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Gênesis 3 - A queda.

Arthur W. Pink
O 3º capítulo de gênesis é um dos mais importantes em toda a Palavra de Deus.
Freqüentemente, o que se diz de Gênesis como um todo, é peculiarmente verdadeiro
deste capítulo: é o plano das gerações. Aqui estão os fundamentos sobre os quais se
apóiam muitas das principais doutrinas da nossa fé. Aqui, voltamos até a fonte de uma
grande quantidade de verdade Divina. Aqui, começa o grande drama que está sendo
desempenhado no palco da história humana, e nem ainda 6 mil anos foram
completados. Aqui, encontramos a explicação Divina da presente queda e da condição
arruinada da nossa raça. Aqui, tomamos conhecimento dos planos sutis do nosso
inimigo, o Diabo. Aqui, observamos a total impotência do homem para andar no
caminho da justiça, quando a graça Divina lhe é retida. Aqui, descobrimos os efeitos
espirituais do pecado – o homem procurando fugir de Deus. Aqui, discernimos a
atitude de Deus em direção ao pecador culpado. Aqui, registramos a tendência
universal da natureza humana de cobrir sua própria vergonha moral com algo
elaborado por suas próprias mãos. Aqui, somos ensinados a respeito da graciosa
provisão que Deus tem feito para atender nossa grande necessidade. Aqui, começa
aquela maravilhosa sucessão de profecias que fluem por toda a Sagrada Escritura.
Aqui, descobrimos que o homem não pode se aproximar de Deus, exceto por um
mediador. Agora, daremos atenção a alguns desses assuntos profundamente
importantes.
I – A QUEDA
O registro Divino da Queda do homem é uma refutação evidente da hipótese
Darwiniana da evolução. Ao invés de ensinar que o homem começou na base de uma
escada moral e está agora, vagarosamente, mas, com certeza, subindo em direção aos
céus, o registro Divino declara que o homem começou no topo e caiu para a base.
Além disso, rejeita enfaticamente a teoria moderna sobre Hereditariedade e Meio
Ambiente. Durante os últimos 50 anos, filósofos socialistas tem ensinado que todas as
doenças das quais o homem é herdeiro, são unicamente atribuíveis à hereditariedade e
ao meio ambiente. Este conceito é uma tentativa de negar que o homem é uma
criatura caída e de coração desesperadamente pecaminoso. Dizem que, se os
legisladores tornarem possível um meio ambiente perfeito, o homem será, então,
capaz de realizar seus ideais e a hereditariedade será purificada. Mas, o homem já tem
sido posto à prova sob as condições mais favoráveis e não correspondeu às
expectativas. Sem hereditariedade pecaminosa, nossos primeiros pais foram colocados
no mais belo ambiente imaginável, um ambiente que o Próprio Deus declarou “muito
bom”. Somente uma única restrição foi colocada sobre a sua liberdade, mas eles
falharam e caíram. O problema com o homem não é exterior, mas interior. O que ele
precisa não é de um novo lugar, mas de um novo nascimento.
Uma única restrição foi colocada sobre a liberdade do homem que advém da
necessidade e natureza da circunstância. O homem é um ser responsável, responsável
para servir, obedecer e glorificar seu Criador. O homem não é uma criatura
independente, pois ele não se criou. Tendo sido criado por Deus, ele tem um débito
para com seu Criador. Repetindo, o homem é uma criatura responsável, e, como tal,
sujeito ao governo Divino. Este é o grande fato que Deus imprimiria sobre nós desde o
começo da história humana. “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, não
comerás”. (Gn 2:17). Não havia nenhuma outra razão pela qual o fruto desta árvore
não devesse ser comido, salvo a evidente ordem de Deus. E, assim, como temos
procurado mostrar, esta ordem não foi dada arbitrariamente, no real sentido da
palavra, mas enfatizou o relacionamento no qual o homem permanecesse em Deus.
Como uma criatura inteligente, responsável, o homem está sujeito à ordem Divina.
Mas a criatura se tornou egoísta, egocêntrica, teimosa, e como resultado,
desobedeceu, pecou, caiu.
O registro da Queda merece o mais completo estudo. Canetas mais competentes do
que a nossa, tem chamado atenção para os diferentes passos que levam a ações
manifestas. Primeiro, a voz do tentador foi acatada (atendida). Ao invés de dizer,
“Afasta-te de mim, Satanás”, Eva ouviu silenciosamente ao Maligno, desafiando a
palavra de Jeová. Não somente isto, mas ela prossegue a negociar com ele. Em
seguida, há uma adulteração da palavra de Deus. Eva começa a acrescentar o que
Deus disse – sempre um caminho inevitável a perseguir. “Dele não comereis, nem
tocareis nele” (v3). Esta última oração foi adição de Eva, e Prov 30:6 recebeu seu
primeiro exemplo, “Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e
sejas achado mentiroso”. Em seguida, ela continua a alterar a Palavra de Deus, “para
que não morrais” (v3). A ponta afiada da Espada do Espírito estava cega. Finalmente,
ela omite completamente o solene prenúncio de Deus, “certamente morrerás”. Quão
verdadeira é a frase “E a história se repete”. Os inimigos de Deus hoje, estão trilhando
o mesmo caminho: Sua Palavra ou é acrescida, alterada, ou categoricamente negada.
Tendo renunciado a única fonte de luz, o ato da transgressão se tornou a conseqüência
natural. O fruto proibido é, agora, considerado desejado, apanhado, comido e, dado ao
seu esposo. Esta é a ordem lógica. Assim é, em resumo, a explicação Divina da
entrada do pecado no nosso mundo. O homem resistiu à vontade de Deus, rejeitou a
Palavra de Deus, e abandonou o caminho de Deus.
O registro Divino da Queda é a única explicação possível da atual condição da raça
humana. Só ele já explica a presença do mal num mundo feito por um Criador
beneficente e perfeito. Fornece a única explicação adequada para a universalidade do
pecado. Por que é que o filho do Rei, no palácio, e a filha de um regenerado, num
casebre, apesar de toda proteção que o amor e atenção do homem possam imaginar,
manifestam, desde a infância, uma inconfundível inclinação ao mal e tendência para
pecar? Por que é que o pecado é universal, e não há império, nem nação, nem família
livre desta terrível doença? Rejeite a explicação Divina e nenhuma resposta satisfatória
é possível para estas perguntas. Aceite e, vemos que o pecado é universal porque
todos compartilham de uma linhagem comum, todos nascem de um mesmo tronco,
“Em Adão todos morrem”. Somente o registro Divino da Queda explica o mistério da
morte. O homem possui uma alma imortal, por que, então, ele deveria morrer? Ele
(Deus) tinha soprado no homem o Sopro do Eterno, então, por que o homem não
deveria viver neste mundo para sempre? Rejeite a explicação Divina e nos deparamos
com um enigma insolúvel. Aceite, receba o fato de que, “Portanto, assim como por um
só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rom 5:12), e temos uma
explicação que vai ao encontro de todos fatos do caso.
II - SATANÁS E A QUEDA
Aqui, pela primeira vez na Escritura, nós nos deparamos com aquele personagem
misterioso – o Diabo. Ele é apresentado sem qualquer explicação em relação à sua
história precedente. Para nosso conhecimento de sua criação, sua existência pré-
adâmica, a posição superior que ele ocupava, e sua terrível queda, dependem de
outras passagens, notadamente Is 14:12-15, e Ez 28:12-19. No capítulo anterior,
lições importantes foram ensinadas a respeito ao nosso grande Adversário.
Aprendemos qual é a esfera de suas atividades, o método de aproximação e qual a
forma de suas tentações. E aqui, também, tomamos conhecimento da certeza de sua
irrevogável derrota e destruição.
Contrário à concepção popular, que faz Satanás o autor de todos os pecados da
carne, e que atribui a ele algo que nosso Senhor claramente declarou como assuntos
provenientes do coração humano, nós somos aqui informados, que a esfera de sua
atuação é o “reino religioso ou espiritual”. Seu objetivo principal é ficar entre a alma e
Deus, afastar o coração do homem do seu Criador e inspirar confiança em si mesmo.
Ele procura usurpar o lugar do Santíssimo, para fazer de Suas criaturas seus
voluntários e filhos. Seu trabalho consiste em colocar suas mentiras no lugar da Divina
verdade. Gênesis 3 nos dá uma amostra de suas atuações e do método que ele
emprega. Estas coisas são escritas para nosso aprendizado, pois suas atividades, e o
reino no qual ele trabalha, são o mesmo hoje do que o que eram no Jardim do Éden.
O método de aproximação de Satanás era o mesmo do que é agora. ”Na verdade,
disse Deus?” Ele começa lançando dúvida sobre Palavra Divina! Ele questiona sua
veracidade. Ele sugere que Deus não queria dizer o que Ele tinha dito. E assim é hoje.
Cada esforço que está sendo feita para negar a inspiração Divina das Escrituras, cada
tentativa apresentada para desconsiderar a sua autoridade absoluta, cada ataque à
Bíblia que nós, agora testemunhamos em nome da erudição, é somente uma repetição
desta antiga questão, “Na verdade, disse Deus?” Em seguida, ele substitui a Palavra de
Deus pela sua própria palavra, “É certo que não morrereis” (vs4). Vemos o mesmo
princípio ilustrado nas duas primeiras parábolas em Mateus 13. O Senhor Jesus vai
semeando a semente que é a Palavra de Deus, então o Maligno imediatamente segue
e semeia o joio. E o que é lamentável é que enquanto os homens se recusam a
acreditar na Palavra do Deus vivo, não obstante eles são suficientemente crédulos para
aceitar as mentiras de Satanás. Assim era no começo, e assim tem sido sempre.
Finalmente, ele ousa repercutir desfavoravelmente a bondade de Deus, e por em
dúvida Suas perfeições. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos
abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (v5). Em outras
palavras, o Diabo, aqui, sugere que Deus estava despoticamente retendo do homem
alguma coisa que seria vantajoso para ele, e, como isca, apresenta a promessa de
que, se Eva crer apenas na sua mentira e não na Palavra de Deus ela será vencedora,
e obterá o conhecimento e sabedoria negada a ela anteriormente. O mesmo atrativo
está sendo exposto por ele diante dos olhos dos devotos do Espiritismo e da Teosofia,
mas não vamos adentrar este assunto agora.
Deve-se observar que na tentação, um triplo apelo foi feito à Eva, correspondente à
natureza tripartida da constituição humana. “Vendo a mulher que a árvore era boa
para se comer” (v6) - apelando para os sentidos do corpo; “agradável aos olhos” –
apelando para a natureza dos desejos, as emoções, que tem seus lugares na alma; “e
árvore desejável para dar entendimento”—apelando à inteligência, que está centrada
no espírito (cf. I Co 2:11). Assim, tomamos conhecimento aqui de um fato
profundamente importante, isto é, que Satanás trabalha do exterior para o interior, o
que é justamente o contrário da ação Divina. Deus começa Seu trabalho no coração do
homem, e a mudança causada no coração reage e transforma a vida exterior. Mas
Satanás começa com o exterior e, através dos sentidos do corpo e emoções da alma,
trabalha posteriormente o espírito e a razão para tal é que normalmente ele não tem
acesso direto ao espírito do homem como Deus tem. Esta mesma linha seguiu-se em
alusão ao nosso abençoado Senhor. “Manda que estas pedras se transformem em pão”
(Mt 4:3) – apelando aos sentidos do corpo; “Atira-te abaixo”, um desafio à Sua
coragem ou um apelo à natureza emocional da alma. “ ...prostrado me adorares” – um
apelo ao espírito, porque nós adoramos o Pai “em espírito e em verdade”.
III – A QUEDA E O HOMEM
O primeiro efeito da Queda sobre Adão e Eva foi à compreensão de sua vergonha.
“Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus...”. Pelo
pecado, o homem obteve aquilo que não teve antes (ao menos em operação), isto é, a
consciência – um conhecimento de ambos, do bem e do mal. Isto era algo que o
homem não caído não possuía, pois o homem foi criado num estado de inocência e,
inocência é ignorância do mal. Mas tão logo o homem participou do fruto proibido,
tornou-se consciente do seu pecado, e seus olhos foram abertos para ver sua condição
de caído. E consciência, e instinto moral é algo que é agora, comum à natureza
humana, isto é, inerente ao homem, o que testifica sua condição caída e pecadora!
Mas não somente a consciência testemunha a perversão do homem, como é também
uma das marcas da obra de um Criador pessoal. A consciência não pode ser realização
do homem. Ele não teria estabelecido voluntariamente um acusador, um juiz, um
perseguidor, de próprio peito. De onde, então isto procede? Não é mais o resultado da
educação, mas também é razão ou memória, embora possa ser cultivada como
ambas(?). Consciência é a calma, serena voz de Deus na alma, testemunhando o fato
de que o homem não é seu próprio mestre, mas responsável por uma lei moral que ou
aprova ou reprova.
Ao se conscientizarem de sua vergonha, Adão e Eva imediatamente se esforçaram
em esconder sua nudez, cosendo aventais de folhas de figo. Este ato foi muito
significativo. Ao invés de procurar por Deus e abertamente confessar sua culpa, eles
tentaram se esconder de Deus e deles mesmos. Assim tem sido sempre o caminho do
homem natural. A última coisa que ele irá fazer é confessar diante de Deus sua
condição perdida e arruinada. Consciente de que algo está errado, ele procura se
abrigar atrás de sua justiça própria e confia que sua boa obra vai compensar as más.
Ir à igreja, práticas religiosas, atenção às leis, filantropia e altruísmo são as folhas de
figueira que muitos, hoje, estão tecendo em aventais para cobrir sua vergonha
espiritual. Mas, como aqueles que nossos primeiros pais costuraram juntos, eles não
suportarão o teste da eternidade. Quando muito, eles não são mais do que coisas do
tempo que rapidamente se desintegrarão no pó.
Uma passagem no Evangelho ilustra a que estamos considerando agora – nos
referimos a uma outra figueira, aquela que nosso Senhor não achou fruto. Que
surpreendente a lição que nos é ensinada pela comparação dessas duas Escrituras! Por
que nos contaram que Adão e Eva coseram folhas de figueira juntas? E por que somos
informados de que era uma figueira que nosso Senhor amaldiçoou? Não foi para que
nós as associássemos? A figueira foi a única coisa que nosso Senhor amaldiçoou
enquanto Ele estava aqui na terra, e não pretendemos tomar conhecimento daquela
Sua ação, e que aquela que o homem se utiliza para esconder sua vergonha espiritual
está diretamente sob a maldição de Cristo, não tem frutos e está condenada a secar
rapidamente!
Mas estes aventais feitos por Adão e Eva não removeram seu senso de vergonha,
pois quando ouviram a voz do Senhor Deus, “se esconderam” Dele. A consciência do
homem então, não o trouxe para Deus – para isto, deve haver a obra do Espírito Santo
– antes ela o apavorou e o distanciou de Deus. Nossos primeiros pais procuraram se
esconder. Novamente percebemos quão característica e representativas foram suas
ações. Pelo menos, tinham uma vaga concepção da distância moral que havia entre
eles e o Criador. Ele era Santo, eles pecadores, consequentemente tinham medo Dele
e procuravam fugir de Sua presença. Assim é com o não regenerado hoje. Apesar de
toda sua vanglória, práticas religiosas, revestimentos auto-fabricados (justiça
própria?), os homens são apreensivos e medrosos. Por que é que a Bíblia é tão
desprezada? É porque aproxima mais o homem de Deus do que qualquer outro livro, e
os homens ficam inquietos na presença de Deus e querem se esconder Dele. Por que é
que o sacerdócio público da Palavra é tão pouco assistido? As pessoas vão apresentar
muitas desculpas, mas o verdadeiro motivo é porque estes serviços trazem Deus para
perto deles e isto os torna desconfortáveis no seu pecado, então procuram fugir Dele.
Quão evidente fica, então, de que todos compartilhamos do primeiro pecado e
morremos em Adão. A posição na qual o primeiro homem ficou foi federal; e por ter
agido numa postura representativa é visto pelo fato de que todos seus filhos
compartilham sua natureza e perpetuam sua transgressão.
Quando Deus procurou Adão e o trouxe face a face com sua culpa, foi-lhe dado
justa e total oportunidade de confessar seu pecado. “Comeste da árvore de que te
ordenei que não comêsseis?” E qual foi a resposta? Como Adão valeu-se desta
oportunidade? No lugar de uma confissão consternada do seu pecado, ele se desculpou
– “E disse o homem: a mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu
comi”. E foi o mesmo com Eva: “Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que
fizeste? E a mulher respondeu: A serpente me enganou, e eu comi”. Foi então, feita
uma tentativa de atenuar o pecado passando a responsabilidade sobre outros. Que
verdade maravilhosa para o século 20! Que provas honestas são estas da inspiração
Divina! Mas a própria desculpa que o homem dá é a base de sua condenação. Temos
uma outra ilustração deste princípio na parábola das bodas de casamento. “Comprei
um campo e” “preciso” ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado”. (Lc 14:18)
Onde estava o “preciso”? Justamente isto, que ele preferiu sua própria gratificação a
aceitar o convite de Deus. Assim foi com Adão – “a mulher que tu me deste” – a
desculpa que ele fornece é exatamente a base para sua condenação. “Visto que
atendeste a voz de tua mulher e comestes da árvore que eu te ordenara não
comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante
os dias de tua vida”. Todos esses subterfúgios foram inúteis, e o homem ficou face a
face com o Santo Deus e estava convicto de sua culpa e vergonha indizível. Assim será
no grande trono branco.
Achamos, então, que os efeitos da Queda (até onde nós os consideramos) sobre o
homem foram quadruplicados: a descoberta de que algo estava errado com ele
mesmo; o esforço para esconder sua vergonha pelos próprios meios; medo de Deus e
uma tentativa de se esconder de Sua presença; e ao invés de confessar seu pecado,
procura desculpá-lo. Os mesmos efeitos são observados hoje pelo mundo.
IV – A QUEDA E DEUS
“E chamou o Senhor Deus a Adão e lhe disse: Onde estás?” É, sem duvida, bonito
esse registro da graça Divina. Esta não era a voz de um policial, mas o chamado de
um amor compassivo. Negro como se apresenta este cenário, serve apenas para
revelar, mais claramente, as riquezas da Graça de Deus. Nossos primeiros pais foram
altamente estimados, abençoados com tudo o que o coração poderia desejar e tiveram
apenas uma única restrição colocada sobre a sua liberdade para testar sua lealdade e
fidelidade ao Criador – como foi temível a queda, e quão terrível o pecado! E se Deus
os tivesse entregue “aos eternos agrilhões sob as trevas” como Ele fez aos anjos
quando pecaram? E se a sua ira os tivesse consumido instantaneamente? Não teria
sido muito rigor? Teria sido simplesmente mera justiça. Era tudo o que eles mereciam.
Mas, não. Na Sua infinita condescendência e abundante graça, Deus dignou-se a ser
aquele que busca, e desceu ao Éden bradando, “Onde estás”?
W. Griffith Thomas resumiu convincentemente o sentido desta pergunta com as
seguintes palavras: “A pergunta de Deus a Adão ainda soa no ouvido de cada pecador:
“Onde estás?” É o chamado da justiça Divina, a qual não pode fechar os olhos ao
pecado. É o chamado do pesar Divino, que aflige o pecador. É o chamado do amor de
Deus que oferece redenção do pecado. Para cada um de nós o chamado é reiterado,
“Onde estás”?
Tudo o que está registrado em Gênesis 3 tem muito mais do que um sentido restrito. A
atitude e ação de Deus no Éden foram típicas e características. Não foi Adão quem
procurou Deus, mas Deus quem buscou Adão. E esta tem sido a ordem desde aquele
dia. “Não há quem busque a Deus” (Rom 3:11). Foi Deus quem buscou e chamou
Abraão enquanto ele ainda era idólatra. Foi Deus quem buscou Jacó em Betel quando
ele estava fugindo das conseqüências dos seus erros. Foi Deus quem buscou Moisés
enquanto era fugitivo em Midiã. Foi Cristo quem buscou os apóstolos enquanto eles
estavam envolvidos com a pesca, para que Ele pudesse dizer, “Vocês não me
escolheram, mas Eu os escolhi”. Foi Cristo que, no seu amor inefável, veio para buscar
e salvar aquele que estava perdido. É o pastor que procura a ovelha, e não a ovelha
que procura o pastor. Quão verdadeiro é “Nós O amamos porque Ele nos amou
primeiro”. Que possamos apreciar mais profundamente a maravilhosa condescendência
da Divindade dobrando-nos tão humildemente como se nos interessássemos e
buscássemos os vermes mais inferiores do pó.
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.
Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3:15). Novamente aqui,
contemplamos a abundante riqueza da Graça de Deus. Antes de julgar, Ele manifestou
Sua graça; antes de expulsar os culpados do Éden, ele deu a eles uma bendita
promessa e esperança. Embora Satanás tivesse levado a cabo a queda do homem,
anuncia-se que Alguém viria e feriria sua cabeça. O pecado veio pela mulher, então
por ela deveria vir o Salvador. Por ela veio a maldição, então por ela viria Aquele que
suportaria e removeria a maldição. O paraíso foi perdido por causa da mulher, no
entanto, deveria nascer dela Aquele que o resgataria. Oh, que graça – o Senhor da
Glória era para ser a Semente da mulher!
Temos aqui o começo e a semente de toda a profecia. Seria fora de nossa alçada,
agora, tentar qualquer coisa que não um simples resumo do conteúdo deste
maravilhoso versículo. Mas, três coisas devem ser cuidadosamente observadas.
Primeiro, diz-se que deve haver inimizade entre Satanás e a mulher. Esta parte do
versículo é constantemente desconsiderada por comentaristas. No entanto, é de
profunda importância. A “mulher” aqui, tipifica Israel – a mulher cuja Semente
prometida veio – a mulher de Apocalipse 12. Os filhos de Israel, sendo o canal
designado através do qual o Messias estava para vir, tornaram-se objetos da
continuada inimizade e ataque de Satanás. Todos os estudiosos das Escrituras sabem
perfeitamente de que maneira maravilhosa esta profecia já se cumpriu. As “fomes”
(tribulações) mencionadas em Gênesis, foram os primeiros esforços do inimigo para
destruir os pais da raça escolhida. O decreto do Faraó para matar todos os
primogênitos; o ataque Egípcio ao Mar Vermelho; o ataque aos cananeus em terra; o
plano de Haman, todos são exemplos desta inimizade entre Satanás e a “mulher”,
enquanto a contínua perseguição dos Judeus pelos gentios e a futura oposição da
Besta testemunham a mesma verdade.
Segundo, aqui são referidas duas “sementes”— um outro item que geralmente é
despercebido – “tua semente” e “sua semente” – a semente de Satanás e a semente
da mulher – o Anticristo e Cristo. Todas as profecias convergem para estas duas
pessoas. Na primeira destas expressões, “tua semente” (semente de Satanás), temos
mais do que uma alusão à natureza sobrenatural e satânica do Anticristo e seu caráter.
Desde o começo, o Diabo tem sido um imitador, e o clímax não será atingido até que
ele, ousadamente, imite a união hipostática das duas naturezas de nosso abençoado
Senhor – Sua natureza humana e sua natureza Divina. O Anticristo será o Homem do
Pecado e o Filho da Perdição, literalmente, a “semente” da serpente, -- assim como o
Senhor é o Filho do Homem e o Filho de Deus em uma só pessoa. Esta é a única
conclusão lógica. Se a “sua semente” termina em uma única personalidade – o Cristo –
então, através de cada princípio de interpretação do som (1), “tua semente” deverá
culminar em uma única pessoa – o Anticristo.
“Sua semente”, a semente da mulher. Temos aqui o primeiro relato que se refere ao
nascimento sobrenatural de nosso Salvador. Foi profetizado que Ele deveria entrar
neste mundo de uma maneira sem igual. “Sua semente” – a semente da mulher, não
do homem! Do cumprimento exato desta profecia, tomamos conhecimento dos dois
registros inspirados que nos é dado no Novo Testamento sobre a maravilhosa
concepção. Uma “virgem” conceberia uma criança e 4 mil anos depois desta predição
inicial, “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl. 4:4) .
No terceiro item desta profecia maravilhosa, faz-se referência a uma dupla
“pisadura” –a Semente da mulher ferirá a cabeça da Serpente, e a Serpente ferirá o
seu calcanhar. A última cláusula desta profecia já se tornou história. O ferimento no
calcanhar da Serpente pela semente da mulher é uma referência simbólica ao
sofrimento e morte de nosso Salvador, que foi “ferido pelas nossas transgressões e
iniqüidades”. Mas, a primeira destas cláusulas aguarda ser cumprida. A pisadura da
cabeça da Serpente acontecerá quando o Senhor retornar à terra em pessoa e em
poder, e quando “o dragão, aquela velha serpente, que é o Diabo e Satanás deverão
ser amarrados (presos) por mil anos (o Milênio) e atirados no mais profundo do
abismo. (Ap. 20:2,3) Novamente dizemos, que importante prova este versículo nos
fornece da Divina Inspiração das Escrituras! Quem, senão Ele, que conhecia o final
desde o começo, poderia dar um perfil exato da história subseqüente, e acondicioná-la
nos limites deste versículo!
“Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu” (Gn
3:21). Para explicar e expor adequadamente este versículo, muitas páginas deveriam
ser escritas, mas, necessariamente, devemos nos contentar com poucas linhas. Este
versículo nos dá um quadro típico da salvação de um pecador. Foi o primeiro sermão
do Evangelho pregado pelo próprio Deus, não em palavras, mas em símbolo e ação.
Foi uma expressão em palavras do modo pelo qual uma criatura pecadora pudesse
retornar e se aproximar de seu Divino Criador. Foi a declaração inicial do fato principal
que diz: “sem derramamento de sangue não há remissão”. Foi uma ilustração
abençoada de substituição – a morte do inocente no lugar do culpado.
Antes da Queda, Deus tinha definido o salário do pecado: “No dia em que dela
comeres, certamente morrerás” (Gn 2:17). Deus é justo, e como Juiz de toda terra Ele
deve fazer justiça. Sua lei tinha sido quebrada e a justiça exigiu a execução de sua
penalidade. Mas a justiça deveria sobrepor-se à graça de Deus? Não há nenhum meio
pelo qual a graça possa reinar sobre a justiça? Deus seja louvado que há, e houve. A
graça quis poupar o ofensor e, porque a justiça requer morte, alguém deveria ser
morto em seu lugar. O Senhor Deus vestiu Adão e Eva com peles e, para obter estas
peles, animais devem ter sido mortos, a vida deve ter sido tirada, o sangue deve ter
sido derramado!
E foi neste sentido que a vestimenta foi fornecida para o caído e arruinado pecador.
A aplicação do tipo é óbvia. A morte do Filho de Deus foi prefigurada. Porque o Senhor
Jesus deu sua vida pelas ovelhas, Deus pode ser, agora, o justo e o justificador
daquele que crê em Jesus.
Que belo e perfeito é o tipo! Foi o Senhor Deus quem proveu as peles, coseu-as e
vestiu nossos primeiros pais. Eles não fizeram nada. Deus fez tudo. Eles estavam
inteiramente passivos. A mesma verdade abençoada é ilustrada na parábola do filho
pródigo. Quando o peregrino tomou o lugar de uma criatura perdida e desgraçada e
assumiu seu pecado, a graça do coração do pai foi revelada. “o pai, porém, disse aos
seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o” (Lc 15:22). O filho pródigo não
teve que providenciar sua roupa, nem mesmo vestiu-se, tudo foi feito pelo pai. E assim
é com cada pecador. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de
vós; é Dom de Deus” (Ef 2:8). Bem podemos louvar, “Regozijar-me-ei muito no
Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação
e me envolveu com o manto de justiça” (Is 61:10).
E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de
uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gn 3:24).
Este foi o auge da condenação Divina do primeiro pecado. Depois que a sentença do
julgamento tinha passado primeiro sobre a serpente, depois sobre a mulher e,
finalmente, sobre o homem, e depois que Deus graciosamente deu a eles a preciosa
promessa de sustentar seus corações e fornecer uma vestimenta para cobrir sua
vergonha, Adão e Eva foram colocados para fora do Paraíso. O significado moral aí é
evidente. Era impossível para eles permanecerem no jardim e continuar se
relacionando com o Senhor. Ele é santo, e aquele que está maculado não pode entrar
na Sua presença. O pecado sempre resulta em separação. “Mas as vossas iniqüidades
fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto
de vós” (Is 59:2).
Aqui vemos o cumprimento da ameaça de Deus. Ele anunciou, “no dia em que
comeres, certamente morrerás”. Morrer, não apenas fisicamente – há algo
infinitamente pior do que isto – mas morrer espiritualmente. Assim como a morte física
é a separação da alma do corpo, a morte espiritual é a separação da alma de Deus. –
“Este meu filho foi morto (separado de mim) e vive novamente – restaurado para
mim”. Quando se diz que pela natureza somos “mortos em delitos e pecados”, é
porque os homens estão “alienados da vida de Deus pela ignorância que há neles, por
causa da cegueira de seus corações” (Ef 4:18). De maneira semelhante, aquela morte
judicial que aguarda todo o que morre em seus pecados – a “Segunda Morte” — não é
aniquilação como muitos estão falsamente ensinando (1), mas separação eterna de
Deus e eterno castigo no lago de fogo. Assim, aqui em Gn 3 temos a própria definição
de Deus sobre a morte – separação Dele, evidenciada pela expulsão do homem do
Éden.
O impedimento do caminho para a árvore da vida ilustrou uma importante verdade
espiritual. De algum modo peculiar, esta árvore parece ter sido um símbolo da Divina
presença (Pv 3:18), e o fato de que o homem caído não tivesse direito ao acesso a ela,
enfatizou a distância moral em que ele permaneceu de Deus. O pecador, como tal, não
teve acesso a Deus, porque a espada da justiça impediu seu caminho, assim como o
véu no Tabernáculo e no Templo impedia a entrada do homem da Divina presença.
Mas, louvado seja Deus, que Alguém nos abriu um “novo e vivo” caminho a Deus, sim,
aquele que é Ele mesmo o Caminho (João 14:6). E como isso se cumpriu? A justiça
retirou sua espada! Ou melhor, embainhou-a na lateral do nosso adorado Salvador.
Sem dúvida, aquela solene, mas preciosa palavra em Zacarias 13:7: “Desperta, ó
espada contra o meu Pastor”, relembra Gênesis 3:24. E porque o Pastor foi derrotado
por completo, as ovelhas são poupadas, e no Paraíso de Deus comeremos da fruta da
árvore que Adão foi impedido de comer (Ap 2:7).
Sintetizando, então, esta importante divisão de nosso assunto – Deus e a Queda –
descobrimos: uma exposição de Sua condescendência em procurar o homem; uma
evidência de Sua graça ao dar uma profecia abençoada e a promessa de sustentar e
animar (alegrar) o coração do homem; uma demonstração de Sua graça ao
providenciar uma vestimenta para a vergonha do homem; uma manifestação de Sua
santidade em punir o pecado do homem; e uma prefiguração típica da urgente
necessidade de um Mediador entre Deus e o homem.
NOTA: (1) Em Apocalipse 20, depois que os não redimidos são ressuscitados, eles
ainda são denominados “mortos” — para sempre, mortos para Deus mesmo enquanto
vivem.
CONCLUSÃO
A filosofia de vida, como interpretada pela escola Darviniana, afirma que o pecado é
meramente uma imperfeição e limitação presentes que desaparecerão gradualmente à
medida que a raça humana sobe a colina da vida. As hipóteses evolucionistas,
contudo, não somente negam o ensinamento de Gênesis 1, como também repudiam os
fatos registrados em Gênesis 3. E aqui está o principal ponto e propósito do ataque de
Satanás. Os argumentos enganosos de nossos teólogos modernos não somente tem
tentado minar a autenticidade dos relatos da Criação, como tem tido sucesso em cegar
o ponto de atração do Evangelho.
Ao negar a Queda, a necessidade imperativa do Novo Nascimento foi cancelada.
Pois, se o homem começou na base da escada moral – como os evolucionistas nos
fazem crer – e está, agora, vagarosa mas, certamente, subindo em direção ao céu,
então tudo o que ele precisa é educação e desenvolvimento (cultura). Por outro lado,
se o homem começou no topo da escada, mas pelo pecado caiu até a base – como a
Bíblia declara – então ele está em necessidade urgente de regeneração e justificação.
Assim, o assunto levantado é vital e fundamental.
Gênesis 3 - A queda. - Continuação
Arthur W. Pink
V – A QUEDA E A HISTÓRIA HUMANA
Uma vez que somos inteiramente dependentes da revelação que Deus nos tem dado
de Sua Palavra para o conhecimento do início da história humana e, uma vez que Sua
Palavra tem absoluta autoridade e é para ser recebida com fé inquestionável, e uma
vez que as Sagradas Escrituras não necessitam de apoio com argumento e lógica
humanos, ainda assim um apelo à história e experiência tem o seu interesse e valor.
Este é o caso no que diz respeito à Queda. E vamos, agora, afirmar que o ensino de
Gênesis 3 está comprovado e sustentado pelos grandes fatos da história e experiência
humanas.
1- A TEORIA DA EXPERIÊNCIA HUMANA

Leia os anais da história, examine os relatos policiais, estude a vida nas favelas de
nossas grandes cidades e, depois pergunte, como é que o homem, o rei da criação,
designado e ajustado para ser seu próprio líder e senhor, poderia ter caído mais do
que os animais? Raramente são necessárias ilustrações para mostrar o quanto o
homem tem caído, pois todos que conhecem a corrupção que realmente existe sob a
fina vestimenta fornecida pelas formalidades da moderna civilização, estão
penosamente cientes da degradação e desolação que existem em todos os aspectos.
Um animal não abandonará seu filhote como acontece agora, freqüentemente, com
filhos ilegítimos que são descartados pelos próprios pais. Os animais do campo fazem
multidões de seres humanos se envergonharem, pois na época de acasalamento eles
mesmos se confinam com seus companheiros, com exceções somente entre os animais
que o homem parcialmente domesticou! Nenhum animal vai beber água suja e
envenenada, no entanto, milhares de homens e mulheres bem educados são
anualmente envenenados com álcool.
Mas, qual a causa desses efeitos? Qual a verdadeira explicação destes tristes fatos?
Como é que o rei da criação caiu mais do que os animais do campo? Somente uma
resposta é possível – PECADO, a QUEDA. O pecado entrou na constituição humana; o
homem é uma criatura caída e, como tal, capaz de qualquer baixeza e maldade.
2- AS CONTRADIÇÕES DA NATUREZA HUMANA

O homem não regenerado é um ser composto. Dois princípios estão na ativa dentro
dele. Ele é uma auto-contradição. Num momento ele faz aquilo que é nobre e louvável,
no outro, aquilo que é desprezível e baixo. Às vezes ele é dócil com aquilo que é bom e
nobre, mas com mais freqüência ele se entrega aos prazeres do pecado. Em alguns
estados conscientes da mente, assemelha-se a Deus, em outros, é claramente um filho
do Diabo.
De onde vem este conflito entre o bem e o mal? Por que esta dualidade perplexa em
nossa constituição comum? Somente uma explicação vai de encontro a todos os fatos.
Por um lado, o homem é “descendência de Deus”; mas por outro, o pecado entrou pela
Queda e arruinou a obra do Criador.
3- A UNIVERSALIDADE DO PECADO

Por que é que o filho do Rei, no palácio, e a filha de um regenerado, num casebre,
apesar de toda proteção que o amor e atenção lhes dispensam, manifestam uma
inconfundível inclinação em direção ao mal e tendência a pecar? Por que é que a
hereditariedade e o ambiente, educação e civilização são impotentes para mudar esta
ordem? Porque todos são pecaminosos! Por que é que não há nação, tribo, família,
livres da contaminação do pecado? Somente a Palavra de Deus resolve este problema.
Todos tem uma origem comum (Adão); todos compartilham de uma herança comum
(a Queda); todos entram num legalismo comum (pecado).
4- A EXISTÊNCIA DA MORTE

“Há um evento que aconteceu a todos”, mas por quê? Fomos criados por um Deus
Eterno, possuímos uma alma imortal; por que, então, o homem não deve continuar a
viver nesta terra para sempre? Por que deve haver situações como decadência e
destruição? Por que o homem deve morrer? A ciência não pode fornecer respostas a
estas perguntas, e a filosofia não oferece explicação. Somos novamente calados pela
Palavra de Deus. O salário do pecado é a morte, e a morte é universal porque o
pecado é universal. Se alguém perguntar: por que o pecado e a morte são universais,
a resposta é “Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte; e
assim, a morte passou a todos os homens, pois todos pecaram”.
5- A ATUAL PARALIZIA DA RAÇA HUMANA

Cada ser e organismo estão sujeito à necessidade de se tornar diferente daquilo que
é – em uma única palavra, deve crescer. Não somente os animais e as plantas, mas os
cristais também obedecem a esta lei e, como mostra a história, é difícil ver por que a
humanidade, que forma um todo orgânico, não segue esta lei. A única solução para
este problema é que o homem não está, agora, no seu estado normal e original: ele
não é mais como Deus o criou. Aquele que nega a Queda não tem luz sobre este
profundo mistério. Não resta dúvida que, se o homem nunca tivesse caído, ele teria
continuado a crescer em conhecimento, bondade e felicidade: de fato, teria se tornado
mais e mais semelhante a Deus. Enoque, o homem que andou com Deus e aquele que
Deus o tomou para si depois de Ter vivido um grande ciclo de 365 anos – um ano em
um dia – é um exemplo de ser humano que cumpriu seu destino e, muito
provavelmente, um tipo do que o destino de todos os homens poderia ter sido. Mas, ai
de mim! O homem caiu, por conseguinte o progresso e avanço no sentido final
tornaram-se impossíveis.
O fato de que o homem não tem progredido, ou melhor, não está progredindo
agora, pode ser visto através da comparação dos campos do empreendimento humano
de hoje, com aqueles de dois ou três mil anos atrás. Na literatura, não surgiu nada que
se compare ao livro de Jó, ou que possa competir com Salmos. Em Filologia – que é
um teste seguro do desenvolvimento intelectual e da vida mental de um povo, não há
linguagem moderna que esteja à altura do Sânscrito. Na Arte, tudo o que há de
melhor, tomamos emprestado dos Gregos antigos. Na Ciência, ainda estamos muito
atrás dos projetistas e construtores das Pirâmides – um recente exame de algumas
múmias revelou que os Egípcios estavam à nossa frente até mesmo em Odontologia;
em ética, o maravilhoso sistema formulado por Confucius é superior a qualquer coisa
que tenhamos hoje fora da Bíblia. Em civilizações gigantescas, ninguém superou os
Babilônios e os Fenícios, que viveram centenas de anos antes da era cristã ter
começado. Na legislação, a habilidade forense e organizacional dos romanos nunca foi
superada. Fisicamente, podemos ser comparados, em desvantagem, com os antigos.
Então, aqui está um fato totalmente demonstrado, que, como um todo organizado,
nossa raça não está fazendo um progresso real e mostrando nenhum sinal de
crescimento. E repetimos: é o único entre todos os organismos vivos que não está
crescendo – crescendo, não, desenvolvendo. Então, qual é a causa desta paralisia?
Como podemos explicá-la exceto pela explanação fornecida na Palavra de Deus, a
saber, que este organismo teve uma terrível queda, está arruinado e quebrado, e não
está agora no seu estado normal e original!
Assim, se a Queda é um fato histórico e a única explicação adequada da história
humana, o que sucede! Primeiro, o homem é uma criatura caída; segundo, ele é um
pecador; terceiro, ele precisa de um Salvador. Então, este é o fundamento do apelo do
Evangelho. Por natureza, o homem é alienado de Deus, sob condenação, perdido. Qual
é, então, o remédio? A resposta é, Uma nova criação. “Se alguém está em Cristo, é
nova criatura’(2Cor 5:17). Não é o cultivo da velha natureza que é necessário, pois ela
está arruinada pela Queda, mas a recepção de uma natureza completamente nova que
é gerada pelo Espírito Santo. “Você deve nascer de novo”. Qualquer coisa que não
enfatize este ponto é sem valor e inútil.
VI – A QUEDA E CRISTO
Nenhum estudo de Gênesis 3 seria completo sem meditar sobre o assunto com o
Senhor Jesus diante do coração. Muitas passagens na Palavra unem Adão e Cristo e,
por isso, cumpre-nos compará-las e contrastá-las cuidadosamente. Ao pensar em
Cristo e na Queda, uma linha tripla de pensamento pode ser desenvolvida. Primeiro,
um contraste entre o primeiro e o segundo homem no seu caráter e conduta. Segundo,
o próprio Cristo suportando a Maldição da Queda. Terceiro, Cristo invertendo os efeitos
da Queda e produzindo o que há de melhor. Vamos tratar destes pensamentos nesta
ordem.
Foi sugerido por alguém, que, ao comer do fruto proibido, Adão lançou reprovação
ao o amor de Deus, Sua verdade e Majestade. Criado à imagem de Seu Criador;
vivificado pelo sopro da Divindade; colocado num meio ambiente perfeito; cercado de
toda benção que um coração pudesse desejar; colocado em completa autoridade sobre
toda obra realizada por Deus; provido de uma ajudadora e companheira adequada;
feito como exemplo de todo o universo do amor e bondade de Jeová, e tendo recebido
uma única ordem em que pudesse ter a oportunidade de mostrar a sua apreciação
pela simples observância – ainda assim, ele dá ouvidos à voz do tentador e acredita na
mentira do Diabo.
“Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe
que no dia em que dela comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus sereis, sereis
conhecedores do bem e do mal” (Gn 3:4,5). O que Satanás queria insinuar com estas
palavras? Elas eram como se ele dissesse: Deus disse para você não comer desta
árvore? Que crueldade! Ele está retendo de você a melhor coisa do jardim. Ele sabe
muito bem que se você comer desta fruta, seus olhos serão abertos e vocês se
tornarão como Deus. Em outras palavras, foi um apelo para desconfiarem de Deus,
duvidar de Sua graça e questionar Sua bondade. Assim, ao comer a fruta proibida,
Adão repudiou e desonrou o amor de Deus.
Além disso, ele questionou e desonrou a veracidade de Deus. Deus havia lhe
alertado claramente. Em linguagem inequívoca, ele havia alertado, “No dia em que
dele comeres, certamente morrerás”. Adão não sabia nada da morte. Ele estava
cercado somente de criaturas vivas. A Razão poderia ter argumentado que seria
impossível a morte entrar numa terra maravilhosa como o Paraíso. Mas lá, ecoou a
Sua Palavra, que não pode mentir, “Certamente morrerás”. A serpente, contudo,
audaciosamente nega a palavra de Jeová e declara: “É certo que não morrereis”. Em
qual palavra Adão acreditaria – na de Deus ou de Satanás? Ele confiou mais na última;
ele ousou duvidar da primeira e o ato da Queda aconteceu. Assim, ao comer da fruta
proibida, Adão repudiou e desonrou a verdade de Deus.
Depois, ele negou a autoridade de Deus. Como Criador Deus possui o direito
inerente de emitir ordens e exigir de Suas criaturas absoluta obediência. É Sua
prerrogativa agir como Legislador, Controlador, Governador, e definir os limites de
liberdade de Seus súditos. E no Éden ele exercitou Sua prerrogativa e expressou Sua
vontade. Mas, Adão pensou que tinha um amigo melhor do que Deus. Ele O considerou
austero e despótico, como Alguém que invejava aquele que promoveria seus melhores
interesses. Ele sentiu que ao lhe ser negada a fruta desta árvore que era agradável aos
olhos e boa para dar entendimento, Deus estava agindo arbitraria e cruelmente, de
modo que ele decidiu valer seus direitos e livrar-se da sujeição ao governo Divino. Ele
substitui a palavra do Diabo pela lei de Deus; ele colocou seu desejo antes da ordem
de Jeová. Assim, ao comer a fruta proibida, Adão repudiou e desonrou a Majestade de
Deus. Isso é o bastante quanto ao caráter e conduta do primeiro Adão.
Retornando ao último Adão, achamos que tudo se coloca em direta antítese. Em
pensamento, palavra e ação, o Cristo de Deus defendeu completamente o amor, a
verdade e a majestade do divino, que o primeiro homem tinha tão intensa e
deliberadamente desonrado. Como Ele defendeu o amor de Deus! Adão se refugiou no
pecaminoso pensamento de que Deus negou-lhe aquilo que lhe era benéfico e, desse
modo, questionou Sua benevolência. Mas como o Senhor Jesus reverteu aquela
decisão! Ao descer a esta terra para procurar e salvar o que estava perdido, Ele
revelou completamente a compaixão Divina pela humanidade. Na Sua consideração
pelos afligidos, nos Seus milagres de cura, nas Suas lágrimas sobre Jerusalém, na Sua
desinteressada e incansável obra da graça, ele mostrou abertamente a beneficência e
benevolência de Deus. E o que podemos dizer do Seu sofrimento e morte no madeiro
cruel! Ao dar a sua vida por nós, ao morrer na Cruz, Ele desvendou o coração do Pai,
como ninguém. “Deus provou o Seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo
morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rom 5:8). Na luz do Calvário jamais
podemos duvidar da bondade e graça de Deus.
Como Cristo defendeu a verdade de Deus! Quando tentado por Satanás para
duvidar da bondade de Deus, questionar Sua verdade e negar Sua Majestade, Ele
respondeu a cada vez: “Está escrito”. Quando Ele entrou na sinagoga no dia de Sábado
foi para proclamar os Oráculos Santos. Ao escolher os doze apóstolos, Ele,
intencionalmente escolheu Judas, para que as Escrituras “pudessem ser cumpridas”.
Ao censurar Seus críticos, Ele declarou que, pelas suas tradições, eles anulavam a
“Palavra de Deus”. Nos Seus últimos momentos sobre a Cruz, sabendo que todas as
coisas tinham se cumprido, para que se cumprissem as Escrituras Ele disse: “Tenho
sede”. Depois que Ele ressuscitou dentre os mortos e estava caminhando com os dois
discípulos para Emaús, Ele “expunha-lhes o que a Seu respeito constava em todas as
Escrituras” (Lc 24:27). Em cada aspecto e em cada detalhe de Sua vida, Ele honrou e
magnificou a verdade de Deus.
Finalmente, Cristo defendeu completamente a Majestade de Deus. A criatura
aspirou ser igual ao Criador. Adão irritou-se com a sujeição governamental que Jeová
tinha posto sobre ele. Ele desprezou a lei de Deus, insultou Sua Majestade, desafiou
Sua autoridade. Que diferença do nosso abençoado Salvador! Embora fosse o Senhor
da Glória e igual a Deus, Ele não se fez importante e tomou a forma de servo. Oh
graça sem par! Ele se submeteu à lei, e durante toda Sua permanência aqui na terra
Ele se recusou a fazer valer os Seus direitos e sempre foi sujeito ao Pai. “Não a minha
vontade”, era o Seu santo brado. Ou melhor, mais: “Ele se tornou obediente até a
morte, e morte de Cruz”. A lei de Deus nunca foi tão magnificada, a autoridade de
Deus nunca foi tão honrada, as reivindicações do governo de Deus nunca foram tão
ilustremente defendidas como durante os trinta e três anos em que Seu próprio Filho
viveu entre os homens. Assim, em Sua própria pessoa, Cristo defendeu a insultada
majestade de Deus.
Voltamos, agora, a contemplar o próprio Cristo suportando a Maldição da Queda.
Qual foi a punição que seguiu o pecado do primeiro Adão? Ao responder esta pergunta,
nos restringimos ao capítulo anterior. Começando em Gênesis 3:17, podemos traçar
uma conseqüência sétupla sobre a entrada do pecado neste mundo. Primeiro, a terra
foi amaldiçoada. Segundo, em fadiga o homem obteria sustento dela todos os dias de
sua vida. Terceiro, ela produziria espinhos e cardos. Quarto, o homem comeria o pão
com o suor do seu rosto. Quinto, o homem retornaria ao pó. Sexto, uma espada
flamejante impediu sua ida à árvore da vida. Sétimo, houve a execução da ordem de
Deus que no dia em que o homem comesse do fruto proibido ele certamente morreria.
Observe agora, como o Senhor Jesus suportou completamente a total conseqüência
do pecado do homem. Primeiro, Cristo foi “feito maldição por nós” (Gl 3:13). Segundo,
Ele estava tão profundamente ciente de Suas dores, que foi denominado “o homem de
dores” (Is 53:3). Terceiro, para que pudéssemos saber o quanto, literalmente, o Santo
suportou em Seu corpo as conseqüências do pecado de Adão, lemos: “Saiu, pois, Jesus
trazendo a coroa de espinhos” (Jo 19:5). Quarto, em relação ao suor de Sua face com
o qual o primeiro homem devesse comer seu pão, tomamos conhecimento em relação
ao segundo homem, “E o Seu suor era como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lc
22:44). Quinto, como o primeiro Adão deve retornar ao pó, assim o brado do último
Adão, naquele maravilhoso Salmo profético foi: “Assim, me deitas no pó da morte” (Sl
22:15). Sexto, a espada da justiça que impedia o caminho para a árvore da vida foi
embainhada no lado do Filho de Deus, pois muito antes, Jeová tinha dito: “Desperta, ó
espada, contra o Meu Pastor e contra o homem que é meu companheiro”(Zc 13:7).
Sétimo, a reprodução da ordem original de Deus para Adão, a saber, morte espiritual
(pois Ele não morreu fisicamente naquele mesmo dia), que é a separação da alma de
Deus, está testemunhada naquele mais solene de todos os brados, “Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46). Quão absolutamente o nosso abençoado
Salvador se identificou com aqueles que estavam perdidos, tomou os seus lugares e o
Justo sofreu pelo injusto! Quão notório é, que Cristo em Seu próprio corpo, realmente
suportou a Maldição imposta pela Queda.
Finalmente, devemos considerar, agora, Cristo revertendo os efeitos da Queda.
Deus, sozinho, pode separar o bem do mal e até mesmo fazer a ira do homem louvá-
lo. A Queda conferiu a Deus uma oportunidade de mostrar Sua sabedoria e revelar as
riquezas de Sua graça numa extensão que, ao que podemos ver, Ele nunca poderia ter
feito, se o pecado não tivesse entrado no mundo. Na esfera da redenção, Cristo não
somente reverteu o efeito da Queda, mas por causa dela, conduziu para uma coisa
melhor. Se Deus pudesse ter achado um modo em coerência com Seu próprio caráter
de restaurar o homem à posição que ele ocupava antes de se tornar um transgressor,
teria sido extraordinário triunfo, mas aquele em que, através de Cristo, pudesse
realmente ser o vencedor, é um milagre extraordinário da sabedoria e graça Divina.
Todavia, o caso é este. Os redimidos ganharam mais através do último Adão do que
perderam através do primeiro. Eles ocupam uma posição mais exaltada. Antes da
Queda, Adão habitou num Paraíso terreno, mas os redimidos foram feitos para
assentar-se com Cristo nos lugares celestiais. Pela redenção, eles foram abençoados
com uma natureza mais nobre. Antes da Queda, o homem possuía uma vida natural,
mas, agora, todos em Cristo foram feitos participantes da natureza Divina. Eles
obtiveram uma nova posição diante de Deus. Adão era simplesmente inocente, o que é
uma condição negativa, mas os crentes em Cristo são justos, o que é um estado
positivo. Compartilhamos uma herança melhor. Adão era senhor do Éden, mas os
crentes são “herdeiros de todas as coisas”, “herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Cristo”. Pela graça, fomos feitos capazes de um júbilo mais profundo do que espíritos
vivificados conhecem: a alegria do pecado perdoado, o compromisso da profunda
consciência para a graça Divina. Os crentes em Cristo se deleitam em um
relacionamento mais próximo de Deus do que era possível antes da Queda. Adão era
simplesmente uma criatura, mas nós somos membros do corpo de Cristo – “membros
do Seu corpo, de Sua carne e de Seus ossos”. Que maravilhoso! Fomos levados a uma
união com o Divino, de tal modo que o Filho de Deus não se envergonhou de nos
chamar de irmãos. A Queda forneceu a necessidade de Redenção, e pela obra
redentora da Cruz, os crentes têm uma posição que o caído Adão nunca poderia ter
alcançado. Verdadeiramente, “onde abundou o pecado, superabundou a graça”.
NOTA DO TRADUTOR: (1) O texto bíblico usa o pronome possessivo “her seed” para
a semente da mulher e o pronome possessivo “thy seed” para a semente da serpente.

http://www.celebrandodeus.com/Reflexoes/TodasReflexoes.asp
8/2/2007 16:15:21

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