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Orientadores:
Júri
Novembro de 2015
ii
Agradecimentos
O meu sincero agradecimento a todos aqueles que de algum modo contribuíram para a execução
deste trabalho.
À Cimpor Souselas, pela oportunidade de estágio, nas pessoas de Eng.º Matos Ferreira, Eng.º
João Rolim e Engª. Catarina Navarro, pela sua disponibilidade, opiniões e pela partilha de
conhecimento.
Aos meus amigos e aos colegas de curso, a quem agradeço a amizade nestes anos de percurso
académico.
À minha família pela motivação e apoios dados, especialmente aos meus pais, tios e irmãos.
iii
iv
Resumo
É neste contexto que surge o presente trabalho, como uma abordagem preliminar para uma
possível melhoria, quer na minimização dos impactes ambientais, quer na eficiência
técnico/económica das operações subsequentes ao desmonte, ou seja, garantir uma boa
fragmentação que permita uma economia de recursos.
Com base no grau de fragmentação obtido por aplicação do método em teste, foi estimado a sua
influência em termos de custos nas operações subsequentes, nomeadamente carga, transporte
e britagem.
Este trabalho tem dois objectivos principais: (1) avaliar a viabilidade do método em teste e (2)
estimar o efeito do grau de fragmentação nos custos das operações subsequentes.
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Abstract
The blasting operation in open pit mining, causes environmental impacts and discomfort to the
populations living in the surrounding areas. Currently are used the best techniques of explosives
application and their monitoring of environmental impacts, and it’s possible to reduce them within
the limits of the law, and managing to a minor inconvenience for people.
The degree of rock fragmentation after a blasting is one of the most important aspects in the
optimization of production costs in mining. The qualities of fragmentation influence the cost of
subsequently operations, like loading, transport and crushing. Because of that the blasting
explosives requires a careful study in order to optimize the design diagram of fire to achieve the
desired fragmentation.
It is in this context that the present work arises as a preliminary approach to a possible
improvement both in minimizing environmental impacts, as well as in the technical/economic
efficiency of subsequent operations. That ensures good fragmentation permitting saving features.
Then is considered the use of articulated air-deck system with plug’s to improve stemming quality,
studying the theoretical effect and comparing it, with fieldwork in the quarry of Cimpor - Souselas.
Based on the degree of fragmentation obtained by applying the method in test, was estimated
their influence in terms of cost in subsequent operations including loading, transport and crushing.
vi
Índice
vii
4. Avaliação da Influência da fragmentação nas operações carga, transporte e fragmentação
primária................................................................................................................................... 53
4.1. Carga e transporte........................................................................................................ 53
4.1.1. Cálculo do custo hora de trabalho .......................................................................... 55
4.1.2. Influência da fragmentação nos ciclos dos equipamentos ...................................... 60
4.3. Fragmentação Primária ................................................................................................ 66
4.4. Influência da fragmentação no custo total. .................................................................... 68
5. Resultados e Discussão ...................................................................................................... 69
5.1. Impactes Ambientais .................................................................................................... 69
5.2. Avaliação da fragmentação .......................................................................................... 70
5.3. Análise económica dos dois métodos em estudo .......................................................... 71
5.3.1. Bancada N60......................................................................................................... 71
5.3.3. Bancada S40 ......................................................................................................... 72
5.4. Análise Geral................................................................................................................ 73
6. Considerações finais ........................................................................................................... 75
6.1 Conclusões ................................................................................................................... 75
6.2. Trabalhos futuros ......................................................................................................... 76
Referências bibliográficas ....................................................................................................... 77
Anexos ................................................................................................................................... 82
Anexo I – Fichas dos desmontes ......................................................................................... 83
Anexos II - Resultados do Split Desktop para a análise granulométrica ............................... 88
viii
Lista de Tabelas
Tabela 3- Comparação entre substâncias explosivas de uso industrial. (Bernardo, 2004) .......... 9
Tabela 13 – Variação dos consumos específicos quando aplicado o método em teste. ........... 37
Tabela 16 – Variação dos valores obtidos pelo método em teste quando comparado com o
método CPS. .......................................................................................................................... 40
Tabela 19 - Variação dos consumos específicos quando aplicado o método em teste. ............ 44
Tabela 22 – Variação dos Valores de vibrações e onda aérea entre o método CPS e o método
em teste. ................................................................................................................................. 46
ix
Tabela 25 – Limites da velocidade de vibração admissível estabelecidos pela NP 2074 de 1983
(expressos em mm/s). ............................................................................................................. 50
Tabela 26 – Factor de Ponderação Ambiental para o descritor vibrações e onda aérea. .......... 51
x
Lista de Figuras
Figura 4 – Esquema da técnica de air-deck, quando comparado com o método tradicional. .... 13
Figura 9- Efeitos das vibrações nas estruturas segundo a distância, a geologia e o tipo da
estrutura (Bernardo, 2004) ...................................................................................................... 20
Figura 11 – Relação entre o custo unitário com perfuração e desmonte com explosivoso com o
grau de fragmentação. (adaptado de Dinis da Gama, 1993) .................................................... 22
Figura 12 – Minimização de custos nas várias operações unitárias em função da dimensão dos
fragmentos e consequentes impactes ambientais (Dinis da Gama & Jimeno, 1993). ............... 25
Figura 24 - Sequência de imagens do desmonte realizado no dia 19-11 (Método CPS). .......... 41
xi
Figura 25 - Sequência de imagens do desmonte realizado no dia 21-11 (Método em teste)..... 41
Figura 38 – Tempo de vida dos pneus para um Dumper (Ashley, 2015). ................................. 57
Figura 39 - Tempo de vida dos pneus para uma Pá Carregadora (Ashley, 2015). .................... 57
Figura 47 - Custo das várias operações unitárias para os dois métodos em estudo. ................ 72
Figura 48 – Custo das várias operações unitárias para os dois métodos em estudo. ............... 72
Figura 49 – Relação entre o custo por tonelada das várias operações e o DMF. ..................... 73
xii
Lista de Abreviaturas
q – Consumo específico
ϕ 90, 70, 60, 10 - diâmetro em que 90, 70, 60 e 10% das partículas em peso têm dimensão inferior a
esse diâmetro (cm)
A – afastamento (m)
xiii
xiv
1. Introdução
Não estando a sua aplicação teorizada, a sua utilização era absolutamente empírica criando por
isso graves falhas de segurança, má utilização de recursos e sérios impactes ambientais. Sendo
por muitos considerada uma arte, nascida a partir da perícia e experiência dos operadores de
explosivos.
A evolução técnica incidiu essencialmente em aspectos de produtividade, tendo aliás como todas
as actividades económicas, pouca sensibilidade com os aspectos ambientais.
Actualmente a sociedade é cada vez mais sensível aos aspectos de protecção ambiental, pelo
que a actividade de exploração mineira tem também a obrigação e o dever, de minimizar os
impactes ambientais provocados pela sua actividade.
Por conseguinte qualquer plano de lavra deverá adoptar, por força de lei, medidas e sistemas de
protecção do ambiente, bem como um plano de recuperação ambiental e paisagística.
Nos dias hoje e com as investigações desenvolvidas ao longo das últimas décadas, a utilização
de substâncias explosivas para desmontes de rocha já é uma técnica com fundamentos teóricos
e princípios científicos.
Qualquer exploração mineira ou obra geotécnica que recorra a substâncias explosivas e seja
executada nas imediações de uma zona habitacional, produz sempre impactes ambientais
diversos.
Estas consequências raramente são bem recebidas pelas comunidades, o que faz com que as
explorações mineiras ou obras civis estejam sempre sobre enorme pressão da opinião pública
para reduzir ao máximo estas ocorrências.
Apesar de frequentemente se admitir que são fenómenos inevitáveis, mas transitórios no caso
das obras civis, tecnicamente sabe-se que a intensidade elevada desses impactes por vezes
estão associados a erros no dimensionamento dos desmontes, quer nas quantidades ou tipos
de explosivo utilizado, quer nas temporizações associadas que provocam a acumulação de
quantidades de explosivos detonados no mesmo instante de tempo (retardo), aumentando de
forma drástica o impacte ambiental provocado pelo desmonte.
Para cumprimento das medidas de protecção ambiental, existe hoje em dia, uma necessidade
crescente de monitorizar, controlar e minimizar tais impactes, reforçando a necessidade de saber
caracterizar os fenómenos associados, com a fragmentação de rochas com recurso a explosivos.
1
Tal atitude, permitirá, não só a protecção da população e das estruturas envolventes, mas
também maior economia e eficiência no desmonte. Pois sabe-se que esta é compatível com a
minimização dos impactes, ao contrário do que sucede na maioria das outras actividades
industriais (Dinis da Gama, 1998).
Outro aspecto importante no desmonte de rocha com explosivos é o grau de fragmentação obtido
do material desmontado. Dado que são conhecidas a sua influência nas operações mineiras
subsequentes, nomeadamente carga, transporte e britagem. Quanto maior o grau de
fragmentação obtido maior a eficiência das restantes operações.
A presente dissertação tem dois objectivos principais, sendo que o primeiro, consiste em avaliar
a viabilidade de aplicação do método em teste, que tem por base a utilização da técnica de air-
deck em conjunto com dispositivos de melhoria de tamponamento. A avaliação de viabilidade é
feita em termos de intensidade de impactes ambientais, custo por tonelada do desmonte, e
melhoria da fragmentação obtida. O segundo objectivo consiste em estimar o efeito do grau de
fragmentação nos custos unitários das operações subsequentes ao desmonte.
2
2. Escavação de Maciços Rochosos com Substâncias Explosivas
Uma das primeiras decisões a tomar, a nível de projecto, diz respeito à definição do método de
escavação, que normalmente, em presença de um maciço rochoso implica a perfuração e o
desmonte com explosivos enquanto para os solos envolve o uso de meios mecânicos (Figura 1).
Nos terrenos de tipo intermédio, poderão ser usados explosivos para desagregar e técnicas de
escarificação ou de ataque pontual.
Ao longo dos tempos, têm sido desenvolvidos vários critérios de classificação dos maciços
rochosos em função da sua escavabilidade. Estes critérios baseiam-se em diversos parâmetros
de avaliação, existindo alguns de concepção simples e outros que incorporam um largo conjunto
de características dos materiais e de equipamentos propostos (Tabela 1).
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O método desenvolvido por Franklin (1971) foi inovador, ao propor uma sistematização do
conceito de escavabilidade. Tem por base uma classificação do maciço rochoso com base em
parâmetros obtidos em testemunhos de sondagens, relacionando a resistência da rocha (Is50 -
índice de resistência à carga pontual) com o espaçamento médio entre fracturas. Estes
parâmetros podem ainda ser correlacionáveis com outras grandezas, o Is50 com a resistência à
compressão simples e com o número de Schmidt e, o espaçamento médio entre fracturas com
o RQD.
Este método, conforme se pode observar na Figura 1, define quatro métodos de desmonte do
maciço rochoso:
Escavação mecânica;
Escarificação;
Uso de explosivos para desagregação;
Desmonte com explosivo.
Devido à data da sua concepção, a classificação encontra-se um tanto imprecisa, uma vez que
os equipamentos de escavação e as tecnologias associadas evoluíram consideravelmente,
tornando possível a expansão das áreas de escavação mecânica e escarificação para as zonas
de desmonte com recurso a substâncias explosivas. No entanto, mantém-se como uma boa base
de trabalho relativamente às características resistentes do maciço rochoso (Bastos, 1998).
Este método apesar da sua aparente simplicidade ainda hoje é o método de eleição de muitos
projectistas, dado a sua ampla abrangência.
Por não contemplar todos os parâmetros que, por vezes, são necessários à caracterização dos
maciços rochosos, o critério de Franklin poderá ser complementado com outros parâmetros tais
como orientação das fracturas no maciço ou a influência da água subterrânea.
4
Convém referir que este, assim como outros critérios de classificação de escavibilidade de
maciços rochosos, não contemplam alguns dos restantes factores relacionados com o desmonte
de rocha, e que podem ser limitativos quanto ao método de escavação a utilizar, nomeadamente,
factores ambientais, económicos, estruturais, etc. (Louro, 2009).
Entende-se por explosivo, como um composto químico ou mistura de compostos, que, quando
iniciado por calor, impacto, fricção ou choque, tem capacidade de entrar numa rápida
decomposição, libertando uma considerável quantidade de calor e gás (Hartman, 1992).
A indústria dos explosivos viveu mudanças substanciais desde 1985, com muitas técnicas
tradicionais a tornarem-se obsoletas tendo os explosivos evoluído drasticamente
(Hartman, 1992). Desde 2000 que a utilização de ANFO e emulsões se tornou prática corrente
tanto na exploração mineira como obras de construção civil, sendo que o primeiro se encontra
actualmente em desuso.
O recurso a fórmulas empíricas e ao trabalho por tentativas é muitas das vezes a única solução
disponível para projectar adequadamente um desmonte, devido à dificuldade intrínseca do
problema.
Os explosivos podem ser classificados como deflagrantes ou detonantes, sendo que os primeiros
se caracterizam por a detonação se dar por meio de uma combustão dos seus constituintes, que
se processa a uma velocidade inferior à do som. As pólvoras são um exemplo de um explosivo
deflagrante. Os explosivos detonantes, dependendo da sua composição, decompõem-se a
velocidades muito superiores quando comparado com os referidos anteriormente. No decorrer
da sua decomposição é produzido um volume considerável de gás, a temperatura e pressão
extremamente elevadas.
Actualmente os explosivos detonantes são aqueles que são utilizados nas principais obras
mineiras e geotécnicas.
Muitas teorias têm sido propostas sobre o mecanismo de fragmentação das rochas devido à
acção das substâncias explosivas. Tal como foi referido anteriormente, segundo Konya e Walter
(1990), dois mecanismos distintos têm lugar neste processo: em primeiro lugar, uma onda de
choque, do tipo compressiva, desenvolve-se em torno da carga explosiva; em segundo lugar,
após a passagem da onda de compressão ao longo da rocha, a pressão do gás no furo submete
novamente a rocha a tensões de compressão.
Sendo assim, a detonação das cargas explosivas nos furos, ocorre em duas fases distintas
(Bernardo, 2009):
5
fase dinâmica – o maciço é sujeito a uma perturbação dinâmica violenta, aplicada num
curto espaço de tempo, que é produzida por uma onda de choque que se desloca a uma
velocidade que é essencialmente dependente do tipo de rocha, mas também do tipo de
explosivo. A onda, propagando-se radialmente a partir do furo, é gradualmente atenuada
com a distância, o que dá lugar a um regime de propagação duma onda de tensão
compressiva, do tipo sónico;
fase quase-estática – é caracterizada pela expansão dos gases resultantes da
detonação da carga explosiva, originando a aplicação de tensões elevadas, em regime
quase estacionário. A designação atribuída (quase-estática) deve-se à ordem de
grandeza dos tempos associados a esta fase, visto que, a propagação das ondas de
tensão ocorre na ordem de grandeza das dezenas de microsegundos, a pressurização
dos gases ocorre por vários milisegundos.
Assim, a fase dinâmica corresponderá à acção das ondas de choque no maciço rochoso, e a
fase quase-estática é aquela devida ao trabalho mecânico realizado pelos gases provenientes
da reacção química de decomposição do explosivo, ou seja, corresponde ao deslocamento dos
blocos do maciço rochoso.
Logo após a detonação, tem lugar a deformação da zona fragmentada em torno do furo,
seguindo-se a iniciação e propagação de fracturas radiais por acção da tensão de tracção, na
direcção tangencial, associada à onda emitida. Quando esta última atinge a superfície de
separação rocha-ar, passa a transportar tracções na direcção radial, que originam a escamação
periférica, a qual se vai desenvolvendo até maior ou menor distância para o interior do maciço
rochoso, simultaneamente com o prolongamento das fracturas radiais previamente formadas.
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Figura 2 - Sequência temporal de eventos verificados numa detonação em rocha situada na vizinhança de
uma superfície livre (adaptado de Hartman,(1992) por Bernardo (2004)).
Entende-se por energia específica como energia total libertada por um explosivo, podendo ser
dividida em duas componentes: a energia da onda de choque (designada por fase dinâmica) e a
energia dos gases em expansão (designada por fase quase-estática). A componente de choque
da energia é produzida pela elevada pressão da frente de detonação à medida que esta progride
ao longo da carga explosiva e embate nas paredes do furo. A sua magnitude é proporcional à
densidade da carga explosiva e velocidade de detonação. Esta componente é a que primeiro
contribui para a rotura do maciço. A energia dos gases é a outra componente da energia total
libertada definindo-se como a energia a alta pressão e temperatura existente após a passagem
da onda de choque. Esta componente exerce uma forte pressão nas paredes do furo já fracturado
pela acção da onda de choque, originando o deslocamento do material rochoso. (Bernardo, 2009)
No instante que um explosivo detona, é libertada uma intensa pressão, sob a forma de onda de
choque, que faz sentir em todos os locais por uma fracção de segundo. A pressão de detonação
define-se como a máxima pressão teórica existente na zona de reacção, medida no plano
Chapman-Jouget (plano C-J), plano esse onde a reacção química é completa, assumindo-se
uma detonação ideal (Bernardo, 2009). A equação que define este parâmetro é:
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𝝆𝒆 × 𝑽𝒅 𝟐
𝑷𝒅 = (2.1)
𝟒
Pd : pressão de detonação (kPa).
Gelatinosos: caracterizam-se por ter por base a Nitroglicerina. Têm altas velocidades
de detonação, densidades e resistência à água.
Granulados: consiste numa mistura de nitrato de amónio, com hidrocarbonetos líquidos
(nomeadamente gasóleo). O principal exemplo deste tipo de explosivos é o ANFO. Estes
explosivos apresentam uma grande limitação, no que concerne à presença de água, uma
vez que para uma saturação superior a 10% o explosivo não detona.
Emulsões: Consiste numa solução aquosa de nitrato de amónio dispersa numa fase
exterior ou contínua, gasóleo, por intermédio da acção de agentes emulsionantes. A
estabilidade da estrutura do tipo água/óleo depende do emulsionante e a sua
sensibilidade da quantidade de ar ou das microesferas adicionadas para garantir a
estabilidade adequada. A redução da dimensão destas partículas é importante, pois um
maior contacto entre o oxidante e o combustível, resulta num aumento do grau e
eficiência das reacções, obtendo-se maiores velocidades de detonação (Bernardo,
2009).
No caso das Emulsões estas têm-se desenvolvido significativamente desde os anos 70, e têm
tido grande receptibilidade pelo mercado dadas as suas vantagens quando comparadas com os
restantes tipos de explosivos apresentados anteriormente. Entre as principais vantagens tem-se
o baixo custo, resistência à água, produtos com densidades entre 0,9 e 1,45 e elevada segurança
no manuseamento.
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Tabela 2- Principais variáveis influenciando o processo de selecção de um explosivo,
(Hartman, 1987; citado por Bernardo, 2004)
- Custo de explosivo;
Factores Económicos - Custo da perfuração;
- Outros custos (fragmentação secundária, transporte e britagem);
- Propriedades geomecânicas da rocha (densidade, velocidade de
Características da rocha propagação das ondas, resistência à compressão e tracção
e do maciço rochoso dinâmicas);
- Grau de fracturação do maciço
- Impedância característica;
Tipo de explosivo - Pressão de detonação, energia disponível e volume de gases;
- Sensibilidade e condições de armazenamento;
- Vibrações do terreno;
- Onda aérea (ruído);
Restrições Ambientais -Libertação de poeiras;
- Projecção de Blocos;
- Sobrefacturação do maciço remanescente;
Uma vez que existe uma vasta gama de explosivos disponíveis no mercado, é essencial
conhecer as suas características de modo a eleger de forma qualitativa e quantitativa, o explosivo
mais adequado para os objectivos delineados.
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2.2.4. Diagramas de fogo
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O recurso a fórmulas empíricas é muitas das vezes a única forma de solucionar adequadamente
o problema do dimensionamento de diagramas de fogo, devido à dificuldade em conhecer certos
factores, principalmente aqueles que são intrínsecos à geologia do maciço. Sendo, que o
responsável pela operação de desmonte tem um papel fundamental na recolha criteriosa dos
dados que permitem a optimização desejada.
2.2.4.1 Atacamento
Descreve-se de seguida o caso específico do atacamento, dado a sua importância para este
trabalho.
Entende-se por atacamento como a porção do furo, acima da carga explosiva, que se encontra
preenchida por material inerte, de modo a proporcionar um confinamento dos gases resultantes
da detonação dos explosivos.
No caso de uma altura de atacamento insuficiente, poderá ocorrer uma libertação prematura dos
gases para atmosfera, dando origem a uma onda aérea de elevada intensidade, com risco de
projecções de blocos pelo topo do furo.
No caso inverso, uma altura de tamponamento sobredimensionada, pode dar origem a uma
grande quantidade de blocos de dimensão excessiva provenientes do topo da bancada, um fraco
deslocamento da mesma e um aumento considerável da intensidade das vibrações (Jimeno,
2003).
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Habitualmente o material utilizado como tamponamento é o pó resultante da furação, devido à
facilidade de acesso e de carregamento no furo. Apesar da generalizada utilização, apresenta
alguma ineficiência, uma vez que dado as suas características, oferece pouca resistência à
acção dos explosivos e é facilmente ejectado pelo topo do furo.
(H + G − T)π ∙ ∅f 2 ∙ ρe
q= (2.2)
4ASH ∙ senα
A carga explosiva de um furo depende apenas da densidade relativa do explosivo (assim como
do comprimento do furo e da sua secção) mas não de qualquer outra propriedade termodinâmica
capaz de exprimir a energia que nesse furo de aplica.
Em conclusão, os maciços de maior competência, cujo desmonte exige uma malha mais
apertada, menores diâmetro de furação e aplicação de cargas explosivas mais densas, estão
associados a consumos específicos mais elevados (Tabela 6).
Contudo, os consumos específicos mais elevados, para além de proporcionarem uma boa
fragmentação e deslocamento da rocha, dão lugar a menores problemas de repés (em
escavações a céu aberto) e podem ajudar a alcançar o ponto óptimo do custo total das operações
(perfuração, desmonte, carga, transporte e fragmentação/britagem) (Jimeno, 2003).
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Tabela 6 - Competências de rocha vs consumo específico de explosivo (Jimeno et al, 2003)
2.2.5. Air-deck
A técnica de air-deck (coluna de ar) tem por base a utilização de um ou mais espaços vazios na
coluna de explosivo, como um meio para optimizar a fragmentação para um dado comprimento
de carga (Figura 4). Esta metodologia foi proposta por Melnikov (1979).
A utilização da técnica de air-deck permite utilizar de uma forma mais eficiente a energia gerada
na detonação.
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Com a diminuição da pressão associada à detonação, devido à utilização de air-deck, reduz-se
a fragmentação excessiva da rocha na zona adjacente ao furo, mas, contudo, continua a ser
capaz de criar um sistema de fracturas extensas, ao mesmo tempo que os gases resultantes da
detonação continuam a garantir o deslocamento dos blocos do maciço rochoso.
Existem hoje em dia no mercado vários dispositivos disponíveis que possibilitam uma melhoria
do desempenho global do desmonte, controlo de projecções e produtividade. O aparecimento
deste tipo dispositivos está associado à necessidade de optimizar o tamponamento, de modo a
impedir a saída de gases pela boca do furo, e garantir que estes fluam através da face livre em
vez de pelo tamponamento. O resultado final é um aumento da energia transmitida ao maciço
rochoso, sendo expectável uma melhoria na fragmentação e tornando a operação do desmonte
mais eficiente, devido à diminuição de perdas energéticas.
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O plug funciona criando um efeito de bloqueio no furo, fazendo de cunha para o material de
tamponamento. No instante da detonação dos explosivos o plug é forçado para cima contra o
tamponamento e fica bloqueado. Os gases e a sua energia são impedidos de escapar pelo topo
do furo, e em vez disso são contidos no seio do maciço rochoso por mais tempo (na ordem dos
milissegundos) do que numa detonação sem estes dispositivos. Estes dispositivos também
aumentam o tempo retenção da energia de detonação em 2 a 4 vezes mais e obviamente, que
o confinamento dos gases e a sua conservação no seio da rocha, aumenta o nível de
fragmentação (Figura 6 e Figura 7).
Atacamento
Plug
Explosivo
Existem vários tipos de plug’s disponíveis no mercado, que tanto podem ser insufláveis, como
semi-rigidos (Figura 6). A grande maioria destes dispositivos estão focados na diminuição do
consumo de explosivo, por aplicação da técnica de air-deck, e não na melhoria da qualidade do
tamponamento. Estes plug’s, ao servirem de suporte ao atacamento, permitindo uma redução
do consumo de explosivo, mas não uma melhoria da fragmentação obtida. Uma vez que não
apresentam resistência às condições existentes na fase inicial da detonação, são destruídos em
milésimos de segundo na primeira onda de pressão.
Existem outros tipos de plug’s semi-rígidos (usualmente feitos de plástico), mas que não
conseguem garantir a melhoria de tamponamento assegurado pelos plug’s Varistem,
funcionando apenas para servir de suporte ao material de atacamento.
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2.3. Impactes Ambientais de Desmontes com explosivos
Nos últimos anos os problemas ambientais têm vindo a tomar uma posição de maior
preocupação por parte da opinião pública, daí que tenham sido implementadas pelos órgãos
políticos legislação de conservação da Natureza.
Entende-se por impacte ambiental “como o conjunto das alterações favoráveis e desfavoráveis
produzidas em parâmetros ambientais e sociais, num determinado período de tempo e numa
determinada área, resultantes da realização de um projecto, comparadas com a situação que
ocorreria, nesse período de tempo e nessa área, se o projecto não viesse a ter lugar” (Decreto
de lei nº69/2000, de 3 de Maio).
Com efeito, qualquer excesso de energia empregue na fase de escavação, é prejudicial, uma
vez que tem como consequências: (Bernardo, 2004):
Sendo que as principais medidas a tomar de modo a minimizar este impacte são:
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4. Detonar quando as condições de vento sejam favoráveis (nomeadamente quando a sua
direcção seja contrária ao local das estruturas a proteger);
Consoante a intensidade da onda aérea, são vários os efeitos esperados (Tabela 7).
2.3.2. Poeiras
No instante após uma detonação gera-se uma grande quantidade de poeiras mas, dado que esta
situação ocorre normalmente uma vez por turno de trabalhos, faz com que as detonações não
sejam uma fonte significativa de poeiras, quando comparadas com as restantes operações
associadas à exploração. Sendo as actividades de carácter contínuo tal como carga, transporte
e britagem, mais relevantes na emissão de poeiras. A afectação das comunidades envolventes
à exploração está dependente da sua proximidade às detonações e a localização face aos ventos
dominantes.
Deste modo as medidas a tomar para a diminuição de emissão de poeiras em detonações, são:
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2.3.3. Projecção de Blocos
Foi proposto por Lundborg (1981) uma expressão baseada em estudos experimentais, para o
cálculo do alcance máximo dos fragmentos projectados ( 𝐿𝑚á𝑥 [𝑚]), (2.3).
𝑞- Carga específica;
Dado não ser possível eliminar por completo as possibilidades de projecções, as medidas de
minimização devem ser sobretudo de carácter preventivas. Assim devem ser evitadas as
situações referidas anteriormente como principais causas de projecção de blocos.
2.3.4. Vibrações
Entende-se por vibração como um movimento oscilatório de um material, sólido ou fluido, que foi
afastado da sua posição de equilíbrio. No âmbito deste estudo, a vibração é tida como uma
resposta elástica do terreno, constituído por solos e/ou rochas, à passagem de uma onda de
tensão, com origem directa ou indirecta numa solicitação dinâmica. (Bernardo, 2004)
Do ponto de vista da geração, após a libertação súbita de qualquer forma de energia no terreno,
desencadeia-se a propagação radial de ondas volumétricas e superficiais, que perturba pessoas
e atinge estruturas próximas, com amplitudes de vibração que dependem de vários factores
(Dinis da Gama, 2003):
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Propriedades transmissoras e dissipadoras dos terrenos envolvidos;
Resistência dinâmica das estruturas e dos seus componentes mais frágeis.
Embora as vibrações possam ter outra origem, que não devida à utilização de substâncias
explosivas para a escavação de maciços rochosos, tais como o uso de certos equipamentos de
desmonte mecânico, Holmberg (1982) estima que os fenómenos de rotura de uma rocha
resistente, por acção dinâmica, requerem velocidades vibratórias da ordem de 700 a 1.000 mm/s
(Hustrulid, 1982), enquanto que as vibrações provocadas pelos equipamentos quaisquer que
sejam são geralmente menos relevantes. Contudo, é importante referir que as gamas de
velocidades vibratórias devidas ao trânsito rodoviário têm, por vezes, a mesma ordem de
grandeza das que resultam das obras de escavação, para distâncias não superiores à centena
de metros, de acordo com alguns estudos realizados pelo Centro de Geotecnia do IST (Bernardo,
2004).
Sabe-se que, só uma reduzida parcela da energia transmitida aos terrenos é convertida em
energia útil à fragmentação. Dinis da Gama (1998) estima que apenas cerca de 5 a 15 % da
energia libertada pelas detonações de substâncias explosivas em rocha, sejam efectivamente
usados na finalidade do seu emprego, a fragmentação da rocha. Porém, esta parcela, ao ser
transmitida a grandes distâncias, pode afectar estruturas (Bernardo, 2004).
De acordo com Sarsby (2000), são vários os factores que contribuem para a diminuição das
vibrações com a distância:
No entanto, a atenuação das ondas com a distância nem sempre se verifica. Por exemplo, em
meios estratificados e se a sua geometria o favorecer, as ondas podem concentrar-se ou
sobrepor-se a outras reflectidas, chegando a medir-se valores maiores da vibração em pontos
mais afastados (Azevedo & Patrício, 2003).
Os efeitos das vibrações nas estruturas estão também dependentes do tipo da estrutura e da
geologia na qual se propagam as vibrações, como se pode ver na Figura 9, através de respostas
dinâmicas diferenciadas, nas estruturas esboçadas
19
Figura 9- Efeitos das vibrações nas estruturas segundo a distância, a geologia e o tipo da
estrutura (Bernardo, 2004)
20
2.4. Influência da Fragmentação nas Operações Unitárias Subsequentes ao Desmonte
Uma exploração mineira a céu aberto consiste no conjunto de várias operações, que assim
constituem um ciclo (Figura 10).
Figura 10 – Diagrama das operações unitárias de uma exploração mineira. (Adaptado de Hustrulid, 1999)
A economia global é uma regra importante, na medida em que qualquer tentativa exagerada de
minimização de custos numa dada operação (por exemplo o desmonte) se irá reflectir
negativamente nas operações subsequentes. Deste modo, o esforço tendente à redução do
custo de escavação deve ser feito considerando todas as operações (custo total) e não apenas
uma operação (Bernardo, 2004).
21
2.4.1. Desmonte
Numa operação de furação e desmonte de rocha com explosivos o custo da operação está
directamente relacionado com o grau de fragmentação que se pretende obter, à medida que o
grau de fragmentação aumenta o custo unitário também aumenta (Figura 11).
Figura 11 – Relação entre o custo unitário com perfuração e desmonte com explosivoso com o grau de
fragmentação. (adaptado de Dinis da Gama, 1993)
Por norma, um desmonte com um baixo grau de fragmentação torna necessário recorrer à
fragmentação secundária, também designada por taqueio. Esta operação consiste em
fragmentar blocos resultantes de uma pega de fogo, com dimensões superiores à capacidade
do equipamento de carga ou do equipamento de britagem a que se destinam. (Bernardo, 2004)
22
2.4.2. Carga
A operação de carga dos fragmentos rochosos resultantes do desmonte de rocha com explosivos
é, em termos de eficiência, dependente da qualidade do desmonte obtido, nomeadamente o grau
de fragmentação e deslocamento da massa rochosa fragmentada.
Uma fragmentação de material demasiado grosseira, pode reduzir o factor de enchimento da pá,
fazendo com que seja carregado uma menor quantidade de material por ciclo. Esta diminuição
do factor de enchimento, implica que no processo de carga do equipamento de transporte, serão
necessários um maior número de ciclos atingir a capacidade de carga total do equipamento.
Nas principais explorações em portugal esta operação é executada geralmente recorrendo a uma
pá carregadora de rodas.
Qualidade do Factor de
desmonte enchimento
Bom 80 – 95%
Médio 75 – 90%
Mau 60 – 75%
Ainda que, sendo óbvio que um maior grau de fragmentação aumenta a produtividade do
equipamento na operação de carga, esta depende também de factores como a forma e
deslocamento da pilha de escombros, da experiência do operador, penetração do balde, força
de arranque, tipo de balde, etc.
Determinando os custos por hora do equipamento, resultará num custo por tonelada inferior,
permitindo a realização de maior número de ciclos por hora de trabalho.
23
2.4.3 Transporte
2.5.4 Britagem
Grande parte da energia eléctrica consumida numa exploração mineira a céu aberto, é gasta na
operação de britagem, sendo significativo o efeito do grau de fragmentação obtido no desmonte
de rocha, na eficiência e custos desta operação (Eloranta, 1995; Paley & Kojovic, 2001).
Outro efeito associado à utilização de explosivos, tem por base a produção de fracturas internas
nos fragmentos de rocha, o que faz com que o material seja mais facilmente fragmentado na
operação de britagem.
3. Um aumento da quantidade de material mais fino, passará directamente pelo britador sem ser
britado, diminuindo a quantidade de material britado por hora.
Como se encontra ilustrado na Figura 12, a minimização de custos unitários nos desmontes com
explosivos consegue-se pela adequada combinação de todas as operações, a partir de um grau
de fragmentação óptimo (Dinis da Gama, 1993).
24
Em cada caso concreto, haverá que determinar por pontos, as curvas correspondentes à
evolução de custos das diferentes operações relacionadas na Figura 12, processo que é difícil
conseguir na prática. A experiência anterior e a realização de desmontes pode suprir em parte a
falta de informação relativa à forma dessas curvas, permitindo prever o seu anulamento,
reconhecer as suas tendências e fazer avaliações qualitativas do grau de fragmentação (Dinis
da Gama, 1993).
Uma vez determinado este ponto óptimo, relativamente ao custo, ele também será compatível
com a minimização dos impactes ambientais, associados ao uso de substâncias explosivas
(Figura 12), traduzindo-se, por isso, numa importante meta a atingir por parte dos responsáveis
pelas obras de escavação.
A partir do conhecimento do grau de fragmentação óptimo (ou tamanho máximo dos blocos),
correspondente ao custo total mínimo, deve-se planear o diagrama de fogo de modo que este se
aproxime o mais possível do critério de optimização do desmonte, ou seja à minimização dos
custos totais (Figura 12) (Pizarro, 2005).
Dado a interligação existente entre as várias operações unitárias, é importante que quando se
procura a minimização de custos, é aconselhável olhar sempre para a economia global, e não
para uma operação independente. Por exemplo, uma minimização de custos exagerada numa
dada operação irá se reflectir negativamente em operações subsequentes.
Ao contrário do que ocorre na maioria das indústrias, em que as soluções mais económicas são
acompanhadas por maiores impactes ambientais, a minimização de custos nas escavações de
rocha é compatível com a minimização dos seus impactes ambientais. De facto verifica-se que
existe uma correlação entre a magnitude dos impactes ambientais e os custos das operações de
desmonte de rocha com explosivos e que, através da fragmentação, são simultaneamente
minimizados incentivando a aplicação de tecnologia adequada à solução dos dois problemas
(Bernardo, 2004).
Figura 12 – Minimização de custos nas várias operações unitárias em função da dimensão dos
fragmentos e consequentes impactes ambientais (Dinis da Gama & Jimeno, 1993).
25
2.5. Análise de fragmentação através de imagens
Usualmente, a fragmentação obtida num desmonte de rocha é avaliada de uma forma qualitativa,
sendo normalmente classificada como boa, grosseira ou fina. Este tipo de avaliação depende da
experiência e do critério da pessoa responsável pelo desmonte, ou seja é um método de
avaliação empírico e difícil de quantificar e cujos critérios são subjectivos.
Daí que a utilização de softwares de análise de fragmentação através de imagens, surge como
o único método de avaliação quantitativa de um modo fiável e economicamente viável num
ambiente de produção.
Principais vantagens:
As principais desvantagens estão relacionadas com erros possíveis de ocorrer, que podem ser
divididos nas seguintes categorias:
Apesar de todas as vantagens referidas considera-se que os erros podem ser minimizados
através da selecção de um método de amostragem adequado e uma correcta calibração do
software.
26
2.5.1. Split-Desktop
No processo de angariação de fotografias deve ser tido em atenção o ângulo entre pilha de
material desmontado com o eixo da câmara, uma vez que numa situação ideal devia ser
assegurada uma perpendicularidade entre a pilha e o eixo da câmara, de modo a garantir uma
proporcionalidade dos elementos a fotografar.
Ao contrário do que foi feito neste trabalho, recomenda-se que os elementos de escala utilizados
tenham uma forma esférica de modo a facilitar o processo de definição de dimensão do objecto
de escala.
2.5.3. Delineação
Como este passo acarreta sempre alguma imprecisão, seja devido a falta de luz, elevada
quantidade de finos na imagem ou por a resolução da imagem ser baixa, este passo tem que ser
complementado com uma delineação manual.
27
Figura 13 – Imagem antes e depois da delineação.
Com os fragmentos já todos delimitados obtém-se a distribuição granulométrica, com base nas
características dos fragmentos (área, dimensão, etc.). Em relação ao material fino, o programa
a partir de um certo calibre deixa de detectar partículas (finos), daí que esta parte da curva
granulométrica tenha que ser estimada. Aqui temos duas opções de estimação possíveis, a
distribuição de Schumann ou a distribuição de Rosin‐Rammler. Na Figura 16, a parte da curva
que se encontra representada com um vermelho mais claro corresponde à parte que foi
estimada. Neste trabalho utilizou-se a distribuição Rosin-Rammler.
28
Com a curva granulométrica calculada, Split‐desktop consegue mostrar esta informação de
quatro maneiras diferentes: Linear – linear, logarítmica – linear, logarítmica – logarítmica e
Rosin – Rammler.
29
30
3. Caso de Estudo
No mesmo local, anexa à instalação, existe a pedreira de calcário da Serra do Alhastro, que
fornece esta matéria-prima essencial ao fabrico do cimento. O centro de produção cobre uma
área total de 240 hectares dos quais 124,3 hectares correspondem à área ocupada pela pedreira.
Este estudo apenas diz respeito à exploração da pedreira e incide essencialmente sobre o
desmonte de rocha com explosivos e as operações unitárias subsequentes.
31
3.1. Metodologia
Neste trabalho pretende-se comparar dois métodos distintos no desmonte de rocha com
explosivos avaliando-se a intensidade dos impactes ambientais, os resultados obtidos na
fragmentação, e a sua influência na eficiência das operações subsequentes. Na Figura 19,
encontra-se representado o esquema da metodologia utilizada neste trabalho.
Acompanhamento dos
desmontes
Avaliação da Fragmentação
Os dois métodos distintos em análise são: o método usualmente utilizado no centro de produção
de Souselas, denominado neste trabalho de Método CPS e o método em teste (aplicação de air-
deck com plug).
Neste caso onde se pretende confrontar dois métodos distintos, optou-se por manter o número
máximo de variáveis em situação semelhante ao método convencional, de modo a permitir uma
avaliação final apenas do parâmetro que se está a alterar, ou seja, mantêm-se os parâmetros do
diagrama de fogo, à excepção do atacamento.
32
maciço, nomeadamente, das suas características geomecânicas. Na bancada N60, foram
realizados dois desmontes, um segundo o método em teste e outro pelo método CPS, enquanto
na bancada S40 foram realizados dois desmontes segundo o método CPS e um pelo método em
teste (Figura 20).
O posto de monitorização consiste no local onde foi colocado o sismógrafo, permitindo obter os
valores relativos a alguns dos impactes ambientais, nomeadamente vibrações e onda aérea.
33
Tabela 9 – Parâmetros geométricos do diagrama de fogo
Riogel Troner
60 500 1,20 3,5 1,67 4500 891 1,55
Por
Amonóleo 0,80 3,9 25 4000 978 0,69
Os detonadores utilizados são do tipo não eléctricos de duplo retardo (Rionel DDX), estes
detonadores apresentam um retardo do detonador de 500 ms, sendo o retardo do ligador de
25 ms, é também utilizado um detonador eléctrico (Riodet) ligado ao tubo de choque para dar
início à pega de fogo.
O método em teste consiste na aplicação conjunta de duas técnicas referidas anteriormente, air-
deck em conjunto com um dipositivo de melhoria de tamponamento (plug).
Como referido anteriormente, e de acordo com Cleeton (1993) podem ser utilizados air-deck com
volumes ar entre 25% a 30% sem uma deterioração considerável de fragmentação (Figura 5).
34
Estes estudos foram realizados com a utilização de plug’s insufláveis, que são colocados no furo
de modo semelhante ao plug vari-stem.
O fabricante afirma também que a utilização desta combinação, permite a utilização de uma
altura de tamponamento mais reduzida, ao mesmo tempo que se reduz a altura da coluna de
explosivo, reduzindo substancialmente o material que necessita de fragmentação secundária dos
usuais 10% para 2% ao mesmo tempo que as projecções de rocha e a ejecção do tamponamento
são mais controladas.
Atacamento
Plug
Air-deck
35
3.2. Desmonte realizado na bancada N60
19-11-2014 21-11-2014
Como referido anteriormente os diagramas de fogo utilizados no CPS têm, sempre que possível,
os mesmos parâmetros geométricos, independente da bancada onde se realizam os desmontes,
apenas se adaptando o comprimento do furo consoante a altura da bancada. Neste primeiro
teste alterou-se apenas a altura de atacamento (Tabela 11).
No desmonte em que foi aplicado o método em teste, foi utilizado um volume de vazio (air-deck)
correspondente a 20% do volume total do furo, a altura de atacamento foi também reduzida dos
habituais 3,5 m para 2,5 m. Na operação de furação foi detectada a possibilidade de um furo ter
intersectado uma zona fracturada ou uma caverna, o que levou a que esses furos fossem
carregados com uma maior quantidade de explosivo.
36
Por comparação com o desmonte realizado de acordo com o método CPS, onde a totalidade do
volume do furo se encontra preenchido com explosivo e o material de atacamento, no desmonte
executado pelo método em teste foram utilizados aproximadamente menos 15 %, em peso, de
explosivo relativamente à situação normal do CPS.
Comparando a carga máxima de explosivo por retardo, constata-se uma diferença de 16,67 %,
em peso, de explosivo entre os dois desmontes em causa (Tabela 121).
Em relação aos consumos específicos observa-se uma redução de consumos específicos entre
os dois métodos utilizados, comprovando as melhorias possíveis por adopção do método em
teste, uma vez que utiliza uma menor quantidade de explosivos por quantidade de material
desmontado (Tabela 131).
Método em teste
21-11-2014
Amonóleo + 3,03 %
Riogel Troner Por CC70 - 50 %
Riogel Troner Por60 0%
21-11-2014 - 11 % - 14,3 %
Através do Split-desktop, foi possível obter uma curva de distribuição granulométrica onde se
comparam os resultados obtidos nos 2 desmontes (Figura 23). Quando comparadas as duas
curvas granulométricas obtidas, confirma-se uma melhoria de fragmentação nas classes de
calibre entre os 10 e os 60 cm, no ensaio onde é utilizado o método em teste (21-11-14). Para
partículas mais finas, com calibre inferior aos 10 cm, constata-se uma inversão das 2 curvas
granulométricas, passando o ensaio realizado segundo o método convencional a ter uma melhor
1
Consultar Anexo Confidencial.
37
fragmentação do que o método em teste. Apesar deste resultado em que o método em teste não
apresenta uma melhoria contínua de fragmentação ao longo de todos as classes, não quer dizer
que este não seja vantajoso, uma vez que as classes que têm maior relevância melhorar são as
de maior calibre uma vez que são nestas que se acarreta maiores custos (transporte,
fragmentação secundária, britagem etc.).
Segundo Moxon (1993) a dimensão média dos fragmentos (DMF) é estimada segundo a
equação (3.1). Em que a massa representa a quantidade de fragmentos em percentagem retidos
para uma dada abertura do crivo.
100%
90%
80%
70%
% em peso
60%
50%
40%
30%
20% 21-nov
10% 19-nov
0%
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Dimensão média dos fragmentos (cm)
Figura 23 – Curva Granulométrica
Através das curvas representadas previamente (Figura 23), é possível obter os valores
apresentados na Tabela 14 em que ϕ70 e ϕ90 correspondem ao diâmetro em que 70 e 90% das
partículas em peso têm dimensão inferior a esse diâmetro. No que concerne à dimensão média
dos fragmentos (DMF), constata-se por análise da Tabela 14 uma diferença de dimensão de
aproximadamente 3 cm que consiste numa redução do calibre médio em aproximadamente
14,45 %. Em relação ao valor de ϕ90 observa-se uma redução de calibre de 6,77% enquanto no
ϕ70 já se obtém uma diminuição de dimensão das partículas mais significativa (23,40%).
38
Tabela 14 – Resultados
Método em
21-11-2014 20,28 49,7 29,5
teste
Um material mais uniforme leva menores custos nas operações subsequentes, dada a maior
facilidade com que o material é carregado e britado.
𝜙60
𝐶𝑢 = (3.2)
𝜙10
19-11-2014 21-11-2014
Cu 9,17 5,56
39
3.2.2. Avaliação dos impactes ambientais
No que diz respeito aos impactes ambientais, verificados neste conjunto de testes, deu-se
particular importância aos mais relevantes, nomeadamente:
Tabela 16 – Variação dos valores obtidos pelo método em teste quando comparado com o método CPS.
Método em
- 2,5 % - 20,3 %
teste
Com vista a avaliar a ocorrência de projecção de blocos, foram realizadas filmagens dos
desmontes (Figura 24 e Figura 25). Em ambos os desmontes ocorreram projecções de dimensão
considerável.
Estas ocorrências podem ter tido origem num possível desvio de furação, mais concretamente
de o furo ter sido executado com uma inclinação, com a vertical, superior à inclinação do talude
ou a realização de um furo com uma inclinação diferente da frente da bancada, que leva a que
não seja garantido um afastamento à face livre constante ao longo de todo o furo. A existência
de um menor afastamento no fundo do furo, pode levar à ocorrência de projecções, uma vez que
para um furo que seja carregado considerando um afastamento constante, e essa condição não
seja satisfeita, leva à existência dessa zona de maior fraqueza (menor volume de rocha) que
esteja mais vulnerável a este tipo de fenómenos.
Como base nos vídeos que foram realizados durante os desmontes, é possível confirmar (Figura
24 e Figura 25), que o início das projecções se deu através do fundo do furo, o que vem confirmar
a possibilidade referida anteriormente. Quando comparados as imagens dos dois desmontes,
verifica-se que quando utilizado o método em teste não se verificam projecções através do topo
do furo como as que são visíveis no dia 19 - 11 (assinaladas na Figura 24), situação que se deve
à utilização de um método de tamponamento mais resistente em combinado com a coluna de ar.
2
Consultar Anexo Confidencial.
40
Figura 24 - Sequência de imagens do desmonte realizado no dia 19-11 (Método CPS).
41
1 6m 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
5m
42
3.3. Desmonte realizado na bancada S40
25-11-2014
17-11-2014
24-11-2014
Como referido anteriormente optou-se para alterar o mínimo de variáveis possíveis entre os
vários desmontes, daí que se tenha alterado apenas a altura de tamponamento (Tabela 17). Em
comparação com a bancada N60, esta bancada apresenta menor altura, mas apresenta uma
altura constante ao longo de toda a bancada, o que não aconteceu no caso da N60. Em relação
ao consumo de explosivo, o desmonte realizado quando aplicando o método em teste apresenta
uma redução de carga máxima por retardo de 12,41 % a 21,53 %, quando comparado com uma
situação semelhante na mesma bancada (Tabela 183).
3
Consultar Anexo Confidencial.
43
Tabela 18 - Variação da quantidade de explosivo utilizado segundo o método em teste quando
comparado com o método CPS.
Método em teste
25-11-2014
Amonóleo - 40%
Consumos
Dia específicos
Kg/m3 Kg/t
4
Consultar Anexo Confidencial.
44
100%
90%
80%
70%
% em peso
60%
50%
40%
30% 25-nov
20% 24-nov
10% 17-nov
0%
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Dimensão média dos fragmentos (cm)
Em relação à dimensão média dos fragmentos (DMF), constata-se por análise da Tabela 20 uma
diferença de dimensão de aproximadamente 4 cm, que consiste numa redução do calibre médio
bastante significativa na ordem dos 17,81 %. Em relação ao valor de ϕ90 observa-se uma redução
de calibre de 17,14% enquanto no ϕ70 obtém-se uma diminuição de dimensão das partículas de
19,03%. Em termos de melhoria de fragmentação considera-se os resultados obtidos bastante
satisfatórios.
Por análise da Tabela 21, constate-se que não ocorre nenhuma variação significativa do
coeficiente de uniformidade do material desmontando nos três desmontes analisados.
45
3.3.2. Avaliação dos impactes ambientais
Em termos de valores obtidos de onda aérea constata-se uma diminuição de 3,3 % num
desmonte, e de 4,2 % em outro, quando comparados com o método em teste (Tabela 225).
Tabela 22 – Variação dos Valores de vibrações e onda aérea entre o método CPS e o método em teste.
Método em
-3,3 e -4,2 % -29 e -32 %
teste
No desmonte realizado no dia 24 de Novembro (Figura 30), em que se utilizou o método CPS,
foram detectadas projecções pelo topo do furo, nomeadamente no último furo da fiada
(identificado na Figura 30). Nos restantes desmontes executados na bancada S40 não ocorreram
qualquer tipo de projecções.
5
Consultar Anexo Confidencial.
46
24-11-2014
17-11-2014
25-11-2014
Com base nos custos unitários dos elementos necessários ao desmonte de rocha com
explosivos, foi possível obter o custo total por desmonte (Tabela 236).
Quantidade de rocha
desmontada (t)
Método CPS 19-11-2014 20.700,00
N60
Método em teste 21-11-2014 18.900,00
17-11-2014 7.650,00
Método CPS
S40 24-11-2014 7.650,00
Método em teste 25-11-2014 7.650,00
Com base nos consumos específicos obtidos (Tabela 246), é possível constatar que quando
aplicado o método em teste, com consumos específicos menores é possível obter uma melhoria
na qualidade de fragmentação (Figura 326), contrariando assim a tendência generalizada que,
para a obtenção de uma melhoria na fragmentação é necessário uma maior quantidade de
explosivo.
6
Consultar Anexo Confidencial.
47
Tabela 24 – Consumos específicos e custos por tonelada.
Método CPS
Método em teste
Considerando os custos por tonelada obtidos por desmonte (Tabela 247), existe uma ligeira
diferença entre os dois métodos.
Por observação da Figura 337, onde se relaciona o custo por tonelada com a fragmentação média
obtida, constata-se uma melhoria de fragmentação sem um aumento do custo de desmonte.
7
Consultar Anexo Confidencial.
48
Antes pelo contrário, para uma diminuição do grau de fragmentação obtém-se um ligeiro aumento
do custo por tonelada.
Este factor é calculado através do quociente entre a velocidade de vibração obtida no ponto de
monitorização considerado (Vd) e o correspondente máximo admissível oferecido pelo critério de
dano (Va), segundo a NP 2074 ou outro qualquer critério (Paneiro, 2013).
𝑉𝑑
𝐹𝑉 = (3.3)
𝑉𝑎
Desta forma, quando Fv > 1, o evento monitorizado será potencialmente impactante, enquanto
que quando Fv < 1, apresentará um impacte ambiental negativo não significativo. Quando Fv = 1,
poder-se-á dizer que o evento se encontra no limiar de dano (ou incomodidade) para o ponto de
monitorização em apreço (Paneiro, 2013).
O desenvolvimento deste factor permitirá avaliar o nível de afectação destes impactes quando
comparados com os valores legalmente admissíveis, possibilitará também uma análise
multicritério entre os vários impactes, auxiliando na tomada de decisões a nível de qualidade
ambiental (Paneiro e Dinis da Gama, 2004).
Desta forma no que diz respeito às vibrações, utilizando a Norma Portuguesa 2074 para os tipos
de terrenos onde se dá a sua propagação (factor α), para as três classes de construções em que
dividiram as estruturas afectadas pelas vibrações (factor β) e para a aplicação de uma fonte
49
vibratória permanente ou quase (factor γ), é possível estimar as ordens de grandeza das
velocidades admissíveis (Tabela 25) (Dinis da Gama e Paneiro, 2004).
Sendo também de referir que NP2074, foi actualizada em 2015, mas essa nova versão não foi
considerada para este trabalho dado os ensaios executados terem decorrido no ano de 2014.
Construções que
exigem cuidados 2,5 5 10
especiais
Construções
5 10 20
correntes
Construções
15 30 60
reforçadas
Nota: Estes valores serão reduzidos de 30% (factor de redução 0,7) no caso de se efectuarem mais de três
explosões (ou pegas) por dia ou da aplicação de uma fonte vibratória permanente ou quase (valor da constante γ)
Neste trabalho foi também calculado um Factor de Ponderação para a Onda Aérea. Sendo que
o Va considerado corresponde ao que está presente decreto de lei nº 182/2006, que estipula a
intensidade máxima de pico de ruído para condições de trabalho.
O ruído gerado pelas detonações (onda aérea) pode provocar danos graves no ouvido humano,
mas também danos em estruturas, tais como quebrar vidro de janelas, para valores acima de
140 dB(L).
Sendo que para as vibrações o limite legal considerado para este trabalho foi de 10 mm/s,
considerando um terreno de solos coerentes e um tipo de construção corrente. Em relação à
onda aérea considerou-se o valor de 140 dB.
50
Com base nos valores obtidos em campo para a intensidade de onda aérea e velocidade de
vibrações, foram calculados os respectivos factores de ponderação, utilizando a equação (3.3)
(Tabela 268).
Figura 34 – Relação entre o Factor de Ponderação Ambiental e a dimensão média dos fragmentos.
8
Consultar Anexo Confidencial.
51
52
4. Avaliação da Influência da fragmentação nas operações carga,
transporte e fragmentação primária
Para a operação de carga e transporte são utilizados no CPS dois tipos de equipamento, pá
carregadora para a operação de carga e dumper’s para o transporte.
53
Tabela 27 – Especificações do Equipamento (Cat Performance Handbook)
54
4.1.1. Cálculo do custo hora de trabalho
Custos operacionais:
Combustível,
Pneus;
Custo de manutenção óleos, filtros etc.
Reparações.
55
Para saber o valor a amortizar por hora de trabalho, divide-se o total do valor a amortizar pelas
horas de trabalho totais do equipamento durante a sua vida útil.
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎𝑟
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜 = (4.2)
𝑉ú𝑡𝑖𝑙 × 𝐻𝑎𝑛𝑜
Além do custo de amortização do equipamento, deve ser tido também em conta os custos
relacionados com juros, uma vez que as empresas para comprar este tipo de equipamentos
recorrem normalmente a financiamento.
O custo hora de propriedade dos equipamentos corresponde à soma dos custos anteriormente
apresentados.
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎
= 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑜 (4.5)
𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑟𝑖𝑒𝑑𝑎𝑑𝑒
O custo hora dos pneus depende do número de horas de vida de um pneu, sendo que esta
depende do tipo de trabalho a realizar pelo equipamento. Para obter o tempo de vida de um pneu
recorre-se aos gráficos seguintes
Figura 38 e
Figura 39).
56
Tempo de vida (horas)
Tempo de vida (horas)
Figura 38 – Tempo de vida dos pneus para Figura 39 - Tempo de vida dos pneus para
um Dumper (Ashley, 2015). uma Pá Carregadora (Ashley, 2015).
A zona de aplicação C, corresponde a um tipo de utilização em que os pneus se danificam com
danos não reparáveis, devido a cortes em rocha, impactos ou sobrecarga contínua. A zona de
aplicação B corresponde a uma utilização em que alguns dos pneus se desgastam devido à
utilização e outos devido aos aspectos referidos na zona C. No que toca à Zona A, corresponde
a uma utilização em que os pneus se desgastam normalmente devido à utilização.
O custo com consumíveis (lubrificantes, massas e filtros), pode ser calculado de várias maneiras.
Uma maneira simples para os estimar, consiste em calcular como uma percentagem do custo
com combustível hora (Tabela 30).
Custo em função
Equipamento
do combustível
Pá carregadora 15-20%
Dumper 10-15%
Os custos de reparação dos equipamentos, é um aspecto que deve ser desenvolvido com o
fornecedor, uma vez que é afectado significativamente pelas condições de trabalho e o tipo de
aplicação a dar ao equipamento.
Uma maneira expedita para calcular os custos de reparação, consiste em arranjar um factor de
reparação dos equipamentos consoante as condições de trabalho. O factor de reparação para
uma pá carregadora a operar em condições médias de trabalho será de 60%, enquanto para um
dumper será de 90%. (IGME, 1995)
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎
= 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖. + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑝𝑛𝑒𝑢𝑠 + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚. + 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑟𝑒𝑝. (4.7)
𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜
57
4.1.1.1. Custo hora da pá carregadora
O preço de aquisição dos equipamentos foi cedido por um profissional da área, como um valor
indicativo, podendo diferir dos valores reais praticados pela marca
58
4.1.1.2. Custo hora Dumper
O custo hora de trabalho de um dumper, calculado pelo método apresentado anteriormente, está
apresentado na Tabela 32.
59
4.1.2. Influência da fragmentação nos ciclos dos equipamentos
No CPS a operação de carga é executada recorrendo a uma pá carregadora, por norma não
existe mais do que um equipamento de carga por frente. Por uma questão de simplificação
considerou-se que a partir do momento em que se inicia a operação de carga e transporte de
uma frente, esta operação só termina quando tiver sido movimentado todo o material
desmontado.
Pá Carregadora 8,6 m3
Dumper 32,6 m3
Os tempos de ciclo considerados para a operação de carga (Tabela 34), resultam de medições
feitas em campo no processo de carga de cada uma das frentes desmontadas.
Com base nos tempos de ciclo, calculou-se o número de ciclos que a pá carregadora pode fazer
por hora. Atendendo ao facto, de nem um trabalhador, nem o equipamento trabalharem com uma
eficiência de 100%, considerou-se que o operador trabalha em média 50 min por cada hora de
trabalho, obtendo-se uma eficiência de trabalho de 83% (Tabela 34).
60
Tabela 34 – Número de ciclos por hora da pá carregadora.
17-11-2014 0,80 75 63
25-11-2014 0,67 90 75
Como referido anteriormente o factor de enchimento de uma pá depende de vários factores tais
como da dimensão média dos fragmentos, experiência do operador, eficiência do desmonte, e
das características da rocha e do equipamento. Sendo que a distribuição granulométrica do
material desmontado tem uma influência significativa no factor de enchimento da pá.
Onsaloo e Hekmat desenvolveram, em 2004, uma equação que permite calcular o factor de
enchimento de uma pá em função da distribuição granulométrica do material fragmentado
(equação (4.8). Onde ϕ80 (cm) representa o calibre ao qual 80% do material em peso tem
dimensão inferior a esse calibre. O factor de enchimento obtido permite calcular o volume real
carregado pela pá (Tabela 35).
Com base nas características do dumper apresentadas anteriormente (Tabela 28), e no volume
real carregado por ciclo da pá (Tabela 35), obtém-se o número de ciclos necessários para que a
pá carregadora carregue um dumper, o tempo total que leva esta operação, e o número de
dumper’s carregados por hora por uma pá carregadora (Tabela 36).
61
Tabela 36 – Número de dumper’s carregados por hora.
19-11-2014 5 4,1 13
N60
21-11-2014 5 3,9 15
17-11-2014 5 3,9 14
25-11-2014 4 3,7 17
O custo da operação de carga por tonelada é calculado recorrendo ao quociente entre o custo
hora de operação do equipamento pela quantidade de material movimentado por hora (Tabela
38). O facto de se obter um custo por tonelada permite comparar mais facilmente as várias
operações unitárias entre si em termos de custos.
Data do
Bancada Custo (€/t)
desmonte
19-11-2014 0,22
N60
21-11-2014 0,19
17-11-2014 0,21
25-11-2014 0,17
62
Comparando os valores obtidos para o custo da operação de carga em função do desmonte em
questão (Tabela 38), constata-se que os desmontes executados recorrendo ao método em teste
têm um custo por tonelada inferior aos restantes desmontes. Sendo que nos desmontes
realizados na bancada N60 a diferença foi de aproximadamente 13% e na S40 de 24%.
Quando representado o valor obtido para o custo por tonelada da operação de carga, em função
da dimensão média dos fragmentos, verifica-se a relação existente entre estas duas variáveis
que à medida que o grau de fragmentação diminui os custos por tonelada aumentam (Figura 41).
Esta situação deve-se essencialmente à melhoria da eficiência da operação de carga que permite
uma diminuição do custo por tonelada, quando aplicado o método teste.
63
Tabela 39 – Tempo de ciclo de um dumper.
Tempo de
Espera e Descarga e
Distância Data do Carga Viagem de Regresso Ciclo
Bancada manobra manobra
(m) desmonte (min) ida (min) (min) (min)
(min) (min)
19-11-2014 4,1 11,8
N60 971 1,6 3,5 1,1 1,45
21-11-2014 3,9 11,6
17-11-2014 3,9 9,7
S40 672 24-11-2014 1,6 4,1 2,1 1,1 0,97 9,8
25-11-2014 3,7 9,5
O tempo de ciclo total para a operação de transporte (Tabela 39), consiste na soma dos tempos
de espera, manobra, carga, viagem de ida, regresso e descarga. Obtendo-se o tempo de ciclo,
é possível calcular o número de ciclos que um dumper faz por hora, para uma eficiência de 100
e 83% (Tabela 40).
19-11-2014 11,8 5 4
N60
21-11-2014 11,6 5 4
17-11-2014 9,7 6 5
25-11-2014 9,5 6 5
Sabendo o número de dumper’s que uma pá carregadora consegue carregar por hora (Tabela
36) e o número de ciclos que um dumper faz por hora (Tabela 40), obtém-se o número de
dumper’s necessário a utilizar em função da bancada e do desmonte em questão (Tabela 41).
Data do Número de
Bancada
desmonte dumper’s a utilizar
19-11-2014 4
N60
21-11-2014 3
17-11-2014 3
S40 24-11-2014 3
25-11-2014 3
64
Com base no custo hora de operação de um dumper (Tabela 32), na quantidade de material
movimentado por hora (Tabela 37) e no número de dumpers a utilizar por frente (Tabela 41),
obtém-se o custo por tonelada em função da qualidade do desmonte e da bancada (Tabela 42).
Data do Custo
Bancada
desmonte (€/t)
19-11-2014 0,79
N60
21-11-2014 0,68
17-11-2014 0,55
25-11-2014 0,49
Uma maior eficiência da pá influencia também a operação de transporte, fazendo com que sejam
carregados um maior número de dumper’s por hora de trabalho, devido à redução dos tempos
de carga dos mesmos perfazendo numa redução de custo por tonelada. Desta forma é possível
fazer a mesma análise feita anteriormente para a operação de carga, neste caso para a operação
de transporte (Figura 42). Quando se comparam os valores de custo por tonelada no transporte,
verifica-se que o método em teste tem sempre um custo menor do que para os restantes
desmontes realizados na mesma bancada. Além de que, por análise da Figura 42, se verifica
que à medida que a dimensão média dos fragmentos aumento o custo por tonelada também
aumenta.
65
4.3. Fragmentação Primária
A energia necessária na cominuição pode ser estimada recorrendo à equação de Bond, que tem
em conta as propriedades dos materiais, as dimensões do material de alimentação e do produto
obtido.
Foi proposto por Bond em 1961 o uso de um índice conhecido como W i (Work Index) ou índice
de trabalho, que é definido como o trabalho necessário para reduzir a unidade de massa
(tonelada curta = 907 kg) de um material considerado, desde o seu tamanho inicial teoricamente
infinito, até um produto com um ϕ80 de 100 m.
1 1
𝑊 = 𝑊𝑖 − (4.9)
𝑃 𝐴
√ √
( 80 80 )
Embora o índice de trabalho (Work Index) esteja tabulado para muitos minérios e materiais, é
recomendável que se proceda a uma determinação laboratorial do mesmo para cada situação.
Neste trabalho foi considerando um índice de Bond para o calcário de 12,74 kWh/t. (Wills, 2006)
66
considerados outros custos associados tais como, custos de amortização, manutenção,
operador, etc.
O valor de W (corrigido) consiste na energia real consumida por unidade de massa para
fragmentar o material, após a correcção da eficiência aparente explicada anteriormente.
Com base nos valores obtidos na Tabela 43 constata-se que as diferenças entre os valores de
W obtidos para os vários desmontes não são muito significativos, apesar de existir uma ligeira
diferença. No que diz respeito ao custo por tonelada, existe uma diferença entre os dois métodos,
permitindo o método em teste uma poupança de aproximadamente 0,01€ por tonelada.
De modo a avaliar a evolução dos custos de fragmentação com o aumento da dimensão média
dos fragmentos, obteve-se a Figura 43, onde conforme o previsto à medida que a dimensão
média do material de alimentação aumenta, os custos de fragmentação por tonelada vão
aumentando ligeiramente.
67
4.4. Influência da fragmentação no custo total.
Embora seja de referir que uma redução ainda mais significativa da dimensão média dos
fragmentos, acarretará necessariamente um aumento do custo do desmonte, uma vez que levará
a uma necessidade de alteração de diagrama de fogo e quantidade de explosivo utilizado.
68
5. Resultados e Discussão
De acordo com os valores de onda aérea e de vibrações obtidos segundo os dois métodos
(Tabela 109), verificam-se reduções assinaláveis nos testes levados a cabo segundo o método
em teste:
No que diz respeito à onda aérea: a redução de quantidade de explosivo por furo, e a
alteração do método de tamponamento, levou a uma diminuição da intensidade deste
parâmetro. Quando comparado a média dos valores obtidos segundo o método CPS
com o do método em teste, constata-se uma diferença de 2,78 dB(L).
Em relação às vibrações: ao reduzir-se a carga máxima por retardo e a introdução de
uma coluna de ar (air-deck) no furo, leva a uma diminuição da intensidade das vibrações.
Neste caso verificou-se uma redução de aproximadamente 25,4%. Apesar de todos os
valores obtidos se encontrarem muito abaixo do limite legal, não deixam de ser
vantajosas as reduções assinaladas, que podem levar a uma menor incomodidade às
populações envolventes.
9
Consultar Anexo Confidencial.
69
Figura 45 – Desmonte bancada N60 método CPS. Figura 46 – Desmonte bancada N60 método em
teste.
De modo a avaliar a uma das possíveis causas associadas às projecções ocorridas nas
bancadas de maiores dimensões, seria interessante que se procedesse a uma avaliação de
qualidade dos furos executados através de sistemas laser profile e bore track. Estes dispositivos
permitem avaliar a ocorrência de desvios de furação, fenómeno que está associado à experiência
do operador, qualidade do equipamento de furação, ângulo de furação e a geologia do local.
Com a aplicação destes 2 sistemas o operador de furação consegue saber o desvio dos furos
realizados e garantir um afastamento constante ao longo de toda frente da bancada.
Através dos dados apresentados nos capítulos anteriores, e os que se encontram resumidos na
Tabela 44, é possível constatar uma melhoria de fragmentação quando aplicado o método em
teste. Esta melhoria é particularmente significativa na dimensão média dos fragmentos, que
diminui em 14,12 %, e no ϕ70 que apresenta uma redução de 19.32%. Em relação aos fragmentos
de maiores dimensões (ϕ90) constata-se uma redução de 10.82%, um estudo mais aprofundado,
poderia confirmar se esta diminuição do tamanho teria influência na quantidade de material que
necessita de fragmentação secundária (taqueio), este aspecto, a confirmar, poderia representar
uma redução significativa dos custos da pedreira, dado o elevado custo da operação referida.
A diminuição do tamanho médio dos fragmentos, neste caso mais significativa, pode representar
um aspecto relevante de redução de custos nomeadamente da operação de britagem devido a
uma melhor eficiência da mesma.
70
Tabela 44 – Análise de fragmentação
A avaliação económica dos dois métodos em estudo, desenvolvida com base nos custos
unitários apresentados anteriormente, permite uma comparação dos mesmos consoante os dois
métodos em estudo.
Das várias operações unitárias associadas à exploração de uma pedreira, apenas não foi
considerada a furação, uma vez que nos testes realizados em campo não se procedeu à
alteração do diagrama de fogo em termos de perfuração, e os custos com esta operação seriam
os mesmos para os dois métodos.
Com base nos valores de custos por tonelada apresentados anteriormente para cada uma das
operações unitárias, optou-se por fazer uma análise comparativa entre os dois métodos em
estudo para cada uma das operações e o respectivo custo total por tonelada.
Por análise da Figura 47, constata-se que as operações de carga e transporte são as que
apresentam uma diferença mais significativa em termos de custos, sendo de realçar que o
método em teste permite alcançar uma poupança assinalável. As operações de desmonte e
britagem são aquelas em que por aplicação dos dois métodos a diferença de custo por tonelada
não é tão assinalável. O resultado favorável obtido por aplicação do método em teste nas várias
operações, reflecte-se no custo total por tonelada, verificando-se uma redução de 0,15 €/t, que
representa uma redução de custo de aproximadamente 12%.
71
1,40
1,20
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
Desmonte Carga Transporte Britagem Total
Figura 47 - Custo das várias operações unitárias para os dois métodos em estudo.
Por análise dos custos por tonelada obtidos entre os dois métodos em estudo, verifica-se que no
desmonte realizado na bancada S40 a operação de carga e transporte são aquelas que têm
poupanças mais assinaláveis (Figura 48). No que diz respeito ao desmonte e à britagem,
nenhuma das duas apresenta uma variação de custos considerável, sendo que no desmonte
ambos os métodos apresentam o mesmo custo por tonelada e na operação de britagem, o
método em teste apresenta uma economia de 0,01 €/t.
Em relação ao custo total por tonelada, a diferença entre os dois métodos é de 0,18 €/t o que
corresponde a uma redução de custos de aproximadamente 16 %.
1,20
Custo por tonelada (€/t)
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
Desmonte Carga Transporte Britagem Total
Figura 48 – Custo das várias operações unitárias para os dois métodos em estudo.
72
5.4. Análise Geral
Tento em conta que o CPS no ano de 2014, desmontou com recurso a explosivos
aproximadamente 1.620.000,00 t de rocha. Sendo que qualquer redução de custos possível nas
várias operações estudadas (desmonte, carga, transporte e britagem), vai ter efeitos
significativos em termos financeiros globais da exploração.
Como apresentado anteriormente, nas duas bancadas em estudo observou-se uma redução de
custos entre 0,15 a 0,18 €/t. Se considerarmos um valor médio de redução de custo por tonelada
em aproximadamente 0,15 €/t, obtém-se uma poupança anual de aproximadamente
243.000,00 €. Obviamente que este valor pode ser considerado ambicioso, daí que deva ser
validado com um trabalho mais aprofundado, nomeadamente com uma maior amostra de
desmontes e obtenção dos custos reais das operações unitárias.
Conforme a Figura 12, em que, segundo Dinis da Gama, quanto maior a dimensão dos
fragmentos, maiores serão os custos relacionados com as operações de carga, transporte e
britagem mas levará a uma diminuição de custo por tonelada na operação de desmonte
Por análise da Figura 49 em que correlaciona os valores obtidos para o custo por tonelada das
várias operações em função da dimensão média dos fragmentos. Quando comparado o gráfico
obtido com o sugerido por Dinis da Gama (1993) (Figura 12), verifica-se um comportamento
semelhante para as várias operações, sendo que o autor considerou, para avaliar a
fragmentação a dimensão máxima dos fragmentos e, neste trabalho, utilizou-se a dimensão
média dos fragmentos, dado ser um valor mais abrangente da qualidade da fragmentação e mais
fácil de obter.
1,20
Desmonte
1,00
Carga
Custo por tonelada (€/t)
0,80 Transporte
0,60 Britagem
Total
0,40
0,20
0,00
14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00
DMF - Dimensão média dos fragmentos (cm)
Figura 49 – Relação entre o custo por tonelada das várias operações e o DMF.
73
No caso da operação de desmonte, em que o custo por tonelada tem uma tendência
descendente conforme a Figura 12, este decréscimo não é tão significativo, dado ter sido
utilizada nos desmontes um método que permitiu aumentar a fragmentação sem um aumento
significativo nos custos. Em relação à operação de britagem, esta também apresenta um ligeiro
aumento dos custos por tonelada para uma maior a dimensão média dos fragmentos.
No que concerne aos impactes ambientais presentes nos desmontes analisados, relacionando o
factor de ponderação ambiental e a dimensão média dos fragmentos (Figura 50). Quando
comparando com o gráfico desenvolvido por Dinis da Gama (Figura 12), em que os impactes
ambientais diminuem à medida que a dimensão máxima dos fragmentos aumenta, e que este
comportamento se deve ao facto de se considerar que uma melhoria de fragmentação se deve
à utilização de uma maior quantidade de explosivo que faz com que ocorram uma maior
intensidade de impactes ambientais. Nesta situação em que se utiliza o método em teste, que
permite uma melhoria da dimensão média dos fragmentos, sem um aumento dos impactes
ambientais, antes pelo contrário, os desmontes com menor grau fragmentação tiveram impactes
ambientais mais significativos.
Considerando-se mais uma vez importante referir, que o número reduzido de ensaios analisados
neste estudo limita as conclusões a retirar desta dissertação.
1
Factor de Ponderação
0,4
0,2
0
14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00
74
6. Considerações finais
6.1 Conclusões
Nos desmontes realizados segundo o método em teste, obteve-se um custo por tonelada
ligeiramente superior aos custos obtidos pelo método CPS. Esta situação deve-se ao facto da
utilização do plug encarecer o desmonte, mas os resultados obtidos por melhoria de
fragmentação compensarão esse custo mais elevado, devido à sua influência na eficiência das
operações unitárias subsequentes.
Nas restantes operações unitárias (carga, transporte e britagem) constata-se a sua relação com
o grau de fragmentação obtido, nomeadamente, que quanto maior for a dimensão média dos
fragmentos, mais elevado será o custo dessa operação.
Conclui-se assim que a aplicação do método em teste, garante uma melhoria do grau de
fragmentação que irá contribuir para a melhoria da eficiência das operações subsequentes, e
uma consequente redução de custos.
75
6.2. Trabalhos futuros
Outro aspecto que se deveria ter em atenção, consiste em desenvolver um estudo que abranja
a quantidade de material que necessita de fragmentação secundária (taqueio), de modo a
avaliar se a adopção do método em teste permite uma redução da quantidade de material a
necessitar desta operação, dado o elevado custo por tonelada dessa operação.
76
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81
Anexos
82
Anexo I – Fichas dos desmontes
CARACTERIZAÇÃO DA PEGA DE FOGO
Parâmetros fixos:
Data 17-11-2014
Bancada S40 PARÂMETRO VARIÁVEL UNIDADES VALOR
Atacamento T m 3.50
83
Data 19-11-2014 CARACTERIZAÇÃO DA PEGA DE FOGO
Subfuração S m 1.50
Atacamento T m 3.50
84
Data 21-11-2014 CARACTERIZAÇÃO DA PEGA DE FOGO
Subfuração S m 1.50
Atacamento T m 2.50
85
Data 24-11-2014 CARACTERIZAÇÃO DA PEGA DE FOGO
Subfuração S m 1.50
Atacamento T m 3.50
86
Data 25-11-2014 CARACTERIZAÇÃO DA PEGA DE FOGO
Subfuração S m 1.50
Atacamento T m 2.50
87
Anexos II - Resultados do Split Desktop para a análise granulométrica
88
- Desmonte realizado 19/11/2014.
89
Desmonte realizado a 21/11/2014.
90
Desmonte realizado a 24/11/2014
91
Desmonte realizado a: 25/11/2014
92