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4 ALVE NARIAS 4. |. Contextualizagao Desde a mais remota antiguidade que o homem utiliza a alvenaria como método construtivo, inicialmente através do empilhamento de pedras ¢ em seguida através da descoberta de técnicas que foram evoluindo ao longo dos séculos. Antes da era Crista jé haviam sido construfdas pontes em arcos, monumentos outras edificagdes pelos etruscos, egipcios e romanos que permanecem até os dias atuais como testemunhas da importancia da utilizagao da alvenaria como material de construgao ao longo da histéria da humanidade. Com 0 passar do tempo as alvenarias sofreram diversas transformagdes, passando das formas iniciais, pesadas e espessas, para formas mais delgadas e leves, tomando- se hoje um dos componentes mais freqiientes em quase todos os tipos de edificacées. Atualmente existe no Brasil uma grande diversidade de pegas modulares, blocos € tijolos, utilizados na construgao civil, principalmente na produgdo de habitagdes populares. Isto implica na necessidade de maiores conhecimentos sobre essa técnica construtiva, seja nos aspectos relativos a0 dimensionamento estrutural e controle de qualidade dos materiais, como no seu comportamento apés a conclusio da obra Porém, ainda observa-se, de modo geral, a falta até dos conhecimentos basicos sobre 0 tema, principalmente quando trata-se da utilizagao da alvenaria como elemento estrutural. Isso talvez seja um reflexo da falta de incentivos e investimentos dos diversos setores que tratam direta ou inditetamente da questio, como Universidades, a Indistria da Construgo Civil, os agentes financeiros que financiam 0s imSveis e os priprios fabricantes de tijolos. Diante disso, as obras de alvenaria, em sua grande maioria ainda sao caracterizadas pelo empirismo ¢ pela caréncia de procedimentos adequados, tanto de projeto como de execugio, levando algumas delas a apresentarem manifestagdes patolégicas que, além de prejudicarem a habitabilidade dos iméveis, podem até lev4- Jos ao colapso estrutural. 4.1.2. Alvenarias estruturais Também denominadas alvenarias portantes ou autoportantes, so utilizadas com fungio estrutural, recebendo as cargas da edificagio e transmitindo-as as fundagdes. A normalizagio brasileira estabelece que as paredes com fungao estrutural deverio ser executadas com blocos vazados de concreto com furos na vertical, espessura minima de 14cm ¢ esbeltez maxima igual a 20. (NBR-10837. Calculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto). Podem ser nao armadas, parcialmente armadas ou armadas As alvenatias nao armadas so constituidas pela unido de blocos e argamassa, que absorvem os esforgos atuantes. Sao previstas apenas armaduras de amarragio 38 (prevengio de trincas), porém, elas no so consideradas no dimensionamento das paredes. As alvenarias parcialmente armadas sio constitufdas pela uniio de blocos € argamassa, sendo utilizada armadura para absorver os esforgos em algumas partes das paredes, sendo as outras partes calculadas como alvenaria nao armada. As alvenarias armadas so compostas pela unio de blocos, argamassa, graute € armadura, dimensionada para resistir aos esforgos solicitantes, independentemente das armaduras construtivas. 4.1.3, Alvenaria de vedagio Sao as alvenarias que constituem apenas elementos de vedagao ou fechamento dos ambientes. S40 normalmente constituidas de tijolos cerimicos vazados com furos na horizontal ou outros tipos de blocos que nao exercem fungio estrutural, 4.1.4, Alvenarias resistentes Denominagao dada nos meios técnico ¢ académico para aquelas alvenarias que s40 utilizadas com fungdo estrutural, porém, de forma empirica ow semi-empirica, em desacordo com os procedimentos de projeto e execucao previstos nas normas. E o caso, por exemplo, dos edificios em alvenaria estrutural que utilizam tijolos ceramicos vazados com furos na horizontal. 4.1.5. Tipos mais usuais de tijolos e blocos Os componentes mais usuais das alvenarias, sejam estruturais ou de vedagio sio: ¥ Tijolos ceramicos vazados; ¥ Tijolos cerdmicos macigos; ¥ Blocos de concreto; ¥ Blocos de concreto celular; Y Blocos sflicos-calcéreos; Y Blocos de solo estabilizado. 6 6 6 | | 061. S & & \ o> * ‘ij. 3. furos i). 4 furos Fig. 4.2 Alguns tipos mais usados de tijolos cerémicos 41 ‘Tabela 4.1 Caracteristicas geométricas Blocos de concreto estruturais ¢ de vedagio, AREA | AREA] AREA ] TOLERANCIA (cm) (cm) (mm) Bloco 14x19x39 271 275 Meio bloco 14x19x19 266 145 121 * $6 podem ser uilizados como elementos de vedagio ‘Tabela 4.2 Caracteristicas fisicas Peso especifico médio dos componentes das alvenatias, ¥ COMPONENTE = Kn Biocos de conereio 216 2.200, Blocos cerimicos vazados 12. 1300 ‘Blocos cerdmicos macigos 127-216 1300 — 2.300 Blocos siicos-caledreos 118-176 1.200 1.800 ‘Blocos de conoreto celular 30-78 '300— 800 ‘Argamassa de assentamento 186 1.900 ‘Graute 21.6 22 ‘Chapiseo 20.6 2.1007 Embogo (masta grossa) 19,6 900) ‘Tabela 4.3 Resisténcia minima & Tro mpresstio para blocos cerimicos (NBR-7171). RI INCIA A COMPRESSAO NA AREA BRUTA (MPa) 15 40) 7.0) 10.0 De vedagao Portante =|] o] ee] > ‘Tabela 4.4 Resistencia minima & compressio para blocos de concreto, BLOCO REQUISITO Vedagao f,220MPa, f,, 22: Estrutural B Fi, 245MPa Bstrutural A Fi, 2 6.0MPa lor individual Jug = valor médio da amostra fay = valor caracteristico 4.2. Patologia As anomalias manifestadas nas alvenarias que compéem as paredes de uma edificagao, sio, de modo geral, bastante visiveis pela prépria natureza dos materiais € do comportamento desses componentes Nas alvenarias estruturais as manifestagdes patolégicas séo evidentemente de maior gravidade pela influéncia na estabilidade do imével. Porém, mesmo as alvenarias de vedagio, precisam ter desempenho adequado, de modo a resistir aos fatores extemos e internos como variagdes de temperatura, movimentagSes das estruturas onde estio apoiadas, umidade relativa do ar, infiltragGes, ete. Pelo fato de empregarem materiais diversos, com pardmetros fisicos diferenciados, tornam-se necessarios cuidados especiais, especialmente na jungao entre paredes e de patedes com a estrutura, de modo a evitar que as diferengas de comportamento provoquem danos a edificagdo. Basta observar que as fissuras mais comuns ocorrem. justamente na ligagdo das paredes com lajes, vigas ¢ pilares, junto as aberturas de portas e janelas € na ligagdo entre paredes, As alvenarias também sio muito sensfveis as movimentagdes. estruturais provocadas por recalques diferenciais nas fundagGes, excesso de sobrecarga nas lajes ou deformabilidade das pecas estruturais. Atencio especial deve ser dada as alvenarias que se apéiam sobre vigas ou lajes em balango. 4.2.1. Principais anomalias ‘As anomalias mais freqiientes nas alvenarias sao fissuras, eflorescéncias © infiltragdes de agua. 4.2.1. Fissuras ‘As fissuras ocupam o primeiro lugar na lista dos problemas mais comuns nas alvenarias. Suas causas nem sempre so facilmente identificadas, porém, o conhecimento das mesmas é de fundamental importincia para a adogo dos procedimentos adequados de corregio. ‘As alvenarias apresentam, de modo geral, bom comportamento A compressio, porém o mesmo nao ocorre em relagdo As solicitages de tragdo, flexio & cisalhamento, Normalmente a quase totalidade dos casos de fissurago em alvenaria sio provocadas por tensdes de tragdo e cisalhamento. Outros fatores que também influenciam na fissuragio e nas propriedades mecanicas esto a seguir relacionadas’ Y Heterogencidade resultante da utilizagdo conjunta de materiais diferentes, com propriedades mecinicas e elésticas diferenciadas; Y Geometria, rugosidade e porosidade dos componentes; a de assentamento; Y Retragio, aderéncia ¢ retengao de égua da argam: Y Esbeltez, geometria da edificagio, paredes de contraventamentos: Y Cintamentos, amarragoes, tipos e dimensoes de aberturas de portas ¢ janelas; Y Tubulagdes embutidas; Y Movimentacées higroscépicas e térmicas; Y Tipo de fundagao, recalques diferenciais. ‘Tabela 4.5 Principais tipos de fissuras nas alvenarias (Fonte: L.A.Faledo Bauer) presenca ou nao de armadura, existéncia de Configuracio Tipica ‘Causa Provavel uuniformemente distribuida, Deformagio da argamassa de assentamento em paredes submetidas a uma carga vertical Movimentagao higrosc6pica da alvenatia, principalmente no encontro de alvenarias Fissura (cantos) ¢ em alvenarias extensas Vertical Retragio por secagem da alvenatia, principalmente em pontos de concentragio de tensées ou segio enfraquecida, Expansio da argamassa de assentamento (interagio sullate-cimento, bidratagao retardada da cal) ‘Alvenaria submetida & Hexovompressio devida a deformagées excessivas da laje, Movimentagio térmica da laje de eobertura (deficiéncia de isolamento térmico, com @ ‘ocorréncia de fissuras no topo da parede, decorrente da dilatagao da laje de cobertura Fissure Expansio da argamassa de assentamento (interagio sulfate-cimento, idratagio sea retardada da cal). Expansio da alvenaria por movimentayao higroscopica, em geral nas regibes sujeitas & do constante de umidade. principalmente na base das paredes. Retragio por secagem da laje de concreto armado, que gera fissuras nas alvenatias, principalmente nas externas enfraquecidas por vios (janelas) Recalques diferenciais, decorrentes de falhas de projeto, rebaixamento do Tengol frestico, heterogeneidade do solo, influéncia de fundagées vizinhas, ‘Atuagio de cargas concentradas diretamente sobre a alvenatia, devido & inexisi@ncia de coxins ou outros dispositives para distribuigio das cargas Fiscura ‘Alvenarias com inexisténcia ou deficiéncia de vergas e contravergas nov vios de porlas Inelinada ¢ janelas excessivamente flexiveis Carregamentos desbalanceados, principalmente em sapatas corridas, ou vigas baldrames extzemidades da alvenaria Movimentagao térmica de platibanda, ocorrendo fissuras horizentais e inclinadas nas Fissura na Laje Mista de Forro da Coberta__| vigas pré-moldadas. Movimentago térmica, gerando fissuras no encontro dos elementos cerimicos com as 44 ‘A. seguir estio indicadas esquematicamente, algumas configuragGes mais freqitentes de fissuras nas paredes de alvenaria (figuras 4.3 a 4.15) Lady ‘ ) { \ } ! He] Fig. 4.3. Fissuras vertieais em paredes de alvenarias, devidas a atuagdo de carga vertical uniformemente distribuida At at Fig. 4.4. Fissuras vertiais em alvenarias junto a cobertura, provocadas pela dilatagio térmica da laje de coberta que iraciona as paredes, 45 Parede Fig. 4.5. Fissura horizontal na parte inferior da alvenaria, causada pela deformacao da laje que solicita a alvenaria 4 flexdo composta ee ad Fig. 4.6 Fissura horizontal causada por movimentagdo higroscépica, geralmente nos echos mais submetidos a ago da umidade (as fiades mais Gmidas apresentam maior expansio em relagio as demais.fiadas) 46 7 Fissuras horizontais de cisalhamento causedas pela movimentagio térmica dda laje de coberta; as fissuras sio mais acentuadas no topo das paredes. Fig. 4.8. Fissuras provocadas pela retrago por sccagem de Iajes de conereto armado, fem geral nas paredes externas enfraquecidas por aberturas de janelas e portas 47 FE Fig. 4.9 Fissuras inclinadas causadas por recalques diferenciais nas fundagBes (heteregeneidade do solo) HE boo SSsss| Fig. 4.10 Paredes com carregamentos desbalanceados sobre sapatas corridas: fissuras de cisalhamenro no trecho mais carrega- do e fissuras de flexto sob as aberturss 48 s pela agdo de cargas concentradas LOTTE EEE ETT TT) Nae NN a Fig. 412 \ SSS SSS Fig. 4.13 Fissuras_inclinadas nas alvenarias provocadas pela flexfo de vigas em balanco Fig. 4.14 Fissuramento em paincis de alvenaria eausado pela excessive deformagio de Iajes © vigas. A configuragdo varia em fungdo dos valores das flechas desenvolvidas 50 pilares ig. 4.15 Fissuras muros de alvenaria causadas por movimentagies térmicas 4.2.1.2. Eflorescéncias A eflorescéncia é um depésito de sais acumulado sobre a superficie das alvenarias, de composigio ¢ aspecto varidveis de acordo com o tipo de sal depositado. A acumulagao do sal na superficie dos componentes das alvenarias ocorre pela evaporacio da gua da solugio saturada de sal, que percola através dos materiais. A eflorescéncia pode alterar a superficie sobre a qual se deposita, podendo, em determinados casos, seus sais constituintes serem agressivos ¢ deteriorarem profundamente as alvenarias. Normalmente a eflorescéncia é causada pela combinagio de trés fatores: a) Teor de sais sohiveis existentes nos blocos, tijolos e/ou argamassa de assentamento ou revestimento, b) Presenga de agua para dissolver ¢ carrear os sais soltiveis até a superficie da alvenaria. ©) Pressio hidrostética ou evaporagao, de modo a produzir a forga necessaria para a solugdo migrar para a superficie fluxo de égua através das paredes e a conseqiiente cristalizagao dos sais, soltiveis na superficie, ocorre devido ao efeito isolado ou combinado das seguintes causas: capilaridade, infiltragdes em fissuras, percolagio por vazamentos de tubulagées de Agua ou vapor, condensagao de vapor de égua dentro das paredes. De modo geral, todas as alvenarias ¢ componentes de concreto estio sujeitos ao fenémeno da eflorescéncia. A quantidade e as caracteristicas dos depésitos salinos variam conforme a natureza dos produtos soliveis, das condigdes atmosféricas, da temperatura, umidade, vento, etc. st A. seguir a tabela 4.6 apresenta os sais eflorescentes que podem desenvolver-se nas alvenarias, e a tabela 4.7 as formas de manifestagio da eflorescéncia, ‘Tabela 4.6: Sais eflorescentes que se desenvolvem nas alvenarias (Fonte: Ecio Thomaz) Composgto quien | Stubiidade Fonte provivel Carbone de ele pcs solve | ethnical ada dx agama ov Sone Carbonsto de magna [pose slive! —[ earonatgan da cl licviada da agamasn decal Node potiede Ymitesoniver]wonalagio. dos Bioxdor akealinos do cmneno Som Cathonato de pe tGvel | tevado teor de célcio. : rai festbonagio dev hide sleainos do cine com Carbonate de sia rit sokver | ewbonstasto, dos bi Tia deco salve cal iran iia Uo Seno Sulfa de eco dhiraado [PRAIPE Tsiaragao do sullao de cco de componente cece Salto de magaeo solve copORee en To ipa Ue aaa Sulfa deco Parcainent? | componente ceimico fo qua de amasaneta Simo spouse parcaete—[agigador contador, Gua contamina ou Teaglo Fe Sulfato de potis soltivel constituintes do cimento ¢ constituintes da ceramica. Suita de so basalt | ya deamassanenta, to de eéleio Parcialmente )gyya de amassamento Clore dec baci uae Creo de magnésio Pacaimen? | seu de amavanena Niatodepouiaia it ove [oo daha ou comand por aoe iat deo tito seve [soo aduhade ow contaminadn por sat solve ital de anni auto soivel — [soo adubado ou contaminado por sat sole ‘Tabela 4.7: Formas de manifestacao da eflorescéncia (Fonte: Ercio Thomaz) “Aapectos e caracteristicas da Causas provavels Locals de formagio 4 aracteri Sa solvers prevents nov mates —|- Spores de onset apace gua de amassament, aprzadon ot | -Sepericie de alvenaris aslomerates events cerimicon lejos Be hanco palverulento, Sais soliveis contidos no solo ~ Regioes préximas a caixilhos Agee Poligto amostece sl vedatos Reacao cue compestos dos materais | -Sopenicis de ladihosndo ceramicove dos cmentos esmataos Carbonatapio da cal liberada na hidratasao do cimento Carbonatardo da cal constituinte da argamassa, ~Tuntas das alvenatias asventadas com argamassa + Superticie de conereto ou ‘réximos a elementos de alvenatia ou conereto Depésito branco com aspecto Tevestimento com argumassa «(© Ss0umTimente, mito -Sopetce de componeates |__| alent © pouco solivel em [Expansio devido & hidratagio do sulfato de calcio existente no tijolo 08 Em fissuras eventualmente presentes nas juntas das reapio dos eompantes do jaloedo | wate Depésito branco, slsvel em cimento Nas tuntes de argamassa das | eua, com efeit de expansio Formasio do sal expansivo por aso do sulfato do meio Bm regides da alvenaria muito expostas a agdo da chuva 52 4.2.1.3, Infiltragao de agua Estudos realizados no Brasil constataram que a incidéncia de problemas causados pela umidade nas edificagdes, € relativamente alta se comparada com outros tipos de problemas, chegando a até 50%. A umidade pode ter diversas origens, como a absorgio de agua do solo pelas fundagdes; a condensagao do vapor de égua nas superficies ou no interior das edificagées; 0 vazamento de tubulagées de agua ou esgoto ¢ a infiltragio de 4gua da chuya que penetra nos edificios, principalmente através das fachadas ¢ cobertas. Dentre os tipos de umidade citados, a umidade por infiltragao & a que apresenta maior incidéncia (aproximadamente 60%). A infiltragao de 4gua nas fachadas e cobertas pode ser agravada pelas intensidade diregao dos ventos e da chuva. As observagdes das condigdes seguintes tém importante papel, visando a evitar os efeitos da umidade por infiltragdo, principalmente se adotados na fase de projeto Y Detalhes arquiteténicos e construtivos adequados para fachadas e cobertas, como por exemplo frisos, pingadores, rufos, beirais, platibandas, juntas, esquadrias e materiais de revestimento; Y Conhecimento das propriedades dos materiais constituintes das alvenarias quanto a higroscopicidade, porosidade e absorgao de Agua; ¥ Conhecimento sobre a intensidade e duragao das precipitagdes na regiao; Y Orientagao das fachadas quanto a diregdo do vento. Nas alvenarias de blocos vazados de concreto a infiltrago de agua pode acontecer pela interface argamassa-bloco ¢ pela propria argamassa, principalmente quando ela tem espessura elevada (>1,0cm). As argamassas excessivamente rfgidas ou preparadas com excesso de agua de amassamento também apresentam fissuras, que por sua vez provocam infiltragdes. 4.2.1.5, Expansio por umidade Nas alvenarias de tijolos cerimicos expostos & ago da umidade, pode ocorrer 0 fendmeno conhecido como expansio por umidade (EPU), Embora seja conhecida desde a década de 20, ¢ na década de 50 tenha sido identificada como responsével pela ocorréncia de danos em alvenarias, a EPU s6 ganhou destaque no meio (écnico a partir de 1997, apés a ocorréncia de acidentes com edificios de alvenaria estrutural no Grande Recife, Na ocasifo laudos 53 apontaram 0 fendmeno como fator determinante para a baixa resisténcia das alvenarias de embasamento que provocaram a faléncia estrutural do prédios. A EPU é um fendmeno bastante complexo ¢ implica sempre em conseqiiéncias danosas. De forma simplista, pode-se dizer que as cerimicas porosas absorvem Agua (hidratagdo) ¢ com o passar do tempo sofrem um aumento de volume (expansio). Os problemas decorrentes podem variar de fissuras em azulejos, descolamento de revestimentos e pisos ceramicos até a graves lesées estruturais em paredes de alvenaria de tijolos cerdmicos, podendo comprometer a estabilidade das edificagdes construfdas com alvenaria portante. No Brasil a EPU no tem sido estudada com a profundidade merecida e a maioria dos trabalhos técnicos encontrados sobre o assunto referem-se a problemas relacionados com os revestimentos cerdmicos. Torna-se necessério portanto, que sejam desenvolvidas pesquisas que possibilitem 0 conhecimento adequado do fendmeno da EPU, como forma de utilizar adequadamente os tijolos cerdmicos em obras de alvenaria estrutural, especialmente aquelas construfdas em condigdes ambientais desfavordveis como é 0 caso de lengol fredtico superficial. 4.3. A utilizagio de alvenaria estrutural em Pernambuco 3.1. Resumo histérico A alvenaria é utilizada em Pernambuco como elemento estrutural desde os tempos coloniais. Um dos principais motivos sempre foi a grande disponibilidade de matéria prima para produgao de tijolos ceramicos, A partir da década de 70 do século pasado, no auge da atuago do Banco Nacional da Habitagio — BNH, esse sistema construtivo teve grande impulso na produgio de moradias populares, a maioria delas financiada pelo Sistema Financeiro da Habitagao - SFH. Estima-se que no Grande Recife tenham sido edificados 6.000 prédios com essa tecnologia construtiva, a maioria deles composta de um pavimento térreo € trés pavimentos superiores, com estrutura de concreto armado apenas no trecho cortespondente a escada e reservatério superior, ficando a maior parte da edificagio funcionando de tal modo que todas as cargas so transmitidas diretamente para as patedes que, por sua vez, as transmitem para as fundagdes, geralmente em sapatas corridas, Tais edificagdes ficaram popularmente conhecidas como “prédios caixao” ¢ aptesentavam, & época em que foram construfdos, uma série de vantagens em relago as obras com estrutura convencional, entre elas um menor custo de construgao, maior rapidez de execugdo, menores valores de financiamento dos apartamentos e grande utilizagao dos tijolos ceramicos produzidos no Estado, 54 4.3.2. Problemas ocorridos com 0 processo construtivo A busca pela diminui¢ao dos custos, muitas vezes associada & falta de controle de qualidade da construgao, além da inexisténcia de norma técnica especifica, resultou em uma série de patologias ¢ acidentes com esse tipo de obra, que acentuaram-se a partir de 1997, com a ocorréncia de diversos acidentes, inclusive desabamentos com vitimas fatais no Grande Recife, Os laudos técnicos elaborados por profissionais especializados conclufram que as causas dos desabamentos estavam diretamente relacionadas a faléncia estrutural dos blocos de concreto, ou tijolos ceramicos das alvenarias de embasamento que se deterioraram ao longo do tempo em decorténcia do ataque de sulfatos presentes na 4gua do subsolo. A utilizagdio de sistema construtiv inadequado, com o uso de caixdo perdido no embasamento, inclusive de alvenaria singela, contribuiu para que se estabelecessem condigdes desfavoréveis como: 0 funcionamento dessas alvenarias como muros de contengéo do aterro, passando as mesmas a trabalhar a flexo compressio; 0 contato permanente do aterto com blocos de concreto de alta porosidade, com uma das faces sujeita & umidade e tendo a outra face livre para a evaporagio, 0 que favorece a formagio da etringita seguida de lixiviagio; a ocorréncia do fendmeno conhecido como expansiéo por umidade - EPU, com a perda da resisténcia dos tijolos ceramicos. Vale salientar que a grande maioria dos prédios caixdes em Pernambuco foi calculada através de métodos empiricos, devido & auséncia de normas especificas. F 0 caso da utilizagio em paredes estruturais de tijolos ceramicos com furos na horizontal. A nica norma brasileira para o célculo de alvenaria estrutural é a NBR- 10837 de julho de 1989, que refere-se apenas aos blocos vazados de concreto, permanecendo ainda a lacuna para a utilizagao de tijolos cerdmicos com fungao estrutural Necessidades de mudancas Diante de tal situagao, fica evidente a necessidade da adogio de novos procedimentos pata projetos ¢ obras em alvenaria estrutural, visando assim garantir a adequada seguranga as construgdes atuais. A seguir esto enunciados alguns desses procedimentos: a) Elaboragio de norma técnica para 0 célculo de alvenaria estrutural de tijolos cerdmicos b) Adequagio da indistria cerfmica para produzir tijolos com furos verticais, dimensdes e resistencia compativeis com a fungao estrutural 55 ©) Mudanga de postura dos projetistas de estruturas, passando a ser mais rigorosos com a aferi¢io das caracteristicas de resisténcia dos materiais previstos nos projetos e seguindo as normas existentes, tanto nacionais como internacionais. 4) Maior rigor dos construtores com a qualidade de suas obras, tanto no controle dos materiais e mao-de-obra, como no processo construtivo como um todo. ©) Maior eficiéncia por parte dos agentes financeiros na fiscalizagao das obras financiadas. £) Participagao efetiva do poder puiblico, nos Ambitos federal, estadual ¢ municipal, inclusive revendo alguns procedimentos atualmente adotados para disciplinamento das construgdes, garantia da qualidade e a concessio do habite-se. 2) Orientagdo aos moradores sobre a utilizacdo e conservagio de seus iméveis, principalmente no que se refere as reformas com retirada de paredes. Ages propostas Com base no hist6rico recente de acidentes com esse tipo de edificagio & considerando que outros prédios com caracterfsticas semelhantes também poderiam vir a sofrer colapso estrutural a qualquer momento, 0 CREA-PE elaborou, em 2001, em parceria com os Departamentos de Engenharia Civil da UFPE, UNICAP e UPE, um documento, que teve 0 autor deste texto como um dos redatores, propondo uma série de ages voltadas para a garantia das condigdes de estabilidade dos prédios em alvenaria estrutural jé edificados, de modo a resolver definitivamente 0 problema que aflige diretamente os habitantes desses iméveis, que se encontram potencialmente expostos a riscos de vida ou a perda do patriménio duramente conquistado, A seguir 0 resumo das propostas apresentadas no documento que foi entregue &s autoridades: a) Inspegao detalhada em todas as edificagdes executadas em alvenaria estrutural na Regiio Metropolitana do Recife, contemplando aspectos relativos ao estado atual do imével, condigdes de projeto ¢ de construgao. b) Verificagao, com base em critérios pré-estabelecidos, das condiges de estabilidade de cada edificagao, envolvendo as anélises estruturais ¢ os ensaios necessitios, ©) Elaboragao dos projetos de recuperagao estrutural pata as edificagdes que nio atenderem aos pardmetros de verificacao estabelecidos. 4) Execugao das obras de recuperagao projetadas. 56

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