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LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – LEI N.

12.376/2010

Art. 1º.Salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo País


45 (quarenta e cinco) dias após de oficialmente publicada.

§1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando


admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada.

§2º A vigência das leis, que os governos estaduais elaborem por


autorização do Governo Federal, depende de aprovação deste começará
no prazo que a lei estadual fixar.

§3º Se, antes de entrar em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores
começará a correr da nova publicação.

§4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Realmente, tirante previsão em contrário, a lei começará a vigorar


em todo o País somente quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada, consoante consta do “caput” do art. 1º da LINDB. Admite-se,
contudo, nos termos do que dispõe o §1º do dispositivo sob análise, a
obrigatoriedade da lei nacional em Estados estrangeiros, dito vigor apena
iniciar-se-á três meses da publicação havida.

A fim de que a lei vigore imediatamente, portanto, torna-se


indispensável que conste expressamente tal fato em seu corpo.

A “vacatio legis” corresponde ao lapso temporal em que a lei,


conquanto publicada, aguarda a data de início de sua vigência, face a três
hipóteses possíveis:

a) ter sido fixada uma data posterior para o momento de início de


seus efeitos;
b) dever entrar em vigor quarenta e cinco dias após a publicada, em
face da omissão de norma expressa;
c) estar pendente de regulamento, explícita ou implicitamente
(normas de eficácia limitada).
Adotou, portanto, a lei sob análise um prazo único.

A regra é que a norma, para ser aplicável, deve estar em vigência.


Contudo, excepcionalmente, tem-se o fenômeno da ultratividade, através
do qual uma norma, não mais vigente, permanece a vincular fatos
anteriores a sua retirada do sistema.

Tal circunstância ocorre, justamente, face a relações jurídicas que se


constituíram e se consolidaram sob a égide de determinada norma, não
havendo como, tecnicamente, afastá-la.

O próprio Código Civil de 1916, expressamente revogado pelo


Código Civil de 2002, continuará sendo aplicado pelo menos em processos
judiciais, por um bom tempo, enquanto ainda existirem relações jurídicas
consolidadas durante a sua vigência.

Quadro sinótico

As etapas descritas neste tópico, que antecedem a obrigatoriedade


da lei, podem ser sintetizadas no seguinte esquema:

1) ELABORAÇÃO;
2) PROMULGAÇÃO (“nascimento” da norma);
3) PUBLICAÇÃO (determina termo inicial da vacância);
“VACACIO LEGIS” (A Lei já existe, mas não incide sobre os fatos que
regula, não podendo ser aplicada)
4) VIGÊNCIA (início da obrigatoriedade).

“VACACIO LEGIS”

1) Regra geral (supletiva)


1.1) No Brasil: 45 dias
1.2) No Estrangeiro: 3 meses

2) Autodeclaração – prazo definido no texto da nova lei.

Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei entrará em vigor até


que outra a modifique ou revogue.
§1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente de que
tratava a lei anterior.

§2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

§3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.

Tenha-se que as normas jurídicas tendem sempre a uma duração


indeterminada, devendo ser consideradas como exceções as normas
temporárias (limitadas no tempo), razão pela qual apenas terão vigência
até que outra lei as altere ou revogue, por força do que determina o
“caput” do dispositivo sob comento.

Ao ensejo, o que significa revogação?

Num determinado ordenamento jurídico, as normas podem perder


a sua vigência, passando a não pertencer ao sistema, fato que, sob a
perspectiva temporal, é chamado REVOGAÇÃO.

Sistematiza-se, portanto, dessa forma, a revogação de uma lei:

Expressa – quando a nova norma enuncia a revogação dos dispositivos


anteriores. Ex: CC-02, art. 2045.

Tácita – quando, conquanto não enunciando a revogação, a nova norma


disciplina a matéria de forma diferenciada da regra original, tornando
ilógica a sua manutenção.

No que respeita ao nível de abrangência da revogação, poderá ser


total ou parcial, o que se convencionou chamar de ab-rogação ou
derrogação, respectivamente.

É possível estabelecer, ainda, algumas regras reguladoras da


revogação:

(Critério hierárquico -“Lex superior derrogat inferiori”) – a que dispõe


formal e materialmente, sobre a edição de outras normas prevalece sobre
estas. Trata-se, por exemplo, do confronto entre a Constituição Federal e
uma lei ordinária. A norma constitucional é superior a todas as outras
normas, que têm nela o seu fundamento de validade.

(Critério cronológico - “Lex posterior derrogat priori”) – se normas do


mesmo escalão hierárquico estiverem em conflito, prevalecerá a mais
recente. Tal critério limita-se à solução de antinomias entre normas
pertencentes ao mesmo escalão, isto é, de mesmo nível hierárquico,
como, por exemplo, para solucionar o aparente conflito entre Leis
8.971/94 e a Lei 9.278/96.

Critério da especialidade -“Lex especialis derrogat general” – a norma


especial revoga a geral no que esta dispõe especificamente. Um bom
exemplo de aplicação deste critério é a Lei 8.078/90 (Código de Defesa do
Consumidor), que, no que concerne às relações de consumo e reparação
de danos provocados por fornecedores de produtos e serviços, prevalece
sobre o Código Civil.

De falar-se que o fenômeno da repristinação, concebido como a


restauração da lei revogada pela revogação de sua revogadora, não é
aceito, ordinariamente, pelo nosso ordenamento jurídico (LINDB, art.
2º§3º).

Tenha-se como exemplo: imagine-se que a lei X determine o


exercício de determinada atividade, vindo tal lei a ser substituída, por
meio de revogação total (expressa ou tácita), pela lei Y. Surgindo tempos
depois, uma lei Z, que simplesmente revoga a lei Y, sem dispor nada sobre
a matéria, não será possível ressuscitar (repristinar) a lei X. Ainda que seja
editada nova norma, com o mesmo conteúdo da lei X, não será esta que
estará reaparecendo, mas sim somente um novo regramento, coincidente
com o mesmo perfil de outrora.

Contudo, excepcionalmente, é possível, sim, haver repristinação,


desde que haja disposição expressa nesse sentido.
Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Para que uma norma, em regra, seja aplicável, é preciso que esteja
vigente.

Tal vigência emerge para o Direito, com a publicação no Diário


Oficial, o que faz presumir o conhecimento de todos sobre a regra.

Por uma ficção jurídica, prevista no art. 3º desta lei, ninguém se


escusa de cumprir a lei asseverando que não a conhece.

Conquanto se saiba que tal conhecimento absoluto da regra, sob a


perspectiva material, jamais poderá acontecer no mundo real, trata-se de
um postulado para a garantia do interesse público, não se admitindo, em
regra, o erro de direito.

A obrigatoriedade da lei, pois, somente surge a partir de sua


publicação oficial, mas esse fato não implica, necessariamente, vigência e
vigor imediatos.

Embora não seja possível alegar ignorância da lei para evitar sua
observância, o falso conhecimento da lei (erro de direito “error juris”)
pode ser alegado como circunstância atenuante da pena no campo do
direito pena. No campo das relações negociais, pode provocar sua
invalidação desde que, tendo sido o único motivo para a prática do ato,
afete a manifestação da vontade, viciando o consentimento sobre norma
dispositiva, conforme preconiza o art. 139 do CC/02.

Art 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

Quando inexiste lei a aplicar diretamente ao caso, deve o


magistrado se valer de outras fontes do Direito, com o fito de encontrar a
regra que efetivamente deve disciplinar a relação jurídica submetida à sua
apreciação.
A tais fontes supletivas, apontadas no dispositivo acima, acresçam-
se a doutrina, a jurisprudência e a equidade.

Quadro sinótico

Analogia (aplicação a casos semelhantes a mesma regra de direito)

Requisitos

Falta de previsão legal para o caso.

Semelhança entre o caso contemplado e o não contemplado em lei.

Identidade jurídica em lei

Espécies

Analogia legal (“legis”) – aplicação de apenas uma norma semelhante à


hipótese não prevista em lei. Conquanto o art. 167, parágrafo único, do
Código Tributário Nacional assegure ao contribuinte o direito à
compensação, nada dispõe sobre a incidência de juros neste caso. Para
suprir a lacuna, pode-se utilizar o que prescreve o art. 161, parágrafo
único do mesmo diploma legal (que trata da taxa de juros para o caso de
mora no pagamento dos tributos devidos à Fazenda Nacional), para
justificar a postulação da mesma taxa de juros (1% ao mês).

Analogia jurídica (“juris”) – aplicação de um conjunto de normas de onde


se extraem elementos, semelhantes à hipótese não prevista em lei. Como
o contrato de hospedagem não se encontra expressamente regulado em
nosso sistema jurídico, é considerado atípico, sendo possível ao juiz
invocar normas atinentes ao contrato de depósito, prestação de serviços
ou compra e venda para solucionar eventuais litígios.

Quando utilizar – Identidade na essência entre o caso contemplado e o


não contemplado em lei.

Quando não se deve utilizar – Leis que imponham sanções ou penalidades


como as normas tributárias e de trânsito.
Costume

Elemento objetivo (externo) – uso continuado de determinada prática ao


longo do tempo.

Elemento subjetivo (interno) – convicção da necessidade jurídica (“opinio


necessitatis”).

Espécies

“Secundum legem” – costume expressamente referido na lei, outorgando-


lhe eficácia obrigatória.

“Praeter legem” – costume de caráter supletivo que se destina a suprir a


ausência ou omissão legislativa.

“Contra legem” – Costume contrário a lei.

Atenção! No direito brasileiro a lei não perde a sua eficácia pelo não uso,
isto é, pelo fato de permanecer por longo tempo inaplicada ou
inobservada (desuetudo). No mesmo sentido, prática reiterada em sentido
contrário não tem força para revogar a lei.

Princípios gerais de direito

Ao longo do tempo, vários desses princípios passaram a integrar


nosso direito positivo, como no caso da vedação do enriquecimento sem
causa (art. 876, 884 e 1.216), presunção da boa-fé (art. 113 e 422),
proibição de causar prejuízo a outrem (art. 186), todos previstos no código
civil vigente. Contudo, a maioria permanece implícita no sistema como o
da exigência de justa causa nos negócios jurídicos, proibição de se invocar
a própria malícia em benefício próprio, exigência que as obrigações
contraídas devam ser cumpridas, equilíbrio contratual, interpretação de
modo mais favorável ao devedor, dentre tantos outros.
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige às exigências do bem comum.

A interpretação judicial, fulcrada no mencionado dispositivo, busca,


outrossim, atualizar o entendimento da lei, dando-lhe uma interpretação
atual que atenda aos reclamos das necessidades do momento histórico
em que está sendo aplicada.

Em tal ponto, toda construção jurisprudencial sobre certos


conceitos jurídicos enseja compreender o conteúdo socialmente vigente
da lei. Um caso típico em que a modificação da interpretação pretoriana
alterou o alcance social da norma deu-se, por exemplo, com o
entendimento a respeito da presunção de violência na conjunção carnal
com menor de quatorze anos, que era considerada, anteriormente, como
absoluta, e hoje já se assenta no sentido de admitir prova em contrário.

Classificação

Interpretação gramatical ou literal: para alguns, a primeira fase de


todo e qualquer processo interpretativo, porquanto restrita apenas a
aspectos linguísticos (etimologia da palavra, pontuação, etc...), ou seja,
fulcrada na busca do sentido e alcance das palavras isoldas ou
sintaticamente consideradas.

Interpretação lógica: método que busca eliminar contradições,


focando-se na busca por coerência mediante utilização de regras
dedutivas ou indutivas de raciocínio, para compreender o significado da
norma em toda a sua extensão.

Interpretação sistemática: método que considera a norma analisada


juntamente com as demais integrantes do mesmo ordenamento jurídico,
buscando contextualizá-la direta ou indiretamente com todas as outras,
sem apartá-la do entendimento obtido pela delimitação de sentido das
demais. Pressupõe que o texto normativo não existe isoladamente e
sempre deve ser analisado em conjunto.
Interpretação histórica: método focado na consideração das
circunstâncias temporais e no contexto econômico, político e social que
justificaram a criação do texto normativo. Aqui, o intérprete analisa os
fatos que antecederam a propositura do projeto de lei, a sua exposição de
motivos e justificativa, atas das discussões e outros elementos que
permitem reconstruir o pensamento dominante ao tempo da edição da
norma.

Interpretação teológica: método que busca a finalidade social da lei,


adaptando-a às exigências da comunidade.

6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico


perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

§1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente


ao tempo em que se efetivou.

§2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou


alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício
tenha tempo pré-fixo ou condição preestabelece inalterável, a arbítrio de
outrem.

§3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão de que já não caiba
recurso.

O respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada,


imposto constitucionalmente (art. 5º, XXXVI, da CF) concretiza o princípio
de que as leis civis não têm retroatividade, uma vez que os seus efeitos
esbarram nessas situações.

A lei civil, portanto, assim como toda lei, em geral, é irretroativa.

Nas lides de natureza privada, geralmente, dois particulares litigam, cada


qual pretendendo “ultima ratio”, preservar o seu patrimônio ou seus
interesses pessoais. Por isso, as situações concluídas sob a égide de uma
lei civil, ainda que venham produzir efeitos futuros, constituem atos
jurídicos perfeitos, cuja impositividade uma lei posterior não poderá
retirar. Desse modo, celebrado um contrato no período de vigência de
determinada lei, as partes têm direito à aplicação da norma que dirigiu
sua formação, não podendo um dos contratantes invocar a aplicação de
uma lei posterior, sob o argumento de ser-lhe mais benéfica,
principalmente pelo fato de que a nova norma reguladora da anterior
poderá ser prejudicial aos interesses da outra parte. É, pois, incorreto
imaginar que a lei civil benéfica retroage.

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