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Na segunda edição da Doutrina do Ser (1832), Hegel desenvolve essa aporia a partir da
consideração histórica de que o início na filosofia veio a significar, de fato, duas coisas
distintas. De acordo com o significado objetivo, o início é o princípio (aristotelicamente,
a causa primeira) de tudo – “a água, o uno, o nous, a ideia – a substância, a mônada
etc.” (HEGEL, 2016, p.69). Num segundo significado, assumem-se como princípios
“pensar, intuir, sentir, Eu, a própria subjetividade”, os quais, na filosofia antiga,
apareciam na função de critérios para a avaliação do filosofar dogmático. Se o início
tem o significado objetivo de princípio, então o início concreto da exposição aparece,
ele mesmo, como algo subjetivo e, portanto, contingente com respeito ao que é
verdadeiro. Mas a modernidade não pode aceitar que a verdade seja um processo
objetivo pré-dado, a saber, independente da atividade e da fruição da consciência. Na
metafísica antiga e moderna, o pensamento abstrato se interessou apenas pelo princípio
no sentido objetivo, mas, na medida em que a formação do espírito progrediu, chegou-
se a reconhecer a atividade subjetiva (o lugar da certeza), como momento essencial da
verdade. Isso conduziu à exigência de que o método da apresentação tivesse que se
unificar com o conteúdo, a forma, com o princípio. Por conseguinte, o princípio deve,
ao mesmo tempo, ser início. Para Hegel, a filosofia de Fichte foi aquela que, no início
da ciência, primeiramente unificou o significado objetivo com o significado subjetivo.
O princípio objetivo é também o primeiro no sentido subjetivo; inversamente, o
primeiro para o pensar puro, o qual faz de si o princípio, é também o primeiro no
andamento do pensar.
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HEGEL, G.W.F. Ciência da Lógica. 1. A Doutrina do Ser. Petrópolis: Vozes, 2016.
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Investiguei detalhadamente essas formas distintas de justificação num artigo meu: ORSINI, F. “C’è
un’ontologia del pensare oggettivo?”. System und Logik bei Hegel. 200 Jahre nach dem Wissenschaft der
Logik. L.Fonnesu, L.Ziglioli (Orgs.). Hildesheim: Olms, 2016, pp.133-153.
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Sobre as questões levantadas pela “exposição simples” (HEGEL, 2016, p. 72) do início, remeto a minha
análise: ORSINI, F. “Sobre a ideia não pragmatista do início da filosofia em Hegel”. Anais da XV Semana
Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS, vol. 3, pp.188-205.
1
O terceiro tipo de justificação é a justificação inerente à circularidade da ciência lógica
(§§11-16).
Em ambos os casos, a ideia já é, no início, somente para nós - para os filósofos que
chegaram ao saber absoluto – o que ela se torna no fim de seu desenvolvimento. Para si
mesma, todavia, a ideia ainda não parece estar plenamente realizada em seu início,
porque ela ainda não se apresenta como desdobrada na completude de todos seus
aspectos.
Por que o que vem por último na ordem da apresentação é fundamento, por assim dizer,
do que vem anteriormente? Por que Hegel persegue esse método de fundamentação?
2
suposição, circularidade), descritos por Sexto Empírico (II-III d.C.) nos Esboços
Pirrônicos. Hegel se confrontou explicitamente com esses tropos no escrito juvenil
Sobre a relação do ceticismo com a filosofia (1802). Especialmente o segundo (a
regressão infindável da relação fundamento-consequência), o terceiro (a relatividade de
todas as determinações), e o quarto (um primeiro termo pressuposto não está provado, e,
por isso, pode-se lhe contrapor algo diferente) desses tropos são justamente os
argumentos com os quais a circularidade não viciosa do saber filosófico deve acertar as
contas4.
3
nada, nada no céu, ou na natureza, ou no espírito” (ibid. p. 70), que não seja tanto
imediato quanto mediado. Isso também ecoa no tratamento da proposição especulativa,
segundo a qual cada proposição lógica contém tanto a imediatidade quanto a mediação.
Apesar da mudança do plano do sistema, Hegel pretende manter o laço entre Lógica e
Fenomenologia. Acerca da “certeza que se tornou verdade” (ibid. p. 71), Hegel diz que
ela não apenas interioriza o objetivo, mas também que o saber renunciou a si como mera
aniquilação daquilo que é objetivo, de modo que a certeza “exteriorizou” (no sentido de
que deixou sair de si) “essa subjetividade e é unidade com sua exteriorização” (ibid. p.
71). Trata-se, para Sobotka, de uma aceno à corporeidade e à práxis social envolvida na
ciência filosófica. No saber puro, não apenas a objetividade está suprassumida, mas
também está suprassumida a subjetividade no sentido de uma mera negação do objetivo.
Por fim, Hegel discute criticamente em três tipos de justificação decorrentes das
filosofias da reflexão: o início com a representação do início (§§19-27), o início
fichteano com o Eu (§§28-30), o início intuitivo com Deus, ou seja, com o absoluto
(§§31-32).
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O argumento contra o início com o Eu aponta que a expressão “Eu” é afetada por uma
“incômoda ambiguidade” (§29, p. 79), pela qual o Eu pode significar duas coisas
distintas: o Eu subjetivo contraposto ao objetivo, ao Não Eu, e o Eu absoluto, o qual
seria o princípio originário da divisão em um polo subjetivo e num polo objetivo do
saber. O Eu subjetivo não pode ser um início absoluto da ciência, porque é um relativo,
um condicionado. Por outro lado, o Eu absoluto ou puro tem a desvantagem de ser “algo
desconhecido à consciência comum” (§28, p. 79), precisando, por isso, de uma
justificação, que Hegel caracteriza como o “movimento progressivo do Eu concreto da
consciência imediata até o saber puro” (§28, p. 79). Sabemos que Hegel pretende ter
dado a exposição objetiva desse movimento na Fenomenologia do Espírito, enquanto
que Fichte, para Hegel, não teria oferecido essa mediação, limitando-se a recorrer à
noção de “intuição intelectual” à maneira de um “postulado subjetivo” (§28).
Não é possível avaliar a relevância do ceticismo para o método dialético da ciência sem
considerar as razões que Hegel oferece para a superioridade do ceticismo antigo sobre o
ceticismo moderno. O mérito maior do ceticismo antigo ou pirrônico consiste em seu
método geral: o método de contrapor proposições ou argumentos igualmente fortes em
ambos os lados de qualquer problema que possa surgir, produzindo assim um equilíbrio
justificativo entre os dois lados do problema. Trata-se do método da equipolência
(isostheneia, ou seja, “igual força em ambos os lados”), usado pelos céticos como meio
para induzir a suspensão do juízo (epoché) sobre os assuntos colocados e decididos
pelos dogmáticos.
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A finalidade do método permite destacar uma diferença importante entre o ceticismo antigo e o ceticismo
moderno. O primeiro considera a suspensão da crença como uma fonte de quietude, ao passo que o
ceticismo moderno, por ele prezar a firmeza da crença e o conhecimento da verdade, considera qualquer
coisa que induza a suspensão da crença como uma fonte de desconforto mental. Por causa disso, Hegel
rejeita a associação da noção de “dúvida” ao ceticismo antigo, porque a dúvida caracteriza uma oscilação
que é fonte de angustia para o cético moderno no momento em que se chega a uma condição – a
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equipolência é um método no sentido de um procedimento para a suspensão de crenças
que não requer a retenção de outras crenças ou a fixação de outras teses que sirvam de
base para o ataque contra as crenças a serem minadas. Os tropos (ou padrões de
argumentação) dos céticos não devem ser proposições e o ceticismo não deve envolver
uma preferência por algumas teses em detrimento de outras. Essa radicalidade do
método cético é justamente o fator que lhe permite ter a generalidade de aplicação que
se requer para ele ser um método no primeiro sentido.
O ceticismo moderno, para Hegel, não está fundamentado num método em qualquer um
desses três sentidos. Ao contrário, assenta-se num grupo de problemas específicos – no
triplo sentido correspondente de problemas que surgem para alguns tipos de teses ou
crenças, mas não para outros, de problemas que não são levantados em função de
qualquer finalidade positivo, mas somente porque eles parecem exigir uma solução, de
problemas que repousam essencialmente sobre a pressuposição da correção de certas
outras teses ou crenças. Normalmente, os problemas específicos do cético moderno
concernem à legitimação de proceder de teses sobre um certo tipo de assunto, cujo
conhecimento se presume absolutamente ou relativamente não problemático, para teses
sobre um segundo tipo de assunto, cujo conhecimento não é percebido como óbvio na
mesma maneira. Uma vez, o assunto não problemático podem ser os próprios estados
mentais, e o assunto problemático, o mundo externo. De outra vez, o assunto não
problemático pode ser o mundo externo, e o problemático, o âmbito dos objetos da
crença religiosa.
Para Hegel, esse problema cético está assentado em suposições dogmáticas que o
ceticismo antigo teria submetido a uma destruição cética através do método de
equipolência. Hegel destaca três suposições dogmáticas.
suspensão do juízo – que o cético antigo não somente não achava indesejável, mas ambicionava até
mesmo atingir.
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suposição que Hegel tem em vista quando observa (no ensaio de 1802 e na Observação
ao §39 da Enciclopédia) que o ceticismo moderno se apega aos fatos da consciência
como a uma fonte de certeza inegável. Os céticos modernos supõem que os conteúdos e
os atos mentais sejam isentos de dificuldades céticas, e assim se sentem justificados a
reterem crenças sobre eles como base para montarem um ataque cético às crenças sobre
o mundo externo.
Objeção 1: não existe uma maneira de gerar uma dúvida cética sobre os próprios
estados mentais.
De acordo com o primeiro argumento, o cético antigo diferenciaria sua posição daquela
do cético moderno com base no fato de que o cético moderno, diversamente dele,
visualiza esses estados como um certo tipo de realidade. O segundo argumento é que o
cético moderno, diferentemente do antigo, considera esses estados como um tipo de
realidade certa. Examinemos esses dois argumentos.
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poderia objetar que, mesmo duvidando de tudo, proposições como “eu duvido” ou “me
parece” são certas e mostrariam ao cético a realidade e a objetividade da atividade de
pensar. O argumento de que o cético antigo coloca o puro aparecer em lugar do ser é
usado contra essa objeção onde Hegel escreve que as fórmulas citadas são apenas “a
aparência formal de uma afirmação (der formelle Schein einer Behauptung)”9 e, por
isso, não oferecem a base para uma crítica válida, porque o ceticismo antigo não
considera a mera subjetividade e o aparecer como algo real ou objetivo. Por
conseguinte, Hegel percebe que os céticos antigos não consideravam suas enunciações
sobre os fenômenos como afirmações ou expressões de crenças, uma vez que afirmar ou
crer que p significa essencialmente afirmar ou crer que p representa a realidade, ou seja,
expressa a verdade. Resumindo a linha do primeiro argumento, os ‘fatos da consciência’
são, para Hegel, uma questão de certeza, mas apenas de certeza, não de verdade10.
Essas colocações de Hegel enfrentam dois problemas. Primeiro, a tese de que o cético
antigo é impulsionado a aplicar o método da equipolência ao “é” de sua posição
filosófica pressupõe que ele, antes de tudo, conceba seus pensamentos como
pertencendo à realidade, e isso está em conflito com a tese anterior de que o cético
antigo não concebia seus pensamentos como parte integrante da realidade. Segundo,
Sexto Empírico rejeita explicitamente a inclusão dos fenômenos dentro dos objetos do
ataque cético, de modo que a tese de Hegel, por estender a incerteza aos fenômenos,
estaria viciada por uma interpretação equivocada do ceticismo pirrônico.
Perante esses problemas, pode-se sugerir que o segundo argumento de Hegel deva ser
entendido não como um argumento sobre aquilo que, de fato, Sexto Empírico tinha a
dizer sobre os fenômenos, mas sim como um argumento sobre como a lógica da posição
de Sexto Empírico teria exigido que ele tratasse o problema do fenômeno, se ele tivesse
desenvolvido uma concepção do fenômeno como parte da realidade.
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HEGEL (1969), TW 2/248.
10
HEGEL (1969), TW 19/361.
11
HEGEL (1969) TW 2/248: “Durch die Wendung des Skeptizismus gegen das Wissen überhaupt wird er,
weil er hier ein Denken einem Denken entgegensetzt und das "Ist" des philosophischen Denkens
bekämpft, darauf getrieben, ebenso das "Ist" seines eigenen Denkens aufzuheben”.
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HEGEL (1969) TW 2/238: “Diese zehn Artikel… sind… gegen den Dogmatismus des gemeinen
Bewußtseins selbst gerichtet; sie begründen die Ungewißheit über die Endlichkeiten, womit es bewußtlos
befangen ist, und diese Indifferenz des Geistes, vor der alles, was die Erscheinung oder der Verstand gibt,
wankend gemacht wird”.
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Assim entendido, o argumento é o seguinte: na medida em que o cético concebia os
fenômenos como reais na natureza e concebia as expressões corretas deles como
verdadeiras, a lógica de sua posição devia levá-lo a exigir que ele aplicasse o método da
equipolência às declarações sobre seus próprios fenômenos, tratando-as como teses
sobre qualquer outro assunto referente à existência real das coisas. Por conseguinte, a
extensão hipotética do método de equipolência aos fenômenos (e aos enunciados que os
relatam) introduz o fator de incerteza nos fenômenos, porque o método requer que o
cético não aceite os fenômenos como uma esfera de realidade certa (inquestionável,
autoevidente) à maneira do cético moderno, mas antes que submeta suas afirmações
sobre os fenômenos ao mesmo procedimento cético que vale para todas as outras
afirmações sobre a realidade.
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Pode-se observar que o princípio da transparência da mente está associado ao projeto cartesiano de
fundamentar uma epistemologia assentada num conjunto de três suposições ou ‘fundamentos’: (i) as
condições do conhecimento são universais e imutáveis; (ii) elas são a posse de uma mente ou de uma
consciência; (iii) a mente pode ganhar acesso às condições do conhecimento por meio de uma
autorreflexão, pode estabelecer a legitimidade delas e sua própria autoridade à maneira de um juiz que
avalia a adesão ou o desvio das mesmas condições.
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posição da Nova Academia, cujos seguidores afirmam que nenhuma coisa pode ser
apreendida.
A essa altura, cabe se perguntar: supondo que o cético antigo estenda seu ataque cético
aos fenômenos, seria possível para ele manter algum tipo de identificação com uma
visão das coisas que sustentaria sua posição filosófica e a coerência de sua conduta?
Hegel aponta para uma maneira em que o ceticismo pode manter sua coerência, a saber,
continuar a guiar-se filosoficamente e praticamente por pensamentos sobre fenômenos,
sob a condição de entender que esses pensamentos implicam um regresso infinito de
qualificações do tipo “parece-me”. Por exemplo, ao invés de se guiar simplesmente pelo
pensamento “parece-me justo sacrificar a Zeus”, o cético guiar-se-ia por esse
pensamento sob a condição de reinterpretá-lo de modo a implicar qualificações
ulteriores “parece-me que me pareça justo sacrificar a Zeus” e assim por diante ao
infinito. Hegel parece ter em mente esse regresso como a única opção à disposição dos
céticos que concebam seus fenômenos como constituintes potenciais da realidade, onde
ele critica o ceticismo moderno que concebe seus estados mentais como a “posse de
uma representação (Besitz einer Vorstellung)”, e a representação, como um algo: “Não
se encontra expresso em nenhum lugar que esse ceticismo seria coerente o suficiente
para mostrar que nenhuma pessoa racional supor-se-ia na posse de uma representação
de algo; na medida em que até mesmo a representação é um algo, a pessoa racional
pode supor que possui apenas a representação da representação, não a própria
10
representação, e, de novo, nem mesmo a representação da representação, pois essa
representação da segunda potência também é algo, mas somente a representação da
representação da representação e assim por diante ao infinito (tradução minha)”14.
Hegel ressalta essa terceira suposição no ensaio de 1802 onde observa que “de acordo
com esse ceticismo moderno, a faculdade humana do conhecimento é uma coisa que
tem conceitos, e, porque não tem nada senão conceitos, ela não pode sair em direção às
14
HEGEL (1969) TW 2/254: “Es äußert sich nirgends, daß dieser Skeptizismus so konsequent wäre, zu
zeigen, daß auch kein Vernünftiger sich im Besitz einer Vorstellung von etwas wähnen werde; indem ja
die Vorstellung auch ein Etwas ist, kann der Vernünftige nur die Vorstellung der Vorstellung, nicht die
Vorstellung selbst, und wieder auch nicht die Vorstellung der Vorstellung, da diese Vorstellung der
zweiten Potenz auch ein Etwas ist, sondern nur die Vorstellung der Vorstellung der Vorstellung usf. ins
Unendliche zu besitzen wähnen”.
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HEGEL (1969), TW 2/248: “Was der neueste Skeptizismus immer mitbringt, ist...der Begriff einer
Sache, die hinter und unter den Erscheinungssachen liege... er [scil: der alte Skeptizismus] für sich bleibt
bei der Subjektivität des Erscheinens stehen. Diese Erscheinung ist ihm aber nicht ein sinnliches Ding,
hinter welchem von dem Dogmatismus und der Philosophie noch andere Dinge, nämlich die
übersinnlichen behauptet werden sollten. Da er sich überhaupt zurückhält, eine Gewißheit und ein Sein
auszusprechen, so hat er schon für sich kein Ding, kein Bedingtes, von dem er wüßte”.
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coisas que estão fora dela; ela não pode investigá-las nem explorá-las, - pois ambas
são... diversas segundo a espécie.”16
Hegel acha que essa terceira suposição é compartilhada pelo ceticismo antigo, porque
esse também assume a dicotomia entre conceitos e suas instâncias no mundo. Essa
suposição é relevante porque forma a base de um tipo específico de aporia de
equipolência colocado pelos céticos: uma aporia em que, fazendo a suposição em
questão, os céticos perguntam se conceitos particulares (deus, o intelecto, o lekton dos
estoicos) têm instâncias e, então, trazem argumentos de igual força aos dois lados da
questão, a fim de motivarem uma suspensão do juízo sobre a questão.
O ser apresenta-se de modo triplo: em primeiro lugar, como esfera do elemento lógico
contraposta à essência; em segundo lugar, como uma progressão de categorias pelas
quais o ser se determina no interior de si mesmo (qualidade – quantidade – medida); em
terceiro lugar, como imediato absolutamente abstrato, ser puro ou sem determinações.
Note-se que essa divisão esquemática das determinações do ser não pretende oferecer
uma definição inicial do ser, mas somente propiciar para a representação uma visão de
conjunto do conteúdo da Doutrina do Ser. A justificação dessa divisão se encontra
somente na dedução das determinações do ser a partir da negação do ser puro.
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HEGEL (1969), TW 2/253: “Nach diesem neuesten Skeptizismus ist das menschliche
Erkenntnisvermögen ein Ding, das Begriffe hat, und weil es nichts hat als Begriffe, kann es nicht zu den
Dingen, die draußen sind, hinausgehen; es kann sie nicht ausforschen noch auskundschaften, - denn beide
sind... spezifisch verschieden”.
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Referências bibliográficas:
ORSINI, F. “C’è un’ontologia del pensare oggettivo?”. System und Logik bei Hegel.
200 Jahre nach dem Wissenschaft der Logik. L.Fonnesu, L.ziglioli (Orgs.). Hildesheim:
Olms, 2016, pp.133-153.
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