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!ULA !!

DIREITOS!!!DEVERES!INDIVIDUAIS!!!
COLETIVOS!(PARTE!!!1)
Conceito de Constituição ............................................................................................................... 4

Estrutura das Constituições ........................................................................................................... 4

Aplicabilidade das normas constitucionais ............................................................................... 6

Teoria Geral dos Direitos Fundamentais .................................................................................. 11
1. Direitos do Homem x Direitos Fundamentais x Direitos Humanos: ....................... 11
2. As “gerações” de direitos: ................................................................................................ 12
3. Características dos Direitos Fundamentais: .................................................................. 14
4. Limites aos Direitos Fundamentais: ............................................................................... 17
5. Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais: ......................................................... 20
6. Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988: .................................... 21

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: Parte I ................................................................ 22

Questões Comentadas .................................................................................................................. 61

Lista de Questões ........................................................................................................................... 68

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APRESENTA‚ÌO E CRONOGRAMA DE AULAS


Ol‡, amigos do EstratŽgia Concursos, tudo bem?

ƒ com enorme alegria que damos in’cio hoje ao nosso ÒCurso de Direito
Constitucional p/ PM-ES e CBM-ES (Oficial)Ó, focado na banca AOCP.
Antes de qualquer coisa, pedimos licen•a para nos apresentar:

- N‡dia Carolina: Sou professora de Direito Constitucional do


EstratŽgia Concursos desde 2011. Trabalhei como Auditora-Fiscal da
Receita Federal do Brasil de 2010 a 2015, tendo sido aprovada no
concurso de 2009. Tenho uma larga experi•ncia em concursos pœblicos,
j‡ tendo sido aprovada para os seguintes cargos: CGU 2008 (6¼ lugar),
TRE/GO 2008 (22¼ lugar) ATA-MF 2009 (2¼ lugar), Analista-Tribut‡rio
RFB (16¼ lugar) e Auditor-Fiscal RFB (14¼ lugar).

- Ricardo Vale: Sou professor e coordenador pedag—gico do EstratŽgia


Concursos. Entre 2008-2014, trabalhei como Analista de ComŽrcio
Exterior (ACE/MDIC), concurso no qual fui aprovado em 3¼ lugar.
Ministro aulas presenciais e online nas disciplinas de Direito
Constitucional, ComŽrcio Internacional e Legisla•‹o Aduaneira. AlŽm
das aulas, tenho tr•s grandes paix›es na minha vida: a Prof» N‡dia, a
minha pequena Sofia e o pequeno JP (Jo‹o Paulo)!! 

Como voc• j‡ deve ter percebido, esse curso ser‡ elaborado a 4 m‹os. Eu
(N‡dia) ficarei respons‡vel pelas aulas escritas, enquanto o Ricardo ficar‡
por conta das videoaulas. Tenham certeza: iremos nos esfor•ar bastante para
produzir o melhor e mais completo conteœdo para voc•s.

Vejamos como ser‡ o cronograma do nosso curso:

Aulas T—picos abordados Data


Aula 00 Constitui•‹o Federal de 1988: Artigo 5¼ Ð Cap’tulo I Ð 28/06
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Parte I).
Aula 01 Constitui•‹o Federal de 1988: Artigo 5¼ Ð Cap’tulo I Ð 04/07
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Parte II).
Aula 02 Ordem Social. 11/07
Aula 03 Artigo 144 Ð Cap’tulo III Ð Da Seguran•a Pœblica, com 18/07
suas altera•›es atŽ a data de publica•‹o do Edital;
Defesa do Estado e das institui•›es democr‡ticas:
seguran•a pœblica; organiza•‹o da seguran•a pœblica.

Dito tudo isso, j‡ podemos partir para a nossa aula 00! Come•aremos nossa
aula apresentando alguns conceitos introdut—rios, que, embora n‹o tenham
sido cobrados expressamente no edital, s‹o importantes para compreender o

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nosso curso. A partir da p‡gina 11, daremos in’cio ao estudo daquilo que

poder‡ ser objeto de prova. Todos preparados?

Um grande abra•o,

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Conceito de Constitui•‹o

Come•amos esse t—pico com a seguinte pergunta: o que se entende por


Constitui•‹o?

Objeto de estudo do Direito Constitucional, a Constitui•‹o Ž a lei


fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do
povo. ƒ ela que determina a organiza•‹o pol’tico-jur’dica do Estado,
dispondo sobre a sua forma, os —rg‹os que o integram e as compet•ncias
destes e, finalmente, a aquisi•‹o e o exerc’cio do poder. Cabe tambŽm a ela
estabelecer as limita•›es ao poder do Estado e enumerar os direitos e
garantias fundamentais.1

A concep•‹o de constitui•‹o ideal foi preconizada por J. J. Canotilho. Trata-


se de constitui•‹o de car‡ter liberal, que apresenta os seguintes elementos:

a) Deve ser escrita;

b) Deve conter um sistema de direitos fundamentais individuais


(liberdades negativas);

c) Deve conter a defini•‹o e o reconhecimento do princ’pio da separa•‹o


dos poderes;

d) Deve adotar um sistema democr‡tico formal.

Note que todos esses elementos est‹o intrinsecamente relacionados ˆ


limita•‹o do poder coercitivo do Estado. Cabe destacar, por estar
relacionado ao conceito de constitui•‹o ideal, o que disp›e o art. 16, da
Declara•‹o dos Direitos do Homem e do Cidad‹o (1789): ÒToda sociedade na
qual n‹o est‡ assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separa•‹o
de poderes, n‹o tem constitui•‹o.Ó

ƒ importante ressaltar que a doutrina n‹o Ž pac’fica quanto ˆ defini•‹o do


conceito de constitui•‹o, podendo este ser analisado a partir de diversas
concep•›es. Isso porque o Direito n‹o pode ser estudado isoladamente de
outras ci•ncias sociais, como Sociologia e Pol’tica, por exemplo.

Estrutura das Constitui•›es

As Constitui•›es, de forma geral, dividem-se em tr•s partes: pre‰mbulo,


parte dogm‡tica e disposi•›es transit—rias.

1
MORAES, Alexandre de. Constitui•‹o do Brasil Interpretada e Legisla•‹o
Constitucional, 9» edi•‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 17.
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O pre‰mbulo Ž a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito.


O pre‰mbulo serve para definir as inten•›es do legislador constituinte,
proclamando os princ’pios da nova constitui•‹o e rompendo com a ordem
jur’dica anterior. Sua fun•‹o Ž servir de elemento de integra•‹o dos artigos
que lhe seguem, bem como orientar a sua interpreta•‹o. Serve para
sintetizar a ideologia do poder constituinte origin‡rio, expondo os valores por
ele adotados e os objetivos por ele perseguidos.

Segundo o Supremo Tribunal Federal, ele n‹o Ž norma constitucional.


Portanto, n‹o serve de par‰metro para a declara•‹o de inconstitucionalidade e
n‹o estabelece limites para o Poder Constituinte Derivado, seja ele Reformador
ou Decorrente. Por isso, o STF entende que suas disposi•›es n‹o s‹o de
reprodu•‹o obrigat—ria pelas Constitui•›es Estaduais. Segundo o STF, o
Pre‰mbulo n‹o disp›e de for•a normativa, n‹o tendo car‡ter
vinculante2. Apesar disso, a doutrina n‹o o considera juridicamente
irrelevante, uma vez que deve ser uma das linhas mestras interpretativas do
texto constitucional. 3

A parte dogm‡tica da Constitui•‹o Ž o texto constitucional propriamente dito,


que prev• os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do
corpo permanente da Carta Magna, que, na CF/88, vai do art. 1¼ ao 250.
Destaca-se que falamos em Òcorpo permanenteÓ porque, a princ’pio, essas
normas n‹o t•m car‡ter transit—rio, embora possam ser modificadas pelo
poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional.

Por fim, a parte transit—ria da Constitui•‹o visa integrar a ordem jur’dica


antiga ˆ nova, quando do advento de uma nova Constitui•‹o, garantindo a
seguran•a jur’dica e evitando o colapso entre um ordenamento jur’dico e
outro. Suas normas s‹o formalmente constitucionais, embora, no texto da
CF/88, apresente numera•‹o pr—pria (vejam ADCT Ð Ato das Disposi•›es
Constitucionais Transit—rias). Assim como a parte dogm‡tica, a parte
transit—ria pode ser modificada por reforma constitucional. AlŽm disso,
tambŽm pode servir como paradigma para o controle de
constitucionalidade das leis.

(DPE-MS Ð 2014) O pre‰mbulo da Constitui•‹o n‹o


constitui norma central, n‹o tendo for•a normativa e,
consequentemente, n‹o servindo como paradigma para a
declara•‹o de inconstitucionalidade.

Coment‡rios:

O pre‰mbulo n‹o tem for•a normativa e, em raz‹o disso,


n‹o serve de paradigma para o controle de

2
ADI 2.076-AC, Rel. Min. Carlos Velloso, DJU de 23.08.2002.
3
MORAES, Alexandre de. Constitui•‹o do Brasil Interpretada e Legisla•‹o
Constitucional, 9» edi•‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 53-55
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constitucionalidade. Quest‹o correta.

Aplicabilidade das normas constitucionais

O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais Ž essencial ˆ correta


interpreta•‹o da Constitui•‹o Federal. ƒ a compreens‹o da aplicabilidade das
normas constitucionais que nos permitir‡ entender exatamente o alcance e a
realizabilidade dos diversos dispositivos da Constitui•‹o.

Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. Todas elas s‹o


imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as normas
constitucionais surtem efeitos jur’dicos: o que varia entre elas Ž o grau
de efic‡cia.

A doutrina americana (cl‡ssica) distingue duas espŽcies de normas


constitucionais quanto ˆ aplicabilidade: as normas autoexecut‡veis (Òself
executingÓ) e as normas n‹o-autoexecut‡veis.

As normas autoexecut‡veis s‹o normas que podem ser aplicadas sem a


necessidade de qualquer complementa•‹o. S‹o normas completas, bastantes
em si mesmas. J‡ as normas n‹o-autoexecut‡veis dependem de
complementa•‹o legislativa antes de serem aplicadas: s‹o as normas
incompletas, as normas program‡ticas (que definem diretrizes para as pol’ticas
pœblicas) e as normas de estrutura•‹o (instituem —rg‹os, mas deixam para a
lei a tarefa de organizar o seu funcionamento). 4

Embora a doutrina americana seja bastante did‡tica, a classifica•‹o das


normas quanto ˆ sua aplicabilidade mais aceita no Brasil foi a proposta pelo
Prof. JosŽ Afonso da Silva.

A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, JosŽ Afonso da Silva


classifica as normas constitucionais em tr•s grupos: i) normas de efic‡cia
plena; ii) normas de efic‡cia contida e; iii) normas de efic‡cia limitada.

1) Normas de efic‡cia plena:

S‹o aquelas que, desde a entrada em vigor da Constitui•‹o, produzem, ou t•m


possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis
regular. ƒ o caso do art. 2¼ da CF/88, que diz: Òs‹o Poderes da Uni‹o,
independentes e harm™nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judici‡rioÓ.

As normas de efic‡cia plena possuem as seguintes caracter’sticas:

4
FERREIRA FILHO, Manoel Gon•alves. Curso de Direito Constitucional, 38» edi•‹o. Editora
Saraiva, S‹o Paulo: 2012, pp. 417-418.
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a) s‹o autoaplic‡veis, Ž dizer, elas independem de lei posterior


regulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido. Isso n‹o
quer dizer que n‹o possa haver lei regulamentadora versando sobre
uma norma de efic‡cia plena; a lei regulamentadora atŽ pode
existir, mas a norma de efic‡cia plena j‡ produz todos os seus efeitos
de imediato, independentemente de qualquer tipo de regulamenta•‹o.

b) s‹o n‹o-restring’veis, ou seja, caso exista uma lei tratando de


uma norma de efic‡cia plena, esta n‹o poder‡ limitar sua aplica•‹o.

c) possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma


regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada
a Constitui•‹o) e integral (n‹o podem sofrer limita•›es ou restri•›es
em sua aplica•‹o).

2) Normas constitucionais de efic‡cia contida ou prospectiva:

S‹o normas que est‹o aptas a produzir todos os seus efeitos desde o
momento da promulga•‹o da Constitui•‹o, mas que podem ser restringidas
por parte do Poder Pœblico. Cabe destacar que a atua•‹o do legislador, no caso
das normas de efic‡cia contida, Ž discricion‡ria: ele n‹o precisa editar a lei,
mas poder‡ faz•-lo.

Um exemplo cl‡ssico de norma de efic‡cia contida Ž o art.5¼, inciso XIII, da


CF/88, segundo o qual ÒŽ livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou
profiss‹o, atendidas as qualifica•›es profissionais que a lei estabelecerÓ. Em
raz‹o desse dispositivo, Ž assegurada a liberdade profissional: desde a
promulga•‹o da Constitui•‹o, todos j‡ podem exercer qualquer trabalho, of’cio
ou profiss‹o. No entanto, a lei poder‡ estabelecer restri•›es ao exerc’cio
de algumas profiss›es. Citamos, por exemplo, a exig•ncia de aprova•‹o no
exame da OAB como prŽ-requisito para o exerc’cio da advocacia.

As normas de efic‡cia contida possuem as seguintes caracter’sticas:

a) s‹o autoaplic‡veis, ou seja, est‹o aptas a produzir todos os seus


efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Em outras
palavras, n‹o precisam de lei regulamentadora que lhes complete o
alcance ou sentido. Vale destacar que, antes da lei regulamentadora ser
publicada, o direito previsto em uma norma de efic‡cia contida pode ser
exercitado de maneira ampla (plena); s— depois da regulamenta•‹o Ž
que haver‡ restri•›es ao exerc’cio do direito.

b) s‹o restring’veis, isto Ž, est‹o sujeitas a limita•›es ou restri•›es,


que podem ser impostas por:

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- uma lei: o direito de greve, na iniciativa privada, Ž norma de efic‡cia


contida prevista no art. 9¼, da CF/88. Desde a promulga•‹o da CF/88, o
direito de greve j‡ pode ser exercido pelos trabalhadores do regime
celetista; no entanto, a lei poder‡ restringi-lo, definindo os Òservi•os ou
atividades essenciaisÓ e dispondo sobre Òo atendimento das
necessidades inadi‡veis da comunidadeÓ.

Art. 9¼ ƒ assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores


decidir sobre a oportunidade de exerc•-lo e sobre os interesses que
devam por meio dele defender.
¤ 1¼ - A lei definir‡ os servi•os ou atividades essenciais e dispor‡ sobre
o atendimento das necessidades inadi‡veis da comunidade.

- outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 prev• a


possibilidade de que sejam impostas restri•›es a certos direitos e
garantias fundamentais durante o estado de s’tio.

- conceitos Žtico-jur’dicos indeterminados: o art. 5¼, inciso XXV,


da CF/88 estabelece que, no caso de Òiminente perigo pœblicoÓ, o
Estado poder‡ requisitar propriedade particular. Esse Ž um conceito
Žtico-jur’dico que poder‡, ent‹o, limitar o direito de propriedade.

c) possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma


regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada
a Constitui•‹o) e possivelmente n‹o-integral (est‹o sujeitas a
limita•›es ou restri•›es).

(Advogado FUNASG Ð 2015) As normas de efic‡cia


contida t•m efic‡cia plena atŽ que seja materializado o fator
de restri•‹o imposto pela lei infraconstitucional.

Coment‡rios:

As normas de efic‡cia contida s‹o restring’veis por lei


infraconstitucional. AtŽ que essa lei seja publicada, a norma
de efic‡cia contida ter‡ aplica•‹o integral. Quest‹o correta

3) Normas constitucionais de efic‡cia limitada:

S‹o aquelas que dependem de regulamenta•‹o futura para produzirem


todos os seus efeitos. Um exemplo de norma de efic‡cia limitada Ž o art. 37,
inciso VII, da CF/88, que trata do direito de greve dos servidores pœblicos
(Òo direito de greve ser‡ exercido nos termos e nos limites definidos em lei
espec’ficaÓ).

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Ao ler o dispositivo supracitado, Ž poss’vel perceber que a Constitui•‹o Federal


de 1988 outorga aos servidores pœblicos o direito de greve; no entanto, para
que este possa ser exercido, faz-se necess‡ria a edi•‹o de lei ordin‡ria que o
regulamente. Assim, enquanto n‹o editada essa norma, o direito n‹o pode ser
usufru’do.

As normas constitucionais de efic‡cia limitada possuem as seguintes


caracter’sticas:

a) s‹o n‹o-autoaplic‡veis, ou seja, dependem de complementa•‹o


legislativa para que possam produzir os seus efeitos.

b) possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma


regulamentadora para produzir seus efeitos), mediata (a promulga•‹o
do texto constitucional n‹o Ž suficiente para que possam produzir todos
os seus efeitos) e reduzida (possuem um grau de efic‡cia restrito
quando da promulga•‹o da Constitui•‹o).

Muito cuidado para n‹o confundir!

As normas de efic‡cia contida est‹o aptas a


produzir todos os seus efeitos desde o
momento em que a Constitui•‹o Ž promulgada. A
lei posterior, caso editada, ir‡ restringir a sua
aplica•‹o.

As normas de efic‡cia limitada n‹o est‹o


aptas a produzirem todos os seus efeitos com
a promulga•‹o da Constitui•‹o; elas dependem,
para isso, de uma lei posterior, que ir‡ ampliar o
seu alcance.

JosŽ Afonso da Silva subdivide as normas de efic‡cia limitada em dois


grupos:

a) normas declarat—rias de princ’pios institutivos ou


organizativos: s‹o aquelas que dependem de lei para estruturar e
organizar as atribui•›es de institui•›es, pessoas e —rg‹os previstos na
Constitui•‹o. ƒ o caso, por exemplo, do art. 88, da CF/88, segundo o
qual Òa lei dispor‡ sobre a cria•‹o e extin•‹o de MinistŽrios e —rg‹os da
administra•‹o pœblica.Ó

As normas definidoras de princ’pios institutivos ou organizativos podem


ser impositivas (quando imp›em ao legislador uma obriga•‹o de
elaborar a lei regulamentadora) ou facultativas (quando estabelecem
mera faculdade ao legislador). O art. 88, da CF/88, Ž exemplo de norma
impositiva; como exemplo de norma facultativa citamos o art. 125, ¤

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3¼, CF/88, que disp›e que a Òlei estadual poder‡ criar, mediante
proposta do Tribunal de Justi•a, a Justi•a Militar estadualÓ.

b) normas declarat—rias de princ’pios program‡ticos: s‹o aquelas


que estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo legislador
infraconstitucional. Um exemplo Ž o art. 196 da Carta Magna (Òa saœde
Ž direito de todos e dever do Estado, garantido mediante pol’ticas
sociais e econ™micas que visem ˆ redu•‹o do risco de doen•a e de
outros agravos e ao acesso universal e igualit‡rio ˆs a•›es e servi•os
para sua promo•‹o, prote•‹o e recupera•‹oÓ). Cabe destacar que a
presen•a de normas program‡ticas na Constitui•‹o Federal Ž que nos
permite classific‡-la como uma Constitui•‹o-dirigente.

ƒ importante destacar que as normas de efic‡cia limitada, embora tenham


aplicabilidade reduzida e n‹o produzam todos os seus efeitos desde a
promulga•‹o da Constitui•‹o, possuem efic‡cia jur’dica. Guarde bem isso: a
efic‡cia dessas normas Ž limitada, porŽm existente! Diz-se que as normas de
efic‡cia limitada possuem efic‡cia m’nima.

Diante dessa afirma•‹o, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: quais s‹o os


efeitos jur’dicos produzidos pelas normas de efic‡cia limitada?

As normas de efic‡cia limitada produzem imediatamente, desde a promulga•‹o


da Constitui•‹o, dois tipos de efeitos: i) efeito negativo; e ii) efeito
vinculativo.

O efeito negativo consiste na revoga•‹o de disposi•›es anteriores em


sentido contr‡rio e na proibi•‹o de leis posteriores que se oponham a
seus comandos. Sobre esse œltimo ponto, vale destacar que as normas de
efic‡cia limitada servem de par‰metro para o controle de constitucionalidade
das leis.

O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obriga•‹o de que o


legislador ordin‡rio edite leis regulamentadoras, sob pena de haver
omiss‹o inconstitucional, que pode ser combatida por meio de mandado de
injun•‹o ou A•‹o Direta de Inconstitucionalidade por Omiss‹o. Ressalte-se que
o efeito vinculativo tambŽm se manifesta na obriga•‹o de que o Poder Pœblico
concretize as normas program‡ticas previstas no texto constitucional. A
Constitui•‹o n‹o pode ser uma mera Òfolha de papelÓ; as normas
constitucionais devem refletir a realidade pol’tico-social do Estado e as pol’ticas
pœblicas devem seguir as diretrizes tra•adas pelo Poder Constituinte Origin‡rio.

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Teoria Geral dos Direitos Fundamentais


ÒUma Constitui•‹o n‹o Ž um ato de governo, mas
de um povo constituindo um governo. Governo sem
constitui•‹o Ž poder sem direitoÓ. (Thomas Paine)

1. Direitos do Homem x Direitos Fundamentais x Direitos Humanos:

Antes de qualquer coisa, Ž necess‡rio apresentar a diferen•a entre as


express›es Òdireitos do homemÓ, Òdireitos fundamentaisÓ e Òdireitos humanosÓ.

Segundo Mazzuoli, Òdireitos do homemÓ diz respeito a uma sŽrie de direitos


naturais aptos ˆ prote•‹o global do homem e v‡lido em todos os tempos.
Trata-se de direitos que n‹o est‹o previstos em textos constitucionais ou em
tratados de prote•‹o aos direitos humanos. A express‹o Ž, assim, reservada
aos direitos que se sabe ter, mas cuja exist•ncia se justifica apenas no plano
jusnaturalista.5

Direitos fundamentais, por sua vez, se refere aos direitos da pessoa humana
consagrados, em um determinado momento hist—rico, em um certo Estado.
S‹o direitos constitucionalmente protegidos, ou seja, est‹o positivados em
uma determinada ordem jur’dica.

Por fim, Òdireitos humanosÓ Ž express‹o consagrada para se referir aos


direitos positivados em tratados internacionais, ou seja, s‹o direitos
protegidos no ‰mbito do direito internacional pœblico. A prote•‹o a esses
direitos Ž feita mediante conven•›es globais (por exemplo, o Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Pol’ticos) ou regionais (por exemplo, a
Conven•‹o Americana de Direitos Humanos).

H‡ alguns direitos que est‹o consagrados em


conven•›es internacionais, mas que ainda n‹o
foram reconhecidos e positivados no ‰mbito
interno.

TambŽm pode ocorrer o contr‡rio! ƒ plenamente


poss’vel que o ordenamento jur’dico interno d• uma
prote•‹o superior ˆquela prevista em tratados
internacionais (regionais e globais).

ƒ importante termos cuidado para n‹o confundir direitos fundamentais e


garantias fundamentais. Qual seria, afinal, a diferen•a entre eles?

Os direitos fundamentais s‹o os bens protegidos pela Constitui•‹o. ƒ o caso


da vida, da liberdade, da propriedade... J‡ as garantias s‹o formas de se

5
MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed. S‹o Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 750-751.
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protegerem esses bens, ou seja, instrumentos constitucionais. Um exemplo Ž


o habeas corpus, que protege o direito ˆ liberdade de locomo•‹o. Ressalte-se
que, para Canotilho, as garantias s‹o tambŽm direitos.6

2. As Ògera•›esÓ de direitos:

Os direitos fundamentais s‹o tradicionalmente classificados em gera•›es, o


que busca transmitir uma ideia de que eles n‹o surgiram todos em um mesmo
momento hist—rico. Eles foram fruto de uma evolu•‹o hist—rico-social, de
conquistas progressivas da humanidade.

A doutrina majorit‡ria reconhece a exist•ncia de tr•s gera•›es de direitos:

a) Primeira Gera•‹o: s‹o os direitos que buscam restringir a a•‹o


do Estado sobre o indiv’duo, impedindo que este se intrometa de
forma abusiva na vida privada das pessoas. S‹o, por isso, tambŽm
chamados liberdades negativas: traduzem a liberdade de n‹o sofrer
inger•ncia abusiva por parte do Estado. Para o Estado, consistem em
uma obriga•‹o de Òn‹o fazerÓ, de n‹o intervir indevidamente na esfera
privada.

ƒ relevante destacar que os direitos de primeira gera•‹o cumprem a


fun•‹o de direito de defesa dos cidad‹os, sob dupla perspectiva: n‹o
permitem aos Poderes Pœblicos a inger•ncia na esfera jur’dica
individual, bem como conferem ao indiv’duo poder para exerc•-los e
exigir do Estado a corre•‹o das omiss›es a eles relativas.

Os direitos de primeira gera•‹o t•m como valor-fonte a liberdade. S‹o


os direitos civis e pol’ticos, reconhecidos no final do sŽculo XVIII,
com as Revolu•›es Francesa e Americana. Como exemplos de direitos
de primeira gera•‹o citamos o direito de propriedade, o direito de
locomo•‹o, o direito de associa•‹o e o direito de reuni‹o.

b) Segunda gera•‹o: s‹o os direitos que envolvem presta•›es


positivas do Estado aos indiv’duos (pol’ticas e servi•os pœblicos) e, em
sua maioria, caracterizam-se por serem normas program‡ticas. S‹o,
por isso, tambŽm chamados de liberdades positivas. Para o Estado,
constituem obriga•›es de fazer algo em prol dos indiv’duos, objetivando
que todos tenham Òbem-estarÓ: em raz‹o disso, eles tambŽm s‹o
chamados de Òdireitos do bem-estarÓ.

Os direitos de segunda gera•‹o t•m como valor fonte a igualdade. S‹o


os direitos econ™micos, sociais e culturais. Como exemplos de

6
CANOTILHO, JosŽ Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constitui•‹o, 7»
edi•‹o. Coimbra: Almedina, 2003.
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direitos de segunda gera•‹o, citamos o direito ˆ educa•‹o, o direito ˆ


saœde e o direito ao trabalho.

c) Terceira gera•‹o: s‹o os direitos que n‹o protegem interesses


individuais, mas que transcendem a —rbita dos indiv’duos para alcan•ar
a coletividade (direitos transindividuais ou supraindividuais).

Os direitos de terceira gera•‹o t•m como valor-fonte a solidariedade,


a fraternidade. S‹o os direitos difusos e os coletivos. Citam-se, como
exemplos, o direito do consumidor, o direito ao meio-ambiente
ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento.

Percebeu como as tr•s primeiras gera•›es seguem a sequ•ncia do lema da


Revolu•‹o Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Guarde isso
para a prova! Abaixo, transcrevemos decis‹o do STF que resume muito bem o
entendimento da Corte sobre os direitos fundamentais.

ÒEnquanto os direitos de primeira gera•‹o (direitos civis e pol’ticos)


Ð que compreendem as liberdades cl‡ssicas, negativas ou formais Ð
real•am o princ’pio da liberdade e os direitos de segunda gera•‹o
(direitos econ™micos, sociais e culturais) Ð que se identificam com as
liberdades positivas, reais ou concretas Ð acentuam o princ’pio da
igualdade, os direitos de terceira gera•‹o, que materializam
poderes de titularidade coletiva atribu’dos genericamente a todas as
forma•›es sociais, consagram o princ’pio da solidariedade e
constituem um momento importante no processo de desenvolvimento,
expans‹o e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados,
enquanto valores fundamentais indispon’veis, pela nota de uma
essencial inexauribilidade.Ó (STF, Pleno, MS n¼ 22.164-SP, Relator Min.
Celso de Mello. DJ 17.11.95)

Parte da doutrina considera a exist•ncia de direitos de quarta gera•‹o. Para


Paulo Bonavides, estes incluiriam os direitos relacionados ˆ globaliza•‹o:
direito ˆ democracia, o direito ˆ informa•‹o e o direito ao pluralismo.
Desses direitos dependeria a concretiza•‹o de uma Òcivitas m‡ximaÓ, uma
sociedade sem fronteiras e universal. Por outro lado, Norberto Bobbio
considera como de quarta gera•‹o os Òdireitos relacionados ˆ engenharia
genŽticaÓ.

H‡ tambŽm uma parte da doutrina que fala em direitos de quinta gera•‹o,


representados pelo direito ˆ paz. 7

A express‹o Ògera•‹o de direitosÓ Ž criticada por v‡rios autores, que


argumentam que ela daria a entender que os direitos de uma determinada
gera•‹o seriam substitu’dos pelos direitos da pr—xima gera•‹o. Isso n‹o Ž
verdade. O que ocorre Ž que os direitos de uma gera•‹o seguinte se
7
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. S‹o Paulo: Malheiros, 2008.
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acumulam aos das gera•›es anteriores. Em virtude disso, a doutrina tem


preferido usar a express‹o Òdimens›es de direitosÓ. Ter’amos, ent‹o, os
direitos de 1» dimens‹o, 2» dimens‹o e assim por diante.

LIBERDADE

IMPÕEM AO ESTADO O DEVER DE 
1a GERAÇÃO ABSTENÇÃO

DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

IGUALDADE

2a GERAÇÃO IMPÕEM AO ESTADO O DEVER DE 
ATUAÇÃO

DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E 
CULTURAIS
GERAÇÕES DOS 
DIREITOS 
FUNDAMENTAIS FRATERNIDADE
3a GERAÇÃO

DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS

PAULO BONAVIDES: DEMOCRACIA, 
INFORMAÇÃO, PLURALISMO
4a GERAÇÃO

NORBERTO BOBBIO: ENGENHARIA 
GENÉTICA

5a GERAÇÃO DIREITO À PAZ

3. Caracter’sticas dos Direitos Fundamentais:

A doutrina aponta as seguintes caracter’sticas para os direitos fundamentais:

a) Universalidade: os direitos fundamentais s‹o comuns a todos os


seres humanos, respeitadas suas particularidades. Em outras palavras,

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h‡ um nœcleo m’nimo de direitos que deve ser outorgado a todas


as pessoas (como, por exemplo, o direito ˆ vida). Cabe destacar,
todavia, que alguns direitos n‹o podem ser titularizados por todos, pois
s‹o outorgados a grupos espec’ficos (como, por exemplo, os direitos
dos trabalhadores).

b) Historicidade: os direitos fundamentais n‹o resultam de um


acontecimento hist—rico determinado, mas de todo um processo de
afirma•‹o. Surgem a partir das lutas do homem, em que h‡ conquistas
progressivas. Por isso mesmo, s‹o mut‡veis e sujeitos a
amplia•›es, o que explica as diferentes Ògera•›esÓ de direitos
fundamentais que estudamos.

c) Indivisibilidade: os direitos fundamentais s‹o indivis’veis, isto Ž,


formam parte de um sistema harm™nico e coerente de prote•‹o ˆ
dignidade da pessoa humana. Os direitos fundamentais n‹o podem ser
considerados isoladamente, mas sim integrando um conjunto œnico,
indivis’vel de direitos.

d) Inalienabilidade: os direitos fundamentais s‹o intransfer’veis e


inegoci‡veis, n‹o podendo ser abolidos por vontade de seu titular.
AlŽm disso, n‹o possuem conteœdo econ™mico-patrimonial.

e) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais n‹o se perdem com


o tempo, sendo sempre exig’veis. Essa caracter’stica decorre do fato de
que os direitos fundamentais s‹o personal’ssimos, n‹o podendo ser
alcan•ados pela prescri•‹o.

f) Irrenunciabilidade: o titular dos direitos fundamentais n‹o pode


deles dispor, embora possa deixar de exerc•-los. ƒ admiss’vel,
entretanto, em algumas situa•›es, a autolimita•‹o volunt‡ria de seu
exerc’cio, num caso concreto. Seria o caso, por exemplo, dos indiv’duos
que participam dos conhecidos Òreality showsÓ, que, temporariamente,
abdicam do direito ˆ privacidade.

g) Relatividade ou Limitabilidade: n‹o h‡ direitos fundamentais


absolutos. Trata-se de direitos relativos, limit‡veis, no caso
concreto, por outros direitos fundamentais. No caso de conflito entre
eles, h‡ uma concord‰ncia pr‡tica ou harmoniza•‹o: nenhum deles Ž
sacrificado definitivamente.

A relatividade Ž, dentre todas as caracter’sticas dos


direitos fundamentais, a mais cobrada em prova.

Por isso, guarde o seguinte: n‹o h‡ direito


fundamental absoluto! Todo direito sempre
encontra limites em outros, tambŽm protegidos pela

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Constitui•‹o. ƒ por isso que, em caso de conflito


entre dois direitos, n‹o haver‡ o sacrif’cio total de
um em rela•‹o ao outro, mas redu•‹o proporcional
de ambos, buscando-se, com isso, alcan•ar a
finalidade da norma.

h) Complementaridade: a plena efetiva•‹o dos direitos fundamentais


deve considerar que eles comp›em um sistema œnico. Nessa —tica, os
diferentes direitos (das diferentes dimens›es) se complementam e,
portanto, devem ser interpretados conjuntamente.

i) Concorr•ncia: os direitos fundamentais podem ser exercidos


cumulativamente, podendo um mesmo titular exercitar v‡rios direitos
ao mesmo tempo.

j) Efetividade: os Poderes Pœblicos t•m a miss‹o de concretizar


(efetivar) os direitos fundamentais.

l) Proibi•‹o do retrocesso: por serem os direitos fundamentais o


resultado de um processo evolutivo, de conquistas graduais da
Humanidade, n‹o podem ser enfraquecidos ou suprimidos. Isso
significa que as normas que os instituem n‹o podem ser revogadas ou
substitu’das por outras que os diminuam, restrinjam ou suprimam.

Segundo Canotilho, baseado no princ’pio do n‹o retrocesso social,


os direitos sociais, uma vez tendo sido previstos, passam a constituir
tanto uma garantia institucional quanto um direito subjetivo. Isso
limita o legislador e exige a realiza•‹o de uma pol’tica condizente com
esses direitos, sendo inconstitucionais quaisquer medidas estatais que,
sem a cria•‹o de outros esquemas alternativos ou compensat—rios,
anulem, revoguem ou aniquilem o nœcleo essencial desses direitos.

Os direitos fundamentais possuem uma dupla dimens‹o: i) dimens‹o subjetiva


e; ii) dimens‹o objetiva.

Na dimens‹o subjetiva, os direitos fundamentais s‹o direitos exig’veis


perante o Estado: as pessoas podem exigir que o Estado se abstenha de
intervir indevidamente na esfera privada (direitos de 1» gera•‹o) ou que o
Estado atue ofertando presta•›es positivas, atravŽs de pol’ticas e servi•os
pœblicos (direitos de 2» gera•‹o).

J‡ na dimens‹o objetiva, os direitos fundamentais s‹o vistos como


enunciados dotados de alta carga valorativa: eles s‹o qualificados como
princ’pios estruturantes do Estado, cuja efic‡cia se irradia para todo o
ordenamento jur’dico.

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(DPE-PR Ð 2017) A dimens‹o subjetiva dos direitos


fundamentais resulta de seu significado como princ’pios b‡sicos
da ordem constitucional, fazendo com que os direitos
fundamentais influam sobre todo o ordenamento jur’dico e
servindo como norte de a•‹o para os poderes constitu’dos.

Coment‡rios:

A dimens‹o objetiva dos direitos fundamentais Ž que imp›e


que estes influam sobre todo o ordenamento jur’dico. Nesse
sentido, fala-se em Òefic‡cia irradianteÓ dos direitos
fundamentais. Quest‹o errada.

(FUB Ð 2015) A caracter’stica da universalidade consiste em


==0==

que todos os indiv’duos sejam titulares de todos os direitos


fundamentais, sem distin•‹o.

Coment‡rios:

H‡ alguns direitos que n‹o podem ser titularizados por todas


as pessoas. ƒ o caso, por exemplo, dos direitos dos
trabalhadores. Quest‹o errada.

(TRT 8a Regi‹o Ð 2013) Os direitos fundamentais s‹o


personal’ssimos, de forma que somente a pr—pria pessoa pode
a eles renunciar.

Coment‡rios:

Os direitos fundamentais t•m como caracter’stica a


ÒirrenunciabilidadeÓ. Quest‹o errada.

4. Limites aos Direitos Fundamentais:

A imposi•‹o de limites aos direitos fundamentais decorre da relatividade que


estes possuem. Conforme j‡ comentamos, nenhum direito fundamental Ž
absoluto: eles encontram limites em outros direitos consagrados no texto
constitucional. AlŽm disso, conforme j‡ se pronunciou o STF, um direito
fundamental n‹o pode servir de salvaguarda de pr‡ticas il’citas.

Para tratar das limita•›es aos direitos fundamentais, a doutrina desenvolveu


duas teorias: i) a interna e; ii) a externa.

A teoria interna (teoria absoluta) considera que o processo de defini•‹o


dos limites a um direito Ž interno a este. N‹o h‡ restri•›es a um direito, mas

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uma simples defini•‹o de seus contornos. Os limites do direito lhe s‹o


imanentes, intr’nsecos. A fixa•‹o dos limites a um direito n‹o Ž, portanto,
influenciada por aspectos externos (extr’nsecos), como, por exemplo, a colis‹o
de direitos fundamentais. 8

Para a teoria interna (absoluta), o nœcleo essencial de um direito fundamental


Ž insuscet’vel de viola•‹o, independentemente da an‡lise do caso concreto.
Esse nœcleo essencial, que n‹o poder‡ ser violado, Ž identificado a partir da
percep•‹o dos limites imanentes ao direito.

A teoria externa (teoria relativa), por sua vez, entende que a defini•‹o dos
limites aos direitos fundamentais Ž um processo externo a esses direitos. Em
outras palavras, fatores extr’nsecos ir‹o determinar os limites dos
direito fundamentais, ou seja, o seu nœcleo essencial. ƒ somente sob essa
—tica que se admite a solu•‹o dos conflitos entre direitos fundamentais pelo
ju’zo de pondera•‹o (harmoniza•‹o) e pela aplica•‹o do princ’pio da
proporcionalidade.

Para a teoria externa, o nœcleo essencial de um direito fundamental tambŽm Ž


insuscet’vel de viola•‹o; no entanto, a determina•‹o do que Ž exatamente
esse Ònœcleo essencialÓ depender‡ da an‡lise do caso concreto. Os direitos
fundamentais s‹o restring’veis, observado o princ’pio da proporcionalidade
e/ou a prote•‹o de seu nœcleo essencial. Exemplo: o direito ˆ vida pode sofrer
restri•›es no caso concreto.

Quest‹o muito relevante a ser tratada Ž sobre a teoria dos Òlimites dos
limitesÓ, que incorpora os pressupostos da teoria externa. A pergunta que se
faz Ž a seguinte: a lei pode impor restri•›es aos direitos fundamentais?

A resposta Ž sim. A lei pode impor restri•›es aos direitos fundamentais, mas
h‡ um nœcleo essencial que precisa ser protegido, que n‹o pode ser objeto
de viola•›es. Assim, o grande desafio do exegeta (intŽrprete) e do pr—prio
legislador est‡ em definir o que Ž esse nœcleo essencial, o que dever‡ ser feito
pela aplica•‹o do princ’pio da proporcionalidade, em suas tr•s vertentes
(adequa•‹o, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito).

A teoria dos Òlimites dos limitesÓ visa, portanto, impedir a viola•‹o do


nœcleo essencial dos direitos fundamentais. Como o pr—prio nome j‡ nos
induz a pensar, ela tem como objetivo impor limites ˆs restri•›es (limites) aos
direitos fundamentais criados pelo legislador. Por isso, a teoria dos Òlimites dos
limitesÓ tem dado amparo ao controle de constitucionalidade de leis, pela
aplica•‹o do princ’pio da proporcionalidade.

O Prof. Gilmar Mendes, ao tratar da teoria dos Òlimites dos limitesÓ, afirma
o seguinte:

8
SILVA, Virg’lio Afonso da. O conteœdo essencial dos direitos fundamentais e a efic‡cia
das normas constitucionais. In: Revista de Direito do Estado, volume 4, 2006, pp. 35 Ð 39.
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Òda an‡lise dos direitos individuais pode-se extrair a conclus‹o err™nea


de que direitos, liberdades, poderes e garantias s‹o pass’veis de
ilimitada limita•‹o ou restri•‹o. ƒ preciso n‹o perder de vista, porŽm,
que tais restri•›es s‹o limitadas. Cogita-se aqui dos chamados limites
imanentes ou Ôlimites dos limitesÕ (Schranken-Schranken), que balizam
a a•‹o do legislador quando restringe direitos individuais. Esses limites,
que decorrem da pr—pria Constitui•‹o, referem-se tanto ˆ necessidade
de prote•‹o de um nœcleo essencial do direito fundamental, quanto ˆ
clareza, determina•‹o, generalidade e proporcionalidade das restri•›es
impostas.Ó9

No Brasil, a CF/88 n‹o previu expressamente a teoria dos limites dos


limites. Entretanto, o dever de prote•‹o ao nœcleo essencial est‡
impl’cito na Carta Magna, de acordo com v‡rios julgados do STF e com a
doutrina, por decorr•ncia do modelo0 garant’stico utilizado pelo constituinte.
Isso porque a n‹o-admiss‹o de um limite ˆ atua•‹o legislativa tornaria in—cua
qualquer prote•‹o fundamental10.

Por fim, vale ressaltar que os direitos fundamentais tambŽm podem ser
restringidos em situa•›es de crises constitucionais, como na vig•ncia do
estado de s’tio e estado de defesa.11

(FUB Ð 2015) Os direitos fundamentais, considerados como


cl‡usula pŽtrea das constitui•›es, podem sofrer limita•›es
por pondera•‹o judicial caso estejam em confronto com
outros direitos fundamentais, por altera•‹o legislativa, via
emenda constitucional, desde que, nesse œltimo caso, seja
respeitado o nœcleo essencial que os caracteriza.

Coment‡rios:

ƒ poss’vel, sim, que sejam impostas limita•›es aos direitos


fundamentais, mas desde que seja respeitado o nœcleo
essencial que os caracteriza. Em um caso concreto no qual
haja o conflito entre direitos fundamentais, o juiz ir‡ aplicar a
tŽcnica da pondera•‹o (harmoniza•‹o). Quest‹o correta.

9
MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade:
Estudos de Direito Constitucional. 3.ed. S‹o Paulo: Saraiva, 2009. P. 41
10
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inoc•ncio M‡rtires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.
Curso de Direito Constitucional. P. 319.
11
O estado de defesa e estado de s’tio est‹o previstos nos art. 136 e art. 137, da CF/88.
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5. Efic‡cia Horizontal dos Direitos Fundamentais:

AtŽ o sŽculo XX, acreditava-se que os direitos fundamentais se aplicavam


apenas ˆs rela•›es entre o indiv’duo e o Estado. Como essa rela•‹o Ž de um
ente superior (Estado) com um inferior (indiv’duo), dizia-se que os direitos
fundamentais possu’am Òefic‡cia verticalÓ.

A partir do sŽculo XX, entretanto, surgiu a teoria da efic‡cia horizontal dos


direitos fundamentais, que estendeu sua aplica•‹o tambŽm ˆs rela•›es
entre particulares. Tem-se a chamada Òefic‡cia horizontalÓ ou Òefeito
externoÓ dos direitos fundamentais. A aplica•‹o de direitos fundamentais nas
rela•›es entre particulares tem diferente aceita•‹o pelo mundo. Nos Estados
Unidos, por exemplo, s— se aceita a efic‡cia vertical dos direitos fundamentais.

Existem duas teorias sobre a aplica•‹o dos direitos fundamentais: i) a da


efic‡cia indireta e mediata e; ii) a da efic‡cia direta e imediata.

Para a teoria da efic‡cia indireta e mediata, os direitos fundamentais s— se


aplicam nas rela•›es jur’dicas entre particulares de forma indireta,
excepcionalmente, por meio das cl‡usulas gerais de direito privado (ordem
pœblica, liberdade contratual, e outras). Essa teoria Ž incompat’vel com a
Constitui•‹o Federal, que, em seu art. 5¼, ¤ 1¼, prev• que as normas
definidoras de direitos fundamentais possuem aplicabilidade imediata.

J‡ para a teoria da efic‡cia direta e imediata, os direitos fundamentais


incidem diretamente nas rela•›es entre particulares. Estes estariam t‹o
obrigados a cumpri-los quanto o Poder Pœblico. Esta Ž a tese que prevalece
no Brasil, tendo sido adotada pelo Supremo Tribunal Federal.

Suponha, por exemplo, que, em uma determinada sociedade empres‡ria, um


dos s—cios n‹o esteja cumprindo suas atribui•›es e, em raz‹o disso, os outros
s—cios queiram retir‡-lo da sociedade. Eles n‹o poder‹o faz•-lo sem que lhe
seja concedido o direito ˆ ampla defesa e ao contradit—rio. Isso porque os
direitos fundamentais tambŽm se aplicam ˆs rela•›es entre particulares. ƒ a
efic‡cia horizontal dos direitos fundamentais.

(PGE / PR Ð 2015) Os direitos fundamentais assegurados


pela Constitui•‹o vinculam diretamente s— os poderes pœblicos,
estando direcionados mediatamente ˆ prote•‹o dos
particulares e apenas em face dos chamados poderes privados.

Coment‡rios:

Os direitos fundamentais t•m efic‡cia horizontal, aplicando-


se, tambŽm, ˆs rela•›es entre particulares. Destaque-se que,

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no Brasil, prevalece a tese da efic‡cia direta e imediata dos


direitos fundamentais. Quest‹o errada.

6. Os Direitos Fundamentais na Constitui•‹o Federal de 1988:

Os direitos fundamentais est‹o previstos no T’tulo II, da Constitui•‹o Federal


de 1988. O T’tulo II, conhecido como Òcat‡logo dos direitos
fundamentaisÓ, vai do art. 5¼ atŽ o art. 17 e divide os direitos fundamentais
em 5 (cinco) diferentes categorias:

a) Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (art. 5¼)

b) Direitos Sociais (art. 6¼ - art. 11)

c) Direitos de Nacionalidade (art. 12 Ð art. 13)

d) Direitos Pol’ticos (art. 14 Ð art. 16)

e) Direitos relacionados ˆ exist•ncia, organiza•‹o e participa•‹o em


partidos pol’ticos.

ƒ importante ter aten•‹o para n‹o cair em uma ÒpegadinhaÓ na hora da prova.
Os direitos individuais e coletivos, os direitos sociais, os direitos de
nacionalidade, os direitos pol’ticos e os direitos relacionados ˆ exist•ncia,
organiza•‹o e participa•‹o em partidos pol’ticos s‹o espŽcies do g•nero
Òdireitos fundamentaisÓ.

O rol de direitos fundamentais previsto no T’tulo II n‹o Ž exaustivo. H‡


outros direitos, espalhados pelo texto constitucional, como o direito ao meio
ambiente (art. 225) e o princ’pio da anterioridade tribut‡ria (art.150, III, ÒbÓ).
Nesse ponto, vale ressaltar que os direitos fundamentais relacionados no T’tulo
II s‹o conhecidos pela doutrina como Òdireitos catalogadosÓ; por sua vez, os
direitos fundamentais previstos na CF/88, mas fora do T’tulo II, s‹o conhecidos
como Òdireitos n‹o-catalogadosÓ.

(MPU Ð 2015) Na CF, a classifica•‹o dos direitos e garantias


fundamentais restringe-se a tr•s categorias: os direitos
individuais e coletivos, os direitos de nacionalidade e os
direitos pol’ticos.

Coment‡rios:

Pode-se falar, ainda, na exist•ncia de outros dois grupos de


direitos: os direitos sociais e os direitos relacionados ˆ
exist•ncia, organiza•‹o e participa•‹o em partidos pol’ticos.

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Quest‹o errada.

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: Parte I

Iniciaremos o estudo do artigo da Constitui•‹o mais cobrado em provas de


concursos: o art. 5¼. Vamos l‡?

Art. 5¼ Todos s‹o iguais perante a lei, sem distin•‹o de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pa’s a
inviolabilidade do direito ˆ vida, ˆ liberdade, ˆ igualdade, ˆ seguran•a e ˆ
propriedade, nos termos seguintes: (...)

O dispositivo constitucional enumera cinco direitos fundamentais Ð os direitos ˆ


vida, ˆ liberdade, ˆ igualdade, ˆ seguran•a e ˆ propriedade. Desses direitos Ž
que derivam todos os outros, relacionados nos diversos incisos do art. 5¼. A
doutrina considera, inclusive, que os diversos incisos do art. 5¼ s‹o
desdobramentos dos direitos previstos no caput desse artigo.

Apesar de o art. 5¼, caput, referir-se apenas a Òbrasileiros e estrangeiros


residentes no pa’sÓ, h‡ consenso na doutrina de que os direitos fundamentais
abrangem qualquer pessoa que se encontre em territ—rio nacional,
mesmo que seja um estrangeiro residente no exterior. Um estrangeiro que
estiver passando fŽrias no Brasil ser‡, portanto, titular de direitos
fundamentais.

Nesse sentido, entende o STF que o sœdito estrangeiro, mesmo aquele


sem domic’lio no Brasil, tem direito a todas as prerrogativas b‡sicas que lhe
assegurem a preserva•‹o do status libertatis e a observ‰ncia, pelo Poder
Pœblico, da cl‡usula constitucional do due process12. Ainda sobre o tema,
chamamos sua aten•‹o para decis‹o do STF segundo a qual Òo direito de
propriedade Ž garantido ao estrangeiro n‹o residenteÓ.13

Cabe destacar, ainda, que os direitos fundamentais n‹o t•m como titular
apenas as pessoas f’sicas; as pessoas jur’dicas e atŽ mesmo o pr—prio
Estado s‹o titulares de direitos fundamentais.

No que se refere ao direito ˆ vida, a doutrina considera que Ž dever do


Estado assegur‡-lo em sua dupla acep•‹o: a primeira, enquanto direito de
continuar vivo; a segunda, enquanto direito de ter uma vida digna, uma vida
boa.14 Seguindo essa linha, o STF j‡ decidiu que assiste aos indiv’duos o

12
HC 94.016, Rel. Min. Celso de Mello, j. 16-9-2008, Segunda Turma, DJE de 27-2-2009.
13
RE 33.319/DF, Rel. Min. C‰ndido Motta, DJ> 07.01.1957.
14
MORAES, Alexandre de. Constitui•‹o do Brasil Interpretada e Legisla•‹o
Constitucional, 9» edi•‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 106.
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direito ˆ busca pela felicidade, como forma de realiza•‹o do princ’pio da


dignidade da pessoa humana.15

O direito ˆ vida n‹o abrange apenas a vida extrauterina, mas tambŽm a


vida intrauterina. Sem essa prote•‹o, estar’amos autorizando a pr‡tica do
aborto, que somente Ž admitida no Brasil quando h‡ grave amea•a ˆ vida da
gestante ou quando a gravidez Ž resultante de estupro.

Relacionado a esse tema, h‡ um importante julgado do STF sobre a


possibilidade de interrup•‹o de gravidez de feto anencŽfalo. O feto
anencŽfalo Ž aquele que tem uma m‡-forma•‹o do tubo neural (aus•ncia
parcial do encŽfalo e da calota craniana). Trata-se de uma patologia letal: os
fetos por ela afetados morrem, em geral, poucas horas depois de terem
nascido.

A Corte garantiu o direito ˆ gestante de Òsubmeter-se a antecipa•‹o


terap•utica de parto na hip—tese de gravidez de feto anencŽfalo, previamente
diagnosticada por profissional habilitado, sem estar compelida a apresentar
autoriza•‹o judicial ou qualquer outra forma de permiss‹o do EstadoÓ. O STF
entendeu que, nesse caso, n‹o haveria colis‹o real entre direitos
fundamentais, apenas conflito aparente, uma vez que o anencŽfalo, por ser
invi‡vel, n‹o seria titular do direito ˆ vida. O feto anencŽfalo, mesmo que
biologicamente vivo, porque feito de cŽlulas e tecidos vivos, seria
juridicamente morto, de maneira que n‹o deteria prote•‹o jur’dica.16 Assim, a
interrup•‹o da gravidez de feto anencŽfalo n‹o Ž tipificada como crime de
aborto.

Outra controvŽrsia levada ˆ aprecia•‹o do STF envolvia a pesquisa com


cŽlulas-tronco embrion‡rias. Segundo a Corte, Ž leg’tima e n‹o ofende o
direito ˆ vida nem, tampouco, a dignidade da pessoa humana, a realiza•‹o
de pesquisas com cŽlulas-tronco embrion‡rias, obtidas de embri›es
humanos produzidos por fertiliza•‹o Òin vitroÓ e n‹o utilizados neste
procedimento.17

Por fim, cabe destacar que nem mesmo o direito ˆ vida Ž absoluto. A
Constitui•‹o Federal de 1988 admite a pena de morte em caso de guerra
declarada.

(MPE /RS Ð 2014) Ainda que o sistema jur’dico-


constitucional p‡trio consagre o direito ˆ vida como direito
fundamental, ele admite excepcionalmente a pena de morte.

15
Pleno STF AgR 223. Rel. Min. Celso de Mello. Decis‹o em 14.04.2008.
16
STF, Pleno, ADPF 54/DF, Rel. Min. Marco AurŽlio, decis‹o 11 e 12.04.2012, Informativo STF
no 661.
17
ADI 3510/DF, Rel. Min. Ayres Britto, DJe: 27.05.2010
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Coment‡rios:

Nenhum direito fundamental Ž absoluto, inclusive o direito ˆ


vida. Em caso de guerra declarada, admite-se a pena de
morte. Quest‹o correta.

DIREITO À BUSCA PELA FELICIDADE (UNIÕES HOMOAFETIVAS 
SÃO ENTIDADES FAMILIARES)

SOBREVIVÊNCIA + EXISTÊNCIA DIGNA

ALCANÇA A VIDA INTRA E EXTRAUTERINA

DIREITO À 
VIDA É RELATIVO

COM A INTERRUPÇÃO DE 
GRAVIDEZ DE ANENCÉFALO

COM A PESQUISA COM 
É COMPATÍVEL CÉLULAS‑TRONCO 
EMBRIONÁRIAS

Uma vez decifrado o ÒcaputÓ do artigo 5¼ da Carta Magna, passaremos ˆ


an‡lise dos seus incisos:

I - homens e mulheres s‹o iguais em direitos e obriga•›es, nos termos desta


Constitui•‹o;

Esse inciso traduz o princ’pio da igualdade, que determina que se d•


tratamento igual aos que est‹o em condi•›es equivalentes e desigual aos que
est‹o em condi•›es diversas, dentro de suas desigualdades. Obriga tanto o
legislador quanto o aplicador da lei.

O legislador fica, portanto, obrigado a obedecer ˆ Òigualdade na leiÓ, n‹o


podendo criar leis que discriminem pessoas que se encontram em situa•‹o
equivalente, exceto quando houver razoabilidade para tal. Os intŽrpretes e
aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela Òigualdade perante a
leiÓ, n‹o podendo diferenciar, quando da aplica•‹o do Direito, aqueles a quem
a lei concedeu tratamento igual. Com isso, resguarda-se a igualdade na lei: de
nada adiantaria ao legislador estabelecer um direito a todos se fosse permitido

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que os ju’zes e demais autoridades tratassem as pessoas desigualmente,


reconhecendo aquele direito a alguns e negando-os a outros.

Vejamos, abaixo, interessante trecho de julgado do STF a respeito do assunto:


18

O princ’pio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, n‹o Ž Ð


enquanto postulado fundamental de nossa ordem pol’tico-jur’dica Ð
suscet’vel de regulamenta•‹o ou de complementa•‹o normativa.
Esse princ’pio Ð cuja observ‰ncia vincula, incondicionalmente, todas
as manifesta•›es do Poder Pœblico Ð deve ser considerado, em sua
prec’pua fun•‹o de obstar discrimina•›es e de extinguir privilŽgios (RDA
55/114), sob duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei; e (b) o da
igualdade perante a lei. A igualdade na lei Ð que opera numa fase de
generalidade puramente abstrata Ð constitui exig•ncia destinada ao
legislador que, no processo de sua forma•‹o, nela n‹o poder‡ incluir
fatores de discrimina•‹o, respons‡veis pela ruptura da ordem
ison™mica. A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo lei j‡
elaborada, traduz imposi•‹o destinada aos demais poderes estatais,
que, na aplica•‹o da norma legal, n‹o poder‹o subordin‡-la a critŽrios
que ensejem tratamento seletivo ou discriminat—rio.

DESTINA‑SE AO 
IGUALDADE NA LEI LEGISLADOR

IGUALDADE

DESTINA‑SE AOS 
IGUALDADE PERANTE A LEI APLICADORES DO 
DIREITO

O princ’pio da igualdade, conforme j‡ comentamos, impede que pessoas que


estejam na mesma situa•‹o sejam tratadas desigualmente; em outras
palavras, poder‡ haver tratamento desigual (discriminat—rio) entre
pessoas que est‹o em situa•›es diferentes. Nesse sentido, as a•›es
afirmativas, como a reserva de vagas em universidades pœblicas para
negros e ’ndios, s‹o consideradas constitucionais pelo STF.19 Da mesma
forma, Ž compat’vel com o princ’pio da igualdade programa concessivo de
bolsa de estudos em universidades privadas para alunos de renda familiar

18
MI 58, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, j.14-12-1990, DJ de 19-4-1991.
19
RE 597285/RS. Min. Ricardo Lewandowski. Decis‹o: 09.05.2012
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de pequena monta, com quotas para negros, pardos, ind’genas e portadores


de necessidades especiais. 20

Segundo o STF:

Òo legislador constituinte n‹o se restringira apenas a proclamar


solenemente a igualdade de todos diante da lei. Ele teria buscado
emprestar a m‡xima concre•‹o a esse importante postulado, para
assegurar a igualdade material a todos os brasileiros e estrangeiros que
viveriam no pa’s, consideradas as diferen•as existentes por motivos
naturais, culturais, econ™micos, sociais ou atŽ mesmo acidentais. AlŽm
disso, atentaria especialmente para a desequipara•‹o entre os distintos
grupos sociais. Asseverou-se que, para efetivar a igualdade material, o
Estado poderia lan•ar m‹o de pol’ticas de cunho universalista Ð a
abranger nœmero indeterminado de indiv’duos Ð mediante a•›es de
natureza estrutural; ou de a•›es afirmativas Ð a atingir grupos sociais
determinados Ð por meio da atribui•‹o de certas vantagens, por tempo
limitado, para permitir a suplanta•‹o de desigualdades ocasionadas por
situa•›es hist—ricas particulares.Ò21

A realiza•‹o da igualdade material n‹o pro’be que a lei crie discrimina•›es,


desde que estas obede•am ao princ’pio da razoabilidade. Seria o caso, por
exemplo, de um concurso para agente penitenci‡rio de pris‹o feminina restrito
a mulheres. Ora, fica claro nessa situa•‹o que h‡ razoabilidade: em uma
pris‹o feminina, Ž de todo desej‡vel que os agentes penitenci‡rios n‹o sejam
homens.

O mesmo vale para limites de idade em concursos pœblicos. Segundo o STF, Ž


leg’tima a previs‹o de limites de idade em concursos pœblicos, quando
justificada pela natureza das atribui•›es do cargo a ser preenchido (Sœmula
683). Cabe enfatizar, todavia, que a restri•‹o da admiss‹o a cargos pœblicos a
partir de idade somente se justifica se previsto em lei e quando situa•›es
concretas exigem um limite razo‡vel, tendo em conta o grau de esfor•o a ser
desenvolvido pelo ocupante do cargo. 22

A isonomia entre homens e mulheres tambŽm Ž objeto da jurisprud•ncia do


STF. Segundo a Corte, n‹o afronta o princ’pio da isonomia a ado•‹o de
critŽrios distintos para a promo•‹o de integrantes do corpo feminino e
masculino da Aeron‡utica23. Trata-se de uma hip—tese em que a distin•‹o
entre homens e mulheres visa atingir a igualdade material, sendo, portanto,
razo‡vel.

20
STF, Pleno, ADI 3330/DF, Rel. Min. Ayres Britto, j. 03.05.2012.
21
RE 597285/RS. Min. Ricardo Lewandowski. Decis‹o: 09.05.2012
22
RE 523737/MT Ð Rel. Min. Ellen Gracie, DJe: 05.08.2010
23
RE 498.900-AgR, Rel. Min. Carmen Lœcia, j. 23-10-2007, Primeira Turma, DJ de 7-12-2007.
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Note, todavia, que, em todos os casos acima, s— a lei ou a pr—pria Constitui•‹o


podem determinar discrimina•›es entre as pessoas. Os atos infralegais (como
edital de concurso, por exemplo) n‹o podem determinar tais limita•›es sem
que haja previs‹o legal.

Do princ’pio da igualdade se originam v‡rios outros princ’pios da Constitui•‹o,


como, por exemplo, a veda•‹o ao racismo (art. 5¼, XLII, CF), o princ’pio da
isonomia tribut‡ria (art. 150, II, CF), dentre outros.

Finalizando o estudo desse inciso, guarde outra jurisprud•ncia cobrada em


concursos. O STF entende que o princ’pio da isonomia n‹o autoriza ao
Poder Judici‡rio estender a alguns grupos vantagens estabelecidas por
lei a outros. Isso porque se assim fosse poss’vel, o Judici‡rio estaria
ÒlegislandoÓ, n‹o Ž mesmo? O STF considera que, em tal situa•‹o, haveria
ofensa ao princ’pio da separa•‹o dos Poderes.

Sobre esse tema, destacamos, inclusive, a Sœmula Vinculante n¼ 37: ÒN‹o


cabe ao Poder Judici‡rio, que n‹o tem fun•‹o legislativa, aumentar
vencimentos de servidores pœblicos sob fundamento de isonomia.Ó

(PGE / RS Ð 2015) Ao julgar a a•‹o direta de


inconstitucionalidade em que se questionava a
(in)constitucionalidade de lei determinando a fixa•‹o de cotas
raciais em Universidades e ao julgar a a•‹o declarat—ria de
constitucionalidade em que se questionava a
(in)constitucionalidade da Lei Maria da Penha, o STF acolheu
uma concep•‹o formal de igualdade, com o reconhecimento
da veda•‹o a toda e qualquer forma de discrimina•‹o, salvo a
hip—tese de discrimina•‹o indireta.

Coment‡rios:

Nas duas situa•›es, o STF acolheu uma concep•‹o material


de igualdade. No primeiro caso (cotas raciais), considerou-se
leg’timo o uso de a•›es afirmativas pelo Estado; no segundo,
o STF considerou leg’timas medidas especiais para coibir a
viol•ncia domŽstica contra as mulheres. Em ambos os casos,
aplicou-se um tratamento desigual, mas para pessoas
que est‹o em situa•›es diferentes, o que est‡ em
conformidade com a ideia de igualdade material. Quest‹o
errada.

(PGM Ð Niter—i Ð 2014) O direito fundamental ˆ igualdade Ž


compat’vel com a exist•ncia de limite de idade para a
inscri•‹o em concurso pœblico, sempre que justificado pela
natureza das atribui•›es do cargo a ser preenchido.

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Coment‡rios:

O STF considera leg’tima a previs‹o de limites de idade em


concursos pœblicos, quando justificada pela natureza das
atribui•›es do cargo a ser preenchido. Quest‹o correta.

II - ninguŽm ser‡ obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sen‹o em


virtude de lei;

Esse inciso trata do princ’pio da legalidade, que se aplica de maneira


diferenciada aos particulares e ao Poder Pœblico. Para os particulares, traz a
garantia de que s— podem ser obrigados a agirem ou a se omitirem por lei.
Tudo Ž permitido a eles, portanto, na falta de norma legal proibitiva. J‡ para o
Poder Pœblico, o princ’pio da legalidade consagra a ideia de que este s— pode
fazer o que Ž permitido pela lei.

ƒ importante compreendermos a diferen•a entre o princ’pio da legalidade e o


princ’pio da reserva legal.

O princ’pio da legalidade se apresenta quando a Carta Magna utiliza a


palavra ÒleiÓ em um sentido mais amplo, abrangendo n‹o somente a lei em
sentido estrito, mas todo e qualquer ato normativo estatal (incluindo atos
infralegais) que obede•a ˆs formalidades que lhe s‹o pr—prias e contenha uma
regra jur’dica. Por meio do princ’pio da legalidade, a Carta Magna determina a
submiss‹o e o respeito ˆ ÒleiÓ, ou a atua•‹o dentro dos limites legais; no
entanto, a refer•ncia que se faz Ž ˆ lei em sentido material.

J‡ o princ’pio da reserva legal Ž evidenciado quando a Constitui•‹o exige


expressamente que determinada matŽria seja regulada por lei formal ou atos
com for•a de lei (como decretos aut™nomos, por exemplo). O voc‡bulo ÒleiÓ
Ž, aqui, usado em um sentido mais restrito.

JosŽ Afonso da Silva classifica a reserva legal do ponto de vista do v’nculo


imposto ao legislador como absoluta ou relativa.

Na reserva legal absoluta, a norma constitucional exige, para sua integral


regulamenta•‹o, a edi•‹o de lei formal, entendida como ato normativo
emanado do Congresso Nacional e elaborado de acordo com o processo
legislativo previsto pela Constitui•‹o.

Como exemplo de reserva legal absoluta, citamos o art. 37, inciso X, da CF/88,
que disp›e que a remunera•‹o dos servidores pœblicos somente poder‡ ser
fixada ou alterada por lei espec’fica. N‹o h‡, nesse caso, qualquer espa•o para
regulamenta•‹o por ato infralegal; somente a lei pode determinar a disciplina
jur’dica da remunera•‹o dos servidores pœblicos.

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Na reserva legal relativa, por sua vez, apesar de a Constitui•‹o exigir lei
formal, esta permite que a lei fixe apenas par‰metros de atua•‹o para o
—rg‹o administrativo, que poder‡ complement‡-la por ato infralegal,
respeitados os limites estabelecidos pela legisla•‹o.

A doutrina tambŽm afirma que a reserva legal pode ser classificada como
simples ou qualificada.

A reserva legal simples Ž aquela que exige lei formal para dispor sobre
determinada matŽria, mas n‹o especifica qual o conteœdo ou a finalidade
do ato. Haver‡, portanto, maior liberdade para o legislador. Como exemplo,
citamos o art.5¼, inciso VII, da CF/88, segundo o qual ÒŽ assegurada, nos
termos da lei, a assist•ncia religiosa nas entidades civis e militares de
interna•‹o coletivaÓ. Fica bem claro, ao lermos esse dispositivo, que a lei ter‡
ampla liberdade para definir como ser‡ implementada a presta•‹o de
assist•ncia religiosa nas entidades de interna•‹o coletiva.

A reserva legal qualificada, por sua vez, alŽm de exigir lei formal para
dispor sobre determinada matŽria, j‡ define, previamente, o conteœdo da
lei e a finalidade do ato. O melhor exemplo de reserva legal qualificada,
apontado pela doutrina, Ž o art. 5¼, inciso XII, da CF/88, que disp›e que ÒŽ
inviol‡vel o sigilo da correspond•ncia e das comunica•›es telegr‡ficas, de
dados e das comunica•›es telef™nicas, salvo, no œltimo caso, por ordem
judicial, nas hip—teses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investiga•‹o criminal ou instru•‹o processual penalÓ.

Ao ler esse dispositivo, percebe-se que o legislador n‹o ter‡ grande liberdade
de atua•‹o: a Constitui•‹o j‡ prev• que a intercepta•‹o telef™nica somente
ser‡ poss’vel mediante ordem judicial e para a finalidade de realizar
investiga•‹o criminal ou instru•‹o processual penal.

(PGM-Fortaleza Ð 2017) O princ’pio da legalidade


diferencia-se do da reserva legal: o primeiro pressup›e a
submiss‹o e o respeito ˆ lei e aos atos normativos em geral;
o segundo consiste na necessidade de a regulamenta•‹o de
determinadas matŽrias ser feita necessariamente por lei
formal.

Coment‡rios:

ƒ exatamente isso. O princ’pio da legalidade Ž mais amplo,


pressupondo o respeito ˆ lei e outros atos normativos. J‡ o
princ’pio da reserva legal Ž mais restrito, referindo-se t‹o
somente ˆ exig•ncia de lei formal. Quest‹o correta.

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III - ninguŽm ser‡ submetido a tortura nem a tratamento desumano ou


degradante;

Esse inciso costuma ser cobrado em sua literalidade. Memorize-o!

IV - Ž livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Trata-se da liberdade de express‹o, que Ž verdadeiro fundamento do Estado


democr‡tico de direito. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o
que pensam, desde que isso n‹o seja feito anonimamente. A veda•‹o ao
anonimato visa garantir a responsabiliza•‹o de quem utilizar tal liberdade para
causar danos a terceiros.

Com base na veda•‹o ao anonimato, o STF veda o acolhimento a


denœncias an™nimas. Entretanto, essas dela•›es an™nimas poder‹o servir de
base para que o Poder Pœblico adote medidas destinadas a esclarecer, em
sum‡ria e prŽvia apura•‹o, a verossimilhan•a das alega•›es que lhe foram
transmitidas.24 Em caso positivo, poder‡, ent‹o, ser promovida a formal
instaura•‹o da "persecutio criminis", mantendo-se completa desvincula•‹o
desse procedimento estatal em rela•‹o ˆs pe•as ap—crifas.

Perceba que as denœncias an™nimas jamais poder‹o ser a causa œnica de


exerc’cio de atividade punitiva pelo Estado. Em outras palavras, n‹o pode ser
instaurado um procedimento formal de investiga•‹o com base, unicamente,
em uma denœncia an™nima.

Segundo o STF, as autoridades pœblicas n‹o podem iniciar qualquer


medida de persecu•‹o (penal ou disciplinar), apoiando-se apenas em
pe•as ap—crifas ou em escritos an™nimos. As pe•as ap—crifas n‹o podem
ser incorporadas, formalmente, ao processo, salvo quando tais documentos
forem produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando constitu’rem, eles pr—prios,
o corpo de delito (como sucede com bilhetes de resgate no delito de extors‹o
mediante sequestro, por exemplo). ƒ por isso que o escrito an™nimo n‹o
autoriza, isoladamente considerado, a imediata instaura•‹o de "persecutio
criminis".

TambŽm com base no direito ˆ manifesta•‹o do pensamento e no direito de


reuni‹o, o STF considerou inconstitucional qualquer interpreta•‹o do C—digo
Penal que possa ensejar a criminaliza•‹o da defesa da legaliza•‹o das
drogas, ou de qualquer subst‰ncia entorpecente espec’fica, inclusive
atravŽs de manifesta•›es e eventos pœblicos25. Esse foi um entendimento
pol•mico, que descriminalizou a chamada Òmarcha da maconhaÓ.

Por analogia, Ž poss’vel entender que isso tambŽm se aplica ˆqueles que
defendam publicamente a legaliza•‹o do aborto. Assim, a defesa da
24
STF, Inq 1957/ PR, Rel. Min. Carlos Velloso, Informativo STF n¼ 393.
25
ADPF 187, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-6-2011, Plen‡rio.
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legaliza•‹o do aborto n‹o deve ser considerada incita•‹o ˆ pr‡tica


criminosa.

Sabe-se, todavia, que nenhum direito fundamental Ž absoluto. TambŽm n‹o o


Ž a liberdade de express‹o, que, segundo o STF, Òn‹o pode abrigar, em sua
abrang•ncia, manifesta•›es de conteœdo imoral que implicam ilicitude penal. O
preceito fundamental de liberdade de express‹o n‹o consagra o direito ˆ
incita•‹o ao racismoÕ, dado que um direito individual n‹o pode constituir-se
em salvaguarda de condutas il’citas, como sucede com os delitos contra a
honra.Ó 26

Por fim, concluindo a an‡lise do inciso IV, Ž importante saber que, tendo como
fundamento a liberdade de express‹o, o STF considerou que a exig•ncia de
diploma de jornalismo e de registro profissional no MinistŽrio do Trabalho
n‹o s‹o condi•›es para o exerc’cio da profiss‹o de jornalista. Nas
palavras de Gilmar Mendes, relator do processo, Òo jornalismo e a liberdade de
express‹o s‹o atividades que est‹o imbricadas por sua pr—pria natureza e n‹o
podem ser pensados e tratados de forma separadaÓ.

DENÚNCIAS ANÔNIMAS: ACOLHIMENTO VEDADO PELO STF

REGRA: NÃO PODEM SER 
INCOPORADOS FORMALMENTE AO 
PROCESSO

PEÇAS APÓCRIFAS/
ESCRITOS 
ANÔNIMOS DOCUMENTOS 
PRODUZIDOS 
PELO ACUSADO
EXCEÇÕES
LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO
DOCUMENTOS 
QUE 
CONSTITUEM 
CORPO DE 
DELITO

ʺMARCHA DA MACONHAʺ: É COMPATÍVEL COM A LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO

DISCURSOS DE ÓDIO VIOLAM A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

26
HC 82.424. Rel. Min. Maur’cio Corr•a, DJ 19.03.2004.
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V - Ž assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alŽm da


indeniza•‹o por dano material, moral ou ˆ imagem;

Essa norma traduz o direito de resposta ˆ manifesta•‹o do pensamento de


outrem, que Ž aplic‡vel em rela•‹o a todas as ofensas,
independentemente de elas configurarem ou n‹o infra•›es penais. Essa
resposta dever‡ ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo
meio de comunica•‹o utilizado pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e
dura•‹o. Salienta-se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a
pessoas f’sicas quanto a pessoas jur’dicas ofendidas pela express‹o
indevida de opini›es.

Outro aspecto importante a se considerar sobre o inciso acima Ž que as


indeniza•›es material, moral e ˆ imagem s‹o cumul‡veis27 (podem ser
aplicadas conjuntamente), e, da mesma forma que o direito ˆ resposta,
aplicam-se tanto a pessoas f’sicas (indiv’duos) quanto a pessoas jur’dicas
(ÒempresasÓ) e s‹o proporcionais (quanto maior o dano, maior a indeniza•‹o).
O direito ˆ indeniza•‹o independe de o direito ˆ resposta ter sido, ou
n‹o, exercido, bem como de o dano caracterizar, ou n‹o, infra•‹o penal.

Relacionada a esse inciso, h‡ jurisprud•ncia que pode ser cobrada em seu


concurso. O STF entende que o Tribunal de Contas da Uni‹o (TCU)28 n‹o pode
manter em sigilo a autoria de denœncia contra administrador pœblico a
ele apresentada. Isso porque tal sigilo impediria que o denunciado se
defendesse perante aquele Tribunal.

APLICAÇÃO A PESSOAS FÍSICAS E PESSOAS JURÍDICAS

DIREITO DE  PROPORCIONAL AO AGRAVO
RESPOSTA

PODE SER ACUMULADO COM INDENIZAÇÃO POR DANO 
MATERIAL, MORAL OU À IMAGEM

VI - Ž inviol‡vel a liberdade de consci•ncia e de cren•a, sendo assegurado o


livre exerc’cio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote•‹o
aos locais de culto e a suas liturgias;

27
Sœmula STJ n¼ 37: ÒS‹o cumul‡veis as indeniza•›es por dano material e dano moral
oriundos do mesmo fato.
28
O TCU Ž um —rg‹o auxiliar do Poder Legislativo (do Congresso Nacional), cujas principais
fun•›es s‹o acompanhar a execu•‹o do or•amento (dos gastos pœblicos) e julgar as contas
dos respons‡veis por dinheiro ou bens pœblicos. Suas atribui•›es est‹o discriminadas no art.
71 da CF/88, que voc• pode ler, para sanar sua curiosidade. Entretanto, n‹o se preocupe em
aprend•-las agora.
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VII - Ž assegurada, nos termos da lei, a presta•‹o de assist•ncia religiosa nas


entidades civis e militares de interna•‹o coletiva;

Consagra-se, nesses incisos, a liberdade religiosa.

No que se refere ao inciso VII, observe que n‹o Ž o Poder Pœblico o


respons‡vel pela presta•‹o religiosa, pois o Brasil Ž um Estado laico,
portanto a administra•‹o pœblica est‡ impedida de exercer tal fun•‹o. Essa
assist•ncia tem car‡ter privado e incumbe aos representantes habilitados de
cada religi‹o.

A prote•‹o aos locais de culto Ž princ’pio do qual deriva a imunidade tribut‡ria


prevista no art. 150, inciso VI, ÒbÓ, que veda aos entes federativos instituir
impostos sobre templos de qualquer culto. Segundo o STF, essa
imunidade alcan•a os cemitŽrios que consubstanciam extens›es de
entidade de cunho religioso abrangidas pela garantia desse dispositivo
constitucional, sendo vedada, portanto, a incid•ncia do IPTU sobre eles.29

(TRE-PE Ð 2017) ƒ livre a manifesta•‹o do pensamento, seja


ela exercida por pessoa conhecida ou por pessoa an™nima.

Coment‡rios:

A CF/88 pro’be o anonimato. Quest‹o errada.

(TJ / BAÐ 2015) ƒ assegurada, nos termos da lei, a


presta•‹o de assist•ncia religiosa nas entidades civis e
militares de interna•‹o coletiva.

Coment‡rios:

Essa quest‹o traz a literalidade do art. 5¼, VII, CF/88. Quest‹o


correta.

VIII - ninguŽm ser‡ privado de direitos por motivo de cren•a religiosa ou de


convic•‹o filos—fica ou pol’tica, salvo se as invocar para eximir-se de
obriga•‹o legal a todos imposta e recusar-se a cumprir presta•‹o alternativa,
fixada em lei;

O art. 5¼, inciso VIII, consagra a denominada Òescusa de consci•nciaÓ. Essa


Ž uma garantia que estabelece que, em regra, ninguŽm ser‡ privado de
direitos por n‹o cumprir obriga•‹o legal a todos imposta devido a suas cren•as
religiosas ou convic•›es filos—ficas ou pol’ticas. Entretanto, havendo o

29
RE 578.562. Rel. Min. Eros Grau. DJe 12.09.2008
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descumprimento de obriga•‹o legal, o Estado poder‡ impor, ˆ pessoa que


recorrer a esse direito, presta•‹o alternativa fixada em lei.

E o que acontecer‡ se essa pessoa recusar-se, tambŽm, a cumprir a presta•‹o


alternativa? Nesse caso, poder‡ excepcionalmente sofrer restri•‹o de
direitos. Veja que, para isso, s‹o necess‡rias, cumulativamente, duas
condi•›es: recusar-se a cumprir obriga•‹o legal alegando escusa de
consci•ncia e, ainda, a cumprir a presta•‹o alternativa fixada pela lei. Nesse
caso, poder‡ haver a perda de direitos pol’ticos, na forma do art. 15, IV, da
Constitui•‹o.

Um exemplo de obriga•‹o legal a todos imposta Ž o servi•o militar obrigat—rio.


Suponha que um indiv’duo, por convic•›es filos—ficas, se recuse a ingressar
nas For•as Armadas. Se o fizer, ele n‹o ser‡ privado de seus direitos: a lei ir‡
fixar-lhe presta•‹o alternativa. Caso, alŽm de se recusar a ingressar no servi•o
militar, ele, adicionalmente, se recuse a cumprir presta•‹o alternativa, a’ sim
ele poder‡ ser privado de seus direitos.

O art. 5¼, inciso VIII, Ž uma norma constitucional de efic‡cia contida. Todos
t•m o direito, afinal, de manifestar livremente sua cren•a religiosa e
convic•›es filos—fica e pol’tica. Essa Ž uma garantia plenamente exercit‡vel,
mas que poder‡ ser restringida pelo legislador.

Explico. Havendo uma obriga•‹o legal a todos imposta, a regra Ž que ela
dever‡ ser cumprida. Entretanto, em raz‹o de imperativos da consci•ncia, Ž
poss’vel que alguŽm deixe de obedec•-la. Nesse caso, h‡ que se perguntar:
existe presta•‹o alternativa fixada em lei?

N‹o existindo lei que estabele•a presta•‹o alternativa, aquele que


deixou de cumprir a obriga•‹o legal a todos imposta n‹o poder‡ ser privado de
seus direitos. Fica claro que o direito ˆ escusa de consci•ncia ser‡ garantido
em sua plenitude.

A partir do momento em que o legislador edita norma fixando presta•‹o


alternativa, ele est‡ restringindo o direito ˆ escusa de consci•ncia. Aquele
que, alŽm de descumprir a obriga•‹o legal a todos imposta, se recusar a
cumprir a presta•‹o alternativa, ser‡ privado de seus direitos.

(TRE/GO Ð 2015) NinguŽm ser‡ privado de direitos por


motivo de convic•‹o pol’tica, salvo se as invocar para eximir-
se de obriga•‹o legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
presta•‹o alternativa, fixada em lei. Essa norma
constitucional, que trata da escusa de consci•ncia, tem
efic‡cia contida, podendo o legislador ordin‡rio restringir tal
garantia.

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Coment‡rios:

Conforme explicamos acima, a norma constitucional que trata


da escusa de consci•ncia Ž de efic‡cia contida. A lei poder‡
restringir esse direito. Quest‹o correta.

IX - Ž livre a express‹o da atividade intelectual, art’stica, cient’fica e de


comunica•‹o, independentemente de censura ou licen•a;

O que voc• n‹o pode esquecer sobre esse inciso? ƒ vedada a censura.
Entretanto, a liberdade de express‹o, como qualquer direito fundamental, Ž
relativa. Isso porque Ž limitada por outros direitos protegidos pela Carta
Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do indiv’duo, por
exemplo.

Nesse sentido, entende o STF que o direito ˆ liberdade de imprensa assegura


ao jornalista o direito de expender cr’ticas a qualquer pessoa, ainda que
em tom ‡spero, contundente, sarc‡stico, ir™nico ou irreverente, especialmente
contra as autoridades e aparelhos de Estado. Entretanto, esse profissional
responder‡, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, sujeitando-
se ao direito de resposta a que se refere a Constitui•‹o em seu art. 5¼, inciso
V. A liberdade de imprensa Ž plena em todo o tempo, lugar e circunst‰ncias,
tanto em per’odo n‹o-eleitoral, quanto em per’odo de elei•›es gerais30.

Nesse mesmo sentido, considera o STF que a liberdade de manifesta•‹o do


pensamento, que representa um dos fundamentos em que se apoia a pr—pria
no•‹o de Estado democr‡tico de direito, n‹o pode ser restringida pelo
exerc’cio ileg’timo da censura estatal, ainda que praticada em sede
jurisdicional.31

(DPU Ð 2015) O direito ˆ liberdade de express‹o


representa um dos fundamentos do Estado democr‡tico de
direito e n‹o pode ser restringido por meio de censura
estatal, salvo a praticada em sede jurisdicional.

Coment‡rios:

A liberdade de express‹o n‹o pode ser restringido por meio


de censura estatal, inclusive a que for praticada em sede
jurisdicional. Quest‹o errada.

30
ADI 4.451-MC-REF, Rel. Min. Ayres Britto, Plen‡rio, DJE de 24-8-2012.
31
Rcl 18.566 Ð MC/SP. Rel. Min. Celso de Mello. Julg: 12.09.2014. DJE 17.09.2014.
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X - s‹o inviol‡veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indeniza•‹o pelo dano material ou moral
decorrente de sua viola•‹o;

ÒDissecando-seÓ esse inciso, percebe-se que ele protege:

a) O direito ˆ intimidade e ˆ vida privada. Resguarda, portanto, a


esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito a seu
modo de pensar e de agir.

b) O direito ˆ honra. Blinda, desse modo, o sentimento de dignidade e


a reputa•‹o dos indiv’duos, o Òbom nomeÓ que os diferencia na
sociedade.

c) O direito ˆ imagem. Defende a representa•‹o que as pessoas


possuem perante si mesmas e os outros.

A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas s‹o inviol‡veis:


elas consistem em espa•o ’ntimo intranspon’vel por intromiss›es il’citas
externas.32 A viola•‹o a esses bens jur’dicos ensejar‡ indeniza•‹o, cujo
montante dever‡ observar o grau de reprovabilidade da conduta.33
Destaque-se que as indeniza•›es por dano material e por dano moral
s‹o cumul‡veis, ou seja, diante de um mesmo fato, Ž poss’vel que se
reconhe•a o direito a ambas indeniza•›es.

As pessoas jur’dicas tambŽm poder‹o ser indenizadas por dano moral34,


uma vez que s‹o titulares dos direitos ˆ honra e ˆ imagem. Segundo o STJ, a
honra objetiva da pessoa jur’dica pode ser ofendida pelo protesto indevido de
t’tulo cambial, cabendo indeniza•‹o pelo dano extrapatrimonial da’
decorrente.35

ƒ importante que voc• saiba que o STF considera que para que haja
condena•‹o por dano moral, n‹o Ž necess‡rio ofensa ˆ reputa•‹o do
indiv’duo. Assim, a dor e o sofrimento de se perder um membro da fam’lia,
por exemplo, pode ensejar indeniza•‹o por danos morais.

AlŽm disso, com base nesse inciso, o STF entende que n‹o se pode coagir
suposto pai a realizar exame de DNA. Essa medida feriria, tambŽm, outros
direitos humanos, como, por exemplo, a dignidade da pessoa humana e a
intangibilidade do corpo humano. Nesse caso, a paternidade s— poder‡ ser
comprovada mediante outros elementos constantes do processo.

32
MORAES, Alexandre de. Constitui•‹o do Brasil Interpretada e Legisla•‹o
Constitucional, 9» edi•‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 159.
33
AO 1.390, Rel. Min. Dias Toffoli. DJe 30.08.2011
34
Sœmula 227 STJ - A pessoa jur’dica pode sofrer dano moral.
35
STJ, REsp n¼ 60.033/MG Ð Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 27.11.1995
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Sobre esse tema, Ž importante, ainda, destacar que o Supremo Tribunal


Federal (STF) entende que Ž v‡lida decis‹o judicial proibindo a
publica•‹o de fatos relativos a um indiv’duo por empresa jornal’stica.
O fundamento da decis‹o Ž a inviolabilidade constitucional dos direitos da
personalidade, notadamente o da privacidade.

Outra importante decis‹o do STF diz respeito ˆ privacidade dos agentes


pol’ticos. Segundo a Corte, esta Ž relativa, uma vez que estes devem ˆ
sociedade as contas da atua•‹o desenvolvida36. Mas isso n‹o significa que
quem se dedica ˆ vida pœblica n‹o tem direito ˆ privacidade. O direito se
mantŽm no que diz respeito a fatos ’ntimos e da vida familiar, embora nunca
naquilo que se refira ˆ sua atividade pœblica37.

No que diz respeito a servidor pœblico que, no exerc’cio de suas fun•›es, Ž


injustamente ofendido em sua honra e imagem, o STF entende que a
indeniza•‹o est‡ sujeita a uma cl‡usula de modicidade. Isso porque todo
agente pœblico est‡ sob permanente vig’lia da cidadania. E quando o agente
estatal n‹o prima por todas as apar•ncias de legalidade e legitimidade no seu
atuar oficial, atrai contra si mais fortes suspeitas de um comportamento
antijur’dico francamente sindic‡vel pelos cidad‹os38. Assim, no caso de eu,
Auditora-Fiscal, sofrer um dano ˆ minha honra por uma reportagem na TV, a
indeniza•‹o a mim devida ser‡ menor do que aquela que seria paga a um
cidad‹o comum.

O STF considera que, para que haja condena•‹o por


dano moral, n‹o Ž necess‡rio ofensa ˆ reputa•‹o do
indiv’duo. Assim, a dor de se perder um membro da
fam’lia, por exemplo, pode ensejar indeniza•‹o por
danos morais.

O direito ˆ privacidade tambŽm foi objeto de an‡lise do STF na ADI 4815,


na qual se avaliou a necessidade de autoriza•‹o prŽvia para a publica•‹o
de biografias. Em exame, estava um conflito entre direitos fundamentais: de
um lado, a liberdade de express‹o e de manifesta•‹o do pensamento; do
outro, o direito ˆ intimidade e ˆ vida privada.

Ao efetuar um ju’zo de pondera•‹o, o STF concluiu pela preval•ncia, nessa


situa•‹o, do direito ˆ liberdade de express‹o e de manifesta•‹o do
pensamento. Decidiu a Corte que Ž Òinexig’vel o consentimento de pessoa
biografada relativamente a obras biogr‡ficas liter‡rias ou audiovisuais, sendo
por igual desnecess‡ria autoriza•‹o de pessoas retratadas como coadjuvantes
(ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas)Ó.

36
Inq 2589 MS, Min. Marco AurŽlio, j. 02.11.2009, p. 20.11.2009.
37
RE 577785 RJ, Min. Ricardo Lewandowski, j. 20.05.2008, p. 30.05.2008.
38
ADPF 130, DJE de 6-11-2009.
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Com essa decis‹o, o STF passou a admitir as biografias n‹o-autorizadas.


Entretanto, cabe ressaltar que a inexigibilidade do consentimento n‹o exclui a
possibilidade de indeniza•‹o em virtude de dano material ou moral decorrente
da viola•‹o da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas.

Segundo Alexandre de Moraes, a inviolabilidade do sigilo de dados (art.5¼,


XII) complementa a previs‹o do direito ˆ intimidade e vida privada (art.
5¼, X), sendo ambas as previs›es uma defesa da privacidade e regidas pelo
princ’pio da exclusividade.

TambŽm relacionado aos direitos ˆ intimidade e ˆ vida privada est‡ o sigilo


banc‡rio, que Ž verdadeira garantia de privacidade dos dados banc‡rios.
Assim como todos os direitos fundamentais, o sigilo banc‡rio n‹o Ž absoluto.
Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ de que Òhavendo satisfat—ria
fundamenta•‹o judicial a ensejar a quebra do sigilo, n‹o h‡ viola•‹o a
nenhuma cl‡usula pŽtrea constitucional.Ó (STJ, DJ de 23.05.2005).

A pergunta que se faz agora Ž a seguinte: quais autoridades podem


determinar a quebra do sigilo banc‡rio?

A resposta a essa pergunta Ž complexa e envolve conhecimento acerca da


jurisprud•ncia do STF e do STJ.

a) O Poder Judici‡rio pode determinar a quebra do sigilo banc‡rio e do


sigilo fiscal.

b) As Comiss›es Parlamentares de InquŽrito (CPI`s) federais e


estaduais podem determinar a quebra do sigilo banc‡rio e fiscal. Isso se
justifica pela previs‹o constitucional de que as CPI`s t•m poderes de
investiga•‹o pr—prios das autoridades judiciais. As CPI`s municipais
n‹o podem determinar a quebra do sigilo banc‡rio e fiscal. Os
Munic’pios s‹o entes federativos que n‹o possuem Poder Judici‡rio e,
como tal, os poderes das CPI`s municipais s‹o mais limitados.

c) A LC n¼ 105/2001 permite que as autoridades fiscais procedam ˆ


requisi•‹o de informa•›es a institui•›es financeiras. Em 2016, o STF
reconheceu a constitucionalidade dessa lei complementar, deixando
consignado que as autoridades fiscais poder‹o requisitar informa•›es ˆs
institui•›es financeiras, desde que:

- haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal


em curso e;

- as informa•›es sejam consideradas indispens‡veis pela


autoridade administrativa competente

Em sua decis‹o, o STF deixou claro que os dados fornecidos pelas


institui•›es financeiras ˆs autoridades fiscais continuar‹o sob cl‡usula
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de sigilo. Os dados, antes protegidos pelo sigilo banc‡rio, passar‹o a


estar protegidos por sigilo fiscal. Assim, n‹o seria tecnicamente
adequado falar-se em Òquebra de sigilo banc‡rioÓ pelas autoridades
fiscais.

d) O MinistŽrio Pœblico pode determinar a quebra do sigilo banc‡rio de


conta da titularidade de ente pœblico. Segundo o STJ, as contas
correntes de entes pœblicos (contas pœblicas) n‹o gozam de prote•‹o ˆ
intimidade e privacidade. Prevalecem, assim, os princ’pios da publicidade
e moralidade, que imp›em ˆ Administra•‹o Pœblica o dever de
transpar•ncia.

No caso concreto, analisado pelo STJ, um Prefeito Municipal havia sido


denunciado pelo MinistŽrio Pœblico em raz‹o da pr‡tica de crimes. Em
raz‹o disso, foi impetrado habeas corpus alegando-se que as provas que
motivaram a a•‹o penal seriam ilegais. Segundo os argumentos do
impetrante, as provas seriam ilegais por terem sido colhidas mediante
quebra de sigilo banc‡rio determinado pelo MinistŽrio Pœblico, sem
qualquer ordem judicial.

Ao examinar o caso, o STJ decidiu que s‹o l’citas Òas provas obtidas
por meio de requisi•‹o do MinistŽrio Pœblico de informa•›es
banc‡rias de titularidade de prefeitura municipal para fins de
apurar supostos crimes praticados por agentes pœblicos contra a
Administra•‹o PœblicaÓ. 39

e) Na jurisprud•ncia do STF, tambŽm se reconhece, em car‡ter


excepcional’ssimo, a possibilidade de quebra de sigilo banc‡rio pelo
MinistŽrio Pœblico, que se dar‡ no ‰mbito de procedimento
administrativo que vise ˆ defesa do patrim™nio pœblico (quando
houver envolvimento de dinheiros ou verbas pœblicas). 40

O Tribunal de Contas da Uni‹o (TCU) e os Tribunais de


Contas dos Estados (TCE`s) n‹o podem determinar a
quebra do sigilo banc‡rio.

H‡ que se mencionar, todavia, que o TCU tem


compet•ncia para requisitar informa•›es relativas a
opera•›es de crŽdito origin‡rias de recursos
pœblicos. Esse foi o entendimento firmado pelo STF no
‰mbito do MS 33.340/DF. No caso concreto, o TCU havia
requisitado ao BNDES informa•›es relativas a opera•›es
de crŽdito.

39 STJ, HC 308.493 / CE. Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca. 20.10.2015.

40
MS n¼ 21.729-4/DF, Rel. Min. Francisco Rezek. Julgamento 05.10.1995.
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Mas aten•‹o! N‹o Ž que o TCU possa determinar a


quebra do sigilo banc‡rio. Segundo o STF, Òas
opera•›es financeiras que envolvam recursos
pœblicos n‹o est‹o abrangidas pelo sigilo banc‡rioÓ.
H‡ uma relativiza•‹o do sigilo dessas informa•›es frente
ao interesse de toda a sociedade de conhecer o destino
dos recursos pœblicos.

Devido ˆ gravidade jur’dica de que se reveste o ato de quebra de sigilo


banc‡rio, este somente se dar‡ em situa•›es excepcionais, sendo
fundamental demonstrar a necessidade das informa•›es solicitadas e
cumprir as condi•›es legais. AlŽm disso, para que a quebra do sigilo banc‡rio
ou do sigilo fiscal seja admiss’vel, Ž necess‡rio que haja individualiza•‹o do
investigado e do objeto da investiga•‹o. N‹o Ž poss’vel, portanto, a
determina•‹o da quebra do sigilo banc‡rio para apura•‹o de fatos genŽricos.

O STF entende que os dados banc‡rios somente podem ser usados para os
fins da investiga•‹o que lhes deu origem, n‹o sendo poss’vel seu uso
quanto a terceiros estranhos ˆ causa (STF, INq. 923/DF, 18.04.1996).

Por fim, destaca-se que, para o STF, n‹o Ž necess‡ria a oitiva do


investigado para a determina•‹o da quebra do sigilo banc‡rio. Isso porque o
princ’pio do contradit—rio n‹o prevalece na fase inquisitorial (STF, HC
55.447 e 69.372, RE 136.239, DJ de 24.03.1995).

(TJ-PR Ð 2017) Dado o dever fundamental de pagar


tributos, n‹o Ž opon’vel o sigilo de informa•›es banc‡rias ˆ
administra•‹o tribut‡ria.

Coment‡rios:

O STF considerou constitucional lei que prev• que as


autoridades fiscais poder‹o requisitar ˆs institui•›es
financeiras informa•›es protegidas por sigilo banc‡rio. Isso
se deve ao dever fundamental de pagar tributos. Quest‹o
correta.

(SEFAZ-MT Ð 2014) A quebra do sigilo banc‡rio ou fiscal


pode ser determinada por Comiss‹o Parlamentar de InquŽrito.

Coment‡rios:

As CPI`s podem determinar a quebra do sigilo banc‡rio ou


fiscal. Quest‹o correta.

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PODER JUDICIÁRIO
QUEBRA DO 
SIGILO 
BANCÁRIO CPI FEDERAL OU ESTADUAL
CONTAS BANCÁRIAS DA 
TITULARIDADE DE ENTES 
MINISTÉRIO PÚBLICO PÚBLICOS

ATENÇÃO: AS AUTORIDADES FISCAIS PODEM REQUISITAR INFORMAÇÕES PROTEGIDAS 
POR SIGILO BANCÁRIO A INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS!

XI - a casa Ž asilo inviol‡vel do indiv’duo, ninguŽm nela podendo penetrar


sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina•‹o
judicial;

O princ’pio da inviolabilidade domiciliar tem por finalidade proteger a


intimidade e a vida privada do indiv’duo, bem como de garantir-lhe,
especialmente no per’odo noturno, o sossego e a tranquilidade.

Quest‹o central para que se possa compreender o alcance desse dispositivo


constitucional Ž saber qual Ž o conceito de ÒcasaÓ. Para o STF, o conceito de
ÒcasaÓ revela-se abrangente, estendendo-se a: i) qualquer compartimento
habitado; ii) qualquer aposento ocupado de habita•‹o coletiva; e iii)
qualquer compartimento privado n‹o aberto ao pœblico, onde alguŽm
exerce profiss‹o ou atividade pessoal.41

Assim, o conceito de ÒcasaÓ alcan•a n‹o s— a resid•ncia do indiv’duo, mas


tambŽm escrit—rios profissionais, consult—rios mŽdicos e odontol—gicos,
trailers, barcos e aposentos de habita•‹o coletiva (como, por exemplo, o
quarto de hotel). N‹o est‹o abrangidos pelo conceito de casa os bares e
restaurantes.

O STF entende que, embora os escrit—rios estejam abrangidos pelo conceito de


ÒcasaÓ, n‹o se pode invocar a inviolabilidade de domic’lio como escudo
para a pr‡tica de atos il’citos em seu interior. Com base nessa ideia, a
Corte considerou v‡lida ordem judicial que autorizava o ingresso de
autoridade policial no estabelecimento profissional, inclusive durante a
noite, para instalar equipamentos de capta•‹o de som (ÒescutaÓ). Entendeu-

41
HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10-6-2008, Segunda Turma, DJE de 1¼-
8-2008.
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se que tais medidas precisavam ser executadas sem o conhecimento do


investigado, o que seria imposs’vel durante o dia.

Feitas essas considera•›es, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: em quais


hip—teses se pode penetrar na casa de um indiv’duo?

O ingresso na ÒcasaÓ de um indiv’duo poder‡ ocorrer nas seguintes


situa•›es:

a) Com o consentimento do morador.

b) Sem o consentimento do morador, sob ordem judicial, apenas


durante o dia. Perceba que, mesmo com ordem judicial, n‹o Ž poss’vel
o ingresso na casa do indiv’duo durante o per’odo noturno.

c) A qualquer hora, sem consentimento do indiv’duo, em caso de


flagrante delito ou desastre, ou, ainda, para prestar socorro.

Resumindo, a regra geral Ž que somente se pode ingressar na casa do


indiv’duo com o seu consentimento. No entanto, ser‡ poss’vel penetrar na
casa do indiv’duo mesmo sem o consentimento, desde que amparado por
ordem judicial (durante o dia) ou, a qualquer tempo, em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro.

ƒ importante destacar que a inviolabilidade domiciliar tambŽm se aplica


ao fisco e ˆ pol’cia judici‡ria. Segundo o STF, Ònem a Pol’cia Judici‡ria e
nem a administra•‹o tribut‡ria podem, afrontando direitos assegurados pela
Constitui•‹o da Repœblica, invadir domic’lio alheio com o objetivo de
apreender, durante o per’odo diurno, e sem ordem judicial, quaisquer objetos
que possam interessar ao Poder PœblicoÓ (AP 370-3/DF, RTJ, 162:249-250).

Como j‡ comentamos, a entrada de autoridade policial em domic’lio sem


autoriza•‹o judicial ser‡ poss’vel nas situa•›es de flagrante delito. Isso Ž
particularmente relevante no caso da pr‡tica de crimes permanentes, nos
quais a situa•‹o de flagr‰ncia se estende no tempo. Exemplo de crimes desse
tipo seriam o c‡rcere privado e o porte de drogas.

Nesses crimes, exige-se uma pronta resposta das autoridades policiais, que
devem ingressar no domic’lio sem autoriza•‹o judicial. Todavia, essa pr‡tica
pode dar ensejo ao abuso de autoridade, uma vez que um policial pode vir a
ingressar em domic’lio sem que tenha ind’cios relevantes de que um crime
est‡ sendo praticado em seu interior.

Para coibir o abuso de autoridade, o STF deixou consignado o entendimento de


que Ò a entrada for•ada em domic’lio sem mandado judicial s— Ž l’cita, mesmo
em per’odo noturno, quando amparada em fundadas raz›es, devidamente
justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situa•‹o

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de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal


do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticadosÓ.42

Por œltimo, vale destacar que a doutrina admite que a for•a policial, tendo
ingressado na casa de indiv’duo, durante o dia, com amparo em ordem
judicial, prolongue suas a•›es durante o per’odo noturno.

(PC/DF Ð 2015) Admite-se a apreens‹o, pela pol’cia federal


e pela receita federal, de livros cont‡beis e documentos fiscais
de clientes localizados em escrit—rio de advocacia, pois
escrit—rio n‹o se equipara a domic’lio.

Coment‡rios:

Para fins de aplica•‹o do art. 5¼, XI, CF/88, o conceito de


casa tambŽm abrange os escrit—rios profissionais. Logo, o
ingresso em escrit—rio de advocacia a fim de apreender livros
cont‡beis e documentos fiscais depender‡ de ordem judicial.
Quest‹o errada.

(PC / DF - 2015) ƒ ilegal, por viola•‹o ao domic’lio, a prova


obtida por meio de escuta ambiental e explora•‹o de local,
em escrit—rio de advocacia, realizada no per’odo noturno,
mesmo com ordem judicial.

Coment‡rios:

O STF considera v‡lida (legal) ordem judicial que autoriza


o ingresso de autoridade policial em escrit—rio advocacia com
o objetivo de instalar equipamentos de escuta ambiental.
Quest‹o errada.

42
RE 603.616. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento: 05.11.2015.
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QUALQUER  COMPARTIMENTO HABITADO
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR

CONCEITO DE CASA:  QUALQUER  APOSENTO HABITADO DE OCUPAÇÃO 
AMPLO COLETIVA

QUALQUER  COMPARTIMENTO PRIVADO NÃO ABERTO 
AO PÚBLICO

COM O 
CONSENTIMENTO DO 
MORADOR
O INGRESSO NA CASA   ORDEM JUDICIAL: 
PODERÁ OCORRER DURANTE O DIA
SEM O 
CONSENTIMENTO:
 FLAGRANTE DELITO, 
DESASTRE, OU 
PRESTAÇÃO DE SOCORRO: 
A QUALQUER HORA

XII - Ž inviol‡vel o sigilo da correspond•ncia e das comunica•›es


telegr‡ficas, de dados e das comunica•›es telef™nicas, salvo, no œltimo caso,
por ordem judicial, nas hip—teses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investiga•‹o criminal ou instru•‹o processual penal;

Segundo Alexandre de Moraes, a inviolabilidade do sigilo de dados (art.5¼, XII)


complementa a previs‹o do direito ˆ intimidade e vida privada (art. 5¼,
X), sendo ambas as previs›es uma defesa da privacidade e regidas pelo
princ’pio da exclusividade. Esse princ’pio pretende assegurar ao indiv’duo,
como ressalta Tercio Ferraz a "sua identidade diante dos riscos proporcionados
pela niveladora press‹o social e pela incontrast‡vel impositividade do poder
pol’tico." A privacidade Ž um bem exclusivo, pois est‡ no dom’nio das op•›es
pessoais de cada indiv’duo; ela n‹o Ž, enfim, guiada por normas e padr›es
objetivos.

O art. 5¼, inciso XII, trata da inviolabilidade das correspond•ncias e das


comunica•›es. A princ’pio, a leitura do inciso XII pode dar a entender que o
sigilo da correspond•ncia e das comunica•›es telegr‡ficas e de dados n‹o
poderia ser violado; apenas haveria exce•‹o constitucional para a viola•‹o das
comunica•›es telef™nicas.

N‹o Ž esse, todavia, o entendimento que prevalece. Como n‹o h‡ direito


absoluto no ordenamento jur’dico brasileiro, admite-se, mesmo sem previs‹o
expressa na Constitui•‹o, que lei ou decis‹o judicial tambŽm possam
estabelecer hip—teses de intercepta•‹o das correspond•ncias e das
comunica•›es telegr‡ficas e de dados, sempre que a norma constitucional
esteja sendo usada para acobertar a pr‡tica de il’citos.

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Nesse sentido, entende o STF que Òa administra•‹o penitenci‡ria, com


fundamento em raz›es de seguran•a pœblica, de disciplina prisional ou de
preserva•‹o da ordem jur’dica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que
respeitada a norma inscrita no art. 41, par‡grafo œnico, da Lei 7.210/1984,
proceder ˆ intercepta•‹o da correspond•ncia remetida pelos sentenciados, eis
que a cl‡usula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar n‹o pode constituir
instrumento de salvaguarda de pr‡ticas il’citas.Ó43

Sobre a comunica•‹o de dados, Ž relevante destacar importante


jurisprud•ncia do STF. Suponha que, em uma opera•‹o de busca e apreens‹o
realizada em um escrit—rio profissional, os policiais apreendam o disco r’gido
(HD) de um computador no qual est‹o armazenados os e-mails recebidos
pelo investigado. Nesse caso, entende a Corte que n‹o h‡ viola•‹o do sigilo
da comunica•‹o de dados. Isso porque a prote•‹o constitucional Ž da
comunica•‹o de dados e n‹o dos dados em si. Em outras palavras, n‹o h‡,
nessa situa•‹o, quebra do sigilo das comunica•›es (intercepta•‹o das
comunica•›es), mas sim apreens‹o de base f’sica na qual se encontram os
dados.44

Com o mesmo argumento, o STF considerou l’cita a prova obtida por policial
a partir da verifica•‹o, no celular de indiv’duo preso em flagrante delito, dos
registros das œltimas liga•›es telef™nicas. A prote•‹o constitucional,
afinal, Ž concedida ˆ comunica•‹o dos dados (e n‹o aos dados em si). 45

Agora que j‡ estudamos t—picos relevantes sobre o sigilo da correspond•ncia e


das comunica•›es de dados, vamos nos focar no estudo do sigilo das
comunica•›es.

De in’cio, Ž importante destacar a diferen•a entre quebra do sigilo das


comunica•›es e intercepta•‹o das comunica•›es telef™nicas. S‹o coisas
diferentes. A quebra do sigilo das comunica•›es consiste em ter acesso ao
extrato das liga•›es telef™nicas (grosso modo, seria ter acesso ˆ conta da
VIVO/TIM). Por outro lado, a intercepta•‹o das comunica•›es telef™nicas
consiste em ter acesso ˆs grava•›es das conversas.

A intercepta•‹o das comunica•›es telef™nicas Ž, sem dœvida, medida


mais gravosa e, por isso, somente pode ser determinada pelo Poder
Judici‡rio. J‡ a quebra do sigilo das comunica•›es telef™nicas, pode ser
determinada pelas Comiss›es Parlamentares de InquŽrito (CPIÕs), alŽm, Ž
claro, do Poder Judici‡rio.

Segundo a CF/88, a intercepta•‹o das comunica•›es telef™nicas somente ser‡


poss’vel quando atendidos tr•s requisitos:

43
(HC 70.814. Primeira Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 24/06/1994).

44
STF, RE 418416/SC, Rel. Min. Sepœlveda Pertence, j. 10.05.2006, DJ em 19.12.2006.
45
STF, HC 91.867, Rel. Min. Gilmar Mendes. Julg: 24.04.2012, DJ de 20.09.2012.
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a) ordem judicial

b) exist•ncia de investiga•‹o criminal ou instru•‹o processual penal;

c) lei que preveja as hip—teses e a forma em que esta poder‡ ocorrer;

O art. 5¼, inciso XII, como Ž poss’vel verificar, Ž norma de efic‡cia limitada.
ƒ necess‡rio que exista uma lei para que o juiz possa autorizar, nas hip—teses
e na forma por ela estabelecida, a intercepta•‹o das comunica•›es
telef™nicas.46

A intercepta•‹o das comunica•›es telef™nicas s— pode ser autorizada por


decis‹o judicial (de of’cio ou a requerimento da autoridade policial ou do
MinistŽrio Pœblico) e para fins de investiga•‹o criminal ou instru•‹o
processual penal.

A decis‹o judicial dever‡ ser fundamentada, devendo o magistrado indicar a


forma de sua execu•‹o, que n‹o poder‡ ter prazo maior que quinze dias,
renov‡vel por igual per’odo. O STF entende que pode haver renova•›es
sucessivas desse prazo, e n‹o apenas uma œnica renova•‹o da medida, pois
h‡ situa•›es extremas que o exigem. 47

Outro aspecto importante a ser estudado, quando da an‡lise da inviolabilidade


das comunica•›es telef™nicas, diz respeito ˆs hip—teses em que Ž cab’vel
intercepta•‹o telef™nica. De acordo com a Lei 9.296/96, as intercepta•›es
telef™nicas s— podem ser ordenadas pelo Poder Judici‡rio se presentes,
conjuntamente, 3 (tr•s) requisitos:

a) Se existirem razo‡veis ind’cios de autoria ou participa•‹o na infra•‹o


penal;

b) Se a prova n‹o puder ser obtida por outros meios dispon’veis;

c) Se o fato investigado constituir infra•‹o penal punida com reclus‹o.

A intercepta•‹o telef™nica autorizada pelo Poder Judici‡rio tem como objetivo


subsidiar investiga•‹o de infra•‹o penal pun’vel com reclus‹o. No entanto,
Ž bastante comum que, no curso da efetiva•‹o da intercepta•‹o telef™nica,
novas infra•›es penais sejam descobertas, inclusive com autores e part’cipes
diferentes. Essas novas infra•›es penais s‹o o que a doutrina chama de
Òcrimes-achadosÓ, que s‹o conexos com os primeiros. As informa•›es e
provas levantadas por meio da intercepta•‹o telef™nica poder‹o subsidiar a

46
STF, HC n¼ 69.912-0/RS, Rel. Min. Sepœlveda Pertence, DJ. 26.11.1993.
47
STF, HC 106.129, Rel. Min. Dias Toffolli. DJE de 23.11.2010).
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denœncia desses Òcrimes-achadosÓ, ainda que estes sejam pun’veis


com a pena de deten•‹o. 48

O STF tambŽm reconhece que ÒŽ v‡lida a prova de um crime descoberta


acidentalmente durante a escuta telef™nica autorizada judicialmente
para apura•‹o de crime diversoÓ49. Assim, se o juiz havia autorizado uma
intercepta•‹o telef™nica para apurar um crime de homic’dio e descobre-se que
um dos interlocutores cometeu o crime de sequestro, a prova ser‡ v‡lida no
processo referente a este crime (sequestro).

A intercepta•‹o telef™nica ser‡ admitida mesmo em se tratando de conversa


entre acusado em processo penal e seu defensor. Segundo o STF, apesar
de o advogado ter seu sigilo profissional resguardado para o exerc’cio de suas
fun•›es, tal direito n‹o pode servir como escudo para a pr‡tica de atividades
il’citas, pois nenhum direito Ž absoluto. O simples fato de ser advogado n‹o
pode conferir, ao indiv’duo, imunidade na pr‡tica de delitos no exerc’cio de sua
profiss‹o. 50

TambŽm Ž importante o entendimento que se tem sobre a denominada


Òprova emprestadaÓ. Mas o que vem a ser a prova emprestada? ƒ uma
prova que Ž obtida no curso de uma investiga•‹o criminal ou instru•‹o
processual penal e, posteriormente, Ž usada (ÒemprestadaÓ) em um processo
administrativo disciplinar.

Segundo o STF, Òdados obtidos em intercepta•‹o de comunica•›es


telef™nicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para
produ•‹o de prova em investiga•‹o criminal ou em instru•‹o processual penal,
podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a
mesma ou as mesmas pessoas em rela•‹o ˆs quais foram colhidos, ou contra
outros servidores cujos supostos il’citos teriam despontado ˆ colheita dessa
prova.Ó51

Assim, caso uma intercepta•‹o telef™nica resulte em prova de que um Auditor-


Fiscal da Receita Federal esteja recebendo dinheiro para despachar
mercadoria, alŽm de essa prova ser usada no processo penal do crime
referente a essa pr‡tica, poder‡ ser usada pela Corregedoria da Receita
Federal quando do processo administrativo destinado a apurar o il’cito e
determinar a correspondente penalidade administrativa.

H‡ que se estabelecer, agora, a diferen•a entre tr•s institutos que possuem


bastante semelhan•a entre si: i) intercepta•‹o telef™nica; ii) escuta
telef™nica e; iii) grava•‹o telef™nica.

48
STF, HC 83.515/RS. Rel. Min. Nelson Jobim, Informativo STF n¼ 361.
49
STF, HC 78098/SC, Rel. Min. Moreira Alves, j. 01.12.98.
50
HC 96.909/MT, Rel. Min. Ellen Gracie. J.10.12.2009, p. 11.12.2009.
51
STF, Inq 2424, Rel. Min. Cesar Peluso, DJ. 24.08.2007.
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A intercepta•‹o telef™nica, conforme j‡ vimos, consiste na capta•‹o de


conversas telef™nicas feita por terceiro (autoridade policial) sem o
conhecimento de nenhum dos interlocutores, devendo ser autorizada pelo
Poder Judici‡rio, nas hip—teses e na forma que a lei estabelecer, para fins de
investiga•‹o criminal ou instru•‹o processual penal.

A escuta telef™nica, por sua vez, Ž a capta•‹o de conversa telef™nica feita


por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores.
Por sua vez, a grava•‹o telef™nica Ž feita por um dos interlocutores do
di‡logo, sem o consentimento ou ci•ncia do outro. 52

Esses conceitos acima apresentados s‹o baseados no entendimento do STJ e


podem ser cobrados em prova. Todavia, o STF tem usado o termo Ògrava•‹o
clandestinaÓ para se referir tanto ˆ escuta telef™nica (grava•‹o de conversa
feita por terceiro com o conhecimento de apenas um dos interlocutores)
quanto ˆ grava•‹o telef™nica (grava•‹o feita por um dos interlocutores sem o
conhecimento do outro). Cabe destacar que uma Ògrava•‹o clandestinaÓ pode
ser oriunda de uma conversa telef™nica, pessoal ou mesmo de uma
grava•‹o ambiental.

Vejamos, a seguir, importantes entendimentos


jurisprudenciais sobre o tema:

1) ƒ poss’vel a grava•‹o telef™nica por um dos


interlocutores sem a autoriza•‹o judicial, caso haja
investida criminosa daquele que desconhece que a
grava•‹o est‡ sendo feita. De acordo com o STF, Ž
Òinconsistente e fere o senso comum falar-se em viola•‹o
do direito ˆ privacidade quando interlocutor grava di‡logo
com sequestradores, estelionat‡rios ou qualquer tipo de
chantagistaÓ.53 Nesse caso, percebe-se que a grava•‹o
clandestina foi feita em leg’tima defesa, sendo, portanto,
leg’tima.

2) Segundo o STF, havendo a necessidade de coleta


de prova via grava•‹o ambiental (sendo imposs’vel a
apura•‹o do crime por outros meios) e havendo ordem
judicial nesse sentido, Ž l’cita a intercepta•‹o
telef™nica.

3) S‹o il’citas as provas obtidas por meio de


intercepta•‹o telef™nica determinada a partir
apenas de denœncia an™nima, sem investiga•‹o
preliminar. Com efeito, uma denœncia an™nima n‹o Ž

52
STJ, HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi. 23.04.2010
53
STF,HC 75.338/RJ, Rel. Min. Nelson Jobim, j. 11.03.98, DJ de 25.09.98.
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suficiente para que o juiz determine a intercepta•‹o


telef™nica; caso ele o fa•a, a prova obtida a partir desse
procedimento ser‡ il’cita.

(PC / DF Ð 2015) Suponha-se que um policial,


imediatamente ap—s a pris‹o em flagrante, tenha
verificado, no celular do preso, os registros das œltimas
liga•›es. Nesse caso, essa prova Ž l’cita, pois a
intercepta•‹o telef™nica n‹o se confunde com os registros
telef™nicos.

Coment‡rios:

Essa Ž uma jurisprud•ncia interessante do STF. O art. 5¼,


XII, CF/88 protege a comunica•‹o de dados (e n‹o os
dados em si). Portanto, Ž l’cita prova obtida por policial que
verifica no celular do preso os registros das œltimas
liga•›es. Quest‹o correta.

(MPE-RS Ð 2014) N‹o se deve confundir a intercepta•‹o


telef™nica, esta autorizada pela Constitui•‹o, desde que por
ordem judicial, nas hip—teses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investiga•‹o criminal ou instru•‹o
processual penal, com o sigilo dos registros telef™nicos, que
nada mais s‹o do que os telefonemas registrados nos
bancos de dados das operadoras de telefonia e que n‹o
est‹o sujeitos ao princ’pio da reserva absoluta de
jurisdi•‹o, podendo as Comiss›es Parlamentares de
InquŽrito, segundo precedente do Supremo Tribunal
Federal, ter acesso a tais dados sem a necessidade de
ordem judicial.

Coment‡rios:

O enunciado faz uma distin•‹o acertada entre


Òintercepta•‹o telef™nicaÓ e Òquebra de sigilo telef™nicoÓ. A
intercepta•‹o telef™nica s— pode ser determinada pelo
Poder Judici‡rio, ao passo que a quebra de sigilo telef™nico
pode ser determinada pelo Poder Judici‡rio ou por
Comiss‹o Parlamentar de InquŽrito (CPI). Quest‹o correta.

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XIII - Ž livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou profiss‹o, atendidas


as qualifica•›es profissionais que a lei estabelecer;

Trata-se de norma constitucional de efic‡cia contida que trata da liberdade


de atividade profissional. Esta disp›e que, na inexist•ncia de lei que exija
qualifica•›es para o exerc’cio de determinada profiss‹o, qualquer pessoa
poder‡ exerc•-la. Entretanto, existente a lei, a profiss‹o s— poder‡ ser
exercida por quem atender ˆs qualifica•›es legais.

Segundo o STF, nem todos os of’cios ou profiss›es podem ser condicionadas


ao cumprimento de condi•›es legais para o seu exerc’cio. A regra Ž a
liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade Ž que pode
ser exigida inscri•‹o em conselho de fiscaliza•‹o profissional. A atividade de
mœsico, por exemplo, prescinde de controle. Constitui, ademais, manifesta•‹o
art’stica protegida pela garantia da liberdade de express‹o54.

Cabe destacar ainda que o STF considerou constitucional o exame da


Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para a Corte, o exerc’cio da
advocacia traz um risco coletivo, cabendo ao Estado limitar o acesso ˆ
profiss‹o e o respectivo exerc’cio. Nesse sentido, o exame de sufici•ncia
discutido seria compat’vel com o ju’zo de proporcionalidade e n‹o alcan•aria o
nœcleo essencial da liberdade de of’cio. No concernente ˆ adequa•‹o do exame
ˆ finalidade prevista na Constitui•‹o Ð assegurar que as atividades de risco
sejam desempenhadas por pessoas com conhecimento tŽcnico suficiente, de
modo a evitar danos ˆ coletividade Ð aduziu-se que a aprova•‹o do candidato
seria elemento a qualific‡-lo para o exerc’cio profissional. 55

Ainda relacionada ˆ liberdade do exerc’cio profissional, destacamos


entendimento do STF no sentido de que Ž inconstitucional a exig•ncia de
diploma para o exerc’cio da profiss‹o de jornalista. 56

Outra importante jurisprud•ncia Ž a de que n‹o pode a Fazenda Pœblica


obstaculizar a atividade empresarial com a imposi•‹o de penalidades
no intuito de receber imposto atrasado57. Nesse sentido, o STF editou a
Sœmula no 323, segundo a qual ÒŽ inadmiss’vel a apreens‹o de mercadorias
como meio coercitivo para pagamento de tributosÓ.

TambŽm n‹o Ž admiss’vel a exig•ncia, pela Fazenda Pœblica, de fian•a


para a impress‹o de notas fiscais pelo contribuinte em dŽbito com o Fisco.
Segundo o STF, Òa exig•ncia, pela Fazenda Pœblica, de presta•‹o de fian•a,
garantia real ou fidejuss—ria para a impress‹o de notas fiscais de contribuintes

54
STF, RE 414.426, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 1¼-8-2011, Plen‡rio, DJE de 10-10-
2011.
55
STF, RE 603.583, Rel. Min. Marco AurŽlio, julgamento em 26-10-2011, Plen‡rio, Informativo
646, com repercuss‹o geral.
56
STF, RE 511.961. Rel. Min. Gilmar Mendes. DJe 13.11.2009.
57
STF, RE 413.782, Rel. Min. Marco AurŽlio. DJ 17.03.2005
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em dŽbito com o Fisco viola as garantias do livre exerc’cio do trabalho,


of’cio ou profiss‹o (CF, art. 5¼, XIII), da atividade econ™mica (CF, art. 170,
par‡grafo œnico) e do devido processo legal (CF, art. 5¼, LIV)Ó. 58

(Prefeitura de Piraraquara Ð 2014) ƒ livre o exerc’cio de


qualquer trabalho, of’cio ou profiss‹o, sendo defeso ao
legislador ordin‡rio a cria•‹o de leis que estabele•am
qualifica•›es profissionais como requisito para atua•‹o
profissional do indiv’duo.

Coment‡rios:

Muita gente erra essa quest‹o porque n‹o sabe o significado


da palavra ÒdefesoÓ, que Ž sin™nimo de ÒproibidoÓ, ÒvedadoÓ.
Pois, bem, ao contr‡rio do que diz o enunciado, o legislador
ordin‡rio pode criar leis que estabele•am qualifica•›es
profissionais como requisito para atua•‹o profissional do
indiv’duo. Quest‹o errada.

XIV - Ž assegurado a todos o acesso ˆ informa•‹o e resguardado o sigilo da


fonte, quando necess‡rio ao exerc’cio profissional;

Esse inciso tem dois desdobramentos: assegura o direito de acesso ˆ


informa•‹o (desde que esta n‹o fira outros direitos fundamentais) e
resguarda os jornalistas, possibilitando que estes obtenham informa•›es
sem terem que revelar sua fonte. N‹o h‡ conflito, todavia, com a veda•‹o ao
anonimato. Caso alguŽm seja lesado pela informa•‹o, o jornalista responder‡
por isso.

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos


ao pœblico, independentemente de autoriza•‹o, desde que n‹o frustrem
outra reuni‹o anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prŽvio aviso ˆ autoridade competente;

Esse inciso Ž bastante cobrado em provas. Do que voc• precisar‡ se lembrar?


Inicialmente, das caracter’sticas do direito de reuni‹o:

a) Esta dever‡ ter fins pac’ficos, e apresentar aus•ncia de armas;

b) Dever‡ ser realizada em locais abertos ao pœblico;

c) N‹o poder‡ frustrar outra reuni‹o convocada anteriormente para


o mesmo local;

58
RE 565.048 / RS, Rel. Min. Marco AurŽlio. Julg: 29.05.2014.
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d) Desnecessidade de autoriza•‹o;

e) Necessidade de prŽvio aviso ˆ autoridade competente.

O STF foi chamado a apreciar a ÒMarcha da MaconhaÓ, tendo se manifestado


no sentido de que Ž inconstitucional qualquer interpreta•‹o do C—digo Penal
que possa ensejar a criminaliza•‹o da defesa da legaliza•‹o das drogas,
ou de qualquer subst‰ncia entorpecente espec’fica, inclusive atravŽs de
manifesta•›es e eventos pœblicos. Assim, admite-se que o direito de
reuni‹o seja exercido, inclusive, para defender a legaliza•‹o de drogas; n‹o Ž
permitida, todavia, a incita•‹o, o incentivo ou est’mulo ao consumo de
entorpecentes na sua realiza•‹o. 59

ƒ importante destacar, tambŽm, que o direito de reuni‹o Ž protegido por


mandado de seguran•a, e n‹o por habeas corpus. Cuidado com ÒpeguinhasÓ
nesse sentido!

(TCE-PE Ð 2017) A liberdade de reuni‹o e o direito ˆ livre


manifesta•‹o do pensamento excluem a possibilidade de
pessoas se reunirem em espa•os pœblicos para protestar em
favor da legaliza•‹o do uso e da comercializa•‹o de drogas no
pa’s.

Coment‡rios:

Segundo o STF, a defesa da legaliza•‹o das drogas em espa•os


pœblicos (Òmarcha da maconhaÓ) Ž compat’vel com a
liberdade de express‹o e com o direito de reuni‹o. Quest‹o
errada.

(MPU Ð 2015) ƒ incondicional o direito ˆ reuni‹o com fins


pac’ficos em local aberto ao pœblico.

Coment‡rios:

O direito ˆ reuni‹o n‹o poder‡ frustrar outra reuni‹o


convocada anteriormente para o mesmo local e depende de
prŽvio aviso ˆ autoridade competente. Ou seja, h‡ certas
condicionalidades que dever‹o ser observadas. Quest‹o
errada.

XVII - Ž plena a liberdade de associa•‹o para fins l’citos, vedada a de


car‡ter paramilitar;

59
ADPF 187, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-6-2011, Plen‡rio.
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XVIII - a cria•‹o de associa•›es e, na forma da lei, a de cooperativas


independem de autoriza•‹o, sendo vedada a interfer•ncia estatal em seu
funcionamento;

XIX - as associa•›es s— poder‹o ser compulsoriamente dissolvidas ou ter


suas atividades suspensas por decis‹o judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
o tr‰nsito em julgado;

Para que exista uma associa•‹o, Ž necess‡ria a presen•a de tr•s requisitos:

a) Pluralidade de pessoas: a associa•‹o Ž uma sociedade, uma uni‹o


de pessoas com um fim determinado.

b) Estabilidade: ao contr‡rio da reuni‹o, que tem car‡ter transit—rio


(espor‡dico), as associa•›es t•m car‡ter permanente.

c) Surgem a partir de um ato de vontade

Presentes esses requisitos, restar‡ caracterizada uma associa•‹o, a qual


estar‡, por conseguinte, sujeita ˆ prote•‹o constitucional. Destaque-se que a
exist•ncia da associa•‹o independe da aquisi•‹o de personalidade
jur’dica.

E como a Constitui•‹o protege as associa•›es? Da seguinte forma:

a) A liberdade de associa•‹o para fins l’citos Ž ampla, independente de


autoriza•‹o dos Poderes Pœblicos, que tambŽm n‹o podem interferir em
seu funcionamento.

b) As associa•›es s— podem ser dissolvidas por decis‹o judicial


transitada em julgado. AlŽm disso, suas atividades s— podem ser
suspensas por decis‹o judicial (neste caso, n‹o h‡ necessidade de
tr‰nsito em julgado). Perceba que a medida mais gravosa (dissolu•‹o
da associa•‹o) exige um requisito mais dif’cil (o tr‰nsito em julgado de
decis‹o judicial).

c) A cria•‹o de associa•›es Ž livre, ou seja, independe de autoriza•‹o.


J‡ a cria•‹o de cooperativas tambŽm Ž livre, porŽm h‡ necessidade de
lei que a regule. Temos, aqui, t’pica norma de efic‡cia limitada.

Sobre esse assunto, Ž importante que destaquemos a veda•‹o ˆs


associa•›es de car‡ter paramilitar. Segundo o Prof. Alexandre de Moraes,
a nomenclatura dos postos e a utiliza•‹o ou n‹o de uniformes n‹o s‹o
requisitos suficientes para definir o car‡ter paramilitar de uma associa•‹o;
deve-se observar se elas se destinam ao treinamento de seus membros a
finalidades bŽlicas e, ainda, se existe organiza•‹o hier‡rquica e o
princ’pio da obedi•ncia.

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Por fim, como nenhum direito fundamental Ž absoluto, nem mesmo a


autonomia privada das funda•›es, entende o STF que60:

ÒA ordem jur’dico-constitucional brasileira n‹o conferiu a qualquer


associa•‹o civil a possibilidade de agir ˆ revelia dos princ’pios inscritos
nas leis e, em especial, dos postulados que t•m por fundamento direto
o pr—prio texto da Constitui•‹o da Repœblica, notadamente em tema de
prote•‹o ˆs liberdades e garantias fundamentais. O espa•o de
autonomia privada garantido pela Constitui•‹o ˆs associa•›es n‹o est‡
imune ˆ incid•ncia dos princ’pios constitucionais que asseguram o
respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia
privada, que encontra claras limita•›es de ordem jur’dica, n‹o pode ser
exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de
terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional,
pois a autonomia da vontade n‹o confere aos particulares, no dom’nio
de sua incid•ncia e atua•‹o, o poder de transgredir ou de ignorar as
restri•›es postas e definidas pela pr—pria Constitui•‹o, cuja efic‡cia e
for•a normativa tambŽm se imp›em, aos particulares, no ‰mbito de
suas rela•›es privadas, em tema de liberdades fundamentais.Ó

XX - ninguŽm poder‡ ser compelido a associar-se ou a permanecer


associado;

N‹o h‡ muito a se falar sobre esse inciso: apenas que ninguŽm pode ser
obrigado a se associar (filiar-se a um partido pol’tico, por exemplo) ou a
permanecer associado. Caso cobrado o inciso, isso acontecer‡ em sua
literalidade.

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, t•m


legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Para que possamos compreender esse dispositivo, Ž necess‡rio apresentar a


diferen•a entre representa•‹o processual e substitui•‹o processual.

Na representa•‹o processual, o representante n‹o age como parte do


processo; ele apenas atua em nome da parte, a pessoa representada. Para que
haja representa•‹o processual, Ž necess‡ria autoriza•‹o expressa do
representado.

Na substitui•‹o processual, o substituto Ž parte do processo, agindo em


nome pr—prio na salvaguarda de direito alheio. O substitu’do, por sua vez,
deixa de s•-lo: sofre apenas os efeitos da senten•a. N‹o est‡ no processo. A
senten•a, todavia, faz coisa julgada tanto para o substituto quanto para o
substitu’do. Quando cab’vel substitui•‹o processual, n‹o h‡ necessidade de
autoriza•‹o expressa do substitu’do.

                                                        
60
STF Ð RE 201819 / RJ Ð 2» Turma Ð Rel». Min». Ellen Gracie Ð DJ 27/10/2006.
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Apresentada essa distin•‹o, cabe-nos afirmar que o art. 5¼, XXI, CF/88, Ž um
caso de representa•‹o processual. As associa•›es poder‹o, desde que
expressamente autorizadas, representar seus filiados judicial e
extrajudicialmente. Em outras palavras, poder‹o atuar em nome de seus
filiados e na defesa dos direitos destes.

A necessidade de autoriza•‹o expressa dos filiados para que a associa•‹o os


represente n‹o pode ser substitu’da por uma autoriza•‹o genŽrica nos
estatutos da entidade. A autoriza•‹o estatut‡ria genŽrica conferida ˆs
associa•›es por seu estatuto n‹o Ž suficiente para legitimar a representa•‹o
processual.61 ƒ necess‡ria autoriza•‹o expressa, que pode ser obtida mediante
delibera•‹o em assembleia ou individualmente (filiado por filiado).

Nesse sentido, somente os associados que manifestaram sua autoriza•‹o


expressa Ž que estar‹o, a posteriori, legitimados para a execu•‹o do
t’tulo judicial decorrente da a•‹o ajuizada pela associa•‹o. Aqueles
associados que n‹o manifestaram sua autoriza•‹o expressa n‹o poder‹o
executar o t’tulo judicial decorrente da a•‹o ajuizada pela associa•‹o.

(TCE / MG Ð 2015) NinguŽm poder‡ ser compelido a se


associar nem a permanecer associado.

Coment‡rios:

ƒ exatamente a literalidade do art. 5¼, XX, CF/88. Quest‹o


correta.

XXII - Ž garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atender‡ a sua fun•‹o social;

XXIV - a lei estabelecer‡ o procedimento para desapropria•‹o por


necessidade ou utilidade pœblica, ou por interesse social, mediante justa e
prŽvia indeniza•‹o em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constitui•‹o;

Estudaremos esses tr•s incisos em conjunto. Eles tratam do direito de


propriedade, que Ž norma constitucional de efic‡cia contida e, portanto,
est‡ sujeita ˆ atua•‹o restritiva por parte do Poder Pœblico. Como todos os
direitos fundamentais, o direito de propriedade n‹o Ž absoluto: Ž necess‡rio
que o propriet‡rio d• ˆ propriedade uma fun•‹o social.

61
RE 573.232/SC. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. 14.05.2014
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Entretanto, mesmo sendo relativo, a Constitui•‹o n‹o poderia deixar de


estabelecer certas prote•›es a esse direito. Desse modo, no inciso XXIV do art.
5¼ da CF/88, garante-se que, se a propriedade estiver cumprindo a sua
fun•‹o social, s— poder‡ haver desapropria•‹o com base na tutela do
interesse pœblico, em tr•s hip—teses: necessidade pœblica, utilidade
pœblica ou interesse social. A indeniza•‹o, nesses casos, ressalvadas
algumas exce•›es determinadas constitucionalmente, dar-se-‡ mediante
prŽvia e justa indeniza•‹o em dinheiro.

Observe bem o que a Constitui•‹o nos afirma: a indeniza•‹o, no caso de


desapropria•‹o, ser‡ mediante prŽvia e justa indeniza•‹o em dinheiro,
ressalvadas algumas exce•›es determinadas constitucionalmente. Em
outras palavras, h‡ casos em que a indeniza•‹o pela desapropria•‹o n‹o ser‡
em dinheiro. E quais s‹o esses casos?

a) Desapropria•‹o para fins de reforma agr‡ria;

b) Desapropria•‹o de im—vel urbano n‹o-edificado que n‹o cumpriu sua


fun•‹o social;

c) Desapropria•‹o confiscat—ria.

A desapropria•‹o para fins de reforma agr‡ria obedece ao disposto no


art. 184 da Carta Magna. ƒ de compet•ncia da Uni‹o e tem por objeto o im—vel
rural que n‹o esteja cumprindo sua fun•‹o social. Dar-se-‡ mediante prŽvia
e justa indeniza•‹o em t’tulos da d’vida agr‡ria, com cl‡usula de
preserva•‹o do valor real, resgat‡veis no prazo de atŽ vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emiss‹o, e cuja utiliza•‹o ser‡ definida em lei. O ¤ 1o do
mesmo artigo, entretanto, faz uma ressalva: a de que as benfeitorias œteis e
necess‡rias ser‹o indenizadas em dinheiro.

No que diz respeito ˆ desapropria•‹o de im—vel urbano n‹o edificado,


subutilizado ou n‹o utilizado, ou seja, que descumpriu sua fun•‹o social,
determina a CF/88 (art. 182, ¤ 4o, III) que a indeniza•‹o se dar‡ mediante
t’tulos da d’vida pœblica de emiss‹o previamente aprovada pelo Senado
Federal, com prazo de resgate de atŽ dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indeniza•‹o e os juros legais. A
desapropria•‹o, nessa situa•‹o, ser‡ de compet•ncia do Munic’pio.

Existe, ainda, a possibilidade de que haja desapropria•‹o sem indeniza•‹o.


ƒ o que ocorre na expropria•‹o de propriedades urbanas e rurais de qualquer
regi‹o do Pa’s onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotr—picas ou explora•‹o de trabalho escravo. Tem-se, ent‹o, a
chamada Òdesapropria•‹o confiscat—riaÓ, prevista no art. 243 da
Constitui•‹o.

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(CNMP Ð 2015) A lei estabelecer‡ o procedimento para


desapropria•‹o por necessidade ou utilidade pœblica, ou por
interesse social, mediante prŽvia indeniza•‹o, em t’tulos da
d’vida pœblica, ressalvados os casos previstos na Constitui•‹o
Federal.

Coment‡rios:

Essa quest‹o cobrou a literalidade do art. 5¼, XXIV, CF/88. A


indeniza•‹o prŽvia dever‡ ser em dinheiro. Quest‹o errada.

(TRT 8a Regi‹o Ð 2015) O direito de propriedade Ž garantido


constitucionalmente, permitindo ao seu titular, o exerc’cio livre
e irrestrito do direito de gozo, uso e disposi•‹o do bem.

Coment‡rios:

N‹o se pode falar no exerc’cio livre e irrestrito do direito de


gozo, uso e disposi•‹o da propriedade. Isso porque a
propriedade dever‡ atender a sua fun•‹o social. Quest‹o
errada.

XXV - no caso de iminente perigo pœblico, a autoridade competente poder‡


usar de propriedade particular, assegurada ao propriet‡rio indeniza•‹o
ulterior, se houver dano;

Esse inciso trata da requisi•‹o administrativa, que ocorre quando o Poder


Pœblico, diante de perigo pœblico iminente, utiliza seu poder de impŽrio (de
coa•‹o) para usar bens ou servi•os de particulares...

Fatiando-se o artigo, para melhor compreens‹o, temos que:

a) Em caso de iminente perigo pœblico, o Estado pode requisitar a


propriedade particular. Exemplo: no caso de uma enchente que destrua
v‡rias casas de uma cidade, a Prefeitura pode requisitar o uso de uma
casa que tenha permanecido intacta, para abrigar aqueles que n‹o t•m
onde ficar. Qual o perigo pœblico iminente que justifica tal ato estatal?
No exemplo dado, a possibilidade de a popula•‹o atingida adoecer ou
morrer por falta de abrigo.

b) A requisi•‹o Ž compuls—ria para o particular, devido ao poder de


impŽrio do Estado. Veja que o interesse pœblico (socorro ˆs pessoas
desabrigadas) Ž maior que o particular (inconveniente de ter a casa
cedida ao Poder Pœblico gratuitamente). Por isso, o œltimo cede lugar ao
primeiro.

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c) A propriedade continua sendo do particular: Ž apenas cedida


gratuitamente ao Poder Pœblico. O titular do bem somente ser‡
indenizado em caso de dano. No exemplo acima, o Estado n‹o teria
que pagar aluguel ao propriet‡rio pelo uso do im—vel.

d) O perigo pœblico deve ser iminente, ou seja, deve ser algo que
acontecer‡ em breve. No exemplo dado, o Estado n‹o poderia requisitar
a casa j‡ na esta•‹o da seca baseado na possibilidade de uma enchente
ocorrer v‡rios meses depois.

Concluindo-se a an‡lise desse inciso, destaca-se que segundo o STF, n‹o Ž


poss’vel, devido ao modelo federativo adotado pelo Brasil, que um ente
pol’tico requisite administrativamente bens, servi•os e pessoal de
outro. Tal pr‡tica ofenderia o pacto federativo, e, alŽm disso, o art. 5o, XXV da
Constitui•‹o limita o alcance da requisi•‹o administrativa ˆ propriedade
privada, n‹o cabendo extrapola•‹o para bens e servi•os pœblicos.

(PC / GO Ð 2015) Se houver iminente perigo pœblico, a


autoridade competente poder‡ usar de propriedade particular,
assegurada ao propriet‡rio indeniza•‹o ulterior, se houver
dano.

Coment‡rios:

ƒ o que prev• o art. 5¼, XXV. No caso de iminente perigo


pœblico, a autoridade competente poder‡ usar de propriedade
particular. Ser‡ devida indeniza•‹o ulterior apenas se houver
dano. Quest‹o correta.

(MPE-PR Ð 2014) A previs‹o constitucional de que Òno caso


de iminente perigo pœblico, a autoridade competente poder‡
usar de propriedade particular, assegurada ao propriet‡rio
indeniza•‹o ulterior, se houver danoÓ contempla o chamado
direito de requisi•‹o.

Coment‡rios:

ƒ isso mesmo. Essa prerrogativa do Poder Pœblico Ž


denominada de requisi•‹o administrativa. Quest‹o correta.

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que


trabalhada pela fam’lia, n‹o ser‡ objeto de penhora para pagamento de
dŽbitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios
de financiar o seu desenvolvimento;

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Por meio desse inciso, o legislador constituinte deu, ˆ pequena propriedade


rural trabalhada pela fam’lia, a garantia de impenhorabilidade. Com isso,
visou ˆ prote•‹o dos pequenos trabalhadores rurais, que, desprovidos de seus
meios de produ•‹o, n‹o teriam condi•›es de subsist•ncia. Entretanto, a
impenhorabilidade depende da cumula•‹o de dois requisitos: i) explora•‹o
econ™mica do bem pela fam’lia; ii) origem na atividade produtiva do dŽbito
que causou a penhora.

Com isso, Ž poss’vel afirmar o seguinte:

a) a pequena propriedade rural trabalhada pela fam’lia pode ser objeto


de penhora para pagamento de dŽbitos estranhos ˆ sua atividade
produtiva.

b) a pequena propriedade rural trabalhada pela fam’lia n‹o pode


ser objeto de penhora para pagamento de dŽbitos decorrentes de
sua atividade produtiva.

c) a pequena propriedade rural, caso n‹o trabalhada pela fam’lia,


pode ser penhorada para pagamento de dŽbitos decorrentes e dŽbitos
estranhos ˆ sua atividade produtiva.

Note, tambŽm, a exig•ncia, pela Carta Magna, de lei que defina quais
propriedades rurais poder‹o ser consideradas pequenas e como ser‡
financiado o desenvolvimento das mesmas. Tem-se, aqui, reserva legal.

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza•‹o, publica•‹o ou


reprodu•‹o de suas obras, transmiss’vel aos herdeiros pelo tempo que a lei
fixar;

XXVIII - s‹o assegurados, nos termos da lei:

a) a prote•‹o ˆs participa•›es individuais em obras coletivas e ˆ reprodu•‹o


da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscaliza•‹o do aproveitamento econ™mico das obras que


criarem ou de que participarem aos criadores, aos intŽrpretes e ˆs
respectivas representa•›es sindicais e associativas;

Protege-se, por meio desses incisos, o direito do autor. Perceba que,


enquanto viver, este ter‡ total controle sobre a utiliza•‹o, publica•‹o ou
reprodu•‹o de suas obras. S— ap—s sua morte Ž que haver‡ limita•‹o
temporal do direito.

Com efeito, o art. 5¼, inciso XXVII, disp›e que o direito autoral Ž
transmiss’vel aos herdeiros apenas pelo tempo que a lei fixar. Nesse

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sentido, como se ver‡ adiante, o direito autoral diferencia-se do direito ˆ


propriedade industrial, presente no inciso XXIX do mesmo artigo.

XXIX - a lei assegurar‡ aos autores de inventos industriais privilŽgio


tempor‡rio para sua utiliza•‹o, bem como prote•‹o ˆs cria•›es industriais, ˆ
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnol—gico
e econ™mico do Pa’s;

Nesse inciso, a Constitui•‹o enumera expressamente a propriedade


industrial como direito fundamental. Chamo sua aten•‹o para o fato de que,
diferentemente dos direitos autorais, que pertencem ao autor atŽ sua morte, o
criador de inventos industriais t•m, sobre estes, privilŽgio apenas
tempor‡rio sobre sua utiliza•‹o.

(Prefeitura de Piraraquara Ð 2014) S‹o assegurados, nos


termos da lei, a prote•‹o ˆs participa•›es individuais em
obras coletivas e ˆ reprodu•‹o da imagem e voz humanas,
exceto nas atividades desportivas.

Coment‡rios:

Pegadinha! A prote•‹o ˆ reprodu•‹o da imagem e voz


humana se aplica inclusive nas atividades desportivas.
Quest‹o errada.

XXX - Ž garantido o direito de heran•a;

XXXI - a sucess‹o de bens de estrangeiros situados no Pa’s ser‡ regulada


pela lei brasileira em benef’cio do c™njuge ou dos filhos brasileiros, sempre
que n‹o lhes seja mais favor‡vel a lei pessoal do "de cujus";

O direito de heran•a foi elevado ˆ condi•‹o de norma constitucional pela


primeira vez na CF/88. AtŽ a promulga•‹o da vigente Constitui•‹o, ele era
objeto, t‹o-somente, de normas infraconstitucionais.

Como se depreende do inciso XXXI, a fim de resguardar mais ainda esse


direito, a Carta Magna garantiu que, no caso de bens de estrangeiros
localizados no Pa’s, seria aplicada a norma sucess—ria que mais
beneficiasse os brasileiros sucessores. Assim, nem sempre ser‡ aplicada a
lei brasileira ˆ sucess‹o de bens de estrangeiros localizados no Pa’s; caso a lei
estrangeira seja mais benŽfica aos sucessores brasileiros, esta ser‡ aplicada.

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S— para facilitar a leitura do inciso em an‡lise, explico que Òde cujusÓ Ž a


pessoa que morreu, o defunto! Eu sei, tambŽm acho a express‹o bastante
engra•ada...

(TJ / MG Ð 2015) A sucess‹o de bens de estrangeiros


situados no Pa’s ser‡ sempre regulada pela lei brasileira em
benef’cio do c™njuge ou dos filhos brasileiros.

Coment‡rios:

Nem sempre ser‡ regulada pela lei brasileira a sucess‹o de


bens de estrangeiros situados no pa’s. Quando a lei estrangeira
(lei pessoal do Òde cujusÓ) for mais favor‡vel ao c™njuge e aos
filhos, esta ser‡ aplic‡vel. Quest‹o errada.

Quest›es Comentadas

1. (AOCP/ DESENBAHIA Ð 2017) Acerca dos direitos e deveres


consagrados pelo art. 5¼ da Constitui•‹o Federal de 1988, assinale a
alternativa correta.

a) ƒ livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo autorizado o anonimato.

b) ƒ assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alŽm da


indeniza•‹o por dano material, n‹o comportando, no entanto, indeniza•‹o por
dano moral ou ˆ imagem.

c) S‹o inviol‡veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito ˆ indeniza•‹o pelo dano material ou moral
decorrente de sua viola•‹o.

d) ƒ plena a liberdade de associa•‹o para fins l’citos, inclusive a de car‡ter


paramilitar.

e) Aos autores, pertence o direito exclusivo de utiliza•‹o, publica•‹o ou


reprodu•‹o de suas obras, direito este de car‡ter personal’ssimo, sendo
intransmiss’vel, mesmo aos herdeiros.

Coment‡rios:

Letra A: errada. A Carta Magna veda o anonimato (art. 5o, IV, CF).

Letra B: errada. ƒ assegurada, tambŽm, a indeniza•‹o por dano moral ou ˆ


imagem (art. 5o, V, CF).

Letra C: correta. ƒ o que determina o art. 5o, X, da CF/88.

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Letra D: errada. A Constitui•‹o Federal pro’be a associa•‹o de car‡ter


paramilitar (art. 5o, XVII, CF).

Letra E: errada. Aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza•‹o,


publica•‹o ou reprodu•‹o de suas obras, transmiss’vel aos herdeiros pelo
tempo que a lei fixar (art. 5o, XXVII, CF).

O gabarito Ž a letra C.

2. (AOCP / Agepen-CE Ð 2017) Acerca das disposi•›es contidas no


texto da Constitui•‹o Federal, assinale a alternativa correta.

a) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa consistem em um dos


objetivos fundamentais da Repœblica Federativa do Brasil, assim previstos
expressamente na Constitui•‹o Federal.

b) ƒ livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo garantido o direito ao


anonimato.

c) O pluralismo pol’tico Ž um dos princ’pios previstos de maneira expressa na


Constitui•‹o, que regem as rela•›es internacionais da Repœblica Federativa do
Brasil.

d) A inviolabilidade do domic’lio, prevista de forma expressa no texto


constitucional, Ž excepcionada no caso de flagrante delito ou desastre.

Coment‡rios:

Letra A: errada. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa


s‹o fundamentos da Repœblica Federativa do Brasil.

Letra B: errada. ƒ livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo vedado o


anonimato.

Letra C: errada. O pluralismo pol’tico Ž um fundamento da Repœblica


Federativa do Brasil.

Letra D: correta. A inviolabilidade do domic’lio Ž excepcionada nas seguintes


situa•›es: i) flagrante delito; ii) desastre; iii) presta•‹o de socorro e; iv)
mediante ordem judicial.

O gabarito Ž a letra D.

3. (AOCP/ CISAMUSEP Ð 2016) De acordo com o que disp›e a


Constitui•‹o Federal, acerca dos direitos e garantias fundamentais,
assinale a alternativa correta.

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a) ƒ plena a liberdade de associa•‹o para fins l’citos, inclusive a de car‡ter


paramilitar.

b) A cria•‹o de associa•›es e, na forma da lei, a de cooperativas dependem de


autoriza•‹o e a interfer•ncia estatal em seu funcionamento se d‡ por meio da
exig•ncia de licen•a especial.

c) As associa•›es s— poder‹o ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas


atividades suspensas por decis‹o judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o
tr‰nsito em julgado.

d) NinguŽm poder‡ ser compelido a associar-se, todavia, uma vez associado, a


perman•ncia Ž obrigat—ria, salvo disposi•‹o legal em contr‡rio.

e) Ës entidades associativas n‹o pode ser conferida legitimidade para


representar seus filiados judicialmente, sendo que, ainda que haja autoriza•‹o
expressa, a legitimidade alcan•ar‡ apenas a representa•‹o extrajudicial.

Coment‡rios:

Letra A errada. A Carta Magna veda as associa•›es de car‡ter paramilitar (art.


5o, XVII, CF).

Letra B: errada. A cria•‹o de associa•›es e, na forma da lei, a de cooperativas


independem de autoriza•‹o, sendo vedada a interfer•ncia estatal em seu
funcionamento (art. 5o, XVIII, CF).

Letra C: correta. Trata-se da literalidade do inciso XIX do art. 5o da


Constitui•‹o.

Letra D: errada. NinguŽm poder‡ ser compelido a associar-se ou a


permanecer associado (art. 5o, XX, CF).

Letra E: errada. As entidades associativas, quando expressamente autorizadas,


t•m legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente
(art. 5o, XXI, CF).

O gabarito Ž a letra C.

4. (AOCP/ Prefeitura de Juazeiro-BA Ð 2016) A respeito dos


ÒDireitos e deveres individuais e coletivosÓ descritos na Constitui•‹o
Federal, assinale a alternativa correta.

a) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, sendo apenas exigida prŽvia autoriza•‹o da autoridade competente.

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b) ƒ livre a express‹o da atividade intelectual, art’stica, cient’fica e de


comunica•‹o, ressalvada a possibilidade de censura ou licen•a para as
atividades art’sticas.

c) No caso de iminente perigo pœblico, a autoridade competente poder‡ usar


de propriedade particular, assegurada ao propriet‡rio indeniza•‹o prŽvia, em
dinheiro, independentemente da ocorr•ncia de dano.

d) A sucess‹o de bens de estrangeiros situados no Pa’s ser‡ regulada pela lei


brasileira em benef’cio do c™njuge ou dos filhos brasileiros, sempre que n‹o
lhes seja mais favor‡vel a lei pessoal do Òde cujusÓ.

e) A pequena propriedade rural, assim definida em lei, quando trabalhada pela


fam’lia, poder‡ ser objeto de penhora para pagamento de dŽbitos decorrentes
de sua atividade produtiva.

Coment‡rios:

Letra A: errada. Para o exerc’cio do direito de reuni‹o, n‹o se exige


autoriza•‹o, mas sim o prŽvio aviso ˆ autoridade competente (art. 5o, XVI,
CF).

Letra B: errada. A Carta Magna veda a censura ou licen•a (art. 5o, IX, CF).

Letra C: errada. No caso de requisi•‹o administrativa, assegura-se ao


propriet‡rio indeniza•‹o ulterior, se houver dano ˆ propriedade particular (art.
5o, XXV, CF).

Letra D: correta. ƒ o que disp›e o inciso XXXI do art. 5o da Constitui•‹o.

Letra E: errada. ƒ o contr‡rio. O inciso XXVI do art. 5o da CF/88 determina que


a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
fam’lia, n‹o ser‡ objeto de penhora para pagamento de dŽbitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento.

O gabarito Ž a letra D.

5. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) A casa Ž asilo inviol‡vel do indiv’duo,


ninguŽm nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
exceto, apenas, por determina•‹o judicial.

Coment‡rios:

TambŽm Ž poss’vel o ingresso na casa do morador sem o seu


consentimento nas seguintes hip—teses: i) flagrante delito; ii) desastre ou;
iii) para prestar socorro. Assim, o ingresso na casa do morador sem o seu
consentimento n‹o se d‡ apenas mediante ordem judicial. Quest‹o errada.
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6. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) A cria•‹o de associa•›es e, na forma da


lei, a de cooperativas depende de prŽvia autoriza•‹o do poder pœblico.

Coment‡rios:

A cria•‹o de associa•›es e, na forma da lei, a de cooperativas, independe de


autoriza•‹o (art. 5o, XVIII, CF). Quest‹o errada.

7. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) A pequena propriedade rural, assim


definida em lei, desde que trabalhada pela fam’lia, n‹o ser‡ objeto de
penhora para pagamento de dŽbitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento.

Coment‡rios:

Segundo o art. 5¼, XXVI, CF/88, Òa pequena propriedade rural, assim definida
em lei, desde que trabalhada pela fam’lia, n‹o ser‡ objeto de penhora para
pagamento de dŽbitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimentoÓ. Quest‹o correta.

8. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) ƒ plena a liberdade de associa•‹o para


fins l’citos, bem como para fins de car‡ter paramilitar.

Coment‡rios:

ƒ proibida a exist•ncia de associa•›es de car‡ter paramilitar (art. 5o, XVII,


CF). Quest‹o errada.

9. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) No caso de iminente perigo pœblico, a


autoridade competente poder‡ usar de propriedade particular, sem
que o propriet‡rio tenha direito ˆ indeniza•‹o ulterior, caso haja dano.

Coment‡rios:

Na hip—tese de requisi•‹o administrativa, Ž cab’vel indeniza•‹o ulterior, se


houver dano (art. 5o, XXV, CF). Quest‹o errada.

10. (AOCP/ EBSERH Ð 2015) Assinale a alternativa correta.

a) Os direitos e deveres individuais e coletivos, previstos no artigo 5¼ da


Constitui•‹o Federal, n‹o se estendem aos estrangeiros.

b) A autoridade pœblica s— poder‡ usar a propriedade particular, se for


assegurada ao propriet‡rio indeniza•‹o prŽvia, independentemente de dano,
mesmo que haja iminente perigo pœblico.

c) ƒ livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo vedado o anonimato.


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d) ƒ livre a express‹o da atividade intelectual, art’stica, cient’fica e de


comunica•‹o, sendo poss’vel a censura ou licen•a.

e) ƒ plena a liberdade de associa•‹o para fins l’citos, inclusive a de car‡ter


paramilitar.

Coment‡rios:

Letra A: errada. Os direitos previstos no art. 5o estendem-se, sim, aos


estrangeiros (art. 5o, ÒcaputÓ, CF).

Letra B: errada. No caso de iminente perigo pœblico, a autoridade competente


poder‡ usar de propriedade particular, assegurada ao propriet‡rio indeniza•‹o
ulterior, se houver dano (art. 5o, XXV, CF).

Letra C: correta. Trata-se da literalidade do art. 5o, IV, CF.

Letra D: errada. ƒ livre a express‹o da atividade intelectual, art’stica, cient’fica


e de comunica•‹o, independentemente de censura ou licen•a (art. 5o, IX,
CF).

Letra E: errada. A Constitui•‹o veda as associa•›es de car‡ter paramilitar (art.


5o, XVII, CF).

O gabarito Ž a letra C.

11. (AOCP/ EBSERH Ð 2015) Segundo os direitos e garantias


fundamentais previstos na Constitui•‹o Federal, ninguŽm ser‡
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sen‹o em virtude dos
princ’pios.

Coment‡rios:

Reza o art. 5o, II, da CF/88 que ninguŽm ser‡ obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa sen‹o em virtude de lei. Quest‹o errada.

12. (AOCP/ EBSERH Ð 2015) Uma vez que o Brasil Ž um pa’s laico,
n‹o Ž assegurada, nos termos da lei, a presta•‹o de assist•ncia
religiosa nas entidades civis e militares de interna•‹o coletiva.

Coment‡rios:

A Constitui•‹o Federal assegura, no inciso VII do art. 5o, a presta•‹o de


assist•ncia religiosa nas entidades civis e militares de interna•‹o coletiva.
Quest‹o errada.

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13. (AOCP/ EBSERH Ð 2015) S‹o inviol‡veis a intimidade, a vida


privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito ˆ
indeniza•‹o pelo dano material ou moral decorrente.

Coment‡rios:

ƒ o que prev• o inciso X do art. 5o da CF/88. Quest‹o correta.

14. (AOCP/ EBSERH Ð 2014) A respeito do direito de reuni‹o previsto


no inciso XVI do art. 5¼ da Constitui•‹o Federal de 1988, Ž CORRETO
afirmar que:

a) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, independentemente de prŽvio aviso ˆ autoridade competente.

b) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, independentemente de frustra•‹o de outra reuni‹o anteriormente
convocada para o mesmo local.

c) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, mediante a autoriza•‹o da autoridade competente.

d) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, independentemente de autoriza•‹o, desde que n‹o frustrem outra
reuni‹o anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prŽvio aviso ˆ autoridade competente.

e) todos podem reunir-se pacificamente, com armas, em locais abertos ao


pœblico, mediante a autoriza•‹o da autoridade competente.

Coment‡rios:

O inciso XVI do art. 5o da CF/88 prev• que Òtodos podem reunir-se


pacificamente, sem armas, em locais abertos ao pœblico,
independentemente de autoriza•‹o, desde que n‹o frustrem outra
reuni‹o anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prŽvio aviso ˆ autoridade competenteÓ. O gabarito Ž a letra D.

15. (AOCP/ EBSERH Ð 2014) A casa Ž asilo inviol‡vel do indiv’duo,


ninguŽm nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante a noite, por determina•‹o judicial.

Coment‡rios:

A viola•‹o domiciliar por ordem judicial s— pode se dar durante o dia (art. 5o,
XI, CF). Quest‹o errada.

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Lista de Quest›es
1. (AOCP/ DESENBAHIA Ð 2017) Acerca dos direitos e deveres
consagrados pelo art. 5¼ da Constitui•‹o Federal de 1988, assinale a
alternativa correta.

a) ƒ livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo autorizado o anonimato.

b) ƒ assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alŽm da


indeniza•‹o por dano material, n‹o comportando, no entanto, indeniza•‹o por
dano moral ou ˆ imagem.

c) S‹o inviol‡veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito ˆ indeniza•‹o pelo dano material ou moral
decorrente de sua viola•‹o.

d) ƒ plena a liberdade de associa•‹o para fins l’citos, inclusive a de car‡ter


paramilitar.

e) Aos autores, pertence o direito exclusivo de utiliza•‹o, publica•‹o ou


reprodu•‹o de suas obras, direito este de car‡ter personal’ssimo, sendo
intransmiss’vel, mesmo aos herdeiros.

2. (AOCP / Agepen-CE Ð 2017) Acerca das disposi•›es contidas no


texto da Constitui•‹o Federal, assinale a alternativa correta.

a) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa consistem em um dos


objetivos fundamentais da Repœblica Federativa do Brasil, assim previstos
expressamente na Constitui•‹o Federal.

b) ƒ livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo garantido o direito ao


anonimato.

c) O pluralismo pol’tico Ž um dos princ’pios previstos de maneira expressa na


Constitui•‹o, que regem as rela•›es internacionais da Repœblica Federativa do
Brasil.

d) A inviolabilidade do domic’lio, prevista de forma expressa no texto


constitucional, Ž excepcionada no caso de flagrante delito ou desastre.

3. (AOCP/ CISAMUSEP Ð 2016) De acordo com o que disp›e a


Constitui•‹o Federal, acerca dos direitos e garantias fundamentais,
assinale a alternativa correta.

a) ƒ plena a liberdade de associa•‹o para fins l’citos, inclusive a de car‡ter


paramilitar.

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b) A cria•‹o de associa•›es e, na forma da lei, a de cooperativas dependem de


autoriza•‹o e a interfer•ncia estatal em seu funcionamento se d‡ por meio da
exig•ncia de licen•a especial.

c) As associa•›es s— poder‹o ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas


atividades suspensas por decis‹o judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o
tr‰nsito em julgado.

d) NinguŽm poder‡ ser compelido a associar-se, todavia, uma vez associado, a


perman•ncia Ž obrigat—ria, salvo disposi•‹o legal em contr‡rio.

e) Ës entidades associativas n‹o pode ser conferida legitimidade para


representar seus filiados judicialmente, sendo que, ainda que haja autoriza•‹o
expressa, a legitimidade alcan•ar‡ apenas a representa•‹o extrajudicial.

4. (AOCP/ Prefeitura de Juazeiro Ð 2016) A respeito dos ÒDireitos e


deveres individuais e coletivosÓ descritos na Constitui•‹o Federal,
assinale a alternativa correta.

a) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, sendo apenas exigida prŽvia autoriza•‹o da autoridade competente.

b) ƒ livre a express‹o da atividade intelectual, art’stica, cient’fica e de


comunica•‹o, ressalvada a possibilidade de censura ou licen•a para as
atividades art’sticas.

c) No caso de iminente perigo pœblico, a autoridade competente poder‡ usar


de propriedade particular, assegurada ao propriet‡rio indeniza•‹o prŽvia, em
dinheiro, independentemente da ocorr•ncia de dano.

d) A sucess‹o de bens de estrangeiros situados no Pa’s ser‡ regulada pela lei


brasileira em benef’cio do c™njuge ou dos filhos brasileiros, sempre que n‹o
lhes seja mais favor‡vel a lei pessoal do Òde cujusÓ.

e) A pequena propriedade rural, assim definida em lei, quando trabalhada pela


fam’lia, poder‡ ser objeto de penhora para pagamento de dŽbitos decorrentes
de sua atividade produtiva.

5. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) A casa Ž asilo inviol‡vel do indiv’duo,


ninguŽm nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
exceto, apenas, por determina•‹o judicial.

6. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) A cria•‹o de associa•›es e, na forma da


lei, a de cooperativas depende de prŽvia autoriza•‹o do poder pœblico.

7. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) A pequena propriedade rural, assim


definida em lei, desde que trabalhada pela fam’lia, n‹o ser‡ objeto de
penhora para pagamento de dŽbitos decorrentes de sua atividade

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produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu


desenvolvimento.

8. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) ƒ plena a liberdade de associa•‹o para


fins l’citos, bem como para fins de car‡ter paramilitar.

9. (AOCP/ PM-CE Ð 2016) No caso de iminente perigo pœblico, a


autoridade competente poder‡ usar de propriedade particular, sem
que o propriet‡rio tenha direito ˆ indeniza•‹o ulterior, caso haja dano.

10. (AOCP/ EBSERH Ð 2015) Assinale a alternativa correta.

a) Os direitos e deveres individuais e coletivos, previstos no artigo 5¼ da


Constitui•‹o Federal, n‹o se estendem aos estrangeiros.

b) A autoridade pœblica s— poder‡ usar a propriedade particular, se for


assegurada ao propriet‡rio indeniza•‹o prŽvia, independentemente de dano,
mesmo que haja iminente perigo pœblico.

c) ƒ livre a manifesta•‹o do pensamento, sendo vedado o anonimato.

d) ƒ livre a express‹o da atividade intelectual, art’stica, cient’fica e de


comunica•‹o, sendo poss’vel a censura ou licen•a.

e) ƒ plena a liberdade de associa•‹o para fins l’citos, inclusive a de car‡ter


paramilitar.

11. (AOCP/ EBSERH Ð 2015) Segundo os direitos e garantias


fundamentais previstos na Constitui•‹o Federal, ninguŽm ser‡
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sen‹o em virtude dos
princ’pios.

12. (AOCP/ EBSERH Ð 2015) Uma vez que o Brasil Ž um pa’s laico,
n‹o Ž assegurada, nos termos da lei, a presta•‹o de assist•ncia
religiosa nas entidades civis e militares de interna•‹o coletiva.

13. (AOCP/ EBSERH Ð 2015) S‹o inviol‡veis a intimidade, a vida


privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito ˆ
indeniza•‹o pelo dano material ou moral decorrente.

14. (AOCP/ EBSERH Ð 2014) A respeito do direito de reuni‹o previsto


no inciso XVI do art. 5¼ da Constitui•‹o Federal de 1988, Ž CORRETO
afirmar que:

a) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, independentemente de prŽvio aviso ˆ autoridade competente.

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b) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, independentemente de frustra•‹o de outra reuni‹o anteriormente
convocada para o mesmo local.

c) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, mediante a autoriza•‹o da autoridade competente.

d) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao


pœblico, independentemente de autoriza•‹o, desde que n‹o frustrem outra
reuni‹o anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prŽvio aviso ˆ autoridade competente.

e) todos podem reunir-se pacificamente, com armas, em locais abertos ao


pœblico, mediante a autoriza•‹o da autoridade competente.

15. (AOCP/ EBSERH Ð 2014) A casa Ž asilo inviol‡vel do indiv’duo,


ninguŽm nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante a noite, por determina•‹o judicial.

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Gabarito

1. LETRA C
2. LETRA D
3. LETRA C
4. LETRA D
5. ERRADA
6. ERRADA
7. CORRETA
8. ERRADA
9. ERRADA
10. LETRA C
11. ERRADA
12. ERRADA
13. CORRETA
14. LETRA D
15. ERRADA

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