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O Drama Do Coração

Tharteau Filho
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Foto 1 Tharteau Filho

Tharteau FILHO nasceu no palco do Centro Cultural de Socorro como


homenagem ao pai de Rogério Regis Bittencourt dos Santos que
possuía uma singular experiência e estudos práticos sobre as Artes
Cênicas, durante toda a sua vida, falecido em 10 de setembro de
2004, que utilizava Tharteau como nome artístico, sem a
denominação Filho. O Drama Do Coração foi inspirado em sua última
peça teatral apresentada no Brasil em 1990, antes de ir para
Barcelona na Espanha em 1991.
Por incrível que pareça, a peça teatral inspiradora era uma comédia,
conhecida como A Comédia Do Coração, o qual THARTEAU FILHO
com seu peculiar talento para escrever e criar tramas abstratas
simbólicas, produziu ao utilizar uma estrutura literária de construção
dos mitos, um verdadeiro mito a mulher contemporânea de todas as
idades, principalmente adolescentes, e ainda, não só às brasileiras,
mas às mulheres do mundo inteiro! Porém, não se preocupem, o
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

gênero masculino também foi abordado, porque a heroína da trama


é a própria PAIXÃO, único desejo de todos!
O Drama Do Coração é uma peça teatral que ensina a plateia e os
atores a observar toda e qualquer diferença de todos os seres
humanos, a mostrar com um usar de jogo lúdico que somos muito
mais iguais do que se podia imaginar, então, leitor leia e descubra o
grande mistério do viver.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Dados Da Publicação:

Autor: FILHO, Tharteau.


Título: O Drama Do Coração.
Assunto: Mito da mulher.
Tema: Literatura Dramática, Roteiro, Teatro, Artes Cênicas.
Editora: Rogério Regis Bittencourt dos Santos - MEI
CNPJ:26.969.850/0001-96 NIRE: 35-8-2201940-9 Socorro/SP.
Ilustração: Elza Farias.
Editoração Eletrônica: Regis B. dos Santos para Tharteau Art.

MINISTÉRIO DA CULTURA
Fundação Biblioteca Nacional
Escritório De Direitos Autorais

Certidão de registro ou averbação


Registro: Número: 765.910 Livro: 1485 Folha: 479
O Drama Do Coração Teatro.

Todos os direitos reservados em língua portuguesa a editora e o


respectivo autor ou autores, em conformidade com os padrões de
O Drama Do Coração
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acessibilidade em publicações eletrônicas e integral respeito aos


seus respectivos artistas criadores da cultura nacional, quem ama a
arte, ama a pessoa mais importante, ou seja, si mesmo.

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O Drama Do Coração
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Agradecimentos:

Dedico esta obra a minha filha, Beatriz Feitosa Bittencourt dos


Santos, que como toda e qualquer filha, é o meu próprio futuro e que
sempre esteve em meus pensamentos nas entrelinhas de cada
pequena fala ou gesto de cena de tudo o que escrevo;
A memória da eterna amiga, Cristiane Alves Feitosa, atriz, artista
plástica, escultora, poeta e flautista transversal, nas horas vagas (2
de maio de 1977-12 de julho de 2015) que conseguiu com suas
múltiplas artes, fazer um cego gay, como eu, se apaixonar por uma
mulher lésbica, como ela, em um sentimento (pós-contemporâneo)
de afeto e cumplicidade;
A memória do meu pai, Diretor e Ator Heitor Regis dos Santos (5 de
maio de 1952 – 10 de setembro de 2004), Tharteau, além de pai, um
amigo e um homem das artes que também foi fotógrafo, autor teatral,
profundo conhecedor de teatro e cultura em geral que ensinou-me as
bases, desde muito tenra idade, tudo o que emocionalmente
fundamenta o que conheço hoje em estética da arte e sobre Artes
Cênicas, ou seja, o prazer do trabalhar com o teatro e cultura.
Ensinando-me a cada nova apresentação de suas peças ou de outros
colegas, muitos conceitos que não compreendia muito direito naquela
época, mas sentia que era muito importante em nossas vidas e que
hoje posso compreender o sentido daquilo tudo.
A primeira pessoa que conversei sobre o que depois de inúmeras
mudanças ficou definido como O Drama Do Coração, um amigo
querido, que amei, sem nunca amar, que depois odiei, sem nunca
odiar, também gay, por me ouvir em uma época muito difícil e me
apoiar, quando mais precisava, João Vitor Franco Lima do Núcleo
O Drama Do Coração
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LGBT Socorrense, por contar sua história e me indicar a quem


procurar para montar minha peça de teatro.
À poetisa Natty Granato que escreveu a mais linda poesia para a
mulher contemporânea que inseri como fala dramática para uma
personagem de O Drama Do Coração e a maravilhosa cantora
Mayara Nardes, uma amiga inteligente e dedicada a arte e líder da
Frente Feminista Socorrense.
Não poderia deixar de mencionar uma amiga querida que entre os
verdadeiros tapas e beijos da amizade sincera, despertou-me e
ensinou-me a expressar em cena, Giuliana Macedo, Atriz e Diretora,
e os muito queridos, dois jovens colegas dos palcos, João Paulo
Alvares que leu para mim em meu quarto de hotel, a Preparação do
ator, quando estava sem qualquer equipamento para eu poder ler e
a Camila Ferres, o qual sua apresentação da performance "Memória"
apresentada na biblioteca Municipal de Socorro/SP me fez realmente
chorar pela emoção do conteúdo da cena, e buscar o caminho da
inovação com menor timidez.
À esplendorosa Música Susy Bastos, amiga que amo muito sua voz,
pelas músicas que agora faz parte do Drama Do Coração, o incentivo
e apoio em momentos de difícil resolução.
Ao Músico, Ator e Diretor Fabrício Zavanela, pelo apoio, abertura,
inspiração e recepção a acessibilidade para os bens culturais que
forneceram suporte de motivação para minhas pesquisas científicas
mais profundas em acessibilidade de deficientes visuais e
principalmente de surdos, e pelas músicas que agora faz parte desta
peça, sem esquecer seu irmão Fábio Zavanela, mais quieto e que eu
acabo puxando menos o saco, por ele não ser do teatro, com imenso
talento musical.
À Beatriz Minozzi Fischer, amiga que apelidei de comissária de bordo
da cultura socorrense, como presidente do COMUC de Socorro/SP.
Aos funcionários da Secretaria de Cultura e da Biblioteca da

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Prefeitura Municipal de Socorro/SP por todo o apoio e incentivo aos


meus projetos envolvendo as minhas performances em artes
cênicas, em especial, ao amigo, também deficiente, Derik Destito
Vertino.
Às meninas e o único menino da Subsecção da OAB de Socorro/SP,
João Vitor Rodrigues, Rita de Cássia Lemos Toledo, Aline Mazolini,
Patrícia Mantovani, Glaucia Negrão de Lima e ao colega também
advogado e que é presidente da Subsecção da OAB de Socorro/SP
Dr. Carlos Verzani.
Sem esquecer também dos preparativos finais para a Biblioteca
Nacional, por meio da Tamara Elizabeth, e do talentosíssimo músico
de teatro, em âmbito nacional e internacional, Marcello Amalfi da ECA
(USP) com as dificuldades da diagramação para o respectivo
depósito legal no departamento do Estado de São Paulo na
Fundação Nacional da Arte (FUNART).
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Tae (Paz Ou Palco):

O Receptivo, cujo movimento tende a descer, está acima; o Criativo,


cujo movimento eleva-se, está abaixo. Assim, suas influências
encontram-se, estão em harmonia, e todos os seres florescem e
prosperam.
O Tae (Palco) está relacionado ao primeiro mês (setembro-outubro),
no qual as forças da natureza preparam uma nova primavera.
A pequena parte, o grande se aproxima do palco. Uma boa fortuna
sobre aquele. Em evidente sucesso.
O Tae (Palco) indica uma época em que o céu parece estar na
terra. Porque o céu colocou-se sob a terra, e assim os dois
princípios unem seus poderes em profunda harmonia. Essa união
traz a paz e o bem da ação a todos os seres.
No âmbito humano, por exemplo, isto representa uma época de
harmonia social. Os mais poderosos voltam-se para os mais
humildes, enquanto esses se mostram amistosos em relação
àqueles, terminando assim toda uma anterior hostilidade.
O princípio luminoso está no interior, no centro, em uma posição
decisiva. Por sua vez, o princípio da escuridão encontra-se do lado
de fora.
Assim, o princípio luminoso exerce uma poderosa influência, e o
princípio obscuro submete-se. Deste modo ambos recebem o que
lhes corresponde.
Quando, numa sociedade, os bons elementos detêm o comando em
suas mãos, exercem uma influência sobre os maus elementos que,
então, mudam para melhor, ou seja, encontrando o seu lugar

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

apropriado, sem a maldade da prática habitual de intolerância de


gênero e de orientação sexual ou até mesmo de identidade.
As linhas chegam ao Tae (Palco) embaixo, abandonando-o em
cima. Aqui são, portanto, os elementos pequenos, fracos e maus
que estão partindo, enquanto os elementos grandes, fortes e bons
ascendem. Isso traz uma imensa boa fortuna e sucesso.
Céu e terra unem-se: a imagem da PAZ no palco.
Assim o governante divide e completa o curso do céu e da terra,
favorece e regula os seus dons do céu e da terra e desta forma
ajuda ao povo.
O céu e a terra estão em contato e combinam suas influências,
propiciando uma época de florescimento e prosperidade geral. O
governante dos seres humanos deve regular essa corrente de
energia. Isso se faz através da divisão.
Assim, os seres humanos dividem o fluxo uniforme do tempo em
estações, de acordo com a sequência dos fenômenos naturais, e
dividem também em pontos cardeais o espaço que envolve todas as
coisas. Desse modo, a natureza, em sua pujante profusão de
fenômenos, é delimitada e controlada. Por outro lado, é necessário
estimular a natureza em sua produtividade. Isso se consegue
ajustando os produtos ao momento e lugar adequados, o que
aumenta o rendimento natural.
Portanto, a natureza recompensa o ser humano que a controlou e
estimulou conforme sua verdadeira natureza.

(Livro Das Mutações Hexagrama 11 TAE Adaptado ao ocidente e


hemisfério Sul)
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Introdução:

A presente peça de teatro O Drama Do Coração, nasceu das


lembranças de uma experiência pessoal do ator e autor Tharteau
Filho em inteiro transcorrer, desde a adaptação até a estreia do
roteiro original da peça "A Comédia Do Coração" de Francisco de
Paula Gonçalves (2 de abril de 1897 – 1927), realizada por seu pai,
Tharteau, para o Teatro de Alphaville no Estado de São Paulo em
1990. Na época, em decorrência de sérios e graves problemas
familiares com o seu padrasto e com sua mãe que abandonou-o,
aos treze anos de idade, na rua depois de quase ser morto de tanto
apanhar do padrasto. Quando foi recolhido por uma viatura da
Polícia Militar (PM) em baixo de um viaduto na cidade de Santo
André/SP, apenas com uma mochila com roupas durante as férias
da escola, que depois de ouvir a sua história buscou sua mãe a
força para acondicioná-lo em um local seguro. Então, Tharteau
Filho, após ficar as férias, em uma velha pensão para rapazes no
centro da cidade, havia ido morar com seu pai na cidade de São
Paulo, momento este em que ambos ficaram mais próximos e um
pôde conhecer o outro de maneira mais íntima, além das
costumeiras visitas durante os finais de semana que foram seu
único conhecimento de afeto na infância e adolescência.
Desde muito novo, a partir destas visitas, convivia com o ambiente
do teatro e acompanhou passo a passo tudo o que seu pai ensinava
e praticava dirigindo diferentes atores e atrizes, sobre aquela
singular arte de representar e sempre relacionadas com as outras
muitas artes, sem nunca deixar de apoiar qualquer um de seus
SONHOs, por mais absurdo que pudesse ser. Neste contexto de
profundo e melancólico sentimento, acompanhou a preparação e a
montagem passo a passo de uma comédia que mesmo passados
27 anos, nunca se apagou de sua memória.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Após a morte de sua eterna amiga que por circunstâncias da vida,


apesar de ambos serem homossexuais, também foi sua única
mulher, Cristiane Alves Feitosa (2 de maio de 1977 - 12 de julho de
2015), uma profunda conhecedora de múltiplas artes, tais como:
teatro, artes plásticas, escultura, poesia e música que sempre
valorizou a presença e o convívio direto e sem restrições entre pai e
sua filha, Beatriz Feitosa Bittencourt dos Santos, por novos
problemas familiares a repetir antigas atitudes, desta vez, com a
sua sogra e mãe que nunca possuíram um valor tangível e
sentimental que somente os artistas possuem para os valores da
vida com o que é realmente belo.
Decidiu reescrever essas lembranças para sua filha, em forma de
um drama, de uma maneira inédita a utilizar o teatro contemporâneo
para difundir sentimentos universais, a todo e qualquer ser humano,
a dizer o que se sente e o que se pensa sobre o mundo e todas as
pessoas que nele habitam, sem qualquer exceção.
O roteiro de O Drama Do Coração foi escrito em um tempo muito
curto, apesar disso apresenta ao leitor atento e estudioso, traços
segundo a estrutura dos mitos clássicos e do herói apresentado
originalmente pelo filósofo Joseph John Campbell (26 de março de
1904 – 30 de outubro de 1987), em seu livro Jornada Do Herói que
divide em doze fases complementares e distintas que todo mito ou
história de qualquer grande herói deverá ter obrigatoriamente para
ser considerada um mito, porque este é um verdadeiro mito da
mulher.
Se os leitores, independentemente de suas idades ou experiências,
bem como, os diretores e principalmente os atores reconhecerem
determinadas familiaridades com momentos de profunda sensação
com fenômenos de outros mitos e histórias, não se preocupem,
pois, elas com certeza, segue ou é uma estrutura com abstração
que Tharteau Filho pretendeu dar a este roteiro, originalmente
escrito para o teatro, como um texto literário dramático de cultura
universal.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Embora, exista muitos conhecimentos e diferentes técnicas do


teatro observadas ao redigir destas linhas, as notas técnicas de
Artes Cênicas foram propositadamente suprimidas e contidas ao
máximo, por se tratar de um roteiro destinado a leitura de
adolescentes, jovens, adultos de qualquer fase que ainda possuem
sentimentos.

(O Editor)

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Personagens Da Peça:

ALEGRIA (Transmulher)

Ator: para esta personagem deve se construir um desprendimento


de seu gênero de identidade (homem-mulher) e até mesmo de seu
sexo biológico.
A base corpórea do ator deve a todo o tempo contradizer seu corpo
masculino e se sentir feminina, inclusive de pertencimento ao sexo
oposto.
A ação psicofísica na composição do ator precisa estar presente, a
fim de garantir maior segurança ao ator criador, sem que interfira na
máscara.
A ALEGRIA nunca deve ser estática, sempre em movimento, a
lembrar um permanente dançar. Seu simples tocar provoca sorrisos
e seu beijo chega a beirar a felicidade se próximo estiver o SONHO
e a PAIXÃO. O ator que interpretar a ALEGRIA deve compreender a
transexualidade da mulher, com intimidade e profundidade e
também deve variar da homossexualidade masculina para esse
ponto.
Figurino: aparência muito colorida, semelhante ao arco-íris, apesar
de ser uma personagem adulta, suas vestes remetem a uma
delicadeza quase infantil.
Iluminação: preponderantemente tons amarelos em alegoria ao
brilho do sol.
O Drama Do Coração
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Trilha sonora: músicas instrumentais de canções alegres, como a


eletrônica, abertas a uma interpretação diferente, por decisão da
equipe que irá montar e encenar.
Objetos: não possui objetos típicos.

CIÚMES (Um Negociador)

Ator: para esta personagem deve se construir um espírito


negociador (homem de negócios) e manter-se em uma linha de
constante utilização da lábia, a sua maior base.
A ação psicofísica na composição do ator precisa estar presente,
muita preocupação com o dinheiro, a fim de garantir maior
segurança ao irmão mais novo o MEDO, porque a personagem
MEDO é uma pessoa autista.
O CIÚMES nunca está desinteressado, sempre esconde um plano
na manga, a lembrar um infinito jogar.
Seu simples tocar provoca desconfiança, enquanto seu abraço
chega a beirar a agressão física se próximo estiver a PAIXÃO e a
RAZÃO.
Nota para o ator que interpretar o CIÚMES deve compreender a
necessidade da pessoa com Transtornos de Desenvolvimento
Global (TID), comumente conhecido por autismo, com intimidade, o
afeto com o irmão é evidente. Sua ação tem sempre o MEDO como
a RAZÃO de seu agir, em busca de proteção ao irmão com
dificuldades de comunicação, por ser autista.
Se comunica bem com a PAIXÃO, RAZÃO e o SONHO.

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Figurino: utiliza camisa social com gravata, apesar de ser uma


personagem negociadora aparenta ser um vendedor, suas vestes
remetem a uma sobriedade quase autoritária.
Iluminação: preponderantemente tons verdes em alegoria ao estar
verde de CIÚMESS.
Trilha sonora: músicas instrumentais em estilo canções de
suspense, canções a induzir a presença de perigo, abertas a uma
interpretação diferente, a partir da escolha da equipe que montar e
encenar.
Objetos: possui uma pasta executiva, repleta de contratos de
negócios típicos.

CORAGEM (Transhomem)

Ator: para esta personagem deve se construir um sentido de


comunicação de concretização do profundo SONHO de juventude
masculina em se tornar um príncipe da PAIXÃO por ser um
transhomem entre dois extremos, o de nascer para os outros como
ser feminino que a partir do transformar do MEDO , agarra e
empunha a sua verdadeira espada, símbolo da masculinidade de
forma exterior ao que sempre foi no âmbito mental de identidade de
gênero, desde tenra idade, ou seja, a partir dos dois anos de idade.
A ação psicofísica na composição do ator precisa manter-se no
paradigma de habitual galã, desejo de toda e qualquer mulher,
porque sempre mantém entre o SONHO do amor sem MEDO da
PAIXÃO e o encontrar da felicidade como regra. A fim de garantir
maior segurança ao ator criador, sem que interfira na máscara.
A CORAGEM se comunica bem apenas com a PAIXÃO, embora
compreenda com perfeição todos os sentimentos. Seu simples tocar
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Tharteau Filho

provoca o ressuscitar e entusiasmo da PAIXÃO, mesmo quando


está morta e completamente fria.
Figurino: um príncipe dos contos de fadas infantis, aparentando um
bailarino.
Iluminação: tons preponderantemente cor-de-rosa com alegoria da
mistura do MEDO e da PAIXÃO.
Trilha sonora: clássica erudita abertas a uma interpretação
diferente, conforme decisão da equipe que montar e encenar.
Objetos: possui objeto típico, uma espada imponente.

DOR (Surda)
Atriz: para esta personagem deve se construir um desprendimento
total de comunicação verbal por ser surda, não estereotipada, sem
oralidade. Porém, como a maioria dos surdos, não é muda.
A base corpórea da atriz deve a todo o tempo demonstrar uma
profunda expressão corporal a intuir signos e uma linguagem em
seus movimentos próprias da movimentação corporal dos surdos, a
esconder uma expressão significativa com conteúdo artístico.
A ação psicofísica na composição da atriz precisa em determinadas
situações, balbuciar sons parecidos com os animais e gritar, quando
em desespero.
A fim de garantir maior segurança à atriz criadora, sem que interfira
na máscara.
A DOR somente se comunica com a SAUDADE. Seu simples tocar
provoca forte rigidez muscular, exceto se a ALEGRIA OU PAIXÃO
estiverem próximas, pois elas atenuam a DOR.

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A atriz que interpretar a DOR deve compreender a linguagem de


LIBRAS de seu texto com intimidade e profundidade.
Figurino: aparência muito de trapos e farrapos, como uma mendiga,
mas sem mostrar sujeira.
Iluminação: preponderantemente tons âmbar em alegoria ao líquido
oriundo de árvores a imobilizar e aprisionar insetos.
Trilha sonora: músicas instrumentais em estilo depressivo ou
canções tristes, não motivadoras, abertas a uma interpretação
diferente, conforme decisão da equipe que montar e encenar.
Objetos: não possui objetos típicos, mas pode usar adereços.

MEDO (Autista)

Ator: para esta personagem deve se construir um desprendimento


de comunicação mais profundo por ser autista, não estereotipada.
A base corpórea do ator deve a todo o tempo demonstrar uma
profunda inércia corporal a intuir signos e uma não linguagem em
seus movimentos, salvo quando motivados a fazer, pelo irmão
CIÚMES, a PAIXÃO e a ALEGRIA.
A ação psicofísica na composição do ator precisa contradizer de
maneira artística o isolamento da ideia comum, porque a pessoa
autista, apenas não se comunica, mas está presente. Quando
houver ação verbal deve conter ecolalia.
A fim de garantir maior segurança ao ator criador, sem que interfira
na máscara.
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O MEDO somente se comunica de forma verdadeira, com a


PAIXÃO e a SAUDADE. Seu simples tocar provoca sutis tremores
musculares, exceto se a ALEGRIA OU PAIXÃO estiverem próximas,
pois atenua o MEDO.
Nota para o ator que interpretar o MEDO deve compreender a
linguagem de cada grau de incomunicabilidade de sua personagem
com intimidade e profundidade.
O comportamento de seus gestos deve ser repetitivo. Uma
personagem de poucas falas. Quando falar deve manter a
característica de possuir ecolalia, uma forma de repetição de
palavras que fixam o pensamento em determinados pontos da
frase, por exemplo: oi eu sou o MEDO quero comer um pedaço de
bolo.
Oi eu, eu, eu, (...) sou o MEDO, MEDO, MEDO (...) quero comer,
comer, comer (...) um pedaço de bolo.
Existem na ecolalia uma variação de timbre, porque a fala não é
comum, mas aparenta ser quase cantada.
Os gestos do autista são em sua maioria, sempre circulares, porque
a circularidade é a forma humana e animal mais comum de integrar
uma rotina e o controle dessa rotina causa a tranquilidade para todo
autista.
Dificuldade do ator será não caracterizar o MEDO com o autismo,
pois a deficiência nunca pode ser a pessoa que a contém, aquela
deve ser apenas uma característica, nunca o seu todo, como toda e
qualquer outra característica humana. Porque no final da trama ele
passará essa característica a personagem DOR e se transformará
na CORAGEM sob a influência da PAIXÃO.
Figurino: tons brancos, como um iceberg, imerso em profundo
desconhecido, mas sem mostrar ausência de sentimento, Ator com
Cabelos na cor laranja e despenteados de propósito com fixador. Se

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forem compridos melhor. A desarrumação no cabelo deve ser


alterada na fase de transformação do MEDO para a personagem
CORAGEM. A CORAGEM possui o mesmo cabelo, porém, alinhado
e penteado de forma a aparentar, um príncipe.
Iluminação: tons preponderantemente azuis e branco em alegoria a
cor utilizada para o dia mundial do autismo em 2 de abril.
Trilha sonora: músicas eletrônicas em estilo repetitivo sem letras,
abertas a uma interpretação diferente, conforme decisão da equipe
que montar e encenar.
Objetos: possui objeto típico, uma caneca plástica com o símbolo do
autismo que joga no chão com frequência.

ÓDIO (CEGO)

Ator: para esta personagem deve se construir um desprendimento


de comunicação visual profundo por ser pessoa com deficiência
sensitiva (Cego não estereotipado) a base corpórea do ator deve a
todo o tempo demonstrar uma profunda expressão corporal a intuir
signos e uma linguagem em seus movimentos de não ver.
A ação psicofísica na composição do ator precisa contradizer o
paradigma de grande obstáculo comum na ideia de estar cego,
porque a pessoa cega apenas não vê, mas está com todos os
demais sentidos em total funcionamento, sem qualquer limitação,
exceto negligência ou preguiça do próprio cego.
A fim de garantir maior segurança ao ator criador, sem que interfira
na máscara. Seu simples tocar provoca a perda da RAZÃO, insere
a raiva, exceto se a ALEGRIA OU PAIXÃO estiverem próximas, pois
atenua a natureza do ÓDIO.
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O ator que interpretar o ÓDIO deve compreender a maneira de sua


personagem fazer as coisas com intimidade e profundidade, sem
enxergar.
Figurino: tons pretos, utiliza um sobretudo negro, não utiliza óculos
escuros, a fim de quebrar o paradigma de pessoa com deficiência
visual cega.
Iluminação: tons preponderantemente vermelhos em alegoria a cor
de sangue.
Trilha sonora: músicas góticas e sombrias, abertas a uma
interpretação diferente.
Objetos: possui objeto típico, uma bengala social prateada, somente
para caracterizar a personagem.

PAIXÃO (Mulher Autônoma e Independente)

Atriz: para esta personagem deve se construir um desprendimento


de inibição comportamental ou de qualquer regramento falso
moralizador por ser uma mulher autônoma e independente, a base
corpórea da atriz deve a todo o tempo demonstrar uma profunda
expressão corporal a intuir arquétipos de signos femininos e uma
linguagem em seus movimentos a gradativamente aumentar a
sensualidade.
A ação psicofísica na composição da atriz precisa encontrar o
gênero da mulher, conter uma ação verbal com presença de poder
de sedução, sem perder um âmbito meigo, a fim de garantir maior
segurança à atriz criadora, sem que interfira na máscara. Seu
simples tocar provoca uma dominadora sensualidade sobre o corpo
do sentimento tocado, se perturba se a RAZÃO desejar

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compreender sua intimidade, muito amiga da ALEGRIA e da DOR,


pois são muito próximas.
A atriz que interpretar a PAIXÃO deve ser um impulso humano,
deve condizer com sua natural realidade de satisfazê-lo. Assim se a
PAIXÃO sente vontade de fazer, faz e pronto. Por essa RAZÃO, ela
é decidida e bastante entusiasmada com os relacionamentos com
os outros sentimentos e demasiada aventureira.
Nota para a atriz deve possuir uma sexualidade própria da PAIXÃO,
não se importando com conceitos, sejam quais forem. A PAIXÃO
satisfaz seus desejos, sempre de forma plena, com homens, com
mulheres e incentiva de maneira direta as paixões entre os homens,
como se fosse a sua própria satisfação, porque ela não é uma mera
PAIXÃO individualizada, desse ou daquele determinado grupo, mas
sim, a PAIXÃO de toda a humanidade.
Figurino: aparência muito feminina, uma mulher em um traje social
moderno, usa saltos altos que vão aumentando conforme o decorrer
da apresentação, vestido longo em tons vermelhos e um racho na
perna que sobe até mostrar os quadris, usa uma calcinha bastante
sensual.
Iluminação: preponderantemente tons avermelhados em alegoria a
menarca da menina, nascimento de Afrodite e sangue da
menstruação em simbologia da fertilidade da grande deusa grega
GEA, única mulher entre os quatro maiores deuses gregos.
Trilha sonora: músicas instrumentais em estilo expansivo ou
canções que demonstrem um evoluir de ciclos, motivadoras,
abertas a uma interpretação diferente, conforme decisão da equipe
que montar e encenar.
Objetos: não possui objetos típicos.
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RAZÃO (Lésbica)

Atriz: para esta personagem deve se construir um desprendimento


de inibição comportamental ou regramento falso moralizador por ser
lésbica (Mulher dominadora do movimentar e da ação sexual do
reproduzir humano). A base corpórea da atriz deve a todo o tempo
demonstrar uma profunda expressão corporal a intuir signos
femininos e uma linguagem em seus movimentos de postura
dominante.
A ação psicofísica na composição da atriz precisa demonstrar uma
figura feminina sem contradizer a presença da dominação de seus
atos, importante também conter ação verbal com presença de poder
de convencimento, sem perder um certo traço meigo.
A fim de garantir maior segurança à atriz criadora, sem que interfira
na máscara.
Nota para a atriz deve ter cabelos compridos. Ora arrumados em
coques, ora com tranças e outras vezes com rabo de cavalo.
A figura feminina deve ser plena, marcante de maneira a
desconstruir a imagem da mulher lésbica, parecida com homens, A
única semelhança com os homens heterossexuais, segundo uma
concepção bastante arcaica e não mais adotada pela juventude nos
dias atuais.
A atriz que interpreta a RAZÃO, somente deve salientar que sua
aparência é totalmente feminina, como realmente são a grande
maioria das lésbicas.
A RAZÃO também se engana e possui dúvidas, mas exige de si
mesma uma profunda comunicação, como base da metodologia da
ciência, por isso a justificativa da dificuldade e repulsa em aceitar a
limitação de comunicação do MEDO.

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A RAZÃO é senhora absoluta de si mesma, por ser a única


conhecedora das regras científicas mais complexas, do mundo
biológico, físico e mental, inclusive o religioso, pois se encontra
incluso na teologia que pertence ao pleno domínio da RAZÃO,
embora não seja ciência, pois é impossível demonstrar sua verdade
por repetição.
Figurino: aparência muito feminina, uma mulher em um traje de
amazona, uma mulher habituada a montaria, calças jeans, botas
longas, um lenço no pescoço, um cinto e até mesmo um chapéu.
Iluminação: preponderantemente tons brancos em alegoria ao fiat
lux, faça se a luz, simbologia do conhecimento mental humano.
Trilha sonora: músicas instrumentais em estilo de engrenagens ou
canções que demonstrem um evoluir de encaixes e desencaixes,
abertas a uma interpretação diferente, conforme a decisão da
equipe que montar e encenar.
Objetos: não possui objetos típicos.

SAUDADE (Mulher Imagem de Cristo)

Atriz: para esta personagem deve se construir um FORTE


DESPRENDIMENTO RELIGIOSO da figura e imagem de Cristo,
porque ela possui a intenção de quebrar e romper com a concepção
cristã de forma direta e simbólica, alterando na imagem do
espectador um paradigma construído pelos séculos de história da
cultura, apenas da sociedade ocidental de uma imagem de um
Cristo que nunca existiu daquele determinado jeito. Pois a
personagem deve ser (Mulher e Cristo), ao mesmo tempo. A base
corpórea da atriz deve a todo o momento demonstrar uma profunda
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expressão corporal a intuir ao espectador signos femininos e uma


linguagem em seu movimentar.
A ação psicofísica na composição da atriz precisa, conter uma
presença de mestra, a ação verbal com presença expressionista e
simbólica da Santa Trindade, aqui representadas na figura da MÃE,
FILHA E DA ESPÍRITA SANTA, sem perder as características
costumeiras da onisciência, onipresença e onipotência. A fim de
garantir maior segurança à atriz criadora, sem que interfira na
máscara.
A SAUDADE se comunica com todos os sentimentos de forma
absoluta, apesar de saber que sua vontade é uma verdadeira ordem
à matéria do universo inteiro, capaz até mesmo de dar a vida e a
morte a qualquer ser vivo. Todavia, explica e conduz seu dialogar
de forma amena e pacífica. Seu simples apontar provoca uma
emotiva sensação de felicidade ou tristeza sobre o corpo do
sentimento apontado. Não se perturba por influência de nenhum
outro sentimento, por estar mais próxima do amor e ser
controladora da felicidade e tristeza.
É a única que consegue acalmar o ÓDIO e consegue até fazer ele
enxergar o que ninguém mais consegue ver, o próprio invisível.
É intérprete de LIBRAS da DOR.
A atriz que interpretar a SAUDADE deve ser um ser de iluminação e
conhecimento profundo, mais perto da concepção oriental de
iluminação intuindo simplicidade extrema, deve condizer com sua
natural realidade de habilidade entre os dois extremos de bem
humano, entre o desejado e o repelido.
Nota para a atriz SAUDADE é a personagem que menos aparece,
porém, deve ser a mais marcante de todas. Porque a SAUDADE
representa a mentora dos sentimentos, ensina-os de maneira
singela e sutil, de uma maneira igualitária. As falas com a DOR
devem ser em LIBRAS, atriz deverá aprender estas falas.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Figurino: uma mulher vestindo uma toga branca, a valorizar os


peitos, com adereços femininos, nada exagerados, habituada a
ensinar, saltos altos, muito brilho, um lenço no pescoço, lembrando
uma coroa de espinhos de rosas .
Iluminação: brancos em canhão de luz PAR 64 em alegoria ao
iluminar vindo do céu, simbologia do conhecimento.
Trilha sonora: músicas instrumentais em estilo de sabedoria ou
canções que demonstrem uma harmonia, abertas a uma
interpretação diferente, conforme decisão da equipe que montar e
encenar.
Objetos: não possui objetos típicos.

SONHO (Bissexual)

Ator: para esta personagem deve se construir um sentido de


comunicação de concretização do profundo imaginar por ser
bissexual entre dois extremos, a base corpórea do ator deve a todo
instante demonstrar uma profunda expressão corporal a intuir
signos de uma linguagem em seus movimentos de magia e
encantamento.
A ação psicofísica na composição do ator precisa manter-se no
paradigma de habitual subida e descida, porque sempre oscila entre
o SONHO e o pesadelo como regra. A fim de garantir maior
segurança ao ator criador, sem que interfira na máscara.
O SONHO se comunica bem com a ALEGRIA e a DOR. Seu
simples tocar provoca o entusiasmo e vontade de fazer, por esse
motivo é irmão gêmeo da RAZÃO, insere a vontade de descobrir,
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

exceto se estiver em forma de significação de pesadelo,


aproximando-se do caos, quando toca a natureza do ÓDIO.
Figurino: tons roxos, utiliza roupas encantadas, mágicas, como um
mágico, um feiticeiro estilizado.
Iluminação: tons preponderantemente roxos em alegoria a mistura
do cor-de-rosa com azul.
Trilha sonora: músicas eletrônicas entre altos e baixos, abertas a
uma interpretação diferente, conforme a decisão da equipe que
montar ou encenar.
Objetos: possui objeto típico, um chapéu estilo bobo da corte,
somente para caracterizar a personagem.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Ilustração 1Coração Elza Farias


O Drama Do Coração
Tharteau Filho

DESCRIÇÃO CENÁRIO: o cenário é composto por caixas de papelão,


revestidas de maneira a reluzir o efeito de luz que incide sobre elas, fundo
branco, as caixas de vários tamanhos deverão estar unidas por um fio de
nylon de pesca transparente em seu centro, a dar firmeza e leveza a sua
movimentação. As paredes devem formar uma espécie de colmeia de fácil
movimentação e manuseio. Mantém duas entradas no centro. A
representar as duas veias centrais do coração humano que unem o
coração ao cérebro. A da esquerda pertence ao SONHO, enquanto da
direita se encontra a da RAZÃO.
A penumbra no início da cena é total.
Primeiro apitar da campainha (Deve soar o estampido de um tambor).
Segundo apitar da campainha (Deve soar novo estampido de tambor).
Terceiro apitar deve ser suprimido e ao invés do tambor, neste momento
inicia a música de abertura.

Dados Da Música:
Artista: Susy Bastos
Título: A Corda
Álbum: Retratos
Ano: 2010

A luz branca se acende, pouco a pouco.


Mostrando todos os sentimentos que moram dentro do coração.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Eles ainda dormem.


A PAIXÃO se levanta, acordando do descanso diário.
Muito vagarosa ela mantém uma certa preguiça. Quase adolescente para
sair da cama.
Os objetos devem ser todos imaginários e a prática de mímica deve ser
plena e dominada pela atriz de forma convincente.
A PAIXÃO olha muito curiosa para o ÓDIO (Som de bater do coração
realizado pela sonoplastia) que começa a despertar do sono também.
O ÓDIO se levanta, sem qualquer perturbação. Direto e objetivo.
Conduz o seu movimentar de maneira a apanhar a sua bengala de cego e
a monta quando já está de pé.
O som da bengala deve ser totalmente encoberto por efeitos sonoros de
sintetizadores ou mixagem de músicas e mostrar uma inutilidade daquele
objeto em suas mãos, porque está em casa.
O ÓDIO continua mudo, indiferente e na mais perfeita paz de espírito, pois
essa é sua única natureza, ser o que se é, apenas ÓDIO.
A ALEGRIA acorda, levanta os braços, não veste roupa alguma, apenas
um tapa sexo, da cor da pele.
Está inteira nua e depilada, acorda graciosa e muito alegre, como sua
natureza indica.
Rebola de uma maneira exagerada no seu caminhar e a primeira coisa
que faz ao acordar. É se aproximar da PAIXÃO e cochichar algum segredo
nos seus ouvidos, segredos íntimos entre duas moças.
O segredo contado pela ALEGRIA faz a PAIXÃO sorrir e sua ação
imediata é pegar o seu travesseiro de panos amarelos e com ricos
detalhes coloridos que na verdade eram as roupas da ALEGRIA e a ajuda
a se vestir.
A PAIXÃO, após ajudar a ALEGRIA se vestir. Aperta sua bunda, com uma
certa malícia.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A ALEGRIA se sente um pouco atordoada e levemente constrangida, com


o gesto, então, seu rebolar parece ganhar uma pequena sensualidade que
ao se aproximar do ÓDIO.
Acaba, sorrateiramente, fazendo ela se aproveitar do ÓDIO, uma vez que
ele não vê nada mesmo.
A ALEGRIA o beija na boca e sem perceber qualquer sentido para receber
aquele beijo, o ÓDIO muito envaidecido, se comporta “se achando!” que é
o cara. Apenas sorri, demonstrando seu pensamento.
Nisto a música inicia tema do ÓDIO e PAIXÃO, então, a música direciona
o ÓDIO para o local em que a PAIXÃO está. Como se fosse um
encantamento das respectivas notas musicais, como verdadeira mágica.

Dados Da Música:
Artista: Susy Bastos
Título: Caixa 2
Álbum: Retratos
Ano: 2010

Ao se aproximar a PAIXÃO sensualmente envolve o ÓDIO com os braços


e o beija empolgada.
Dessa vez o ÓDIO totalmente convencido de ser o maior dos caras. Se
entrega por completo para a PAIXÃO e ela em seguida conduz todos os
movimentos do ÓDIO por todas as cenas que estão juntos. Sempre de
braços dados ou indicando por gestos.
A ALEGRIA, depois, caminha para acordar o CIÚMES, dando um beijo de
selinho nele.
Ele acorda bastante envaidecido e consegue até sorrir.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Em seguida, com a intenção de acordar o MEDO, beija-o com outro


selinho.
O MEDO ao abrir os olhos, abraça a ALEGRIA como se pedisse colo e
carinho para diminuir seu intenso frio.
A ALEGRIA se dispõe a aquecê-lo, encorajando-o a se levantar e o MEDO
com confiança nela, finalmente desperta.
A DOR sempre é a última a ser acordada. Muito encolhida recebe o beijo
da ALEGRIA.
A DOR desperta, se senta, recebe um pentear nos cabelos compridos com
as próprias mãos da ALEGRIA.
Nisto os músculos da DOR desenrijecem e dão alguns movimentos mais
soltos, porque a aparência corporal da dor deve ser de receber um golpe
ou uma agressão física de outra pessoa. Ou por doença provocada por si
mesma.
Inicia a música temática dos sentimentos do coração.

Dados Da Música:
Artista: Fabrício Zavanela
Título: Caixas De Papel
Álbum: Intersecções
Ano: 2017

Então a DOR e a ALEGRIA começam a dançar juntas em uma coreografia


ritmada e bonita.
Percorrem os outros sentimentos que adentram na coreografia, cada qual
frisando sua própria natureza.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Ilustração 2SONHO Elza Farias

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

2 O Chamado Para A Aventura: o descobrir da PAIXÃO

Ocorre o apagar repentino de luzes.


Profundo breu em cena.
Os sentimentos saem de cena e somente permanece a PAIXÃO.
O SONHO surge. Por detrás da porta esquerda do coração.
Ao ver a PAIXÃO ali. Procura demonstrar seus poderes e
encantamentos para ela.
Na tentativa explícita de seduzi-la, com efeitos mágicos de controle
da natureza.
A PAIXÃO fica em dúvida, se encanta muito com os efeitos
produzidos pelo SONHO. Mas não existe nela completa certeza
para fazê-la se entregar aos caprichos do SONHO.
SONHO: Oh! PAIXÃO da minha vida, porque não vem comigo para
o meu quarto. Prometo fazer a mais completa realidade destes teus
SONHOs de mulher.
Nisto o SONHO Retira da cabeça, um imponente chapéu repleto de
guizos que lembra aqueles dos bobos da corte.
No chapéu, deve conter um gancho ou presilha e para que seja
pendurado no ar. Neste local deve conter um fio de nylon
transparente atravessado pelo palco, invisível aos olhos do público
que deverá ser puxado, conforme o SONHO for assoprando ele
para fora de cena.
A PAIXÃO olha e sorri, seu olhar mostra que ela deseja muito entrar
no quarto do SONHO.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Ilustração 3PAIXÃO Elza Farias

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

3 Recusa ao chamado: a inexperiência da PAIXÃO, em


resistência a sedução do SONHO

PAIXÃO: Ora, meu SONHO! Não sei se devo ir ou não ir. Parece
que é muito mágico, essa aventura. Mas não me sinto inteiramente
decidida e ainda não estou totalmente preparada para isto.
SONHO: Ora, ora moça ou será ainda menina? Minha (frisar a
posse) moça. Justo você que sempre incentiva e busca incendiar
qualquer aventura, por mais pacata que seja, a culpa é toda sua?
PAIXÃO: A decisão desta aventura, deve ser só minha e não me
sinto segura contigo o suficiente para saber se quero ou não quero
que ela aconteça. Por isso, prefiro não fazer nada, meu SONHO.
O MEDO entra em cena. O SONHO se aproveita dele e o abraça.
Buscando a todo instante não agredir a PAIXÃO por sua inesperada
decepção.
SONHO: PAIXÃO, então, agora compreendo está igual ao MEDO,
incapacitada de fazer o que mais deseja, por conta própria!
O MEDO olha a PAIXÃO, sem compreender direito o que acontece
com a PAIXÃO e o SONHO.
O ÓDIO surge. Esbarra no SONHO, como se tivesse trombado por
acaso nele ao caminhar por seu trajeto.
Um trovão sombrio ecoa pelo palco e a ira percorre o semblante do
SONHO.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

SONHO: Ah! PAIXÃO, você não podia ser outra coisa senão uma
mera mulher. Não sabe como assumir o controle de qualquer ação
própria! De mandar e principalmente de obedecer.
O ÓDIO apoia a mão sobre o ombro do SONHO e sorri
maliciosamente.
Quando o SONHO está quase se transformando em pesadelo.
A penumbra invade todo o palco.
O barulho de tempestade invade todo o espaço.
O MEDO começa a tremer como se estivesse em estado epilético e
a agressão do SONHO sobre a PAIXÃO, por causa de sua negativa
vai ganhando expressão.
Surge a RAZÃO, saindo da porta direita do coração.
Separa o ÓDIO de perto do SONHO como se apaziguasse uma
briga de rua. Conduz o ÓDIO para perto do MEDO que faz ele se
sentir seguro e parar de tremer.
O ÓDIO tenta compreender porque a RAZÃO retirou ele de perto do
SONHO, pois ele queria justamente se aproximar da PAIXÃO por
meio do SONHO. Isto irrita o ÓDIO em relação a RAZÃO.
A RAZÃO se volta para o SONHO, frustrada.
RAZÃO: Ora, meu irmão SONHO, mas que papel ridículo. Não sabe
que a PAIXÃO é mulher, dona de sua vontade e que nunca esteve
ou jamais estará sob a vontade de qualquer outro sentimento?
O SONHO abaixa a cabeça, percebendo seu erro e sente vergonha
de sua atitude errada.

Poesia Natty Granatto

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Puta, mulher que vai à luta, para que você entenda que o seu
machismo machuca;
Sangra a alma e tira a calma;
Traz o MEDO de virar notícia, de ser só mais uma na estatística;
Mesmo com tanta beleza, para alguns mulher ainda é sinônimo de
fraqueza;
Entenda, não é saia curta, somente suja, que julga, insulta e culpa;
Enquanto ela, só busca, respeito;
E é totalmente desse jeito que vai convencer que é capaz;
Afronta, apronta, mas o que na verdade ela quer, é paz;
Paz que não te convém, ela quer ir além;
Além do que seus olhos veem;
Insulta achar que mulher é património público, é fortalecer uma
cultura de estupro;
E hoje o meu grito é por cada choro já contido, em ameaças, que o
coração dispara, a voz abala, o MEDO cala;
É pela luta diária da mãe solteira, é pela puta, é pela freira;
É pelas decididas e pelas que não sabem onde querem chegar;
Eu concordo, mulher, tem sim o seu lugar;
E o nosso lugar é onde quisermos estar.

A dor entra e se aproxima muito da PAIXÃO, quase a abraçando.


O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A RAZÃO percebendo a ação da Dor, é impelida pelo CIÚMES a


roubar-lhe a sua atenção.
CIÚMES: Ora! Senhora RAZÃO, se não se apressar vai perder a
PAIXÃO para os encantos da DOR!
Então, percebendo a situação perigosa, a RAZÃO corre para
abraçar a PAIXÃO primeiro sob influência do CIÚMES. Empurrando
a Dor com raiva.
O CIÚMES gargalha da RAZÃO, como se fosse uma mulher fraca e
faz sinal de que levou uma chicotada sua, induzindo ao prazer em
provocar dor, remetendo simbolicamente ao sadomasoquismo.
Todos os sentimentos se entreolham.
O CIÚMES, aperta o saco, em dominação do masculino sobre o
feminino. Gestos chulos e ofensivos a figura da mulher, próprios da
intimidade entre homens quando com outros homens a falar de
mulheres que não são suas paixões, isto é, são tratadas todas
como putas.
A ALEGRIA entra em cena e abraça as duas moças,
amistosamente.
O CIÚMES ao perceber que poderá perder a influência que havia
inserido na RAZÃO, encara como uma negociação, disfarça e sai de
fininho, para persuadir noutra hora, carregando com afeto O MEDO
para fora do palco.
O ÓDIO notando que irá ficar sozinho, agarra a mão do MEDO e é
conduzido junto.
O foco de luz ilumina as três moças abraçadas.
A dor não sai de cena. Mas se encolhe tanto. Como se sofresse
dores muito fortes. Se retorcendo inteira.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A Dor se deita muito encolhida e fica completamente imóvel que


parece até dormir, em absoluto coma.
A ALEGRIA, então, se separa da PAIXÃO e da RAZÃO, para
acolher a Dor.
A PAIXÃO olha de uma maneira muito diferente para a RAZÃO e a
RAZÃO após o tocar da PAIXÃO retribui seu olhar que não entende
de onde veio aquilo tudo.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Ilustração 4SAUDADE Elza Farias

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

4 Encontro com a mentora: a SAUDADE ensina

Se apaga a luz.
A música instrumental de trilha sonora surge para a SAUDADE
adentrar, com canhão de luz que a segue.

Dados Da Música:
Artista: David Lans
Título: Path With Heart
Álbum: Íris Fotos 50 anos
Ano: 1997

A SAUDADE deve possuir uma aparência feminina de Jesus Cristo,


rompendo e quebrando de maneira expressa o modelo masculino
de Cristo da religião.
A SAUDADE vem de braços abertos, em alusão ao Cristo da
religião da Umbanda (Afro-católica), em coreografia simbólica a
intuir as suas semelhanças.
A SAUDADE veste uma túnica branca (estilo Zen Budista) e a luz
do canhão sempre a acompanha, para mostrar ao espectador o seu
poder de iluminação superior.
Em coral os sentimentos em tom provocativo de dúvida, canta
melodicamente, a frase haja luz!
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A luz, então, se acende.


O canhão que a ilumina se apaga sincronizado com o acender das
luzes.
A SAUDADE chama por todos os sentimentos que se reúnem em
um semicírculo ao seu redor.
SAUDADE: Meus amigos sentimentos, preciso lhes falar algumas
coisas para todas as decisões da vida. Principalmente, no dia a dia,
para que possam ser o que você realmente é. Mostrando aos
demais a sua melhor parte.
O SONHO, fica muito contente com o diálogo da SAUDADE e num
gesto espontâneo joga um beijo no ar em direção ao telão.
O seu beijo deve ser acompanhado de uma trilha sonora de encanto
e suspense, com uma animação de lábios atingindo a tela.
Nota: ver ROTEIRO DE BEIJO DO SONHO PARA SAUDADE
(audiovisual).
A SAUDADE acompanha o beijo como se o visse com gestos.
O ÓDIO acompanha o mesmo movimento, pois, somente a
SAUDADE e o ÓDIO por ele ser um cego conseguem ver o
invisível, daquele gesto.
A SAUDADE sorri e retribui o beijo ao SONHO.
A ALEGRIA o apanha no ar e o carrega, como se fosse um bebê
em seus braços até o SONHO e entrega em seu colo, quando o
SONHO chega a segurar o bebê nos braços o movimento se desfaz
em mimo (mímica), fazendo o bebê sumir.
Então, a ALEGRIA marca com um batom bastante vermelho a
Buchecha do SONHO, dando materialidade cênica ao contexto da
cena.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

O ÓDIO acompanha o trajeto do bebê no colo da ALEGRIA, depois


a entrega ao SONHO e finalmente se desespera quando o gesto do
SONHO faz o bebê sumir da existência emocional. O ÓDIO não
consegue ver a ALEGRIA, mas o bebê ele consegue ver com
profunda nitidez.
A Dor se levanta, de maneira ereta e sem se retorcer diante da
SAUDADE. Ela fala com a SAUDADE por LIBRAS.
Neste ponto a intérprete de LIBRAS, a SAUDADE fala somente em
LIBRAS, pois a cena precisa fazer os ouvintes sentirem a
dificuldade na comunicação para os surdos.
SAUDADE: É exatamente assim que o surdo se sente, sem
compreender a linguagem falada, apenas porque ele não ouve. Mas
existe e sente, como qualquer outra pessoa!
A SAUDADE vai traduzindo suas palavras aos outros sentimentos.
DOR: Amigos sentimentos! Eles não podem compreender a dor dos
outros. Se não sofrerem a dor que eles fazem aos outros em seus
próprios corpos.
O ÓDIO não entende nada, porque não consegue compreender que
o que a SAUDADE está fazendo e traduzir a fala da Dor, então, se
retorce sentindo a dor no próprio corpo. Gemendo baixo buscando
disfarçar seu sentimento de dor.
DOR: Quanto mais eles agredirem, mais deverão eles mesmos
sofrerem as próprias dores que fizeram os outros sofrerem, não
importando o nome que essa dor receba, pois elas têm muitos
nomes, guerra, xingamento, ofensa, reprovação, intolerância,
repulsão e muitas outras palavras com um significado bom e belo
que escondem atitudes, praticadas pelas costas, que são muito
más. Eu como um sentimento das dores, estou habituada a sofrer e
a suportar todas com naturalidade. Porém, eles que não estão
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

acostumados. Continuarão, enquanto agredirem os outros. A sofrer


os efeitos doloridos de minha natureza que é a dor.
A SAUDADE acolhe a DOR, segurando sua mão com afeto. Ela se
ajoelha, como se houvesse obtido finalmente algum alívio e ocorre
um momento de descanso.
O ÓDIO se recupera no mesmo instante e volta a se comportar
segundo sua natureza, indiferente ao mal e a Dor.
A luminosidade fica lilás e a ALEGRIA se posiciona ao lado da
SAUDADE.
SAUDADE: ALEGRIA por favor, fique do meu lado. Preciso muito
de você nesta conversa sobre os sentimentos.
SAUDADE: A ALEGRIA é uma moça de verdade, todos neste
coração sabem muito bem disso. Ela é muito mais feliz sendo
assim. Porque, é a maior produtora das ações alegres.
SAUDADE: todavia, a imensa maioria não consegue enxergar a sua
verdadeira natureza, porque a visão não lhes permite ver o invisível
aos olhos.
O CIÚMES se levanta, bravo e pretende ir embora, daquela
ladainha moralizadora, a cena deve conduzir o espectador, a
pensar, como uma mulher pode pensar em ensinar um homem
sobre o que é correto ou não correto.
A SAUDADE o olha e encara com reprovação e indica ao MEDO
para impedi-lo.
O MEDO obedece, o segura, em enorme esforço, com as duas
mãos e o arrasta de volta sentado ao seu lugar.
O CIÚMES resiste, mais incomodado com os olhares dos outros,
então, relaxa e deixa-se conduzir pelo MEDO.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

O CIÚMES fica com cara de entediado, a tampar os ouvidos,


sinalizando que não deseja de jeito nenhum ouvir aquilo tudo e que
está ali a força, não por vontade própria.
SAUDADE: Qualquer forma de medir alguma coisa, obriga a pegar
uma referência. Como um exemplo, do que deverá ser medido?
Mas essa medida não significa que quanto mais daquilo que se é
medido, seja o melhor para todo mundo.
SAUDADE: porque na parábola que vou contar, se a sua medida for
para a costura, mais ou menos tecido. Não será o melhor para
saber o que realmente fazer com aquele tecido.
SAUDADE: a medida é somente pessoal, de cada um para si
mesmo, pois uns desejam um vestido de festa, outros uma calça
social ou um terno. Outros desejam uma roupa íntima mais sensual.
Enquanto, outros até desejam muito uma luxuosa fantasia para os
quatro dias do carnaval.
SAUDADE: ou seja, não será a quantidade da sua medida, que
servirá para medir a roupa desejada pelo outro.
SAUDADE: porque a sua referência do que é melhor para se fazer
com aquele tecido, somente a você pertence.
SAUDADE: por essa RAZÃO, finalizando a parábola, se nem, ao
menos, você sabe qual é o melhor tecido para se fazer uma simples
roupa para o outro. Sem que o outro conte o que deseja fazer.
Imagine, então, os sentimentos dos outros. Que nem tocar se pode!
Um trovão ecoa, a luz se apaga.
Um tremor de terra surge.
O canhão de luz acende e a SAUDADE deve ser erguida por cabos
ou elevadores em direção ao céu De braços abertos.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Todos os sentimentos olham admirados. O SONHO acena dando


adeus para a SAUDADE.

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Tharteau Filho

Ilustração 5ALEGRIA Elza Farias


O Drama Do Coração
Tharteau Filho

5 Travessia: o casamento da PAIXÃO e da RAZÃO

A PAIXÃO está sozinha em cena. Ela se aproxima da porta do


quarto do SONHO.
Tenta olhar curiosa para dentro e ver o que pode estar lá escondido.
A PAIXÃO se abaixa. Então olha dos dois lados para ver se
ninguém está notando ela e entra na porta do SONHO, sem
qualquer dúvida.
Começam a tocar a música.

Dados Da Música:
Artista: Fabrício Zavanela
Título: Vem
Álbum: Intersecções
Ano: 2017

A reprodução do audiovisual inicia. Nota: ver ROTEIRO DE SEXO


PAIXÃO sincronizado com a música.
A sensualidade toma conta por completo das senas no palco de
modo simbólico e artístico.
O ÓDIO se aproxima da Dor e a beija com bastante entusiasmo ao
se envolver com ela.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A RAZÃO sozinha, se sente meio perdida. O CIÚMES a puxa de


lado e aponta para o telão, para ela notar e sentir que a PAIXÃO
está naquele momento se entregando para o irmão gêmeo SONHO.
Irritada a RAZÃO adentra a porta do SONHO em busca da PAIXÃO
influenciada pelo CIÚMES.
O audiovisual agora intui a RAZÃO transando com a PAIXÃO em
mesmo contexto do SONHO, segundo bloco ROTEIRO DE SEXO
PAIXÃO.
O CIÚMES sente-se vitorioso e a ALEGRIA o beija e provoca-o de
maneira sensual com uns amassos.
Quase transando no palco de maneira simbólica e artística.
O CIÚMES fica muito contente e se entrega por completo,
apertando a bunda sensualmente da ALEGRIA e passando a mão
nela. Da mesma forma que todos os adolescentes fazem ao
encontrar sua companhia.
O SONHO, quando sai expulso do quarto pela RAZÃO, ainda sob a
intensa influência da PAIXÃO. Procura uma companhia semelhante
e se envolve com o MEDO.
O ato do SONHO, afasta o pavor do MEDO e o conforta, deixando-o
receptivo aos gestos do SONHO, nunca age, sempre recebe a ação
do SONHO de maneira submissa.
Repete os gestos feitos pelo CIÚMES na ALEGRIA, de maneira
sincronizada, impossibilitando o espectador de não ver a cena que
se pretende passar de observação e compreensão por gestos.
A escuridão no palco vai tomando conta da cena. Conforme a
música vai diminuindo a sonoridade e volume.
Os sentimentos saem de cena.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A PAIXÃO sai da porta do quarto do SONHO e apenas ela


permanece bastante contente pela experiência, dorme e continua
deitada.
A música predomina nesta cena e ela continua, enquanto a PAIXÃO
sonhar.

Dados Da Música:
Artista: Susy Bastos
Título: Pacto Composto
Álbum: Retratos
Ano: 2010

A PAIXÃO dorme muito contente.


Com as experiências sexuais anteriores.
Então, os sentimentos fazem uma coreografia simbolizando o
sonhar da PAIXÃO. Movimentos em ondas, ao se amontoar de uns
sobre os outros em pirâmide humana três na base, dois no centro e
um na ponta.
Encobertos por um tecido muito leve e de fácil movimentação que
reflita muito a luz.
O movimentar deve parecer um erguer de montanha ou uma
grandiosa onda que avança em inclinação e a jogar as pontas do
tecido. Quase a tocar o corpo da PAIXÃO deitada no chão.
A PAIXÃO ameaça acordar.
Se mexe na cama.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A montanha ou onda se ergue e volta ao local de origem. Se


preparando para a desmontagem.
A PAIXÃO acorda, muito feliz, abrindo os braços para cima.
A montanha ou onda é desmontada em cena, com o mexer dos
braços.
Os sentimentos saem do palco em direção aos bastidores com
técnica de teatro chinês em movimento de dragão.
A PAIXÃO se levanta. Os sapatos saltos altos ao seu lado devem
ser maiores que os anteriores. Calça-os. Se levanta e caminha em
direção a porta da RAZÃO.
Bate na porta uma vez. A sonoplastia produz o efeito de batida, com
um toque na caixa.
Não obtendo resposta. Bate três vezes, mais forte.
RAZÃO: Espera um pouco PAIXÃO, já estou indo.
A RAZÃO surge na porta. Beija com carinho a PAIXÃO e conduz ela
para dentro.
Apagar de luzes e montar do cenário de dentro do quarto da
RAZÃO. Deve ser tampada a entrada da porta do SONHO, com o
complemento de parede escondido por detrás das paredes do
coração. Como uma tampa daquele buraco.
A RAZÃO carrega a mesa. Enquanto a PAIXÃO carrega uma
cadeira, a Dor carrega outra e a ALEGRIA carrega a última cadeira.
Ao acender de luzes. A PAIXÃO está sentada muito apaixonada
para a RAZÃO que fica ao seu lado, acariciando seu rosto.
PAIXÃO: RAZÃO o que você acha que eu devo fazer para ser feliz
de verdade com você?
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

RAZÃO: Ah! Minha querida PAIXÃO, não sou tão boa nessas
coisas. Mas penso que talvez devesse ficar mais próxima da
ALEGRIA, para evitar as dores da Dor. Também, se afastar do
ÓDIO que causa muita agressão e ainda, ele é indiferente com os
seus sentimentos.
PAIXÃO: Será? Ele é tão gatinho e muito diferente dos outros, com
uma guia de cego que aumenta de tamanho, misteriosamente que
ninguém vê, somente eu. (Um suspiro acontece) deixa para lá.
RAZÃO: Ora minha PAIXÃO, isto são coisas que uma moça deva
dizer de um homem daqueles.
Fala da RAZÃO deve indicar uma repulsa a deficiência do ÓDIO,
como se aquilo o tornasse menos que qualquer outro dos homens.
Imitando de maneira pejorativa, o balançar da bengala.
RAZÃO: Também seria muito bom se afastar do MEDO. Porque ele
parece esconder algo que a gente nem imagina! O que possa ser.
Desconfio muito dele! Até mais do que o próprio ÓDIO!
A RAZÃO retira a mão da PAIXÃO de seu corpo, depois, tirando
sarro do MEDO bate três vezes na própria testa dando uma
gargalhada.
Imitar o gesto de autistas batendo na cabeça.
A PAIXÃO nitidamente sorri amarelo, para não desfazer o gesto da
RAZÃO, não entendendo a graça daquilo.
RAZÃO: Agora, o CIÚMES, apesar de ser entre estas quatro
paredes, muito repugnante. Pode até ser um aliado.
PAIXÃO: Será? É simplesmente um SONHO estar contigo.
RAZÃO: Claro, minha PAIXÃO agora que o SONHO é seu cunhado.
Ainda bem, que ele vem em casa só, muito de vez em quando.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

PAIXÃO: RAZÃO da minha vida, mas que maldade! Coitadinho do


SONHO. Ele só é um menino bobo!
As duas gargalham animadas. A desdenhar dos homens.
RAZÃO: A ALEGRIA vem quando ela quiser, porque ela te deixa
muito feliz e quando você fica feliz eu me sinto feliz também.
PAIXÃO: E a Dor? A ALEGRIA não fica separada dela.
RAZÃO: Isso é verdade! Então, se a ALEGRIA estiver junto com ela
pode vir.
Ocorre um apagar e acender de luzes rápido.
A Dor e a ALEGRIA entram no palco e se sentam na mesa.
As atrizes trazem um bule de chá e um de café e biscoitos, com um
bolo e colocam na mesa.
A música inicia.

Dados Da Música:
Artista: Fabrício Zavanela
Título: Caldo Completo
Álbum: Intersecções
Ano: 2017

Enquanto isso as quatro mulheres conversam animadas. Uma


servindo a outra. Amigas de longa data em intimidade do lar.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

O cotidiano habitual da rotina de um casamento entre duas


mulheres acontece nesta cena.
O terminar da música encerra a cena.

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Tharteau Filho

Ilustração 6CIÚMES Elza Farias


O Drama Do Coração
Tharteau Filho

6 Aliados e inimigos: CIÚMES, SONHO, MEDO e ÓDIO


contra-atacam

Apaga-se as luzes e as atrizes retiram os equipamentos de cena.


Desmontando o interior do quarto da RAZÃO.
Os atores que irão entrar em cena. Reabrem a porta do SONHO.
Escondendo-a por detrás da parede.
A luz se acende.
Por fora do quarto da RAZÃO os sentimentos masculinos armam
seu plano contra ela.
O CIÚMES incentiva o ÓDIO a persuadir o SONHO, único
sentimento que pode adentrar as portas do cérebro de uma maneira
livre.
O MEDO se assemelhando a um autista gira rodando, faz gestos
estereotipados e repetidos em busca de uma solução e para vencer
o próprio MEDO. Bate três vezes com muita força na própria
cabeça.
Se dirige para o CIÚMES e com muita dificuldade de se comunicar
fala com a típica ecolalia.
MEDO: Posso entrar junto com o SONHO no quarto da RAZÃO
para buscar a PAIXÃO?
O CIÚMES, nem acredita no que o pequeno irmão fez.
Olha como se realmente tivesse ganho na loteria.
O SONHO entende o significado daquele pequeno e empolgante
agir e diz.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

SONHO: Pode vir sim, eu gosto muito de você MEDO e com a sua
expressão, não a o que se deva preocupar em qualquer uma das
aventuras de todos os SONHOs.
O CIÚMES retira o irmão MEDO das suas costas que havia se
escondido ali depois de falar e entrega sua mão para o SONHO que
o recebe lado a lado, de igual para igual.
CIÚMES: ora ÓDIO você precisa ficar na retaguarda para balançar
o coração da PAIXÃO e quando ela se aproximar da porta a gente
puxa ela para fora do quarto da RAZÃO e o coração volta a ser
como era antes.
CIÚMES: SONHO e MEDO. Se posicionem na frente do pelotão de
combate.
Os dois batem continência de maneira extremamente formal e
imponente, depois, o SONHO dá um beijo de língua no MEDO. O
MEDO se encoraja em consequência do beijo dado pelo SONHO.
O MEDO ameaça bater com a mão na cabeça e quando quase vai
atingir a testa ele para. Olha a mão. A abre e ele acaricia o rosto do
SONHO, sorrindo muito contente.
CIÚMES: ÓDIO se posicione na retaguarda do pelotão de frente,
observando e conduzindo toda a movimentação destes soldados,
com sua prodigiosa sensibilidade estratégica de guerra.
CIÚMES: Mãos unidas, um por todos e todos por um, nos três nós
adentramos no quarto da RAZÃO e tomamos a PAIXÃO de volta.
CIÚMES: Um, dois e três!
O unir de mãos deve parecer a entrada de times esportivos em
competições de campeonatos, típicas de homens, em futebol,
basquete, voleibol, etc.
A música deve intuir a aventura e a missão de resgate da PAIXÃO.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Dados Da Música:
Artista:
Título: Fingerdance
Álbum: Íris Foto 50 Anos
Ano: 1997

O SONHO adentra primeiro puxando o MEDO.


O ÓDIO acompanha o MEDO com a mão no seu ombro esquerdo.
O CIÚMES finge que vai entrar, para encorajar os outros
sentimentos.
Mas ao atingir da linha da porta. Ele para sorrateiro, e volta para a
entrada da porta e sorri maliciosamente.

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Tharteau Filho

Ilustração 7 Tristeza Elza Farias


O Drama Do Coração
Tharteau Filho

7 Aproximação do objetivo: o resgate da PAIXÃO

Apagar de luzes.
Ocorre nova arrumação do cenário de montagem dentro do quarto
da RAZÃO.
Antes do acender das luzes.
Na cena anterior os sentimentos entraram invadindo a porta da
RAZÃO. Durante o apagar de luzes.
A porta do SONHO deve ser coberta pelo ator que faz o CIÚMES,
não presente no encenar seguinte.
Retirando a complementação de paredes que fica escondida por
detrás da parede do SONHO, semelhante a uma tampa daquele
buraco.
No acender de luzes o SONHO perde a seriedade.
Diante da RAZÃO e brinca de luta com ela.
Como se voltasse a ser um menino. Corre para a mesa e rouba um
biscoito, um pedaço de bolo ou qualquer outro aperitivo.
RAZÃO: O que quer no meu quarto, meu querido irmão gêmeo
SONHO?
A fala da RAZÃO é dita com ironia.
SONHO: RAZÃO você não pode roubar a PAIXÃO de nós. A gente
precisa muito dela.
RAZÃO: E daí?

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

SONHO: Não é certo prendê-la aqui dentro! Nem sair ela pode!
A fala do SONHO é bastante sentimental.
A dor olha atenta.
RAZÃO: Não a proibi de ir a qualquer lugar. Apenas aconselhei-a a
ficar com quem são suas amigas de verdade.
SONHO: Oh! PAIXÃO! Todos nós sentimos muito sua falta dentro
do coração. Esta falta é tão forte que até mesmo o MEDO criou a
CORAGEM e veio junto lhe pedir para voltar para o seu verdadeiro
lugar.
ALEGRIA: Também, acho que seja a hora adequada da PAIXÃO
passear um pouco, tomar sol nas praças públicas, tocar as flores
dos jardins e sentir o vento a bater a pele de seu rosto. Ouvir os
pássaros a cantar e a olhar entusiasmada para aquele gatinho do
ÓDIO que ela adora.
A expressão “gatinho do” ÓDIO “deve ser pronunciado em um tom
bastante característico de homossexuais, como exemplo a afetação
bastante aguda proposital.
A Dor segura a mão da PAIXÃO que faz uma cara de tédio daquela
rotina enfadonha de ficar trancada em casa, o dia inteiro.
O MEDO fala com a típica ecolalia de autistas.
MEDO: PAIXÃO o coração fica tão frio e muito mais gelado. Sem
você passear e fazer as coisas esquentar dentro dele. Preciso tanto
de você.
O MEDO roda repetidamente e bate três vezes muito forte na
própria cabeça. A dor se retorce, pois, sabe que ele está tenso. Em
seguida, bate a cabeça com força sobre a mesa, igual autistas
fazem.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

MEDO: O irmão CIÚMES! Sem você por perto, praticamente não


existe.
A RAZÃO nunca fala diretamente com o MEDO, mesmo que ele
fale. Ela o desdenha de propósito e dirige a fala ao SONHO
batendo três vezes na testa e rindo da cara do SONHO, pois sabe
do seu envolvimento afetivo com o MEDO.
RAZÃO: Por falar, no CIÚMES! Aonde ele está?
O CIÚMES adentra pela porta do quarto da RAZÃO.
CIÚMES: Aguardando apenas seu convite, minha excelência e bela
mulher. Para fazermos um bom negócio, com toda a certeza.
RAZÃO: Qual é a proposta CIÚMES?
A PAIXÃO na mesa coloca os cotovelos apoiados em cima da mesa
e segura o rosto, extremamente entediada. Pois nem sequer deixam
ela falar por si mesma, sempre outros falam por ela sobre seus
sentimentos.
RAZÃO: A PAIXÃO desde que decidiu ficar no meu quarto. Tem se
dedicado com muito mais empenho. Às artes, às literaturas de
maior qualidade, inclusive a filosofia. Não se distrai com tolices do
dia a dia e sem qualquer valor metodológico e científico. Até sua
sensualidade e intimidade tornaram-se mais sensíveis para atingir a
essência do amor.
CIÚMES: Ora minha cara RAZÃO! Essa que você acaba de
descrever é você mesma. Nunca foi e nunca será a verdadeira
PAIXÃO. Estes valores são seus e não os dela.
A RAZÃO franze a testa pensativa.
CIÚMES: Sem o respeito a liberdade da PAIXÃO, não existe
qualquer motivo para que o amor permaneça dentro do coração.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Não importa o nome da PAIXÃO que se viva. O respeito a liberdade


é a única coisa capaz de manter a paz.
A RAZÃO começa a perceber que abusou de sua natureza sobre a
PAIXÃO e compreendeu que obrigou a PAIXÃO a seguir seu maior
valor. Sem permitir a escolha de segui-lo por conta própria.
RAZÃO: Não foi por mal, CIÚMES. Agora, eu compreendo, somente
desejo ser feliz com ela e mais nada.
A PAIXÃO começa a chorar, angustiada.
A Dor a abraça.
A RAZÃO se desespera e pensa em abraçá-la, mas detém o gesto,
com MEDO de abusar novamente da liberdade da PAIXÃO.
O CIÚMES retira da sua pasta um contrato e assina com a RAZÃO.
Indicando onde a RAZÃO deve assinar e tomando o cuidado de
rubricar todas as páginas.
As testemunhas são o SONHO e o MEDO que o CIÚMES indica
onde devem assinar.
Sorri contente pelo negócio. Enfia o contrato de novo na pasta
executiva. Amarra a gravata com desdém e observa o ÓDIO.
A RAZÃO busca abrigo e abraça o irmão gêmeo SONHO. Ele a
abraça, afagando sua cabeça e colocando-a sob os ombros.
O CIÚMES caminha até o ÓDIO e o conduz até perto da PAIXÃO.
Cochichando algo em seu ouvido.
A PAIXÃO deixa o ÓDIO enxugar as suas lágrimas e a Dor a solta.
A RAZÃO olhando a cena faz uma expressão de profunda tristeza e
afasta o SONHO para cravar suas mãos sobre os ombros da Dor.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A Dor não consegue suportar o toque tão intenso da RAZÃO por ser
só sentimento e grita de um jeito enlouquecido e aterrorizador.
O grito deve ser equalizado e apavorar até os espectadores.
A RAZÃO solta imediatamente a Dor, coloca as mãos no rosto e
chora em profundo lamentar.
Enquanto isso, a PAIXÃO beija o ÓDIO.

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Tharteau Filho

Ilustração 8ALEGRIA Elza Farias


O Drama Do Coração
Tharteau Filho

8 Provação máxima: a RAZÃO termina o


relacionamento com a PAIXÃO

Inicia a música.

Dados Da Música:
Artista: Fabrício Zavanela
Título: O Que É O Amor
Álbum: Intersecções
Ano: 2017

Os atores vão se posicionando como se fossem espectadores em


um bar a assistir os músicos tocando.
A PAIXÃO e o ÓDIO se comportam como namorados no barzinho,
conversam, sorriem bobos, um para o outro, sem notar ninguém ao
redor e de vez em quando se beijam ou trocam carícias.
A RAZÃO conta sua mágoa para a amiga Dor.
O CIÚMES conta ao amigo SONHO o ótimo negócio que fez e lhe
paga uma outra cerveja.
O MEDO sozinho, olha os músicos admirando o espetáculo e
observa todos ao redor e se interessa pela ALEGRIA. Se aproxima
e começa a bater papo, sem saber o que irá acontecer.

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Tharteau Filho

Ilustração 9Coração Novo Elza Farias


O Drama Do Coração
Tharteau Filho

9 Conquista da recompensa: o casamento do ÓDIO e a


PAIXÃO

Inicia-se a música.

Dados Da Música:
Artista: Fabrício Zavanela
Título: Noturno
Álbum: Intersecções
Ano: 2017

A PAIXÃO e o ÓDIO dormem juntos no chão do palco.


O ÓDIO acorda antes da PAIXÃO e com cuidado toca seu rosto.
Sente sua respiração com a palma da mão e nem acredita que ela
realmente está ali.
Então, a beija e a PAIXÃO desperta do seu sono.
Ao acordar a PAIXÃO sorri para o ÓDIO.
Depois, envolve os braços por volta do pescoço do ÓDIO e o beija.
PAIXÃO: Bom dia! Miau!
Brinca com ele imitando o miado de um gato.
O ÓDIO ri, bastante contente e responde miando também.

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Tharteau Filho

ÓDIO: Miau! Fica um pouco perdido no miado. Mas continua


somente para agradar a PAIXÃO.
Se levantam. A PAIXÃO arruma os cordões dos coturnos do ÓDIO.
No telão aparecem as mensagens Apenas Faça Ele Ser Autônomo
e Independente.
Ela vai subindo, observando o corpo do ÓDIO e aperta a bunda
dele.
Ele se sente surpreso com o gesto.
E empina a bunda.
PAIXÃO: Mas que lindo! Ficou muito viado essa empinada! Amei!
Em seguida, o beija e os dois riem.
O foco de luz deve incidir de maneira a separar o ambiente da
intimidade da PAIXÃO e do ÓDIO com as outras personagens em
meia luz.
Saem do ambiente da intimidade.
Abrindo uma porta imaginária. Os dois passam por ela e a PAIXÃO
a tranca.
Do lado de fora. Encontram a ALEGRIA.
A PAIXÃO beija ela. O ÓDIO também a beija.
ALEGRIA: Mas que bom vê-la PAIXÃO. Esse seu gatinho, me dá
até inveja, viu?
PAIXÃO: Nem vem, mulher que esse homem é meu!
A PAIXÃO empurra a ALEGRIA para brincar com ela.
Logo após, abraça o ÓDIO tomando posse dele.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

A ALEGRIA gargalha junto com a PAIXÃO.


Se despedem e vão caminhando adiante.
O trajeto e caminhar da PAIXÃO e do ÓDIO ficam a meia luz.
A cena que fica com a luz em foco deve ser a do CIÚMES e do
SONHO.
O CIÚMES conversa com o SONHO tentando convencê-lo a fazer
um ótimo negócio.
CIÚMES: Amigo SONHO, imagine lotear todos os SONHOs em
pequenos lotes, com parcelas muito baratas. Qualquer um poderá
conquistar seu pedacinho de SONHO, seja qual for o SONHO
desejado.
SONHO: Parece ser bom, realmente. Mas fico intrigado que eu não
tenho muito controle sobre o tanto de espaço que cada um sonha.
Apenas consigo sentir a energia de cada SONHO, se é um SONHO
ou um pesadelo.
CIÚMES: Aí que entro eu, com meu irmão o MEDO. Na tentativa de
controlar esse tanto de espaço do SONHO. Um pouco de SONHO
para fazer a pessoa procurar e o MEDO para conter a ambição dele
desejar o SONHO do outro.
A PAIXÃO chega perto. Ouve a negociação e cumprimenta os dois
rapazes com um beijo.
O ÓDIO beija o SONHO e aperta a mão do CIÚMES.
Aparecer no telão a mensagem: Viado? Carinho? Preconceito!
Evidenciar no beijo com sons o gesto do beijo, chamando a
atenção.
E a indiferença sonora do apertar de mão.

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Tharteau Filho

Se despedem dos rapazes e continuam a caminhar.


Encontram a Dor colhendo algumas flores. Ela faz o encenar com
mimo (mímica).
A PAIXÃO cumprimenta=a ALEGRIA, com maior entusiasmo por
não ouvir. E a beija com carinho também.
Telão aparece a mensagem: O sentimento não é deficiente.
O ÓDIO acompanha o gesto da PAIXÃO e a beija também. Neste
ato as pernas do ÓDIO se dobram de dor e ele se ajoelha diante
dela. Ao soltar a mão da Dor ele se recompõe.
Frisar que ele sentiu a dor e seus efeitos. Mesmo sem enxergar que
a Dor também é deficiente.
A PAIXÃO e o ÓDIO continuam caminhando de mãos dadas como
namorados.
De repente a PAIXÃO e o ÓDIO encontram a RAZÃO a frente.
Com uma espécie de telescópio a observar o céu.
A RAZÃO está em uma cadeira de rodas, com muita dificuldade de
se mover.
O sintetizador de voz fala no seu lugar.
A RAZÃO com muito esforço anota tudo em um note book.
O que a RAZÃO anota aparece no telão.
Cálculos físicos complexos.
Em vermelho, aparece o que ela digita: O movimentar das estrelas,
dos planetas, nunca está no corpo humano. Mas na própria mente.
Inicia a música.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Dados Da Música:
Artista: Arnaldo Antunes/ Carlinhos Brown
Título: O Silêncio
Álbum: O Silêncio
Ano: 1996

As luzes se apagam.
Telão mensagem: Ouça o silêncio.
Um minuto de silêncio absoluto.
Nenhuma luz no palco.
As luzes se acendem novamente.
A cena muda.
O CIÚMES está com o MEDO em pânico.
O MEDO fica deitado no chão com a mão no coração e com muita
dificuldade de respirar.
A PAIXÃO e o ÓDIO se aproximam.
O CIÚMES pede socorro para a PAIXÃO.
CIÚMES: PAIXÃO por favor me ajuda. O MEDO está em pânico!
A PAIXÃO corre para ajudar e solta o ÓDIO.
O ÓDIO liberto do conduzir da PAIXÃO começa a explorar o cenário
e sai de cena.

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Tharteau Filho

A PAIXÃO abraça com carinho o MEDO e ele retribui o abraço.


MEDO: Obrigado PAIXÃO, um pressentimento estranho. Fico feliz
que esteja aqui.
O MEDO fala com ecolalia acentuada.
PAIXÃO: Nunca esqueça o que vou lhe dizer rapaz, vença o seu
próprio MEDO, um sentimento que aprisiona todas as pessoas, e
você será o mais corajoso dos homens.
Ele não responde absolutamente nada. Mas acena com a cabeça
positivamente e o olhar foge dos olhos da PAIXÃO entrando no
isolamento profundo do autismo.
CIÚMES: Obrigado PAIXÃO. Parecia que ele ia morrer sem ar.
PAIXÃO: Fique tranquilo foi só uma crise. Ele fica bem logo.
A PAIXÃO procura pelo ÓDIO e não encontra nem sinal dele.
PAIXÃO: CIÚMES viu o ÓDIO por algum lugar.
O CIÚMES dá de ombros.
CIÚMES: Não vi, não.
PAIXÃO: Bom deixa eu ir procurá-lo.
Beija os dois.
Mas o MEDO não sai do seu estado de incomunicabilidade
profunda.
Nem o olhar se fixa.
Estudo do ator deve ser muito profundo pois esse é o grau máximo
de autismo. A estereotipia não pode denegrir a imagem. Devendo
apenas mostrar os graus de autismo. Mas que todos eles apenas
dificultam a comunicação com os outros.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Neste ponto deve ocorrer um corte de luz brusco.

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Ilustração 10ÓDIO Elza Farias


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10 Caminho de volta: a perda do oposto da PAIXÃO,

O acender de luzes ocorre.


A PAIXÃO procura pelo ÓDIO em todos os cantos do cenário.
Olha até por detrás das portas do quarto da RAZÃO e do SONHO
de maneira a ver se ele está atrás.
Abre algumas caixas fechadas e nada encontra lá dentro.
Se cansa de tentar encontrá-lo.
Se senta triste ao lado da Dor.
A música inicia.

Dados Da Música:
Artista: Secos&Molhados
Título: Rosa De Hiroshima
Álbum: Secos&Molhados
Ano: 1973

A Dor dança uma coreografia com fitas parecida com a ginástica


olímpica.
Os movimentos devem lembrar e se parecer com lutas de esgrima e
empunhar de lanças.

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O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Para tentar distrair e animar a PAIXÃO.


A Dor encerra a coreografia com um estancar brusco de
movimentos. Fica encolhida como se estivesse a se proteger no
bombardeio de Hiroshima.
Duas mulheres, sozinhas. Para lembrar que os homens em
condições de combate estavam todos na frente de batalha e a
bomba de Hidrogênio teve o único objetivo de matar mulheres e
homens incapazes de combater, sem armamento algum, apenas
para mostrar o poder do americano.
Nota: ver ROTEIRO DE NAZISMO (audiovisual).
A ALEGRIA surge em cena.
A Dor está encostada na PAIXÃO de costas para ela. Costas com
costas. Unidas como irmãs siamesas.
A separação será a morte de uma delas.
A ALEGRIA olha procurando compreender o que acontece para que
elas ficassem tão unidas assim.
Olha ao redor e só enxerga destruição.
Contextualizar com imagens de guerra violência, dos preconceitos e
discriminações brasileiras que não diferencia absolutamente nada
das guerras externas. Em uma constante Guerra Civil a matar os
diferentes, a paulada, tiros, apedrejar, etc. Mostrar casos verídicos,
tais como assassinato da travesti Dandara, do estudante negro da
UNG de Guarulhos (Odontologia), crackolandia sendo invadida pela
polícia, bomba atirada na Parada LGBT de São Paulo, mulheres
sendo estupradas coletivamente, caso Bernardo, 111 presos do
Carandiru, chacina de Osasco, dentre outros.
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Tharteau Filho

ALEGRIA: PAIXÃO e Dor unidas de maneira tão inseparável, só


pode ser a guerra. Quando a ALEGRIA compreende abraça a
PAIXÃO e as duas choram juntas.
O chorar da PAIXÃO deve representar o último suspiro. Ao se jogar
sobre o ombro da ALEGRIA para morrer.
A Dor tomba de lado. Desunida novamente.
Quando a ALEGRIA começa a soluçar. A PAIXÃO morre.
O corpo da PAIXÃO cai sobre os ombros da ALEGRIA sem vida.

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Ilustração 11Irmãs Siamesas Elza Farias


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11 Depuração: separação das irmãs siamesas

A Dor se mexe no chão e se ergue com muita dificuldade. A Dor


geme e agoniza.
Os sentimentos surgem todos desesperados para saber o que
aconteceu.
Quando olham a ALEGRIA chorando. Nem precisa dizer mais nada.
SONHO: A ALEGRIA nunca chora. Somente a felicidade que é a
união da ALEGRIA, do SONHO e da PAIXÃO.
A Dor parece um cachorro ganindo desesperada.
Se retorce, quase se automutilando, como se fosse ela a culpada
por aquilo tudo.
A SAUDADE entra em cena, de maneira solene, séria, como bela
senhora da morte.
Para trazer o caixão para o palco.
Colocar um caixão de verdade com rodas.
Colocar no palco uma coroa de flores e um castiçal de velas que
entram em cena dentro do caixão.
A ALEGRIA começa a soluçar.
Os sentimentos unidos carregam o corpo morto da PAIXÃO para o
caixão.
A PAIXÃO deve permanecer imóvel como morta de verdade.
Os sentimentos arrumam o corpo e pegam as velas.

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Inicia-se um audiovisual que deve simbolizar a vida inteira da


PAIXÃO, meninas brincando animadas, crescendo, aprendendo e
se descobrindo entusiasmada.
Trabalhos realizados com muito empenho. Encenar da atriz que
interpreta a PAIXÃO por detrás do palco do DRAMA DO
CORAÇÃO. Erros, acertos os MEDOs vencidos. Em resumo, um
make off para a preparação da peça.
Divisão final do marco entre real e personagem. Se possível, obter
imagens de cenas da família da atriz que interpreta a PAIXÃO.
Formalizando o rompimento do real da atriz e da personagem.
O audiovisual deve dizer que ela antes de ser uma personagem, é
uma atriz. Ou seja, uma pessoa real que é muito mais importante
do que aquela encenação.
O velório começa.
O ÓDIO parece que vai estourar de tanta raiva que sente.
A música fúnebre deve tocar o tempo inteiro durante o encenar do
velório de maneira erudita e clássica alternando com momentos de
eletrônica sintetizada a partir do original erudito aumentando e
diminuindo a intensidade de volume.
O CIÚMES se desespera. Se aproxima do caixão da PAIXÃO e grita
para ela.
CIÚMES: PAIXÃO por favor volta eu te dou todo o meu dinheiro, te
passo todos os meus negócios. Eu não existo sem você!
Atira a pasta executiva para longe.
A ALEGRIA não para de soluçar e seu desespero é tão intenso que
parece que até o ator que interpreta também vai morrer sem ar em
cima da PAIXÃO.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

O MEDO paralisa.
A Dor abraça-o para tentar não sentir mais culpa pela morte da
PAIXÃO.
A SAUDADE percebendo o desespero dos dois sentimentos, chega
perto do MEDO e da Dor e fala com a Dor em LIBRAS.
SAUDADE: A culpa não é sua Dor. Não foi você que matou a
PAIXÃO.
A Dor responde em LIBRAS. Olhando as mãos. Passa os dedos
nos lábios e fala com dificuldade de surdo com oralidade.
DOR: Não fui eu.
SAUDADE: Não foi você.
A Dor sai rodando igual ao MEDO e batendo três vezes forte na
cabeça.
O MEDO continua imóvel, praticamente sem vida.
A RAZÃO entra em cena. Mais como atriz do que a personagem. O
telefone celular toca.
Então, perde a postura da personagem.
RAZÃO: Não sei o que aconteceu, durante a cena a atriz que fazia
a PAIXÃO morreu. Estou tentando entrar em contato com a família
já chamei a equipe médica. Estou passada com tudo isso. Se um
médico não me disser que ela morreu de verdade eu não acredito
em ninguém.
A RAZÃO vai para perto da PAIXÃO e a segura pela mão.
RAZÃO: Calma PAIXÃO! Eu sei que você ainda vai se levantar.
Você não morreu. Isso é uma expressão de arte cênica.
Dramaturgia de valor universal, originária da cultura brasileira, em

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Tharteau Filho

sobreposição de significados múltiplos de abstração


contemporânea.
O SONHO se aproxima da RAZÃO.
A abraça.
SONHO: RAZÃO minha irmã. Fique calma, é difícil compreender.
Mas até a SAUDADE está presente, não podemos fazer mais nada
pela PAIXÃO. Não existe mais qualquer sentimento de MEDO, nem
de Dor nela.
Bastante irritada ela se dirige para o MEDO. Bate três vezes na
cabeça do MEDO.
RAZÃO: seu MEDO insignificante, coisa inútil, sem sentimentos.
Não sabe fazer nada de maneira útil e que tenha algum sentido. Eu
quero você e a Dor de volta, para que a PAIXÃO possa acordar de
novo.
O corpo do MEDO continua absolutamente imóvel. Não é mais o
MEDO.
Aparenta ser uma estátua sem vida alguma.
A luz se apaga.
Audiovisual de Um nascer de galáxia surge no telão. Em seguida,
um buraco negro engole a luz. Por fim, um universo paralelo surge.
O Drama Do Coração
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Ilustração 12CORAGEM Elza Farias

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12 Retorno transformado: o MEDO se transforma

A música inicia.
Dados Da Música:
Artista: Fabrício Zavanela
Título: O Tempo
Álbum: Intersecções
Ano: 2017

No telão repassa-se a cena da PAIXÃO falando para o MEDO ter


CORAGEM em sua última crise.
Depois, deve aparecer a primeira cena dos sentimentos no telão.
Com a palavra Vencer Com CORAGEM.
CORAGEM. As palavras surgem e sai da tela, com um eco de
batida do coração.
O Canhão de luz ilumina o MEDO.
Então, o MEDO se ergue imponente.
Os demais sentimentos o trocam e depois modificam a sua
maquiagem. Como se fosse entrar em cena a partir dali.
Trata-o como um verdadeiro rei.
Porém, não ordena absolutamente nada, apenas recebe aqueles
gestos.
O Drama Do Coração
Tharteau Filho

Calçam umas botas nele.


A RAZÃO é a única que não ajuda a vestir o MEDO.
Observa tudo com indiferença e muita irritação.
Finalmente, de frente com a CORAGEM a olha fixamente nos olhos,
como uma arquinimiga mortal.
A CORAGEM Pondo-se nariz a nariz com a RAZÃO. A olha
profundamente nos olhos.
Dando-lhe três leves toques de testa com testa.
De forma extremamente irônica.
CORAGEM: Existem coisas que você nunca poderá compreender
RAZÃO. Uma delas é o surgir da CORAGEM que se esconde atrás
do MEDO e somente aparece por incentivo da PAIXÃO.
A dúvida aparece no rosto da RAZÃO e ela fica com o pensamento
bastante atordoado por causa disso. Como se sentisse uma forte
enxaqueca.
CORAGEM: Eu só estou aqui para buscar a PAIXÃO.
A CORAGEM caminha muito segura em direção da SAUDADE.
Abraça a SAUDADE com ternura. Após, acaricia seus cabelos.
Conduz a SAUDADE para fora de cena. De maneira graciosa.
Os sentimentos não entendem mais nada.
Apenas se entreolham perplexos.
A CORAGEM vai até o caixão da PAIXÃO e a beija.
A PAIXÃO abre os olhos e fala como se estivesse recuperando as
forças.

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Tharteau Filho

PAIXÃO: Eu te esperei por tanto tempo. Sabia desde o início onde


você estava realmente escondido.
CORAGEM: Venha PAIXÃO. Levanta e vamos finalmente para
casa.
Os dois saem de cena de mãos dadas.
Todos se levantam, e se dirigem ao centro do palco.
A música de encerramento começa a tocar.

Dados Da Música:
Artista: Fernanda e Fernando Takae
Título: Tempestade
Álbum: Televisão De Cachorro
Ano: 1998
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ROTEIRO DE AUDIOVISUAL SEXO PAIXÃO

Duração: 0:21
O quê?
A abordagem cinematográfica será uma ficção composta por cenas
curtas em três quadros de 0:07 segundos em close up que mostre
apenas no primeiro bloco uma mulher transando com um homem,
sem a presença de cenas contendo sexo explícito, a condução da
cena deve intuir a sensualidade e a nudez do ato, frisando o
movimentar do sentimento ali presente, muita PAIXÃO.
Quando?
O período a ser abordado será os valores da contemporaneidade.
Quem?
Os blocos serão de 3 (três) a abordar a heterossexualidade no
primeiro bloco, a homossexualidade no segundo, em especial a
feminina e no terceiro bloco a homossexualidade masculina.
Porquê?
Porque a PAIXÃO a partir da fase da adolescência, recebe outros
valores, sendo imprescindível demonstrar as diferentes
possibilidades e as formas de fazer o ato sexual, em todos os
tempos e que continuará assim enquanto existir humanidade.
Como?
O tempo será subdividido em 3 (três) fases de 00:07, cada. Todas
com cenas em vídeo compondo a composição cinematográfica, com

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close-up, sem mostrar rostos ou imagens que identifiquem a pessoa


que está praticando o ato.
O início marcará o bloco de heterossexualidade, a posição sexual
deverá ser a mais tradicional, mulher embaixo e o subir e descer da
bunda masculina a intuir o movimento sexual, nada mais deverá
aparecer, nem cenas da vagina ou pelos pubianos, nem o escroto
masculino, valorizar apenas a nudez e o movimento sexual de
maneira didática.
O meio deve demonstrar o mesmo significado, com a figura da
homossexualidade feminina, invertendo a posição sexual ao lado
oposto, desta vez com a participação de duas mulheres, o virar de
posição e para marcar a mudança do contexto ao espectador, o
subir e descer da bunda deve ser exatamente o mesmo, com os
mesmos cuidados da cena do bloco inicial.
No fim, o último bloco inverte a posição novamente demonstrando a
homossexualidade masculina, com um homem sobre o outro, com o
movimentar da bunda masculina no subir e descer, com as mesmas
cautelas da cena anterior.
Onde?
Imagens produzidas em estúdio.
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ROTEIRO DE AUDIOVISUAL BEIJO DO SONHO PARA SAUDADE

Duração: 0:05
O quê?
A abordagem cinematográfica será uma ficção composto por
animação curta em único quadro de 0:05 segundos em close up
que mostre apenas um marcar de beijo com batom sobre a tela,
com sonoplastia a exagerar o barulho de beijo.
Quando?
O período a ser abordado será os valores da contemporaneidade.
Quem?
O bloco será uma reação a cena do jogar de beijo do SONHO para
a SAUDADE e nada mais.
Porquê?
Porque traz os espectadores para a simbologia do teatro,
interconectando e entrando na linguagem do cinema de maneira
mais direta do que a cena anterior da sensualidade.
Como?
O tempo será de 00:05. Todas com cenas em animação compondo
a composição cinematográfica, comcloseup do beijo a marcar a tela.
Onde?
Animação produzidas em estúdio.

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ROTEIRO DE AUDIOVISUAL VIOLÊNCIA


CONTEMPORÂNEA POR INTOLERÂNCIA
REMEMORANDO NAZISMO

Duração: 2:00
O quê?
A abordagem cinematográfica será um documentário composto por
trechos sem áudio de reportagens em jornais e telejornais de
violências contra mulheres, Dandara, LGBTTs, negros, dentista
assassinado em Guarulhos, ex-aluno da UNG, caso Bernardo, etc.
e prisioneiros judeus e outros nos campos de concentração que
deverá sinalizar e demonstrar a crueldade e violência humana que a
intolerância das diferenças proporciona e que essa violência atual
acabará como anteriormente.
Quando?
O período a ser abordado será o compreendido durante os 30 anos
anteriores a partir da presente época e os anos de combate 1938
até 1945, com o término e vitória dos aliados frente as tropas
nazistas.
A interconectam aos tempos contemporâneos será efetuada com
abstração do fato histórico e marcação fundamental e filosófica no
núcleo epistêmico da junção dos sentimentos da PAIXÃO com a
dor, em um processo de decomposição significativa e reconstrução
simbólica por imagens posteriores a guerra, como as imagens dos
que foram torturados dentro dos DOPS durante a ditadura brasileira,
cumulativamente às cenas de violência contra negros, mulheres e
imagens de violências contra pessoas com deficiência em grau de
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internação e acolhimento semelhantes as masmorras e prisões


brasileiras. Imagens documentárias, isto significa verdadeiras e
comprovadamente retiradas de arquivos oficiais.
Quem?
A pessoa documentada são todas aquelas que possuem os
sentimentos da PAIXÃO em conjunto com a dor com intenção de
provocar dor no outro, de maneira obtusa e oblíqua.
Porquê?
Porque a violência é uma conduta e ação essencial do ser humano,
embora, todos neguem possuí-la, ela é inerente e pertence ao
mundo animal em seu todo, por exemplo, no agarrar e perseguir
das presas, no destruir e digerir delas e assim por diante. O mais
forte sempre destruindo os mais fracos é a verdade da natureza.
O documentário pretende mostrar essa violência que a humanidade
com sua racionalidade tenta esconder, de sua parte animal e tão
selvagem quanto os demais predadores não racionais.
Salientando que somente a humanidade consegue tornar seus
iguais em presas de seus desejos, nem utilidade material essas
presas possuem, apenas servem de demonstração de quem é o
mais forte em subjugação direta do oponente.
Como?
O tempo será subdividido em quatro fases de 00:30, cada. Todas
com imagens estáticas compondo a composição cinematográfica,
com pequenos objetos ou partes de cenas coloridas por
computação gráfica nas cores das personagens dramáticas
PAIXÃO e Dor.
O início marcará o holocausto nazista, fato humano mais cruel
cometido em toda a história humana e com o maior número de

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vítimas que proporcionou todos os movimentos humanitários


existentes até os dias de hoje.
O meio deve demonstrar que o esquecimento do que fora sentido
naquele tempo, provoca novas e semelhantes violências, mudando
os agressores e as vítimas, com igual ou pior intensidade, causando
um retrocesso ao período menos civilizado da humanidade. O fio
condutor de todo o documentário cinematográfico deverá
obrigatoriamente ser composto por vítimas de violência durante
aqueles tempos, lado negro e profundo de todo e qualquer ser
humano, pois não existe perfeição alguma na humanidade inteira,
nem no passado, nem no presente e muito menos no futuro.
No fim, o olhar do espectador deverá obrigatoriamente ser
conduzido para a percepção desta mesma violência nas mídias
atuais, televisão, filmes, noticiários e redes sociais de forma a tecer
um início, um meio e um fim coerente e em contraposição direta da
coreografia executada pela atriz Dor, a demonstrar a beleza da
guerra em movimentos de disparo, conquista, superação de limites
e vitória.
Onde?
Edição de imagens publicadas em arquivos públicos de internet e
semelhantes.

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