Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e das redes escolares dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios e das propostas pedagógicas das instituições
escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação Básica e vai contribuir para o
alinhamento de outras políticas e ações, em âmbitos federal, estadual e municipal,
referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais
e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da
educação.
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das políticas
educacionais, enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de
governo e seja balizadora da qualidade da educação, isto é, da garantia do direito dos
alunos a aprender e a se desenvolver, contribuindo para o desenvolvimento pleno da
cidadania.
Nesse artigo, a LDB deixa claros dois conceitos decisivos para todo o desenvolvimento da
questão curricular no Brasil. O primeiro, já antecipado pela Constituição, estabelece a
relação entre o que é básico-comum e o que é diverso em matéria curricular: as
competências e diretrizes são comuns, os currículos são diversos. O segundo se refere ao
foco do currículo. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão a serviço do
desenvolvimento de competências, a LDB orienta para a definição das aprendizagens
essenciais, e não apenas dos conteúdos mínimos a ser ensinados. Essas são duas noções
fundantes da BNCC.
A relação entre o que é básico-comum e o que é diverso é retomada no art. 26 da LDB, que
determina que
Os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser
complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996; ênfase
adicionada).
Ao definir essas dez competências, a BNCC assume que a “Educação deve afirmar
valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade,
tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a
preservação da natureza” (BRASIL, 2013)6.
Tais competências representam um “chamamento à responsabilidade que envolve
a ciência e a ética”, devendo constituir-se em instrumentos para que a sociedade
possa “recriar valores perdidos ou jamais alcançados” (BRASIL, 2013)7. Em
síntese, esse conjunto de competências explicita o compromisso da educação brasileira com
a formação humana integral e com a construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva.
Nessa mesma direção, cumpre reiterar que a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto
da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) reconhecem que crianças e
adolescentes são pessoas em desenvolvimento e recomendam proteção especial
face a mensagens ou imagens impróprias ou abusivas ao seu entendimento e
vulnerabilidade psicológica. A Educação Básica, em todas as suas Etapas
(Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), deve respeitar esses
limites normativos e orientar as famílias segundo esse entendimento.
Estrutura da BNCC
Em conformidade com os fundamentos pedagógicos apresentados na Introdução deste
documento, a BNCC está estruturada de modo a explicitar as competências que os alunos
devem desenvolver ao longo de toda a Educação Básica e em cada etapa da escolaridade.
A seguir, apresenta-se a estrutura geral da BNCC e, nas páginas seguintes, passa-se ao
detalhamento dos elementos que compõem a estrutura da BNCC para as etapas da
Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Também se esclarece como as aprendizagens
estão organizadas em cada uma dessas etapas e se explica a composição dos códigos
alfanuméricos criados para identificar tais aprendizagens. Portanto, na Educação Infantil, o
quadro de cada campo de experiências se organiza em três colunas — relativas aos grupos
de faixas etárias —, nas quais estão detalhados os objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento. Em cada linha da coluna, os objetivos definidos para as diferentes faixas
etárias se referem a um mesmo aspecto do campo de experiências, conforme ilustrado a
seguir.
EDUCAÇÃO BÁSICA COMPET. GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
Nos textos de apresentação, cada área de conhecimento explicita seu papel na formação
integral dos alunos do Ensino Fundamental e destaca particularidades para o Ensino
Fundamental – Anos Iniciais e Ensino Fundamental – Anos Finais, considerando tanto as
características do alunado quanto as especificidades e demandas pedagógicas dessas fases
da escolarização.
O primeiro par de letras indica a etapa de Ensino Fundamental. Vale destacar que o uso de
numeração sequencial para identificar as habilidades de cada ano ou bloco de anos não
representa uma ordem esperada das aprendizagens no âmbito daquele ano ou bloco de
anos. A progressão das aprendizagens, que se explicita na comparação entre os quadros
relativos a cada ano (ou bloco de anos), pode tanto estar relacionada aos processos
cognitivos em jogo — sendo expressa por verbos que indicam processos cada vez mais
ativos ou exigentes — quanto aos objetos de conhecimento — que podem apresentar
crescente sofisticação ou complexidade — ou, ainda, aos modificadores — que, por
exemplo, podem fazer referência a contextos mais familiares aos alunos e, aos poucos,
expandir-se para contextos mais amplos. Também é preciso enfatizar que os critérios de
organização das habilidades descritos na BNCC (com a explicitação dos objetos de
conhecimento aos quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades
temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os agrupamentos
propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório para o desenho dos currículos.
A forma de apresentação adotada na BNCC tem por objetivo assegurar a clareza, a precisão
e a explicitação do que se espera que todos os alunos aprendam na Educação Básica,
fornecendo orientações para a elaboração de currículos em todo o País, adequados aos
diferentes contextos. […]
A Educação Infantil no contexto da Educação Básica
Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o início e o fundamento do
processo educacional. A entrada na creche ou na pré-escola significa, na maioria das vezes,
a primeira separação das crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se
incorporarem em uma situação de socialização estruturada.
A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que
haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos
processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes
relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das
mediações de cada etapa. Torna-se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e
adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se
construa com base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de
continuidade de seu percurso educativo.
Para isso, as informações contidas em relatórios, portfólios ou outros registros que
evidenciem os processos vivenciados pelas crianças ao longo de sua trajetória na Educação
Infantil podem contribuir para a compreensão da história de vida escolar de cada aluno do
Ensino Fundamental. Conversas ou visitas e troca de materiais entre os professores das
escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental – anos iniciais também são
importantes para facilitar a inserção das crianças nessa nova etapa da vida escolar.
Além disso, para que as crianças superem com sucesso os desafios da transição, é
indispensável um equilíbrio entre as mudanças introduzidas, a continuidade das
aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no
que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a
descontinuidade do trabalho pedagógico. Nessa direção, a BNCC apresenta as sínteses das
aprendizagens esperadas em cada campo de experiências, para que as crianças tenham
condições favoráveis para ingressar no Ensino Fundamental. Essas sínteses devem ser
compreendidas como elementos balizadores e indicadores de objetivos a serem explorados
em todo o segmento da Educação Infantil, e que serão ampliados e aprofundados no Ensino
Fundamental, e não como condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino Fundamental.
Extraído de: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação, 2017.
Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf. Acesso em: 29-mai.-
2017.
Professor Dr. Luís Vicente Ferreira.
professorluisvicente@gmail.com
www.professorluisvicente.com.br
www.facebook.com/luisvicente.ferreira