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Histórias que a escola conta: integração de crianças imigrantes no

1º ciclo de escolaridade
Autores: Dilaila Botas, CEMRI, Universidade Aberta de Lisboa
Darlinda Moreira, CEMRI/ Universidade Aberta de Lisboa

Introdução e objetivos
Nas escolas portuguesas encontram-se alunos com origens culturais e étnicas muito diferentes, o que resulta da transformações sociais e conduziu à
alteração da visão homogeneizada que inicialmente se tinha da população. Sobretudo nos últimos trinta anos, Portugal recebeu povos de outros países, com
diferentes costumes, tradições, religiões, crenças, línguas. A escola portuguesa, por sua vez tem de incluir crianças e jovens de muitas etnias, culturas e
nacionalidades, e deste modo está sujeita a desafios extraordinários.
O reconhecimento da diferença como um valor e a sua integração no dia a dia constituem desafios primordiais para a escola. Num tempo caraterizado pela
diversidade cultural, a escola não só tem um papel importante no desenvolvimento de novos cidadãos, mas também terá de optar por uma perspetiva inclusiva.
Isto é, face à pluralidade de culturas, a escola tem de ser um espaço aberto a todos e para todos, e apoiar-se numa ideologia abalizada pelo princípio da
democracia e igualdade.

A investigação foca-se no processo de integração escolar de nove crianças estrangeiras, recém-chegadas a Portugal e de várias nacionalidades que
ingressaram na escola no ano letivo de 2012/2013, com idades compreendidas entre os 6 -10 anos de idade: quatro alunos provenientes da Guiné-
Bissau, um de Cabo Verde, dois de Inglaterra, um do Paquistão e um de Espanha. Este grupo de alunos constituiu o grupo de participante no estudo.

Os objetivos principais da investigação são:


• Compreender como é que a escola procede para receber, acolher e integrar os alunos recém-chegados, oriundos de outros países;
• Analisar como ocorre a comunicação não só entre a escola e os alunos, mas também com as suas famílias.
• Conhecer que tipo de intervenções a escola diligencia, no dia a dia de cada aluno, para que consiga integrá-los no novo ambiente escolar.

O quadro teórico que serviu de base investigação é fundamentado na Diversidade Cultural (Vieira,2011; Silva,2008) e na Integração Escolar de crianças
imigrantes (Hortas,2013; Peres,2000; Moreira 2002,2003; Adams&Kirova,2007).

Métodos Resultados
Metodologicamente, a investigação é de natureza qualitativa e os dados  O ingresso na escola deste grupo de crianças foi bastante similar e obedeceu aos
foram recolhidos numa escola nos arredores de Lisboa, onde se mesmos procedimentos. Os encarregados de educação dirigiram-se à escola
encontravam, diariamente , os alunos recém-chegados. O processo de apresentando a documentação necessária e apesar das dificuldades linguísticas
recolha de dados incidiu na observação participante, nas conversas apresentadas por alguns, os serviços administrativos forneceram as orientações e
informais com professores, alunos, funcionários da escola e encarregados apoios necessários para que a matrícula se efetivasse.
de educação, bem com na análise documentos escolares.
 A vinda para Portugal foi motivada pela procura de melhores condições de vida,
destacando-se uma preocupação inerente em promover uma boa formação aos
Através de um acompanhamento de proximidade em locais diversificados,
seus filhos.
como o recreio, o refeitório e a sala de aula, Assim, a observação decorreu
ao longo do terceiro período do ano letivo 2012/2013 e continuará no ano  Todos estabeleceram contactos frequentes com a escola/professor, quer por
letivo 2013/2014. iniciativa própria, quer convocados pelo professor. No grupo estudado, a maioria
dos encarregados de educação estavam presentes na escola quando convocados
pelo professor. Este aspeto demonstra que os encarregados de educação eram
interessados e pretendiam manter-se informados sobre o desempenho escolar dos
Conclusões seus filhos. Para além disso, ainda foi possível perceber que estes encontravam-se
preocupados com as dificuldades dos seus filhos e que, apesar das suas limitações
As principais conclusões apontam para práticas similares no que diz respeito
linguísticas na língua portuguesa tentavam auxiliá-los e acompanhá-los em casa
ao procedimento de matrícula, tendo todos os alunos ingressado no ano de
nas tarefas escolares.
escolaridade que frequentariam se tivessem permanecido no país de
origem. No que diz respeito à escola, observaram-se medidas e práticas  Três alunos iniciaram a frequência letiva no 1º dia de aulas e os restantes
para garantir a igualdade no acesso, no entanto não revela o integraram nas turmas meses após o seu inicio.
desenvolvimento de projetos diferenciados para facilitar a integração dos
alunos recém - chegados. Emergindo do estudo que os principais agentes  Quanto aos primeiro, após a receção dos seus encarregados de educação,
de integração escolar são os próprios alunos com a ajuda dos colegas, permaneceram na escola e participaram nas atividades lúdicas, habitualmente
nomeadamente daqueles com mais tempos de permanência na escola, bem desenvolvidas no primeiro dia, para convívio entre alunos e o respetivo professor.
Os restantes, acompanhados pelos encarregados de educação até à sala de aula,
como os professores e os auxiliares de educação. As rotinas simples da vida
foram apresentados à turma e à professora durante do tempo letivo e regressaram
escolar são aprendidas informalmente entre pares no contexto exterior à
no dia seguinte sendo integrados na turma e iniciando a sua vida escolar.
sala de aula.
 A escola não desenvolveu atividades específicas que promovessem a receção e
A investigação reforça e mostra mais uma vez a complexidade das que auxiliassem os alunos estrangeiros a integrarem-se de forma mais fácil e rápida
respostas que a escola tem que construir para proporcionar uma educação na comunidade escolar. As as praticas de receção e integração na turma destes
de qualidade e sucesso para crianças tão diferentes umas das outras que ao alunos foram bastante idênticas, e tendo-se observado igualmente uma postura
nível social, linguístico e cultural, para não falar do individual. Esta bastante semelhante dos professores face aos mesmos, apesar das crianças terem
complexidade observa-se a diferentes níveis e etapas, por exemplo, na chegado em diferentes datas, terem integrado turmas e anos escolares distintos.
forma como se acolhe e se integra a criança, destacando-se, a relação com
 As estratégias de integração mais frequentemente utilizadas foram: atividades
os pais, as matrículas e equivalências, os apoios pedagógicos e a oferta do
lúdicas (jogos), a solicitação aos alunos da turma que auxiliassem os colegas recém
PLNM. Ao nível da sala de aula, destacam-se as estratégias dos –chegados e os acompanhassem fora da sal de aula, mostrando como a escola
professores, o relacionamento com os colegas e o uso . funcionava quer nos tempos de recreio, quer nos tempos de almoço, a escolha de
um lugar (assento) adequado para os alunos, privilegiando a proximidade de alunos
com melhores resultados escolares, para os alunos recém chegados beneficiassem
do apoio do colega de secretária.

Referências

• Adams, L., & Kirova, A. (2007). Global migration and education: School, children, and families. Mahway, N.J: Lawrence Erlbaum Associates.
• Hortas, M.J. (2013). Educação e Imigração: A Integração dos Alunos Imigrantes nas Escolas do Ensino Básico do Centro Histórico de Lisboa, estudo 50 do Observatório da Imigração, Lisboa:
ACIDI
• Moreira, D. (2002). Contas da vida: interacção de saberes num bairro de Lisboa.. (Tese de doutoramento, Lisboa: Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Departamento
de Antropologia, Lisboa, Portugal)
• Moreira, Darlinda (2003) Portuguese Immigrant Children and Mathematics Education. In Proceedings of the Third International Conference of the European Research Association on Mathematics
Education (CERME 3) from http://dlibrary.acu.edu.au/maths_educ/cerme3.htm
• Peres, A. N. (2000). Educação intercultural – utopia ou realidade? Porto: Profedições, Lda./Jornal a Página
• Silva, M. (2008) Diversidade cultural na escola: encontros e desencontros. Lisboa: Edições Colibri, Colecção Pedagogia e Educação
• Vieira, R. (2011). Educação e diversidade cultural: Notas de Antropologia da Educação. Porto: Edições Afrontamento e CIID/IPL

Contactos: dilaila.botas@gmail.com - darlinda.moreira@ua.pt

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