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Validade e Eficácia da

Ortotanásia
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Resumo

O presente artigo versa sobre a validade e a eficácia da Ortotanásia.


Mais especificamente, sob uma interpretação do julgamento de
improcedência da Ação Civil Pública nº 2007.34.00.014809-3, à luz
da Resolução 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina, expondo
qual a diferença da ortotanásia e de outros institutos frequentemente
confudidos com este, além de explicitar sua abordagem legal atual.

O objetivo deste artigo é de forma breve e suscinta explicar o conceito


de ortotanásia e qual sua real eficácia e validade na sociedade
brasileira atual.

O presente está dividido em 4 capítulos. O primeiro capítulo trata de


diferenciar a ortotanásia de institutos como a eutanásia, distanásia,
mistanásia e o suicídio assistido. O Segundo aborda a temática da
ortotanásia no atual e corrente Direito Penal Brasileiro. O terceiro
traz um breve estudo da regulamentação da ortotanásia e sua
tentative de ser introduzida de forma expressa no Sistema jurídico
vigente. O ultimo capítulo traz a temática principal do presente, ou
seja, a análise da eficácia e validade da ortotanásia à luz do
julgamento da ACP 2007.34.00.014809-3 e da Resolução 1.805/2006
do Conselho Federal de Medicina.

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e consulta à


integra da sentença da ACP 2007.34.00.014809-3, enriquecidas com a
pesquisa na internet.

Abstract

This article deals with the validity and effectiveness of orthothanasia.


Specifically, under an interpretation of the judgment dismissing the
Public Civil Action No. 2007.34.00.014809-3 in the light of Resolution
1,805 / 2006 of the Federal Council of Medicine, exposing the
difference of orthothanasia and other institutes often confudidos with
this as well to explain its current legal approach. The purpose of this
article is brief and succinct way to explain the concept of orthothanasia
and what its real effectiveness and validity in the current Brazilian
society. This is divided into 4 sections. The first chapter deals with
differentiate orthothanasia institutes such as euthanasia, medical
futility, mistanásia and assisted suicide. The second addresses the
issue of orthothanasia in the current Criminal Law and current
Brazilian. The third presents a brief study of the regulation of
orthothanasia and his tentative to be introduced explicitly in the
current legal system. The last chapter is the main theme of this, ie the
analysis of the effectiveness and validity of orthothanasia the light of
the judgment of the ACP 2007.34.00.014809-3 and Resolution 1,805 /
2006 of the Federal Council of Medicine. The methodology used was
the bibliographical research and consultation to the part of the ACP
2007.34.00.014809-3 sentence, enriched with research on the internet.

Sumário: I-Definição de Ortotanásia e diferenças com os institutos


da eutanásia, distanásia, mistanásia e suicídio assistido; II-
Ortotanásia e o direito penal brasileiro; III- Regulamentação da
ortotanásia; IV- A ação civil pública nº 2007.34.00.014809-3 e a
resolução nº 1.805/2006 do CFM – a validade e a eficácia da
ortotanásia;

Capítulo I – Definição de Ortotanásia e diferenças


com os institutos da eutanásia, distanásia,
mistanásia e suicídio assistido

A Ortotanásia é a limitação ou suspensão de esforços em tratamentos


e/ou procedimentos que prolongam a vida do paciente portador de
doença terminal ou enfermidade incurável. É o modo de se ter uma
morte natural, rápida e sem desconforto, sendo este instituto
encarado como um processo biologicamente natural, que tem por
objetivo uma morte no tempo certo, sem prolongar o sofrimento
através de tratamentos e procedimentos que alongam a vida de
alguém que não possui reais chances de viver por si mesma, sem
auxílio médico.

Diante desta possibilidade de uma morte natural, o Conselho Federal


de Medicina se pronunciou através da Resolução nº 1805/2006:
“Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis
é permitido ao médico limitar ou suspender
procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida
do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários
para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na
perspectiva de uma assistência integral, respeitada a
vontade do paciente ou de seu representante legal.”

Por muitas vezes a ortotanásia é confundida com outros institutos


como a eutanásia, distanásia, mistanásia e suicídio assistido, portanto
se faz necessário uma breve definição destes outros.

Para que se configure a eutanásia é necessário que o paciente, ciente


de que sua doença é incurável ou, ainda, que não terá condições
mínimas de viver dignamente, solicite ao médico ou terceiro, estando
em plena consciência, que tire sua vida antecipadamente, visando a
evitar os sofrimentos psicológicos e dores físicas que lhe trarão o
desenvolvimento da doença ou involução de sua condição física.
Difere da ortotanásia, no momento em que ocorre, sendo que neste
último o processo de morte já s/e iniciou, enquanto que no primeiro
ainda não.

A distanásia é o procedimento pelo qual se mantém a vida do paciente


por meios artificiais mesmo que o indivíduo não apresente nenhuma
possibilidade de vida digna. Difere-se da ortotanásia, na medida em
que fere a dignidade do paciente. Para Maria Helena Diniz tal
instituto é uma futilidade médica: “Pela distanásia, [...] ou futilidade
médica (medical futility), tudo deve ser feito mesmo que cause
sofrimento atroz ao paciente.[...] Não visa prolongar a vida, mas sim
o processo de morte [...].”

A mistanásia é a morte antes e fora de seu tempo. Depreende-se de


falhas do sistema de saúde, por motivos sociais, políticos e
econômicos, e é por isso que também é chamada de “eutanásia
social”. Sua diferença com a ortotanásia é clara, vez que este instituto
não depende da escolha do paciente.

Por fim, o suicídio assistido é ato próprio do paciente, que pode tanto
ser orientado, auxiliado ou apenas observado por médico ou terceiro.
Veja, a criação do risco é gerada pelo próprio paciente, sendo que o
agente, neste caso, apenas auxilia.

Capítulo II – Ortotanásia e o direito penal brasileiro

O fim da vida vem sendo o busílis de discussões e projetos de


mudança de sua abordagem legal no Direito brasileiro desde 1984,
quando reforma da Parte Geral do Código Penal.

Abre-se uma exceção à regra geral, com o Anteprojeto do Código


Penal Brasileiro nº 236/2012 que não menciona de forma expressa a
ortotanásia, mas apresenta uma situação que exclui a ilicitude em tal
ato, conforme o contido no § 2º do artigo 122. Em linhas gerais, visa-
se assegurar os cuidados para atenuar a dor e ofertar conforto para
que o paciente possa chegar ao seu fim com dignidade.

“Art. 122, § 2º, do Anteprojeto do Código Penal


Brasileiro nº 236/2012:

Não há crime quando o agente deixa de fazer uso de


meios artificiais para manter a vida do paciente em
caso de doença grave irreversível, e desde que essa
circunstância esteja previamente atestada por dois
médicos e haja consentimento do paciente, ou, na sua
impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge,
companheiro ou irmão.”

O legislador tipificou o tema com a exclusão da ilicitude, tendo em


vista que, apesar de rejeitada a ação humana que provoca a morte, em
alguns casos, o sistema legal considera circunstâncias permissivas,
que tornam lícita a conduta definida como crime. Então, tornando-se
permissiva a prática da ortotanásia, a intenção do legislador foi
considerá-la como uma exclusão da responsabilidade penal, mesmo
sem ter mencionado o instituto de forma direta.

Para tanto, há requisitos para que a conduta seja considerada


excludente de ilicitude. O primeiro deles consiste na conduta omissiva
de deixar de fazer uso de meios artificiais para manter a vida do
paciente em caso de doença grave irreversível. O segundo, é que o
estado terminal do paciente seja atestado por dois médicos. Por fim, o
último se relaciona à autonomia da vontade, onde o paciente, ou seu
representante legitimado, expresse a vontade de que cessem os
esforços médicos. Antes de atingir estágio, deve ser disponibilizado
toda a medicação disponível na medicina, com a nítida intenção de
conter a moléstia ou, pelo menos, estabilizá-la, sem permitir seu
avanço.

Pode ser que ocorra colisão entre os interesses dos representantes


legais, e, neste caso, terá preferência o interessado apontado em
primeiro no rol da lei - ou seja, os ascendentes do paciente.

Esta proposta tem apoio da maioria da Comissão de Ética Médica, mas


ainda é polêmica. A maioria defende a medida argumentando que
deve prevalecer a autonomia da vontade do paciente. Porém, outros
consideram que o profissional tem a obrigação de usar até o fim todos
os recursos médicos disponíveis.

Caberá, portanto, à recente vertente legal do Biodireito, se pautar em


princípios éticos e morais, para assim chegar a soluções adequadas
para os casos concretos que se apresentarem, devendo considerar o
ritmo das transformações sociais e as evoluções constantes da
medicina.

Capítulo III – Regulamentação da ortotanásia

Dois projetos de lei do Senado Federal, ambos de autoria do Senador


Gerson Camata, dizem respeito ao assunto em questão: o PLS
116/2000 e o PLS 524/2009,

O primeiro, Projeto de Lei 116/2000, tendo sido considerado com


algumas modificações pela Comissão de Constituição e Justiça. Tem
por finalidade de determinar a licitude da ortotanásia, com o
acréscimo de dois novos parágrafos ao atual artigo 121 do Código
Penal, sendo eles:

§ 6º Não constitui crime deixar de manter a vida de


alguém por meio artificial, se previamente atestada
por dois médicos a morte por iminente e inevitável, e
desde que haja consentimento do paciente, ou, em sua
impossibilidade, de cônjuge, companheiro, ascendente,
descendente ou irmão.

§ 7º A exclusão da ilicitude a que se refere o parágrafo


anterior faz referência à renúncia aos excessos
terapêuticos, e não se aplica se houver omissão de
meios terapêuticos ordinários ou dos cuidados
normais devido a um doente, com fim de causar-lhe a
morte.

Durante o trâmite deste projeto, pronunciou-se o Dr. Paulo Silveira,


em nome da União dos Juristas Católicos, defendendo que não é crime
a suspensão dos meios artificiais de manutenção da vida, pois eles só
impedem o uso de “tratamentos extraordinários e desproporcionais
que, com custos gravosos para o próprio paciente em estágio terminal
e para sua família, prolongariam artificialmente a vida”. Diante de tal
sugestão, houve uma emenda ao projeto de lei, resultando na criação
do art. 136-A do Código Penal:

Não constitui crime, no âmbito dos cuidados paliativos aplicados a


paciente terminal, deixar de fazer uso de meios desproporcionais e
extraordinários, em situação de morte iminente e inevitável, desde
que haja consentimento do paciente ou, em sua impossibilidade, do
cônjuge, companheiro, ascendentes, descendente ou irmão.

§ 1º A situação de morte iminente e inevitável deve ser


previamente atestada por dois médicos;

§ 2º A exclusão de ilicitude prevista neste artigo não


se aplica em casos de omissão de uso dos meios
terapêuticos ordinários e proporcionais devidos a
paciente terminal.
Já o outro projeto, o PLS 524/2009, prevê que o doente tem direito a
cuidados paliativos e mitigadores do sofrimento, proporcionais e
adequados à sua situação. O projeto apresenta, basicamente, os
mesmos dispositivos da Resolução n.1.805/2006 do Conselho Federal
de Medicina, porém de forma mais específica ao regulamentar a
autonomia da vontade do paciente terminal, ou, na impossibilidade,
deve ser atendida sempre a vontade do representante legal do doente.

A falta de previsão legal deixa dúvidas quanto a tipificação ou não da


ortotanásia, trazendo grande insegurança jurídica, tanto para
médicos, quanto para pacientes e familiares.

Capítulo IV – A ação civil pública nº


2007.34.00.014809-3 e a resolução nº 1.805/2006 do
CFM – a validade e a eficácia da ortotanásia

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou, a Ação Civil Pública nº


2007.34.00.014809-3, com o intuito de obter a nulidade da Resolução
nº 1.805/2006, emitida pelo Réu, o Conselho Federal de Medicina
(CFM).

A atacada Resolução trata de critérios para a prática da ortotanásia.


Regulamentando a possibilidade do médico limitar ou suspender
procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do portador de
enfermidades graves e incuráveis, desde que seja expressa a
autorização do paciente ou de seu responsável legal para tanto.

O MPF, aduziu, dentre tantos argumentos, a incompetência do


Conselho Federal de Medicina para estabelecer como conduta ética o
que é tipificada como crime no Código Penal. O CFM em sua defesa,
alegou que a resolução em questão não trata da eutanásia ou da
distanásia, mas da ortotanásia, que de fato não é crime.

O juiz Roberto Luis Luchi Demo, que julgou a ação perante a 14ª Vara
da Justiça Federal, indeferiu o pedido do Autor. O próprio Ministério
Público Federal, em sede de alegações finais, pugnou pela
improcedência de seus pedidos, pois acompanhou o que foi exposto
pelo Conselho Federal de Medicina. Sendo assim, ambos passaram a
entender que deve-se valorizar a opção pela prática humanista da
Medicina, em detrimento de uma visão paternalista tirando o foco de
uma busca obsessiva pela cura a qualquer custo. Ainda em sentença, o
juiz reconheceu a legitimidade do Conselho Federal de Medicina para
dispor sobre a prática da ortotanásia, vez que em nenhum momento a
resolução trata de Direito Penal, por outro lado, apenas põe o médico
a salvo de contestação ético-disciplinar, caso entenda por adotar
procedimentos que configurem a ortotanásia.

Assim, o Princípio da Não-Maleficência assume uma posição de


privilégio em relação princípio da Beneficência, visto que nenhuma
medida terapêutica poderá fazer bem ao paciente em estado terminal.
Em outras palavras, a Resolução, em seu conteúdo, pretende
resguardar a dignidade da pessoa humana em sua fase de morte.

Diante da improcedência da ACP 2007.34.00.014809-3, e o expresso


reconhecimento do próprio Ministério Público Federal, através de
suas alegações finais, que a ortotanásia visa apenas o bem e a
dignidade do paciente, é cediço que o presente instituto ganhou
eficácia e validade na sociedade atual, mesmo que ainda não possua
previsão legal expressa, ou que ainda não seja caracterizado de forma
legal como uma excludente de ilicitude.

Conclusão

Ao fim das pesquisas acadêmicas, mostrou-se o tema ser ainda bem


controvertido na doutrina, e para alguns julgadores. Isto se deve ao
fato da ortotanásia ponderar sobre o fim da vida, o bem mais
importante para o ser humano.

A vida é considerada indisponível para todos, bem como há


incontáveis normas jurídicas e comportamentos morais que tentam
assegurar não somente a existência e manutenção da vida em si, mas
também que está se dê de forma digna por quanto perdurar.

E é neste âmbito que deve ser analisado o próprio fim deste bem tão
precioso, pois tanto quanto seu início, o fim da vida deve se dar de
forma digna, devendo garantir à aquele que está para perder seu
sopro vital toda as formas possíveis de terminar seu viver de uma
forma confortável e livre de constrangimentos e sofrimentos.

A ortotanásia vem para assegurar àqueles que não possuem mais


quaisquer expectativas de viver bem, de forma digna, e também
àqueles que nem mais esperança de viver possuem, um fim de sua
existência de forma livre de dor, de forma natural, para que assim
não se alongue seu sofrimento psicológico e físico, apenas para trazer
falso conforto aos familiares e entes queridos de seu entorno.
Por fim, diante do exposto e do resultado de improcedência da ACP
2007.34.00.014809-3, pode-se dizer que a ortotanásia vem sendo
admitida e possui relativa eficácia e validade, mesmo que sem
expressa previsão legal. O exemplo maior deste entendimento é o
reconhecimento do Ministério Público Federal da validade da
Resolução nº 1.805 do Conselho Federal de Medicina.

Bibliografia

Diniz, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 8a ed. São Paulo:


Saraiva; 2011.

SÁ, Maria de Fátima Freire de. Biodireito. Belo Horizonte: Del Rey
Editora, 2002.

Brasil. Comissão de Juristas. Anteprojeto de Código Penal. 2012


[acesso 21 Out 2014]. Disponível em:
http://s.conjur.com.br/dl/anteprojeto-código-penal.pdf

FELBERG, Lia. A Ortotanásia no Projeto do Código Penal. Professora


da Faculdade de Direito – UPM. Trabalho publicado em
http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/Graduacao/FDir/Artigos/lia_felberg_01.pdf

http://www.brasilescola.com/sociologia/ortotanasia.htm

Autor: Artur Comparini Riva. Universidade Presbiteriana Mackenzie

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