Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Og Fernandes votaram
com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Assusete Magalhães.
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 3 de 20
Superior Tribunal de Justiça
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques.
Brasília (DF), 19 de agosto de 2014.
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 4 de 20
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.435.347 - RJ (2013/0364934-3)
RELATÓRIO
Por outro lado, no que importa à decisão que negou seguimento ao seu recurso
especial, a agravante afirma que: (a) ao contrário do que afirmado, a manutenção das
permissões pelo período de quinze anos não afronta o art. 37, XXI, da CF, a qual permite ao
legislador infraconstitucional prorrogar os contratos então vigentes, situação que dá azo à
Administração fixar o prazo máximo dessa excepcional vigência; (b) o reconhecimento da
inconstitucionalidade da lei estadual que fixou o aludido prazo de quinze anos se deu em
situação de ofensa aos ditames dos arts. 480 e 482 do CPC, do art. 97 da CF e da Súmula
Vinculante 10/STF; (b) mesmo com a oposição de embargos de declaração, o Tribunal de
origem não se pronunciou acerca de questão essencial para a solução da lide (juntada dos
autos do processo administrativo envolvendo as outorgas das permissões de serviço público),
situação que revela ofensa ao art. 535 do CPC; (c) é flagrante o cerceamento de seu direito de
defesa no indeferimento de prova imprescindível para a solução da lide; (d) a verba honorária
em favor do Detro não poderia ter sido majorada de ofício.
Pede a reconsideração das decisões agravadas de forma que seu recurso especial seja
provido e o recurso especial do Detro tenha seu seguimento negado.
É o relatório.
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 6 de 20
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.435.347 - RJ (2013/0364934-3)
EMENTA
VOTO
Ora, infirmar tais conclusões, com o fito de acolher a apontada violação aos
artigos 130 e 330, inciso I, do CPC e aferir se houve, ou não, cerceamento de
defesa e prejuízo à parte demandaria incursão no contexto fático-probatório dos
autos, o que é defeso em recurso especial, nos termos da Súmula 7 desta Corte de
Justiça.
Em quarto lugar, quanto à alegada legalidade da manutenção da antiga
permissão titulada pela ora Recorrente, o recurso não merece melhor sorte.
Conforme relata a Corte de origem, as permissões para prestação e
exploração dos serviços de transporte coletivo do Estado do Rio de Janeiro,
firmadas antes da Carta Constitucional de 1988, foram prorrogadas pelo prazo de
quinze anos, por meio da Lei Estadual nº 2831/97.
A ora embargante, em seu recurso especial, sustenta que "na ausência de um
prazo máximo para a implementação das providências do art. 42 § 2º, da Lei
Federal n°8.987/95, não há que se falar na ilegalidade da manutenção da antiga
permissão titulada pela ora Recorrente, donde se conclui que o v. Acórdão
recorrido, ao declarar a nulidade do contrato de adesão firmado com o
DETRO/RJ e determinar a realização de procedimento licitatório das respectivas
linhas violou frontalmente o referido dispositivo da Lei de Concessões e
Permissões de Serviços Públicos "(fls. 988)
A redação contida no § 2° do art. 42 da Lei n. 8.987/95 estabelece que "as
concessões em caráter precário, as que estiverem com prazo vencido e as que
estiverem em vigor por prazo indeterminado, inclusive por força de legislação
anterior, permanecerão válidas pelo prazo necessário à realização dos
levantamentos e avaliações indispensáveis à organização das licitações que
precederão a outorga das concessões que as substituirão, prazo esse que não será
inferior a 24 (vinte e quatro) meses ", ou seja, fixa o prazo de 24 meses como
tempo mínimo necessário que deve ser observado pela Administração Pública para
a realização de levantamentos e avaliações indispensáveis à organização das
licitações exigidas.
Nessa linha, a recorrente defende, como visto, que a legislação não impede a
prorrogação dos contratos, determinando, sim, um prazo que não seja inferior a 24
meses para que se realizasse a licitação.
A Lei 8.666/93, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Carta Magna,
instituindo normas para licitações e contratos da Administração Pública, em seu
art. 2º, afirma que as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando
contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação,
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
Assim, a exigibilidade da licitação é proveniente da Constituição Federal,
devendo a legislação infraconstitucional ser compatibilizada com os preceitos
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 1 0 de 20
Superior Tribunal de Justiça
insculpidos nos artigos 37, inciso XXI, e 175 da Carta República, não podendo
admitir-se um longo lapso temporal, com respaldo no art. 42, §2º, da Lei n.
8.987/95, uma vez que o comando constitucional deve ser plenamente cumprido.
Nesse sentido, o seguinte precedente da Suprema Corte:
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 1 5 de 20
Superior Tribunal de Justiça
extremo.
3. Termo de Permissão assinado pelo Poder Público e pela
permissionária. Os elementos componentes do mencionado Termo levam
a que se considere que, entre partes, houve, verdadeiramente, a
Concessão de serviço público.
4. Exigência de procedimento licitatório prévio para validação de
contrato de concessão com a Administração Pública, quer seja antes da
Constituição Federal de 1988, quer após a vigência da mencionada Carta.
5. Não havendo a licitação, a fim de garantir licitude aos contratos
administrativos, pressuposto, portanto, para a sua existência, validade e
eficácia, não pode se falar em concessão e, por conseqüência, nos efeitos
por ela produzidos.
6. As relações contratuais do Poder Público com o particular são
desenvolvidas com obediência rigorosa ao princípio da legalidade.
Ferido tal princípio, inexiste direito a ser protegido, para qualquer das
partes, além de determinar responsabilidades administrativas, civis
(improbidade administrativa) e penais, quando for o caso, para o
administrador público.
7. Em razão do uso indiscriminado das permissões de serviço público, é
de se lhe atribuir efeitos análogos aos do instituto da concessão de
serviço público quando a complexidade da atividade deferida por meio
daquele instituto seja de tal monta que exija um longo prazo para o
retorno dos altos investimentos realizados no intuito de viabilizar a sua
prestação.
8. Este direito está condicionado à licitude da atividade prestada pelo
permissionário, de modo que, ausente prévio procedimento licitatório,
não há que se falar em manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
que nele deveria ser estipulado, cabendo ao permissionário, em atenção
ao princípio da supremacia do interesse público sobre o particular e à sua
inexistente boa-fé, suportar os ônus decorrentes de uma ilegalidade que
lhe favoreceu."
9. Recurso parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp
403905/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 26/03/2002, DJ 06/05/2002, p. 260 - grifos
nossos)
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 1 6 de 20
Superior Tribunal de Justiça
Detro prazo fixado para o início da licitação, não há reparos a fazer na decisão agravada, a
qual proveu o recurso especial para "autorizar a realização do procedimento licitatório no
prazo de até 1 ano, independentemente do trânsito em julgado" (destaquei).
Isso porque o acórdão recorrido fixou somente prazo máximo para a realização da
licitação (um ano após o trânsito em julgado da ação), nada dispondo sobre o prazo mínimo
para o início da licitação, o que leva à conclusão de que pode ser iniciada pelo Detro a
qualquer tempo, "com a rapidez que entender conveniente, seguro e compatível" (fl. 850-e).
Também não tem razão a agravante quando afirma que, conforme a parte dispositiva
do acórdão estadual, não há falar em condenação do Detro ou do Estado do Rio de Janeiro ao
pagamento de indenização, e tampouco foi condicionada a realização de licitação ao prévio
pagamento de indenização.
Isso porque consta do acórdão recorrido que o Detro teria que observar as
disposições contidas no art. 42 da Lei 8.987/95 (inclusive quanto aos parágrafos que foram
acrescentados pela Lei 11.445/07) quando dos preparativos da licitação a ser realizada.
Vê-se, portanto, que o caput do art. 40 confirma o que diz o art. 2.º, inciso IV, da
mesma lei, ou seja, que a permissão será formalizada mediante licitação e observará os
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 1 7 de 20
Superior Tribunal de Justiça
termos legais, sobretudo - diferentemente da concessão -, quanto à precariedade e à
revogabilidade unilateral pelo poder concedente.
Por outro lado, conforme salientado pela decisão agravada no que se refere aos
honorários, não há contradição em afastar a violação do art. 535 do CPC e,
concomitantemente, em não conhecer do mérito do recurso (relativamente à tese de que a
princípio da causalidade deve ser aplicado ao Detro por ter sido esse quem elaborou os
contratos) por ausência de prequestionamento, desde que o acórdão recorrido esteja
adequadamente fundamentado.
É como voto.
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 1 8 de 20
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2013/0364934-3 REsp 1.435.347 / RJ
Relator
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOSÉ FLAUBERT MACHADO ARAÚJO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO DETRO RJ
PROCURADOR : MÁRIO AUGUSTO FIGUEIRA E OUTRO(S)
RECORRENTE : VIAÇÃO MONTES BRANCOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDO JOSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
MAXIMINO GONÇALVES FONTES NETO
SPENCER DALTRO DE MIRANDA FILHO
MARCUS FONTES
JÚLIA ELMOR
LEONARDO AMARAL SCOVINO E OUTRO(S)
RECORRIDO : OS MESMOS
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Serviços -
Concessão / Permissão / Autorização - Transporte Terrestre
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : VIAÇÃO MONTES BRANCOS LTDA
ADVOGADOS : FERNANDO JOSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
MAXIMINO GONÇALVES FONTES NETO
SPENCER DALTRO DE MIRANDA FILHO
MARCUS FONTES
JÚLIA ELMOR
LEONARDO AMARAL SCOVINO E OUTRO(S)
AGRAVADO : DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO DETRO RJ
PROCURADOR : MÁRIO AUGUSTO FIGUEIRA E OUTRO(S)
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 1 9 de 20
Superior Tribunal de Justiça
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto
do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Og Fernandes votaram com o
Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Assusete Magalhães.
Documento: 1340323 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/08/2014 Página 2 0 de 20