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C u r s o E FA / S e c u n d á r i o – 2 0 0 9 / 1 0
filamentos com os mais diversos metais, mas nenhum resultava. Edison continuou a investigar e
decidiu testar a sua sorte com fibras carbonizadas, recolhendo cerca de 6000 amostras provenientes de
todo o mundo e testando-as sistematicamente para verificar se serviam para o seu propósito. Upton
também estava com dificuldades. Depois de quase 2000 tentativas, alcançaram o êxito na noite de 21
para 22 de Outubro de 1879, utilizando algodão carbonizado como filamento, numa lâmpada que
trabalhou mais de 40 horas ininterruptamente. A Era da Luz eléctrica tinha começado.
Tal invento alterou o mundo e o “mago de Menlo Park” alcançou a fama. Mas Edison ainda queria
mostrar que a sua invenção também funcionava em grande escala. Em Maio de 1880, apetrechou o
barco a vapor Columbia com uma instalação completa de luz eléctrica. Depois, para substituir
completamente os candeeiros a gás, Edison criou um sistema de fornecimento público de electricidade,
que incluía o gerador, o cabo, as tomadas e as lâmpadas. O seu próximo objectivo foi criar uma central
eléctrica, que começou a funcionar em 1882 em Pear Street (N.Y.) Cada um dos geradores a vapor,
chamados “jumbos” pesava 27 toneladas e gerava uma corrente de 110 volts – a mesma que se utiliza
ainda em muitos países. A central de Nova Iorque fornecia corrente eléctrica a quase 5000 lâmpadas.
Edison tinha alcançado o êxito. Apenas em 3 anos conseguira aplicar o seu princípio da lâmpada de
incandescência.
A nível do mecanismo, o mais complicado era que o filamento tinha que se acender o máximo
possível, mas sem chegar a incendiar-se. O filamento é um condutor eléctrico: quando a corrente
passa, os electrões chocam contra os átomos que passam e deste choque resulta a libertação de parte da
sua energia. Como resultado, o movimento dos átomos é cada vez maior e o filamento condutor
acende-se. Como a temperaturas mais elevadas o filamento de carvão vai aumentando a sua
condutividade, e com isto aumenta também a intensidade da corrente, Edison teve de limitar a fonte
da energia eléctrica. Caso não o fizesse, o filamento queimar-se-ia. No início, os filamentos de Edison
tinham de ser pulverizados e no interior da lâmpada formava-se coque (que a escurecia). Para resolver
a situação, mais tarde passaram a usar-se filamentos metálicos, com os quais se podia deixar de limitar
a corrente eléctrica. A lâmpada incandescente passou a ter uma produção massificada em todo o
mundo. A sua duração e eficácia luminosa aumentaram enormemente com os filamentos metálicos em
volfrâmio, que atingem uma temperatura de fusão de 3000 graus célsius. Uma nova forma de
filamento permitiu uma eficácia ainda maior: a espiral, que seria substituída por outra forma derivada:
a espiral dupla.
Em 1887, Edison abriu uma nova fábrica em West Orange (New Jersey). Até aos anos 90 do séc.
XIX, o seu novo consórcio, a “Edison General Electric Company” teve o monopólio da produção de
lâmpadas. Edison converteu-se num grande empresário e começou a preparar as bases para um
projecto de enormes proporções: a electrificação da Terra. As redes eléctricas multiplicaram-se pelo
mundo fora e, juntamente com as lâmpadas, surgiram cada vez mais aparelhos eléctricos para uso
doméstico. As pessoas habituaram-se rapidamente às comodidades proporcionadas pela Era da
Electricidade. Contudo, actualmente sabemos que a bênção da electricidade tem o seu preço: o uso
excessivo e irresponsável deste tipo de energia constitui um dos grandes problemas actuais, com
custos económicos, sociais e ambientais. Poupar energia: uma obrigação do futuro, pois a energia
eléctrica é necessária para manter determinado estilo de vida. A electricidade é um motor da cultura,
da ciência e das tecnologias. Nos anos 60 do séc. XX surgiram as luzes de halogéneo para os veículos,
sendo usadas posteriormente para os fins mais diversos. Os tubos incandescentes foram criados no
início do séc. XX e remontam ao princípio da descarga eléctrica. Duram mais do que as lâmpadas
normais e aproveitam melhor a energia. Se de início a luz era usada apenas em locais públicos devido
às suas características, desenvolveram-se posteriormente tubos de diversas formas e de luz mais
quente. Foi a partir deste tubo que se inventaram as lâmpadas de baixo consumo: com uma duração
média de vários anos, usam muito menos energia, sendo portanto mais eficientes e ecológicas.
Em 1929, celebrou-se o quinquagésimo aniversário da lâmpada eléctrica de Thomas Edison e, na
ocasião, o rei dos inventores foi visitar as suas fábricas. Faleceu dois anos mais tarde.
Em Setembro de 2010, desaparecerão do mercado as de mais de 75 watts e um ano depois irão retirar-se
as de 60, para finalmente proceder à eliminação total até 2012, tal como aprovou a EU, em Dezembro
passado. A Quercus já tinha transportado, no início do ano passado, um mega-postal de correio verde, com
quatro metros quadrados, até ao Ministério da Economia e Inovação, no qual seguia um pedido ao ministro
da tutela para que, à semelhança do que já foi decidido noutros países, sejam banidas as lâmpadas
tradicionais, por serem muito pouco eficientes, face às economizadoras – melhores do ponto de vista
energético e ambiental.
A medida proposta começou com a campanha de troca de lâmpadas (incandescentes pelas eficientes) que
teve lugar em vários pontos do país. Houve ainda um apelo para aderir a um “apagão” de cinco minutos
previsto para dia 29 de Fevereiro de 2008, para lembrar o quanto se gasta em electricidade e a quantidade de
emissões de dióxido de carbono (CO2) libertada. Com esta medida prevê-se que um milhão de toneladas de
CO2 deixe de ser emitido na atmosfera até 2020 e a poupança de cinco a dez milhões de euros em toda a
UE. Os consumidores poderão adoptar por lâmpadas de nova geração, sejam estas de halogéneo,
fluorescentes compactas, etc.
Na lâmpada convencional, inventada por Thomas Edison em 1879 (há 130 anos)
apenas o equivalente a cinco por cento da energia eléctrica consumida é
transformado em luz. Já uma fluorescente, chega a gastar até 80 por cento menos e
a ter vida útil acima de dez mil horas – contra apenas mil horas das incandescentes.
A diferença de preço tem sido um factor de resistência importante para algumas
pessoas: o produto a banir custa por volta de 60 cêntimos e o eficiente pode oscilar
Produtos de nova geração,
entre dois e dez euros. Contudo, para além da duração a redução da factura
mais amigos do ambiente. eléctrica é substancialmente maior.
As lâmpadas fluorescentes compactas poupam 75 por cento e as de halogénio entre 25 a 50 por cento.
Para além da diferença no custo, estas representam ainda um risco para a saúde. Por isso, a Associação de
Consumidores para a Estandardização da Legislação Europeia (ANEC) reclamou de imediato medidas de
segurança para que as pessoas possam utilizar o novo dispositivo sem repercussões negativas. As lâmpadas
fluorescentes contêm pequenas quantidades de mercúrio nocivas e emitem luz ultravioleta, mas a associação
sublinha que o uso cuidado não implica efeitos negativos. Stephen Russel, secretário-geral da ANEC
avançou em comunicado que foi pedido à Comissão Europeia “a redução de mercúrio, assim como facultar
os melhores sistemas de reciclagem”.
Poluição luminosa:
O desperdício inútil de recursos energéticos
Fala-se muito em poluição, nos mais variados sentidos, desde a poluição química à poluição sonora, da
poluição visual do ambiente à diminuição drástica da biodiversidade nos rios e lagos. A poluição
luminosa apresenta inconvenientes de vária ordem, que atingem o cidadão comum nos aspectos mais
dramáticos: o bolso, o descanso e a qualidade de vida.
A poluição luminosa é o efeito produzido pela luz exterior mal direccionada, que é dirigida para cima,
ou para os lados, em vez de iluminar somente as áreas pretendidas. Esta forma de poluição resulta, na sua
maioria, de candeeiros e projectores que, por concepção inadequada ou instalação incorrecta, emitem luz
muito para além do seu alvo ou zona de influência, sem qualquer efeito útil. Muitas vezes até emitem luz
para as nuvens, como se pode ver na imagem de abertura deste artigo. A luz emitida para cima e para os
lados reflecte-se e difunde-se nas poeiras e fumos em suspensão no ar, tornando o céu nocturno mais
claro.
Há quem diga que a poluição luminosa é inevitável, um indicador de progresso e modernidade, mas isso
não é verdade. A poluição luminosa é o resultado do mau planeamento dos sistemas de iluminação, não
da necessidade de iluminação, em si (cuja utilidade não discutimos). Veja-se que um sistema de
iluminação (luminária) adequado, com efeitos mínimos na poluição luminosa, não deixa de iluminar bem
o que queremos iluminar: direcciona a luz para o local pretendido, eliminando o desperdício de luz. Em
vez disso, muitas das luminárias actuais, deixam a luz escapar em direcções inúteis. Seria melhor que os
raios luminosos emitidos não ultrapassassem os 70º em relação à vertical baixada da lâmpada para o chão
(20º abaixo da horizontal). Na realidade, a luz emitida a menos de 20º abaixo da horizontal vai atingir o
solo muito longe da base do candeeiro e já não tem eficácia iluminante, mas encandeia e incomoda as
pessoas. Mais adiante será a zona a iluminar pelo candeeiro seguinte, e assim sucessivamente. Se cada
candeeiro ou projector reflectir para baixo a luz que iria para cima (e para os lados), melhora-se a
iluminação na área que interessa iluminar. Resumindo: ilumina-se mais, com a mesma lâmpada; ou
poderemos iluminar o mesmo utilizando uma lâmpada de menor potência, com menor consumo. Pelo
menos 40% da luz é assim desperdiçada e poderia ser reencaminhada para onde interessa. Pode fazer-se
ainda melhor, utilizando simultaneamente um reflector mais eficaz e lâmpadas de maior eficiência
energética, com economia ainda maior. Multiplicando esta economia por muitas centenas de milhares de
lâmpadas que, por todo o país lançam luz inglória para onde não deviam, o contribuinte será capaz de
tirar as suas próprias conclusões. Pode adiantar-se que se trata de desperdícios da ordem de algumas
centenas de milhões de euros por ano.
Figura 1. Este esquema mostra, de A para C, candeeiros sucessivamente menos poluidores e com menor desperdício energético. O modelo C é o melhor.
ÁREA 1- Feixe luminoso óptimo; ÁREA 2- Feixe luminoso incómodo e sem iluminação relevante; ÁREA 3 e ÁREA 4- Feixes luminosos inadmissíveis. Os
feixes luminosos nas áreas 2, 3 e 4 deveriam ser redireccionados, por reflexão (e refracção), para dentro da área óptima 1. Guilherme de Almeida (2007).