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História Medieval

História Medieval
2008

História Medieval
Sumario

Unidade I: Sociedade Medieval…………………………………………………………... 02 1


1.1 Feudalismo na Idade Média………………………………………………………… 02
1.2 O Mundo Medieval…………………………………………………………………. 10
1.3 A alta Idade Média………………………………………………………………….. 16
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1.4 A crise do feudalismo……………………………………………………………….. 19


História-Idade Média……………………………………………………………………... 21
Anexo…………………………………………………………………………………… 26
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2008

Unidade I: Sociedade Medieval

1.1 Feudalismo na Idade Media.

2
Idade Média
História Medieval, economia, sociedade, influência da Igreja, feudalismo, castelos,
guerras, peste negra, cruzadas, revoltas camponesas, cavaleiros, servos, sistema feudal,
arte medieval
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Castelo Medieval: símbolo do poder da nobreza

Introdução
A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas (bárbaras), no
século V, sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o século XV, com
a retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média caracteriza-se pela economia
ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção
feudal e sociedade hierarquizada.

Estrutura política
Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era
quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e
ajuda ao seu suserano. O vassalo oferecia ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em
troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam
por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.
Todos os poderes jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos
senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).

Sociedade medieval
A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza
feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e
História Medieval
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arrecadavam impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um


grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de
impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos
(camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos
senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha 3

(metade da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor
feudal).

Religião na idade média


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Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder


espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento
na Idade Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em
grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram
responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando
e copiando livros e a Bíblia.

Educação, cultura e arte medieval


A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Esta era
marcada pela influência da Igreja, ensinando o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras.
Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.
A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As
pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os
vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.
Podemos dizer que, no geral, a cultura medieval foi fortemente influenciada pela religião. Na
arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.

As Cruzadas
História das Cruzadas Medievais, Guerra na Idade Média, conflitos medievais,
renascimento comercial, rotas de comércio, economia medieval, história da
economia européia.

Cavaleiros na Idade Média


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No século XI, dentro do contexto histórico da expansão árabe, os muçulmanos


conquistaram a cidade sagrada de Jerusalém. Diante dessa situação, o papa Urbano II
convocou a Primeira Cruzada (1096), com o objetivo de expulsar os "infiéis" (árabes) da
Terra Santa. Essas batalhas, entre católicos e muçulmanos, duraram cerca de dois séculos,
deixando milhares de mortos e um grande rastro de destruição. Ao mesmo tempo em que 4

eram guerras marcadas por diferenças religiosas, também possuíam um forte caráter
econômico. Muitos cavaleiros cruzados, ao retornarem para a Europa, saqueavam cidades
árabes e vendiam produtos nas estradas, nas chamadas feiras e rotas de comércio. De certa
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forma, as Cruzadas contribuíram para o renascimento urbano e comercial a partir do século


XIII. Após as Cruzadas, o Mar Mediterrâneo foi aberto para os contatos comerciais.
As Guerras Medievais
A guerra na Idade Média era uma das principais formas de obter
poder. Os senhores feudais envolviam-se em guerras para
aumentar suas terras e o poder. Os cavaleiros formavam a base
dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados com
escudos, elmos e espadas, representavam o que havia de mais
Guerra Medieval
nobre no período medieval.

As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a


liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século
XI ao XIV, foi iniciada logo após o domínio dos turcos sobre os mulçumanos. Após domínio
da região, os turcos passaram impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da
captura e do assassinato, de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé.

Organização
Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento, convocou um grande número
de fiéis para lutarem pela causa. Muitos camponeses foram a combate pela promessa de que
receberiam reconhecimento espiritual e recompensas da Igreja; contudo, esta primeira batalha
fracassou e muitos perderam suas vidas em combate.
Após isso, outro exército ocidental, comandado pelos franceses, invadiu o oriente
para lutar pela mesma causa. Seus soldados usavam, como emblema, o sinal da cruz costurado
sobre seus uniformes de batalha. Sob liderança de Godofredo de Bulhão, estes guerreiros
massacraram os turcos durante o combate e tomaram Jerusalém, permitindo novamente livre
para acesso aos peregrinos.
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Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a sexta edição (1228-1229)
ocorreu de forma pacífica. As demais serviram somente para prejudicar o relacionamento
religioso entre ocidente e oriente. A relação dos dois continentes ficava cada vez mais
desgastada devido à violência e a ambição desenfreada que havia tomado conta dos cruzados,
e, sobre isso, o clero católico nada podia fazer para controlar a situação. 5

Embora não tenham sido bem sucedidas, a ponto de até crianças terem feito parte e
morrido por este tipo de luta, estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I, também
chamado de Ricardo Coração de Leão, e Luís IX. Elas proporcionaram também o
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renascimento do comércio na Europa. Muitos cavaleiros, ao retornarem do Oriente,


saqueavam cidades e montavam pequenas feiras nas rotas comerciais. Houve, portanto, um
importante reaquecimento da economia no Ocidente. Estes guerreiros inseriram também
novos conhecimentos, originários do Oriente, na Europa, através da influente sabedoria dos
sarracenos.

Peste negra ou peste bubônica


Em meados do século XIV, uma doença devastou a população européia.
Historiadores calculam que aproximadamente um terço dos habitantes morreram desta
doença. A Peste Negra era transmitida através da picada de pulgas de ratos doentes. Estes
ratos chegavam à Europa nos porões dos navios vindos do Oriente. Como as cidades
medievais não tinham condições higiênicas adequadas, os ratos se espalharam facilmente.
Após o contato com a doença, a pessoa tinha poucos dias de vida. Febre, mal-estar e bulbos
(bolhas) de sangue e pus espalhavam-se pelo corpo do doente, principalmente nas axilas e
virilhas. Como os conhecimentos médicos eram pouco desenvolvidos, a morte era certa. Para
complicar ainda mais a situação, muitos atribuíam a doença a fatores comportamentais,
ambientais ou religiosos.

Revoltas camponesas: as jacqueries


Após a Peste Negra, a população européia diminuiu muito. Muitos senhores feudais
resolveram aumentar os impostos, taxas e obrigações de trabalho dos servos sobreviventes.
Muitos tiveram que trabalhar dobrado para compensar o trabalho daqueles que tinham
morrido na epidemia. Em muitas regiões da Inglaterra e da França estouraram revoltas
camponesas contra o aumento da exploração dos senhores feudais. Combatidas com violência
por partes dos nobres, muitas foram sufocadas e outras conseguiram conquistar seus
objetivos, diminuindo a exploração e trazendo conquistas para os camponeses.
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Feudalismo na Idade Média


Sociedade Medieval, Economia, Influência da Igreja, Idade Média, organização do
feudo, suseranos e vassalos, senhor feudal, cavaleiros, servos, sistema feudal. 6
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Trabalho na Época Feudal


Introdução
O feudalismo tem inicio com as invasões germânicas (bárbaras ), no século V, sobre
o Império Romano do Ocidente (Europa). As características gerais do feudalismo são: poder
descentralizado (nas mãos dos senhores feudais), economia baseada na agricultura e utilização
do trabalho dos servos.

Estrutura política do feudalismo


Prevaleceram na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era
quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e
ajuda ao seu suserano. O vassalo oferece ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em
troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam
por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.
Todos os poderes, jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos
senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).

Sociedade feudal
A sociedade feudal era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A
nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de
terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um
grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de
impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos
(camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos
senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha
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(metade da produção), banalidade (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor
feudal).

Economia feudal
A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na
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Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns
na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra
possuía mais poder. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era
baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado
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por bois era muito utilizado na agricultura.

Religião
Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder
espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento
na Idade Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em
grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram
responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando
e copiando livros e a bíblia.

As guerras na idade média


A guerra no tempo do feudalismo era uma das principais formas de obter poder. Os
senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e poder. Os cavaleiros
formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados com escudos, elmos e
espadas, representavam o que havia de mais nobre no período medieval.

Educação, artes e cultura na idade média


A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Marcada pela
influência da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande
parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.
A arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas
retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais
das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.
Podemos dizer que, em geral, a cultura e a arte medieval foram fortemente influenciadas pela
religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.
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Igreja Medieval
Poder da Igreja Católica na Idade Média, influência cultural, política, econômica e 8

social, Inquisição.
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Igreja Católica: o poder na Idade Média


Introdução
No ano de 391, a religião cristã foi transformada em religião oficial do Império
Romano. A partir deste momento, a Igreja Católica começou a se organizar e ganhar força no
continente europeu. Nem mesmo a invasão dos povos bárbaros (germânicos) no século V
atrapalhou o crescimento do catolicismo.

A influência da igreja
Durante a Idade Média (século V ao XV) a Igreja Católica conquistou e manteve
grande poder. Possuía muitos terrenos (poder econômico), influenciava nas decisões políticas
dos reinos (poder político), interferia na elaboração das leis (poder jurídico) e estabelecia
padrões de comportamento moral para a sociedade (poder social).
Como religião única e oficial, a Igreja Católica não permitia opiniões e posições
contrárias aos seus dogmas (verdades incontestáveis). Aqueles que desrespeitavam ou
questionavam as decisões da Igreja eram perseguidos e punidos. Na Idade Média, a Igreja
Católica criou o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) no século XIII, para combater os
hereges (contrários à religião católica). A Inquisição prendeu, torturou e mandou para a
fogueira milhares de pessoas que não seguiam às ordens da Igreja.
Por outro lado, alguns integrantes da Igreja Católica foram extremamente
importantes para a preservação da cultura. Os monges copistas dedicaram-se à copiar e
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guardar os conhecimentos das civilizações antigas, principalmente, dos sábios gregos. Graças
aos monges, esta cultura se preservou, sendo retomada na época do Renascimento Cultural.
Enquanto parte do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais) preocupava-se com as
questões políticas e econômicas, muitos integrantes da Igreja Católica colocavam em prática
os fundamentos do cristianismo. Os monges franciscanos, por exemplo, deixaram de lado a 9

vida material para dedicarem-se aos pobres.


A cultura na Idade Média foi muito influenciada pela religião católica. As pinturas,
esculturas e livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas traziam cenas
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bíblicas, pois era uma forma didática e visual de transmitir o evangelho para uma população
quase toda formada por analfabetos. Neste contexto, o papa São Gregório (papa entre os anos
de 590 e 604) criou o canto gregoriano. Era uma outra forma de transmitir as informações e
conhecimentos religiosos através de um instrumento simples e interessante: a música.

A igreja católica hoje


Atualmente, a Igreja Católica é muito diferente do que era na Idade Média. Hoje, ela
não tem mais todo aquele poder e não pratica atos de violência. Pelo contrário, posiciona-se
em favor da paz, liberdade religiosa e do respeito aos direitos dos cidadãos. O papa,
autoridade máxima da Igreja, pronuncia-se contra as guerras, terrorismo e atos violentos.
Defende também a união das pessoas, principalmente dos países mais ricos, na luta contra a
pobreza e a miséria.

Baixa Idade Média


História da Baixa Idade Média, inovações tecnológicas, renascimento
comercial, renascimento urbano, origem da burguesia, os burgos, crise do feudalismo,
história medieval.

Renascimento comercial na Baixa Idade Média


Introdução
A Baixa Idade Média é o período da história Medieval que vai do século XIII ao XV.
Corresponde a fase em que as principais características da Idade Média, principalmente o
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feudalismo, estavam em transição. Ou seja, é uma época em que o sistema feudal estava
entrando em crise. Muitas mudanças econômicas, religiosas, políticas e culturais ocorrem
nesta fase.

Mudanças na forma de produzir


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O século XIII representou uma época de avanços tecnológicos na área agrícola. O
desenvolvimento do arado de ferro com rodas, do moinho hidráulico e a utilização da
atrelagem dos animais (bois e cavalos) pelo peito representaram uma evolução agrícola
importante, trazendo um aumento significativo na produção dos gêneros agrícolas.
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Crescimento demográfico
O século XIII foi marcado também pela diminuição nas guerras. Vivenciou-se neste
período uma situação de maior tranqüilidade em função do fim das cruzadas. Este clima de
paz em conjunto com o aumento na produção de alimentos significou um significativo
aumento populacional no continente europeu. Este crescimento demográfico foi interrompido
em meados do século XIV com a peste bubônica, que matou cerca de um terço da população
européia.

Renascimento comercial e urbano


Quando retornavam das cruzadas, muito cavaleiros saqueavam cidades no oriente. O
material proveniente destes saques (jóias, tecidos, temperos, etc.) era comercializado no
caminho. Foi neste contexto que surgiram as rotas comerciais e as feiras medievais. A saída
dos muçulmanos do mar Mediterrâneo também favoreceu o renascimento comercial.
Foi neste contexto que começou a surgir uma nova camada social: a burguesia.
Dedicados ao comércio, os burgueses enriqueceram e dinamizaram a economia no final da
Idade Média. Esta nova camada social necessitava de segurança e buscou construir habitações
protegidas por muros. Surgiam assim os burgos que, com o passar do tempo, deram origem a
várias cidades.

1.2 O Mundo Medieval.

A formação do feudalismo, na Europa Ocidental, envolveu uma série de


elementos estruturais, de origem romana e germânica, associados aos fatores
conjunturais, num longo período, que engloba a crise do Império Romano a partir
do século III, a formação dos Reinos Bárbaros e a desagregação do Império
Carolíngeo no século IX.
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A Crise Romana
A partir do século III a crise do Império romano tornou-se intensa e
manifestou-se principalmente nas cidades, através das lutas sociais, da retração
do comércio e das invasões bárbaras. Esses elementos estimularam um processo de
11
ruralização, envolvendo tanto as elites como a massa plebéia, determinando o
desenvolvimento de uma nova estrutura sócio econômica, baseada nas Vilae e no
colonato.
As transformações da estrutura produtiva desenvolveram-se principalmente nos
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séculos IV e V e ocorreram também mesmo nas regiões onde se fixaram os povos


bárbaros, que, de uma forma geral, tenderam a se organizar seguindo a nova
tendência do Império, com uma economia rural, aprofundando o processo de
fragmentação.
Em meio a crise, as Vilae tenderam a se transformar no núcleo básico da
economia. A grande propriedade rural passou a diversificar a produção de gêneros
agrícolas, além da criação de animais e da produção artesanal, deixando de
produzir para o mercado, atendendo suas próprias necessidades.
Foi dentro deste contexto que desenvolveu-se o colonato, novo sistema de
trabalho, que atendia aos interesses dos grandes proprietários rurais ao
substituir o trabalho escravo, aos interesses do Estado, que preservava uma
fonte de arrecadação tributária e mesmo aos interesses da plebe, que migrando
para as áreas rurais, encontrava trabalho.

O Colono
O colono é o trabalhador rural, colocado agora em uma nova situação. Nas
regiões próximas à Roma a origem do colono é o antigo plebeu ou ainda o
ex-escravo, enquanto nas áreas mais afastadas é normalmente o homem de origem
bárbara, que, ao abandonar o nomadismo e a guerra é fixado à terra
O colono é um homem livre por não ser escravo, porém está preso à terra.
A grande propriedade passou a dividirem-se em duas grandes partes, ambas
trabalhadas pelo colono; uma utilizada exclusivamente pelo proprietário, a outra
dividida entre os colonos. Cada colono tinha a posse de seu lote de terra, não
podendo abandoná-lo e nem ser expulso dele, devendo trabalhar na terra do senhor
e entregar parte da produção de seu lote.
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Dessa maneira percebe-se que a estrutura fundiária desenvolve-se de uma


maneira que pode ser considerada como embrionária da economia feudal
É importante notar que durante todo o período de gestação do feudalismo
ainda serão encontrados escravos na Europa, porém em pequena quantidade e com
importância cada vez mais reduzida. 12

Bárbaros
Para os romanos “bárbaros” eram todos aqueles que viviam além das fronteiras do
Império Romano e, portanto, não possuíam a cultura romana.
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De origem discutida, ocupavam uma região chamada Germânia e se subdividiam em


vários povos: borgundios, vândalos, francos, saxões, anglos, lombardos, godos e outros.
Nos séculos IV e V os principais povos bárbaros se deslocaram em direção ao Império
Romano, empurrados pelos Hunos que vinham do oriente, levando pânico e destruição aonde
chegavam. Esse processo acabou por precipitar a fragmentação do império, já decadente
devido à crise do escravismo e a anarquia militar.

As Invasões Bárbaras

Características Gerais dos Reinos


Surgidos com a desintegração do Império Romano do Ocidente, os Reinos Romano-
Germânicos ou Bárbaros não tiveram a mesma importância nem a mesma duração.
Em sua maioria foram Reinos efêmeros, não possuindo organização administrativa
eficiente, apesar do empenho de muitos chefes germanos em manter as instituições político-
administrativas romanas. O funcionamento dessas instituições, contudo, nem sempre
correspondeu às novas realidades e, por vezes, os elementos de populações romanizadas se
recusaram a colaborar com os germanos: durante muito tempo foram vistos como
conquistadores que haviam sido impostos pela força das armas. A língua, a religião, os
costumes e, sobretudo, as instituições político-jurídicas e sociais dos germanos, bem
diferentes dos das populações submetidas, funcionaram como obstáculos à fusão entre as duas
sociedades: a romana e a germânica. Ainda que os chefes bárbaros procurassem evitar choque
entre romanos e germanos - até mesmo porque os bárbaros geralmente representavam 5% da
população de muitos reinos - surgiram inúmeros problemas, inclusive pela criação de novos
obstáculos à fusão, como a adoção do regime da personalidade das leis (segundo o qual cada
indivíduo seria julgado pelas leis de seus ancestrais).
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Os Reinos Bárbaros
A instabilidade e a curta duração de muitos desses reinos também se ligaram ao fato
de os germanos desconhecerem a noção de Estado. A própria concepção que tinham da
Monarquia em nada contribuiu para a consolidação dos Reinos. Concebiam-na como "uma
Realeza absoluta apoiada na força militar. Os Reis do povo franco, godo, vândalo etc, não 13

tinham nenhuma idéia de um Estado cuja responsabilidade lhes cabia. Eram proprietários de
suas conquistas e as partilhavam entre seus sucessores, em geral seus filhos. A idéia de
explorar metodicamente suas riquezas igualmente lhes escapava: viviam em um domínio até o
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esgotamento das reservas, depois procuravam outros recursos. Sua Corte era integrada pelos
fiéis e parentes. A organização familiar (...) permaneceu idêntica após as invasões: “compra”
da esposa, direito paterno de justiça, solidariedade familiar, divórcio excepcionalmente, mas
concubinato muito comum, pelo menos entre os Reis. A organização judiciária permanecia
caracterizada pelo famoso Wergeld."

As grandes migrações e a primeira fase de formação dos reinos bárbaros


Esta fase teve como marco importante a noite de ano novo de 406, quando uma
confederação de povos os (vãndalos, suevos e alanos) iniciou a penetração no Império
Romano. Nesse momento, o império já estava desmantelado e não houve resistência concreta
aos guerreiros bárbaros.
A presença dos bárbaros causou profundo temor aos romanos. São Jerônimo*, que se
encontrava em Bizâncio, escreveu uma carta demonstrando seu espanto: "Chega-nos do
Ocidente um rumor terrível: Roma ataca... a minha voz estrangula-se e os soluços
interrompem-se enquanto digo estas palavras, foi conquistada, essa cidade que conquistara o
universo...”.
Os bárbaros, como vimos, tinham uma noção rudimentar do que era o Estado e
ignoravam a escrita. Por essas razões, tiveram de se inspirar nas instituições romanas para
formar seus primeiros Estados.
A aristocracia guerreira germânica, de certa forma, associava-se à decadente
aristocracia, pois um terço das terras ficou com os germanos, juntamente com os escravos e
trabalhadores; o restante ficou com a antiga nobreza provincial romana. Os pequenos
proprietários e camponeses livres que ainda existissem tornavam-se dependente dos
aristocratas bárbaros ou romanos. Por esse processo, as diferenças sociais aumentavam ainda
mais.
A autoridade da aristocracia bárbara foi crescendo com o aumento de seus domínios
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territoriais e de seus trabalhadores. Surgiram realezas rudimentares, onde os reis eram


apoiados por bandos de nobres armados e fieis a liderança real. Esses reinos bárbaros
preservam o escravismo e o colonato, formas de trabalho herdadas pelo império Romano.
No nível religioso, houve a conversão gradativa dos bárbaros ao cristianismo, o que
fazia desaparecer as velhas religiões comunitárias. 14

Vários reinos bárbaros se destacaram nesta primeira fase:

Reino vândalo.
Após atravessarem a fronteira do império no ano 406, os vândalos avançaram pela
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Gália e pela península Ibérica até se estabelecerem no norte da África, em 429.


Reino dos ostrogodos. Eles fixaram-se na península Itálica em 488, sob a liderança de
Teodorico. Utilizaram-se das instituições romanas para a administração.

Reino dos visigodos e dos borgúndios.


Os visigodos ocuparam a Gália em 519 e depois dominaram grande parte da península
Ibérica. Os borgúndios organizaram seu reino ao sul da Gália, entre os anos 443 e 534. Como
os outros reinos bárbaros, adaptaram-se às instituições romanas. Com a invasão dos francos
este reino desapareceu.
Os reinos germânicos dessa época tiveram uma breve duração. No entanto, essa fase
de invasões abriu caminho para outra onda de bárbaros, que se fixou na Europa e que marcou
mais nitidamente o mapa desse continente.

Império de Carlos Magno


O império carolíngio não tinha sede fixa. Ela era onde o rei e sua corte se
encontravam. Embora a cidade onde o rei passasse mais tempo era Aquisgrã,no palácio das
fontes de águas quentes.
Em 768, Carlos Magno, assumiu o trono e governou até 814 realizou muitas
conquistas, expandindo as fronteiras do império. Com isso Carlos garantiu a dependência
entre poder central e nobreza. Porque parte das terras conquistadas eram doadas à aristocracia
que por sua vez tinha um compromisso de lealdade para o rei-susserano.
As vitórias de Carlos Magno expandiram não só seu território, mas também a fé
católica sobre as outras religiões.
Suas maiores conquistas foram:
» 773 - derrotou os lombardos anexando em seu território o norte da Itália.
» 778 – estabeleceu uma posse franca na Espanha.
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» 804 – submeteu os saxões que havia no norte do seu reinado.


O êxito de suas conquistas teve o apoio da igreja. Em 800, Carlos Magno recebeu do
Papa Leão III a bandeira de Santo Sepulcro, sendo aclamado „‟ imperador dos romanos‟‟. Seu
reino foi o mais extenso da Europa Ocidental.
A propriedade da terra era a fonte de riqueza e de prestígio. 15

Para administrar um império tão grande, Carlos Magno estabeleceu muitas normas
escritas, as chamadas capitulares, que funcionavam como leis.
Entre os administradores estavam:
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» Condes: responsáveis pelo cumprimento das capitulares e pela cobrança de


impostos dos condados,ou seja, territórios do interior;
» Marqueses: cuidavam dos territórios situados na fronteira do império, ou seja, das
marcas.
» Missi-dominici: inspetores do rei, que viajavam por todo o reino para fiscalizar a
atividade dos administradores locais.
Carlos Magno preocupou-se em promover o desenvolvimento cultural de seu reino.
Então ele, apoiado por intelectuais, abriu escolas e mosteiros, apoiou a tradução e a cópia de
manuscritos antigos e protegeu artistas.
Seu governo foi marcado por atividade intelectual nas áreas das letras, artes e
educação. Isso foi chamado de Renascença Carolíngia, que contribuiu para a preservação e
transmissão da cultura da antiguidade clássica.
Após a morte de Carlos Magno, em 814, o governo passou para seu filho Luis, O
piedoso, que permaneceu no poder até 841. Isso mostra que o grande reino de Carlos Magno
não durou muito. Porque já com os seus netos começaram as disputas.
Seus netos eram: Lotário, Carlos o calvo e Luis o Germânico. Depois que esgotaram
o império os irmãos assinaram o Tratado de Verdum(843).
Esse tratado dividia o reino em três partes.
A Luis coube a França Oriental( atual Alemanha);Carlos herdou a França Ocidental
(atual França); Lotário ficou com o território do centro da atual Itália até o Mar do Norte, que
se chamou Lotaríngia.
Essa divisão do poder real e do território foi acompanhada de uma crescente
autonomia e independência dos Condes.
A parte que ficou com Luis deu origem a um novo império, o Germânico. Até o
século X, os grandes senhores feudais daquela região eram fiéis aos descendentes de Carlos
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2008

Magno. Após o fim da dinastia Carolíngia, a Germânia passou a ser controlada por cinco
famílias, onde os poderes das terras ficaram divididos em cinco ducados:
Saxônia, Lorena, Francônia, Baviera e Suábia.
Entre estes reis não havia sucessão dinástica.
Os reis germânicos continuaram na tradição Carolíngia e aliaram-se ao Papa, 16

levando o nome do império para Sacro Império Romano- Germânico.


Este império durou até o início do século XIX, quando foi destruído pelas guerras
napoleônicas.
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E assim mais um império desaparece, deixando para as gerações seguintes sua cultura
e personagens importantes para serem estudados e assim lembrados mais uma vez.

1.3 A alta Idade Media

Sociedade Feudal
A sociedade feudal era composta por três classes básicas: Clero, Nobres e Servos. A
estrutura social praticamente não permitia mobilidade, sendo portanto que a condição de um
indivíduo era determinada pelo nascimento. As terras eram divididas em feudos, onde havia
um senhor, o senhor feudal que mandava em tudo no local. O senhor era o proprietário dos
meios de produção, enquanto os servos representavam a grande massa de camponeses que
produziam a riqueza social. Cada feudo tinha sua moeda, leis, tecnologia e às vezes a própria
língua(o tamanho dos feudos eram tão grandes que não havia comunicação entre eles a não
ser em caso de guerra, fazendo com que cada um tivesse um desenvolvimento diferente. O
clero possuía grande importância no mundo feudal, cumprindo um papel específico em termos
de religião, de formação social, moral e ideológica. No entanto esse papel do clero é definido
pela hierarquia da Igreja, quer dizer, pelo Alto Clero, que por sua vez é formado por membros
da nobreza feudal. Originariamente o clero não é uma classe social, pois seus membros ou são
de origem senhorial (alto clero) ou servil (baixo clero).
A maioria dos livros de história retrata a divisão desta sociedade segundo as palavras
do Bispo Adalberon de Laon: "Na sociedade alguns rezam, outros guerreiam e outros
trabalham, onde todos formam um conjunto inseparável e o trabalho de uns permite o trabalho
dos outros dois e cada qual por sua vez presta seu apoio aos outros".
Os servos tinham de pagar muitas taxas aos senhores feudais, como:
Corvéia: O servo deveria prestar trabalho gratuito ao senhor feudal.
História Medieval
2008

Banalidade: Pagamento de uma taxa por utilizar os instrumentos do senhor feudal.


Capitação: Imposto anual pago por cada indivíduo ao senhor feudal.
Talha: Parte da produção do servo deveria ser entregue ao nobre.
Heriot: Taxa paga pelo servo ao assumir o feudo no lugar de seu pai que veio a morrer.
17
As Relações de Suserania e Vassalagem
As relações de subordinação desenvolveram-se desde o século V, no entanto
foi durante o reinado de Carlos Magno que tomaram sua forma mais desenvolvida. O
incentivo aos laços de vassalagem num primeiro momento fortalecia o poder real,
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pois direta ou indiretamente estendia-se a toda a sociedade, no entanto, com o


passar do tempo o resultado tornou-se oposto na medida em que as relações
pessoais foram reforçadas, diminuindo, portanto a importância do Estado.

Economia Feudal
A economia feudal possuía base agrária, ou seja, a agricultura era a
atividade responsável por gerar a riqueza social naquele momento. Ao mesmo
tempo, outras atividades se desenvolviam, em menor escala, no sentido de
complementar a primeira e suprir necessidades básicas e imediatas de parcela da
sociedade. A pecuária, a mineração, a produção artesanal e mesmo o comércio eram
atividades que existiam, de forma secundária.
Como a agricultura era a atividade mais importante, a terra era o meio de
produção fundamental. Ter terra significava a possibilidade de possuir riquezas
(como na maioria das sociedades antigas e medievais), por isso preservou-se a
caráter estamental da sociedade. Os proprietários rurais eram denominados
Senhores Feudais, enquanto que os trabalhadores camponeses eram denominados
servos.
O feudo era a unidade produtiva básica. Imaginar o feudo é algo complexo,
pois ele podia apresentar muitas variações, desde vastas regiões onde
encontramos vilas e cidades em seu interior, como grandes “fazendas” ou mesmo
pequenas porções de terra. Para tentarmos perceber o desenvolvimento
socioeconômico do período, o melhor é imaginarmos o feudo como uma grande
propriedade rural. O território do feudo era dividido normalmente em três
partes: O Domínio, terra comum e manso servil.
História Medieval
2008

O Domínio é a parte da terra reservada exclusivamente ao senhor feudal e


trabalhada pelo servo. A produção deste território destina-se apenas ao senhor
feudal. Normalmente o servo trabalha para o senhor feudal, nessa porção de terra
ou mesmo no castelo, por um período de 3 dias, sendo essa obrigação denominada
corvéia. 18

Terra comum e a parte da terra de uso comum. Matas e pastos que podem ser
utilizadas tanto pelo senhor feudal como pelos servos. É o local de onde
retiram-se lenha ou madeira para as construções, e onde pastam os animais.
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Manso servil era a parte destinada aos servos. O manso é dividido em lotes
(glebas) e cada servo tem direito a um lote. Em vários feudos o lote que cabe a
um servo não é contínuo, ou seja, a terra de vários servos são subdivididas e
umas intercaladas nas outras. De toda a produção do servo em seu lote, metade da
produção destina-se ao senhor feudal, caracterizando uma obrigação denominada
talha.
Esse sistema se caracteriza pela exploração do trabalho servil, responsável
por toda a produção. O servo não é considerado um escravo, porém não é um
trabalhados livre. O que determina a condição servil é seu vínculo com a terra,
ou seja, o servo esta preso a terra. Ao receber um lote de terra para viver e
trabalhar, e ao receber (teoricamente) proteção, o servo esta forçado a
trabalhar sempre para o mesmo senhor feudal, não podendo abandonar a terra. Essa
relação, definiu-se lentamente desde a crise do Império Romano com a formação do
colonato.
Além da corvéia e da talha, obrigações mais importantes devidas pelo servo
ao senhor, existiam outras obrigações que eram responsáveis por retirar dos
servo praticamente tudo o que produzia.
Tradicionalmente a economia foi considerada natural, de subsistência e
desmonetarizada. Natural por que baseava-se em trocas diretas, produtos por
produto e diretamente entre os produtores, não havendo portanto um grupo de
intermediários (comerciantes); de subsistência por que produzia em quantidade e
variedade pequena, além de não contar com a mentalidade de lucro, que exigiria a
produção de excedentes; desmonetarizada por não se utilizar de qualquer tipo de
moeda, sendo que havia a troca de produto por produto.
História Medieval
2008

Apesar de podermos enxergar essa situação básica, cabem algumas


considerações: o comércio sempre existiu, apesar de irregular e de intensidade
muito variável. Algumas mercadorias eram necessárias em todos os feudos mas
encontradas apenas em algumas regiões, como o sal ou mesmo o ferro. Além desse
comércio de produtos considerados fundamentais, havia o comércio com o oriente, 19

de especiarias ou mesmo de tecidos, consumidos por uma parcela da nobreza


(senhores feudais) e pelo alto clero. Apesar de bastante restrito, esse comércio
já era realizado pelos venezianos.
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Mesmo o servo participava de um pequeno comércio, ao levar produtos


excedentes agrícolas para a feira da cidade, onde obtinha artesanato urbano,
promovendo uma tímida integração entre campo e cidade. “ A pequena produtividade
fazia com que qualquer acidente natural (chuvas em excesso ou em falta, pragas)
ou humano ( guerras, trabalho inadequado ou insuficiente) provocasse períodos de
escassez” (1) Nesse sentido havia uma tendência a auto suficiência, uma
preocupação por parte dos senhores feudais em possuir uma estrutura que pudesse
prove-lo nessas situações

O poder
No mundo feudal não existiu uma estrutura de poder centralizada. Não existe
a noção de Estado ou mesmo de nação. Portanto consideramos o poder como
localizado, ou seja, existente em cada feudo. Apesar da autonomia na
administração da justiça em cada feudo, existiam dois elementos limitadores do
poder senhorial. O primeiro é a própria ordem vassálica, onde o vassalo deve
fidelidade a seu suserano; o segundo é a influência da Igreja Católica, única
instituição centralizada, que ditava as normas de comportamento social na época,
fazendo com que as leis obedecessem aos costumes e à “ vontade de Deus”. Dessa
forma a vida quase não possuía variação de um feudo para outro.
É importante visualizar a figura do rei durante o feudalismo, como
suserano-mor, no entanto sem poder efetivo devido a própria relação de suserania
e a tendência á auto-suficiência econômica.

1.4 A crise do Feudalismo


Durante o século XIV, uma grave crise econômica e social atingiu a vida do homem
medieval. Este processo de crise culminará definitivamente com a desagregação da sociedade
feudal, marcando a fase de transição da Idade Média à Idade Moderna.
História Medieval
2008

Os fatores que desencadearam a grande crise do século XIV foram vários, dentre os
quais devemos destacar aqueles que, na opinião de muitos historiadores, compõem a chamada
"triologia" da crise feudal: a fome, a peste e as guerras.
O final da Baixa Idade Média é marcado, portanto, por um período de acentuada e
generalizada crise, composta por vários fatores de origem econômica e social que assolaram a 20

Europa.
Primeiramente, com relação à fome, é preciso ressaltar que a estagnação das técnicas
agrícolas somada ao crescimento demográfico gerou um enorme desequilíbrio entre a
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produção e o consumo. A falta de alimentos fez com que o solo fosse mais utilizado,
comprometendo ainda mais sua produtividade e agravando a escassez de alimentos. Ou seja,
em virtude do uso constante, a terra perde sua qualidade, causando o empobrecimento cada
vez maior da atividade agrícola.
A esse quadro de saturação da economia agrícola, alguns historiadores acrescem
fatores de natureza geográfica para apontar as razões que desencadearam a grande fome do
século XIV. Acredita-se que, nesse período, houve uma repentina mudança no clima europeu,
que o tornou mais úmido e frio, dificultando o trabalho e a produção agrícola.
Além desses aspectos, o historiador Phillippe Wolf acrescenta ainda que: “O problema
de subsistência na Europa é explicado pelas más condições de armazenagem que provocavam
perdas consideráveis, por apodrecimento do trigo, por extensão de diversas doenças que o
tornavam impróprio ao consumo e, finalmente, pelos hábitos alimentares demasiado
uniformes (o milho, por exemplo, ainda não era conhecido, nem tampouco a batata, que mais
tarde terão um papel importante na alimentação). Uma colheita fraca bastava para ameaçar o
equilíbrio entre a oferta e a procura; duas seguidas inevitavelmente provocavam a fome".

Bibliografia:
Franco Jr., Hilário, O feudalismo, Ed. Brasiliense, col. Tudo é História
História Geral - Aquino, Denize e Oscar - Ed. Ao Livro Técnico.
Toda a História - José Jobson Arruda - Ed. Ática
História - Luiz Koshiba - Ed. Atual
História Medieval
2008

História-Idade média
O sistema feudal
Objetivo: aqui inicia-se mais uma etapa da história ocidental, e veremos detalhes
sobre o sistema feudal, suas origens, o auge e porque acabou.como era a vida das pessoas.
Também as transformações que o feudalismo sofreu e como influenciou as gerações futuras. 21

Pré-requisito: acompanhar os capítulos seguintes.


Fundamentos da idade média: o Sistema feudal

As duas fases da Idade Média


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O feudalismo é o elemento que define esta parte da história,é uma fase singular
devido a servidão.coincidentemente a Idade Média está ligada com a formação,
desenvolvimento e declínio do trabalho servil.É dividida em:

Alta Idade Média ( séc. V-XI), esta fase vai desde a queda de Roma e formação dos
reinos germânicos no Ocidente até o início das cruzadas contra o Islão, a servidão começa a
surgir e tomar forma ,para depois se tornar sólida e espalhar-se.
Baixa Idade Média (séc. XI-XV), esta fase começa com a primeira Cruzada até a
centralização do poder real e a expansão ultramarina européia.nesta fase tem-se o
renascimento comercial e urbano,orientando assim a vida econômica.nesta época ocorre o
apogeu e também a crise que leva ao seu declínio.

Como surgiu o feudalismo


O feudalismo surgiu depois da desintegração do império Romano,devido as invasões
bárbaras, no século V.mas estes invasores não destruíram tudo da civilização romana, pois as
novas sociedades que estavam surgindo, eram uma mistura de povos,dos conquistadores e dos
conquistados.
A sociedade feudal na Europa teve características romanas.uma delas foram as
vilas.ou, seja as grandes propriedades de terras que mais a frente deram origem aos feudos;o
cristianismo, organizado pela igreja Católica, que ajudou e muito a preservar a cultura greco-
românica, e que tinha o poder cultural da época.

Feudalismo propriamente dito


A Produção era de subsistência.a principal fonte de renda era o feudo, ou seja, a
terra.o dono da terra era o senhor feudal, ele mandava e cobrava tributos dos seus servos e não
faziam nenhum investimento ou nas terras ou nos seus servos.este por sua vez,podiam usar da
História Medieval
2008

terra mas não de maneira livre, pois deviam pagar tributo.podia ser proprietário de alguns
instrumentos de trabalho. O servo tem de se submeter a essa vida , principalmente porque o
senhor feudal tem a ajuda das armas e da igreja. A produção tem como maior objetivo manter
os senhores feudais. E ocorre assim um atrito entre servos e senhores feudais.
A servidão 22

O sistema feudal tinha como base fundamental a relação servil de produção.a


sociedade feudal estava organizada em torno de duas camadas sociais básicas: os senhores
feudais e os servos.Embora no meio desta sociedade existia pessoas que não se enquadrava
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em nenhuma dessas classes. Estes eram : os vilãos, que eram camponeses livres;os senescais ,
que eram agentes senhoriais.
A importância da servidão na Idade Média era tanta , que o fim da servidão foi
equivalente ao fim do feudalismo e da Idade Média.
A sociedade
A sociedade feudal era principalmente rural, ou seja, quase todas as pessoas viviam
no campo.O trabalho na agricultura era pesado e cansativo e os camponeses ficavam com
poucos frutos,visto que as terras eram dos nobres.
Os nobres eram os donos da terras, também chamados de feudos.como proprietários,
o trabalho deles era pouco, em comparação com os servos.
Servos,não eram escravos porque não pertenciam aos nobres, já que não podiam ser
vendidas para outro senhor feudal. Mas também não eram livres para irem para outro lugar ou
outro feudo.estes camponeses servos tinham direito de utilizar um pedaço da terra do feudo
para uso próprio.mas o senhor feudal não fazia investimentos na terra.Os instrumentos de
trabalho ,como foices, machados e outros, pertenciam aos servos.veja algumas das obrigações
feudais:

Corvéia:era prestação de serviço gratuitos.isto é,o servo trabalhava uns dias na


semana de graça para o senhor feudal ,em terras do seu senhor.além de construir pontes,
reparar estradas e outros trabalhos extras.
Talha: era a entrega de produtos gerados diretamente por trabalho servil.parte da
colheita do servo devia ser entregue ao senhor feudal.isto incluía aves, alimentos e animais.
Banalidades: eram taxas criadas por qualquer motivo.multas, impostos para compra
de equipamentos e vários.
História Medieval
2008

Tais obrigações servis ou melhor, direitos senhoriais, eram como consagrados pela
tradição e variavam de acordo com a região.A relação entre senhor feudal e servo era bem
prática: os servos trabalhavam enquanto os senhores feudais lhes garantiam proteção, em caso
de guerras, e abrigo, no caso de calamidade. Mesmo assim , com essa suposta proteção, os
camponeses não se conformavam tão facilmente com tanto trabalho me tanto tributo.por isso 23

havia rebeliões, que infelizmente eram sufocadas de maneira violenta e cruel pelos nobres.
O feudo era uma grande propriedade de terra, que os servos trabalhavam.haviam as
terras comunais, estas eram usadas tanto pelo senhor, por meio de seus servos, como pelos
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camponeses.também servia como pastagem para animais, colheita de frutas, além ser usada
para as caça do nobre.
A economia do feudo era de subsistência ,pois o feudo não produzia tantos
excedentes,mas apenas o básico para sobreviver.por causa disso as cidades e o comércio eram
pouco desenvolvidos.
NOTA: A expansão árabe limitou o comércio europeu. Com as invasões árabes,
iniciadas no século VIII,houve dificuldades para os europeus, pois o norte da África, parte da
península ibérica e o Mar Mediterrâneo eram dos árabes.isto contribuiu para uma das
características do feudalismo, o isolamento da Europa e o esvaziamento das cidades e do
comércio.

A igreja católica e o feudalismo


Um dos motivos da igreja Católica, ter sido tão poderosa nesta época,era devido ao
grande número de adeptos.além de ser dona de muitos feudos.seus bens vinha muitas vezes
por doações deixadas por nobres em seus testamentos.a nobreza e a cúpula da igreja
pertenciam a mesma classe, a dos senhores feudais.
O domínio da igreja não era só na vida religiosa das pessoas, mas também na
cultural.os clérigos faziam parte dos poucos que sabiam ler.por causa disso tudo o que se dizia
ou pensava devia ter a permissão da igreja. Caso contrário, a pessoa era considerada um
herege- inimigo da fé cristã- quem fosse condenado com tal tinha punições pesadas.entre ela:
a fogueira e a masmorra.
A igreja tinha um papel político de importância,como ela andava de aos dadas com os
senhores feudais, ela podia difundir a idéia de conformidade da sua situação, principalmente
em relação aos servos, e deste modo tentar controlar os camponeses revoltosos.logo, muitas
revoltas camponesas foram consideradas heresias.
História Medieval
2008

A transformação do feudalismo
O auge do feudalismo foi entre os séculos IX e XIII. Nesta época a Europa era
dividida em vários feudos, um „mundinho‟ governado por seu próprio senhor,com suas
leis,cobranças e forças armadas. Nesta situação, o rei era um nobre proprietário de terra,com
pouca autoridade além do seu próprio feudo. Essa hierarquia tem origens nas guerras 24

antigas.como era o sistema? Um grande chefe militar vencedor,distribuía as terras dos


vencidos entre seus auxiliares mias íntimos, que se tornavam seus vassalos.estes por sua vez
tinha de dar apoio militar ao seu suserano.Estes vassalos, se quisessem podiam distribuir
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parte de suas terras para pessoas que seriam seus vassalos.

O desenvolvimento econômico
Quando as últimas invasões bárbaras acabaram,inicia-se o desenvolvimento comercial
da Idade Média.
As energias sociais começam a dedicar-se mais, provocando pequenos acréscimos na
capacidade produtiva feudal.com isso tem- se um aumento populacional, dando início ao
processo de colonização interna do ocidente. Pois com mais pessoas era necessário mais
terras, o meio mais viável era ir atrás de terras. No século XI,há uma relativa melhora das
técnicas agrícolas, como exemplo: emprego de moinho de vento e água, atrelagem do animal
pelo colo. O uso do arado e da enxada de ferro.claro que estas inovações foram limitadas, já
que não havia tantos incentivos.
O aumento da produção agrícola se deu ,por cultivar áreas que antes estavam
desocupadas (desmatando bosques e drenando pântanos), depois,desenvolvendo o emprego do
afolhamento, isto é , dividir a terra em três partes . sendo que em duas eram cultivadas duas
culturas diferentes e na terceira parte a terra ficava em descanso, ou melhor , no pousio. Esta
parte ficavam recebendo todo o cuidado para recuperar a fertilidade. Então depois de três
anos,havia a rotação de culturas.
Com o aperfeiçoamento da metalurgia houve a criação de arados de ferro, que
aumentaram a produtividade e diminuíram o esforço.
O aperfeiçoamento do artesanato de roupas e objetos pessoais, armas e armaduras
asseguravam maior conforto e capacidade militar.
Com tudo isso, muitos feudos começaram a produzir mais que o necessário. com estes
excedentes, era possível vender e com o dinheiro, comprar outras coisas que vinham das
regiões vizinhas.
História Medieval
2008

Com isso começa a surgir as feiras medievais, estas eram os locais onde os
comerciantes faziam seus negócios.algumas destas feiras ser tornaram tão importante que
deram origem acidades.Nas cidades viviam a maioria dos artesãos e comerciantes. A cidade e
o campo foram aprimorando suas atividades econômicas.ficando da seguinte forma :o campo
aprimorando sua agricultura e criação de animais, já as cidades se concentrando no artesanato 25

e no comércio. E os nobres ficaram com a parte que era a força motriz da época: consumir,
principalmente as mercadorias vendidas pelos comerciantes e artesãos.
Com isso as cidades foram crescendo, e como muitas delas eram dentro das terras do
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nobres, elas também pagavam tributo feudais.mas depois do século XIV, muitas cidades já
tinham se tornado ricas o suficiente para se livrarem do domínio do senhor feudal e assim
obter autonomia.

A crise do século XIV


Neste século surgi a primeira crise,pelo fato dos senhores feudais não investirem na
tecnologia , a produção passou a ser insuficiente para a população da época.A produção
agrícola vinha do desbravamento de terras , mas chegou um momento que já não havia tantas
terras assim.com isso começa a haver a fome, junto com o aumento de impostos.o intercâmbio
com o oriente trouxe coisas boas( mercadorias e especiarias) e más( doenças, entre a pior, a
peste negra).com as doenças e a superpovoação nas cidades, ocorre uma catástrofe
demográfica, pois com cidades sem nenhuma infraestrutura e cheia de ratos , as doenças se
alastraram rapidamente e matando assim quase 40% da população.o medo da doença fez com
que cidades inteiras fossem abandonadas, logo, começou a faltar mão-de-obra nos feudos e
com isso as rendas dos senhores feudais foi caindo e eles também .mas para assegurar a sua
posição, a nobreza aumentou seus tributos sobre os servos. Estes tributos foi o necessário para
fazer estourar várias revoltas camponesas.
Então o feudalismo teve sua destruição final quando as revoluções burguesas
começam a aparecer.
Anexo de História
Medieval
Faculdade de Educação Tecnológica do
Pará
2007

O mundo medieval ocidental


Apresentação articuladas pela Igreja romana, originaram
uma nova sociedade, a feudal. No Oriente -
como veremos na próxima unidade - o

C
omo vimos na unidade anterior, o
domínio imperial romano unificou Império Romano, ou Bizantino, manteve as
povos e civilizações que haviam se heranças grega e romana. 2

desenvolvido de forma relativamente Ainda no Oriente, nesse período, os


autônoma até aquele momento. De fato, os muçulmanos fundaram - a partir da península
povos mesopotâmicos, os persas e os Arábica -um império que se estendeu da Índia
macedônios já tinham estendido domínios até a península Ibérica.
para além dos seus territórios de origem, O longo período medieval ocidental é
constituindo os primeiros impérios. Mas tradicionalmente subdividido em Alta e Baixa
nenhum deles teve um domínio comparável ao Idade Média. A primeira, abrangendo os
do Império Romano. Roma tornou-se o centro séculos V ao X, corresponde à tendência geral
de um imenso império, um império de retração da economia e de ruralização da
mediterrânico e escravista. Assim, podemos sociedade, que levou ao feudalismo. A
dizer que o Império Romano correspondeu ao segunda, que vai do século XI ao XV
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ápice de um processo que ocorria na caracteriza-se pela expansão feudal e sua


Antiguidade: o da formação de impérios cada posterior crise.
vez mais extensos, poderosos e duradouros. A Alta Idade Média ocidental foi o período
Mas o domínio romano, apesar de de formação e consolidação do feudalismo.
universalizar o poder (exércitos e leis) e Esse sistema constituiu-se, ao longo de
generalizar o sistema escravista de produção, vários séculos, numa evolução estrutural que
não foi implementado de forma homogênea remonta à crise romana do século III e passa
em todas as regiões. As características étnicas pela formação das realezas germânicas e sua
e culturais de cada povo conquistado, a crise no século IX. No século X o sistema
maneira como esses povos foram incorpora- feudal estava estruturado e tinha sua
dos pelos romanos e a forma de relação que se constituição clássica no norte da atual França.
estabeleceu entre cada um e o centro do Veremos que o feudalismo se expandiu no
império foram muito diversos. Essas século XI e que, no período que vai do século
diferenças ajudam a explicar por que uma XII a meados do século XIV, começõu a sofer
parte significativa desse império - o Ocidente um vigoroso processo de transformações,
- foi palco de uma grande crise, que culminou marcado pelo renascimento do comércio e da
no século V com a tomada de Roma pelos vida urbana. Foram essas transformações que,
bárbaros germânicos. Explicam também a médio prazo, levaram o sistema à
porque o Império Romano do Oriente sobre- desagregação.
viveu a esses ataques. A crise do sistema feudal se explica, como
Nesta unidade estudaremos o mundo veremos, pelas suas próprias contradições. O
medieval ocidental. Idade Média é a seu crescimento a partir do século XI
designação tradicional do período que se produziu, contraditoriamente, as condições
estende do século V ao XV Mas, ao longo para a crise, indicando que o sistema tinha
desses mil anos, as antigas porções ocidental e atingido o máximo de suas potencialidades.
oriental do Império Romano conheceram Entrou então em decadência, que se
processos muito distintos, embora mantives- manisfestou na economia, na sociedade, na
sem importantes relações entre si. política e na cultura, e provocou as mudanças
No Ocidente - na Europa Ocidental - pode- que resultaram em uma nova realidade social
mos observar uma lenta interpenetração da que os historiadores chamam Modernidade.
sociedade romana com as germânicas que,
2007

A Alta Idade Media


A formação do feudalismo

C
om a decadência do Império soldados entravam diretamente para as
Romano, os povos germânicos forças militares romanas em troca de terras.
começaram a se estabelecer onde De forma, muitos deles tornaram-se altos 3
antes estavam os territórios dominados pelos oficiais do exército romano.
romanos. Da mistura da sociedade romana, que se
Esses povos habitavam as regiões além do achava em decadência, com a sociedade
rio Reno, até o sul da Escandinávia. Antes germânica, que se achava em transformação,
do contato com os romanos, os povos nasceu um novo sistema, chamado
germânicos eram seminômades e viviam do feudalismo.
pastoreio e da agricultura. A terra era
comunitária e os rebanhos pertenciam aos Os reinos bárbaros
principais guerreiros da tribo. Só em época
de guerra surgia uma autoridade com poder

A
formação dos reinos bárbaros na
de comando na tribo. Esse era o chamado Europa efetuou-se em duas fases,
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sistema comunitário primitivo. com características diferentes.


Mas o contato que os germanos tiveram com Na primeira fase, os povos bárbaros
os romanos acelerou várias mudanças que já associado ao Império Romano estabeleceram
vinham ocorrendo nas comunidades reinos rudimentares efêmeros. Na segunda,
primitivas bárbaras. Em primeiro lugar, os reinos bárbaros deram origem a
começaram a surgir diferenças sociais entre instituições mais duradouras, bases para as
os membros das tribos e os chefes que monarquias feudais.
tomavam as terras para uso próprio. Nessas
terras eles criavam gado para trocar por As grandes migrações e a primeira fase de
mercadorias com os romanos. Chegavam a formação dos reinos bárbaros
atacar outras tribos para vender os
prisioneiros como escravos.
A partir dessas mudanças, formou-se uma
aristocracia hereditária, que guerreava para
aumentar sua propriedade. Os chefes tinham
poderes semelhantes aos dos futuros reis.
E sta fase teve como marco
importante a noite de ano-novo
de 406, quando
confederação de povos germânicos
uma

(vândalos, suevos e alanos) iniciou a pene-


Formou-se assim uma nobreza, que não tra- tração no Império Romano. Nesse
balhava mais no campo e se mantinha com o momento, o império já estava
trabalho de alguns camponeses escravizados desmantelado e não houve resistência con-
ou dependentes. forma, consolidou-se uma creta aos guerreiros bárbaros.
camada de nobres possuidora de A presença dos bárbaros causou profundo
propriedades com escravos e guerreiros, que temor aos romanos. São Jerônimo, que se
se distanciou definitivamente do restante da encontrava em Bizâncio, escreveu uma
comunidade. carta demonstrando seu espanto: "Chega-
Os romanos incentivavam essas nos do Ocidente um rumor terrível: Roma
transformações e provocavam guerras entre atacada... A minha voz estrangula-se e os
os bárbaros, pois isso mantinha os germanos soluços interrompem-se enquanto digo estas
divididos e facilitava a manutenção da palavras, foi conquistada, essa cidade que
autoridade imperial sobre os povos bárbaros. conquistara o universo..."
Exércitos de bárbaros foram admitidos por Os bárbaros, como vimos, tinham uma
Roma nas fronteiras para impedir a entrada noção rudimentar do que era o Estado e
de outros bárbaros. Muitos desses novos
2007

ignoravam a escrita. Por essas razões, onda de bárbaros, que se fixou na Europa e
tiveram de se inspirar nas instituições que marcou mais nitidamente o mapa desse
romanas para formar seus primeiros continente.
Estados.
A aristocracia guerreira germânica, de A segunda fase de formação dos reinos
certa forma, associava-se à decadente bárbaros
aristocracia, pois um terço das terras ficou
4

A
com os germanos, juntamente com os escra- segunda onda das invasões
vos e trabalhadores; o restante ficou com a germânicas se distingue da primeira
antiga nobreza provincial romana. Os por seus resultados duradouros, mar-
pequenos proprietários e camponeses livres cando profundamente a formação da futura
que ainda existissem tomavam-se depen- Europa. Houve a conquista da Gália pelos
dentes dos aristocratas bárbaros ou romanos. francos e o domínio da Inglaterra pelos
Por esse processo, as diferenças sociais anglo-saxões, no século V No século VI os
aumentavam ainda mais. lombardos conquistaram a península Itálica.
A autoridade da aristocracia bárbara foi Os povos que chegavam nessa fase tinham
crescendo com o aumento de seus domínios sua região de origem bem mais próxima que
territoriais e de seus trabalhadores. Surgiram os povos anteriores, podendo enviar reforços
realezas rudimentares, onde os reis eram de contingentes para consolidar as
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apoiados por bandos de nobres armados e conquistas. Além disso, migraram lenta-
fiéis à liderança real. Esses reinos bárbaros mente, o que gerou um povoamento seguro e
preservaram o escravismo e o colonato, concentrado. Não se associavam aos
formas de trabalho herdadas do Império romanos, como os povos da primeira fase,
Romano. mas confiscavam as terras e as distribuíam
No nível religioso, houve a conversão entre seus guerreiros.
gradativa dos bárbaros ao cristianismo, o que À medida que os francos, lombardos e
fazia desaparecer as velhas religiões anglo-saxões tomavam as regiões da Europa,
comunitárias. as antigas víllae (latifúndios romanos)
Vários reinos bárbaros se destacaram desapareciam, cedendo lugar a diversas for-
nesta primeira fase: mas de propriedade: pequenos proprietários
Reino vândalo. Após atravessarem a arrendando terras, camponeses dependentes
fronteira do império, no ano 406, os de aristocratas bárbaros, aldeias de
vândalos avançaram pela Gália e pela camponeses que utilizavam terras comunais.
península Ibérica até se estabelecerem no Nessa segunda etapa das invasões, afirmou-
norte da África, em 429. se uma sólida aristocracia territorial e
Reino dos ostrogodos. Eles fixaram-se consolidaram-se as aldeias comunitárias de
na península Itálica em 488, sob a liderança camponeses. Tanto a aristocracia territorial
de Teodorico. Utilizaram-se das instituições como as aldeias comunitárias são
romanas para a administração. características do futuro sistema feudal.
Reino dos visigodos e dos borgúndios. Outra importante característica dessa fase é
Os visigodos ocuparam a Gália em 519 e que as leis romanas deixaram de prevalecer,
depois dominaram grande parte da península sendo utilizado um sistema de leis baseado
Ibérica. Os borgúndios organizaram seu em antigos costumes bárbaros (direito
reino ao sul da Gália, entre os anos 443 e consuetudinário). Esse fato ajudou a
534. Como os outros reinos bárbaros, consolidar os novos reinos bárbaros.
adaptaram-se às instituições romanas. Com a Nessa fase, destacaram-se dois reinos:
invasão dos francos este reino desapareceu. O reino dos francos. Originários da Bélgica
Os reinos germânicos dessa época atual, os francos fixaram-se na Gália do
tiveram uma breve duração. No entanto, essa Norte, onde se aliaram aos romanos. No
fase de invasões abriu caminho para outra entanto, a partir de 481, os romanos
2007

(funcioncionários, soldados, colonos, Os reinos bárbaros formados nessa


clérigos) abandonaram a região, deixando segunda fase conseguiram estabelecer-se
poucos sinais de sua presença. O rei franco mais solidamente em território europeu,
Meroveu deu inico à dinastia merovíngia. superando as heranças do velho império
Os reinos anglo-saxões. Os povos anglo- Romano. Esses novos reinos bárbaros
saxões desembarcaram nas ilhas Britânicas organizavam-se em bases culturais e sociais
por volta de 450, juntamente com os daneses mais germânicas. Não conseguiram
5
ou jutos (originários da Dinamarca). Os estabelecer um Estado de característica
romanos já tinham abandonado a região fortes. A falta de um Estado organizado
havia 50 anos. Os camponeses que se acentuou-se quando os muçulmanos
estabeleceram ali inauguraram um novo tomaram o Mediterrâneo, nos séculos IX e
sistema de propriedade: individual nos lares X, impedindo uma atividade comercial mais
camponeses e agricultura comunitária nos ativa. A partir daí, o isolamento rural dos
campos abertos. Os chefes e aristocratas povos europeus tornnou-se cada vez maior.
anglo-saxões consolidavam o seu poder A Europa se feudalizava.
pessoal e, por volta do século VII, já havia
uma aristocracia hereditária. Politicamente, A evolução do reino franco e a dinastia
os anglo-saxões - e mais tarde os daneses - merovíngia
formaram sete reinos, que lutavam
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constantemente entre si, impedindo uma

C
lovis (482-511) conseguiu organizar
eventual unificação (a chamada heptarquia a administração e consolidar as
anglo-saxônica). A invasão dos normandos fronteiras do reino. Fez campanhas
vindos da Normandia no século XI acelerou militares contra os visigodos e dominou o
a implantação de um feudalismo típico na borgúndios. Converteu-se ao cristianismo e
Inglaterra. impôs unificação religiosa e política em seus
territórios.
Após a morte de Clovis, o reino ficou
dividido entre seus filhos, até 558, quando
Clotário reunificou o reino e começou a
ampliar seu território. Essa tarefa foi
continuada por Clotário II, seu sucessor.
Uma das maiores realizações da dinastia
merovíngia foi a conquista da Germânia,
terra de origem dos bárbaros germânicos. A
dinastia não apresentou progressos na
técnica e na administração real, nem
conseguiu impor uma administração nas
regiões conquistadas. As moedas de ouro
desapareceram e os reis merovíngios não
conseguiram restabelecer um padrão
monetário para incrementar o comércio, já
bastante pobre.
O poder dos reis merovíngios foi sendo
suplantado pela atuação do majordomus
(chamado também "mordomo do paço" ou
"prefeito do palácio"), equivalente a um
primeiro-ministro, que passou a controlar a
administração do reino. Ele era indicado
Arte dos vikings: pedra com pelo rei franco, mas o cargo passou a ser
representação de um guerreiro (século hereditário, dado que os reis merovíngios
VII).
2007

estavam envolvidos em disputas familiares: lutaram contra os árabes muçulmanos na


os domíníos reais eram partilhados por todos região dos Pireneus. Entretanto, o mais
os herdeiros, pois não existia distinção entre importante é que Carlos Magno fez uma
os bens da família e os do Estado. Assim, forte aliança com a Igreja, garantindo o
firmou-se uma linhagem de mordomos do território do Patrimônio de São Pedro.
paço. Carlos Magno auxiliou o papa Leão III na
Foi a partir de Carlos Martel que o luta contra os lombardos e por esse motivo
6
majordomus passou a exercer efetivamente o recebeu a sagração como imperador dos
poder. Esse majordomus destacou-se na luta romanos. O título de imperador tinha sido
contra os árabes muçulmanos que tentaram extinto no Ocidente havia cerca de 400 anos,
invadir o reino franco: Carlos liderou os mas a Igreja e o rei dos francos tentavam
francos, que derrotaram os muçulmanos na restaurá-lo.
batalha de Poitiers, em 732, detendo sua Depois de consolidar suas conquistas,
expansão na Europa. Carlos Magno passou à organização de seu
Depois da morte de Carlos Martel, seu império. Restaurou a cunhagem de moedas,
sucessor Pepino, o Breve, destronou o esquecida desde os merovíngios, com um
último rei da dinastia merovíngia, em 751, e sistema baseado na prata. Iniciou uma
deu início a uma nova dinastia. política de renovação da literatura, das artes,
da filosofia e da educação. Enviou missões
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A dinastia carolíngia para converter ao catolicismo os pagãos de


seu império.

P ara assumir o trono, Pepino teve a


aprovação da Igreja católica, o que
lhe permitiu inaugurar uma nova
dinastia, que ficou conhecida como dinastia
carolíngia por causa de seu filho Carlos
Este desenho do século XIII mostra
Rolando recebendo do imperador Carlos
Magno a espada de cavaleiro. Nesta
cerimônia o cavaleiro fazia um solene
Magno. Juramento de fidelidade para com seu
Pepino lutou contra os lombardos na senhor.
península Itálica e cedeu à Igreja os
territórios conquistados (no centro da
península), aumentando muito o poder do
papa. Esses territórios ficaram conhecidos
como Património de São Pedro ou Estados
Pontificiais.

O reinado de Carlos Magno e o Império


Carolíngio

C
om a morte de Pepino, o reino
ficou dividido entre seus dois
filhos, Carlomano e Carlos
Magno. Esses dois herdeiros disputavam o
domínio total do reino, mas com a morte de
Carlomano, em 771, Carlos Magno
transformou-se no único rei dos francos.
Carlos Magno e seu exército de
aristocratas anexaram a Saxônia (parte da
atual Alemanha), a Frísia (parte da atual
Holanda) e a Catalunha (parte da atual Para faciliatar a administração de seu
Espanha) e a Itália lombarda. Também vasto império, Carlos Magno dividiu-o em
2007

condados (regiões administrativas), que que prestava serviços militares ao


eram administrados pelo condes, nobres de imperador. Dessa forma, a guerra passou a
confiança do imperador. Os condes recebiam ser uma prerrogativa da aristocracia.
grandes extensões de terra e uma parte Os camponeses, agora excluídos da guerra,
proporcional dos redimentos da região que trabalhavam as terras e alimentavam esse
administravam. Alé deles exisitam os duques exército de nobres. Formou-se assim uma
– que recebiam benefícios ainda maiores – e unidade de produção agrária trabalhada por
7
os marqueses, que além dos benefícios camponeses dependentes de grandes senho-
recebiam também imunidade. res: era o início da produção senhorial, base
Havia ainda os missi dominici, espécie de da economia feudal. Esses camponeses eram
fiscais do imperador nas províncias, que conhecidos como servos: não eram escravos,
eram recrutados entre a nobreza e nomeados mas estavam presos à terra e a uma série de
dois a dois: uma era bispo, e o outro, nobre obrigações para com os seus senhores.
leigo (que não era membro da Igreja). Foi
graças ao trabalho dos missi dominici que o Crise e desintegração do Império
Império Carolíngio se manteve integrado. Carolíngio
Eles utilizavam documentos escritos e

C
faziam cumprir as capitulares (leis arlos Magno morreu em 814, sendo
administrativas criadas pelo imperador). No sucedido por seu filho Luís, o
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entanto, não existia realmente uma burcracia Piedoso, que governou até 840. Os
palaciana que administrasse efetivamente o filhos de Luís, o Piedoso, passaram a
império. O que garantia a relativa coesão dos disputar o poder, arrastando o Império
domínios imperiais era o juramento de Carolíngio a uma longa guerra interna, que o
fidelidade que os vasslos carolíngios faziam fez desaparecer. Uma das razões principais
ao rei. dessa desintegração foram as guerras pela
sucessão, que dizimaram a maioria dos
O caminho para o feudalismo jovens combatentes da aristocracia. Isso era
agravado pela pouca eficiência da cavalaria

A
s medidas políticas e econômicas para manter a ordem na vastidão territorial
tomadas por Carlos Magno do império. Além disso, não havia um
visavam ao fortalecimento de seu sistema de administração suficientemente
poder pessoal. Com o passar do tempo, organizado que garantisse a unidade política.
entretanto, essas medidas tiveram um efeito Além dessas razões, havia o baixo nível das
contrário, isto é, foram minando o poder forças produtivas, que não atendiam às
central e fortalecendo o poder dos nobres e necessidades de um império organizado e
senhores locais, abrindo caminho para o centralizado. Por outro lado, as novas
desenvolvimento do feudalismo. invasões que assolaram a Europa Ocidental
Desde a época dos merovíngios, havia o mostraram a fragilidade da administração
beneficium, que consistia em doar terras aos dos condes, duques e marqueses.
nobres que prestassem serviços ao rei; esses Numa tentativa de evitar a falência total do
nobres eram chamados de vassalos. Com império, os três irmãos, que lutavam pelo
Carlos Magno, essas doações passaram a ser poder, entraram em acordo. Pelo Tratado de
um direito daqueles que prestassem serviços Verdun, assinado em 843, dividiram o
ao imperador. Esses nobres, vassalos diretos império em três partes: a Lotário couberam
do imperador, não se submetiam à os domínios centrais; Luís, o Germânico,
autoridade dos condes e dos missi dominici. recebeu a porção oriental; e Carlos, o Calvo,
Daí surgiram os feudos territoriais, ficou com a parte ocidental do império.
concessões de terras revestidas de poderes Com a morte desses soberanos e a posterior
jurídicos e políticos, em troca de serviço divisão de cada reino entre seus herdeiros, a
militar. Surgiu uma cavalaria de aristocratas, desagregaçãodo império foi inevitável. Em
2007

850 os benefícios tomaram-se hereditários, apresenta.


aumentando a independência e o poder dos Fica clara a questão da descentralização
nobres. Logo depois, em 870, extinguiu-se o política, uma característica fundamental da
último dos missi dominici, representante da Alta Idade Média. A lenda mostra a tentativa
autoridade central imperial. Em 890, o título de unir os senhores da Bretanha sob a
de conde tornou-se hereditário. Os condes autoridade do rei de Gales. Como toda
ficaram com um poder cada vez maior sobre história de origem lendária, esta mistura
8
seus domínios territoriais. elementos, personagens e características de
Com o recrudecimento das invasões dos épocas diferentes. Dessa forma, podemos
normandos e magiares no final do século IX, dizer que o período retratado no filme é a
toda a Europa, particularmente a atual Idade Média, mas é impossível situar a
França, cobriu-se de castelos privados. trama em um momento preciso dessa longa
época.
História e Cinema É possível ver no filme aspectos
importantes da guerra medieval: a figura do
cavaleiro, as armas, as formas de combate,
os códigos militares. A questão da honra
estava intimamente ligada aos valores
militares e à noção de fidelidade. A
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fidelidade estabelecia relações pessoais


Excalibur baseadas na palavra dada, no juramentos
feitos. Isso permite entender as relações de
vassalagem entre os nobres.
Diretor: O filme mostra que ser cavaleiro é um
John atributo da nobreza, mas nem todos os
Boorman. cavaleiros eram de origem nobre. O
Produção escudeiro do herói Lancelot, por exemplo,
anglo/ norte- foi encontrado por ele na estrada e mais
americana de tarde se tornou também cavaleiro.
Estão presentes outras aspectos
1981. importantes da sociedade medieval: o rei
Duração: exerce pessoalmente a justiça, pois não há
140 juízes e tribunais, e recorre-se aos duelos
minutos. para provar a inocência. A honra e a verdade
 Excalibur é o nome de uma espada eram defendidas e conquistadas no campo de
mágica, ligada ao lendário rei Artur. O luta.
filme, porntanto, não trata de episódios O filme apresenta ainda a combinação de
históricos reais, mas de narrativas lendárias, elementos culturais de origem pagã com o
nas quais se misturam elementos de origem cristianismo. No primeiro caso, estão a
pagã, provalmente celta, e cristã. Os magia de Merlim ou os poderes de Morgana.
personagens princiapais do filme são próprio No segundo, a busca do Santo Graal (o
rei Artur, sua mulher Guinevere, o cavaleiro cálice que Jesus Cristo teria usado na última
campeão, Lancelot, o mago Merlim e ceia) pelos cavaleiros da Távola Redonda,
Morgana, também dotada de poderes fiés ao rei Artur. Na Alta Idade Média a
mágicos. Irmã do rei, ela é uma das vilãs da Igreja encontrou enormes dificuldades para
história, usando os seus poderes mágicos cristianizar a população. Ela nem sempre foi
para o mal. feliz na sua tentativa de extirpar as crenças e
O interesse do filme para estudantes de práticas de origem pagã.
História são os elementos da realidade
politica e cultural medieval que ele
2007

A Consolidação do Feudalismo

O feudalismo resultou da síntese entre a


sociedade romana em decadência e a
sociedade bárbara germânica em
transformação. Para facilitar a compreensão
chefes bárbaros remuneravam
colaboradores com terras, o chamado
seus

beneficium, que dava alguma autonomia aos


guerreiros que o recebiam, principalmente
9

do processo de formação do feudalismo, quando recebiam a imunidade, ou seja,


procuraremos mostrar o legado da sociedade independência para administrar seu
romana e dos costumes bárbaros para esse território.
novo sistema. A sociedade germânica er atambém
Lembremos que a sociedade romana era eminentemente agrária e pastoril, o que
eminentemente agrária, mas com vida acentuou o processo de ruralização da
urbana intensa. Com as crises dos séculos III economia e da sociedade depois da invasão.
e IV, a escassez de mão-de-obra escrava Uma das maiores contribuições da sociedade
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levou os grandes proprietários a bárbara para a concretização do feudalismo


abandonarem as cidades e rumar para suas foi seu sistema de lei, que se baseava no
vilae (latifúndios), onde exploravam o direito consuetudinário, isto é, nos antigos
trabalho dos coloni (antigos escravos ou costumes herdados dos antepassados, para os
camponeses que se tornaram vinculados à quais as práticas fundavam a lei oral, que
terra e dependentes de seus senhores). Os regulava as relações pessoais.
coloni eram juridicamente livres, mas não
podiam abandonar a terra. Esses A contribuição dos árabes, eslavos e
trabalhadores são os precursores dos servos normandos para a formação da Europa
medievais. feudal
A condição social passava, assim, a ser
determinada pela relação com a terra. A
sociedade romana passava por um processo
de ruralização, acentuado pelo desa-
parecimento dos grupos médios ligados ao
N o século IX as sociedades
européias encontravam-se em
avançado estado de ruralização.
As invasões que ocorreram nesse século
fizeram com que os senhores rurais
comércio e às atividades urbanas em geral. tentassem organizar uma deseja
Esse processo foi importante para a individualizada, erigindo castelos e
formação do feudalismo, pois reforçou o fortificações.
poder político dos senhores locais, Aós conquistar o norte da África, invadir
a Europa e dominar a península Ibérica, os
enfraquecendo o poder central do império.
muçulmanos, nos séculos IX e X,
A descentralização política mencionada transformara o Mediterrâneo em seu
acima se acentuou com os bárbaros: o domínio quase exclusivo. Os postos
comitatus era uma velha instituição bárbara comerciais desse mar ficaram em suas mãos,
que estabelecia uma relação de fidelidade o que dificultava a atividade comercial e
mútua entre cheges e guerreiros, o que provocava o isolamento da Europa.
As tribos de eslavos que haviam sido
reforçava os laços de dependência pessoal e
submetidas pelos francos se libertaram e
dminuía um eventual poder central. Os passaram a saquear as vilas e os domínios
2007

rurais, aumentando a insegurança. Ao incursionar por variados pontos da costa


mesmo tempo, os nômades magiares norte da Europa também para saquear.
(húngaros) fixaram-se no médio Danúbio e Vinham para vender peixe seco e peles, mas
daí organizaram ataques para saquear terras também se dedicavam ao saque e à pilhagem
e vilas. das aldeias e domínios rurais. A Europa
Também os normandos ou vikings (povos estava sendo “sitiada” pelas invasões do
que viviam na atual Dinamarca) século IX. Esse fato não foi determinante,
10
transformaram seu padrão de relação com o mas ajudou a Europa a se feudalizar.
continente europeu: começaram a

As características socioeconômicas do feudalismo


Um senhorio
1. Celeiro; estábulo
2. Igreja
3. Ferraria
4. Campos de pastagens
comuns
5. Campos cultivados
senhoriais
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6. Pântano
7. Forno
8. Solo improdutivo
9. Terra de pousio
10. Bosque
11. Campos cultivados
pelos camponeses
12. Pomar
13. Prado
14. Moinho
15. Castelo
16. Casa do pároco
17.Aldeia

O conceito feudalismo deriva da


palavra feudo, que significa "bem
dado em troca". Assim, feudalismo é o nome
início do século XIII, quando começou a
entrar em decadência. A agricultura era a
atividade econômica que preponderava
que damos ao sistema no qual o feudo - um durante a época feudal e envolvia toda a
bem, que poderia ser um ou mais senhorios população, direta ou indiretamente. O
(territorial), uma quantia anual (bolsa), a senhorio, a unidade básica de produção do
armadura de um cavaleiro (loriga), um sistema feudal, era praticamente auto-
conjunto de direitos de cobrança de suficiente. Produzia tudo ou quase tudo de
obrigações camponesas (ban) - é o que se tivesse necessidade: leite, madeira,
fundamento das relações socioeconômicas e ferro etc. O que não era produzido pelo
políticas. senhorio era adquirido nos pequenos
O feudalismo foi um sistema tipicamente mercados das aldeias.
europeu. Desenvolveu-se entre os séculos X Os feudos territoriais ou senhorios ("do
e XI, mas atingiu seu auge no século XII e senhor") eram divididos em três partes: a
2007

reserva senhorial ou manso senhorial, que medieval. Mas o principal trabalhador


eram terras de uso exclusivo do senhor, durante o período feudal era o servo,
embora trabalhadas pelos servos; as reservas originário do antigo colonus. O servo não
do camponês ou manso servil, que eram as
era um trabalhador livre, mas também não
terras exploradas pelos camponeses e suas
era um escravo. Estava ligado à terra, não
famílias; as terras comunais, constituídas por
pastos, florestas e baldios, que forneciam podendo ser retirado dela para ser vendido. 11

frutas, madeiras, mel, castanhas etc. A caça Outra diferença entre um servo e um escravo
era direito exclusivo do senhor. é que o servo era dono dos instrumentos de
produção.
A sociedade feudal
As relações sociais no feudalismo

A
sociedade feudal era

O
rigidamente estratificada, isto feudalismo foi constituído pela
é, dificilmente havia articulação entre dois eixos de
mobilidade, pois a posição dos grupos era relações: as relações feudo-
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determinada pela relação com a terra. Se- vassálicas e as relações servis de produção.
gundo a mentalidade da época, a sociedade As relações feudo-vassálicas estabeleciam-
estava dividida porque Deus determinara se entre membros da aristocracia militar e
diferentes funções para cada camada. Havia territorial e baseavam-se no feudo, na
três camadas fixas. O clero (sacerdotes) era fidelidade e na reciprocidade. As relações
a camada mais importante, considerada servis de produção estabeleciam-se entre o
intermediária entre Deus e os homens. Sua senhor da terra e o trabalhador e estavam
função era orar pela salvação de todos. Os baseadas na desigualdade de condições e na
guerreiros (nobreza e aristocracia) lutavam exploração do trabalho.
para proteger o resto da sociedade dos A aristocracia feudal tirava seu sustento e
males do mundo. O seu poder vinha do fato garantia seu poder e sua riqueza por meio do
de serem os donos da terra e terem o trabalho do servo, da guerra e das alianças.
monopólio militar. Os trabalhadores Os servos, que recebiam um lote para
deveriam produzir o necessário para o cultivar e eram defendidos pelo senhor, de-
sustento de toda a sociedade. viam a este uma série de obrigações: deviam
Na verdade, cada uma dessas ordens se trabalhar na reserva senhorial alguns dias
subdividia em vários estratos internos. Havia por semana, e todo o produto desse trabalho
diferentes tipos de trabalhadores: os era do senhor feudal (corvéia); entregava
pequenos proprietários, que cultivavam seus uma parte do que produziam na reserva
lotes (alódios); os antigos proprietários, que servil (talha); pagavam pelo uso do moinho
se ligaram a um senhor (vilões, porque ou do lagar (banalidades); quando um servo
habitavam as vilas); e o trabalhador escravo, morria, os filhos deveriam pagar para
que não desaparecera totalmente da Europa continuar em suas terras (mão-morta).
Havia um forte componente religioso nessa
2007

exploração do senhor sobre os servos, pois independentes. Os servos se ajudavam


estes viam os senhores como protetores e mutuamente nas pequenas plantações, nas
patronos, que os ajudavam em tempos pastagens das terras comunais ou em
difíceis. algumas festas. Tudo isso pode ser
Mas, de alguma forma, os servos considerado como resistência ao poder dos
conseguiam ter algumas atividades senhores. 12

As características políticas do feudalismo

P oliticamente o feudalismo
caracterizou-se pela fragmentação
política. As relações pessoais tornavam-se
doações não terminava aí: o aristocrata que
recebia a terra a redistribuía para outros
aristocratas, que passavam a ter as mesmas
mais fortes com o enfraquecimento da obrigações. Teoricamente, os senhores
atuação do Estado. Essas relações, feudais recebiam as terras do rei, o soberano;
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denominadas feudo-vassálicas ou de mas com o parcelamento do poder político


suserania e de vassalagem, originaram-se ligado ao parcelamento da terra, o rei se
das tradições romanas e germânicas. transformou em um tipo de suserano-mor.
Consistiam no ato de um senhor doar bens, O vassalo, em troca da terra, deveria auxiliar
sobretudo terras e direitos a outro senhor em o suserano com seu exército quando ele
troca de alguns favores e obrigações. O aris- precisasse, além de participar dos conselhos
tocrata que doava o bem era o suserano, e o senhoriais. Ao suserano cabiam obrigações
que recebia era o vassalo. Essa prática de semelhantes para com seu vassalo.

As características militares do feudalismo

O
cavaleiro foi a figura característica Uma das principais funções militares da
da organização militar do cavalaria era garantir e ampliar os domínios
feudalismo. Ser cavaleiro, com dos senhores e reprimir rebeliões
escudos, lanças, espadas, cota de camponesas que ameaçassem o poder da
malha e armadura, era privilégio da aristocracia. Mas a militarização servia
aristocracia, pois o acesso à cavalaria também par defender a cristandade contra
dependia da origem e da riqueza. Essa seus inimigos, por exemplo, os muçulmanos,
característica estava ligada à separação entre ao mesmo tempo que garantia a conquista de
guerreiros e chefe que se dera na tribo mais terras.
germânica e também ao custo do Os constantes combates acabavam
equipamento completo de um cavaleiro, que destruindo as plantações e os campos. No
era muito alto para os mais pobres. Era século X, a Igreja interveio, propondo a
preciso ter muitas terras e servos trabalhando Trégua de Deus, que determinava que não se
para sustentar um cavaleiro. Ou seja, poderia guerrear entre a quinta-feira e a
somente a aristocracia feudal era capaz segunda-feira pela manhã.
disso.
2007

A Igreja medieval ocidental

A
Igreja sobreviveu às crises e mundo da Igreja; os padres, em seus
mudanças do final da Antiguidade sermões passavam essa visão de um mundo
e da Alta Idade Média. O clero dividido em classes, naturalmente desiguais.
monopolizava o saber em um mundo de 13
analfabetos e foi responsável por conservar Memória e História
a cultura letrada da Antiguidade Clássica.
Embora o texto a seguir seja de um
Apesar de manter essa cultura atrelada a
autor nascido no final do século
seus interesses de grande senhora de terras,
XII, ele se refere a um problema
a Igreja muito contribuiu para que o
que a Igreja católica enfrentou
conhecimento não estagnasse.
desde a Antiguidade: as crenças
A Igreja romana acumulou poderes que
populares arraigadas nos
derivavam de sua riqueza material e da
costumes dos camponeses,
influência espiritual que exercia sobre as
constituindo um sério obstáculo
pessoas.
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aos objetivos da instituição de


A Igreja organizava-se hierarquicamente, o
cristianizar a sociedade. Em
que a ajudava a manter o poder. Havia o alto
muitos casos a Igreja foi obrigada
e o baixo clero. O primeiro, ligado à
a incorporar a memória popular à
aristocracia, detinha os cargos de direção
tradição crista.
(bispos, abades etc.). O segundo era
composto de elementos vindos das camadas O cão Guinefort
mais baixas. O chefe dessa hierarquia era o
bispo de Roma, que, em 455, recebeu o • São ultrajantes a Deus as superstições
título de papa, isto é, chefe da igreja cristã. que atribuem honras divinas aos demônios
Ao clero secular, que estava em contato com ou a outra criatura qualquer: é isto que faz a
as coisas do mundo, coube a tarefa de idolatria, e é isso o que fazem as miseráveis
converter os bárbaros que invadiram a mulheres que tiram a sorte, que buscam a
salvação adorando sabugueiros ou fazendo-
Europa. Ao clero regular (submetido a
lhes oferendas. Desprezando as igrejas ou as
regras), que ficava nos mosteiros, cabia a relíquias dos santos, levam seus filhos a
preservação da cultura e o aumento do poder esses sabugueiros, ou a formigueiros ou a
econômico da Igreja. outros objetos, a fim de curá-los.
As doações de terras feitas pelos reis e Isso aconteceu recentemente na diocese
senhores laicos à Igreja faziam com que seu de Lyon, onde, como eu pregasse contra
poder político aumentasse, pois ia se sortilégios e ouvisse confissões, numerosas
transformando num "grande senhor feudal". mulheres confessaram ter levado seus filhos
Essa posição fazia com que a Igreja tivesse a São Guinefort. E, como eu acreditasse
que lutar pela defesa de seus interesses tanto tratar-se de algum santo, procurei saber e
quanto os demais senhores feudais. descobri que se tratava de um cão galgo que
Mas o mais importante é que a Igreja fora morto da seguinte maneira.
católica exercia uma poderosa influência na Na diocese de Lyon, perto da aldeia de
sociedade. O controle que o clero detinha monjas chamada Neuville, na terra do
sobre a cultura reproduzia uma visão de senhor de Villars, havia um castelo cujo
2007

dono tivera de sua esposa um filho. Um dia, bem, como recompensa, visitaram o lugar e
como a dama e o senhor tivessem saído, honraram o cão como a um mártir rogando-
tendo feito o mesmo a ama-de-leite, lhe por suas enfermidades e necessidades; e
deixando a criança sozinha, uma enorme muitos deles foram aí vítimas de seduções e
serpente entrou em casa e dirigiu-se ao ilusões do diabo, que, por esse meio, condu-
berço do menino. Vendo a serpente, o galgo zia os homens ao erro. Mas sobretudo as
que lá ficara perseguiu-a e atacou-a debaixo mulheres que tinham filhos fracos e doentes
14
do berço, virando-o de cabeça para baixo, e levavam-nos a esse lugar Num burgo
cobriu de mordidas a serpente, que se fortificado, distante uma légua desse lugar
defendia e mordia como ele. O cão acabou iam consultar uma velha, que lhes ensinava
matando-a lançando para longe do berço. O a maneira ritual de agir de fazer oferendas
berço, o chão, assim como a garganta e a ca- aos demônios, de invocá-los, e que as
beça do animal, ficaram encharcados com o conduzia a esse lugar Quando ali chegavam,
sangue da serpente. Maltratado por ela, o ofereciam sal e outras coisas; penduravam
cão deixou-se estar de pé ao lado do berço. nos arbustos dos arredores as fraldas das
Quando a ama-de-leite voltou, pensou que o crianças; fincavam um prego nas árvores
cachorro tinha devorado a criança e soltou que haviam crescido nesse lugar; passavam
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um grito de dor muito forte. Ouvindo-o, a a criança nua entre os troncos de duas
mãe acudiu por sua vez, viu e pensou a árvores: a mãe, que ficava de um lado,
mesma coisa, soltando um grito semelhante. segurava a criança, jogava-a nove vezes
Da mesma forma, o cavaleiro, chegando ao para a velha, que ficava do outro lado.
quarto, teve o mesmo pensamento, e, Invocando os demônios, elas rogavam aos
sacando da espada, matou o cachorro. faunos que viviam na floresta de Remite que
Então, aproximando-se da criança, recebessem aquela criança doente e
encontraram-na sã e salva, dormindo enfraquecida que, diziam elas, a eles
docemente.Tentando compreender o que se pertencia; e que o filho delas, que eles
passara, descobriram a serpente estraçalhada levariam consigo, voltasse gordo e forte, são
e morta pelas mordidas do cão. e salvo.
Reconhecendo então a verdade do fato, e irigimo-nos a esse lugar, convocamos o
deplorando ter matado de maneira injusta povo da terra e pregamos contra tudo o que
um animal tão útil, lançaram-no num poço foi dito. Fizemos exumar o cachorro morto e
situado diante da porta do castelo, jogaram cortar as árvores sagradas, e mandamos
sobre ele uma grande quantidade de pedras e queimar estas juntamente com os ossos do
plantaram ao lado árvores em memória cachorro. E fiz divulgar pelos senhores da
desse acontecimento. Mas o castelo foi terra um decreto prevendo a prisão e o
destruído pela vontade divina e a terra, confisco dos bens daqueles que a partir de
transformada em deserto, abandonada por então fossem a esse lugar por motivos
seus habitantes. Entretanto os camponeses, semelhantes.
ouvindo falar da nobre conduta do cão e do Étíene de Bourbon (c. 1180-1261), citado por
DUBY, G. A Europa na Idade Média. São Pauio,
modo como fora morto, apesar de inocente e Martins Fontes, 1988. p. 37-39
por causa de algo que só poderia esperar o
2007

Atividades
1. Depois do contato com os romanos, as comunidades germânicas
sofreram sensíveis transformações. Releira os itens relativos a esse
assunto neste capítulo e identifique-as

2. Os povos germânicos que se estabeleceram no ocidente europeu nos


séculos V e VI deram origem a reinos com diferenças significativas
15
quanto à organização política e ao papel que desempenharam na
história da Europa. Identifique essas diferenças.
Identificando
3. O feudalismo foi o sistema social, econômico e político que
predominou na Europa Ocidental entre os século X e XII. Esse
sistema resultou da síntese de elementos provenientes das
sociedades romana e germânica. Quais foram elas?
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4. Explique como e por que a Igreja se aliou aos reis francos.

5. Explique como Carlos Magno manteve o poder relativamente


concentrado, apesar de o sistema administrativo do Império
Carolíngio favorecer a sua descentralização.
Explicando
6. Por que as invasões do século IX aceleraram o processo de
ruralização da sociedade?

7. Compare o escravo da Antiguidade ao servo do modo de produção


Comparando feudal. Identifique as principais diferenças quanto ao estatuto
jurídico e ao regime de exploração da força de trabalho.

8. Que relação podemos estabelecer entre a crise do Imério Carolíngio


Relacionando e a feudalização da Europa?

9. A guerra desempenhou um papel fundamental na sociedade


medieval. Escreva um texto sobre o assunto, identificando
socialmente os guerreiros e dizendo qual a forma de recrutamento, a
organização militar e os interesses que promoviam os conflitos.
Produzindo
10. A Igreja cristã romana fortaleceu-se muito durante a Idade Média,
Um texto
aliando-se aos reis germânicos que se convertiam e que pagavam
obrigações e davam proteção militar aos clérigos. Redija um texto
mostrando como essa relação entre o cristianismo e o poder político
é antiga – remonta à Antiguidade romana – mas ganha impulso
durante a Idade Média.
2007

O (pré) conceito da Idade Média1

Se utilizássemos numa conversa com homens medievais a expressão Idade Média, eles
não teriam idéia do que isso poderia significar. Eles, como todos os homens de todos os
períodos históricos, se viam vivendo na época contemporânea. De fato, falarmos em Idade
Antiga ou Média representa uma rotulação a posteriori, uma satisfação da necessidade de se
dar nome aos momentos passados. No caso do que chamamos Idade Média, foi o século XVI 16
que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo
indisfarçado pelos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI.
Este se via como o Renascimento da civilização greco-latina, e portanto tudo que estivera
entre esses picos de criatividade artístico-literária (de seu próprio ponto de vista, é claro) não
passava de um hiato, de um intervalo. Logo, de um tempo intermediário, de uma idade média.
Admirador dos clássicos, o italiano Petrarca (1304-1374) já se referira ao período
anterior como de tenebrae: nascia o mito historiográfico da Idade das Trevas. Em 1469 o
bispo Giovanni Andréa, bibliotecário papal, falava em media tempestas, literalmente “tempo
médio”, mas também com o sentido figurado de “flagelo”, “ruína”. A idéia se enraizou
quando em meados do século XVI Vasari, numa obra biográfica de grande artistas do seu
tempo, popularizou o termo Renascimento. Assim, por contraste, difundiram-se em relação à
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fase anterior as expressões media aetas, media antiquitas e media tempora.


De qualquer forma, o critério era inicialmente filológico2 Opunha-se o século XVI, que
buscava na sua produção literária utilizar o latim nos moldes clássicos, aos séculos anteriores,
caracterizados por um latim “bárbaro”. A arte medieval, por fugir aos padrões clássicos,
também era vista como grosseira, daí o grande pintor Rafael (1483-1520) chama-la de
“gótica”, termo então sinônimo de “bárbara”. Na mesma linha, Rabelais(1483-1553) falava da
Idade Média como a “espessa noite gótica”. No século XVII, foi ainda com aquele sentido
filológico que passou a prevalecer a expressão médium aevum, usada pelo francês Du Cange
em 1678. Mas o sucesso do termo veio com o manual escolar do alemão Christopher Keller
(conhecido também pela latinização de seu nome, Cellarius) publicado em 1688 e intitulado
Historia Medii Aevi a temporibus Constantini Magni ad Constantinopolim a Turcis captam
deducta. Esse livro completava outros dois do autor, um dedicado aos tempos “antigos” e
outros aos “modernos”.
Portanto, o sentido básico mantinha-se renascentista: a “idade média” teria sido uma
interrupção no progresso humano, inaugurado pelos gregos e romanos e retomado pelos
homens do século XVI. Ou seja, para o século XVII os séculos” medievais” também eram
vistos como de barbárie, ignorância e superstição. Os protestantes criticavam-nos como época
de supremacia da Igreja Católica. Os Homens ligados às poderosas monarquias absolutistas
lamentavam aquele período de reis fracos, de fragmentação política. Os burgueses capitalistas
desprezavam tais séculos de limitada atividade comercial. Os intelectuais racionalistas
deploravam aquela cultura muito ligada a valores espirituais.
O Século XVIII, antiaristocrático e anticlerical, acentuou o menosprezo à Idade Média,
vista como momento áureo da nobreza e do clero. A filosofia da época, chamada de iluminista
por se guiar pela luz da Razão, censurava sobretudo a forte religiosidade medieval, o pouco
apego a Idade Média a um estrito racionalismo e o peso político de que a Igreja então

1
Texto extraído da obra: Idade Média o nascimento do Ocidente de Hilário Franco Junior.. São Paulo
Brasiliense, 1994,
2
Que se refere à filologia , ciência que, por meio de textos escritos, estuda língua, a literatura e todos os
fenômenos de cultura de um povo.
2007

desfrutara. Revelando tais críticas, para Diderot “sem religião, seriamos um pouco mais
felizes”. Para Condorcet, a humanidade sempre esteve numa marcha em direção ao progresso,
com exceção do período no qual predominou o Cristianismo, isto é, a Idade Média. Para
Voltaire, os papas eram símbolos de fanatismo e do atraso daquela fase histórica, por isso
afirmava, irônico, que “é uma prova da divindade de seus caracteres terem subsistido a tantos
crimes”. A posição daquele pensador sobre a Idade Média poderia ser sintetizada pelo
tratamento que dispensava à Igreja: “a Infame”. 17
Contudo, com o Romantismo da primeira metade do século XIX o preconceito em
relação à Idade Média se inverteu. O ponto de partida fora a questão da identidade nacional,
que ganhara forte significado com a Revolução Francesa (1789). As conquistas de Napoleão
alimentaram o fenômeno, com a pretensão do imperador francês de reunir a Europa sob uma
única direção, despertando em cada região dominada ou ameaçada uma valorização de suas
especificidades, de sua personalidade nacional, enfim, de sua história. Ao mesmo tempo tudo
isso punha em xeque a validade do racionalismo, tão exaltado pela centúria anterior, a que
levara a Europa àquele contexto de conturbação, revoluções e guerras.
Aí estavam as raízes do Romantismo e sua nostalgia pela Idade Média. Michelet em
1845 a exaltava como “aquilo que amamos, aquilo que nos amamentou quando pequenos ,
aquilo que foi nosso pai e nossa mãe, aquilo que nos cantava tão docemente no berço”. Assim
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vista como momento de origem das nacionalidades, ela satisfazia os novos sentimentos
políticos do século XIX. Vista como época de fé, autoridade e tradição, a Idade Média
oferecia um remédio à insegurança e aos problemas decorrentes de um culto exagerado ao
cientificismo. Vista como fase histórica das liberdades, das imunidades e dos privilégios,
reforçava o liberalismo burguês vitorioso no século XIX. Desta maneira, o equilíbrio e a
harmonia na literatura e nas artes, que o Renascimento e o Classicismo do século XVII tinha
buscado, cedia lugar à paixão, à exuberância e à vitalidade encontráveis na Idade Média. A
verdade procurada através do raciocínio, que guiara o Iluminismo do século XVIII, cedia
lugar a valorização dos sentidos, do instinto, dos sonhos, das recordações. Abundam então
obras de ambientação ou temática medievais com Fausto (1808 e 1832) de Goethe, O
Corcunda de Notre Dame (1831) de Victor Hugo, os vários romances históricos de Walter
Scott (1771-1832), dentre eles Ivanhoé e Contos dos Cruzados.
Mas a Idade Média dos românticos era tão preconceituosa quando a dos renascentistas e
dos iluministas. Para estes, teria sido uma época, negra, a ser relegada da memória histórica.
Para aqueles, um período esplêndido, um dos grandes momentos da trajetória humana, algo a
ser imitado, prolongado. Mesmo um historiador, como Carlyle, escrevia em 1841 que a
civilização feudal fora “a coisa mais elevada” que a Europa tinha produzido. Daí o século do
Romantismo ter restaurado inúmeros monumentos medievais, construído palácios e igrejas
neogóticas, mas inventado detalhes, modificando concepções, criando a usa Idade Média. Na
erudição o século XIX foi mais feliz na sua Idade Média. Na erudição o século XIX foi mais
feliz na sua paixão pela época medieval fundando sociedades históricas, editando textos,
organizando grandes coleções documentais como a Monumenta alemã e a Patrologia
francesa. De qualquer forma, a Idade Média permanecia incompreendida. Aos preconceitos
anteriores, juntava-se o da idealização, já antecipado por Lessing (1729-1781): “noite da
Idade Média, que seja! Mas era uma noite resplandecente de estrelas”.
Finalmente com o século XX se passou a tentar ver a Idade Média como os olhos dela
própria, não com os daqueles que viveram ou vivem noutro momento. A função do
historiador é compreender, não julgar o passado.Logo, o único referencial possível para se ver
a Idade Média, é a própria Idade Média. A partir dessa postura, e elaborando, para concretizá-
la, inúmeras novas metodologias e técnicas, a historiografia medievalísticas deu um enorme
2007

salto qualitativo. Sem o risco de exagerar, pode-se dizer que o medievalismo se tornou uma
espécie de carro-chefe da historiografia contemporânea, abrindo caminhos ao propor temas,
experimentar métodos, rever conceitos, dialogar intimamente com outras ciências humanas.
Curiosamente, isso não apenas deu um grande prestígio à produção medievalística nos meios
cultos, como também popularizou a Idade Média diante de um público mais vasto, porém de
forma bem mais consciente do que o entusiasmo revelado pelo século XIX.
Mas, enfim, que conceito tinham da “Idade Média” os próprios medievos? Questão 18
difícil, pois enquanto o clero oferecia várias respostas, a partir de interpretações teológicas, os
laicos de forma geral (sobretudo os camponeses) mantinham-se ainda presos a concepções
antigas, pré-cristãs. Simplificadamente, essa bipolarização quanto à História partia de duas
visões distintas quanto ao tempo. A postura pagã, fortemente enraizada na psicologia
coletiva, aceitava a existência de um tempo cíclico, daquilo que se chamou de “mito do eterno
retorno”. Ou seja, as primeiras sociedades só registravam o tempo biologicamente, sem
transformá-lo em História, portanto sem consciência de sua irreversibilidade. Isso porque,
para elas, viver na real era viver segundo o sagrado (dos rituais) quanto o profano (do
quotidiano) só existiam por reproduzirem atos ocorridos na origem dos tempos. Daí a
importância da festa do Ano Novo, que era uma retomada do tempo no seu começo, isto é,
uma repetição da cosmogonia, com ritos de expulsão de demônios e de doenças.
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Tal concepção sofreu sua primeira rejeição com o Judaísmo, que via em Iavé não uma
divindade criadora de gestos arquetípicos3, mas uma personalidade que intervém na História.
O cristianismo retomou e desenvolveu essa idéia, tornando a História linear: Há um ponto de
partida (Gênese), um de inflexão (Encarnação) e um de chegada (Juízo Final). Portanto, linear
mas não ao infinito, pois há um tempo escatológico4 – que só um Deus conhece – Limitando o
desenrolar da passagem humana pela Terra, isto é, a História. Contudo, se o Cristianismo
reinterpretava a História, não podia deixar de sentir seu peso, por isso sua liturgia baseia-se na
repetição periódica e real da Natividade, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, quer dizer, o
fiel ao participar da reprodução do evento divino volta ao tempo em que ele se deu. Ou seja, a
cristianização das camadas populares não aboliu a teoria cíclica, pelo contrário, permitiu por
influência dela o reforço de certas categorias do pensamento míticos.
Colocada na confluência dessas três concepções (circular, linear, escatológica), a
sociedade medieval oscila quanto á importância da quantificação do tempo. Como na
Antiguidade, o dia estava dividido em 12 horas e a noite também, independente da época do
ano. As formas de medi-las eram precárias até o aparecimento do relógio mecânico no século
XIV. Mas eram precárias por desinteresse em submeter ás horas a um sistema rígido: como
toda sociedade agrária, a medieval guiava-se pelo ritmo mais visível da natureza, o Sol, a Lua,
as estações. Apenas o clero, por necessidades litúrgicas, estabeleceu um controle maior sobre
as horas, contando-as grosseiramente de três em três a partir da meia-noite (matinas, laudes,
primas, terça, sexta, nona, vésperas, completas). Este sistema, contudo, era impreciso e não se
adequava às atividades laicas.
A contagem dos dias agrupava-os em semanas de sete, adotadas no Ocidente por volta
do século IV. No Sul os dias receberam nomes de deuses romanos e no Norte de deuses
germânicos. Por exemplo, o dia da Lua (lunae dies)deu lunedi em italiano, lundi em francês e
lunes em espanhol , e monday ( moon day = dia da lua) e inglês e montag em alemão.
Curiosamente, em português não se seguiu a tradição pagã, baseando-se no hábito cristão dos

3
Arquétipo: Modelos dos seres criados
4
Escatologia: Doutrina do destino último do homem (morte, ressurreição, juízo final) e do mundo (estado
futuro)
2007

primeiros tempos de comemorar a semana inteira de Páscoa. Como todos aqueles dias eram
feriados (feriae) precisou-se ordená-los (segunda, terça. Etc.), mantendo-se os nomes apenas
do domingo (dia de dominus = dia do senhor) e do sábado (o “repouso” do Antigo
Testamento). O agrupamento em meses, por sua vez de origem muito antiga, passou para a
Europa medieval, latina e germânica, com seus nomes romanos.
Mais problemático era o cômputo dos anos. Desde o Egito Faraônico atribuía-se 365
dias a cada ano, mas como isso não correspondia exatamente ao curso solar, com o tempo 19
surgiram diferenças significativas. Em função disso, na Idade Média variou
consideravelmente a forma de datação. Mesmo o conceito de Era Cristã, proposto pelo monge
Dionísio, o pequeno, no século VI e popularizado por Beda, o Venerável, no século VIII, não
teve aceitação geral. Carlos Magno adotou-o no século IX para futura França, a Alemanha
apenas no século X, a Espanha no século XII, outros países mais tarde ainda. Agravando a
situação, o dia inicial do ano civil variava de região para região. Na França do norte e Paises-
Baixos o ano começava na Páscoa, que sendo festa móvel fazia alguns anos terem 13 meses e
outros apenas 11. Na França do Sul e parte da Itália, na festa de Anunciação (25 de março).
Na Inglaterra, Alemanha, Espanha e Portugal o ano civil coincidia com o litúrgico,
começando no Natal. As mudanças de sistema não eram raras e acentuavam a confusão, como
na Inglaterra do século XIV, que passou a adorar o 25 de março. Apenas com o calendário
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gregoriano de 1582 uniformizou-se o início do ano para 1º de janeiro.


Diante de toda essa imprecisão e instabilidade no cômputo do tempo, os medievos não
tinham um conceito muito claro sobre a própria época. De maneira geral prevalecia o
sentimento de viverem em “tempos modernos” devido a consciência que tinham do passado,
dos “tempos antigos” pré-cristão”. Estava sempre presente também a idéia de que se
caminhava para o Fim dos Tempos, não muito distante. Sabemos hoje que os pretendidos
“terrores do ano mil” foram uma criação historiográfica, pois naquele momento não houve
nenhum sentimento generalizado de que o mundo fosse se acabar. Na verdade, a psicologia
medieval esteve constantemente (ainda que com flutuações de intensidade) preocupada com a
proximidade do Apocalipse. Catástrofes naturais ou políticas eram freqüentemente
interpretadas como indícios da chegada do Anticristo. Assim, havia uma difundida visão
pessimista do presente, porém carregada de esperança com o eminente triunfo no Reino de
Deus. Neste sentido, tal visão trazia implícita em si a concepção de um tempus medium que
precedia a Nova Era.
De qualquer forma, várias fases humanas se sucederiam até a Parusia5, a partir do qual
não haverá mais repetição, pois o mundo se salvará e a História enquanto tal deixará de
existir. Por isso, era bastante comum, ao menos ente o clero, se pensar naquelas fases
históricas como sendo seis, de acordo com os dias da Criação. Como no sétimo dia Deus
descansou, na sétima fase os homens descansarão no seio de Deus. Assim pensavam muitos,
de Santo Agostinho (354-430) e Isidoro de Sevilha (560-636) até o cronista português Fernão
Lopes no século XV. Também teve sucesso uma concepção trinitária da História, surgida no
século IX com Scoto Erígena e que teve seu maior representante no monge cisterciense
Joaquim da Fiore (1132-1202). Para este, e Era do Pai teria se caracterizado pelo temor servil
à lei divina, a Era do Filho pela sabedoria, fé e obediência humilde, a do Espírito Santo (que
começaria em 1260) pela plenitude do conhecimento, do amor universal e da liberdade
espiritual. Em suma, num certo sentido a Idade Média estava tão interessada na História
(seqüência dos fatos passados) quanto no fim dela (Milenarismo6).

5
No cristianismo primitivo retorno de Cristo aguardado como próximo/ A segunda vinda de cristo.
6
Sistema dos que acreditavam que o mundo acabaria no ano 1000 da era cristã.

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