apresentar sínteses que permitam ao leitor criticar a obra e
a própria crítica; estimular a disposição e o prazer da análise e da compreensão da matéria apresentada; mostrar a impotência de se representar o mundo pela perspectiva do indivíduo; ver que as vontades individuais se ligam a causas sociais mais amplas e a visões de classe que muitas vezes não se mostram como tais; desconfiar da narrativa que se utiliza dos recursos encantatórios da indústria cultural; estimular no leitor (espectador) a atitude dialética, isto é, a que se dispõe a pensar a contrapelo, a olhar na contra-mão, a enunciar pelo reverso, a observar a distância e às vezes a oposição entre intenção e gesto; e ainda verificar que toda cena contém um ponto de vista valorativo, que nenhuma representação é neutra, que a forma escolhida já contém juízos e que a escolha formal é política.”
Iná Camargo Costa, prefácio de Cia. do Latão 7 peças