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El capítulo analiza la conexión entre mito y ciencia, señalando que la ciencia moderna tuvo que separarse de la mitología para desarrollarse basada en la racionalidad. No obstante, Levi-Strauss considera que la ciencia debe reintegrar diferentes saberes. Examina también cómo la percepción y elaboración del pensamiento varían según la cultura. Finalmente, analiza un mito de los indígenas peruanos sobre gemelos y labios leporinos para mostrar cómo los mitos comparten elementos estructurales a pesar de las diferencias superficiales entre
Description originale:
resumo do livro mito e significado com comentários pessoais
El capítulo analiza la conexión entre mito y ciencia, señalando que la ciencia moderna tuvo que separarse de la mitología para desarrollarse basada en la racionalidad. No obstante, Levi-Strauss considera que la ciencia debe reintegrar diferentes saberes. Examina también cómo la percepción y elaboración del pensamiento varían según la cultura. Finalmente, analiza un mito de los indígenas peruanos sobre gemelos y labios leporinos para mostrar cómo los mitos comparten elementos estructurales a pesar de las diferencias superficiales entre
El capítulo analiza la conexión entre mito y ciencia, señalando que la ciencia moderna tuvo que separarse de la mitología para desarrollarse basada en la racionalidad. No obstante, Levi-Strauss considera que la ciencia debe reintegrar diferentes saberes. Examina también cómo la percepción y elaboración del pensamiento varían según la cultura. Finalmente, analiza un mito de los indígenas peruanos sobre gemelos y labios leporinos para mostrar cómo los mitos comparten elementos estructurales a pesar de las diferencias superficiales entre
Capítulo 1 – Mito e ciência Considera que existe conexão entre mito e ciência e que a ciência contemporânea considera que se deve reintegrar os saberes. A ciência moderna precisou romper com a mitologia e os sentidos para se autoconstruir a partir da racionalidade exacerbada que busca respostas no mundo material. Inato versus adquirido, a tabula rasa versus a projeção de sistemas biológicos do pensamento (Platão). Ele utiliza o exemplo da matemática com linhas e círculos e introduz a ideia de que as retinas são sensíveis a cores e formas e que a solução se encontra um ponto entre a estrutura do sistema nervoso e a experiência que é como a mente funciona na interpretação dessas percepções. Ele fala sobre como se percebe estruturalista, utilizando o exemplo de criança para falar sobre as estruturas de semelhança. “Estruturalismo é a busca de invariantes ou de elementos invariantes entre diferenças superficiais”. O estruturalismo é considerado revolucionário para a época, mas é na verdade muito antigo. E ele nas humanas é só uma imitação do que as ciências da natureza sempre fizeram. Estruturalismo ou reducionismo, a diferença entre as formas de ver da ciência. “(...) havia uma grande quantidade de regras de casamento em todo o mundo que pareciam absolutamente desprovidas de significado, e isso era ainda mais irritante quanto, se de facto não possuíam significado, deveria então haver regras diferentes para cada povo” Ele pensa como a repetição das regras do casamento, apesar de diferentes entre culturas, é um indicativo de uma não-desordem, mas sim de um sistema básico. Ele relaciona com os mitos quando percebe que eles parecem ser absurdos e desordenados, mas seguem uma repetição de ocorrências. Nominar é uma forma de ordenar. O plano real oferece uma desordem e a nominação das coisas é uma maneira de encontrar a ordem por detrás desse aparente caos. Caos e dersordem seriam o mito central da humanidade? A necessidade humana de controlar e ordenar a natureza seria o arquétipo comum da humanidade? É bem simbólico como a criação do universo vem de um caos desordenado (aparentemente da borbulhação que causou o big bang) que a partir da explosão virou o universo como existe atualmente. Essa é a explicação da ciência. Nas mitologias tudo também partiu do caos, e do nada – aquele ponto de explosão crucial, o ponto de partida de tudo – alguém criou tudo e começou a ordenar. O nascimento da consciência não seria esse big bang humano? “Falar de regras e falar de significado é falar da mesma coisa; e, se olharmos para todas as realizações da Humanidade, seguindo os registos disponíveis em todo o mundo, verificaremos que o denominador comum é sempre a introdução de alguma espécie de ordem.” PASSAAAAAAADAAAAAAAA. Ou seja, tudo isso é uma necessidade básica de ordem na esfera da mente humana ou a mente humana é apenas uma parte do universo e por isso existe ordem. De alguma forma a ideia de Levi-Strauss se conecta à de Edgar Morin quando o primeiro pensa que a ciência deve reintegrar diferentes aspectos, alargando o canal. Isso é o pensamento complexo, é incorporar as diversas facetas na compreensão geral. Capítulo 2 – Pensamento “primitivo” e mente “civilizada”: Ele já começa logo dizendo que existem duas formas de interpretar o pensamento primitivo, que nada mais é que o pensamento anterior à linguagem escrita, e que ambas estão erradas. Levi-Strauss fala que para Lévy-Bruhl e Malinowski analisam que o pensamento primitivo só atende à realização de necessidades básicas e é carregado de sentimento e se guia por mitologias, sem provas concretas. Ele discorda e considera que os povos primitivos são perfeitamente capazes de pensamento desinteressado, que não necessariamente está a serviço de realizar necessidades, mas a também de compreensão das coisas. “Devemos notar, no entanto, que, como pensadores científicos, usamos uma quantidade muito limitada do nosso poder mental. Utilizamos o que é necessário para a nossa profissão, para os nossos negócios ou para a situação particular em que nos encontramos envolvidos na altura. Portanto, se uma pessoa mergulha, durante vinte anos ou mais, na investigação do modo como operam os sistemas de parentesco e os mitos, utiliza essa porção do seu poder mental. Mas não podemos exigir que toda a gente esteja interessada precisamente nas mesmas coisas; daí que cada um de nós utilize uma certa porção do seu poder mental para satisfazer as necessidades ou alcançar as coisas que o interessam.” A forma de utilizar o pensamento muda de acordo com as necessidades. Atualmente utilizamos muito partes do pensamento e deixamos de utilizar outras (como o pensamento sensorial que é utilizado como exemplo no texto). A evolução das ferramentas tecnológicas teriam algo a ver com isso? Ele fala sobre como os setores da mente que são utilizados variam de acordo com a cultura. Depois passa para pensar como as culturas se desenvolveram, falando como o fato da humanidade ser pouca durante muito tempo, e viver isolada espalhada pelo planeta fez com que as culturas se diferenciassem. Foi um resultado de uma condição. Esse pensamento deixa de ser reducionista quando entende que as diferenças não devem ser minadas, elas são extremamente fecundas, e devem relacionar-se entre si. É uma relação entre percepção e elaboração. Capítulo 3 – Lábios rachados e gêmeos: a análise de um mito Ele traz que no Peru, segundo um missionário espanhol, os gêmeos e os lábios rachados eram responsáveis pelo mau tempo, e se perguntou “por que gêmeos? Por que lábios rachados?”. Segundo o autor, foi preciso análise de um mito norte americano para entender a particularidade dessa crença. O motivo de ter encontrado na América do Norte diz respeito ao fato de as tribos da América Central terem se dissipado por toda a América, incluindo a do Norte, e que por isso os mitos poderiam se espalhar e se relacionar com culturas de outras localidades. Ele justifica trazendo um mito em comum entre os Tupinambás e os índios peruanos sobre a mulher que deu à luz a gêmeos de pais diferentes, sendo um de seu marido um deus e outro de um farsante que se passa do marido. Comparando à versão americana e canadense, a diferença reside apenas que não são gêmeos, mas o mito também traz duas partes que nasceram em circunstâncias paralelas. Ele mostra que existe uma base muito comum entre esses mitos de diferentes tribos, que é a existência desses pares que apesar de gêmeos, são opostos. A parte do lábio leporino diz respeito a uma piada que a lebre fez em relação à genitália da mulher, que revidou dando uma porrada e dividindo o nariz e lábios. Se ela tivesse ido até o fim teria dividido a lebre em duas, criando gêmeos. “Estes dados clarificam evidentemente as conexões de que partimos ao considerar as relacionações descritas pelo padre Arriaga, no Peru, entre gémeos, pessoas que nasceram com os pés para a frente e pessoas com lábios rachados” Ele analisa o porquê da lebre ser considerada a sumidade entre os índios canadenses e pensa como a lebre é um animal superior dentro de sua família de animais. Levi- Strauss como bom estruturalista busca a base comum aos mitos, onde eles se encontram e se assemelham para depois entender as particularidades de cada. Ele divaga bastante sobre a questão de serem gêmeos, dissecando os possíveis motivos de porque os gêmeos são culpabilizados pelo mau tempo. De onde surgiu esse desvalor. O que tirar dessa reflexão: o mito presente entre os índios dessa região coloca a paridade dos gêmeos como algo incomum, e valoriza o gêmeo que nasce primeiro, colocando uma espécie de competitividade e vitória na questão. Bem americano, hein? Ele observa também a presença constante nos mitos no mundo todo da necessidade de um intermediário que faz a ponte entre a humanidade e as divindades. A lebre é uma criatura complexa na mitologia canadense, por não ser um gêmeo completamente dividido, mas é um gêmeo dentro de um corpo só. Capítulo 4 – quando o mito vira história Primeiro o autor fala que existe um problema encontrado pelos mitologistas. Há duas espécies de mitologias, em algumas se tem histórias desconexas e em outras histórias estruturadas e bem relacionadas. A hipótese é: por que algumas histórias recolhidas são desconexas e outras conectadas? Pode-se supor que a ordem coerente é a condição primitiva e que as histórias desconexas são devidas a desorganização e deteriorização do tempo e etc. ou que a desconexidade é a condição primitiva e foram postos em ordem em outro momento por outros indivíduos (da própria tribo provavelmente). “Tem-se precisamente o mesmo problema com a Bíblia, porque parece que o seu material de base era formado por elementos desconexos que depois foram reunidos por filósofos conhecedores para tecer uma história contínua.” O segundo problema que ele apresenta é o fato de essas histórias terem sido recolhidas por antropólogos, que apesar de frequentemente terem contado com a ajuda de nativos, são pessoas de fora da tribo. “Quando olhamos para este enorme corpo de mitologia índia que é o Tsimshian Mythology, de Boas e Tate, ou para os textos kwakiutl coligidos por Hunt, e organizados, publicados e traduzidos também por Boas, encontramos mais ou menos a mesma organização da informação, porque é a recomendada pelos antropólogos: por exemplo, ao princípio, mitos cosmológicos e cosmogónicos, e depois o material que se pode considerar como tradição lendária e histórias de família.” “Assim, é extremamente importante verificar se há diferenças (e, se houver, que tipo de diferenças) entre as tradições recolhidas do exterior e as coligidas do interior como se tivessem sido recolhidas do exterior.” A grande questão: o que se perde e o que se transforma nessa apuração e edição de lendas e histórias? “Com este material, podemos proceder a uma espécie de experiência, comparando o material recolhido pelos antropólogos com o directamente recolhido e publicado pelos Índios. Não deveria na verdade dizer «recolhido», porque em vez de apresentar as tradições de diversas famílias, diversos clãs, diversas linhagens, reunidas e justapostas umas às outras, o que se vê nos dois livros é realmente a história de uma família ou de um clã, publicada por um dos seus descendentes.” O grande problema: onde acaba a mitologia e começa a história? Ele faz um estudo comparativo entre duas histórias que apresentam os mesmos fatos porém divergem nos pormenores da forma como é contada. A peregrinação pelo rio Skeena. Em ambas histórias se tratam de duas aldeias que brigaram por causa de um adultério. A estrutura de existir um adultério é a mesma, o que muda é a forma como ocorreu, se foi com a esposa de alguém, com a irmã, se quem matou foi o marido, ou os irmãos. Mas a estrutura, a base, do mito é a mesma. Ele chama isso de minimito, por ser curto e condensado porém possuir a propriedade de mito. Quando se transforma um elemento, os demais ao redor precisam se adaptar às transformações nucleares. O que interessa a Levi-Strauss é esse primeiro elemento. Segundo ele as histórias são altamente repetitivas, e um mesmo elemento pode ser utilizado várias vezes. Modificando as condições específicas de cada região e cada cultura, como ele observa nas narrativas do chefe Wright e chefe Harris. O que ele quer dizer com tudo isso é que a separação que se pensa ser muito clara entre Mito e História na verdade não existe. Existe um meio intermediário onde essas histórias do exemplo se encontram. Segundo Levi-Strauss o mito é estático, é um mesmo elemento que se repete de diversas maneiras, enquanto a História é um sistema aberto. Por que sistema aberto? Porque a História é contada por um grupo a partir de supostos fatos, mas não apresenta uma base repetitiva, ela é supostamente linear e evolutiva, enquanto o mito é cíclico. “O que era enganoso nos antigos relatos antropológicos era a mistura que se fazia das tradições e crenças pertencentes a diversíssimos grupos sociais. Isto fez que se perdesse de vista uma característica fundamental de todo o material – que cada tipo de História pertence a um dado grupo, a uma dada família, a uma dada linhagem, ou a um dado clã, e tenta explicar o seu destino, que pode ser desgraçado ou triunfal, ou justificar os direitos e privilégios tal como existem no momento presente, ou, ainda, tenta validar reivindicações de direitos que já há muito desapareceram.” “Na nossa vida diária também não temos consciência de que nos encontramos precisamente na mesma situação relativamente a diversos relatos históricos, escritos por diferentes historiadores.” Reflexões interessantes. Se a história é uma sucessão de eventos e é linear, como podemos repeti-la? O relato histórico depende muito de quem o faz, qual a posição que ocupa diante do alegado fato. Levi-Strauss considera que a história é a substituição da mitologia atualmente, visto que para as sociedades pré-escrita a mitologia tem por finalidade assegurar que o futuro permaneça igual ao presente e passado. Ele acha que o muro entre história e mitologia pode ser penetrado se considerarmos a história não como separada da mitologia, mas como continuação desta. Capítulo 5 – mito e música A relação nada arbitrária entre mito e música. Se pensava, principalmente entre falantes da língua inglesa e francesa que mito e música não se relacionavam, ou se relacionavam de forma arbitrária, mas Levi-Strauss considera que essa relação se dá de duas formas, uma por similaridade e outra por contiguidade. A primeira, por similaridade, ele relaciona como a leitura de uma partitura musical, sendo impossível entender um mito como uma sequência contínua. Tem de se entender o mito como uma totalidade, e que a relação entre os elementos do mito não se encontra na linearidade de uma sequência de eventos, mas na soma de vários grupos de acontecimentos não lineares. Ler uma partitura significa entender que num todo se forma uma música, mas são vários instrumentos simultaneamente produzindo sons que juntos se organizam em uma melodia. Eles acontecem a partir de compassos, que não necessariamente seguem o mesmo tempo ou evoluem sequencialmente. É perfeitamente possível começar com 4/4 e em um determinado momento mudar para 6/8 e por aí vai. “Portanto, temos de ler o mito mais ou menos como leríamos uma partitura musical, pondo de parte as frases musicais e tentando entender a página inteira, com a certeza de que o que está escrito na primeira frase musical da página só adquire significado se se considerar que faz parte e é uma parcela do que se encontra escrito na segunda, na terceira, na quarta e assim por diante. Ou seja, não só temos de ler da esquerda para a direita, mas simultaneamente na vertical, de cima para baixo. Temos de perceber que cada página é uma totalidade. E só considerando o mito como se fosse uma partitura orquestral, escrita frase por frase, é que o podemos entender como uma totalidade, e extrair o seu significado.” Como isso acontece e por que? Ele considera que a contiguidade seja a chave para explicar esse fenômeno. “Na verdade, foi só quando o pensamento mitolólógico, não digo se dissipou ou desapareceu, mas passou para segundo plano no pensamento ocidental da Renascença e do século XVIII, que começaram a aparecer as primeiras novelas, em vez de histórias ainda elaboradas segundo o modelo da mitologia. E foi precisamente por essa altura que testemunhámos o aparecimento dos grandes estilos musicais, característicos do século XVII e, principalmente, dos séculos XVIII e XIX.” É justo nessa época que a musica passa a assumir uma formalidade, se apossa da função intelectual e emotiva que o pensamento mitológico abandonou nessa época. Confuso. Isso tudo ele ta falando da musica especifica desenvolvida na sociedade ocidental, como a conhecemos. Ele usa o exemplo de uma ópera de Wagner em que um motivo musical aparece repetidamente em diversos momentos da obra, mas sem aparente conexão com a cena. Só é possível entender o tema da renúncia ao amor quando se observa os momentos em que esse tema musical aparece ao longo de toda a ópera. É o que ele quer dizer com o mito. Só se pode conectar os elementos do mito ao entender ele como um todo. “O que eu gostaria de mostrar é que a única maneira de entender estas reaparições misteriosas do tema é juntar os três acontecimentos, ainda que pareçam muito diferentes, empilhá-los uns por cima dos outros, a ver se poderão ser tratados como um único e o mesmo acontecimento.” Tudo se relaciona ao entender que a espada e Brunilde servem como intermédios que levam o ouro de volta ao Reno. “Assim, a reaparição do tema mostra-nos algo que nunca foi explicado nos poemas, isto é, que há uma espécie de gemeidade entre Hagen, o traidor, e Siegfried, o herói.” A música aparece como uma outra linguagem na explicação da estrutura da história. Ou seja, o mito organizador da história onde se encontra a conexão entre os elementos. “Ouçam uma sinfonia: uma sinfonia tem um princípio, um meio e um fim; contudo nunca se entenderá nada da sinfonia nem se conseguirá ter prazer em escutá-la se se for incapaz de relacionar, a cada passo, o que antes se escutou com o que se está a escutar, mantendo a consciência da totalidade da música.” <3 E ainda adiciono, apesar da suposta linearidade, é preciso levar em conta a função de todos os instrumentos contidos na partitura, entender como eles se relacionam entre si e com a música na totalidade. Meu deus, música é uma coisa linda!!!!!!!!!!! “Há, pois, uma espécie de reconstrução contínua que se desenvolve na mente do ouvinte da música ou de uma história mitológica. Não se trata apenas de uma similaridade global. É exactamente como se, ao inventar as formas musicais específicas, a música só redescobrisse estruturas que já existiam a nível mitológico.” “A antítese ou antifonia continua pela história fora, até ambos os grupos estarem quase misturados e confundidos – um equivalente da stretta da fuga; finalmente, a solução ou clímax deste conflito surge pela conjugação dos dois princípios que se tinham oposto durante todo o mito. Pode ser um conflito entre os poderes de cima e os poderes de baixo, o céu e a terra, ou o sol e os poderes subterrâneos, e assim sucessivamente. A solução mítica de conjugação é muito semelhante em estrutura aos acordes que resolvem e põem fim à peça musical, porque também eles oferecem uma conjugação de extremos que se juntam por uma e última vez.” Não consigo nem resumir ou traduzir esse trecho nas próprias palavras. Apenas impactada. A musica não inventou do nada os estilos e as composições, ela foi inconscientemente buscar a estrutura do mito. Para Levi-Strauss, mas para mim faz todo o sentido. “É só pela combinação das notas que se pode criar música.” Ele coloca isso relacionando à composição linguística, fonemas e letras que por si só não possuem significado algum e apenas adquirem sentido se relacionados a outros elementos. Exemplo: podemos ter sílabas soltas, mas elas só adquirem sentido se forem unidas em uma palavra. Assim são as notas musicais, soltas são apenas sons desconexos, mas formam uma linguagem a partir do momento que se juntam. Com a pintura ocorre algo que vejo ser um tanto semelhante. Pinceladas soltas são como notas musicais ou letras e só na relação entre si formam uma figura, ou não-figura. Porque mesmo na literatura há palavras desconstruídas e reconstruídas, na música tem o noise, e na pintura o abstracionismo. Mesmo quando parecem desconexas, possuem um sentido. Passada. Mas ele considera que ao relacionar a linguística com a música ou mitologia sempre algo se perde, existe uma constante falta. A música vai direto dos fonemas para a frase, a mitologia não possui um equivalente para os fonemas. A linguagem se encontra como ponto de partida, por ser a estrutura mais complexa entre as 3 – possui fonemas (os sons), palavras (união dos sons em forma escrita) e frase (composição dotada de sentido). “Se tentarmos entender a relação entre linguagem, mito e música, só o podemos fazer utilizando a linguagem como ponto de partida, podendo-se depois demonstrar que a música, por um lado, e a mitologia, por outro, têm origem na linguagem, mas que ambas as formas se desenvolveram separadamente e em diferentes direcções: a música destaca os aspectos do som já presentes na linguagem, enquanto a mitologia sublinha o aspecto do sentido, o aspecto do significado, que também está profundamente presente na linguagem.” Saussure nos mostra que a linguagem é feita de sons e significados. “Na música, é o elemento sonoro que predomina, e no mito é o significado.” Ele considera que música e matemática são os únicos aspectos inatos do cérebro. Acho controverso, mas consigo ver o quão estranho é alguém pensar musicalmente. Ouvir sons na própria mente que não vieram de um pré-conhecimento externo. Sempre penso que criar musicalmente é traduzir um som mental. Mas penso também nos climas, como é possível entender gêneros musicais a partir da região geográfica de onde vêm. Como são específicos. Será que existe conexão entre pensamento musical e geografia/clima? “Mas, actualmente, estamos perante algo que, do ponto de vista lógico, é bastante semelhante ao que aconteceu quando o mito desapareceu como género literário, para ser substituído pelo romance. Estamos a testemunhar o desaparecimento do próprio romance. E é bastante provável que o que aconteceu no século XVIII, quando a música assumiu a estrutura e a função da mitologia, se esteja a passar de novo agora, agora que a denominada música serial substituiu o romance como género, no momento em que este está a desaparecer da cena literária.” Reler para entender melhor!!