontade do governo. Nas escolas, nas fábricas, na
imprensa, nos teatros, a sociedade brasileira sentia os efeitos do sistema.
Durante esse período o Brasil recebeu apoio dos Estados Unidos da América e
das empresas multinacionais. Nesse contexto, vale destacar o período conhecido
como “milagre brasileiro”2, a qual fez crescer a economia e o aumento industrial
juntamente com o aumento das exportações. No final dos anos de 1980, o Regime e
toda a propaganda idealizada por ele entrará em colapso, mas nossa intenção não
será detalhar as causas estruturais dessa conjuntura, cabe-nos lembrar, somente,
que o regime adotado sofrerá abalo diante da desestabilização da economia, crise
da sociedade civil e as contribuições que diversas pessoas darão para o fim do
mesmo, dando ênfase para a participação feminina que foi muito importante para o
fim do mesmo.
O discurso da ditadura militar, que se apresenta como discurso oficial tenta
“moralizar” o país através de suas regras, não apenas econômicas e políticas, mas
também a do comportamento do cidadão brasileiro, já dizia Ana Maria Colling
(2010).
Como resistência a esse poder aparece às organizações de esquerda, que irão
conviver dramaticamente com a ditadura militar. Os grupos em separado, com sua
história, formação, período de vivência e dissidência. Grupos esses que irão batalhar
ferozmente contra o regime imposto pelos militares, compostos por homens em sua
maioria, mas também por fortes mulheres que colaboraram para um país mais justo
e livre.
Segundo ABREL (1997), a juventude revolucionária era formada por um
conjunto de pessoas com idades que variavam entre 14 e 24 anos (final dos anos 60
e início dos anos 70), que compartilharam e viveram a mesma conjuntura histórica e
o mesmo projeto: através da luta armada, derrubar o regime militar. O que fica claro,
conforme aponta Abreu, é que junto com o projeto de derrubar o regime também
estava o de revolucionar os costumes, os valores e as relações sociais e afetivas,

2
“O milagre brasileiro foi
que deveriam ser mais igualitárias. Tais propostas eram partilhadas também com
militantes que não participaram da luta armada.
A participação feminina nas organizações de militância política pode ser
tomada como um indicador das rupturas iniciais que estavam ocorrendo nos papéis
tradicionais de gênero. Abreu (1997) aponta que a condição inicial da ruptura dos
modelos tradicionais de gênero não se dava em função da participação minoritária
das mulheres, mas principalmente pela indicação de uma participação diferenciada:
elas raramente ocuparam lugares de comandos nas organizações.

1.2 Principais Mulheres na luta armada

Ana Maria Colling (2010) nos provoca, que a história é feita por homens e
mulheres a cada instante, no cotidiano de suas vidas e no palco político por eles
montado. Muitas dessas vivências ou atuações políticas perdem-se para sempre
acumulando-se aos silêncios, historicamente constituídos, porque a história tem sido
parcial, silenciando ou escondendo sujeitos.

“No caso das mulheres, tem-se buscado mostrar a sua


presença na história, incluindo-as como objeto de estudo,
sujeitos da história; e, para isso. A categoria de análise –
gênero – é usada para teorizar a questão da diferença sexual,
das relações de poder entre homens e mulheres. Trabalhar
com a história das mulheres pressupões o domínio de
categorias analíticas para o entendimento das relações de
gênero, perpassadas por relações de poder” (COLLING, A.M.
p.01,1997).

Os militantes que se fixaram no Brasil durante a vigência da ditadura tornaram-


se, quase todos, clandestinos políticos, pois só assim poderiam prosseguir com sua
luta de resistência. Abandonaram a casa dos pais, seus nomes de família, seus
empregos e profissões, seus documentos de identidade, enfim, ficaram anônimos,
sem explicar para os filhos ainda crianças o que faziam realmente.
As relações familiares e entre amigos ficaram cheias de silêncio. Eram pessoas
reservadas e discretas. As mulheres eram vistas como seres tolos, incapazes de se
incorporar à luta política. Graças a esse preconceito que elas puderam transitar mais
facilmente naquele cenário tão naturalmente masculino.
Elas não estiveram em segundo plano dentro dos aparelhos, cumprindo tarefas
domésticas, mas sim trabalharam em todas as fontes de resistência. Empunharam
armas, foram literalmente à luta em defesa de um ideal. Outras mesmo que sem
armas, estiveram auxiliando seus maridos, colocando em risco suas vidas e a de
seus filhos.

1.3 As Torturas do período militar no Brasil

Como não podia ser diferente, mais uma vez o fato de ser do sexo feminino,
propiciou às mulheres uma gama de torturas mais constrangedoras ainda do que as
infringidas aos militantes do sexo masculino. A autora Susel de Oliveira da Rosa
(2012) relata que as mulheres que participaram na militância contra o regime militar
continuaram lutando nas décadas da pós-ditadura. Essas militantes coordenam
projetos sociais, fazem parte de comissões que lutam pela abertura dos arquivos da
repressão. Isso mais uma vez vem demonstrar a força e a coragem da mulher.
Mas essas mesmas mulheres que ainda hoje lutam pela revelação da verdade
foram alvos de severas torturas. Essas militantes foram mulheres que romperam
com os códigos e estereótipos de sua época, pagando um preço muito alto por isso.
Quando falamos de mulheres militantes estamos falando de mulheres exiladas,
perseguidas, presas, torturadas, assassinadas.

Mulheres que tiveram suas vidas afetadas


profundamente por acompanharem seus
companheiros, maridos, filhos e pais. Mulheres
que perderam seus trabalhos, abandonaram
seus estudos, que se afastaram de suas
famílias e amigos. Mulheres que foram
obrigadas a se separar de seus filhos ou então
foram privadas de tê-los. Mulheres que
perderam ou viram seus companheiros, seus
filhos ou seus pais sendo torturados com as
mais diversas formas de crueldade. Mulheres
que teimaram em lutar pela liberdade em
tempos de ditadura militar. Essas mulheres
militantes lutavam em um mundo quase que
exclusivamente masculino, enfrentando todos
os tipos de discriminações e violências,
inclusive dentro de seus partidos e
organizações, como cita a antropóloga
brasileira, doutora em antropologia social
Mirian Goldenberg.

As mulheres sofreram uma violência explícita ou “invisível” dentro de suas


próprias organizações de militância. Baseada em relatos de mulheres que
vivenciaram essa experiência, elas contam que passaram por muitas dificuldades
para que suas posições fossem ouvidas e respeitadas dentro das organizações.
Relatam também que sofreram até agressões sexuais dentro desses aparatos. Uma
agressão menos explícita, mas que não deixava de ser um abuso quanto a
integridade feminina. Abusos esses talvez explicados pelo fato de serem poucas
mulheres em meio a homens carentes. Enfim, o fato é que as mulheres abortaram
em consequência das torturas sofridas. Outras assistiram seus filhos e
companheiros serem torturados barbaramente.

II CAPITULO

2. INVISIBILIDADE NA HISTORIOGRAFIA DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NA


LUTA ARMADA CONTRA O REGIME MILITAR
2.1 Mulheres Militantes

Historiografia é o registro escrito da História. Segundo o prof. Ms. André


Wagner Rodrigues a historiografia é uma ciência essencial para o estudo da História.
E é partindo da análise historiográfica que nos é possível entender a mentalidade
dos historiadores, seus métodos e interpretações da ciência histórica.
As principais correntes historiográficas são o Positivismo. O Materialismo Histórico e
a Escola dos Annales.
A Escola dos Annales, criada em 1929, pelos historiadores franceses Marc
Block e Lucien Febrvre, incorporou na História aspectos da antropologia, psicologia,
geografia e filosofia. É também conhecida como escola das “Mentalidades”. Os
Annales deram voz a sujeitos antes não estudados.
Outro depoimento interessante é o de Maricota da Silva, pseudônimo utilizado
por uma exilada, no livro Memórias das Mulheres no Exílio. Maricota coloca em
questão a sua própria identidade. O exílio, a separação de familiares e amigos, a
carreira profissional abandonada, todo um destino traçado em função de ser a
mulher de um militante de esquerda. Demonstra também a dificuldade de alguém
que cresceu com a ideia de que a mulher para ter valor social deve ter um homem
ao seu lado.
Maricota da Silva é uma mulher anônima, sem passaporte e sem identidade. É
a “mulher do marido”, a “sombra” de um homem de esquerda. Ao contar sua história,
ela conta a história de muitas mulheres militantes de esquerda que viveram a
mesma experiência de anonimato e tenta demonstrar que a mulher de um militante
jamais poderá ser uma mulher “comum”, que não deixa de ser “mulher do marido”,
mas pode ter uma vida socialmente normal, ao lado de seus familiares e amigos,
vivendo em seu próprio país, sem ter que fugir ou ter medo de tudo. Inclusive medo
de dizer seu nome.

2.2 Razões da Invisibilidade das Mulheres Militantes de Esquerda no Período


do Regime Militar
Com o golpe de 1964 instalou-se no Brasil um dos períodos de mais terror já
existente nesse país, onde várias pessoas que não se curvavam ao regime foram
presas, torturadas e mortas por irem contra o Regime Militar. Dentre essas pessoas
estão inúmeras mulheres, das quais, salvaguardo algumas poucas publicações, são
invisíveis na nossa historiografia.
Nesse manual estava estipulado o papel a ser desempenhado por homens e
mulheres na sociedade. Logicamente o papel que cabia à mulher era o de dona de
casa, pronta para servir aos que viviam na casa. Sempre em submissão ao homem,
ou seja, ao marido. Muitas vezes podendo até ser agredida por ele, sem que
houvesse punição ao mesmo.

“Processos de divórcio de ricas famílias paulistas, nesse


período revelam o recurso frequente à coerção física das
mulheres. Pesquisas registram que o marido, tal como um pai,
se sentia no dever de punir com violência, sua esposa, quando
desobedece” (SEVCENKO, 1998, p.377).

Perceber que a mulher desde sempre fora vista como ser inferior, submissa à
vontade do homem. Sevcenko (2010) continua relatando que com a publicação da
Revista Feminina, o autor Claudio de Souza, que usava o pseudônimo de Ana Rita
Malheiros, responsabilizou o homem moderno pelo avanço do feminismo, pois ele
era incapaz de prover o sustento do lar e em virtude disso a mulher tinha de
trabalhar fora, quando na verdade, ela preferia, segundo ele, continuar tranquila no
seu canto de sombra.
Descrevia a mulher como uma pessoa que estava se afirmando concretamente
sua independência. Pois a mulher desde sempre fora criada para o casamento. Seu
destino era a subordinação ao homem. Como já dizia Beauvoir (2012): “Ninguém
nasce mulher, torna-se mulher, e é através dos olhos, das mãos e não das partes
sexuais que aprendem o universo.” Expõe que tanto o menino quanto a menina são
iguais e tem as mesmas sensações específicas da fase denominada infância que vai
até três ou quatro anos.

2.3 Da guerrilha à imprensa feminista a construção do feminismo pós-luta


armada no Brasil – 1975-1980
Os conceitos ativista dos movimentos feministas e de direitos humanos desde
a década de 1970, a autora Amelinha Teles acredita que o fato de ter sido vítima de
violência durante a ditadura militar foi um dos motivos que a levou a se engajar na
luta. "Senti na pele e, então, aprofundar esse tema de direitos humanos e estudar os
instrumentos de defesa desses direitos se fez necessário", conta Amelinha Teles,
presa política e torturada na cadeia entre 1972 e 1973.
Para a autora, tratar do tema dos direitos humanos das mulheres recuperando
conceitos históricos e as lutas políticas já travadas em torno deles é uma
necessidade que se impõe para a continuidade da luta e para enfim efetivá-los. Por
isso, Amelinha Teles apresenta, de uma forma clara e didática conceitos e
significados; explica o que é gênero; aponta exemplos cotidianos de violação dos
direitos humanos das mulheres; conta as experiências de sucesso para
implementação dos direitos e mostra os desafios para que a igualdade de direitos, a
dignidade e a justiça se efetivem.
Amelinha parte dos tempos medievais, quando homens compravam suas
esposas e tinham o poder de matá-las em caso de adultérios; passa pela escravidão
brasileira e de outros países com os estupros por parte dos senhores escravocratas;
chega às ondas feministas que começaram para garantir igualdade de direitos como
o voto, a educação, o trabalho entre outros para mostrar o que esse sempre foi um
segmento historicamente excluído, mas que batalha por seu espaço.
A violência no mundo Violência contra a mulher no Brasil e no mundo Mulheres
de todo o mundo sofrem discriminação e têm seus direitos violados. De acordo com
Amelinha Teles, a violência contra a mulher é o fenômeno mais democraticamente
distribuído na sociedade porque atinge todos os continentes, classes sociais e
grupos étnico-raciais.

III CAPITULO

Os impactos da participação das mulheres na organização social


3.1 Família

A instituição da família foi usada como um dos carros chefes do período. Junto
com a igreja, elas foram mobilizadas com o intuito de se criar um ambiente propício
a Ditadura Civil-Militar. Apenas a família poderia salvar o Brasil do comunismo. Vê-
se a importância disso nas marchas da família que ocorreram pouco tempo antes do
golpe.
O avanço comunista era alardeado como o destruidor desta instituição e por
isso deveria ser combatido. Mas que família era está? Uma família claramente
determinada, ligada à religião e com predominância do homem na relação. Esta
família deveria trazer papéis consolidados de homem e mulher. Papéis estes há
muito presentes em nossa sociedade e que iriam ser cada vez mais estimulados.
Mesmo com as mudanças ocorridas nas últimas décadas daquele período, com a
incursão cada vez mais ativa da mulher no mercado de trabalho e a sexualidade
mais explorada, a moral familiar continuava rígida. Sarti (1998) fala um pouco
dessas mudanças:

A expansão do mercado de trabalho e do sistema


educacional que estava em curso num país que se
modernizava, gerou, ainda que de forma excludente,
novas oportunidades para as mulheres. Este processo
de modernização, acompanhado da efervescência
cultural de 1968, de novos comportamentos afetivos e
sexuais relacionados ao acesso aos métodos
anticoncepcionais e ao recurso às terapias psicológicas e
à psicanálise, impactou o mundo privado. Novas
experiências cotidianas entraram em conflito com o
padrão tradicional de valores nas relações familiares,
sobretudo por seu caráter autoritário e patriarcal (1998,
p. 4).

Entretanto, até hoje se luta por uma igualdade efetiva de direitos entre os
sexos. Podemos ver sequelas desta moral familiar em nossa sociedade, no que se
refere as diferentes formas de tratamento de gêneros. A questão da sexualidade, por
exemplo, continua sendo tratada de forma diferente para homens e mulheres. Em
1971, data das publicações analisadas, essas diferenças de tratamento eram vistas
e defendidas como comuns: É você a mulher com que ele sonha? Para ser a mulher
com a qual ele sonha, é preciso entender-se alguma coisa sobre a alma do homem.
A mulher era vista como a principal mantenedora da instituição familiar, seja
pela sua condição de mãe, seja pelo seu “espírito doador”, que faria de tudo para
manter o casamento a salvo. Características como “generosidade” e “sacrifício”
eram entendidas por muitos como naturais do sexo feminino.
A mídia reforçava esta visão, impondo a ela uma série de regras e passos a
serem seguidos para que ela cumprisse efetivamente com este papel, conforme
exemplificado abaixo. Esses comportamentos que discutem papéis ideais vão ao
encontro das ideias de Torres (2010):
O estereótipo de uma mulher liberada, piranha, galinha, em detrimento da
mulher direita, estabelece-se na mesma contraposição entre bem e mal,
estabelecido entre o capitalismo, cristão e ocidental e o comunismo, ateu e oriental.
Com comportamentos certos, direitos, para as mulheres, em detrimento de posturas
erradas, liberadas. Para os comportamentos certos, o respeito da sociedade. A
mulher que saísse dessa moral, que fosse liberal e apresentasse desejos contrários
a ela receberia o preconceito e a exclusão social. No período, essas características
progressistas no que diz respeito ao comportamento da mulher eram intimamente
associadas com as ideias comunistas.
A seção “Amor e Casamento” da revista “Rainha” periódico religioso da cidade
de Santa Maria no período da Ditadura Civil-militar servia como legitimador desta,
através da consolidação do modelo de família e indivíduo padrão para a época, com
foco nas mulheres. Discutia temas ligados à família e aos relacionamentos
amorosos. Nela, vemos claramente esses modelos de mulher e marido ideais. A
reportagem publicada na no mês de março, intitulada “As ilusões que vêm e vão”,
discute justamente esses ideais. Analisaremos mais a fundo como se dá essa
construção. Usando uma história com três personagens como pano de fundo, tenta-
se mostrar de que forma a mulher se tornaria a parceira desejada para o homem.
Nela, critica-se a “mulher lamuriante”, que fala demasiadamente sobre seus
problemas para o parceiro.
A mulher ideal é aquela que esquece seus problemas e se importa em alegrar
o homem, deixando de lado seus próprios sentimentos. Mesmo advertindo que não
deve haver subjugação na relação, a moral da pequena história inicial ensina que a
mulher que não sabe deixar seus problemas no trabalho não conseguirá ter um bom
relacionamento. Mais uma vez se reforça a visão da mulher como uma criatura dócil,
pacífica e que deve se esmerar unicamente para ajudar o homem e esquecer aquilo
que lhe aflige.
Os casais são advertidos que esses problemas podem vir de ambos os sexos,
entretanto, para alguns deles há uma parcela bem maior de culpa imposta ao sexo
feminino, principalmente o relacionado ao dinheiro, por elas serem muito
esbanjadoras, segundo a publicação, e as “más línguas”. Usando o discurso de uma
“criminalista belga” não nomeada pela revista explica-se o porquê do mal das “más
línguas” ser mais desastroso nas mulheres:

No que se refere às línguas afiadas, as


mulheres detêm o recorde da culpabilidade. Em
verdade os homens conversam tanto como as
mulheres nos escritórios e nos cafés. Todavia
os efeitos são incomparavelmente mais
trágicos quando as mulheres falam de qualquer
tema e sobretudo de outra mulher. Uma
estatística provou que devido à má língua das
mulheres se têm destruído tantos casamentos
como nos casos provocados pelo dinheiro e
pelo álcool (SILVA, 2011).

A revista também se dispõe a “auxiliar” a mulher a arranjar um bom


pretendente, através de dicas de comportamento e ações consideradas aceitáveis. A
reportagem “O charme poderá tornar você realmente irresistível”, publicada em
fevereiro, dá conselhos à mulher solteira com o intuito de arrumar um pretendente. A
pessoa charmosa é, segundo a reportagem, aquela que consegue “espalhar a
alegria e felicidade à sua volta, a arte de ver o lado melhor de todas as coisas (...).
E, nesse caso, deve existir também uma prontidão de auxílio, um desejo de fazer
bem aos outros, sem esperar agradecimentos”. É mostrado um passo a passo para
que a mulher consiga tornar-se charmosa, passando pela naturalidade,
característica difícil de encontrar, segundo a publicação “A maioria das pessoas
agem de maneira artificial, porque conversam de maneira estudada”.
A modéstia, outra das características recomendadas ajuda a reforçar a visão de
que o conhecimento da mulher atrapalha na conquista, como exemplificado no
trecho: Muitas mulheres pensam que causam uma impressão muito especial sobre
os homens quando lhes contam como são muito pretendidas e os êxitos que podem
alcançar em todos os campos possíveis. Estas mulheres alcançam junto dos
homens apenas o contrário daquilo que desejavam. Sem espaço para contestação,
a mulher deve mostrar-se inferior para agradar ao futuro parceiro.
Os conselhos dados a seguir na reportagem abordam de que forma a mulher
deve se comportar em atividades sociais: sorrindo amigavelmente, dizendo palavras
amáveis e sendo bem humorada. Ainda há a recomendação quanto ao consumo de
bebidas e a forma de se sentar. Todo esse discurso reforça o papel de submissão da
mulher, que se molda ao que a sociedade dela espera e as preferências e desejos
do homem.
Uma pessoa pode ser divertida, mas nenhum homem pode suportar que
precisamente a mulher que escolheu tenha bebido um pouco demais. Também não
fume muito e procure não se sentar de maneira a chamar as atenções. Comporte-
se, portanto, como uma verdadeira senhora.
No conselho que finaliza a reportagem, mostra-se fortemente a preocupação
com os princípios de moral e bons costumes, incutidos em todo o texto, “Se correr
ao encontro dele rapidamente, o homem ficará com a impressão que você diz sim a
qualquer homem com a mesma facilidade e que já deve ter muitas aventuras
amorosas em seu passado”. Este discurso ajuda a naturalizar a dupla moral sexual
existente na época. Enquanto ao homem é estimulada a vivência plena de sua
sexualidade, à mulher é incutida uma ideia de necessária virtude, que deve ser
mantida.
A liberdade para a mulher está mais relacionada em comprar um novo
eletrodoméstico para cumprir suas funções de dona de casa do que em alterar sua
postura dentro da família e na sociedade. Os casos exemplificados atestam a
submissão incutida à mulher no período e nos fazem pensar sobre as relações de
poder existentes entre homens e mulheres. Na reportagem “Cada casamento tem
dez problemas” de setembro de 1971, as “mulheres americanas” dão sua resposta à
questão da submissão feminina:

Ele deve ser o teu senhor?! Na realidade êste


problema não devia ser discutido, pois as
mulheres americanas são unânimes em afirmar
que não são felizes no seu “papel de chefia”.
Por isso é melhor ficar pela mediania: o homem
deve ser o “dirigente” no casamento, mas a
mulher deve aconselhá-lo.

Para a reportagem, fica claro o papel que deve ser assumido pela mulher na
relação, a de conselheira do marido sem, no entanto, tirar a supremacia do mesmo
acerca das decisões dentro da família. A importância de se analisar essas relações
de poder entre homens e mulheres é muito bem sintetizado por Colling (2010):

Falar sobre mulheres significa falar das


relações de poder entre homens e mulheres.
Para identificá-las como sujeitos políticos é
necessário analisar as intricadas relações de
gênero, de classe, de raça e de geração. É
necessário falar também do desmerecimento
feminino (p. 170).

Esse desmerecimento está presente claramente nas páginas de “Rainha”. E


se formos admitir que a violência simbólica afeta mais as mulheres, como afirma
Pierre Bourdieu, poderemos ver a influência e a intensidade do mesmo. É
interessante também pensarmos na proposta de Colling (2010) que nos afirma que é
importante avaliarmos que estes papéis criados para as mulheres.

3.2 Trabalho

A História Sindical no Brasil teve sua origem no século XIX, com o trabalho livre
e assalariado e o fim da escravidão no País e está diretamente relacionado às
mudanças na economia da época, passando de agrário-exportadora para uma
economia industrializante, e a redução de postos de trabalho e excesso de mão-de-
obra, gerando, portanto o desemprego.
No início do século XX, a grande maioria dos trabalhadores era explorada sem
qualquer direito ou proteção legal, surgindo daí a necessidade de uma
representação legítima contra tantos abusos. Eram comuns as jornadas de trabalho
de 14, 16 horas, baixos salários e exploração de crianças e mulheres. A sociedade
brasileira estava atrasada em relação aos seus direitos trabalhistas, o que fez com
que os trabalhadores se organizassem, formando o que viriam a serem os primeiros
sindicatos brasileiros.
As primeiras normas trabalhistas surgem no País a partir da última década do
século XX, com a regulamentação do trabalho de menores dos 12 aos 18 anos.
Logo após, em 1912, foi fundada a Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), que
tinha por finalidade reunir as reivindicações operárias, como: jornada de trabalho de
oito horas, fixação do salário mínimo, indenização para acidentes de trabalho, dentre
outros.
A política trabalhista brasileira começa a tomar forma após a Revolução de 30,
quando Getúlio Vargas cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. A
Constituição de 1934, a primeira a tratar dos Direitos do Trabalho no Brasil,
assegurou a liberdade sindical, salário mínimo, repouso semanal, jornada de oito
horas, proteção do trabalho feminino e infantil, isonomia salarial e férias anuais
remuneradas.
A criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1943, surgiu da
necessidade de reunir as normas trabalhistas em um único código.
Durante o golpe militar de 64, a classe operária sofreu duros golpes entre proibições,
cassações, prisões, torturas e assassinatos, o que se estendeu durante anos. Em
1970, há o surgimento de um novo sindicalismo que luta contra o regime militar.
Após o fim da ditadura, em 1985, os trabalhadores tiveram suas conquistas
restabelecidas. Na Constituição de 1988, através da Lei n° 7.783/89, é restabelecido
o direito a greve e a livre associação sindical e profissional. Em 1984, foi realizado,
em São Bernardo do Campo o 1° Congresso Nacional da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), com a participação de vários representantes de entidades
sindicais. Nesse congresso foram lançados princípios de uma nova proposta
sindical, que vem mudando o país e se estende até os dias de hoje.

3.3 Política

O contexto brasileiro dentro do período da ditadura Militar reflete inúmeras


situações de mazelas históricas que perpetuam até nossos dias. Assim, o cenário
onde se encontra mergulhado a conjuntura política brasileira, reflete situações em
que se teve origem em plena ditadura Militar.
Nesse sentido, a Ditadura Militar dentro do processo de construção social de
um país foi marcada por um contingente de problemas que desencadearam fortes
indícios de ruptura dos direitos humanos. A rigidez e a formulação de mecanismos
institucionais de controle por meio de reformas constitucionais fortaleceram os ideais
militares.
A partir de 1969-1973, com o alto crescimento do PIB - Produto Interno Bruto
brasileiro, que consequentemente ficou conhecido como o “Milagre Econômico”, ou
seja, grande crescimento econômico, que gerou avanços estruturais na criação de
milhões de postos de novos empregos. Consequentemente, foram executadas
várias obras consideradas faraónicas, como a Ponte Rio-Niterói e a Rodovia
Transamazônica, empregando uma enorme quantidade de homens e mulheres.
O Milagre Econômico teve como características também o crescimento da
concentração de renda e o aumento da pobreza. Com a aceleração do crescimento,
houve um altíssimo investimento nas indústrias, especialmente na construção Naval,
nas Hidrelétricas e nas siderúrgicas e petroquímicas. As classes média e alta, eram
protegidas de correções monetárias das poupanças. Houve um grande consumo de
energia elétrica, na superprodução de veículos nas indústrias; milhões de
trabalhadores tinham em suas residências televisores, que concebiam que seu nível
de vida estava melhorando.
Todavia, com o agravamento da dívida externa brasileira, chegando a mais de
90 bilhões de dólares, e tendo que usar 90% das receitas oriundas das exportações,
o Brasil chega a uma das grandes crises econômicas que perdurou até a década de
90. Assim, a concentração da renda nas mãos de uns poucos e as altas taxas de
desemprego foram mazelas oriundas deste momento histórico brasileiro.
As Políticas Sociais Brasileiras no Período de 1960 a 1980.
As políticas públicas são voltadas para a resolução de problemas no âmbito
social e é explicitamente normativa visando estabelecer preceitos, regras e padrões
conhecendo o que acontece no mundo real. As políticas públicas, no Brasil, tiveram
seu início no final da década de 70, ainda durante a ditadura militar.
Políticas públicas são instrumentos de execução de programas políticos baseados
na intervenção do estado na sociedade com a finalidade de assegurar igualdade de
oportunidades aos cidadãos, tendo por escopo assegurar as condições materiais de
uma existência digna a todos. As políticas públicas reconhecem um problema social
e visam a solução desse problema no âmbito social.
Essencialmente, o que caracterizava o Estado brasileiro nesse período (1920-
1980) era seu caráter desenvolvimentista, conservador, centralizador e autoritário.
Não era um Estado de Bem-Estar Social. O Estado era o promotor do
desenvolvimento e não o transformador das relações da sociedade. Um Estado
conservador que logrou promover transformações fantásticas sem alterar a estrutura
de propriedade, por exemplo.
Nessa fase, o grande objetivo do Estado brasileiro era consolidar o processo
de industrialização. Desde o começo do século, optou-se pela industrialização. A
grande tarefa era consolidar esse processo e fazer do Brasil uma grande potência.
Assim, o grande objetivo era de ordem econômica: construir uma potência
intermediária no cenário mundial. O Estado desempenhava a função de promover a
acumulação privada na esfera produtiva. O essencial das políticas públicas estava
voltado para promover o crescimento econômico, acelerando o processo de
industrialização, o que era pretendido pelo Estado brasileiro, sem a transformação
das relações de propriedade na sociedade brasileira.
O Estado brasileiro é, tradicionalmente, centralizador. A pouca ênfase no bem-
estar, ou seja, a tradição de assumir muito mais o objetivo do crescimento
econômico e muito menos o objetivo de proteção social ao conjunto da sociedade,
fez com que o Estado adquirisse uma postura de fazedor e não de regulador.
Dado o seu caráter autoritário, o Estado não precisava se legitimar perante a
grande parcela da sociedade, ficando refém dos lobbies dos poderosos nos
gabinetes, principalmente de Brasília, já que se concentra na União. E as grandes
lideranças nos períodos das ditaduras nem pressão podiam fazer. Algumas estavam
exiladas, outras foram mortas.
Assim, a tradição, o ranço da vertente autoritária, tornou-se um traço muito
forte nas políticas públicas do país, e as políticas públicas eram muito mais políticas
econômicas. Se olharmos a história recente, as políticas sociais e as políticas
regionais são meros apêndices, não são o centro das preocupações das políticas
públicas. Nelas, o corte era predominantemente compensatório, porque o central era
a política econômica, já que a política industrial era hegemônica, porque o projeto
central era a industrialização.
Esse perfil autoritário e conservador também se traduz na maneira como
tradicionalmente são pensadas as políticas sociais. Quem está lá em Brasília tende
a pensar que o Brasil é uma média. E a média não diz quase nada do Brasil, que é
um país muito heterogêneo. A consequência dessa leitura é a dificuldade em
considerar a heterogeneidade real do Brasil.
Cada lugar requer uma solução que venha da realidade. Quando se tem uma
política centralizada, o tratamento é homogeneizado. A centralização faz com que as
propostas venham de cima para baixo, e essa é uma tradição das políticas sociais
no país. Junta-se a isso a consequente dificuldade de promover a participação da
sociedade.
O Estado brasileiro fez tudo para promover o projeto industrial: financiou,
protegeu, criou alíquotas, produziu insumos básicos. As estatais, que estão sendo
privatizadas agora, produziam insumos básicos. Nas atividades mais pesadas, de
investimento mais pesado, com taxa de retorno mais lento, houve participação do
setor estatal produtivo. A produção de aço, a mineração, a produção de petróleo e
de energia, têm a mesma natureza: são insumo básico.
O Estado investiu em projetos grandes, onerosos, com taxas de retorno mais
lentas, para possibilitar que o setor produtivo privado ficasse com o mais leve e
rapidamente rentável. O que se fez de rodovias, de portos, de instalações de
telecomunicações nesse país, nos últimos anos, é inimaginável. O Estado brasileiro
foi responsável por toda essas realizações.
Agora, parte dessa estrutura está sendo desmontada, com as
privatizações. Em muito menor grau, o Estado brasileiro também facultou serviços
sociais, de segurança e justiça. O Estado regulador, embora com uma face muito
menor do que o Estado realizador, também se fazia presente, quando era
imprescindível a seu projeto. Por exemplo, na era Vargas, o Estado interveio para
regular a relação trabalho-capital. Quer dizer, no momento em que a opção é a
industrialização, em que o operariado vai surgindo e em que é necessário definir as
regras do jogo entre o trabalho e o capital, o Estado brasileiro aparece com força.
São da era Vargas o salário mínimo e o essencial da legislação trabalhista que ainda
se mantém.
Na Justiça do Trabalho, ou seja, nos mecanismos de regulação da relação
entre trabalhador urbano e capital, o Estado esteve muito presente.
A herança foi um país que consegue ser a oitava economia do mundo, em poucos
anos, e que tem, ao mesmo tempo, a maior fratura social dentre os países de perfil
semelhante. Não há outro país com o mesmo perfil do Brasil. Conseguiu percorrer
essa trajetória econômica, que é exitosa do ponto de vista de seus objetivos, mas é
único quanto à distribuição de renda: 20% dos mais pobres detêm, apenas, 2% da
renda nacional, enquanto os 10% mais ricos detêm quase 50% dessa renda.
Só a Guatemala, um pequeno país, sem a importância econômica do
Brasil, é que apresenta um perfil semelhante. Na verdade, herdamos um país com
uma grande vitalidade econômica – que talvez se torne um exemplo de êxito
econômico na história do século XX – e, ao mesmo tempo, profundamente fraturado,
com 2/3 da sua população fora do mercado.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil, quando se fala em ditadura, pode-se dizer que ainda é visto como
tabu. Vivemos a memória do esquecimento e esse esquecer toca em especial a
trajetória das mulheres, já que dos relatos dos quais dispomos, o homem tem o
papel principal.
Para a ditadura, as mulheres militantes possuíam um caráter duplamente
transgressor: transgrediam enquanto agentes políticos indo na contramão do
Regime Militar e também transgrediam ao romper com os padrões tradicionais de
gênero. Ou seja, as mulheres não eram acusadas apenas de serem terroristas, mas
de serem terroristas e mulheres, pois estavam ocupando um espaço público que era
destinado exclusivamente aos homens.
Diversas mulheres se engajaram na luta contra a ditadura, direta ou
indiretamente, em busca de um ideal, acompanhando seus pais, maridos,
companheiros e filhos, como no caso mais famoso e conhecido pela historiografia
que foi o de Zuzu Angel.
A história é algo que vai se construindo dia a dia, e é bem provável que as
mulheres, que pouco a pouco vêm conquistando seu espaço na historiografia e no
setor público, saindo da privacidade de seus lares, do papel de mãe e “mulher do
marido”, acabem tendo seu reconhecimento merecido e uma visibilidade
historiográfica maior.
Ao se livrar da cultura machista onde a mulher tem o papel de submissão ela
acaba mostrando a capacidade que tem, quebrando o preconceito cultural que a
tempos se instalou na construção da identidade das mulheres. Prova disso é o caso
da Presidenta do Brasil Dilma Roussef, um expoente na política. Mulher essa que
também foi engajada na militância política no período do Regime Militar.
Por fim assinala-se que muito ainda está por vir na história das mulheres, um sujeito
oculto que gradativamente está construindo sua identidade na historiografia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACOM, Ana Carolina. Quem é essa mulher? Zuzu Angel: Moda e Ditadura Militar.

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos


filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.

ALVES, Taiara Souto, 2009. Dos quartéis aos tribunais: a atuação das auditorias
militares de Porto Alegre e Santa Maria no julgamento de civis em
processos políticos referentes às leis de segurança nacional (1964-1978).
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre, Rio Grande do Sul. Brasil.

BARBOSA, M. C. Meios de Comunicação e História: elos visíveis e invisíveis. In:


V Congresso Nacional de História da Midia, 2007, São Paulo. CD Rom do V
Congresso Nacional de História da Midia. São Bernardo do Campo: Cátedra
Unesco - UMESP, 2007. v. 1. p. 1-12.

BAUER, Caroline Silveira. Brasil e Argentina: políticas de memória e


esquecimento na conjuntura das transições políticas das ditaduras de
segurança nacional. In: X Encontro Estadual de História, 2010, Santa Maria.
O Brasil no sul: cruzando fronteiras entre o regional e o nacional. Santa Maria:
Universitária, 2010. v. 1. p. 174-174.BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. 2.ed.

CASTRO, F. A comunicação persuasiva como estratégia de controle da


memória coletiva. 2010. 160 f. Dissertação de Mestrado – Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

CODATO, Adriano Nervo; OLIVEIRA, Marcus Roberto de. A marcha, o terço e o


livro: catolicismo conservador e ação política na conjuntura do golpe de
1964. Disponível em: Acesso em: 18 de fevereiro 2018.

COLLING, A. M. As mulheres e a ditadura militar no Brasil. História em Revista.


Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2006, v. 10, p. 169-178.
CORDEIRO, Janaína Martins. Direitas em movimento: a Campanha da Mulher
pela Democracia e a Ditadura no Brasil. Rio de Janeiro. Editora FGV. 2009.
p. 202. DALMOLIN, Aline Roes. A Rainha de Lauro Trevisan: Modernização e
Religiosidade. 2007. 153 f. Dissertação de Mestrado – Universidade do Vale do
Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2007.

FARIA, Lia Ciomar Macedo de; CUNHA, Washington Dener dos Santos ; SILVA,
Rosemaria J. V. Memórias e Representações Femininas: Ideologias e
Utopias dos anos 60. Revista Vozes do Vale, v. 01, p. 01-14, 2012.

FICO, Carlos. Espionagem. Polícia Política, Censura e Propaganda: os pilares


básicos da repressão. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida
Neves. O Brasil Republicano. Volume IV. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2003.

KONRAD, Diorge Alceno. Sequelas de Santa Maria: memórias do apoio e da


resistência ao golpe de 1964. In: As ditaduras de segurança nacional: Brasil
e Cone Sul; para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.
Porto Alegre: Comissão do Acervo da Luta contra a Ditadura, 2006, p.100-108.

LACERDA, Eliane Muniz. O jornalismo nos limites da liberdade: um estudo


da cobertura da imprensa sobre os casos dos religiosos acusados de
praticar atividades subversivas durante o regime militar. Julho de 2007.
137 p. Dissertação de Mestrado – Pós Graduação em Comunicação
Universidade de Brasília. Brasília, 2007.

MARINONI, Bruno. Uma velha história da concentração entre mídia e


políticos. Disponível em: Acesso em: 18 de fevereiro 2018. MOURÃO FILHO,
Olympio. Memórias: A Verdade de um Revolucionário. L&PM Editores. Porto
Alegre. 1978.

REIS, Daniel Aarão. “Ditadura e sociedade: as reconstruções da memória”.


In: REIS, Daniel Aarão, RIDENTI, Marcelo e MOTTA, Rodrigo Patto Sá (Orgs.).
O golpe e a ditadura militar. 40 anos depois (1964-2004). Bauru, Edusc, 2004.

SARTI, Cynthia A. O início do feminismo sob a ditadura no Brasil: o que


ficou escondido. In: XXI Congresso Internacional da Latin American Studies
Association, 1998, Chicago, Illinois.

SILVA, T. S. História, Gênero e Educação: As mobilizações de gênero pela


ditadura civil-militar brasileira sob uma perspectiva da educação (1964 -
1985). In: III Seminário nacional de Gênero e Práticas Culturais, 2011, João
Pessoa. III Seminário nacional de Gênero e Práticas Culturais - Olhares
diversos sobre a diferença, 2011.

SKIDMORE, Thomas: Brasil: de Getúlio a Castelo (1930-1964). Paz e Terra, São


Paulo, 1982.

ZINANI, C. J. A. História e memória na narrativa latino-americana


contemporânea. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero 9: Diásporas,
Diversidades, Deslocamentos, 2010, Florianópolis. Fazendo Gênero 9:
Diásporas, Diversidades, Deslocamentos. Florianópolis: UFSC, 2010. v. 1.

Vous aimerez peut-être aussi