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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Rota de beneficiamento de potássio

Fábio Makoto Fukubara


Flávia Vilhena Sutter Affonso
Giovanna Cabral Cazali
Rafael Leal de Lima Leme

São Paulo
2017
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Gráfico da Produção Mundial de Potássio (Ano x Mil t K​2​O) 5

Figura 2 - Gráfico da produção dos maiores produtores mundiais (Ano x Mil t K​2​O) 5

Figura 3 - Gráfico da produção brasileira (Ano x Mil t K​2​O) 6

Figura 4 - Série histórica do preço do cloreto de potássio (USD x tonelada métrica) 7

Figura 5 - Gráfico da Distribuição Mundial de Teores de K​2​O. 10

Figura 6 - Mapa da Distribuição Mundial de Teores de K​2​O. 11

Figura 7 - Mina de Taquari Vassouras. 14

Figura 8 - Estrutura de poços de extração de KCl de uma Mina de Dissolução. 15

Figura 9 - Diagrama do beneficiamento do potássio. 16

1
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Minerais de Potássio e Teor Equivalente em K​2​O 8

Tabela 2 - Reservas Mundiais de Potássio 10

Tabela 3 - Reagentes utilizados no processo de flotação de silvita na mina de 18


Taquari-Vassouras

Tabela 4 - Concentração de potássio em salmouras conhecidas 19

Tabela 5 - Faixas granulométricas 20

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Introdução 4

Aspectos Econômicos 5

Depósitos 8
3.1. Reservas Mundiais 9
3.2. Reservas Brasileiras 11

Lavra e Beneficiamento 13
4.1 Lavra 13
4.2 Beneficiamento 15
4.2.1 Britagem 16
4.2.2 Concentração 17
4.2.2.1 Flotação 17
4.2.2.2 Secagem e Compactação 19
4.3 Evaporação Solar 19

Especificações de Mercado 20

Aspectos da Atividade 21
6.1. Ambientais 21
6.1.1. Taquari Vassouras 21
6.1.2. Amazonas 21
6.2. Sociais 21

Novas Tecnologias 23

Conclusão 24

3
1. Introdução
Muito utilizado como fertilizante e, em menor escala, na indústria química, o potássio
está entre os 10 elementos mais abundantes na crosta terrestre. Apesar de muito frequente,
é um mineral de difícil obtenção, devido à sua insolubilidade em minerais como feldspatos e
micas e, desse modo, sua viabilidade de extração depende de sua ocorrência em forma de
sulfatos ou cloretos, onde é possível solubilizar o potássio.
O uso do potássio como fertilizante é equivalente a 95%, em escala mundial,
enquanto o restante é utilizado na indústria química, em forma de compostos nas indústrias
de detergentes, cerâmicas, produtos químicos e farmacêuticos. As funções dos fertilizantes
potássicos na agricultura consistem na ativação da catálise biológica, promovendo o
metabolismo do nitrogênio e síntese de proteínas; no regulamento da osmose e na síntese
do açúcar, bem como o transporte deste aos tecidos de armazenamento.
Visto que o Brasil é um país predominantemente agrícola, há um alto consumo de
potássio anual, da ordem de 5 milhões de tonelada por ano, sendo, assim, o 12º bem
mineral mais consumido do país (DNPM, 2014). Desse consumo, apenas cerca de 10% é
proveniente da produção interna, ou seja, o Brasil é um grande importador de potássio. A
única lavra de potássio no Brasil, a mina de Taquari-Vassouras, será utilizada como modelo
para ilustrar a rota de lavra e beneficiamento do bem mineral.

4
2. Aspectos Econômicos

Mais de 80% das reservas mundias de potássio concentram-se em menos de 7


países. Esse fator associado ao fato de ele ser um mineral de difícil obtenção faz com que a
maior parte da produção mundial concentre-se em poucas nações. Como é possível
observar na Figura 2, a produção do Canadá, Bielorússia e Rússia correspondem a
aproximadamente 60% da produção mundial. O que torna o mercado internacional de
potássio um natural oligopólio.

Figura 1 - Gráfico da Produção Mundial de Potássio (Ano x Mil t K​2​O)


Fonte: Sumário Mineral DNPM

Figura 2 - Gráfico da produção dos maiores produtores mundiais (Ano x Mil t K​2​O)
Fonte: Sumário Mineral DNPM

5
No caso do Brasil, a produção restringe-se às regiões de Taquari/Vassouras no
Sergipe, uma mina subterrânea operada pela Vale. Em 2013, segundo a própria Vale, essa
mina foi responsável por produzir cerca de 6% do potássio consumido internamente. Desse
modo, é possível notar a enorme dependência brasileira da importação desse mineral. Além
disso, por meio da Figura 3, é possível visualizar a queda da produção de potássio
brasileiro ao longo dos anos. Isso decorreu em função da queda do preço internacional do
minério a partir de 2009, inviabilizando uma maior produção da mina de Sergipe devido a
competição dos grandes produtores externos. Historicamente, a produção brasileira
corresponde a cerca de 0,9% da produção mundial.

Figura 3 - Gráfico da produção brasileira (Ano x Mil t K​2​O)


Fonte: Sumário Mineral DNPM

Como é possível observar por meio da Figura 4, o potássio sempre manteve uma
faixa de valor com baixa oscilação. A partir de 2007 os preços começaram a apresentar
uma alta variação em virtude da especulação financeira do potássio nos mercados futuros.
Isso foi ocasionado principalmente pela entrada dos grandes produtores nas bolsas de
​ ontudo, em 2009 em função da crise financeira internacional e da
commodities. C
desaceleração da economia mundial, houve uma forte queda do preço internacional. E
desde então, nunca houve uma recuperação, prejudicando a produção da mina de Taquari,
mas ao mesmo tempo, barateando a importação.

6
Figura 4 - Série histórica do preço do cloreto de potássio (USD x tonelada métrica)
Fonte: Bloomberg

7
3. Depósitos
O potássio está muito presente em minerais, sendo a maioria com presença
significativa nas redes cristalinas, porém uma quantidade restrita, constituída por cloretos
e/ou sulfatos, é consideradas de interesse econômico devido, principalmente, ao seu teor
em potássio e a sua fácil solubilização. Assim, embora os feldspatos constituam o mais
abundante grupo de minerais da crosta terrestre e a maioria deles apresentem teores
elevados de potássio (10 a 20% de K​2​O), estes não são considerados minerais de minério
pela dificuldade de extração do potássio, tornando o processo inviável devido à
necessidade de um forte ataque químico acompanhado de tratamento térmico para sua
obtenção (NASCIMENTO, et al., 2008).
Desse modo, o aproveitamento de rochas ígneas como fonte de potássio limita-se a
áreas de explotação de outras substâncias, onde o potássio é obtido como subproduto. Os
depósitos evaporíticos constituem as mais importantes fontes de sais de potássio, pois os
sais derivados destes depósitos são muito solúveis em água e podem ser explotados e
processados mais facilmente.

Tabela 1 - Minerais de Potássio e Teor Equivalente em K​2​O

Mineral Composição Teor Equivalente de K​2​O

Silvita KCl 63%

Carnalita KCl.MgCI​2​.6H​2​O 17%

Silvinita KCl + NaCl 10 - 35%

Cainita KCI.MgSO​4​.3H​2​O 19%

Langbeinita K​2​SO​4​.2MgSO​4 23%

Polialita K​2​SO​4​.MgSO.2CaSO​4​.2H​2​O 15,6%

Schoenita K​2​SO​4​.MgSO​4​.6H​2​O 23,4%

Singernita K​2​SO​4​.CaSO​4​.H​2​O 28%

Fonte: Adaptado de Nascimento (2004)

Dentre os minerais apresentados, a Silvita, a Carnalita e a Silvinita constituem os


principais minerais de minério, enquanto a Cainita, a Langbeinita e a Polialita são os
minerais de minério secundários.
Os depósitos destes minérios principais foram formados por evaporação gradual de
águas salinas, em bacias fechadas, pouco profundas, ou seja, formaram-se em regiões de

8
antigos lagos e extensos depósitos de origem marinha. Estes estratos de sal assim
formados, principalmente no hemisfério norte, entre 300 e 400 milhões de anos atrás, foram
recobertos, no tempo geológico, por outros depósitos sedimentares.
Atualmente, acredita-se que o processo formador destes estratos salinos consistiu
em: transporte de diversos sais solúveis pela água dos rios, desaguamento em mares
fechados, cuja evaporação seja igual ou superior ao aporte das águas fluviais, e
concentração progressiva dos sais. Pela a elevação do nível dos oceanos, essas bacias
podem ser invadidas por águas de mar aberto, ricas de halita (NaCl) e, em períodos de
estações chuvosas, podem perder a saturação. Dessa forma se explica a alternância entre
camadas mais ricas de KCl, NaCl ou de argilas estéreis. Atualmente, esses depósitos são
encontrados, com frequência, a grandes profundidades.
Outra hipótese para formação dos depósitos de halita (NaCl), muito abundante em
silvita (KCl) e carnalita (KCl.MgCI​2​.6H​2​O), pode ter sido devido a volumes consideráveis de
água marinha isolados dos oceanos por formação de barras arenosas e subsequentes
concentração de NaCl por evaporação.
As deformações tectônicas podem dar origem a morfologias especiais, complexas,
devido à grande plasticidade do material salino e à sua propriedade de passar ao estado
fluido quando sujeito a grandes pressões. Domos e elevações em forma de vaga são
comuns. Outra associação comum relativas às formações de potássio se dá entre domos
salinos e petróleo.

3.1. Reservas Mundiais


Em 2014, o Canadá, a Bielorússia e a Rússia ocuparam as três primeiras posições
no ranking mundial das reservas de sais de potássio que juntos somaram 70,4% do total de
potássio fertilizante produzido no ano. A Tabela 2 mostra a distribuição mundial de potássio,
baseada em dados de reservas medidas e indicadas de 2014.

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Tabela 2 - Reservas Mundiais de Potássio

País 10³ t de K​2​O % Total

Canadá 1.100.000 31,6%

Bielorússia 750.000 21,5%

Rússia 600.000 17,2%

China 210.000 6,0%

Estados Unidos 200.000 5,7%

Alemanha 150.000 4,3%

Brasil* 10.577 0,3%

Outros Países 460.000 13,2%

Total Mundial 3.480.577 100%


*Referente à reserva lavrável em Sergipe, em K​2​O equivalente em Taquari/Vassouras
(Fonte: DNPM 2014)

Nas Figuras 5 e 6, observa-se esta distribuição considerando os teores de K​2​O das


reservas.

Figura 5 - Gráfico da Distribuição Mundial de Teores de K​2​O.


Fonte: Elaboração Própria

10
Figura 6 - Mapa da Distribuição Mundial de Teores de K​2​O.
Fonte: Elaboração Própria

Pelo mapa, observa-se, como já mencionado no texto, uma maior concentração de


teores em países do extremo norte, com clima frio e polar. Porém isto não é uma regra para
as formações potássicas, visto que os depósitos brasileiros se concentram na região
nordeste e norte, de clima tropical.

3.2. Reservas Brasileiras


As reservas oficiais de sais de potássio no Brasil são da ordem de 15,4 bilhões de
toneladas (silvinita e carnalita), localizadas nos Estados de Sergipe (Bacia Sedimentar de
Sergipe) e Amazonas (Bacia Sedimentar do Amazonas-Solimões).
No Sergipe, nas regiões de Taquari-Vassouras e Santa Rosa de Lima, as reservas
oficiais de silvinita (KCl + NaCl) totalizam 475,4 milhões de toneladas, com teor médio de
9,3% de K​2​O equivalente. Destas, 65,8 milhões de toneladas de minério "in situ" (teor de
16,08% de K​2​O), que correspondem a 10,6 milhões de toneladas de K​2​O equivalente,
representam a reserva lavrável em Taquari-Vassouras. Trabalhos de reavaliação de
reservas de silvinita na região de Santa Rosa de Lima situada 16 km a oeste de
Taquari-Vassouras dimensionaram reserva de aproximadamente 66,9 milhões de toneladas
de minério "in situ” (15,48 milhões de toneladas de K​2​O equivalente).

11
Ainda em Sergipe são conhecidos importante depósitos de carnalita
(KCl.MgCl​2​.6H​2​O). As reservas totais (medida + indicada + inferida) de carnalita, com teor
médio de 10,40% de KCl, alcançam cerca de 14,4 bilhões de toneladas. Já no Amazonas,
nas regiões de Fazendinha e Arari, em Nova Olinda do Norte, as reservas oficiais de
silvinita (medidas) são da ordem de 493,0 milhões de toneladas, com teor médio da ordem
de 20,01% de K​2​O equivalente (NASCIMENTO, et al., 2008).
Atualmente, a única unidade produtora de potássio no Brasil, localizada no Sergipe,
é o Complexo Mina/Usina de Taquari-Vassouras, operada desde 1991 pela VALE S.A.
Ainda em Sergipe, encontra-se em fase implantação, pela Vale Fertilizantes S.A., um
projeto de mineração que objetiva o aproveitamento das reservas de carnalita por processo
de dissolução, visando a obtenção de cloreto de potássio; tal projeto de explotação das
reservas de silvinita de Santa Rosa de Lima continua pendente de definição.
Vale ressaltar que ainda existem áreas com alvarás de pesquisa para sais de
potássio no Brasil, em sua maioria, nos estados de Sergipe e Amazonas que, segundo o
Sumário Mineral de 2014 do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),
possuem atividades de pesquisa em andamento, na expectativa de aumentar as reservas
brasileiras. Além dessas regiões, atualmente há um grande investimento de pesquisas no
sul do país em busca de reservas de potássio.

12
4. Lavra e Beneficiamento
Segundo Nascimento, Monte, Loureiro (2004) existem três meios tradicionais de
lavra e beneficiamento dos minerais de potássio: mineração subterrânea seguida de
processo de flotação (82% da produção mundial); mineração por dissolução seguida da
cristalização fracionada dos sais (12% da produção mundial); evaporação solar a partir de
salmouras, seguido de flotação ou com algumas variantes como cristalização a frio ou
separação eletrostática (cerca de 6%).

4.1 Lavra
Os métodos convencionais de mineração subterrânea são os mais empregados na
lavra de minérios de potássio quando o minério encontram-se em profundidades de até
1400m. A técnica de “câmara e pilares” é comumente empregada neste caso. Para
profundidades superiores é empregado o método de extração por dissolução. O custo inicial
para esta técnica é muito inferior pois o custo da perfuração da lavra é eliminado.
A mina de Taquari-Vassouras, a única de minério de potássio no Brasil, é lavrada
com a técnica de “câmaras e pilares”. A mina possui algumas características que tornaram
sua viabilidade técnica um desafio, tais como a existência de lençóis aquíferos no local e a
ocorrência de grisu (gases explosivos). Para que não ocorra inundamento, os poços foram
revestidos com concreto e um tipo de resina epóxi. O acesso é feito através de dois poços,
um de serviço e outro de extração. Os poços têm 5 m de diâmetro e 450 m de profundidade.
A extração, feita por três mineradores contínuos do tipo Marietta, produz cerca de 1,16 t/min
e um minerador de cabeça de corte do tipo Alpine com capacidade de produção de 0,7
t/min. Seis carros-ponte (​shuttle-car joy​), com capacidade para 15 t, transportam o minério
até o alimentador da correia transportadora, de 1,2 m de largura e 9 km de extensão que
conduz o minério até os silos. O minério é levado para superfície pelo poço de extração e o
estéril é mantido nas galerias.A recuperação na lavra da mina é de 46% e a relação
estéril/minério é de 1:4. A mina tem uma capacidade anual de produção de 2,1 milhões de
toneladas de minério.

13
Figura 7 - Mina de Taquari Vassouras.
Fonte: Adaptado de Monte et al., (2002).

Em Colonsay-SK, Canadá, a extração de minério de potássio também faz uso da


técnica “câmaras e pilares”. Com uma profundidade de aproximadamente 1.000 m, a
empresa que explota o minério, a Mosaic Company, levou cinco anos na abertura do
primeiro poço. Na lavra são utilizadas mineradores contínuas, cujos rotores têm capacidade
de extrair até 19 t/min de minério. As câmaras têm larguras que variam entre 18 e 23 m e
comprimentos de mais de 914 m. Os pilares, que são blocos não minerados entre as
câmaras e dão suporte para o teto superior da mina fazem com que a recuperação da mina
se limite a 45%.

14
O método de dissolução é aplicado quando a extração subterrânea não é
economicamente viável devido à profundidade do depósito. O método se aplica em rochas
evaporíticas solúveis como a Carnalita, e utiliza água aquecida a cerca de 30 ºC como
solvente. A água do mar é bombeada por tubulação adutora, e injetada nos poços na
tubulação interna conforme Figura 8 e extraída pela tubulação externa a salmoura
enriquecida.

Figura 8 - Estrutura de poços de extração de KCl de uma Mina de Dissolução.


Fonte: Adaptado de VALE S.A (2011).

A água injetada extrai a carnalita da rocha a mais de 1400 m de profundidade e


obtém-se assim uma mistura denominada salmoura enriquecida que é recuperada
posteriormente.
Um exemplo de aplicação é a mina de Saskatchewan, no Canadá, que desde 1964
extrai uma salmoura a uma profundidade de 1.500 m pelo processo de dissolução obtendo
KCl de alta pureza.

4.2 Beneficiamento
As etapas mais comuns no beneficiamento do minério de potássio são britagem,
moagem, deslamagem, separação seletiva dos minerais e secagem do produto final,

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seguindo-se as etapas de compactação ou granulação. A Figura 9 ilustra um processo de
beneficiamento genérico.

Figura 9 - Diagrama do beneficiamento do potássio.


Fonte: Centro de Tecnologia Mineral (2016).

Para ilustrar a rota de beneficiamento de um minério proveniente da lavra por


“câmaras e pilares”, será tomada como modela a mina de Taquari-Vassouras. A usina de
beneficiamento de Taquari-Vassouras tem uma capacidade nominal para produção de 500
mil toneladas por ano de concentrado de cloreto de potássio.

4.2.1 Britagem
No caso de Taquari-Vassouras, o ROM (run of mine) vai para uma pilha pulmão ou
segue diretamente através de correias transportadoras para a unidade de britagem em
circuito fechado, onde primeiro passa por uma grelha e em seguida é alimentado em um
britador de impacto TBM, tipo martelo, modelo MLS7, com 560 x 1860 mm de boca.
O produto britado pode seguir diretamente para a unidade de concentração ou para
uma pilha pulmão com estoque suficiente para 30 h de operação. A unidade tem
capacidade para britar 344 t/h de minério.

16
4.2.2 Concentração
Na unidade de concentração, faz-se uma polpa do minério com uma salmoura
saturada em cloretos de potássio e sódio (12% KCL, 19% NaCl e 69% H2O). Essa polpa
alimenta as peneiras estacionárias primárias. O produto desta classificação tem
granulometria inferior a 1,2 mm.
O retido na peneira alimenta dois moinhos de barra, do tipo descarga por transbordo,
que operam em circuito fechado, com quatro peneiras secundárias semelhantes às
primárias. O produto dos moinhos é alimentado novamente nas peneiras secundárias.
O passante segue para o hidrosseparador de finos, onde ocorre a deslamagem da
polpa, para assim poder seguir para a unidade de flotação. A lama proveniente do
hidrosseparador, segue para o floco-decantador onde faz-se a adição de floculantes. O
overflow do floco-decantador é então recirculado na planta. O produto espessado, underflow
do floco-decantador, é parte do rejeito da unidade, sendo assim bombeado via
salmouroduto até o mar.
O underflow do hidrosseparador, segue para uma caixa receptora onde são
adicionados o depressor de ganga (amido de milho), o coletor catiônico (acetato de
esteril-amina) e o espumante (MIBC). Após a adição dos reagentes, a polpa é bombeada
para uma caixa distribuidora de onde alimenta, por gravidade, o circuito de flotação, a uma
taxa de cerca de 400 t/h.
Na Alemanha, o processo de beneficiamento inicia-se pela cominuição do minério a
uma granulometria menor que 4 mm. Após a classificação, para remoção das partículas
muito finas, o minério segue para etapa de moagem, após ter sido empolpado com uma
salmoura saturada, obtendo-se, assim, um produto de moagem a uma granulometria inferior
a 1,0 mm. Para esta etapa são usados moinhos de barra e classificadores espirais. A polpa
contendo minério é então ajustada para uma concentração de sólidos entre 30 e 40%,
seguindo para a etapa de flotação, realizada em três estágios. O concentrado das células
de desbaste (rougher) alimenta o circuito de células de limpeza (cleaner). A seguir, o
concentrado cleaner é desaguado em um conjunto de centrífugas, seco e transportado para
silos (Hagedorn, 1993).

4.2.2.1 Flotação
Segundo Nascimento, Monte, Loureiro (2004) os minérios de potássio que podem
ser concentrados por flotação são: minérios silviníticos. Representam a maioria dos tipos de
minérios de potássio tratados por flotação; sais pesados constituídos por kieserita

17
(MgSO​4​.H​2​O), bem como silvita e halita e, algumas vezes, anidrita (CaSO​4​); mistura de sais
constituídos por uma mistura de silvinita ou sais pesados com carnalita (KCl.MgCl2.6H2O);
poliminerais salinos contendo além de silvita, halita e kieserita, também langbeinita
(K2SO4.2MgSO​4​), kainita (4KCl.4MgSO​4​.11H​2​O), polihalita (K​2​SO​4​.MgSO​4​.CaSO​4​.2H​2​O), e
argilas.
Em Taquari-Vassouras, as células de flotação têm um volume unitário de 2,83 m​3​. O
circuito é formado por três linhas, operando em paralelo. Cada uma delas é composta por
seis células de desbaste (rougher), duas de recuperação (scavenger), quatro de limpeza
(cleaner) e quatro para a segunda limpeza (recleaner).

Tabela 3 - Reagentes utilizados no processo de flotação de silvita na mina de


Taquari-Vassouras

Função Reagente Consumo (g/t)


Acetato de
Coletor 120 a 180
esteril-amina
Espumante Metilisobutilcarbinol 15 a 20
Depressor Amido de milho 80 a 100

Fonte: Centro de Tecnologia Mineral (2002).

A flotação é dividida em quatro etapas: desbaste (rougher), primeiro banco de


limpeza (cleaner), segundo banco de limpeza (recleaner) e recuperação (scavenger). O
concentrado recleaner é desaguado em um conjunto de três centrífugas e contém de 48 a
50% de sólidos em peso, com teores de KCl variando de 93 a 96%.
O concentrado das células de recuperação e os rejeitos dos circuitos de limpeza
alimentam os espessadores de misto. O overflow dos espessadores junta-se ao produto da
moagem secundária numa caixa de polpa, e volta para célula de flotação, enquanto o
underflow, é alimentado na moagem secundária. A fração não flotada no circuito de
desbaste alimenta as células de recuperação. O produto do moinho secundário soma-se à
carga do underflow do hidrosseparador para compor a alimentação da unidade de flotação.
As frações retidas nas peneiras terciárias seguem para remoagem no moinho secundário
conjuntamente com o concentrado das células de recuperação(scavengers) e os rejeitos
dos circuitos de limpeza (cleaner e recleaner), após o que são submetidos ao adensamento
em dois espessadores de mistos. (MONTE et al., 2002)

18
4.2.2.2 Secagem e Compactação
O concentrado da flotação, após passar pela centrifugação, segue para a unidade
de secagem, que é constituída por um gerador de gases, um secador, dois ciclones e um
sistema de lavagem de gases para abatimento e recuperação do material particulado
arrastado. A temperatura na câmara de combustão é de 650 ºC. Após a secagem, o
concentrado passa por um conjunto de dois ciclones pneumáticos para recuperação. O
overflow dos ciclones segue para lavagem dos gases de combustão. (MONTE et al., 2002)
O produto da secagem é dividido em produto standard, que segue para estocagem e
a outra parte segue para a granulação.

4.3 Evaporação Solar


Cerca de 6% da produção mundial de Potássio é proveniente da evaporação solar ​a
partir de salmouras, seguido de flotação ou com algumas variantes como cristalização a frio
ou separação eletrostática. As salmouras podem ser do Grande Lago Salgado e Wendover,
ambos em Utah, Lago Searles, na Califórnia, e o Mar Morto, localizado entre Israel e
Jordânia.
O processo da evaporação das salmouras do Grande Lago Salgado consiste,
primeiramente, em uma cristalização do cloreto de sódio até se atingir a saturação dos sais
de potássio. O produto da cristalização é misturado com kainita, carnalita e schoenita com
pequenas quantidades de cloreto de sódio. Essa mistura é então convertida em schoenita
pelo tratamento com a salmoura. O cloreto de sódio remanescente é separado por flotação.
A schoenita é, então, decomposta em água produzindo sulfato de potássio puro. A salmoura
residual desse processo é rica em potássio e é recirculada para o início do processo.
(NASCIMENTO, et al., 2004)

Tabela 4 - Concentração de potássio em salmouras conhecidas

Fonte K​2​O (%)


Lago Searles, Califórnia 1,36 - 3,17
Grande Lago Salgado, Utah 0,51 - 0,85
Wendover, Utah 0,63
Mar Morto, Israel 0,45 - 0,76

Fonte: Adaptado de MONTE et al., (2002).

19
5. Especificações de Mercado

Cerca de 90% do potássio consumido no mundo está na forma de cloreto de


potássio (KCl). De acordo com Korndöfer (2003), o produto do KCl é comercializado em
quatro diferentes faixas granulométricas, como é possível observar na Tabela 4. No caso do
Brasil, a produção em Taquari-Vassouras restrige-se ao granular e ao padrão. Além disso, o
país exige que o cloreto de potássio seja comercializado com o teor mínimo de 58%.

Tabela 5 - Faixas granulométricas

Tipo Granulometria (mm)

Granular 0,8 - 3,4

Grosseiro 0,6 - 2,4

Padrão 0,2 - 1,7

Solúvel 0,4 - 0,15

20
6. Aspectos da Atividade
Com o passar dos anos, os aspectos ambientais e sociais no ambiente de trabalho
vem se tornando fatores cada vez mais restritivos para a operação e mais importantes para
um desenvolvimento sustentável da atividade. Desse modo, a análise desses fatores se
torna essencial, principalmente em áreas de grande impacto, como a mineração.

6.1. Ambientais

6.1.1. Taquari Vassouras


A operação de Taquari Vassouras exigiu uma complexa tecnologia para sua
implantação. A lavra subterrânea, por meio de câmaras e pilares pois, além de estar situada
à grande profundidade (450 m), encontra-se em uma zona geológica onde há ocorrência de
gases explosivos, devido aos campos petrolíferos nas proximidades. Outro desafio, é a
possibilidade de inundação da mina, decorrentes de formações aquíferas na região da
lavra, associado a proximidade da taquidrita, uma rocha higroscópica (com capacidade de
absorver água quando em contato com o ar) de baixa resistência mecânica, situada logo
abaixo da camada de minério a ser extraído (VALE, 2011).
Desse modo, os impactos vinculados à lavra são provenientes de geração de
resíduos e rejeitos, emissão de gases, bem como o consumo de energia e água. Além
disso, a própria implantação da mina gera outros impactos adicionais como alteração da
paisagem e desmatamento da área de lavra. Por ser uma lavra subterrânea, a paisagem
sofre uma alteração menor quando comparada com métodos a céu aberto.

6.1.2. Amazonas
O aproveitamento das reservas da região de Nova Olinda, no Amazonas, ainda
possui muitos impasses, principalmente devido aos impactos ambientais, associados à
Floresta Amazônica, e desafios técnicos inerentes a região. Este panorama, torna o
investimento para a implantação da mina muito alto. Além disso, a logística para chegar na
região é muito complexa, o que também eleva os custos da operação.

6.2. Sociais
Toda atividade mineradora traz consigo fortes alterações locais, as quais podem ser
positivas ou negativas para a comunidade. Dentre os positivos, é possível elencar maior
oferta de emprego, aumento da renda do município, além de atrair serviços e gerar mais
desenvolvimento para região. Por outro lado, a mineração pode causar desapropriações,
perdas culturais, aumento da poluição e geração de lixo não orgânico, por exemplo.

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No caso brasileiro, será analisado a região do Complexo de Taquari Vassouras, o
único produtor de potássio nacional. A região abrange as cidades d​a parte nordeste do
estado de Sergipe, em território dos municípios de Rosário do Catete, Carmópolis,
Japaratuba, Siriri, Capela e Maruim, distando aproximadamente 40 km, de Aracaju, a
Capital do estado. Além da produção de fertilizantes, a geologia local também apresenta
formações petrolíferas, onde a Petrobrás realiza diversas pesquisas e operações na região.
Os empreendimentos mineiros e petrolíferos, então, proporcionaram atratividade de
serviços e, consequentemente, pessoas para região, assim como desenvolvimento das
pequenas cidades que ali estão - apesar dos impactos negativos que estas atividades
trazem.

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7. Novas Tecnologias
O Brasil consome grandes quantidades de fertilizantes potássicos devido à grande
demanda da agroindústria. Porém, o país é dependente da importação do bem mineral,
visto que a produção interna satisfaz pouco mais de 10% dessa demanda. Sendo assim, é
muito importante o desenvolvimento de pesquisas sobre novas fontes e caminhos para a
produção de fertilizante de potássio.
O CETEM/MCT e COPPE/UFRJ desenvolveram uma metodologia para extração de
potássio da Rocha Potássica de Poços de Caldas, com um rendimento superior a 96%,
formação de um licor sódico-potássico e de material zeolítico, como resíduo (Nascimento,
2004).
Na Índia foi desenvolvido um processo para extração de potássio da glauconita. A
glauconita é misturada com cloreto de cálcio e aquecida entre 1220-1300 ºC, o produto é
lixiviado em água.

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8. Conclusão
O Brasil é uma das maiores potências agropecuárias do mundo. O tamanho
continental, a qualidade das terras, o clima propício para o cultivo de diversas culturas e
entre outros fatores contribuem para o sucesso do país nesse segmento da economia.
Contudo, um fator de extrema importância no tão competitivo mercado internacional é a
utilização de fertilizantes para aumentar a produtividade da agricultura. Como mencionado
ao longo deste trabalho, o potássio é um dos principais componentes dos fertilizantes. O
grande problema é o fato desse elemento se concentrar em apenas alguns países e ser de
difícil obtenção.
Desse modo, o desenvolvimento de novas tecnologias e rotas de beneficiamento
desse mineral é de grande importância para a economia do país. A única mina em operação
é capaz de suprir apenas 6% da demanda interna, associada ao fato de o potássio ser um
elemento de caráter estratégico para a agropecuária brasileira, justifica-se a necessidade de
haver um maior incentivo para a melhoria das técnicas de beneficiamento e extração hoje
conhecidas.

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9. Referências Bibliográficas

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