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RBEC Revista Brasileira de Educação Comparada Vol.1 N°.

1 Junho de 2018

aberta. Vários Estados não


TEMPOS E eram democráticos de Direito,
o que a tornou até certo ponto
VENTOS DA arriscada, conforme teorias e
metodologias. A chamada
EDUCAÇÃO década perdida do Continente,
resultado da sua extroversão
COMPARADA financeira, decorreu
implacavelmente, inclusive
com as moratórias do México e
do Brasil. Thatcher já era
primeira-ministra do Reino
Unido. Reagan foi eleito
presidente dos Estados
Unidos. Logo o verbo solto de
Jane Fonda se fez ouvir numa
cadeia de rádio: Reagan was a
lousy actor and will be a lousy
president. Com efeito, foram
desmontados programas
sociais, seguindo a agenda de
sempre: corte dos apoios aos
Candido Alberto pobres e desempregados
Gomes (suspeitos de serem
perdedores por não serem
Ex presidente da SBEC, ex membro e
presidente do Comitê de Pesquisa do Conselho produtivos), menor interesse
Mundial das Sociedades de Educação nos direitos humanos, fim
Comparada
candidoacg@gmail.com progressivo das políticas
afirmativas, desprezo à
ecologia e desinteresse pelas
Na América Latina, econômica
minorias. Os tempos da
e culturalmente introvertida, a
competitividade e da eficiência
educação comparada nos anos
substituíam o Estado de bem-
1980 era como uma janela
estar, como se realmente lhe
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faltasse dinheiro. Fazia-se vista neve em rede, como só


grossa à financeirização dos houvesse a mão invisível dos
Estados, entre outros fatores, mercados. As próprias leis e
que tragavam os seus recursos. normas eram e são
Avaliados por agências de constantemente testadas além
notação e outras entidades, dos seus limites, de modo a
logo se tornariam devedores desafiar e, se possível, esgotar
mais e menos valiosos ou até os recursos dos Estados e sua
“lixo”. Hoje os países Justiça. Afinal, a mão invisível
dependem tanto destas levaria a palma sobre a visível.
agências localizadas em países Depois do Muro de Berlim, o
centrais como as antigas bloco socialista na Europa
colônias europeias, na própria Central e Oriental caiu quase
América Latina e outros por si mesmo, com revoluções
continentes, quanto em relação de veludo. Viagens prévias
às respectivas metrópoles. O antecipavam um mundo que
Brasil e outros países haviam escapava entre os dedos.
mergulhado sua cabeça na Alguns anos antes, uma visita
areia e prosseguiam na a Budapeste desvelou o
industrialização substitutiva conflito entre jovens e
de importações, cujo modelo se beneficiários da ordem
esgotara, segundo reiteradas estabelecida. Os primeiros
advertências. A “nova enchiam as missas em São
economia” (não assim tão Matias e cantavam hinos a
nova) demorava certo tempo a plenos pulmões. Os membros
chegar à periferia, mas das academias pontificavam,
chegava. mas a jovem oposição já lhes
causava arranhões. Em outra
Depois de alguns anos acabou
capital, o formidável metrô
a guerra fria: não mais era
(exemplo de transporte para o
preciso se preocupar com a
povo) proporcionava uma
sociedade ou persuadir que o
visão das desigualdades
capitalismo era um sistema
sociais àqueles que ousavam
econômico justo. O foco passou
escapar ao quadrilátero
a ser o dinheiro, uma bola de
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vigiado dos turistas. Ao mais fortes. Como os séculos


emergir de diferentes estações, XIX e XX mostraram, não
deparava-se, no comércio e nas importa a empiria: as
casas, com paisagens sociais ideologias são mais sedutoras
diversas. Vieram, em seguida, que a razão, atraem
as liberdades individuais para intelectuais e massas, tornam-
estes países. A abertura da se matéria de crença e se
educação comparada era sustentam em fortes interesses.
ansiada pelos colegas Em outras palavras, instala-se
educadores. Queriam ver o a cegueira narrada por
mundo sem óculos coloridos. Saramago. Estava, assim,
Estavam ávidos de portas e inventada a pedra filosofal,
janelas abertas, para conhecer que em tudo busca fazer
o mundo. Queriam aprender dinheiro, transformando
inglês e francês, não russo e pessoas e coisas em
não necessariamente alemão. mercadorias para consumo ou
Estas liberdades individuais, oportunidades de negócio.
entretanto, foram Assim, ampliava-se a senda da
acompanhadas por uma chuva concentração de renda. Como
de estrelas cadentes, o declínio um fenômeno social total,
dos direitos sociais e desenharam-se os cenários
econômicos. para tocar a educação com a
referida pedra (os alquimistas
Com a queda do Muro,
da Idade Média não sabiam
passou-se cada vez mais a
talvez que era um símbolo e
tratar de performatividade,
não supunham que o seu
processos competitivos entre
achamento levasse séculos).
instituições educativas;
Ricas tecnologias vendidas
avaliações quantitativas
pelos países desenvolvidos,
internas e externas, com
educação a distância de baixa
frequência transformadas em
qualidade, auto estudo, aulas
fetiches; criação de quase-
“presenciais” por meio de
mercados, na expectativa de
projeções, educação em rede,
que a competição eliminasse os
redução do custo/aluno,
mais fracos pelo triunfo dos
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aumento do lucro, tudo isso supermercados do ensino. A


começou em parte velado, com filosofia da educação cedeu
uma certa vergonha da lugar a um processo
coisificação. Depois, se tornou envolvente, em que
ampla e desvergonhada, supostamente tudo se compra
colonizando os “mercados” e tudo se vende. A inspiração
dos países em passou a habitar um campo de
desenvolvimento, para lhes refugiados. Não como
prestar serviços no limite emigrante ou imigrante, porém
estrito do que podiam pagar e uma migrante, que mal sabe de
passando por cima da onde partiu e se encontra
legislação e normas. quase sempre em trânsito,
como as multidões que hoje
Estas observações não
fogem das guerras e da fome,
significam que, como na
inclusive de justiça.
Revolução Industrial inglesa,
se deva destruir as máquinas. A acumulação de lucros
Nem representa uma contrasta com a desvalorização
acendrada devoção a leis e dos diplomas, a chamada
regras arcaicas, definidas inflação educacional, de tal
muitas vezes com vieses em modo que os alunos se
favor de certos grupos empenham e se endividam
oligopolísticos. A sociologia do para obterem rendimentos
direito explica. Transformados decrescentes da educação em
professores e estudantes em que imaginam investir. Estes
pessoas inanimadas a quem se são alguns traços captados,
compram e vendem serviços com coração e mente. Não é de
por preços de liquidação, a agora, mas a brecha
educação superior foi vítima civilizacional se dilata em
preferencial, ao transformar abismo: abundância de know-
universidades em fábricas de how e carência de know-what e
pesquisas (não raro com know-why. É preciso sacar o
financiamento onde se quanto antes todos os recursos,
embutem as expectativas dos inclusive os da Terra, e
resultados) e em pesquisar outro planeta para
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os have’s viverem e metrópole, foi a do ufanismo


colonizarem. Assim, se versus pessimismo. Ora
distanciarão dos fracassados exaltávamos as riquezas do
have not’s. Os primeiros Brasil e o seu glorioso futuro
triunfaram porque, seguindo (algo como a volta de D.
as leis do mercado, foram Sebastião), ora afundávamos
“legítimos” ganhadores. Mas no pessimismo, com
as leis do mercado são frequência a comparar-nos
absolutas? Não projetariam os com países industrializados,
interesses de determinados supostamente justos,
grupos, como as leis democratas, ordeiros de uma
representavam, muito antes de suposta ordem, mais
Maquiavel? imaginada que real. De fato, o
deputado do Império Rui
Como me solicitaram esta
Barbosa, encarregado de
entrevista, suponho, ao menos
relatar uma reforma
no meu caso, que já tenha
educacional, solicitou aos seus
decaído ao status de
pares tempo para importar
dinossauro. Por isso, tomo a
livros, poliglota que era, e
liberdade de fazer um
poder oferecer-lhes o melhor.
brevíssimo retrospecto do
O relator não caiu na tolice
Brasil destas cinco últimas
copiativa colonial nem na
décadas e de como a educação
xenofobia. Preparou Pareceres
comparada passou pelas
que merecem ser lidos hoje
contradições do seu contexto.
para constatar a atualidade dos
O fato colonial é básico, nós problemas educacionais
sabemos, bem como a brasileiros. Obscurantista foi o
educação ornamental e Parlamento, que sequer os
beletrista que aqui se ofereceu à leitura e tratou de
estabeleceu. Até Capistrano de engavetá-los. Considerados
Abreu historiou isto. Uma das irrelevantes, deixaram de ser
nossas contradições, já como perigosos. Teria o Brasil
país relativamente mudado tanto de lá para cá? A
independente, herdada da educação seria coisa séria ou
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um ornamento? Ainda comparatista português. Num


estaríamos à espera inútil de périplo pela América Latina,
um salvador como D. havia sido convidado pelos
Sebastião, de armadura, num escolanovistas a proferir
navio feericamente iluminado? conferências. Naquele
Ou como o trágico Frei Luís de momento excepcional, todos
Sousa, chocado com as ficaram impedidos de
mudanças na sua família e com desembarcar e, assim,
a decadência de Portugal? deixamos de integrar uma rede
que se formava entre o Velho e
Se dinossauro, uso a licença da
o Novo Mundo.
emoção. Só durante um tempo
fui esponja da pedagogia Lamentavelmente, bem antes
bancária, monologal, de 1930 e, em especial depois,
prestando conta, nos exames, este nacionalismo recebeu o
dos conteúdos injetados. Até impulso do fascismo, com que
comecei assim no magistério, o nosso Estado autoritário
era o modelo vigente, mas dançou um sinistro pas de deux.
depois mudei. Por isso, me Introvertíamo-nos em busca de
permito as considerações deste nossas raízes, não raro sem
texto. perceber que este impulso
também vinha de fora, quer
Com a razão delineio aqui um
como reação ao pacto colonial,
desenho em breves rabiscos.
quer como resultado da onda
Durante longo período o
de descrédito da democracia
nacionalismo se entretecia à
que submergia o mundo.
visão promissora da pátria, um
Muitos aqui tomavam como
futuro grandioso (sempre
modelo o saneamento
futuro), que se conhece como
financeiro de Salazar em
ufanismo. É significativo que,
Portugal, desejando que ele
quando ocorreu a Revolução
fosse brasileiro. Também se
de 1930 no Rio de Janeiro,
admirava, primeiro, o Kaiser e,
encontrava-se, num navio
depois, Hitler, apesar de este
fundeado na baía de
haver instalado um populismo
Guanabara, um grande
cruel em um país de
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instituições frágeis, como as quando a SBEC foi fundada,


nossas, que ele prontamente em grande parte por uma
estilhaçou. Muitos iluminados geração que havia estudado no
supunham que ele não exterior, tinha aberto as janelas
sobreviveria às eleições e seria mentais e havia vivido em
uma espécie de personagem Estados democráticos de
circense. Subestimaram-no Direito. Em grande parte, não
com pensamentos carregados éramos imitadores, conquanto
de desejo, deixaram-no a educação comparada fosse
avançar e resultou no que considerada expressão de
sabemos. É o grande risco de imperialismo cultural, em
abrir mão das liberdades antes princípio dos Estados Unidos.
mesmo que seja solicitado. Paradoxalmente, o mundo não
assume a fisionomia de um
O populismo é um dos nossos
lago tranquilo, sem ventos e
gostos e tentações, confundido
ondas. Ao contrário, pleno de
com a democracia, e este
contradições, as mudanças
vicejou vigorosamente no
levam a efeitos indesejados e
Estado Novo. A
até contrárias ao esperado.
reconstitucionalização do
Com efeito, a literatura aqui
Brasil, em 1946, restaurou a
utilizada para criticar a ordem
liberdade de expressão e de
política vinha igualmente do
movimentos, entre outras.
exterior para reflexão sobre o
Aprofundamo-nos de fato nas
país e sua educação: Bourdieu,
reflexões sobre o processo
Passeron, Althusser, Gramsci
colonial e buscamos soluções
(aliás, com traduções
no nacional-
duvidosas), Bowles, Gintis,
desenvolvimentismo.
Carnoy e tantos outros. Enviar-
Contudo, no quadro da guerra
nos ao exterior, portanto,
fria, sentimo-la aqui dentro, na
também gerou contradições
carne e no sangue, com nova
com as supostas intenções (ou,
edição do nacionalismo e da
caso não se admita, negue-se a
ideia evolucionista de
dialética).
progresso. As contradições do
regime político se agravavam
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Se a educação comparada é adequação às realidades


fruto do imperialismo ou se é nacionais. Escreveu ele que
emancipadora, se é copiativa uma parte da ciência elaborada
ou base para refletir sobre transcende as sociedades que a
nossos problemas, estabelece- geram e outra parte lhes é
se uma clivagem acadêmica. imanente. Com efeito, a
Visões maniqueístas, ciência, no tempo e no espaço,
entretanto, não têm adequado traz as marcas das suas
poder explicativo das suas circunstâncias. A imanente
circunstâncias. Fixam-se em pode ser fonte de reflexão e a
luzes, que usualmente transcendente pode tanto
projetam sombras, ou em afastar a xenofobia quanto
sombras que denotam luzes. proporcionar o enraizamento.
Dificilmente captam nuanças e É preciso a arte e a ciência de
deixam o real escorregar, sem distinguir uma da outra e
perceber, entre os dedos da efetuar a redução sociológica.
mão. Guarda similaridade com a
distinção de cultura e
Se há lição por mim aprendida
civilização, tão bem traçada
– e expressei-a em velho artigo
por Alfred Weber: a civilização
sobre a educação comparada –
transcende e é transversal às
foi a de um sociólogo clássico
culturas, como linhas comuns,
brasileiro, Alberto Guerreiro
enquanto as culturas, como
Ramos. Em pleno
círculos semifechados,
nacionalismo-
guardam as particularidades
desenvolvimentista dos anos
em que são geradas. Parece
1960, ele mergulhou nas
que o deputado Rui Barbosa
dobras sutis da filosofia e da
soube antecipar esta redução
sociologia (esta última um
nos documentos sobre a
broto relativamente recente da
reforma educacional sequer
primeira). Com base na
discutida. Hoje, contudo,
fenomenologia, traçou linhas
quase dois séculos depois da
entre o colonialismo cultural e
relativa Independência, acusar
a possibilidade de
a colonização de estigma
transferência científica, com
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eterno, a explicar e justificar as a mesma sociedade rasa e


falhas do país, mais parece consumista pode valorizar a
uma relíquia arqueológica. sucessão dos novos, aqueles
Compreendido o passado, que se situam mais perto das
tenhamos certa adultez: nossas linguagens e requerem
tratemos do presente e do menos esforço para serem
futuro. Participar de um decifrados. Como no fenômeno
mundo em globalização, exige social total, as obras
inteligência, táticas de intelectuais se tornam
proteção, fixação de certos produtos de validade temporal
limites, para utilizá-la em definidas, são consumíveis
nosso favor. Lutar contra ela, para ulterior descarte, assim
como se demônio fosse, é movimentando as rodas das
comportamento similar à editoras transnacionais e
quebra das máquinas na outras. A academia e a
Inglaterra. educação correm este risco no
admirável mundo novo. Por
Pode parecer estranho como
isso, é preciso coragem e
entrar num túnel do tempo.
capacidade para neles se
Por que continuamos a citar
inspirar. É preciso não temer
obras tão distantes e não
que editores, pareceristas e
próximas do hoje? Porque
outros considerem arcaica a
existem clássicos em que se
sua referência. Platão e
haurem as fontes
Aristóteles, por quê? Este
contemporâneas. Os clássicos
fenômeno social total nos
podem até ser esquecidos,
envolve profundamente: a
outros podem ser proscritos,
ciência aparenta ser uma
outros, ainda, podem reviver.
vitrina, periodicamente
Mas que é um clássico? É uma
renovada, de shopping center,
obra cujo tempo não se acaba
sempre em busca da última
(ao menos por enquanto),
moda na sociedade de
atualizando-se e aplicando-se
consumo e de espetáculo.
ao presente. Silenciosamente
Porém, não adianta fechar os
ou não, inspiram outras. No
olhos: clássicos não são
entanto, têm uma dificuldade:
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consumíveis. Muito menos realidade, mas criamos


pessoas. Conquanto se máscaras de disfarce, a usar
arrisquem a ser. conforme os papéis mais
convenientes, a exemplo do
Portanto, contraditoriamente, a
teatro grego. Em tempos
educação comparada serve a
líquidos, tudo desliza e
vários propósitos. Nada é fácil:
importa mais esquecer o antes,
é preciso separar imanente de
para valorizar o passageiro de
transcendente, com limites
agora.
pouco claros, que exigem
conhecimento e sabedoria. Não Assim, o mundo de hoje está
se pode esperar um lago liso e repleto de desafios ecológicos,
tranquilo e, sim, um mar sociais, econômicos,
encapelado. educacionais e outros. Um
repto também para a educação
Na educação de hoje vive-se à
comparada. Hoje temos testes
sombra deste fenômeno social
internacionais que sacralizam
total: diplomas são vendidos e
rankings. Ministros caem por
comprados, equipamentos e
causa deles, como se os efeitos
materiais de ensino se impõem
da educação fossem bater,
a qualquer custo, serviços são
valer. Afinal, é preciso
oferecidos e comprados, como
sacrificar bodes expiatórios
estudo a domicílio, “clínicas de
para dar satisfação pública.
aprendizagem” e outros, ou
Pão, nem tanto. Circo, não
seja, remendos de pano novo
pode faltar. É indispensável
em pano velho e vice-versa. Se
aos países se compararem uns
a oferta é em escala, custos e
com os outros e reduzirem
preços podem cair, após o
evidências às suas realidades.
frenesi da novidade. Pesquisa,
O problema, todavia, é o rumo:
como ensino, vale se for
os rankings se fetichizam em si
rentável e lucrativa. A moral
mesmos, deixam de ser meios
da pós-verdade é aquela que
para constituírem fins. O know-
flui, no espetáculo
how prevalece sobre o know-
desenrolado à nossa vista por
what. Podem ser amplamente
meio das redes. Não tocamos a
utilizados para aperfeiçoar a
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educação, ser objetos de porque os seus pressupostos


reflexão à luz dos diversos dificilmente se efetivam em
contextos histórico-sociais. todos os lugares e culturas,
Porém, não raro se perdem em mas se abre também para
países sem pesquisa capaz de identificar o que transcende e o
digerir as sucessivas ondas de que é imanente à realidade de
dados e resultados. Na cada um. Lembremo-nos de
industrialização se que os tempos, de tão
padronizam processos, cambiantes, se tornaram
produtos e modelos para líquidos e, quem sabe, podem
simplificar e espremer custos. tornar-se voláteis. De que
Como seria fácil se o mundo educação comparada nós
fosse como as engrenagens de precisamos para uma educação
um relógio analógico e se as democrática de qualidade? O
pessoas fossem coisas. Até se pronome é tão importante
pode fingir que são por algum quanto o verbo: quem compõe
tempo histórico. A realidade é o nós?
incontrastável e prevalece
apesar das sombras lançadas
sobre elas.

Podia-se declarar que, entre a


sociedade e a educação,
existem vias de mão dupla.
Evidenciam-se as mudanças
recíprocas, conquanto
precisemos abrir mão da
linearidade pelo
reconhecimento do mundo
complexo onde vivemos.
Nesse sentido, a educação
comparada reflete e é refletida,
muda e é mudada pelas outras
ciências e pela sociedade. Pode
erigir modelos inalcançáveis

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