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UNESCO-AN
UNESLO HEMBI
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RELAÇÕES
RELA ÕES RACIAIS
RACIAIS ENTRE
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1 ENTRE .
NEGROS EE BRANCOS EM

' •

·NEGROS BRANCOS EM

'
SÃO
SÃO PAULO
PAULO •

Ensaio
Ensaio sociológico sôbre
sôbre as origens,
origens,

as manifestações
manifestações e os efeitos
efeitos do
preconceito
preconceito de côrcõr no município
município

• m•
de São Paulo.
Paulo .
Sob a direção
direção dos professôres
professôres
'.
{
ROGER
ROGER BASTIDE
BASTIDE eE

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FLORESTAN FERNANDES
FLORESTAN FERNANDES
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OFERTA

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deEstudos
Peda2óg1cos

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Prefácio (Paulo Duarte)
Prefácio (Paulo ......••......••.•••.••.... • • • •.
Duarte) ................................................................ 7 7
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. Introdução
Introdução (Roger
(Roger Bastide) ........ •••..•.....•...• • • . • • •.•
B a stid e)..............*........................................... 11
11
Do Escravo ao Cidadão (Florestan Fernandes)
Cidadão (Florestan Fernandes) .......................
........... . \f\
lf\
Côr e Estrutura
Estrutura Social em Mudança
Mudança (Florestan Fernandes) ... .
(Florestan Fernandes) 67

Manifestações do Preconceito
Manifestações Cl,r (Roger
Preconceito de Côr Bastide) ...........
(Roger Bastide) ...••. . 123
123
...

Efeito do Preconceito
Efeito Preconceito de Côr
Côr (Roger B astid e)..........................
(Roger Bastide) ....•.....•..• 159


Luta contra
A Luta contra o Preconceito
Preconceito de Côr (Florestan Fernandes)
Côr (Florestan Fernandes) . .. 195
19~
Atitudes Alunos dos Grupos
Atitudes dos Alunos Grupos Escolares
Escolares em
e111 relação
relação com aa
Côr dos seus Colegas (Virgínia Leone
c.ôr Leone Bicudo)
Bicudo) ..........
•. •. •• 227
227

• Pesquisas sôbre as Atitudes
Pesquisas Atitudes de um G rupo de Escolares
Grupo Escolares de

'.
Paulo em relação
São Paulo relação com as crianças crianças de côr côr (Aniela
(Aniela '

• Meyer Ginsberg) .•..............••.•..•.•..•..•....
Meyer Ginsberg) ........................................................................ 311
Sll .
'
' Relações Raciais
Relações Raciais no M Município
unicípio de Itapetininga Itapetininga (Oracy
Nogueira) ..................................................................................
Nogueira) ......••..•.......•...•.••............•••• 362
362
i '
Preconceito Racial
\ Preconceito Racial de Marca
Marca e Preconceito
Preconceito Racial Racial de Orig~rn.Origem.
Sugestão de um Quadro Referência para
Quadro de Referência para a Interpre-
Interpre­
tação
tação do M aterial sôbre
Material Relações Raciais
sôbre Relações Raciais no no Brasil.
. • Oracy Nogueira)
Nogueira) ....................................................................
•••••••••••••••••••••••••••••••• .••• 554
554
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Hd muito
muito tempo
tempo A N HEMB
ANH E MIB I tomara
tomara aa decisão
decisão de de patrocinar
patrocinar
um
um inquérito
inquérito em em profundidade
profundidade sôbre sôbre oo problema
problema do^negro
do _negro em em S. S•
Paulo.
Paulo. A A reação
reação provocada
provocada por por um
um artigo saídoldoem
em ' 0O Estado
Estado de

4
artigo ~a_ dt

S.S. Paulo ", em
Paulo'', em 1947,
1947, (2)
( 1 ) trabalho
trabalho de de que
que · se
se originaram
o~zgzna~amnumerosas
numeTosas ma­ ma•

nifestações
nifestações própró ee contra
contra oo seu seu autor,
autor, nos
nos fizera jd pensar
fizera _Já pensar. na neces­s-
na ~ec~
sidade
sidade de de tal
tal inquérito
inquérito não não apenas
apenas para
para umauma simples
simples satisfação
sattsfaçao in- in­
telectual
telectual masmas porque
porque os os dados
dados de de uma
uma investigação
investigação dessadessa. ordem,
, . .. J
r '
1
orde'!",
fatalmente
fatalmente haviam
haviam de de constituir
constituir umum serviço
serviço prestado
prestado ao ao meio
meio social
social
brasileiro
brasileiro ee aos.
aos. próprios
próprios administradores
administradores públicos,
públicos, quando
quando aqui aqui
houvesse
houvesse administradores
administradores capazes capazes de de compreender
compreender os os nossos
nossos grandes
grandes
problemas.
problemas. A N HEMB
ANH E MIB I permitiria
permitiria essaessa realização,
realização. órgãoórgão destinado
de~tinado
principalmente
principalmente aa estudos
estudos dessa
dessa espécie,
espécie, logo
logo após
após oo seu
seu aparecimento,
aparecimento,
mobilizou-se
mobilizou-se para para êsse
êsse inquérito
inquérito solicitando
solicitando oo auxilio
auxilio do do elemento
elemento
mais
mais indicado
indicado parapara orientá-lo
orientá-lo ee dirigi-lo:
dirigi-lo: Roger
Roger Bastide,
Bastide, professor
professor

J
de
de sociologia
sociologia da da Faculdade
Faculdade de de Filosofia,
Filosofia, dada Universidade
Universidade de de S.S. Paulo,
Paul(?,
oo qual
qual háhá longos
longos anos anos se se vinha
vinha dedicando
dedicando aos aos nossos
nossos estudÒs
estudos
· sociais
sociais,, principalmente
principalmente os
os atinentes
atinentes ao ao negro
negro tio no Brasil.
Brasil. Roger
Roger _
Bastide
Bastide procurou
procurou logo logo aa colaboração
colaboração de de umum dosdos seus
seus antigos
antigos alunos,
alunos,.
Florestan
Florestan Fernandes,
Fernandes, que que éé uma
uma dasdas. mais
mais belas
belas revelações
revelações da da nossa
nossa ;'
Universidade,
Universidade, sendosendo oo seu seu nome
nome hoje
hoje alinhado
alinhado já, já, sem
sem favor n e n hum,
favor nenh u m ,':
entre
entre osos mais
mais ilustres
ilustres no no meio
meio intelectual
intelectual brasileiro
brasileiro..
•!
Achavam-se
Achavam-se as as coisas
coisas em
em inicio,
início, quando
quando chegou chegou a a S.
S. Paulo,
Paulo, o o
antropólogo
antropólogo AlfredAlfred Metraux,
Metraux, nomenome muito
muito conhecido
conhecido no no Brasil,
Brasil, pelos
.•
pelo~
1
excelentes
excelentes estudos
estuoos etnológicos
etnológicos sôbre
sôbre os os tupinambás
tupinambds ee outras ootr<.VS tri-
tn.._
_bus
bu~ americanas,
americanas, algunsalguns. realizados
'realizados com
com observações
obseroações aqui aqui feitas,
feitcu,
hoje
ho1e chefe
chefe do do Departamento
Departamento de de Relações
Relações Raciais,
Raciais, da da Unesco,
Unesco,
oo qual
qual vinha
vinha comcom a a missão
missão de de realizar
realizar exatamente
exatamente uma uma pes
1

pes- -
• ,♦ quisa
quisa semelhante.
semelhante. Foi Foi assim
assim queque UneUnescosco ee ANHEMANHEMBIBI se se en­
en-
contraram
contraram unidasunidas na na realização
realização de de umum mesmo
mesmo trabalho
trabalho de de alta
alta
ygnificação
~~~nificação ~niv universal
ersal como
como seja~eja uma
uma análise
anális~ objetiva
objetiva mas mas feita
fei~a
en^
e"'t profundidade
protundidade sôbre sôbre a a vida
vida da da população
populaçao negra negra do do Brasilr
• .
.
1
Brasil, :·
país
país universalmente
universalmente considerado
c~iderado como
corno aquêle
aq~le que que melhor
melhor solução
8olw;ão
estava
esta?ª dando
dando ao ao problema,
problema, entreentre todos
todos os os paises
paises brancos
brancos possuidores
possuidore&
de
de importante
importante parcela
parcela dede população
população de de côr
cór .•
Mais
~ais de de umum anoano_ de
de trabalho
trabalho representam
representam as as conclusões
conclusões que

que
publicaremos
publicaremos a a seguir
s_eguir.. Trabalho
Trabalho realizado
realizado através
através de de todos
todos os os
'

meios
m_e ios _aconselháveis
aco:iselh...,áveisem
em _pesquisas
pesquisas tais
tais,, com
com a a mais
mais absoluta
absoluta objetí
objeti•
vidade
vidade ee isenção
isençao ee comcom o o auxilio
auxilio não
não apenas
apenas dos dos excelentes
excelentes pesqui
pesqui--
( 1)
U) Ntgros
N11,01 do
#lo Brasil,
Br,isll, Duarte, "O
Paulo Duarte,
Paulo "O Estado
Estado de S. Paulo”,
Paulo'•, 16-17 de abril de 1947.
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8 > rI~.^QQ'QUt.RITO
U íR iT o uUNESCO-ANHEMBJ
n esco anhem bi
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.sadores formados
sadores pela nossa
f orrnados pela nossa Universidade, mas também
também de de numeroso
numeroso 1
Universidade, mas
núcleo de
núcleo negros esclarecidos
de negros esclarecidos os os quais
quais deram
deram aa êsseesse estudo
estudo um um com•com• ~
plemento sem
plemento sem oo qual
qual êle
éle deixaria
de.ixaria de de adquirir
adquirir os os caracteres
caracteres de de pro­
pro-
fundidade ee exatidão
fundidade exatidão com com que que se se apresenta.
apresenta.
OO inquérito
inquérito UNESCO-ANHEMBI
UNESCO-ANHEMBI indica numerosos
indica numerosos aspectoJ
aspectos .
novos para
novos para os os estudos
estudos brasileiros.
brasileiros. Cada Cada um um dos dos pontos
pontos abordados
abordados
por nosso
por nosso inquérito
inquérito éé uma uma janela
janela aberta
aberta aa novas pesquisas, aa novas
novas pesquisas, novas
indagações ee novos
indagações novos estudos
estudos que que futuramente atrairão por
futuramente atrairão por certo
certo OJos
bons
bons estudantes
estudantes da Faculdade de
da Faculdade de Filosofia,
Filosofia, parapara aa realização
realização de ~
trabalhos que,
trabalhos que, reunidos,
reunidos, serão
serão afinal
afinal oo verdadeiro retrato do
verdadeiro ret~ato do Brasil,
Brasil,
retrato fiel,
retrato fiel, ao
ao contrário
contrário de de tantos
tantos que que .lhe
lhe foram
foram tirados,
tirados, sem sem os os
retoques exagerados
retoques exagerados de de umum favoritismo
favoritismo sentimental
sentimental nem nem as as defor•
defor­
mações de
mações de um
um pessimismo
pessimismo literário
literário sem sem base
base científica.
cientifica.
Antes de
Antes de dar
dar início
inicio aa êsse
êsse trabalho,
trabalho, ANHEMBI
ANHEMBI quer exprimir
quer exprimir
oo seu
seu agradecimento
agradecimento a a Roger
Roger Bastide
Bastide ee a a Florestan
Florestan Fernandes
Fernandes o o
8erviço que
serviço que prestaram
presta.ram com oom estaesta pesquisa,
pesqu-isa, talvez
talvez aa mais
mais importante
importante

até hoje no
até hoje no gênero
gênero que que se se realizou
realizou no no Brasil,
Brasil, bembem comocomo aos aos seus
seus
excelentes colaboradores,
excelentes brancos ee negros,
colaboradores, brancos negros, semsem distinção.
distinção. Agradece
Agradece
igualmente
igualmente à à UNESCO
UNESCO o o ter-se associado àà sua
ter-se associado idéia; sem
sua idéia; essa cola-
sem essa cola-
boração
boração não não poderíamos evidentemente levá-la
poderíamos evidentemente levd-la a a cabo
cabo de maneira
de maneira
tão
tão relativamente
relativame .nte completa.
completa. Da Da mesma
mesma forma,
forma, agradece
agradece ao ao ex-Go-
ex-Go-
vernador
vernador de de S.
S. Paulo,
Paulo, dr. dr. Lucas
Lucas Garcez,
Garcez, o o apoio
apoio que, diretamente ee
que, diretamente
através da
através da Universidade
Universidade de de S.S. Paulo, facilitou para
Paulo, facilitou isso, bem
para isso, bem como
como ao ao
então reitor da
então reitor da Universidade, professor Ernesto
Universidade, professor Ernesto Leme,
Leme, ee ao ao Diretor
Diretor da da
Faculdade
Faculdade de de Filosofia,
Filosofia, prof.
prof. Eurípides
Euripides SimõesSimões de de Paula,
Paula, pelas
pelas fa-fa­
cilidades complementares
cilidades complementar es sem sem oo que que também
também não não sese teria
teria podido
podido i1 ir
tão longe
tão longe nos esforços exigidos
nos esforços exigidos por por esta investigação sociológica,
esta investigação sociológica, aa
primeira de
primeira uma série
de uma série que
que pretendemos
pretendemos realizarrealizar em em nosso pais.
nosso pais.
OO estudo
estudo éé longo.
longo. Foi Foi publicado
publicado em em números sucessivos de
n1ímeros sucessivos de
ANHEMBI,
ANHEMBI, pois pois não
não seria
seria possível
possível fazê-lo
fazê-lo de de uma
uma vez.vez sem
sem prejuízo
prejuízo
• dos assuntos
dos assuntos que que esta
esta revista
revista tem tem de tratar mensalmente.
de tratar mensalmente. OO inquérito inquérito
1

pròpriamente dito,
propriamente dito, ou
ou melhor,
melhor, “Relações raciais entre
''Relações raciais entre negros
negros ee bran-
bran­
cos de
cos de S.S. Paulo'',
Paulo”, ensaio
ensaio sociológico
sociológico sôbre sôbre asas origens,
origens, as as manifestações
manifestações
ee os
os efeitos sociais do
efeitos sociais preconceito de
do preconceito cor no
de côr município de
no município de S.S. Paulo,
Paulo,
está dividido
está dividido numa
numa introdução
introdução ee os os capítulos
capítulos seguintes:
seguintes: II -— Do Do Es­
Es•
cravo ao
cravo ao Cidadão;
Cidadão; IIII — Cor ee estrutura
- Côr estrutura social
social em em mudança;
mudança; IIIII I ___
Manifestações do
Manifestações do preconceito de
preconceito de côr; côr; IVIV -— Efeitos do preconceito
Efeitos do preconceito
de côr
de côr ee V V_—- A A luta
luta contra
contra oo preconceito
p·reconceito de de côr.
côr. Seguem-se
Seguem-se algu­ algu-
mas pesquisas
1:1-as f~squzsas padrão
padrão de de outros
outros investigadores
investigadores que que colaboraram no
colaboraram no
inquérito UNESCO-ANHEMBI,
zn_querito UNESCO-ANHEMBI, as quais serão
as quais serão um um complemento
complemento in­ in-
dispensável àà ·primeira
dispensável primeira parteparte..
. Como
C?mo dissemos,
dissemos, constitui
constitui o o presente
presente trabalho
trabalho oo que
que no assunto
no assunto
ma,s
ma~s importante
r,m_portante se
se_ fez
f t:~ até
a~é. agora
agora em
em nosso
nosso país.
país. \A iZ s tZ ç S o
investigação
sociológica
socrologzca no
no Brasil
Brasil cientificamente
cientzf zcamente orientada,
orientada, não
não esquecendo
esquecendo deu das
'
I
# 1

' RELAÇõF.S
RELAÇÕES R
#* ■ ■ ■ ■
RACIAIS
.... .
ENTRE
A C IA IS E
1
NEGROS
NTRE N

E G R O S E BRANCOS
1 "
EM SAO
BRA N CO S EM
— ■■■ ■■
SÃO P
PAULO
AULO
_ m
9
9
^

tentativas individuais de
tentativas individuais de Oliveira
Oliveira Viana
Viana ee Gilberto
Gilberto Freire,
Freire, nasceram
nasceram
com
com oo Departamento
Departamento de de Cultura
Cultura de de S.S. Paulo,
Paulo, na na sua
sua primeira
primeira
fase
fase de de vida
vida encerrada
encerrada com com oo advento
advento do do estado
estado novo
novo (1935-1937).
(1935-1937).
AA seguir
seguir vieram
vieram os os grupos
grupos da da Escola
Escola de de Sociologia
S°:iologia ee Política,
Pol~tica,
da Faculdade de
da Faculdade de Filosofia
Filosofia,, dodo Museu
Museu Paulista
Paulista ee do do Instituto
Instituto
'

de Administração. No
de Administração. Departamento de
No Departamento Cultura, destacam-se
de Cultura, destacam-se os oJ
nomes de
nomes de M.
M. Davis,
Davis, Bruno
Bruno Rudolfer,
Rudolfer, Samuel
Samuel Lowrie, Sérgio Milliet
Lowrie, Sérgio Milliet
ee Oscar
Oscar Egidio
Egídio de Araújo. OO grupo
de Araújo. grupo da da Faculdade
Faculdade de de Filosofia,
Filosofia,
recém-fundada
recém-fundada ainda, ainda, apresentou-se
apresentot1,-se comcom Fernando
Fernando de de Azevedo,
Azevedo, Lévi-
Lévi-
Strauss,
Strauss, PaulPaul Arbousse
Arbousse Bastide,
Bastide, Emílio
Emílio Willems,
Willems, Roger
Roger Bastide,
Bastide,
Florestan
Florestan Fernandes
Fernandes ee Antonio Cândido. AA Escola
Antonio Cândido. Escola dede Sociologia
Sociologia ee
Política teve
Pol{tica teve também
também comocomo seus
seus colaboradores
colaboradores os os mesmos
mesmos M. M. Davis,
Davis,
Samuel
Samuel Lowrie,
Lowrie, Bruno
Bruno Rudolfer
Rudolfer ee ainda Donald Pierson
ainda Donald Pierson ee Herbert
Herbert
Baldus, êste
Baldus, último, com
êste último, com Sérgio
Sérgio Buarque
Buarque de de Holanda, formando
Holanda, formando
aa primeira
primeira linha
linha dada equipe
equipe do do Museu Paulista. Finalmente,
Museu Paulista. Finalmente, no Ins­
no Ins-
tituto de
tituto de Administração
Administração hd há aa lembrar
lembrar os os nomes
nomes principalmente
principalmente de de
Mário Wagner
Mário Wagner VieiraVieira dada Cunha
Cunha ee Alice
Alice Canabrava,
Canabrava, da da Faculdade
Faculdade
de Ciênci.as
dJe Ciências Eronômica6.
Econômicas. AA êstes pioneiros , j'll'ntam~e
êsies pioneiro.r, juntam-se agQl1'a
agora os os
que
que colaboraram
colaboraram conoscoconosco na na pesquisa UNESCO-ANHEMBI, aa
pesquisa UNESCO-ANHEMBI,
qual seguiu as
qual seguiu as mesmas
mesmas pegadas
pegadas ee os os mesmos
mesmos exemplos
exemplos que que deram
deram
desde aa sensacional
desde sensacional primeira
primeira invest.igação
investigação do do Departamento
Departamento de de Cul-
Cul­
tura sôbre
tura sôbre aa população
população da da Capital,
Capital, quarteirão
quarteirão porpor quarteirão,
quarteirão, ee os os
estudos de
estudos Emílio Willems
de Emilio Willems sôbre
sôbre aa aculturação
aculturação dos dos alemães
alemães ee sôbre
sôbre
aa cidade
cidade de Cunha, que
de ~unha, que marcam
marcam oo início,
inicio, em nosso país,
em nosso país, da pesquisa
da pesquisa
de
de campo
campo rigorosamente
rigorosamente orientada
orientada do do ponto
ponto de de vista
vista cientifico,
científico no no
plano
plano dada Sociologia.
Sociologia. '
Abrimos
Abrimos espaçoespaço aa seguir,
seguir; para
para aa introdução
introdução ee os os vdrios
vários capí-
capí­
tulos do
tulos do interessantíssimo
interessantíssimo estudo.
estudo.
JP D uarte
a u l o DUARTE
FAULO
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IN T R O D U Ç Ã O (0
INTRODUÇÃO 1
)

1
cidade de São Paulo
A cidade apresenta, para
Paulo apresenta, para o estudo
estudo do preconceito
preconceito
de côr, ura
um significado
significado especial, pois transformou-se,
meio século, de umauma cidade
transformou.se, em menos de
tradicional numa
cidade tradicional metrópole tentacular,
numa metrópole tentacular,
lj

maior centro
o maior centro industrial
industrial da América Latina.
da América Latina. O processo realizou-se
com tal
tal rapidez
rapidez que
que ainda
ainda coexistem, lado a lado,
coexistem, lado lado, sobrevivências
sobrevivências da
sociedade escravagista e inovações
inovações da sociedade capitalista.
da sociedade capitalista. O precon­
precon-
'•
ceito de côr, cuja
cuja função
função era
era justificar
justificar o trabalho
trabalho servil
servil do africano,
africano,
1
servir agora
vai servir agora para justificar uma
para justificar uma 80Ciedade
sociedade de classes, mas nem :por
mas nem por
;

1 isso vão variar


variar os estereótipos
estereótipos antigos;
antigos; mudarão
mudarão apenas
apenas de finalidade.
finalidade.
1
Entretanto,
Entretanto, um um novo tipotipo de prêto
prêto afirma-se
afirma-se cada
cada vez mais,
mais, com a


• transformação
transformação do escravo em cidadão, cidadão, e o branco
branco não sabe mais
não sabe mais que
que
'· atitude
atitude tomar
tomar para
para com êle, poisws os estereótipos
estereótipos tradicionais
tradicionais já já não
não
..
'1

'

f
se aplicam
aplicam a êsse
ê~ negro
negro que
de gestação, essas metamorfoses
que sobe .na
metamorfoses e aro
na escala
escala social. São fenômenos
ambivalências
fenômenos
que pretendemos
bivalências que pretendemos
\; ,1
estudar neste
estudar neste relatório
relatório para
para a Unesco
U nesco e ANHEMBI.
AN HEMBI.
i
• Antes mesmo
Antes mesmo de iniciar
iniciar o nosso estudoestudo e conforme
conforme o sistema
sistema
1
• preferido
preferido por
por certos
certos sociólogos norte-americanos,
norte-americanos, que que recomendam
recomendam
' o preparo
preparo de pesquisas
pesquisas pessoais por por uma
uma reunião coletiva, a fim
reunião coletiva, fim de
que todos
que todos possam
possam compreender
compreender o interêsse
interêsse e as razões das perg,intas
razões das perguntas
: feitas,
feitas, reuniram-se
reuniram-se numa mesa redonda
numa mesa redonda os representantes
representantes mais qua­
mais qua-
lificados dos paulistas
lificados paulistas de côr. O êxito êxito dessa primeira reunião foi -•v, ~
primeira reunião
f· que pedira"!
tal q~e pediram para
para ttabalhar
trabalhar no inqu!r~to.
inquérito. Tratou-se então de '-li
Tratou-se então
organizar sucessivamente: 11..°)
organ11.ar sucessivamente: uma comissão
º) uma comissao para
para o estudo
estudo das re­re- -
l

'•
raciais entre
lações raciais entre brancos
brancos e pretos
pretos em em São Paulo, composta dos
Paulo, composta
• pesquisadores escolhidos e dos representantes
pesquisadores escolhidos representantes negros,
negros, com
com reuniões
reuniões
í quinzenais no
quinzenais no salão da Faculdade
salão da Faculdade de Filosofia,
Filosofia, Ciências
Ciências e Letras
Letras de
1
São Paulo,
Paulo, graciosamente pôsto à disposição
graciosamente pôsto disposição pelo
pelo seu diretor,
diretor, Prof.
Prof.
'' Eunpides
Eurípides Simões de Paula, Paula, que
que a todostodos muito animou e ajudou
muito animou ajudou
durante
durante. todo trabalho. 2.
todo o trabalho. 0
2.°)) uma
11ma comissão
comimo especial
especial de alguns in-
de alguns in­
telectt1a1s
telectuais de côr para preparar
côr para preparar as reuniões
reuniões da da sociedade precedente
sociedade precedente
e examinar de modo modo mais
mais profundo
profundo certoscertos problemas particular-
problemas particular-

(1) _ • FicouFicou
(1) de lado
de lado a discussão
a discusslo de problemas teóricos
de problemas fundamentais
teóricos e sôbre
fundam entais a naturez
a natureza
e sôbre
• da comb1n.açlo empreendida
a a combinação empreendida entre ~s as diversas técnicas, processos e métodos de investigação
investigação,•
porq~e tais problemas
porque problemas foram analisados
analisados em um trabalho
trabalho prévio
prévio dos autores
autores (C (Cf.
f. Roger
• •
Basta.de e Floresta
, • Bastide Fernandes: “O
Florestano Fernandes: Preconceito Racial
"O Preconceito Racial em São Paulo”
Paulo" {Projeto
[P ro jeto de .Estudo}
Estudo}
pu~Jtca~lo
publicação n. 118 do Instituto Administraçlo
Instituto de Adm Faculdade de Cifn,ias
inistração da Faculdade Econômicas da
Ciências Econômicas
:
Uo1vers1dade de S. Paulo,
Universidade Paulo, 1931). &ta introdução
1951). Esta int.roduçlo foi redigida
redigida ppor
o r Roger Bastide.
Bastide.
• • •
-.. ~. - .

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....
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1
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12
12
~----------=----------
INQUtRITO
IN Q U É R IT O UNESCO-ANHE
U N ESC O A N H E
------------------------ ,

·----·

.•, •

mente delicados. 3
m ente delicados. .°) uma
3.º) uma comissão
comi~o feminina encarregada de exa-
feminina encarregad~ exa­
minar
mi11ar os característicos
característicos do preconceito
preconceito de côr relativamente
relativament~ a mu mulherer
e à criança,
criança, e que que se reuniareunia quinzenalmente
quinzenalmente n~ gabmete ~
no gabinete da I 'l ..
Cadeira de Sociologia.
Cadeira Sociologia. Essas diversas sociedades, criando
diversas sociedades, criando um^um. clima
clima ,.
de camaradagem,
camaradagem, contribuíram particularmente . para
contribuíram partirularmente para o êxito
êxito da
investigação.
investigação. Mostraram
Mostraram como o prêto prêto vê a sociedade,
sociedade, comocomo _con•
con­
sidera
sidera as relações
relações entre brancos e pretos
entre brancos pretos em São Paulo quais as
Paulo e quais
ideologias
ideologias que que elabora.
elabora.
Mas tais
Mas tais reuniões
reuniões não não podiam
podiam compreender
compreender senão senão líderes, inte•
lideres, inte­
1
lectuais
lectuais ou ou pessoas da classe média. média. Deixavam
Deixavam de lado lado a . classe
baixa,
baixa, queque constitui
constitui o grosso da da população
população de côr. côr. Para
Para suprir
supnr essa
falta aplicaram-se , com o auxílio
falta,, aplicaram-se, estudantes, .os
gracioso dos nossos estudantes.,
auxílio gracioso
métodos seguintes: 1I.º)
métodos seguintes: método ecológico,
.°) o método ecológico, pelo estudo sistemático
pelo estudo sistemático
certos bairros,
de certos
de bairros, da zona dos cortiços,
da zona cortiços, como
como de certoscertos arrabaldes
arrabaldes
em que
que umauma classe média média tende
tende a se destacar lentamente da
destacar lentamente da classe
baixa. 2
baixa. 2..°) aplicação de questionários
º) a aplicação especiais cujos
questionários especiais cujos resultados
resultados ,

foram aproveitados apenas


foram aproveitados apenas parcialmente
parcialmente no no presente
presente trabalho,
trabalho, masmas

que
que permitiram
permitiram compreender-se
compreender-se melhor melhor a evolução
evolução da da mentalidade
mentalidade .
do negro;
negro; 3.°) técnica das
3.0 ) a técnica entrevistas ocasionais
das entrevistas ocasionais com negros negros e
brancos, durante os passeios, as corridas
brancos, durante corridas de taxi,
taxi, as viagens
viagens de ônibus,
ônibus,
como
como se fôssem instantâneos das
fossem instantâneos relações raciais
das relações raciais em plena vida co-
plena vida co­
tidiana;
tidiana; 4. º) a técnica
4.°) técnica das entrevistas
entrevistas formais,
formais, dirigidas conforme
dirigidas conforme
plano prèviamente
plano previamente estabelecido
estabelecido e cuidadosamente estudado, com
cuidadosamente estudado,
di,rersas personalidades
diversas personalidades de côr, e brancas, brancas, englobando
englobando perguntas
perguntas
sôbre os diversos
sôbre diversos aspectos
aspectos da da situação
situação econômica,
econômica, profissional
profissional ou
social dos negros
social negros e de suas suas relações brancos; 55..°)
relações com os brancos; técnica
º) a técnica
das biografias
das histórias de vida.
biografias ou histórias vida.
Enquanto os questionários
Enquanto questionários e as entrevistas
entrevistas eram
eram padronizados,
padronizados,
per111itir
a fim de perm que se chegasse
itir que chegasse a um certo número
um certo n1ímero de generali­
generali-
'
zações, a técnica biografia obedeceu
técnica da biografia obedeceu ao critério
critério da mais
mais absoluta
absoluta l
liberdade, deixando-se
liberdade, deixando-se o narrador
narrador evocar passado e relatar
evocar o seu passado relatar t
'

as suas lembranças à vontade,


suas lembranças vontade, se1n nenhuma a interferência.
sem nenhum interferência. '
l
!
Paralelamente pesquisa entre
Paralelamente à pesquisa entre os negros, também uma
negros, também uma se faz '

\
entre os brancos,
entre brancos, naturalmente.
naturalmente. Mas é claro
Mas claro que,
que, num
numaa população
população
de 90%
90% de brancos,
brancos, era
era preciso lim itar a atividade
preciso limitar atividade dos pesquisadores
pesquisadores
alguns setores
a alguns bem escolhidos.
setores bem escolhidos. O método
método ecológico,
ecológico, atrás refe­
atrás refe-
1
rido, já permitira
rido, compreender as relações
perm itira compreender relações entre
entre as côres certas
cores em certas

zonas de ~o1?cen!ração
zonas concentração da p<>~ulação
população de côr. côr. Além
Além de aplicar
aplicar êsse 1

método, distinguiram-se
~é!odo~ distinguiram-se dois tipos
tipos de famílias,
famílias, as velhas
velhas famílias
famílias tra­
tra•
d1ciona1s que conheceram
dicionais que escravatura e dela
conheceram a escravatura dela viveràm outrora e
viveràm outrora c
as .que provêm da imigração.
que provêm imigração. Foram solicitados aos alunos ou
Foram solicitados \
amig~s pertencentes
amigos p~rtencentes a famílias
famílias tradicionais,
tradicionais, relatos ró ria
relatos de sua própria 1
exper1ênaa
xperiência nas relações com
nas relações os pretos
com os pretos.· Ouanto
O, uanto aos p pp r o
aos imigrantes,
. .
1D11grantes, pro-
1

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1: ( . • • • • ti. ,

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i'
RELAÇÕES
RE.LAÇõES RACIAIS
RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E
E BRANCOS
BRANCOS EM
EM SAO
SÃO PAULO
PAUi .O 15
13
.• .

curou-se entrevistá-los
curou-se entrevistá-los através
através de pesquisadores
pesquisadores pertencentes
pertencentes ao seu |>;
• •
..
grupo étnico, a fim de receber
grupo étnico, respostas mais
receber respostas mais sinceras
sinceras.. r
i
,
Era
Era preciso sobretudo examinar
preciso sobretudo examinar o setor industrial _e
setor industrial e o comercial,
com~rcial, |
.
• . particularmente
particularmente importantes,
imPortantes, ~m esq~e':er o~ bancário.
sem esquecer bancário. A _fun fim de U
julgar
julgar da da existência
existência de barreiras
ban:e1ras profissionais,
prof 1ss1ona1s, dos estereótipos
estereó1!pos da |
patronal, das
classe patronal, das ideologias
ideologias dos brancos
brancos em suas relações relaçoes com 1
gente
gente de côr, cõr, empreendeu-se
empreendeu-se uma uma pesquisa
pesquisa sistemática
siste111ática nesse setor,
setor, >1
não em tôdas
não fábricas de S. Paulo,
tôdas as fábricas Paulo, evidentemente,
evidentemente, mas ma1 numas
numas }
tantas consideradas
tantas estratégicas e fazendo-se,
consideradas estratégicas fazendo-se, alémalém disso, uma uma série ^
• • •
sondagens: fábricas
de sondagens: fábricas grandes
grandes e pequenas
pequenas — nacionais e ~strange1ras
- nacionais estrangeiras ’
-— de mão mão de obra feminina e de mão
obra feminina mão de obraobra masculina
masculina — - e os |
diversos
diversos tipos
tipos de negócio banco. Finalmente,
negócio ou de banco. durante todo
Finalmente, durante todo
trabalho, cada
o trabalho, cada umum dos pesquisadores
pesquisadores escreveu
escreveu uma uma espécie
espécie de
“diário”
''diário'' em que
que consignou
consignou tudo
tudo o que interessava às
que interessava às relações
relações sociais
entre
entre brancos
brancos e pretos
pretos em S. Paulo,
Paulo, e que
que lhe
lhe fôra
fôra dado
dado surpreender
surpreender
nos seus encontros
encontros casuais
casuais de rua,
rua, nas
nas conversas
conversas de família,
família, no
ônibus
ônibus e bondes,
bondes, etc.
Graças a essas diversas
Graças diversas pesquisas,
pesquisas, foi foi possível
possível colhêr
colhêr centenas
centenas '
...
fichas.
de fichas.
Até momento, só se falou
Até o momento, trabalho sociológico
falou do trabalho sociológico realizado
realizado
em S. Paulo.
Paulo. MasMas êsse trabalho
trabalho foifoi complementado
complementado por por outro,
outro, psi•
psi­ ..
cológico,
cológico, feito
feito em grupos
grupos infantis
infantis pelas
pelas doutoras
doutoras Aniela
Aniela Ginsberg
Ginsberg e
Virgínia
Virgínia Bicudo,
Bicudo, cujos
cujos resultados,
resultados, como
como se pQderá
poderá ver,ver, vêm
vêm .corro­
.corro-
borar
borar os primeiros.
primeiros. A seguir, seguir, publicar-se-ão
publicar-se-ão os belos belos trabalhos
trabalhos de
psicometria
psicometria e de aplicação
aplicação de testestestes projetivos
projetivos dessas
dessas duas psicólogas.
duas psicólogas.
Quanto
Quanto ao relatório,
relatório, as diversas partes foram
diversas partes foram feitas
feitas em colabo­
colabo-
ração amistosa de todos
ração amistosa instantes, porém,
todos os instantes, porém, de um um modo
modo geral, Flo-
geral, Flo-
restan
restan Fernandes
Fe1·nandes encarregou-se
encarregou-se de redigirredigir os capítulos
capítulos I, 1, IIII e V,
'-. respectivamente:
respectivamente: “Do
''Do Escravo
Escravo ao Cidadão”,
Cidadão'', “Côr''Côr e Estrutura
Estrutura Social
Social
em Mudança”
Mudança'' e “A ''A Luta
Luta contra
contra o Preconceito
Preconceito de Côr”; Côr''; e Roger
Roger ;
Bastide
Bastide dos capítulos
capítulos III III e . IV, a saber: “Manifestações do Precon­
saber: ''Manifestações Precon- .
ceito de Côr''
ceito ''Efeitos do Preconceito
Côr” e “Efeitos Preconceito de Côr”. Côr''. As conclusões
conclusões --..
foram
fo~am_ apresentadas
apresentadas parcialmente
parcialmente em cada cada capítulo,
capítulo, em virtude
virtude da
própria
pro~r1a natureza
natureza da obra. obra. Os autores
autores esperam
esperam voltar
voltar aos problemas
problemas
práticos estudo comparativo
práticos e ao estudo comparativo do preconceito
preconceito no no Brasil
Brasil e nos nos
Estados Unidos.
Estados Unidos.
• •
4

Resta ainda
Resta ainda agradecer
agradecer ao sr. Governador
Governador do EstadoEstado de S. Paulo,
Paulo,
professor Lucas Nogueira
professor Lucas Nogueira Garcez,
Garcez, pela
pela ajuda
ajuda financeira
financeira e pelo inté-
pelo intt-
.
' rêsse testemunhado
testemunhado pela
pela nossa
nossa iniciativa.
iniciativa. pelo mesmo
E, pelo mesmo interêsse,
interêssc,
reitor da Universidade
ao re~tor Universidade de S. Paulo,
Paulo, professor
professor Ernesto
Ernesto Leme.
Leme. Já Já
mencionamos
mencionamos a colaboração diretor da Fa>;
colaboração do diretor Fa , _;_
...dade de Filosofia,
.dade Filosofia
Ciências e Letras,
~iências Letras, professor
profe~or Eurípides
Eurípides Simões
Simões de Paula, os agrade:
Paula, e os agrade­
cimentos
cimentos dosdos orientadores
orientadores da pesquisa estendem-se aos assistentes.
pesquisa estendem-se assistentes*

''
!

••
- •
,
. - - ·
. .,,. .. ,
·..-o •
' r•

/
1
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INQUÉRITO
INQUtRITO UNESCO ANHEMBI
UNESCO-ANl-tEMBI
14

Dra.
Dra. Lucila
Lucila Hermann
Her1nann e professor
professor Renato
Renato Jardim
Jardim Moreira,
Moreira, bem bem como
como
ao secretário
secretário dada Comissão
Comissão para
para o Estudo
Estudo das ,.. R
Relações Raciais
das Rclaçoes · ·
aciats. en tre
Negros
Negros e Brancos
Brancos em S. Paulo,
Paulo, Jorge
Jorge Prado
Prado Teixeira,
Teixeir~, queque foi tam­ tam•
bém
bém colaborador
colaborador nas nas pesquisas
pesquisas ecológicas,
ecológicas, e D. Ermelinda
Erme~1nda de Castro, Ca!~º•
que estenografou, com a ajuda
que estenografou, ajuda de alguns
alguns colegas,
colegas, as diversas
diversas reuniões.
reunio_e11. )
Da
Da mesma
mesma forma,
forma, o reconhecimento
reconhecimento dos orientadores
orientadores do inquérito
inquérito • I ~

l
vai
vai às diversas
diversas associações
associações de negros
negros em S. Paulo: Paulo: Associação
A41sociaçã'?JoséJosé j

do Patrocínio
do Patrocínio de S. PauloPaulo (2), Irmandade de N. S. do
(2), Irmandade do Rosário
Rosário dos
Homens Pretos,
Homens Pretos, a Legião
Legião ·NNegra Paulo; aos informantes
egra de S. Paulo; informantes de côr, côr,
drs. Raul Joviano
drs. Raul Joviano Amaral (5), Edgard
Amaral (S), Edgard Santana (4), Arlindo
Santana (4), Arlindo VeigaVeiga do11
dos
Santos, Francisco
Santos, Lucrécio (5), Geraldo
Francisco Lucrécio Geraldo de Paula Paula e Ãngelo
Ângelo Abatai•
Abatai-
guara,
guara, e aos srs. José
José Correia Leite (6),
Correia Leite (º), Geraldo
Geraldo Campos
Campos de Oliveira,
Oliveira,
Francisco Morais,
Francisco Morais, Luís
Luís Lobato,
Lobato, professor
professor Afonso Dias, José
Afonso Dias, José Pelegrini,
Pelegrini,
Vicente de Paula
Vicente Paula Custódio,
Custódio, Paulo
Paulo Luz,
Luz, Vitalino
Vitalino B. Silva, Mário Mário Vaz
Costa, Carlos Assunção,
Costa, C.u-los A~unção, Romeu Oliveira Pinho,
Romeu Oliveira Joaquim Valentim,
Pinho, Joaquim Valentim,
Nestor Borges,
Nestor Borges, Cirineu
Cirineu Góis, José José Assis Barbosa,
Barbosa, Adélio
Adélio Silveira,
Silveira,
Anibal
Anibal de Oliveira,
Oliveira, Luís
Luís Aguiar,
Aguiar, Benedito
Benedito Custódio
Custódio de Almeida,
Almeida, Gil Gil
de Carvalho,
de Carvalho, José
José Inácio
Inácio do Rosário,
Rosário, Sofia
Sofia de CamPos
Campos ((7) 7 ) Aparecida
Aparecida
Camargo,
Camargo, Nair Pinheiro, e sras. Benedita
Nair Pinheiro, Benedita Vaz Costa,Costa, Maria
Maria de de Lour-
Lour•
des Rosário, Maria
des Rosário, Maria Helena
Helena Barbosa,
Barbosa, RuthRuth de Souza
Souza e Nilza
Nilza de Vas­ Vas-
concelos.
concelos. AlémAlém dessas
dessas pessoas,
pessoas, colaborou diretamente, de forma
colaborou diretamente, for1na es­
es-

porádica,
porádica, um um g1·upo
grupo de maismais de cem personalidades,
personalidades, o que que explica
explica
a impossibilidade
impossibilidade de de agradecer
agradecer publicamente
publicamente a preciosa
preciosa ajuda
ajuda ofe-ofe­
recida.
recida. Da Da mesma
mesma forma
forma queque os informantes
informantes de côr, côr, os estudantes
estudantes
ajudaram
ajudaram com com tôda
toda a boa
boa vontade
vontade e eficiência,
eficiência, sobressaindo-se,
sobressaindo-se, pelo pelo
valor
valor dasdas contribuições
contribuições especiais,
especiais, Maria
Maria Isaura
Isaura Pereira
Pereira de de Queiroz,
Queiroz,
Fernando
Fernando Henrique
Henrique Cardoso,
Cardoso, Lólio
Lólio Lourenço
Lourenço de de Oliveira,
Oliveira, Marialice
Marialice
Mencarini,
Mencarini, Ruth Ruth Correia
Correia Leite,
Leite, Maria
Maria Sílvia
Sílvia Carvalho
Carvalho Franco,
Franco, Ma- Ma­
14ia
ria Neusa
Neusa A vênia, Helena
Avênia, Helena Maria
Maria Paniza,
Paniza, Luís
Luís Carlos
Carlos de Mesquita
Mesquita e
..,
~ \

((2)
2)AÁ A
Associação
ssociação José do PPatrocínio colocou àà disposição
atrocínio colocou disposiçio dos pesquisadores,
pesquisadores todos todos
ot sábados,
os sábados, umumaa de de suas
suas salas
salas para
para debates
debates dda comissão.
a comissão. •
- (3)
(3 ) .~O dr.
dr. Raul
Raul. Joviano
J~viano A Amaral deu, além
m aral deu, além dasdas intervenções
intervenções inform ativas ee criadoras
informativas criadoras
nas
nas reunioes
reuniões da Com Comissa~
issão para
para o_ Estudo das Relações
o Estudo Relações Raciais
Raciais entre
entre NNegros
egros e Brancos
Brancos em •
S. uPaulo,
T \ uma
u m l , colaboração
c?laboraç~o- espec1~I
especial:: ~m
um estud? sôbre o N
estudo sôbre Negro População Paulo.
?*
~~ab~? .3e
analise estatística
tra b a lh o de analise
:~ r _ tgi O °O trabalho.
estat1st1ca ee histórica
trabalho.
h1st6r1ca que
que infelizm
infelizmente
linhas gerais, êsse estudo
Em linhas
egro na P
não se
ente não
estudo comprova
se pôde
opulação de S. P
pôde aproveitar
aproveitar por
resultados da inves-
com prova os resultados
au lo ,
estar
p o r estar

e1,~ªa~:.
tspaço* e ªcompleta,’ com
* * Comp com novos
novos ddados
ad °s estatísticos,
estatísticos, nãonão expostos
expostos aqaqui
u i ppor limitação
o r lim itação de de '

si
009
~~ 50 pdr. Ed~~d T. S_antana elaborou um ensaio sôbre Relaç6es entre Pretos e Bran•
1
f)essoal à· in!~s~gaçã~ec:!cp~;~~d~de côr", S. Paulo, 1951, que ofereceu como contribuiçlo

ar
1
{5 ) O d.r · , · a.
Sobre a situaçã~ ~~~º1:!~~ur~~c~:c•~ôrfez ufa c;nunica~fão especial, de muit_a impottlncia,
\
tób,W (6) SO
O sr ,J d° ~.t. ; Co
r raa' U
. ™ de
. as mana estaçoes do ptccMcékoTe^còr^"1’
em ace ‘daTmanffena^eído preconceito de cõr.
• .. 0 ~ rre1a Le1te além de outras col b - . .
~ cooper_ar com o pesquisador R~nato J d. M . a oraçoes muito importantes, dispôs-se
os movimentos sociais no meio negro'• ~r im ore1ra na elaboraçio de um estudo sôbre
(7) D. Sofia Campos p t . 1
n~rios sôbre as Relações Rac1:~,º~ uma val1os~ c~raçlo, tanto nas reuniões dos "Semi Semi<..
s~ºpqu~?tonos trabalhos da --c1:::m~·s1!ª~º , realizados ~a Associação José do Patroci«
Patroci- ,
f 'l au~oV• »c1ue
« se
- reunia noo “C De artS « t o ? Esc~do
‘Udf da Sr
d* Situação
çío da Mulher Negra
Negra em em
~ <>sof1a,,Ciências e Letras da Úniveam~dntdo dde SSoc1ologiae Antropologia da Faculdade ..a_
* t a r a , da rs1 a e ddete Sn . Paulo.
‘X . * A ntt° P0l0gÍ1 d l r4 c “ ld l* *""

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1
• SÃO
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S X O 1l),lo» ’"
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RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇÕES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E
E BRANCOS
BRANCOS EM
EM SAO
SÃO PAULO
PAULO 15
15 '
,
l
1

1
i
Kitahara. Por
Yukio Kitahara. Por fim, resta agradecer
fim, resta agradecer aindaainda ao dr. Benedito J.
dr. Benedito
'' 't •
Duarte e ao Departamento
Duarte Departamento de Cultura
Cultura da Prefeitura de S. Paulo,
da Prefeitura Paulo,
que puseram à disposição
disposição uma série de fotografias
fotografias para
para ilu8trar
ilustrar a*as
A

r . .
que puseram uma série

1 ,
1 . pesquisas.
pesquisas.
Mais uma
Mais uma palavra, para terminar.
palavra, para terminar. Êste estudo
:tste estudo trata
trata do pr~pro­
blema
ble1na da côr Paulo. í:t,
côr em S. Paulo. , pois, natural, que
pois, natural, que focalize
focalize exclusi­
exclusi-
vamente tal
. vamente tal problema.
problema. Mas Mas arriscar-se-ia
arriscar-se-ia a dar dar uma
uma idéia
idéia falsa
falsa ao
leitor que
leitor que supusesse girar tudo
supusesse girar tudo em tôrnotôrno do do fator
fator côr. Um Um dos
resultados
resultados mais mais interessantes das histórias
interessantes das histórias colhidas
colhidas em que que o narrador
narrador
deixava levar
se deixava levar sem restrições pelas suas
restrições pelas le111branças, foi justamente
suas lembranças, justamente
verificar que
verificar que as fricções
fricções ou
ou os
01 problemas
problemas produzidos pela côr
produzidos pela côr cons­
cons-
tituem apenas
tituem momentos, e que,
apencU momentos, que, nono seu conjunto,
conjunto, a vidavida dos pretos
pretos
nada
nada oferece
oferece dede uma
uma perpétua
perpétua tragédia.
tragédia. É preciso ter
:2 preciso ter em mente
mente
êsse fato,
fato, nono momento
momento de começar
começar a leitura
leitura dêste trabalho sôbre
déste trabalho sôbre a a
situação racial
situação racial em S. Paulo.
Paulo.

•1

(

1
1
'
'




• • •
ti
)

DO
D O ESCRAVO CIDADÃO (*)
AO CIDADÃO
ESCRAVO AO m
""

A história
história do negronegro eDlcm São Paulo
Paulo se confunde,
confunde, durante
durante um
largo
largo período
período de tempo,
tem po, com a própria
própria história
história da economia
economia pau- pau­
lista.
lista. Os africanos,
africanos, transplantados
transplantados como escravos para para a América,
América,
vira:m
viram a sua vida vida e o seu destino
destino associar-se a um. um terrível
terrível sistema
sistema de
exploração
exploração do hon1eni hom em pelopelo homem,
homem, em que que nãonão contavam
contavam senão
coino
como e enquanto
en q u an to instrumento
instrum ento de trabalho
trabalho e capital;
capital.' Em São Paulo, Paulo,
e~a
essa regra
regra nãon ão sofreu
sofreu exceção.
exceção. Os 01ovimentos
movimentos característicos
característicos da ''po•“po­
pulação
pulação de côr'' côr” e as tendências
tendências à especialização
especialização profissional,
profissional, que que
se processarant
processaram dentro dentro dela,
dela, refletent
refletem de forma·
forma considerável
considerável as flu- flu­
tuações
tuações das ''fases''
“fases” ou ''ciclos'' evolução da economia
“ciclos” de evolução economia paulista.
paulista.
:t
Ê impossível
impossível precisar
precisar a época
época entem que
que se iniciou
iniciou a importação
importação
do braço
braço negro
negro einem São Paulo.
Paulo. Presume-se
Presume-se que que os primeiros
primeiros afri. afri­
canos
canos viera01
vieram parap ara o Brasil
Brasil entre
entre 1516 e 1526. No N o entanto,
entanto, só a
partir
p a rtir dos meados
meados do séa1loséculo XVI
XVI principiou
principiou o afluxoafluxo regular
regular e
constante
constante de de africanos
africanos parapara a Colônia
Colônia (1).(*)• Coni
Com referência
referência a São
Paulo,
P aulo, supõe01
supõem alguns
alguns autores
autores que
que o tráfico
tráfico começara
começara com a vinda vinda
'• do donatário
d o n atário Martim Afonso de Souza, em 1530; por
M artim Afonso por essa época~
época, os

negros
negros não não chegariam
chegariam diretamente
diretam ente da África,
África, nias
mas do Reino,
Reino, como
parte
p a rte da ''bagagem'' povoadores (2). Todavia.
“bagagem ” dos povoadores Todavia, a docuuientação
documentação
disponível
disponível nada nada permite estabelecer de positivo,
perm ite estabelecer positivo, senão que que até 01 os
fins
fins do século
século XVI
X V I apenas
apenas alguns
alguns moradores
moradores possuíam
possuíam um ou outro outro
escravo
escravo negro,
negro, ocupados
ocupados especialmente
especialmente nos nos trabalhos
trabalhos da lavoura
lavoura ((s).3 ).

P~los fins do sécu)o


Pelos século XVI,
X V I, o tráfico
tráfico estabelecera-se
estabelecera-se diretamente
diretam ente
coni
com Angola.
Angola. Ainda A inda assim,
assim, a proporção
proporção do elemento negro na po-
elemento negro po­
pulação
pulação escrava
escrava era
era IDuito
m u ito pequena,
pequena, havendo
havendo quent
quem afirme,
afirme, c.om
com base
na interpretação de dados
n a interpretação contidos e1n
dados contidos em inventários,
inventários, que,que, até sete-
centos,
centos, parap ara 34 índios
índios escravos
escravos existia
existia um escravo
escravo africano
africano ((4).4 ). Quer
Q uer
•t
(<•)
•)
((1)
l)
Tráfico),
T,J/JcoJ,
capítulo foi redi1
!ste capitulo
Este
Maurício Goulart»
Maurício
Liv. Martins
IiV.
ido por
redigido por Floresran
Goulart., Eserd11id.ao
Editôra, S. Paulo,
Martios Edjtôt3,
Floresran Fernandes.
Escravidão Africana
Fernandes.
A.ftic•na •o
Paulo, l9S0
no Brasil (Das Orl1n11
Br41il (DIU
edição), pigs.
2* ediçio),
1950 ((2•
Origens Ji l!xli11rao
56-57 e 9S-96.
págs. S6-57
Extinção do
95-96.

(2) CI.
(2) Cf. Maorício
Maurício Gou1art,
Goulart, op.
op. cit pig. 96; Cjro
.• pág.
cic.t Tassara de Pádua,
Ciro Tassara Pádua, O 0 Nt!lro
Negro •o no
Planalto (Do
Pla11"110 (Do SJculo
Século XYl
X V I ao Slculo
"º Século XIX),
X IX ), separata uRevi.sta do Instituto
separaca da "Revista Instituto Histórico
Histórico e
!: Geográfico
Geográfico de Slo Sio Pau)o>',
Paulo*', Imprensa
ímpeensa Oficial Estado, S. Paulo,
Oficial do Estado, Paulo. 1943
1943, pág. 149.
, pág. 1~9.
((3)
3) Cf. especialmente Theodoro Sampaio, São
especialmente Theodoro São P11.11lo
Paulo dede Piratinrnga
Pi,at.ininga no no fim
fim dodo Sl-
Sé•
culo XYI,
culo X V I, io ••Revista
"Revísra do Instituto
Instituto Histórico Geográfico de Sio
Histórico e Geogrifico Sáo Paulo
Paulo”, vol. IV.
... vol. IV, págs.
257-279; Florestan
257-279; Aspectos do
Fernandes, AspecloJ
JFlorestan Fernandes, do Po11oamnito
Povoamento á1 de São
São Paulo
P•ulo no no Século X V I, pu•
SJ,ulo XVI, pu-
' blic.açJo
blicaçáo do ulnstituto
"lnsriruto de Adminisrraçlo Universidade de São
Administração da Universidade Paulo",
São Paulo", 1948, pig.
pág. 17;
Dácio
D icio Aranha
Aranha de A. Campos, Tipos de
Campos, Tipo, Povoamento tkde São
âe Poflodmmlo São Paulo,
P,u/o, in "Revista do Arquivo
...ReYista do Arqui•o
Municipal'\
Municipal”, Aoo Ano V, Número
Número LlV,LIV, S. Paulo,
Paulo, 1939, pág. pág. 1919 ee sets •.
sets..
i (4) O tráfico
(4) Aogo.la fõra
tráfico com Aogola organizado por
fôra organizado por Afonso
Afonso Sardinhia, poderoso ec rico
Sardinha, um poderoso
i morador;
(
morador; nada nada indica, porém* que êsse tráfico
indica, portm. assumido alguma
tenha assumido
trifico tenha alguma impottl.oc:ia.
importância» Cf* a.
l

..
'

t RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇÕES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E BRANCOS
BRANCOS E'-f
EM SÃO
SAO PAULO
PAULO 17
17

se
sc aceitem,
aceitem, quer
quer não,
não, os resultados
resultados desta interpretaçao, ~a verd,ade
desta interp~etação, vcidadc é
que várias
que várias razões
razões podem
podem ser aventadas
aventadas para
para e:x.phcar
explicar o baixobaixo numero
número
de africanos
africanos em S. Paulo,
Paulo, na transição
transição do século
século X\'IXVI para
para o século
XVII. A p0pulação
XVII. população da Vila de São Paulo Paulo era era ~e de f~to
fato acanhada:
acanhada:
Anchieta e Cardim
Anchieta Cardim apontam
apontam 120 fogos,íogos, ou habuaçoes,
habitações, em 1585;
documentos
documentos oficiais
oficiais indicam
indicam mais
mais de 100 fogos em 23-5-1583 23-5-1583 e em
26-4-1585, e mais
26-4-1585, mais de 150 fogos em cm 1-5-1589 ((5). 5 ). A população
população assim
descrita
descrita foi calculada
calculada conjecturalmente
conjecturalmente pelos pelos historiadores
historiadores como
comp0rtando
comportando entre entre 1.500 a 2.000 indivíduos
indivíduos ao ao todo,
todo, incluindo-se
incluindo-se
brancos,
brancos, índios,
índios, negros
negros e mestiços,
mestiços, tanto
tanto livres
livres quanto
quanto esaavos 6) •
escravos ((6).

1 1
:t
É provável
provável queque quase
quase trêstrês quintos população ffôsse
quintos dessa população constituída
ôsse constituída
por indígenas,
por indígenas, capturados
capturados em diversas
diversas regiões
regiões pelospelos brancos.
brancos. Ou
própria composição
seja, a própria composição da população
população sugere
sugere que que as necessidades
necessidades
de mãomão de obraobra tendiam
tendiam a ser supridas,
supridas, predominantemente,
predominantemente, por por
meio
meio do braçobraço indígena,
indígena, o que que é confirmado
confirmado por por abundante
abundante do- do­
cumentação,
cumentação, que que infelizi11ente
infelizmente não não pode
pode ser examinada
examinada aqui. aqui.
Outras -razões
Outra~ razões não menosmenos importantes
importantes têm sido postas postas em re-
lêvo. A maismais lembrada
lembrada consiste
consiste na pobreza
pobreza dos moradores,
moradores, que que não
não
po~uíam
possuíam recursos
recursos para
para competir
competir com os senhores senhores de engenho
engenho do
norte
norte da Colônia
Colônia na compra
compra de escravos; sem comércio comércio e sem expor• expor­ 1

tação, '
tação, os moradores
moradores gozavam
gozavam de relativa
relativa fartura,
fartura, mas não não possuíam
possuíam
meios
meios parapara troca
apreciável.
apreciável. Além
troca ec para
para a aquisição
aquisição de africanos
Além disso, a obtenção
obtenção de escravos
africanos em quantidade
quantidade
indígenas era
escravos indígenas era fáci)
fácil
''
1

e a própria
própria venda
venda ((ouou escambo)
escambo) dos índios
índios capturados
capturados nas chamadaschamadas
''guerras
“guerras justas"
justas” representava
representava uma uma das principais
principais fontes fontes de renda
renda
paulistas. :t
dos paulistas. É provável
provável queque na economia
economia do planalto planalto houvesse
houvesse
lugar
lugar para
para o emprêgo
emprêgo mais amplo amplo do escravo
escravo africano;
africano; cultivava-se
cultivava-se
o trigo,
trigo, o milho,
milho, o algodão,
algodão, a mandioca,
mandioca, a canacana de açúcar,
açúcar, a ,,inha,
vinha, o
marmelo
marmelo e diversas
diversas frutas,
frutas, nativas
nativas ou transplantadas,
transplantadas, e existem existem no-no­
tícias
tícias de que, partir de 1560, se extraía
que, a partir extraía algum
algum ouro ouro de lavagein
lavagem
nas regiões circunvizinhas. A supremacia
regiões circunvizinhas. supremacia da mão mão de obra obra africana
africana
sôbre
sôbre a mão mão de obra
obra indígena atividades é muito
indígena nessas atividades m uito conhecida.
conhecida.
• No entanto,
entanto, parece
parece queque o mesmo
mesmo não não acontecia
acontecia com cora as at!vidades
atividades
l de criação
criação (de gad~
gado bovino,
bovino, equinos,
eqüinos, e suínos),
suínos), nas nas quais
quais os escravos

\ Afonso
Afonso d'E. Taunay, S.
d'E. Taunay, S. P11ulo
Paulo nos
nos Primeiros
Primeiros Anos Anos (1554-1601),
(1554-1601), E. ArraultArrault & Cie .• Tou.rs,
Cie-, Tours,
1920, págs São Paulo
158-159, e São
págs... 158-1~9, Pau\o no no Stculo
Século XVI.X V I . História
História "4 da Vil.i
Vila Pir.dini11g.ma.
Piratiningana, E. Ar• Ar­
rault .&
rault & C,a.,
Cia., 1921,
1921, pãgs.
págs. 185-186;
185-186; Alfredo
Alfredo Ellis Resumo da
Ellis Jr., Rtiumo da Histi>,i.i
História d~ de São
São Pirulo,
Paulo,
..Bolet1m
Boletim XXXVIIXXXVII da da Facufd3de
Faculdade de de Filosofia.
Filosofia, Ciincias
Ciências e L~tras
Letras da da t·ni,·trsid.1dc
Universidade de de São
Paulo', 1944, pág.
Paulo~'. 217 ((aa proporção
pág. 217 proporção estabelecida
estabelecida é extraída
extraída dos dos se~int~s dados brutos,
seguintes dldos brutos,
concernentes à popu~açlo
concern~ntes população escrava:
escrava: cm em 196 inventarâos
inventários,.. foram
foram apur.1dos
apurados 8.000
8.000 índios
índios para
para
265 af r1canos, ou se1a.
africanos, seja, 3.~ % de
3,3 % de elemento
elemento negro.negro, aprox im:idamente. na popu
aproximadamente, população escrava),
laçlo tter.iva).
j (S) JosePk de
Joseph. d~. Anchieta,
An5h1cta. S.~- .J Cartas, Informações,
J.,.• Cartas, Fragmentos llislórifo1
l'.'fo,m.irões, Fr.agmt>ntos Históricos et S"'11õtt
Sermões
do .Plld,t
elo Padre...,
. .. , C1v1hzaçao Brasileira S. A.,
Civilização Bras1le1ra A., Rio
Rio de de Janeiro,
Janeiro, 193~. pig. -t.:?3
1933, pig. 423 (<informação
inform.içlo
escrita cm
escrita cm dezembro
dezembro de de 1585);
1585); Padre
Padre Fernão
Fernão Cardim Tratados
Cardim, T,aJMlos da
da Terra
Ttrr.s ee Gnrte
Gente do
do Brasil,
B,.s.til
Companhia Editôra
Co~panhi.a Editora N3cional,
Nacional, 2 1* eded.,.• 191939, págs. 314 e 315 (cumpre
..~9. pá~s. (cumpre notar
notar que
que o cronist;
cronista
assan~la_
assinala s1~plesmenrc
simplesmente que que osos brancos
brancos tinham "muita escra,·aria
tinham ºmuita escravaria d.1 da terra··.
terra", nlonão mencioolodo
mencionando
a.
a ~x1st~nc1a
existência ~e de e~cra~o~
escravos afri
africanos);
canos); Actas dJ
.:4c-t.1s da ((amara
·am11rJ d.Jda i:V i/'a
ila Jtde S.i1J
São P.iulo.
Paulo. puh.
pub. ofi•
ofi­
cial do
ctal do Arquivo
Arquivo Mun1c1pal,
Municipal, S. Paulo.
Paulo, 1914. vol. I. pi~s.
1914, vol. págs. 2~7,
237, 370
370 e ainda
ainda 410410 (par.1
(para 1591)
1591).•
t .
.,_ (6) Cf. Theodoro Sampaio, loc.
p.-g. 188.
loc, ci,.; Afonso dӣ.
cit.; Afonso Taunay, SM>
d·'E. Taunay, São Paulo
P4Mlo •o mo Século XVI,
Síc11lo XVI,

I '

• . . 1 ·- ·......•
., ,I

.-
,.
~

18
18 INQU~RITO UNESCO-ANHE~f
IN Q U É R IT O UNESCO ANHEM

nativos superavam
nativos africanos, e está fora
superavam os africanos, fora de dúvida
dúvida queque as ban­ ban-
,

deiras
deiras de apresamento
apresamento não não poderiam
poderiam constituir-se
constituir-se e operar
operar regular­
regular- ~

mente
mente senão
senão com o aproveitamento
aproveitamento em larga larga escala
escala do elemento
elemento
indígena.
indígena. Ora,
Ora, o apresamento
apresamento e a criação criação foram,
foram, porpor muito
muito tempo,
tempo,
os _dois
dois eixos
eixos da economia
economia planaltina.
planaltina. Daí
Daí o padrão
padrão de composição
composição

racial
racial dada população
população escrava,
escrava, com acentuadíssima predominância dos
acentuadíssima predominância
escravos
escravos índios.
índios. Na Na organização
organi:zação da economia
economia paulista
paulista da época, épaca,
as possibilidades
possibilidades de utilização trabalho do escravo
utilização do trabalho escravo indígena
indígena
reduziam
reduziam à lavouralavoura e à obtençãoobtenção de ouro ouro por por lavagem
lavagem as esferasesferas
de exploração
exploração regular
regular do trabalhotrabalho do escravo
escravo africano.
africano. E sabe-se
por documentos
por históricos fidedignos
documentos históricos fidedignos que que mesmo
mesmo nesses setores sò-
nesses setores so-
mente
mente os moradores
moradores mais mais ricos
ricos estavam
estavam em condições
condições de beneficiar-se
beneficiar-se
com o trabalho
com trabalho do escravoescravo africano,
africano, mais produtivo e estimado(?).
mais produtivo estimado(7).
,.
• •
O fato
fato dada proporção
proporção do elemento elemento negro
negro na população escrava
na população escrava
ser
ser m uito pequena,
muito pequena, nos nos fins século XVI
fins do século XVI e começos sérulo XVII,
começos do século XVII,
não
não exclui
exclui a participação
participação dos negros, nas
dos negros, nas bandeiras
bandeiras organizadas
organizadas para para
a captura
captura de índios.
índios. Taunay,
Taunay, autoridade
autoridade no no estudo
estudo dasdas bandeiras
bandeiras
paulistas,
paulistas, assevera
assevera que que “a ''a constituição
constituição das entradas paulistas nos
entradas paulistas
mostra
mostra a coexistência
coexistência freqüente,
freqüente, nas nas mesmas
mesmas mesnadas,
mesnadas, de índios índios e
tapanhunos (negros)
de tapanhunos (negros) recém-vindos
recém-vindos do além além Atlântico. Sobretudo
Atlântico. Sobretudo
depois de
depois de passadas
passadas as prim eiras décadas
primeiras décadas da da colonização''
colonização” (8). (8). T o­
To-
davia,
davia, o negro
negro não não alcançara
alcançara ainda ainda uma
uma posição
posição definida
definida na estru­ estru•
tura
tura da bandeira.
bandeira. A suasua incorporação
incorporação a ela ela pode
pode ser considerada
considerada
como
como ocasional,
ocasional, até até a descoberta
descoberta das minas de
das minas de ouro,
ouro, em que que o
apresamento
apresamento de índios
índios começa
começa a ser ser substituído
substituído pela
pela mineração.
mineração.
Verifica-se que
Verifica-se que mesmo
mesmo no período de
no período de pesquisas
pesquisas estimuladas
estimuladas pela pela
Coroa,
Coroa, em que que as bandeiras
bandeiras dos dos paulistas
paulistas logravam
logravam decidido
decidido apoioapoio
oficial,
oficial, em virtudevirtude da ganância
ganância pelo pelo ouro,
ouro, nas instruções e regi­
nas instruções regi•
mentos
mentos reaisreais não
não se ordena
ordena o aproveitam
aproveitamento ento de escravos
escravos africanos,
africanos,
mas sim o de escravos escravos índios
índios (9). Ao contrário
contrário do que que aconteceria
aconteceria

((7)
7 ) Sôbre
Sóbre aa economia
economia planaltina
pianaltína no no século
século XVI,
XVI, cf. cf. especialmente
especialmente Roberto
Roberto C. C. Simon-
Simon•
sen, Os
,en, Os Fundamentos
Funúmenlos Econômicos
Económicos da d4 Expansão
Expansão Paulista,
Paulista, in História Econô"1iça
ín História Econômica do ~o Brastl,
Brasil,
(1500-1820),
(1500-1820), Companhia
Companhia Editôra
Edirôra Nacional,
Nacional, S. Paulo, 1937, vol. ~'
Paulo, 1~37, I, págs.
págs. .311-345;
_311-~4~;. Alcân­
Alc!~-
Machado, Vida
tara Machado, Vida ee Morte
Morte do do Bandeirante, nova edição
Bandeirante, nova edição da Liv. liv. Martins
Martins Jbditora,
Editora, àao
Sao
Paulo, 1943,
Paulo, 1943, esp. págs. 2S-S7 ce 168-171.
pág1, 25-57 168-171. Quanto
Quanto aos demais
demais aspectos
aspectos do problema
problema _ ana­
ana-
lisado, cf.
lisado, cf. Alfredo Júnior, A
Eílis Júnior,
Alfredo Eilis Evolução d4
A Evolufão da Econo,nia
Economia Pa11lísta
Paulista ee SuasSuas Causas,
Causas, Comp.
Co~ _p.
Ed. Nac.,
Nac., S. Paulo,
Paulo, 1937, págs.
págs. 55,SS, 89 IOS; O
89 e 105; Bandeirismo Paulista
O Bandeirismo Paulista ee oo _Recuq
Recuo do do. Me­
Me-
ridiano, Comp.
rldilllll), Comp. Ed. Nac., Nac., 22•* ed.,
ed., S. Paulo,
Paulo, 1934, págs. 42•43; R*su™
págs. 42-43; Resumo *T?a aa . H**tõrit
Históriaa. Vde
São
Sao Paulo,
Pa11/o, op.op. cit., págs.
págs. 203-208; O Ouro ee aa PaulisJania,
O Ouro Paulistania, Boletim
Boletim XCVIXCVI da Faculdade
Faculdade
de Filosofia,
Filosofia, Ciências
Ciências ee Letras
Letras da Universidade
Universidade de São Paulo, Paulo, 1948, págs. S2·S5;. Samuel
págs. 52-55; Sa01uel
Lowrie, O
H. Lowrie, Elemento Negro
O Elemmto Negro na na População
População de de São
São Paulo,
P1111l0,in "Revista
"Revista do Arquivo
Arquivo Mu­ Mu-
nicipal, Ano
nicipal, Aoo IV,IV, Vol.
VoJ. XLVIII,
XLVIII, págs. Sérgio Buarque
págs. 9-10; Sérgio Buarque de Holanda,Holanda, Monçoes,
MonfÕes, Casa Casa
do .Estudante
Estudante do do Brasil, Rio dede Janeiro,
Brasil, Rio Janeiro, 1945,
1945,p.ig.
pág. 13.13. • ___ ...•
(8)
(8) Afonso
Afonso d'E. Taunay. Subsídios
d'E. Taunay, Subsídios parapara aa História
Histó,;a do do Tráfico
Tráfiço Africano
Afr1çano no no _Brfts,1,
publicação do Instituto
publicaçfo Histórico, "Imprensa
Instituto lfist6rico, "Imprensa Nacional",
Nacional", Rio Rio de Janeiro,
Janeiro, pág.pág. 553. VeJa-~
Veja-_
ainda:
ainda: Cassiano Ricardo, Marcha
Cassiano Ricardo, March11 parap11ra o Oeste (A
o Oeste ( A influência
lnfluln,ia da
da Bandetra
Bandeira na na Formaçao
For"!açao
SoçiaJ e~ Politic4
Social Política dodo Brasil), Liv. José
Brasil), Liv. Editor», Rio
OJympio Editora.
Joté Olympio Rio dede Janeiro,
Janeiro, 194 2, voI.
1942, vol. z.2.
9

pigs. ,-47;
págJ. Ciro T. Pádua,
5-47; Ciro Pádua, op. cit.,cir., pág.
p.ig. 149. CA,
(9 ) Cf. especialmente
(9) e9pecialmenre PedroPedro Taques Almeida Pais Leme,
Taques de Almeida Informação SIJ~r,
Leme, Informação Sobre as tU
Minas
Min41 tk de São
S3o Paulo,
Paulo, Comp,
Comp. Melhoramentos
Melhoramentos de S. Paulo, ,. s. d., passim (em parr1~~l.ar,
d., passim particular,
confrontem-se
coof rontem-se as pígt. 141 e 142),
as págs. 142). Um documento
documento que que trata
trata da iaa ida de Afonso
Afonso Sardinna,
Sard•nJ?a,
mofo, jw
q moço,
Q pu,* oo Rrtáo, our,ot©iwcebof
«>m ttitfot
*çrt!o, com m,R,,botr, "m "m,iti* dt ççm fqdios
4c çf'Q c;ii,tl~", coig
íadm cristíos”, e
co,y 9 f\tq
'



/'
'•
1

i•
• •
RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇÕES RACIAIS ENTRE NEGROS E BRANCOS
E N T R E NEGROS BRANCOS EM SAO
SXO PAULO
PAULO 119
9
.,


mais tarde,
mais tarde, a escassez de braços braços não não dá origem,
origem, neste neste período,
período, a
pedidos de intensificação
pedidos intensificação da importaçãoimportação de africanos,
africanos, mas a altiva! altivas
exigências de pe1111issão
exigências permissão da ''guerra
“guerra justa''
justa” contra
contra os índiosíndios (10).( 1º). Por
outro alguns documentos
outro lado, alguns documentos indicam indicam que que os índios
índios eram eram empre­ empre•
l
gados
gados regularmente
regulai 111entepelos
pelos moradores
moradores seja “para ''para fazer
fazer seus alimentos
alimentos l

1
para
para comer”,
comer'', seja para para “irem
''irem às minas minas parapara tirar
tirar ouro”
ouro'' (u ( 11).
). l

No decorrer
No decorrer do século
século XVII,XVII, o panorama
panorama das relações relações raciais raciais
se modifica
modifica lentamente,
lentamente, graças graças às transformações
transformações introduzidas
introduzidas no
sistema
sistema econômico
econômico de São Paulo Paulo pelas pelas descobertas
descobertas de minas minas de ouro. ouro.
Até a última
última década
década dêsse século, século, a fisionomia
fisionomia da população população não não
se altera
altera profundamente,
profundamente, apesar apesar do aumento aumento progressivo
progressivo da popu­ popu-
lação escrava
lação escrava negra
negra e do relativo relativo estacionamento
estacionamento da população população
branca. Os rerursos
branca. recursos proporcionados
proporcionados pela pela exploração
exploração do ouro ouro alu• alu-
• vial e, talvez, pela venda
talvez, pela venda de índios índios permitiam
permitiam intensificar
intensificar um um pouco pouco
a importação
importação de africanos.
africanos. Sabe-se que que um opulento comerciante
um opulento comerciante
deixou,
deixou, num num espólio
espólio avaliado
avaliado em quatro quatro contos
contos de réis, um um conto conto
de réis
réis de escravos
escravos de procedência
procedência africana, africana, sendosendo qque u e cada
cacla “peça”''peça''
custava
custava em média, média, nessa
nessa época (1681), cincoenta
época (1681), cincoenta mil mil réis
réis (12)-
( 12). To-T o­
davia,
davia, a porcentagem
porcentagem dos negros negros na na população
população escravaescrava mantem-se
mantem-se re­ re-
duzida.
duzida. Os agricultores
agricultores e sertanistas
sertanistas são ainda ainda “p ''potentados
o te n ta d o s de arco
- e flecha”,
flecha'', baseando-se
baseando.se sua opulência,
opulência, prestígio
prestígio e poder poder na na escravaria
escravaria
indígena
indígena que que possuíssem
possuíssem ((13). 13 ). :t
É pelos
pelos fins
fins do séculoséculo XVII, com com a
\ localização de minas
localização minas auríferas
auríferas pelos pelos paulistas,
paulistas, que começa a se for•
que começa for­
mar o primeiro
mar fluxo regular
primeiro fluxo regular e apreciável
apreciável de escravosescravos negros negros para para
regiões. Então,
estas regiões. Então, o negro negro deixadeixa de ser ser umum membromembro ocasional ocasional
das bandeiras,
das bandeiras, para para tornar-se
tornar-se uma uma de suas molas essenciais
suas molas essenciais e o prin- prin­

cipal agente
cipal agente nos nos trabalhos
trabalhos de mineração.mineração. Em Em conseqüência,
conseqüência, o valor valor
escravo africano,
do escravo africano, queque sempre
sempre fôra fora maior
maior que que o do escravo escravo indí­ indí-
gena, quintuplica-se
gena, quintuplica-se em menos menos de duas duas décadas:
décadas: cada ''peça'' passa
cada “peça” passa
a custar
custar 250 mil mil réis ( 14). Os recursos
réis (H). recursos para para a compra compra de escravos escravos
'
' africanos
africanos a preços
tação
preços tãotão altos
gêneros e outras
tação de gêneros
altos provinham
provinham da
outras utilidades
utilidades nas
da mineração
mineração ou
minas. Um
nas minas.
ou da da perm
Um documento
documento
permu-u­

de 13 de março
março de 1713,1713, relativo
relativo aos desvios desvios de ouro ouro em pó, pó, informa:
informa:
de ’*ir
"ir tirar
rira~ ouro",
ouro", nlo menciona nenhum
nlo menciona nenhum escravo africano
africano como membro
membro do grupo (d.
Rruno (cf.
Atas
Atm da da Vila
Vila de São Paulo,
dt São Paulo, vof.
vol. II, pág. 47).
II, pág. 47).
({10)
10 ) Na Na reunião
reunião dos oficiais
oficiais das cãmaras,
câmaras, em cm 26-4-1585, v. g., g., foi requerido
requerido ao go-
vêrno consentisse na guerra
vêrno que consentisse guerra contra
contra os Carijós,
Carijós, como um meio para remediar a falta
para remediar falta
braços (cf. Actas
de braços da Camara
Act11S da Cornara da da VVilla
ilia de
àt Sao Paulo, vol.
São Paulo, 1, págs.
vol. I, págs. 275-277; outros
outros exem­
exem-
ocorrem na mesma fonte).
plos ocorrem fonte).
especialmente Actas
( 1 1 ) Cf. especialmente
(li) Actas da da Camara
Camara da d" Villa
Vil/a de
tlt São
São Paulo
Paulo (1596-1622),
(1596-1622), vol. II,
vol. II,
pigs. 294 e 314 (outros
págs. (outros exemplos
exemplos ocorrem
ocorrem na mesma fonte). fonte).
((12)
12 ) Cf. Alfredo
Alfredo Ellis Jr.,Jr., A A Evolução
E11olufão da Economia Paulista
da Economia Paulista te Suas
Suas Causas,
Causas, pág.
pág. 55 55;;
Roberto C. Simonsen,
Roberto Simonsen, op. cit., pág. pãg. 333; e, especialmente,
especialmente, Afonso
Afonso de E. Taunav, História
Taunav, Hist6ria
Stttcentista da
Setecentista Vila dtde SãoSãoPat,lo,
da Vila PauloTip.
, Tip. Ideal
Ideal de de Heitor
Heitor L. L. Canton,
Canton, S. S. Paulo,
Paulo, 1929,
1929 ,vol.IV,IV,
vol.
págs.
págs. 209-211 (quanto (quanto à àpopulação
população branca.
branca, êste
êste autor
autor consigna
consigna aa informaçio
informação de de que
que em em
37 ela passava
1637
16 passava de 600 vizinhos;
vizinhos; cf. pág.pág. 334);
334); Alcântara
Alcântara Machado,
Machado, op. cit., cit., págs.
págs. 169-171
169-171
((êste autor informa
êste autor informa que nos inventários
inventários do século XVII sio
século XVII enumerados pouco
são enumerados pouco mais
mais de
cem escravos
escravos negros).
negros) •
(13)
(1.3) Cf. Afonso Afonso dede E. Taunay, op. cit.,E. págs. Taunay, op. cit., págs. 207-210.
207-210.
(14)
(14) Cf. Afonso Afonso de de E.E. Taunay, História Sn,ctnlista
Taunay, História Setecentista dada Vila
Vila tltde S.S. Paulo,
Paulo, vol.
vol. IV,IV,
P's- 211. O escravo escravo africano,
africano, par»para atiagir
ailo1ir êsse
êsse preço,
preço, precisava
precisava pos1uir
possuir um um ofício.
ofício.


..,. .._ QA .;;:os , ---- - •

JNQU.tRITO
IN Q U É R IT O U,'JESCO-ANHEMBI
U NESCO A N H EM B I
20

dêste
dêste 44delito
''delito ficaram culpados
ficaram culpados quase todos os moradores
quase todos moradores desta desta ci­ci-
dade, seu têrmo
dade, tê1·1110 e comarca”
comarca'' (15). (15). OO mercado
mercado que que abastecia
abastecia os paulistas
paulistas
de escravos africanos
de escravos africanos era era o Rio
Rio de Janeiro e não
de Janeiro não estava
estava em em condições
condições
de suportar
de suportar o desordenado
desordenado aumento aumento da da procura;
procura; daí daí a brusca
brusca ele-ele­
vação do
vação do preço
preço das das “peças”, notada já
''peças'', notada já por
por volta
volta dede 1700 ((16).16).
A notícia
notícia do do primeiro
primeiro ouro descoberto dos
ouro descoberto dos paulistas
paulistas surge
surge na na
última
última década
década do do século XVII. A partir
século XVII. partir de descobrem
de 1693, êles descobrem
sucessivamente
sucessivamente várias várias jazidas
jazidas auríferas
auríferas em em Minas
Minas Gerais;
Gerais; poucopouco
depois,
depois, fazem
fazem novasnovas descobertas
descobertas em em Mato Grosso (de
Mato Grosso (de 1719 em em diante)
diante)
e em Goiás (de
em Goiás (de 1725 em em diante).
diante). A exploração
exploração das jazidas diaman-
das jazidas diaman-
tíferas
tíferas inicia-se,
inicia-se, por por sua sua vez, em em Minas
Minas Gerais,
Gerais, porpor volta
volta de 1') ..
de 1726 ((17)-
Assim que
Assim que os descobertos
descobertos dos paulistas paulistas foram
foram divulgados,
divulgados, apossou-se
apossou-se
da Capitania
Capitania e de de todatôda a Colônia,
Colônia, bem como da
bem como da Metrópole,
Metrópole, uma uma
verdadeira
verdadeira “febre''febre de de ouro”.
ouro''. Antonil
Antonil foi foi testemunha
testemunha dessa dessa corrida
corrida
para
para o ouro,
ouro, e afirma queafirma que ninguém
ninguém poupavapoupava sacrifícios
sacrifícios parapara chegar
chegar
à zona de
à zona de mineração;
mineração; ''das “das cidades,
cidades, vilas,
vilas, recôncavos,
recôncavos, e sertõessertões do do
Brasil
Brasil vãovão brancos,
brancos, pardos,pardos, e pretos,pretos, e muitos
muitos índios
índios de de que
que os pau­pau-
listas
listas se servem”
servem'' (18). ( 1 ª)· Aventureiros
Aventureiros de de toda
tôda espécie
espécie chegaram
chegaram de de
Portugal
Portugal para para tentar
tentar fortunafortuna fácilfácil nono Brasil.
Brasil. De De modomodo que que bembem
depressa
depressa a “fome ''fome do do ouro''ouro” transformou-se,
transformou-se, pela pela contingência
contingência do do
trabalho
trabalho servil,
servil, em em “fome''fome do do negro”.
negro''. Os engenhos
engenhos de açúcar do
de açúcar do
norte do
norte Brasil sofreram
do Brasil sofreram uma uma terrível
terrível sucção
sucção de de braços ( 19); e os
braços (19);
preços
preços dos dos escravos
escravos africanos
africanos ou ou crioulos
crioulos alcançaram
alcançaram nas nas zonas
zonas dasdas
minas
minas níveis
níveis exorbitantes.
exorbitantes. Em
Em 1703, êles êles a.1stavam,
custavam, em em oitavas
oitavas de de
ouro
ouro em em pó: uma ladina
uma negranegra ladina cozinheira,cozinheira, 350 oitavas; uma
350 oitavas; mulata,
uma mulata,
600 oitavas; um
oitavas; um moleque,moleque, 120 oitavas; oitavas; um um molecão,
molecão, 250 oitavas; oitavas; um um
negro ladino, oitavas;
negro ladino, 300 oitavas; um um crioulo
crioulo oficial,
oficial, umum trombeteiro
trombeteiro ou ou um
um
mulato oficial,
mulato oficial, 500 500 oitavas
oitavas (20). (2 8). A necessidade
necessidade de de braços africanos
braços africanos
tornou-se
tomou-se um um grave
grave problema
problema para para os paulistas;
paulistas; as novas novas atividades
atividades
(15)
(IS) Actas
Artas d4 da Cantara
Cdfllttrll da
da Villa
Vil/11 de
de São
São Paulo, voJ. IV
Paulo, vol. pág. 54.
IV,, pág.
(16)
(16) Cf. M Maurício
aurício Goulart,
G oulart, op. cit., págs. 125-127;
cit., págs. 125-127; de 40 ou 50 mil réis, o escravo
africano passara aa custar
africano passara custar 200 mil réis no Rio de Janeiro Janeiro (dados
(dados relativos
relativos a 1738; cf. J. J.
Épocas de
.Azevedo, Epo,11s
Lúcio de Azevedo, de Portugal
Portugal Econômico.
Eronômico. Esboços
Eshoros de de História,
História, Liv. Acadêmica
Acadêmica
Editora,
Editôra, Lisboa,Lisboa, 2* edi., 1947, pág.
2• edi., 326). Os
pág. 326). Os elevados
elevados direitos
direitos de entrada
entrada a que que estavam
sujeicos
sujeitos os os escravos africanos
africanos elevavam ainda mais
elevavam ainda mais o o seu preço
preço (cf. A Alcântara
lcântara Machado,
M achado,
loc. ccit.).
loc. it.).
(17) Vários autores
(17) aurores tentaram
tentaram reunir
reunir os dados relativos ao ciclo
dados relativos ciclo de m mineração
ineração e sua sua
Importância econômica;
importância econômica; cf. d. especialmente:
especialmente: Roberto Simoosen, História
Roberto C. Simonsen, História Econômica
Eronômica do do
Brasil,
Brasil, tomo II, caps. I e II; J. J. Lúcio de .Azevedo,
Azevedo, op. cit., cit., cap. VI. Sôbre as relações
V I. Sôbre relações
mineração ee oo desenvolvimento
enrre a minecaçlo desenvolvimento econômico econômico de S. Paulo, Paulo, cf.d. esp. M Mafalda
afalda Zemella,
Zem ella,
OO Abastecimento
Abasltrimtnto da d• Capitania
Ct1piltmia das d4s Minas
Min111 Gerais
Gerais no no Século
Século XVIII,
XVIII, "Boletim
"Boletim 118 da Faculdade
Faculdade
de Filosofia, Ciências
de Fi1osofia1 Ciências ee Letras da da Universidade
Universidade de São São PPaulo",
aulo”, 1951, passim; Sérgio Buar-
passim; Sérgio Buar•
que de Holanda,Holanda, Monções
Monrões,, passim;passim; Alfredo
AIJredo EIlis r., O
EJljs JJr., O Ouro
011ro ee aa Paulistania,
Paulistania, "Boletim
"Boletim
XCYI
XCVI da da Faculdade
Faculdade de de Filosofia
Filosofia, , Ciências
Ciências e letras
Letras da Universidade
Universidade de S. P Paulo",
au lo ”, 1948,
passim.
pass1m.
(18) AndréAndré
(18) Joio João
Antonil, Antonil , Cultura
Cu/lura e Opulência
e Qpu/ência do Brasil,
do Br1Uil, Liv. Liv
Progresso
. Progresso Editôra,
Editora,
Salvador
Salvador,, 1950, terceira tef'ceira parte,
pane, cap. V; citação citação extraída
extraída da pág. pág. 225.
. (19) Antonil, op.
( ~9) Antonil, cit., pág.
op. cit., pág. 286. Cf. também também John John Mawe,
M awe, que refere à ida dos
que se refere
,Prune1ro.s aventureiros às regiões
prim eiros aventureiros .regiões das das minas,
minas, ..“trazendo
trazendo consigo
consigo todos
todos os negros
negros queque pude•
p ude­
comprar” (Viagens
~ comprar"
ram (Viagens ac 1W interior
interior do do Brasil
Brasil principalmente
principalmente aos aos distritos
distritos dodo ouro
ouro ee do,dos
diamantes, rrad.
diamantes, trad. de S. Via.nna; Zelio
~- B. Vianna; Zelio Valverde,
Valverde, Rio de Janeiro,Janeiro, 1944, pág. pág. 172).
172) • .
dad (20)( 20) Cf. Cf • A ntonil, op. c1t.,
.Anton11, pág. 234. Ê
cit., pág. preciso nnotar
~ preciso o tar que
que a m esm a fonte
mesma fonte consigna
os concementes
dados valor de troca
concernentes ao valor t.coca de outras
outras utilidades.
utilidades.
••


. ..•
. f ·. J' 1
1. •• .1 i '\ \ •
• • • ~ .


RELAÇÕES
R RACIAIS
ELAÇÕES R EN'I
A C IA IS E NTRRE NEGROS
E N E G R O S E BRANCOS EM
BRANCOS E SÃO PPAUi.O
M SAO A U I.O 221
1

distraíam-nos do apresam
distraíam-nos apresamento ento de indígenas,
indígenas, como relata relata um u m do-do*
cumcn
cum entoto da época:
época: em G Guarapiranga
uarapiranga o ouro our~ era ''em “em tanta cópia _que
tanta cópia que
lhes teve mais conta conta com
co1nprar
prar com o que que tiravam negros que
tiravam negros que diver-
diver­
'1 tirem-se
tirem-se a cativar
cativar índios''
índios” (21)*(2 1). N Noo entanto,
entanto, o m mercado
ercado em que q u e se
abasteciam não
abasteciam não tinha
tinha capacidade
capacidade ppara supri-los e os entraves
ara supri-los entraves coloniais
coloniais
im pediam o estabelecim
impediam estabelecimento ento do tráfico trá!i<:_? ddireto
ireto com a África. África.. Em
Janeiro
Janeiro de 1701 obtiveram obtiveram a perm issão de comprar
perm1ssao com prar 200 africanos ~fr1cano~
por ano no R
por Rioio de JanJaneiro
eiro e em agôsto agôsto de 1706 essa qquantidade u an tid ad e foi
elevada para
elevada para 230, sendo sendo que que 200 se ddestinariam estin ariam aos trabalhos trabalhos das
minas
m inas e 30 aos da lavour? lavoura (22).(22). Mas
M as parece
parece fora fora de dú dúvida
v id a qque
u e os
escravos comprados
comprados no R Rioio de Janeiro
Ja n e iro (e provàvelmente
provavelm ente nas nas ppró-
ró ­
prias minas, procedentes
prias minas, procedentes do ?orte n o rte da Colônia)
C olônia) não n ão preenchiam_
p reen ch iam as a_sne-
ne­
cessidades
cessidades de braços braços dos paulistas.
paulistas. No N o documento
docum ento em que q u e é sol1c1tado
solicitado
o estabelecimento
estabelecim ento de tráfico tráfico ddiretoireto com A Angola
ngola e Cabo C abo V Verde,
erde, porpor
exemplo, afirmava-se
exemplo, afirmava-se que que ''os “os moradores
m oradores desta desta cidade
cidade e dos dos povos
povos
serra acima
de serra acima são m muito
uito m malal providos
providos dêles'',dêles”, ta tanto
n to para
p a ra os tra traba-
ba­
• lhos agrícolas,
lhos agrícolas, qquantou an to ppara descoberta e de m
ara os de descoberta mineração
in eração (S3). (23) •
:tste é
Êste é umu m momento decisivo na
m om ento decisivo n a hhistória
istó ria do negro n eg ro em São
Paulo. Graças
Paulo. Graças aos descobertos,
descobertos, e às suas suas repercussões
repercussões nnaa econom economiaia
paulista, os escravos
paulista, escravos negros
negros começamcom eçam a deslocar deslocar os escravos escravos índiosíndios
da posição
posição que que êles ocupavam
ocupavam nnaa organização organização do d o tratrabalho
b a lh o servil.
servil.
Noo comêço
N comêço do século século X XVIII,
V III, o ín índio
d io ainda
a in d a era
e ra o pprincipal
rin c ip a l agente
agente
Elo trab
do trabalho escravo; as atividades
alh o escravo; atividades das das bbandeiras
a n d e ira s e os tra trabalhos
b a lh o s de
mineração
m desenrolavam sem pperturbar
ineração se desenrolavam coexistência de am
e rtu rb a r a coexistência ambos.
bos.
Em
E certas regiões,
m certas mesmo, com
regiões, mesmo, comoo aconteceu
aconteceu em ~fato M a to Grosso
G rosso e Goiás,G oiás,
o aproveitamento
aproveitam ento conjunto co n ju n to do trabalho
tra b a lh o índio
ín d io e do d o trabalho
tra b a lh o africano
african o
pelos
pelos paulistas
paulistas foi além alem dos primeirosp rim eiro s ensaiosensaios de d e ex exploração
p lo ração das
minas,
m inas, ao contrário
co n trário do qque sucedera em Minas
u e sucedera M in a s G Gerais,
erais, oonde n d e a comcom-­
petição
petição mais m ais intensa
intensa eentren tre bbrancos
ran co s de várias v árias procedências
p ro ced ên cias forçou forçou
com m maior rapidez a su
aior rapidez substituição
b stitu ição ddoo ín índio
d io ppelo
elo nnegro.
e g ro . P Porém,
o rém , vá-
rios
rios fatores
fatores iriam
iriam determinar
determinar essa essa transformação
transfo1111ação substancialsubstancial no no sis­
sis-
tema
tema econômico
ec_onômic? de ~e São
São Paulo,
Paulo, a qual qual redundou
redundou na
na eliminação
eliminação
progressiva
progress1v_a do índio como
~o 1~d10 co1!1~ fonte
fonte de de trabalho
tra b"alho servil.
servil. • Aqui Aqui teremos
teremos
que
que nos nos limitar
l1m1tar à a exposição
expos1çao de de alguns
alguns dêles, deles, os que que intervieram
intervieram de
modo
modo mais direto no
mais direto no curso
curso de de importação
importação dos dos escravos
escravos negros negros e na na
forma de
forma exploração de
de exploração de suas
suas energias.
energias .
Em primeiro
. Em primeiro lugar,
lugar, deve-se
deve-se considerar
considerar queque a mineração
mineração deu
deu
origem a ~ma
º:1gem uma intensa
intensa ~o~petição
competição dos brancos entre
dos brancos entre si. Os paulistas
paulistas
nao possuíam nem
nao possu1am nem capitais,
cap1ta1s, nem recursos técnicos
nem recursos técnicos ouou humanos, nem
humanos, nem
um~
uma _mentalidade econômica, que
mentalidade econômica, que lhes
lhes garantisse uma supremacia
garantisse uma supremacia
decisiva
decisiva na
na exploração
exploração das
das riquezas
riquezas por
por êles
êles descobertas.
descobertas. -Os
Os resu
re1?:u•
'-'
'
Alf :J
1
r o
· ~rovisão régia de 171~, appd Ciro T. de Pádua, op.
>E
11s Jr., Resumo da. H1st6r,a de S. P1111lo,pág. ¼1.
cit •• pág. 225; d. também
também
• ( ) l GOUiart- 0f>-
(22)
23 ·.M. Goulart, op. c1t., págs. 126-127
(23) 1dem, págs. 137-138.
Adem, págs.
126-127 e nota de ^ a p é.
e nota de rodapé.
citado fé de 1713.
documento citado
137-138. O documento
l
1
'
.,
I

INQU:2RlTO
IN Q U É R IT O lJNESCO.ANHEMDI
U N ESCO A N H EM J»
22
22 -- ----—--— —■■* *1■—

lamentos
lam entos régios,
régios, elaborados
elaborados entre entre 1607
1607 e 1702, poderiam
poderiam conceder-
conceder*
-lhes
-lhes amplas
am plas vantagens
vantagens sôbre sôbre os demais
demais competidores,
competidores, que que afluíam
afluíam
ràpidamente
ra p id a m e n te do Reino
R ein o e de outros Colônia, se por acaso
pontos da Colônia,
outros pontos
reunissem
reunissem condiçõescondições para p ara transformar-se
transformar-se com relativa relativa presteza
presteza e
eficiência
eficiência de agentes agentes das descobertas
descobertas em agentes agentes da exploração
exploração orga-orga­
nizada
nizada das minas m inas (24). Logo Logo se evidenciou,
evidenciou, porém,
porém , queque os paulistas
paulistas
não
n ão possuíam
possuíam meios m eios proporcionais
proporcionais à grandeza grandeza do empreendimento:
em preendim ento:
hom ens vindos
os ho111ens vindos da Bal1iaB ahia ou do norte capitania e de Portugal,
n o rte da capitania Portugal,
alguns
alg u n s dos quaisquais eram
eram ricos e traziamtraziam consigo
consigo numerosos
numerosos agregados
agregados
e muitos
m u ito s escravos
escravos negrosnegros (25), desalojaram-nos
desalojaram -nos de importantes
im portantes posi-posi­
ções auríferas
au ríferas e empurraram-nos
em purraram -nos para para outros
outros descobertos,
descobertos, menos
produtivos.
p rodutivos. O desfecho desfecho da competição
com petição com os emboabas em boabas fez que que
sõmente
sòm ente os paulistas
paulistas "mais“mais abastados"
abastados” pudessem
pudessem dedicar-se
dedicar-se regular-
regular­
m e n te à mineração
mente m ineração (26) e provocouprovocou o aparecimento
aparecim ento de novos centros centros
de interêsses
interêsses econômicos,
econômicos, ligadosligados à permutação
perm utação nas minas: m inas: o comér-
comér­
cio, a exploração
exploração dos produtos p ro d u to s agrícolas
agrícolas e da criaçãocriação (27).
í27).
~ preciso que
É preciso q u e se atente
aten te para
p ara o significado
significado econômico
econômico dêsse pro- pro­
cesso. ~le Êle marca
m arca a primeira
p rim eira etapa
etapa da integração
integração da economia
econom ia pau pau­..
lista,
lista, com um u m papel
p ap el ativo
ativo e construtivo,
construtivo, no sistema sistema econômico
econômico da
Colônia.
C olônia. Graças G raças a uma um a série
série de condições
condições geográficas
geográficas favoráveis,
favoráveis,
que
q u e não
n ão vem em conta conta examinar
ex am in ar agora,
agora, São PauloP au lo passou
passou a competir
com petir
com outras
o u tra s capitanias
cap itan ias no abastecimento
abastecim ento de uma um a pequena
pequena área área de
Minas
M in as Gerais
G erais e tomou-se
tornou-se o próprio
p ró p rio eixo
eixo comercial
com ercial de Mato M ato Grosso
e Goiás.
G oiás. Os reflexos dessas transfo1~mações
reflexos dessas transform ações na n a organização
organização do tra- tra­
balho escravo se fizeraD1
b a lh o escravo sen tir de forma
fizeram sentir im ediata. O trabalho
form a imediata. trab alh o es-
es­
cravo
cravo indígena
in d íg e n a descansava
descansava em tais bases, que q u e não
n ã o podia
p o d ia alimentar
alim entar
uma
u m a economia
econom ia de troca, troca, ainda
ain d a que
q u e limitada.
lim itada. MesmoM esmo nos quadrosquadros
de ex p lo ração do
d e exploração d o apresamento
apresam ento em escala “in d u stria l”, êle se mos-
escala "industrial",

<24)
(24) Èssesregulamentos são
.Is.ses regulamentos condensados por
são condensados por Simonseo
Simonsen (cf.
(cf. op.
op. cit
cit., vol. II,
•• vol. II, pi&•·
págs.
67 -69 ).
67-69). Convém assinalar
Convém assinalar que
que foram elaborados antes
foram elaborados ances da
da ecloslo
eclosão dos conflitos com 011
dos confJitos oi
emboabas
emboabas e em em umauma época
época em em que
que convinha
convinha à CoroaCoroa estimular
estimular os paulist,u
paulistas e suas ban- ban­
deiras de
deiras de pesquisas.
pesquisas.
(25)
( 2 5) Cf. e:sp. J. Lúcio
Cf. esp. Lúcio de de Azevedo,
Azevedo, op.op. cit.,
cit.. pág.
pig. 312
312 e sets.;
sets.; o Jeitor
leitor interessado
interessado
do assWlt0
assunto poderá
poderá encontrar alguns dados
enconrra.r alguns sôbre o financiamento
dados sôbre financiamento das emprêsas mjneradoras
das emprêsas mineradoras
Na Era das Bandeiras,
llO
dos paulistas
dos paulistas em em Afonso
Afonso de de E. Taunay,
Taunay, Na Era d4s B1111deir1U,Editôra Editôra Companhia
Companhia de
Melhoramentos,
Melhoramentos, S. Paulo, 1922, páas.
Paulo, 1922, págs. 126-137.
J26•137. Apesar
Apesar dasdas limitações dêsses dados,
limitações dfsses dados, êles
fies
deixam patente
deixam patente queque osos paulistas
paulistas nlonão estavam
estavam em em condições
condições de de competir
competir econõmicameott
econõmicamentt
com os emboabas.
com emboabas.
(26 ) Cf.
(26) Registo Geral da Câmara Municipal de São Paulv (1735-1742),
Cf. Registo G~aJ d4 Câmara Muni,íplll de Sao P411ltJ (1735•1742), YOI. rol. V,
pág. 270.
pig. 270.
(27) Nio
(27) Não é possível analisar aqui
possível analisar aqui todos
todos os aspectos
aspectos dada economia paulista da fpoca;
economia paulista época;
virios
•á.tíos obstáculos impediram o desenvolvimento
obstáculos impediram desenvolvimento da da produção agrícola nas
produçlo ag.rícoJa nas zonas
zonas de de mine•
mine­
ração além
.raçio além dosdos Jimites
limites do
do consumoRoteiro da Viagem do Dr Francisco Josi
consumo local (Cf. Roteiro d4 Viagem do Dr.. Francísto JosA
local (Cf.
dt Lacerda e Almeida pelas Capitanias do Pará, Rio Negro, Maio Grosso, Cuiabá, e São
tk L4cnda e Almtida p~Ja1 Cllpítanias do Pa,á, Rio N,g,o, MAJo Grosso, Cuiahá, , Sao
Paulo, nos anos de 1780 a 1790,
P11Ulo, nos a11as d, 1780 11 1790, Tip. Tip. da
da Costa Silveira, S. Paulo.
Costa Silveira. Paulo, 1841, pig.pág. 64';
64; Sfrgio
Sérgio
Buarque de
.'!)uarque Monções,
de Holanda,
Holanda, MonfÕ~s, pág. sets.). Em conseqü~ncia,
pág. 76 e sets.). conseqüência, os gêneros
gêneros deviam
deviam serser
importados de
imponados outras regiões,
de outras regiões, emem parte
parte ou
ou nana totalidade,
totalidade, e permutados
permutados nas nas minas;
minas; a mesma
mesma
coisa acontecia
coJsa acontecia comcom o gado bovino, com
gado bovino, com os muares,
muares, com com o ferro
ferro e o saJ,
sal, etc.
etc. Sôbre êsses
S6bre ~sset
fatos, em
fatos, em conexão
conexão com economia paulista,
com a economia paulista, utilizamo-nos
utilizamo-no• aqui aqui das
das seguintes
seguintes obras:
obras: Sfr1io
Sérgio
Buarque de
Buarque de Holanda,
Holanda, loc.loc. cit.;
cit.; Mafalda Zemella, op.
Mafalda ZemelJa, op. cit.,
cit., pia.
pág. 49 e sets.;
sets.; AlfredJ Elli• Jr.,
Alfredj Ellis
., A Economia Paulista no Século XVIIL O Ciclo do Muar. O Ciclo do Açúcar
~ Economia P411lísla no Século XVIII. O Ci,Jo do Mu111. O Ciclo do Afútdt·, , in In ··Bole•
“Bole­
tim
tun .11s115 _dada FacuJdad,-
Faculdade de de Filosofia,
Filosofia, Ciências
Ciências e Letras
Letras da Universidade de S.
da Universidade P:Jilo", 1950.
S• Píjilo”t W0#
passim; idem,
J)aui.m: O 011,0
1de~ O Ouro 1€ "a P11Mlis1anid,
Paulistania, passim.
pusim.

I

,
- ,
REL
e l AÇO
a ç õ ES RAC
a c IAIS ENT
n tRE NEG
e g ROS EM
E~{ SAP
SÃO PAULO 223
3
r es r ia is e re n E b
ros e BRA
r a NCO
n c oS
s PAULO
-
trara •
econômicamente
trara econôm1camcnte ruinoso •
ruinoso (28)
(»). Tan
· Tanto
to nas zon as
zonas de
.
m1neraçao,
mineração,
-
uan to nas - outras
quanto faz
fazendas
end as agrícolas
agrícolas (e em menor menor proporção
proPorçao em em outras
~tividades), a substituição
atividades),
africano ou crioulo,
africano
substituição do escravo
crioulo, adquirira
escravo indígena
adquirira o caráter
indígena pelo p~lo escravo
caráter de um imperativo
negr:
escr~vo negro,
am~erat1vo econô­ecoo
mico Em suma,
mico. suma o desenvolvimento
desenvolvimento de uma urna produção
produçao para para escam-
e5?1m•
bo ou
bo 0
venda e a 'int
~ venda ensificação das explorações
intensificação explor~çõe! auríferas
auríferas produziram
produzrram
efeitos paralelos,
efeitos paralelos, no que concerne concerne à organização
organ1zaçao do trabalhotr~ba~ho escravo.
escravo.
o trabalho
O trabalho econômicamente
econômicarnente mais mais vantajoso
vantajoso expeliuexpeliu lentamente,
entame?te,
mas de forma
mas forma fatal,
fatal, o trabalho
trabalho maismais oneroso
oneroso e menos menos p~o produtivo.
dutivo.
Essa era uma
Essa uma condição
condição para para o êxito
êxito dos moradores
moradores de São Sao Paulo
~aulo
seja na competição
seja competição com os comerciantescomerciantes e os produtores
produtor~s _do do Rio
Rio dede
Janeiro e da Bahia,
Janeiro Bahia, queque desempenhavam
desempe1;1havam um um papel
p~p~l mais
mais importante
importan~e
no abastecimento
no abastecimento das minas, minas, sejase1a na competição
compet1çao com os demais demalS
mineradores.
mineradores.
Em segundo
Em scgun<lo lugar,
lugar, o deslocamento
deslocamento do núcleo núcl~o das atividades
atividades
econômicas, inicialmente
econômicas, inicialmente para para a mineração
mineração e depois depois para
para a }ay lavoura,
oura,
aa criação
criação e o abastecimento
abastecimento das minas, minas, provocou
provocou o declínio
decl1n10 das das
bandeiras de apresamento.
bandeiras apresamento. O paulista paulista continuava
continuava a usufruir usufruir o o
trabalho indígena
trabalho indígena e mesmo mesmo nos fins do século século XVIII
XVIIl não não faltavam
faltavam
ficções para
ficções para justificar
justificar a exploração
exploração do trabalhotrabalho dos nativosnativos e sua sua
redução a um cativeiro
redução cativeiro disfarçado.
disfarçado. Os incentivos
incentivos parapara o apresa­
apresa-
mento de
mento de índios
índios desaparecem
desaparecem grada ti vãmente,
gradativa mente, graçasgraças às novas
novas con­con•
dições de
dições de organização
organização do trabalhotrabalho escravo,
escravo, às transformações
transformações por por que
que
pas sara a pro
passara priedade agrícola,
propriedade agrícola, e, principalmente,
principalmente, à atração atração exercida
exercida
por atividades
por atividades mais mais compensadoras
compensadoras e menos menos perigosas.
perigosas. Em Em conse­
conse-
qüência, o trabalho
qüência, trabalho escravo
escravo indígena
indígena entra entra em crise,crise, pois
Pois aa suasua
própria fonte
própria fonte de renovação
renovação deixara
deixara de funcionar
funcionar regularmente.
regularmente. Foi
Foi
nessas circunstancias,
nessas cirrunstâncias, quando quando o trabalhotr~balho escravo
escravo indígena
indígena estavaestava
condenado ao desaparecimento,
condenado desaparecimento, que que se promulgou
promulgou o decreto decreto de li­ li-
~erdade definitiva
berdade definitiva dos índios índios (1758),
(1758), o qual
qual ainda
ainda arruinou
arruinou algumas
algumas
famílias, cujos
famílias, rujos bensbens se reduziam
reduziam à escravaria
escravaria indígena
indígena que que pos-pos-
suíam (»). 29
( ). Daí
suiam Daí em diante,
diante, todavia,
todavia, a regularidade
regularidade do trabalho trabalho es- es-
cravo passou
cravo passou a depender
depender estritamente
estritamente da importação
importação de negros. negros.
Por
..! * 0r ír
rápida. Em
fim'm>é Predso
, é preciso considerar
Em certascertas regiões,
considerar que que a a decadência
decadência das das minas
minas foi {oi
rapida regiões, comocomo em em Cuiabá,
Cuiabá, o declínio
declínio fizera-se
fizera-se
sentir logo:
sentir logo: ja já em 1727 alguns
em 1727 alguns mineiros
mineiros começam
começam a a abandonar
abandonar a a
região, em
região, em busca
busca de de outros
outros centros
centros de de mineração
mineração (»«). (SO). Em Em outras,
outras.
como em
como ~m Minas
Minas Gerais,
Gerais, a a produção
produção aurífera
au~íf~ra resiste
resiste maior
ma~or lapsolapso de de
tempo, mas, por
tempormas, por volta
volta de de 1756,
1756, o declínio
decl1n10 começacomeça a a m maanitoL
nifestar-se te
/£ }
(281 £Cf.
/ ' *Alcl ntara Machado,
lc*°rara Machado, op. cit.,
cit., páe
pig. 170
170.
,, (29, Cf. J. J. Machado de Oliveira, Quadro Histórico l4 Pr011inci• tlt S~ Pnle
"'" o uso das Escolas dt l11SlrNfM> Públic11 oftrtcido • Asstmbl'"
~::J~~i
P& . 2
g~rteocentc ‘à “bibli*“otec
« »a ->* Faculdade ddee Dire
da Faculdade o t i .ito
p
u tS S Ü S S V t
· ·
o da Univ;~ida:vi;:•f f eJ~~):
,
•»> Cf.
t o) Cf. Sírgio
3 ~rgio Bu•r -, nue de
de Hohnda,
Holaoda, op.
op. ch„
·
c1t.. pigs.
P•I
1.
•• M-
84-85.
ss.


'

24
24 IINQUtRITO
N Q U É R IT O UNESCO-ANHDfBI
U N E S C O -A N H E M B I

também nessas regiões e se acentua


também acentua progressivamente
progressi~a":1e?te (3I). (! 1). Contudo,
Con!udo, •
a mmineraç.ão produzira os seus efeitos. Uma incipiente
ineração produzira mc1p1ente ec..?nom1~
economia de
troca desenvolvera-se em São Paulo, Paulo, com base na produção produçao agr1colaagrícola
e na criação;
criação; várias regiões foram povoadas
povoadas pelosJ?eJosíndios,
índios, pelos
pel?s negros,
negros,
brancos e por
pelos brancos por seus descendentes
descendentes mestiços; todo um sistema sistema de
comi1nicações se criara
comunicações solidificara. E qquando
criara ou se solidificara. esperanças
u an d o as esperanças
do enriquecimento
enriquecim ento pelo ouro ouro fácil desaparece1?,
desaparecem, alguns alguns capitais
capitais re- re­ •'

fluem da mineração
fluem atividades economicas
m ineração ou das atividades econômicas que que lhe estavam estavam
subordinadas, para
subordinadas, para a agricultura.
agricultura. Alguns “sertanistas”
Alguns ''sertanistas'' e “m ''mineiros''
ineiros”
passam a dedicar-se, então,então, à criação, à lavoura
lavoura de cana e à produção produção
de açúcar
açiícar (52). :tsse deslocamento
(s2). Êsse deslocamento de capitaiscapitais e, particu
particularmente,
larm en te, a
fixação dos interêsses
fixação interêsses econômicos
econômicos na n a lavoura 33 ), é que
lavoura ((33), iria ggarantir
q u e iria a ra n tir
continuidade na procura
a continuidade procura e im importação
portação do braço braço negro.
negro. No trajeto
N o trajeto
percorrido
percorrido entre fins do
entre os fins do século XVTI e o terceiro terceiro qquartel
u artel do sé­ sé- •

culo X XVIII negro nnão


V III o negro s6 ad
ão só adquirira
q u irira umumaa posição
posição no sistema sistema eco­ eco-
nômico São
nôm ico de São Paulo. Paulo. Êle :tle se totomara
rn ara a própria
p ró p ria fonte
fo n te regular
reg u la r e
exclusiva do trabalho
exclusiva do trabalho escravo e da produção da
produção agrícola.
agrícola.
fatores que
Os fatores que explicam
explicam a eliminação
eliminação progressiva
progressiva do. do índio
índio pelopelo
negro na
negro organização do
na organização do trabalhotrabalho escravo
escravo também
também esclarecem
esclarecem por- por­
que o aumento
que aumento de de importação
importação de de escravos
escravos africanos
africanos ou ou crioulos
crioulos não não
«e traduziu por
,e traduziu por um um aumento
aumento desproporcional
desproporcional do
do elemento
elemento negro negro
na população de São Paulo,
na população de São Paulo. Como Como vimos,vimos, desde
desde 1706 os negros negros
importados se destinavam
importados se destinavam, , na na proporção 3, aos
proporção de de 20 parapara 3, aos trabalhostrabalhos
das minas; êles apenas transitavam
das minas; êles apenas transitavam por por São Paulo,Paulo, em em sua sua maioria,
maioria, •
ou eram
ou eram negociados
negociados por intermediários nas
por intermediários zonas de
nas zonas de mineração.
mineração. Os
trabalhos nas minas eram
trabalhos nas minas eram muito muito rudes,
rudes, exigindo
exigindo não não só trabalha-
trabalha­
dores robustos,
dores robustos, masainda contínua renovação
mas ainda contínua renovação de de quadros
quadros huma- huma­
nos (54).
nos (34). Segundo documentos
Segundo documentos da da época, escravos mais
época, os escravos mais debilitados
debilitados
eram escolhidos para
eram escolhidos para a lavoura, enquanto os mais
lavoura, enquanto mais fortes
fortes eram eram re­ re-
metidos para os serviços de mineração (35). De modo
metidos para os serviços de mineração (35 ). De modo que que a atraçãoatração
exercida pelo ouro
exercida pelo ouro atuou atuou como
como um um fator
fator de de restrição
restrição na na fixação
fixação
de escravos
de escravos negros
negros em Paulo, Além
em SãoSão Paulo. Além disso, disso, a decadência
decadência das das
minas abalou transitòriamente economia
minas abalou transitóriamente paulista, provocando
a economia paulista, provocando um um
(31) Cf.
(31) Cf. Mafaldz
Mafa1<h Zemella,
Zemella, op. op. cit., pág. 258 e sets.
cit., pág.
(32) Cf., Cf., ppor exemplo, Manoel
o r exempJo, Eufrázio de
Manoel Eufrázio de Azevedo
Azevedo M Marques, Apontamentos Histó-
arques, Apontamentos Histó-
r*cos> Geográficos,
ri"os, GeogrJficos, Biográficos,
Biográficos, Estatísticos
Estll/Jsticos ee Noticiosos
Noticiosos da Província de
da P,011íncia São Paulo
de São Paulo seguido
seguido '
da Cronologia
~ Cronologia dos dos Acontecimentos
A.contecimmtos mais notáveis desde
mais notáveis desde aa fu'1dação
fundação da da Capitania
Capitania de de São
São
Vicente atè
Yi,mte 411 oo ano
11110 de
d, 1876,
1876, Tip. Eduard &
T ip. Universal de Eduard & HHenrique
enrique Laemmert, Janeiro,
Laem m ert, Rio de Janeiro,
1879 (2
l~79 (2 vols.)
vo1.,.~; ; vol. I, págs. 16 A.uguste de
16 e 17-18. Auguste de Saint-H ilaire, Voyage
Saint-Hilaire, Voyage dansdans les
les Pro-
Pro•
fl!-1lces de tk Sairít-Paul
Saint-P1111I et d de Sainte-Catherine, Anhur
d~ Sd'Íllle--Catberine, A rth u r BBertrand,
ertrand, Li Libr.
br. £Bdit.,
d it., PParis,
aris, 1851
vols.); vol.
(2 vou.); vol. I,I, págs. 158-159,
lS8·lS9, 173, 175, 17S, 178, 186, 190-191 e 199.
(33) Cf. J. ]. Machado de Oliveira, op. cit., págs. 222·224 (êste autor se refere l
:;;~çio
;724
d:
i XV)IC
nova meataJida<!!.~ecf'O~~?ca, .91!e,~omeça a tomar cor.P(! pel~ !!1_eª
...~ como uma espcc1e ae .11.0naa1v1sor1a entre a nova geraçao e os anl1~v:,
~~º! _,~o
A? 7 ,“ •» p ccie ae iin
„ •'.;;; _ ,. , ^Afonsoonso de E. Taunay,Taunay, Subsídios
Suhsldios para
para aa História
História do do Tráfico
Tráfiro Africano
Afrirtmo no no
Brasil, pàgs.
Brm,J, pág,. 624-626.
~24-626. Êste Bste au
autor
to r cíca
cita 11m exemplo:
una exem Goiás acontecia
plo: em Goiás acontecia morrerem
m orrerem 100 es­ es•
cravo* no^
cr~vos petiodo de
no _per,odo de umum ano, "coisa nunca acontecida aos agricultores".
nunca acontecida ag ricu lto res” . Além
A lém das pró-
fpri~3!
Lr C ~ondições
- j ^ , de de_ trabalho, terríveis e deshum
trabalho, terríveis anas no
deshumaoas com êço, alguns autores
n o comêço, autores m encionam aa
mencionam
trihÁ
;:i,:,gn~dd~e
f; C/Lma. (cf.
do cl•m~ de
te** P. }. lacerda e Almeida,
J* de Lacerda Almeida, op. op. · cit
cit., 64) e os
pág. 64) e os ataq~es
.• pág. ataques de de
ê3s) '~ic·hº
tribos wd/g«M host« T (d.st 15 (cf. J.
Cf*• C“uo<> T.• de Pidua,
J. J. Machado
Machado de Oliveira,
Pádua, op. cit., págs.
OJíveira, op.
219·221.
págs. 219-221.
op. cit.,
cit., pág. 194).
194). ,
1l
••

'




(

RELAÇÕES R
RELAÇÕES RAA CIA
C IAIS EN
IS E NTR
T REE N
NEEGR
G ROS
OS E B RAN
A NCO
C OSS E M SAO 225
BR EM SÃO P
PAAUL
U LOO 5

.
,
• interregno de reintegração
interregno
que se caracterizou
reintegração das das atividades
atividades de produção produção e de de troca,
troca,
\
que caracterizou pela pela estagnação
estagnação de ~ô todada a vi~ vida econômica.
econômica. Co Con­
!1•
tínuas sucções
tínuas sucções de elementos
elementos da po pulaçao ma
população m asculina
sculina pa p ara
ra aa foTformação
1naçao
de tropas
de tropas agravaram
agravaram ainda ainda mais
mais os efeitos
efeitos críticos
críticos da decadência
decadência da da
mineração (36).
mineração (36). Em conseqüência,
conseqüência, o afluxo afluxo de escravos escravos negros
negros ppaara ra

aa lavoura
lavoura perde
perde a intensidade
intensidade que que adqu q uirir
irira
a no períodoperíodo de de apogeu
apogeu
das explorações
das explorações auríferas,
auríferas, pois
Pois os possíveis
possíveis m meercados
rcados co consum
nsumido idores
res
da produção
da produção agrícola
agrícola de São São Pa ulo ou ppeerd
Paulo rdeeram
ram a capacidade
capacidade aq u i­
aqui-
sitiva anterior
sitiva anterior ou já contavam contavam · com com fontesfontes ppró rópri
p rias
as de abasteci­abasteci-
meento
m nto como
como acontecera
acontecera em diversasdiversas regiões
regiões de M Miinas
nas G Geerais
rais (57).
(!7).
Os poucos
Os poucos dadosdados sobre
sôbre a população
população no séc século
ulo XV X VIIIIII,
, qu q uee po
pos­s-
suímos, não
suímos, não só com compprovam
rovam os prin princcip
ipaisais resultados
resultados da análise análise de­ de-
senvolvida, como
senvolvida, como ainda
ainda deixam
deixam ppaaten te ntete qquuee se processou
processou uum m ver­
ver-
dadeiro refluxo
dadeiro refluxo da população
população livrelivre e escrava
escrava das das zonas
zonas das das m miinas
nas
para aa C
para Caapitania
pitania de São São P Paaulo.
ulo. E m 17 1766, p orr exexem plo, toda
Em 66, po emplo , tôd a aa
capitania contaria
capitania contaria com com 39.034
39.034 ha bititan
h ab antestes,
, pouco
pouco m maais
is oouu m meenos
nos (38).
(!8).
Viilhena
V lhena aceita
aceita como
como exatas
exatas certas
certas indicações,
indicações, concernentes
conce1nentes ao ao m meesm
smoo
,u~ r~el dêsse
q u artel dêsse século,
sécul?, segundo
segundo as quais ais viveriam
viveriam nnaa ccap a pita
itania
n ia 52.611
52.611
• 1nd1v1duos, dos
indivíduos, dos quais
quais 11 .098 bra
11.098 ncos, 32.526
brancos, 32.526 ín índdios
io s e 8.9
8.987
87 negros
negros (39>. (!9) •
JJáá emem 17 97 a população
1797 população da cap capita niaia se ddis
itan istrib
tribuiruia,
iria , seg
segunu ndo d o oo sexo
sexo
e a côr,côr, da seguinte
seguinte m maan
neeira
ira (40):
(40):

Br ancos
Brancos Negros
Ne gros Pardos
Pardos Total
Total
Ho mens
Homens ........................
• ••• •••• •• •• • 42.270
42.270 20.669
20 .669 14.236
14 .236 77.175
77 .175
Mu lheres
Mulheres ......................
•••••••••••• 47.053
47.053 17.971
17 .971 16.251
16 .251 81.275
81 .275
• ' ...
89.323
89.323 38.640
38.640 30.487
30.487 158.450
158.450

(36) Cf.
(36) Cf. esp. J. J.
esp. J. J. Machado
Ma•cha.do de Oliveira,
Oli.veira , op.
op · cit.,
cit ·, pág.
p1.
" g• 267 e sets . v· ·
V ários
artM anfr»r#»«
a a11tor,.s
d a épo
da c se
época se re f erem ààdecadência
referem d ecad enc1a econômica
econômica de de São
São Paulo,
Paulo nos nos fins
fº do século XVII*- - - tendo
É':'.;~~;.J'
y~l;!:~~iad°:: .ta:bpC
s~id
~::
ºpi~
;:pé
su ,ria
~flu~oirá-·~lo
~ust•~aj~.:'ir~n~~n~~
em vista o ob,eto do presente trabalho, seria supérfluo citá-los aqui
d • - --
V ^ja se Afonso de
op. * v tlo ? m 9
de Cultura de São Paulo 1949 v-1
d . Ccit.u, Kvol. I, pág. 364:
op. cit., vol. I, pág. 364. ' w s 1 2
, 10 no ,Seculo XVIX
u • , ^ parte,
“ p
pa.rce, caps.

caps. IA e X
lll _(1735-1765), Departamento
X;; e Roberto
Roberto C.C. Simonsen,
Simonsen,
do
j f.!:/o ;: m1~!!;fÇeã~estagnaçao
do negro na mineraçao o~ri!S
na ™;aç J~sé ª1a:~~~a0Rif:ir~eg~
t!:~
e~ ~~de:':~dS
:':;1 ~lonosfafi
~~ :m g~X VêIH~) ~:r
Samuel H. Lowrie aponta a im portância dos dois fatores (em prego preferencial
ªeconômica S.o e
id t~
.Paulo ~do••
fins século
ne6rJ?s:one~em ~- S- Paulo. (cf. (cf. op. op. cit.,
cit., págs.
págs. 9-10). }
tmt,}o,tat 'lfte
lmp \ s oco,ridJacinto
os emRibeiro,s Pa~loCronologia
desd:a;ª,,;au Paulista
a1:s'J ou 0 Relação Histórica dos Factos mais
9-10).

Talé l m
189 "
8, editada pelo Go;êmo de s Pa Afonso
1a,t,m :f~
* t Aftfr,í^ dc Soíza
~ Re!arão Hist6rica doJ Factos mais
Z f v i Z Z e
Paulo
Paulo, 1901
10- Xll -17
1901, 3
66;
vols..; vol. !!!
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nele nàonão constnm
m *5
consta:UYinA' 6,..,
~g SV ^ aul^
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4
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ui~ ^~t; p [es
r e ss}s a nas O
onso de
ficinas do D
S'!! '~ª
iário
"
O
Of1c1~as do D1ar10 Oficial, São
S_. Vic
ficial,
ent e
São
lO-Xli-1766**
!ida des . nele .
'::. 3: ooss foram
,oram extraídos
extr~1dos de um um docum
doc um ento
ent o de
de
lidades. in
constam indicações ica 1
çoes relativas
re ativas àa populaçãopopulaçao m maasculina
sculina de seis
de seis loca• loca-
(39 ) emLudua
ís dos
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div idid a emUduad ss ° la
pa, r
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Capitania. de de SãoSão PauloPaulo
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Filosófica
Píl
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Política
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pr1~á_vel velé que seja seJ a do Pe. G. G . T.T . Ray
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nal (História
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mações, pelas quais* se 5
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inferi Prim eirar1.m eira ediçao
e_ iç3:o é de 1770). ~770). Fornece
Fornece aindaain da outras
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Recopilação, aproximada~~~ -t~- i4~e46ªo
(40) Maapr0ximadamen<£
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chapb1~an1acontaria, na época em que redigiu sua
ChaP
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tta';ltes: ÉP°Ca *m ^ IedigÍU SU1
cumentos interessíTtf, habiía^ es^ d^* CapitanÍa de São Paulo no ano de 1797, Do-
cummtos inte!ess!nt:: ~:qb!'b t4tesT2~"dCap,tan,a de São Paulo no in
pág. 1*57? **««"> do Estado de S. Paulo. vol. XXXVI, São P a u ío fW
páa. i,1. m e T e S S a n te s >, ui,r<> 0 ~ta O de S. Paulo. vol. XX.XVI, São Paulo,in 19 ano àe 179 7, Do•
01,


1

INQUÉRITO UNESCO
INQUtRITO ANHEMBI
UNESCO-ANHEMDI
26
Ora, êsses dados
Ora, dados indicam,
indicam, quanto
quanto aos aspectos
aspectos aqui
aqui considerados,
considerados
que Oo elemento
que elemento indígena
indígena prevalecia,
prevalecia, ainda
ainda nono terceiro
terceiro quartel
quartel dod~
século XVIll, sôbre
século XVIII, elemento negro,
sôbre o elemento negro, na na proporção
proporção aproximada
aproximada
de para 11.. O que
de 3,6 para que significa, sem dúvida,
significa, sem dúvida, queque a desproporção
desproporção
existente
existente nos
nos séculos anteriores entre
séculos anteriores entre ambos
ambos os elementos
elementos ia desa-
parecendo
parecendo emem conexão com o deslocamento
conexão com deslocamento do do mdio
índio pelo
pelo negro
negro no
sistema de trabalho.
sistema trabalho. Parece
Parece ainda
ainda queque a abolição
abolição definitiva
definitiva da \

escravidão indígena
escravidão indígena acentuou
acentuou a eliminação
eliminação do do braço indígena, em
braço indígena,
vez de poupá-lo,
poupá-lo, o que
que é fàcilmente
facilmente compreensível
compreensível tendotendo emem vista
vista a
dinâmica das relações
dinâmica das relações de produção
produção sob o regimeregime de de trabalho
trabalho servil.
servil .

Quanto à vila
Quanto vila de São Paulo,
Paulo, que que nos interessa particu1arn,ente
nos interessa particularmente
por ser
por ser o próprio
próprio campo
campo dosdos nossos
nossos estudos,
estudos, a documentação
documentação revela revela
que se desenvolvera
que relativamente, beneficiando-se
desenvolvera relativamente, particularmente
beneficiando-se par,ticular1nente
com o comércio
com comércio das das minas
minas de Goiás Mato Grosso
Goiás e Mato Grosso e com com a exploração
exploração
em
em escala
escala econômica
econômica da da produção
produção agrícola
agrícola e da da criação.
criação. Em Em 1766,
contaria 833 fogos
contaria fogos ee_possuiria
possuiria 3.820 habitantes
habitantes (41).(41 ). Os
Os dados
dados rela­
rela-
tivos
tivos a 1777 revelam
revelam que que a população aumentara, abrangendo
população aumentara, abrangendo 4.409
habitantes,
habitantes, dos quais quais 2.423 livres
livres (brancos,
(brancos, índios,
índios, mestiços
mestiços e libertos)
libertos)
e 1.986 escravos
escravos (africanos
(africanos e negros
negros crioulos) (42). Em
crioulos) (42). Em média,
média, cada
cada
proprietário
proprietário possuíapossuía de 1I a 5 escravos;
escravos; mas,
mas, alguns
alguns possuíam
possuíam mais mais .
do que
do que isso: havia
havia os que que tinham
tinham de de I10O a 30 escravos
escravos e notam-se
notam-se
dois que
dois contavam com
que contavam com 51 e com com 104 escravos
escravos (4!).í43). OsOs escravos
escravos
deveriam
deveriam ser ser aplicados,
aplicados, nana quase
quase totalidade,
totalidade, nosnos serviços
serviços da da lavoura.
lavoura.
É
É conhecida
conhecida a estrutura
estrutura profissional
profissional e artesanal
artesanal de de São Paulo nessa
Paulo nessa
época. Pela
época. Pela distribuição
distribuição das das ocupações,
ocupações, verifica-se
verifica-se que que os artesãos,
artesãos,
profissionais liberais
profissionais liberais e comerciantes
comerciantes se recrutavam
recrutavam na na população
população
branca. Os dados
branca. dados concernentes
concernentes a 1767 patenteiampatenteiam que que sòmente
somente
um negro escravo
um negro escravo seria
seria pedreiro;
pedreiro; entre mulatos e pardos,
entre os mulatos pardos, são
enumerados
enumerados um um alfaiate, um barbeiro,
alfaiate, um barbeiro, um um sapateiro,
sapateiro, um um ourives,
ourives,
um pescador,
um pescador, 18 sem profissão
profissão definida
definida e um um fôrro,
fôrro, queque seria sapa­
seria sapa-
teiro 44 ). Essas indicações
teiro (í44). indicações são deveras importantes. Sabe-se
deveras importantes. Sabe-se queque du­
du-
rante
rante o regime
regime de de exploração
exploração do trabalho
trabalho indígena,
indígena, os brancosbrancos for­
for•
neceram
neceram os quadros
quadros de que saíam
de que saíam os artesãos,
artesãos, os homens homens que que se
ocupavam
ocupavam com com aa, *» “profissões
"profissões mecânicas”.
mecânicas''. Os dados transcritos evi­
dados transcritos evi-
denciam
denciam que que as tendências
tendências de incorporação
incorporação do do negro
negro ao sistema
sistema de
trabalho
trabalho servil
servil não
não abrangiam,
abrangiam, de forma forma apreciável
apreciável (considerando-se
(considerando-se
também
também os mulatosmulatos escravos
escravos e forros),
forros), as ocupações
ocupações artesanais tra-
artesanais tra•

<4 t~f C~ J- J. Ribeiro,. op.


Ribeiro, cit., pág. 617. Sôbre
0 ~- cit., Sõbre a populaçlo
populaçSo da vila
vila de S. Paulo
Paulo em
1767
Paul~.
Paulo
1937
). o,ummtol interessantes,
,,,tntss@tts, vol. LXII (A (Arquivo Estado de S. Paulo,
rquivo do Estado Paulo, SSo
Slo

dãnciV^\n
(42)
":opm da de1 dtodo
Iist"
tLlr,cia 40 <..
gnal d t Od O povopovo desta
d tsld cidade,
r1"'1dt, e, seus
. 11u1 subúrbios,
1ubúrb101, pertencentes
• .pntmcmt,s 4ti Ctman*
Co-,,um•
dezembro L
dezembro de AOrdenança
0 r e_nanrda da
da mesma,
,,,,sm",Antônio
Ant&nlo Francisco
Francisco de
d, 54.
SJ. SSoS~o Paulo,
Paulo, 31 <je
de
i
maço 1. 1777 · Arquivo
rquivo doo Estado.
Estiildo. Mapas
Mapas de PopulaçSo
Populaçlo da Capital
Capital (1765*1782),
(1765-1782),

3
3•* ed.
(.C3) Sérgio
re•ista e a
ed<3 reTi^tl81»
Mill'et
1 R censeamentos antigos,
• d ecnr,,11,,,mtos
• • •
10 "Roteiro do Café
ant,go1, in
• •
ensaio# t•
Caf~ e outros eos1101
n
("4) - Cf D r w umenta
Umem, a,\ Depanamento
^ ePanam ento de Cultura, Paulo, 1941, pãg.
S. Paulo, 137,
· Documentos
º'""''"'º' Interessantes,
(44) C ultura, pág. 137»
- <-f. lnt1r11snl11, vol. LXII,
l,XII, j'já citado.

r e l a ç õ e s RACIAIS
JlELAÇõES r a c i a i s ENTRE
e n t r e NEGROS
negros E
e BRANCOS
b r a n c o s EM SAO PAUi.O
e m SÃO PAULO 27
27

dicionalmente exercidas
dicionalmente exercidas pelospelos brancos
brancos ('4 5 ). Em
(45). Em outras
outras palavras,
palavras, as
tendências
ten<lências de especialização
especia]ização do braço braço escravo negronegro se ~ dirigiam,
dirigiam, de
fato, para
fato, para a lavoura
lavoura e atividades
atividades subsidiárias.
subsidiárias.
Alguns autores
Alguns autores afirmam
afirmam que que a expansão
expansão mineradora
mineradora criara criara em
Paulo um
São Paulo um novonovo sistema
sistema econômico,
econômico, baseado
baseado na na produção
produção agrí• agrí­
cola e nana criação
criação em escala de uma uma economia
economia de troca.
troca. Embora EmboTa a
mineração tenha,
mineração tenha, de fato, fato, alargado quadros da
alargado os quadros da economia
economia de mb- sub­
sistência, com a intensificação
sistência, intensificação em pequenas
pequenas proporções
proporções da da produção
produção
agrícola e da
agrícola da criação,
criação, e operado
operado a transfor1nação
transformação do escambo escambo puro puro
simples em atividades
e simples atividades mercantis
mercantis propriamente
pròpriamente ditas ditas í46),
(-ffi), essa afir-
afir­
mação
mação estáestá aquém
aquém da verdade histórica. :t
verdade histórica. É possível,
possível, mesmo, que que
o surto econômico provocado
surto econômico provocado pela pela mineração
mineração não não passasse de um um
episódio efêmero
episódio efêmero e sem continuidade,
continuidade, se não não se processasse uma uma
ampla redistribuição
ampla redistribuição de populações
populações e de de capitais (47 ), em
capitais (47), conexão
em conexão
com
com o declínio
declínio progressivo
progressivo da da produção aurífera. O que
produção aurífera. que se precisa
precisa
considerar
considerar em primeiro
primeiro plano plano é que mineração não
que a mineração não deu origem
deu origem
a um
um mercado
mercado capaz capaz de absorver
absorver em em quantidades
quantidades apreciáveis
apreciáveis os
produtos que
produtos que alimentavam
alimentavam a ''grande“grande lavoura'',
lavoura”, queque se construíra
construíra
no Brasil
no Brasil colonial
colonial em tôrno tôrno da
da exploração
exploração do do açúcar,
açúcar, do algodãoalgodão e
do tabaco;
do tabaco; ela ela somente
somente estimulou
estimulou a produção
produção nos nos setores
setores da da ''agri-
“agri­
cultura de subsistência''
cultura subsistência” e de de criação 48). Donde
criação ((48). Donde se conclui
conclui que que nãonão
se poderia explicar o desenvolvimento
poderia explicar desenvolvimento da da ''grande
“grande lavoura”
lavoura'' em São
Paulo
Paulo pelos
pelos efeitos imediatos do
efeitos imediatos do ciclo de mineração.
mineração. Aliás, Aliás, o que que
se entende
entende por por “grande
''grande lavoura”
lavoura'' surge
surge tardiamente
tardiamente em São Paulo, Paulo,
como
como umauma reação
reação à decadência
decadência econômica produzida pelo
econômica produzida pelo declínio
declínio
da mineração.
da mineração. Em outras regiões,
Em outras como a Bahia,
regiões, como Bahia, Minas
Minas Gerais Gerais e o
Rio de Janeiro,
Rio Janeiro, as reações reações foram
foram diferentes,
diferentes, masmas produziram
produziram de
maneira
maneira uniforme
uniforme uma uma intensificação
intensificação da produção agrícola
da produção agrícola (49).(49). Por
Por
isso não
não temos duvidas em afirmar
temos dúvidas afirmar queque o desenvolvimento
desenvolvimento agrícola agrícola
de São Paulo,
de Paulo, a partir terceiro quartel
partir do terceiro quartel do do século
século XVHI, XVIII, nãonão
apresenta outras
apresenta peculiaridades além
outras peculiaridades além daquelas
daquelas que resultaram das
que resultaram
condições locais em
condições locais em queque se operou
operou tão tão importante transformação
importante transformação
I

*« (45) Sõbre a estrutura


<45> S£br* estrutura artesanal
artesanal da Vila Vila de São Slo Paulo
Paulo no século
século XVIII,
XVIII, conforme
conforme
Afons!) _de E. Taunay,
Afonso História da Cidade de São Paulo no Século XVIII,
Taunay, Hist6,ia da Cidddt de São Paulo no Sl,ulo XVIII, vol. citado, citado,
cap. XXIV.
cap. XXIV. Graças às facilidades
Graças facilidades encontradas
encontradas no novo novo ambiente,
ambiente, alguns
alguns artff ices com-
artífices com­
pravam escravos, instruiam-nos
pravam escravos, instruiam-nos em suas ocupaçõesocupações e passavam
panavam a recolher
recolher os seussens jornais
jornais
<~-
(cf. op. cit., pág. 104; e vol. II,
cit., pãg. II, 1*
l• parte, Departamento de Cultura,
parte, Departamento Cultura, S. Paulo,
Paulo, 1951,
pãg. 20) • Isso deve ter facilitado
pág. 20). facilitado o acesso de negros negros e mulatos,
mulatos, tanto
tanto cativos
cativos quanto
quanto
forros, a um limitado
forros, limitado número profissões mecânicas.
número de (Jrofiss6ts mtcdnicas.
(46) Cf. Sérgio
(46) Sérgio Buarque
Buarque de Holanda,
Holanda, op. cit., pigs. 200.201,
cit., págs. 200-201, em que analisa aa nova
que analisa non
mentalidade comerciantes que iam de Sio
mentalidade dos comerciantes Slo Paulo
Paulo negociar
negociar nas minas.
minas.
• (47)
(47) As duas
duas coisas sio sio insepariveis.
inseparáveis. Não Não só s6 porque pessoas transportavam
porque as pessoas transportavam con* con•
sigo o ouro
sigo ouro ou as riquezas,
riquezas, mas principalmente
principalmente porque
porque 01 escravos coosti1ulam
os escravos constituíam a principal
principal
inversão de capital
inversão capital dos senhores.
senhores.
(48)
(48) Os têrmos "grande lavoura”
têrmos "grande lavoura" e “agricultura
"agricultura de subsistência”
subsist~ncia" contnstam
contrastam o» os dois
dois
tipos básicos
tipos bisic08 de produção
produção na economia
economia colonial:
colonial: a primeira, fornecia os gêneros
primeira, fornecia gêneros para para o
comércio exterior e a segunda,
comércio exterior segunda, os gêneros
gêneros destinados
destinados ao coosumo interno, o que
consumo interno, que nlo exclufa.
n io excluía,
natw-almente, a exportação
naturalmente, gêneros de consumo
exportação de gêneros consumo nem o consumo consumo de gineros
gêneros de expor­expor-
taçlo, de uma
tação, uma forma
forma peculiar
peculiar (cf. (cf. Caio
Caio Prado
Prado Jr, Formação do Brasil Contemporâneo
Jr, Formação do Bt-asil Conttmpo,~11eo..
Colônia,
Col8nia, Liv. Martins
Martins Ed.,
Ed., S. Paulo,
Paulo, 1942, pág. pág. 137; sôbre
sôbre essa importante distinção para
impo.rtante distinçlo para
compreensão da economia
a compreensão economia colonial brasileira, cf. págs.
colonial brasileira, pigs. 113-163).
113-163).
(49) Cf. Cf. Caio
Caio Prado Jr~• loc,
Prado Jr.» loc! cit., passim.
pw•ro. •
INQUÉRITO
INQUtRITO UNESCO-ANHEAfBI
UNESCO-ANHEMBI
28
28

econômica.
eco nômica. N o ma
No maisis esta se exp explica pelos me
lica pelos canismos de sub
mecanismos sti-
substi­
tuição
tuiç ão periódica
per iód ica de uns dut
produtos
pro os por
por out ros
outros na eco nom
economia ia col oni
colonial al
brasileira.
brasileira.
É necessário
~ necessário dispensar bastante ate
dispensar bastante nção a esta
atenção fase da vida
esta fase eco­-
vida eco
nômica
nôm ica de de São Pau Paulo.
lo. Na Na hishistória
tória dês te Est
dêste ado, o neg
Estado, ro não
negro não éé tãotão
im portante
imp ortante pel pelo papel
o pap el que des empenhou no_
desempenhou no p~r ~odo de min
período eração 1
mineração,
quanto
qua nto pel pelo o queque rep resentou par
representou para a a con st1tu1çao e o des
constituição envolvi-
desenvolvi­
m
me ento
nto da "grande
"gr and e lavoura”.
lav our a". To dos
Todos rec onh
reconhecemece m que
que o pro gre
progressosso
de São
de São PauPaulo lo é um pro produto
duto da exp ansão agr
expansão ícola do séc
agrícola ulo XI
século X, ee
XIX,
que ela
que ela memesmasma ser seria oncebível sem o neg
inconcebível
ia inc negroro esc ravo. No entanto,
escravo. entanto,
supõe-se
supõe-se que isso éé verdadeiro verdadeiro no sentido sentido mais simples: de que
mais simples: que aos aos
negros
negros coubera
coubera a par partete do age agente passivo, do rude
nte passivo, rude e m muudo instru.
do instru­
mento
rnento de trabalho,
trab alh o, inexpressivo
ine xpr ess ivo com
como o fato
fatorr his tóri co.
histórico. Rac ioc ina
Raciocinan- n-
do-se
do-se desdestata maneira,
ma nei ra, perde-se
per de- se de vis
vista ta que
que a esc rav idã
escravidão, o, com
como o ins
ins­-
tituição
tituiçã o social,
soc ial, se articulava
arti cul ava dinam
din âm ica me
icam nte
ente com o sist em
sistema a eco nô-
econô­
mico
mico de que fazia
faz ia parte;
par te; se era por
p o r êle det erm
determ ina da,
inada, rea
reagiagia sôb
sôbrere
êle
êle porpor sua vez,
vez , e o determinava.
det erm ina va. Tal
Talvezvez em bem pou cas
poucas situ açõ
situações es
histórico-sociais
históri co. soc iais se poderá
pod erá apreciar
apr eci ar a esc rav idã
escravidão o ope ran
operandodo com
como o um
um
“fator
''fator socsocial
ia1 construtivo”,
con stru tivo '', com
como o na fas
fase e do des env
desenvolvimolv ime nto
ento da
da eco
eco­ -
nom
nomiaia paulista
paulista que que ora nos preocupa.
nos preocupa.
Graças
Gra ças às tran transformações
sformações operadas operadas nas rela ções de
relações trabalho, 0o
de trabalho,
negro
neg nara-se, no dec
tornara-se,
ro tor decorrer
orrer do sér ulo XV
século Ill, com
XVIII, como vimos, o
o vimos, o pri n-
prin­
cipal
cip instrum
al ins trumeentonto da pro dução agr
produção agrícola. Todavia, est
ícola. Todavia, a ten
esta dia ine
tendia ine­-
vitavelmente
vitàvel me nte para
par a o padrão
pad rão da “agricultura
''ag ricu ltur a de
de sub sist ênc
subsistência”,ia" , um
um pou
pou­ -
co alargada
co alarga da pelo
pel o comércio
com érc io de gêneros
gên ero s nas
nas min as,
minas, ao lon
longogo de
de alg
algunsum
caminhos
caminhos e nos pou poucos
cos mercados
merc.ados con sumidores com
consumidores com que que con tavam
contavam
os pau
os paulistas. (50).). Ess
listas. (50 Essas condições
as con dições cor correspondiam favoràvelmente ao
respondiam favoravelmente ao
intercâmbio
inte rcâmbio com as min minas,
as, poipois in1 as lav
assim
s ass ouras não
lavouras não atra íam mu
atraíam itos
muitos
braços
braços escravos,
esa-avos, limitando-se
limitando-se a absorver absorver os ele elementos residuais ou
mentos residuais ou
os excessos
os excessos de mão
mã o de
de obra.
obr a. À
À medida
me did a que
que a pro duç
produção ão aur ífer
aurífera a
declina,
declina , porém,
por ém , observa-se,
obs erv a-s e, a partir
par tir do terc eiro
terceiro qua rtel
quartel dês se
dêsse séc ulo
século, ,
um
11mprogressivo
progressivo aum aumentoento da pop população
ulação livre ligado com
escrava, ligado
livre e escrava, com os os
deslocamentos
deslocament os demográficos
dem ogr áfic os produzidos
pro duz ido s pel
pela a cris
crisee da min era
mineração.ção .
Ocorre
Oc o1T e então
ent ão um fenômeno
fen ôm eno curioso.
cur ios o. O número
núm ero de
de esc rav
escravos os se
se eJe
elevava
constantemente,
constantemente, em flagrante flagrante desproporção
desproporção com exigências limi­
com as exigências Jimi-
tadas
tadas de de umuma a “agricultura
"agricultura de sub sistência", cujas
subsistência”, cujas sob ras já não
sobras não po­ po•
deriam
deriam con contar
tar com
com grandes
gra nde s possibilidades
pos sib ilid ade s de esc oam ent
escoamento. o. As sim
Assim, , os
os
escravos
escravos tornaram-se
tor nar am se
.. onerosos
one ros os para
par a os sen hor
senhores, es, sem
sem que
que se
se of ere
ofere­ -
cesse,
cesse, nos
nos quadros
qua dro s da economia
eco nom ia de
de ênc
subsistência
sub sist ia vig ent
vigente,e, um
um cor reti
corretivo vo
natural
nat ura l para
par a o desequilíbrio,
des equ ilíb rio , ao contrário
con trár io do
do que
que suc ede
sucedera ra nos
nos fin
fins s
do
do século
século XVIXVI ee começos
começos do século século XVIIXVII com referência ao
com referência escravo
ao escravo
indígena. Os escravos negros
indígena. Os escravos negros representavam representavam imobilização de
uma imobilização
uma de

r
e _(,<>) ^Sôbre
Sôbre a situzçio
sitv~çlo. da economia paulista
dt economia fio, do
paulista nos fins XVIII, cf-
Rado XVIII,
do século cf. ;Ma nuel
Manuel
ca/d o » 0 de
de Ab~
Abreu, Divertimento
eu, D,., trl,mmto admirável
lld111irJ11el(do cumeoro .rel
(documento ativo a 178
relativo 0, rrao
1780, scnco pol
transcrito por
cu., rol.
Sf'. ld0$
Sunonsen,
1111oasea, op.
os,. cit., yoJ. J,
I, páp . 3J1-
pág*. 354) •
351-354).
RELA ÇÕES RAC
RELAÇÕES IAIS ENTR
RACIAIS ENTREE NEGR
NEGROS BRANCOS
OS E BRAN EM SÃO
COS EM SAO PAUL
PAULOO 29
29

capi tal, apre


capital, ciável em f~ce
apreciável face da estaestagnação
gn~ção ec_! econômica,
)n~mi~, e d~v davam origem
am orig em
a desp esas, cons
despesas, ideráveis para
consideráveis para as crrc circunstâncias,
unstanc1as, mve invertidas
rtidas em sua
alim entação e cons
alimentação conservação
ervação ((51)*51
). • • • • •
f.sse
Êsse dese quilíbrio, que_
desequilíbrio, que resu
resultava
ltava da 1n~ incompatibilidade
o~pat1b1~!da~e exis existente
tente
entr
entree as proP orções assu
proporções assumidas
midas pela pela escr
escravidão
av1dao e a .“agricultura
agricultura de de
subs istência", só se corr
subsistência”, igiria pela
corrigiria evolução
pela evol ução no sent sentidoido da '_'gr “grandeai_ide
lavo ura''. A escr
lavoura”. avidão agia
escravidão agia,, port
portanto,
anto, com como o um um fato fator histórico,
r h1st ónco,
oper ando dent
operando dentroro da soci edade com
sociedade comoo um agen agente
t~ ~e de desa
desagregação
~egação do do
antig
antigo o siste ma econ
sistema õ~ico e com
econômico como um a cond
o uma condição
1~ao fav~ favorável
ra~el à à for-
for­
maç
mação ão de um um tipotipo mais
mais comcomplexo
plexo de expl exploração
oraçao econ econômica.
om1?1· Con Con­ •
tudo
tudo,, vári os obst
vários áculos se opun
obstáculos opunhamham a esta esta tran
transformação;
sf 011naçao; entr entree
êles
êles,, cum pre enum
cumpre enumerar
erar os mais mais imp importantes:
ortantes: 1) a agri
l) agricultura
cultura não não
era
era enca rada pelo
encarada peloss bran cos, tanto
brancos, tanto os desc descendentes
endentes dos dos antig
antigos os pau- pau­
lista
listass quan to os imig
quanto rantes port
imigrantes portuguêses,
uguêses, com como o umaum a ativiatividade
dade soci social
al
nobi litante e fàcil
nobilitante mente rend
facilmente osa (52); 2) mantinham-se
rendosa mantinham-se as técnicas técnicas
agrí colas antiq
agrícolas uadas e o seu ritm
antiquadas ritmoo de aplicaplicação
ação resu resultante
ltante da pro- pro­
duçã
dução o para
para subs istência (53);
subsistência (53); 3) as vias vias de comunicação,
comunicação, consti­ consti-
tuíd as por
tuídas por estra das que
estradas que seria
seriamm ante antes “escavações
s "esc avações de trab trabalhoso
alhoso trân trân•­
sito"
sito”,, não
não com portavam senã
comportavam senão o o pequpequenoeno mov movimento
imento do do acanacanhado
hado
com ércio de gêne
comércio ros ((54);
gêneros 54); 4) e, por por fim,
fim, o círcu
círculo vicioso
lo vicio so queque surg surgee
quan
quando do se se pret ende, no terce
pretende, iro quar
terceiro quartel
tel do sécu século lo XV X VIII,III, inici
iniciar
ar
uma
um a econ omia de troc
economia a: ou não
troca: não exisexistem excessos
tetn exce ssos de prod produtos
utos para para
expo rtação ou,
exportação ou, quan
quandodo êles
êles apar ecem, não
aparecem, não exis
existem
tem com compradpradores
ores e os
entr aves colo
entraves niais prej
coloniais udicam o com
prejudicam comércio
ércio dos dos artig
artigos 55 ).
os ((55). T ais obs-
Tais obs­
tácu los nasc
táculos iam das próp
nasciam rias cond
próprias ições da
condições da ''agr
“agricultura
icultura de subs subsis­
is-
tênc ia'' ee esta
tência” vam dest
estavam inados a desa
destinados desaparecer
parecer aos pouc poucos, os, à med m edida
ida que que
aque las cond
aquelas ições se tran
condições sformassem e se ajus
transformassem ajustassem
tassetn ao regi regimmee eco-eco­
nôm ico da ''gra
nômico nde lavo
“grande ura''. Entr
lavoura”. etanto,
E ntretanto, q u ando
qua ndo surg surgiram
iram. as
(51) Segu
(,1) ndo um
Segundo um docum ento relati
documento vo 2a 1768, só para vestir
relativo vestir o escra
escravo
vo o senhorr devia
senho devia
gastar
gastar 3$480
3*480 por
por ano
ano (apud
(apud Robe rto C. Simo
Roberto nsen, op.
Simonsen, op. cit.,
cit., vol.
vol. 1,
I, pág.
pág. 368).
368). O trab2l
trabalho
agrlco ho
la do
agrícola do escrav o nlo
escravo n io ocasio nava nenhu
ocasionava nenhumama comp
compensação econômica
ensaçlo econô atrativa
mica ~trati va e oo tornav
tornava a.
nas condi ções da econo
nas condições da economia de subsis mia tência de
subsistência dc então
então, uma fonte
t uma fonte de prejuí
prejuízo (cf. espec
especial’
mente Afonso de E. Taunay,
mente Afons o de E. Tauna v, História da Cidade de S Paulo,
llíst/J rid da Cidade de S.. Pdulo, vol. y o Í. 1,
I, 2,
zo (cf.
2* pane.
parte, páe.
ial:
147)
pá~. - 147).
(52) Cf.
(S2) esp. F. J.
Cf. esp. J de Lacer
Lacerdada e Alme Almeida, ida, op.op. cit.,
cit., pigs.
págs. 86-87 ).
86-87;; J. J. Mach
Machadoado dê
de
Oliveira,
Olive ira, op_. op. cit.,
cit., pá.g.
pág. 246; 246; Afon
Afonso so de E. Tauna Taunay, y, op. op. cit.,
cit., vol.
vol. I, 2• 2 » parte,
parte, pág.pág. 88 88
(dado
(dados s r~lat, vos a 1766
relativos 1766 e 1767 1767,, no govêr govêrno no do Morg Morgadoado de Mateu M ateus).
s). J. Ma"Q
Mawe.·eafirm
afirma a que
que
se_ consi
se derava a lavou
considerava lavoura, ra, em S. Paulo Paulo, , como
como uma uma "ocup
"ocupação
ação vil vil e degra
degradante" (op cit.cit
bandeirantes
dante" (op.
pàg.
pág. 82).82). Era Era umauma conse qüência da valorização
conseqüência valorização das ativid atividades
ades dos banàeirantts e do fas: fas-
cio.ia exerc jdo pela
cimo exercido pela mineração. miner açlo.
(53)
(53) Cf.Cf.esp. esp.A. A. dede E.E. Tauna y. op.
Taunay, op. cit., vol. II,II, l•1 % parte,
cit., vol. págs. 15-17
parte, pág,. 15*17 (cf.(cf. nota
nota
anteri or).
anterior). Sôbre Sôbre as ricnic as de
técnicas dc produçãoprodu çlo e conservação
conservaçio dos produtos
dos produtos agrícolas,
agrícolas, conhe conheci-
ci-
das em S. Paulo nessa época e princípios do século XIX, confo
Ensaio dum Quadro Estatístico da Província de S. Paulo ordenado pelas leis pro
w 5„era « Paul° ncssa época e PfincíP ^ s do século X IX , rme Mare
conforme chal Danie
Marechal Daniel Pedro
l Pedro
Mülle
Muller, r, Ensai o dum Q,,ad ,o Eslall stico d4 Pro21íncia dt S. PtJuln ordena.do ptlaj leis pro•-
£* JJ d* *$ril de m (>> * *0 d* ™arço de 1837
f!incíais dt 11 dt ab,il dt 1836, , 10 d, mtWfO à~ 1837,, reedição reedição liceca "O Estado
l, "O
liceralt Estado dc de
ò,
S, Paulo '', São
Paulo , Sao Paulo, Paulo . 1923, págs. 24•30 .
pags. 24-30, Os viajan viajantes também
tes també m deixa deixaram
ram descrdescrições
i<:ões dos dos
proce sso!
processos 211ríc olas; cf.
agrícolas; cf. espec ialmente
especialmente J.J. Mawe
Mawe, op. cit.,
, op. cit., págs.
págs. 82*83
82·83 ee 91.9 l. -
• (54)
(54) Sôbre os aspec tos
Sôbre os aspectos da vida da vida econô mica de S. Paulo
econômica aqui consi
considerados, inclusive
Paulo aqui ive aa
Memória
derados. inclus
s1tua çlo das
situaçao vias de
das vias comunicação,
de comunicação, cf. Antôn
Antônio io Rodri
Rodrigues
gues Vello Vellozo
zo de Oliveira,
sobre melhoramento da Província de São Paulo, aplicável em grande parte tôdas as
Oliveira M~mórid
Jôb,, mtlhoramnzlo "" P,oi-ln,ia de São Paulo, aplicáv~l nn grandt parte ~d t6da, tU
outras' províncias do Brasil,
º"''"
D.. JoJo
p,ovlncÍdJ do Brasil, Tipog rafia
Tipografia Nacional,
Nacio nal, Rio
Rio de Janeiro,
Janeiro, 1822 (ofere (oferecida
cida a
a
D João VI VI em em 1810),
1810). Parte Parte li cap. III.
II cap. III. A cit ação
citaçã o no no texto
texto foi foi extraída
extraída de de D D.. P .
P.
Müll~
ul r, . op.°P- cit.,
Clt*> pág. 103. Cf. a,nda ainda R -.. C. C. Simonsen,
Simonsen 1 op. op. cit.,
cit., págs.
págs. 356-361.
356-;61.
J• J tSS> } l
Cf. esp.
esp‘ A. A' dc de Tauna
Taunây> y, op. °P- cit..c,t .• vol.
vol. I. I, 2•2» parte
parte,, págs.
págs. 140-146,
140-146, e vol. II, n.
?arte, páp.
f parte, págs. 17·1817*18 e 23; J. J. J. Machado
Machado de Oliveira, Oliveira. op. cit., págs. págs, 283*284
283·284 e * 299-
299-303303.*
INQUÉRITO UNESCO
INQUtRITO UNESC q..ANwi?frDi
ANUb•r
so • l l:.L1+ n1
--
. •
primeiras tendências para
tendências para a organização
organização da
da produção
produção agrícoJ
agrícola
pr1me1ras
exportação,
ex Porlaç ,
èsses
ão êsses obstáculos
.
. .
obstáculos se erigiram
erigiram em
A pressao
em po
d
erosas barreir
poderosas
- mo d·r·
a Para
barreira® à
as x
) .,,
evolução
evo uçao
do
do sistema
sistema econômico.
econômico.d A pressão
••
•cadora
modificadora
i exe .
exerrL
reida
la isaavidão
pela escravidão produziu
produziu resulta
resultados os pos1t1vos
positivos porque
porque ela ela se associav
associa"
ium
a um conjunto
conjunto de fatores
fatores que operavam no
que operavam no mesmo
mesmo sentido.
sentido })ª
n
lado, deve-se considerar
um lado considerar que que a procura
procura de de certos
certos artigos
artigos trop·
tropirlf -.e
um , , 1 d""' •~.alS
d uzl·dos no
produzidos
pro no Brasil como o açucar,
Brasil,, como açucar, o aalgodão
,.,go ao e o• cafécafé,' aume
aumentantara*
no exterior.
.Õo exterior. De outro,
outro, que processos ?ªº
que processos nao me?os
menos importantes
importantes om? ocnr..
reram
era m concomitantemente
concomitantemente na na economia
economia paulista:paulista: 1) I) duas
duas pr prod d
r , ó • d. ,,,,, o u-
ções foram
foram selecionadas,
selecionadas, graçasgraças as às .pr prias con
próprias içoes favoráveis
condições favoráveis dd
tabilidade ao meio
adaptabilidade
dap meio físico ambiente
ambiente e de de exploração
exploração econoJ\
econômir» . =ie
a
_- a da da cana de açúcar
cana de açúcar e a do
d o ca
café
·1íb • econom1co
(56); 2)
f,e (56) ; 2) a aceuação•
aceitação da
" • se impunha

rnrca
da lavou/
lavo
ura
como
C omo fonte
fonte de
de renda
renda e de equ1
equilíbrio
1 rio econômico
. impunha i-
irresif .
.....es1s-
dve lmen te, já
tlvelmente, já que
que a gente d
gente dee pro 1
prol preten
pretendiad 1a manter
manter a todo todo custo
custo o
0
abastado padrão
abastado padrão de vida
vida ao ao qual
qual se acostumara
acostumara no no período
período prósppróspe
da mineração, o que nao,,,, pod ena. ser consegui .d o, 1n • d ef inidamê
. ero
mineração, que não poderia ser conseguido, indefinidamente
• """ . d 1 __ n te,
mediante
mediante as ficções f1cçoes proporciona
proporcionadas as pela
pe a consagraçao
consagração e abuso abuso d ’
crédito
aédito 57).
((57). ^ -O
°
É
1:, impossível dispensar
dispensar maior
maior atenção
atenção às condições
condições econôrni
econômica
da transição
da transição da "agncu · 1tora d
“agricultura dee su b s1st
· ênc1a
subsistência”• '' para “grande cas
para a "grande la. \a
voura” etn
voura" em São Paulo.
Paulo. O fato relevante é que
fato relevante que essa tendência,
tendência, inci.
ind
piente nas
nas duas
duas últimas
últimas décadas
décadas do século XVIII,
do século XVIII, torna-se
torna-se progressi.
progressi"
vãmente avassaladora.
vamente avassaladora. Como Como conseqüência,
conseqüência, modifica-se
modifica-se a correlação
correlação
fatores soaa1s
dos fatores sociais
· • e a ''“grande
gran de 1 lavoura”, produto
avoura '' , pro d uto d das condições
as condições
econômicas anteriores,
econômicas anteriores, reage
reage sôbre
sôbre elas
elas e as transforma.
transforma. Elabora-se
Elabora-se
então estrutura do novo
então a estrutura novo mundo
mundo social,
social, em que o negro
em que negro e os seus
descendentes mestiços
descendentes mestiços viriam viriam a ser, durante quase um
durante quase um século,
século 01 os
únicos agentes
únicos agentes do trabalho
trabalho escravo
escravo e os principais artífices da pro-
principais artífices pro­
dução agrícola. A
dução agrícola. A fase de prosperidade
prosperidade econômica
econômica que inicia, a
que se inicia,
(56) A cana
<,6) cana de açúcar
açúaat desenvolveu-se
deSfflvolveu-se melhorm elhor e mais m ais ràpidamenre
ràpidam entc na zona do Oeste
paulista,
paulista, onde já ;á daria margem
matgem a algum comérciocomércio ppor o r volta
volta de 1760,1760, enquanto
enquanto que o café cafi
ioício, se
no início, se expandiu
expandiu com maior
maior intensidade
intensidade no n o litoral paulista e no Vale
litoral paulista Vale do Paraíba:
Paraíba!
condições de seJeçio
Sôbre as condições seleção dos dois produtos
produtos nas nas lavouras
lavouras paulistas,
paulistas, cf. especialmente:
especialmente:
a) quanto ao açúcar,
•> açúcar, Afonso de E. Taunay, op. cit., vol.
E. Taunay, vol. I, I• 1* parte, págs. 142 e 146 ee
parte, págs.
rol. II,
vol. II, 2•
2* parte,
parte, pág. 17. As perspectivas
perspectivas de exportaçãoexportação do açúcar para o Reino ji
açú car para já
começam aa_ ser txaminadas
examinadas sob o govêrno
govêrno do Morgado M orgado de Mateus M ateus ((em 1768); o aumento
em 1768);
da produção
produção se fez paulatinamente,
paulatinamente, mas mas na últimaúltim a década
década do século XXVIII
d o século V III osos entraves
entraves
opostos pela JegisJaçção
OJ)Ostos legishççio colonial começam a ser
colonial começam com batidos. SóSó em
ser combatidos. 1808, graças
em 1808, graças ao ao ato
ato
abertura dos
da a/Jn1ura dos portos,
portos, ~é que a situação
situação se modificou
m odificou definitivamente,
definitivam ente, proporcionando
proporcionando me- me•
lbores
üiores condições de exportaçio
exportação para
para a produção açucareira de S. Paulo
p ro d u ção açucareira (cf. J. }.
P au lo (cf. J. Machado
de Oliveira, op. cit., págs. 283·303); 283-303); b) b) quanto
q u an to ao café,café, cf. Afonso
A fonso de E. Taunay,Taunay, Hít• His­
toria do
1ó,,í11 do Cll{I
Café 110
no Brasil,
Brasil, edição
edição do Departamento
D epartam ento do Café, Rio
d o Café, R io de Janeiro,
Jan eiro , 1939, tomotomo II,
passim. A ^ produçio
produção e a exportaçio
exportação dêste
dêste produto
p ro d u to tinham
tin h a m pequena
p eq u en a importância
im portância na última
decada do século XVIII,
dée2da X V III, mas se desenvolveram com tal rapidez, que qu e antes do meado.meado do
lé<:uJo
•eculo seguinte já deslocara o açúcar
;á deslocara açúcar da situação de produto
da situação p ro d u to principal
p rin c ip a l da economia
econom ia pauhsca
paulista
(ct.
(cf. t,p. de E.
e*p.;_~ A. d~ E. Taunay, op. dr •• tomo
cit., tom o III, pág.p ág. 31 e sts.; A lfred o EJHs
sts.; .AJfredo Jr.,
Ellis Jr.! 0
O. Café
Café
« "a PM1/iit11t1i11,
1
raultt tanta, Boletim 141 da Faculdade
Boletim 141 Faculdade de Filosofia,
Filosofia, Ciências
C iências ee LetrasLetras dada Universidade
Universidade
de S. Pau,lo. 1" I, paree li, cap. III) .
/<■£ £ 1 9 5 I f pane If- ,caP- n o .
0( 77)) Cf. os dados relativos
relativos à conduta
conduta dos "paulisras"p au listas abastados", contidos em do,,
ab astad o s”, conridos do-
CWDentos
cwmwto* de d~ 1766-1768, expostos por
1766-1768, expostos (H istória da
T aun ay (História
p o r Taunay da Cidade
Cidade de de S.S. Paulo,
Paulo, vol. I,
:=t 105-106 fe vo1.
t r 0! ? vpigs. 125*106
e o s>atte, voL nII,» l•
** parte, págs. págs. 21-23;
re_ luxo da "1et1te brinca" , 01 demai1 coinpon,aite, da população, que
21·23; êste êste aautor
u to r salienta c~.nuasi:e
salienta oo. contraste
viviam cm
condiçõesUde
coridtções de aor4,el rAiskia). Ué*™ *” 9 °* c<JínP onÇ

'
\

R.ELAÇõES
RELAÇÕES RACIAIS
RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E BRANCOS E~f
F. BRANCOS EM SÃO
SAO PAUl
PAULO0 4
31
51

prim eira de efeitos realmente


rimeira realmente duradouros,
duradouros, descansa
descansa de maneira m aneira li•li*
teral na exploração
trai exploração das energias
energias físicas _e.
e morais
morais do escravo negro negro.•. O
panorama econômico
panorama econômico nacional
nacional se mod1f
modifica
1ca de tal modo,modo, qu~ que o eixo
eixo
economia agrícola
da economia agrícola se desloc~
desloca do n?rte para !1
norte para o sul ~o do pais
país (para
(para
províncias do Rio
as províncias R io de Janeiro,
Janeiro, Minas
M inas Gerais
Gerais _e e Sao
São Pa~lo),
Paulo), as
quais acabariam
quais acabariam conhecidas
conhecidas como as províncias
províncias negreiras negreiras da
Nação
Nação ((58). 58).

oO desenvolvimento
desenvolvimento da ''grande “grande lavoura'',
lavoura”, porém,
porém , foi relativa-
relativa­

mente
mente lento. lento. A situação
situação em que que se encontrava
encontrava a economia economia pau-
pau­
lista, no início
início do século XIX, nada
século XIX, nada tinha
tinha de brilhante,
brilhante, de acôrdo acordo
com o testemunho
testem unho dos contemporâneos,
contemporâneos, os viajantes
viajantes principalmente.
principalm ente.
Houve, mesmo,
Houve, mesmo, quem quem se preocupasse
preocupasse com as razões
razões do mau m au estado
estado
da lavoura
lavoura e com os meios meios para
para melhorá-la
melhorá-la ((59);59 ); e Saint-Hilaire
Saint-H ilaire
pôde
pôde observar,
observar, ainda
ainda no primeiro
prim eiro quartel
quartel do século,
século, quandoq u ando o açúcar
açúcar
já contava
contava de forma forma decisiva,
decisiva, que senhores de engenho
que os senhores engenho viviam
viviam
em ''um“um estado
estado de apuros
apuros quase
quase contínuo'' 60 ).
contínuo” ((60). Mas,
Mas, em. em 1836, na
província
província de São Paulo Paulo existia:m
existiam 576 engenhos
engenhos de açúcar, açúcar, 425 disti•
disti-
lar ias de aguardente
larias aguardente e 887 fazendas
fazendas de café ((fil),
61 ), desprezando-se
desprezando-se as
explorações
explorações agrícolas agrícolas de pequena
pequena monta
m onta e as engenhocas
engenhocas de rapa• rapa-
.~ dura.
dura. O açúcar açúcar e a aguardente
aguardente forneciam,
forneciam, en1
em conjunto,
conjunto, o valor valor
mais
mais elevado
elevado na produção
produção e na exportação,
exportação, em que que representavam
representavam
mais
mais do que que o dôbro
dôbro do valor
valor alcançado
alcançado pelo
pelo café café (62).
:tsse
Êsse desenvolvimento
desenvolvimento se refletiu,
refletiu, naturalmente,
n atu ralm en te, na composição
composição
da população.
população. Os dados dados estatísticos
estatísticos que
que possuímos,
possuímos, embora
em bora mere-
m ere­
çam pequena
pequena confiança,
confiança, revelam
revelam queque a tendência
tendência ao aun1ento
au m en to da
população,
população, iniciada
iniciada nos fins do séculoséculo XVIII,
X V III, tomara
tom ara maior
m aior ímpeto.
ím peto.
O açúcar,
açúcar, a aguardente
aguardente e o café (êste (êste em menores
m enores proporções
proporções no
comêço),
comêço), atraíam
atraíam parapara São Paulo
Paulo tanto
tanto a "mão
“m ão de obra
obra escrava",
escrava”,
quanto
quanto a "gente branca”. A procura
“gente branca". procura e a importação
im portação de negros
negros
(crioulos
(crioulos ou africanos),
africanos), aumentara
aum entara sensivelmente
sensivelm ente -— nemn em poderia
p o d eria
acontecer
acontecer outra
o u tra coisa 6!).
coisa ((63). Nessa
Nessa época,
época, cada
cada fazenda absorvia de
fazenda absorvia

<.S~) . Jsso, no 1jlritJ10


Abolsciomsta ((1879*1888),
A.boüc,on,sld
‘luart?1 do.
úW"?0 <\Uart~I
1879•1888), Livraria
século _XIX
d°f. siculo
Livraria Edatõra
Editôra Leite
X IX . (e!
(cf Eva~isto
Evaristo de Morais, A
de Morais,
Ribeiro, Rio de Janeiro,
Leite R1be1ro,
A Campanha
Camp"nba
Janeiro, 1924, pág. pág. 60.
(59) Antonio
(59) Antonio Rodrigues Vellozo de Olivejra,
Rodrigues Vello20 Oliveira, op.op. cit.,
cit., passim.
passim.
CC11,1hn1n,,
é tb
(~)S L August _e d~ SaÍ
Lawertne, tomo I,I, p2g. Vol
^ Hil; " rc- Voyage
Saint-Hilanre,
pag. 260.
a*e dan*
dans l“
Observação concernente
260. Observação
Provinces
/es P,ovinces
concernente 20 ao ano
de
de Salnt-Paul
Saint,,.Paul et
ano de 1819 (cf. (cf. pág.
n de
àt Sainte-
pág. 324).
Sai,., ...
324).
(61) Daniel
Daniel P.P. Müller,
MüJler, op. op. cit.,
cit., tabela
tabela n.n. 4. pãgs. 130-132. 4, págs. 130-132,
* (62) Daniel PP. '' MMüUer,
üI,er* °P- cit., .ctabelas
op. cit- h e ia s 22 ee 3,3, pâgs. 122-129. Sôbre
págs. 122-129. produçlo ee
Sôbre aa produção
~a exportação
exportação dodo açúcar
açúcar_. em
em comparaçao
comparação com com oo café, além de
café, além Taunay (d.
de Taunay nota 53)
(cf. nota 53), ve• ve­
Jam-se
jam -se os dados fornecidos por
dados fornecidos por Paulo
Paulo R. Pestana, AA Expansão
R. Pestana, E ...:pa11sãoEconômica
Econômir" do do Estado
Estado d~ de
s í d o num Século
d o E Paulo
Sao P i (1822-1922),
c* ó , ' Sccreta[ Secretaria de Agricultura,
ia de Comércio ee Obras
Agricultura, Comércio Obras Públicas
Públicas
do Eicacfo de S. Pau!o, _São Paulo, 1923, pág. 11 e segs. Hércules Florence informa que,
pot vóka
por V<?lta
volta de í 1825, desciam
1825, S l° nas
desciam PaU‘°mulas
’ ,1923’
mulas para
paraPágó 11 C uma
Santos
Santos uma média Hércules
média Floren«
de 500
de 500 a 550 milmil arrobas que,
arrobas
_JUC2r por
de açucar P°r ano, ^ e ié consistente
an°* o0 que consistente com dados dados estatísticos
estatísticos que que possuímos
possuímos sôbresôbre a
exporr~çlo do0 produto <cf- Viagem «Flu11ial
Pfoduto (cf. « « do do Tietê
Titll aoao Amazonas
Am4'r:o,uu de 1825 "a 2829?
d~ 1825 1829, trad.
trad!
do Vise. isc. de Taunay,
Taunay, 2• 2* ed.,
ed.. Comp. Melhoramentos de S. Paulo,
Comp. Melhoramentos Paulo, 1948, pág. pág. 37).
3 7 ).
(63) J Em
escravo** exemplo,o om aior
1!25, porcxcmPl0’
? .1— maiorvalorvalorna naim importação
portação de deS. SP..aulo consistiaemem
Pauloconsistia
s
rçscravos, montante de 2
atingiam o iiaoot~Qtt
cravos, que atingiam indivíduo» (d.
..-91 iadiY!duo1
2.491 (çf. Paulo a.
Paulo R. Pc1cana,
Pestana, op. cit, cit..1
INOUt.RITO
INQUÉRITO UNESCO ANHEMBI
UNESCO
82 • ·ANffEAt81

32 ------ --------" ~ , contudo plantações em que


-----------
20 a 30 escravos, em média, média, havendo h~vendo contudo plantações
se empregavam escra,·arias superiores a 100 ou a 150 indivíduos ~~e
& 15Q indivíduos (w). em

Algumas indicações são suficientes para ilustrar as flutuações dC:


mográficas aJ>Ontadas:
~

ANO CõR
CONDIÇÃO -
.A:iO L IV R E 1 ESCRAVA
E SC R A V A TOTAL
I LIVItE TOTAL
- '
1811 ((fó)
1811 65) Branca
Branca 112.965 ._..
112.965
112.965
Parda
Parda '
44.053 10.548 54.601
54.601
Negra
Negra 3.951
. ..
37.602
- - • 41.553
41.553
Total
T otal 160.969 48.150 2097119 -
209:-119
1815 ((<*)
1815 66) Branca
Branca 115.203 - 115.203
115.203
} Parda
Parda 44.289 11.043 55.332
55.332
Negra 45.195
1

I Negra I 4.966 40.229 45.195


Total
T otal I64A5s--'--5L272=-~-2T~730
215.730 -
1836 ((67)
1836 67) Branca
Branca
Parda
Parda
172.879 1
59.454
-
14.722
172.879
74.176
Negra
Negra
Total
-----6.811
--. ...-..:
_ ..... __86.933
- _
72.211 - _....,_ 79.022
-
I T otal I 239.144 326:077
326.077

pá*. 39). S6bte


pl.K. Sôbre o período 1813-1817, cf. John Luccock, Notas
período de 1813-1817, sôbre oo Rio
N o t o 18hre Rio d,de Tn~iro
Janeiro
1e /Jllrl~s
partes #lrrídionllis
meridionais do do B_rasil
fírasil lomatf4s
tomadas duran!~
durante uma uma .~st11da
estada d_~de d~z.
dez anos
anos nesse
ness 11 ppais
4 Js, "•de
1808 "a 1818,
1808 1818, trad. Milton da S1Jva
trad. de Milton Silva Rodrigues,
Rodrigues, Liv. Martins, Rio
Liv. MartJns, Rio de de Janeiro.
Janeiro, 194 19422 ,
pág. 403.
IMI• 403. 9
(64)
(64) Para maiores especificações, por
maiores especificações, zona e tipo
por zona tipo de de produçlo agrícola, cf. A. de
p ro d u çio agrícola, dt
História do
Taunay, Hisl6ria
Taunay, do C11/
CafiI nono Brasil,
Brasil, voJ.
vol. III,
III, p~g.
pág. 67 67 ee seas.
segs.
(6S)
(65) Cf.CI. dad01
dados obridos
obtidos do conde conde da Barc.a
Barca ppor o r Eschwege (Journal von
Eschwege (/01Jrnal 1J011 Brasilien,
B,11silíen II, ll
pág. 160),
,,.,. 160). apud
apud A. Sainc-Hilaire, op. cit.,
A. Saint-Hilaire, cit., vol. I, págs.
págs. 108108 e 124• Relatório apres~nÍad~
12S; RelaJório
124-125; apresentado
â Assemó/Ji11
~ Assembléia Gn11JGeral na na Seg1,nda
Segunda SessioSessão d" da Décima
Décima Quarta Legislatura pelo
Q114rt11L~gislaJura p~lo Ministro
Ministro ~e St• Se­
cretário de
trtttl,io de Estdào
Estado dosdos J\legócios
Negócios do do Império
Império Paulino
Paulino José José S011r~s
Soares de de SDuz11,
Souza, Tjp.Tip. Nac:íooaJ,
Nacional,
Janeiro, 1870 (anexo
Rio de Janeiro,
Rio (anexo D, págs. págs. J06-l l2): A. de E. Taunay,
106-112); T aunay, História
História do do Café
Cafl 110 no
Brasil, Yol..
BrtUíl, vol, 11,
II, págs.
págs. 334•340.
334-340. N Relatório constam também
Noo R~lalórítJ também dadosdados .relativos
relativos a 1814 #•
1819, qu.e
1819, que nio
não foram utiJizados
utilizados no no te1tto.
texto.
(66) R~ist
({,6) Reise in in Br1J.Silíe11
Brasilien 411/ auf B~f~hl
Befehl Sr. Sr. M11jestâl
Majestãt Maximj/ían
Maximilian Joseph Joseph I.I . Kõnigs
Kõnigs 110• von
Baiern in
&úwn den Jabren
in den Jabrm 18171817 bis 1820 g~1na,h1
bí1 1820 gemacht und und beschrieben
btschri~óm von 110n Dr. Joh. B11p1.
Dr. /oh, Bapt . von Spix
110n Spi~
und
11ndD,, Dr, útrl
Carl Fried,.
Friedr. Phil, von Martius,
Phil,, i·on MtJrtius, 1? voJ., gedruckt
J9 vol., gedruckt bei Lindauer,
bei M. Lindauer, Münchea,
Münchcn,
1823, inis.
1823, pígs. 238·239.
238-239. :e preciso notar
fi preciso notar que foram feitas
que foram aJgumas
feitas algum correções em certas
as correções certas somas.
Neste trabalho
N~su trabalho nãonão foram
foram expostos
expostos os dadosdados relativos
relativos a 1816, contidos contidos em Antonio Antonio Rodrí•
Rodri*
l:Jn VeJlozo de Oliveira,
gues Ve.JJozo Oliveira, A A Igreja
/gr~ia dodo Brasil
Brasil (in
( in .. Revjsta Trim
"Revista TrimensaJ
ensal do Instituto
Instituto Histórico,
Geográfico ee Ernosrálico
Geosráf,ro Etnográfico do BrasiJ'', tomo XXIX,
Brasil", tomo parte 1*.
X X IX , parte 1•. Rio Janeiro, 1866, pá~.
Rio de Janeiro, págs.
159•199;
159-199; cf. d. map.a
mapa n. 3), 3)» por
por ser ser dispensável;
dispensável; nem nem os do do tecen.seamcnto
recenseamento de 1822, no quaJ qual
•$e cometeram muitas muitas confusões
confusões (cf. (cf. Paulo
Paulo R. R. Pestana,
Pestana, op op... cit., págs.
págs. 3•4).
3-4).
(67)
!6 7J Daniel Daniel P. Müller,
P. M~Uer, op. cit.,
op. cit.,
págs.págs. 154-169.
1S4-169. Nos Ncotais
o s totais
ex~t~s,expostos
foramforamexduí~o~excluídos
12_S índios, oo que
825 !ndios, qu~ elevaria populaçio tot2l
eJeva,,a a popuJação capitania para
total da capitania 1ndav1duos. A. _S~Jn~
para 326.902 indivíduos.
niia;re top.
H~J2.zre (op. cil.,
cit., pág.
pág. 125)
12S) apresenta
apresenta taistais dado.s
dados como referentes a 1838,
como referentes Daniel r.
1838, e DanJel r.
Kid~tl,
!# m*n*tc*nc*** d,
c Cfii Remini1rê,11.i11s d* Viagens
Viagens ee Permtmln(Ía
Permanência no no Brasil
Brasil (Rio
(Rio de de /an~i,o
Janeiro 'e Pr P™?0." 1"'"'*
d,e S.ò. P_®lll),
Paulo), Compreendendo
Cqmpru11dendo Nolldas Notícias Históricas
llistóritas eI Geográficas
Geográficas do Império ee dtde Dwt,idJ
do Império *®n'er
ttíãtiTOf**'
Pr°'1ne,as, crad.
tt 1at,yo, a 1839 1839*/! ^
de M. N. Vasconcelos,
Va,conccJo,, iiv. L.iv• .Ma.reias, S*
Maicias, S• Pauio, .Pau.lo, 1940» ~~,>,,omo
1940, páJ. 295 )> com0
RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇOES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E BRANCOS
BRANCOS E~I
EM SÃO
SÀO P,\ULO
PAULO 33
33

Saint-Hilaire tentou
Saint-Hilaire tentou explicar
explicar o desenvolvimento
desenvolvimento da população
população
paulista compreendido
pau1ista compreendido entre entre 1811 e 1836 (o'? (ou 1813 e 1838!1838, como
como
delimitou, par
delimitou, por lapso);
lapso); interessa-nos,
interessa-nos, em particular,
particular, a relaça~
relação que
que
êsse cientista-viajante
cientista-viajante descobriu
descobriu entre
entre o aumento população es-
aumento da populaçao es­
crava e a lavoura
lavoura do açúcar açúcar na zona central
central do Estado:
Estado: o desen•
desen­
volvimento da produção
volvimento produção açucareira
açucareira fez-se
fez-se acompanh~r
acom panhar d~ de um
um aumen•
aum en­
população de c~r
to da população côr negra
negra e escrava,
escrava, o qual
qual foi
foi mais
mais acentu~do
acentuado
regiões em que
nas regiões que os moradores
moradores ou povoadores
povoadores brancos
brancos possu1am
possuíam
maiores
maiores recursos
recursos (6 (68).
8 ). As estatísticas
estatísticas de . Daniel
Daniel P. Muller
M uller deixam
deixam ~

patente que
patente que o mesmo
mesmo fenômeno
fenômeno se repetia,
repetia, em proporçoes
proporções menores,
menores,
na zona nortenorte do Estado,
Estado, graças
graças à incipiente
incipiente produção
produção cafeeira.
cafeeira.
Em suma,
E01 suma, a expansão
expansão da ''grande “grande ..lavoura''
lavoura” refletiu-se
refletiu-se diretamente
diretam ente
na composição
composição da população
população escrava, provocando,
provocando, de modo modo bem
nítido
nítido a partir
partir do primeiro decênio do século,
prim eiro decênio século, unta
um a elevação
elevação pro-
pro­
gressiva na importação
importação de escravos negros negros (crioulos
(crioulos e africanos) 69 ).
africanos) ((69).
Os dados
dados aqui
aqui expostos,
expostos, considerando-se
considerando-se também
também os relativos
relativos a 1797
(cf. pg. 449), permitem
perm item registrar
registrar que
que a média
média de aun1ento
aum ento anual
anual da
• População
população escrava, com referência referência ao elemento
elem ento negro,
negro, cresce con• con­
tinuamente,
tinuamente, tornando-se
tornando-se êsse crescimento
crescimento verdadeiramente
verdadeiram ente apre--apre­
ciável
ciável depois
depois de 1815.
O processo
processo econômico,
econômico, que que foi tão sumàriaD1ente
sum ariam ente exposto
exposto nasnas
páginas
páginas precedentes,
precedentes, repercutiu
repercutiu de duas duas maneiras
m aneiras distintas
distintas na
n a cons-
cons­
tituição
tituição do agnipamento
agrupam ento social, que que é objeto
objeto de nossa
nossa análise
análise —- a
cidade
cidade de São Paulo.Paulo. Primeiro,
Primeiro, porque
porque as tendências
tendências agrícolas
agrícolas se
fizeram sentir
fizeram sentir também
tam bém no no seio de sua sua população;
população; muitos
m uitos dos
dos seus
moradores,
moradores, inclusive
inclusive os que que não
não residiam
residiam nas freguesias
freguesias mais
mais af as-
afas­
tadas
tadas (como
(como as dos Guarulhos,
Guarulhos, Nossa Senhora do õ,
Nossa Senhora ó , Cutia,
C utia, Juqueri,
Ju q u eri,
etc.),
etc.), dedicavam-se
dedicavam-se a atividades
atividades agrícolas, mesmo à plantação
agrícolas, mesmo plantação da
cana
cana de açúcar
açúcar e do café, café, como
como testemunham viajantes e é do-
testem unham os viajantes do­
cumentado
cum entado pelas pelas estatísticas
estatísticas (70). Segundo,
Segundo, porque
porque a expansão
expansão

(68) Cf*
(68) Cf. A.
A* Saint-lliJaire.
Saint-Hilaire, op.op. cit.,
cit., páRs.
págs. 126-131, quanto à.
126-131, quanto à populaçio
populaçSo considerada
considerada
como um todo,
como
zona referida
rona
todo, e 337-341,
referida (ltu.
337-341, 363•
Põrto Feliz
(Itu, Pôrto

364, 412-413,
363-364,
Feliz e ltape1jninga).
Itapetininga).
quanto a centros
12-413, quanto ccntros de producão agrícola na
produção agrícola
- -
na

(69) Seri.a conveniente


(69) Seria conveniente observar: a)
observar: a) as estatísticas,
estatísticas, a partir
partir de permitem sepuar
de 1836, permitem separar
negros crioulos
os negros crioulos dos
dos n.:gros
negros afrjcano5; b)
africanos; b) Parece
Parece que principal fonte
que a principal fonte dedc aumento
aumento da
populaç!o
população eS<.·rava consistia, ness
escrava consi~1ia. nessaa época,
época, na importação
jmportaçlo de escravos,
escravos, diretamente
diretamente do Rio
do Rio
de Janeiro
de Janeiro ou ou atrav~s pôrto de Santos;
através do põrto c
Santos; e)) O leitor
leitor interessado
interessado encontrará
encontrará eraem Samuel
Samuel
.ri.
rs. Lowrie (op. cit.,
Lowrie (op. cxt., pág.
pág. 10 e acgs.),
segs.), uma
uma análise
análise estatística
estatística do desenvolvimento da po-
do desenvolvimento po­
pulação negra em
pulaçlo ne11a Piulo, inclusive
em S. Paulo, inclusive nono período
período em em questão.
questão.
(70) Entre os vjajaoces, a principal é
fonte é o livro
principal fonte livro de Mawe
Mawe (op.(op. cit.,
cit., págs.
págs. 83-85
e 88-89),
88-89), seguindo•se-lhe Saint-Hilaire, (op,
scgumdo-sc-lhe Saint,Hilaire, vol. I, pãgs..
(op. cit., vol. págs. 247, 291-297 e 322·327).
247, 291-297 322-327).
indicações, com
Outras .indicações,
Outras com referência
referência ao período
periodo contiderado,
considerado, se encontram
encontram nas seguintes obras:
nas seguintes obras*
Gus!avo
Gustavo __Deyer, Ligeiras notas de viagem do Rio de Janeiro â Capitania de São Paulo,
Beyer, Ugti,as nalas d, viagem do Rio de /anti,o à Capitania dt São Paulo,
no Brasil,
no Brasil, no
no .,,,ão
verao dede 1813,
1813, com
com alsum"s
algumas notl,ias
noticias sdbrt
sôbre aa cidadt1
cidade da
da Bal1í"
Bahia ee da ilha
ilha T,is•
Tris•
l.ao,.ia
tão - b e ~nlrt
do Cunha, wnlre o° Cabo
Cabo te o0 Brasil
Hr11silee t/Ut
<iue há
há pouco
t>ouc° foi
foi ocupada,
ocupada, rrad.
rrad. de
de A.
A. Lõf 1ren
Lõfgren.
in Revista do lnst!tuto
m "Revista Instituto 1Iis~6rico
Histórico e Gc<?gráfi~o", vol. XII,
Geográfico", vol. XII, tomo
tomo de 1907, S. Paulo,
de 1907, Pauto 1908:
1908,
~igs.
págs. 2?1·292;
291-292; Daniel Kidder, op. cit.,
Daniel P. K1dder, cit., pags, Kidder e J. C. Fletcher,
págs. 197-204; D. P. Kiddcr Fletcher,
j í• os
Í(1L Brasil °c B,asilei,01
BJ as,J f ’r°s (E.sbôço
íEsbôço llistó,í,o
Histórico ee Dtsc,ititJo,
Descritivo, trad.
trad. de
de E. Doli3.niti. revisão e
D olianiti, revisão e
notas de ,E- E. DS.
S- de Mendonça.
Mendonça, Companhia
Companhia Edit6ra Nacional, S. Paulo,
Editôra Nacional, vol. li.
1941, vol.
Paulo, 1941, II. pâgs.
págs.
131-132; J. B.
131-132: ~. voo Spix e C"
von Spix C. F. P. Viagem p,lo
Martius, Viagem
P. von Martius, pelo Brasil,
Brasil, trad.
trad. de D . F. Lah-
de D. Lah-
meyer e revislo
revisio dede B.B. F. Bam.iz Galvão e B. de Magalbits,
Raxtxiz Galvão Imprensa Nacional,
Magalhães, Imprensa Nacional, Rio
Rio d9d«
INQUtRITo
INQUP.RITO UNEsco.,~NJJb
UNESCO-ANTIEM bi
r ..\f n1

agrícola
agrícola da zonazona central
centra! do estado estado criou criou novas condições p
novas condições Par
desenvoh·imento
desenvolvimento do comércio · na c1 .dade ddee s~
cidade ao p
São au Jo. A prod
Paulo. ara ..o
prodi*-0
daquela
daquela .zona
zona (ao contrário
contrário da do vale do Paraíba, Paraíba, subsidiár• tiçao
subsidiária*^0
mercado do Rio de Janeiro),
mercado Janeiro),. escoava-se pe pelo ôrto de
Io ppôrto Santos, 0ia - do
de Santos
contribuiu
contribuiu poderosamente
poderosamente para para transformar
transformar a cidade cidade de SãC:São ; que
em panto trânsito dos produtos
ponto de ti·ânsito produtos de exportação exportação ou importa importaçã~ulo
em centro • J ,,., d • cao e
centro comercial das papu açoes dee uma
populações um a parte
parte important~
im portante °hC d
Interior (71)- Essa
Interior (11). Essa comp
complicação• - d
11caçao doo s1s · t ema econom1co
sistema " ·
econômico cidadee ff o••
da cidad
ponto de partida da d ·f erenc1açao
1 . ., ocupaciona . l mais • profunda e - o1
o
0 ponto partida diferenciação ocupacional profunda 01
.
iria operar-se posteriormente,
iria posteriormente, pois entao
· ~
então começam
começam a surgir surgir as
,
a s^
que
cessidades de pro produção "" e d
d uçao dee tr?ca
troca _peru J1a~es
peculiares • urbanas ,,(ne.
a zonas urbanas S2,'
E serviu como um foco de po1ari:zaçao polarização da mao mão de obra, obra, tanto
tanto esc
escrn· ''
,, f' . ,, d rava
uanto Ji,rre.
qquanto livre. Pelo
Pelo que parece, os “ofícios”
que parece, o 1c1os eraJll esempenhado
eram desempenhados
homens
homens livres
livres mas entre entre ê stes nao
êstes ., ssó
não ó contavam
contavam os 1· 1bertos (des ppor
libertos
erência os mais• cclaros),
fferência 1aros ) , como se aabriam b riam
• ánas

vvárias perspectivas pre.
perspectivas d
aproveitamento
aproveitamento do trabalho trabalho escravo em tarefas tarefas ocasionais,
ocasionais, no art arte _e*
nato urbano principalmente
nato urbano e • • 1
pnnc1pa mente nos serviços• d om é •
sticos
domésticos da residência
residên ^
esa.
dos senhores
senhores (7,).
(73). Cla
Todavia,
Todavia, a nova fase de prosperidade prosperidade se inaugurava inaugurava sob a ée·d é?‘d
da "grande
“grande lavoura".
lavoura”. As regiões ocupadas ocupadas pela pela cidade
cidade e seu tê;• têríno -e .
010
não ofereciam ·
ofereciam con d· .,, f
1çoes favoráveis
condições á • d
avor veis ao desenvolvimento 1 ·
esenvo v1mento acentuad acentuado0
das duas produções agrícolas em que
produções agrícolas que ela se alicerçava alicerçava em te ter
ras
ras paulistas:
paulistas: a cana de açúcar açúcar e o café. Verifica-se Verifica-se isso, indiret:
indireta*
mente,
mente, pelo pelo valor
valor da produção
produção em 1836, por p o r exemplo,
exemplo, que que atingira
100:006$345, no
a J00:006$345, no distrito
distrito ee seu seu têrmo,
têrmo, apesar variedade dos
apesar da variedade dos
•, produtos
produtos explorados
explorados (café, aguardente, aguardente, chá, chá, àlgodão,
algodão, gêneros
gêneros de
subsistência,
subsistência, criação, etc.); essa soma não não chegava
chegava à metade m etade ou a um
têrço da produção
produção dos centros centros agrícolas
agrícolas principais
principais ((como como Rananat
Bananal
Lorena,
Lorena, Pindamonhangaba
Pindam onhangaba e Jacareí J acareí ou São Carlos, Mogi-Mirim e
Carlos, Mogi-Mirim
Itu),
Itu), embora
embora igualasse
igualasse ou superassesuperasse a de outros, outros, que que com o tempo tempo

Janeiro,
Janeiro, 1938,1938, vo1,
vol. I, pigs. 210-212. Segundo
págs. 210·212. Segundo as estatísticas
estatísticas de 1836, existiam
existiam na cidade
cidade
de S. Paulo têrmo alguns
Paulo e seu rirmo alguns engenhos
engenhos de distilação
distilação de aguardente,
aguardente, 2~ 24 fa2endas
fazendas de criar
aiar
e fazendas de
c 3 fazendas de c2fi
café (d.
(cf. Daniel
D.aniel P. Müller,
MüJler, op.op. cit.,
cit., pig.
pág. 310).
310).
(71) principal fonte
(71) A principal fonte para
para oo estudo
estudo do comércio
comércio em S. Paulo Paulo dosdos princípios
princípios do
século XIX
técuJo X IX é, sem dúvida,
dúvida, A. Saínt-Hilaite
Saint-Hilaire (cf.(cf. op.
op. cit., vol. 1,
cir., vol. I, págs.
págs. 247, 259, 262, 262,
275-276). Veja-se
27S-276). Veja-se tambim
também J. Mawe Mawe,1 op.op. cir., pág. 79.
cit., pág.
(72) Saint-Hilaire
(72) Saint-HiJaire deixa deixa
evidente, em suas
evidente, em suasexplanações,
explanações, o nível
que que de vida
o nível das po•
de vida das po­
puJaç~ts
pulações da cidade cidade e seu têrmo, têrmo, e a mentalidade
mentalidade que regulava a produção
que regulava produção econômica
econômica
(típicamente precapitalista), se opunham
(tipicamente precapiraJisra), opunham ao desenvolvimento
desenvolvimento da economia urbana
da economia ( cf. esp.
urbana (cf. esp.
rol.
YoJ. X I., págs. 263-264 e 288-291).
págs. 263-264 288-291}.
(73) Sôbre
(73) estrutura profis!ional
Sôbre a estrutura profissional da cidade,
cidade, cf. D Daniel
aniel P. Mülfer.
Mülíer, op.op. cit., p4gs.
págs.
242 ee 244. Veja-se
242 Veja-se ainda: Saint-Hilaire , op.
ainda: A. Saint-HiJaire, cit., vol.
op. cit., vol. 1, pág. 247; 264, 268
I, pág. 268•269,
-269, 271*
271•
272, 283*284,
272, 283·284, e 288·291;
288-291; ]. J. Mawe,
Mawe. op. cit .• pigs.
cit., págs. 79 e 91; J. J. B. von Spix Spix e C. F. P. vou von
Martius,
]1 2 !1ius, op. cit., vol. I, pá3s. págs. 209-212;
209-212i G. Beyer,
Beyer, op. cit., cit., pág. 292. Muitos.
pág. 292. Muitos senb~res
senhores
vivJam
viviam do aluguelaluguel dos seus negros negros e as negras
negras se ocupavam
ocupavam também também comocomo quatandeJras.
quitandeiras.
Fntre os camaradas,
~ntre e1:1m"1"adas, que trabalhavam como
que trabalhavam tropeiros, encontravam-se
como Jroptiros, encontravam-se vários
vários negros (d. (cf.
H. Florence,
Florence, op. cit., pig.
op. cit., 37). Nem
pág. 37). todos os fazendeiros
Nem todos dispunham de lroptJJ
fazendeiros dispunham tropas para
Para 00
uaaspone
transporte dos produtos para Santos e precisavam
produtos para lançar mào
precisavam lançar mão do serviço alugado dos ~
alugado dos_ txo*
peito,
P*iro« profissionais (cf. D. P. Kidder, op. dt
profí5$fonais (d. .• pig.
cit., pág. J68).
168 ). Entre os tropeiros
Eotte prohssio-
tropei!os prof~~:
~au con~a!am
C cambém os negros
OQC.a!?°l f*®bém libertos, Saint-Hilaire
Saint-Hilaire chega afirmar que eles êles B 0st
gostav
cessas atividades
Gesta, at•vídades..
oesros Jibertos. chega a afirmar
\V
-

4


%

RELAÇÕES RACIAIS
REl~AÇõES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E BRA'SCOS
BRANCOS E~f
EM SÃ<>
SXO PAULO
PAtJI ..O 35

viriam a tornar-se
viriam tomar-se grandes
grandes produtores
produtores agrícolas. 74 ) Por
agrícolas. ((74) Por sua vez, as
margens deixadas
margens deixadas pelapela exportação
exportação do açúcar E:
do açúcar e dedc algu?.:'
alguns outros
outros
gêneros das
gêneros das 1·egiões
regiões subsidiárias
subsidiárias do mercado
mercado da da cidade
cidade de de Sa~
São Paulo
Paulo
não eram
não eram suficientemente
suficientemente altas
altas para
para fomentar
fomentar um um comércio
comércio con-con­
sistente e intenso
sistente intenso (75). Os fazendeiros
fazendeiros viam-se
viam-se ainda,
ainda, em em sua
sua maioria,
maioria,
voltas com
às voltas com os créditos
créditos utilizados
utilizados para
para a compra
compra dos dos escravos 76 ),
escravos ((76),
não estando
não estando portanto
portanto em condições
condições de empatar
empatar os seus seus recursos
recursos com
com
artigos supérfluos.
artigos supérfluos. I~o Isso explica
explica porque
porque o ritmo
ritmo demográfico
demográfico da ci- ci­
dade de São Paulo,
dade Paulo, em
em rápido
rápido crescimento
crescimento nosnos fins
fins dodo século
século XVIII,
XVIII,
estaciona repentinamente
estaciona repentinamente e chega chega a declinar
declinar nos nos quatro
quatro primeiros
primeiros
decênios do século
decênios século XIX.
XIX. Aparentemente,
Aparentemente, o fenômeno
fenômeno seria seria o resul•
resul­
tado das
tado das sucessivas
sucessivas convocações
convocações parapara a tropa.
tropa. O engajamento
engajamento de de
particular, teria
1808, em particular, teria sido
sido verdadeiramente
verdadeiramente desastroso,
desastroso, além
além de
dramático; a êle
dramático; êle sucederam-se
sucederam-se outros,
outros, como
como em em 1814 e 1817 ((77). 77 ).
Sem dúvida,
Sem dúvida, o recrutamento
recrutamento contribuía
contribuía para
para perturbar
perturbar a evolução
evolução
demográfica da
demográfica da cidade:
cidade: aos
aos indivíduos
indivíduos incorporados
incorporados às tropas tropas é pre-
pre­
acrescen tar-se os que
ciso acrescentar-se que se evadiam,
evadiam, visando
visando evitar
evitar males
males maiores.
maiores.
Mas as razões
Mas razões dodo desequilíbrio
desequilíbrio parecem
parecem ser ser mais
mais profundas.
profundas. As
perspectivas econômicas
perspectivas econômicas abertas
abertas para
para os lavradores
lavradores na na cidade
cidade de de São
Paulo não
Paulo não se comparavam
comparavam com com as que
que se ofereciam
ofereciam nas zonas pr
nas zonas prós­
6s-
peras do
peras do Oeste
Oeste paulista
paulista e do vale
vale do
do Paraíba.
Paraíba. Daí, Daí, possivelmente,
possivelmente, o
abandono da
abandono da região
região por
por fazendeiros
fazendeiros que
que estavam
estavam nela nela instalados
instalados e,
que possui
o que possui maior
maior importância,
importância, o pequeno
pequeno interêsse
interêsse que que ela
ela des-
des­
pertava nos
pertava nos que
que se dispunham
dispunham a empreender
empreender a exploração
exploração agrícola
agrícola
segundo o novo
segundo novo estilo
estilo (78).
Os dados sôbre a população
população da cidade
cidade e seu têrmo têrm o de que
que dis-
dis­
pomos não
pomos não merecem
merecem senãosenão umauma confiança
confiança relativa.
relativa. Saint-Hilaire
Saint-Hilaire
chega a afirmar,
afirmar, a respeito
respeito dêles, que
que criavam
criavam dificuldades
dificuldades quase
quase
inextricáveis,
inextricáveis, no que tinha razão. O cômputo
que tinha população se
cômputo da população
(74) Cf. Daniel
(74) Daniel P. Müller.
MüIIer, op.op. cit.,
cit., pág.
pág. 125;
12S; comparem-se
comparem-se os os dados que fornece
dados que fornece nesta
nesta
página com
pi1ina com os demais
demais ((124-129).
124-129).
((75)
1,) Cf. acim3,.
acima, referências
referências contidas
contidas nasnas notas
notas 71 e 72. 72. Spix
Spix e Martius notaram que
Manius noraram que
luxo entre
o luxo entre os
os moradores
moradores de de Sio
São Paulo
Paulo nionão .era
era tão
tão desenvolvido
desenvolvido quanto
quanto oo que
que era
era osten•
osten­
tado pelos
tado pelos moradores
moradores da da Bahia,
Bahia, Pernambuco
Pernambuco e Maranhão,
Maranhão, assinalando que a influên­
ainda que
assinalando ainda infJuên•
cia civilizadora
ci~ civiBxadora da Europa Europa eraera então pequena no
então pequena acanhado meio
no acanhado meio social
social d3
da cid3de
cidade (cf.
(cf. op.
op.
cir., vol. I, pág.
cJr., voJ. pág. 209).
209). Além disso, as estatísticas
Além disso, estatísticas financeiras relativas ao
financeiras relativas ao exercício t83S-18~
exercício 1835-1856
acusam um
acusam um d~ficit quasi ~4S
déficit de quasi 545 contos
contos no no com~rcio
comércio pelo Santos (d.
pôrto de Santos
pelo pôrto Daniel P.
(cf. Daniel P.
Müller,
Mül ler. op. tabela 12
cit.,• tabela
op. cit. 12)).•
. (76)
pigs.
Cf.
(76) Cf. A. de Sai11t-HiJaire,
28·29.
págs. 28-29.
Saint-Hilaire, op. cit., vol. 1,
cit., vol. I, págs. 260-261; e Daniel
págs. 260·261; Daniel P.P. Müller.
Müller.
-
(n) Cf. J. J. Machado
ta c h a d o de Oliveira, op. cit.,
dc Oliveira, cit., pãgs. 308-310, 336 e 345.
pâgs. '308-310, 345.
(78)
(78) ,.O
"O distrito
distrito de
de Slo Paulo passa por
São Paulo por umum dos dos menos
menos férteis'~ escreveu Saint•Hi-
férteis”, escreveu Saint*Hi-
laire
aire (op. ( op. cit..
c*t., pág. 293).• Spix
pág. 293) Spix e Mani
Martius us confirmam-no
confirmam-no indiretamente, pois
indiretame~te. pois asseveram
asseveram
que o~ algodão
qu~ algodão e o caf~ café não
não se adaptavam
adaptavam bem bem na na latitude
latitude dada cidade
cidade e seuseu têrmo
têrmo (op. cit.,
(op. cit .•
vo_
vol.l. J,1 , pãg.
pág. 211).
211). AJ1is,
Aliás, o próprio
próprio governo modificou a sua
colonial modificou
gov~rno colonial sua política
polític-.1 agrícola com
agrícola com
relação a _Slo
reJa~lo São Paulo
Paulo (cidade
(cidade e têrmotêrmo rural).
rural). N
Noo terceiro quartel do
terceiro quartel século X\'111.
do século XVIII, sob sob o
governo do
1overoo Morgado de Mateus,
do ~orgado Mateus, procurara
procurara estimular plantação do
estimular a plantação do algodão
algodio pelos lavra­
pelos lavra-
dores da
dorei da re-110
região (cf.(cf. A. de de E. Taunay, História da
Taunay, Hislóri11 da cidad~
cidade de S. Paulo.
à~ S. Paulo , op.
op. cit., '\·oi.
vol. li,
II,
t• pai:te_,
parte, pag. pâg. 18).
18). PoisPois bem,
bem, as famílias açorianas chegadas
f2mílias açorian3s chegadas porpor volta
volta de 1815 1815 foram
foram
encaminhadas p~.ra.
!t;ca:°11nbadas para a tona
zona ~entra],
central, onde agricultura prosperava
onde a agricultura prosperava a olhos
olhos vistos (cf. J. J.
vistos (cf.
~acnado
S ; ° A de ? e Oliveira.
°!*veira, op.op. c1t., pág, 337).
cit., pãg. 337). Em 1827, entre os 336 colonos
1827, entre germânicos des-
colonos ,cerminicos
T af,t'°S à lavo~ra da
tsnad?5 da capital,
capital, muitos abandonaram a região,
muitos abandonaram te1iio, indo
indo para
pua Sorocaba.,
Sorocaba, Itu, Itu, Santo-.
Santos»
Tatu ( tdemJ pias.
la tu i,1, etc. (idem, págs. 478-479).
~78·~79). r— ^ ^
INQUÉRITO
INQU~RITO UNESCO a ^ I"E.J
UNESCO-ANI- ^\

~-----------------------=--'n_1
!~
6
•-»
. «> *e» oO número destas flutua
número destas constantemente
flutua constantemente ^

fazia por freg^


fazia p0r íreguesiaasd.
dimi„uindo.
·nui ndo. O quad
quadroro seguinte retem as
scg11i11te retem .' fora
as i'nt£
awnen
tand
aumentando, o ora
' or
1m 1
fontes mais
mais coinpietas
completas (senao
-
(senao as mais
•- )
mais fidedign
fided·
in or
•gnas
• *'
maç5€Sões de algu mas
f -. ™ S v'vele l determinar preasao , na forma eemm ^ '•
na forma
maç deter 1ninar com precisão), que
q ue é un_ poss i . . d .
ocorrem
ocorrem nos
°0 qUCm n « Cdocu
nos
4 mmene n tos
to s utilizados:
ut1l1za os. 4

CONDIQÃO -
A.NO
a no
COR
COR l i v rEe
LIVR ESCRAVA
ESCRAVA ‘'
-
tTOT
OTAL
AL

1804
1804 (79)
(19) Branca
Branca
Parda
15.212
15.212
7.596
7.596
-- 15.212
15.212
7.596
Parda 7.596
Negra
Negra
. / à..
1.135
1.135
-
-
8.904
8.904
1.135
I.135
8.904
8.904
S./d
S
- -
Total
Total 23.943
23.94:J 1 8.904
8.90 4 32.847-
32.847' -
1
1
18155
181 (80)
(*°) Branca
Branca 12.274
12.274 -2 12.274
12.274
Parda
Parda 6.239
6.239 1.582
1.58 7.821
7.821
Negra
Negra 845 4.373
4.373 5.218
5.218
• Total
Total 19.358
19.358 5.955
5.955 25:313
25.313' - •

181 ( 81)
18188 (81) Branca
Branca
Parda
Parda
11.782
11.782
5.940
5.940
-
1.340
1.340
11.782
II.782
7.280
7.280
Negra
Negra 879 4.173
4.173 5.052
5.052
--
18.601
18.601

5.513
5.513
-
Total
Total 24.114
24.114
1

1836 (82Z)
1836 (8 Branca
Branca 9.948
9.948
5.446
5.446
-901 9.948
9.948
Parda
Parda 6.347
6.347
1 Negra
Negra ·-_ 599 ., 4.594
4.594 1 5.193
5.19~
I( Total
Total r
I' 15.993
i5 ~993 5.495
r·-5.49s-, - 21.1ss
21.488
--
Como
Como se vê, o setor
setor mais
mais constante população é constituído
constante da população constituído
pelos
pelos elementos
elementos negros
negros da população
População escrava. explica era
escrava. Isso se explica em
parte
parte pelo recrutamento militar, que
recrutamento militar, atingia sòmente
que atingia indivíduo,
somente os indivíduos
livres,
livres, de preferência
preferência os “brancos” pardos “mais
''brancos', e os pardos claros" (no
''mais claros’'
fim,
fim, a exigência
exigência se atenuou
atenuou no sentido recrutar-se os pard
sentido de recrutar-se pardosoa
(79) Cf. População
(79) Cf. Cat,ítlll em
Mu,,íclpío da Capital
Pot,ult1fão do Município (Recenseamento de
m, 1804 (Recenseamento 28·XII•
de 28-XII*
1804),
1804). inin J.
J. JRibeiro,
Ribeiro, op. cit.,
cit., vol. lll, pá.g.
vol, III, pág. 748. Por Por lapso, autor somou
lapso, êste autor somou de novo,
de_novo,
ao
ao total
tO(al da
da populaçSo
populaçlo da cidadecidade e seu têrmo,cêrmo, os f regue si as de Santo
das freguesias
totait das
01 totais Amaro,
Santo Amaro,
SI.o Bernardo,
Sio Curia, Juqu
Bernardo, Cutia, eti e Penh
Juqueri Penha.a.
(80)
(80) Cf. J.. B. von Spix e C. F. P. von Martius,
Cf. J. Rn1e in
Martius, Reise Brasílitn, loc. cit.,
ln Brasilien, cic., _t! prt*
pre•
ciso
clJo notar
~ocar que
que existem
existem várias
várias indicações
indicações sôbre população da cidade
s6bre a população cidade nnessa época, de
e s s a época, de 18~
em
em. diante,
d,anie, algumas
alg~ma1 oficiais,
oficiai,, outras fornecidas por
outras fornecidas viajantes (Eschwege,
por viajantes Saint-Hilaír!, Flo-
(Eschwege, Saint-Hilaire,
ren,e, Beyer,
rence, &yer, Kidder); di~pensável expor
julgamos dispensável
Kidder); mas julgamos documentação exis
tôda a documentação
aqui tôda
expor aqui exJstcc.ott,
81
.. T<*1)
< ~ Cf.
_Cf. População
Popu lafao do Município
Mun jcJpJ o da
d4 Capital
Capi tal em 1818 (Rec ensea ment
(Recenseamento o de 31-:X
3 1 -XU-ll•1818 >•
1818),
UI J.
m 1. Ribeiro,
R1bc1ro, op. cit.,
cit., vol. III, pãg. 779.
Ili, pág.
<*2> Cf. Daniel P. Muiler, op. cit., págs. 158*159 e 169*173.
2 Cl. Oa.aiel P. Müllcr op. cit., pip. 158•159 e 169·173.
(l ) 1

1
1 (
'
I
.. ,

r e l a ç õ e ..sS:_:R_::-~:C:IA:l:S...:E=
~R~E~LA~ç~.õ~F.~ r a c i a i s f ..
.N~T=-R~E_,.
n t r f . _N_"F._-.c._.
n e g R_o_s_E_n_R_A_N_c:_,o_s_E
r o s e b r a n c o s e_
m _________ ~
SAP PAUI.O_____ 37
~_1s_Ã,_O_P_A_1_,1_.o

«menos escuros”). '') E E, em Ntrte


parte, por
p o r causa das prbprias
p ró p rias exigências
exigências
"menos escuros • , r- ' , · d 1804
· :- do trabalho
da or1?an1zaçao
da organização trabalho escravo.
escravo. SegundoSegundo. . as esta11st1cas
estatísticas
,.,8 dee 1804,
en ,
concentrar-se-iam
- .. •
concentrar-se-iam nnaa zona
zona ''urbana'' d istrito 6
“u rb a' n a ” do d1str1to .3!> escravos,
6.358 escravos, en-•
quanto que na ''rural''
“ru ra l” viveriam
viveriam 2.546.
2.546. Ent
E m 1836, pelo pelo que
q u e conse-
conse­
quanto que f · (8!)
• ·
guimos p u ra r son1ando
a-purar som ando os dados dados referentes
referentes às freguesias
regucs1as (85),, a
gu.1mos
- ro orção
proporção a
seria de 2.843 escravos na n a zona ''“u urrbb aana p a ra 2
n a ''” para •477 e.r
2.477 es­
a__

~ra!os
cravos na zona "rural".
“ru ra l”. A freguesia da Sé, com ~-895 escravos, e ~a
1.895 es?'avos,
de Santa Efigênia,
Efigênia, com 826 escravos,
escravos, ~ompreende_r1am
co m p reen d eriam as a~eas áreas hhabi-
a b i­
tadas pelos moradores
m oradores m ais ricos da Cidade
mais cidade ~rõpriamente
p rò p ria m e n te dita.
d ita. Es~s
Essas
indicações fornecem a base para p ara a inferência
inferência segundo
segundo a qual q u a l o nu•
nú­
Jnero
m ero de escravos
escravos negros
negros se mantivera
m antivera J11ais
m ais ou o u 111enos
m enos constante,
constante,
depois de uma um a redução
redução inicial
inicial que
q u e parece
parece ter afeta
afetaddoo antes
an tes a escra-
escra­
vatura
vatura mestiça, por p o r causa das exigências
exigências regulares
reg u lares do trabalho
tra b a lh o agrí-
a g rí­
cola e dos serviços
serviços don1ésticos.
domésticos. Sôbre
Sôbre os ombros
om bros dos negros
negros repousava
repousava
o próprio
p ró p rio funcionamento
funcionam ento das engrenagens
engrenagens que q u e moviam
m oviam o sistema sistem a
econômico.
econômico. Por P o r isso, êles nnão
ão podia111
p o d iam ser afastados
afastados além além de certoscertos
limites,
lim ites, sem afetar
afetar as condições de segurança
segurança econômica
econôm ica e de d e equi-
e q u i­
líbrio
líb rio social.
social.
desenvolvimento posterior
O desenvolvin1ento posterior da ''grande
“grande lavoura''
lavoura” durante
durante o
XIX se processou
século XIX processou em tal sentido,
sentido, que
que o café
café se transformou
transformou
produto tropical
no produto tropical por
por excelência
excelência da economia
economia paulista.
paulista. A planta
planta
encontrara
encontrara nas terras terras paulistas
paulistas condições
condições climáticas
climáticas e ecológicas
ecológicas
bastante adequadas à sua exploração
bastante adequadas exploração em larga larga escala. Na N a zona
norte
norte da província,
província, o aumento
aumento da produção
produção do ca(é café assegurou
assegurou
àquela
àquela região
região uma
uma fase sem precedentes
precedentes de prosperidade
prosperidade econômica,
econômica,
qual já fazia
a qual fazia sentir
sentir os seus
seus efeitos
efeitos nos
nos 111eados
meados do século XIX.
do século XIX.
As.,im,
Assim, graças
graças ao café o vale do Paraíba Paraíba tornara-se
tornara-se umum "centro
“centro con-
densador de lavouras
densador população” (84); um
lavouras e de população" um viajante,
viajante, que
que 0o
percorreu
percoi reu em 18()0,
1860, observa
observa como o latifúndio
latifúndio se produz
produz em conexão
conexão
lavoura do café e nota
com a lavoura nota que
que as moradas
moradas dos fazendeiros
fazendeiros osten-
osten­
tavam muitas
tavai_n muitas v~zes
vêzes um lu.xo
luxo e u'?a
uma riqueza
riqueza comparável
comparável "à “à magnifi-
magnifi­
cência dos palácios
palácios d~da capual"
capital” (Rio Janeiro) (85).
(Rio de Janeiro) (85). Todavia,
Todavia, 0o café
propagou ~om
se propagou com rap•~ez.
rapidez. As margens
margens de lucrolucro deixadas
deixadas pelo
pelo’ produ
produ­..
to e a conhecida
conhecida voracidade
voracidade dessa planta
planta pelas
pelas terras
terras virl!ens
virgens levaram-
levaram-
•no
-no para
para as terras
terras do Oeste
Oeste Paulista,
Paulista, a zona
zona central
central dada pr~víncia
província, onde
onde
~s
os engenhos.
engenhos de_ de cana
cana _<le açúcar e a exploração
de açúcar exploração de aguardent:
aguardente cons-
tituíam
atá HK4a pran~•pal
prm- ipal ~uvidade
al'TÍda'le eco~ômica.
econômica- As As estatísticas
estatísticas mostram
mostram que
que
até 185~
até 1854 o aç~car
açucar ainda
ainda se mantinha
mantinha ali ali como
como o produto básico da
produto básico da
economia agr1cola.
economia agrícola. Mas,Mas, é logo
logo suplantado
suplantado pelo peJcafé.
café. A~im que que Assim
re la ç lo ^ a o ^ o tif A ^ ***■• * * * * * * com
2* edição, ^ & o fP$49, Edil6ra Brasilien»« Limitada,

I i m r i T deABgUL° G S iier
«jaraier,
Pf regrina^ Pela Província de São Paulo (1860*1861),
Rio de Janeuo, 1862, pig. 55 (consular; « é pig. 182).
S8 INQUÉRITO 1JNF.SCO.AN.1t~Mn1
ÜNESOQ A N B |rit
~__,_-------------------------------- lNQUtRITO

• •
as experiências
experiências inovadoras
inovadoras de alguns. alguns p1one1ros
pioneiros se coroara:rn coroaram d,. d*
êêxito,

x1to. ev1
•denciou-se que
evidenciou-se que o café podia podia ser ser .explorado
explorado em con. COn-
dições mais vantajosasvantajosas que cana. 0O• e~tuds1asmo
que a cadna. entusiasm o pela pela explora
expl0ra ..
ção do produto
<:âÔ produto se se apodero?
apoderou daa ma1or1a m aioria dos os agricultores
agricultores e t
•pr oduçao
produção - - do café cresceu . instantâneamente
instantâneam
, . ente. («•).
(86).
d A ferti11·d
fertilidadada
a e e
dao
do0 buiu,
SO io as
solo, ** condições
condições
w w — y— chmatolog1Cas
climatológicas
----- y
ddoo va
e o ^tipo
Ie ddoo P
n p o dee relêvo
relêvo favofavor.
1<tvore%
re.
ceram, muito
cecam, '
muito mais que
mais que na regiao ·.,
região vale arai 'b. a, a cultura
Paraíba, cultura exte~
exten
• uo
siva
s1va do café.• As plantarões
~• café plantações
.,. de cana
cana. foram
foram sucessivamente
sucessivamente
• " subst·t
substituí
1 u1.,
das pelas de café, porém porém em um esu estilo1~ novo:
novo: surgiu
surgiu o “m mar
ar de café"
café»'
Jan rarões
as pplantações inin,erruptas,
ininíerruptas, que que cobriam
cobriam . dextensas
extensas sé áreas
áreas de terra
terra ddee'
as
maneira uniforme
maÕeira
,
uniforme (87). Em segui seguida,
.d
aindaa !1º
a, ~•n. no século ca[J .
X IX , o0 café
_?110 XIX,
se espraia
se espraia por por outras
outras regiões
regiões dc1 da prov1n~1a,
província, mvad1?do
invadindo as zonas zonas QueqUe
seriam·am posterio 1111ente chamadas
posteriormente chamadas de Paulista M ogiana. A produç--
Paulista e Mog1ana. produção _
Sen
de café nessas duas duas .zonas
zonas fora
A •
fora 1nsign1
• •r•
insignificanteicante at é
até meados
meados do sécul
ao
século0
XIX
XIX, como Oo demonstram demonstram as estatísticasestatísticas de 1836 e 1854. Já em
J1886
,
886 ela era considerável, a
b
rangen
d
o,
.
respectivamente, 23 6
em
considerável, abrangendo, respectivam ente, 23,(69 9 e
produção totaltotal .d~
de café da ~ovíncia Província ((88)) Em 88 Em sum~,
suma, em cni
21,81 da produção e~

alguns
alguns decênios
decênios o café ehmanou elim inou o açucar açúcar e os subprodutos
subprodutos da can cana
da posição
posição que que ocupavam
ocupavam na economia economia pau
. 1·
1sta. Nas
paulista. N as estatísticas
estatísticas
a
de 1854, 2.618 fazendas fazendas de café café produziriam
produziriam 4.338.756 4.338.756 arrôbas,
arrôbas, no
valor 10.461:173$000; enquanto
valor de J0.461:173$000; en q u an to que 667 engenhos
q u e 667 engenhos de açúcar açúcar
produziriam
produziriam 866.140 866.140 arrobas
arrobas de açúcar açúcar e 332 pipas pipas de aguardente,
aguardente
no valor I.630:050$000. A lavoura
valor de J.630:050$000. lavoura da cana cana apenas
apenas subsiste
subsiste ernem
regiões
regiões mais mais propícias,
propícias, como
como Tietê T ie tê e Piracicaba
P iracicaba ((89). 89). O
o açúcar
açúcar vai
desaparecendo
desaparecendo lentamente lentam ente da exportação
exportação e pa~a passa a ser ser produzido
produzido
90
“agricultura de subsistência"
como "agricultura subsistência” ((90). ). Por fim , já se
P o r fim, se importa
importa
o produto,
produto, para para o consumo
consumo local, local, porp o r volta
volta de 1867 em diante diante (91).
(91).
tsse
Êsse período
período de expansão
expansão econômica.,
econôm ica, caracteriiado
caracterizado pelo
pelo flores-
flores­
cimento declínio da
rápido declínio da lavoura
cimento e rápido lavoura canavieira
canavieira e pela
p ela surpreen-
surpreen­
dente
dente vitalidade
vitalidade da lavoura
lavoura do café,
café, foi
foi ao mesmo
m esm o tempo
tem po e como
(86) Cf. A. E.
(86) Cf. A. E. Zafuar,
Zaluar, op. cir., págs.
cit., p4gs. 218·220.
218-220. Sôbre
Sôbre o desenvolvimento
desenvolvimento do do café na
regiio, cf.
ttaiio, cf. ainda 246, 29
ainda págs. 246, 293. 06;
3, 306;
3 E. Azevedo Marques,
e M. E. de Azevedo Marques, op.
op. cit...
cit., voJ. Dáe 81
vol. I,I. pig.
t 54.
82
vol. U,
• voJ. II, pág.
pág. S4. •
(87) Cf. Prado
(87) Cf. Caio Prado Jr., Jr., op.cit., págs.
op. cit., esp.
esp. pigs. 174-175.
174-175.
(88) S6bre
(88) Sôbre oo desenvoJvimenro
desenvolvimento do café em São
do café o
São Paulo, ponto-de-vista aqui
sob o ponto•de-vista
Paulo, sob aqui ron•
con­
siderado, cf. o excelente
siderado, excelente estudo Milliet, Roteiro do Café,
estudo de Sérgio Mi1Ji.:t, Roteiro do Café, in op. op. cit., págs. S-70 5-70
(passim). Nele
(pa~sim). Nele se encontram
encontram dados
dados comparativos
comparativos sôbre
sôbre a produção
produção do do café
café e de de outrM
outro*
produtos e sôbre
produtos sôbre o aumento
aumento da da população
população cm em conexão
conexão com o desenvolvimento
desenvolvimento da da produção
produção
do cafi.
do café. ParaPara compJera.r
completar estas indicações,
indicações, seria
seria conveniente
conveniente analisar
analisar os
os dados
dados fornecidos
fornecido»
por Taunay, sôbre o aumen
por Taunay, aumen"* produção do
.." da produção café de 1839 a 1899 (cf.
do café História do Cafi
(cf. Históri" do C'1fl
no Brasil,
"° Brasil, tomo III, III, pllgs.
págs. 51, 63; tomo
57, 60 e 63; tomo VII. VII, pág.
pág. 463).
463).
(g9) Cf. R.
(89) Cf. P. R. Pestana,Pestana, op. cit.,
cit., pág. leitor
pág. J4. O Jeitot que que se interessar
interessar pelo
pelo processo
de i subsritujção dos dos produtos
produtos principais, característico da economia
principais .. característico brasiJcira, e neste capí*
economia brasileira, capí•
tuio jã
tulo ;á ilustrado com vários
ilustrado com vários produtos
produtos ou atividades, em J. F. Normano
encontrará em
atividades, encontrará Normano uma uma
~:rrensa exposição (cf. Evolução Econômica do Brasil
extensa exposiçJo (cl. E11olurão Econômif:a do Br11sil, , trad.
trad. de T. Quartim
de T. Quartim Barbosat
Barbosa, R.
Peake Rodrigues
Peake Rodrigues e D. D. Brandão
Brandão Teixeira,
Teixeira, Comp.
Comp. Ed. Ed. Nacional, Paulo, 2*
NacionaJ, S. Paulo. 2• edição, 1945,
edição, 194S,
pâgs. 23-7j)
p1gJ. 23-75). 1

(90) Cf. P. R. Pestana, op. c i t p i g .


Pestana, op. dt., pig. 15. exemplo, que
Limeira, por exemplo,
]S. Em Limeira, que foi
foi um um
dn
~~~o de vproduçlo
rv açucareira,
açucareira, a cana só é
açúcar s6 é cultivada
lana de açúcar cultivada no início
inkfo dodo último
úlumo quartel
quartel
_n KCU1o XIX, para
para o consumo local (cf.
consumo focal (d. M.
M. E.
E • Azevedo
.Azevedo Marques,
Marques, op. dt., vol.
op. cit., II, pãg. ~).
vol. II#
91
V
< > Cf, A. Elüf Ji.,
A. EJU. 0 Café t a Paulistania,
Jr., O CII/I 1 " P1111lisl11ni11,
págs. 301-302#
301•302.



RELAÇftES RAC1t\1S
RELAÇôF..S RACIAIS ENTRF.
ENTRE NF.GROS
NEGROS E
F. BR.1'NCOS
BRANCOS EM SAO PAlil
E~f SÃO PAUI.O..O 39
39
-------
conseqüência, um período
conseqüência, período de_
de escassez de mão mão de obra.
obra. A A populaç~o
população
escrava, cuja
escrava, cuja renovação
renovação precisava
precisava ser constante
constante -— umum eS<escravo daria,
:ravo dana,
média, somente
em média, sòmente dezdez anos
anos de traba1110,
trabalho, devendo
devendo então
então ser subs-subs­
tituído por
tituído por outro
outro (92)
(92) -— não
não poderia
poderia corresponder
corresponder a êsse aumentoaum ento
produção senão
da produção senão através
através do aumento
aumento proporcional
proporcional dos dos elementos
elementos
que a constituíam.
que constituíam. Estabeleceu-se
Estabeleceu-se assimassim uma
uma série
série de correntes
correntes
demográficas, que
demográficas, que drenavam
drenavam para para as fazendas
fazendas e para
para as povoações
povoações
“urbanas” da
''urbanas'' da província
província de de São
São Pau1o
Paulo contingentes
contingentes elevados
elevados de de
negros africanos
negros africanos e de negros
negros crioulos,
crioulos, êstes
êstes procedentes
procedentes do norte. norte.
ampliação contínua
A ampliação contínua da procura
procura e outros
outros fatores
fatores (como
(como a abolição
abolição
tráfico, a repressão
do tráfico, repressão dos
dos navios
navios negreiros
negreiros pelos ingleses, a desva-
pelos ingleses, desva­
lorização do
lorização do papel
papel moeda,
moeda, etc.)
etc.) refletiam-se
refletiam-se no no custo
custo do do escravo,
escravo,
cujo valor
cujo valor subiu
subiu ràpidamente.
ràpidam ente. Nos Nos meados
meados do do século,
século, o preçopreço de
um escravo oscilava
um escravo oscilava entre
entre um
um e dois
dois contos
contos dede réis 9~).
réis ((93). E ntretanto,
Entretanto,
Debret afirma
Debret afirma que
que os paulistas
paulistas e os mineiros
mineiros compravam
compravam os negros negros
no mercado
mercado do do Valongo
Valongo ''com.
“com dinheiro
dinheiro na na mão''
m ão” e ''ao
“ao câmbio
câmbio do
dia” ((94).
dia'' 94). oito anos,
Em oito anos, foram
foram remetidos
remetidos do nortenorte para
para o sul sul do
Im pério 27
Império 27.441 escravos, sem contar
.441 escravos, contar os que que não fforam
ora111 marcados,
marcados, •

por
por terem viajado em companhia
terem viajado com panhia dos dos senhores:
senhores:

1852 •...................................
• •• •• • •• •• • ••• ••• 4.409
4.409
1853
1853 ...................................
•• •••• •• •• •• •••••
• 2.909
2.909
1854
1854 •...................................
• • • • • • • • • • • • • • • • • 4.418
4.418
1855
1855 ....................................
• • • • • • • • • • • • • • • • • • 3.532
1856
1856 •....................................
•••••••••• •••• •• • 5.006
5.006
1857
1857 •....................................
• • • • •••• •• • • • • • • • 4.211
1858 •....................................
•• ••• •••• • • • • • • • • 1.993
1859 •....................................
•• •••• •••• • • ••• • • 963 (95).

decadência agrícola
A d~cad~ncia agrícola das p!ovíncias
províncias do norte
norte dava
dava origem
origem a mi-
mi­
grações internas
graçoes população escrava,
internas da populaçao escrava, ou comboios (%), que
comboios (96), que ali-
ali­
mentavam, com os africanos
mentavam, africanos importados
importados "ilegalmente"
“ilegalmente” pelos
pelos tra-
tra­
ficantes e negociados
ficantes negociados no mercado
mercado do Valongo
Valongo (97), as
as necessidades
necessidades

(92) Cf. Conde


(92) Conde Auguste Straten-Ponthoz, ú
Auguste von der Straten-Ponrhoz Le Budgel
Budget àu du Brésil
Brésil nu nu R b
cbes
cb,1 sur
s1,r les
lts Ressources
Resso11,ces de
de cet
cel Empire
E,npi,e dam
dani leurs
le1,rs Rapports
Rapp'o,ts avec
,,,c -/les intérets
·s ,·nt, •1 Èurobiens
~ b • ~e du
~-
Commerce n ' 'et dee l Zmtgralron,
4
Comm e I d l-'IJ • .
migraJ,on, Libr.
t·b d•
1 r. d ’Amyot, Êditeur, Paris,
Amyot, !diteur, 1854, 3~ vols.;
Paris, 18S4, vols.;er5 s c1,~o f't1'1S ""
vol.
vol. 11 6 .
III, pág. 116.
III,
(93) Cf. A. de E.Taunay.
(93) E.Taunay, His16,i11História do do Café
Café nono Br"sj/
Brasil,1 vol.
vol. IV,IV, pág.
pág. 1S3.153*.

!t~fª
J>
5
,f'··
<9
1 Cf. Jea~
0
Jean _Baptiste
Baptiste Debret. Viagem Pito,tsrd
Debret, Yiagem Pitoresca 4e Histórita
Histórica ao
e ", rB•· dMilltet, S .. Paulo, 1940t 2 vols.; vol. I. pág. 189. Suas informações valem
ao Br(I.Si/,
Brasil, tradudo
traduçSo e
a ~.r os
^ Jmeac ü B1os * o «segundo a “quart.elüTdo ^século r ^ XIX.
x 01- '• is9- w
(95) A. de E. Taunay,
(95) Taunay, Histó,i11 História do Cafédo
Café no Brasil, no
Brasil, vol.
vol. IV IV., pigs.
págs. 152•15~.
152-153.
ment~96Je ir::edeos
mento9 de B c í ^ f ^ A••~:>mboi<~s"
ue aa ·cris
n S ^ 0**5"” de ,esc' escravos enviados do
av05 enviado~
de Taunay._ op. cit-
norte para
do norte para oo sul,
V•- págs.
sul, d.
166-167. Há
cf. o o dePoi-
depoi-
afjrme
E e que crise. An_rAa"!, ; m A. de
“ Y ** T aunay’ °P* cat., vol.
vo1- V P*8». 166-167. quem
Há q£m
seus escravo^ ddos e Iecon~mica
seus esc~avos X ? Cf ° U ,a~ compehr
/ ~hegou CO£ pel!r os $cnhor« do
os senhores do norte *a terem terem que que enxotar
enxotar
E s V(Q^u 7d }^oA/ro•Br':sil~~!e~-
Estudos T Z T o .B-- ^•· L·- l^-, -~!.
K • <1ic.E.d~o~elinRo.
•• r,e Editora,
n • M.j de
itora, Rio
Camafg ° Jr.. Abolição
de C3:fflargo
10 de Janeiro,
Janeiro, 193S,
Abolirão ~e sua/causas,
1935, pág. 162 162).) .
s11as ctJUsM, in in

venda dos ~~b~~


7
necrm°2^ rCad° * 1* rua
01:1 do Val0n*0*,
Valong~ •• °ono Rio de Janeiro,
Jaf!eiro, onde
onde s« se praticava
praucna •a
Viagem pitoresca através do
vendà-ios o ~!reado da Rio de
-8 --' afrt~anos, anos, cf. esp. Joio Joâo Maur1c10 Rugendas, Y 1i111.cnn
Maurício Rugeodas, pi1or11c•lllr.wls "'1

.
INQtJtRITO
INQUÉRITO lJNESCO-ANJiE~f8I
ÜNESCO-ANHEMBI
40
40 -------------------------------------------------------------- -------------- . •

a*c fa7Pn
. «raços das fa7Pndas
d as
~~ulistas.
paulistas.
.,..
Contudo, é importante
Contudo,
f" • •
importante assinalar
assinalai

d
aue
b
e « ÇGovérno
· - brasileiro
-b- .1 iro proibiu
proibiu de 1n1tivamente o
definitivamente o tráfico
tráfico emem
o Govêrno ras1 e • 1 d
oue (9*) extinguindo
WM . . d a fonte fonte dede abastecimento
abastec.mento rego ar de
regular e mão
mão dede
98
1850 ( escrava ), ext•ndgum de que : ªdispunham
dispunham os os brancos,
brancos, e e que
que os os escravos
escravos
obra e_scrava e qu f" •
t r a n s f e--.
r i d o s dod norte - te não
não eram su icientemente
eram suficientemente numerosos ppara
numerosos ara
transferidos o nor . d b Ih
aX . ir. os 1limites . . de de saturação
saturação do do ststema
sistema de e trabalho
tra a o escravo.
escravo. Ao Ao
ar1nª'1r os 1m1tes d ·
contrário,
~ni;ário, aa partir
partir dessa dessa época,
época, torna-se
toma-~ cada ca a vezvez ma.s
md_a1snotória
n_o~ó~ia a
insuficiência das reservas de escravos, existentes em disponibilidade
• • "* • d- eservas de e6(Tavos, existentes em 1spon1b 1I1dade
em outras províncias do país, para fazer face à expansão da agri.
msuf 1c1cnaa as r
em outras provi 'ncias do pais , para azer ace
, f f à -
expansao da agri •
cultura de São Paulo (").
cultura de São Paulo (99).
Os dados
Os dados demográficos indicam que o elemento escravo na
d e m o g r á f i c o s indicam que o elemento escravo na
população de São Paulo continua a aumentar progressivamente até
população de São Paulo continua a aumentar progressiva~ente até
os fins do
os fins do te quartel do século XIX, sem determinar, no
r c e ir o quartel do sé~Io XIX, sem determinar, 00
terceiro
entanto, nenhuma modificação considerável na proporção de ne­
entanto, nenhuma modificação considerável nda prdopo~ção de ne.
gros e mulatos em relação aos brancos, passando a declinar daí em
s e mulatos em relação aos brancos, passan o a ecl1nar daí em
diante (10°). a seguinte a trajetória seguida pelo desenvolvimento
gro
diante (IOO). :t t a seguinte a tra1et · ó na• segui •d a pe Io d esenvo 1v1mento
·
da população de tôda a Província durante a segunda metade do
da população de tôda a Província durante a segunda metade do
rreferido século (I01):
e f e r i d o século ( 101):
1854
)854 1872
1872 1886
1886
população livre
população livre .. •• •• 294.612
294.612 680.742
680.742 1.114.065
I117.238 156.612 107.329
• • • • •
população
população escrava
escrava • • • • 17.238 156.612
• • 107.329
total
total ...........
•••••• • • • •••• • 411.850 837.354 1.221.394

tsses dados
Êsses traduzem uma
dados traduzem uma realidade
realidade queque merece
merece consideração.
consideração. A
evolução da
evolução escravidão em
da escravidão em São
São Paulo
Paulo apresenta
apresenta algumas
algumas peculiari-
peculiari-
dades, porque
dades, porque a expansão
expansão da
da “grande
''grande lavoura”
lavoura'' nesta
nesta Província
Província coin*
coin-
••
BBr11,1il,
r a s i l trad. de Sérgio Milliet, Livraria Martins
Milliet, livraria Martins Editõra,
Editôr a, S. Paulo,Paulo, 1940, pig. 175-176*
1940, pág. 175•176;
J.
J. B. Debret,
Debret, op. cit., cir., vol. I, págs. págs. 189-190;
189-190; Rev. R. R. Walsb, Notices of Brazil in 1828
W aJsb, Notices 1828
and 1829, Frcderick
frederick Westley
Wcstley and A. H. Davis, Davis, Londres,
I.ondres, vol. II, II, pág.
pág. 323 e segs.; M.iriaMaria
Graham. Journal
Graharo, Journal of of aa Voyage
Voyage to lo Brazil,
Brazil, and
and Residence
Rtsidenct there,
there, during
during part
pari of
of the
the yeart
71ars 1821,
1821,
1822, 1823,
1822, 1813, Longman,
Longman, Hurst, Hurst, Rees, Orme, Brown, Brown, aod and Green, Londres, 1824, pág. 227 eé
Green, Londres,
segr. Naturalmente,
*egí. Naturalmente, havia em S. Paulo Paulo pessoas
pessoas queque se dedicavam
dedicavam profissionalmente
profissionalmente ao
tíifico
ttáfíco dos dos negros
aegros ee os próprios mercadores
os próprios mercadores do Rio tinham rinham aquiaqui alguns
alguns agentes.
agentes.
(98) A chamada
(98) chamacu lti / ; / de
d, extinção
extinção do tráfico foi prom
do tráfico promulgada
ulgada em 7 de novembro
novembro de 1831, 1831,
corno efeito
corno efeito de de pressões diplomíticas
diplomáticas da Inglaterra
Inglaterra (cf. J. Pandiá
( cf. J. Pandiá Calógeras, formação
Calógera,, Fo,tnafMJ
Hi,16,lca do
Hrtfirica do Brasil,
Brasil, Comp.
Comp. Editôra Nacional, S. Paulo,
Editôra Nacional, Paulo, 44•* ed., 1945, cap. X;
ed., 1945, X ; Evaristo de d«
Moc_ais,
r o ?_op.. c, cit., 177•178; e Osório
í'* págs, 177-178; Duque-Estrada, A
Osório Duquc-Estrada, A Abolição.
Abolição. Esbôço
Esb&ço Histórico,
llist6rico~
Jo3l-l888,
JBJl-!888, Liv. Ed. Ed. Leite RibeiroRibeiro e MauriJo,
M aurilo, Rio de Janeiro, Janeiro, 1918, pãgs. 19-33).
1918, págs. 19-33). A lei
nfo
n io foi toi cumprida
c~mprida era em nenhuma
nenhuma de suas disposições,
disposições, o que que levou Inglaterra a intervir
levou a Inglaterra jntervir de
uma m.ane1r~ drístiez,
wna maneira drástica, serasem considerações
considerações pela pi::la soberania
soberania brasileira,
brasileira, de 1845 em diante. diante. O
re*u taao foi
resultaao toa que o tráfico
tráfico aumentou
aumentou ràpidam
ràpidamente, refletindo-se ainda
ente, refletindo-se ainda em outros
outros setores:
~1orts:
c!eva5!Q.
mnrf- - • do cu1<0CUKO do do escravo,
escravo, ampliação
am pliaçlo desmedida
desmedida da da margem
m argem de de lucro
lucro dos
dos traf1can1e1,
traficante»,
f r rcmio
!n0!! 1
i t ffll
CTa -~assa
™â,sa de africanos
africanos (em casos de perigo perigo a “carga""carga" era lançada
lançada ao mar),
irr.1-!~ç~odos ânwnos
hratii Anunos populares,
Populare!. o que tornava tornava o tráfico
tráfico um umaa questão
questão de de honra
hon,a parapua ot
°'
h! -!ile,ro,, ec_c. Á
2
A literatura
litera~ra sôbre êsse importante episódio é dem
im portante episódio demasiado extensa para »<r
asiado extensa ter
apootachaqu,.
W 9l.)
iu - Í1'83 ? * Veja-~ panícuIaf®cnte
· ' e d.
t>articula~ente C~io Pfado
Ca.io Prado Jr„Jr._. Jfóftfrf* Econ6mic11.do
llist6rla Econômica páp.
d_o Brasil, pí&-
europeu,
/lôtw. ^ adia.nte, e* •* 1uc1nta anál1se da compet1çio
*uc|nta análise competição do do negro
negro com o 1mJgraote
imigrante europeu.
£ ( 100\ ,,.f
(IOI; a
Or11niuda por
pífaniiad*
~ • *
1
p~ M
S.■ H. W ~wrie.“- °op.
M~ct_!Tatnente
p -
cir., *págs.
:. P_opul'!f
*fh?ila^ en^ ,:- p?Puíl*(2o
* « •
iio ,tia
11·13.
>1-».
da p,oví11,it1
província d, de São
São Paulo
Paulo -— 1854,
, i,cl
1B54, ~::,::;~,,,
0
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tl' ~ ª--?de t5^ ilustrlsslmo e~ ^xce.
1
Sr» Dr.
S,_ Dr. ll.obnto D1scur10 com que o ilustríssimo ExcÂs ,mbllM
a
Roberto d’Alm^A (?,1veJra,.
£,ira’ 1n
m D ‘scurso com mutj4
V,,,.p,,,,âmt, da
d !IUUÜ, Vice-Presidente "4 Província
Provlnci11de São u
Sio Paulo
P'1Ulo,, abriu
abr111" Assem»*"
s


r e l a ç õ e s r a c i a i s e n t r e n e g r o s e b r a n c o s EM SAP PAULO____________
:~:EL:A:Ç~,õ=E=S~RA=C:..:J.:...A~Is_E_N_T_R_E_N_E_G_R_o_s_E_B_R._A_N_co_s_E_M_SA_o_P_A_u
____ 41^ ~
Cide com Oo período
cide período em que que se inic!a
inicia e se process~
processa o ~o~apso
colapso do º.
sistema
•t
s1sema trabalho
de trabalho renovaçao
escravo no Brasil. A renovaçao
• , l d d ilimitada
1hmuada do
--
“braço negro"
"braço negro” tornara-se pràticamente
pràticamente 1mposs1ve
impossível desde es e a cessaçao
do tf
tráfico. correntes de população
áfico. As correntes população escrava que se estabeleceram
estabeleceram
norte para
do norte para Oo sul e, posteriormente,
posteriormente, provocaram
provocaram deslocamentos
deslocamentos
da população
população escrava dentro dentro da própna
própria• província
, • d de s-
pr?~,n~1a e ao ~u º-
São P 1 (102)
Paulo^(102), ,
puderam manter
puderam manter transitOriamente
transitòriamente o equ1bbno
equilíbrio na organ1zaçao
organização do
trabalho servil. Mas, o trabalho
sistema de trabalho trabalho escravo se revelavarevelava cada
dispendioso e de aquisição
vez mais dispendioso aquisição mais difícil.
difícil. O café oferecia
margens para
margens para cobrir
cobrir as inversões de capitais
capitais feitas
feitas na rustosa
custosa mão
obra, que
de obra, que se tomaratomara o escravo negro. negro. Contudo,
Contudo, a disponibi•
disponibi­
lidade de mão de obra
tidade obra escrava no mercado
mercado interno
interno não não Podia
podia cor•
cor­
responder ao ritmo
responder ritmo de intensificação
intensificação da procura,
procura, resultante
resultante da ex• ex­
pansão da "grande
pansão “grande lavoura",
lavoura”, principalmente
principalmente no decorrer decorrer do último
último
quartel do século XIX.
quartel XIX. Daí a necessidade
necessidade de procurarprocurar um um suce-
suce­
dâneo para
dâneo para o trabalho
trabalho servil. Admitia-se
Admitia-se que que o escravo se trans- trans­
formaria em trabalhador
formaria trabalhador livre e que que o problema
problema da mão mão de obraobra
encontraria na libertação
encontraria libertação dos escravos utn um corretivo
corretivo natural
natural (105).
(1W).
fazendeiros mais empreendedores
Os fazendeiros empreendedores de São Paulo, Paulo, porém,
porém, tentaram
tentaram
corrigir as limitações
corrigir limitações do Dtercado
mercado interno
interno de trabalho
trabalho através
através da
importação imediata
importação imediata de trabalhadores
trabalhadores brancos.
brancos. O trabalhotrabalho escravo
encontrara finalmente
encontrara finalmente um um sucedâneo
sucedâneo no no trabalho
trabalho livre,livre, nias
mas no
trabalho livre
trabalho livre proporcionado
proporcionado pelos imigrantes
imigrantes europeus.
europeus. Os im- im­
perativos de ordem
perativos ordem econômica
econômica passam
passam a refletir-se
refletir-se na na composição
composição
população de outra
da população outra fonna:
forma: os fatores
fatores que
que antesantes detenninavam
determinavam
incremento da população
o incremento população negra
negra irão
irão ocasionar
ocasionar o aumento aumento da
população branca,
população branca, gr~çasgraças à per?1a'!e!'1te
permanente "fome “fome de braços", braços”, que que
drenará sem cessar milhares
drenará milhares de 1nd1v1duos
indivíduos de diversas diversas regiões
regiões da
Europa para
Europa para as lavouras
lavouras paulistas.
paulistas.
progressos da agricultura
Os progressos agricultura se refletiram
refletiram diretamente
diretamente na na vida
vida
econômica da capital.
econômica capital. A propagação
propagação do café para para o OesteOeste paulista
paulista
uma impo~tância
teve uma importância con.siderável
considerável para
para a economia
economia da cidade, cidade, pois
pois
deslocou do Rio
desloco~ Rio de Janeiro
Janeiro para
para o pôrto
pôrto de SantosSantos Oo movimento
movimento
comercial provocado
c?merc1al provocado pela pela exportação
exportação do produto. A capital
do produto. capital de
Saoo Paulo
Paul° transformou-se,
transformou-se, em conseqüência,
conseqüência, em eixo comercial da
eixo comê"rcial

Lr1lsl"'i11aMu,rltlpal
Recenseamento? 1872
Rtuns,a11Hnlo, i«72 _

dia 18 4, f n,n-,lro à J8S6 s p
— ^Quadros
u a d r o Gtrais
l * G e r aRi s' ' ! ™ 'f o c• e mauto,
e a m1856
f n t (documento
(documemo anexo);
anexo);
Brasil
Brasil ~a qu,
que stst prottdtu
procedeu no
no dia
dia l•I* à,de ~1os1!"3:'r::;:.'ºR
agosto de 7872 > da sPopul11rão P opulaçaodo Império do
do lmpi,io do
Relatório ap,,smt1Jdo
R,/1116,,0 apresentado ao ao Exmo.
Exmo. s, Sr Pr~Jid
Presidenta
,.1 "4 As, Dp ,’ . ^ ~cni
e.censear" ent0 Gnal
,am~nto Geral dt
de 1886
1886 -—
tlo; Ê?.,,"'""
Jj

Central
Cnrl,4/ de
dt Estatística
Eslallstica Composta
Compost 4 senhies
snho,:; · '0D" P j Z Z / d~ - h
S. P? ul°
Paulo pela
p,la Comi»*>
Comissão
sldente), D,.
,Jdtnlt), Dr, Domínios
Domingos Josí José Nogu,i,11
Nogueira /a Jatuaribe Pilho nÂ,tlo,.,a
uarib rsP·i'b''" t i " 0 ~acbtro
Pacbf co ,* Cbtn1ts
Chaves (Prt•
(pre-
valho, Enitnhti~o
~, Engenheiro Adolpho
Adolpho Auiusto
Augusto Pinto'
Pinto Abl:in
Ahilin - #~ A.IJJ,P,,:Jºª'!u,m
J i , ^ ^ J°?~V4‘m Josl J 0si Vitira
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Car.
Book-Walter,
•Walter, TJpografia s.
Tipografia King, T kPaulo, u Ísa8,C ·pi,~~;2•:
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S,h‘
K 56
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>b002) Sõbre a circulaçlo de escravo, den d .
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1 » . im trabalho* funm„,
, °d0* «• n os ª an&
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X devidamente duea•
unuos, pretendemo, etcla.recloloa Dltlhor.
I N Q U S R I T Q UNESCO-ANl-lRA-uu
INQU.tRJT9 U N M C q .A N H |,
42
*

economia paulista (I0-4), principia :1


<«*), e principia a desenvolver-se em um sentido
urbano.
b
ur ano. OOss transportes, que se fizeram
. d até 1860 por
por meio d as
tropas
tropas e de
d burro,
burro assam
passam
, P a ser realIZa
realizados os por
p o
,,' .d r estradas
estradas de fêrro
ferro cui .
, cu 1a
ensão e quilometragem
extensão
t quilometragem aumentam
aumentam rapi rapidam amente (105). o
ente (105). Q ttéd•.,
ex . b . •to
agrícola,
agr1 embora deficiente, organiza-se
'co]a , embora organiza-se
• . • em
. bases ases mais .amplas
amplas,, gra.
ças ao apareciment.~
aparecimento ~e de um mcip1e~te
incipiente sistema bancário, bancário, às opera.
ções
ções dos intermedianos
intermediários nos negócios do café e ao cresci me t
cresciment
operam ~d°
0
paralelo do comércio (106). :tsses Êsses desenvolvimentos
desenvolvimentos se operam
forma acentuada
acentuada no último quartel quartel do século XIX, X IX , sem modir modificaie
.~ d . 1car
de modo profundo,
profundo, contudo,
contudo, a posiçao
posição do o ~egro
negro no sistema de tra- tra­
balho. À À medida que se processava a desintegração desintegração do acanh acanhadd
artesanato herdado do perto , d
o co J • 1
on1a, as ocupaçoes ,., •
1ndependent a o
, período
, colonial, ~
ocupações
d . independent
. °
es
ou rendosas caiam caíam continuamente
continuamente nas maos mãos dos os 1m1grantes
im igrantes eur euro!
• • 1 ó o-
peus. ÉÉ preciso notar. que o me1?
notar ~ue meio _soc1a
social ssó com~çou
começou a comportar
comport
a multiplicação
multiplicação de atividades
atividades sociais, que que garantissem
garantissem relativarelativa se.s^
gurança e prosperidade
prosperidade econômica com apoio apoio na aplicação
aplicação exdusiva
exclusiva
de energias pessoais combinadascombinadas a reduzidos
reduzidos capitais,
capitais, num num momento
momento
em que a escravidão entra entra em crise e em que im igração se
que a imigração se inten.
inten
ica. Por isso,
sifica.
sif isso, as oportunidades
oportunidades criadascriadas pelaspelas tendências
tendências de de- de*
senvolvimen
senvolvimento to urbano
urbano da economia
economia paulista
paulista vão beneficiar beneficiar 08 os
imigrantes
imigrantes europeuseuropeus e muito m uito pouco
pouco os mulatosm ulatos e negros negros libertos.
libertos
Sob êste aspecto, a situação
Sob situação de São Paulo Paulo é é claramente
claram ente distinta
distinta da
do Rio de Janeiro,Janeiro, por por exemplo, onde os negros
exemplo, onde negros chegaram
chegaram a mono. mono­
polir.ar,
polizar, em pleno pleno regime
regime servil, um grupo g ru p o apreciável
apreciável de atividades
econômicas ligadas com a vida social urbana. urbana.
Os dados demográficos
demográficos atestam
atestam que
q u e a população
população da cidade
também aumentara,
aumentara, embora
embora seja quase
quase impraticável
im praticável uma
um a compa-
compa*
ração entre
entre as estatísticas 107).
estatísticas de 1854 e 1872 ((I07). Em 1854, a cidade
com seu têrmo rural
rural compreenderia 31.824 habitantes,
com preenderia 31.824 habitantes, dos quais
23.834 estrangeiros (108).
23.834 seriam livres, 7.068 escravos e 922 estrangeiros ( I08). Os
Os
relativos a 1872 (nos quais
dados relativos quais não
n ão foram com putadas as fre•
foram computadas fre-

(104)
(104) Prado Jt.~
Cf. esp. Caio Prado História Econômítd
Jr., Hístó,í11 Econômica do
do Brasil,
Brasil, págs.
págs. 174•17S.
174-175.
_ (105)
(lOS) Cf. P.
CE. P. R..
R. Pesraoa,
Pestana, op. cit., págs. 7-9; João
págs. 7•9; João Pedro Veiga Filho,.
Pedro da Veiga Estudo
Filho, Estudo
Econômico ee Finanteíro
!!ton&mito Financeiro sôbre
sôbre oo Estado
Estado de
de São
São Paulo,
Paulo, Tipografia
Tipografia do Diário
D iário Oficial?
Oficial, S~o
São
f~ulo, 1896, págs. 89-I
Paulo, 1896, Desenvolvimento Comercial
lS; F. T. Souza Reis, Desem,ol11imento
89-115; Comercial do do Bras_1l,
Brasil, 1inº
J!)fflal Economia Política", vol. 1,
Jornal de Econ_orl;'ia I, n. 2, 1913, pág. 230 e segs.,. em que ~x~mma
segs., e'!1 examina 11
as
0t1geos
origens dos capitais que tornaram
tornaram possível a criação
criação da rede
rede ferrovJárJa
ferroviária bras1le1ra.
brasileira.
v (106) , Cf‘ Richard M. Morse, São
Cf. esp. ®,chafd São Paulo in the
P11ulo ín lhe Nineteenth
NineteenJh Century:
Century: Economic
B,ono,m:"
/
e 1e,s. O. artigo,
M.etr°P°lis’
Roots o/ ntb1 Met,opolis, in Inter-American
em conjunto,
conjunto, constitui
Economic Affairs,
Ioter-American Economic
constitui uma concentrada
concentrada aoáJjse
V, .o.
Affairs, vol. V, 19Sl, pág. 221
n. 3, 1951,
expansão da eco-
. art,£°> eQi análise da expansão eco­
nomJa
nomia paulista em um sentido
sentido urbano
urbano durante século XIX.
durante o século X IX .

1frteuJsht
O~) ^As ttratísricas de 18S4 incluem na zona rural
e*lat,st,cas de comarca de S. Paulo doas
ru ral da comarca dual
reguuiu, , que aio
não constam nas computações
computações concernentes estatísticas de 1872
concernentes às estatísticas 1872.•
Que (lOS) Cf
·
n i n f S J ’ P_opulaf
P.op?l?jão da Província
áo da de S.
P,011lnti" de S. P11ulo
Paulo -— 1854,
1854, loc. _esds:::!
loc. cit. Convém e s c l a r e c e r
Asmto,
que nlo foram mcluidos Jund'%
Amaro, Parnaíba e Juodi.ai) • t0t*'í$
referentes
os torais re*ereaíes às Vilas
às da “periferia”
Vilas da da Ct>ma
••periferia,. da rd
Comarca
.
(

R.ELAÇôES RACIAIS
RELAÇÕES RACIAIS E
ENl.'
N TR.E NEGROS E BRANCOS
R E NEGROS BRANCOS EM
E~I SAO
SÃO PA
PAUULO
LO 443
3

·as de Cutia
guesias Cutia e Itapecerica, como
Itapecerica, como em 1854),
1854), contêm
contêm maiores
maiores dis­
dis-
gues1 d b · (109)
criminações, como
criminações, como se poderá
poderá verificar
verificar pelo quadro abaixo
qua ro a a1xo (109):
:
Condição
Condição
Côr Liv re
Livre Escravo
Escravo Tot
T otal
al
Branca
Branca
Par
Parda
da
18.834
18.834
5.761
5.761

950
- 18.834
18.8 34
6.711
6.711
Negra
Negra 2.090
2.090 2.878
2.878 4.968
4.968
Cabocla
Cabocla 872 — - 872
Total
Total 27.557
27.557 3.828
3.828 31.385
31.385

Quanto a 1886,
Quanto sabe-se que a população
1886, sabe-se população da capital,
~api~al, com seu têrmo
tê~100
rural, abrangeria
rural, abrangeria 47.697 habitantes, dos quais
47.697 habitantes, quais sòmente
somente 593 seriam
seriam
,
escravos. Nes
escravos. Nessasa ocasião,
ocasião, os imigrantes
imigrantes italianos,
italianos, portugueses,
portuguêses, ale»
ale-
mães, austríacos,
mães, austríacos, espanhóis,
espanhóis, franceses
franceses e inglêses,
inglêses, radicados
radicados na cidade,
cidade,
totalizavam 11.731
já totalizavam indivíduos. A mesma
11.731 indivíduos. mesma fonte
fonte indica
indica que
que a
composição da população
composição população da cidade
cidade de S. Paulo,
Paulo, pela
pela côr, seria
seria a
seguinte (no):
seguinte ( 11º):

Brancos ..............................
Brancos ••• ••• • • • • • • • • •• 36.334
36.334
Pardos ........
Pardos • • • • •.......................
••• ••• ••• ••• 6.450
6.450
Negros ................................
Negros • • • • • • • • • • • • • • • • • 3.825
3.825
Caboclos .............................
Caboclos • • • • • • • • • • • • • • • 1.088
1.08 8
Tot
T al ...............................
otal • • • • • • • • • • •• •• • • 47.697
47.697

Apesar das transformações


Apesar transformações acarretadas
acarretadas pela
pela expansão
expansão da cidade
cidade
em um sentido
em sentido urbano,
urbano, São Paulo Paulo foi, até o fim do século, século, umumaa
sociedade rural
sociedade rural que desempenhava,
desempenhava, por por circunstâncias
circunstâncias peculiares,
peculiares, a
função de centro
função centro comercial,
comercial, bancário,
bancário, intelectual
intelectual e burocrático
burocrático de
uma Província
uma Província estritamente
estritamente agrícola.
agrícola. Em sua própria própria constituição
constituição
era notável
era notável a importância
importância das atividadesatividades agrícolas.
agrícolas. Seu centrocentro
''urb ano'' se circunscrevia
“urbano” circunscrevia a algumas
algumas ruasruas da freguesia
freguesia da Sé, que que
era, ao mesmo
era, mesmo tempo,
tempo, a área área em que que m mororavam
avam as famílias
famílias mais
mais
abastadas (em 1872,
abastadas 1872, por
por exemplo,
exemplo, a m met ade da escravaria
etade escravaria da comarca
comarca
estava nas mãos
estava mãos dos seus
seus moradores
moradores e nada nada menos
menos de 1.061
1.061 escravos
escravos
eram ocupados
eram ocupados em “serviços
''serviços domésticos”),
domésticos''), e em que que vivia
vivia o m aior
mai or
contingente de pessoas
contingente pessoas livres
livres da comarca
comarca ((77.344
.344 indivíduos,
indivíduos, sôbre
sôbre
20.213, que
20.213, que residiam
residiam nas oito oito freguesias
freguesias restantes).
restantes). A lavoura,
lavoura, ppra-
ra­
ticada na região,
ticada região, ainda
ainda representava
representava a principal
principal fonte
fonte de ren
renddaa dos

(109) Recenseamento
( 109) Cf. Recenseamento — 1872, loc. cit.
- 1872,
«esccrlha ,? Cf. _Recensea,nento Gerat.
ra(llO)
v ovos. Geral df
d, i1886
m >
, op.
op. cit.,
cit.. págs.
pã.gs. 9, 13 e 53-56.
53-56. Dos
Dos 593
mulheres.
m u eres • que ainda existiam na
a,nda existiam capital te seu têrmo
na capital têrmo em 1886,
1886, 225
225 eram
eram homens
homens e 268,


______________ INQU
Q Uf.R
É RIT
ITOO UNESCO,ANHFMt>i
UNESCO-ANliF~t
44 ------------
-;, BI
44
livres
1·vr es dessas
de ss as fr eguesias ee co
freguesias ntinuava
continuava a absorver o
absorver ,
t
balho de D
m o r a d o r e s
..n or adores 1 I for O
"'u bboa parte
pa rte d
dos s se us
seus es cr av
escravos. os . De e qu a
qualquer qu er forma,
m a DJ
n~ ...
era
ra
.ce .
balho de oa o _ • ' •
que as repercussões _ da d comphcaçao
co mplicaçao da da es trutura social
estrutura social na na n or CC
w1
cu ~e s a ga .
zaçâo
que as reper
- ,., d trabalho
zaçao o
trabalho escravo
d o es cr
av
re
o
pr
nã o
não foramfo ra
_
m m ui
muito
.
.
to pr o
f
profundas.un
d

as . TôHTôdas ' ni
as
~
ocupações - de algumaalguma es en
representaçãotaç ao so
socialcia 1 pe rm
permaneciam
an ec iam com
como p . **
. ó
vilégios
ocup~çoes
das pessoas liv re
livres s e
e br an ca
brancas, s, p0
pois IS s
só ex ce pc
.
ionalmente,
excepcionalmente °
gr
r1
píi'
aç as
.
aa cecertos
vifég1osdas pe~as
rtos rn
mecanismos
e~n1srnos de
,
de atribuição
atribuição de de status
status que que serão
.
serão eexxam a in
-
mad^ ^
· os
no segundo ndo capítulo, lo é qu
capitu , é que os “homense os ''h om en s de
de cô r''
côr” livreslivres (“pard(''pardos'' *d°S
se gu .
“negros")
,, egros'') conseguiam
no
consegui •a rn acesso
ac es so a tai s oc upaçoes.
a tais ocupações.
,.
0
Os s
d
dados
ad os cont*d°S
co nt id os
0u
°
na U
estatísticas
n ,
st1
. de
de 1872
1872 deixam patente que
de ix
estat1 ca; Paulo não chegara a determinar
am pa ten te qu e a
. . .
incipiente
in cip iente econo economia• °uraS
s
.
bana de S. Paulo não chegara a determinar a elaboração elaboração d™13 de nova Ut’ s
enas ccoontnrib th 0***
bana ded · Iicação do trabalho escravo, tendo
formas de aplicação do trabalho escravo, tendo ap apenas uí do
forma_s e ~Pf. um Pouco mais certas formas
para
nara intensificar
mtens1 icar um pouco mais certas1· formas tradiciona*
tradicionais Jde ex d°.
r-
ploração
Ploraçao
... do
d O tra ba lh
trabalhadorad or es cr av
escravo o (a
(ampliação
m p 1a ça
-
o
d
dasas oportunid
oportunidades
. H CX’
de
alugar
alugar os
.
os escr
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escravos, ,
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.
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I •
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<?
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nuais). 0 quadro seguinte
quadro seguinte rereune
une os dados
a os relativos
re ati vo às V ° \i ma‘ ..
nuaJ.S• • em que os escr s as at iv id ad es
econômicas
econ ôm1cas em que escravos
avos ereram
am em pr egad os n essa ~
empregados 3as1a
·- ade«
«sete
te freguesias
freguesias da comarca
111
comarca ((»>):): h oc o
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em

FR
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b. em
Trab. em tectecidos
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Trab. vestuários
tuári01 ••••
•••••
........
•• —- - -

- -—
-
11 j
- -- _-
1 _______ _ ~
2-
Tra
Tra
b. em couros
Trab.
b, em
Trab,
e.ouros e peles
ena cal çado, ••••
calçados
peles .• 2 9 29
...........
••• 22

l1 -—
11 __
11 I
__ __
-
- 47-47
1 _______ _ 30^
s
Tnb. agrícolas
Trab arricow ................
Criado. et jornaleiros
Criados
••••••••••••
jomaleiro1 .........
-
402
402
- 33
333
—-
3 20
2055
22
105
10
35
5 83
83
-
__
53
53
48 _
««
82
f,?6
Se rviços dom
Serviços domésticos
••••••
étticol .............
•••••••• 1.061
1.061 56
56
22
49
49
35
37
37 ~56
48
38
38
-77 50
1 Z7
J.30f
Se m profissão
profwio ...................... 22.f
Sem
TOTAL
T0TAL
224
1111 ••••••••••••

••• •••••••••
.................... 1.909
1909
-471
53
53
*71
J466
34 2
342 27
J844
8
278
_75
75
22 6
226
174
17 4
315
31 5
-79--
?t1,
79

677
3J2Ü
3.6 20

D
Dee m odo qu
modo quee presenciamos
presenciamos um interessante
interessante fenômeno:
fenômeno: aa agri-
cu ag ri•
cultu ra da zo
tura na ru
zona ral da
rural da ci dade nã
cidade nãoo fa
favorecia
vorecia o incremento
incremento da da pro-
pr o-
tTzhuii?
cura de escravos, evoluindo constantemente, ao
eyoluindo constantemente, ao co ntrário, para
contrário, para oo
ivn-* r ° a IVre>^ uase semPre do próprio em preendedor,
trabalho livre, quase sempre do próprio empreend
edor, com com aacola-
co1~·
no cT° a m.en}^ros
boração de membros de sua família (o que aconte
sua família (o que aconteciacia com
com freqüência
freqüência
no cato. dos imigrantes europeus); por sua vez,
ecorvW/**08 imi^ f níes europeus); por sua vez, as novas novas atividades
atividad_es
econômicas,,nascidaJ do crescimento do comérci
urbana n~ nasci(?as crescimento do comércio o ee da da prprodução
oduçao
urbana_,não se orientavam no sentido do trabalh
trabalho liv l^ no sentido do trabalho o escravo,
escravo, mas
mas dodo
trabalho livre. N'as esferas das ''profissões manua
__ _____ “ e* Aas esferas das “profissões anuais is ou mecânica/
mecânic.ai'
“ “)
(ltl > a.
o. ,.,,,,,,"""""-' 1872, Joc. dr_. m i Joc ^
RELAÇÕES
REL AÇ OES RACIAIS
RA CIA IS E N
ENT T R
RE E NEGROS
NEG RO S E BRA NC
BRANCOSOS EM PAULO ________
SÃO PAULO 45
45

e das outras profissões . - em que ue se processava aproveitamento regular


rocessava o aproveitamento regular
s outras prof1s soe s em q of~ a um a for te co mp eti ção do tra ba -
e datrabalhador
do escravo, êste sofria uma forte competição do traba-
esc rav o, êsd tes bst itu ído
lhadore estava sendo substituído por êle. Assim, tendo-sepo r êle . As sim , ten do -se
do trabalivre
lhador "Ih
d 1• e e estava sen o su co mp art i av a
em or
lha . - ve rif ica -se
vistaivressas profissões, verifica-se que o escravo lho qu e o esc rav o compartilhava
vis ta ess as pro ~1 sso es, f - de ag en te de tra ba no sis tem a
em o trabalhador
com tr balhador livre livre as funçõesunçoes de agente de trabalho no .sistema .
de mserviços
o a e de d
produção - d
da . da
cidade, de de um
uma a ma ne
maneira ira qu
que e u ins inu
insinua,
do a,
:t
co
de serviços e de pro uç ao a c1 ' . . l

"á em 1872,
1872 aa eliminação
eliminação progressiva
progressiva do primeiro pr1me1ro pelo segd n . drÉ
pe o segundo.
Jo que
em .inferimos
'. da •interpretaçãoreta ão do doss da dos qu
dados e co
que nstam do
constam o qu a 0
quadro
abaixo
o q? e ,n~ ::•
(112), m:
o s '!:'
qual a:n ::r
se Em itJ
limita às pro fis
profissõessõ es ass ina lad
assinaladas _a s no
no qu
quadroa~ ro
anterior ), qf om itid as, po rqu e era m ex erc ida s ex clu siv a-
ior (outras
a1x_
abter
an o ( (outras foramoram omitidas, porque eram exercidas exclusiva­
mente
mente por por indivíduos livres):
indivíduos livres):

Condição SociaJ
Condição Social Escravos Trabalhado-
Escravos Trabalhado- Tot
T a]
otal
li,·rcs
res livres
• 1 ••••.. " ••.••.•••••••.• 67
67 583
583 650
650
0,1tu .reJra
C ant.,
C.a nt., Cale. ..........
mineirot ............
Cale. e mineiro* 11 41 42
42
Trab. em metais . . . . . . . . . . . . . • . . 19 218
218 237
237
T rab.
Tra b. em madeiras •••••••
....................
macfeiras ••••• ,• 33
33 260
260 293
293
Trab. em tecidos • . • • • • • • • • • • • • • • 124 856 980
980
T rab.
Tra b. em edificações • •• •• •• • • ,
edificações .............. 25
25 130
130 155
155
Trab. em vestuários •.•••• , • • • • • • 2 102
102 104
104
Trab.
Trab. em cour. pel. ...... , , . . •
cour. e pel.................. 30
30 189 219
219
Trab.
Trab. em calçados . ••••••• •• ••••
calçados •...................... 55 58 63
Trabalhos
Trabalhos açrírolas
a,rícolas .••.. •••••.
.................... ,•• 826 3.747
3.747 4.563
4.563
Criados
Criados e jornaleiros
jornaleir01 •• , ••••••• , , •
.................. 507 2.535
2.535 3.042
3.042
Serviços domé1r. . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.304
Serviço• domest............................... 3.506
3.506 4.810
4.810
Sem
Sem profissão .. ... .. .... ...... ..•
pro(issão ............................... 677 8.244
8.244 8.921
8.921

Isso não
Isso não ex explica,
pli ca, porém,
po rém , a enorme
en or1 11 e red uç
redução ão da po pu laç
população ~o es-
es­
crava, observada
ser va da no período
pe río do aqui
aq ui nsi de
considerado,
co rad o, co
com m ref erê
referêncianc ia ao
aos s
crava, ob
anos de 1854,
18 54 , 1872
18 72 e 1886.
18 86 . Sem
Se m dúvida,
dú vid a, t:1
tantonto a sup res
supressão são de fin itiv
definitiva a
anos de
do tráfico
fic o africano,
afr ica no , com m suas
sua s <1
conseqüências
co nsc üt~ nc .ia sdir eta
diretas s ou ind ire
indiretas tas
do trá C(!
sôbre
re as
as condições
co nd içõ es de renovação
ren ov açã o da mã
mão o de ob ra,
obra, q\1 an
quanto to a
a ten dê
tendência ncia
sôh
ao desenvolvimento nto do trabalho
tra ba lho liv re,
livre, fav ore
favorecidacid a pe lo
pelo afl ux
afluxo o de
de un
imi­ i-
ao desenvolvime
grantes europeus,
eu s, contribuem
co ntr il> 11 em pa ra
para esc lar ece
esclarecer r êss
êsse e fen ôm
fenômeno en o no
no
grantes europ
espírito do leitor. . Mas
l\fa s o fenômeno
fen ôm en o em ap rêç
aprêço o rep res en
representa ta o
o pro du
produto to
e~1>irito leitor
de um
um conjunto
co nju nto de causas
cau sas muito
mu ito mais
ma is co mp lex
complexas, as, qu
que e de ter mi
determinaram,na ram ,
de
ao longo <la segunda ,la metade
me tac lc do 1lo
século
séa XI
XIX, X, um do
doss pro ces
processos sos ma
mais is
ao long,> da segun
dramáticos que ja abalaramram a soc iec
sociedadelad e bra sil eir
brasileira: a: o
o da
da de sag re~
desagregação ac; ;ão
dramáti,·os que já al, ala
- .... ..
do
do regime
n·g im e servil.
ser vil . Assim,
A, isi m, não
nã o é a pro po
proporção rçã o do ele me
elemento nto ne
neerogro n:i
na
população
população de São
São Paulo
Pa ulo que
qu e se alt era
altera, , co
comomo se po de
poderá rá ve rif
verificarica r co
com m.
parando
paran do entre
en tre si as indicações
ind ica çõ es relativas
rel ati va s às dis tri
distriQ bu içõ
çõeses pe
^ llaa ôcô rr (li!),
t o sta
7 0 8,a,us
tus do escravo
esc rav o que
qu e se mo dif
modifica,ica , a pró pri
própria a esc
e s £rav
a vidã
i* o
£ «qu. e
desaparece,
desaparece, co condenada
nd en ad a pe las
pelas no va
nova, s co
c ondn içõ
d ies
ç õde e ex
s Visteênx cia
i s S sos cia
S ldT

s?S
<112)
( 112) Idem.
Idem.
Lowrie concJ l • • •

"o 3 <113) Alits


1tf o comfço
no e1tado de
d~
Sio
imi
Pa
de 1ua J><>puJaçlotot~J~
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1
I
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1nve9c,gaçlo, que "dos f 1ns do século d«·Z<tito
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voc aºf~ cici , K: S4) · O mt~ mo auto r assi nala que o aum
Pópulaçlo btanca, pro
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de 1/6 a“utpor°centagem do
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o t r á f i c o a ( •
---
Se tomássemoss os anos de 1850,
1 8 5 0 , e
em m q
queu e o tráfico afrira n o f o i
m o o s a n o s d e i p r o m u l f ? a ~ • c a
o m á s s e u e f o
suprimido Se t efetivamente, n t e , e de
_ d e 1 8
1888, 8 8 , e
em q
m que foi prom ulgada
n c i i' h ~ ª
^ ~ h o .
do cativeiro no Brasil, h t t l *hom
m i d o e f e t i , • a m e n t o s d e r e f e r ê 1stór1 a,
u
slição p r i r a s i l , como
c o m o p o
pontos de - referência i m . c o
B r e g
seriamos
·
l 'll
1 r ã o d o levados
c a t i v e i r o
a
no
convir
n v i•
r que
q u e a
d c s a
desagregaçãog r e g a ç a o d
do
o
regim
g n d e
u O .-,,abu e se
~ ~ r v í 1* 1 s
8* e
sconsumara l e v a d o s a c o a s . P o i s , s e J
eríamos em menos s de
d e quatro
q u a t r o d é c
décadas. a d Pois,
, d segundo u a s txr ê /
s k t c o
^ ,
coonmovimento abolicionista
a r a e m m e n o ~ c r i o O p o r s
sum • • · t a passara
p a ~ r a n e
nesse s s ~ período p o r lsuas
ã o tr* r. a
.° s*e s
s i c
de m o v i
evolução:m e a
nto “em 1850 b o l 1 c 1 o
8
n
5
1
0 queria-se
q u e r i a - s e suprimir
s u p r 1 m 1 r aa escravidão
e s c r a v
a s d e ac^
a c ª h a n d o
Ses f
e evooltráfico; em 1871,
0
u ç ã o : '' e m 1
s d o b e r
e o berço, mas de faç o , m
dcom , libertando
l i b e r t a n d o d e
desde d a p a tto
o dd e p o i
d.°s
á f i c o ; e m 1 8 7 1 e e s c r a v a a i n s c e
cdosom vinte O t r e um anos de idade,
d a d e , os
o s f i l
filhosh o s d
de escrava ainda p0r
a o r n( ae^°is r;
d e i m
d
hojeo s v i n t e e u
quer-se suprimi-la,m a n o

s

1 -1a , em
e m aancipando
n c 1•p a n d o o
os s escravos
e s c r a v o s
e
e
em
m
s e t e massa'
m ~
8
ª ,
n ,ascerí
e r e s -
os ingênuos
q u e r - s e s u p r 1 m e i d e
L ei de 28 de setembro» 2 8 d 11
hoje
gatando s da
da servidão
s e r v i d ã o d
da a L i c i o n i s t a r o < •) •
n u o b o l o u
gFoi atanna década de 80, quando o movimento abolicionista j>a *
d o o s i n g ê m o v i m e n t o a g a n h
8 0 , q u a n d o o ,,
t e s t o n e , ,
d e •
p r o
Foi feição
sua n a d é c a d a
revolucionária,
.ç-ao revo 1uc1onar1a, e • , • q u e s
se e

1
féz e z o
o uu vvi r
ir
o
o “protesto h a v i a n e e r" ” 0
gt::º
f e i
ua quero” dos escravos.
s“não r a v o s . A agitação
a g i t a ç ã o a b o l i
abolicionistac i o n i s t a
havia o s
ª
atin
e s
1 g1do
c
nra"m0 o s
''asnãcamadas do s e s c 1 r i n d o a
o quero''populares 1ares eedas ó
próprias
_ p ê r
·1 a ! d n
senzalas,
s e z a a s , . c o n f
conferindo e aos
ç ã o escra
d . . '
P u a s p r e g i m e , u m a a e c 1 s 1 v a
nos madas J
as caderradeiros ? º anos da existência
1 s t n c 1 a doo regim r . e, um a ação decp08’ a , a o
o s a n o s a e x p f u g a s e m m a s s
d e r r a d
nos solapamento da ordem
no e i r .
vigente. P o e h 1 0
r m eio das fugasfaemJ d h a s m a s s a
. . ^
a
d odr d e m v 1 g ~ n t e . n a s z e n d a s ,
p a m e n t o o t r a a o n -
o sola tempo que
nmesmo u e
desorganizavam
e s o r g a n 1 z a v a m trabalho
o
nas
r i s s fazendas
o , c o m o m c ~3°
esmo teemdificultavam p o q l e g a l ( 1 1 5 ) . P u i t o
fundiam
m a
a repressão
r e p r e s s ã o legal (i*5)# b p orJ • isso,
- n ãcomo
o f e z mui”
s e . .
m e di um escritor
undiaobservou
fbem f i c u l t a v a m
r .
i t o r f
francês,
r a n c ê s , “a
'' a lei
1e1 daa abolição
• d a o 1 ç a o
e r não
v i l '' fez
( 1 1 6 senão
) . n a o
bem obsera desorganização já
v o u u m e s c t r a b a l
do trabalho servil” ( 116)h o s
sancionar ã o j á avançada
a v a n ç a d a do s a g i .
s o r g a n i z a ç a ç õ e s d o
s a n c iApesar dos ideais
o n a r a d e
hum
h u m aanitários
n i t á r i o s u
que
q e i n s p
inspiravam i r a v a m a
as
s
açõesd o c dos
a t i v eari-
i r o
A abolicionistas, a lei uulgou a abolição do cativeiro
p e s a r d o s i d e a i s o u a a b o l i ç ã o
tadores e i que
q u e prom
p r o m l g
o l i c i o n i s t a s , a l
tadores a b & Cia., Lond
res

1883, pág.
(114) Joaquim Nabuco, O
4. a q u im N a buc o , O Abolicionismo,
A b o li c io nismo , T ip
T ip . de. d e
A.
A . K ingdon
K ingdoa & Cia
r a is , ’ A C
i-ooarei, a m p

a-
(11.f) J o
o r E v a r is to d e Mo o s S antos
(115) g . 4 .
Conforme, especialmente, dados fornecidos
n e c id ~ p
por Evaristo de é M
Morais,a r ia d A Campo,
1883, pá e c ia lm e n r e , d a d o s for
r ti c u la r 3 0 0 - 3 1 2; Jos
s . 1 7 7 - 1 83 ;
e ~ p
e. cit., págs.s. 289 s .• em p a
em particular 300-312 1942Maria’, p á g
l IS>.• C~formop.
nha (Abolicionista,
o p . c ,r ., P .á g 2 8 9 ee segs.,
s e g
r ia M a r ti n s , S . P a u lo ;, José
P a u lo
dos Santos
, D ~plJÍ•
0 / 1Republicanos
•264 h1 eAbsegs.; o/t(ton,sta, Paulistas e a A bboolíliç
a A fã Livra
ãoo, , Livraria M artins, S.
A b o li Paulo,
fã o em1942, o
Sã págs. 177-183
tr a n s c r ir éo
Dr.o 1 P tl
Antonio e
lJlístas Manuel Bueno de
d e A n d
Andrade, r A
ade, A A bolição em ( d o
São c u m ento
Paulo. Depot-
p u h lí c
1 Re de uma Testemunha,
0mento tm a n u e J B u e n o " , 1 3 - V • l9 1 8 v a r is c o de
An to n io M in "O Estado de
de S. . P a u lo
S Paulo ", 13-V-19I8 obra
(documento d e E transcrito
2 6 4 e segs.; Dr. te m 1 1 n h a , in " O E s ta d o
u m a s m o d if ic a ç õ e s , n a
u a a d m in is t, afÃtJ
em 1grande 11parte, s
ma Te em certoss pontos s com
c o m algumas
alg m odificações, a lb a napasobra so dc Evaristoaulo de,
1t1 to tk Exposição
"Morais); te , e mcom to
cerque o Exmo. p o n to
Sr. is (onàe d o Parnaiba
Visconde
V d o P a r n
passous A , S
lvaesadministração ã o P
eda g
m Província r a n d e p a r e o E x m o . S r . P a u la R o d r ig u e lJ P 1 1Ulo
to m
o Paulo ao Exmo. q u Franc is c o d e l d e S â
M o rais); Expode sif3S.
a o E x m o . D
D rr.. Francisco d e PaulaJivRodrigues
e g is la a P r ovincia Alves, Sáo Paulo,
s n o di•
1888; S . P a u lo
págs. 3-4; Relatório apresentado à Assembléia ss e m b ll ia L
Legislativa Provincial r ig u e s A lv e
d e São Paulo
tl Provlncía de Rtlalório ap,est,zlddo à A Frttncis,o dt Paula Rod
dpelo o E x m o . Sno r. D r.
presidente - 4 ;
da Província Exmo. Sr. D r.
r . Francisco d e Paula com q Rodriguesu e Alves diá
110888; pigs. 3- a P,ovlncia Exmo. Sr. 2 1 - 2 2 ; R e la tó r io a o E x m o . S r. Dr.
p r lo sidtnte ded 1888, , S.
dep,,janeiro
S .
Paulo,
P a u lo , 1888,
1 8 8 8 , págs, 21-22; Rafá
págs.
is lr
elatório
O d e com
S . Pauque lo o Exmo. Sr.8, Dr.
d e 1 8 8 ~o
1 8 8 8 tl d m in ~ h ,i l
Francisco
1 0 de ilfflríro dt 1 Rodrigues ,A/,,es p4Ssou
de Paula Rodrigues Alves passou a administração
s id e n te , n o
d
d e
ia S .
2 7Paulo
de ao
e n lt
Exmo.
d a P
Sr.
~ o v Dr.
/n (i•
Francisco
F ,1 111,iscodAntonioe Pau/1 Dutra Rodrigues, r ig u e s , 1*
} P V ice-pre
Vice-presidente, no
E x m d.ia S27
o r . d
Pdre s1abril de 1888, 1Sío
1 1 s n•
A
Paulo, D
nio 18 e 23-24; 1 1 tr a R o d Relatório apres
apresentadom ta d < J a o
ao Exmo. Sr. Presidente r e s D r , 1
da Província fl
F r a n O An, topágs.
(ÍS(1888 e 2 3 - 2 .f ; R e la tó r io
a c o m p o s ta d o s senho
e F il h o~ An- ~•
de lo São Paulo pela
s . 1 8
Comissão Central de J
Estatística
ta ls ti c com posta dos senhores g u a r ib Dr. Elias
P a u , 1888, pig C o m is s ã o C m tr a l tk Es
in g o s
m ingos J o sf Nsto /o s l N o g u e ira /a
b íl io  '! 'é l, o ""
tonio
t SdlJ Paulo peela
Pacheco Chaves ( presidente)
id t, z te ) , , D D r.. D oom
r u g u ogueira P in , A
toJaguaribe Filho, Dr.
p
_ á Bf.
d C h a v e s ( p r e s A d o lf o A , O P : '' '· • .
Joaquim
to m o P11José che(oVieira e de Carvalho,
a r v a lh o , engenheiro
e n g 1 nheiro dolfo Augusto
s tr a d a , A PAinto,
b olirãoA bílio Amélto s p b ! . <w ~
Silvauím
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225-226; 11M
Marques,
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dr Diário O ficial, á g s . 6 0 - 6 9 : e d e s a g r ! g a ç ~oteo-
Estado de S. Paulo,
in d a Tip. do l, p
págs. 60-69; c Caio Prado a Jr., História
22S-226; d. a 111l0T d o D ii r io Oficia io s J ig a d o s com io s e ( d.
escRt~°J
. P1 págs. 190-191. , j p , tar de e e p is ó
d episódios ligados d o s
quea desagregaça m e
1nômica
!.stadoddo e SBrasil,
, p 19
~gs. procesto, 0 - 1 9 1 . Ao
A o tratar
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r a d o salie n ta n o s e n a d com
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dosos meios
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" ! i, a tervíl,
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em il pleno a o , Antonio
A n to n io P
Prado salienta n eo senado
a c o n d u r ~
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pressio estavam e m "já p le n o
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esccJ . h ·t
'Li:cí,
re,1me fttVÍJ, e q u e n io surtiam P
sôbre
r a d o na o Império dos
tJ & U' ^
ditcutios de 13-ÍX-1887
" j~ s a s r o es " de 19-IX-1887, in A n to
ntonion io Prado no Im pêrto r a d o ,
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na . BKepuo
P!essJo tStavam3-JX-1887 e de 19-IX-1887 os por sua fílh11 N11zarl P • 1928,
Seus
SCia.u s d
50S de 1 e atoss coligados
discurdiscursos
~ Eduóres, Rio dee Janeiro, 1929,
is fu ,s o s e Janeiro,
ido c o li g a d o s e, apresentados
1 1
9
p
,
resmid
192 págs. 228 e 243-244.
p i p . 2 2 8
por sua filha
e 243 - 2 4 4 . N azaré P r d d o , r .
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I
RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇÕES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS EE BR.,\NCOS
BRANCOS E~r
EM SÃO PAULO
SAO P.1\ULO 47
47

consagrou uma
consagrou uma autêntica
autêntica expoliação
expoliação dos dos escravos
escravos pelos
pelos senhores.
senhores. Aos
Aos
escravos foi concedida
escravos concedida umauma liberdade
liberdade tel,rica,
teórica, sem
sem qualquer
qualquer garantia
garantia
de segurança
de segurança econômica
econômica ou ou dede assistência
assistência compulsória;
compulsória; aosaos senhores
senhores
ao Estado
e ao Estado nãonão foi atribuída
atribuída nenhuma
nenhuma obrigação
obrigação CODl
com referência
referência
pessoas dos libertos,
às pessoas libertos, abandonados
abandonados à própria própria sorte
sorte daí
daí ent
em diante.
diante.
Em su01a,
Em suma, prevalecera01
prevaleceram politica111ente
politicamente os interêsses
interêsses sociais
sociais dos
dos pro,
pro­
prietários dos escravos,
prietários escravos, à medida
medida e01 em queque aqueles
aqueles interêsses
interêsses não
não coli•
coli­
diam cont
diam com o fimfim explícito
explícito da
da lei
lei abolicionista.
abolicionista. No No passado,
passado, defini-
defini-
ra-se nono Brasil
Brasil tôda
toda uma
uma orientação
orientação que que estabelecia
estabelecia nitida01ente
nitidamente a
responsabilidade do
responsabilidade do senhor
senhor e do do Govêrno
Govêrno na na transf
transformação
or01ação do do es-
es­
cravo em
cravo em trabalhador
trabalhador livre
livre ((117).
117). mesmo até
E mesmo até 1887, já no no período
período
agudo das
agudo das agitações
agitações abolicionistas,
abolicionistas, vários
vários fazendeiros
fazendeiros paulistas
paulistas e os
seus intérpretes
seus intérpretes mais
mais abalizados
abalizados (11 8 ) defendiaD1
(118) defendiam a necessidade
necessidade de de
educar o liberto
educar liberto e transformá-lo
transformá-lo em em trabalhador
trabalhador livre.
livre. Não
Não escapara
escapara
aguda percepção
à aguda percepção de de alguns
alguns dosdos seus
seus líderes
líderes intelectuais
intelectuais que
que o tra-
tra­
balhador negro,
balhador negro, recém-egresso
recém-egresso da da escravidão
escravidão e por ela deformado,
por ela deformado,
((117)
117) Em São Paulo, Antonio Rodrigues
Paulo, Antonto Rodrigues VellozoVellozo de OliveiraOliveira defendia
defendia em 1810 1810 a
emancipaçlo
emancipação dos dos escravos.
escravos. Os filhas dêsres deveriam
filhos destes deveriam receber
receber uma uma educação
educação especial.
especial* que que
permitisse
permitisse a sua sua transformaçlo
transformação em trabalhadores trabalhadores livres livres (cf. Memória sobre
(cf. !tf~mória sôbre o o Melhora*
ltf~lhar4•
mento d4
m~nto da Província
Província dt de SãoSão Paulo,
Paulo, op. op. cit.,
cit., págs. 91·93); e José
págs. 91-93); José Bonifácio
Bonifácio dc de A ndrada e
Andrada
Silva
Silva propôs, poucos anos
propôs, poucos anos depois,
depois, que que se amparasse,
amparasse, após m anumissão, os que
após a rnanumissão 9 que nãonão pos­pos-
1uíssem nenhum
suíssem nenhum ofício: c•Todos os homens
ofício: "Todos homens de côr côr fôrros,
forros, que que nãonão tiverem
tiverem ofício,.
ofício, ou m modo
odo
cerro
certo de vida, .receberão do Estado
vida, receberão Estado uma uma pequena
pequena sesmaria
sesmaria de terra terra para cultivarem, , e rece­
para cultivarem rece--
berlo outrossim
berão outrossim dele dele os socorros
socorros para para se estabelecerem.
estabelecerem, cujo cujo valor
valor irãoirão pagando
pagando com com o
andar
andar do tem tempo,.
po” (cf. Representação àà Assembléia
(cf. RtPrtstnlação Asstmhléi4 Geral Constituinte ~e Legís/4Ji11a
GnaJ Constit.uint~ Legislativa do do Br11sil
Brasil
sôbre aa Escravatura,
s6brt Escravatura , Tip T ip... de Firmin
Fírmin Didot,D idot, Paris,
Paris, 1825;
1825; arr.arr. X, págs.
págs. 29-30).
29·30). Noo Projeto
N Projtto
sôbre "a extinfão
s~hre extinção da da escravidão
~scravi"4o no no Brasil
Brasil (datado
(datado 4 de 1866),1866), o Visconde
Visconde de São São Vicente
Vicente
salientava o propósito
salientava propósito de não não passar
passar os escravos
escravos '"de improviso, ce no todo
de jmproviso, ignorantes do
rodo jgnorante.5
~stado
estado de escravidlo
escravidão ao da liberdade" liberdade” e de "dar-lhes udar-Jhes alguma
alguma aprendizagem
aprendizagem de vjver viver sôbre
sôbre si,.si,
da necessidade
necessidade do jornal, jornal, de amor am or ao trabalho
trabalho por por seu próprio interesse” (d.
próprio inrerêsse" Trabalho
(cf. Trabalho
sôbre
s~ó,1 11 a txlinrao
extinção da da ts,ravalura
escravatura no Brasil, Tip.
no Brasil, T ip. Nacional,
N acional, Rio Rio de Janeiro,
Janeiro, 1868, pág. pág. 18).18).
E. mesmo,
E, mesmo, nas nas leis
leis do ventre /it)rt
do t•tnlr~ livre ee de de manumissão
manumissão dos dos .sexagenários
sexagenários se se esrabeJeciam
estabeleciam ~lgu• algu­
mas garantias
garantias que que redundavam,
redundavam, apesar apesar dos prop6sitos que
dos propósitos que as anima~·am,
animavam, em beneficio benefício dos dos
jnglnuos
ingênuos e dos dos ex•etcravos,
ex-escravos, pelo pelo n1enos quaaro à sua
menos quanto sua alimen~ação, vestimento, alojamento
alim entação, vestimento, alojam ento
et tratamento
tratamento nas nas doenças
doenças (cf. (cf. JLuís
..ufs Maria
Maria V Vidal, Repertório da
idal, Repe,tó,io da ltgislafao
legislação sen·il,servil, nova
nova
ediçlo,
edição, anotada
anotada por por M.. M. G. G. de Alencastro
Alencastro Aurran, Laemmerr Sc
Aurran, Laemmerr & Cia.,
Cia., Rio Rio de Janeiro,
Janeiro, 2886 1886
(3 voJs.),
vols.), voJ. vol.II, págs. ,.13
II, págs. 5-13e evol. vol.IJI,III,págs.
págs.6060e eseg5.) segs.)
((118)
118) Um
Um dos dos finsfins aa que propunha aa Associação
que sese propunha Associafão Libertadora
Liberlddor11 et Organizadora
Organizadora àodo
Trabalho 11a
T,ahalho na Província
Provlntia dt de S. Paulo consi5tia
S. P11u/o consistia em upromover
"prom over a m modificação
odificação do regime regime de
trabilho
trabalho a,Rrícola
agrícola n.as nas fazendas,
fazendas, para para assegurar
assegurar a perm permanência
anência do liberto,liberto._ pelo menos du-
pelo men0$ du­
rante o perlodo
rante período de tran5içlo, evitando-se a desorganização
transição, evitando-se desorganização do d o trabalho,.
trab alho ” (Cf. (Cf. 1° Centenário
Jo Ct11J~ná,-io
do Constlh~i,o
do Conselheiro Alltônio Antônio da da Silva
Silva Prado,
Prado, "Revista
"'Revista dos T Tribunais Ltda.", S.S. Paulo,
ribunais Ltda.”, Paulo, 1946.1946,
pág. 21). 2 1 ). Por Porisso,
isso, eraera uma umapreocupação
preocupaçãoessencjal essencialdos dosmentores
mentoresdessa dessaassociação!
associação:uacoo• "acon­
selhar e
telhar c promover
promover a constituição
constituição de um regime regime de trabalho trabalho 3propriado
apropriado para m anter os
para manter
libertos
libertos nas falendas,
fazendas, evitando
evitando a de,or,canização
desorganização do trabalho,. trabalho” ((idem idem,, págspágs... 21-22).
2 1 -22 ). Acon•
A con­
selhava-se a libertação
selhava-se libertação com a cláusula cláusula de prestação
pre~taçJo tem porária de serviços,
temporária serviços, como como uum meio
m meio
capaz
capaz de assegurarassegurar (combinado
(combinado a outros: outros: como como melhora
melhora da alimentação,
alim entação, pagamentopagam ento de
1alitio,
salário, etc.),e tc .), a continuidade
continuidade de mão mão de obra obra e a retenção
retenção dos libertoslibertos nas lavouras dos
nas lavouras dos
ex-senhores.
ex-senhores. Aliis, Aliás, Antonio
Antonio Prado Prado afirmava,
afirmava, no discurso 19-IX-1887: "é êste
discurso de 19-IX-1887: êste o únjcoúnico
m~io
meio de manter manter o regime regime do trabalho trabalho escravo
escravo nas nas fazenda!,
fazendas, até até a extinção
extinção completa
completa da
e1cravidão,. (cf.
escravidão” (cf. Antonio
AnJonio Prado P,4do no no Império
lmplrio ,e na na R~púl,lica,
República , op. op .. cit .• pág.
cit., pág. 244).
244). N Noo fundo.
fundo*
ltris dessas
atrás noções, tão
dessas noções, tão correntes
correntes na ~poca época dentro
dentro do do meio
meio senhorial,
senhoria!, se ocultava ocultava uma um a
Yelha convicção:
velha convicção: a de que que os trabaihos
trabaJhos agrícolas
agrícolas dependiam
dependiam da mão mão d~ dc obra
obra ne~ra..
negra. Esta Esca
convjcção alimentava
convicção alimentava desde desde há hi algum
algum tempo tempo a orientação
orientação práticaprãtjca dosdos que pretendiam rrans•
que pretendiam trans­
formar os escravos
formar escravos em homens homens livres.livres. Em 1866, ppor o r exemplo.
exemplo, A. da Silva Silva N Neto
e to defendia
defendia
fsse ponto-de•vjsta com
êsse ponto-de-vista com clareza:
clareza: uEm "Em um pais como o nosso
país como aonde a imigração
nosso aonde im igração para para os
trabaJhoi agricolas não
trabalhos agrícolas nio tem sido bastante,
tem sido bastante, nlo podemos deixar
não podemos deixar de d<! olhar
oíhar com com atençlo
atenção para para
a• população
populaçlo que que existe
existe dentro dele. Assim,
dentro dele. Assim, devemos preparar os
devemos preparar os braços
braços cativos
cativos hojehoje parapara
quando
quando emancipados
emancipados amanhã amanhã os aproveitarmos
aproveitarmos na l~v<>ura. lavoura, pois pois serão
serão êles êlcs queque oferecerlo
oferecerão
mais
mais «arantias
garantias para para o trabaJho parceria'> (cf. Estudos
trabalho de parceria” Estudos s~b,~ sôbre 11 a emancipação
1m11nci{JdfdO -dos dos escravos
1scra1101
no B,asil,
•o Brasil, Tjp.
T ip, Perseverança, Rio de Janeiro, Janeiro, 1866, pig. pág. 4,).4 5 ).
«____ _____ ___==~ ~ - - - - -
2 ,
N ~ F
1222 ~^: C : , O : - A INQUf.RlTO U

4- 8_________
~-~---:~ ~ ~ n1
r n . ~
o
não estava em condições
o n d i ç õ e s de
d e r e s i
resistir s t i r àà l i v
livre r e c o
com m p e t
petição
i ç ã o c
Cn m. o inu . . ,

n ã o
erante europeu e s t a va e m c
(119). Contudo
C o n t u d o , , o
os s f u
fundamn d a m e n t
entoso s d e s
dessas
s a s
id
1 ? ° le ­
.d
é i a s s e li .
u
sociais dos 11
urop e (1 1 9 ). t e n d o
ggavam rante eaos s e n h o r e s , n a d a
a v a m aos int
interêsses
e r ê s s e s s o c i a i s d o s senhores,
· A
nada
d · • tendo
s e , e n ª
a
t r e
v e ro se ~
Se
tn o s
b
d ?s abolicionistas. 1i·cº1• on1slt:)s. Admitia-se, m 1 t1a- e n tre ^ COnize0s
ideais humanitários dos ª1m a n .
deiros
gideais human1tár10~ o n e

O c

-.a&A

• q u e s e m r s o .
e i r o s
paulistas,
p a u l i s t a s , principalmente:
p r m c 1 p a e n t e
,.
:
, d
1.°) que
b sem
e u r o p é
o
i a
concursn°V
p r ou -
,1""'a2en'
': v s e x
d
escravos seria • f
insuficienteº • e a mãom o e
a de obra européia o r a pronn . ios ne* a d a
s ser i a 1 n s u 1 c 1 e n t s d e l i b p o : r c
epelos scravoimigrantes; 2.°) 0 que
q u e o e s c
escravo,r a v o , d e
depoisp o i de l i b te rr^t a d
A oCl° (
n ^>ela
l o s i m igra n t e s ; 2 . )
d " d 1 1 ), continuaria a • - }
pe
iniciativa privada• a d a ou
o u por
p o r medida
m e i a eg
legal), a continuaria
d • a Pr
p r e s t
° a rde ser.
iviçosniciatao iva seu priv A
h ~r. AI descoberta d b r .t d a i n c
a da inconsistênc^^í s o n s i s t ê n c i a
antigo · go senhor.
s e n e s c o e e Ser*s a e
viços aproduziu o s e u ~ n t 1 t ? e s d s
o senhore*s e n h o r e s
idéias uma reviravolta
r b e v 1 r d a v o
t a d nas
n a s a t 1
atitudes dos , e in3
Ju u
f m a c u p a -
déias prod_uZforam
iconseqüência, abandonadas
a a n o n a a s a n t i
as as antigas preocupaçõesS g a s p r e o
e s íde Cni r e -
ccuperação a
onseqüênohumana do escravo, o r a m o m e m l i v r e . p ç o
c r a v o c o
como m o h
hom em livre, p a ^s s a r a p re*r a
a ç ã o h u m a n a d o e s 6 . ô d n c i a d a
cuper
primeiro plano
o
rimeirpaulistas,
pdeiros p l a n o a
a
do
política
p o i i
,
t
Govêrno
G o
.
1
v
c
ê
a
r n
.
im
r
o
m
. rat ria; t a a influê
1
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da
g
igratória;
a P r o
Provínciav í n c
tôda a influência
i a d
de e S
São
ã o P a
Paulo
u l o
e d ~
f a z
s
e
e u
ºJ
n .
s
d e i r o s p a u l i s t a s , d o u - s e n o s e n t i d o e d
representantes no Govêrno m o im
i m p r i a l o r i e n
perial orientou-se no sentido
e t o d e°*ltlStC eU nS.
nt e s n o G o v ê p a r a a s
epresenatatransferência
rsificar de t r a b a l
trabalhadoresh a d o r e s e u r o
europeus p e u s
para as 1
la nten’ s
r a n s f e r ê n c i a d e Ni n g u é m a v ~ u r a
ificar a t com a maior rapidez
spaulistas, r a p i d e z p o s
possível s í v e l (
( 1 2
120 0 )
). .
N inguém m a
maT***8 is s e
l i s t a s , c o m a m a i o r ,, d ato d a raça negra''.
a u
preocupava, • . 1amente, com
oficialmente, “o o m n
aandato da raça negra” IS 86
P c o m
preocEm upava, of 1c1 o d t r a b a l h
o trabalho escravo e como e s c r a v o
conexão com a desorganização
d e s o r g a n i z a ç ã do
E m conexãodcom da . 1 s c r a v o c r a t a , p r o c e ~ u - s e a e i ·
101
.
a desintegração
• . . . da ordem e m social
s o c 1 a e
escravocrata, processou-se a elW*
sistema de
m t e g r a ç a o a o r A s o p o r t u n i d d ll-
a des parcial do negro doo sistema de trabalho.
nação t r a b a lho. As oportunidades a e s
rcial do n.eg . - d r o d 1 · f p r o v e i t a d a s J > e l
ação pacom
nsuicidas a instituição
. do o
b
trabalho
t r a a I h o 1
livrev r e o
foramr a m a
aproveitadas pelos
. a s c o m a 1 n s t i t u 1 ç a o n a c i o n a i s '' , g e r a 7 .
surgid
imigrantes e peloss então chamados
ª ~ a d o s '' t ~ a b
“trabalhadores~ l h a d o r e s nacionais", ceraj.
t e s e p e l o e n t ã o ? 1 c e n d ê n c i a c a b o c l a )
migran“brancos” ou “mestiços”
imente (na
( n a m a 1 o
aioria r 1 a d
de e des
descendência cabocla)
e '' b r a n c o s '' o u '' m e s t i ç o s
s o c i a l '' l i v r e '' ~
mentconstituíam
que sob o regime m e servil
s e r v i l u
um m aa c a
cam m a d
ada a social “livre”, mas
n s t i t u í a m s o b o r e g i u m o ., c o m 'd e s a .
que co ( 12 ). Em res
1 O
dependente e sem profissão
p r o f i s s ã o definida
d e f i n i d a (I21). Em resum o, com o desa-
dependente e sem
lh o li 1 1 r e .. e x p u ls aria" 0
(119) Antonio Prado, por exemplo, acreditava
a c re d it a v a q
queu e o traba
o trabalho livre "expulsaria”
e s d o m in ano-
o , por ex e m p lo , e s s em as o ri e n ta ç õ
A n to n io P ra d , s e p re v a le c senão 0
trabalho (119)escravo e que, depois o is de
d e sua
s u a instituição,
in s ti tu iç ã o se prevalecessem e ri a aso u orientações
tr o re c u rs o dominan­
es,,tS:t10edoqutrabalJio e, dep agrícola pelos b e rt o s , não haveria hav R e p ú b lico,,
t,tes llhllde lhoevitação
tr a g rí
balho a européia (cf. c o la p e lo s libertos,
li não
r a d o no Im
no Império outro
p é r io recurso
e n a senão
apêlo
tes d e e v it
organizadoa ç lo d o
à mão-de-obra ia (d . A n
Antonioto n io P
Prado e na República,
-d e -o b ra e u ro p é
aop. pflocit., anizadpágs.
orgesp. o à mio , 2 8 6 , 2 8 9 -2 9 0 , 3 06-308. o s olo ,e
33 e 2 8 2 •2
282-283, 8 3 286, 289-290, 306-308. e o s li b e rt
op. (120) ) queaioexi•
cit., espA. pmedida ágs. 3 3 c ia s: 0)
11<>) q u
que see acentuaram e n tu a ra m duas
d u a s n d ~
tendências:
te n quec o la os
s ; libertos
2 0 se•
transformariam, (120) A mem edidamassa que es de motu próprio,
a c
ri o , e
emm tr a b a lh
trabalhadores adores a g rí
agrícolas; ti2®)
c a ro
que
p v cw
inexii-
a o ru p
e de m amplamente a imigração, ró p o eixo eixo d a p o lí
tiam possibilidades
u ri a m . e m m
de a s s
intensificar n te im jg ra ç ã o . o da política o . T a nro.o
provincial
tralltfora d e in sific
tendefender a r a m p la m e
c o lo nização e imigração. e im ig r a fã
*e
tiam deslocou
p o s s ib il id
no a d e s
sentido de a intensificação
in te n s if ic a ç lo d
da a colonização o u a te n d r os ui•o
eTanto
fe n d
o de doe imperial, tomarame r a fa
para favorecer v o re c e r
govêrno
ae d e s lo c o u n
provincial,o s e n ti d
quanto to m a ra m m e d
medidas id a s para liou
ti c a matender
e o re .. os P u e,
in-
terésses
govêm o dos
p ro v in c ia
lavradoresJ . q
s
u a
p
nto o impentão muito
paulistas,
a u li s ta s , e
e
o
ri
tl
a
o
l,
m u it o o d e
poderosos,
p ro s o s ,
e
e c
s
o
econômica
e n v o lv im e n
e
nômica e politicamente.
to
p o
d a e c o n o m .j•!
ia Pare­
1 1
ce-nos dos la v ra d o re seme
bre semelhante lh a n te d
desenvolvimento da seconomia
enraçi';) 1e dl ~ •r
ure,ses desnecessário citar documentos
a r d o c u m e o ro s sôbre
s ô
ve z , d ã o u m a re p re
cpolítica
e-nos dede sneSio rio cit Os dados estatísticos,
cessáPaulo. s ta tí s rj c o s , por
p o r sua sua vez, dão uma representação
ia 2 1 .6 2 0 8!~:
1mnítida
O s s e
dado1) de 1827 a 1879, Prov
na Província ín c
do
poJítica que aconteceu
d e S io P a u lo
nessa . época:
c a : 1 ) d e 1 8 2 7 1 8 7 9 , e n tr
entrarama ra m na
), e n tr a ra m 21.620 2 2 2 .3 7 o _
imigran­ 1
~
9 8
s s a tp o m e n to 1
85; b!4 4
dtes;o qu2) e acde te c e u n
on 1880 a 1890 (fase e que nos
n o s interess
interessa a n
doo mm o
om ento), entraram -1 8 ~ · _
9 0 (f a s e q u e e n tr e 1 8 8 0
ta; 2) d3)e dêsses
grantes; 1880 a222,370 18 imigrantes: s : a)
a ) 2 2
22.352 ,3 ,2 entraram
entraram entre 1880-1885;
tf a C o l~ n ,z
b) f ~W~-
2 2 2 ,3 7 0 im ig ra n te " 4 J m ig ra_ fá o e 10• il 9 d,
gentraram 3 )
,a.otes; entre 1886-1890 d ê s ,e s
0
(cf.. Dados
(d D a d o s para
pma a História H is tó ri a da Imigração &e C
o ts c b il d
da: • ª S•f,ra
· 8
Colonizaçao ™
S.
entrPaulo, ntre 1886-1 Estadual do
aram eDepartamento 8 9
E s ta d u a l d o Trabalho,
T ra b a lh o , T ip o
Tipografiagrafia Rotschild R
S . P 1 1 U &
lo ,TC ,p/a.,
o g ra S. ª
1rau ra . s • •
. P"u11-13;
Spágs. lo, DepAartimigração amen to e as condições
n d ir õ ts d
do o tr a balho em S . Paulo , Tipografia "ótiin
trabalho e 1 1 1
* ot•
Sc Sio 191
o e c o
pRotschild
áp. ll-13; Cia., A imig,afJ 4 1
io Paulo,
P a u lo , 1
Cia.,umS documento oficial, o "nacional"
9 15,
,, págs.
p á g s . 8-9).
8 -9 ).
c o m o ~ ~ ~ .a J„ó(jinOÍ*
if a pro·
Rouc(121)
ageotes
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(121de ) substituição
Em ?JIDd.ocudo to
menescravo o fi c ia l, o "
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apontado tado como
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Relatório apresentado e P a u /4 O '~.,revsia^vti
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Jo do Presidente da província
[°1çPel° n&is&o de d pf u la R ev
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Pr op. cit., pág. 65). á 4 p r o v ln
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selheiro Paula Souzadeescviv!a ~ o u z ~ n ~ e 11lO
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t, e, um port corpo t. ra
anto enorme de trabalhadores,
,
u a b a lh a d o r e ,, c
como m que
que não n io c o n t
contavam i1
0 rpou ttmOt am corpo enorme de
ii
t
l

é
RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇÕES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS EE RRANCOS
BRANCOS E~f
EM SÃO
SAO PAULO
PAULO 49
49

parecimento da escravidão
parecimento escravidão o elemento
elemento negro
negro perdera
perdera sua posição
posição
no sistema
no sistema econômico
econômico de de São Pa11l0.
Paulo. A leilei da
da al1olição
abolição do
do cativeiro
cativeiro
não fez senão
não senão acelerar
acelerar a decomposição
decomposição do trabalhotrabalho escravo, que que em
diversas fazendas
diversas fazendas e cidades
cidades da da Província
Províncía dede S. Paulo
Paulo já
já havia
havia che•
che­
gado a um extremo
gado extremo de desorganização.
desorganização. As fugas fugas em massa, que que se
Intensificaram e111
intensíficarain em 1887, deixaram
deixaram inuitos
muitos fazendeiros
fazendeiros em em situação
situação
aflitiva. Pa:ra
aflitiva. Para remediar
remediar a situação,
situação, os senhores
senhores desenvolveram
desenvolveram u:mauma
tática nova:
tática nova: prim~iro,
primeiro, co1neçara1n
começaram a conceder
conceder alforria
alforria cont
com cláusula
cláusula
de prestação
prestação de serviços por por tenipo
tempo determinado
determinado (122); depois,
depois, para
para
salvar a safra
salvar safra de café pendente,
pendente, acabai-am
acabaram desistindo
desistindo da prestação
prestação
de serviços,
de serviços, libertando
libertando incondicionalmente
incondicionalmente os escravos escravos e tomando-os
tomando-os
como assalariados
assalariados nas suas fazendas (I2S). A orientação
fazendas (125). orientação dos aboli-
aboli­
cionistas foi
cionistas foi ao
ao encontro
encontro da da necessidade
necessidade de de 111ão
mão de de obra
obra dos
dos fa.
fa­
zendeiros, tiveram que prorurar
zendeiros, pois êles tiveram procurar umauma nova
nova solução
solução para
para
alojamento dos ex-escravos. Promoveram
o alojamento Promoveram <.-ombinações
combinações com os
fazendeiros, que se dispunham
fazendeiros, dispunham a aceitaraceitar os escravos foragidos
foragidos como
como
trabal11adores 124 ).
traballiadores a sôldo ((124). Por fim, a desorganização
Por desorganização do trabalho
trabalho
servil atingira proporções, que o~
atingira tais proporções, os próprios foragidos se ofereciam
próprios foragidos ofereciam

ao imigrante
imigrante que que feliz.mente
felizmente bojehoje nos nos procura
procura com abundãncia. abundância, aludo aludo ao brasileiro,
brasileiro» pre-pre­
guiçoso
guiçoso ontem ontem e vi•endo
vivendo de aparas aparas do do serviço
serviço escravo.
escravo, e da benevolênciabenevolência do do proprie•
proprie­
tário
tário ruralrural ao qual qual fazia
fazia a cõrte
côrte na qualidade
qualidade de agregado,. agregado, capangacapanga ou ou outra
outra qualquer
qualquer
coisa.
coisa. isre Êste brasileiro
brasileiro Jança-5e
Iança-se hojehoje valentemente
valentemente ao trabalho. trabalho, ou ou porque
porque êste êste se nobili-
nobili-
tasse
tasse com a liberdade,
liberdade, ou porque porque lhe tivessemtivessem faltado
faltado aqu~les recursos anteriores,
aqueles recursos anteriores. :a o
fi
que estamos
que (Carta ao
vendo" (C"''"
estamos vendo" ao D,.
Dr. Cisa,
César Zdffla,
Zama, deputado
deputado pela Bahia, in •“A
pela Bahia, • A PtoYíocia
Província do de
Slo Paulo",
Sio Paulo”, 8-IV-1888).
8-IV-1888).
( 122 ) A
(122) A cláusula
cliusula de preJtação
prestação de serviçosserviços geralmente
geralmente obrigavaobrigava o escravo escravo a prestarpresta,
um trabalho
trabalho de compensação
compensação aos senhores, senhores, que que podia
podia estender-se
estender-se por dois ou três
por dois três anos.
anos.
Cf.
Cf. E•aristo Moraes, A
Evaristo de Moraes., Campanha abolicionista,
A Campanha abolicionista, págs. págs. 163-165
163-165 e 31S-317;
315-317; entre entre as fontes
fontes
primárias:
prim árias: especialmente
especialmente Jo I* Ctnttnário
Centenário do do Constlbtiro
Conselheiro AntonioAntonio da da Sil11a
Silva Prado,
Prado , pig. pág. 21 e
Relatório ar,,,1,11tado
1e,cs.; e Rtlató,io
segs.; apresentado ao ao Exmo.
Exmo. Sr. Presidente da
Sr. P,~sidtntt da Pro1Jín.,ia
Província à~ de S.S . Paulo
Paulo pelapela Co-Co-
missão C,ntral
missao Central dt de Estatística,
Eslalls1i,a, etc., op. cit
etc .• op. ... págs.
cit,, 244-245. Convém
págs. 244-245. Convém esclarecer
esclarecer que que os es­ es•
cravos
cravos djstin,cuidos
distinguidos com essa concessão concessão tambémtambém lançavamlançavam mão mão da da fuga,
fuga, o que que a tornou
tornou
inócua, como
inócua, como meiomeio de vinculaçáo
vinculação do do ljberto
liberto à casa casa do do senhor
senhor .rural.rural. Cf. especialmente:
especialmente;
Relatório ar,,,s~ntado
~tltJtó,io apresentado àâ A1sembllia
Assembléia L~gislalitlti
Legislativa Prot Provincial
1inci/Jl dede S. S. Paulo
Paulo pelo Presidente da
t,tlo Pr~sid~nte "4
província Exmo.
,,011Jncia Exmo. Sr. Sr. Dr. F,ancisro
D,. Francisco ~ da Pau/d
Paula Rodrigues
Rodrigues Al111s Alves no no dia dia 10 10 de
d,~ janeiro
ianeiro dt! de 1888,
1888,
op,
op, cjt.,cit., pág.
pág. 22 22;; cons. Paula Sousa,
cons. Paula Sous3, loc. loc. cit.
cit. ("A( .. A Jjbertação condicional.
libertação condicional^ mesmo
mesmo co~ com
prazo
prazo limitadíssimo
limit.1díssirno nãonão produz
produz efeico
efeito algum naquelas almas
algum naquelas almas ulceradas
ulceradas por por tão longo catt•
tão longo cati­
veiro. Suspeitam e com
veiro. Suspeitam com raüo respeito de alguns.
razão a respeito alguns, uma uma tal liberdade é apcn3S
tal liberdade apenas um lôgro lôgro
para demorá-los
demorá-los na escravidão,
escravidão, da c1ual qual as circunstâncias
circunstâncias os tirarão. tirarão. Trabalham.
T rabalham , mas m as com
com
indolência
indolência ec mã má vontade: funciona o corpo.
vontade: funciona corpo, mas mas não não o espírito").
espírito” ) .
123) AIRumas
((123) Algumas vêzesvêzes os senhores também introduziam
senhores também introduziam uma uma cláusula
cláusula de de prestaçio
prestação de
serviços por
1erviço1 por um ano, ano, vencendo
vencendo porém porém 05 os Jibertos
libertos salários
salários pelospelos serviços
serviços realizados
realizados e usu­ usu•
fruindo vantagens do trabalhador
fruindo as vantagens trabalhador livre.livre. Cf. EvaristoEvaristo de Morais, ~forais, A A camt,anha
campanha abolitío-abolicio­
nista,
nista, Joc. Relatório apresentado
cit.; Rtl4J6rio
loc. cir.; a1,,~st11tado ao ao F.xmo.
Exmo . Sr. Sr. Presiàtnte
Presidente dt, da Província
Prot'íncia d~ de S. S . Pa,,lo
Paulo
pela Comissão Ce111,al
/)tia Comissão Central dt de Estatística,
Estatlsti,a, etc.,
etc., loc. cit. cit. Sabe-se
Sabe-se que que os fazendeiros
fazendeiros faziam faziam essas
essas
concessões
concessões porque porque pretendi:?m
pretendiam garantir colheita d2
garantir a colheita da safra
safra de café café pendente
pendente (cf. Relatório
(cf. ReltJlório
com qu~
eom que oo Exn10.
Exmo. Sr. Sr- D,.
Dr. P,ancis,o
Francisco àt de Pa11la
Paula RtJdriguts
Rodrigues Al1Jts Alves paJsoupassou aa administração
adminislrafão d• de
S. Paulo ao
S. Paulo ao Exmo.
Exmo. Sr. Sr. Dr.
Dr. 1Francisco
1,an,isto Antonio Dutra
AntoniD Dutra R,od,igut1,
Rodrigues, etc., etc .• op.
op. cir.,. pág! .. 23
cit., págs.
24). A modificação
e 24). modificação da mentalidade dos
da mentalidade senhores 6
dos senhores patente, aos
é patente, aos que lerem o seguinte
que ierem seguinte
trecho de um discurso
trecho djscur\o de Anronjo
Antonio Prado:Prado: "O ºO queoue aconselha,
acon~<:lh:1, portanto,
port:tnto, a razão? razão? QQue
ue O o
fazendeiro
fazendeiro proporcione•lhe
proporcione-lhe desde desde logologo o gõ20 gôzo des5a5
dessas regalias, retribuindo-lhe ~
regalias, retribuindo-lhe o trabalho
trabalho
pelo salirio
pelo salário e modificando
modjficando o regime, diminuindo-lhe as horas
regime, e dimj~uindo-lhe horas de trabal.hot
trabalho, a~ol1ndo
abolindo com. com­..
pletamente o,
pletamente os castigos,
castigos, dando-lhe
dando-lhe melhormelhor alimentação
~1Jmcntação e ~elhor melhor vestuá~1<?,
vestuário, deixando-o
deixando-o ~- en­
fim
fim de considerar
considerar comocomo uma uma simples máquina de trabalho”
simples miqu1na trabalho ( J1vo Ctnltnar,o
Centenário do do Cons~lbttro
Conselheiro
Antonio da
Antonio da Silt1a
Silva Prado,
Prado, pág.pág. 22; no texto referia-se
no texto referia-se aos libertos; documento é de
libertos; o documento de
1 S-XIM1887).
15•XII• 887),
((124)
124) Cf. Cf. Dr. Antonio
Antonio ManuelManuel BuenoBueno de Andrade, loc. cit.
de Andrade, cit. ((êste
êstc autor
autor. serviu
serviu co~ocorno
intermediário em
intermediirjo em contratos
contracos dessa natureza); José Maria
dessa natureza); Maria dos Santos, O.s
dos Santos, Os ,1publ,ctrnos
republicanos """'''· paulis­
tas
'"' €, •a abolirao,
abolição, pág!.
págs. 239-240.
INQUt.RITO
INQUf.RITO UNESCO-ANU
UNF.sco.J\N111,em
.=.s~º---
5 ..........
-----------------------------------------.:.:.:..:..:..:_:~:~•t
0 ___________ ______ ________ ____________ rin1
~

por iniciativa pessoal


•• •ariva pessoal nas
nas fazendas
fazendas das redondezas
das redondezas obtinham
e obtinh
arn
ffreqüência trabalho remunera
remuneradoo • A maioria, porém aiv
por 1n1c1 d ( 125) A . .. co
..ênda trabalho maioria, poréin · ^rn
nava
requ os trabalhos
trabalhos agrícolas
agrícolas ee procurava
procurava as
as cidades.
cidades
1
Par' ª~ando.
liberdade significava
nava os
Iiberdade significava cm
cm gran
grandee pa~te
d
parte oo aabandono
b I
an< ono dasdas antigas
·
antigas oeu.'n aa
• a eles
ções, sua
sua
.. .,.5 substituição,
substituição, quando
quando possível,
poss1vel, por
por outras
outras atividades
atividade m Pa*
pa.
degradadas pela escravi ao~ e .o 1reuo e 1spor do tcnipo ou oss
degradadas pela escravidão,
ço'- ' ·d""' e o d. direito
· dde d. dispor do tenino s men
pessoa
pess - ·oa de
de acôrdo
acôrdo com
com a
a própria
propraa . d
vontade
vontade (126)
( 126) A
_
A lci
lei de
de l ~
º ou
d <ja
e l\fa•
da
generalizou ê~
generaiizou êsse impulso.
impulso no no _seio
seio da 1açao escrava,
população
a popu escrava, levando.o
levand °
10
onas em
zonas em que desorganização do
que aa desorgan1zaçao do trabalho
trabalho escravo
escravo não
não sesc ppr0çT° às **
z d . roc~~ar
tão intensamente e provocan
tão intenSc'lmente provocando o novos movimentos de
novos movimentos de evasão
evasão r o l~ • a
(1 27) E ..ê • • co 1et1ya
para as cidades
para cidades (,2?).. Em conseqüência,
m con~<tu regime de
nc1~, o regime de trabalho
trabalh 9
se construíra
construíra através
através da da escrav1dao
escravidão ruira
ruíra completamente
completamente, d des? q~e
^
do-se com
do-se com ele
Â

ele todos
todos os a1ustamentos

ajustamentos sociais
sociais criados
criados anterio
estru1n
anterior

rmente
·
• • '

TUlU'
entre brancos
entre brancos e negros,
negros, sen h ores e Cs(Tavos.
senhores escravos. P assados os
Passados os 1110
mon?6016
de “loucura da
de "Joucura da liberdade",
liberdade”, muitos
muitos dosdos libertos
libertos pretenderam
pretenderam rret mentos
às antigas fazendas. O
antigas fazendas. d ?~dsen
Onde
nde h ores nado.
os senhores - dº
não dispunham
_1spunham de etornar
de outra
outra0*1*-*
.mão
de obra,
de obra, êles
êles foram
foram rea m1ti os, na
readmitidos, na con içao de
condição assalariados N
de assalariado
regiões
regiões emem que
• .
que v1v1am
viviam muitos
• • •
muitos mugrantes,
imigrantes, por
é
porém,m, os senhores
s.
senhores r 1 •
as
v
e.aram .
caram altn·amente,
altivamente, h oca d os com
echocados com aa ''“negra . .
negra 1ngrat1dão••
ingratidão” dos rep11w
dos e
.
cravos: repeliram-nos,
repeliram-nos, b an d ddee sud
acabando
a~a. b st1ftu1-os
· ' I .por
?
substituí-los ex-es-
por trabalhadores
trabalhad* ^
brancos (I28). Pequeno
brancos (128). Pequeno 101 foi o numero
número dos azende1ros que souberain
os fazendeiros souberam

(125)
(12S) Cf.
Cf. Evaristo
Evariito de Morais,
Morais, A campanha 4boli,ionist11,
A ,11111p1mba abolicionista, pigs.
págs. 307-309.
307-309
(126) Como ji
(12ó) já indicamos,
indicamos, os núcleos atração eram S. Paulo
núcleos de atraçlo Santos* dd
Paulo e Santos• .
. formaçlo
formação do quilombo.
quilombo ~o Jabaquâ, Sanros
do f."b11quá,. passou a ~er
Santos passou ser o principal centro de
principal centro fixa / ’*ada
dc Íix:p;~s *
escravos
escravos e libertos
libertos cond,c1ona1s
condicionais foragidos:
foragidos: cf. dr.
dr. Anton:o
A ntonio Manuel
Manuel Bueno
Bueno de Andrade
Andrade - 11~ ~o, •
Evatisto de Morais.
Evaristo Morais, op. cit., págs.
págs. 264-26S;
264-265; Jo_sé
José Maria dos Santos,
Maria dos op. cit
Santos, op. cit..• DáQs"
náss’ -1 .1Q_~!3i
rro ío '!
Afonso Schmidt, A
Afonso Sch.midt, A m""ba.
mareba. Romaf!<f
Romance da da 4/Jolzf
abolição,
áO, S. Paul~,
Paulo, 1941, caps
caps,.. VIII IX -·Sôbr;
V Ü l -ee -IX. ÇAk ’
as
m s expectarivas
expectativas de ab2ndo~o abandono das atividades
atividades agricolas
agrícolas ~los libertos (de
pelos li.bert!)S (de direito
direito ou de f \
dè fato\~
cf. especialmente
d. Relatório ap,~sentaào
especialmente R~l11lór10 apresentado •â Ass~mbll1a
Assembléia L~g1slat1va
Legislativa P,011incial
Provincial d~ de sS pp Íi ·
pelo Prtsíd,111~
p,Jo Presidente da da P,ovl11cia
Província Exmo.
Exmo. Sr. Sr. Francis,o
Francisco d.e de Paula
Paula Rodrígu,s
Rodrigues Alves Alves no no di~
dia i n /
,ó'~º
janeiro dt
j1111~i,o de 1888,
1888, op.op. cit .• págs.
cit.. 21-22; carta
págs. 21·22; carta publicada 23-111-1888 em A
publicada em 23-III-1888 A Prot1ínci
Província4 A~
S. Pt1ulo,
S. Paulo, oa na secçlo
secção livre; carta do conselheiro
livre; carta conselheiro PaulaPaula Souza,
Souza, já citada
citada (inclusive
(inclusive Oo seguinte
setuint
trecho, que
uecho, que ate-sra
atesta as proporções
proporções dos movimentos
movimentos d~ de fuga
fuga coletiva
coletiva dosdos escravos:
escravos: ''Todo " Todo -0
corpo de rrabalhadorrs
corpo trabalhadores desertou
desertou das fazendas
fazendas que que frearam
ficaram quasi
quasi tôdas
tôdas abandonadas.
abandonadas Nio Nío
exagero dizendo
exagero dizendo que que sôbre
sôbre 100, 80 80 fficaram
,caram desertas,
desertas, procurando
procurando os negros negros as cidade,cidades ou
aliciadores
aJiciadores malévolos.
malévolos. Que Que seráserá de todos todos nós?
nós? Pensávamos
Pensávamos tristemente,,).
tristem ente"). • ’
(127) Cf. especialmente:
(127) especialmente: Pierre Pierre Dénis,
Dénis, op. op. cit., págs.
págs. 119-121;
119-121; Afonso
Afonso de E. Taunay, Taunay
História do
Hist6rid do CaflCafé no no Brasil,
Brasil, op. cir., vol. VII,
cit., vol. pág. 463; Joio
VII, pág. João Pedro
Pedro da Veiga Estudo
Filho, Estudo
Veiga Filho,
econômico Ie fin11n,ti,o
~,onômi,o financeiro sôbre
sôbre oo Eslddo
Estado d~ de S.S. Pa11l0,
Paulo, op. op. cit., págs. 67-72; Everardo
págs. 67•72; Everardo VallimVallim
Reminiscências ((em
Pereira de Souza, R~minísclntías
Pereira tôm o de
em tôrno de Antonio
Antonio Prado),
Prado), in ,~ J« Centenário
Centenário do do Co••
Con­
selheiro Antonio
1~/hriro Antonio da da Silva
Silva Prado,
Prado, op. cit.,cit., pág. 208; Max
pág. 208; Cartas dt>
Leclerc, Ca,tas
M ax Leclerc, do B,asíl,
Brasil, trad.,
pttlácio
prefácio e notas notas de SérgioSérgio Mi1liet.,
Milliet, Companhia
Companhia Editôra N acio n al, S. Paulo,
Editôra Nacional, Paulo, 1942, pág. 82. 82.
(128) Segundo
. (J28) Segundo as as indicações
indicações de Rodrigues Alves, os motivos
Rodrigues Alves. motivos que que levaram
levaram os faztf!• fazen­
de1ro, aceitar de novo
deiros a aceitar novo os escravos
escravos que haviam fugido,
que haviam fugido, no no perjodo intenso de desorganr•
período intenso desorgani­
12çJo
zação do trabalho,
trabalho, nada nada tinham
tinham que que verver com preocupações
preocupações humanitárias,
hum anitárias, poi, pois nasciam da
própria
propna situaçfosituação econômica
econômica do fazendeiro,
fazendeiro, que que nãonão tinha
tinha outra
outra fonte mão-de-obra ou
fonte de mão-de•obra ou
º~º-
M°. ppossuía
ossuía recursos
recursos parapara atrair
atrair imigrantes
imigrantes ou que que não não encontrava
encontrava no no soJo
solo já já gasto c~~- con*
diçoes ~ata
~1(~! para a aqujsição
aquisição de mio-de-obra
mão-de-obra mais cara (d.
mais cara Relatório ap,~s~ntado
(cf. R~/4/órío apresentado àà Asstmh! Assembléia 114
Legmahva
úgisillfi11t1 Provincial
Pr1Jt1in,ial de
tk S.
S. Paulo
Pault> pelo
r,elo presidente
r,,1sidt11le da
da Província
Prot1lnci11 Exm
Exmo. o. Sr.
Sr. Dr.
Dr. Francisco
Fran,,,,o
tft 4
Rodrigues
w P uld Rodrigues Alves
Alv~s no
no dia
dia 10
10 de
de janeiro
jdneiro de
de 1888,
1888, op.
op. cit.,
de., págs.
págs. 22
22 e.
e 64-6S).
64-65). P~r Por
1 º•’ en<Ju*nto
115 fflquanro no vale vaJe do Paraíba
Parafba os fazendeiros
f~zendeiros tornavam
tornavam a aceitar aceitar os antigos escravo'
antigos escravo»,
e~ • ourr 35 zonas,
ourr3s, principalmente no Otste
zonas> principalmente Oeste paulista
paulista, a preferência
preferência pela pela mão•de-obra
mão-de-obra eestran­ 5rraa·
ae,ra
geira re,-elou
revelou-se ..se inconrinenri
incontinenti.. ' ·
ni<r AA,23,expressão
? pre” áo "negra ingratidão" fé de
" " e*ra ingratidfo" de Antonio
A ntonio Prado
P rado (cf (cf. 1,1° Centenário,
Centenário, etc., etc., op.
op. ~cit.1
;
.Pi,r.
W - 23). ) · Ela convicção dos ffazendeiros
traduz a convicçio
Ela traduz aiendeiros brancos
brancos d~ de que
q u e os escravos nlo não e,raria
estaria
,,!:fe df:fl dO corret:1mentt'
t> f u,:1m..
· Doutro
corre*:lmenff com abandonar o trabalho
senhores, ao abandonar
com os nnhores trabalho como faziam. .,J^oU q"•
tL
wuo,t mesmo roo os fazendeiros que
o* fazendeiros que aderiram' humanitàriamcnte ao abolicionismo
aderiram humanitàriamente abolicionism o admit.1am
admiti .,. .


.....
..............

RELAÇÕES
REI.AÇõF.S RACIAIS
RACIAIS ENTRE NEGROS
F.NTRF. NF.C.R E DRAN
OS E BRANCOS
C.OS FAf SAO PAUi.O
F.\f s~o PAULO 51
51

re1eg ar os resse
relegar ntimentos pesso
ressentimentos pessoais para segundo
ais para segundo _planplanoo e que que se se
esfor çaram para
esforçaram para orien tar as trans
orientar transformações
formações do ~cg• regimem~ de traha trabalho
l!1o
de modo
modo a garantir
garantir aos seus ex-escravos
ex-escravos uma situação
uma situa çao de relat relativa
iva
segu rança e estab
segurança estabilidade
ilidade econ econômica 129
ômica ((12f)). ).
anos posteriores
Os anos posteriores à Abolição
Abolição foram
fora~ extremamente
extremame?te duros duros p~ra para
as populações
populações negra negras s conc entradas nas c1da
concentradas cidades. Depois
cl~s. Dcpo H de deco decorrido
rnd?
mais
mais de meio meio sécul
século,o, ainda
ainda se fazem scnu sentir agudamente,
r agud amente, no seio
dessas populações,
dessas populações, os efeitos efeitos das comocomoções
ções que que destr
destruíram
uíram a ordem ordem
socia
sociall escra vocrata e proje
escravocrata taram os ex-es
projetaram ex-escravos
cravos na arenaarena de comp compe­ e•
tição aberta
tição aberta com os branc os. De fato,
brancos. fato, a lei 13 de _Ma Maio io nada
nada con­con•
cede
cedeu u ao elem ento negro
elemento negro,, além
além do statu
statuss de homehomem livre. O proce
m hvre. processo
sso
de trans formação real
transformação real dos antigantigos escravos,
os escra vos, e dos seus desce descendentes,
ndentes,
em cidad ãos, iria
cidadãos, iria começar
começar então então,, descrevendo
descrevendo uma uma trajet
trajetória
<'>ria queque
não
não foi, nemnem Podepoderiaria ser, modemodelada
lada por por medi medidas
das de carát caráter legal..
er legal
No plano econômico,
No plano econômico, que que nos inter
interessa
essa aqui,aqui, êsse proce
processosso se caraccarac­ -
teriza
teriza pela lenta reabs
pela lenta orção do elem
reabsorção elemento
ento negronegro no sistem sistema a de tra• tra­
balho
balho,, a parti
partirr das ocup ações mais
ocupações mais humihumildesldes e mal mal remurem uneradas.
neradas.
Isso se explica
explica por por vária
várias s razõe s, que
razões, que não não se ligamligam à constituição
constituição
biops íquica dos negro
biopsíquica negros,s, mas
mas à heran
herançaça neganegativa deixada
tiva deixa pela escra
da pela escra­ -
vidão. Em prim
vidão. primeiro
eiro lugar
lugar,, como
como m uito
muit o bem salientou
bem salie ntou Caio Caio Prad Prado o
Jr., no Bras il "o
Brasil “o traba
trabalholho escra vo nunc
escravo nunca a iráirá além do seu ponto ponto de
parti da: o esfôr
partida: esforçoço físico cons trangido; não
constrangido; não educ ará o
educará q indiv
indivíduo,
íduo, não não
o preparará
preparará para para um plano plano de vidavida huma
hum ana na mais
mais elevado”
elevado" (13°). ( 130). O
ex-es cravo, aban
ex-escravo, donado a si mesm
abandonado mesmo, o, nãonão estav
estavaa eniem condcondições
ições de
comp etir com os imig
competir rantes europ
imigrantes eus sique
europeus siquer lavoura
r na lavou ra ((131).
131). Em
segu ndo lugar
segundo lugar, , os dado
dados s da matr ícula de 1886 revel
m atrícula revelamam que, que, aproxi­
aproxi-
mada mente, 95%
madamente, 95% da popu 1ação escra
população escravava da prov província
íncia de São Paulo Paulo
os
os escravo
escravos s cometi
cometiam am um um ''êrro",
"erro”, ao deixardeixar as fazend
fazendas (Paula Souza,
as (Paula Souza, porpor exemp
exemplo, escre­
lo. escre-
Yia
via na na carta
carta citada:
citada: "Os "Os próprio
próprios s libertos
libercos devem
devem tomartomar a responsabilidade
responsabilidade do êrro
do êrro da da reti­
reti-
rada
rada da casa, de que
que foramforam cativos
cativos” ).
1
') •

((129)
129) Nos Nos depoim
depoimentos entos que reunimos, por
que reunimos, por meio
meio de entrevi
entrevistas, colhemos
stas, colhem os dadosdados que que
mostram duas
mostram coisas: l.o)
duas coisas: l. 9) em certascertas regiões,
regiões, os libertos
libertos foram
foram repelidos
repelidos pelos senhores,
pelos senhor es. ao ao
procur ar trabalh o nas fazenda
procurar trabalho nas fazendas, depois da Aboliç s~ depois Abolição ão e da da normal
normalização
ização do trabalh
do trabalho agrícola;
o agrícol a·
2. 0) os manum itidos ficaram
2.«) os manumitidos ficaram chocados com as atitude chocad os com atitudes s dos fazendfazendeiros, chegando
eiros. chegan do algunsal~ns â;
pensar
pensar que
souber am
que Êles
coorden
preferiam
êJcs /1r~/tr iam os imigranimigrantes.
tes. todavia exemp
Há rodavia exemplos contrários,
l~ contrár fazendeiros
iosw de fazende iros que
que
souberam coordenar ar os seus intcrês scs com
interesses com os dos dos cx-c:sc
ex-escravos.
ra,·os. Paula Souza, por
Paula Souza, por exemp
exemplo des­
lo. des•
creve como
creve como resolveu resolve u os seus problemas na ocasião:
seus problemas ocasião: "Dei-lhes
"Dei-lhes liberdade
liberdade completa,
completa .. incondicional,
incondicion~I,
e no pequen
e no pequeno discursoo discurs o queque lhes lhes fiz
fiz ao distribu
distribuirir as canas,canas, falei-lh
falei-lhes
es dos gravesgraves de•ere deveres’s
q~e a libe~da
que a liberdade de lhes
lhes impunh
impunha, a, e disse-l h~s ~lgum
disse-lhes algumas palavras
as p3lavra inspiradas
s inspira das pelo coração
pelo coraçã o. muitomuit~
diversa s 2l1ãs
diversas aliás daquelas daquel as que que com com antecedência
antecedenc1a havia preparado".
ha,·ia prepara do''. "Concluí
"Conclui dando-dando-lheslhes um~ uma
semana
semana para para prncura
procuraremrem o c{,mod
cômodoo que que melhor
melhor lhes lhes parece
parecesse, declarando-lhes
sse. e dccllrl ndo-lhes ao m~!tm
ao mesmoo
tempo que
tempo que minha minha casa casa continuaria
continuaria sempre
sempre aberta
abcna para para os que que quisessem
quisessem trabalhar
trabalhar e pro-
pro­
ceder bemº etc,;
ceder bem etc.; in loc. jn loc. cit. F
_ <.~30)
(130) Caio Caio Prado Prado Jr., Jr., Formação
Formação do do Brasil
Brasil contemporâneo,
conttmporân~o, op. cit.,
op. págs. 341-~2
cit., pigs. 341-542 .
U 1r1fo
O grifo é nosso.
nosso. - °
.<131) Cf.
(131) Cf. a~ima
acima,, nota 119; e, especia lmente,
especialmente, as consid
considerações
erações e interpr interpretações
etações de
Louis Co~ry
te~rs,
S 011.^ relativa
ParJ~ •.
« Iat,vas. s. aa S. S; Paulo (L’Esclarage
Paul° (~'Escl a'l -'agt auau Brésil,
Brlsil, Librair
Librairieie Guillau
Guillaumin
min Cie.,1 Edi•
et Cie. Edi-
teurs, ra n s , 1881l,, pags.
188 pags. 47-50
47-50 e 56); 56); as explan
explanações
ações dêsse dêsse autor
autor sôbre
sôbre o~ os obstácu
obstáculos culm-
los cultu•
ra,s e! soc~a1
sof ía,ss que2 ue se opunham à transformação
se opunham transformlção rápida do escravo
rãpida ts,,a,,10 em homem homem livre li,·r~ mere-
mere-o
cem
«lo consid
<!TSI er~ç~o especial (cf.
especial (cf. op. cit.,cit., págs.
págs. 72-84).
72-84). Noo que
N que concerne
concerne à competição
compttiçio no
no
r ! \£ vda~
P!ano a - at1v•<!
at,v,dJ ._a~es
i.d csJ agrícol as,
a*ricoIas, veja-se
veja-se também
também Louis Couty, U
Louis Couty, ú Brésil
Brtsil ~" en 1884.
1884. Faro &
F~ro
Vm çõ_Ed1r
Luto, DCUfcurs,
’ K10x° dee Janeiro■
J ane!ro’ , 1884,
1884< págs.
PáKS- 141-15
141-154 4 (dados
(dados referen te~ à produç
referentes produção ão agtícol
agrícola a
em Sao_
estrangeira)1 Paulo e às perspe ctivas
Perspectivas de de compe tiçio entre
entre aa mão-de -obra escra,·a
escrava e a mio-d e-obra
estrang eira) 1•1 6 competição mão-de-obra mio-de-obr»

INQU~RITO U
NEsco.AN
lit?\in1
52 .. .
- — -' ” zonas curais, ru ra is , dedicando-se
d e d icand d o -s e q u
quase a s e e x c lu
exclusiva,,, s
.
1 v a !l l
. . •
• 1 dos em zona --....ente a
fixavam
fi xavama em em zonas 5 % restantes,
re s ta n te s , domiciliados
o m 1 c 1 1 a em zonas urba* *
e. .
satividades ícolas; os s e rv iç o s d o m é s t· 8
U th a n a
^ ‘" ^dominantemente e n te aos
a o s serviços domésticos (is*®* 11

d e
ativida vam-s pre
consagravam-se s g re p
consagra - nas cidades representava, na
re d o m in
^
a n te m
representava, naturalmente,
tu ra lm e n
,
te ,
umau
ic
tn
o
a
s
f
(1
fo
3
>
2
'
) --,
. *A
.fl.

cconcentraçao
oncentraamentos sociaise eeconôm icos. os. O acesso as oportunidade dfedse
ç a o . ô . 0 ac e s s o a s o p o rt . n te d e
e c o n m ic d a
d esa .ju sta m en to s so o b e ddeeccia ia e m
e m r ereg gr ra
a a a
o os s limli m it iteess e u
estabeleçan 1 h
le .
desa b
J lu h s t d o u tr o ]a d o , o b e d m . . s ta e
trabalho, , doutro ^ ente as .
atividades.d s maisa is simples,
s im p le s qque· .
exig;^5 C1d 08
tra a . o oodições: somente as at1v1 a e 1 g ia in
por tais 15 condtçoes ^ a^s aatividades e s c confinadas
o n fi n a d a s aaos
o s s ~ rv
serviÇ ? e O es x atn
e m e n ta re s , o u ti v id a d
Por.~~ :} element , juntoq pèssimamente a m e n te retribuídas,
re tr ib u íd a s é é queq tç o s
podi^d o tn é s-
a p t i d õ e s

a s
:~ elas e e la s c o n p e s s im d . ' u e p o d ·
apu ºttodas
ticos,
et Jl
J los egressos do regime im e servil
s e rv il (iss)
(1 3 3 ) •a n i
t1cos, tadas aos br~ncos pe 1os egressos o reg_
ser dispu · l: rn
861 d -SpUi ugaSr é preciso que se atente para a circunstância pecu,;®
s e a te n te p a ra a c ir c u n s tâ n c ia
p re c is o q u e p e c u 1 ·
terceiro
te rc e ir o lugar,
lu
'
é
f - e g ra e m
m ulata
!1 1 a _ ta era
e ra constituída
c o n s t1 ·tu 1 ,d a por
p o r indivídUo„
in d i\ rí d ia r

* *S de que a populaçao n
qque
ue nao possui ’
n ã o P o s s u ía m
d e
,
a
n
lg
a
u n
»»””»*• ”“h"mpea“r o-«c
s
s
u
g
a
bens
b e
m
n s
a 1 o
(em
( e
r1
m
a ,
g e
n
geral,
e
ra
n
l,
h u
p
p
m
eeqq uu e
p
n
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s
ú li o
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loteste s
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de
d
s
O os
terras\
P
te rr
U
U

a
c
s
os

\
que
q u e dispunham
d is p u n h a m
4 D· g tt a v a m de
d e explorá-los
e x p I o ra '- I o s em
e m uu mm sentido
s e n ti d o capitalista’
c a e
p 1
.
ta
.
l1 s
,,
ta
m u it o ra ra m e n te C • • • c e n d e n te s '
muIto raramen ^ a£ontecia C O
o mm os
o s imigrantes
1 m 1 g ra n te s e seus
s e u s e s
descendentes.
d
c 1 a c
aaoo ccontrario
ontrário ao do 4que ac afirm ar, em poucas palavras,
o n tf ~
e m p o u c a s p a la v ra s , que
q u e os
o s males ·
m o d o q u e se p a d e a 1 rm a r, m a le s
D e
De modo que e:flem mento negro nas
n a s cidades
c id a d re s u lt
es resultavam, em grandea v a m , e m
e n ta d o s p e lo e n to n e g ro g ra n d e
n fr
eenfrentados p êles
" I recebida b.d d o regime
do · e econômico
e c o n ô m ic o a n te
anterior, ri o r
e e s re c e I a re g im
pparte, arte, dda a hnera erança por a fâl Q 0 seu agente n te humano
h u m a n o de
d e tr a b
trabalho, Ih ·
ra d a ra a ta l p o n to o s e u a g e a o
A eescravidao scravidão d e ggr ão- econômica "m1c. a extremamente m a m e n te p e
penosa, ',
u p e ra ç a o e c o n o e x tr e n o ~
que u e tomara
to m a ra a sua * r re c
q
ddifícil
ifícil e ddemorada. emora d a.
te p o rq u e a im p o rt â n c ia d
«sses fa fatos esclarecem
e s c la re c e m suficientemente
s u fi c ie n te m e n porque à a importancia da a
tsses tos . te ri o
.
re s A b o li ç ã o , p e rm a .
- j f nbra negra ra decai
d e c a 1 nos
n o s anos
a n o s s
posteriores
p o a Abolição, perna-
mtnao ão dde e oobra bra nneggr margem do grande e surto
s u rt o o m
comercial
c e rc ia l e e
e n o s à m a rg e m d o g ra n d
ecendo m
nnecendo a is o u m
mais ou . f ^ ^ ^ r ^ a cidade de São Paulo
a u lo e
em m u
«mam a
rm a c id a d e d e S ã o P
u e ir ia tr a n s fo
in
m
d u
industrial,s tr ia
etrópole, nno
metropole,
], q
o decorr e r d a
"“ meirira
p ri
r outros fatos>
a metade
m e ta d e
ass0ciados

do século
s é c u
ao
lo XX.
X X
repentinoe n
.
ti n
M
Mas,
o
a s
c
,
re
cre-
a
-
o s fa to s , a s s o c ia d o s a o re p
evem aacresc e n ta r o u tr
êêsses sses ssee ddevem s is te
ppúsculo úsculo d do o cchamado
hamado braçcnegro bra ç o n e g ro . .O O m a .
is significativo
s ig^ gn if ic
a
a
a
ti
b
v
s
o
o rv e
dêlcs
d
r
ê le
^ ^
a
s
s
c
re s
n
consiste
o
e rv a s
d o s s e rv iç o s q u e p a s s a ra m
nna rópri™
a pPrfP a natureza a d o s c o m o fu n c io n a •
r á raa nnaa cidade. cida d e . Eram
E r a m serviços
s e r v iç o s g
ligados
li com o funciona-
de ·mão de obr d ú s tr ia s e d a b
· u r
· o c ra c ia , q u e
£ „ T ddoí»coSmécrcio io ,
., do,
d o s banco.,
b a n
· c o s ,
. d a
as s in d ü s ü » . = da b o r o o n a , <,«
mento
--------- — -------
(132) Relatórto . , j
elatório 4apresentado ao Exmo, cic.,» pág. 156.
,e sm ta d o a o E xm o . SSrr. Presidente
P resid en te da
d a Província
P ro vl n cl a de
d e S.
S , Paul
P a uolo
32) Cf. Cf. R P
pela
'""
Comissão
(1
C o m is sã o Central
C en tr a l de
d e Estatística,
E st a ti st íc a , etc.,
e tc ., op.
o p .
d
P
em o n
•st ra m que a^ situação
si tu aç ão não
n ão erera
a ªa
(133)
(133) Os
0 .s dados
d ad o s que
q u e recolhemos
re co lh em o s díret*m®n“
d ir et am en te
to ld o s t;Vessem
ti v essem uniformemente,
u n if o rm em en te , p
P0Uo u Cca?Lp_ p
s o
na. s·
mesma para todos os
o s indivíduos
jn d iv fd u o s de
d e côr,
cô r embor
em b o ra rernuneradas. Assim, , os
o s M
~ ue
u e SC
se ii b erta 0J ·
e tw
mesma p a ra to d o s unerad a; . A ss im
1iibilidades
ibilidad9 de de obter
obter ocupações
ocupações digmficantes e bem‘uld « m ajustamento, Entrin
re m ê e * ’
s e b em 05
d íg n if ic ;n te m e n to . 51 es ,,
d e a ju st a
ram
ram antes antes de
d e 1885*1887
18 85 ·1 88 7 enfrentaram
en fr en ta ra m menores
m e n o re s <
ddifificuldades
ic
ana da cidade),
ad es J
fif izeram.n0
ze ra m -n o pporque
o rq u e p P«o ss u ia0
qj
~
que permaneceram em
e m S
S. . P au
Paulo lo (n
(na a zo
zonan a urb
ur^an . sobrado” possuíam
u ía m la
relaç
re çõ es c
deo mffla.
qae per m an ec er am escr av o s d o so b ra d o '' p o ss
ofícios de que viver.
iv er . o
Doutro
D u tr o Ja d
lado, o 05 uescravos
os adauirido melhor educaç
ed u ca çã o "„ d e~ ::
f(ja.
q u e v m el h o r
ofici
membros
m~m
o
b
s
ro
d
s
e
das
d as . · famílias
fa m íl ia s senhoriais
se n h o ri ai s e,
p
'e
es
m
em
so
g
as
er
geral,a)
b
,
ra n
h
c
av
a s
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haviain m
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-adquir
q
ortante
id
s,
o
kerdavam
h er d av am o O seuse u m oQ
er•
f
neirsu.
eu
n-roupa” u . Obtinham
O b tm h a m a proteção
p ro te çi o d
de e pessoas
e ti
brancas
ç ã o p o r 1EnP
ce rcos cargos)
ca rg o s) e . !1
não ~ º PouCO*
p o u co s s:s :~
c0m mef*
(o que
q u e era
e ra importante,
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naa c o m p
competição por certos g esCritórios
cr 1 to r 1o ~ ou,
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Os que vinham do "eito” ., n
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RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇOES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E
E BRANCOS
BRANCOS EM
E?\1: SAO
SÃO PAULO
PAULO 53
53

faziam parte
faziam parte da esfera
esfera da vida econômica de que
vida econômica que o regim
regimee servil
servil
expelira o escravo
expelira escravo e todo todo o homem
h o m e m de côr livre livre queque nãonão possuísse
possuísse
a proteção
proteção de um umaa parentela poderosa, de um “padrinho”
parentela poderosa, ''padrinho'' influente
influente
ou um extraordinário
extraordinário talento ( 134). D
talento (134). Doutro lado, tam
outro lado, também nativos
bém os nativos
brancos nem
brancos sempre
nem sem estavam capacitados
pre estavam capacitados ppara a ra o exercício
exercício de tais
serviços. A m
serviços. mãoão de obra obra especializada
especializada e boa boa pparte massa de
arte da massa
trabalhadores assalariados
trabalhadores assalariados precisaram
precisaram ser obtidas,obtidas, inicialm
inicialmente, atra ..
ente, atra»
vés da im imigração
igração européia ( 135). P
européia (135). Por fim, parece
o r fim, parece que que prevaleceu
prevaleceu
entre os m
entre manumitidos tendência a aceitar
anum itidos a tendência aceitar as ocupações
ocupações acessíveis,
acessíveis,
que podiam
que podiam ddisputar trabalhadores
isp u tar aos trabalhadores brancos, apesar
brancos, serem
apesar de serem
mal
m remuneradas
al rem uneradas e de corresponderem
corresponderem tarefas degradadas
às tarefas degradadas pelopelo
regimee servil
regim ( 136 ). A
servil (136). Ainda assim, a transição
inda assim, transição foi relativamente
foi relativam ente mais
mais
fácil ppara
fácil ara a m mulher negra, do que
u lh er negra, que para homem.
p a ra o hom em . £1:.queque no m undo
m11ndo
((134)
134) A grande
gra11de expansão
expansão comercial
comercial e industrialindustrial de São Paulo Paulo se processou
processou em cone* cone-
xão com o desenvolvimento
desenvolvimento do sistema ferroviário ferroviário do Estado, Estado, o qual qual só toma impulso de*
toma impulso de•
pois de 1870 1870 (Cf.(Cf. Paulo
Paulo R. R. Pestana, A Expansão Econômica do Estado de S. Paulo num
Pestana, A Expansão Econômic4 do Estado de S. Paulo num
século,
século, op. cit., cit., esp. pág.pág. 27).27). Nessa época,
Nessa época, a elim eliminação
inação da mão-de-obra
mão-de-obra negra já es­ es-
tava em processo, processo, principalmente
principalmente no artesanato. artesanato. No N o que concerne
concerne às aptidões
aptidões dos negros negros
e dos mulatos,
mulatos, egressos do regime servil, servil, parapara as novasnovas espécies de trabalho,
trabalho, é preciso
preciso lem­
lem•
brar o que escrevera Couty sôbre
brar sôbre os obstáculos
obstáculos culturais
culturais que que se opunham naturalmente à~
opunham naturalmente
integração dêsses elementos
integração elementos ao sistema de produção produção capitalista
capitalista (cf. acima. nota
(cf. acima, nota 131).
131). Isso
Isso
significa. é claro,
não significa, claro, que a mão-de-obra
mão-de-obra negra negra fôsse "inferior’'
"inferior" à mão-de-obra
mão-de-obra estrangeira.
estrangeira.
Ma,,
Mas, especificamente,
especificamente, que não estava adestrada para
estava adestrada competir com ela; a escravidão
para competir escravidão não
legou
legou aos antigos antigos agentes
agentes de trabalhotrabalho experiências
experiências ou habilitações
habilitações que permitissem
permitissem a sua
recuperação autom
recuperação automática,
ática, sob o regime regime de trabalhotrabalho livre.
livre. Sabe-se.
Sabe-se, a êsse respeito,
respeito, que êles êle1
eram capazescapazes de um aproveitamento
aproveitamento melhor melhor e mais amplo, amplo, quando treinados e bem orien­
quando treinados orien•
tados. Assim, a indústria
tados. tcxtil não encontrou
indústria textil possibilidades de desenvolvimento,
encontrou possibilidades desenvolvimento, em Soro­ Soro-
caba, por
caba, por falta.
falta de mão-de-obra
mão-de-obra especializada.
especializada. Os escravos escravos não não realizavam
realizavam adequadamente
adequadamente
suas tarefastarefas e estragavam
estragavam as máquinas, máquinas, com que deviam deviam operar
operar (cf. Canabrava,
(cf. A. P. Canabrava,
O desenvolvimento da cultura do algodão na Província de São Paulo (1861-1875),
O desenvo/11imento da cultura do algodão na Pro11incia de São Paulo (1861-1875), S. Paulo, Paulo,
1951,
1951, págs. págs. 278-280).
278-280). Contudo, em Ipanema,
Contudo, Ipanema, onde onde os operários
operários suecos
suecos se encarregaram
encarregaram de
adestrar os seus auxiliares
adestrar auxiliares negros,
negros, êstes trabalharam
trabalharam eficientemente,
eficientemente, a ponto ponto daqueles
daqueles fica­ fica-
rem m muito satisfeitos com a aptidão
uito satisfeitos aptidão prática
prática dos mesmos”.mesmos". Os motivos motivos de queixa residiam
queixa residiam
"indolência" e na "irregularidade
na "indolência” "irregularidade no serviço”, serviço", reflexos
reflexos da deformdeformação produzida pelo
ação produzida
sistema de trabalho
sistema escravo (cf. J. B. von Spix e C. F. P.von
trabalho escravo P.von M Martius. Viagem pelo Brasil,
artius, Viagem pelo Brasil,
cit., vol. I, pág.
op. cit., pág. 237).
237). Além disso, cumpre acentuar
disso, cumpre acentuar que expansão da indústria
que a expansão indústria não
podia processar-se
podia processar-se sob o regime regime de trabalho trabalho servil.
servil. Como Como lembra
lembra muito m uito bem Alice Cana­ Cana•
brava, em sua excelente
brava, excelente m monografia,
onografia, o preço preço avultado
avultado de mão-de-obra
mão-de-obra escrava exigiria a
escrava exigiria
inversão
inversão de amplos amplos capitais
capitais (cf. (cf. op. cit., cit., pág.
pág. 278).
278). Em conseqüência,
conseqüência, não não surgiram
surgiram con­ con•
dições
dições que que estimulassem
estimulassem o aproveitamento
aproveitamento da m mão-de-obra escrava, em escala apreciável,
ão-de-obra escrava, apreciável,
fora
fora do plano agrícola e do acanhado
plano agrícola acanhado sistema sistema artesanal,
anesanal, que que existiu
existiu na cidade durante a
cidade durante
escravidão.
escravidão.
((135)
135) Dos Dos imigrantes
imigrantes entrados
entrados pelo pelo pôrto
pôrto de Santos,
Santos, no período
período de 1908 1908 a 1936, por por
exemplo, aproximadamente
exemplo, aproximadamente 2/5 2/5 eram eram profissionais,
profissionais, habilitados
habilitados para para competir
competir no sistemasistema de
trabalho urbano
trabalho Movimento migratório no Estado de S. Paulo [Comentários sôbre os
urbano (Cf. (Cf. hfovimento migratório no Estado de S. Paulo [Comentários s~bre os
dados estatísticos referentes ao período
dados estatísticos referentes ao período 2827-2936], D .T .C ., 1827-1936 ], in D. T. C., "Boletim "Boletim da D iretoria de
Diretoria
Terras, Col<)nização
Colonização e Im Imigração",
igração”, ano ano I, n. 1, S. Paulo, outubro de 1937, págs.
Paulo, outubro 39-40).
págs. 39-40).
Aliás, Roberto
Aliás, Roberto C. Simonsen Simonsen indica indica que que a existência
existência de mão-de-obra
mão-de-obra especializada
especializada entre entre os
imigrantes
imigrantes consti[uiu constituiu uma uma das condições favoráveis ao desenvolvimento
condições favoráveis desenvolvimento industrialindustrial de São Slo
Paulo
Paulo (cf. Brazil’s Industrial Evolution,
(cf. Braul's Industrial Evolution, Escola Livre de Sociologia
Escola Livre Sociologia e Política,
Política, S. Paulo, Paulo,
1939, pág. pág. 36). 36).
136) Parece
((136) Parece que que prevaleceu,
prevaleceu, entre entre os ex-escravos,
ex-escravos, uma uma tendência comparável à que
tendência comparável que
se formara
te form ara entre entre os antigos
antigos libertos,
libertos, no que que concerne evitação de trabalhos
concerne à evitação degradados
trabalhos degradados
pela escravidão e àà exigência
pela escravidão exigência de um tratam tratamento compatível com a condição
ento compatível condição de bome,nhomem
livre.
livre. Em uma uma carta
carta publicada A Província de São Paulo
publicada em A Província de São Paulo (de 23-111-1888), 23-111-1888), por por exem•
exem­
pio,
plo, afirmafirmaa o missivista
missivisra o seguinte:
seguinte: "Triste "Triste verdade:
verdade: Os escravos,
escravos, como como a maioria
maioria dos cai- cai­
piras,
piras, fogem trabalho,,. . "Se vão para
fogem ao trabalho” para uma uma fazenda
fazenda como camaradas, poucos
como camaradas, poucos dias dias param
par~. .
São excessivamente
excessivamente exigentes,exigentes, morosos morosos no trabalho, trabalho, param param a cada cada momento
momento para para faz~r.
fazer ci­ci-
garro
garro e fum fumar; horas de refeição
ar; nas horas ref cição demoram-se
demoram-se indefinidamente,
indefinidam ente, bem poucos poucos se suJettam
sujeitam
a fazer
fazer um feixe feixe de lenha,
lenha etc. Qualquer Q ualquer observação
observação que que se lhes
lhes faça
faça recebem
recebem como como ofensa.
ofensa,
e formalizando-se
form alizando-se dizem dizem que •são são livres,
livres, largam
largam a ferramferramenta
enta e lá se vão” vã.o".. T Todavia,
odavia, como com~
escrevera P
escrevera Paula Souza (in
aula Souza ( in loc.
loc. cit.)
cit.) : êles "precisavam
"precisavam de viver viver e de alim al1mentar-se"
entar-se” .^•. Depois
D epois
de algumas "cabeçadas..
algum as "cabeçadas” e de um interregno interregno de "vagabundagem",
"vagabundagem ", viam-se viam-se obrigados
obr1g_ados . •a
"se
“se arrumarem"
arrum arem ” onde aceitassem aceitassem os seus serviços. serviços. N Naa capital,
capital, a acomodação
acomodaçio era eta mais
mau fácil.
fácil»

\
INQUÉRITO
INQU~RITO e s$CO-ANHÊM
uUnNE co.J\N b
liE,~11}1
54 a r - - - - - - - - - .: ::
iç o s d o m é s ti c o s n ã o c h e g ser tão
escravo o a v •i l t a m ee n n to
to d d s e r v
o s serviços• domésticos não . c h e g a r a
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a c e natu voa doo aqvu1 atanm 1 to
t o de
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atividades
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manuaisn u a is o
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Da. a í ta lv
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d*
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a PeP r]0
e ..
ciações
h o m e m n e
malévolasg r o a respeito
p e it o dasa s s u
suas a s a p a _
aparentes r e n te s mclinaçõe? * aP*e.
a r e s a ..
bundagem exploraçao
s
das companheiras.
. ,. ., a lé v o la a s . a " ªg
e à x p lo r a ç ã o d a s c o m p a n h e ir v es a vaga.
c1açoe s rn à e ,. _ . .
bundAs agenovas m e condições c a s s e r e f le ti r a m n a tu r a l
s c o n d iç õ e s n
econômicas
e c o o m 1 se- refletiram I natural-mente na
composiçãoAs nov da a
a população
p o p u la ç ã o . . A
A r o
proporção
p p o r ç a o
d
do o e e m
elemento e n to n
nee
e g
*r*d161**6
o p a s s**
o *u
acodiminuir continuamente
. - d ir o , e m c o n s e q ü ê n c ia •

a ; c o n ti n u a m e n te . . P r im
Primeiro, e em conseqüência d o a
passo* h *
md?º! u 1 ç
a 1mdo m Estado de São Paulo por numerosos
_ p I m d e r o s o s m a n u m it id o s q a u..
• dono e S a o a u o p o r ~ u manumirv? aba*' u e
retomavam
d o n o d o E s
para
ta
a
d o
ra O od
Norte
N o r te ,, para
p a r a a
as s r e g
regiões 1 o e s
. de e q u
que e f o
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r r
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negro'': d e s e n v o lv ~
processo
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g e r a
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Ul*i
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nas
p s primeiras · s interpretações
e s e le C
r o c esso d - C h e g o u - s e su d p o r .
, a p r in c íp io , q u e
· terprei:içoies... Chegou-se d . a .dsupor, prin *a^erados
nêsse
a pprocessorimeira resultava in
a inclusive
1 n c u s 1 v e da a 1 n c a
incapacidadep a c 1 a e h 1 o
biológic ló 1 ? ic a
C
d
!F 0> ^üe
sseadaptar-se s u lt a v
êde processo r e
ao planalto paulista e que êle seria sufic* negro ,
devastador para produzir e m e n to n e g r o e d e s e u s

d u z 1 r aa extinção
e x t1 n ç a ,o d do o d e
elem ento neer0 6 ™6”1611^
ddescendentes
evastador parmestiços a p~o
s c e n d e ntes m~st.1ç o s em
e m um
, º 1 ? período
p e r 1 0 . o de e _ q u la
quarenta r
s
e
a
n
s
ta
d e
o
ou
m
u
o n
c
e,de
s
in
tr
c o e
S
n
C U
ta
s
d e
anos (138). Análises estatísticas
t1 s t1 c a s m
mais a is m e t1
meticulosasc u o demoClnC°eiUa a r a m
aporém, n a li s e s e s ta . _
que o
A
referido processo seletivo não , '

n o s (1 3 8 ). .d 1 n a o a lc a n ç a r a e x te ,.
f, e r 1 o p r o c e s s o s e e t1 v o aIcançara0nStraranl, n s o e s
r e .
alarmantes
Po antes ee que
aiar 111
r é m, que O
que e e, êle,
" I por
p o r si
s1
· mesmo,
m e s m o , n
nãoa-o b astar1a para determ· ar
bastaria
. - da popu 1açao quanto à côr (139) _ para d eXtCnsôes m
uma alteração brusca
b r u s c a na
n a composição
c o m p o s 1 ç a o da população quanto ·
uma alteração
Por sua vez, , os
o s resultados
r e s u lt a d o s das
d a s investigações
in v e s ti g a ç õ e s sociológicas
s o c io ló g ic a s , f
f e it a s
r
Roger
P or sua vez
Roger Bastid
Bastide, e , levaram-no
le v a r a m - n o a concluir
c o n c lu ir q u
que e
d
o
o '' d é
“déficitf ic it n
n
e g
C
r o
t
''
” S
P
^
n a
?
ao .
• provinha neme m da
d a
·
incapacidade
1 n c a p a c .d
1 a d e a d a p
adaptativa ta t1 .
v a do o n e
negro g r o , n e m d e
n5°
,,
f
id a
' tores dee ordem fisiológica,
provinha n d a s d e p lo r á v e is c o n d ic õ e s d e
e m f is io ló g ic a , mas
m a s das deploráveis condicõf*™,
tores d ordnos “cortiços” da cidade
· enfrentadas a d e ( 1
(««).4 6). Assim, a falta de vitalidade
Assim, a falta de vitaHdáde
s no s '' c o r ti ç o s '' d a c id
,
elUnLfArev n- * *ta------da-------
i/
ro fisslo
como evidenciam os depoimentos
idense m os
ciadispuzessem d e p o im e n to s que
q u e recolhemos,
re c o lh e m o s, p a
para ra
b ru to
os
os que
s
e
e maim a
p
l
o ss
re
u
m
ís
u
se
qu possuíssem uma profissío
n
m
e ra d o
u m
s.
a p
O b a ixo
como evou
manual e m a
a ocupar-se
o c u p a r- se com
c o m serviços
se rv iç o s brutos e remunerados.
o s q u e n ã o se O c obaixo
n fo r•
manuade
nível l ouvida dispuzess uma terceira alternativa,
se engendrava a lt e rn a ti v a , a q
queu e re corriam os que não se sconfor­
recorriam fr u cos
nivel de com
massem enge
' vida semelhantes
sem
n
elhan
d ra
te
v
s
a
p
u
e
m
rs
a
perspectivas:
p e c
te
ti
rc
v a
e ir
s:
a
consistia
c o n si st ia em
e m viver de expediente,
v iv e r
c
d
o
e ex
m panheir
p e d ie
a s.
n te ,
E
is to
isto
st a s
é ,
é,quados
d o
si sefruto»
m p re
massem com de
provenientes pequenos s ,,biscates’,
"b is c a re s" e
e da
d a cooperação
c o o p e ra ç ã o d
das a s companheiras. a lu g uEstas
e l, d quasi
o s p o sempre
rõ e s ou
rovenientes de paos
pproporcionavam q u e n o
e seus companheiros: alojamento e n to ( e
(em m q u
quartos d e
artos de aluguel, dos porões ou
u s c o m p a n h e ir o s: a lo ja m u m a p e q u e n a m a rm it a );
'
pdos rcionavam alimentação
ropocortiços); aos se (geralmente "trazida
..tr a z id a d
do o e m p rê
emprego”,^ g o '', em em uma pequena marmita);
E ssa
m e n ta ç ã o (g e ra lm e n te d o p ró p ro g a n h o ).
dos cortvelhas
roupas iços); (obtidasali dos patrões); e algum
a lg u m d in h
dinheiro e ir o (e xtraído do própro ganho).
(extraído io n eEssa
g ro ,
espécie
roupas vde as (obtidaentre
elhsimbiose s d o s
o
p a tr
homem
õ e s) ;
e a mulher
m u lh e r d u
durouro u a
atété pouco te m p
pouco tempo, np meio la o , n o m e
E negro,
te v e ·
t th
e o h o m e m e m
várias maneiras, a n e ir a s.
écie defoisim
espnunca biose entrpelos
aprovada brancos, que
q u e a ic u la
ridicularizaram
ri d ri z a ra m d
de e várias o s pteve
el~
• p ro v a d a p e lo s b ra n c o s, desa ju st a m e n to s p ro d u z id
euma ca foi aimportante,
nunfunção porém, pois
o is permitiu
p e rm it iu q u
que e os desajustamentos
os produzidos se !1
pe 1"ª

u m a fu n ç ã o
transformações operadas im p o rt a nte, p
em
o ré m ,
conseqüência
p
ü ê n c ia da
d a desagregação
d e sa g re g aregime servil
ç ã o d
doo re g im e se rv il n
nao
ã
c
o
o nse
tr a man
e ss _ e s ·
tl a n sf o rm a ç
festassem sob formasó e s o p e ra das e
mais
m c o n
violentas.n
se
ta
q
s. Doutro
Doutr o la d o
lado, a oposição
, a o p o si ç ã o mais
mais
e fi c ie
eficiente
n te
contra
, q u e serao
comportamentos fo rm
festassem sob surgiu no próprio m a s
iu
m a
n opróprio
is v io le
meioe io negro,
n e g ro , através dos
através m
dos movimentoso v im e n to s so c ia is
sociais, que
om.portamno
canalisados
analisa d o s
(137)) Essas
ento
n o u
s. s~
último
lt
rg
imo cap
migrações
capítulo
ít u lo d ê
dêste st e tr a b a
trabalho.lh o
proporções
porço e-
s re la ti • mente
v a c o n "d
s1 era '
, v e is · pP
- e!olo
·.
- s teriam assumido p ro relativamente consideráveis. sS i·

m a ss u m •
id o B e n to , se m a
a^à!~

te ri a n io
menos, o que
(137 ~as m1graço
se sabendo
e
pelo conteúdo de nota de
de A n to
Antonio Bento,

é O
D- -
fica o n te ú d o d e u
umam a n o ta st
ndo p e lo c m do ~
natura, o • é q u e s
men estampada na fôlha abolicionista
1 e fi c a sa b e
n is ta que
q u e ir
dirigia
d ig ia (cf.
(cf. Os
O s p re to s d
desaparecem
e sa p a
Pretosbibliográficas cooti as
re c e
inª";.
~ AfÂ
s
' rampad
;Redenção",
•edeo ç ã o
a
" ,
n27-VI-1897).
2
a
7

-V
ib
I- 1
a
8 9
a
7
b
).
o li c io
Vejam-se,
V e ja m -s e , ainda,
a in d a , a
ass re fe rê
referênciasn c ia s bibliograficas
aota 127*
:~
127
^ re^° Ellfo Jr.t Populações paulistas, fó ts p a u li s ta s , C o m fa n h E d it ô
ia Editora Naciona. ra N a c io n a i Sio
l. S lo
PauJ~~!34
Pauii^íoa^* 1 Cf. .Alfredo EJJis Jr., Pop
u la Companhia
107 págS< e ,_ ,, ^ n Ia , - S p u'" op. cit,, OD. d t.l ,
g s . • a ,v
pígs.(Í22-27 p p á ~ s . H
39) cip~eSp* S’• H’• Í0wrie’l0 7 L
o
e
w
s
r1
e _
e , 0
O elemento
e le m e n to negro
n e g r o na
n a população
p o p u la r a o
de
u -e
S. Pau > . ~
pigs. 2 2 -2 7 . • •
., p á S S • , - 6
<140)
(l40)
Cf*
C f, Ro«ef
R o g e r Bastide,
B a s ti d e , 0
O negro
n e g r o em
e m São
S ã o Paulo
P a u lo,, tt ab a
trabalho
lh o e
em
m ·
'M
M s
s., 5 6' •
,

RELAÇÕES
RELAÇÕES RACIAIS EN TR E NEGROS
:RACIAIS ENTRE NEGROS EE RR ANCOS EM
BRANCOS EM SAO PAULO
SÃO PAULO 555
5

da
da população negra seria
população negra seria fruto
fruto dada miséria,
miséria, do
do pauperismo
pauperismo e dada pro­
pro-
miscuidade,
miscuidade, que
que atingiram
atingiram tão tão duramente
duramente um um largo
largo setor
setor dessa
dessa
ppopulação.
o p u la ç ã o . .
De qualquer
De qualquer modo, negros e pardos,
modo, os negros pardos, que que perfaziam
perfaziam 23,9%23,9%
da população
da população do do Estado
Estado de de São
São Paulo
Paulo emem 1886, pelo pelo censo
censo dede 1940
constituiriam
constituiriam 12,01 da da p·população 141 ).
total ((H1).
opulação total Uma redução
Uma redução paralela
paralela
se operou
operou na na população
população do do município
município da capital, pois
da capital, pois emem 1886 os
negros pardos representavam,
negros e pardos representavam, aproximadamente,
aproximadamente, 21 %
% dada popu­
popu-
lação total,
lação total, enquanto
enquanto que que emem 1940 êles êles corresponderiam
corresponderiam apenas
apenas a
8,19% (142).
8,19% (142). Seria
Seria conveniente
conveniente assinalar
assinalar que,
que, nãonão obstante
obstante os dois dois
fatores
fatores mencionados
mencionados acima acima (migrações
(migrações de de elementos
elementos da da população
população
negra
negra para
para outras
outras regiões
regiões do do país
país e seleção
seleção letal
letal no no seio
seio da
população negra),
população negra), a alteração
alteração do do padrão
padrão de de composição
composição demográ­
demográ-
fica das
fica das populações
populações do Estado e da
do Estado da Capital
Capital se deve, deve, em em grande
grande
parte, ao aumento
parte, ao aumento da população branca
da população branca produzido
produzido pela pela imigração
imigração
européia e por
européia por migrações
migrações internas,
internas, nasnas quais
quais se verifica predo­
verifica a predo-
minância
minância do do elemento
elemento branco
branco (143).
(H3). O quadro
quadro seguinte apresenta
seguinte apresenta
dados relativos
os dados relativos à composição
composição da da população
população do do Estado
Estado e do do Mu­
Mu-
nicípio
nicípio de de São São ,Paulo
Paulo pelapela côr,
côr, segundo
segundo as as apurações
apurações do
do censo
censo
de 144):
de 1940 (<144):
CAPITAL
C A P IT A L ESTADO
ESTA D O
GRUPOS
GRUPOS DE CÔR CôR (Dados
(Dados absolutos)
absolutos) (Dados
(D ados absolutos)
absolutos)
Brancos
Brancos ..........................................
•••••••••••••••••••••• 1.203.111 6.104.968
6.104.968
Pietos
Pletos •..............................................
• • •• •• • •••• ••••• ••• ••• 63.546
63.546 525.423
525.423
Pardos
Pardos .......................................... .
•••••••••••••••••••••• 45.136
45.136 291.665
291.665
Amarelos .............•.......
Amarelos ........................................ 14.074 215.389
215.389 ".
De côr não declarada •••.••••••
não declarada ................. !94
394 52.048
Total
T o ta l ..........................................
•••••••••••••••••••••• 1.326.261 7.189.49!
7.189.493

Praticamente, os negros
• ~ràticamente, negros e seus
seus descendentes
descendentes mestiços
mestiços mantêm
mantêm
posições
pos1çoes em em quase todos os setores
quase todos setores do atual
do atual sistema
sistema dede serviços
serviços e
profissões
profissões dada cidade.
cidade. Os resultados
resultados do censo
do de 1940 mostram
censo de mostram queque
((H
111 >. Cf.
* ). ~f. respectivam Relatório apresentado ao exmo. sr. presidente da Província
ente: . Relatório apres_e11tadoao exmo. sr. presidente da Provl11cüa
respectivamente,:
Centrí estatistíCfj
Pela comtssao central d~-1 estat1st1cf'.! et~.,. op- A composição
op: ~1t., pág.
pág. 14; da população
14;. ee A composição da população
segundoa côr, no Brasil, nas regiõesf isto gráficas e nas Unidades da Federação,
segundo a cdr, no. Bras,l, n~s. reg,oes f,s,og,af,cas e nas Unidades da Federação, publicação publicação
o. n 306-A,
L 3t o ! t d do
f p á lnsc1tuto
g
nStÍ 0 tO Bras1le1ro
BraSlleiI° de
de Geografia
G eo«rafia e Estatística.
« E statística, Serviço N
Serviço Nacional
acio n al de Recensea-
de Recensea-
mento, s.d., pág. 10.
Munilfhin
~l~~~.> Relatório apresentado,
esP5ct‘vam ente: Relatório apresentado, etc.,
^Cf.,ç i;espectivamente: A população do cit.; e A população tlo
Ioc. cit.;
etc., loc.
Mu;.tcipto
ffrafía ^ Pctat'
gra
grafia ia e Estat1st1ca,
.se&u*?°. a c^ r>
d: !a.o Paulo ç .segundo. a côr, publicação
Serviço N
Estatística, Serviço Nacional
publicação n.n. 15, 15, do
Recenseam ento, s. d.,
acional de Recenseamento,
do Instituto
In stitu to Brasileiro
d ., pág. 2.
B rasileiro dede Geo-
G eo­

cit D?dospara a História da Imigração e da Colonização em São Paulo,


• (l43)_ Cf. Dtfdos Para a História da Imigração • dtJ Colonização tm São Paulo op. op.
ejtàtiftirne * Movimento migratório no Estado de São Paulo ( Comentários sôbre os dados
- ., , passun
~1t • •, M ov,men t o migrai · · no Estado tle São Paulo (Comentários sôbre os à..idos
ór,o '
11 1
i{
'e O rtav.rt Z?tere?^es ao P**todo 1827-19%),
I!!Cf!! re~er~nJes ao período 1827-1936), op. op. cit.,
cit., passim
passim; ; VVicente
icente Unzer
U nzer de A Almeida
lm eida
Ê -dtavdo a Teixeira
c1Cl" eif,a Mendes
^ en<*esMigração rural~urbana,
Sobrinho, Migração rural~urbana, Secretaria
Sobrinho, Secretaria de Agricultura
A gricultura do
st a O e S. Paulo, 1951, esp. pág. 29 e quadro VI na pág 75· Humberto Dantas Moi-·i•
a . ?» *?51, q u adro V I, Movi-
pág. 75; H um berto D an tas,
Imitrris-Sn mt§Lu*f°fs tntemas em direção do Planalto Paulista,
mentos
lmi d · ~ · _ •
_ t migraço!s internas em direção do Planalto Paulista, ' · • "Boletim do Serviço
in "B oletim
'
Serviço de
Lo
rn n1fcialoS
f?-çao c C
esc~.siana3 tate
Coloni~açã<~,
ol®®“ a Ça<>i nn.* 3, passim;
jte ~n1vers1ty
U niversity Press,
passim ; T.
Press, Bacon
Brazil : People and Institutions,
T . Lynn
Baton Rouge,
ith, Brazil : People anJ. Instit,,tion1,
Smith,
Lynn Sm
1946, pâg.
R ouge, 1946, pág. 334334 (com
(com cuja
cuja interpretação
in terp retação
estamos em desacôrdo. como evidencia o texto acima).
mos em _d_esacordo, como evidencia o texto acima).
( l44)' Cf. A população do município de S. Paulo segundo a côr,
(.;f • .A. popular ão ào municlpio àt S. Paulo segMnao • cb,, op. cit., pig. pág. L 8.


JNQlJF:RITO

56
1 1 li .S
I

.1 Ar de ambos
rAr ambos os os sexos exercem <'xercem suas ar. . ,
s, 135 aiivi.i
bb a lhadores ue e.... i mcn,os que abrangem b iv1,lad ? •
os
os tra a ~
t r a l h a d o r eu estab(~lecimcntos q11e a rangt•1n t(\das as f',f c-;
s d tôdas as esfera? · ea
em emprísas 0ou estabeje^ ^ ^ ^ ^ abs()rv(.m ^ •« « . d,
em en1pre~s. Todaviat, os s~r, ·içt>SCJllC êll>s,,1·,·c·111 111i,i<>i· ;~ da
vida econom
vida economi~- ica. d· ~"io pred o m in a tiícm en te, os
prt ..<lomin:111te1nt'ntc, os lig a d o s com
Ii~;,,los a, de
cc,,n ni.,o
oobra
b .a ddee ccôréa•~ ô r a in d aª e ~m as tar<~f.ts m a m , a i s ()u
ma1111ais c,ta b1·;•\ais. <>s as ati.. 0 ^ a „ .
·d·
vidades
vi ,l des don1 sc,cas
donií.. • que Q n„mero
1'1111ero e
I
<let.. empreendedores
e1111>rce11, l <'tiores ee de
de n1e•,m
ran,°S
· . 0 s
1am q O 11
re esultados
su lta d o s reve
rev‘ . 1 AIJ..
Alím d..
disso, AJ
éles -
não consegu^*’ capita
r.
listas
listas de côr
de
-A
t,ur
é mt1ito reduz1c o.
·
i •
exigem
l."ffl
grandes
isso, e es n,10 cons~ . .
l capitais. · · Os Índices T
guira111
SSm enetrar nos seto1·es que e~1gem gra11~de: c?p1ta1s. Os índices d
P. "b . ""o pprop<>rcional
distr1 111ça
m a c ô..,è t tanto
^ocupaçoes,
ro ^ c io n a l ,>õem
tanto as de empreendedor
1><>emem eva
d d
e1nprecn e or qt1anco
evidôncia,
cnc1a, por
quanto
por sua
d
sua vez,
as dee assalariad
vez que
'
assalariado,
q
ue
f e
as
* -
b d d o, se
3concentram £ ^ s mãos
nas mãos dos brancos i~a.ncos ...e dos os ~u~ seus descendentes
escendentes tido* tidos
~ a tal..
como l Na vverdade,
Na e rd a d e , as coisas
coisas nao n~o se po poderiam
er1am passar passar de outra outra
maneiw . ' O elerneoto
elemento de côr
côr está
está para
para o elemento
elemento branco
branco,
maneira. 0 ô . . . , nana
c o-.n s t •i t u i•ç ã- 0 o dada papulação
população econ m1camente
econôm.camente ativa
ativa da
da cidade
cidade d"
(indi.

consc1t111ça _ 10 1-
“ duo de
víduos de · dez dez anos anos ee mais), m ais), na na proporçao
proporção ~e de 88 para para 91% 91 %,, aproxi.
aproxi.
madamente,
. ma d am ente , conform
conforme e os
os resultados
resultados "' do
do alu
aludido d" td o censo
censo.
. Mas,
Mas , 0
O que
q ue
éT sif?Jlificativo
sienificativo ee nos nos cum cumprepre por por em em relevore 1evo aqui, aqu i, éé aa flagrante
flagrante
desigualdade que
desi;ualdade que separasepara o negro negro do branco branco na na estrutura
estrutura profissional
profissional
de
d~ São Paulo? Paulo. As pessoas de côr côr não participam , em regra,
não J!articipam, regra, nem
das garantias
garantias proporcionadasproporcionadas pelos pelos serviços
serviços bem bem remunerados
remunerados ou
de ai. goma
alçu representação social~
m a representação social, nem nem dos dos benefícios
benefícios colhidos colhidos pela
livre iniciativa
livre iniciativa em uma uma economia
economia urbana. urbana. Semelhante Semelhante distribuição distribuição
ocupações traduz
das ocupações traduz a persistência
persistência das das barreiras
barreiras econômicas,econômicas, que .
sempre ~stinguira~
sempre distinguiram socia~me?te socialmente os repr~sentantes.
representantes das das duas duas raças
no Brasil,Brasil, e de antigos antigos cr1tér1os
critérios de seleçao seleção ocupac1onalocupacional associados
à côr. O leitor leitor interessado
interessado encontraráencontrará os dados dados que que fundamentam
fundamentam
presente análise
a presente análise nos nos quadros estatísticos postos
quadros estatísticos postos no no apêndice
apêndice dêste deste
capítulo.
capítulo. •

Do exposto,
exposto, não não se deve deve inferir
inferir que que os efeitos efeitos da industriali­industriali-
zação e da urbanização urbanii.ação de São Paulo Paulo não não repercutiram
repercutiram na
na situação ··
econômica
econômica dos indivíduos indivíduos de de côr.
côr.. PorémPorém, , q queue as mudançasmudanças operadas
na organização
organização econômica econômica da da cidade
cidade possuempossuem um um alcancealcance limitado,
quanto àà redisttibuição
quanto redistribuição dos dos serviços, das ocupações e das
das ocupações das rendas '
entre as pessoas consideradas
entre consideradas ''pardas'' “pardas” ou “negras”. :t
ou ''negras''. £ evidente
evidente que •
a transição
transição para o trabalho trabalho livre livre ee a com competição petição com com o branco branco
produziram resultados
produziram resultados favoráveis favoráveis à à ascensão
ascensão econômica econômica e profissional profissional :
dos negrosnegros e dos seus descendentes descendentes mestiços. mestiços. Contudo, C ontudo, até até o presente
pre~nte ·
~es resultados se
êsses resultados se restringem
restringem consideràvelm
consideràveJmente: ente: 1.°) I.0 ) ao laborioso
laborioso ·
e lento
lento acesso a determinadas deterininadas ocupações
ocupações manuais, m anuais, desejadas desejada_s .^nao não
ob 5tan te por
obstante por causa causa do significado significado n o b ilitan te que
nobilitante q u e elaselas adquirira#
adquiriraJD
entre
entre os indivíduos · di vi'd uos de côr
m côr e da da rem uneração que
remuneração q u e elas assegura rn·
elas asseguram» '
22.·º)) àà formação
forniação ddee um um reduzidíssimo
reduzidíssimo g ru p o ddee eempreendedores,
grupo m p r e e n d e d o r e s , capa capa-~,
zes e x p l o r a r dde
zcs ddee explorar e certa forma forma a a própria
p ró p ria iniciativa
iniciativa econoinica, Jllas
econômica, ni *,.
semnenhumanenhuma possibilidade possi .b 1..
lid ade (em
- -
(em regra) de oferecer oferecer aatualmente tu a lm e n te a
Jrn1rna
a lg6--1*1® í:..
,



.i .açof
rJlff.l.A ÇõF.~.s RACI a ~W fF.N
RACIAi r fF.. nNFe.C
n tTR g .llO
r o Ss eE BR
b r a,\SnCO
c oS s r,, sao() pPAa1lwl ..O
em1 SÃ o

57
57
'
=•

concorrência
concorre . A n<·ia apreciável
ap re ci ável aos aoll empreendedores
empreendedor~ hr branco*.
an<o!'I. Is Isso
so quer
<1 ue r dizer
di ze r
que as
que as m U mudanças
,lanç·t!I econômicas
• ·
cc or 1( '\m ic
·
as observadas
<> l> ~r va cl ,1 1nos
no s últimos
u
, 1 •
t1 m O !Ianos
an c) s não
na-
<> alte­
a
1
te -
raram
raram substancialmente
sul>stan<ialmcnte aa situação situaçã,, do d<>elemento
elemen•~ e e < r na de
l côr
ô na organização
01 ·g an 1t
·
a\ ªº
...
econômica
ec onômica da da cidade,
t:icl;1de, pr processando-se
,>cessan~lo-~ pr presumivelmente
e,?m1velmc?te de m
de modo
0< l< > a
a
mantê-lo nos status
m an tê -lo no s st atus ocupacionais
ocupacionais financeira (1nance1ra ee s< socialmente
x-1almente m menosenos
compensadores.
co mpensadores. . .
o
O rápido crescimento da
rá pi cl o cr es ci m en to da cidade
cidade ee aa v1
.
vigorosa expansão
~oro~ ex1>an~o das
.~ das
indústrias
indústrias criaram, criaram, no no en entanto,
tanto, no novasva5 pe perspectivas
r~pe(.ttvas de de as ascensão
ce ns ao doss
~o
indivíduos
indivíduos de tle côr
côr na na vidavida ec econôm
onômicica a ge geral.
ral. As
A, cl duas
ua~ te tendências
nclenc1as
mais
mais significativas,
significativas, nesse nes.4ie sentido,
sentido, dizem dizem r~ respeito
spe~to às às p_ pressões
r~ w es da
da .
.
economia urbana
ec on om ia urbana no no aproveitam
aproveitamenento to ee valorização
valor1zaçao da da m ma< ão, dede obra
ob ra
nacional ee àà m
na ci on al modificação
odificação da da m menentalidade
talidade econôm econômicica a dos d<>Sin indivíduos
di , ·íc l\1 05
de
de côr.côr. DepoisDepois de de 19 1930,
30, ee em em pa particular
rticular durante
du rante aa II II G Grande
ra nde
Guerra, São
G ue rr a, São Paulo
Paulo conheceu
conheceu uma uma fase fase de de de desenvolvim
senvolvimenento to se sem m pa­-
pa
ralelo
ralelo na na hi história
stória econôm
econômicica a m mododerna
erna dos dos paísespaíse1 la latino-am
tin~americ ericanos.
an os .
As oportunidades
A s opartunidades criadas criadas por por essa
essa fase (ase de de prosperidade
prosperidade econôm e<·onõmicica a
estimularam
es tim ul aram oo deslocam deslocamen ento
to de de m mãoão de de obraobra na nacional
cional pa para
ra Sãoo

Paulo
Paulo (145), (145), onde
onde aumentara
aumentara aa pr procura
ocura da da m mesesm maa além além do doss limlimite ites!
.. dede disponibilidade
disponibilidade interna.
interna. Em
Em co conseqüência
nseqüência de dêste fato, as e1 em-n-
ste fa to, as
prêsas
prêsas tiveram tiveram que que apelar,
apelar, em em graugrau m mai aior
or ou ou m menenor,or, parapara oo tra tra­-
balho
ba lho de de pessoas
pessoas cuja cuja qualificação
qualificação profissionalprofissional era era má má ou ou péssim
pé ss im a,a,
ee precisaram
precisaram elevar elevar consideravelm
consideràvelmenente os
os níveis
ní,~eis dos
te dos salários
salários (para ( pa ra
o quee co
o qu concorreram
ncorreram ta também
mbém outros outros fa fatores).
tores). Oss in
O indivíduos
di,·íduos de de côr
cô r
partilharam,
pa rti lharam, naturalm
naturalmenente, te, dass op
da oportunidades
ortunidades de co
de colocação
locação ee de de
profissionalização
pr of is sionalização abertas abertas àà m mãoão de de ob obrara na nacional.
cional. Porr m
Po meieio o de
de
entrevistas
entrevistas ee da da observaçao
observação direta, direta, verificam
verif iramos os qu quee es essas
.sas cicircuns­
rc un s-
tâncias
tâ ncias fo foram
ram re responsáveis,
sponsáveis, em em grande
grande parte, parte, pela pela aceitação
aceitação do do
elem
elemen ento
to de de cô côrr em
em diversas
diversas atividades
atividades econôm econômicicas as (desde
(desde as as br braçais
aç ai s
ee m mananuais
uais até até as as admadmininistrativas ee buburocráticas), ee que
istrativas rocráticas), que elas elas conti­co nt i-
nuarão
nu a~ão aa op operar
erar na na m mesma
esma di direção,
reção, pe pelolo m m en enos os enquanto
enquanto se se fizer
fiz er
sentir
sentir aa pr presente
esente es escassez
cassez de de m mão ão de de obra,obra, especializada
especializada ee não-
nã o-
especializada.
especializada.
• A Aoo m mesesmmoo te tem po,, esestá se prprocessando aa transform ação
mpo tá se oc~ndo transf orn1aç ão da da m m en--
en
talidade_
ta lidade.., ec econoim
onômicca a do doss in indivíduos
divíduos de de côr. côr. Esboça-se
E sboça-se nnoo seio seio da da
populaçao
po pu la~a~ ~e negragra um umaa re reação
ação ao ao an antigo
tigo re retraim
traimenento.to. que
que facilitou
facilitou
a su
a substituição
bst1tu1~ao do do ne negro
gro pe p elo
~o i? im1iigrante
grante eu europeu
ropeu ou ou pelopelo trabalhador
trabalhador
brranco nativo, e qu
quee co contribuiu para consum
nsumarar aa elim inação
ação parcial
anco na t1~0! e _ntr1bu1u pa ra co elimin parcial
dos
dos m m ananumum1titidos
1d~s do do sistem
sistemaa de de tra trabalho.
balho. As
As po polarizações
larizações bá básicas
si ca s
~ a nova m en
entalidade em fo form ação (sim étrica, noss po pontos
ntos essenciais,
no va m tal1da~e em rmaç ão (s imét rica, no essenciais,
aa dos brancos da c1 cidade), acentuam
~ntuam aa im impo portância da
da alfabetização
dos br anco~ da d~de), ~c rtância alfabetização
e da apren aprendizízagem sistem
stemática dass pr profissões; reconhecem as
agem s1 at1ca da ofiooes; re conhecem as van- van-
!
ba,aa( 1 5 ) ~f. ~sp.. 'V_•Un~~r de_ Al~eida e O.
blnsati;
J ,uto
‘op! Z P
ssiZ ' de- Sobrinho, Migra(
T.' ~ffldes Sobrinho, Miir.iç:I3oo W~•rd

st
£ , U « " A l m ' i d a
P•d c1tE pass~, e llli&raf Ots ,11ttr'!,u '!º Br11* ° J - «f-r11-,...
Instituto
tivo h A deÚ Economia’ Sil. &E.<Jti *<> preliminar,
< “ulo f,rtlimínar, publicação
pu bli ca çã o do
1952 (o
do
*<> * —
c~n~ia dd.ii F1 p ^
;1ndaçl? M~ua, Rio de Janeiro, 1952 (o último
ltdfOts ltmd-r1'rt11s. Mi&r4fÕtS """"' sa en»io, .rcla-
oPMUo).
INQUÉRITO UNF
INQUt.RITOUNESCO.
.sco.A'N
58 · l-lt~n1
· . J'zação profissional na competição por ----.:
tage ns da esp; ~to~ inân cia 1
S z e m aSp r e d o S d a de de uma
uma pers pec!iva realista „a
perspectiTa'realC^ ~: ocações;
traduzem ª...P. Por fim O que é deveras importante • escolha
O
das ocupadçoes~~ivíduos de côr em um sentido comp' et~t1;ntarna
co ndu ta os 10
- 1 1vo
mando-os a d·sputar com
dispufar com os os brancos
brancos as as ocupações
ocu paç oes em
em Ó
OttUP > ~ , W. ;tni,
man•• do- os a • - A e Sú e
admitidos, d pas sad o, por
noO passado, por .dé. exc eçao
exceção. . Ass resp
respostas
osta s a ques,
que .! ? ralll
Ã
8*
adm 1t1 os, n d t '"d • • st1o nár•
que . ·buí
distribuímos mos dão uma 1 1a
dao uma idéia do conteúdoo con eu o positivo
positivo dessas
de °*
10s
qtie d 1str1
. ,,,
rizações.
r1zaçoes.
ssas pola.
P°la»
• pergunta
À rgunta -_ ''Ac ha que
“Acha que se dev deve ter uma
e ter uma prof issão?'' 10
profissão?” ,
e,,..
Jhe re!responderam
!sponderam sim e I1 não (o tota 1
Iheres totall de que questionários
stionários pre pree;;hi~u.
por mul heres éé de
mulheres de 130
130),), e 252 homhomens ens responderam
responderam sim e _os
(o total questionários preenchidos
l:~o tal de que stio nári os preenc~~dos por por homhomens
ens é de 26 I ). Àl nao
de 261^ 1
n5°
gunta _ "Acha
- ''Acha queque se dev
deve e freq uentar esco
freqüentar escola
la para
para con conhecer
hecer iP*
gun ta h 1f'ehr.
ria espe cial idad e?'' me, 1or
a própria
Próp especialidade?” 101 mulheres
mui, eres responderam
responderam sim, 5~~ na..-
sim 1

é mel hor 0
16 melhor
16 e 8 nem sempre.. À
sem pre A mesma
mesma pergunta,
pergunta, 216 h h.om ^ en;
resp<>nderamsim,
responderam sim, 9 não,
não, 16 é •melhor
mel hor e 16 nem
nem sempre.
sem pre. À
À n
ner °mens
• .- gun ta
_
- ''Ac ha que
“Acha queumumbom bomespe 1
especialista sempre encontra serviço r§u™a
c1a 1sta se~pre enc_?ntra serviço no seu
ramo?'', 105
ramo?”, 105 mulheres
mulheres responderam
re~po~deram sim, s1~,. 3 _nanão,o, 22 às vêzes°vêzes; 2069 **
homens, sim,
homens, sim, 11I l não,
não, e 39 às vêzes.
as vez es. A ver1
verificação
f 1caçao dede que
que os indivíd
indivíduos
de côr se estã
estão o orie
orientando
ntando no no sent
sentido
id? de de esco
escolher
lher de modo
de mod o reV 08
realista
as
as ocu pações que
ocupações pretendem con
que pretendem conquistar
quistar ou ou aa queque aspiram
aspiram ide^ ideal-
men
mente,te, base ia-se nas
baseia-se nas resprespostas
ostas daddadas
as à pergunta
pergunta -— ''A “A queque prof
nrof*issã~o
gostaria de dedicar-se?".
gostaria dedicar-se?''. Ape Apenas nas 18 mul mulheres
heres e 78 hom homens
ens decdec?a °
la-
raram que
raram que à à mesma;
mesma; 101 mulheresmulheres e 184 homens homens indi indicaram
caram que
gostariam de dedicar-se
gostariam dedicar-se a a outras
outras profissões.
profissões. Isso
Isso evidencia,
evidencia, sem
dú, ·ida, a
dúvida, a existência
existênàa de de um
um profundo
profundo desajustamento
desajustamento profissional
profissional. • •

Mas a
Mas a análise
análise dasdas respostas
respostas referentes
referentes às profissões
profissões ideais
ideais indicadas
indicadas
demonstra que
demonstra que as preferências
preferências tendem tendem para para ocupações
ocupações acessíveis,
acessíveis,
tend
tendo o em
em vist
vistaa as possibilidades
possibilidades de de aprendizagem,
aprendizagem, a natureza
natureza das
profissões esco
profissões lhidas (por
escolhidas exemplo: entre
(por exemplo: entre as mul mulheres
heres prevaleceram
prevaleceram
os
os "ser viços de
'serviços de escr itório'' e ''cos
escritório” “costureira”;
tureira''; entre
entr homens,
e hom “motorista”
ens, ''mo torista"
ee ''me cânico''),), e as opo
mecânico rtunidades de
oportunidades de colo
colocação
cação em em um um meio
meio urbaurbano
no
em cres
em crescimento 146). As tend
cimento ((I46). tendências
ências à com competição
petição aberta com osos
aberta com
bran cos, por
rancos, por carg
cargosos e posições,
posições, são são patentes
patentes nas nas resp
respostas
ostas às per- pe!•
guntas: ''Acha que 9ue exis tem carg
existem os em
cargos em nosnossa sociedade
sa soci edade que que só sao são
concedi~os a°S aos brancos?”
brancos?'' e “Acha ''Acha que que os os pretos
pretos dev devem
em pretender
pretender ,
re
os ^ °S
referidos carg os?'5'. * À^ prim
car^os* eira que
primeira stão, 74
questão, 74 mul heres ee 164
mulheres 164 homhomens
e~
respondera
A ^ramm sim
Sim>, ee 49 ^ mul heres ee 774
mulheres 4 hom ens resp
homens onderam
responderam nao
não..
A segund
sendo T apergunta foi reelaboradareelaborada mentalmente
mentalmente pelos pesquisados,
pelos pesquisados,
se
pretendi m
ndo entendida na seguinte acepção
seguinte acepção: : ''Acha que
“Acha que os pretospretos devem
de"VeJll
preteo d er os CârSos
os cargos que que habitualmente
habitualmente são ocupados
são ocupados pelos brancos
pelos bran c_os , ..
'
(146) .btt . diant~
00 ca^
no ~. V..*
V “ upea
"**“o° *da «ituaçio social do negro
•1tuaçlo social negro em S. Paulo seri retomado adiao»
Paulo será retoDJ3dOª ■


•' -


RELAÇÕES RACIAÍS
RF.LAÇOES F.N'l.
RACIAIS E N Í RRE
E NEGROS
NEGROS E BRANCOS
BRANCOS EM SÂO PA U LO
SÃO PAULO 59
59

em nossa sociedade?''
sociedade?” (147). 103 mulheres mulheres e 225 homens homens responde­
responde-
ram si sim,
111, enquanto
enquanto que que apenas
apenas 7 mulheres
mulheres e 12_ 12 homens respon­
home~s. rcspo11-
deram não! Dados
deram Dados colhidos
colhidos atravésatravés da observação
obscrvaçao participante
part1c1pante e
de depoimentos
depoimentos pessoaispessoais corroboram resultados.
corroboram êsses resultados.
A disposição
disposição de competi~
competir co'? com o br~nco
branco é relativamente recente
relati':_amente re~ente
e nasce da incorporação
incorporação dos ideais 1dea1s de vida urbanos à~ personal1d~de
vida urbanos personalidade
do negro.
negro. Sua importância
importância prática prática é evidente,
evidente, poispois de uma uma nn• im-
pulsão
pulsão psicosocial
psicosocial dêsse gênero gêne~o é que que está dependendo, em
es~á ~ependendo, e!° parte,
parte, a
exploração das novas
exploração novas oportunidades econômicas, de assalar1a~ento
oportunidades econom1cas, assalariamento ou
empreendimento, pelos
de empreendimento, pelos indivíduos
indivíduos de côr. Em con1unto, conjunto, as
polarizações básicas
polarizações básicas. da mentalidade
mentalidade em forma~ão formação ~~rre~pon~em
correspondem às
pressões da economia
economia urbanaurbana no que que se refere
refere aà ut1l1zaçao
utilização e aà valo-valo­
rização da mão
rização mão de obra obra nacional.
nacional. Elas próprias próprias são produtos
produtos cul- cul­
turais da participação
turais participação do negro negro na vida vida econômica
econômica urbana. urbana. A
garantia de colocação,
garantia vigência do ''salário
colocação, a vigência “salário míni1no'',
m ínim o”, o aumento
aumento
natural dos níveis
natural níveis de rendas,
rendas, as facilidades concedidas pela
facilidades concedidas pela expansão
expansão
sistema de vendas
do sistema vendas a crédito utilidades, de terrenos
crédito (de utilidades, terrenos e de
casas), se refletiram
refletiram também
também no padrão padrão de vida vida do negronegro da cidade
cidade
e em seus ideais ideais de segurança
segurança econômica.
econômica. O abandono abandono dos “cor­ ''cor-
tiços'',
tiços”, o cuidado
cuidado na apresentação
apresentação pessoal pessoal (em particular,
particular, com com o
vestuário),
vestuário), o confortoconfôrto na vida vida doméstica,
doméstica, a educação
educação dos filhos, filhos, a
posse de bens bens econômicos (inclusive imóveis),
econômicos (inclusive imóveis), são preocupações
preocupações que que
já se fazem sentir sentir com muito muito vigorvigor em diversas
diversas camadas
camadas da popu­ popu-
lação de côr
lação côr de São Paulo. Paulo. Tais Tais preocupações alim entam e dão
preocupações alimentam dão
corpo à aspiração
corpo aspiração de “melhorar economicamente”, de ''subir
''melhorar econômicamente'', “subir de
posição”,
posição'', e redundaram
redundaram na disposição disposição de competir
competir com com o branco,
branco,
de usufruir
usufruir com êle, em condições condições de igualdade,
igualdade, as garantias
garantias sociais
sociais
proporcionadas
proporcionadas pelo pelo trabalho
trabalho livre. livre.
Os resultados
resultados de nossas nossas investigações,
investigações, apresentados
apresentados de modo modo
tão sumário,
sumário, patenteiam
patenteiam que que a transição
transição do regime
regime escravocrata
escravoc1ata para p ara
o regime
regime de classes não não se operou
operou com a mesma mesma rapidez
rapidez que trans­
que a t1·ans-
formação do status
formação status político
político do negro. negro. A medida
m edida legal
legal abolicionista,
abolicionista,
promulgada
promulgada sob o govêrno govêrno monarquista
m onarquista e consagrada
consagrada pelo pelo go,·êrno
govêrno
republicano
republicano que que o substituiu
substituiu em 1889 (“ concedeu aos m
8), concedeu
(148), manu-
anu­
mitidos
mitidos direitos formais, o que
direitos formais, que levaria
levaria um um dosdos paladinos
paladinos do movi­ movi-
mento abolicionista
mento abolicionista a afirm afirmarar que que a Abolição
Abolição se revelararevelara um umaa
149). :t que
ironia
ironia atroz
atroz ((149). É que a transição precisava se operar
transição precisava operar como
como um um
processo histórico-social:
processo histórico-social: negro deveria
o negro deveria antes
antes ser assimilado à
ser assimilado à
-----·
foi. tentada
( 147) ■^{
A ^e~umeraçlo
umeraS*0 dos c*rS°s
^os questão abrangeria
cargos em· questão abrangeria muito
muito espaço,
espaço, por
por isso não
isso cio
foi tentada aqui.
~148)
t>anhia
panhia
panhia
14? L c Cf. 0
Í Í :, O ABral
Brasileira de Artes
Brasileira
il
Brasil * *eu*
, stus re*itn“
rtgimts constitucionais,
constitucionais, A.
Gráficas, Rio de Janeiro,
Artes. Graficas,
A. Coelho
Janeiro, 1947;
Coelho Branco
Branco (editor)
1947; Constituição
(editor), Com-
Constituição de 1891, art.
Com-
;rc. 72,
9
18 2*,
2 , o qual
qual será transcrito
transcrito adiante,
adiante, no cap.
cap, V.
m eJariV
( 149) Cf, 0O~ras ^ a*Jompletas
completas de Ruy Barbosa, Discursos paria
1945* m/*n?lPaf ao
;e:;1.4r,s. Bman~tpação dos .. escravos,
*>«5,, no prefácio
prefácio de Astrojildo
àe Ru1
AstroJ1ldo Pereira,
Barbosa, vol.
escr1111os,Ministério
vol. XI,
Ministério de Educação
Pereira, págs.
págs. 37-38.
tomo I. Discursos
XI, 1884, tomo
Educação e Saúde,
parla--
Saúde, Rio de Janeiro,
Janeiro.
INQU~RITO UNEsco.ANn
~?º?___-------------- ~
. d de de classes,
sociedade classes, para
para depois
depois ajustar-se
ajustar-se às novas
novas condi,-õe
Cn j- ^
socie ª e ao novo
trabalho novo status econômico-político
status que ad-u· . ')' s de
econômico-político que d.
trabalho e ao - q 1r1ra na so
ciedade
- .
brasileira.
ciedade brasileira
Hu irira ^
so.
E ssa transição parece
Essa ter entrado
parece ter entrado em sua fase inicial
. d. ,d d ... .
inicial eem
m noss
dias.
dias. A A proletarização
proletari:iaçã~ dos indivíduos
dodsêl1n iàv1ulos dee côr c~dr.e a integração
integração con Co? os 05
mitante
• de uma porção
porçao deles· es àss cclasses
asses me mediasias marcam
marcam o ü
fº T co.
un d
um
m1tan e 1 h. , O
ríodo e o
período
e O comêço de uma uma nova nova era era na 1storia do n e ^ dee
na história
11m p I E d" ein-f\ n
vida econômica de São Pa~ Paulo. o. Estamos
stamos diante 1ante de um processo ?~ a
um proc~~~
recuperação econômica de~ dêsse elemento,
elem~n~o, •de sua s~a reabsorção
reabsorção D - iiue
ondições materiais
condições
C materiais e morais
morais de existência
ex1stenc1a social vigentes co peicl
vigentes conte ^
.1 R . b ntem..
porâneamente
porâneamente na na cidade.
c da ~e: Restaria
(estar1afsa saber se da
er _se a desproporção
desproporção e~tre ent
o0 ritmo do processo po 11t1c~(a
proces.sopolítico a transformação
trans _ormaçao do o escravo em cidadão
cidad^
foi súbita) e o O do processo econôm1cod(ad
econômico (a transformação
tra ~sforma~ão do man^ manu..
mitido em trabalhador
trabalh_ad~r ou em _empreen empreendedor 11vres foi
e or livres muito •enta)
fo1 muito lenta)
favoreceu ou prejudicoupre1ud1cou o ajustamento
a 1ustamento do negro negro ao regime de d·
produção capitalista
produção sociedade de classes. Uma
capitalista e à sociedade Uma interpretação
interpretaç ..e
/
ex post facto, que que focalizasse o assuntoassunto do ângulo ângulo das relações ra- r:
/ ciais,
ciais, conduziria
conduziria a três evidências
evidências fundamentais,
fundamentais, todas tôdas tendentes aa
mostrar
mostrar que atrás dessa desproporção
que atrás desproporção se oculta oculta a emergência ue de
de
condições
condições favoráveis ao ajustamento ajustamento interracial.
interracial. Primeiro,
Primeiro, a tran- tran..
sição lenta
lenta para
para o regime trabalho livre constituiu
regime de trabalho constituiu um um fator de
acomodação social interracial:
interracial: os ressentimentos
ressentimentos contra contra os manumi-
manumi­
tidos se Iocaliz.aram
localizaram sociahnente, circunscrevendo-se à camada
socialmente, circunscrevendo-se camada social
social
cujos membros se julgavam julgavam "prejudicados”
''prejudicados'' pela pela Abolição
Abolição (a dos dos
senhores), e o afluxo afluxo da mão de obra obra negra
negra no no mercado
mercado de trabalho
trabalho
livre não deu origem origem a novos conflitos
conflitos sociais, pois pois os trabalhadores
brancos em geral geral não sentiram ameaçados
não se sentiram ameaçados pel~ pela concorrência
concorrência que que
ela poderia
poderia provocar. Segundo, a transição
provocar. Segundo, transição lentalenta assegurou
assegurou as con­ con-
dições parapara a "transformação
''transfor1nação orgânica”
orgânica'' dos manumitidos e dos seus
dos manumitidos seus
descendentes em trabalhadores
trabalhadores assalariados
assalariados e, em em menor escala, em
menor escala,
empreendedores capitalistas.
empreendedores capitalistas. 1; É possível
possível que que os problemas
problemas sociais,
sociais,
enfrentados pelo
enfrentados pelo elemento
elemento negro
negro no no período
período que que vaivai de 18881888 a 1930,
1930,
fossem
fôssem agravados se os manumitidos manumitidos tivessem tivessem sido sido expostos
expostos a um uma a
competição imediata imediata mais dura e intensa
mais dura intensa com com os trabalhadores
brancos (em conseqüência
conseqüência de uma uma "política
''política de de mão
mão de obra”obra'' oficial,
o~icial,
por
por exemplo). Terceiro, Terceiro, a transição
transição lenta lenta permitiu formação de
permitiu a for111açao
novas representações
representações sociais sôbre sôbre o negro negro como como agente
agente de trabalho
trabalho
ou como empreendedor,
empreendedor, tanto tanto no no seio da da população
população branca, q~a
branc~, quanto
população negra.
no da população Isto éé deveras
negra. Isto relevante. A aceitação
deveras relevante. aceitaça~ ®
negro em seus novos papéis papéis econômicos
econômicos se subordinou, subordinou, e contin?3 c0I*tin!*
ªa depeu der estreitamente,
ependei estreitamente da da concepção
concepção que que os brancos
brancos e os pr próprios
Pr
n~os elaboraram
negros elaboraram a respeito
res~eito do status elemento de côr na nova
status do elemento no
ordem social.social.
••

A P Ê N D I C E
APtNDICE

M UNICÍPIO DE SÃO PAULO


MUNIClPIO PAULO
* •

DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIÇÃO POPULAÇAO DE 10 ANOS
DA POPULAÇÃO ANOS E MAIS.
MAIS. SEGUNDO
SEGUNDO RAMOS
RA~fOS DE
ATIVIDADE PRINCIPAL
ATIVIDADE PRINCIPAL COM DISCRIMINAÇAO DO
COM DISCRI~iINAÇÃO DO SEXO E DA CÔR
COR

(Cf. Recenseamento
Recenseamento de 1940)
= = S
• H O M EN S
HOMENS
RAMO DE ATIVIDADE
ATIVIDADE PRINCIPAL BRAN­
BRAN- 1 PAR­
PAR- 1 PRETOS \ AMA­
AMA- 1 TOTAL
COS
cos DOS
DOS +
• PRETOS RELOS
RELOS TOTAL

Agricultura,
Agricultura, pecuária,
pecuária, etc...............
etc. • • • • • • •..............
• •• •• •• • 11.342 535 736 1.434 14.047
Indústrias extrativas
Indústrias extrativas •
•.....................................
• • •• •• • • • ••• • • • •••• 1.755 154 192 63 2.164
Indústrias de transformação
Indústrias • • • • • • • • • • • • • 162.750
transformação ....................... 5.087 7.697 704 176.238
Comércio de mercadorias
Comércio mercadorias .........................
•••••••••••••• 73.758 l1.119
.119 1.462 1.030 77 .369
77.369
Comércio
Comércio de valores,
valores, etc..............................
etc. • ••••••••••••• 9.983 114 107 65 10.269
Transportes e comunicações
Transportes comun1caçoes• - •••••••••••••
....................... 26.444 1.285 1.821 64 29.614
29.614
• Administração pública,
Administração pública, justiça justiça e ensino ensino pú­
blico ........................................................
blico
pú-
•• • • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • • • • • • 20.908 1.272 1.639 41 23.860
23.860
Defesa nacional
Defesa nacional e segurança
segurança p ú b lic a ..•...
pública .......... 10.894 1.265 924
924 11
li 13.094
IS.094

Profissões liberais, ensino
Profissões liberais, ensino particular, cul­
particular, cul-
to, etc. • •••••••••••••••••••••••••••
to, etc......................................................... 12.051 235 148 211 12.645
Serviços
Serviços e atividades
atividades sociais sociais •.........................
•••• • • • • • • • •• 37.554 1.367 1.882 703 41.506
41.506
Atividades
Atividades domésticas
domésticas e escolares escolares ..............
•••••••• 71.134
71.134 1.972 2.558
2.558 1.114 76.778
76.778

.... ......................39.288
Inativos, etc.......................................................
Inativos, etc. ' 1.631 2.231 l
404 1 43.554
43.554

r-rr—--
TOTAL
TOTAL ........................
........................................... 477
, ----------—
477.861
.861 1 16.036 1 21.397 •
5.844 ' 521.138
21.397 1 5.844 521.138

MULHERES
M U L H E R E S

Agricultura, pecuária,
Agricultura, pecuária, etc..............................
etc. • ••••••••••••• 530 23 41 168 762
Industrias
Jnd extrativas •••.••••••••••.•.•••
ústrias extrativas ...................................... 69 li11 9 1l 90
Indústrias de
Indústrias de transformação
transformação •........................
•••••••••••• 1

48.946
48.946 1.488 1.620 75 52.127
52.127
Comércio de
Comércio de mercadorias
mercadorias ............................
••••••••••••••• 7.457
7.457 103 96 97 7.753
7.753
Comércio
Comércio de de valores,
valores, etc. etc................................
• •••••••••••••• 743 5
5 2 8 758
Transportes e comunicações
Transportes comunicações •••••••••••••
........................ 1.380 24 12 22 1.418
Administração pública,
Administração pública, justiça
justiça e ensino ensino pú- pú­
b1ºICO ........................................................
blico - 7.639
7.639
, , ••• , ••••••••••••• • • ••• • • • • • • 7.396
7.396 146 93
Defesa nacional ee segitrança
Defesa nacional
Profissões
segurança pública
liberais, ensino
Profissões liberais,
pública ........
ensino particular,
•••••
particular, cul-
1
170 !
170 1

L
27
Z1 { 11
11 - 208

to, etc.
etc............................................................
. ........................... . 4.695 1 67 671 49 40 4.851
Serviços
Serviços e atividades
atividades sociais sociais ........................
• •• •• • •• ••••• 23.286 1 1.356
l .,56 I 1.770 182 26.602
Atividades domésticas
Atividades domésticas e escolares escolares ••••••••.............. 376.020
376.020 15.648 24.655 3.833
!.833 420.156
420.156

Inativos, etc.
Inativos, etc.....................
• ••••••••.•••••••••••••••••• 14.865 855 1.263 184 17.167
17.167

l l

TOTAL
TO TA L .................... 485.557 1 19.753
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 1'485.557 19.75' 29.629 4.592 \ 539.531
4.592

*
* Inclusive os habitantes cõr n
habitantes de côr nJo declarada.
io declarada.


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posição ignorada • . . . .
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Indústrias de transformaçação
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5.798
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147.085 4.877 56-
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16
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Posição ignorada
norada •• ••••••••••••••••••
....................................... 186 6 7
Comércio
Comércio de valores, etc
de valore», etc.. ..........................
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Empregado
Empregado ....................................................
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416 ~ 2 1911
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norada ..........................................
..•••••••••••••••••• 7778
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P rofl.uóa liberais,
Profissões liberais, eensino nsino particular,
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26
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PosiçSo
P osí~o ig ignorada
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** lnIncíúsive
clõsive 01
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Jiiit., .,;...m*—'
--- --- - . -- f

- MUNICÍPIO
MUNIC1PIO DE SÂO PAULO
SÃO PAULO
r^ TTR
R IB UIÇÃ
IC A OCUPADAS EM
MAIS, OCUPADAS ALGUNS
EM ALGUNS
DIS IBU OO DAS
DAS MULHERES
MULHERES DE 10 ANOS ANOS E MAIS,
RAMOS SEG UN DO A PO SIÇ NA
ÃO NA
B,.A l\IOS DE
DE ATIVIDADES
ATIVI DA DE S EXTRA-DOMÊSTICAS,
EX TR A-D O~ l.tS TIC AS , SEGUNDO POSIÇÃO
OCUPAÇAO,
OCUPAÇÃO, COM DISCRIMINAÇÃO
COM DISCRIMINAÇAO COR
DA CÔR
(Cf.
(Cf. Recenseam
Recenseamentoento dc 1940)
de 1940)

.RAMO DB .ATJVJOADB PRINCIPAi.


POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO
ll
li BRANCAS PARDAS• PRETAS AMAJIEI.AS

530 23 41 168
Agricultura,
Agr pecuária,
icultura, pec uária, etc. etc. • ......•....••
Empregador
Em pregador ...................... . 43 2 - 21
l
. 211 18 27
Empregado ........................
Empregado
Autônomo
Aut ônomo • ••• • •• • • ••• ••• • • • • • • •• ••
125 -l 5
7
27
114
Membro
Me mbro da fam família ília •••••.••••••••..• 131
. 20 2 2 5

Posição
Pos ição ign orada ...................
ignorada
. 69 11 9 1
Indústria*
wtriu extrativa, ....................
extrativas
lod
Empre
Em pregador
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• •• •• • • • • •• • • •• • • • • •• •
4 —
11
li
- —
9
- —

--
54
Empregado
Em pregado •..................
• •••••• ••• •••••••• •••••
1 — -- — - -—
Autônomo
Aut ônomo
Membro
Membro da fam
....• .....••..••••.••.•.•
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Posiç3o
Pos ignorada
ição ign orada .......... . •. . •. . •. . •••••••••• n 4 — - ---
1.620
1.620
- 73
73
Indústrias
Ind ústrias de transformação
transf orma~o ••••••••••••• 48.946
48.946 1.488
).488
Em pregador
gador .................
................
..... . 114
J 14 1 2 1
Em pre
Empregado
Em pregado ..................
..................
..... . 47.957
47.957 1.452
1.452 1.579
1.5 79 66
Autônomo
Aut ônomo ....................
• • •• • • • • • ••• • •• •• • • • • •• • • 377 6 18 2
Membro
Membro da fam família ília .••• . . . ••••.•••••••• 132 I1 5 3
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Posição
Pos ição ignorada
ignorada ..... ..............
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Comércio
Com ércio de mer cadorias .• .•. • • • • • • • • • • • • • •
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7.457 | 103 96 97
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Emprepregador
gador ..................
••••• • •••• • • • ••• •• •• •• • 144
144 2 -
— 4,f
Empregado
Empregado •....................
•• •••••• •• ••••• •••••••• 5.692
5.692 81 75 61
61
Autônomo
Autônomo ......................
••••••••••••••••• •••••••• 950
950 14 15 15
Membro
Membro da família família .• .• .•.• • • • • • • • • • • • • • 506
506 5 6 15
Posição
Posição ignorada
Comércio
ignorada •••• ••••••••••••••••
............
valores, etc. .• .•.• • • • • • • • • • • • • •
165
165 1 -
— 2
8
Comércio de valores, 743
74! 1 5 2
-2
1
Empregador
Empregador ..................
••••••••• •••••• •••••••• 6 - -8
Empregado
Em pregado
Autônomo
Aut ônomo
....................
• • ••••••• ••••••••• •• ••• •
•......................
• • • • • • • • • • •.• • • • • •
692
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5 8

Membro da familia
Membro ília ••••• ........
••••• ••••• ••
·······
2 - -
Posição
Pos orada •..............
ignorada
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Transportes
Transporte, e com comunicações
unicações ........... . 1.380
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24 1 12
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1
Em
Emprepregador
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Empregado
Empregado
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••••••••••••••••••••
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lcUitura, pecuária,etc, ••••• • ••••. •••
Agricultura,
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7.991 615 1.07('
Empregador
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• • • • • • • • •"• •...................
• •••••••••• 958
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Autônomo ....... •••••••
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•••••••••••••• 2.843
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·· · ·· · · •·•·••••••• 615
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· · •••• 8.110 712 887
291
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Indústrias
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•••••••••••••
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• • • • • • • ••••••••
• • •••••••••
10.000
7.990
-
811
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Empregado
i:01prega d o ...........................................
•• ••• •• • • 188
••••••••••• 8.550 !62 514
Autônomo
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• • •• •• • • •• • •• • 6.885 656 .f92
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•••• • •• • • • •• • ••• •
ignorada .................................
••• • ••• • • ••• • • • • • • • •
.,
10.000
9.235
-
288
288
-
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Indústrias
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•••••••••••••
9.856
9.856 32 17 95 -
Empregador
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....................................... 305
9.201 461 !S
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Empregado • ••••• ••• ••• ••• ••• • •• •• • 179
9.401 314 106
Autônomo
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•. • • • • • • • • • · • • • • • • • • • • • • • 161
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9.611
9.611 94 154
Membro .. • • • • • • • · · • · • · • •
9.000
9.000 ~75 458 167
Posição ignorada
PosiçSo ignorada .................................
•.••• • • • • • • • • • • • • • • •
9.5~,
9.533 145 189 135
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•• •• • •• · • · • · • • · ·
Empregador •••••.••••••••••••••••• 9.776 !9 26 159..
Empregador ........................................
Empreg-ado .........................................
Empregado •••••••••••••••••••••• •• 9.42,
9.423 194 262 121
Autônomo ••••..•••••••••••• • • •• • •• 9.688 78 89 145
Autônomo ............................................. <
Membro da família
Membro familia ............................
.......•......... 9.615 59 119 207
· P05ição ig
PosiçSo ignora
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••••••.••••••• ••••••
.........................■ 9.208
9.208 297 ~46 149
Comúclo de
Comércio de valores,
valore., etc. ....................
•...•.•....•.•.• .. 9.722 111 104 65
Empregador
Empregador .........................................
••••••••••••••••••••••• 9^57
9.957
9-688
9.688
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126
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124
45
62
Empregado
Empregado ...........................................
•••••••••••••••••••••••• •
Autônomo
Autônomo •••••••••••••••••••••••••
............................................. 9.797*
9.797 77 57 69
Membro da família
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família ..............................
da .•..••••
•••••••••••••••••
••••••••••••
....................................
10.000
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Trarupartes e comunicações
Transportes comunicações ....................•......•••.• 8.929 434 61!>
615 22
22

Empr egador
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.......................................... 9.744 51 154 51
Empr~gado ............................................
Empregado ••••••.•••••.••••••••••• 8.794 49~ 697 l&
149 205 50
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1.667
--
~29 454 169
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c iaU is........................
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Empregador ........................................
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••••••••••••••••••
9.467
8.991
' 59
S62
58
501
416
1~
• • • • •• 157
Aut6nomo ..............
Autônomo ••••••••••••• 9.324 210 S09
lfembro da da famflia
família ................• • • •..............
•• •• •••• 45 1.042
Membro 8.851 64
Posiç ão igignora dad a ..................
•• •• • • •• •• • • •• •• • 1.781 78
Posição n o ra 1.446
ProrlQÕesliberais,
Profiwoes
to, etc. .
~hi~-
liberaia, ensino ·par·· ·;1::.;~~ • ·::_;
particular, cul
6.695
167

Etnpregado • • •••• •• •
r
'-IU<Ut

• • •. • • ' ' • • •••• • • • •• • ••


Empregador ................
•••••••••••
.. u.a•
9.5!0
9.530 186
109
109
117
7~ 218-
E mpre
Empregado gado , #4#i •• •• •• ••••• • •• •
• ........... 9.600
9.600 254
Autón omo •••••••••• 9.320 255
255 171
■Àuíônomo ••••• •.•••• ...................•••••• • •••••• • • • ••• 69
Mcmbro da
Membro
P n. .. -
..,..zç ao •
ignor
Posição ignorada . .
íaln.{lia. ••• • ••• • • • •• • •
da familia
ada • •••••••
• • ••• • •• •
9.796
9.796
J0.000
10.000
89
89
-

46
- -104
-
•••••••••• 4 • • • • • • • • • 9.229 417 250
• Inclaaive 01 homem de .1.
inclusive os homens côr olo
cur nio declarada.
declarada.
MUNIC1Pl0
M U N IC ÍP IO DE SAO
SÃO PAULO
m « T R IB U lC X O P
DISTRIBUIÇÃO R O P O R C IO N A L , SEG
PROPORCIONAL, UNDO A C
SEGUNDO Ô R DAS M
COR 10 ANOS
U L H E R E S DE 10
MULllERES ANOS
E Ml\tAIS,
AIS, EM CADA R RA~IO
A M O DE A ATIVIDAI)E
T IV ID A D E E CLASSE DE POSIÇÃO
POSIÇÃO
l NA OOCUPAÇÃO
C U PA Ç A O
Reccnscamento de
(Cf. Recenseamento 1940)
d c 1940)
e Ji

RAMO DB
i.A,1,10 OE ÃAí'ãVÍDADB
tT v Í d ÃDB
O S IÇ Ã O NA
POSIÇÃO
P NA OCU
PRINCIPAL
PRINCIPAL
PAÇÃO
O~UP~Ç~_2
E
B jl BRANCAS
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1 PABJMS * PRETAS
PltETAS AMAXELAS
1 AW.UELAI
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Agricultura, pccuária, etc.
,==c;=c. ••~.=
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.........................
==1r 6.955
6. 955
1
'|1 302
1
| 538
538
lli
| 2.205.
2.205

Em pregador
Empregador ••••••••••••••.•••••• ••
........................................... 9.3-18
9.348 435
435 - 217
217
758
758
Empregado •• 7.617
7.617 650
650 975
975
Empregado ••••••••.••••.•••••••••
...............................................
Autônomo ••.• • .•••••••••••••••••
Autônomo ............................................... •• 7.962
7.962 - 318
318 ).720
1.720
5.178
5.178 39
39 277
277 -4.506
4.506
Mcn1bro da família
Membro família ...............................
••••••.•••.••.. ••
Posição ignorada
ignorada ....................................
•••••••••••••••••• •• 6.896
6.896 690
690 690
690 1.724
1.724
Posição
7.667
7.667 1.222
1.222 1 .0 0 0
1.000 111
111
Indústrias extrativas ............•......
e x tra tiv a s....................................... •• -

- - -
'

Empregador
Empregador ...........................................
•• •••• •••• ••• ••••••••••
Empregado .............................................
Empregado • • • • •• •• • •• • • • •••• ••• •••
10.000
10.000
7.297
7.297
10.000
1.487
1.487
-
1.216
1.216
-
--
Autônomo
Membro
Membro da
PosiçSo ignorada
Posição
••••••••••••••••••••••••
Autônomo ...............................................
da famflia
família ...............................
••.••••••••••..•
ignorada .....................................
.•••••••.••••••••••


10.000
10.000
10.000
8.000
8.000
-
-
-- 2.000
2.000
-

Indústrias
Indústrias dc transformação .......................
de transformação •••••••.•••• • 9.390
9.390 285
285 311
311 14
14

Empregador
Em pregador ...........................................
.••••••••••••••••••••• • 9.661
9.661 85
85 169
169 85
85
Empregado .............................................
Empregado •••.•••••••••••••••.••• • 9.393
9.393 285
285 309
309 15
15
Autônomo
Autônomo ...............................................
• • • • • • • • • • • • •• • ••• • • • • • • • 9.355
9.355 148
148 447
447 50
Membro da famflia
Membro família •••••••.••••••••
...............................• 9.362
9.362 71
71 354
354 -- 215
21,
Posição ignorada
Posição ignorada .....................................
•••.•••••••••••.••• • 8.905
8.905 681
681 389
389 25
25
Comércio
Comircio de mercadoria*
mercadorias .............................
. • • • • • • ••••• • • •• 9.618
9.618 133
133 124
124 125
125
Empregador
Em pregador ...........................................
•••••••••••.•••••••••• • 9.600
9.600

133
133 - 267
Empregado
Empregado ...........................................
••••••••••••.•••••••••• 9.633
9.633 ' 137
137 127
127 105
105
Autônomo
Autônomo ...............................................
....•.•••••••••••••••••• • 9.557
9.557 141
141 151
151 151
151
Membro
Membro da da família
famflia ...............................
• • • • •• • • •• • •• • ••• 9.511
9.511 94
94 115
113 282
282
• p •r~
Posição •
os1\""o ignorada
ignorada .....................................
.••••••• • • • • • • • • • • • • 9.821
9.821 60
60 - 119
119
\ Comércio
Comircio de valores, etc.................................
etc. . .••... , •....... 9.802
9.802 66 26
26 106
Empregador
Empregador
Empregado
Empregado
...........................................
• • • • • • •• • • •• •• • • •• •• • • •
................
• • • • • • • • •...........................
• • • • • • • • • ••••••
10.000
10.000
9.788
9.788
-7171 -2828 -115
Autônomo
Autônomo
Membro
Membro da
...............................................
• • • • • •• •• • •• •••• • • ••••• ••
da família
famflia ...............................
• •• • • • • • • • • • • • • ••
10.000
10.000
1 0 .0 0 0
10.000
-
-
-
-- --

Posição ignorada
Posiç1o
Transportes
Transportes
ignorada .....................................
e comunicações
•••• • •••• • •• • • • •••• •
comunicaçõe • ......................
••••••••••••
1 0 .0 0 0
10.000
9.732
9.732
-169
169 85
85
-
14
14
Empregador
Em pregador
Empregado
Empregado
~
...........................................
•••••••••••••
• •• •• · • • •
.............................................
-
9.773
9.773
-
154
154
-
66
-7
Au tõnomo • • • • • • • • • • • • · • ·' • • • • • • • •
Autônomo ...............................................
• •• •• • • • • • • • ••••• • • •• • ••• 8.750
8.750 515
313 625
625 312
512
Membro
Membro da
Posição
da famflia
família ................................
ignorada ......................................
Posição ignorada •• •• •• ••• •• · · • •• •
10.000
10.000 - - -
l -
Serviços
Serviços ee atividades ~b ••······•···•··
atividades sociais ..........................
•••• •• •• • •• • • •
8.421
8.421
8.754
8.754
1.053
1.053
510
510
526
526
668
668 |1 68
Empregador
Empregador -
•...........................................
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • ••• 9.274
9.274 242
242 282
282 | 202
202
Empregado
Empregado .............................................. 1
• •• •• • •• •••• 8.748
8.748 491
491 684
684 77
77
Autõnomo ••••••••••••
Autônomo .......................................... 1
Membro
Membro da f;~i1i~
•···········•·····
da fam ília ................................
8.745
8.745
9.220
9.220
535
535
160
160
1 672
672
280
280
48
340
540
• Posição ignorada
PosiçSo ignorada ........................
. . . •• .• •• .• •• •. •• • • • • • • • • • • 1
Pr oflssões liberais,
1·~ · · ··· · · ·cul­
··· 8.579
8.579 65!
653 1 706
706 62
62
Profissões ensino
to, etc. • rais, ensino partirular' cul.. particular,
to, etc. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Empregador
Empregador
•• • •• • • • • ••
.....................................
9.678
9.678 138
1!8
-
l 101
101

-

85
85
-116
..'
•• •••• •••• ••••• • ••• ••• • 10.000
10.000

Autônomo
~ ............
Empregado ......................................
Empregado
• •••••• ••• • . 9.564
9.564 177
177 14!
143
Autõnomo •........................................
• • • • ..•••• 9.758
9.758 l!l
131 50
50 61

1
Membro
Membro
. da família
da famíli a ••••••
Pos1ção ignorada
Posição
ignorada
••••••••••••••
...........................
•••••••••••
................................
••• •• ••• • •••••• •••• •
»U 9.796
9.796
«11 9.865
9.865
9.865
1 204 -
54
54
-
27
♦• Inclusive
Inclusive as mulheres
mulheres de côr nlo
de côr nio declarada.
declarada•
'
1 M
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1

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1
MUNICÍPIO D
d E
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SÃO O P A U
PAULO L O
MU N I C 1 P I O
D O O S E X O E E
nO M ÊSSTTIlC
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S E G U
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O C tJ p A c^
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DOM l a ç A O D E 10 A NO M A I S A
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EMPREGA C A
A D O
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S ^
POPULAÇÃO D E 1 0 OSS E MAIS PA^ 0 .
º·
(Cf. t o d
dee I 9 4
1940) 0 )
(Cf. Recenseamen
R ecen seam en to

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POPULAÇÃO
MAIS
JJMPllBGADos 0011 .tsr ~
A N O S B 1 co
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meero Percenta-
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'lll caadba1tantes
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\
91,69
91,69 4.01 l
4.011 80,5!
-
0,84
Brancos
Brancos ••••
477.861
477.861
8,08
3,08 827
327 6,56
2,04
Pardos
Pardos• * .•••••••
16.036
16.036
21.397
21.397
4,11 '.
4,11 I 552
552 11,08
2.58
1

pPrre
etto
os s.........
.....• 1.12
1,12 | 91 1,83
5.844
5.844 9 1 l.56
••••
/Vnaarelos
Amarelos .. -
52ÍT38
521.138
100.00
100,00 4.981
4.981
I 100,00
I --
0,96
-
t
TO tA
oT aLl .•
-
m U hReES
uLlHE r e s
M
-

90,00 22.010 58,92 4.55


Brancos
Brancos ••••
485.557
!,66 4.66~ 12,48 23,61
Pardos
Pardos• * .•••••••
19.75S
29.629
5,49 10.501 28,Il !5,44
••••••
Prreetot os s ...........
P 0,85 18! 0,49 3,99
Amarelos
Amarelo, ..
•••• 4.592
\
100,00 37.!57 100,00 6,92
T OTTAALL .••. s,9.5Sl .,.
TO
mulheres de côr
c õ r io
não
n d e c la r
declarada. a da •

*• Inclusivee as
a , m u lh e r e s de
Inclusiv


, •

• •

CÔO E ESTRUTURA
CôO E ESTR U TU R A SOCIAL
SOCIAL
EM
EM M UDANÇA (*)
MUDANÇA (*)

Ficou
Ficou visto atrás, que
vist•o atrás, que a situação
situação econômica
econômica do elemento
elemento negro
negro
manteve-o,
manteve-o, constantemente,
cor1stantemente, no nível nível social mais
mais baixo
baixo da sociedade
sociedade
paulistana,
paulistana, e que
c1ue só em época muito recente
época muito recente se manifestaram
manifestaram algumas
algumas
tendências
tendências de alteração
alteração de semelhante
semelhante ordem
ordem de ajustamento
ajustamento inter­
inter-
racial.
racial. As implicações
i11n.plicaçõessociológicas
sociológicas da análise
análise desenvolvida
desenvolvida para
para che­
che-
gar a êsse conhecimento
gar conhecimento merecem
merecem ser postas
postas em relêvo
relêvo aqui,
aqui, já que
que
foi por causa delas
por causa delas que
que fomos
fomos levados
levados a dedicar
dedicar tanta
tanta atenção
atenção ao
estudo da posição
estudo posição do negro
negro na história
história econômica
econômica de São Paulo.
Paulo.
T ais implicações
Tais implicações podem reduzidas a três: 1.°)
podem ser reduzidas 1.0 ) na seleção
seleção da
mão de obra
mão obra sempre prevaleceram motivos
sempre prevaleceram motivos queque nada
nada têm a ver ver com
0
a raça ou com
raça ou com a côr dos trabalhadores;
trabalhadores; 2. 2.°)) a raça
raça ou a côr não não
exerceram
exerceram por por si mesmas, aparentemente, nenhuma
mesmas, aparentemente, influência como
nenhuma influência
fatores
fatôres sociais
sociais construtivos
construtivos na constituição transformação da
constituição ou na transformação
ordem
ordem de ajustamento
ajustamento inter-racial; 3.0 ) as condições
inter-racial; 3.°) condições sociais de explo-
explo­
ração
ração econômica
econômica da mão mão de obra
obra escrava favoreceram a formação
escrava favoreceram formação de
símbolos sociais
símbolos sociais e de padrões comportamento polarizados
padrões de comportamento polarizados em
tôm
tômoo da raça
raça ou da côr, os quais
quais se ligaram,
ligaram, como
como causa
causa ou como con­con•
dição operante, àà determinação
dição operante, determinação da dinâmica
dinâmica dos ajustamentos entre
ajustamentos entre
negros e brancos
negros brancos em São Paulo.
Paulo.
Q uanto à prim
Quanto eira implicação,
primeira implicação, ficou
ficou bastante
bastante claro,
claro, segundo
segundo nos
parece,
parece, queque os moradores
moradores brancos
brancos de São Paulo Paulo nunca
nunca atribuíram
atribuíram
m uita im
muita portância nem
importância nem àà raça, nem àà côr dos agentes
raça, nem agentes do trabalho
trabalho
escravo ou do trabalho
escravo livre. O recurso
trabalho livre. recurso à escravidão
escravidão se impôs
impôs como
como
um
um imperativo
imperativo de adaptação colonizadores à
aclaptação dos colonizadores à economia
economia colonial,
colonial,
na forma
na forma queque ela
ela deveria
deveria assumir
assumir nas
nas regiões
regiões tropicais
tropicais ((x).
1). Se o escra­
escra-
era indígena,
vo era indígena, africano, negro crioulo,
africano, negro crioulo, mulato
m ulato escuro
escuro ou mulato
mulato
claro, pouco
claro, pouco se lhes dava. E quando
lhes dava. quando a mão mão de obra escrava começou
obra escrava começou
a periclitar, não tiveram
periclitar, não tiveram dúvidas substituí-la pela
dúvidas em substituí-la pela mão
mão de obra obra
branco europeu
do branco europeu e de transferir-lhe
transferir-lhe as tarefas
tarefas comumente realizadas
comumente realizadas
pelo escravo.
pelo escravo. Isso produziu
produziu efeitos
efeitos que não foram
que não foram mencionados
mencionados aci- aci*

((*)
•) Capítulo
Capitulo redigido por Florestan Fernandes.
_ . . (1)
( 1) Caio Prado Jor.,Jor., Formação
Formarão do Brasil
do Brasil Contemporâneo,
Co11lemporâ11to,cf. esp. pgs. 21-26
21*26 e
113 e scts,.
113 sets,.
-,

IN
INQQUUt.R
ÉRITO UNESCO
.
• . ' lTO
!
a a t ~ i ·b ..
ca
668° - " - ' '
____- ___ _
_
” ·ni•cial do d o trabalho
t r a b a l l i v r
ho livre, a atribuição e , . . u 1 ç .
a
.
o
. ,1
d o

ar,dação 1 a o t r a b a l l 1 a l
daçao din*c‘al u r a n t e algum
a l g u m tem
t e m ppo,
o , ao trabalhador e
.
o r Wl ) t a :
?t t I
1
«a-. coJ D º a d e g r
do escravo,a • • o s f a z e n d
d e s c r a vo,l·todura»s e n t r e os
o s im
1 m 1igrim
g r é 1 n ttes
es e os fazendeiros,
o e _ i r o s , C l *
l j ~
,:n a .
s t a t u s o f d e 1 > r e s s a q l t a n t o ,
.
niieo *‘atttf v dee conf1,to? c o n s f o rrmou
m o u t ã
tão o depressa q uan to o sistcma a »
d e ,
*“
an t t g
f : i
uman a s é
«é»*r i e d ge
t
transfon" {ato é que o
foram
f r a m e c o ~
econômicas : t e ~ a,
o~:talidade suas
cmér>^lidaf fa r
t
e
r
não fa*e«daS (Jcessivas : : a
a
s
s
(
s
2
u
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e s s
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O
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substituições
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t u
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b
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daa m
mão
ã o l
de
l l
e

d c a
o
s
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obtas t
a
a
s
1|
lttDabalho f p
aabalbo d e s uu a s
se r a m a9 escravo, quer sob
s o o r e g
reg.m i m e d e
e de trabaih ’
1
j
s e r a
• pu d trabalho escravm o , q u e r t r a h a t ~
imL e de « a* T £ , é óbvia, s u a p r ó p r i a
razões fquee ‘"
ratões
m p l i c a ç ã o é ó b v i a , por
p o r sua própria
- .-
natureza
n
. ~ t u r e z a .
quer sob °o r^egi~nda ~
e im p1*^acrc.sc nacuralmente n t e q u e a e s t i c . . .
quer sob i .1 1 f c r c •sc n a t u r a l m e que a estrati{ica^
- a
. t 1 f
a ç a
0
o
g t
A se‘ exfuseinoS’1 n a J n o s d e d i f e r
livre. A
livre- e - , ; . . p u s e 1 , - a representou s e n t o u o p r o
produto d u t o de diferenças de
u n c a r e p r e o ~ n . . _ ç a ds e
De
De tudo
socia
tu do q«e
sociall ddee fSãoo" jPauAoo connttrár ráio
d e c o r . d
l o
que _£ lo nunca r P ela sempre

e
n

c a d a u m
n,o , e ^
a d ~ s
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se
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calcou
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o
a
n
l c o u
e m c Q tnatcatoc t o ooccupua p ^
n a
na posição p

p r o
s
d
1
v
ç a
a
o
m
nUe
q Ue
n o
raça
raça ou ou aenentes de cada um consnstituindo • 1 n o p o portanto
r t a n t o u m um produto dos

m a t e r i a i s , t 1 t u i d a s o c · º i t o d o s
09 s C
c °mIae
o m P o relações - s watcr>a> - o c econôm
o n ô m i c o ico d ada v vida social. . 1) Dai
o 1 çoeue operam no plano e d d r d
•.
a a
,
1
eterna
sistema de de r ~ ~ s que operam d d
dela 1 ,, desde e s e os p r i
os primórdios dor n ó
~ s o c 1 a 1 sqse fez notar e n tro e a e • i o s d o
e r e n ç a s d
pr OCCe^ n cia
PrO . quee se te? ^ com
i m i r c o n c o m iitan
t a n t e tem
m e n ten
e te a
as s d
ô
i f e
diferenças de situaçã0
s i t u a ç ã o
c e n d ê
a ‘T XVI dee exp«m,rn V l o da q u p r dde raça d Q u
r. Q uem pretendere m p r e t
e x
' e Posição social, e f
• , r a ç a ou
o u de e c
côr. d e n ~ ~ ,
s*é*cu*lo? X d e v e r á e n t ã o a
£. * dde P°si^ ° S0C7 t, ’, « nesta t a m a é r
atéria,
t i a , deverá
· _ então admitir t n 1 t l l '
**?“
(:c?n ô m «tás
i c a , o n
confusõesf u s ó e s c o
correr r e n tes
,
n e
.
s
^ dde estratifiC
r a t 1
· r 1 c aação
ç a o s o c
social,i a l e em q que
u e ‘
1

c e r t a s e c a s o t 1 p 1 c o e e s t • 1 , t n
.
eV>tar r
evita ! mos diante diante de um um ca "' .P ^ d^ posição • - social,
o c 1a , f u n d
fundamentais a m e n t •
d e

a e e : p o s 1 ç a o s a i s
q u e e stamos de situação econom1c • •r· • n d o c o n s i d d a s
q“diferenças e n ç a s de situação ec^*° significativas
s 1 g n 1 1 c a t 1 v a s quando
q u a consideradas e r a
a! S d if e r
s í S S_..n.,.·taentess, ssão ã o ^ig % u a l m e n t e e à e s t r a t i .
m , CU( em outrast r a s palavras,
p a l a v r a s ~ q
que u estrati- •

e d_etêrmos te1·1 n e c ô r . O u , e m o u
m a e s t .
t ê r m o s de
d e raça
r a ç a e d
de cor- nde ou
o u se
s e superpõe
s u p e r p o e u
uma estrati.r a t 1 .
e m a u l o c o r r e s p o n d e - e l
S. / o... ssocial o c i a l d
de e S ã o P • b
observação é
é m
comprovada
c o p r o v a d a p
pelo,
E s s a o s e r v a ç a o o s
ff1Scaãçaoo interam i n t e r é t n i c ca
a e r ac
raoa i a l . autores. t N
N o
o que
q u e tange
t a n g e a
ao o
{1·cação • ,., s d e ou t os au ores.. r
d a s i n v e s t 1 g a ç o e a o e n c e r r a r - s e 0
rre ullta
e ss u taddoo s d a s >*;es“ f Ç^ r exemplo,
s
x e m p l o , escrevera
e s c r e v e r a qu
q u e ,
e, ao encerrar-se o
passado, Oliveira
i v e i r a V i
Viana,a n a , p
po o r e
pass a d o , O l
ia a o s s
im ig r ante
s , c refe
om referência rê n c
Podem-se encontrar dados sôbre r e esses
ê s s e s fenômenos,
fe n ô '! le n o com tr ía aos
c o s . imigrantes
b e lg a s e
n c o n tr a r d a d o s sô ~ o s _ a le mães, . a u s
( 2 ) Popara
,ue vieram - s e
dem São Paulo, nas e seguintes
g u in te s obras:
o b ra s : s o
sobre b re os alemães, o p . c 1 austríacos,
r ., p ~ s . 37 belgas 72 74e
Paulo,Memórias de n a ~ ~ e n o B
no Brasil, r a s il , ;e o:
d74,
JE.Z
que v ie1r a! m Thomas
p a ra S Davatz,
io
m o r ias d e um
u m C o
Colono lo no opLuls cit.,
C o r rpgs.
e ia d 37,
e 'A z
72,e
i u T h o m125a s D a v
130-131, a tz , M e
147, 201, 211-212, 218-219
1 8 ·2 1 9 e
e 2 2
223; 3 ; D
D r .
r. Luís Correia ty de d o A
Azevedo lf e res
sufç o s 122-123
_ 4 7 , 2 0 1,. 211 ·2 1 2 , 2
! B a rao d o P a
Da' Cultura 'do 1 2 5
café, 1 3 0in-1 3 1 , 1
Francisco Peixoto de c
Lacerda
a e rd a W
W e rn e
erneck,c k Barão do Patyim ig ra
do n te s
Alferei nas
ll4, 1 2 2 -1 2 3 , 7
c is c o Pe1xoro d e L d is p e nsado a o s
fé , in F ra n tr a ta ~ e n to -1 26;
id
D" C
pgs.
nota
u /l
276
u
-
r 34.
a
278 4
d
.);
o
a d
c
ia
a
adiante),
Louisn te ) ,
pgs.
p g
Couty, s .
230-317
2 3
Le
0 -3 17 re
Brèsil
!
(refere-se
f e r e
en
- s e
1884,
4
a
ao
,
o
o
tratam
p .
op. c 1 ~
ento
.,
cit., p g s
dispensado
pgs.. 1 5
15
e , se
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ts
sets.
aos.. e
e z
1
t( n
112
)
2
imigrantes
~ ,
e ,
1 2
it
5
a li
nas
125-126;a n a •
(d. nota 3 , L e B _ ,é s z l m 188 l1 ~ n o s - L lm tn,gra ia
Idem UEsclovage
6 - 2 7 8 ) ; L o uauis C o u
Brésil,~ op. cit., pg.
. 5 050;
; s ô b r
sôbree o sos 1 ta
italianos — L Immtgraztone
p ic c o la P r o p r ie tá
italiana .
pgs. 27 a u B r p . c 1
istl., o nelle "Fazendas*' t. , p g
fo r m a zto n e d e ll a , 1 9 3 6 ,
dal
Idem, 1886
L 'E ad
s c la v a
Oggi.g e II Lavoro lt '' Faz e n d a s '' e la form azione delia a li ana,piccola S ã o a u
Proprietá,
P lo in
O g g i. li L a t1 o 'f o n tl , S o c ie tá E d it r ic e it
io P ic c a -
Cinquant’anni
àdl 18 8 6 tJ á di Lavoro degli li Italiani
ll a li a n i in
in Brasile,
B r a s il e Societá Editrice 2 2 italiana,
9 ) ; Dote São
. A n Paulo,
to n 1936,
rol I a pgs.
n a
t' n 1 1 i
d
174-175i w o r o d
(conforme,tg na mesma o b obra,
r a , ta m b
também é m p g .
pg. 229); D ott. S Antonio
. P a u lo , 1911,
Picca- |
C in q u rm e , n a m e s m a
Livr a r ia M a g a lh ã e s ,
rolo, 1üBmigrazione
, p g s . 1 7 4 • 1 7 S (confo nello Stato di
italiana d i S.
S . P a u
Paulo”, lo '' , Livraria Magalhães, e e S. d e A
Paulo, b ra n cbes,
19H,
YOI.
n ~ it a li a n a n e ll o S lato o p . c it ., p g . 8 6; D u n s h
( e aço•
pgs.
rolo , 32
L 'E em 35-48;
íg r a z io Max Lederc, Cartas
C a r tas do
d o Brasil,
B r a s il , op. cit., pg. s 86
ô b r;e os Dunshee p o rt u g ude
ê s e sAbrancbes,
0 Cativeiro S -4 8 :
(Memórias), M a x L e c le
Riorc ,
de Janeiro, 1941,
9 4 1 , p g
pgs. s . 2 2 7 -
227-228; 2 2 8 ; sôbre os portugueses p a r a o (eB r a
aço-s il ,
~- 3 2 e 3
R io d e J aneir o , 1 o e E m igraç ã o
rianos): m
ti~(oMe de Carvalho,ó r ia s ) , C o lo n iz a r ã iz , V iagem
O Ca1i11Augusto C a r v a lh o , Estudo
Estu d o sôbre
s ô b r ~ a Colonização
s s iz e E li zea Emigração
beth C a ry A para
g a s s o Brasil,
tip.a n odo
s ): Comércio,
A u g u s to d
Pôrto,e pgs. 188-189 e
e 296;
2 9 6 ; Luiz
L u iz .A g
Agassiz a e Elizabeth Cary c o nAgassiz,
tr a s te s e !l tre as
Viagem
ri
, P ô rt o , p g s . 1 8 8·189 r g e ra l, in c lusive a ~ n ~ y ,
*o
tip. Brasil,
d o C o m é r c io
1865-1867, trad. 607. Referências
eferên c ia s de
d e c rá
caráter
a te geral, inclusive b ém: contrastes
A . d e E . T
entre as
~ ~ . tr a d . 6 0 7 . R
tr a b a lh o , c f . ta m S ,e ,l r ,
uexpectativas
Brasi!. 18dos 65-1imigrantes e as condições
cond iç õ e s reais
r e a is d
de e trabalho, cf. tam bém B r:é s A.
il de
a u E.
X X Taunay,
~tivas do dCafé no Brasil,
História os un1grantes e as vol. oitavo,
a v o , cap.
c a p . XV V,, Pierre D énis, Pierre Dénis, Le LeA b oBrésil
li ti o n de XX
au l' Stecle, Esclav,g,
fé n o B r a v o t. o it
sil,Michaux-Bellaire, s íd e r a ti o n s u r L
s sur TJ A bolition ' . S OA.S~
op.
Htn6 cit.
~ d o
pgs. C a
122-127; L. haux - B e ll a ir e C o n
Considerations Pa r is , 1 8 7 de
6 , pl g*s
:sc”n
s . 1 2 2 - 1 2 7 ; L . M ic la u m in & C ie ., S S e ~ fP•·
oóp. surCJt. lapgColonisation au Brésil, r é s i/ , LibLibrairie
r a ir i~ G il
Guillaum
u in & C ie.,it . Paris,
vol •. I li 1876
, p g , s ..
pgs*
o lo n is a J io n a u B d 1 1 B r é s il , o p . c ta s ~ ,a ._ nte
Conde
~•r A.
T a von
C der Straten Ponthoz,
P o n th o 2 , Le
ú Budget
B u d g e t du Brésil, op.
d o s cit.
f a z evol.
ndeir III,
o s pgs.
p ~ u l1 s 55 e J 0
~t ~e A . von dede
Buarque rr a te n
r Holanda procurou
S
u ro u explicar
e x p li c a r c o
a conduta n d u ta dos fazendeiros
u r a l ( c f. P^u1 n tr o dj uS,çad a0 ª
H o la n d ro c
a p hipótese sociológica d e m o r a cult 0ç0 .eai!
d '19 ~ u a rq u e emd e l*rmos io ló g ic a da
d a dem ora cultural (cf. mtro
p a í s M ^ ,
dtgrtites s e s o c s d o
e m t! r mos da hipóte a o c o r r e u e m o u tr a s r e giõe
e s G " f { , ~ r t o
5 o
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il»ierar rt^aV
raJo ~rvddesenl°
únigBrasil
X : ; : n r .
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, 1 7
tz, lv™J. <*• esp.. Emílio) • ^
A ®esma
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Assimilação il a ç ã o regiões
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1946, 4 6 , p g
pgs.
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m tr o du ç lo ee tr a d
tradução u ç ã o de Olívio Mootenegr »
JoaéOlympio·Édiat> tota, Ko.
üiympM)· Edltota> 1947, pgs. 203*204 e 209-210.
Rio, 1947, pg s . 2 0 3 - 2 0 4 e 2 0 9 ~ 210 •

o
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RELAÇÕES
RELAÇOES R A C IA IS E
RACIAIS NTRE N
ENTRE E G R O S E BRANCOS
NEGROS BRANCOS EM SAO
SÃO P AULO
PAULO 569
9

século
século XVIII,XVIII, “O ''O branco,
branco, o mestiço mestiço e o negro negro se mostram mostram estrati-estrati-
ficados
ficados em em camadas
camadas perfeitamente
perfeitamente distintas.
distintas. Das
Das trêstrês classes
classes rurais
rurais

_ a dos dos “escravos’"
''escravos'', , a dos dos “foreiros”,
''( orciros'', a dos dos “senhores”
''senhores'' — - cada
cada uma uma se
faz
faz o O centro
centro de de polarização
polarização de de umum tipotipo étnico
étnico específico.
específico. Entre Entre os .
“escravos”
''escravos'' — - o negro.
negro. Entre
Entre os “foreiros”
''foreiros'' — - o mestiço.
mestiço. Entre Entre os
“senhores”
''senhores'' — - o branco”
branco''(!).(s). No No queque se refere
refere ao ao presente,
presente, LowrieLowrie
fornece
fornece os seguintes seguintes dados, dados, obtidos
obtidos por por meio
meio de de pesquisa
pesquisa estatística
estatística
em
em três três grupos
grupos da da população
população da da cidade:
cidade: o “grupo''grupo superior,
superior, sondado
sondado
através
através dos dos alunos
alunos da da Universidade,
Universidade, comportava
comportava somente 1%
sòmente 1% de de
pardos
pardos ou ou negros;
negros; a “classe
''classe trabalhadora”,
tra~alhad?ra'', estudada
estudada através atr_avés das das crian­
cr_ian-
ças
ças matriculadas
matria.tladas nos
nos parques
parques infantis
1nfant1s e entreentre as as quais
quais prevalecia
prevalecia a a
ascendência
ascendência estrangeira,estrangeira, compreendia
compreendia apenas
apenas 3% 3% de de pardos
pardos ou ou ne­ne-
gros;
gros; a a “classe
''classe semi-dependente”,
semi-dependente'', analisada
analisada atravésatravés dos dos recém-nas*
recém-nas-
cidos
cidos em em seções
seções gratuitas
gratuitas da da maternidade,
maternidade, contaria
contaria com com 2,7% 27 % de de
pardos
pardos ou ou negros.
negros. Apoiado
Apoiado nessas nessas indicações,
indicações, Lowrie Lowrie salienta
salienta que que
as
as “linhas
''linhas de de cor”
côr'' interferem
interferem na na diferenciação
diferenciação das das classes
classes sociais
sociais em em
São
São Paulo Paulo (*). (-').
Quanto
Quétt1tc, à última última implicação,
implicação, embora embora a análise análise desenvolvida
desenvolvida
seja
seja insuficiente
insuficiente para para esclarecer
esclarecer todo todo o assunto,
assunto, ela ela permite
permite entrever
entrever
que
que diversos
diversos tipos tipos de de associações
associações se polarizavam
polarizavam em
em tomotômo da da côr.
côr.
A forma
forma de de organização
organização do do trabalho
trabalho sob sob a a escravidão
escravidão estabeleceu
estabeleceu
uma
uma relação
relação tal tal entre
entre o branco,
branco, o negro negro e o mestiço,
mestiço, que que êstes
êstes esta-
esta•
vam
vam para para aquêleaquêle assim assim como como o escravo escravo está está para para o senhor.senhor. As
gradações
gradações da da côr côr dada pele
pele não não chegaram
chegaram a ser, ser, porpor si próprias,
próprias, bas­ bas-
tante
tante impositivas
impositivas a ponto ponto de de atenuar
atenuar as determinações
determinações sociais
sociais con­con- •

tidas
tidas nessa
nessa relação
relação de de subordinação
subordinação e de
de dominação
dominação inter-racial.
inter-racial. O
O
princípio
princípio que que regulava
regulava a transmissão
transmissão do do status
status aos aos filhos
filhos de de escrava
escrava
estipulava
estipulava que
que partus
partus sequitur
seqtlitur ventrem
ventrem (5). ( 5). Os Os descendentes
descendentes das
das
escravas
escravas nasciam nasciam escravos,
escravos, independentemente
independentemente da
da condição
condição social social
dos
dos pais.pais. Daí Daí o número
número enorme enorme de de mestiços
mestiços sujeitos
sujeitos à escravidão,
escravidão,
entre
entre os quais quais se contavam
contavam indivíduos
indivíduos muitas muitas vêzes vêzes descritos
descritos como como
“mulatos
''mulatos claros” claros'' e “quase-brancos”;
''quase-brancos''; e o espanto
espanto dos dos estrangeiros,
estrangeiros,
que
que percorreram
percorreram o Brasil.
Brasil. Saint-Hilaire,
Saint-Hilaire, por
por exemplo,
exemplo, escreve escreve o
seguinte
seguinte a respeito respeito dos dos senhores
senhores paulistas:
paulistas: “assim,
''assim, ainda ainda existem

(3) 9 91i":eira
IiXeira___.y iana» Populações
Viana, Populaç~!s Meridionais
Meri~onais do
do Brasil,
Brasil, História,
Hist&ria, Organização
Organização, Psico-
Psico-
logia
44., ü• r. fPrJme1ro
f « e<l1ção, o m'Comp.
Como' Volume.
F d 'e‘n ? OÍ> *rÇ3%
Popularoes R?raÍ\<
Rurais doí° Centr0'Sul
Centro-Sul Paulistas,
Paulistas, Fluminenses-Mineiros,
Fluminenses-Mineiros,
autor V v n l u r Z n An Vn ' rt
Ed. Nac., v ^a° São JPaulo.U ?• ~ ^
1938, pg*
pg. ltí0í
140; c*- cf. também
também aa obraobra do
do mesmo
mesmo
autor Et1oluçi,o
sets SAhí/ f da r»U rlV0
Pf)vo B'astle,r0>
Brasileiro, 2'% 2., ediçao,
edição, Comp.
Comp . Ed. Ed. Nac.,
Nac., São
São Paulo,
Paulo, 1933,
1933. pg.
pg. 150
150 ee
sets ... Sôhre
colonial cf a?í n re.lação
£ • ÇÍ2hrentre S es'estrutura social ee composição
rut.ura social composição racial racial da
da população
população no no mundo
mundo
?colon~al
S cf. £ainda:
° t V wsôbre ? 5 São v v mP~ulo, especificamente,
especificamente , A. A. de Taunay, História
E. Taunay,
de E. História dada Cidade
Cidaà•
bd: ~"~ Paulo no Sécul!) 5X.VIII, op. cit., V0J*
t ° P*
vol. ?II *- l1.,** ?Pane, pg. 20; sôbre aa sociedade
20; sôbre sociedade
ra s iíe
bras1le1ra
ee 105-106
ira S f V
em 8eral* - í l . r®
geral: Caio Prado ?
Prado
? 1, Jor., formação
Jor., Formação do do Brasil
Brasil Contemporâneo,
arTe> PS-
Contemporâneo pg. 340 e sets.,
seu.,
105-106. '
das
d (4) S. H.
.. as
? ’ lowrie,
Classes Sociais,
.L-°wr.ie* Origtm
in Rev,sta
^
J?fI£ew da População
População
do Arquivo
Revista do
da
da Cidade
Cidade
Arquivo Municipal,
Municipal. Ano
de
de São
Siio
Ano IV-Vol.
Paulo
Paulo
IV-Vol. X
~e Dí/ttenriaçao
XUII,
Diferenciação
1938. pgs.
pgs.
195-21?
195-2_12; 3 i T ' ln, U II, 1938.
op.
op, cit.
c1t.,’ pg
pg. 27
27 e sets*
sets •• meSm° aUt° f: ° Elcmento Negro na População dc São Paulo,
cf • também, do mesmo autor: O ElemenJo Negro ,aa Popular ão de São Paulo,

J~
I 1 > .A~OStin~o MafSu«
Jurídico Mar:9ues Perdigão
ur ,,o-Soc,al, Tipografia
Junaico-Soaal,
Perdigão Malheiros,
Tipografia Nacional,
Nacional, Rio
Malheiros, A
de Janeiro,
Rio de
A Escravidão
Escravidão no
1866,, vol.
Janeiro, 1866 \'ol. I.
nq Brasil.
I. pgs.
Brasil. Ensaio
pgs. 41-42,
,1-42 •
E,isaio Histórica
Hist6rico-


,
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r .· J ' , ..., •

-- lNQUfcRITO
INQUE:RITO U N E s o .•\NI-{
UNESC°-AN HEt~m1nb 1,
c

lm a p
a a p a ra deixara r a d •
rn „ têmt ê m bem
b e m poouca
u c a alm e l) (
fl!f'I
ç a q u e · ·s casos de ar
,v ----- , „ossa
n o s s a raÇa
r a A* alforria,
a l f o r r i a , em
e m t a
taisi casos,' d epPeil(ija e n d ·i a
..... e livres
livres de~rr“aVvidão” (6)- A freqüência
d e .d -
a o
,, ( B )
· q u''ê nc1a relativa
• r e 1 a ti va concedida
• c o n c e d 'd
1 a aos
J D ~µ.,os na e-,- I c( > C lf r e d a a o s
h o
^ffUbo* 02 .fp ai, «
e eraera ^iquer modo, porém, m , « m a ti
o. matiz da pelez
P
f il h a i e r m o d o , p ~ r ~ ele
seus
sCUS‘iciativa do 7 P , D
pe e q u a
qualq“el q u da condiçao social
o c i a l d a
das s p P
pessoas.
da iniciaciva do c o n d 1 ç a o s e s s o a.s.
fn Z ·e de ín d ic e d a •
bastar<*
b a s ta r d o
0Ss (
f ) ·p é
espécie de » d •
risc0 d
de ver-se
e r - s e o n s i
considerado
c d e r a d o e tra.
tr ! l
.lh05 -u--~ e s c 1 o r r i a O r i s c o e v d • ~ -
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d e e s c r
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p r t o a q
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e o.aç,a,o, , ~A.,ses .
asso t é o f e n s i v o . e s e r v · .
pSejS,,rSat S i , , o ( 1 1 ) e a
até °te°T d o n aaddaa como a marca
m a r c a r a c
racial i a l q
que u serviria u 1 a
s e l e c i o n c o m o •
so u aa
^ * rrt; L • p a rtanto , seiecum
nortanto, os m e sstlçOS.
t i ç o s . E
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iaa p a s
passou
A r .1 .0 1 , s n e g r o s e o s m e •
C Ô
* * *•e•£,.,,ssocialmente ,o. c i a l m t e
en os • n g r o d ee rc e ffe
e r êrên n
c ica ia i e
imedia.
m d · i a-
'dent1 1\,A,& u m p o n t o r .
a r a I
d e p a s i ç ã o s o c i a l , . 1 se poderia p r e s u m i r
Para:
P s íÍb
'm b o Xl o de posifo s» a ^ d o P qual
q u a s e p o d e r i a presumir a
sXT er U um s1*«ível el e i n e l u t
inelutável, á v e l , a
a t r a v é s d o
socius . e co o m oo e s
pessoa,
p s o a t a n
tanto to
e n t e
'c
l . :i
, 'v
. - c o m o s o e i u s e c . '
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tamentea m V
vi in^d^ i v <
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i s o l a d co s , , , , N
„, ^ e ste sse nntitid
d o ,o , ppode*seo d e - s e
• - de • ç a • e s te e
s1tuaça efinir ^O destino
situaçao 0
m o d
de e um uma r a ^ « a n a to m''ia ” d~ a sociedade i e d a de
d e s t a s o c
quanto d '' ~ n a t o ~ i
afirmar
afirmar que que
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e r v 1 n h a dinâm
d1 n â m 1icam
c a m e nente
t e e
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escravocra
. i d e S a in inte
te•-C at'th inee, , op. cit., vol.
cit., yol.
d e S 4 C a ? eerrin op.
resultou
---------- ------ o
t1 in ,1 1 <
4í<1? Satnt-Paul
S '! fn l- P aul ee~t d e ò tre ^as diversas d iv rsas
equase raças resultou
raças
^ Le s f!
w r o p r e v i a : "Dessas s uniõ e
unioes s e
en n ^ branco como
branco, çomo
(6) i,·01481 à4ãnos .M s s a q
e u o s e s c r e v ia : D e e g ro a té o q u ase
s . ·P e r d ig alb a s c ô r e s , d e sde_ o n
o que ainda boje "
J ff . 12 id u o s d e c ô d a s o d e 1 7 7 3 ;
osjod iv Jaaeir
g'ue fóssem escravrmalmente no alvará de 16 de
vtoi rteceonhefcido fo .1II, pg. 14). £ ‘n taelm
d£ I773i u°e que ainda r r ia , tanK to
obRrva"(op. cic., vo
J
o fi c ia is te la civos a S ã o P a u lo
c o .
m . São Pau.o
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) O s d o c u m e n c o , p o r te s c a m e n a n to q u e a c o n te
(7 id a , e m v id a, quanto r o s e s c r a v o s , enqu c a p it ulo
podiam s e r c o n c e d
o númer o d e n e g s tstatís ti c a s d o
s é m e n o r q u e ( c o n fo rm e a
cfe pardos escravoçlo aos pardos e negros livres
inverso com
inverso rela
com relaça ^ ^as atitude»
a ti tu de,
anterior).
«nterior). Meridionais do
d o Brasil
B ra s il , p ig
P*g. . 12R1277;’f s ô b re
J3rdí»7,
a s il op.
, op.
(1) Olive
(,, Oliveira Viana,
it 2 V ia n a , P o p u lafdts .~ e r
s, d. Sérgio Bu
id lo n 4 is
a
ladio
rq u e d e H o la n >*e Holanda, K ^ «
da, R a lz e s d o B r

„~to os mMBíOJ
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íat., -pp."18-{,Dj . r com . . „„ t
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fo s l lh e to n ,9
c“" r(9) • Co11ferl11,ifJ1ú1hl;,1oA1dboo/iJçoíorn1a1li ist1d1, 17 dt Mttio de 1885, Fo
s ta
- »■ R,° d*
Sitfio
S , U11M
,. _S,1teco
«ii
1
ü 0 Coaltdfraíâo
\jOnJ€C*cra^i*u
Ç o 1 1 /t d e r a rãAbohmmto H u
JjaeiíO,
}&ae1co1882 (1,c), nae.
1, 882 (íic), pág. 30.
pág. 30. r g a n iz a d o p o r ffjld;
a P o r t1 1 g u2sa, o e Jo
d a U n g u B a n d e ir a
uicionana asileir o l
._ a 4
B r e
MTianuj " H o la n d a reric.»
(10)
1 Cf. CJº~d
~ . Pí?tt#wo
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bbrindo0 de limaa ee Gustavo t( fu
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Janeiro, eiro, • s
S . Paulo
P a u lo e
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B a
ab.a, 1 9 4
hia, 1 9 « , P* 6 . p

864, 1
..
1u.~ reipeaivamenic.
.. .., ,. .J
reiptctivamente.
~ \' a J D e o re,
- , _
r . , . c
m
it ., p ê
i1 . 2 7
«v «« 2.
(II) Q. Caio CaioPradoJo
(JJ)
Prado a. Jor., o
op.p cit„ pág. 272.

1
, + ■».-.?-tórt%líÍÍk^ÚfeiíIlUiS'-■I. i.K " ; \ *j U ! ,I · '/,.
..-1-..· Lo ... %\ X >•*• *

•,

• ••
.f

RELAÇOES RACIAIS
relações r ENTRE
a c ia is e NEGROS
ntre n E d
egros e BRANCOS EM SÃO PAULO
r a n c o s EM PAULO 771
1

sua “fisiologia”.
sua ''fisiologia''. De um lado, ela
um lado, ela permitia
permitia distinguir
distinguir os indivíduos,
indivíduos,
por meio de caracteres
por meio caracteres exteriores,
exteriores, de acôrdo acôrdo com com sua sua posição
posição na na

estrutura
estrutura social. De outro, outro, funcionava
funcionava como como um um núcleo
núcleo de conden
conden­..
sação e de ativaçãoativação de uma uma série
série de fôrças
fôrças sociais, que que mantinham
mantinham
• a unidade
unidade e a estabilidade
estabilidade da da Qrdem
ordem vigente.
vigente. Pensamos,
Pensamos, assim,
que
que nãonão foi por por acaso que que a cõr côr foifoi selecionada
selecionada cultural
cultural e social-
social­
• mente
mente como como marca marca racial.
racial. Se as condições
condições de convivência
convivência entre entre
os ''senhores''
“senhores” e os ''escravos''
“escravos” favoreciam
favoreciam a retenção
retenção de um um caráter
caráter
físico queque poderia,
poderia, por por suasua natureza, exprimir simbolicamente
natureza, exprimir simbolicamente a
distância
distância que que existia entre as duas
existia entre duas camadas
camadas sociais, não não é menos
menos
verdade
verdade que que a própria
própria dinâmica
dinâmica da da sociedade
sociedade de castas, que que êles
constituíam,
constituíam, dependiadependia estreitamente
estreitamente de um um elemento
elemento que que servisse
servisse
como
como fonte
fonte de de justificação
justificação e de legitimação
legitimação da da conduta
conduta expoliativa
expoliativa
e exclusivista
exclusivista dos dos ''senhores''.
“senhores”. :t.sse Êsse elemento
elemento foi côr, que
foi a côr, passou
que passou
a indicar
indicar mais mais do do que
que uma uma diferença
diferença físicafísica ou ou umauma desigualdade
desigualdade
social: a supremacia
supremacia das das raças
raças brancas,
brancas, a inferioridade
inferioridade das das raças
raças
negras
negras e o direito direito natural
natural dos membros daquelas de
membros daquelas de violarem
violarem o seu seu
próprio código ético,
próprio código ético, para
para explorar
explorar outros sêres humanos.
outros sêres humanos. O funda- funda­
mento
mento pecuniário
pecuniário quer quer da da escravização,
escravização, quer quer da da exploração
exploração do do es-
es­
cravo,
cravo, compeliu
compeliu os ''brancos''
“brancos” a procurar
procurar as razõesrazões emocionais,
emocionais, racio-racio­
nais
nais e morais
morais da da escravidão
escravidão fora fora da relação senhor-escravo.
da relação senhor-escravo. O con- con­
traste da
traste da côrcôr da da pele,
pele, sublinhado
sublinhado por por incompatibilidades
incompatibilidades culturais culturais
(as mais
mais notadas
notadas foramforam as de ordem ordem religiosa),
religiosa), facilitou
facilitou êsse processo
processo
que,
que, sob a inspiração
inspiração de ideais ideais cristãos,
cristãos, degradou
degradou uma uma parcela
parcela da da
humanidade
humanidade ao estado estado de de ''coisa'',
“coisa”, de de utilidades
utilidades mercantis.
mercantis.
Por aqui
Por aqui se verifica
verifica queque a ligação
ligação entre
entre a escravidão
escravidão e a seleçãoseleção
côr como
da côr como marca marca racial,
racial, para
para denotar
denotar culturalmente
culturalmente as prevenções,
prevenções,
os sentimentos
sentimentos e as idéias idéias das raçasraças dominantes
dominantes sôbre sôbre as raças domi­
raças domi-
nadas, não
nadas, não é fortuita
fortuita nem nem circunstancial.
circunstancial. A alienação
alienação social
social da
pessoa do negro
pessoa negro se processou inicialmente como
processou inicialmente alienação social
como alienação social da da
pessoa
pessoa do escravo. escravo. Mas, presumimos, ela
Mas, presumimos, ela não institucionalizaria
não se institucionalizaria
se o elemento
elemento côr côr permitisse
permitisse ou ou obrigasse
obrigasse a incluirincluir os prejudicados
prejudicados
no círculo
círculo do nosso grupo ou
nosso grupo ou da igual a nós. Alguns
gente igual
da gente Alguns aci­ aci ..
dentes
dentes nas nas relações
relações dos brancosbrancos entre entre si no no período
período colonial
colonial mos­ mos-
tram
tram que que o respeito
respeito pelapela pessoa
pessoa hum humanaana e a lealdade
lealdade dele dêle resultante
resultante
para
para com com o confôrtoconfôrto ou segurança de terceiros
ou a segurança terceiros não não eraera muito
m uito
1
| grande
grande (12).( 12 ). Todavia,
Todavia, não não chegavam
chegavam ao extremo extremo de desrespeitar
desrespeitar
generalizadamente, com
generalizadamente, com o apoioapoio explícito
explícito e estimulante
estimulante das das institui-
institui-

t ( 12) Veja-se, ppor


(12) exemplo,
o r exem plo, o que escrevem, respectivam respectivamente, ente, K Knivet
nivet e Staden de suas
portuguêses e com um francês
relações com os portugueses (cf. Vária
francês (cf. Vária Fortuna
Fo,tutia et Estranhos
Estranhos Fados fados de A.
Knivet, Ed. Brasiliense Ltda., São P Paulo. 1947, passim; H
au lo , 1947, ans Staden, Duas
Hans Duas Viagens
J,' iagens aoao Brasil,
BrJsil,
transcrito
transcrito emem alemão
alem ão moderno
m oderno ppor or C Carlos
arlos F Fauquet
auquet e trad traduiido
u zid o pporor G G.. de C Carvalho
arv alh o F Franco.
ranco.
Notas
N otas de F. de Assis C Carvalho
arv alh o Franco.
Franco. Sio São Paulo, 1942, L
P a u lo , 1942, Livro
ivro pprimeiro,
rim eiro , cap. 26). 2 6 ) . Aliá~
A liás,
situação inicial dos colonos
aa situaçao brancos sem
colonos brancos sem recursos era ta tal,l, que já se chegou a ver na n a dde•

pendência do
pendência trabalhador
d o tra b a lh a d o r pportuguês
o rtu g u ês bbranco,
ran co , para
p ara com os senhores ru rurais
rais da d a mesma
m esma etnia,
etnia*
umaa espécie de
um d e ..escravidio te
"escravidão temporária"
m p o rá ria ” (cf. C Caio
aio Prad9
P ra d o Jor.,
J o r., op.
o p . cit.,
cit., pgs. 23-24) •


'
IN
INQQUUeRÉRITO
ITO UNESCO-ANHEMBl
UNESCO-AN}{E~•

- - - - - - ~ - = ~ = = ~ ~ - = = ~ - - - - - =
-
z11"2~------ o a Coroa e Igreja), os mores estabele ci.d os
.: : · ~ : 8
------- " " T c õ r õ T T Ta^ g r ê ja ). o s m o res e st^ ê lè c id õ j

Ç
~*s i) eS re
ra s (C
guiado própria cultura.
., reg«lad0rsis
OJ1l
cu
J
tu ra .
r e d a d i . •
^damente 0 na Prop · - 0 do
d o preconceito
p re co nce it o d
dee cô
côr e da discrimí.
solida m en te ª · fu n ça '" 'o
d s - p co rr
scr1 h
rn1..
P a rece-n nos que que .«a aJE^soci f ed edade
ade de ca de castas
st as de e Saoao P au
au lolo corrobora
ece-
Parracial l v1ºd a. A relaçãoA l - o o ra
-ao rac ia l na
na an"g»
an t1 g ^ - 0 desenvolvida.
d es en v o re aç ao en
entretre o 0 pre.
n” aç . 1terp re ta çã o a· ( p re ..
.eiramente 11
aª ta‘erpfpre ! ‘J rVaçâo ão da
d a ordem
o rd em se n h
senhorealo re al se m an
se manifesta,
in te ir am en te se rv aç , .d f es ta
^ • l o• dd ee cô côr e a nf " . n1nt1
,endência ítid a a e e ofo rt e rte d ede re c
recru tar'
< > s n a te n d en c1 a ta r
Tsàe
co
-~
n
dt=.,U~e
ce
~
1os
w
s p ru
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primeiros
n ei
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ro s
te ro p
tefflp<^>
dos filhos entre pessoas
' s d raças
de e ra ça s
b
brancas
ra n ca s, is en
isentas ta s
ru
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de
„« cô n ju g e* dos ede ad o sasangue
n g u e li m
lim p o ''.
po”. S eg
Segundo de
uges sa11ge' ' e de ''compro « c o m p rvo v a d

o un 0
os cônJ
“impureza
u• ureza ddee *“ « fa «udre dde e Deus, Deus, oos
s ppais,
ai s, n
n a a escolha
es co 1h a d o
dos s m ar id
maridos
u n p
r rei Gaspar da MadW endiam aod a ?t aos seus genros: o rd in àr m
ariam
ia en teen te oass
s se u s gen ro s: o rd in as
,^ .
F re i G as f~ lh ar ''m ai s at
para
pa ra as filhas, 1 as, mais a e parentes, s, oouu com
co r: ; estranhos
es tr an h o s de
de
co m se us p at r1 c1 o s,d e aª r~ te
d ees
êi s pPoo a vv
s sa a am
m com 8 *» P do da E uropa,aªoo' uu dee. outras capi- i ..
nnobreza co
obreza conhecida, em n h ec id a; em ch ~ n
» o a l'
qualidade,
? ° ~ certo tin
o
h
u
a
tr as
u m
ca
bom
p
m
b q u ~ ,1 (ª) e, ce rt o . t1 ~ h ~ u m b o
ta n ia s b ra sí li ca s, al g u m su jeito _desta 1 ). Os 0 és
tànias brasílicas ^ . S^ uito o
pobre”
p o re (» . s princípios
p r1 n c1 p 1 o s através
at ra v
ca sa m en to , ai n d a q u e fô ss e m u it
casamento, ainda <que fonnalm ente oo ggrau ra u ded e nobreza
I? o b re za do
d o indiví.
in d iv í.
o s u ai s se es ta b el ec ia m fu rm al m en te
ddos quais se " “ nham um duplo lo reconhecim
re co n h ec im en ento:
to : a) d
dee q
queu
q tã o p re~upunham um dup - e
duo d ,, d . • ,, ( • ,
.
duo em q va livre da suspeita e con 1çao m
em questão pressup . ^ ^ «condição ecânica” (principio esta-
-A
u es m e\ A n 1 ca p ri n ci p io es ta
A
êle f se achavaeh livre da 1 ^ í ''I .
„lim po sangue”, ,, e ta s u n dd o ppoor r co conse-
n se -
e e se a a o ss u a im p o sa n g u e , es n o
m
mental); l) ;
enta b) de que eb ) d e q u e êl e P ^ mácula de Ju d e u , o u o u tra qualquerq u er
d e Ju d eu , o u o u tr a q u al
. te ·s en to d e ''t ô d a a ra ça de mácula d d ·
guinte 1isento de toda ' idade · d sociai .
a l da d a camca m ada
a a dom o m inante
1 n an te (•<).
(l •) .
g u rn " (p ri n d p io d e in te g r1 d a. e so o
m ácula (principio
mácula” n0tórias, o casam entoto de
d e u mm indivíduo
in d iv íd u o d
de e
casa m en
acôrdo com ocon
ô rd o co m o co rr ên ci as n o tó ri as , o
De ac
De , podia ser encarado d o p
p oo r r seus
se u s parentes
p ar en te s
ia se r en ca ra
pod „ u m g£ral lu to de sentimento»,
"nobre sa
«nobre ngue'' ccomo umma m>ul_auta m
sangue d e se n ti m en to '',
', q u e lh es ca u sa v a ''u m g er al lu to
co m o u m
como uma m j u n q a ''i n jú ri a' # de ro m perer os laços m atrim m o oniais
n ia is
d ir e it o d e ro m p o s la ço s m at ri
eO m ar id o se ju lg av a co m o
o marido se julg suspeitasse,
su spei ta ss e, com
co m fundam
fu n d am enentos
to s
co u
m aa mulher legi,
m lh er le g ít im a, d es d e q u e
com u e' '. E ss as at it u d es p er d u ra ra m , ^ san
o si
ppositivos,ti v o s, d e su a ''p u re z a d e sa n g
de su p er£odo o de
d e crises
c ri se s econôm
ec o n ô m ic icas,
as , iniciado
in ic ia d o
com
coi11 ce certart a ten
te n ac^
ac id d
ad e e. N
No o p
P e
^ rí
o o d
fl. dos indios (pelos mea.
li b er ta çã o d o s ín d io s (p el o s m ea -
com
com aban o abandonodasm
d o n o d as m inmas aseCe co m
nci^ a ^ levando os pai, a
se at en u ar am , le v an d o o s p ai s a
dos d o sé cu lo X V T II ), as ex ig ên ci as
aceitarr riras naturais da região (portanto,
o rt an to , m es ti
estiços^ço s) , co
w m
m o o n o
noivos iv o s
aceita ri co s n at u ra is d a re g iã o (p
rte «nas filhas f1 5 } Mas um interessante an te o
depoimento
d ep im en to .d em
demons o n st ra qq u e, ,
de SJ.1 as fi lh as ( 14 ). M as u m in te re ss
ainda no fim do Império, a escolha dos
d o s fu
fu tuturo ros s g en
genros ro s ca
cabiab ia ao
ao^pa. p ai
ai n d a n o fi m d o Im p é ri o , es co lh a •

d a p el e d o s ca n d id at o s: '' .. . M a s
ee se processava ss a v tendo
a
te n d o em
em vista
v is ta a côr
cô r da pele dos candid . •••
seproc
0o papai
e
era a escrupuloso:
e sc ru p u lo so : atendia
at en d ia a
a tôdas
tôd as as
as re co m
recomendaçoes en d aç õ es , ,jt p ro -
>
pap ai er e r n a
curava obter informes. Com
C o m que
q u e c u id
cuidado a d o in te
intçntavan ta v a sa
sa b se
ür;n.
cura v ~ o b te r in fo rm e s. ri n •
família a d e sa n g u e d e c ô r! O p
fa mília(do (do ppretendente)
retendente) havia havia mescla mescl de sangue de cor p
ad a de São
13 Mtmòrías 44 para a História da Capitania
i1ani11de de Sao Vicente H () ie u\0ztiAico
C ha m
P• /~
(13)/ 1'"!
PêvIo por Frti{ Catpar
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T.u Gonzaga da Si v* ta da Si lv a L e~ e.
ínrr^el
lortaçloPavhuna Dwra< &
T t & C,a
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Sã o Paulo.
Pa ul o . 1903-1905
19 03 -1 90 ~ (v of um
(volumes es 11 *li *9) - p edro Taquç*
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r.,..__
, . dt., pAg.168•
, op
"'aav-•t



1
• •

• RELAÇÕES
R.ELAÇOES RACIAIS
RACIAIS ENTRE NEGROS EE BRANCOS
ENTRE NEGROS BRANCOS EM SAO PAULO
EM SÃO PAULO 78
73

cipal era
cípal era queque fosse
fôsse de boa boa família.
família. Já Já havia
havia sido
sido recusado
recusado um bom bom
partido para
partido para uma uma das manas, manas, por por ser um tanto tanto duvidosa
duvidosa a sua ascen­ ascen-
dência. Isso decidia
dência. decidia o papai, papai, mesmo mesmo sem consultar consultar as filhas, filhas, por­
por-
\
que, dizia
que, dizia êle, êle, — - “im ''impedir
pedir em certos certos casos um casamento casamento é meu m eu

• 1
dever -— obrigar,
dever obrigar, nunca''
nunca” ((16). 16 ). Os especialistas
especialistas que que investigaram
investigaram êsses

problemas
problemas são unânim unânimeses em ressaltar ressaltar que que o intercasamento
intercasamento estava estava
estreitamente subordinado
estreitamente subordinado e lim limitado pelas determinações
itado pelas determinações do pre­ pre-
conceito
conceito de côr ( 17 ). Ao padrão
côr (17). padrão de que que a escolha
escolha do cônjuge cônjuge era era
-- demasiado im portante para
demasiado importante para ficarficar ao arbítrio
arbítrio dos jovens,jovens, associava-se
associava-se
o de queque “só ''só raça
raça boa boa com raça raça boa boa produz
produz boa boa raça” ( 18).
raça'' (18).
• Os fatos
fatos expostos
expostos dão margem a que
dão margem que se considerem
considerem três três questões
questões
0
básicas: 1.
básicas: 1.°) ) por
por que que o preconceito
preconceito de côr côr se concentrou
concentrou em tôm tôrnoo
1
das proibições
proibições de casamento? casamento? 2.°) 2.º) por
por queque razão
razão as proibições
proibições apon-apon­
tadas
tadas não não se estenderam
estenderam às uniões sexuais extraconjugais
uniões sexuais extraconjugais e não
não
exerceram
exerceram nenhum nenhuma a reação reação lim limitativa
itativa na miscegenação
miscegenação de ''brancos'' “brancos”
com “negros”?
''negros''? 3.°) 3.0 ) qualqual seria,
seria, então,então, a relação
relação específica
específica entreentre o
preconceito
preconceito de côr côr e a preservação
preservação da ordem ordem senhoreal
senhoreal existente?
existente?
,

,
, A primeira
prim eira questãoquestão encontra
encontra um umaa resposta
resposta óbviaóbvia no significado
significado do

' parentesco
pa1·entesco no sistema sistema social social ((ie);
19 ); o parentesco
parentesco representava
representava o p rin ­
prin-
.. cípio fundam
cípio fundamental atribuição de status
ental de atribuição status social.
social. A incorporação
incorporação
elemento de côr no núcleo
do elemento núcleo legal legal da fam família grande acarretaria
ília grande acanetaria o
• reconhecimento formal
reconhecimento formal da igualdadeigualdade social social entre
entre o branco
branco e o negro negro
mulato. Para
ou o mulato. Para evitarevitar queque isso acontecesse,
acontecesse, formaram-se
formaram-se as repre­ repre-
sentações contrárias
sentações contrárias ao intercasamento,
intercasamento, as quais quais subordinavam
subordinavam as
relações m
relações matrimoniais
atrim oniais a padrões padrões endogâmicos.
endogâmicos. Nesse sentido,
Nesse sentido, os
dois grupos
dois grupos raciaisraciais se integravam,
integravam, originàriamoriginàriamente, ente, em um um sistema
sistema
castas, e as proibições
de castas, proibições de casamento casamento inter-racial
inter-racial asseguravam
asseguravam pela pela
t base
base a integridade
integridade social social do grupo grupo racialracial dom inante. Daí
dominante. Daí a concen-
concen­
tração
tração do preconceito
preconceito de côr côr em tômo tôrno das proibições de casamento
das proibições casamento
tenacidade à mudança
e a tenacidade m udança reveladarevelada pelos padrões de com
pelos padrões comportamento
portam ento
desenvolvidos culturalm
desenvolvidos culturalmente. ente. Essas consider,,çõcs
considerações prt perm 1nitem
item respon-
respon­
1
der
der de m modo parcial à segunda
odo parcial segunda questão.questão. As proibições
proibições não não incidiam
incidiam
sôbre
sôJ,rc as relações
reíações sexuais,sext:ais, porem,poré111, sôbresôbre as relações
relações m atrim oniais.
matrimoniais.
Não
Não só s6 as parceiras
parceiras sexuais escravas não
sexuais escravas não se elevavam
elevavam à situaçãosituação social
social
\ dos senhores,
senhores, como co1no os filhos filhos nascidos
nascidos dessas dessas uniões
uniões se conservavam
conservavam
na mesma
na mesma condição condição que as mães mães (princípio
(princípio do partus partus sequitur
sequitur ven- ven-

(16) Maria
Maria Paes de Barros,
Barros, N Noo Tempo
Tempo de de Dant,s,
Dantes, preficio Monteiro Lobato,
prefácio de Monteiro Lobato,
Bditôra
Editôra Brasiliense Ltda., Sáo
Brasiliense Ltda., São Paulo,
Paulo, 1946, pág. 114.
1946, pág.
(17) Cf. Alcântara Machado, Vida
Alcântara Machado, Vida ,e Morte
Morte do
do Bandeirante,
Bandeirante, op. cit., p¼g. 145 e
cit., pág.

sets.; Oliveira Viana, Populações
Oliveira Viana, PopulafÕts Meridionais
Mtriàionais do do Brasil,
Brasil, op. cit..
cit .• pgs. 73, 120,
120, 127-128,
127-128,
133 e sets.; Cindido de Melo e Souza,
Antônio Cindido
sets.; Antônio Souza, AA Pamllra Brasileira, original
Pamll,a Brasileira, original em por­
por-
tuguês
tuguês em Ms., Ms., pág.
pág. 3 e segs. ((êsse trabalho já foi publicado
êsse trabalho publicado em inglês: Brazil: Portrait
inglês: Brazil: Porlrait
of Half
.,' of Half aa Contment,
Cont,nent, T.T. Lyna
Lynn Smith Alexander Marchant,
Smith e Alexandcr edrs. The
Marchant, edrs. Dryden Press,
The Dryden Press,
New
New York,York, 1951, cap.
cap. 13, e trata
trata particularmente família patriarcal
particularmente da familia patriarcal no sul do país).
pais).
(18)
(18) Antônio Câ.odido
Antônio Cândido de Melo Souza, op. cit.,
Melo e Souza, cit., pg. 6,.
pg. 6
. (19)
(19) Conforme
Conforme os autores obw citados
autores e obras citados na nota
nota 17, em particular
particulu o estudo
estudo de
Antônio Clndido de Melo
Antônio Cândido Melo e Souza.
Souza.
.... -- .._• ..,..
...-,.,
r
,,..-

.

INQUÉRITO
INQU.tRITO UNESCO aN^Hr
UNESCO-A
a:.Mnt

uemL
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74

). ge co
,
R e c o a b e c e r a .s e

eJil Z T n. o bob n h ec
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·u rldicamente, inclusive,
juridicamente,
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· testato
in (2 º e
ai s na
p au Mturau tu ra JS o i. ls õe
ls5ess favoreciam
favoreciam a procura pr d “prazer
do '' . sev ( ,)' )
pc re sc e qu oc ur a o prazer sexu l';
e du as ll D pu . da da família
A ? q n u adrZos
A£r“ s ”le4ga a is
is
família grande. gr an de. D
De e um la ^ do se^h a l - ª.
!%
~z Lei
fora dos qua
d e mulheres
de rnu.lh .
er es br an
brancas.
li a
ca s. De
D e ou tro, a p
outro, prró
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.
organizaVj
·o ~ ga n~
'
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oa^.v ia
daa
natriarcal impelia os
os homens a pr
homens oc
procurarur ar satisfação
sa t1 sf aç SPv
, •
familia pa r_ t ia rc al J. JJ 1 p e
!r.t.. •ca da família gran • d ·
ao
'd a p 0r c r --X
SP
nmiflacão periférica
pe ru cr l da família grande, e, co ns t1
constituída tu 1 po r cr iai r1J ua
^ t
1
na consteIa~ - r-2 0 . ''f - ,, _
egados (21). Seria uma t1nçao regular da - ..03 ...
aias, escravos.e agr os senhores a sati ,
crava proporcionar rc io na r aos
a senhores a sf aç
satisfação ão de de su
suasas necessidarf
ne ce ss idades-
a ava proPo se qu ··
ên ci a, o pa - d â • - Tes
sexuais • (“
(22))■ E
Em m conseqüência,
co n o dr
padrao ao en
endogâm og mic ico o resultante
re su lt an te d
sexuais · . . 1 existente
ex is te nt e er a co nt I a
ordem m
matrimonial
at ri .m on1a era ra ba
contrabalançado an ça do p
po o r «m
r uma ""d a víh
or dem . . at ra vé s d a qu a 1 se • . 1 a
sexual1 Jivre li vr e e ativa, através da qual
ativa, •pr oc es
processava sa va a miscegenar-
m1scegenar"'
sexua b co s Q ua nt o _ _ - -~ao
entre negros
eg ros e brancos.
ra n • Quanto à
à te rc ei
terceira ra qu es. tao, parece-nos
questão, pa re ce -n os n
q ue
do
entre O ,.
• os até agora que o precon
resulta lta do quee vu
qu vimosn até agora que •preconceito ceito de côr co r ccoontn trih
ri h, , •.
resu
paraa perpetuar
ar or de m se
perpetuar aa ordem senhoreaI__ vigente à m ed nh or ea l vi ge nt e edida
id

a em q
qu Ue • - u1
e 1-1 V a
P
operava
o""rava co •
como um m fator
fator de de se gr eg
segregaçao aç ao social.
so c1

a1 .
4'
Êle
J
nao
.., •
visava
e nao visava evita ev*t - L^e
m o u L
r-
restringir
es tr in gi r a m is ce ge - M á • q -**r
nem
nem mesmo
esta
esta se
mesmo r
se processasse
proces~ sem
se mI'~~-a
af
míscegenação.
et
afetar ar su b
na
st
ça
an
substancialm
o.
c1

a1
Mas,
m en
as ,
te
ente
ao
ao
as
contrário,
co nt r
posições
po s1
.
ço
ri
-
es
fazer
o, fazer oue
recípro
re cí pr oc
i
as U C
dos dois grupos de ra raçasças no sistema F cas
do . •
s d o is gruPos de no _s soc1a_1.
1st~masocial.
Inerente àà própria
Inerente própria organização
organ1zaçao d daa so sociedade escravocrata
ciedade es cravocrata, aa d*
crimiLia^iu
~ di s-
cr,minação
1na 0 racial
• ça · ra
i«u«ici al m an ifestava ..se so
manifestava-se sob b todas

WUMda s "as suas
fuas
su as form
normas
fo rm asas tín*
típicas. 1S *
·c am en
PràtJícamente. O
Praticamente, te es cr av
o escravo não o não
nã o conhecia
conhecia
co
h
n ec1a ou
.
o utrtro
outro o
d.
d ire
direito
ir i. tn SPüQA
senão _
e1to senao o que esti .. o que_
tí pi ca
esti­
s

pu la va vo nt'
ad
pulava a vontade ou arbítrio do
3 e oou o ar bí tr io• do senhor,
sen hor, não na..o, gozava
go.zava de de nenhuma
1

capacidade
capacidade civil
ou arbí trio julgasse
suportava
civil ee suportava to todos
dos os deveres deveres que que aa m mesma
es m a
nenhuma
vontade
vo ntade
ou arbítrio julgaMe conveniente
conveniente imputar-lhe.
imputar-lhe. Como Como escreveu Per-
es cr
digão
d ig ã o Malbeiros,
M al heiros, o o grande
grande estudioso
estudioso dada escravidão
escravidão no no Brasil,
B
ev eu
“desde
P er -
que o homem é reduzido
duzido àà co
condição de
qu e ho ra si l, ''d es de
Om em é re ndição de coisa,
co isa: sujeito
sujeito ao poder ee ao
ao
domínio outro,
tro, éé havido
do m ín po de r ao
io ou propriedade de um
ou propriedade um ou havido por por morto,
m o rt o , privado
de
de todos
to do s os
os direitos,
di re itos, ee não
não tem
tem representação
representação al a lg
guum m
a a......”;
p ri v ad
trans-
o
forma-se, em em virtude da
fo rn 1a -s e, ''; tr an s-
virtude da pr6pria co
própria condição,
ndição, em em “um
''um in inimigo domés­
im ig
inimigo
ti co " e em o do m és -
tico” e em "um in ''u m imigo público”,
público'', no ‘Vulcão
no ''v ulcão queque ameaça constan-
tei11ente a sociedade ... ,, (28). Por
am ea ça constan.
temente a sociedade.. . ” f23). Por isso, isso, apesar
apesar dede todos
todos osos contactos,
sempre
in te co nt ac tos,
rc om un
intercomunicações icações ee intimidades
intimidades queque se mpre existiram entre negros
existiram en tr e negros
e branco
e brancos,s, as
as duas
duas camadas
camadas ra ciais co
raciais constituíam
nstituíam dois mundos
dois m undos cultural
cu lt ur al
e so cialmente separados,
e socialmente separados, antagônicos
antagônicos e ir irredutíveis
redutíveis um
um aoao outro.
outro. As As
,d iferentesmodalífía/íAc
diferentes modalidades através j — das ------ *
çãoo racial
çã t niham
raciai ti n hJ><c >furnção~ -----
m
^
quais se processou a discrimina•
piuccssou a discrimina-
_ ____^ am J** funÇao anter as as ddiistân
stâncicias
as sociais
sociais intrans- intrans-
a. Frei Gaspar. op. cit., pág. 1S5.
(20) -
,
2~ ) !Sô~ bt)t 1f,t,fa5par’
Segundo
~ _aspec °p'to,cf
cit" pá* \ 155*
. especialmente A.
e$í>eciãImeote ^C. ddec M
Ça,i oo ^Pr
n ad
d no^ rJor. A‘
ta obra cli:~ Melo
elo ee Souza,
Souza, pgs.
pgs. II
11 e se».
sett.
uddo Ca , op. c.it., pág,
sob o* Rexfmt
10!, 0 9 l}berto
Regim~,'í* ~l Freyre
berto. Fr eyrel ° Ca
^ stJ
° Gr 'l'J #nj dt’
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342. Sôbre
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Sôbre êsse
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êsse assunto,
assunto, consuke-w
ão da Família
consu!te~se
np ecialm~ . o, td, bonemia
«PPCnlmeL • o,iom,a Patriarca1
Palr,arral1 Schm^f \ f . enza^a*
Schmid Editor 3 • edição Rio de ação Pa m (lí a. Brajileira
8r aJ 1l 11'"
Br asík
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j g.
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(23)
c ttti.,
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sôbre "O íscrayof - Eí
Escra~o Negro : tor-
Neg;o na 3-* ed/f
~a Vida a°. «;<>
Vida Sexual
* ;««•«>.,
Se.JCuale de Família
.>»?■
Farollia do do
ao f««o ozigi^' i>erdí*io
110te .n oor iÍi ,o ai .° er 0 M
.
alheuos, oo
Wa/iieiro,, cit
.
“op•. c1t.,
J pgs»
I. * s, .2 e 32
pg ·33, respectivamente:
2 e 32-33, respectivamente: 'f
gri o,
.' • • •
. ....... . ,


• 1.
• rRELAÇÕES
e l a ç õ e s rRACIAIS
a c ia is eENTRE
n t r e nNEGROS
e g r o s Ee bBRANCOS
r a n c o s eEJ\f
m SAO PAULO
SÃO PAULO
775
5

poníveis,
poníveis, que dividiam os dois mundos
que dividiam mundos coexistentes
coexistentes e superpostos,
superpostos,
e garantir
garantir a partilha
partilha desigual
desigual de direitos
direitos e deveres, assegurada pelo
deveres, assegurada
regime
regime servil.
servil.
A discriminação
discriminação econômica econômica operava-se
operava-6e de diviersas diffrsas maneiras.
maneiras.
Quanto
Quanto às condiçõescondições de vida vida material,
material, os escravos eram eram alimen­
alimen-

1 tados,
tados, vestidos
vestidos e alojados
da coletividade
coletividade (24).
alojados de forma
(2 •). A senzala,
for1na diferente
senzala, onde
diferente dos demais
onde eram
eram fechados
demais membros
membros
fechados ao anoitecer
anoitecer
'
e da qualqual soltavam-nos
soltavam-nos ao amanhecer, amanhecer, não não se confundia
confundia com um
estábulo
estábulo porque
porque era mais mais pròpriam
propriamenteente umumaa prisão,
prisão, habitualm
habitualmente ente
iluminação nem
sem iluminação nem ventilação
ventilação convenientes.
convenientes. Localizada no porão
Localizada porão
grande ou dela
da casa grande dela separada
separada alguns
alguns metros,
metros, sua característica
característica
permanente
perinanente consistia consistia em nunca nunca proporcionar
proporcionar o menor menor conforto
confôrto aos
seus moradores,
moradores, amontoadosamontoados em pequenospequenos espaços,
espaços, em um estado estado de
promiscuidade
promiscuidade abandono extremos
e abandono (2 l'.í). Q
extremos (25). Quanto
uanto às ocupações,
ocupações,
tôdas
tôdas as tarefas
tarefas árduasárduas ou degradantes
degradantes eram eram relegadas
relegadas ao escravo,
escravo,
como
como já vimos.
vimos. Mesmo Mesmo os mestresmestres de ofícios
ofícios e os fâmulos,
fâmulos, em che­ che-
gando
gando do Reino, procuravam desde
Reino, procuravam desde logo
logo tornar-se
tomar-se senhores,
senhores, transfe­
transfe-
rindo para os escravos
rindo para escravos as suas obrigações,
obrigações, ou se ''desprezavam
“desprezavam de seus
amos” ( 26 ). A ociosidade
amos'' (26). ociosidade podia podia não
não ser um ideal, ideal, masmas eraera um
um apa­
apa•
nágio
nágio das pessoas
pessoas de ''dom'' “dom” e da ''gente
“gente de prol''. prol”. Daí D aí a chocante
chocante
disparidade entre
disparidade entre a vida laboriosa do escravo
vida laboriosa escravo e a tranqüila
tranqüila existência
existência
senhores, a qual
dos senhores, qual ainda
ainda se fazia
fazia n notar fortemente
o tar fortem ente nos fins fins do
século X
século XIX.-
IX . “T ''Todo aspecto de um
odo êsse aspecto umaa serena
serena vidavida familiar cons-
fam iliar cons­
tituía flagrante
tituía flagrante contrastecontraste com a rude rude e trabalhosa existência dos
trabalhosa existência
escravos. :tstes
escravos. Êstes desdedesde a madrugada,
m adrugada, ao toque toque do sino, sino, até
até o anoi-
anoi­
tecer, com a enxada
tecer, enxada na na mão
mão iam executando,
executando, quase quase sem descanso,
descanso,
sob o chicote
chicote do feitor, feitor, os mais
mais árduos
árduos trabalhos
trabalhos -— vida vida essa que que
sòmente o espírito
somente espírito obtusoobtuso e submisso
submisso do africano
africano podiapodia suportar
suportar sem
revolta” ((27).
revolta'' 27 ). Sob êsteêste aspecto,
aspecto, os escravos
escravos que que viviam
viviam nas zonas
nas zonas
urbanas ou que
urbanas que se ocupavam
ocupavam nos nos afazeres
afazeres da casa grande grande gozavam
gozavam
de algum
algumasas regalias
regalias com relação relação aos escravos
escravos do eito, cujo regim
eito, cujo regimee

M n J l L
(24) O pad.rlo
S?,» */ ° «de íconstruçlo
0ns“ uí 5° que Prevaleceu
prevaleceu em
em São
São Paulo
Paulo vera
vem descrito em Vida
descrito em Vida te
O&
Mor!t lnndoT. i?
Bttndeírante, de Alcântara
Alcântara Machado
Machado (cf. pgs. 52-54),
52-54), que teve o cuidado de
o cuidado de
põt em o rcl~vo
«mba* as diferenças
o r^n ° /fS.« 1 ntre aa casa da
existentes .eentre
?x,steme8 da povoação
povoaç:lo ee a
a casa
casa da
da roça.
"ºfª• EmEm
amba5, porém, o escravo se via segregado cspacialmente dos demais componentes do grupo
doméstico « « a v o se via segregado espacialmente dos demais componentes do grupo
doméstico.
a 7on2 (2,) As melhores (d?scr*
a5^flii^f;nTe«!k°reS descrições
5es dada Senzala são
slo fornecidas
fornecidas por
por viajantes
viajantes que que percorreram
percorreram
• ~ona fIuí”fluminense; leitor encontrará
Jnense; o leitor encontrarà interessantes ilustrações, em que são reprodu
interessantes ilustrações, reprodu1idas
2idas
P ita s
pinas, Ac
F^rariiiaftexto de T tf*™
t f J. E. Tejxeira
™ £
Teixeira MendesafeJ ira
lt ,dtt e senzalas, em l.A11oura Ca/eeird Paulista.
Paulht*'
Mendes e aquarelas Ve!has
Velhas F**tnda*
'Fazendas do Município
aquarelas de José de Castro
l\l,,nicf pio de
Castro Mendes,
de Cam
Mendes, Departamento
Cam•-
Departamento
F.!.tadua!
RibevmllMd.e Informações,
Informações, São Paulo, Paulo, 1947. Recomendamos descrição feita
Recomendamos a descrição por Charles
feita por Charle!
R1heyrollt1 (Brasil rPitortsco.
eravura» ttorAesco‘ Hj^ória-Descrições-Colonização-lnstituições,
Hístória-Descriçõts-Colonização-lnstituições, ilustrado
ilustrado comcom
SSn p í í de i oÁ
gravuras Victor .Fr°Frond. tradução > *t= notas
n d > traduÇa< de Gastão
notas de Gaseio Penalva,
Penalva, Livraria
Livraria Martins
Martins Editôra,
Editôra.
òio
Slo Paulo,
Paulo, 1941, vol. vol. li,
II, pgs. 32-33).
32-33).
(26) rÇf*
Cf. A- de E. Taunay,
A. de Taunay. História
Hist6ri" da
da Cidade
Cidaà, de São Paulo
tlt São Paulo no
no Século
Sículo XXVIII,
V III, op.
op.
cit., Vol. III•
I . l.*
1.• parte,
parte, pgs.
pgs. 20-21.
20-21,
~27) M. *>aes ®a.r ros» No
Paes de Barros, Tempo de
No Ttmpo de Dantes,
Dantes, op. cit.,
cit., pãg.
pág. 99. doc~ment 2 ção
A documentação
nn*
relativa Aao extenuante regime de trabalho
extpnuante regime escravo éf relativamente
trabalho do escravo relativamente rica,
rica* mas dispensamo-
mas dispensamo-
1101 de
nos enumert-la
cte enum aqui.
eri-la aqui*
,,.. • •

INQUÉRITO
INQU~RITO UNESCO-ANHEMBI
UNESco.AN}it.- .
. -------------------------...:~:_:~c.~~~f8~1 '
• !!- , „ . ava a ser deshumano
ser deshuman o (“
( 28
). De qualquer m aneia
De qualquer
eh ava ).
de dlcS fin ad os às ocupações
oc up aç õe s so cia
socialmentelm en te de gr
degradadas i:a ne ira ,
de o-abalhop.u..o~on
t r a b a l h o f ; n a d o s
ª~ as e
ambos esIava™ nhum benefício
be ne fíc io do pr óp
próprio rio tra ba
trabalho, lh o, po
pois is aª
a lci *
ambos tes~avamenhum 1
e1 a~ e ..
não auferiam n ^ ito de auferir
au fe rir do es cr
escravo av o to
tododo o
o provei?"
não au er1am :or ''o dire
r a vaa aao
g u rav
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ss ív el' '
o S
e
se
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o
j “ «exigir
''exigir
os
os seus
se us hsserviços
~! ""

1ç Qo s
~a
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gratuitam uà

1t am ente
en te_ pelo
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od o „
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possível
Po . e d
e mais ^
Jh e conve„ha”.
co nv e1 1 a • Q uanto
ua n o à
" apropriação
ap ro pr iaç ão d
dos D r®
à ~ - d , . · os pr o-
maneia qu
maneira trabalho excedente exce dente e à formação 1.o r1na çao dee ,pecúlio pc•l:ul10 pelos pelos escravoses c:ravo
ventos do • t· ,, 1 8
até 18
até 1871- nen71 ne nh um a lei ,bes
lei lhe
^
s ga ran
de
!º»
uItim
. °o
a
pe
pecú
cu
vontade,
io;
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e
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ne
m en
men0s
m
os
a
a
a
liv
C
sucessãr.
s
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..
. sobretudo por ato de ul tim a vo nt ad e,
. d N - ,, (2 .9 ) C ucessao
d1spos‘1ç
dS ao
quaTdo - j a e ^ a v
avo o da a Nação”
aç a? < -) . C on tu
ontudo, do , tan
tanto to “
. inda quando seja es cir
l:-- ^ da~ qu C aanntot o nanas s cid cidades,
ades, coconseguiamnseguiam alg
h
uns prproventos,
alguns oventos , reresu,. nas
su1..
1aze
"tan S n á'71 do cultivo de pequenas •
qu en as hortas
or tas •que
qu e os se nh
senhores or es lh
lheses e
con.
tes seja do cultivo de pe
T L Las
cediam (nas quais rrabalha~am quais trabalhavam nos
no s domingos
do m in go s ee. fe ria do
feriados), s), se
sejaja ~n
do 0
..
™ de iornal ·om al pelos
pe lo s serviços
se rv iço s prestados
pr es tad os a ter ce
terceiros iro s (3
(» º).
). A
A lei
1 .
e1 de
de
ex^ceeSS de
Om bJ r o de 1871 regulou • 'd. es tab eJ e..
S t e tem br o de 1871 regu 1ou juridicam
1u r1 1c a~ en te
ente a m até ria
atéria, , estabele-
de se
28J ao - " t
cendo: ''t. pei niitida aopermitida ao escravo
es cr av o a formação
fo rm aç ao de um
um pe cú
pecúlio lio do
do qu
que e
P r o v i e r de doações, legados
ad os e heranças
he ra nç as e com
co m o qu
que, e, po
por r co ns
consen- en .
lhe provier de doações, leg
is e n to do senhor, obtiver ~ do seu
se ~ trabalho
tra ba l~ o e ec on om
economias” ias '' (3
<«).1 ). To
To. .
timento do senhor, obtiv ·d
Jda,,i•a a- ap nnlíeacão da lei dependia
de pe nd ia tre
estreitam
es ita m en te
ente da
da vo nt
vontade ad e dos
licação
£senh £:re£s qquueeafrau d aram d e ^vár i
rioo ss modos
m od os ( 32
- ) . O se
seu u in ter ês
interêsse, se no
no s
a fraudar.am de ).
. , , o
™ o estava ' em impedir que os escravos constituíssem
?~ t1 .tu 1s se m pe cú
peculios lio s su
sufi.fi. ,
'
caso, estava ~m impedrr qu e es .cr av os co
“ emes para o próprio resgate;
sg ate ; se isto o era
e_ ra d1 f1
difícil c1 I pa
para ra os es cr av
escravos os da
da
cientes para O próprio ~e ist
roca era bem
.roça, era bem mais fáal p~ra mais fácil para os das
da ~ cidades.
od ad es . ~
A es ca
escassez ss ez de
de br aç
braços, os ,
W m impeliu os fazendeiros
nd er ro s paulistas,
pa ul ist as , flu
flum m in en
inensesse s e m in eir
mineiros os a
a
parém, impeliu os faze
adotarcertos estímulos os que
qu e contribuíram
c~ nt rib _u íra m p
pa ara
ra sim
sim pl ifi ca
plificar r a
a fo rm
formação ação
adotar cert~s estím ul
de pecúlios- o pagamento de jornais
1o m a1 s pelo
pe lo tra
trab ba lh
alh o o pr es
prestadotad o ao
aos s sá
sába­ba -
de pecúlios: o pagamento
dos e domingos ou pelos excedentes
ce de nt es da
da colheita
co lh eit a m éd
édiaia es tip
estipuladaul ad a( ªª) .
(33).
dos' e domingos ou pelos ex
Parece que alguns fazendeiros não
nã o p
pu u n
nh ham a m ob stá
obstáculos cu lo s a
a qu
que e se
seus us
Parece que alguns fazendeiros
escravos negociassem os produtos
pr od ut os de suas
su as ho
h o rta
rtas s na
nas s vi las
vilas pr óx
próximas im as
escravos negociassem
ee .lá adquirissem
lá adquirissem as as m mercadorias
er ca do ria s qu e
que de se jas
desejassemse m (e m(em ge ra l,
geral, ro up as,
roupas,

MO) Os viaiantes principalmente nre osos que


qu e ive
estiveram
est ram na
na zon
zona a flu mi nen
fluminense, se, nonotaram taram
(28) us
(28> janres, pri
Os vjavia/anres, oci pal
priuçip me menos duro que o da can cana; balho nana
cul tiv o do caf é eca . me no s dur o que a; oo tratrabalho
continuamente
coacJnuamentekseesse o. O culrivo ao cate era me
farfato. O m escravos da roç
da roca
a

oasçJ g s -§
z, mu ito ma is int ens o. Em reg ra, os esc rav os
~poca da colheita era, por sua v·e
tubilhívim^no^período
trabalhavam oo períod ?da m z n h td y * ? d e e che
o da ma nh ã, da car de e da
gav
no
a
ice
da noite <•**£>•
a
(se
es. g
rão
ota
).
r
Rugcendas informa que
os*e!cravos
os esc rav os ía^ m po o ^ de
nto e
o nfôrço consraote e com pequeno descanso , donde o dita<lo: dormioho,co como negro
"lles adormecerem onde quer que se Zencont rem
op. cit., pág.
eoseoho" (Joio Pitoresca^ atr**e\ d °
s s z S s z

cio Ru gen das , Via ge m Pit ore sca 11 Jra 11 do


és Br asi l,,
de
de engenho" Maurí
(João Maurício Rugendas,
do tra bal ho^ escravo
esc rav o abrangia
abr angia
179). sôb re a org ani zaç ão
,17 9), touis
Louis Couty,Couty, cujacuja experiencia
experiênc ia sôbre orgam zaçao do trabalho artesão$
qu e os cam pei ros , os
‘ns das das zonzonas
as
igualmente
1gualmenceo Rio o Rio de Janeiro
Jane iro e São Pa ulo
Paulo, , af írm
afirmava ava que os campeiros, os a s trabalho
trabalho
urbanas jam "m ais lib erd ade , ma is pra zer es, e me no
utbaoas ee os os escravos
escravos domésticos
domésticos teriam cer "mais liberdade, mais prazeres, e 24-25).
que
que o» º' nossos assalariados
.nossos assalariados da Europa"
Eu rop a" (cf.
(cf . LEsclavage
L'E scl a1 11 1g au
au
e Brestl,
Br ési l, op.
op. cic
ci .. pg.
pg s. 24- 2~).
(29)
(29) A. M. Perdigão Malheiros, op. cit.,
Perdigfo Malheiros, cit., vol. vol. I, pág. 55.
I, pág. 5S. derick
_~ (30) Idem; cf.
~30> Idem: cf. também Rev. também Rev. R. Walsb,
Wa lsh No
N o tic
//ces
« of
of Brazil
Br az il in
in 182
1828 8 dm l 182
1829, 9, Fre
tre derick
Ch
Westley B ] and A. H. Davis, London, vol. li,•
II, pág.
pág , 24
241; 1; J.
J. M.
M . Ru gen
Rugendas,das , op
op. . _ccit
i .t . pág
p a .* ^18S;
s '
st and A. H. D~vis, londo n, vo J. ,
\-u. Qbeyroltes,
iiiDeyroiies, op. cit., vol. II, pág.
pâg.
pág . 38;
38 ; com ref erê
referência
rererencia nc ia a Sã
São o Pa ulo
Paulo, , d.
cf. A.
A. de Ta un ay
H i tsió
Hí Àrx les
• 7r~ 1 op. CJt*7., vo l.
• Hiitória
lÁ + m
do0 Café
/* * IL
1 no Brasil,
Br asi l,
___1 - f . * ____„_______
vol.
vol . sic im
sétimo, o, pg
pgs.s. 43 6-4
436*437.
i t f
37. . • ol II páí* ^9
Repertório da Legislação Strvil,
" r: 11()
''"
yT .(31)!ko,
'i. Cf. c: Luiz
n. u, .i:
Maria).M V id
ar
Vidal, al
ia , pe rtó rio da Le gis /a; ão Se NJ il, op
op. . cit
«C.,., vo
vo l.
. ll,» pá g.
(I*i 2.040, art. 4.9).
(w Re

::::g·
(32) Cf. Joaquim 0 Abolicionismo,
Nabuco, O .tf.bolido,,ismo, op.
~oaquimNabuco, op. cit., cir., pâg.pág. 127. 127. 154 -15
15 4•
1588.

(33) Cf.· À.• de E. Taunay,
de E. Taunay, loc. cit Ioc. cit.;
.; I..
L . .A gu
Agassiz siz e E. C. Ag ass
Agassiz, iz, op
op. . dt.
cit., , pg s.




;ií!:k.
•••~•,· •',••.'t~:
• 1 .. .. .. -
.»/.;>
) 4. • .1
r t .t/ .;;
• -
v\ í.\ . . "" » A,1\
)
1 • \ 1 1 •

RELAÇÕES RACIAIS ENTRE


llELAÇõES RACIAIS E N T R E NEGROS
NEGROS E BRANCOS
BRANCOS E~I
EM SAO PAULO
SÃO PAULO 777
7

- fumoo e a cham
fum chamada ada “com''comida ida de regalo”) (34 ). O
regalo'') (34). Outros achavam que
utros achavam
êles mesmos deviam com comprar produtos, pagando
prar os produtos, pagando por p o r êles “um ''um
razoável'' (36).
preço razoável” (35 ). O depoimento
depoim ento de uum senhor da zona flum
m senhor flumi-i­
nense dem demonstra
onstra qque u e tôdas essas pequenas pequenas concessões no tocante tocante à
ppropriedade
ro p ried ad e eram feitas feitas tendotendo em vista a fixação fixação do escravo e o
prazer
prazer pessoal do seu dono: dono: ''Estas
“Estas suas roças, e o produto p ro d u to queq u e delas
r.. tiram , fazem-lhes aadquirir d q u irir certo am amor or ao país, ddistrair istrair um Pouco pouco da
escra;idão,
escravidão, e entreter-se entreter-se com êsse seu ppequeno eq u en o direito
d ireito de pproprie- ro p rie­

dade. Sem ddúvida
dade. fazendeiro enche-se de certa
ú v id a o fazendeiro certa satisfação
satisfação qquando u an d o
chegar o escravo de sua roça trazendo
vê chegar trazendo o seu cacho de bananas, bananas, o
'· cará, a cana, cana, etc”. (36 ). Essa aatitude
etc''. (36). titu d e tamtambémb ém eera ra ppartilhada
a rtilh a d a pelos
••
..
fazendeiros
fazendeiros ppaulistas aulistas (37).(37 ). O escravo nnão ão chegou
chegou a gozar, pürtanto, p o rta n to ,
de uum m direi
d ireitoto de d e propriedade,
p ro p ried ad e, mas m as de uma u m a ficção, criada criad a parap a ra ali-
ali­
• mentar
m en tar certascertas conveniências
conveniências sociais dos senhores senhores..
• As discrim
discriminações
inações legal legal e ppolítica
o lítica se processavam
processavam concomitante
concom itante-..
mente,
m decorrência da pprópria
ente, como decorrência ró p ria condição
condição do escravo. escravo. “O ''O nosso
Pacto F
Pacto Fundamental,
u n d a m e n ta l, nnem em lei algum
algumaa co n tem p la o escravo
contempla escravo nnoo nnúmero ú m e ro
dos cidadãos,
cidadãos, aainda in d a qquando nascido nnoo Im
u a n d o nascido Império,
p é rio , ppara
a ra qqualquer efeito
u a lq u e r efeito
em relação
relação à à vida
vida social,
social, ppolítica
o lítica oouu ppública'' (38 ). As leis relativas
ú b lic a ” (38). relativas
escravo nnão
ao escravo ã o se in incorpo1·avam
co rp o rav am àà C Constituição,
onstituição, nnem e m àà C Consolidação
onsolidação
• das L Leis
eis Civis; elas faziam faziam pparte a rte do ch am ad o Código
chamado Código Negro Negro (30). (39 ) •
Dee m
D modo
o d o que
q u e o escravo
escravo estava estava sujeito
su jeito a uuma m a pplenale n a inincapacidade
cap acid ad e
civil. Assim, não n ão era ad admitido
m itid o a ddar a r qqueixa,
u eix a, ppor o r si, ddevendo
ev en d o fazê-lo
ppar intermédio
o r in te rm é d io ddoo senhor, senhor, oouu eentão n tã o ddoo ppromotor
ro m o to r ppúblico
ú b lic o oouu de
algum
alg cidadão
u m cid ad ão qque dispusesse a isso; não
u e se dispusesse n ã o ppodia
o d ia ddar a r ddenúncia
e n ú n c ia
•• contra
co n tra o seu sen senhor;
h o r; nnão aceito com
ã o era aceito comoo te testemunha
ste m u n h a ju jurada,
ra d a , m masas
apenas com
apenas comoo in informante,
fo rm a n te , qquando interêsse ppúblico;
u a n d o de interêsse ú b lic o ; acuacusado sad o oouu
réu,
ré u , seu se senhor
n h o r cconstituía
o n stitu ía o ccuradoru ra d o r nnato;
a to ; se o se senhor recusasse
n h o r se recusasse
a ddesempenhar
e se m p e n h a r os ppapéis a p éis ddee ccurador
u ra d o r nnato, seria su
a to , seria substituído
b stitu íd o ppor or
'
ooutro cidadão,
u tro cid ad ão , in indicado
d icad o ppelo e lo jujuiz
iz ddoo processo;
processo; pproibia-se
ro ib ia-se ao escravo,escravo,
sob ppenas severas, aatentar
e n a s severas, te n ta r ccontra
o n tra a vvida id a oouu segsegurança
u ran ça do sen senhor,
h o r, ddee
seus pparentes
a re n te s e ddependentes,
e p e n d en te s, e nnoo caso ddee ser ccondenado o n d e n a d o àà ppena ena
capital
cap ital não n ã o se lhe lh e reconhecia
reco n h ecia nenhumn e n h u m direito
d ire ito a recurso (4º). E
re c u rso (40). Em m suma,
su m a,
"o escravo, subordinado
“o escravo, s u b o rd in a d o ao poder (potestas) do
p o d e r (potestas) d o senhor,
sen h o r, e além a lé m disso
' equiparado
e q u ip a ra d o às coisas por p o r uma
u m a ficção
ficção ddaa le leii enquanto
e n q u a n to sujeito
su je ito ao
ddomínio
o m ín io ddee outrem,
o u tre m , não n ã o tem personalidade,
p e rso n a lid a d e , estado.
estado. Ê t. ppois
o is pprivado
riv a d o

(34)
(34) Cf. M. Paes de Barros,Barros, op. cit.,
cit., pág.
pág. 10Q;
100; e também
também Francisco
Francisco Peixoto
Peixoto de
Lacerda Werneck
Lacerda Werneck (Barão
(Barão do Paty do Alferes), Memória sôbre
Alferes), Memória sôb,e aa Fundação
Fundação ee Cust~io
Custeio de
de
uma
uma Fazenda
Fazenda na Província do
na P,011íncia do Rio
Rio de
de Janeiro,
Jantiro, anotada
anotada por Peixoto de Lacerda
por Luiz Peixoto Lacerda Werneck,
Werneck,
3.•
3.* edição,
edição, Eduardo
Eduardo & Enrique
Enrique Laemmert,
Laemmert, Rio de Janeiro,
Janeiro, 1878, pág. 25.
1878 pág. 1

(35) Cf. P.
(3S) F. P. de Lacerda
Lacerda Werneck,
Werneck, op. cit., pgs. 24*25.24•25.
(36) Idem,
(36) Idem, pág.
pág. 25.
(37) Conforme
(37) Conforme o que que escreve dona
dona Maria Paes de Barros,
Maria Paes Barros. op. cit.,
cit.. pág.
pàg. 104.
(_38) A. M. Perdigão
(38) Malheiros, op.
Perdigão Malheiros, op. cit.,
cit., vol.
vol. I, pág, também J.
pág. 2; veja-se também J. Nabuco
Nabuco,
Clt., pgs. 124•12b.
op. cit., 124-126.
• (39)
(39) Conforme J. Nabuco,
Conforme Nabuco, loc. cit ••
loc. cit..
, (40) A. M. Perdigão Malheiros, op. op. cit., I, pgs.
cit., vol. I, pgs. 22, 24 ee 62.
~• •

'l

•'
INQUtRITO UNESCO-ANllE~tn1

7S
78 ------------------------------------------------- -
de tôda capacidade civil” (41). Com exceção de a tos ttim.

ºd d civ il,, ('1 ). C. om ex ce çã o de at 1n osos,
. • d
ilícitos
de t ae imorais,
ôd . ca pa c• . o senhor
a e senhor tudo tudo podia

po 1a exigir ex1g1r doo escrav°S escrav ,o coCriIílin°so m O he
.ne ..
plácito
ilícitos eda lei, obrigando-se em troca,
1m 0
r~ is, bºr iga nd o-s e em tro ca
ê
,
. exclusivamen
ex clu siv am en
d
te, a
^ C° m ° st1-Io
ve
alimentá-lo
láC ·to
l da e proporcionar-lhe
1 e1 , o
Po rci on ar- lhe assistência
ass
.
1s t nc 1a em
em su
suas as d oe nç as
3 ~2)
(Vesti.J ,
p.
al1men~á-lvigente
»«r.«lacão
JP11'isl~ aca,·1
o.e P:: só não concedia aos senhores
só nã
o genseus esc-rav-os, bem co
o co nc ed ia ao
™mo
s sen ho
f
res
,o aa faculdade'de
ac u
ld o dd ' d°.en•Ça s (42)I a Je
o
a
dir
e
eit
e
o
mf
de
lig
'7.
ir.1


A
e
--,-
rte so"b
re . d , • •n es
tdeS ,mo • ^ :tiggo 1
os corporais
co rpo rai s (açoitamen
(aç oit am en to o om
dom est
éstico)1c o) alé
além m de
de* cee ^
c rto s
sevt1c 1a se e.asSob o ponto de vista legal • 1 1 I' ·
S e W ª). So b o Po nto de v~ t~ eg a e p
po o ll.t.co
it1 co , p
ôp o
do rta
rtan nto
to ,
, o con.
co„.
limites(• eto : t as as ga ran •
IraTte entre , · as duas
du as ma
camadas
ca da s so c1
soc.a.s a1 s era co
com mp pleto: tôdas
. as g ar a„ tia8
tia s
tre a
endesfrutadas 5 d . -
StraSste L
. a1 d
. s es ru f tad as pela
pe la camada
ca ma da d om
. 1n an
inante te •
na
nao o tin ha
h am m ap
a p lic a ça..o,
licaç30)
soc1 ca ma da ser vil . consagrava aa escravidão
1e1 consagrava
A- lei escrav·d-
de nenhuma forma, for ma , à camada servil. . A d I ao
de ne n h um
e s a n c .io n a vva
aa , sem res restrições, a ex po
expol.açao l1açao d e uum m ggruru pop o racial ppor
racial
tri rõe s, or
e sanciona , -s
outros.
ou tros.
A d is
A discrimi c r im in
na a ç
çã ã o
o social
so cia l abrangia
ab ran gia _n
n aatu
tu ral
ra me
lm enten te tôd
tôdas as as
as esf era
esferas s
ou sit situaçõesçõ es da vida
vid a social.
so áa l. As
A! fro nte
fronteiras ira s qu
q u ee sep
separavamara va m o sen
O senhor hor ee
ua
00
o escravo só permitiam
pe iin itia m que
qu e ele
êles s se en co ntr
encontrassem ass em ne
nessassa qu ali
qualidade,da d e,
o esc ravo . . .
em tôdas as circunstâncias, cia s, ainda
am da qqu u ee ex 1s
existissemt1s sem 1 aç
laços os afe tiv
afetivos os en
entretre
em tôdas as circunstân
ambos. Na verdade,
ve rda de , senhores
sen ho res e rav
escravos
esc os for
form ma va
avam m du
duas as ''so cie
“sociedades”da de s"
ambos. Na
distintas, que coexistiamist iam no seio
sei o de um aa ord
ordem em so
socialcia l inc lus
inclusiva. iva . Aq
Aqui u·
d:~cintas que coex ºá b. l
não ~ nos , interessa êsse aspecto, ec to, J
já qu
q u ee o o b JC
jeto to do no sso
nosso est
estudoud o é
é
não nos int ere ssa êss e asp
outro, e nos obriga a considerar
co ns ide rar ap en
apenas as ~e rta
certas s co ns eq
conseqüências üê nc ias da
da re-
re­
outro, e nos obriga
lação senhor-escravo, o, que
qu e excluíam
ex clu í~m os ca tiv
cativos os ~a
das s pr?
p ro ~a
b bil
ab ida
ilid de
ad s es de
de
Jação senhor-escrav
atuação social e das compensações
mp en saç oe s ou ga
g a ran
ra ntia
tias s so aa
sociais 1s ass eg
asseguradasura da s
atuação social das co
pela ordem senhoreal. l. Porém,
Po ré~ , um a
a coisa
c~ isa pre cis
precisa a fic ar
a r _c lar
clara: a: é
é qu
que e
pela ordem senhorea
no meio de
de tanta
tan ta heterogeneidade
he ter og en eid ad e rao
racial, al, cu
c u ltu
ltu ralra l e so cia
social, l, o
o código
código
no meio
ético dos senhores sobressaía ssa ía p
po o rr su
sua a uunn ida
id de
a d e e pe
p e la
la vig ên
vigência cia do
dos s
ético dos senhores sobre
valores e das normas as que
qu e o titu
constituíam
co ns íam . . As me
m enno oresres co nc
concessõesess õe s nã
não o
valores e das norn1
se faziam sequer ue r aos
ao s estranhos
est ran ho s à loc ali
localidade, da de , qu
q u e e ign
ig n ora
o ravva mam os
os co
cos­s-
se faziam seq
tumes dos paulistas
uli sta s e os hábitos
há bit os de u11 m ma a so cie
sociedade da de em qu
q u ee a
a esc
escra- ra-
tumes dos pa
vidão deturpara ra o antigo
an tig o sentido
sen tid o eu rop
ro peu eu da
das s no
noçõesçõ es de
de tra
trab ba lho
alh , , de
o de
vidão detur pa
honra, de dignidade
dig nid ad e e de m
mo oral.
ral . Um
U m a a pe
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ilus*
honra, de
‘trar
trar esta af. U ina
esta annnaçao. wuiauiv çã o. Dur
Du ant
ran te e sua
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pe e rm
rm
------ ana n
ên ê n
cia c ia em Sã
São o Pa
P auulo lo, , um
à «nhre-
à so br e-
viajante
viajante foi foi recebido
rec eb ido p
po o r
r um aa im p
po orta
rta nte n te fam
fa m ília
ília do
d o lug
lu gar.
a r A sobre
mesa, lembrou-se u-s e de elogiar
elo gia r a dona
do na da
d a ca
casa,sa, atr
a ibu
trib uind in o-l
d o he-lh e a
a co nfe cç ão
mesa,lembro
dos doces que · comera;
co me ra; esta
est a mme lin dro
elindrou-se, u-s e, po
p o is aq
a q ueu ela a era
e ra um
u m a oc up a•
d_osdoces que
ção das escravas, e não
nã o ocultou
oc ult ou o seu de
d sag
esag rad
rad o. o . O
O po
p o bre re via jan te
çao das escravas,

■■ ■' ■
■■»I m*
(41) rol. I, pgj.
I<km, vol.
(41) Idem, 44-4,.
pgs. <4-45. ao
(42) Idem, rol. I, pág. 67. fisse
!ss e asp ect
aspecto o da
da Jeg
leg isla çfo
islaçlo n ínlo
o devedev e»«rser tom
*°®a ao ~
adop°ro?ento»
da ,:r~!) kde1!1, YOJ. I, pág . 67. _-v enro,
da lefra.
de su15 • ar· Havia ~J'd
senhores
sentres que ~m que compeliam
peJ iam as
as rav
escravas
esc as ao me
m retr ício
eretricio_e e rec
rec olh iam os pro libertar
de suascraatividades.
as
rv~x~l~;·
e:1 va,exploradas
as escravas d
1~
4-76
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Nem
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Por
essa ma
isso
isso
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(cf.
(d.
una is viram
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Evaristo
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orais, ,
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a
a
par
A
.Ah
b o
ol1
!•bn~rt
a.licio
c1o
ar
ista,
o,sta,
op. pgs. 174-170.
cit., pgs.
op. cit., 17 cJt
·r
· (43) Cf A M p d'..c 0 Malheiros, op. cit.,, vol Mo raes, op.semPf' cs;~
30·1
}
1{1 5 as limitaçõess sôbre cit. . I, pgs . 7•1 3;
7*13;, E. de
J:
M*. r;20,-210 M- JPerdigJo
207-210•ee 301, Aliás,
. ~ •.
6 •
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dir eito
pgs.
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E.
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os esc rav os je ser nP.1
servil*
Otz inócuas· ee a; instituição
m inócuas;; nto o pró prio regime ,erv•' ·
im p6de durar quase tan
tantoto qua
quanto proprio
Pois
Poi.lsó
s6 foi abo Íid
foi abolida a-. mS
em novembroriru ibç
.._ Dovcm
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ro de 1886.
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1886,
dur ar qua se


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-
. RELAÇÕES RACIAIS
relações r ENTRE
a c ia is e NECROSE
ntre n BRANCOS
egros e b Eil
rancos e SÃO PAULO
m SAO PAULO 779
9


i

t ficou deveras
ficou deveras embaraçado.
embaraçado .... . ((4 4
t). suscetibilidade às
4). A suscetibilidade às conveniências
conveniências
exteriores ia
exteriores ia tão
tão longe,
longe, queque o menor
menor deslise
deslisc no no trato
trato de uma uma pessoa
da mesma
da mesma condição social chegava
condição social chegava a acarretar animosidades e até
acarretar animosidades até a
brusca ruptura de
brusca ruptura de relações
relações de amizadeamizade (4 (455).
). compreensível
Assim, é compreensível
que não
que abrissem brechas
não se abrissem brechas no no que que concerne
concerne ao tratamento tratamento do do es­
es-
cravo, e que
cravo, que os círculos
círculos de de convivência
convivência dos dos brancos
brancos fôssemfôssem realmente
realmente
fechados. Os senhores,
fechados. senhores, pelo pelo queque sabemos, aceitavam três
sabemos, aceitavam três exceções à
regra de
regra de exclusão
exclusão do escravo de
do escravo de sua vida social. Primeiro,
sua vida Primeiro, davam davam
liberdade
liberdade aos filhosfilhos menores
menores para para se associarem
associarem com com os filhos filhos dos
escravos
escravos emem seus folguedos,
folguedos, visando
visando estimular
estimular a lealdade lealdade dêstes dêstes parapara
com
com aquêles.
aquêles. Foi Foi o que que observou
observou Mawe, Mawe, quando quando de de suasua passagem
passagem
por
por São Paulo:
Paulo: ''Seria
“Seria desejável
desejável instituir-se
instituir-se algumas
algumas reformas
reformas no no seu
seu
sistema
sistema de de educação;
educação; os filhos filhos dos escravos
escravos são criados criados com com os dos

senhores;
senhores; tornam-se
tornam-se companheiros
companheiros de de folguedos
folguedos e amigos amigos e, assim,
estabelece-se
estabelece-se entre
entre êles uma uma familiaridade
familiaridade que, que, forçosamente,
forçosamente, terá terá de
ser
ser abolida
abolida na na idade
idade em em ql!e
que um um devedeve dardar ordens
ordens e viver vontade,
viver à vontade,
enquanto o outro
enquanto outro teráterá de trabalhar
trabalhar e obedecer.
obedecer. Diz-se que que unindo
unindo
assim, na
na infância,
infância, o escravo
escravo ao dono,dono, asseguram
asseguram a sua sua fidelidade,
fidelidade, mas mas
o costume
costume parece encerrar grandes
parece encerrar grandes inconvenientes
inconvenientes e deve, deve, ao ao menos,
menos,
ser
ser modificado
modificado de forma a tomar
de forma tomar o jugo jugo da escravidão menos
da escravidão menos penoso penoso
pela
pela revogação
revogação da liberdade primitiva"
da liberdade primitiva” (4 (t 66 ).
). O costume
costume perdurou perdurou
mas, ao
mas, ao contrário
contrário do que supunha
do que supunha Mawe, Mawe, os escravos aceitavam como
escravos aceitavam como
natural as transformações
natural transformações que que se operavam
operavam no ânimo do
no ânimo antigo com­
do antigo com-
panheiro, quando
panheiro, quando êste êste empolgava
empolgava a direção direção da casa casa (47).
(• 7 ). _Segundo,
Segundo,

• relações das
as relações das crianças
crianças com com as mucamasmucamas não não estavam
estavam sujeitas
sujeitas a res­ res-
trições e chegavam
trições chegavam a assumir assumir uma uma tonalidade
tonalidade afetiva afetiva acentuada.
acentuada. O
seguinte depoimento
seguinte depoimento parece-nos,
parece-nos, a respeito, respeito, muito muito significativo:
significativo:
''Como era
“Como era boa
boa a Joaquina!
Joaquina! Nela Nela estava
estava personificada
personificada a devotada devotada
afeição que
afeição que os africanos
africanos sentemsentem em em geral
geral pelas pelas crianças.
crianças. Quando Quando
estavam doentes,
estavam doentes, levava-lhes
levava-lhes alimento
alimento e o remédio remédio que que a mamãe mamãe man­ man-
dava; quando
dava; quando adormeciam,
adormeciam, sentava-se
sentava-se no no chão,
chão, ao ao pépé dada cama,
cama, vigian-
vigian-
do-lhes o sono;
do-lhes sono; quando
quando sãos, contava-lhes
contava-lhes históriashistórias .. ... .Era
Era um um prazer
prazer
ouvir as
ouvir as lendas
lendas africanas
africanas sôbresôbre meninas
meninas roubadasroubadas que, que, metidas
metidas em em
cantavam pelas
sacos, cantavam pelas ruas.
ruas. Ou então, sôbre
Ou então, sôbre cavaleiros perseguidos,
cavaleiros perseguidos,

(44)
(44) S claro que que
fi claro a imputação
a imputaçãode ocupações servisservis
de ocupações às pessoas da camada
às pessoas da camada senhorial
senhorial
implicava desconsideraçlo social e ,podia
implicava em desconsideração interpretada como uma ameaça
podia ser interpretada ameaç:a. ao presti*
prestf•
afetadas.
gio das pessoas afetadas.
(45) O cumprimento
cumprimento ou saudação saudação cerimoniosa entre amigos
cerimoniosa entre amiJtos (e mesmo entre entre desco­
desco-
Dhecidos), nos encontros
nhecidos), encontros fortuitos muito conhecido,
fortuitos é muito conhecido. Saint-Hilaite
Saint-Hil.iire se refere a êle, como
sendo um háb
«endo hãbito incômodo, destinado
ito incômodo, "menos à pessoa,
destinado "menos pessoa, do que à posiçio”
posic;io" (in
(in op. d cit.,
t,f
• vol. I, pág.
pág. 271).
271). Um de nossos informantes, pertencente a uma das famílias
informantes, pertencente famílias tradicionais,
tradiciOf'l~is,
relatou-nos como o seu avô, no começo
relatou-nos comêço do século,
século, disse um desaforo
desaforo e rompeu relaçoeJ
rompeu relações
com um amigo,
amigo, da mesma posição posição social, s6 porque
social, só porque fste cumprimentá-lo limitou-se
êste ao cumprimentá-lo limitou-se a
acenar com a mão,
acenar mão, em vez de tirar tirar o chapéu.
chJ.péu.
(46! John
(46) John M awe? Viagens
Mawe, Viagens ao ao Interior do B,asil,
Interior do Brasil, Principal,nnlt
principalmente aos Distritos do
aos DistTitos Ouro
do Ouf'O
e, dos Diamantes, op. cit.,
dos D1amt1ntts, cit., pág,
pig. 91. .
(47) D
(47) Dados obtidos diretamente
ados obtidos diretamente de um informante
informante de côr, com experiência
experiência a• respeito
re.sp,ito
• do1 comportamentos
do* com descritos •
portam entos descritos.

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galope p e d
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igo e a ti ravam ara trás Ultl
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(" TUni alfi,
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8) . T e ~ lf1.. 1

o“T m X se um certo c e rt o p a te
paternalismrn alismoo na conn d uta ta d o se
se n h .
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r ln . d é •
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" 'T r a v o s ,
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o n 1 st e mW^T _..a "'ºtn
seus esrravo~, _pranc•~:acom
IZ co favoritismo
{ranco favo~itis~a':J (em vid para com os os chamados ••
chamados c
“criasrias da
1
da casa”.
c o
casa''.
, e mesm "'
Es™° :.. u«mm
•é^ue êle libertasse (em « d a
a oouu Por te
por stamento) os
testamento) o s filhos
fillios n~tuª"~·
se que êle Iaber e fizesse algtins legados em b
ccom
om as as ee ssc c r a v a s e que fizesse alguns legados em benefício
ra~;~e ~:torais manumitidos. enefício de de ee,sc‘r raaia 18
fiéis
fi éis o ou u ddos filhos naturais manummdos. . cs<*av08avos
os _f•• os,a..o. social se evidencia
A
A d discriminação
is c r1 m in a 'l social se evidencia ccom om grande g ra n d e nitidez
n it id e z „qu d
. •m e d e v id a se x u a I d os ' ffoa^n 0
ssee cconsidera
onside~a oodregime de vida sexual dos escravos,
areg~upações,a frustração de
escravos, a rreejejeiçito ã o o
dde ddeterminadas ocupações, a frustração de ddireitos
ireitos est s atabebleecle c l"
i^ll*la1l ,
e eterm111a 'psro c o n a s re la ç .. . • • •
id
tratamento
tratamento recíproco nas relações o e s so c
sociais,
1 a 1 s, e os
o meios de per o s1, 0
o
à social
re o ., s m e io s d e p e rs u a ...
in
incentivação

cent1vaçaooou _ a c o m o d
0 acomodação dos e a ç a o d o s sc ra
escravos v o s à ordem d . v .i p / 119550’sao
o r e m so c ia l v ig
vida

vida se d o s e sc ra ,·
xt1a1 dos escravos· não encontrava
sexual
. m a tr im ô n
o s n a
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o e n c ontrava uum

m aa expressão
e
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x p re ss a o
.. , no***'
n o
e n
rm
te
al
• ^
A ,
reg••1ad01a no
reguladora n 0 matrimônio. io . P a re
Parece ce que que reinou,
reinou, durante u ra mu',1”131 e
• e de pater 1ncertus, mate . . n te m u it o te
po, .
o' uum m re regimeg1m de pater incertus, mater r certa
certa nno interior das tCm“
escravas S<n
P o m te r1 o r Dl•
o qual
0 qua 1 se seria • in c e n ti v a d o
ria incentivado pelos próprios
io a fi rm
p e lo s ó
pr pr10s donos
.
• d
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n o s
d
dasa s e sc ra v
d
a
a
s.
s se
-
n
Debr
z al
a s,
por exemplo, afirma a is to
isto e x plicitamente: “Como
explicitamente: orno uum m p roppririet' * et,'
eescravos
scravosnão
P
par exem - 'pode sem ir de en
na 0 pode,, sem ir de encontro à nnatureza,
de freqüentarerri as negras, tem
c o n tr o impedir
atureza, impedh- ao

pro e
a

o s
ri o
n
d
neg° r e
de freqüentarem as negras, tem-se -se por por hhábito, nas grandes S negr. os
cabe-lh
dades, reservar uma negra para á b it o , n a s grandes proprie-
dades, reservar uma negra para ccada ada qquatro uatro homens; h o m e n s; c a b e -l h e s
^>r°^r*e'
jar-se para compartilharem so arran ..
jar-se para compartilharem sossegadamente ssegadamente o fruto cfessa ^ arra®'
feita tanto para evitar os prete
feita tanto para evitar os pretextos xtos dde e fuga como em
o fr u to c fe ssa concessão
vista^d^6^ 0
a da mortalidade”
procriação destinada a equilibra fo g a c o m o e m v is ta de uma
procriação destinada equilibrar r ooss eefeitos feitos da mortalidade''
fa to , a e sc a ~ e z
fato, a escassez de mulheres criava d e m u lh e re s criava uuma ma f~ fonte de insatisfaça (4 9 ). De
a especiais
nte de in~a ~isfação para os
escravos, obrigando-os a desenv
escravos, obrigando-os desenvolver olver té técnicas
m1cas especiais do fr.F?** -°S
da fiscalização exercida sôbre
da fiscalização exercida sôbre êêles ea
les e a eenvolver-sen v o em
d e
confl*
frustração
ç5°
escapadas
os companheiros, por disputas a lv e r- se e m c o n fl itos com
os companheiros, por disputas amorosas. morosas. As A s e sc a p a d a s notnrlí!!
n o t1 C °m
entrevistas de amor eram freq 1 rn a s para
entrevistas de amor eram freqüentes üentes («>); (l S º) ; e Florence
F lo re n c e relata
re lata o assas.. o a?
sínio de um escravo da sua co
o de “ escr3vo àa sua mitiva, em
comitiva, em conseqüência
c o n se q ü ê n c ia da T.?<,
uma negra (61). Além disso, a
uma negra («). Além disso, ass m
requestadas pelos senhores, por
mulheres
ulheres m maisa is bonU
b o n it a sa, ee nova
d a lt
novas eram l J
1ta por
"
requestadas pelos senhores, por seus seus fi filhos
lhos ou o u poorr outros
p o u tr o s h o m tn
homens da
fa m íl ia , e n ã o
família, e não se levavaa a sério se le v a v sério as as uniões
uniões feitas feitas ppelos nrór*p«rio•

J2 - a c r
fàcilmente
t í |
Separava.se o homem da mulhe e lo s p s escravos.
Separava-se o homem da mulher r tãotão fàcilmente quam q u a n to o os
ntães, sem nenhuma considera filhos das
ção para com os sentiimentos
j11dicados. dos pre•
. C.Omo tempo, principalnien , .
te depois da cessação do tráfi
nnifei st
f aerasmS-seTalg^umaasTten^dênScia^s Íhu^m d a C essa^ ° d ° ^ f i ccoo,, m maa.•
gu tendências hum aanitárias, nitárias, nascidas nascidas antes antes dos dos in- in- j
(48) M. Paes dt Barros, op. ci
Ht. <49>t:Jh. J t
<Jean Bap^cátc
Barf0S’
Debre°P‘
t., pp. 81·82.
C&‘’ Pg$' itSU82' 1•
^ pc« * Debret,
t, Via1m1 P
ViaSem Vitoresca < , Histórica
Histórica ao Brasil, op.
oresca
ao Brasil, op. cit.f
cit,, vol.
vol. I,
I,
J'

át., ~;. C/:
a mbt7t0Üt*t
2 Ch. RibeyroUa, Of>,dr., yoJ.
a í’ í5lí <*•» vol. uII,, plg.
pig. 32;
32; F. P. de Lacerda
P. P. Lacerda W Weraeck,
eroeck, op.
0
P•
op. ~~! i,iC,~:. '
rc :ula Plorence, Vi111,_ PJ"flilll
*■ « • . Pig. 49étaÚC* F]°« a ce. Tidl ao Amazonas
Fluvial do Tietê Ama:onas de u
J, 1825
1825 -" 1829,
1829, "°


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llELAÇõES
RELAÇÕES RACIAIS
r a c i a i s ENl"RE negros E
e n t r e NF.C~ROS IlRANC<>S
e b r a n c o s F.~I
e m SÃO
s a o PAUJ
p a u i _Q
o 81
-------
terêsses dos senhores,
senhores, que que da sua com1>reen~ão
com preensão ou hum humanidade.
anidade. Preo-Preo­
cupados
cupados com a escassez <le de braços, procl1ravam ligar
braços, procuravam ligar em emo<.ionalmente
ocionalm ente
os escravos
escravos às suas fazendasfazcn<las e se esforçavamesforçava,n por (><>rnã<) 1>erdt·r “peças”
não perder ••peças''
virtude de doenças,
em virtude doenças, brigas,l1rig,1s, evasões
c\·asõc~sou Oll falta
Íétlta de <le assistência
,llli~i,tên<·ia as
a~ ges­
ges.-
tantcs, parturie11tes
tantes, partu rien tes e recém-nascidos.
refé111-n,1s< :i<lc,s. O “casamºca~amento'' ento” de, e\<ra,·o
do escravo
com um umaa comcompanheira representava um
panheira representava u1n bom recursorecurso para para prendê-lo
prendê-lo
senhor e sua fam
ao senhor família.
ília. Conta-se
Conta-se que que em São Paulo, Paulo, quando
quando um
escravo começa
escravo começa a mostrar-se
mostrar-se irrequietoirrequieto e rebelde,rcl>elclc, o senhor clizia:
senhor dizia:
,,~ preciso
“É preciso casar
casar êsse negro
negro e dar-lhedar-lhe um pedaço pedaço de terra, terra, para
para assentar
assentar
a vida
vida e criar
criar juízo” ( 52 ). Q
juízo'' (52). Quanto
uanto ao tratamtratamento ento da pparturiente
artu rien te e do
recém-nascido,
recém-nascido, as palavras palavras do Barão Barão do Paty Paty do Alferes Al feres reproduzem
reproduzem
exatamente
exatam ente as preocupações
preocupações dos senhores senhores da época: época: ''Não “N ão mandeis
m andeis à
roça,
roça, ppor o r espaço
espaço de um ano, ano, a ppreta que estiver
reta que estiver criando;
criando; ocupai-a
ocupai-a
no serviço
serviço de casa.,
casa, como em lavar lavar roupa, escolher café, e outros
ro u p a, escolher outros obje-
obje­
tos. Q Quando
u an d o ela tiver
tiver seu filho filho criado.,
criado, irá,irá, então, deixando o pe-
então, deixando pe­
queno entregue a uma
queno entregue um a outra,outra, que que deve ser a am amaa sêca de tòdas todas as
mais
mais criascrias ppara lavá-las, m
a ra lavá-las, mudar-lhes
udar-lhes roupa, roupa, e dar-lhes dar-lhes comida,
comida, que que
deve ser apropriada
ap ro p riad a a sua idade idade e fôrças''
fôrças” ((53).
53 ).

Entretanto,
E n treta n to , ainda
ainda no terceiro terceiro qquartel
u artel do século século X XIX, escrevia
IX , escrevia
Perdigão
P erdigão M Malheiros
alheiros que que tantotan to no meio m eio urbano,
u rb an o , quanto
q u a n to no meio m eio
rural,
ru ral, prevaleciam
prevaleciam as uniões uniões ilícitas
ilícitas entre
entre os escravos; reconhece que
escravos; reconhece que
alguns senhores
alguns senhores (na maioria m aioria fazendeiros),
fazendeiros), procuravam
procuravam casar casar os escra-
escra­
vos, m masas embora
em bora a Igreja
Ig reja sancionasse
sancionasse aquêlesaquêles matrimônios,
m atrim ônios, o ''Direito “D ireito
Civil quase
Civil quase nnenhuns efeitos, em regra,
en h u n s efeitos, regra, lheslhes ddá'' á ” ((54).
5"). Somente
Sòm ente em
1869 se pproibiu
ro ib iu a separação
separação dos cônjuges cônjuges escravos
escravos e se estipulou estipulou que que
filhos escravos
os filhos escravos de m menos
enos de quinze quinze anosanos não não podiam
podiam ser separadosseparados
dos pais.
pais. A m mesma
esm a lei estabeleceu
estabeleceu que q u e o casamento
casam ento do escravo escravo de- de­
ppendia
en d ia do consentimento
consentim ento do senhor (55 ). Q
senhor (55). Quanto
u an to aos filhos filhos das
relações extra-matrimoniais
relações extra-m atrim oniais com os senhores, senhores, um acórdão acórdão de 1875
proibiu
p ro ib iu a venda
venda dos filhosfilhos naturais
n atu rais com concubinas
concubinas escravas escravas e obri~ou
obrigou
aquêles
aquêles a continuar
c o n tin u a r com ambos,ambos, mães mães e filhos,
filhos, em sua escra,·aria escravaria ((5«).56).
Em suma, legalmente
sum a, legalm ente nnão ão existia
existia um umaa famfamília escrava e socialmente
ília escrava socialm ente
tanto
tan to a estabilidade
estab ilid ad e qquanto u a n to a harmonia
h arm o n ia dos matrimônios
m atrim ônios feitos feitos for-

(52)
(,2) M. Paes de Barros,
Barros, op. cit., pãg. 104. J.
cit., pág. J. M. Rugendas ctSamento
Rugendas observa que o casamento
constituía "a m
constituía melhor
elhor maneir1 de prendê-los
m a n e in dc f:1>'
prendê-los à fa>enda mais forte
.end.1 e a mais gJranti1 de sua
forte garantia su1 boa
bôa
conduta"
conduta” (op. pãg. 180).
cit., pág.
(op. cit., IRO). Quando Saint-Hilaire esteve
Quando Saint-Hilaire este\·e em São Paulo, 01 senhores
Paulo, os seobores
"começavam .. a casar os seus escravos (cf.
"começavam” ( cf, op. cit., 1, pgs. 119 e 126).
cit., vol. I, 126).
(53) Lacerda W
F. P. de Lacerda erneck, op. cit.»
Werneck, cit., pgs. 26-27.
Perdigão Malheiros,
(54) A. M. PerdigJo Malheiros, op. cit., l 1 pig.
cir., vol. I, pág. 49. Isso fez
fex com que se valo­
n.lo-
ri2a!lse, na poesia
rizasse, negra, como reaçlo
poesia negra, reação às avaliações
avaliações depreciativas
depreciativas do branco,
brJ.nco o casamento
cas.uneoco
Ndiante
H da natureza”,
diante da natureza", aa união
uniio ppor amor:
o r am or: •
Quem vive na boa fi
Q11tm 11i,1t n<Jbf'Ja f'
Aqui,
Aqr,i, ou
nu onde
Otlde estiver,
~stí,·n,
+ Amando
Amando suasua mulher
'1111/btr
M uito btm
Muito bem cas"Jo
casado è! é!
selecionada de
(poesia selecionada Vigília de
Vigília de Pai
P.ii João
João,, de Lino Guedes; Slo
Gu,des; S 1938l.
Paulo. 193S>.
ío Paulo,
(55)
(55) J. N
Cf. J. Nabuco, cit., pgs. 127-128.
abuco, op. cit.,
(56)
(56) Cf.
Cf. Evaristo Moraes, op. cit.f
Evaristo ddee Moraes, cit., pág,
pág, 174.
174.
;,
,_-
. . •


1•
INQUÉRITO T OF.«SCc O.
INQUf.R ITO UN o .AN i ,EM
ANJJ '-'l\ oi
~ ll", rn1
= de m
.
malmeDte dependiam
de ne nd 1a

de modood o di reto do
du-e.o dos s se nhores.
senhores. Os
O s escravo»
es cr av o „
D 1
Zduto s
JDaJmente ,r-
do núcleo legal
1 1 da
da fa m
fam.ha íli
.
a pa tr ia

patr,arcai, rc a
1
• .
v.am
vi am seu
se u própi.io
pr óp ri o ^
s, ~..
fnento
ídos do nucleo ega mearado pela conc
Jllento con
c o n ttin
i n ua
u am men e ntet e a
C
ameaçado
or re
.,. pela upiscência ou
concup.scênca _ ou pela
pe la d^
d casa.
ev a~
“dão
·d - dos
d s se Corre em
em Sã
Sao o Pa
P*ulou 1o qu
que e na
nao o er eramam poucos
po uc o
sen nh h or
o rese s.. „-
si ao o
senhores
b or
sen_____
es que
qu e
,,
“enchiam
en c
b"
1
las ou
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ou aue
as
as
au e
negras
ne gr as '' e
e
d ep . b .
depo.s

o1s oobr.gavam
,,
r1 ga va m seus
se us es cr s
escravr“
av
ns
-
os
casarem re m rxi
..
ª rnm
com e - - ª ''d
“desrespeitavam”
es re sp ei ta va m sem
se m rodp.V**_
ro
..1
ue

io s _
as escr av°s
a I..Acats Êsses
~s:'e,:sfati
faL t•~' repercutiam no 01?1º,. ?sdescra':o â • d avas
casa'-"'""" in s, como O de.
seguinte te de sc rição de uma cerrmon1a e noivado: ''O avô
JDonsua a segu presentes se encarregav
de uma das moças presentes se e u u n c a u do
g u ca samento dos
casamento do s escrav
escrav
Tendo o pagem Joaquim
de uma das moçajoaquim chegado à idad
chegado à idade e própria
própria o senhor senhor lhe Jhe di°S di: *
fôsse
sse aà sa sala onde estavam costurando as
0
Tend? ~ageml onde estavam costuran
que
ue fo do as escravas,
es cravas, lançasse lançasse u um
sta d’olhos
d'olhos ee vi viesse dizer
q
vi a Jh "d H . então
róta esse di zer qu qual al a es escolhida.
co I a. Havia
Jav1a ~ntao na
- na fa faze a
crava de notável formosura; o
no tá ve l fo i m zenda
um
uma a esescrava osura; o pagem Joaquim
pagem oaqu1m andara an da ra aa toIh
deitar.
d e1tar o olhadelas
lhadelas doces do ce s e
e o
O se nh
senhor,
- . Jª
or
• ,
, ao
ao vê-lo
vê -J o regressar, não
regressar., nao se conteve
_
se cont e
e exexclamou: . "J a' se i
d ou. “Já sei,, maganão....já se
am m ag an ao sei,i,• é F 11Iana aa escolhida”,
é Fulana es co Jh 1ºd a''. a ^
A
posta
pa
fi
sta 10 r • •m ed ia
foi1 1imediata: “Quá ta : ''Q uá o qu quê!

e!
éPr
P' ra,a de depois,
pois, qu

.
quarqué
, ar qu
_ é
é di

dia
,a dêste
dê st e, m
m
r-
*
ec
- --
...o
ê*
cá m eu ri l'á ? M ui é só,, ºª
fícá meu rivá? Muié p ’ra m p' ra mim im é pr p ’raa m mimmt so não ? é ppr’ra dividi ’
outro”.
ou tro • A escolhida foi uma preta
,, A es co lh id a fo i um a preta forte, forte, mas
-
mas fe
a
ia .... . ''” /(r57
feia.
di
,;)
vi
\.
di c'os
C08
A re je iç ão do es
A rejeição do escravo nas ocupações cr ~v o na s b"I"
nobilitantes,
oc u~açoes no 1 1ta?tes, praticada prat.icada cor.
rentemente
re net m te na
en na vi vidada social,
social, er era a sa sancionada
ncionada pela pe la lei.
le i. Em
E m virtude
vi rtude de
sua
«ta
111a
. ca pa
incapacidade
m cidade ci civil,
vi l, os os escravos
es cravos na não _
o t1
"h
tinham
n am ac acesso
esso aa ca cargos
rg os públ^ l
eclesiásticos, não
co s e d pú bl i-
cos e ec lesiásticos, nã o podendo
podendo se sequer
que~ se serr aadmitidos . "d como pra - 1
_m1t_1os como pr
no exército e na marinha
no ex ér ci to e na m ar in ha (~ (58).
8). A ca carreira
rreira ec eclesiástica,
les1ást1ca., em em particuhT
aç as,
era
— encaradacocomo
er a en ca ra da mo um umaa esespéciepécie dedecocomprovação mprovação de
pa rt
de asascendên^
ce nd
icular
ênci~
pu ra
pura e sem m e se m áculas ra
máculas ciais.
raciais. Por
Po r is isso,
so, as as famílias mais im pr-^
famílias m ai ~ im
tantes
ta ntes fa faziam
ziam em empenho
penho ''e “em m te terr en entre
tre se seusus m membros
embros padres padres ou ou reli-
po
rei*' s
gi os os "
giosos” (N). (6 9). E E emem S~ São o.PaPau ul?, Io, a _s simples
imple~ nomeação ?omeação de de um um pa padre comn
familiar do Santo Ofício do suficiente
fa m ili ar do dr e co m o
Sa nto O f1c10 te ria si
teria sido parara pulverizar
suf1c1ente pa pulverizar aa mal
e lhelhe atribuíam de
di cê nc ia do s male-
dicência dos que qu atribuíam impureza impureza de sangue
sa ngue ((co). 60 ). Ass ''t “tro ^
de A ro pa s
de lin ha'', por
linha”, por su suaa ve vez, z, co mpunham-se de
compunham-se de ho homens
mens br brancos.
ancos. O O seeuinrp
segutnte
documento atesta as perplexidades
documento atesta as perplexidades cr criadas
iadas pelo pelo re recrutam
crutamenento, to , „oS
no s
princípios
pr in cí pi os do
do século
sé culo X
nhava na formação urgente de fôrças
XIX IX em em S Saoão Pa Paulo,
ulo, qu quando
ando oo govêrno govêrno se se empe­
empe-
nhava na formação urgente de fôrças militares: militares: ''t “tendo-me presente •
endo-me pr esente,
q. as recri1tas q. lhe enviou o Cap. mor da V
ilJa da Concom. (sic), são
quaTnSroT
qu azi negros, * q. vnlceDV,0U e. J>Or°isso Cap‘ m°
se acha r da
acha perplexo VÍMa da Concom- < sic> >
praça Ô S ,'f ° * perplexo sobre sobre assentar-lhes
as se ntar-lhes
reeimt^J
p~aça ou nã~., Sou a dizer-lhe, q. se
em hum 3 , T U le’ * * fo
foremre m ta
ta« es q.
q- nã
não o de vão se
devão servir
rvir
em hum regimco.de hc,1nésbrancos,
Cap. M or. f , i , , / ] ' ‘""‘ i brancos> V mce. os
Vmce. os to
tomerne a a re remetter
m et le r ao ao
Ca.p. Mor.:.fazendo-lhever àa minha parte
tropa de linha o „ C Ver _a minba parte qq .'E
.’Eu u m m an do re
ando crutar pa.
recrutar pa.
tropa de lmha, q. se compõem de ho
alguns pardos vistó/! comPoem de homêsmés br ancos, ee qdo.
brancos, qdo. m mto. to. de
alguns pardosvista_sas actuaes percizoens,
— ^—— . s actuaes percizoens, ee q.q. asasim im mman ande
de rerecrutas crutas
d remlhJ
'
(17) Cooforme da
(SB) Con/orcne dados -•L.,.__pe
_ 01 re~'!:HuJuw
Í5B) w ^
<SJ• JClpnpd.:1.A Petdirt íu t! * PMílu^adora la pesq
uisadora Afar/a Isaura Pereira
Maria Isaura Perejra de
de Queiroz.
Queiroz,
·
»> l
· ªª
Paodjá
u
1'$'>) Cf A. dt
c
MC. ,Perd,gfo MaLheiros,<>p.cit., Vol. l,
aJ i r t Mj ,,eÍr0!’
6geru • FONn • H' ó • < * Vol. I, pgs. 3.
pgs. 4,
3-4.
* a ! S * * c X u í Í : ,a: • * * * » “• Br*sU, op. cit.,
"f"º tsJ ,,,a do Bra.ril, op. cit.,pig.
dt P.i:dtoTaq~, ·pp. ~..,J,ªunay. iatroduçf 36 ,
p:ig,M.
■ <2-«. rodnçlo Informação sôbre as Minas dt
o il lnformaf ãQ s6br, 111 Min4s tl, Sio
saofauto,
,p,,ulo,


.


RELAÇÕES
ll.ELAÇôES rRACIAIS
a c ia is eENTRE
n t r e nNEGROS
e g r o s eE bBRANCOS
ra n co s EM SAO PAULO
EM SÃO PAULO 83
83

de homes
homês brancos
brancos ( ..... . )) bem
bem entendido,
entendido, q. deixo deixo a sua ponderação,
ponderação,
l aq,'bavendo
'havendo percizão
com a maior
percizão de soidos,
maior parcimônia
soldos. deve Vmce. recuzar
parcimonia possível”
possível'' (61).
recuzar os homês
(61 ). A discriminação
homes pardos
discriminação nesse terreno
pardos
terreno
r encontrou,
encontrou, porém,
porém, uma uma curiosa
curiosa sublimação,
sublimação, quando quando as circunstâncias
circunstâncias
o0 exigiram
exigiram (no (no caso da guerraguerra do Paraguai,
Paraguai, por exemplo, em 1865):
por exemplo,
senhores manumitiam
os senhores manumitiam os escravos e depois depois os incorporavam,
incorporavam, na qua­ qua-
lidade
lidade de “voluntários”
''voluntários'' ((62)162 )1 Tamanho
Tamanho era era o poder
poder dos costumes, que que

em São Paulo
Paulo houve quem julgasse
houve quem julgasse o escravo
escravo indigno
indigno do arranjo:
arranjo:
“Os
''Os fazendeiros
fazendeiros que que não
não queriam
queriam ou não não podiam
podiam mandarmandar seus filhos,
libertavam
libertavam um bom bom número
número de escravos, logo enviados enviados para para as fileiras
fileiras
do exército”.
exército''. “Mas''Mas o Comendador,
Comendador, fiel aos seus princípios idealistas,
princípios idealistas,
não
não quis
quis mandar
mandar negrosnegros para
para defenderem
de(ende1·em a Pátria:
Pátria: ajustou
ajustou e equipou
equipou
homens
homens brancos,
brancos, que que fôssem combater
combater em lugar lugar dos seus filhos” (63).
filhos" (63).
No Brasil, as leis relativas
relativas aos escravos sempre sempre foramforam frustradas
frustradas
pelos
pelos senhores.
senhores. Os escravos tinham tinham o direitodireito de trabalhar
trabalhar para para si
próprios
próprios aos domingos
domingos e feriados;
feriados; de comprar alforria, ou a de
comprar sua alforria,
outrem, conseguissem reunir
outrem, se conseguissem reunir o preço preço do resgate;
resgate; se dessem dez
filhos ao senhor,
filhos senhor, as escravas deviam ser libertadas.
escravas deviam libertadas. Walsh Walsh observa
observa
que essas e outras
que outras disposições
disposições legais, destinadas
destinadas a limitarlimitar os castigos,
não
não passavam
passavam de letra letra morta
morta (64).
(64 ). Em parte parte ou no no todo,
todo, elas seriam
seriam
simplesmente
simplesmente ignoradasignoradas pela maioria dos senhores
pela maioria senhores e, com razões
especiais,
especiais, pelos
pelos escravos (65 ). Apesar
escravos (85). Apesar de tudo, tudo, as disposições
disposições legaislegais
tendiam
tendiam a ser observadas;
observadas; mais mais nasnas cidades,
cidades, que que no campo,
campo, onde onde o
poder
poder público
público penetrava
penetrava com maiores maiores dificuldades
dificuldades (66). (66 ). Nas
Nas fazendas
fazendas
afastadas
afastadas e isoladas,
isoladas, os caprichos
caprichos e as crueldades
crueldades dos senhoressenhores só encon­
encon-
travam
travam freios
freios “no''no mêdo
mêdo de perderperder o escravo,
escravo, pelapela morte
morte ou pela pela fuga,
fuga,
ou no respeito
respeito à opinião pública” (67).
opinião pública'' (67 ). Acontece
Acontece que que a opinião
opinião pú­ pú-
blica, em um
blica, um meio meio escravocrata
escravocrata e escravagista,
escravagista, revelava
revelava poucapouca sensi-
sensi­
bilidade às extravagâncias
bilidade extravagâncias ou arbitrariedades
arbitrariedades dos dos senhores,
senhores, enquanto
enquanto
mostrava exigente
se mostrava exigente parapara com com as faltas
faltas cometidas
cometidas pelos escravos. Ela
pelos escravos. Ela
se manifestava
manifestava positivamente
positivamente através através das das relações
relações dos próprios
próprios se- se­
nhores, q:uando
nhores, quando um um se dispunha
dispunha a pedir pedir a outro,
outro, em favor favor de algumalgum
escravo: ''se
escravo: “se encontra
encontra um um vizinho
vizinho que que o proteja,
proteja, bastabasta umauma carta,
carta,
uma palavra,
uma palavra, e o senhor senhor o perdoa perdoa e os feitores feitores se desarmam.
desarmam. Os
próprios desertores
próprios desertores tom tomam am ao trabalho
trabalho ou ou às senzalas
senzalas sem passarpassar pelas
pelas
prisões”
prisões'' (68).
(68 ).

6 1) Documentos
((61) Dorumtntos Interessantes,
Tnte,,tssantts, vol.
vot. LVIIT, p~s. <3-44.
lVIJJ, pgs. C3-.f4.
(62) É1:!preciso
(62) preciso notar
notar queque essa
essa era
era aa viavia legal.
legal. Escravos
Fscr:tvos recrutados
recn1tados ouincorporados
incorporad01
como
como '‘voluntários’'
"voluntãrios" tiveram
tiveram que que ser rcstituidos
resriruídos aos ao1 donos anteriormente, por
donos anteriormente, por fôrça
fòrça das
das
disoosiçfies
disoosições contidas
conrid:1s no alvaráaJv1ri de 28-1-1811,
28- 1-1Rl 1, queque excluía escravos das
excluía os escravos das fôrças
fôrças armadas
armadas
(cf. A. M.
(cf. M. PerdiRão
Perdigão Malheiros,
Malheiro!i, op.
op . cit., vol. I,
cit., vol. pág 3, nota
1. pâg nora 6).
6).
(63)
(6~) M. M . Paes
Paes de B1r,.o~. op.
de Barros. op. cit..
rir .• pág.
p:\g. 126.
126.
(64)
{64) Cf. Cf. Rev.
Rev. R.R. Walsh,
Walsh . op. cit., vol.
op. cit., II, pgs. 242-243 e 359-360; e tambEm
vol. II, também J. J. M.M.
R
Rugendas, oo. cit..
ugenda,, oo. cit .• pgs.
pgs. 181
181 ee 185.
185.
Í$V
<65) Cf. Cf. J-J. M.
M. Rugendas, op. cit.• p:ig. lR~.
Rugend:i.s, op. cit., pág. 185.
~f))
(66) Cf.
(67)
·}· Oh.
C.c
7 Cf. • M.
C.h. Riheyrolles.
R ibeyrol les. op.
M. Rugendas,
Rugendas, loc.
cit., vol.
op. cit.,
toe:, cit..
cit ••
vol. II,li, pág. 3SiJ. J.
pãg. 35; M. M.Rugendas, loc. cltcit..
Rugenda,, toe. ••
(68) Cf.Cf, Ch.
Ch. Ribeyrolles,
Ribeyrolles, op.op. cit.,
cit., vol.
vol. II, pig. 36.
II, pig. 36,
I
INQUÉRITO
INQUtRITO UNESCQ. , , 1:.~1
an ir~
UNESC:0-AN , , ' ^ n1 •'

8i
84
..
- „ ra M rr causa d ron
das condições peculiares do
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op1n1a ao pu aca
o publica ' "'. é1nd eepe
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n d entc'
n te ”, 1s1• 0é
fo1·111ar• d .
que comde eça _J as ações
julgar senhores fora
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fora daa perspectiva forn eec^.d°
rn’
de JU gar as Tproprietários• d e escravos. A,i_,_ f c1 a
••

Íé,l ocapcódigo
~ . moral oral dos proprietários de escravos A í aa frustração rustração dd *
C.i:-
pelo ito. cod
s dos
igo escravos
m passou aa enc
passou ontrar um
encontrar verdadeira opo
umaa verdade-,ra o p 0siçã
siÇ o ' £os
5o° ~ que

ia uuealém1tos do
dos escravosompromisso, da troca d e gent1·1ezas entre i""'
mero compromisso, ... troca de• gentilezas
• lém do mero e ormistas nao eram muitos. A e n tre ieJ?
~ .1a18
.•

A . onf
a . , . os inconformistas
1aprincípio, não eram muitos. Alguns lguns adv a d vogao ld í ^ · •

A pr~cipio, os i:~r os, serv entu á1·i os da just


engenheiros, serventuários da justiça, estudantes deiça, estu dan tes de dirP . dLT'
os,
alguns burgueses
t a b e l i ã e s ,

comerciantes, na
(pequenos comerciantes, maioria);
na maioria); algun _s_Jtf~; •
tabeliaes, engenªª (pequenos algUns
. J
o ?1..
Jguns burgue•s"" ,_.. d p .
ª. .
ciais, que haviam
ciaJS que avia
h lutado na
m lutado na guerra do
guerra • •
aragua1; pessoas,
o Paraguai; "d • d
enfim n..
pessoas, . enfim
vida urban
e vida urba

, ....1ca1s
ou menos ' interêsses sociais
ladas a3 interêsses
vinculadas
. soc1a1s ou 1 cais de
ou aa ideais nos,
dispostas combater
ou menos vmcu
. moderadamente , os
a combater moderadamente todo-poderosos
os todo-poderosos
. . .
senho ’
senhn°S - res
disp
ruraisCom êles,
ostas a
- . . Co eles sob a liderança
d L
liderança dee Luís
G
uts Gama, 1n1c1ou-se o
ama, iniciou-se O perí nd
perínrT*

chamadas “lutas judiciárias


rura IS. m ' . . ,, d e '' aça-o a b o 1ic1o
das chamadas ''lutas judiaár1as. ” e de “ação abolicionista
· • •
dentro do
n1sta dentro
-- o r
Foro”, Paulo
,, em São Paulo (<»). tornaram--se numerosos,
De_po1s,tornaram-se
(69). Depois, numerosos, contand contand
-<>-
êles pessoas de tôdas as camadas sociais, · ·
'I:'
ror o , em d embora ppred
1a1s, embora orn · ***
se entre AJes nf"ssoas de tôdas as E cama as soc f • red o
elementos - • 1-
se
nassem os
entre e r-
lem ento s populares.
pop ular es. Então, 1ncon orm1stas transi**1
ntao, os inconformistas transfo '
r••
nas
maram-se
maram-seem
sem revolucionários, evoluindo na
os e .
em revoludonár10s, ~v0Ju1n o na esfera °*
. d f
es era da da aç~ação ( como 0
o (com
lider Antônio Bento, partir de 1880), da defesa
seu .der Antônio Bento, a partir d de,,188
seu li d 0), da
_ ,, 1defe direitos in,T
dos direitos
sa •dos ind"1-
viduais
vidu ais menosprezados
menosprez.ados para para a daa “redenção”re ençao coletiva co et1va dos escravos.
dos escrav
intelectualmente pelo desmascaramento do
Definiram-se intelectualmente pelo d~sma_scaramento ~o eescr
Definiram-se s cava v ano° S’
r agisr
decidiram-se
ee decidiram-se praticamente pràticamente pela no meio escravo
pela ação direta no meio escravo e no
açao direta
ambiente senhoreal (T0). A
ambiente senhoreal (1º). A importância importância do fato descrito
do fato consiste U°
descrito consiste na
correlação
corr que se estabeleceu, graças a êle, entre o
elação que se estabeleceu, graças a êle, ~ntre o progresso progresso da íe legis-
lação
lação ema Brasil e o aparecimento, em São
ncipacionista no
emancipacionista no Brasil e o aparecimento, em São Paulo Paulo, d de
meios efetivos de vigilância na aplicação e
meios efetivos de vigilância na sua C aproveitamento.
sua aplicação e aproveitamento ComC
exceção
exc das leis de 25 de maio e de 7 de novembro de
eção das leis de 25 de maio e de 7 de novembro de 1831, 1831, que que d* de.
claravam livres os africanos importados daí em diante, as leis ^
cJaravam Jivres os africanos importados daí em diante, as leis ,1ue
concederam aos escravos
concederam aos escravos alguns alguns direitos concretos foram:
direitos concretos foram: aa de de 2 288 de ^
de 1871, que declarou de condição livre os filhos de
setembro de 1871, que declarou de condição livre os filhos de mulher
setembro mulher
escrava
escr ava nascessem a
que
que nas cessdaquela data, dispunha
em a partir
part ir daq uela data , disp unh a sôb
sòbre re a
a for
for ,..
mação do pecúlio dos escravos e concedia liberdade aos
mação do pecúlio dos escravos e concedia liberdade escravos da
aos escravos da •

e a de 28 de setembro de 1885, que declarava libertos os


Nação; e a de 28 de setembro de 1885, que declarava libertos os es-
Naçao; es-
cravos septuagenários e estipulava as condições em que
cravos septuagenários e estipulava as condições em que aa transferência transferência •

<~) CI. esp. Dr. Antônio Manuel Bueno de, de ^.And drade* A Abolição em São Paulo.
rade, A Abolição em São Paulo.
D-nef
IW lfJ?t11~
111
MÓuTop
o *1K Moratt, op. cit., pgs. 2S0-270.
.cvar,sto ' VW O* *'0 * ** Pauh
~sd, uma Tes'ltmunh,1, in O Estado de São Paulo (l3-S•I918).
(13‘5-l9l8>* <*’
op. cit., e
*
. <
tinha míios de
at/n^ír ^eniaLat %}°r
70). O mo,,im~to chefiado pelo Dr. Antônio Bento possuía ampla base popular e
^seu
nt<^ni? Benro
de agitapossuía
ção com ampla
o o baseegui
cons popular
u faze e
r.
~nha ,mtJ
Pojsuia OSdtfôlha
uma abolicionista
ar,n~ ,r as se11za!A A R
.1,
e
dent
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de a# ,ra Ça
o °;poí
. coom oda o Irma conseguiu
ndad e fazer.tl
Noss
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osh,u,audm
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5 contava co™ ° a p o ·io ddaa Ab
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tores Dep ois Irm oandade

,ç ã o. Nossa
mui ·ros
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membros , 9ue se torna
ddas camadas' dom?nanr« ° rnâfa ,ura dos m entores. D e p o is d a Asb o lição , Antô
muitos
nio
Uh!’? ' 1***
Ben ro: 05
êsr.a s ~~m ad:1 porém aue
sdorn 1nan re, se incu lcara m com o antig os cola bora
,ncu,f ararn co,m.° a n tig o s c o la b o ra d o re
dore de
s çõ~s
de Antônio •
i,:,~'!l~,
obridu d~t ibolicinnistas
nnhr porEm, mais 9pe !]ão rece bera auxílio de ricos. A s co n trib u içõ es eram
feccbera auxí lio de rico s. As conr ribui eram
pela
Pobreeza,
pobr za, com
3
~ci~ntSra
com oO maior s . f!lª.
jacrif/cio 15 atrvos, quas e todo
qU.ase, s pobr
.t odos P ° bes.
r« - "A "A
A
abol ição
a b o emp
Red
foi feira
liç ã ofão,foi 29-9
feita
-l89 pela
7 >•
Os r tiJ Iês~
Sôbr Z - mo • a,or
mov,me« aJímf,c,o
o , sacr, d% que
o0 h Ji poss ível Ima« ínar' « " (cf. A R edemMar
imag inar- s~•, (cf.
pção, 29-9-1897).
*P blicmos
OsRq ,!!bliPaulistas $ a AbolicZn
,,.,,;;";a °:J• V na nota ante
além das ~r!s citad~ na noía anterior, cf. José Maria rior, cf. José ia dos
'dos Santos.
Santos,
Abolíí*°>
11141
'a Aóol,çao, op. cit., CJt.~ pgs. 177-184 310-311.
pgs •. 177·184 ce 310-311. ,
I

RELAÇõF.S
RELAÇÕES RACIAIS
RACIAIS ENTRE
ENTRE NF.GR()S
NEGROS E BRAN( :os E~f
BRANCOS EM SÃO
SAO PAl JI.O
PAIJI.O 85
85
---------------- - ---- -- - ---
de domicílio
domicílio dos escravos não não implicava
implicava em manumissão
manumissão automá- autom á­
tica
tica (11 Como era de es1>crar,
). Como
(71). esperar, osos sc11l1ores
senhores ludibriaram
ludibriaram à vontadevontade ,,1 os
escravos, desrespeitando
desrespeitando de modo modo quase
quase completo
completo os seus novos novos di- di­
reitos
reitos ((72).
72 ). Os adeptos
adeptos de Luís Luís Gama,
Gama, de Antônio
A ntônio BentoBento e da Con{e- Confe­
dei·ação Abolicionista, cada
deração Abolicio11ista, cada qual
qual a seu modo,modo, 111uito
m uito fizeram
fizeram eni em São
Paulo, conquistando
conquistando alforrias alforrias e impedindo
im pedindo a consuDlação
consumação de graves graves
injustiças ((73). 73 ). Mas êles
êles não podiam fazer tudo e ainda menos eli- eli­
m.inar
m inar a malícia
malícia que que existia
existia no textotexto das leis, as quais quais obrigavam
obrigavam OI'. oje

menores
menores libertos libertos e os septuagenários
septuagenários manumitidos
m anum itidos à prestaçã,prestaçãrC co01
om
serviços gratuitos
gratuitos aos antigos antigos senhores.
senhores. Os donos donos de escravos
escravos 'Paulo
*j?aulo
elaboravam
elaboravam as leis. Por isso, isso, seria natural
natural que defendessem a,s a§s escra-
escra-
prieda d.es ~e nã~
propriedades
pro não f~zessem
fizessem nenhuma
nenhum a concessão
concessão legal, que .. 'ívamente
^vãm ente
tasse utnum d1re1to
direito l1qu1do
líquido e pleno.
pleno. De,~eriatn
D everiam
Nas relações sociais, o escravo estava para o senhor
Nas senhor ;- para
p ara cobrir
cobrir
liares e dependentes
dependentes brancos dêle, na mesma posição qutriam os brios
está para
para o seu "dono". “dono”. Como salienta salienta Calógeras, na n a C ·os't (81). No
os” (81). No
tituíatn
tituíam os negros negros a camada cam ada social
social 1nais
mais baixa.
baixa. Tão T ã o descons.-,os
descons-os tran- tra n ­
que lhe discutiam
discutiam a qualidade qualidade humana.
hum ana. Foi preciso que a Sei.és S^és nus,
os declarasse homens, hom ens, para p ara serem reconhecidos
reconhecidos como tais" tais” ((74).
74 ). A mo o
0
como
como ''ho1nens'',
“hom ens”, não não eram.
eram porém pessoas, 1nas
porém pessoas, mas hotnem.-escra
hom em -escra^ife- ·" iif e-
lher-escra va, co1no
mulher-escrava,
mu como transparece
transparece na linguagem.
linguagem e01pregada
em pregada nos te: te. 1.t.
legais. Ainda A inda nos meados do século XIX, X IX , alguns
alguns capelães efetiv... efetivv .
das fazendas continuariam
co n tin u ariam a pregarpregar noções abolidasabolidas pela Igreja,Ig reja, nos
sermões destinados
destinados aos escravos: "Que “Q ue pregam
pregam aos escravos êsses êsses pas-
pas­
tores
tores de almas? almas? A obediência
obediência absoluta, hum ildade, o trabalho,
absoluta, a hu1nildade, trab alh o , a
resignação.
resignação. Alguns A lguns vão ao ponto ponto de dizer que q u e os negros
negros são filhos filhos
de Cant
Cam -— filhos filhos do maldito
m aldito -— e que que para
p ara a suasua raça
raça condenada
condenada não n ão
há rehabilitação
reh ab ilitação possível. possível. Dupla excom unhão: a de Adão e a do
D u p la excom.unhão:
filho
filho de Noé, N oé, a da alm.a alm a e a da pele''pele” ( 7575).
). A uma
u m a desigualdade
desigualdade tão tão
fundamental,
fu n d am en tal, tinha tin h a que
q u e corresponder,
corresponder, forçosamente,
forçosam ente, um. u m tratamento
tratam en to
assimétrico.
assimétrico. De D e ulll
u m lado,
lado, estavam
estavam os que q u e podiam “m an d ar” e ''con-
p o d iam ''mandar'' “con­
ceder";
ceder”; de outro, o u tro , os que q u e deviam
deviam "obedecer"
“obedecer” e "consentir".
“consentir”. Portanto,
P o rta n to ,
o código ético do senhor senhor não n ão podia
p o d ia confundir-se,
confundir-se, em nenhum n e n h u m ponto,
p o n to ,
com o dos escravos. Na N a convivência
convivência de ambos, ambos, quando
q u an d o umu m julgava
julgava
desfrutar
d esfru tar um u m ."direito,',
“d ire ito ”, o outro sentia cumprindo
o u tro se sentia cu m p rin d o um “d e v e rá Essa
u m ''dever''.
conexão de reciprocidade
conexão recip ro cid ad e se refletiarefletia tanto
tanto na na etiquêta
e tiq u e ta das relações
relações
quanto na formação
sociais, quanto formação ou no respeito
o u no expectativas de com-
respeito às expectativas com­
portamento.
p o rtam en to .

(71)
(71) Cf. L. M. Vidal. Repertório d,11
Vidal, Repertório da Lt8isl4fao
Legislação Stnlil,
Servil, op. cit .• vol. U,
cit., 5*13, e
II, pgs. 5·13,
Yol. III, pgs. 60-97.
vol. Ili,
(72) Cf. esp. E. de Moraes,
(72) Moraes, op. cit. cit., pgs. 1-9.
1
(73) Além Além das obras citadas
das obras citadas nasnas notas
notas 69 69 ee 70, que tratam predominantemente do
tratam predominantemente do
grupo de Luiz
grupo LuizGama
Gamae edodomovimento
movimentodos caifazes,conviria
doscaifazts, conviria mencionar
mencionar a de Osório
Osório Duque-
Du9'-'!e•
Estrada, A A Abolif
Abolição
ão ((op. cit.), em ~ue
op. cit.), <jue o a\·tor
avtor descre,·e
descreve as técnicas
técnicas us-1d1s
usadas pelos
pelos abol1c.10-
abolicio*
oistas
nxstas filiados Confederação
filiados à Conf Aboltcionista ((veja-se
edtração A.bol,cionista veja•se especialmente
especialmente pgs. 96-97).
96-97).
(74) J.J. Pandiá
(74) Pandiá Calógeras,
Calógeras, op.
op. cit.,
cit., P~B-pág.3S. 35.
(75) Ch.
(7S) Ch. Ribeyrolles, op. cit.,
Ribeyrolles, op. cit., vol. pág. !5.
vol. II,li, pág. 35.
i _________________ INQUÉRITO UNESCQ.A^ n:~^ ^
lJNESCO.ANIIF
INQUtRITO

- ~ ~ - - - - - - - - . : . : : ~
~8~6------------ - . .s, o que mais. charno
..
. „ laaéta das relações
I
- laçoes sociais, soc1a1 o que m ais chamou 11 a
• êta d
gas re

a
Quanto à~ eoq“e« ~ u q u fo i ^ropmrpi ri mmeen to t o que que o e sc ra v o
escravo devia ao0 J d e v ia
ª s e ..
Q u a n to O e ra fe it o e m d "
atenção dos v .jaan,te^s geral Q
s v ia o «cummpprim ri m ecnntoto era feito em diversas'
b Ih ,v e rs a s
, Zao
atenção do n c o s e m • o tr a a o ; à n o it
nhor e aos b ra
os bran‘“ e“ Jnhha, ã , ao
a o saírem
s a ír e m p a
parara trabalho; • . à noite, e
t uhor e ~anc1. as 'P61*
orcunstancias

,p e 1•
ª m a
nntros fortuitos; .o s; etc.),
e tc . ) , e
e c o n s1
consistia st 1 a n
noo seg im _.
segu .
se · st
recolherem;nosenjon«ro n c o n tt o s fo rt^uit^ # ^ ^
s e 1 a· ~ !l lte:
arcun p e it o e d iz ia " L o u v a d o
rec o lh e re m ; n o s e m ã o s sô b re o
h or: Para ''P .1 ., o s s o
seescravo
o cruzava a s respondia d .: : o senhor: a ra se
sem m p re
pre se;a .
esaavo cruzearv·a.to'' 30 que respon 1a se -
n à I s e n bseoja
Senhor
o J®“s é]e não
, se aplicava c l usavamente à relação
exclusivamente
e x re a ç ã o senhor.
Senhor· Je,,sus~ ~is
le n ão se aplicava : ": t o b o n s d ª r ..
- ^ n o( ~1r é- t F Floorence nos esclarece
e sc re
larece a ^êsse respeito: “Ê o bonssp e it o dias
uvado porém,
:.Jntaobavo, re n c e n o s
a d o p a ra o p a d 1 ~ s
' ª ar d()
o fi{ilho
lh o ppara
a ra oo pai,
p a i, ddo a lh
o afilhado p ara o padri.
fi
ta w ,t ,a v o p
, a r ,oa m o d u li a r se r; ...ri-a
alguftcravo para o ar~ o^ m mestre” " (”
(1 1 ).
). P
Po ortanto,
r ta n to , oo p e c
peculiar seria a
rena
oppaPre” ra d z
i· p e st re ,, • .
. d. r11D1na amente a to"das d &q

~~avq*?
aciais, d
o.ais,~~;._a d et!f t~ . P o de de «dar''dar lo louvado”,
uva o , indiscrim m 1sc inadam .,, ente, asen,ôdas
m enft,
f

ou do escr a v m êJe na mesma 1


relaçãoa ç a o q
queu e oO senhor b
ou men'""1 o ~ p a ra ê le n a m e sm a re • or.
m

. e s ti v esre • • g ratidã o ee
d,spostas #"!li:
s~ que
q u e também deviam exteriorizar
e x te r1 o r1 z a r su
sua a gratidão
1 sp a
d . Cot... esa~avos também de.v1 • há! v· a JD
a s1
. n h ô m o ç o " ( 78).
rurais. os oT'-Viva a
sinhõl
s in h ô f Viva
V iv a sinhá!
s 1 n Viva •~ sinhô moço-
d as chama~Jo os '' V iv u e e v id e n c iam
f t r o ? em S Sãantes eram as norm n a a,
s d e
e b s m a n e ir a s ,
booa s ja n e ir a s , q u e ev.denciam q
a n te s e ra m a s n o n
Foro", em ~ im o s
k entr. ~õ ccaráter assimétrico s. O O s dados q u e conseguimos
s d a d ? s q u e c o n se g u
r ss im é tr ic o das
d a s ç
relações.
re la õ e
M! entn aráte a
o u li g a d o s à a n ti g a ca-
Ta^em atíavés de
d e informantes
in fo n n a n te s p n
pertencentes
e rt e c e ntes ou 1,gados à antiga ca.
n assefl' através re e n d e _ n o
mnorm n n a s .. . q u e re g u la v a m
maraj «nhoreal l paulistana,
li st a n a , compreendem
c o 1 !' 1 p as q u e regulavam
m‘ara,*1 's Z e Z
n h
rioIil3Ã
o re a p
o
a u
de certas at.tudes,
u tu d e s , s e
sejar1 a e x c
exclusãolu s a o d
do o u
usoso d
de
e ce• ..
cer- .., .
ã o d e c e rt a s a h
seu , ..,teriorúaç d d.1ante d o sen or (ou de outra
d ª
vjisValavras - ou àtefatos.
e fa to s. Chamado
C h a m a o _ diante do senhor (ou de outra
l'W!iS p
"'A
alavras o u a rt ê le ), o e s c ra v o d e ..
L L aue eestivesse na mesma
m e sm a relação
re la ç a o p a
arara com m
co êle), o escravo de-
pSeT ssoma oquLe r srespeito tivess e n a g e s to s , n o to m
ee hum ildade
il d :i d e nas
n a s p ala
palavras,v ra s , n ? s
nos gestos, no tom
s p e it o h u m
via: mostrar re
Tda vmozt ee nnaa fifisionom sion o m ia;
ia ; m
m aanter
n te r um
u m aa p o s
ostutu ra a p ro x im a
ra apro x im ad am en te erec-d a m e
o
n
rp
te
o ; só
e rec ..
fa .
ta ^ 0 relaxamento dos membrosn 1 b ro s o
ou u o b
bama m o le io d
bboleio d o corpo; só fa.o c
to d o s m e
ta, sem O relaxamen o o ; c r- s e , q u a n
ala • q u a• n d o fôsse manda-d o fô ss e m a nda-
lar quando recebesse
e b e s s e ordem
o rd e m para
p a ra :i s
isso; calar-se,
lar quando rec e c enn io n 1 o s a m e n te ; re c e b e r
do* falar • sem m alterar
a lt e ra r a
a voz,
v o z , quase
q u a se mansa
m a n sa cerimoniosamente; receber
r d e
d o; falar se fa ç ã o a p aren te ; n ã o re p li c a
a ordem, qque fôsse dada,
d a d a , com
c o m s a ti s
satisfação aparente; não replicar de
em
aformaordem ue fô ss e o d a o rd e m re -
alguma nem discutir, tendo
te n d o e in v is
vista ta c o n te ú
o conteúdo da ordem re-d
m d is c u ti r,
foima alguma ne re c e q u e o e s c ra v o ''n ã o d e v ia d a r
cebida; ; sair
s a ir sem
se m voltar
v o lt a r as
a s costas
c o st a s (parece
(p a que o escravo “não devia redarc e -
ida
aasbcostas it u a ç õ e s lé m d
). Além disso, devi? rece-
A is .s o , d e v it t
para o senhor”
e n h o r" em
e m outras
o u tr a s s
situações).
aber
ber os c
spara o s
s coosstacastigos,
a s ti g o s , aplicados
a p li c a d o s repentinamente
re p e n ti n a m e n te p e lo p ró p
pelo próprio senhor, para
e
ri o
s u b
s
m
e n
is
h
s
o
ã
r,
o ;
para
n ã o
punir faltas reais ou imaginárias,
a g in á ri a s , o o
com m s e re n
serenidade id a d e e submissão; não
pdevia unir faltas re a is o u im , e tc ., n o tr a ta-
usar as palavras “senhor”,
n h o r " , e n h
“senhora”,
" s o ra " 'd o n a "
'', “dona”, etc., no trata­
a la v ra s " s e
devia usar as p
mento de
mento d e pessoas
p e s s o a s d a m e s condição social
da mesma ondição social que
m a c
m e n te , n o s a m
e

le
qu êle; proibia-se-lhe
ê ; p ro ib ia -s e -l h e
conversar com os companheiros, e ir o s , im
animada
a n a d a o
ou u d is c re ta
discretamente, nos am*
onvers"«
cL-— ar co m o s c o m p a n h e io d a ru a.
o m
bientes
bie n te s em
e n 1que
«•>«
q u e estivessem
#>«fiV
e s ti v#»ssem
e s s e m os
os
o s sennorcs;
senhores;
s e n h o re s ; d e v
devia
q
ia
u
-------
e
a n
o
d
andar
s
a r
b
-
n
no
ra n c
meio
o s o -
s 44----
da
" 'e n -
rua,
x o -
aindaa qque chapinhasse
a p in h a s s e na
n a lama
la m a (c o n
(conta-seta -s e que os brancos os
aind ue c h
Rtminiscl,,das de Viagem t
(76) i d es cr fr a p o r D . K id d er ((cf.c f . * P a u IPau lo . T od av ia, •a
Essa
(16> ,Ess
pPtrmanhcia
cerimônia
a ce ri m ô n ia lo
foi descrita por D .
e
Kidder
a pr~senciou em S ão o f * Todavia,
no Brasil,
si l, op.
op . cit„
ci r. , pá ~
pág. . 20
2 0 3)
3 ) ,, qu
q u e a pre . 1 9 3 ) ^
e d
^-ziz respeito ao
feSpeito ao
nmlhtlnr 14 . n" B ra Je , F lo rence (o pp.. cj t. , p ág
j
melhor descriçío se encontra
co n tr a em
em H ér cu
Hércules Florence ( o ■ > P • ar -
ia G ra
Grahan.h an , /011,nal
Journal
,lorn:Z"'"U1; en M •
m cr ,ç
or dttautor
elh#íte lo .• e ,a ce ri môn ia.a: : cf ai n d a
d. a i n d a M a n ; 1 ^ r
jue viu e. em m Cuiabá..
C ui ah i. Sòbre
S h b re es
«*a c e r ,m ô n
e Y ea rs 18 21 , 1822f
18 22 , 1823,
,823,
e aato1r0 Brazil, and Residente
V IU n g P 4"t ooff t1 • h
yf a l~Voyage 10 Br,ml, 1111 R
d 1 1 id e1 1 re T
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e r e,
e , D u
Dunttgr; Part er -R o w ~ . T
L oonnddri:ces p!g.
. 2,4, P^S-
s , 1..1824,
18
G re en, P P ara t te rn o st
êí:'
Lbngman, Fíurir, Ree» Orme, Brown, and d Green, t e m o s t e r - R o w . L o n d rl. e s ,IJ, pa5. 34 ^ 1.

',nc,Í· ib r, r, R tn , O r~ e, B ro w n , an . o p . or •• v o
,-,. Ch. RRibevroiies,
1197; 1 1 óp. cir.,'voJ.
ir ., v o J. 1 II,
1 , p4pág.
g. 33
33; ; Rev. sh
Rev. R.R. WWaall s h , op . c t., voL H , ,P lo£c.^ de.,
~ e,,ro es, OJ> c
.
. C . d e M el lo e Souza
(77) H. Florence, op. ch.,
t. , ppá*.
f.r. 1193. 93. CCf. ta m b im A
f. tamWm A . C . de M ello e Souza,
, ,, F lo rt n ce , o p . ci
1
(71) Cf.· M. Paes de io
Bairos,
u s, o p
op. . d l.
cix., • p
p i,
ig. . 10
100. 0•
M. Pae s d t B

.\ t ' ,. • \ \
,•\ .{ , \ \ . •
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1
~·-
\ •

RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇÕES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E BRA~COS
BRANCOS E~I
EM SÃO
SAO PAULO
PAULO 87
87

tariam” da calçada,
tariam'' calçada, em caso contrário);
contrário); não
não devia
devia usar,
usar, sem ordem.
ordem \
c o n se n tim e n to do senhor,
ou consentimento
iguais aos dos amos.
senhor, calçado,
calçado, chapéu,
chapéu, e roupas
roupas ou adornos
adornos '\
\\
"'
No
No queque concerne
concerne ao vestuário
vestuário e aos adornos,
adornos, Kidder
Kidder assevera
assevera
que
que "as“as senhoras
senhoras capricham
capricham em em bem
bem vestir
vestir suas escravas. Às vêzes
suas escravas.
o ouro
0 ouro e a pedrariapedraria adquiridos
adquiridos parapara refulgir
refulgir nos salões, são vistos
cintilando
cintilando pelas pelas ruas,
ruas, em curioso contraste com a pele
curioso contraste pele negra
negra das
domésticas,
domésticas, efêmerasefêmeras e humildes
humildes representantes
representantes da da abastança
abastança da fa- fa­
mília''
mília” ((79).
19 ). Parece
Parece duvidoso
duvidoso que que i~o
isso acontece~,
acontecesse, pelo menos com
pelo menos
escravas. Desde Desde o período
período colonial,
colonial, torqou-se
torrçou-se comum
comum em São São Paulo
Paulo
a proibição
proibição do uso de roupas roupas finas e o porteporte de armas
armas pelos escra-escra­
(80); e UDl
vos (ªº); um documento
documento relativo
relativo a 1720 proibia-lhes
proibia-lhes taxativamente
taxativamente
o uso de roupas
0 roupas de ''seda
“seda e outros
outros vestidos
vestidos como
como brancos'•.
brancos”. DeveriaDl
Deveriam
com ''pano
vestir-se coni “pano da terra''
terra” e ''só
“só aquilo
aquilo que
que ffôr bastante para
ôr bastante para cobrir
cobrir
e livrar
livrar da inclemência
inclemência do do tempo,
tempo, porque
porque assim perderiam
perderiam os brios brios
entenderiam que
e entenderiam que nasceratn
nasceram parapara escravos brancos” (8
escravos dos brancos'' (81).
1 ). No
No
período
período imperial,
imperial, segundo
segundo um depoimento
depoimento fidedigno,
fidedigno, os escravos tran tran­..
sitavam
sitavam pelaspelas ruasruas paulistanas
paulistanas ''de
“de calça,
calça, e camisa
camisa de algodão,
algodão, pés nus, nus,
cabeça
cabeça descoberta'';
descoberta”; e01 em dias
dias de festa,
festa, apenas,
apenas, certos
certos escravos
escravos (coDlo
(como o
pagem,
pagem, que que acompanhava
acompanhava a família Igreja), vestiam-se de modo dife.
família à Igreja), dife­
rente
rente (no (no caso: ''se “se apresentava
apresentava calçado
calçado e todo fardado”) (8
todo fardado'') (82).
2 ).

Q uanto às expectativas
Quanto expectativas de de comportamento,
comportamento, teremosteremos queque nos nos li-
li­
m itar a três
mitar três tópicos.
tópicos. Primeiro,
Prim eiro, o senhor
senhor esperava escravo a tnais
esperava do escravo mais
completa
completa lealdade lealdade à sua pessoapessoa e aos liames
liames queque prendiam
prendiam um ao
outro.
outro. Dados Dados que que não
não podemos
podemos examinar
exam inar agora,
agora, tnostrani
mostram que que os
~enhores
.senhores ficaraDl
ficaram surpreendidos
surpreendidos com as atitudesatitudes dosdos escravos
escravos e111em São
Paulo, depois de 1885; particularmente,
Paulo, depois particularm ente, chocaraDl-se
chocaram-se cotn com as fugas fugas
em massa
massa das senzalas, na
das senzalas, na fase
fase de agitação
agitação abolicionista,
abolicionista, e coin com o
abandono
abandono das das fazendas, depois da Abolição.
fazendas, depois Abolição. AcoiDlaratn
Acoimaram os esa-avos escravos
“ingratos” e de ''gente
de ''ingratos'' “gente sem.
sem reconheci01ento''.
reconhecim ento”. Acostum.ados
Acostumados a pen- pen­
sar que
que a escravidão
escravidão constituía
constituía um regime "natural”, pretendiam
regim e "natural", pretendiam que que
os escravos
escravos partilhassen1
partilhassem dos dos mesn10s
mesmos sentimentos
sentimentos que que êles
êles a êsse res- res­
peito.
peito. Segundo,
Segundo, algumasalgum as expectativas polarizavam em tômo
expectativas se polarizavam tô m o da
conduta
conduta do senhor senhor para
p ara com o escravo ou da fidelidadefidelidade para
p ara com o
(79) D. P. Kidder, op.
(79) op. cit.1
cit., pág. 193.
(80) Nos
(80) Nos fins século XVII,
fins do século XVII, proibiu•se escravas de "usar
proibiu-se às escravas '~usar de vestido
vestido algum
algum de
seda,
seda, nem nem se sirvam
sirvam cambraias
cambraias ou holandesas, rendas ou sem elas,
holandesas, com rendas elas, para nenhum uso
para nenhum uso,..
nem
nem também
também de guarnições
guarnições de ouro ouro e prata
prata nos
nos vestidosn
vestidos0 (cf.
(cf. Dario
Dario Aranha
Aranha de A. Campos,
Campos,
Tipos de
Tipos de Povoamenlo
Povoamento ât de São
São PaullJ,
Paulo, op.op. cit., pág. 15!
cit., pág. 15; o documento
documento citado, cujo trecho
citado, cujo trecho
transcrevemos, ~é de 20·11-1696).
transcrevemos, 20*11-1696). DuranteDurante todo
todo o século
século X V III proibiu•sc
XVIII não só o porte
proibiu-sc nio porte
de armas.
armas, mas o uso uso de roupas
roupas que que permitissem
permitissem ocultar
ocultar as armas,
armas, por
por parte
parte de tôdas
tôdas a1 as
pessoa!
pessoas que não ''lograssem"
que não "lograssem” nobreza,
nobreza, tanto
tanto de dia, noite. As proibi~ões
quanto de noite.
dia, quanto proibições nion io
se aplicavam,
aplicavam, apenas,
ajpenas, aos senhores ...
aos senhores nobres, e repi'1blicos",
"nobres, repúblicos”, atingindo
atingindo também
também os mamelucos
mamelucos
Registro G,,al
(cf. Rtgisl,o (jeral d"da Câmat'a
Câmara M1,nicJpal,
Municipal, voJ. IV, op
vol. IV, op,.. cit., 116, 177-178 e
cit., pgs. 12-14, 116,.
263-264; veia-se tam bém : A. de E. Taunay,
veja-se também: Taunay, História
Históf'ia da Cidade à,
da Cidadt de São
São P"ulo
Paulo no slculo
século
XVIII, op. cit.,
XVIII, cit., vol. 1, t.• pane, pgs.
I, !.♦ parte, 108-110).
p11. 108-110).
Documento transcrito
(81) Documento
(81) traoscrito in Ci.ro
Ciro T. de Pidua, O Ntg41o Negro no Ploialto,
"ºPlanalto, op, clt.,
op. cit.,
pAg.
pig. 216.
(82) M. Paes de Barros»
(82) Barros, op.op. cit.,
cit., pgs. 12 ~O, respectivamente.
12 ce 40, respectivamente •

,,
'
INQUÉRITO
INQUt.RITO UNE
UNESsCCO-ANH
O-ANit~ e Mr
88 c.~rn1
- . b as ta n
,. regimese servil.
--!1
rv.u.. A ss JJ D ,
er a te co nsistente a idéia de que O se h
d ,, ''d ,,
porecisava ser ao mesmo
mesmo tempu -------- - — n0 tratamen7
. se r ao te m p o ''m o d er a o e u ro n o tr at ar n -o r
. . d n
£f«rravos.
recisava
No
N o Oeste
O es te paulista
p au li st a dizia-se,
d 1 u a- se ,d quando
q u an . od ocorriam
o ~ o rr 1
.
am rebelf-
re b el iõ
en
es
to
•°
,,,,
• • t S
dos escr~vos.
g o excessivo
''ou castigo excess . _ tendo em vista
ivo ou'camaradagem
ou camaradagem demasiada” em as 1 a a («
(ª 3).
). Essa idé·.
f'· t definida com precisão, tendo em vista oS os vvalores
alores da da ordemordem senw se h 1
ª
é d ef inida co;t!:cr:ação:
' real, na
real, na segu seguinte explanação: “O''0 ex extremo
tremo ap aperream
er re am enentoto dissecajh
disseca~h:
oo cocoração, endurecei,
ra~o, ~n~-;,r:c:~ano''.
P s e
e indina-os
inclina-os para para oo mal. mal. O O senhor
senhor deve deve -
severo,
severo, 1u cerrh justiceiro
st 1 e humano”. “Nem
''N em se se diga
diga que que oo es escravo
cravo éé seL se m ~!T
inimigo do senhor;
inimigo do senf or; ...-idãoexcessiva, po isto
is to sucede
sucede co com m ooss ddois ois extrem
ex tr emoos, s, ou ou ddem emasasi^ i pr1...
severidade,
se .
veridade ou o u frouxidão
ro u .. . excessiva, porque
rq u e es esta
ta to torna-os
rna-os irascívei, irascívei -a..aa
mais
m ais pequeno
pequeno ex' excesso
ce ss o do
d o senhor
se n h o r frouxo,
fr

o u x o , e
e aquela
aq u e
1
a leva-os
le v a- o s à
à de de_s ao
peração”
peraçao (*<). E não
- ,, ( 84 ) E não era meno
era menos s consistente
co n si st en te a
a expectativa
ex p ec ta ti v

a de
d e s
so olildi d
ar
se
· a i
s-
ddaaddee en entre oss ssenhores _no julgamento
· enhore s no ·uJgamento das ações
ações dos próprios na ^
1
tre o 1 • • das d
d o s p ró p ri o s n ar ie -
d
ede na na defesa
defesa dda a es cravidao. A
escravidão. Ainda
inda _aqui, aqdu1,os. a os ~Ia1s s1gn1f1ca~-tiv^oess
os dados m ais . significati
. . .
o regim
regimee servil: os fazendeir°S
iz em
dizem respeito respeito à à fase
fase de de ddesagregação
esagregaçao do se rv i : o s f~zendeiros
pau 11sas reprovavam am aa conduta conduta ddos legas qque se associavam a° S
• t re p ro v av os co
paulistas colegas u e se as so ci av am ao s
id ea is ab
ideais abolicionistas o li ci o nistas ee to mavam medidas
tomavam
d
me i ~s co
.d
concretas
ncretas para p ar a libertar
1 ·b s ° S
I er ta r se u s
escravos.
es cr av o s. Incriminavam-nos
In cr im in av am-nos co como ':°o tr a~dores ee ex
traidores exem ~ m plos
p l? s perigos
p er ig o so US
s.
(Cf. esp. as referências
(C f. es p . as re fe rências dde J. M
e J. Maria
aria ddos os Santos,
ª!1tos, oop. p. c1 cit.,
t. , págs.
p ag s. 110-im
1 1 0 -I II ).
T er ce ir o , o
Terceiro, os senhoress nãos se n h o re não se se sentiam
sentiam oobrigados brigados m mooralmra lm en ente a cocorr
te a rr es ..
ponderem às expectativas
p o n d er em à s expectativas de de comportamento
com~ortamento ddos os es escravos,
cr av o s, diriV
d ir ig id *^
as
para
p ar a as
as suas
su as pessoas.
p es soas. 1Tendo :endo em em vvista
ista a natureza
ª, naturei.a dda a relação
re la çã o senh
se n h o r38 ..
escravo que analisamos,
es cr av o q u e an al is am os, isso isso é compreensível.
compreens1vel. Para
P ara oo es escravo
cr av o , do
n o ré 4m ,

aí estava uma ecepções,, in insegurança, satisfação e: am”3’
es tava u ma fo nte dde
fonte e ddecepções segurança, in insatisfação am a; .
guras. Walsh te
g u ra s. W al sh testemunha,
stemunha, com com re referência
f~~ência ao ao R R!o io ddee Janeiro
Ja n ei ro (o quu*
(o e,
se m d ú v
sem dúvida, ocorriaid a, o co rria em em ooutras utras re regiões
g1oes ddo o B Brasil),
rasil), q quUee oo desapom desaponta-
mento de alguns
mento de alguns escravos, em assunto
escravos, em assuntos s co concernentes
ncernentes à
à manumissão
m an u m is sã o ,
chegava a conduzi-los
ch eg av a a conduzi-los ao ao desespéro
desespêro ee ao ao suicídio
suicídio ((85). 8G). ’
àá oordem
Os
O s meios
m ei os ddee persuasão,
persuasão, incentivação incentivação ou ou acomacomoodação dação ddos o s escravos
es cr av o s
rdem vvigente igente não não poderiam ser,r, naturalm
naturalmenente, os
poderiam se te, os m m esm
es m oos
s aue
q u e se
se
aaplicavam
plicavamao aoss m embros ddas as ddemais
emais camadas camadas sociais.
membros sociais. A A coercão
co erção, a
repressão e mesmo a violência const
2contr! o?le so6 c-ia7l 7do° a vío,ência constituíam ituíam as as principais
principais form
formasas de de
controle social do comportamento comportamento dos dos escravos.
escravos. AA oordem rd em social
so cial.
qque ue se se eelaborou
laborou nnoo Brasil com m aa es escravidão,
cravidão, nnão ão chegou
Brasil co chegou aa conhecer' co nhecer,
até a sua desagregação final, técnicas socia
oi, x n t L ^ r 5* / 0 ,
f in- ,’ tócnícas S0CÍais is ddee ddíste™
is tensão o dde e em emoções’
oções
ou sentimentose de solução de divergências
«eassem n„ *
seassemn.o respeito à pessoa dos seres sub ,S ° Ça° de diverg^n«as ou
ou con c o n flitos,
fl it os, que que se se ba-ba-
casta senhora!*'*
casta_senhoreal.t que a escravidão com PeSS° a dos ,seres metidos àà dom
sul>metidoS d o m ininação
ação da
da
reduz/a o «cravo
r~~uziao escravoà condição de coisa, con
bilidadp
coZíL
â
" »uu,^ ü
T
ae
^ f
C01sa>
° .
conferindo
CT .
fundamento
f“
ferindo aos
n d
a
am
o s
ent?
se n h
senhores o
pecuniário
p ec u n
res a possi-
iário
possi•
bilidade de racionalizar a própria
ta expoliativa através de condu
argumentoqsue, no fundo, equiparavam a
----- ------- H energia hum
ndo, equipararam energia humanana
a de
de tra-
tra•
<«>
(8 3> CCf.f. AA.. dl V
Aê' E t
T a . ·. ~--l
a
(84) P. P. de-iac;·,d
(85)S) ?-£ ,'•o *so.k<*rd« Wcmec WªY,
k 1t1vn11. do
C of l na B ra si ,
l, vol.
vo l, • 6
(8 -~ca
lhe, leJara a liberd
,o• r IDIÍI ai,um te~'(~
r· k ‘ot?‘> c i?l> ( j '
r a ern,ec • op• .c!r,. pgs. 2~ e ,26.
t~tmhlo, de ver1f1carem,depo1J da mor
izaraJe tal Smod
0 Brasil
? o' que ainda de« ve« rite.amdo
H ttm
sétim o,
o,
do senhor,
pág.
pi g.
senhor, q„,
436.
43 •
que é«t
êst~ nío
"p“0(*“«x> (d.· Rcv. 1
ev. R.· wál,h op, ci■t.,<luV
aJ“,h•, °P' vo J.
inda
U , pp
devcrám
vol. U , pg». 350-351).
. 3, 0. 3,
commuár
continuar no
1),
DO ca ta
nlo
carivtiio
veb'O
}

RELAÇÕES
RELAÇõES r a c i a i s eENTRE
RACIAIS n t r e NEGROS
n e g r o s eE BRANCOS
b r a n c o s E?t.f SAO PAULO
e m SÃO PAULO 89
89

balho à fôrça
balho fôrça bbruta animal.
ru ta anim al. E, doutro
doutro lado,lado, eliminava
elim inava ou restringia
restringia
uremediàvelmente
irrem ediàvelm ente nos escravos escravos (é claro que
(é claro que no planoplano da relação
relação com
o0 senhor),
senhor), os incentivos
incentivos ao trabalhotrabalho e à ação ação nascidos
nascidos da da compreensão
com preensão
do dever,
dever, do espírito
espírito de com competição
petição com os com companheiros
panheiros e da cons­ cons-
ciência retribuição pelo
ciência de retribuição pelo esfôrço
esfôrço dispendido.
dispendido. Assim, impunha-se im punha-se
1 o0 apêlo generalizado à disciplina
apêlo generalizado disciplina ex exterior
terio r e o cerceamento
cerceam ento das possi­ possi-
bilidades de autorealização
bilidades autorealização do escravo escravo pela pela compulsão
com pulsão à m mais
ais com-
com­
pleta heteronomiaia social.
pleta heteronom social.
A insatisfação
insatisfação que q u e isso provocava
provocava nos nos escravos
escravos manifestava-se
manifestava-se
socialmente
socialm ente de várias várias maneiras.
m aneiras. O desmazêlo, desmazêlo, o descuido
descuido e o afro afrou-u­
xamento
xam ento no trabtrabalho;
alh o ; a tentativa suicídio, de abôrto
ten tativ a de suicídio, abôrto ou de fuga; fuga;
a rebelião
rebelião e o ataque ataq u e ao senhorsenhor ou aos seus seus prepostos.
prepostos. A documen- docum en­
tação
tação demonstra
dem onstra que q ue tais eclosões
eclosões de desajustam
desajustamentos entos e conflitos
conflitos so­ so-
ciais, inerentes
inerentes ao próprio p ró p rio regime
regim e servilservil brasileiro
brasileiro (ª6), (86), ocorreram
ocorreram
abundantemente
ab u n d an tem en te em São Paulo. P aulo. Em E m conseqüência,
conseqüência, o recurso recurso aos
castigos
castigos corporais,
corporais, às torturas,
to rtu ras, ao tronco,tronco, aos capitães
capitães do ma m ato to e àà
repressão policial
repressão ( 87 ), nnão
policial (87), foi aqui
ão foi aqui m menos intenso qque
enos intenso u e em outras
o u tras re re-­
giões do país.país. T Todavia, graças ao ap
o d av ia, graças aparecimento
arecim en to de uuma m a oopinião
p in ião pú-pú­
blica qque
blica revelava crescente
u e revelava crescente sensibilidade
sensibilidade co contra ações dêsse gênero,
n tra ações gênero,
práticas repressivas
as práticas repressivas e ppunitivas suavi:raram oouu fo
u n itiv as se suavizaram foram abolidas
ra m abolidas
completamente,
com pletam ente, m muito antes qque
u ito antes u e em ooutras zonas do m
u tra s zonas mesmo estado.
esm o estado.
Por
P iniciativa ddee uum
o r iniciativa m lídlíder abolicionista, chegou
e r abolicionista, chegou a ser elab elaborada
o rad a uuma ma
técnica de com
técnica combatebate às práticas violentas de to
práticas violentas tortura
rtu ra e repressão.
repressão. Essa Essa
técnica abrangia
técnica a b ran g ia a coleta
coleta de in instrumentos
stru m en to s de torturato rtu ra e sua sua exposição
exposição
pública (na
pública (n a for111a ''coleções de m
fo rm a das “coleções museu
useu e nnas proci~es
as procissões ddaa Irm
In11an-
an­
dade ddaa Nossa
dade N assa S Senhora
enhora dos Remédios);
R em édios); o re registro
g istro dosdos casos
casos m mais
ais vio
vio­..
e p rim e n te s de ppunição
lentos oouu ddeprimentes
lentos u n iç ã o e suasua ddenúncia,
e n ú n c ia , ppor
o r meio
m eio de dis­ dis-
cursos oouu da im
cursos imprensa;
p ren sa; e, com comoo aconteceu
aconteceu ppelo e lo mmenos
enos uuma m a vez (pelo(pelo
• que
q ue se sabe), exibição ddaa pprópria
sabe), a exibição ró p ria vítima,
v ítim a , ppara
a ra ppôr ô r em evidência
evidência o
alcance dos
alcance dos estro p iam en to s, qque
estropiamentos, u e ppodiam ser pproduzidos
o d ia m ser ro d u zid o s ppelas
elas to torturas
rtu ra s
(86)
(86) acima, referência
Cf. acima, referência contida
contida na nota nota 23; e, em particular, Astrojildo Pereira,
particular, Astrojildo Pereira,
Sociologia ou Apologética?, Interpretações,
Sociologia ou Apologética?, in Interpretações, Rio Rio de Janeiro,
Janeiro, 1944, págs.págs. 161-178.
(87)
(87) Registro Geral da Câmara Municipal,
Cf. esp. Registro Geral da Câmara Municipal, vol. IV., loc. cit.;
vol. IV Taunay,
cit.; A. de E. Taunay,
História da Cidade de São Paulo no século XVIII,
História "4 Cidade de São Paulo no século XVIII, vol. vol. I - l.•1.* parte,
parte, cap.
cap. X XII;
II; M. Paes
de Barros,
Darros, op. cit., cit., pgs. 103-104;
103-104; em diversosdiversos documentos
documentos já citados,
citados, como
como a cartacarta de
Paula
Paula Souza e os relatóriosrelatórios dos presidentes
presidentes da Província,
Província, vem mencionado
mencionado o fato fato de que
muitos senhores
muitos senhores se viram viram sem ter quem cuidasse das fazendas,
quem cuidasse fazendas, depois
depois de 1887, por causa
maus tratos
dos maus tratos infligidos
infligidos anteriormente
anteriormente aos escravos.
escravos. Castigos
Castigos cruéis
cruéis deveriam
deveriam ser pouco
po_u~o
freqüentes no m
freqüentes município
unicípio da capital,
capital, como o demonstra repulsa da população
demonstra a repulsa população ao sev1~1a-
sevicia-
mento do negro
mento negro Serafim,
Serafim, ocorrido
ocorrido em Campinas tornado público
Campinas e tornado pela exibiçio
público pela exibição da vítima
vítima
através
através de umauma procissão
procissão organizada
organizada por por Antônio
Antônio Bento caifazes
Bento e seus caifazts. . ., •
participação da polícia
A participação policia paulista
paulista na captura
captura dosdo, escravos
escravos fugidos
fugidos foi regulada
regulada defini­
def1nt•
tivamente pela
tivamente 21-3-1860 e pela
pela lei de 21-3-1860 pela de 7-7-1869
7-7-1869 (cf. Reper­
(cf. João
João Carlos Telles, Ref,tt'•
Carlos da Silva Telles,
tório das Leis Promulgadas pela Assembléia Legislativa da Província de São Paulo desde
tório das Leis Promulgadas pela Assembléia Legíslati"" da Proi:i,1cia de São Paulo desde
1835 a1,
até
dos fugitivos
187,.
1875, T Tipografia
ipografia do Comércio
ganhavam gratificações
fugitivos ganhavam
Comércio São Sio Paulo,
gratificações dos senhores,
Paulo, 1877, pgs. 359-360).
senhores, estipuladas
359-360). Os apreensore»
estipuladas pelas
pelas leis, em d(>bro
apr_eensore,
dôbro no
' ~aso de prendê-los
caso prendê-los em em quilombos.
quilombos. D Doutro
outro lado, policia local
lado, a policia sempre_ esteve pronta
local sempre pronta Pj*ra
para
• intervir na repressão
intervir rcpresslo de sedições levantam~nto de escravos,
sedições ou de levantamento escravos. assim que sua colabo­ co~abo-
raçlo fôsse
ração f6sse solicitada
soiicitada pelos
pelos senhores
senhores (cf. J. P. da Veiga
(cf. J. Veiga Filho,
Filho, op. cit.,
cit., pág.
pág. 59).
59), A incer-
ve_nçlo regular
regular da polícia
policia nessas atividades só foi suprimida
nessas atividades <_~!·
suprimida com a lei de 28 *2-1888 _(cr.
venção
Alberto t
Souza e José
Albe.rto . Souza José Jacintho Repertório das Leis Promulgadas pela Assembleta
Ribeiro. Repe,tnrio d.t1 Leis P,om11lg.ulas pela Ã!St"!h 1!'' d
Jacintho Ribeiro,
28-2-1888

Legislativa
f1g,1/at,va Provincial
ProvJncial desde 1876 a
áesd, 1876 1889 em
" 1889 ,m continuação
continuarão do
do ordenado pelo Dr.
ordenado pelo Dr. Joaa
Joan Cario,
Carlos
àa Silva Telles
tl4 SjJ"a Tel111 (1835-1875),
( 1835-1875), T
Tipografia
ipografia do D
Diário Oficial,
iário O Slo Paulo,
ficial, São Paulo, 1898. pág. 102) •
pig. 102>*

t
--·.... • • -- ., .'

INQIJP.RITO
[NQ(JF.RITO UNESCO ANMF.MI),
(JNF.sc:c> .AN t1rlll
e,., n1

90
., .. /88> Parece e que
qu e persistiram
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rpr1n •^c1 S en. na tradição
· palm te co n r
dição oral oral pa paulistana
.
ulistana uma qua r1nha, provável,
urna quadr.nha,

provàv el

u...
m e
~ ·'
n tdoTmpô
~ª JOJ7 corria
e
na
da
d
tra
ª escravidão,
es cra vid ão , em qu
que e eram
era m 1n vo
mvocadas ca da s cenas dessa
cenas de11.:.,
~a
mente do tem po
espécie
espécie f8 (899):
):

a ujata do “senhô ''se nh ô coroné”


co ro né '' --
A mulata ^- ''bót '' a café·
“Bóta"
".B m "ch1· aa" e nao
óta'' aa "chicra nao bóiaa o café,,
"Botô mesa, ''
"cuié” 'é"
i -
nao
na o ''b
Jo otô
td '' ,'
''Botô me sa , cu
"Apanhô de .
chicote e ''e h
chorô
or ô' '.•
''Apanhô de chicote •

Cis fatos
Os fatos expo expostos
sto s nas
na s páginas
pá gin as precedentes,
pr ec ed en tes , rel a_ tiv
relativos os às
às co nd içõ
condições es
de a j.-u s tt a me
d aJus a
social
nto ªsocia
m en t o l entre
en tre senhores
se
_
nh or es e es

cra vo
escravos s, po

em
põem ·
em
em
·
ev idê nc
evidência
-
çao racial
ia
d ue a s
coisas.
•sa Primeiro,
Pr i"m eir o que
qu e não
na o se pr ati
praticava ca va a 1s cr1 m1
discriminação na racial
uas co1 s. , . ,, . .
d
por causa de “prevenções” es " ou “ogenzas
''o ge r1 za s 1n ev 1tà
inevitàvelmente vc lm en te ou
ou vo lun
voluntà- tà-
causa de ''prevençõ . . . d d
oor
riamente associadas s a diferenças
dif ere nç as raciais,
rac iai s, ~o
por r me
meio io de e ete rm
determinaçõesina çõ es
;iamente associada er-
desencadeadas através de processos
pr oc es so s culturais.
cu ltu rai s. Co
Como mo um
umas as raç
raçasas ex
exer-
desencadeadas através ção
ciam a dominação çã o senhoreal,
se nh or ea l, e outras
ou tra s a su po rta
suportavam, va m, a
a es tra tif ica
estratificação
ciam a domina
era casta produziu
em casta produziu uma
um a desigualdade
de si~ a]d ad e de
_d e direitos
di~ ~i t~ s ~
e de
de de v~
deveres res qu
que e se
se
traduzia socialmente, sem
se m aa intervenção
int erv en ça o de
de ód
“ódios”ios ou de an tag
“antagonis- on is-
traduzia socialmente,
mos” raciais, em medidas
me did as de discriminação
dis cri mi na çã o rac ial
racial. . Se
Segundo,gu nd o, as
as me di-
medi-
mos" raciais, em
das discriminatórias assim
as sim produzidas,
pr od uz ida s, pr im àri
primàriamente am en te vin cu
vinculadaslad as à
à
das discriminatórias
própria dinâmica da
da ordem
or de m social
so cia l escravocrata,
es cra vo cra ta, ac ab
acabavam av am po
por r de se
desem­ m-
própria dinâmica
penhar uma função social específica.
es pe cíf ica . É
É que
qu e ela
elas s co ntr ibu
contribuíam íam po de
podero­ ro -
penhar uma função social
samente para conservar ar e alimentar
ali me nta r as nd
condições
co içõ es so cia
sociais is em
em qu
que e se
se
samente para conserv
engendrava a submissão ão de umas
um as raças
raç as a ou tra
outras, s, so
sob b a
a fo rm
forma a de
de
engendrava a submiss
apropriação mercantilnti l dos
do s indivíduos
ind iví du os nc
pertencentes
pe rte en tes às raç
raças as do mi
domina­ na -
apropriação merca
das, e nas
das, e nas quaisquais a
a leg iti legitimidade da
mi da de da dominação
do mi na çã o se nh or
senhoreal ea l en co ntr
encontrava ava
justificações ético-jurídicas
-ju ríd ica s e um fundamento
fu nd am en to ec on ôm ico
econômico-racional. -ra cio na l. Em
Em
justificações éti co
outras palavras, as formas de discriminação
dis cri mi na çã o rac
racial ial ap on
apontadastad as se
se vin
vin­ -
outras palavras, as formas
culavam
culavam à pe à perpetuação
rp etu aç ão da ordem
or de m so social
cia l cra vo
escravocrata
es cra ta co
comomo e
e en quanto
enquanto
processos sociais, que operavam va m no
no sentido
se nti do de
de ma
manternte r a
a po siç
posição ão e
e a
a
processos sociais, que opera
relação recíprocas existentes entre
relação recíproc.as existentes en tre as
as “raças”
''ra ça s'' a
a que
qu e pe rte
pertenciamnc iam os
os se
se­ -
nhores
nh or es e
e as
as “raças”
"ra ça s" em qu
que e se recrutavam
rec ru tav am os es cra
escravos. vo s.
Isso significa que,
qu e, vistos
vis tos em
em têrmos
têr mo s da
da função
fu nç ão so cia
social l qu
que e pr een•
preen­
. Isso significa
chiam, o preconceito
ce ito de
de côr
cô r e a
a discriminação
dis cri mi na çã o racial
rac ial se
se co mp let
completavam, av am,
chiam, o precon
como processos de preservação
pr es erv aç ão da
da ordem
or de m social
so cia l es cra vo
escravocrata. cra ta. Se
Se um
um
como processos de
produzia
produzia efeitos que im efeitos que
implicavam
pli ca va m na
na defesa
de fe sa da
da int eg
integridaderid ad e so cia
social l da
dass

(88) P Cl.’ rtíerincliS biblíogr!ficas das


referfncias bibliográficas notas 69
das nofas 69 ee 70. 70. _
(89)do Is Afonso A · ■ F .
d TFru R1 m/r 1is p4u/isl1t,,4S,
clnclas Paulistanas, Ediçlo ~•
Kcvíkj de lta*’
ta,, dir ões
Traili(ões
Tra e
e R tm inisctncias
-
.Revistado Bru il M . e , re, 31. Cópia
ato Ci a., Ed icõ rcs , Slo Pa ulo , 19 21 , pig .
íOrea,a.l,«>mi ^X
oco«e
o~reno tJ2>
::~~,~ ab
.... * Cia" Edit6rcí> Sfio PauI°’ 1921* pág* 37‘
& CP
'



RF.1,AÇôF.S RACIAIS
RF.I.AÇAES RACT..\I~ EN
ENTRE NJ:,c~R<>SK
'fRF. NEGROS F.M SAO
1,RAN<:C)!SEM
F.. BRANCOS SÃ<> PAULO
PAl JI.<> 91
91
------ ----- -- ----·--- - -- -- --
, ''raças''
«raças” domina11tes,
dominantes, 011tro
outro produzia
produzia efeitos a8~gt1ravam a <:On•
efeitos que asseguravam con-
tinuidade
tinuicladc da dorninaçã<>
dominação scnhoreal
scnl1orcal sôbre
sôl>re as “raças”
''raçaft'' reduzidas
re<luzidait à cscra*
cM:ra•
vidão.
vidã<>. l)c Dc modo que a <ôr
modc> <111c c:ôr e as
a~ diferenças raciais acal>aram,
diferença s raciais acabaram, de fato fato
acimi-1, 1>ags.
(cf. acima,
(e(. 5!)-Ci2),intcrfcrir1cl<>
pags. 5(M>2), interferindo na cli11à1nil
dinâmica ·a <la
da antiga s<•ti<~<la<le
,tnliga sociedade
c a sta s de São Paulo.
de c:ast,1s Paulc>. É ~ <1uc
que anabas
ambas constituíam
lº<>nstitt1íam,, dcntr<>
dentro clt·l,t,
dela, i11grl~•
ingre­
integração e ao funcionam
dientes essenciais à integração funci<Jnamento próprjo regim
ento do próprio rt·g1me e
servil.
servil.
De acôrdo com o espírito resultados da análise desen­
espírito e com os resultados desen-
diferenças raciais tornaram-se
volvida, a côr e as diferenças tornaram-se elem elementos funcional-
entos funcional­
mente
m significativos e operantes
ente significativos operantes por causa da elaboraçãoelal,oração social que
sofreram. N egro cgro e escravo, como objetivações
objetivações culturais
culturais correlatas,
correlatas,
adquiriram um sentido
adquiriram sentido mais profundo
profundo do que se tem pensado. pensado. Na Na
linguagem cotidiana,
linguagem cotidiana, principalm
principalmente ente na das pessoas que pertenciampertenciam
à camada senhoreal,
senhoreal, elas eram noções sinônimas sinônim as e intercambiáveis.
intercam biáveis.
Mas, é evidente
evidente que
que nessas noções se projetavam
projetavam associações culturaisculturais
,, muito
muito mais complexas.
complexas. De um lado, lado, deve-se notarnotar que
que o essencial,
essencial,
para
para os membros
membros das “raças”
''raças'' dominantes,
dominantes, não não eraera a idéia
idéia de que que
faltava
faltava ao negro
negro “qualidades
''qualidades humanas”
humanas'' ou que que êles “nasceram
''nasceram para para
escravos dos brancos”.
brancos''. Esta idéia
idéia tinha
tinha muita
muita importância,
importância, circulando
circulando
amplamente,
amplamente, como meio meio de autojustificação
autojustificação e como forma forma de raciona­
raciona-
lização de todo
todo um complexo
complexo de comportamentos,
comportamentos, incongruente
incongruente com
os mores
mores cristãos
cristãos da cultura.
cultura. O que que definia
definia socialmente
socialmente a noção noção de .
“raça”,
''raça'', no entanto,
entanto, era o sentimento
sentimento de comunhão
comunhão dentro dentro de um um
• sistema de graduação
graduação social, de prestígio
prestígio e de valores
valores culturais.
rulturais. Daí Daí
a preocupação
preocupação dos brancos:
brancos: evitar
evitar o acesso dos negros
negros e dos mestiços,
mestiços,
l tanto
tanto quanto
quanto possível,
possível, ao núcleo
núcleo legal
legal da família
família patriarcal;
patriarcal; impedir
impedir
' toda
tôda espécie
espécie de equiparação
equiparação com o negro, negro, em qualquer
qualquer esfera
esfera da vida
vida
social. Os atributos
atributos pròpriamente
propriamente raciais
raciais contavam
contavam como como decorrên­
decorrên-
cia. PorPor isso, para
para êles as “raças”
''raças'' negras
negras se compunham
compunham de indivíduosindivíduos
que
que se caracterizavam
caracterizavam duplamente:
duplamente: pela pela condição
condição de escravoescravo e pelapela
côr da pele.
pele. De outro outro lado,
lado, é preciso
preciso considerar
considerar que que êstes doisdois ele­
ele-
mentos se confundiam
mentos confundiam completamente
completamente na na representação
representação social social da
personalidade-status
personalidade-status do negro negro e do mulato.
mulato. Negro Negro eqüivalia
equivalia a “indi­
''indi-
víduo privado
víduo privado de autonomia liberdade”; escravo correspondia
autonomia e liberdade''; correspondia (em
particular
particular do século XVIII em diante),
século XVIll diante), a “indivíduo
''indivíduo de côr”. côr''. Daí
Daí a
dupla proibição,
dupla proibição, que que pesava sôbre o negro
pesava sôbre negro e o mulato:
mulato: o acesso a
papéis sociais
papéis sociais que
que pressupunham
pressupunham regaliasregalias e direitos
direitos lhes
lhes era
era simultâ-
simulta­
neamente vedado
neamente vedado pela pela ''condição
“condição social''
social” e pela
pela ''côr''.
“côr”. Em Em situações
situações
concretas, uma
concretas, um a pessoa
pessoa de côr tanto tanto podia
podia ser tratada
tratada comocomo escravo
escravo
por ser notória
por notória a sua sua posição
posição real,
real, quanto
quanto por causa causa de passarpassar porp<>r
“negro”,
''negro'', sendo
sendo irrelevante
irrelevante para para os brancos
brancos que que assim
assim procedessem
procedessem
que
que ela fôsse um um liberto
liberto ouou umum homem
homem livre.
livre. A representação
representação social social
da personalidade-status
personalidade-status do negro
negro e do m ulato e a autoconcepção
mulato autoconcepção que que
êstes possuíam
possuíam de seus seus papéis
papéis sociais
sociais tendiam,
tendiam, em geral, geral, a orientar
orientar
INQUÉRITO
INQUtRITO uUnNF. c oO--A
e sSC ml\.bJU
a nNhll"e E fi

992 2 _________________________________________

-univocamente as expectativas pectativas de de comportamento


comport am en to
nessa
n es sa d ir eç ão (t o,
dêsse drama, d*
Buiton
uoivo ca revela
m eo tJ e um
as ex aspecto
as ne ct o d ês se d ra m a, ao
ao afirm
af ir m ar
ar q u e "t o d o
s os
,r^ ^ ° (*>o\

e não todos osos livres,


livres, sãosão iguais, tanto social

brancos,
B
u
rt on re ve
_ todos
a um r- .
ig ua

is , ta nt o so c1 a1 qu an to po li t• 1
lo^ ° s oj•
camente**
bran co s,
ICOS, ena
ente”,, na
n
na sosociedade
ao brasileira
.
sociedaide ° lmente, outra
ci ed ad e br as de

ar a (91).
(9 1 )
.
utra questão.
— . b r a s il eciUaQto
questão. Como Como os
ir a ^ m
os padrões
padrõ _ ____

ca-se, naturalmente, do es
camen Agora,
A gora, co inter-racia! elabora osatravés
te coloca-se, nai elaborados
lo
at ra ,·e s doosignificado
. d
s1g111ticadoque
. . . que a
dee ajustamento
• t
^ ter'r?£ J alliri,am socialmente
.s .oc ia lm en te sob
so b o
o regime
re g im e servil,
se rv ·1 ª
côr
d r ee as

a1 as diferenças
u st d a~ f
en
1 erenç
º· as íacia*
1 ac
,
ia i-... 4^
.:
ad qu ir ir am
sodal
so aa 1 escravocrata?
es cr av oc ra ta ? Se
S e a a inter-
in
- 1,
te r:
ormações da ordern
reagiram. às
à traUS
t u sf
cnvoivemos é corret •
^ a, as as trausformações
tr an sf o rm aç õ es da
d a estrutura
es tr u tu r
a

pretaçãõ
re
pr etaçao que
ag ir ~ ~
que desenvoiv
s ~ es ^d~ vista do
d ajustamento

JU st am ~ nb to inter-racial,
.
m te r- ra ci al ,
sodal,
so ci al , significativas
si gn if ic at iv as d
d o Q
P on luêflcias
to vimodificadoras
m
stad
o
.f
1
~
1 ?
ªd
or as sôbre
so re as
as expecta-
ex pe cta.
te influências
exercerão drões àe comportamento
ex er ce rã o fo rç os am en
to• polapolarizado
ri za do em
em torno
tô m o da
d a raça
ra ça e
e
tivas
. 3S e os padrões ae
e os pa m pa rt am
obrigam
en
a a considerar
co n s1
.d
er a~
..sòmente
au
i..
m en te as
as duas
du as
da côr. Os limites d e e s p ç e alterararam> rigam
em proporções e em sentidos
IJV aç o no s ob
da cô r. O s li m it es d e es p se n ti d o s
, e_ m pr op or ~ oe s e em
ggrandes
ran d es transformaço q ro ^e ^do_ mestiço
u ·a n sf o rn ta çõ es qu ra m
o
na
na sociedade
so c1 e~ ad e paulistana,
paulistana.
es uç
ddiversos,
iversos, aa po posição
sição ao do n^ egnsjst^ncjas da ordem social escravocrata
m
~ª- o rd e~ so C Ja l es cr av o cr at a
Uma, re sp ei to a in co n! is tê nc 1a ~
Uma, diz resp««o a m
di z cons(ituiçSO) fa{atôr£s to re s dde
e solapamento
so la p am ento
~ ~ ç~ o,
que possuía, em sua içgão r ou de aqaquisição
qu e po ~ uí a, em su a p ró p n a co ns ut
s1 ça o d dee ststatus
at us pe pelos
los m membros
embros
doss cr
do critérios
itérios d dee atatnribuu çà cscij{yidào
escravidão.
u1
0utra,
O ut ra , refere-se
re fe re -s e aos
ao s efeitos
ef ei to s da
da
da
da camada
ca
Abolição,
m ad a
que submeti
su bm et
marcaa
id a
a ascensa
as ce ns ã~ _ coletiva
co _
le_ti v a ddos
o s nnegros
eg ro s ee ddos
o s m mestiços
es ti ço s
Aboliçã o, qu e m ar ca
d e ci d ad ão .
ao status
ao st at us jurídlc0;P°
ju rí di co -p al it
^Afundamento
ic o
o fundamento pec pecuniário
u n iá ri o da
d a escravidão
es cr av id ão cons-
c o n s-
A miscegenaça
A m is ce g en


re
ão
s
e n#,ríurbacão
de perturbação
e
e de
d e instabilidade
in st ab il id ad e nos
n o s liames
li ames
ti tu ía m
tituíam dois do is fa senhor-escravo. Como indicamos
ic am o s ac
aci-i-
fa çã o se n h o r- es cr av o . C o m o in d
que
que d determinavam
et er -m in av am a re
re açao a a]forria dos filhos s na.
na-
ü ên ci a, a al fo rr ia d o s fi lh o
m a, o se nh or -p ai co n ce d ia , co m freq
ma, senhor-pai con , período
ríodo
colonial,
co lo ni al , transparece
tr an sp ar ec e nos
no s
,urais
turais com
co m as cr av
escravas.
es as . D es
Desde d e o
o pe d<js pa; ‘s.senhores:
pre o cu p aç ão d o s p ai s- se n h o re s:
en to s a d u p la
Tá e
inv en tá ri o s te st am ng uém;
r í de
t eixt ar
o os‘ filtobaTtardos forros
rr os e se
sem m o b ri g
obrigação aç ão a
a ni
ninguém;
a de os filhos bastardos fo m ín im o
e ^de compelir os herdeiros ro s a dispensar-lbes
d is p en sa r- es p el o
lh pelo menos nm mm,mo m en o s u m
e a de co m p el ir os he rd ei
de as assistência material ee moral l («).
( 92 ). O fu n d am en to
fundamento pecuniário da p ec u n iá ri o da
si st ên ci a m at er ia l m o ra
de
etatid
es cr av ão
id ão permitia
~ 1m it ia a fonnação
fo n n aç ão e a v ig ên
vigência ci a d
doo p ri n cí
in
p
d
io
en iz
se

g
ão
u n
'á°
d o
p ei
°
o
o
qual a restituição da
da liberdade
li b er d ad e era
er a n eg o ci
negociável. áv el . A
A mdemzaçao pelo
qual a re st it ui çã o id o s p o r
valor do escravo tanto podiadi a p ro ce
proceder d d e
er de recursos re cu rs o s fo rn ec dos
valo r d o es cr av o ta n to po s
pessoas da camada dominante (em geral, al , al fo
alforriarr ia d e
de_recem re cé m -n as
^«:.do3ci d o
., o as da ca m ad a d o m in an te (e m ger
pes se u s p ad ri n h o s b ra n co s) ,
Tmenores re s por
p o r seus
se u s pais
p a is naturais
n at u ra is ou p o r
ou por seus padrinhos brancos),
e m en o o s p ró p ri o s in te •
quanto de recursos
re cu rs o s amealhados
am ea lh ad os ar
para
p a ~ ss
esse e fi m
fim, , p el
pelos p r prios 1
quanto d e a
ressados
re ss ad o s(Ç3).
( 93
). A
A lei
le i sancionava
sa nc io na va êsse
ês se tipo
ti p o de
d e transação,
tr an sa çã o , que
q u e faacucu lt av
quebrou
(90) Adiante veremos
remos.como isso se se refletia oa conduta dos mulatos e como se qat os e co m o se
• a:.rr!id
,(91) ê
A jia ~t e
t univocidade dee. expectativa
ve
e.rpectauv
como ísjo
a de
de
refletia na
comportamento,
co m po rta m en to , a
a
co nd
qu
que e
ut a
.a
nos
do s m ul
referimos
os referim os. . -1.<~, tomo,
tom~,
90 de Cap.
e
Richard F. Burton,
B ur ro n, Viagens
'Jlia_gmsaos ao Planaltos do ,P ras'lA .j } ^ N
s Pl an a/ lo s do Br as il (1 86 8) ,
loâcional, São
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traduçáo de A. jfacobina R
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lacombe,
la co m be , Ediçio
Ec hç io Ilus1rada
Ilustrada, C om pa nh ia E
panhia E ditora df rô ra a. do oa l.
194J pág. 417.
1
Pa ulo, 1941,
Paulo, , Pi ·
.
f(92)
ii f fCf.
[ -Alcântara Machado,
ac ha do , op.
op . ci t., esp.
cit., 1(1 ee se
p. 141 rs
*«ts.. ..
:; h . oo. cit.»
cat.,
(93) Cf. esp. J. M.f-_ <
t sl dn ta ca M R ib ey ro J! es , op .
W«t rr
VoJ. II, p q : J: 1.: ...Rug°.~nd~. . o_r p.c~.t~. .~ p~.s. _ .. 1_ __
Rugendas,
cr av 1a
op.
ao e
cit.,
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pgs.
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188
18 8
do üi poesia
e 19 0- 19
190-191; 1; Ç h . R ibeyr
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libertar do cativeiro tiv ei ro a mulher
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(io ’ Domingos
D ~e ce sd rJ
.................
a
1•1o, (Poema),
< P oe
pa
m
ra
a) , S lo
Sío Paulo, 1937.
Paulo, I.937.
, A tJ •

RACIAIS ENTRE
RELAÇÕES RACIAIS
llEl,AÇOES NEGROS E BRANCOS
ENTRE NEGROS BRANCOS E?\f
EM SXO
SAO PAULO
PAULO 93
93

ao
80 escravo a compra compra de sua liberdade liberdade ou a de outrem,outrem , desdedesde que
p0ssuísse
possuísse a quantiaquantia necessária e esta tivesse sido obtida obtida sob auto- auto­
9
rização do senhor senhor ((04). •). E, em 1871, acabou prescrevendo
prescrevendo taxativa-
taxativa­
mente:
mente: ''o “o escravo que, que, por por meio ,do do seu pecúlio,
pecúlio, obtiver
obtiver meios para para
indenização
indenização do seu valor, valor, tem direitodireito à alforria''t
alforria”, permitindo
perm itindo ainda ainda
''ao
“ao escravo,
escravo, elll em favor
favor de sua liberdade, liberdade, contratar
contratar com terceiro terceiro a
prestação
prestação de futurosfuturos serviços por por tempo
tempo que não exceda de sete anos,
mediante
m ediante o consentimento
consentim ento do senhor senhor e aprovação
aprovação do juiz de ór- ór­
fãos"
fãos” (9 5). Além disso, é preciso lembrar
(95)- lem brar duas condições peculiarespeculiares
à formação
formação do municípiom unicípio de São Paulo. Paulo. No N o têrmo
têrm o rural,
rural, quase
sempre prevaleceu
prevaleceu a pequena pequena lavoura,
lavoura, de produtos
produtos de subsistência.
subsistência.
No núcleo
núcleo urbano,
urbano, concentrava1n-se
concentravam-se as moradias moradias de fazendeiros
fazendeiros que que
deixavam
deixavam as suas fazendas fazendas entregues
entregues à administração
adm inistração de outrem outrem ((® 8).
9 8),
Eram
Eram essas, presumivelmente,
presum ivelm ente, duas duas condições
condições favoráveis
favoráveis ao aumento aum ento
de alforrias.
alforrias. Nas N as pequenas
pequenas fazendas,
fazendas, as relações
relações entre
entre o escravo
escravo e
o senhor
0 senhor tornavam-se
tornavam-se mais estreitas estreitas e mais íntimas
íntim as (9
(97);
7 ); as circuns-
circuns­
tâncias
tâncias faziam
faziam que q u e os senhores
senhores se co1npenetrassetn
compenetrassem da lealdade lealdade dos
escravos e da gratidão gratidão que lhes deviam, deviam, por
por causa da dedicação dedicação
demonstrada.
dem onstrada. Existia, Existia, pelo pelo queque se sabe, o costutne
costume de conceder,conceder,
por testamento,
testam ento, a alforria alforria a todos os escravos ((ou ou parte
p arte dêles, ape- ape­
nas) (98).
(fl8). E o testemunho
testem unho de Saint-Hilaire
Saint-H ilaire nos sugere
sugere que que êsse cos- cos­
tume
tum e estava
estava associado
associado ao desejo de recompensar recom pensar os negros
negros pelos pelos ser-ser­
prestados (99
viços prestados " )).. No N o núcleo
núcleo urbano,
urbano, por
p o r sua vez, as facilidades
facilidades
de obter
obter alforria
alforria eram eram maiores.
maiores. Quer Q uer porque
porque os escravos
escravos doB1és-domés­
ticos se insinuavam
insinuavam mais na boa vontade vontade e simpatia
sim patia dos senhores
senhores (100).
(10°).
Quer
Q uer porque
p o rq u e o meio
m eio urbano,u rb an o , apesar
apesar de pouco
pouco diferenciado,
diferenciado, ofereciaoferecia
algumas
algumas oportunidades
o p o rtu n id ad es de ganho ganho tendentes
tendentes a favorecer
favorecer a formaçãoform ação
do pecúlio,
pecúlio, quer q u e r porque
p o rq u e nêle
nêle os contactos
contactos sociais redundavam
redundavam no
aparecimento
aparecim ento de protetores,protetores, capazes de orientar o rien tar os escravos na aqui- aq u i­
sição da alforria
alfo rria ou de obtê-la obtê-la parap ara êles de outras
outras formas
form as ((101).1º1).

(94) Cf.
(94) W alsh, cp.
Cf* Rev. R. Walsh, op. cir.,
cit-, pgs. 242-243.
(95) Cf.
(9~) Vidal, op. cit.,
Cf. L. M. Vida!, cit., vol.
vol. II, II, pgs. 15-17.
(96) Cf. Cf. esp.
csp. AlcAntara
Alcântara Machado,
Machado, cap5. caps. O 0 Povoado
Poi·oaào e O O Sitio
Sítio da Roça, in op.
"" Rof", op. cit.,
cit.,
' pig.
pág. 37 e sets.:
e Maria
Maria Paes
sets.; D. P. Kidder,
Paes de Barros.
Kidder, op.
Barros. Como
op. cit.,
Como se verã,
cit., pág pãg 191; e os dados
comparando-se estas
verá, comparando-se
dados fornecidos
estas fontes
fornecidos por Saint•lli1aire
por Saint-Hilaire
fontes com Alcântara
Alcântara ~tachado,
Machado,
séculos XVI
dos s~culos X V I e XVII, para o século
X V II, para século XIX. X IX , alterara-se
alterara-se completamente
completamente a rel2~ãorelação campo
c.JmPô• -
cidade Antes, a casa
cid4tdt.. Antes, casa da freguesia
freguesia era apenas um pouso
era apenas pouso parapara as pequenas
pequenas cstadi15
estadias da. da
família no núcleo
família núcleo urbano;
urbano; depois,
depois, tornou-se
tornou-se o lugar lugar de residência. fixa de muitos
residência fixa fazen•
muitos fazen­
deiros,
deiros, que
que só iamiam às fazendas determinadas épocas
fazendas em determinadas épocas do ano. ano.
(97) Cf. Henry
(97) Henry Kosrer, Traveis in
Koster, Tra1J~ls Brazil, Longman,
in Br"zil, Lon1tman, H Hurst. Ree5, Orme.,
urst, Rees, Orme, andand Bro,vn.
Brovro,
Patternoster
Patternoster Row, London,London, 1816, pgs. pgs. 439-440;
439-440; J. J. M. Rugendas,
Rugendas, op. cit., pág.
op. cit., pág. 184.
(98) Cf por exemplo,
., por
Cf., exemplo, M. E. de Azevedo Azevedo ~{arques. Apontamentos Históricos,
M arques, Apo11te1:mt11tos Históricos, etc etc.t
••
op. cit .• vol. I, pgs.
cit., pgs. 27-28.
27-28.
(99) A. de Saint•Hilaire,
Saint-H ilaire, op. cit., vol. I, pág. 128.
cit., vol.
I0_0) Cf. Ch. Ribeyrolles,
((100) Ribeyrolles, op. cit . .., vol.
cit., II. pág.
vol. II, pig. 38 ((êste salienta: . •tais
autor s3lienta:
êste autor *tais gnç-ts
graças
alo
sao mais
mais raras
raras nas fazendas que
nas fazendas que na cidade,
cidade, e quase quase sempre recaem nos operários,
sempre recaem operários, nnas3 s mu-
camas e nos nos pagens,,).
pagens” ) .
•. (I0
( 101) ~or meios
I) Por meios jurídicos,
jurfdicos, por exemplo, como
p o r exemplo, como se p3s,oupassou a. ~az~r freqü~nt~mente
a fazer freqüentemente na
cidade, depois de 1870
cidade, depois 1870, sob influência de Luiz Gama
sob a influência Gama e dos abolicionistas
abol1c1on1stas queque cooperaya~
cooperavam
i{om
£jm ele libertaçio • .."pelo
~Je na libertação fôro" (d.
pelo foro’* (cf. prindpatmcnte
principalm ente o depoimento citado de Ant?
depoimento jijá citado Antônio010
Bueno de Andrade).
aouel Bueno
Manuel A ndrade)* Parece que que os negros, por
05 negros, por sua vez, depois de conseguuem
vez, depois conseguuem
• INQUÉRITO
INQUtRITO UN ANHE»„.
ESCO-ANffE\fnI
HNESCO
94 ...
-
Em suma, são - div ersas as
diversas as raz
razoes ões qu que e exexphcam
plicam po porque
rque a po popu.
pu.
Em 5~ma, saio braooia entre os indivíduos de co
lacão de Sã Sa-o Paulo abrangia, entre os md.v.duos de condição
ndição liv livre
re
um
-
Jaçaonúmero d o Pa u o a "- ' d
e 1 • mente alt
relativamente altoo de par
pardosdo s e dee negros.
ne gro s. As mesm ,’
, mero re ativa ., d me srn ~ft
um nu . rro du zia m
causas introduziam uma desproporção ace um a de spr op orç ao acentuada
ntua a. en entre tre os pardos ~
e
causas m . pa rdo s e
os On e~e g ros livres,
o s l,v
f
fazendo do comcom qu que e aq uêles pre
aquéles dominassem sôb
predominassem sôbre re êstêstes
e
os - res , aze n d
n u m a razão _
que scilou co
oscilou nstantemente, ma
constantemente, mas s dee uma
u0 1a maneira tals
numa razao qu e O nta ne ira tal
_ nos os uê s pri me •
iro s qu art • d écu Io XI X fic ·
que
q .ue as
as flutuações
flu tu. aço es n três primeiros quartéis
.
eis
d
do o século
s XIX ficaram
aram
ccon
o nt1d
t id as nas pro
a s nas p<>rções ext
proporções remas: apr
extremas: oxlDla amente, 6
aproximadamente, 6:1:
1 e 2,5:1 (con.-
2,5: I (con-
dem og ráf ico s ex po sto s ·me ·
forme
forme os dad osos dados demográficos expostos

na
na primena
pr1 ua parte).
pa rte ). ~£ que
qu e
os mulatos se be ne fic
beneficiaram iaram ma mais IS qu que e os os ou outros
tros co componentes
I11ponentes da da
os mu 1atos se d as po ·h·1·d d
população .,, dde cô côr, r no
no ap rov eit
aproveitamento am en to das possibilidades
ss1 1 1 a es de de manu-
papu 1açao e • . ma nu ..
1J1
missão issãoass eguradas pe
asseguradas pelala or ordemdem soc social 1a1 esc escravocrata.
r~vocrata. T d
Todavia, · as ga.
o avia, as ga.
ran tias soc
rantias iais conferidas
sociais conferidas ao aoss ho homens
mens d~ de co corr qu
que e he herdavam,
rdavam, ga ganha,
nha.
vam ou co mpravam sua
compravam sua lib erd
liberdade ade eq equiparavam-nos
uiparavam-nos aoss de
ao demais
ma is ci­
vam ou d . Jd ad ci.
- ? Ela s ab oli am , po dde d. .
ddadãos?
d
a aos Elas aboliam, por r acaso,
aca so,
.
a

desigualdade
es1
I gu a e e direitos
1re 1to s e de
e de-.
ve res, introduzida
veres, introduzida na nass relrelações
ações rac raciais pela
1a1s pe a escrav1 ao escravidão?.d, .,, ?
A
A res posta aa ess
resposta essasas pe rguntas de
perguntas depende
pende de de alg algumas
umas dis distinções
tinções.
Pri
do
meiro, qu
Primeiro, anto às
quanto às ex pectativas da
expectativas dass pe pessoas
ssoas de de côcôrr ~u que ~ fôsfôssem
sem liv livres
res,
doss mu mulatoslatos em particular. Ela
em particular. Elass esp esperavam
eravam e ex exigiam
igiam um um tra trata­
ta.
me
mento nto co nforme ao seu sta
conforme statustus for formalmal na na soc sociedade.
iedade. Evitavam
Ev as
itavam as
oc upações de
ocupações gradadas pe
degradadas pelala esc escravidão
ravidão e rea reagiam,
giam, às vê vêzeszes co com vio­-
m vio
lên
lência,cia, ao aoss qu que e tei massem em
teimassem em tra tratá-las
tá•las do do me mesmo
smo mo modo do qu que aoss
e ao
esc ravos. As
escravos. Assim,sim, preferiam
preferiam a vid vida a err errante
ante do doss camcamaradas
aradas ao labor
ao lab or
reg ular na 1º2 );
regular nass faz endas ((102);
fazendas e dif
dificilmente
icilmente se dis dispunham
punham aa rea
realizar
lhar
tar
tarefasefas co nsideradas co
consideradas comomo ind indignas
ignas pa para ra as pe pessoas
ssoas de de sua sua co condição
ndição
soc
social. ial. Sa int-Hilaire ref
Saint-Hilaire ere qu
refere quee um de de seuseuss ca camaradas,
maradas, un umi ne negro
gro
cri oulo, "o
crioulo, rgulhoso de
“orgulhoso de suasua dig dignidade de ho homem livre, dedicava
nidade de mem liv re, de dicava 0o
ma
mais is pro fundo de
profundo sprêzo pe
desprêzo los tra
pelos trabalhos
balhos qu quee se co consideram
nsideram co como apa­
mo ap a•

nágiogio do do esc ravo, ee era
escravo, era o bo tocudo Fir
botocudo Firmiano,
miano, est estranho
ranho aa todos os
todos - os
preconcejtos de
preconceitos de cascasta,ta, quque e ia procurar
procurar a ág água
ua e a len lenhaha de qu que tinha-
e tín ha-
mo 1º8 ). Outro ex
moss ne cessidade'' ((iM).
necessidade" Outro exemplo emplo é ain ainda
da ma mais is esc esclarecedor
larecedor
Um
Um mu lato, qu
mulato, que e ser
servia via co mo tro
como trombeteiro
mbeteiro da da leglegião
ião do dos s vo voluntários
luntários
rea
reais, is, rev
revidouidou àà arm arma a brabrancanca a um uma a bo bofetada
fetada qu que e lhe de
lhe desferira seu
sfe rir a seu
ca pit ão
capitão (iM). Es( 104).
sa, e ou
Essa, tras oc
outras ocorrências
orrências da da me mesma
sma esp espécie,
écie, mo mostram
stram
qu
quee oo mu mulato lato ee o ne negrogro liv res nã
livres não o se sub submetiam,
metiam, voluntàriamente
vo luntàriamente
pe
pelo lo me nos, àà ten
menos, dência do
tendência doss bra ncos a tra
brancos tratar
tar os ind indivíduos
iví du os de cô côrr
- ·---- de
o ncccnjrio pecúlio. dependiam da orientaçlo de pessoa
r,usos para 1 •ua fibertaçJo; alguns senhores não tinh s capa%es de dar OJ necessários
efcraro*
acn vo, !• ef do~
doutro lado. no proce,so de j - Y am ouvjaas
l/í7nam dúvida! em luctshriar
ludibriar 05 os seu
.1eu$s
tro lado
potmi
:i° 'iª ~e.
acima citado,
una c,ca de Lin
L inno Gv C hefk
Z iI1m fOut n ,om3T)ltmts^
manumisdo
0 continha as
.continha as 1ua
suass com plica(Ões.
complicações. Noo
N
<m, f,~1 D°min*0,)’
d.o. de lng ,aJ
er nc1a à necejt,dade do inrermtdiirio ( no caso: o in Mtstr, Domingo,) hã uma ligeira
ic7 7 'da<'' d0 '">"med,írío % c Z T L h C ^ma)'. L~i z Ga ). • hi “ma Hgf"‘
Pop~1~%~
PopuUffcs
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1 1 d~. SfntB,·Hi11~
on1111 U<I "'''
ire, OI>:cit., "º'.
op. cst., P8S, 80-81.
J, pAg. 128
gj veja-sse
128’; veía' e ainda Oliveira
ainda Oliveira Via Viana,
na, f

c/mM.
Mach o
260-26
do
(I04)
(104) Cf. M E I,
lado
S. QuodZm
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Macha.do de Óliv~iJ·
de
t-ol.
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^ J>ig. ^298. O
1 ~ d<?

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M~rqu
mulato , -" ff) 1'ltsl6r,,o. IU Pro
Oliveira,' ,
í t
t« to orig

í Z * r
«•!>• cit
es, op.
Provi?cia
digno de ter
inal fé digno
original
cit.,., vof
vol.. J.
11ln,ia 4,de sa
I, pgs
São
o
consultado.
ser con
pgs.. 78-
Paulo,
Ptt
sultado.
78-80;
80: Bri
ulo, etc
e t
Brigadeiro
gadei!o J. J.
..c, oop.
p . cit.,
CJt. , pgs
J-
PS*,.
J.
do rtv íde
«o revid*. . em que ,tfo cba ma va• se Cae tan
que,tí0 «amava-* Caetaninho e foi con inb o e foi condenado
deflado l à for forca
ca porpor caucau«
ta
• 1


RELAÇÕES
R ELAÇÕES RACIAIS
RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E BRANCOS
BRANCOS EM
E~I SAO
SÃO PAULO
PAULO 95
95

ccomo
o m o se todos
todos fôssem escravos. escravos. Reunindo
R eunindo suas observações
observações sôbre sôbre a
sociedade •. carioca,
sociedade carioca, R Rugendas desenvolve um
ugendas desenvolve umaa explanação
explanação sôbre sôbre as
relações
relações entre
entre as pe~oaspessoas de côr livres livres e os brancos,
brancos, que que parece aplicar-
parece aplicar-
se inteiramente
inteiram ente a São Paulo: Paulo: ''. “. .... e são tantotanto mais
mais susceptíveis
susceptíveis e
desconfiadas quanto
desconfiadas quanto não não ignoram
ignoram que que sua côr é a côr dos escravos. escravos.
Fazem
Fazem m uita questão,
muita questão, nas menores coisas da vida,
nas !llenores vida, de não não ser tra­ tra-
tados
tados como escravosescravos e de que que ninguém
ninguém se esqueça esqueça de sua qualidadequalidade
homens livres.
de homens livres. Q Quando
uando um branco branco se mostra mostra franco
franco parapara com
delicado, quando
êles, e delicado, quando não não faz diferença
diferença de côr, êles não não perdem
perdem
nenhum
nenhuma a oportunidade
oportunidade de prestar prestar serviços
serviços e dem onstrar a sua con­
demonstrar con-
sideração; ao contrário,
sideração; contrário, qualquer
qualquer alusão alusão desdenhosa
desdenhosa à sua côr, fere-
lbes
lhes o orgulho
orgulho e provoca-lhes
provoca-lhes a cólera, cólera, coisas que que nãonão deixam
deixam de
ter im
importância,
portância, pois, para obter
pois, para obter satisfação,
satisfação, não não carecem
carecem de audácia.
audácia.
Nessas ocasiões,
ocasiões, os crioulos crioulos têm por costume responder
por costume responder aos sarcas- sarcas­
mos com a seguinteseguinte frase: frase: "negro
“negro sim, porém,porém, direito" (1º5). D
direito” (105). Doutro
outro
lado, existem
lado, existem referências
referências segundo segundo as quais quais os m mulatos
ulatos e os negrosnegros
livres não só desprezariam
livres não desprezariam as pessoas pessoas da mesma mesma côr sujeitas escra-
sujeitas à escra­
vidão, como
vidão, como se prestavam
prestavam aos odiosos odiosos papéis
papéis de ''capitão
“capitão do mato'' mato*'
na perseguição
perseguição dos escravos (106).
escravos (106).
Segundo, o que
Segundo, que significava,
significava, econômica
econômica e socialmente,
socialmente, a aqui- aqui­
sição do do status
status de de liberto
liberto pelo pelo mulato
mulato ou ou pelopelo negro?
negro? A massa massa dos
forros
forros e libertos
libertos ficavaficava gravitando,
gravitando, econômica
econômica e socialmente,
socialmente, em em
tôrno
tôrno da família patriarcal, pertencendo
família patriarcal, pertencendo ao núcleo núcleo de seus seus depen­
depen-
dentes. Quando isso não
dentes. Quando não acontecia,
acontecia, deixavam
deixavam de ser agregados, agregados,
para
para tornar-se camaradas, dedicando-se
tornar-se camaradas, dedicando-se a trabalhos trabalhos incertos
incertos comocomo
“tropeiros”,
''tropeiros'', “guias”
''guias'' e “jornaleiros”.
''jornaleiros". Está
Está claro
claro que,
que, numnum e noutro
noutro
caso, a segurança
segurança econômicaeconômica diminuía diminuía com com a liberdade.
liberdade. Davatz,
Davatz,
comparando
comparando a situação situação dêles dêles com
com a dos dos escravos,
escravos, assevera
assevera que que “êstes
''êstes
vivem
vivem por por assim
assim dizer dizer melhor
melhor do que que muitos
muitos pretospretos livres,
livres, forçados
forçados
a cuidar
cuidar êles
êles próprios
próprios de de arranjar
arranjar trabalho
trabalho e sustento” (107). Para­
sustento'' (107). Para-
lelamente, as compensações
lelamente, compensações morais morais resultantes
resultantes eram eram antes subjetivas
antes subjetivas
do que práticas.
do que práticas. Inclusive
Inclusive peranteperante a lei, lei, seus direitos não
seus direitos não se equi-equi-
paravam
paravam aos aos dosdos demais
demais membrosmembros da da população
população livre. livre. O liberto
liberto
podia
podia ser ser considerado
considerado cidadão cidadão tanto tanto por por nascimento,
nascimento, quanto quanto por por
\ naturalização
naturalização (108). ( 1º8). “Mas
''Mas a lei, lei, atendendo
atendendo a preconceitos
preconceitos de nossa
de nossa
sociedade,
sociedade, originados
originados já já não
não tanto
tanto do do vil e miserável
miserável anterior
anterior estado
estado
do liberto,
liberto, comocomo da da ignorância,
ignorância, maus maus costumes,
costumes, eedegradação,
degradação, de de ·
( 105)
(105) Cf. J.Cf.M.J. Rugendas, op. cit.,
M. Rugendas, pág. pág.
op. cit., 193. 193.

n (1~6~ Cf. e$P- tsp. H. Koster,
Koster,. op. cit., ,rág. Oliveira Viana,
pág. 424; Oliveira Viana, op. cit., pág. pig. 80.
~-
' Essas
Essas 1dé1as
idéias são
sâo correntes hoJe no Brasil.
correntes até hoje Bras1 . No N o entanto, Rugcnda-s informa
entanto, Rugendas informa o contrário:
contrário:
os escravos feitores
os feitores tornavam-se
tornavam-se mais severos, porém, porém, o feitor
feitor mais duro
duro seriam os europeus
europeus
emprega_dos nesse
empregados n,cssc mister.
mister. Afirma
Afirma que o "mulato livre" era o melhor
"mulato livre” feitor para os escravos,
melhor feitor
pois ,seria outros (cf.
seria mais suave que os outros ( cf. op. cit.,
cir., pgs.
r,gs. 182-183).
182-183) .
107) Cf. T
,' 10^ Th. Davatz, op.
h. Davatz, op. cit.,
cit., pgs.
pgs. 61-62. Sóbre os
61-62. Sóbre os aspectos
aspectos em em questão,
quostlo, concer-
concer-
nente! posição dos negros
entes i posiçSo negros ee dos
dos mestiços
mestiços !ivres
üvres nana estrutura
estrutura social,
social, cf.cf. Oliveira
Oliveira Viana,
Viana,
op. cit.,
«P. cat., pág.
pig. 80
81) e sets. e 127-129.
127-129.
(l08)
(108) Cf. A. M. Perdigão Malheiros, op. cit., vol. I, plg, 206.
pág. 206.
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n to ~ N ,. . p o d e p o ré m
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p a r a 5 & » lo *•*~rgo, quer de e
ta l fun. uer ª:utro ·t n a o ,
S r c e r q u a lq ^ r o"de, ,a “ · t oesc l holh
i dido aquêle
a q u ê u e p o d e
le q u e pode ser elei,0r se r e le 0„
x e rc e r q u a l~ d l o r o u
e p . 1 . ta d o g e ra )
% o qual q u a l 80
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e sf p paarraa sê-lo,
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ta is c o m
como: o : d e p u
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para tem o as qua' ld •
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d e paz, , su b -d e le g a
paz sub-delegado de poiíciad o d e p 1
, ~ u
q d o r ju ra d o , ju iz
ue t~ aJ
qnrovincial, senador, j ^ d e estado, d o , m is tr
inistro,
in o , o icia,
m a g is tr
agistrado, a d o ,„em.
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o n se lh e ir o d e e st a Ih , n te rn .
C ro v in o
p o r público, « ^ ^ p •o , e outros « m e lh aa n te
te s's”' (1
<«»).< 1 9 ) N
No
romo to r p u 1 ,
1spa, e ou tr o s se m
P do corpo diplom ^ ^ ^aso de
bro d ip lo m á ti c o , b
de ser ser CIdadao
c id a d ã o b ra si le
brasileiro), ir o ) ·servir ~
bro do ~ s
se £r vereador
v e re a
1a xé,rcditt0o ee na
d o r (n
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caso d a • I (
se m te r a c e ss
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ntanto,. P
eentanto, _rn ^ -6
13 e n a guai
g u a r -n a o o n a ' 7d “ aos
a o s
n
h no exér o • • • 1 .d (I to )
M
na marinha,
m a rr o a , ais se exigia a aa qq uu alid
a a ~d e e de
d e eleitor)
e le it o r) (»«).
ficia pan. J . 1 g 1
S e x i_
oostos ddee ooficial,
nostos l, p a ra o s q u a 1 se
po rq u e as restrições de d ir e it
direitos o s ddos ·
g a r p o rq u e a s re st r1 ç o e s d e o s
T erceiro, convm
• Terceiro, con v ir ia in d a ~d as pessoas d o
^ tôdas p e s s o a s d ee côr
c ô r ded e condição
c o n d iç ã
ão se p li c a v a m a to a s a
se aa p li» concretamente, a certos m u latos s claros s
li bertos nnão
libertos c e rt o s m u la to ~ la r. o s ( 1 1
(ui). 1
) .
u l~ . e c ,? n ~ e t~ ~ e n te , a .
ne, eem
lilivre, tn p artic
particular . jurídico-políticas :s ap
a p o
o n
n tad
ta d a as
s n naoa o impedi-
im p e d i ..
d 1 c o -p o lí t1 c 3
sabido que as h m * 2 sã oo Paulo
s Ji m it a ç o e s 1 u r1
tÉ sa b id o q u e a
o em
e m m
m uu ito
it o m eenn o o
r r sc
escala
e a la q
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ra
ram ro (é(é verdade
verda d e q
queu e e m S
,q
ã
u d e
P a
''h
u
o
1
«homens ddee côr” ascendessem
m e ~ s a ~~f ''
s c e n d e ~ m a cargos
c argos
regiões do
utras regiões
ooutras o
d J» B r~ s il ~ .4 carreira m ilita r e e 1
eclesiásticos,
c e s1 á st ic o s, eemm
a , a c a rr e rr a m 1 1 ta r e . •
d•a administraçao p u b l1 c
ad' ministração P“ bS , do século X IX . A prm o , p e lo
lo X I X rin c ip
c a
ip l a l ra l'
razão, .ã pelo
ir d o s m e a d o s d o sé c u
especial a part
especial i que, entre os mulatosque, , m todos
neentre os mera m
ulatos, nem
qque ue p a re c e , c o n si st e em e d e ri -
parece, c ° " ^ e, Pelo’ casam sa m e ento,
n to , associado
a ss o c ia d o à
à p o
possess de ri-
c a
ccam amaradas
aradas ee agrega agreg a d o s . P e lo
^ sécul0 X V m1)1) oº!u1ao
.1 .
a o prestígio
p re st íg io con-
c o n -
(n o s f~ s d o sé c u ~ o . X V
quezas e da
quezas da, terr
tei:ra v atividades s sociais
s o c 1 a 1 s correspondentes
c o rr e s p o n d e n te s
ferido por títu os académ
c a d ê m ic^oo s e
e a
ass a
* t1 v 1 d a d e claros conseguiram
ferido por t1tulos a m a is c la ro s c o n se g u ir a m
u lo X .I X ), a lg u n s m u la to s
(nos fi
(„os ns do
fins do séc fam ílias senhoreaiso re a is ( 11
» 2’). N e
Nessa»ss a s
le o le g a l d a s fa m íl ia s se n h ).
in corporar-se ao
incorporar-se ao nuc c
nú eo legai ^ p restígioio social ddaa fam fa m ília
íl ia a
ri q u e z a e o p re s tí g s o c ia l
ccircunstâncias,
ircunstâncias, o d e
o ggrau ^ osq seus descendentes, relegavam
ra u
n te s , re le g a v a m para
p a ra se-
se -
, ê Je s e o s s e u s d e s c e n d e
ertencessem
que ppertencessem, d inaç5es co n cern e en
n te tes
s àà tonalidade
to n a li d a d e d
da a
q

eundo
u e

plano tôdas
d a s as
a s d e te
acicmn r1 1 1 in avç õ e s# c o n c e rn . * , con.
gundo plano tô c ô r (n a c o n -
pele(11 8 ). Apesar dass leves
le v e s rê n
referências
re fe c ia s ir ô n ic
irônicas a s â s u a
pele ( ). Apesar d
11 8 a
• #

(109)
(109) Idem, Idem. pgs. pgs. 20 7-208.
207*208.
(110) Idem. 1>gs.209-210 • ci ad o, e n lo .r ev el am de uma ma-
ÍJffi ^ J R « ?o 5si b
fo *
d e »»
u m n«ro
n eg ro m ui
muito to pronun ho m en s ^~e cõr;
• (1.11) .. O s q u
, e nã , r1 ce
ão sio. nebrancos”. ss àr ia m en te ,
neíra incontestável os caracteres e. s da ra
façaça . af ri ca
africana, na JJ*® “De há rn u1
muito. to , no
co or es rá ve l
ne,ra m de acôrdo, com as c.rcunstâncias, ca ra ct er
se r co ns id erados br ^ QS cargos civis e ec
an co s" . ºD e
~.itª-f•
podem,
Brasil,
d! acôrdo, com as
5 ! • caíram em desuso as
c1
leis
le
rc
is
un
qu
que
st
e
ân c1
ex
as
cl
.
uf
excluíam
ser
am os
os
c o n s i d e r a d o s

mul
m atos d
ulatos
de to do
m
s
;nj*
os
stfaç§0,
ca rg os
no
ci vis
sa
sa^ce rd óc
ec!~
rdóc,p!
e
io,
0.
cairam em de iu so o s ra m C
, ISda. ad m in is tr aç ão ,
em ro do s
!~ ;n;;,º•.
siásdcos.
,ticr, . Encontram-se
.Eocontt~-St homens
no exército, eenmuitos
homen s de cô r
côr em todos os ram £Ru ,genda
(J . M. í ; g
dass, op>
op . cit.,
ci t. , pág-
pá g.
Quando
94) • As
94h
•,; ,e
“circunstâncias", m u
ii· ,c o s
a quee se

b
,' quo implicassem
'1 família
i de excelente
ex
referere
ce le nt e
Rugendas,
R ug en
fa
da
m
família
s,
íl ia "
sio

(J.
o explicadas
M.
co
explicadas condicionaini nd jic: ’C
io i[onalmente:
na lm en te : Q ut :t ndo os
ttrls,,, jª r! fe
1
interisses
ls
(l l 2 )
de ,t tm ~ " o
?e
1 m p /1 ca ss tm (c
(cf.f. pg
pgs. s. 94.9,). .
94-95).
. ci t. , pág. 1~ 8; _ e Oliveira
(? li ve ir a Viana,
V ia n a, ._<o>Pp*.
(112) Cf. Frei Gaspar r da Madre
M ad re de D eu
Deus, s, op
op. cit., * *.1ra V iana, pa*-3
pa ra exP*lC
ex pJ icat
~ ~ Í F re a G as pa V 1a na ,
ci
a
t., pg
cit.,
uc
pg«.
m sl
a ascendo socialo
13 '1
i. 131-133.

ctª~ .
10
· Convém
d Convém
do0 mulato
m ul at o
notar
no ta r que
qu
“superior",
•s u p er io
e
r"
as
,
ra
sio

razões es
cien
slo cientificam
al
ti
eg
alegadas
fi
adas Po
ca m en
porr . ~O
te in
I1
fu nd
ve
ad
ente m *u n . . * na«ciam
ud
as
!s
.
. na s~
.
ra m de
de c~d=
(113) Çf. acima,
.4 013) nota 111. Rugendas s deixa
de ix a claro
cl ar o que
qu e as at it n a s c ^ ^ ^coj jndsie -
11 J
1!ª•se aplicavam a mulatos
'pois n o ta 11 . R ug en da a t i t u
m
d e s
1l1as r1 ca s e
oilncias sociais, IOC.iais ci am a fa
niências
tadu (cf.
«das (d . ftj ), f.~s;~
pig.p495).
ttp. _ ap lJ C av am m ul at os q u
que e pe rt en
pertenciam a
~- ---- •

r e l a ç õ e s rRACIAIS
RELAÇÕES a c ia is ENTRE
e n t r e NEGROS
n e g r o s Ee bBRANc:os
r a n c o s eF.~{
m sa o PAULO
SÃO PAULO 97

componentes da camada
versa dos componentes camada senhorcal:
senhoreal: “olha olha que
11
fulano coça
que fulano
a orelha
orelha com o pé”, pé'', por
p~r exemplo,
exempl_o, era e~a um dito empregado
empregado para sig­ sig-
nificar bode ou o cabrito,
nificar bode cabrito, um s1nôn1mosinônimo de mulato) mulato) e da resistência
mais
roais ou menos
menos aberta
aberta ou declaradadeclarada de algumasalgumas pessoas mais into- into­
lerantes, êles se incorporavam
lerantes, incorporavam à camada camada dos senhores. Identifica­
senhores. Identifica-
vam-se com os ideais ideais senhoreais
senhoreais de comportamento
comportamento e de persona­ persona-
lidade, partilhando igualmente
lidade, partilhando igualmente dos interêsses interêsses e dos valores sociais
da camada
camada dominante.
dominante. Segundo Segundo Oliveira Viana, isso só ocorreria
Oliveira Viana, ocorreria
com os mulatos claros, cuja
mulatos claros, cuja aceitação
aceitação seria mais fácil (114), (114), mas de
qualquer
qualquer m aneira, o resultado
maneira, resultado do processo proce~ de ascensão social trans­ trans-
parecia no desaparecimento
parecia desaparecimento do mestiço, mestiço, assimilado
assimilado cultural
cultural e psico-
lògicamente
logicamente aos brancos ( 115 ). £:t. natural
brancos (115). natural que a êles não se aplicas­ aplicas-
sem nem os padrões padrões de tratamento
tratam ento social dos libertos, libertos., negros
negr~ ou
mulatos pertencentes
mulatos pertencentes à camada camada social dos agregados agregados e camaradas;
camaradas;
nem as restrições
restrições legais
legais aos direitos
direitos dos cidadãos.
cidadãos. ComoComo dispunham
dispunham
de meios econômicos e sociais para
meios econômicos para se qualificarem
qualificarem como eleitores,eleitores,
podiam
podiam desfrutar
desfrutar plenamente
plenam ente todos todos os direitos
direitos assegurados
assegurados pela pela lei.
As distinções
distinções examinadas
examinadas mostram mostram que que a miscegenação
miscegenação e o ffun­ un-
damento
dam pecuniário da escravidão
ento pecuniário escravidão produziram,
produziram , de fato, fato, efeitos
e[ eitos que
que
acarretavam a alteração
acarretavam alteração da posição posição recíproca personalidades
recíproca das personalidades
polarizadas
polarizadas nos dois extremos extremos da relação relação senhor-escravo.
senhor-escravo. Todavia,
Todavia,
tais efeitos solapavam os critérios
efeitos solapavam critérios de atribuição
atribuição ou de aquisição
aquisição de
status
status e de papéis
papéis pelopelo escravo (e por descendentes), sem refletir-
por seus descendentes), refletir-
se, de forma
form a alguma,
alguma, em outras determinações sociais da relação
outras determinações relação
senhoreal.
senhoreal. Isso significa,
significa, segundo pensamos, que
segundo pensamos, que o tipotipo de domi- domi­
nação racial
nação racial nascido
nascido da relação
relação senhoreal
senhoreal não sofria,sofria, em
ern conseqüência,
conseqüência,
nenhumaa alteração.
nenhum alteração. manumissão, sob qualquer
A manumissão, qualquer das modalidades
modalidades
em queque era praticada
praticada na ordem ordem social escravocrata,
escravocrata, em geral geral nãonão
fazia senão
senão transformar
transform ar o escravo dependente social do senhor
escravo em dependente senhor
e de sua família
fam ília (ou do “branco” ''branco'' da cam camadaada dominante),
dom inante), seja dire­ dire-
tamente
tam como agregado,
ente como agregado, seja indiretam indiretamente como camarada.
ente como camarada. E é
visível qque
visível realizava como
ue ela se realizava como um processo processo de peneiram
peneiramento ento
cuja função
social, cuja função consistia
consistia em selecionar,selecionar, na população
população escrava,
escrava,
personalidades aptas
personalidades aptas ppara exercício de papéis
ara o exercício papéis sociais que que nãonão pode­
pode-
riam ser preenchidos
riam preenchidos de ooutra utra m maneira.
aneira. A escassez de braços braços parapara
certas espécies
certas espécies de trabalho
trabalho livre, nas nas quais exploração do escravo
quais a exploração escravo
dependeria
dependeria de um umaa fiscalização
fiscalização ou de uma um a assistência
assistência m muito dispen ..
uito dispen­
diosas, premência
diosas, e a prem ência de com completar
pletar os quadros
quadros humanos
hum anos das fazendas
fazendas
com agentes
agentes qque não pertencessem
u e não pertencessem (e, (e, mesmo,
mesn10, que que se distinguissem
distinguissem
subjetivam ente) à
subjeti_vamente) à escravaria,
escravaria, criavamcriavam as condições
condições sociais necessárias
sociais necessárias
ao funcionamento
funcionam ento reg regular
u lar do referido
referido processo.
processo. Do D o ponto
p o n to de vista
vista
das relações raciais, o statu qquo
relações raciais, u o pern1anecia inalterável. A mobi-
perm anecia inalterável. mobi•

(114) Cf. Populações


Populdç6es Meridionais
Meridionais do
do Brasil,
BFasil, pág. 133,
pig. 133.
(llS)
(115) Idem; cf. também adiante,
adiante, pig. 142.
pág. 142. I '


1
. •

'

~- xv~ t :
.. .,.,.,..'r:. .
T,.,-
.< ....~ • .. •
t
INQUÉRITO ÜNEgÇ
UNEsco.Q
J\N^w
, •
INQUtRITO r_1r
oEAtn1
--. '
9988 ___________________________
constituição social da popU]a p o p u la ç ã o d e cô :r .. .
/idade que a/efava a constituição social da brancas'' ~ e das ,, n-> a o
repercutia na posição recíproca das “raças
a d e q u e a fe ta v ~ • re c íp ro c a d a s ''r a ç a s branra" • ^ d° de côr rac- a l
negras” na estrutura social. Daí a plena vigênc € ***°
] id p as 1 ça o , 1 1

g en c1 a a n o ç a - ~ s
. n a o c ia l. D a i a p en a v da« “ o q u e
re n er cu t1 a d ''
a côr da pele dos representantes das “ra
associava
r- ,, es tr u tu ra Je
s
n°Ç5o
d o s re p re se n ta n te s as ra ç a s n
^
e g ra s' '
condição social infimamente baixa uma ab
negra s n a b so lu ta in ca p aª ·d u rn a
r a a
c ?
A* autodeterminação sócio-econômica.
associava a ~ ªf fe en te
*Heau^. Utt*%
am b a ix a e
e a
a u m
· nc^ras”
- c i 9ue
a d e 1
" • M a o dePh
d e h ?da<íe

. - so o a l
• 1 n u n só c io --e- c o n o m 1 c a . Mas a s a
*o p o
P°*«çãos1Uía ç
con d 1 ç a o . • 3 rCD^ se nn ta ç ã
(ar5;n o m
,0tnom ~lll
1
m o d if ic ar ligeiram
li g e ir a m e ente
n te a re p re 80clal
ddee autod et .e r" ! ºª ça : ^ J__f - A*_
n tr 1b"d u1du *o& atar tus do o •
is p ro v o c o u u m a re st ri ,_ ;;
-
livre re c o d o n e g
negru, ro , p r ; ; , . v«u "" aa
da
d a
Jrv personalidade^tanis ed id as ^d is ^
cr im in at ó ri asd is
. c r im in ~
a tó r ia s.
nali ª e-s eravam m
1

a perso
d«fera as
em que se o pdeiç » ão d ^e h hom
o m eemm h
li v rer e p pr o
ro dd uuzi zu ,
m , p o
porémré m , pro_
esfera em qu~ seà~n 1ºd d d n e g ro s e' p ro .
A
A elevaçao
e le v a ç a o à cona c vo n dduta
u ta e
e n
n a
a m
m e
e nn tata lid
• aa d ee doso s negros e mes-
ll les.
fundas
f0 ndas re
repercussões
p e rc u ss o
•e s n
na a
1 ·
,icaç3o - d
de e d
dois
0 1
. s processos
p ro c e ss o s m u
u itito
o .
im.
os a exp 1caçao
dços. Nela
N e
1 encontram
ª en :
o n
c
tr
o
a
m
m
p re e n sã o ^ d^a ddin inâm
â m ic aica d das
a s rerelações
la çõ es ra c ia
raciais is ir
n
n
na
a
..
ri ç o
portantes s. para a comp ^ ^ I b
elaboração - d
d e u m a n o
ovav a a u to
autocon- c
rt a n te s p a ra 1 ) a e a o ra ç a o e a o n .
antiga
P
an
o
ti
. sociedade
g a so c
.
1 e
d a d e pau
p au li st a:
^ • • p
p i
a
a
n
rt
e
e
d
dos
o sd n e ~ d o s e
.e mestiços;
m es ti ço s; 2)
2 ) a
a
e st s
atu e pap e p ãp éi s. so c1 a1 s! P '? r i·
ce pção dde
cepcão status pr1rincip p a almm enente ,te, de e I id eais
ea 1 s d e
de p e rs o
personali. n a
· açao,. , en tre os o s m e sc :1 ç o s •p n c1 • .. . 1..
a
formação,
form entre J jam e vaio
a 1 o rizavam
r1 za v am aa cc ô
o r,
r, a pessoa
p e ss o a e
a
vid que en q u e e n a lt e c ia m e v
ade e ddee vida
ddade
,.
cu ltura dos
cultura dos branc°*'
branco s. de status e papéis, s, p
p oo r r p aa rte
rt e dos
d o s li b e
libertos, rt o s
e p ap ei
de u ~Q serem
An o v a a u to c o n L e p ç ã o d e st a tu s
nova autocont FV" m e
e q
q u
u ip
ip a arara d d
o so s _aos
a o s escravos,
es cr av os:
d e n ã o se re
eevidencia-se
videnc ia -s e n a p re o cu
na Pre°£“P ’ com os p aç ão
brancos,
nco s, e
e n
n aa p
p re
re teten n
sa sã
o o a ex er
exercer, ce r
es co m o s b ra '
em p particular
ar ti cu la r n a s
nas re v
empreferência, ocupações e tare as qu
re la çõ
tarefas f q u:e nnao -
ã o se se
. I
incluíssem
1 n c u 1
,
ss e m n a órbita ó rb it a
ddee preferência, noya concepção d
d ee sta
st at tu
u s s e
e p a pp éé is
is a n im
animava, a v a
se rv il . E ss a n o v a c o n c e p ç a o
ddo o tr abalho servlL
trabalho dências c o n tra d itó ria s d
d ~e com
co m p portam
o rt am en to :
ento.
, d u a s te n d ê n c ia s co 1 ?t ra d it ó ri as
ppelo elo q u e p a re c e la te n te à as so ..
que f rec5> ^ vava
ta a ela
e la uu m
m a a a
a titu
ti tu d d
e e d e re a
reação ç a o te n te à asso-
Dee um
D um Ja do, afim
lado, al im en g um a situação social d e g ra d a n te . M
Mas, a s ,
m a si tu a ç ã o so c ia l d e g ra d a n te .
· ci a
ação eenntrt er e a c ô r c ô r d a p e le e u
ciação p dos valores
al ^o re s d
d a
a cam
c a m aadd a a racial
ra ci al do-
d o -
de outro, sublinhava
b li n h av a a ex
exc ce lê n ci a d o s v sím b o ,os d e dlgnidade
de outro, su e m sí m b o lo s d e d ig n id ad e
à m e d id a q u e o s tr a n sf o r1 1 1 a v a
m inante, a medi
minante, q desencadeava sen tim e n tos s d
d e
e inferioridade,
in fe ri o ri d a d e .,
n c ia , e d e se n c a d e a v a se n ti m e n to
ee de de in dependê
independe <, livres a e v ita r o convívio
c o n v ív io com
c o m o
os s
siosa s d e c ô r li v re s a e v it a r o
a s p e
; J E £ £ à íL l" íp i...i» s *
que compelia _ e n to .
su a s e x p e c ta ti v a s d e c o m p o rt a m
brancos ( l1 ) e 1 6 a s1 1 b m e te r- se à s
m
Daí resultavaJ u À o
o p
: e c u peculi» *»n» » o » l do « g r e «
li a r d ra m
· a m o
. ra l d o n e g ro e d o
d a
m
s,
es ti
e
ço
a
,
in

c
é
la
rc
ss
ia
i-
o m o a g re g a d o s e c o m o c a m a ra
ficados
fi socialm
cados socialmente e n te c
como agregados e com o 5 ^ d o ^ é c o nncceeitito o de
d e
do seu inconfonnismo contra tr a a
ass m a
ann if e st
ifestaçõa ç õ e s d
es d o P rec™ o p re c o ancos
do seu inconfo rm is m o c o n
m p o rt a m e n to d o s b ra n c o s
côr. O respeito
re sp e it o às
à s expectativas
e x p e c ta ti v a s d
d ee c o m p o rta m e n to ^
côr. O se u lu g a r' '. P o r su a
fazia que êles s se
se mantivessem,
m a n ti v e ss e m ., e
em m re g
regra, ra , ''n
“no o seu luga .
fa z ia q u e ê le rm e n te d is p e n -
vez, a excessiva sensibilidade
n si b il id a d e à c o n s id
consideraçãoe ra ç ã o e x te ri
exteriorm o •mnPáir
ve z , a e x c e ss iv a se im p e d ir
sada aos papéis sociais contribuíaib u ía fo rt e m
fortemente:e n te : a
a)) se ja
seja p a
para ra 1 p
sada a o _ ~
s a p é is so c ia is c o n tr
ra c ia l, q u e li g a ss e m ac im a
aª constituiçãotu 1 ç ã ode
d e laços
la ç o s de
d e solidariedade
so li d a ri e d a d e racial, que ligassem ^
con~t1 la m e s m a c ô r, is to é ,
das diferenças a s de
d e status
s ta tu s as
a s pessoas
p e s s o a s m a rc
marcadas a d a s p e
pela mesma cor, 1^ ^
da! dif~en ç p a ra to lh e r a
que unissem moralmente e n te li b e rt
libertos o s e e s c ra
escravos;v o s ; b
b)) s e
sejaja para to
que u ~ is se m m o ra lm m su b -
elevação das condições li
expoliativas
o a ti v a s d
de e e x is tê
existência, n c ia , a
a q
queu e e ra
eram
e le v a ç a od a s c o n d iç õ e s e x p
d 5 pot
en) ª '
k sociedade ^ar,®5a *
E d . ca ri o ca . R ug
<11,, ls,e upe * documentado com
ocumentado co refer,nc
m referência ja à so ci ed ad e 193 • 193).
eumPp100, ,ob 1c r, ou ct o en tr
er entre e si {. d .
$1 (.c • Ppá g.
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obicrvou quee os homem
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de côr
cõ r preferiam
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'(

RACIAIS ENTRE
RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇõES ENTRE NEGROS
NEGROS E BRANCOS EM
E BRANCOS EM SAO
SÃO PAULO
PAULO 999
9

,
1

e tidos igualmente
metidos escravos e libertos,
igualm ente escravos esfera de consciência
libertos, à esfera consciência social
:s negros
dos negros e mestiços
mestiços livres.
livres. Assim, a insatisfação
insatisfação que que êstes sentiam
sentiam
contra a ordem
contra social vigente
ordem social vigente não não encontrou
encontrou meios para para exprimir-se
ex11rimir-se
como um ''fermento
“ferm ento social'',
social”, embora
em bora fôssem o elemento
elemento predom
predominante inante
na composição
composição da população população de côr da cidade, cidade, desde o início início do
século X XIX (conforme os dados
IX (conforme dados expostos
expostos na prim primeira parte, relativos
eira parte, relativos
a 1804, 1815, 1818, 1818, 1836 e 1872). Ela Ela eclodia
eclodia através
através de desajusta-
desajusta-
mentos
mentos sociais
sociais (comumente
(com um ente sob a forma form a de vagabundagem,
vagabundagem , prosti- prosti­
tuição
tuição e delinqüência),
delinqüência), sendo sendo raramente
raram ente canalizada
canalizada como fôrça fôrça de
rebelião
rebelião social
social na lu luta
ta do escravo contra o senhor
escravo contra senhor ((117).
11 7). Por
Por isso,
não produziu
produziu outro efeito senão
outro efeito senão o de separar
separar socialmente
socialmente os negros negros
e os mestiços
mestiços libertos
libertos dos negros negros e mestiços
mestiços escravos, facilitando
facilitando a
dom inação senhoreal
dominação senhoreal exercida
exercida pelospelos brancos.
brancos.
Nas condições de ajustam
Nas condições ajustamentoento inter-racial, criadas pela
inter-racial, criadas pela ordem
ordem
social
social escravocrata-senhoreal,
escravocrata-senhoreal, a formação formação do sentimento
sentim ento e da von- von­
tade
tade de passar
passar por por branco
branco constituía
constituía um processo
processo espontâneo.
espontâneo. Isso

menos
menos por p o r causa
causa do poderpoder coativo
coativo da “mística ran q u id ad e” (118),
''mística da bbranquidade'' (118),
que da ausência
que ausência quasequase com completa
pleta de laços morais,
morais, queque integrassem
integrassem os
indivíduos
indivíduos de côr côr em unidades
unidades existenciais
existenciais e solidárias
solidárias de vida. vida. Ser
aceito
aceito comocomo branco,
branco, ou igualar-se
igualar-se aos brancos representava, sem
brancos representava,
dúvida, uum
dúvida, incentivo fundam
m incentivo fundamental.
ental. M Mas as ê~e
êsse incentivo
incentivo poderiapoderia
sofrer
sofrer uma neutralização (e mesmo
u m a neutralização mesmo um umaa repulsão),
repulsão), se existisse entre
existisse entre
os indivíduos
indivíduos de côr algum sentimento
côr algum sentim ento de lealdade
lealdade de fundo fundo racial
racial
ou algum
algumaa identificação
identificação racional
racional de interêsses
interêsses sociais.
sociais. Como Como êsses

sentimentos
sentim entos não n ão existiam,
existiam , ou se manifestavam
m anifestavam em casos singulares, singulares,
todo
todo indivíduo
in d iv íd u o de côr,
côr, queq u e conseguisse
conseguisse livrar-se
livrar-se da condição
condição hetero-hetero-
nômica
nôm ica de agregado
agregado ou o u de camarada,
cam arada, passava
passava a sofrer
sofrer a influência
influência
de umu m complexo
com plexo conjunto
c o n ju n to de impulsões
im pulsões sócio-psíquicas.
sócio-psíquicas. De D e úm
um
Jado,
lado, via-se
via-se automàticamente
au to m àticam en te poupado
p o u p ad o de diversas
diversas limitações
lim itações asso- asso­
ciadas à côr.
ciadas côr. Estas
Estas operavam
operavam atravésatravés de controles sociais imanentes
controles sociais im anentes

((117)
117) Os viajantes
viajantes que estiveram em São Paulo,
que estiveram Paulo. inclusive Saint-Hilaire, tão arguto
inclusive Saint-Hilaire, arguto
na percepção
percepção de outras outras coisas, conseguiram estabelecer
coisas, não conseguiram estabelecer uma relação entre
uma relação entre a conduta
conduta
mulatos e negros
dos mulatos negros livres
livres e as insatisfações
insatisfações procedentes
procedentes de sua situação situação na aa sociedade.
sociedade.
Os brancos nativos, por
brancos nativos, descobriram que os negros
apenas descobriram
por sua vez, apenas negros crioulos
criou/or (em geral os
vindos do nortenorte do país,país, mas também
também os nascidos
nascidos no próprio
próprio estado),
estado), eram menos dóceis
que os negros
que negros africanos
africanos e se insubordinavam
insubordinavam com maior maior facilid:1de.
facilidade, criando
criando sérios problemas
problemas
fiscalização (cf.
à sua fiscalização Taunay, História
(cf. esp. A. de E. Taunay, História do do Café
Café nono Brasil,
Brasil, vol. V, pág. pág. 166-
167; M. Paes de Barros,Barros, op. cit.,
cit., pág.
pág. 99).
99).
((118)
118) A
À expressão
expressão umística
'mística da branquidadeº,
branquidade”, utilizada
utilizada literàriamente
literária mente por por diversos
diversos
autores
autores brasileiros,
brasileiros, compreende
compreende um duplo duplo significado:
significado: o que traduz traduz a atitude
atitude dos que se
or~ulham
orçulham com o "sangue “sangue limpo"
limpo" dos ancestrais;
ancestrais; e o que que exprime
exprime a tendência
tendência corriqueira,
corriqueira,
principalmente
principalmente nos mulatos mulatos maismais claros,
claros, de ignorar
ignorar o mestiçamento
mestiçamento e as distinções
distinções asso-
asso­
ciadas
ciadas com as gradações
gradações da côr da pele pele (o que,
que, freqüentemente,
freqüentemente, os expõem expõem à ironia
ironia dos
mulatos
mulatos escuros
escuros e dos negros, negros, tanto quanto àa maledicência
tanto quanto maledicência maliciosa
maliciosa dos brancos).
brancos). No
fundo,
fundo, essas atitudes
atitudes são responsáveis
responsáveis peta
pe[a valorização
valorização das relações
relações sexuais
sexuais ou do _casamento
cas~°;lento
branco (ou
com branco (ou com pessoas
pessoas mais claras,
claras, apenas),
apenas), coisa a que se referem referem os indivíduos
1nd1v1duos
de côr,
côr, atualmente,
atualmente, com a expressão melhorar aa raça''.
expressão ''melhorar raça". Por ”
Por isso, merecem ser ponde­ p~nd~
radas
radas as seguintes
seguintes interpretações
interpretações de Caio Caio Prado
Prado Jor.
Jor. (A( A Formação
Formação do do Brasil
Brasil Contemporâneo,
Co,11empora,zeo,
pgs. IOS-106)
105-106) : "O ••o paralelismo
paralelismo das escalas
escalas cromática
cromática e social faz do branco branco e da Purejra
pu_re~a
<!e
de ra5a
raça um ideal ideal queque exerce
exerce importante
importante função
função na evolução
evolução étnica
étnica brasilei~a;
brasileira; ao ladola~o
das circunstâncias
circunstâncias assinaladas mais
assinaladas acima, êle tem um grande
mais acima, grande papel orientação dos
papel na orientaçao
5-.~~ament?s, reforçando
cruzamentos, reforçando a posiçãoposição preponderante
preponderante ~,restígio de procreador
e o prestígio procreador do branco.
branco.
uir1ge assim a seleção
Uinge seleção sexual
sexual no sentido
sentido do branqueamento".
branqueamento •

#e WfUoft
"'-tit=.aQà VJr.lv
Q o L:,
---.:* rs
\;e r'!;u•• <30 CC-st^itO
<âO :9tr it O FôOéfÉl
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Rua H&csdock
Rud t--'d; J-j(.'(: k l~ cfco,
ct,C). 2t?9
INQUÉRITO
INQ UtRITO ÜNESCQ.A NHtM
UNESCO-A N hkm~I^
100
-
-
.. -- ^~,2 .-a.L , QuandoQu an
do as as circunstâncias
circunstâncias introduziam introduziam uma uma mr, :rn
pas '' ô ,, ''
à 1ça o - .
d iftaçiotafnasituação do sujeito, que «côr»_ do suj eit o, qu e a c r e o “scatu,- status'' ^dei" o ..
dificação ra_J~a _satuaçaêolescontroles perdiam seu ponto de apo
vâm de coinddir,
coa no dll ', aquêles
aqu controles pcrdtam
..ê • seu ponto de apoio ~-
vam d e . Em con seq u oc1 a, ate nu ava m- se 10
estrutural1 ee funcional.f11 nc1 on 1. Em conseqüência
a " atenuavam-se
fl utuan d as re
res •.,•
esuutura . . . _ lig ada s com a cor , expectativ ~•-
o as expectativa,
cies e as discriminações ligadas com a cor, flutuando
çõcs e as discrunmaçoes sabor de peculiaridades
de comportamento.ao sabor de peo.I.ar.dades pessoais, C
pessoa.s, com
omo: *
o• as
habilidade
h a b1 1·1·
.ªd de do
do sujeito
su1 e1 o em estabelecer
de comportamen_t~,.~ºem estabelecer ''boas relações'' e em cap
boas relações em captarta:
ª as
a

simpatias
impatias dos b
dos brancos (ll9
ranc 05 («•);, o )• gra
0 grau u
.
de tol erâ
tolerância
_ nci
.
.
a rev revelado
D
ela do por
po r éstc
êst es
aa' sem Ih
elhantes
sem.e . ant es tentativas
t ntativas de aproximaçao
e
apr ox un aça o social.
soc 1a 1. Dee outro, outro, sentia-
sen tia
se solicitado,
se sol1c1ta o, seio d sem nen
nenhumahtr roa fon
fonte te apr ec1
apreciável
d
"á ve l de d e refreação
re f reaçao - interior
• erio ..
int
pelos 1 poderosos oso s estímulos
est ím ulo s do
do des ejo
desejo
.
dee passar
pas sar por por b
branco.
ranco. Pelo’ p eI r,
pe osparece,
que ue
po
par ece
oer
, os reflexos dêsses
reflexos dêsses estímulos
estímulos na na con
condutaduta do do sujeito
su · eit o só
q os . 1
esbarravam
esb arra vam com :...
eOm inibiçõesjbi
........ çõe s int ern
internas as
_ qu ando o sentimento
quando sentimento de direitos direitos,
conferido
f .d pela Po
pela posição sição social,
social, não nao for fornecesse
necesse um um amparoam par o subjetivo
sub 1·etivo
con er1 o
suficientemente
.
suf1aentem
. ent e sólido
sól ido .
. Em
Era con seq u
conseqüência,
.. ê
nc1

a, os J
malogros
ma og ros e os dissa­dissa ..
bores
bo res pr O
váveis nas
prováveis tentativas
nas tentativas de aproximação apr ox im

aça o
-
social
soc

1a 1 -
não
nao chegavam
che gav am
aa adquirir
adquirir Oo significado
significado de experiências exper1ºênc1•as frustradoras
f
rustra d oras ou de d sentido
e sentido
exemplar.
exemplar. -
Ac red ita mo s
Acreditamos que qu e as int erp ret aço
interpretações es apresentadas d f ·1·
apresenta as facilitam
ac1 1tam aa com­com.
reensão dos
preensão dos estímulos
estímulos sócio-psíquicos,
sóci<rpsíquicos, que que provavelmente
provàvelmente orienta­
orienta-
pvam
vam 3a conduta
conduta dos mestiç· os que
dos mestiços ''su b.1am '' socialmente.
que "subiam” . 1mente. TodaviaT odavia, ·
soc1a
restaria saber
restaria saber se as impulsões
impulsões ind indicadas
icadas enc encontravam
ontravam canais
canais regu!
expressão na ordem
r~-
Jares de
lares de expressão na _ordem_ escravocrata-senhoreal.
escrav~ata-se~horeal: Supomos
Supomos que que
nítido oO processo
éé nítido processo social
social subjacente
subjacente àquelasaquelas impulsões:
impulsoes: a tendênciatendência
quebrar os
aa quebrar os laços
laços de solidariedade,
solidariedade: que qu~ poderiam
poderia~ desenvolver-se
desenvolver-se
na população
na côr com base na identidade
papulação de de côr com base na 1dent1dade de de 1~interesses
terêsses diante
dominação senboreal,
diante
da dominação senhoreal, revela-se
da revela-se claramente
claramente nas nas atitudes
atitudes de de acei-
acei.
tação assumidas
tação assumidas pelos
pelos bra ncos. No
brancos. No exame
exame dos dos fatos
fatos desta
desta natureza
natureza.,
preciso não
éé preciso não esquecer de
esquecer o padrão padrão de configuração
coof iguração demográfica
demográfica da
cidade de São Paulo século
da
cidade de São Paulo du rante qu
durante ase tod
quase todo o o século X XIIXX:: os os mestiços
mestiços
livres constituíam
livres constituíam a maiormaior massa massa da população
população livre Jivre de de côr;
côr; aa po po­-
pulação livre de côr sempre representou
pulação livre de côr sempre representou, , a p a rtir
par tir do do prim
primeeiro
iro de-
cênio século,
de-
cênio do do século, a maiormaior massa
massa da população
população negra negra e mestiça
mestiça tot total;
meados do século é que
al;
apenas nos
apenas nos meados do século é que começa começa a ser ser alterado
alterado o o desequi­
desequi-
demográfico, que concedia
líbrio demográfico, que concedia ao elemento
líbrio elemento negro negro e mestiço
mestiço uma uma
pequena superioridade
pequena superioridade numérica numérica na na composição
composição global global da da popu­
popu-
lação. Or
lação. Ora, social escravocrata-senhoreal não
~ aa ord em sociaJ escravocrata-senhoreal
ordem não se se m maantinha
ntinha
atrav s sanções sobrenaturais. Mas, graças
através de sanções sobrenaturais. Mas, graças àà form formaa senhoreal
senhoreal
aqui desenvolvida
aqu, desenvolvida de apropriação
apropriação de de pessoas,
pessoas, de de riquezas
riquezas e do poder. poder.
do* ir,ri'
Da í~ cia dos freios
~nyergênüjia freios sociais
sociais no
no sentido
sentido de
de impedir
impedir o acesso
acesso
do, md1 V1 UQS e cor às prerrogativas
1v1duos de côr
prerrogativas e aosaos direitos sociais
direitos sociais dos
dos
njça*
J
níca,<1 9> _Gílbeno Freyre já procurou
,lkJde aJu~menro ^ tociial,^ explora
oe ajuvamaiío Uff u interpre
,ntf tar sociològicamente
rPretar sociologicamenre uma
uma paríe
parte dessas téc--
dessas t~c
Sobrados
Sob
t Mucambos nJroAs T jS
das pel os mu
pelos mulatoslatos nas
nas relações ncos
relaç_ões com os branco s (cf.
(cf.
Sio Paulo, W6>
Sfo Pa:io • 1n camábos, Dtudlnçí11 do

7 36 p á / 355 e
, P •· 3,, e ,eu.).
^ * » r o l no Brasil,
PtllrÍtlrçlld,o RNrttÚ 110 Brasil, Companhia
Companhia .Editôn Editôra
•""·

:
JlELAÇôES
R ELAÇÕES RACIAIS ENTRE NEGROS E BRANCOS EM SAO PAULO
RACIAIS ENTRE NEGROS E BRANCOS EM SÃO PAULO 101
101

senhores. Se
senhores. Se um
um indivíduo
indivíduo de de côr
côr conseguisse
conseguisse êxito econômico, por
êxito econômico, por
• esta
esta ou ou aquela
aquela razão,
razão, ee tivesse probabilidade de
tivesse probabilidade de compartilhar
compartilhar de de
um
um certo
certo número
número de de comportamentos
comportamentos senhoriais, transformava-se
senhoriais, transforma'\la-se
naturalmente em
naturalmente em uma fonte de
uma fonte de insegurança
insegurança para para aa ordem social.
ordem social.
Tanto no
Tanto no que concerne àà “desmoralização”
que concerne ''desmoralização'' dos dos comportamenws
comportamentos
senhoriais, quanto
senhoriais, quanto no no que
que diz respeito ao
diz respeito ao incitamento
incitamento ee àà organiza­
organiza-

ção
ção de de rebeliões,
rebeliões, ali estava·a um
ali esta'\- um lider potencial. Nenhuma
lider potencial. Nenhuma outra outra
garantia
garantia de ~e socialização
socializ~ção de de per_sonalidades
personalidades dêsse dêsse ~ipo
tipo 1>oderia
poderia ser_
ser mais
mais
satisfatória,
satisfatória, queque aa 1ncorporaçao
incorporação àà camada dominante, por
camada dominante, meio do
por meio do
casamento
casamento ou ou da atribuição de
da atribuição de uma posição nobilitante
uma posição nobilitante na na estrutura
estrutura
senhoreal. í.sse
senhoreal. Êsse mecanismo
mecanismo de de acomodação
acomodação esbarrava
esbarrava com com condições
condições
desfavoráveis, como
desfavoráveis, como as as resultantes
resultantes do do arraigamento
arraigamento do do preconceito
preconceito de de
côr ee das
côr das medidas discriminatórias. Porém,
medidas discriminatórias. Porém, era era favorecido
favorecido por outras
por outras
condições, em
condições, em particular
particular por por aquelas
aquelas que que se criavam graças
se criavam graças aos
aos cri­
cri-
térios
térios de de atribuição
atribuição de de status
status ee papéis sociais através
papéis sociais através dada integração
integração
1
ao
ao núcleo
núcleo legal
legal ouou aoao círculo
círculo de protegidos ee apaniguados
de protegidos apaniguados da da família
família
patriarcal.
patriarcal. Se Se aceitássemos
aceitássemos as as interpretações
interpretações de de Oliveira
Oliveira Viana
Viana (na­ (na-
quilo
quilo em em que elas são
que elas são positivas),
positivas), veríamos
veríamos que que mesmo
mesmo oo preconceito
preconceito •
de
de côrcôr não
não levantava
levantava obstáculos
obstáculos muito muito sérios
sérios ao ao referido
referido processo.
processo.
É:t. que,
que, graças
gra~as aoao preconceito
preconceito de de côr, os mulatos
côr, os mulatos cujos
cujos caracteres
caracteres físicos
físicos
se chocassem
se chocassem menos
menos com com osos padrões
padrões estéticos
estéticos dos
dos brancos
brancos podiam
podiam ser ser
selecionados positivamente
selecionados positivamente (120). (120).
mostra que
Isso mostra que a miscegenação
miscegenação não não foi, por por si mesma,
mesma, nem nem a
causa principal
principal nem nem a condição determinante da ascensão
condição determinante ascensão social dos
mestiços e da agregação
agregação dêles ao grupo racial dominante.
grupo racial dominante. Em se- se­
gundo lugar,
gundo lugar, chama
chama a nossa atenção atenção para para um problema
problema que que tem sido
encarado inadequadamente:
encarado inadequadamente: o do significado significado da mi~cegenação.
miscegenação. A
tendência a defini-la
tendência defini-la como índice índice da ausência
ausência de preconceitos,
preconceitos, por por
parte
parte dos colonizadores
colonizadores portuguêses
portuguêses e de seus descendentesdescendentes conside-
conside­
rados
rados brancos,
brancos, não não encontra
encontra uma comprovação analítica
uma comprovação analítica consistente.
consistente.
Seja porque
porque a miscegenação
miscegenação se desenroloudesenrolou em um plano plano meramente
meramente
material e sexual,
material sexual, como
como foi foi apontado
apontado acima;acima; seja porque
porque só excepcio-
excepcio­
nalmente
nalmente ela se associou associou a efeitosefeitos queque implicavam aceitação de
implicavam na aceitação
alguns
alguns mestiços
mestiços de brancos brancos e negros negros comocomo brancos.
brancos. IstoIsto ocorria
ocorria
apenas
apenas nos casos em que que a mistura
m istura racial
racial era
era acompanhada,
acompanhada, seguida seguida
ou reforçada
reforçada por por duas condições, a primeira
duas condições, prim eira dasdas quais
quais determinante:
determ inante:
a aquisição
aquisição de statusstatus na camadacamada senhoreal;
senhoreal; e a herança atenuada
herança atenuada
de caracteres
caracteres físicos
físicos dasdas ''raças negras''.
“raças negras”. primeira
A prim condição, princi­
eira condição, princi-
palmente, dificultou
palmente, dificultou deveras
deveras a modificação
modificação do padrão padrão de composição
composição
racial
racial da camada
camada socialsocial domdominante,
inante, lim limitando
itando a ascensão
ascensão social
social dos
mulatos
mulatos antesantes do advento
advento da AboliçãoAbolição e restringindo,
restringindo, em São Paulo,
Sao Paulo,
a sua participação
participação das das regalias
regalias sociais desfrutadas pelos
sociais desfrutadas pelos que exerciam
exerciam

~sse respeito, Oliveira Viana, Populações


<120) Cf., a ésse Popul"f6tJ Meridionais
Meridionais do
do Brasil,
Brasil, op. cit.,
cit,,
PI*.
P... 80-87,
8 127-129, 131-133.
0·87, 127•129. 131-133. .
·1
/

IN Q Ut.RlT
INQU £R ITO
O UNESCO
UNE ^ » t»,
'.SCO-ANi
102 · -=-Mn1

dom . _ senhoreal
inação senhoreal («>)■
(121 ). Por sua
Por sua vez
vez, , os processos
processos queque
-
detpi.
d
a dom1naçao • b eter
.inavam a aceitação
eitarão de
de certos
cercos mestiços
mes tiço s com
como o brancos
ranc os beneficiai
ben efici· •
m1anavam a ac T • d os d ª"ª ni

exclusivamente,
exc1us1vamen , ce os indi vídu
indivíduosos pen
peneirados
eira e os seus
seus descendentes
esce nde nte ,
. _ . ~ - s que
se . m na
mantivessem na mesma
mesma posição
pos 1ça o soc1
social.a .e.1es nao
1. Eles nao repercutiram
repercutiram n ,
se mantivesse . d - - "b , .Pelo
que se podede eber nas
perceber,
Perc nas atitudes
at1t u es e ava 11açoes sôbre
avaliações so re o
O negró
negr O _
que se po ' d e
-
mulato, t inco rpor
incorporadasada s à cult
cultura ura da
da camada
cam a a senhoreal
senh orea l e partilhai
part ilha d 0
°
mu 1a o, . "dad 1 ''b ,,
, as
com ·or
maior ou
ou menor
men or intensidade,
inte ns1 e, pelos
pe os brancos' em
rancos em geral. AI"á' geral,
com mal . - d • à 1 s
os efeitos
efeitos produzidos
produzidos pela pela incorporação
mcorporaçao de mestiços
e mes tiços à camada
camada senb , senh
real faziam
real faziam que
perpetuar e reforçar
perpetuar
que sua sua aceitação
aceitação como
pràticamen_te .ª
reforçar praticamente
como brancosbrancos contribuísse:
a representação
representa_çao de
c~ntribuísse:
de personalidad^
pa:
a) n °
personalidade ..
status
s u
tal s do
do neg
negroro ee do mulato, eliminando
do mulato, elim inan do ou ou circunscrevendo
arcu nscr eve ndo a co*'
. . _ b" con .
c~o de nov os pap
cessão de novos papéis sociais éis soci ais aos
aos que que não nao combinassem
com 1nassem em
em cer!1
ce '
au d d . • tto
grau pres tígio soci
gr prestígio social herança al e hera nça atenuada
atenua a de e caracteres
cara c t eres raciais
rac1 a1s do
do n™,
neo °.
b) para
• "'b • . t>ro ,
man ter
b) para manter os este estereótipos
re tipos ~or
Ó correntes
rente~ so sôbre a incapacidade
re a incaracidade intelec- intele° ’
tual ee. moral
tual moral de negros nep-o_s e mestiços
mestiços mais ~ais escuros,
escur~s, pois pois deu deu orig origemem *aa
mecanismos de
mecanismos de avaliação
aval1açao que que submetiam
sub~et~am as ações ~çoes das das personalidade3
personalidades
de côr
de côr bem
bem sucedidas
sucedidas a a uma
uma apreciação
aprec1açao restrita;restrita; c) e) para
para conservar
conservar o
,
sistema de
sistema de relações
relações raciais
raciais criado criado pela pela ordem ordem social social escravocrata-
escravocrat:
senhoreal, mediante
senhoreal, mediante a assimilação
assimilação dos dos elementos
elementos mestiços mestiços capazes capazes de de
competir
competir econômica,
econômica, social social e politicamente
politicamente com com os bran brancos.
cos. •

Até agora,
Até agora, lida mos com
lidamos com processos
pro~ssos sociais sociais cujos ':1jos efeitos
efeitos podiam podiam ser ser
reguladolarin.ç
regulados n pias
s pelas
pela s fôrç as que
forcas aue m man antinham
tinham a ^esta estabilidade
bilidade H da UIuem
01~dem social__ ♦al«
soci
escravocrata-senhoreal.
escravocrata-senhoreal. A Abolição
Abolição diri dirigege nos nossa sa atenção
atenção para para pro­ pro-
cessos sociais
cessos sociais que que desempenharam
desempenharam a a função
função oposta: oposta: a de desagregar
de desa gregar
e destruir
destruir aquelaaquela ordemordem social.social. Por Por isso,isso, a Abolição
Abolição representa representa u um
mar
marco
u co na
id itu na iii9iu
n a história
história social uu
ii4 social
dutiâi do
do negroneg
u iu em
c gro em oSão
cjii a u Paulo.
São xPau
a ulo.
iu , m Ela
Elaa localiza
lo c aliza
loca liz a n inoo
tempo o
tempo o fim
fim de de um um processo
processo histórico-social,
histórico-social, o da da desagregação
desagregação do do
regime servil,
regime servil, e o inícioinício de de outro,
outro, o da equiparação equiparação coletiva
coletiva dos dos
negros e seus descendentes
negros descendentes mestiços, mestiços, sob sob o ponto ponto de de vista
vista jurídico-
jurídico-
político,
político, aos demais demais cidadãos
cidadãos bras brasileiros.
ileiros. Através
Através da da análise
análise socio­ socio-
lógica veri
lógica fica-se, porém,
verifica-se, porém, que que ela ela nãonão provocou
provocou diretamente diretamente nenhuma
nenhuma
alteração substancial
alteração substancial na posição recí
na posição recíproca
proca de neg negros,
ros, mestiços
mestiços e bran bran­ -
cos
cos na na estr
estrutura social da
utura social da cidade.
cidade. A tran transformação
sformação dos
dos ajustamentos
ajustamentos
inte r-raciais se processará
inter-raciais processará lenta lenta mas mas inin ininterruptamente
terruptamente graças
graças à infl influ­
u-
ência dos
ência dos fatôres
fatôres soci ais que
sociais que intervieram
intervieram nos nos processos
processos do do movimento
movimento
abolicionista ou
abolicionista que se vinc
ou que vinculamulam à eme emergência
rgência da da novanova con configuração
figuração
social
social de de vida,
vida, industrial
industrial e urbana. urbana.
A
A desa gregação do
desagregação regime servil
do regime servil vinc vincula-se
ula-se causalmente
causalmente a tran
trans-
s•
lorm a~ões que
ormações que se operaram
operaram na na estr estrutura
utura da soci sociedade
edade paulistana,
paulistana.
! preciso
preciso notarnotar que o equilíbrio
equilíbrio da da orde
ordem m social
social escr escravocrata-senho-
avocrata-senho-
real dep
rea ePendia
endia da preservação de um cer
da preservação certo to padrão
padrão de composição composição da

I.owr(lll)s_b io, b resul


r tado
e s^ desta
í ° inter pretação trazem
trazem uma comprovação indireta
lowrie
il
acir; braiiíeir*
bso . ª com íerPreíaÇ*o uma comprovação indireta à teori
teoriaa de
«tirpe
ras eua, tio posi
' expo
m n çfo étn.i~a dasl ,Ç
ezpo,u
sta 005 dou uaba
aos doa trabalhos
cama
lbos d
das constituídas
ama<*as constituídas pelos
êssee autor
dêss autor citadoi
pelos descendentes
citado, acima
descendentes da antiga
acima <cf.
(d. nota
nota 4')).•
anti.si
4
..
RELAgOES RRACIAIS
RELAÇOES ACIAIS e nTR
EN t rE e N
n EG
e gRrOoSs Ee Bb RrAaNnCcOoSs .Efvll(
SÃO PAULO
, PAULO
103
ppopulação
opulação e dde e in tegraç~o ddo
integração sistema dee tr trabalH .
o si st _ e ~ a d a b alho. A A reserva
re
mmaoão dde e oobra
bra eescravascrava ~ devia ser suficienie
ev1a ser suf1c1~~te para compe „ trabalho- se rv a de de
ddosos pprocessos
rocessos ~ dee se seleção
le~a~ le letal, oue d izim ai™ C° mPensar nsar °s o s efeitos
efeitos
tal, qu: d1z1mavam a populaç
pparaara ~ te n d e r a
atender às possíveiss _ p o ss 1ve1s fl flutuações da prod?1r L P° PUlaÇão ã o escrava-
e sc ra va,
utuaçoes da. produção, e para
pprópria
rópria P opulaçao eescrava
populaçao scrava eem uma d e n s i
m uma densidade que permitis .L l ^ Ç ’ * para m
m a n te
anter r aa
ta mento ccontínuo,
lamento ~ntínuo, ddentro entro ~ dela, de indivíd Per">itisse se Oo re cru-
recru-
ela, d~ indivíd~os ap~os para
dde e oocupações
cupaçoes re gul~res oou
regulares u 1instáveis, oue
nstáve1s, que nao podiam ser p para O° excrcício
e x e rc íc io
ppor 0r eescravos.
scrav_os. O si sistema
stema dde trabalho n s„ ^ “ m ser reenchidas
P«enchidas
e trabalho não comportava u
cciação
iação m u it o g
m uno grande dda ra n d e a eesfera
sfera dde ocunarS ^ T
e ocupações braçais e mecâni< P°-r ‘aVa m
uma a diferen-
diferen-
aa eexpansão
xpansão ddo o tr abalho li
trabalho livre, além do« lim
vre, além dos limites restritos -. a“ 6 mec‘*nilas :a s nem
nem
su p le
suplementava
ri
m e n ta v a o t~ abalho eescíav
trabalho o ™ ~ “
scravo ou se aplicava a ativid T * reS,rÍtos e
em
a
m
d e s
V
qu*e êste
senho-
ê st e
a is . O ra
riais. Ora, depois dos , d e p o is d os m meados
eados ddo século X n T 3 a‘IV,dades senh°-
o século XIX, nenhum dêsses
re quisitos, ~
requisitos, dee qque ue ~ dependia
ependia oo ppadrão <!,- ... nenhum dêsses pre-
pre-
adrão de composição da popula
ddee in tegraçao ddo
integração o si sistema
stema dde trabalho nAd
e trabalho, pôde ser efetivam da população ç ã o ee
fe it o . F a tô re s d iv e rs o s, ccomo e n te satis-
feito. Fatores diversos, omo a su supressão d0C t r á
pressão do tráfico africano, o r efetf ' vam en,e satis"
ta
tam meentonto ddas as ddisponibilidades
isponibilidades dde mão ,u. , aílco afncan». o esgo-
esgo-
e mão de obra escrava existe
B
Brasil, rasil, a ccomplicação
omplicação ddo o sisistema de trahalh
stema de trabalho em conexão escrava existente n te nono
ccim imeentonto ccomercial
omercial e uurbano rbano dda c i d a d f em ™nexâo c o
com m o cres-
o cres-
a cidade, co:m o afluxo de im
eeuropeus
uropeus e ccom om o rá pido ddesenvolvim
rápido ento“ " de ig rantes
imigrantes
esenvolvimento em um sentido
dda a eesfera
sfera dde e tr trabalho
abalho li livre ( e x a m in a
vre (examinados no capítulo i ™ sentido a u tô
autônom nomoo
ra m q u e a d e c o m p o a n terior), fize ..
ram que a decomposição si ção do regim o e serv ^ il se ^inicia a“ ,erÍOr)’
dda a eeclosãoclosão ddos os m sse antes mesmo
ovimentos aabolicionistas
movimentos bolicionistas. F .nr fi
E i ím" ,0 3u^m6a a" teS mesmo
so c ia l se e la b o ra v a nova ordem
social se elaborava nno o se seioio m mesmo
esmo dda a ordem
o .
r d e m «ciTl*
social eescravocrata-
..-senhoreal.
senhoreal. em social scravocrata ..
v // T odavia, ooss in
Todavia, terêsses so
interêsses sociais
ciais ee ooss id ideai*
e a is a »
d e v id a e •
oincidiam eem
Aroincidiam m tu tudo com os ideais Hp r m e rg
emergentes e n te s nnão ão
do com os ideais de vida do ' a a
N p la n o s fazendeiros-senhores.
/ No plano ddos O os in terêsses ssoocdiaaisf im
interêsLs imeeddiattotos,l o o ‘a“ nd~
contraste não provocava " l * > r e s .
cconseqüências
onseqüências se nsíveis. A eeconomia
sensíveis. conomia dda a diddadXe nnããoo ^tinhh a S ™
c a existência
pprópria;
rópria; ggravitava ravitava eem m tôrno
tôrno ddas as ri q1n1ee7zi»<
ria a s p ro a a
duzidas no campo. O existência
espirito de conciliação diante
espírito de conciliação diante ddas
as eexigências
xigências e ddas a s exJectaX
e x p e c ta ti as dos
fazendeiros-senhores s v a s dos
fazendeiros-senhores e
se im
im ppunha
unha aaté té ddentro
e n tr o de
d e organiLções
o ·
r g a n iz reV olu
cionárias, como o partido a ç õ e s re v o l ·u-
cionárias, como o p a rtid o re publicano
republicano paulista
p a t1 li st a U( 122) ). Porém
P o ré m , no nõ
plano dos ideais de vida os c
£ a n o dos ideais de vida os conflitos onflitos se eexpandiram x p a n d ir a m com
c o m intensTdade
intensidade.
Na nova ideologia em formação,
Na nova ideologia em formação, a eescravidão
scravidão ddeixa e ix a de
d e ser
se r aceita
a c e it como
uma instituição natural e um a como
uma *ífVtulçao. íla‘Ural e um m
mal a l nnecessário.
ecessário. :t
Ê re presentada como
representada
uma deshumanidade, uma ignomínia e uma fonte c o m o
dr açião - aT doK branco6’ Uma i8nomínia e «ma fonte ddee ddupla upla deera- degra-
e a do negro - sendo respo
reputação3
re putacão d do t t / T 6 f d° " T ? ~ sendo responsávelnsável ppela ela tr i,ste
triste
o Brasil e dos brasileiros entre
ccivilizados az>\
i~ilizados (123). Na verdade, íw C brasi,eiros entr.e a
ass ppessoas
essoas e ooss ppaíses a1se.s
( )• a verdade, aa ordem ordem social social escravocrata-senhoreal
escravocrata-senhoreal
(122) Os mentores dir> P
expectativas e dos interêsses
expectativas°e dos^interêssts so
do pr ograma co
programa concernenrp
ncernenre à à aboliç
artido Republicano transigiram
s ocicaiísa l ^dons^ ffaUb,1^a!;'0
í» ze nd ei ro s trans,'-giram’
paulistas, .te
fazendeiros paulistas,
, Q';:lase to
qVaSe dos. diante
todos>
rgiversando na elaboração
tergiversando
di abte das
e 1ª ora:gs
d:~
10 6-113, 11
106-113, 1188, 18
1899, 19
TQS.iQft
5-198, 21S ,1-
0,1 ão
8 ° da escravidão
escravidão (e (cf~.. }.
J. M
Mariaa~1a do dosJ Santos,
Sa dn op. c; cit., ~-~'o
pgs.
ca no se m
cano modifica
odifica, mas «
21
*
2
I
ma, sob a pressão dos fatos:
e 21 9· 22
219-222. 2. P
Poror fi m
fim, , a or 1e
orientação
cf. 225, 249 e 261 e 1ets.) •
nt aç ao do
o ar
to p,
Partido1
~• pu bli:
Republi*
(<123)
123) T Tal
alvez não se Pr£SSa0 dos fatoS: cf’ 225’ 24? e 261 e « * • ) .
ro uco ddee um um ^nrrP^0
d ,·
a demais assinalar assina r qu
P
produto piovincianismo acentuado, lado
Se^a dema,s que e es sas at
essas atitudes
itudes representavam
re pr
.. ,.ncia· s da críticae~ t.n ta vd
m menos
ao s
menos o
m ores dede
P vm cianism o acentuado, que conseqüências
que conseque cr1 1ca dos mores
INQUÉRITO
INQUtRITO UNESCO-ANLY
f

í "~E~1n1
F
104
. a expansão econômica, social e política política da cidade.
cidad
- •

constrangia A
constrangia a l d . t ·ê . • e. "
í ã o.. estabelecida no pplano
a " a -..1... ano dos os in e1 sses sociais
mterêsses imed· ~
sociais imediatoA
acomuuaçao 1.d d 1atn 8
não- podia
od.1 ocultar
ocultar essa realidade.
rea i a e. . -- 8
nao Sob P êste ª aspecto,
aspecto os movunentos ·
movimentos b o1·1cionistas
· ·
aabolicionistas que se £0rmara
que for
Sob êste , . d - . marani
na • 1 estendendo dali
capital, dali o seu raio raio e açao
de açao organizada
organizada até até as - ~
na capita , , . ( 124 ) • as ta 1

zendas mais ais longínquas


longínquas da Provmc1a
Província (»4), , serviam
serviam ao mesmo
mesmo te
tem i •
' ..:
1

zend as m • 1 à • mpo A •
••
aa dois . fins, 0o último dos quais quais ocu
ocultoto à consciência
conscienc1a social social dos
do f

d 01S • ... d . 2 º) d . _ s seus


entes: I.°)
agentes: I.º) a emancipação
emanc1paçao dos os escravos;
escravos, 2.°) estru1çao das ba?
. a destruição b
ag ,, I d . I ax.
reiras opostas ao “progresso”
''progresso pela or em socia
pe a ordem escravo~a ta-senhoreaI
social escravocrata-senhoreal'
O rimeiro motivo forneceu
primeiro forneceu o móvel móvel aberto
aberto •dos• movimentos
movunentos
• socia*
•• •
80 ClaJS
OP é
~ontra
contra o regime. Mas o segun
segundo d o é que
que constituiu ingrediente p
const1tu1u o ingrediente pr<í!
,._, O · . l . d ro-
priamente
riamen te revolucionário,
revolucionár10, que que impulsionou
1mpu s1onou a conduta con uta dos brancos branc
p
embora disfarçando-se sob a forma ~ d ºd
1.orma dee ideais •
i ea1s humh · · 125^ t
anitários ((125).
umanitár1os os,
disfarce era necessário, pois _nas
nas ~o~dições
condições de ~i~a vida social
social e política
políti:
criadas pela dominação
dominação patrimonialista,
patr1mon1al1sta, a oposição
opo_s1ça~ à ordem vigente
ordem vigente ª.
não podia processar-se...abertamente.
abertamente. As 1?sat1sfaçoe_s
insatisfações polarizaram-se
polarizaram-se
esp0ntâneamente
espontaneamente em tomotômo de argumentos
argumentos inconformistas
inconformistas cujo debate
cujo debate 1

público podia
podia ser aceito, apesar
apesar de ~fenderem.
ofenderem alguns mores da cul.
alguns m~res cul­
tura da camada senhoreal.
senhoreal. Na prática,
prática, os efeitos
efeitos se eqüivaliam
equivaliam aos
aberta à dominação
de uma oposição aberta dominação senhoreal
senhoreal e às suas suas conseqüên­
conseqüên-
cias, já que a desagregação regime servil
desagregação do regime servil acarretaria,
acarretaria, inevitàvel-
inevitàvel-
mente, uma decomposição da ordem ordem social
social correspondente.
correspondente. Alguns Alguns
paulistas compreenderam
fazendeiros paulistas compreenderam o alcancealcance dêsse
dêsse processo
processo e to­ to-
medidas seja para
maram várias medidas para impedi-lo,
impedi-lo, sejaseja para
p ara evitar que a
evitar que
emancipação legal dos escravos acarretasse modificações da posição
acarretasse modificações posição da
pertenciam na estrutura
camada a que êles pertenciam estrutura econômica
econômica e de poder poder
(1~6).
da Nação (12«). -

uma
uma perspectiva cosmopolita, que se
perspeccivacosmopolita, se desenvolve
desenvolve em conexlo conexão com a transformaçlo
transformação do Brasil
em naçlo independente e com a intensificação
nação independente intensificaçlo dos contactos com os países europeus, europeus, como
a* França
F{*nça *e a Inglaterra,
Inglaterra. Dispensamo-nos,
Dispensamo-nos, de outro outro Jado, apresentar referências
lado, de apresentar referências biblio­
biblio-
~if icas em
gráficas em que se evidenciam
evidenciam aquelas atitudes, por serem elas muito muito numerosas
numerosas e conhe­conhe•
cida.,.
cidas.
(124)
( 124) O Oss esrudos
estudos em que êsses êsses movimentos são slo analisados
analisados ji já foram apontados acima:
foram apontados
cf. nocas
d. notas 69 69 ee 70.
70. ·• -
025)
(_I2S) _&taEtta interpretação colide com o que gue parecia
parecia pensar
pensar a respeito
respeito dêsses fenômenos
fenõmenot
o esclarecido
esclarecido líder abolicionista,
abolicionisca, Joaquim Nabuco, Nabuco, que afirma afirma o seguinte:
seguinte: "os que lutavam
aõmente
âomente contra a escravidão,escravidão, eram como os liberais de 1789, 1789, cegos de boa vontade", vontade”,
~Q'!J_Oto apontaaponra o li lider
der negro Patrocínio como "a própria revolução” (cf. Minba
própria revolução" Formação,
Minha For,nafáo,
ta
iD Ubras Completas,
U_IJTasCompltlas,
constituía -----
vol. I,
vol, 1, pág. 178).
178). Isso implicaria
implicaria em aceitar aceitar que que o abolicionismo
abolicionismo
con_st~tuJa uma -teoria • política revolucionária, elaborada . r j __ coerência
ew --------------------
comjntArí
os MMio!erêss~~
sociais das c~madas SUJeitu à escravidão e à exploração senhorial, coisa que o próprio
soc1a1s
Nabuco repelia.
Nabuco repelia, ao af,rmar que 01 abolicionistas obedeciam ao mandato inconsciente da
'"f" "'''"·
U r i/t Sem dúvida, os aboliciooisras d-e·s~Mpenbara~ o _pape! históric~ de &egos d,
W ■ I / U I I M I / I j í j i d j U C J t u i y v i i u a i . u i v i / h k v . » - ----------- ------------ — _

ríoK»
~" /i • j *e através
tlOll~dàt diles se revelou o espírito
av^ déles espirito revoluc1onár10
revolucionário “que "que a sociedade
sociedade abalada
M!,h.a àe<a.xado
Mas nor<n1í!?íi.e<C escapar pela P'/me,ra
f^ ar peIa primeira fcnda
fenda dosdos seu$
seus alicerces..
alicerces ... . "" (cf. op. cit.,
(cf. o_p. cit., pág.
pág. 179).
179).
por
po outras razões, segundo pensamos
as razões, pensamos as que apontamos apontamos no texto texto acuna.
acima.
a c ) oNase
•“r e m( 126 m processo,
roccss,?» °* conservadores tiveram uma importante
OI conservadores importante atuação atuação e conseguiram
conseguir?m
remar (Ontra
mente a corrente",* graças
fik* tn..k»ífCme gfa^as, *à sagacidade
sagacidade dos dos seusseus líderes,
lideres, de de Antônio
Antônio Prado
Prado especial*
especial•
meote.—jitla . aovberam fam compreender o sentido econômico das transformações transformações que se estavam eSravam
t~~/bddo
e procuraram . elaborar uma política que
permicisse duas coisas : a1) favorecer 1) reter
reter
0
o
a sua !u~i~eJ'f _Ptlo "!a1or .c~mpo possível na.t atividades agrícolas, de modo a- f~v?rec(!
artir do^momemn
partir
P
do u,ç º• a^2), j lfmtens1f1car
t^,nSiílcar a substituição
a substituição da mio m ío de
de obra
obra sem
sem fazer
razer oposiçaob 1.
uposição^(a
cionistu cbe
cionijtaj chegaram ar - a agudo .."a cfu/
momcotn er·oe em d'Jante ) àsilS
emdiante) 1
a b ol1c1on1stas,
. • •
correntes abolicionistas.
correntes Poucos abo
Poucos a 0em
1 1·
-
São Pauio também
Sío J>auJo r!.wm nnr 3 reir uma noçlo P°&°clara do do
^ ara queque os os líderesconservadores
líderes (secundados
conservadores(secundados do
m por fa2eQdeuos
azendeitos amigos, pertencentes
pertencentes ao Partido Partido L ib m l) e,ravam
Libtral) estavam fazendo,
fazen '


- . --- • · . .. .. •

'
' ,
RELAÇÕES
RE RAC.AIS
LAÇOES RA ENTRE
CIAIS EN NEGROS
TRE NE E BR
GROS E Br AN c oSs rEM
a nCO » SÃO pPAa UL
u lOo
• 105

ur t i t a ' £ , c r ■*- « • .
nem in
nem
ag
agitação
Através desta interpretação, não pretendemos

itação em
sinuar q?
insinuar que
.

emancipacionista.
.
êl
e êles
.
lealdade dos a b o l1c1on1stas aos ideais humanitá
• d. .
. es. dissimulavam 1
1ssrmu avam co
O
.

que
convirr*
nvictamente os
temo< ; - men. t e
po"r em d , "d
rios que defend"
qUC
os pr
uv1 a a
de£endiam,
opósitos da
propósitos
iam,
da
anc•p~c1on1sta. O que. temos em mira é proc
po nto de r~ ur ar um
ponto ferênc~a, na e~
referência, estrutura
t~ut?ra so social, que
cial, ~u e no noss pe
^ rm
rmitaifa pcor°mCUrar um
po rq ue preender
porque aa, 1d eolog~a ab
ideologia abolicionista
olic10~1sta se se conK„ou
conf1nou àà lib 1^ ere"ta“çãa-o“ do 7’Preender
es
em cr av o,
• em ve vezz de ev oluir no se
evoluir sentido
ntido da re recuperacãn
cuperação econ*ômic• a so escravo»
cial e
m or al
moral dass vída vítimas diretas
retas ou ou indiretas do rat veiro
.e , nomica»
timas di indiretas do cativ os ne~os social e
e
de sc en de
descendentes m nt es estiços e~
mestiços cluídos d?
excluídos do grupo
grupo br branco”’
anco. °E E, "p8™*
e.m segu * nd
s€ ~u
" ?o*
s
lu gar, po
lugar, rque ho
porque mens ta
homens tão o esesclarecidos checaram
egaram aa si.n
clarecidos ch s1:ipôorr , genesegu“
ra do
liza-
da m
damente, en te , qu quee a ?1 ~di~a le
medida legal
gal de 13 de .M Maio
.aio dede 1888 n nnhn ha ^ ffit
- o ao'
1888 pu
m ovimento ab
movimento ol1c1on1sta, co
abolicionista, consagrando
nsagrando os se seus
us n r'incípi- P. funseao
ob je tivos ( ).
objetivos(>” 127
). Não
N ão se pr p rocourc uour o uim ^™por? ao 1 sT sepnhr“orc,Plos
pr os e
£
es outro ''pre-
os
08
us
juízo'' se
juízo” não aq
senão uêle qu
aquêle quee er eraa irremediável:
irremediável: a man a um
n uis.msãt oo dcracai'^*6"
dos cativos.
Tã o po uco se se pe nsou em as

„r .. d, «d, rírtiirt:
Tão pouco pensou segurar qu
assegurar qualquer
alquer es espécie
pécie de retribuirão
retribuição aw
o aue
m
manumitidos, recentes ao s
anumitidos, re centes ee antieos
antigos, o que equivalia .a um táciriDuiçao cito reconhe-
aos
cimento da legalidade e da moralidade da expo
liação anterior. Em
co nt ra po
contraposição, sição, ag uardava-se ut
aguardava-se õpicamente qu
«tòpicamente que e os negros
negros e o! os m m eJtif”
es tiç os,
eg re ss
egressos doos do re gime se
regime rvil, desfrutariam
servil, desfrutariam imediatamente
imediatamente ee se sem l Sita-
çõ m lim
çoes es as vantagens as
as(vantagens seguradas pe
asseguradas pelala rereconstrução
construção do Br Brasil
asil “sôbre
''sôbre o o tra-
tra -
balho livre e a união das raças na liberdade'' ( 128
hvre e a " nia° das raças na liberdade” « )).. Tu T udo
do isso isso iinndidca £
que aa in
que tervenção dos
intervenção dos br ancos em favor
brancos doss ne negros
favor do gros ee m mestiços
estiços escra-
vo
yoss co rrespondia aa m
correspondia óveis lim
moveis limitados,
itados, que que podiam
podiam ser ser satisfeitos
satisfeitos sem se m
id entificar-se ee in
identificar-se dependentemente
independentemente de coconfundira
nfundir-se com
de com os os verda­
ve rd a- .
de iro s in
deiros interesseste rê ~s so ciais do
sociais doss exexpoliados
poliados pròpriamente
propriamente ditos.
di tos.
Em
Em co nseqüência, aa ca
conseqüência, mpanha abolicionista
campanha contribuiu
abolicionista co ntribuiu de de modo
modo
m ui
muito to pa rcial pa
parcial ra m
para odificar as
modiftcar as at atitudes
itudes e as as ex
expectativas de com­
pectativas de co m -
po rtamento do
portamento dos s br ancos com
brancos com re relação
lação ao aoss ne negros
gros ee ao aoss seseus descen-
us de sc en -
de ntes m
dentes estiços tra
mestiços tados co
tratados mo ''n
como “negros”. De um la lado,
egros''. D e um do, os os abolicio-
abolicio-
ni stas at
nistas ivos, qu
ativos, que e pa rticiparam
participaram de ta tarefas de ag agitação
de refas de itação com com compa-compa•
nh eiros de
nheiros de cor,
côr, pu deram se
puderam serr re educados, al
reeducados, alguns
guns a po ponto de aprende­
nto de aprende-
re
remm aa grandeza
grandeza m mor al de certas
oral certas personalidades
personalidades negras ou m mesti-
ne gras ou esti-
em defesa dos própri ,os interêsse5 e prejudicand
aboIkion?sradOSnÍl«6Pm
aboliçionisra, pelo me^no LsintCrês5eS e. prejudicando p frontalmente
f ronta}m~nte os resultados
re~ultados da campanha camp~ha
Fn?ri. qu an to à rec up era çao eco oo m1ca e socialsocial dos
En tre os abolir cio 1^ nis
0 -tas
,menOS enr1:qu quant-°
estão se à recuPeraÇão econôm.ca
en co ntr
do, manumitidos
~aoum1t1dos.
to
fazeenndedS iroosí pau{j15cas«no«seníidepo qU?SU° Se enconcr? a Du nsbee de
Dunshee de Abranches,
Abrancbes, que que. nãon~o poupa
poupa . c* os
PXSs. 22
p1 2 26-2
^ 2277 ).) S n:1nmro à
Qu ideP .~r
im en tos
°,?lentos.
ese <luj ^o\hen em sua ob
qu e aco lhe u em sua ra (cf
obra (cf.. O_
0 Ca Cativeiro
t,,:ei,o,, op.
op. cit.,
cit.,
poder cf tambím T Pa rva
Pi ndHiapreservaçao ção da
da po siç
posição ão ~a da c~ mada senhorial
camada senh_o11al,na estrumra
po der, cf. ramhém J. es_ttUtura d« ~e
Iuaraue
Bu arque de Ho
as conseqü~ncia c
H nlani da,
Raizes
t ^ / ‘ Ra
f lzes do Br
do Brastl,
» gasi
e -iS’
l, páí orma(ao
Calógeras, Formação H,stó,,ca do Br
g.
pág. 253 _2 53 e
H,stórica
sets., que
sets.,
do Brasil,
que apanhou
asil, pág.
~panbou com
pag. 338;3~8, e _S
muita
Sérgio
~rgio
felicidade
a• s ren ov adoras da revolução co m mu ita felicidade
conseQuencfas renovadoras revolução soc social
ial a qu que nos referimos.
e nos referunos.
( 127) Na cidade, pelo que parece somente . ..
n itas«, pe
ni~ a rmx an - e< . :eu
Cl<^aidcí Pel ° . 3 ue. parece sòmente Antônio Bento,
Antônio Bento, . entre
entre os antigos
an _t1 go s•abolicio-
abolicio-
acaharam neJi lea l ao s ide ais bu ma nic ários que que ha via defendido,
defendido, _e
deC Ujo-se do j OS ,d®ais humanitários havia e .qu
quee insensivelmente
ins eossyÍ_lme;;:!
ac abatam esten
ntjmprnc i . ..1-t Re
nd
S de j*SÍ -, escravo
es, ,a1 10 para o negro, como
pa ra o ne gro , co mo se poderá
poderá verificar
ver!f 1ca! pe pela análise dos

ca«n
meros de
Redempçao,
mp
c~so isolado e suas decepções sio patentes
fão publicados depois
publicados depois dada Abolição.
Abolição. Todavia,
~odav1a •.êle
la ao
ele representa
a ise
representaen': um!
«iajmrt 6 Suas decepções sio patentes, , inclusive
inclusive no ao ququee diz resrespeito
peito \à fal falta
ta de de entu*
•i!" ,aa"" nas comemorações do 13 de maio,
comemorações do maio, qu que e êle se en encarregou
carregou de de ex exprobrar.
pro rar • .
0o. Ab
Ahníll'
(12 8) Cf. 1a cxposiçio .
expos1çlo dos dos fins .
fins do .
do abolicionismo, •
abol1c1on1sm •
o, f · por Joaquim
feita
eit M Joaquim Nabuco N:ibuco (ia ( 1n
leira t> lki on ism
l11"4 contra " EsNavidão o, op
°P* . .Clt'
cit >
., pâ
P^S*g. W
19 t
e sets.,;
set ~., ; veja-se
ve j~• se Manifesto
P< ;>f r
da
d
Sociedade
S
ta~bédm: G ""i'es~o e: ; Filho•, • d••
também:
,·e da d, Brasi-
Brasi•
Passim * j Escravidão, Rio Ri o de Jaoe1ro, T1
Janeiro, Tipografia
pograf1a de~ G.• Leuziguer & filhos, *. 1 d.,
pa -.Im.; JosiJosi do Conferência Pública
Pauocíni~, Con/trlf!,itl Públi,11>,, ecc.,
do Patrocínio, etc., op.
op. cit.,
ot., passim.
_e
passilll.
uz igu
iJN
n QqlJu.t.éRrITiOt o ulfNn F.e SC
s cOo .a-.\Nn IIhF.f ~l.mhfb ,
106
• n h a (lcspcrtou, ·t o n
~
u , o
~ m
~ c o
lnml< e n
'J tt
c1s o lid a rie d a d e p a r a comto
o a g u
u ddo o d
dasa s •

Dee o u t1
tro·0 ,, a c n
cam m p a
pan n li a ,I _ c s1 >^ m os
s ('2º)· D s e aÇ<lCS,l. e so l1 ,l a r1 c d a < le J> a ra c o os
çagas em ~ e n ti m e n to ,
fucas
fu e m massa,
m as sa , sentim
º entos respeitos, o s, p
p o
o ré
re m m , , a
a cc~h a1
.. mm a d aa eman-
Cllla.ii.
e s A 1 t1 ·0 s re sp e it
es cravos rebeld (I SO ). 01
que „ ,„ u 1 1 1 a a lf o rr ia c o lc ti ,· a d o s
eslavos rebeldes
- d o.5 . ca ti v oC30)-
s n a d aA 1®"
n ai s {oi
fo i .
do
d o quc • a alforria
d coletiva
. dos
. açao
n .. a . p e 1 a 1e1. As con ..
c1 p
cipação dos cativos ap e "
la ad“.
s _ c ir"c ;
t1nstâncias
n st ~ n c 1 a ~ e -. n c 1
sancionada
~ o 1 pela lei. As co„-
eescravos, i1 1 1 1 lo
scravos, imposta pelas cir st c ra n st o rn a c la s p o r e la
to n te r- ra c 1 a l n5o
n ,1 0 fo ra
foram m transtornadas . _ por ela, ,
. - d e a J· ustameit 1 f 1 te a p o s1 ç ., o re c íp ro ca
dições
a ç o e s de ajustamemo jntc - {ormalm
1 ·m a n 1 e n
ente pos.çao recíproca
d 1·ocessou sem alterar . senão o ô · n a v 1
· l socia
c .a
• l.
que
que se P processou sem
ç a s ',altor
n o si st e m a econômico
e c o n m ic o e na vida socai,
ddos de
os ggrupos "r a
rupos de ; raças ,_no m e io s p a ra o b te r
c o r n ã o p o ~ u ía a
, p o r sua
su a v
v« e z,, meios para obter
A p o p ti la ç ã o d e g im e se rv il ,
A populaçao de cor na e n saKçao. Duura„te ra n te !o
todo d o o re
regim e servil,
ualquer eespécie
qqualquer spéc ie d e c o m p rm a n e n te
de compe rt Vo s fo ra m reduzidos
re d u z id o s a ~
um m p e
perm anente
sc ra v o s q u a n to o s li b e
L ntto
ta o ooss eescravos quanto os lib nehrata m i ^
n e m ^
de au(onom
a u to n o m ia ia econômica
e c o n ô m ic a e
eestado stado dde e ano m ia . N ã o d is p t1 p o r-
anomia. JNao a ' sondariedade
li d a ri e d a d e g ru
grupai,p a l: q
q u
u ee c o m
compor-
e m d e u m si st e "! a d e so
P olítica, n p e la li b e rd a d e . P o r
• política,
tassem a fo
nem •
1 111 a ç ã o d e a n se io s c o n a u n s na lu ta
na luta pela liberdade. Por
d a o rd e m
tassem a formação de anseios se "in™te n nsi{i£a
si fic a a desagregação
d e sa g re g a ç ã o da ordem
isw, no m o m e n to e m q u e n c ip a -
isso, noscmomento em S direção
d ir e ç ã o d
doso m o v im e n
s movimentos emancipa- to s e m a
ta e se n h o re a l, a
so cial e ravocra n a s m ã o s d o s b ra n c o s. A
social escravocrata b o li c io n e
is sen
ta s c a i n;
n a tura,mente
tu ra lm e n te nas mãos dos brancos. A
ionistas ee aabolicionista
ccionistas maiores
a io re s in te re ss
interessados,a d o s, o s
os e sc ra
escravos, v os,
iv il n ã o p ro p o rc io n a v a a o s m
m morte orte ccivil não proporc.onava aos^ ^
c o m o afirm
a fi rm a a Nabuc0i
N a b u c o , a
aoo
o s d e a ç ã o in d e p e n à e n te ;
meios aadequadosdequad de ação indepenaem , <lf> m aandato
n d a to b o li c io
abolicionista
a n is ta
meios ''o m a n d a to d a ra ç a n e g ra '': ''O
escrever sôb re s q u e a fa z e m , m as
eSCrevey <
' ^ ed d e ç ^
ã o ,aTncoVsdente
in c o n sc ie n te da p a rt e d o
da parte dos q u e a fazem, mas
é uma du p la d e le g a o u m m a n -

é um a d u p la delegaç » d a , p e j
lo s q u ee a a c ee it a
ita mm c
co o m
m o u m m a n ­
eem m aam os ooss ccasos
mbbos a so s in te rp re ta que 0q d e v e-se d
• in te rp rentad a p e N e ss e se n ti d o d e v e -s e d iz e r
ato qqueu e se n ã o p o d e re n u c ia r. e
ddato não pode ren u n a a n N e*e e du a s ^
c la ss e s so c ia is , ^
q u e d
&
é o a d v o g a d o g ra tu it o d
bolicionista é o advoga
aabolicionista g reivindicard ic a r o s
os se u
seus s d ir e it
direitos,o s, n e
nem m
an ã o te ri a m m e io s d e : re iv in
ooutra utra fo 1111 não teriam mems de
fonna s ee ooss g ê n
ingênuos”
in u o s' ' 31 ).
(•«).
(I
E ss a s c la ss e s sã o : o s e sc ra v o
consciência d ê )e s. (a q u a l fo i
consciência deles. ^ c o n d u ç ã o ão ddêsses s m o v im
êsse movimentos (a qual foi e n to s
A p ro je ç ã o d o s b ra n c o s n a e n to
A projeção dos ulo, como #o ^atesta #a influência in fl u ê n c ia d
dee A n tô n
ntôni„ io B
Bento
notória em S ã o P a d o b ra n c o
notoria em Sao Pau , aorpntnar
c e n tu a r a antiea
a n ti g re p re se n ta
a representação do branco ç ã o
e de seus caifa z e s) , a lé m d e d a
e de seus caifazes), a ™ reduziau z ia o
o a lc a n
alcance c e re v o lu c
revolucionárioio n á ri o da
personali d a d e d o m in a n te , re d
omo personal.da.Je
ccomo d o m , ’ê,es 0 esclarecim
rec im e n to
ento c a
cabalb a l d o
dos s e sc
escra-ra -
la v a g is ta . P a ra ê le s, o e sc la
agitação antiesc o p ró p ri o re c e io q u e se n ti am
vvoos,ra^poer ?exeemplo encontrava um
? ,Í encontrava um lim limitite n
e no pró p rio receio q u e sentiam
e s p o d e ri a . e sc a p a r p o st e ri o r-
n ti m e n to s c u jo d o m ín io lh
dde gitar se
e aagitar sentimentos cujo domínio lhes iapoderia( in st il ^r aP
a ''ó ar.
d io sP0S“ ra c ia i
· s' '
, a p re te x to d e q u e n ã o d e v m
mente.
m ente. A ssim pretexto de que não deviam m s t d asa
Assim, r otisf
d .eoitsarsa oseam. s o
s ''p a ix õ e s' ' q u e n ã o se ri a m
oou espertar nnos
u ddespertar scravo "paixões" que nao seriam Mt‘sfe*tasJ
os eescravos d e li f
c a "
d a a
m to m a r p o si ç ão d ia n te d a
rurso à violência
recurso
re ( 13 2 e v it a ra
violência (132), evitaram tom ar posição d ian te d
),

r. A nt ôn io M an ue l IJ ue no de Andrade,
e- !e co m o . e, ce m pl o o te st em unho do D ou sô br e os ag itadores
((129) !o
129)_ Tome-se m como exemplo o atesiemunbors on al idaddoe Dr.de L ui z G am a Jôbrê°os agitadorei
l,e . co nt Jd as s~ ~r e. pe
~e as
as av ~l,a('oe~ ne
avaliações nêle contidas sôbre asraspersonalidade
de A nt ôn io Bdene toL. u iz O a m a o u
ne gr os lig ad os as at 1v 1d ad es ab ol 1c 1o n1
er aç ão do s br an co s na s fu gas dos
negros ligados às atividadesoabolicionistas di sp on ív el mdeos Aan toqu
tr coop
meo aB ento. b ra n c o s nas fugas~odos t:?•
< l3 0) _A do ':u m en
(130) A docum entação disponível ta çã m ostra e icao co m pa nh ei ri sm o (p ar tic ip aç ão
ru aç õe s. qu e va ri av am do auqu
tênt lrism o ( p a r tic ip a ç ã o çon-
gu m ri sc o imi*
1m1•
~~ ~v~cr~av
escravos a
criava . s~
situações que variavam do auque pressupu
te n tic o c o mnhp am se m
çemDrepr e al
a lg u m risco
0n d s_ f
de •~ ua ld
•çoc de igualdade, de tarefas a~ e, de ta re fa s as si st ir os fu gitiv os,
ne nte) emté condições
tínua, si m pa q
tiau e p
(a re
co ssu
lh erp u nem
h . ca sa , assistir os fug itiv o s,
an, e ra5 ço es at iv as de
enganar~até as bm
aente) manifestações ativas ea J deetcsim ) patia (a c o lh e r em casa, assistir ® •
er a
com at a repressão re
f(:'ºriiip.
pr es sã o Je
·c•. pag. 17. A expressão O M • an da to da D/ir/a
R a r1 1Neara
N eg ra co ns tituii
0 Mandato daR aça
enganar ou combater
J N b legal,
Y • e tc .).
• . w , . » co n stitug.
31 ) cf. pá
(1
o tit(131)
o20)título est~
ulo do J.· Nabuco, ,ª
º.
a quedo capítulo III, traduzindo,
20) a( 13 que
JlU
Cf sujeito
) estava
.
suJe1to o

es
cr
ci
op. cit.. pág. 17.mbó
cr
ad
o escravo. av
uz
o.
,n do
.
, si
Alicexpressão
amente,
simbòlicamente, o estado de n*
o es
st
ca
o
da

d,a
de

So
n ci
..


m
ad
or
e
.
te
B
ci vi l"

nm^íleira
ra si
( (rf
'º"''"
ltí,11 contra
pág.

11 P.s,r(132)2 Cf. J. .cN


4 vi
d. ão .o pJ .N abt u_
abuco, co , op
op.. ci
cit.,t., pê
p ig. 17;
ág. 17; M Manifesto
a1 1i /1
da Socteãade Brasrietra
a Escravidão,' op.· cit., ' ,, pa g. 12.
pág.
12 .
lC,F.I.AÇôES
KFXAÇOES RACIAIS 1-:N
r a c ia is e n ·l'RF.
tr e n NF.<;Rf>S
egros f F.. B
RRAN<:<>S
RANCOS E1-:~1
M SAO :\lJI.O
SÃ<) P A IJI.O 107

questão
q u e s t ã o das re11araçõ~s
re p a ra ç õ e s aos
ao s manumitidc>s,
m a n u m itid o s , antigos
a n tig o s _e re~cntes,
e recen tes, qq,aestão
u e stã o
essa que q u e nemn e m Antô1110
A n tô n io B Bento
e n to teve ccoragemo rag em de d1sc d is c.ut1r
u tir e de d e levar
lev ar à
agitação
ag itação nnas a s senzalas.
sc11z;1las. E~ E m consc_qüência,
c o n se q ü ê n c ia , os lí~eres
líd e re s al)()lici<>nistas
a b o lic io n ista s de de
côr ficaram
fic a ra m presopresoss a uuma m a 1dec>log1a
id e o lo g ia que
q u e presum1velme11te
p re su m iv e lm e n te não n ã o <>s
os satis-
satis­
fazia em todos to d o s os pontos,
p o n to s, mas
m as que q u e precisava
p recisav a ser aceita,a c e ita , respeitada
re s p e ita d a e
prestigi~da M esm o Patrocín_io,
p r e s t i g i a d a ... l\fe~mo P a tro c ín io , qu~q u e a to d o s _u~trapas.~.>u
to~os u ltra p a ss o u e?' em ~spírito
e s p írito
re v o lu c io n á rio , VIU•Se
revoluc1onár10, o n tin g ê n c ia de
viu-se nnaa ccont1ngênc1a ju stificar-se em ppublico,
d e JUSt1(1car-se ú b lic o , dde-e­
cclarando
la ra n d o o se seguinte:
g u in te : "‘P''Poror m minha
in h a Jlarte,
p a rte , ddesde
esd e o primeiro
p rim e iro dia d ia dad a pro-
p ro ­
paganda
p a g a n d a abolicionista
a b o lic io n is ta abria b r i a minha
m in h a estrada,
e stra d a , dando-lhe
d a n d o -lh e por p o r margens
m a rg e n s
~o d direito
ire ito e aa lei'';le i” ; ''Quando
“ Q u a n d o fo foii que
q u e desta tribuna
d e sta tr ib u n a se s e pregaram
p re g a ra m idéia!idéias
subversivas?
subversivas? Quando Q u a n d o fo foii que
q u e proclamamos
p ro c la m a m o s o direitod ir e ito do d o punhal
p u n h a l do do
escravo contra c o n tra a vida v id a do d o senhor,
se n h o r, ainda
a in d a queq u e tivéssemos
tivéssem os para p a r a apoiar-
a p o ia r-
nos a indignaçãoin d ig n a ç ã o de d e Raynal?'' 133 ).
R a y n a l? ” ((133). Em
E m suma,
su m a , faltou
fa lto u aos escravos escravos
qquem
u e m lhes lh es co comunicasse
m u n icasse re reivindicações
iv in d ic a ç õ e s qqueu e fôssem aalém lé m ddoo eixo eix o de de
ggravitação
ra v ita ç ã o ddaa id ideologia
e o lo g ia aabolicionista
b o lic io n is ta ee qque u e lhlhes assegurassem
e s asseg u rassem uuma ma
somaa de
som d e ddireitos
ire ito s tangíveis.
ta n g ív e is. E não n ã o ssurgiu,
u rg iu , nnoo seio ddaa populaçãop o p u la ç ã o ddee
côr, nenhum
n e n h u m movimento
m o v im e n to socialsocial que q u e exercesse
exercesse pressãop ressão nnoo sentido s e n tid o de de
modificar
m o d ific a r as condições
c o n d iç õ e s vigentes
v ig e n te s ded e ajustamento
a ju s ta m e n to inter-racial,
in te r-ra c ia l, herdadas
h e rd a d a s
com a Abolição
A b o liç ã o do d o passado
p a ssa d o escravocrata.
escrav o crata.
:e
Ê claro
claro que que a Abolição
Abolição criou criou um umaa situação
situação nova. nova. A ccondição o n d iç ã o
civil perdera
perdera sua sua im portância, como
importância, como fonte fonte de reconhecim
reconhecimento ento form {01 mal al
desigualdade introduzida
da desigualdade introduzida nas relações raciais
nas relações raciais pela pela escravidão.
escravidão. A
equiparação entre
equiparação entre brancos
brancos e negros negros peranteperante a lei lei se impunha,
im punha, pois
mesmo a restrição
mesmo restrição de direitos, direitos, que que pesava
pesava sôbresôbre os lib e rto s , deixava
libertos, deixava
de terter sentido.
sentido. Um
U dos ferm
m dos fermentos
entos dos m movimentos emancipacionistas
ovim entos emancipacionistas
e abolicionistas
abolicionistas fôra fora a idéia idéia de ''t1nião n a c io n a l” , de integração
“u n iã o nacional'', integração polí­ polí-
tica acima
tica acima das das diferenças
diferenças de raça raça ou ou de côr; côr; na na ideologia
ideologia abolicio-abolicio­
nista, esboçou-se
nista, esboçou-se com com clareza
clareza o ideal ideal de uunidade a c io n a l baseado
n id a d e nnacional baseado na na
harm
ha1·111oniaonia das das raças,
raças, sendosendo os negros negros desejados
desejados como como “elem ''elemento ento per­ per-
manente,,
m anente” da população população brasileira brasileira e “parte ''parte hom homogênea
ogênea da socie­ socie-
dade”
dade'' (134).(18 4 ). A dissolução
dissolução da ordem ordem escravocrata-senhoreal
escravocrata-senhoreal pe1n1itia
perm itia
atingir
atingir êste êste alvo,alvo, como como sucedeu,
sucedeu, m ediante a extensão
mediante extensão do princípio princípio
de igualdade
igualdade jurídico-política
jurídico-política dos
dos cidadãos,
cidadãos, contidocontido na na carta
carta consti­
consti-
tucional
tucional do Im p ério e m
Império antido na
mantido na da da R epública, a todos
República_. todos os indi­ indi-
víduos
víduos que que estivessem
estivessem em gôzo gôzo dos dos seusseus direitos
direitos civis (135 ). Todavia,
civis (135). Toda,·ia,
cabe-nos
cabe-nos indagar, indagar, depois depois do que que acabamos
acabamos de ver, ver, se podia podia existirexistir
algum sincronism
sincronismo o en entretre umaum a revolução
revolução social, social, cujascujas forçasfôrças ativasativas
nasciam
nasciam de interêsses interêsses sociais sociais (136)( 136) e de aspirações econômico-p<>Iíticas
econômico-políticas

((133) Extraido de José


133) Extraído Patrocinio, Conferência
Jos~ do Patrocínio, Co,,fnlP1ci11 Pública,
P"hlic.t, etc.,
erc., pgs. 4-5.
((134)
134) Cf. Nabuco, op. cit.,
Cf. J. Nabuco, cit., pgs. 19-20.
19-20. . .
(135) Constituição republicana,
(135) Sob a Constituição condiç:lo de saber ler e ~cttvcr
republicana, a condição escrever re~r1ng 1u,
restringiu,
durante certo tempo,
durante tempo, o exercício
exercício aosàos direitos
direitos eleitorais
eleitorais de um número extenso de cidadaos,
número extenso c1dadios,
entre os quais se contavam
contavam naturalmente
naturalmente muitos
muitos nettros mestãços.
negros e mestiços.
(136) Infelizmente,
(136) não podemos
Infelizmente, nào podemos dar atenção, aqui, a~ todos os tópicos
atenção, 3.qui. tópicos que merecem
uma análise
a~álise especial,
especial, inclusive
inclusi~·e o que diz respeito ao c~flito
respeito :io conflito que
que se estabeleceu
c~ta?e1e<eu entre os
fa?endeiros paulistas na questão
fazendeiros paulistas questio da emancipaçio cativos e da substituição
emancipação dos cat1vos subst1cu1çao da m mio de
ío o*
obta escrava,
obra pela mão
escrava, pela máo de obra
obra estrangeira,
estrangeira~
.. .
INQUÉRITO
INQUtR ITO UNESCq
UNESCO-AA
NJi-r^.- ^ T
c..MBt
a
u8
*10 ---
setor
se to r das
da s “raças”
''r aç as '' dom
do m ininantes
an te s co nt
contra ra ou
outro,tro
r um . ê • • l , e a
ro pugna dos
propugnados P o
poi_» . ões de existência
is t na a social
so c1 a que
qu e restringiam
re st rin gi am , com
ã o das c \ -0
P · • .. das cond iç de ex • • • E , colll
d r uiç
s t ru
dee st i çao das garantias sociais. s? c1 a1 s. 1 · Em m outras
ou tra s paia.
pa la .
ba se na cô r, a pa rti cipação da s ga r= ~1 ~s
base na côr, a p ^ rgunta:a: o oaboUciomsmo a ,~ 1o n1 sm alim
o a ~e entava
nt av a dede fat0 fa to
vras, isto equivale à _pergunt es ep is ód io
“Í 0 «ràncipacão das
çao das raças raças negras”
ne gr as ou he erara u
um m simples
si m pl episódio
ideais de ''e=mancipa da ordem escravocrata^enhoreal or ea l e da em er
emergência(gê .
aç a- da or de m es . . ? cr av oc ra ta -s en nc 1a
da
^ * io d es ag
* *de re
5 lag
? - V.
0
ordem social capitalista? 1 '
da ordem soci al ca pi ta is ta
se l á l ú' e histórica revela
.. d - r· do re gi rn e
A análise bistór}ca reve ª
"0 °O T 1 que
qu e a desagregação
es ag re ga ça o 1n
final ~l regime
•i /fe u u ip a ra ç ã o conseqüente
ns eq ue nt e dos
do s negros
ne gr os e m es
mestiçostiç os m
m an un
anumi. ,,•
il e a equiparaçao co il . - d , A4Al•
servil
1e" e a e q j cidadãos br brasüeiros ro s não
na o destruíram
es tru ua m aa eq uivalên .
equivalência
U ·d os s de mais
aos demlecera ^na ordem
ao
ord~m
as
so
er
social
c1. a 1 es cr a! oa -
escravocrata-senhoreal
·a ta -s en h_ o~ ea l entre
en tre ªª a
que se estabe
qUe Se A, «nãedade paulistana e o padrão
pa dr a~ de es tra t1
estratificaçãof 1c aç ão ra ci
racial al
es tru
estrutura tu ra da
e dela derivava. Grosso mod
^
sociedade paulistana
Grosso modo, o, a
a população
po pu la ça o de
de còr
cô r da cidade
ci da de não
nã o
qu
que de!a d ho j ^ d i a l o com aquelas transformações, õe s, ex
exce- ce -
co m aq ue la s tra ns fo rm aç
colheu nenhum proveito imediato da le i de
d f f c i t t à parcela de m anum
an um iti do
itidos s po
p o rr ef ei
efeito to da lei de
ção feita à reduzida parcela
r e d u z i d a
aç ão de
^ * J c~scr:ivi:dã_o(ll87 . Ela
El a perm
pe rm ananeceu
e~ u na
na mesma
m es ~a si tu
situação de
S S iS S ÍE i -
abo]ição da
coletivamente com
).
po de r be ne fic ia r- se co le tiv am en te co m
dependência econônt1ca, sem a de tra .
as rwvas oportunidades oferecidas id as pela
pe la no
renovaçao
re va çã o do si st em
sistema de tra-
as novas oport11nidades oferec ra çã o do
bbaalhZo ee pe pela Iivre-inidativa (cf. f. capítulo
ca pí tu lo an te rio
anterior). r) . A al te
alteraçao do
la livre-iniciativa (c
stams formal do negro não
nã o impôs,
im pô s, por
po r su
sua a ve
vez,z, um
um aa su bs tit
substitu.çao ui ção
status forn1al do negro aj us ta -
rrápi Sda da dass atatitudes e representações ta çõ es sociais,
so ci ai s, qu
q u ee re gu
regulavam la va m os
os ajusta-
~tudes e represen
mentos inter-radais. Entre os brancos,
br an co s, a an tig
antiga a re pr es
representaçaoen ta çã o da
da per-
per-
mentos inter-raciais. Entre en tre os
sonalidade-status do negro continua ua a te
ter r pl en
plena a vi gê
vigência;nc ia ; entre os
sona 'lidade-status do negro contin nã o se
indivíduos de côr a antiga autoconcepção
au to co nc ep çã o de st at
status us e pa pé
papéis is nao se
indivíduos de côr a antiga pr ov o-
modifica sensivelmente, apesar do sentim
se nt im en to
ento de di gn
d.gnidadeid ad e provo-
modifica sensivelmente, apesar s co m
“cado do pe pela convicção de que
qu e já não
nã o po de
poderiam ri am se
ser r co nf uo
confundidos di do com
la convicção o
“escravos”. Em conseqüência, mantem-se
m an te m -s e o ve
velho lh o pa
p addr ão
rao de
de re la
relaçao çã
''escravos''. Em conseqüência, et U am -
assimétrica no comércioér ci o social
so ci al dos
do s negros
ne gr os co
com m os br an
brancos co s e
e pe rp
perpetuam -
as si m ét ric a no co m
se com o sistema de controles s sociais
so ci ai s co rr es po
correspondente, nd en te , as
as m an
manifes- ife s-
se, com o sistema de controle lic av am ao
lações de preconceito e de discriminação
discrimin aç ão qu
q ue e an
anteste s se ap
aplicavam ao
tações de preconceito e pr ov aç ão
escravo e ao liberto. Segundo pensamos,
pe ns am os , es
esta ta é
é um
u m a a co m
comprovaçao
escravo e ao liberto. Segundo re volu-
empírica à interpretação do significado
si gn ifi ca do st ór
histórico
hi ic o e
e do
d o al ca
alcancenc e revolu-

empírica à interpretação si tiv a-
donário do abolicionismo, apresentada ad a im
acima.
ac a. Pe
Pelo lo m en os
enos, , po
positiva-
cionário do abolicionismo, apresent m a
se ex post facto que as fôrças sociais
so ci ai s que
qu e so la
solaparampa ra m e
e de st ru
destruíram íra a
se ex post facto que as fôrças o da sub-
ordem senhoreal atuaram em um sentido
se nt id o be
bem m di ve
diverso rs o qu
q u ee o a su
ordem senhoreal atuaram cr av o-^
versão do sistema de acomodações aç õe s raciais
ra ci ai s he
h rd
erd adad o o do
do pa
passass ad o o es
escrav
versão do sistema de acomod el im i-
crata. No plano dos ajustamentos raciais,
ra ci ai s, só
só fo ra
foram m vi sa
visadasda s ee e ími
aata. No plano dos ajustamentos ul o à
nadas diretamente certas normas que e re pr es en
representavam ta va m um
u m ob
obst st ác cu o
nadas ~iretamente certas normas qu
expansão da ordem social capitalista, ta , co
comom o pa re
parece ce se
ser r o
o ca
caso so _d a
expau.sao da ordem social capitalis
própria
pr ópria relação senhor-esc1·avo.
relação senhor-escravo. 0•

(137) A AboliçJo, de fato, j i estava consumada; na cidade, p*ra a


ptetai em A Província de São Paulo (21*2-1888), faltavam sòmente 30 ali . 3i7 ).
completa extinçio da escravidio. Segundo Evartsto de Morais (cf. op* Ydar dado O
ttn 25 de fevereiro já n lo existiria nenhum escravo, do QUC Sü pode •


. •
1

r e ia ç o i * rRACIAIS
a c ia is eENTRE
n t r e nNEGROS r a n c o s EM
e g r o s eE bBRANCOS EM SAO
SÃO PAULO

• RELAÇÕES PAULO
1
109
1'

Os resultados
resultados da interpretação
interpretação desenvolvida
desenvolvida nos animam animam a admi­ ad ·-
1 . - d d . mi
t tir queque a transição
transiçao daa ordem social senhoreal
or e~ social senhoreal para ordem social
para a ordem
\
1
capitalista ~e
capitalis~a se pro~essou
processou em Sao São Pa~lo
Paulo sem que que se fizesse necessário
necessário
' introduzir movaçoes
introduZJr inovações na esfera esfera de aajustamentos
1ustamentos sociais entre entre brancos
brancos,
negros
negros e seus descendentes
descendentes mestiços.
mestiços. Diversas condições estruturai;
Diversas condições estruturais
contribuíram para
contribuíram para isso. As mais mais significativas,
significativas, do ponto ponto de vista
que nos poderia
que poderia interessar
interessar aqui,
aqui, são as !eguintes:
seguintes: a) ao contrário
contrário do
que acontecera
que acontecera no passado passado rural,
rural, a mão mao de obra obra negra
negra deixara
deixara de
ter uma
uma im importância
portância relevante
relevante na vida vida econômica
econômica da cidade cidade e perdera
perdera
a possibilidade
possibilida~e de uma um a exploração regular, adequada
ex_plo~ação regula~,. adequada aos quadros quadros de
uma economia
uma economia em urbanizaçao;
urbanização; b) as atividades
atividades e as ocupaçõesocupações em

que a mão
que_ mão de obra negra enco_nt~ava
obra _negra encontrava aplicação
aplicação corrente,
corrente, em parte parte
devido concorrência com os imigrantes
devido à concorrência rmigrantes europeus,
europeus, não não proporcio­
proporcio-
navam bons
navam bons salários,
salários, m melhora
elhora do padrãopadrão de vida, vida, ou aumento
aumento da
consideração
consideração social; social; c) essas condições,
condições, associadas
associadas à dissolução
dissolução do
antigo sistema de trabalho
antigo sistema trabalho e com os processos processos patológicos
patológicos que que afeta-
afeta­
ram a população
ram população negra negra da cidade,
cidade, contribuíram
contribuíram para para dificultar
dificultar a
"classificação”
''classificação'' dos negros negros e dos mulatos
mulatos na nova nova estrutura
estrutura social
social em
emergência;
emergência; d) na na sociedade
sociedade de classes em formação, formação, dim diminuiinui inicial­
inicial-
mente
mente o núm número ero de situações
situações de convivência
convivência entre entre brancos
brancos e negrosnegros
_ de um lado,
— lado, porpor causa
causa da composição
comPosição étnica étnica das camadas
camadas sociais
(os estrangeiros
estrangeiros nem nem sempre
sempre aceitam
aceitam as atitudes
atitudes receptivas
receptivas dos bran­ bran•
cos nativos,
nativos, em particular
particular dos que que ocupavam
ocupavam n naa ordem
ordem senhoreal
senhoreal
uma posição
uma posição simétrica
simétrica à dos libertos:
libertos: os camaradas
camaradas e agregados
agregados bran- bran­
cos); de outro,
outro, porque padrões de decoro
porque os padrões decôro da incipiente
incipiente classe média média
e da recente
recente burguesia
burguesia urbanau rb an a restringiam
restringiam o contacto contacto com indivíduos
indivíduos
nível social
de nível social ''baixo'',
“baixo”, em especial
especial com as ''pessoas “pessoas de côr'' côr” ((o que
o que
nao ocorria
não ocorria com os membros membros da da antiga
antiga camada
camada senhoreal,
senhoreal, que que podiam
podiam
exibir atitudes
exibir atitudes paternalistas
paternalistas e mesmomesmo afetivas
afetivas para para com os negros negros e
mestiços escuros,
mestiços escuros, sem correr correr o risco
risco de perderperder prestígio
prestígio social) (1 38 ).
social) (l38).
Em resumo,
resumo, nas nas condições
condições em que operou estruturalm
que se operou estruturalmente ente a tran-
tran­
sição para
para o regim
regimee de classes, o trabalho trabalho livre livre não serviu como
não serviu como um um
meio revalorização social
meio de revalorização social do negro.
negro. Em E m vez de contribuir
contribuir para para
a reintegração
reintegração dêsse dêsse elemento
elem ento às situações
situações emergentes
emergentes de existênciaexistência
social,
social, provocou
provocou ou o seu seu desajustam
desajustamento ento ou a sua sua fixação
fixação em ativi­ ativi-
dades sociais
dades sociais tãotão pouco consideradas quanto
pouco consideradas q u an to as queque se atribuíam
atribuíam ante­ ante-
riorrriente
riorm ente aos ''escravos''.
“escravos”.
Em semelhantes
sem elhantes condições estruturais, a transferência
condições estruturais, transferência de repre- repre­
sentações sociais
sentações sociais ou de expectativas
expectativas e padrões padrões de com portam ento
comportamento
aplicáveis
aplicáveis às relações
relações entre
entre brancos
brancos e negros negros haveria
haveria de sofrer sofrer um umaa
orientação
orientação adversa
adversa a êstes êstes últim
últimos.os. Ê t. verdade
verdade que que n naa nova
nova ordem
ordem
1

<138) Nas Nexplanaç•es


(138) as explanações do texto acimaacima,
do texto a) , a) e e) £furndamentam-se
b) ,• •b>^.« " d XOht'd
^ oI b tid nos
o 1s dados
.díret^ e" J J
finterpretações v , d d d'retamente
nterpretações expostos
expostos nono capítulo
capitulo antenor,
anterior; d)) baseia-se
^ eem a os tanto os
brancoSf •
n*tlV0 .
peJos autores,
autores através
atrav~s de
de entrevistas
entrevistas com indivíduos de diante
cõr e brancos. tanto nattvo, qudant?
fpelos

migrantes ou • descendentes de
com individ
imigrantes. Daqui em .
diante,
serio
ser o aprovei
os, p
ã a p r o v e i·et a ddos
ª • pce oml•
• imigrantes descendentes imigrantes. D aqui »
Dantemente. dados
fiaatemente, dados recolhidos
recolhidos pelos autores.
autores.
• •
.. ,

__________ INQUÉRITO
INQUt.RITO UNESCO.ANlIEMni
UNESCO-ANl-tE~rn1
. ~~]~º-------=--------~::::
• ia ,cõr
rg ên ca
. ,r n e m e ncia a côr màticamente de
ara autoautomàticamente
deixdeixara de a ant·
ter ter a antiga •
socia l em emer g ê ' d á • •ga
«• T ºfica
1® _* _ fÕst patrõ patrões, es, os empregados
en1p rega os e os opcrár.os
OI_JCrrios não não se dis- dis-
SIgmf.caçao.
s~gn,. . ça mo pos senhotes>
0
senhores, os os escravos
escravos ee os libertos, libertos, mediantemediant a
tmgu 1r1am co . à ô d l à asce n d"encia . rac·e a
“ C iacâo . _ de d posição
Posição social social à côr e r daa pele pe e ou à ascendência
,, racial;
•a 1;
comb1naçao e . d bran
--.w r s ·o < 10 que sucedia
do sucedia no passado, passa o, em que que nenhum nenhum branco
ao mve .rso '' l b d co
^ rderi;
l a ser ser eescra v o ”, agora
s c r a vo", agora “qualquer qua quder branco ran~ol podepo ~ ser sl~r empregado,
empregado,
Po á f. * natrão”.
P0def1 natrão'' Assim, Assim, na ordem or cm social capita 1sta, quebra-se
soc1a capitalista, quebra
T e n d rd•~
oper ao- dde~n
i a rao
ê n c~u v o l vimen
e s e nvolv im e n paralelo ddaa estrutura
tot o paralelo estrutura social social ee ·dseda
a teo enc1a . . . a


Lraofkação•e·
estrall IC r- ado racial.
racia l •
A
A incapacidade
mcap ac1d ade
. de a1us •
tame
ajustamento nto econ ôma·co
econômico
dos negro‘ os d i u que
m p e diu
s iimpe que êles se localizassemlocalizassem coletivamente
~olet1~amen_te nas posições posições
“ iais\onspícuas,
socia is conspícuas, o que que acarretou
acarretou uma uma situaçao
~•tuaçao m muituno parecida à
o parecida
rme
niie existia
existia -na na ordem
ordem senhoreal,senhoreal, nas relações relaçoes entre entre os negros negros e mes- rnes-
.icos
tiç~s libertos
libertos com os brancos. brancos. Daí seleção e ~a perpetuação
D_aía seleção perpetuação de repre- repre ..
sentacões
sentacões sociais sociais e de expectativas expectativas ou padrões padroes de comportamentocomportamento
cuia sobrevivência
cuia ;obre vivência parece parece incompatível
incompatível com com a nova condição civil
nova condição
dos
do~ indivíduos
indivíduos de côr cõr e com a organização organização da sociedade sociedade de classes classes t

em emergência.
emergeoc1a.
A •
_ • .•
Subsistiram representações
Subsistiram representaçoes e estereótipos estereótipos associados associados à cor côr e às
diferenças
diferenças raciais;raciais; uma uma parte parte considerável
considerável do velho velho sistemasistema de eti- eti ..
quêta das relações
quêta relações raciais;raciais; o antigo anti~o padrão padrão básico b~ico atravésatravés do qual qual o0
preconceito
preconceito de côr sempre sempre se manifestou manifestou em São Paulo; e certas
Sao Paulo; certas me-me ..
didas
didas discriminatórias,
discriminatórias, principalmente principalmente as que atingiam os negros
que atingiam negros e
os mestiços
mestiços libertoslibertos na ordem ordem senhoreal.senhoreal. Entre representações ee
Entre as representações
estereótipos,
estereótipos, salienta-se
salienta-se a noção noção de que que o negro ''inferior'' ao branco.
negro éé “inferior” branco.
Em
Em depoimentos
depoimentos que que colhemos,
colhemos, verificamos verificamos que principalmente
que principalmente nas
famílias
famílias tradicionais
tradicionais pensava-sepensava-se que que ‘‘o negro nnão
''o negro ão é ggent e n te que sua
e''” e que
"inferioridade., com relação
"inferioridade” relação ao branco branco seria seria ao mesmo mesmo tempo moral,
tempo moral,
mental
mental e social. social. Mas também também nas camadas camadas populares populares se admitia admitia isso,
como
como demonstram
demonstram certos certos dados dados que que serão expostos no próximo
serão expostos próximo ca­ ca-
pítulo.
pítulo.
Aliás,
Aliás, essa noção noção revelou-se
revelou-se tão consistente, consistente, que se perpetuou perpetuou até
nossos
nossos dias. Um jovem jovem branco branco nos declarou declarou que que se nega, nega, por por “h ip o-­
"hipo
crisia" sòmente,
crisia” somente, que que o negro negro seja inferior inferior ao branco; branco; outro escreveu
outro escreveu
textualmente
textualmente que “a ''a essa raça raça se conferiram
conferiram sentimentos,sentimentos, dotes morais
dotes morais
e idéias
idéias que ela nunca nunca possuiu”, possuiu'', explicandoexplicando que que se “alguns ''alguns negrosnegros
são
são capazes
capazes de exercer exercer qualquer qualquer atividade profissional'', “a
atividade profissional”, maioria
''a maioria
da raça é, como como mostram mostram os fatos fatos cotidianos,
cotidianos, totalmente totalmente incapaz”. incapaz''.
Os
O~ resultados
~e~ultados de uma uma pesquisapesquisa recente recente ainda evidenciam que
ainda evidenciam que as
rejeições
re1e1çoes de negros negros e mulatos mulatos por por parte
parte de universitários
universitários que estudam
que estudam
em
e_mSão Paulo Paulo se justificam
justificam através através da “pecha” ''pecha'' de que que êles ''infe-
êles são “infe­
riores” (139).
riores" (13í).
..,
(139) Cf C 1· M · Aceita ção de G,11p os N arron •
· ad,
Grupos "Ra . ·,,,, aro ,na artusceJI,, Uma Pesquisa s~bre a
FíJO!ofia e~!ª. e G.-upos Regio1t11isem São Paulo, in Boletim CXIX da Faculdad6 66e
(confrontar ';º''ª'
e Lecras da _Universidade de São Paulo, São Paulo, 1950, l?g~. · '
5
Iam-se ou. . oml as tabelas contidas nas pgs. 61 e 71). Os jovens de sexo fem1n100 rev~
u into erantes que os de se.to 01asculiao •


RELAÇÕEÍ5 RACIAIS ENTRE NEGROS E BRANCOS EM SAO PAULO
JlELAÇõES RACIAIS ENTRE NEGROS E 'BRANCOS F.~I SÃO PAULO 111

As representações
As representações coletivas
coletivas sôbre
sôbre oo negro,
negro, incorporadas
incorporadas ao
ao fol-
fol­
clore paulistano, também
Iore paulistano, também se se perpetuaram.
perpetuaram. Nessas Nessas representações,
representações, oo
eero éé apresentado
eegro apresentado como como sendo:
sendo: a) a) etiològicamente
etioli>gicamente inferiorinferior ao ao
branco; b)b) biolõgicamente
:ranco; biològicamente superior
superior ao ao branco;
branco; e)c) socialmente
socialmente infe• infe­
rior
ior ao ao branco.
branco. As As representações
representações sôbre sôbre aa origem
origem inferior
inferior do do negro
negro
~se encontram
encontram principalmente
principalmente no no ciclo
ciclo dede lendas
lendas relativas
relativas àà forma-
forma­
ção das
ção das raças:
raças: aa côrcôr dada pele
pele se se explicaria
explicaria pelopelo fato
fato de de ter
ter sido
sido oo
negro criado
negro criado pelo
pelo Diabo
Diabo (e(e não
não porpor Deus,
Deus, como
como oo branco),
branco), ou ou porpor
causa da
causa da roaldição
maldição de de Caim,
Caim, ou ou ainda
ainda porpor ser
ser menos
menos diligente
diligente que que oo
branco no
branco no cumprimento
cumprimento das das instruções divinas ((140).
instruções divinas 14 º). AsAs represen-
represen­
tações sôbre
tações sôbre aa superioridade
superioridade biológica
biológica do do negro
negro estão
estão formuladas
formuladas
em alguns
em alguns "ditos",
“ditos”, como
como os os seguintes:
seguintes: "Negro
“Negro éé como como gato,gato, temtem
sete fôlegos";
sete fôlegos”; "Negro
“Negro éé vasovaso ruim,
ruim, nãonão quebra";
quebra”; "Negro “Negro quando
quando
pinta, tem
pinta, tem sessenta
sessenta mais
mais trinta"
trinta” ou ou "Negro
“Negro quando
quando pinta,pinta, três
três vêzes
vêzes
trinta”; "Negro
trinta"; “Negro não não tem
tem dódó da
da pele";
pele”; "Trabalhar
“Trabalhar éé p'ra p’ra Negro".
Negro”. Ou- Ou­
tras composições,
tras composições, que que não
não podemos
podemos transcrever
transcrever aqui,
aqui, ressaltam
ressaltam igualigual­..
mente aa grande
mente grande resistência
resistência física
física dodo negro,
negro, sua
sua longevidade
longevidade ee sua sua
capacidade para
capacidade para os os trabalhos
trabalhos pesados.
pesados. As As representações
representações sôbre sôbre aa
inferioridade social
inferioridade social do do negro
negro transparecem
transparecem em em várias
várias objetivações
objetivações
folclóricas como,
folclóricas como, por por exemplo;
exemplo; "Negro“Negro quando
quando não não sujasuja nana entrada,
entrada,
suja na
suja saída”; "Negro
na saída"; “Negro não não nasce,
nasce, aparece";
aparece”; "Negro
“Negro não não casa,
casa, se se
ajunta”; "Negro
ajunta"; “Negro não não morre,
morre, desaparece";
desaparece”; "Negro“Negro não não acompanha
acompanha
procissão, persegue";
procissão, persegue”; "Negro
“Negro não não almoça,
almoça, come";
come”; "Negro
“Negro não não come,
come,
engole”; "Negro
~ngole"; “Negro não não canta,
canta, negro
negro grita;
grita; ''Negro
“Negro não não donne,
dorme, negronegro
“Negro não
codiila”; ''Negro
cochila''; não furna,
fuma, negro
negro pita'';
pita”; ''Negro
“Negro não não fazfaz feitiço,
feitiço, ne-ne­
gro faz
gro faz éé mandinga";
mandinga”; "Negro “Negro não não vive,
vive, negro
negro vegeta>';
vegeta”; "Negro“Negro não não fa-fa­
la, negro
la, negro resmunga'':
resmunga”; "Negro“Negro não não bebe
bebe água,
água, negro
negro engole
engole pinga"
pinga” (H1).
(141).
Além dêsses,
Além dêsses, alguns
alguns ''ditos'',
“ditos”, conio
como ''Fazer
“Fazer papel
papel dede negro''
negro” ou ou ''Porco
“Porco
como um
como um negro''
negro” se se aplicavam
aplicavam aa brancosbrancos que que ''não
“não procedessem
procedessem
direito”; ee ''Logo
direito''; “Logo se se vê
vê que
que éé negro'',
negro”, usado
usado como
como réplica
réplica verbal
verbal às às
ações desagradáveis
ações desagradáveis das das pessoas
pessoas de de côr.
côr. Em Em quase
quase tôdastodas as as compo-
compo­
sições transcritas
sições transcritas se se evidencia
evidencia aa tendência
tendência do do branco
branco aa representar
representar
oo negro
negro de de uma
uma formaforma intencionalmente
intencionalmente deprimente
deprimente ee desabona- desabona-
dora. Embora
dora. Embora seja seja provável
provável que que elas
elas não
não determinassem
determinassem condutas condutas
ee avaliações
avaliações concretas,
concretas, éé evidente
evidente que que elas
elas ajudavam
ajudavam aa manter manter todo todo
um clima
um clima de de sentimentos
sentimentos ee de de idéias
idéias desfavorável
desfavorável ao ao negro.
negro. As Às
pessoas que
pessoas que sese tornavam
tornavam objetoobjeto de de semelhantes
semelhantes "ditosº,
“ditos”, pelopelo queque se se
pode inferir
pode inferir dede suas
suas ações
ações manifestas,
manifestas, não não lhe
lhe davam
davam muita muita impor•
impor­
tância, encarando-os
tância. encarando-os como como brincadeiras
brincadeiras de de mau
mau gôsto;
gôsto; mas,
mas, muitas
muitas
agastam com
se agastam com êles ou ou se mostram
mostram magoadas
magoadas e irritadas
irritadas com com outros
outros
costumes da
costumes da mesma natureza, como
mesma natureza, como sejaseja oo das
das mães
mães assustarem
assustarem crian-crian-
~x
40
kÍJ11eg,o
*®) Cf.
40) Cf. Florestan
- O Ciclo ile
^ Ciclo
Fernandes, O0 Ntgro
Florestan Fernandes,
de Formarão
Formação d4s
Negro na
das Raras,
na T,"'1ição
Tradição O"al.
Raças, in O
Oral. Rt/)rtSt'nl"çõts
Estado dt
0 Estado de São
Representações Coltlít:M
São PtrUlo,
Coletivas
Paulo, 1~-7~1943.
15-7-1943. - ·
/#6 .• ('M14OU
1 Cf. Fernandes, O0 Ntg10
Florestan Fernandes,
Cf •. Florestan Negro na Tradição O,.U.
n12 Tr.ulição Oral. AA Suptrioml4àt
Supenondade BBlo-
gtea 1e "a Pos1rão
1''• Posição So,idl
Social do
do N,,,o.
Negro . Con11qüincías,
Conseqüências, in O Estado de
Ó Estado de São
São Ptiulo,
Paulo, 22•7-l943.
-2-7- 943.
INQUÉRITO
INQUI.RITO UNESCQ.At,
UNESCO-ANm ,„ .I
ln~.r
- ··•81
112
- .
chamo a„uê,
~

do Têem
vêem um um negro:
negro: “Olhe, "Olhe, fulana, fulana, que q~e eu chamo a
ças q“anf°
quanr' r ” ou "Entra
D e e a r''
_ . pega ''Entra depressa,depressa, senao senao aquêle aquêle neg?0 quêJe*
( 1«■
' 2) V *
p a te • d negro t
g r oo pra
n eegr

D Deve^-se ^ consd eidera


r a rr,, doutro outro lado, lado, que que as repres,!,
re e
a'', etc. · d • prese
Peg_ ’ indicadas as atitu des dos branc -n-
peg-a
caçoes
. d·cad as
m 1 os e que,
raçoes mdicaaas ^
constituem
cons titue
rnmo
como
m refle
reflexos
uiSi•
xos
^
das atitudes
incorporavam

talS, se 1Dcorporava1n
dos
a u
brancos
a u:m com os
------f®*
parj
Para
lllp 1ex 0
com os n egr • • ., • d
mais
maJ..
seníido. Samplo
a
mpJ- e ativo
0 e auru ut
Os mesmos
de obJe t1va
,-----
• s__
çoes ru 1torais, otadas de !d" .
outras esfer
• ent1co
as iuent
d 1C0
.d mesmos estereótipos
estereot1pos surgem
é d
surge1n em outras
f, .
esf ^ a cu 1.
senti o. caracteres
s dee caracteres 1s1c os grosseirdaos,Cul-
tura, identificando
•dentificando o O negro
negr o através
atrav físicos
de ignorância
nira, 1 • • d . ou
de um estado tado 1gnorânaa extremo,
extre mo, ou
ou dee uma urna s-® situar°ção
ss5^r°s> .
ou
d e u m es b. d , soc1a1
subalterna,
teina
subalterna, como
como criado
criad — o • do
do branco,
bran
-------
• co, - o objeto
OJet
-------J - —o ul dee “sua
o a,, «1 ,u^ade''
'pied
-----
Piedade” ão
- c
e
e ^da
social
oa-,
subal , . . I roman
sua “proteção”.
''prot eça., o''. Na musica
musi ca popularesca,
popu aresc a, nos contos, contos, nos romances
SUa • didá
11vros didáticos • d . d
estJD. a .os aos
ces,
imatu ros..
aos imaturos-
nas
as peças
nPras teatrais
teatrais e até nos nos livros t1cos destinados
.
d d
D
o0 negr r-r-
negro o tende a ser representado r_epresenta º. dee maneira
m~nerra similar, similar, em face do
143
branco,
branco, embora embora o seja se1a com maior maio sutileza (143).
r sutile za ( ). Enfim, trata-se
Enfim, trata.
menos
menos de projeções
projeções pitorescas,
pitorescas, _sem sem nenhuma conseqü~ncia, que
nenh~ma. conseqüência, que de d~
drreta ou mdiretament
ou indiretamente
um verdadeiro
verdadeiro siste
ligadas
ligadas à valorização
sistemama de pressões
valorização das qualidades, qualidades, das
culturais, direta
pressoes culturais,
maneiras, dos ideais
das maneiras, ideais de
conexão
d:
vida e das “pessoas”
"pessoas'' dos brancos. brancos. Elas perpetuavam em conexão
Elas se perpetuavam
com a prese preservação
rvação da distância distância social, social, que separava e distinguia
que separava distinguia os
dois setores
setores da população.
população.
Na etiquêta
e1iquêta das relações relações raciais conserva-se o antigo
raciais conserva-se antigo padrãopadrão de
tratamento
trata mento recip recíproco roco assim assimétrico.
étrico. Vários documentos demonstram
Vários documentos demonstram
que as expectativas
expectativas de comportamento comportamento se mantiveram mantiveram intactas intactas em
ambos
ambos os lados. lados. O branco branco esperando
esperando do negro negro um tratamento res­
um tratamento res-
peitoso
peitoso e atitudesatitudes de submissão submissão e acatamento; acatamento; o negr negro o subm etendo-
submetendo-
_,,

se a essas
essas expectativas,

expectativas, às
\ A

as vêzes
vezes por por coação,
coaçao, mas mas quase quase sempresempre espon* espon ..
tâneamente.
tâneamente. Os dados dados recolhidos
recolhidos revelam revelant que, que, nessa esfera, a resis­
nessa esfera, resis-
tência
tência à mudança mudança de atitudes atitudes tem tem sido n1uito inten
sido muito intensa. sa. Os brancos brancos
descendentes
descendentes de famí famíliaslias tradicionais,
tradicionais, princ ipalmente,
principalmente, não toleram
não toleram
ou toleram
toleram muito muito mal inovações no
ma) as inovações tratamento recíproco,
no tratamento recíproco, im­ im-
postas pelos
postas pelos indivíduos
indivíduos de côr. Acham Acham que que elas sublinham um
elas sublinham
“atrevimento”
..atrevimento" da parte parte dos negr negros. os. Êstes, ~stes, por por sua sua vez, sentem-sesentem-se
inseguros
inseguros e mostram-semostram..se indecisos indecisos em semelhantes semelhantes ocasiões, ocasiões, em par­ par-
ticular
tirular aquêles
aquêles que que experimentaram
experimentaram a dominação dominação senhoreal senhoreal no pas-
no pas­
sado ou foram foram educados
educados no no regim
regime "respeito aos
e de “respeito brancos". O
aos brancos”.
seguinte
seguinte depoimento
depoimento contém contém indicações
indicações realmente realmente esclarecedoras:
esclarecedoras:
“Minha
"Minha avó está está com 83 anos. anos. No No seu seu entender,
entender, a transformaçãotransfonnação
^• das
das relações
relações entre entre brancos
brancos e preto pretos s — - a “insolência”
"insolência" dos pretos —
dos pretos - é

Dados extraído»
Cl42) Dadoi
. (142) e1trddo1 de depoimentos pessoais de
depoimentos pessoais pessoas de
de pessoas de côr. 2s9e .coseu.me~
cõr. ®sse
■afigo
&Dtigo e parece que se mêdo que os escrav
se liga ao mêdo escravosos fugido
fugidoss despe rtavam nas
despertavam cri Ças,» po
nas ci·ianç
causa açulamento do*
causa do açulametuo do1 branco» (d. M. Paes de Barros,
brancos (cf. op. cit.,
Barros, op. cit .• pgs. l03-l0
pgs. 103 » / *•
- n 4)

IQui.º~brh r ../Coafo
«<jui.ÍI^ ' 00*0rme rme da<*°*
dados °*)t*d°» Pff9UÍsad~es,. que
nossos pesquisadores,
obtido, por nossos que nnlo pudetaM 0**J:
| o puderaina serit~eXpi ejte.~
xr::.~
Preconceito
p;,c 011;~;,;· £>** r~ptes
•~. • r.
ePre*fmenr~ç
*Ç&« ocorrem nos
que ocorrem
õ_c.s
que d1diucos, cf.
oos livros didáticos, d. D ante.
Da~te ~ Boleti.lD
goietim
CXIXda
CXJX j m Í j1 1‘ Patriotismo
d F Il.,u1a P"'~•ot,s,no em
,,. seis
seis Livros
IJ11,01 Didáticos
Didáti,os Primários
Primários Brasileiros,
Bras,ltJrOS, ui
daª Faculdade
acu.Jdadede Cii!ociu e U
Filosofia,Ciências
de Filosofia. tias,, op. cit.,
Leuas pas.,im,
dl,, passim.
~ ... . . .

1tELAÇõF.S
r e l a ç õ e s RACIAIS
r a c i a i s ENTRE
e n t r e N~GROS
negros E
e BRANCOS
b r a n c o s EM
e m SÃO
SAO PAULO
113
11~

coisa recente,
coisa recente, d~ de 1010 anos para cá. Nem
para _cá. Nem mesmo depois depois do 13 13 de
IVfaio os pretos
){aio pretos ficara~
ficaram como estao estão agora
agora ( ..... . )) De volta, retomaram
retomaram
negros oo padrão
os negros padrão antigo comportamento, oo respeito
antigo de comportamento, respeito aos ex-senho-
ex-senho*
05
consulta, os ped~dos
res, a consulta, pedidos de licenç_a
licença até parapara casamento
casamento ((.. . ...)) Dêsse
comportamento respeitoso,
comportamen!o respeitoso, que que ho1e,
hoje, segundo
segundo ela, é muito muito raro,
raro, dá
minha avó dois exemplos:
minha exemplos: 1) ~ncon_trando
Encontrando uma uma negra negra velhíssima que
não via h~ há tempa,
tempo, ~eu-lhe
deu-lhe m1n~a
minha tia tr~tam~nto,
tratamento de dona; dona; ao que que a
replicou 1med1atamente:
velha replicou imediatamente: “Que Que é isso, s1nha?sinhá? Dona Dona não. Dêste
e sto foO ((ee batia
estôf batia no peito)
peito) não sai dona,dona, nãot"
não!” 2) Mãe e filha filha queque tra-tra­
balharam algum
. balharam algum tempo
tempo em casa de minha minha avó, vão lá visitar visitar de vez
quando; a ~ãe
em quando; mãe nãonão foi c~ia família ee sim da de um dos
da família
cria d~ dos primos
primos
longe, mas servi~ serviu ~o~o
como cozinheira
cozinheira em casa algum algum tempo.
tempo. A filha, filha,
menor cer101on1a,
sem a menor cerimônia, entra,entra, senta-se, conversa;
conversa; a Dlâe mãe não
não se senta,senta,
“não acha geito
''não geito de se sentarsentar na frente
frente do patrão'';
patrão”; só à fôrça fôrça de
muita insistência
muita insistência da parte
parte de minhaminha avó e da filha filha ((esta
esta umum poucopouco
impaciente. "Sente,
impaciente. “Sente, minha
minha mãe!) mãe!) é queque porpor fim ela senta, senta, na bei-
rinha da cadeira"
rinha 144 )-
cadeira” ((144). mesma forma,
Da mesma forma, a "mística“mística da branqui-branqui-
dade” e o tabu
dade" tabu da côr continuam
continuam a pesar pesar na sociedade. As referências referências
à côr da pele pele precisavam
precisavam ser feitas feitas ocultamente
ocultamente ou sob ficções aceitas
socialmente. De
socialmente. De acôrdo
acordo com. com os materiais
materiais recolhidos,
recolhidos, a preocupação
preocupação
ostentar antepassados
de ostentar antepassados ou ancestrais
ancestrais "puros
“puros de mestiçagem,,
mestiçagem” e a
disposição dos mulatosmulatos claros
claros de passar
passar por por brancos,
brancos, especialmente
especialmente os
faziam parte
que faziam parte de famílias
famílias brancas,
brancas, não não diminuíram
diminuíram de intensidade.intensidade.
alguns círculos,
Em alguns círculos, onde mistura com oo negro
onde a mistura negro ou com oo mulato mulato
processara, ou permanecia
não se processara, permanecia ignorada,
ignorada, mantinha-se
mantinha-se a velha velha nor- nor­
ma: "Quem“Quem escapa branco, é negro",
escapa de branco, negro”, devendo
devendo ser tratado tratado como
conversações, em todos
tal. E nas conversações, todos os níveis
níveis sociais,
sociais, evitava-se
evitava-se o têrm.otêrmo
negro, como ainda ainda hoje
hoje se pratica
pratica correntemente.
correntemente. Com Com referência
referência
mulatos claros, o receio
aos m11latos receio das susceptibilidades
susceptibilidades conduzia conduzia à evitação
evitação
qualquer "indireta''
de qualqu~r “indireta” à côr; quando quando se tratava tratava de mulatos
m ulatos escuros
ou pretos, alusões à côr precisavam
pretos, as alusões precisavam ser encobertas encobertas par por meiomeio de
palavras como
palavras como "moreno",
“moreno”, "morena",
“morena”, "um “um brasileiro
brasileiro assim",
assim”, etc.. Pre- Pre­
valecia a antigaantiga noção
noção de que que oo tênno
têrmo seriaseria injurioso
injurioso e que que ofen-
ofen­
deria, por por conseguinte,
conseguinte, a pessoapessoa a quemquem se aplica~e.
aplicasse. Alguns
Alguns "ditos"
“ditos”
expressão a êsse sentimento:
davam expressão sentimento: "Coitado,
“Coitado, êle não não tem culpa culpa de
negro”; ":tle
ser negro"; “Êle é negro
negro,, mas tem alma
mas tem alma de branco";branco”; ":t “Ê negro,
negro, mas
melhor do que
é melhor que muito
muito branco";
branco”; ou "Sou “Sou negro,
negro, mas não não é da sua
conta”? "Sou
conta't~ “Sou negro,
negro, mas mas nãonão devo
devo nada ninguém”; "A
nada a ninguém"; “A almaalma nãonão
côr”; ''Sou
tem côr"; “Sou negro,
negro, mas mas direito",
direito”, etc.. Nas Nas camadas
camadas populares,
populares, a
retinha o significado
côr retinha significado de uma uma desgraça
desgraça contagiante,
contagiante, como certas certas
doenças cujos cujos nomes
nomes não não devem
devem ser mencionados.
mencionados.
condições culturais
As condições culturais e estruturais
estruturais em que que ocorriam
ocorriam no passado passado
escravocrata manifestações do preconceito
escravocrata as manifestações preconceito de côr não não foram,
foram, par•por-
< Partç do material recolhido pela
144) Pane
(144) pela pesqqisadora
pesquisadora Maria
Maria Isaura
Isaura Pereira
Pereira de
de Queiroz.
Queiroz.
,

INQUÉRITO
JNQ UNESCO.ANHEMlll
U.tRITO UNE SCO-ANl-lE~
!~1~4~--------------------=::'~
tanto ]tera da s profundamente.
tanto,, aalteradas prof undamence. :t
Ê verdade
verd ade que
que a simpsimplesles ]nt .
er -
gr. açao.áa uma
pare ntela
ação a uma parentela tradicional ou 1.rad
.
1c1o
.
na1 ou.
a um circulo
um
,
c1rc 1
u o soci
-
.
social exclult
al ex 1 .
inte-
e us1~
vista
vista J nao iá -
não gara ntiri
garantiria, a com
como o anteriormente,
ante r1or 111e nte, 1
elevação
e evaç ao de posi^
po .· _
. ' , . • • siçao
social . ed de pres úgio
prestígio. A
A família
fam1 l1a patr
patriarcal
iarc a 1 entra
entrarara em
em d e
desi s in
nteg tira4
ra _ n
°
soc1a1 e e • h d çao
concom1 a , ·e
concomitantemente n•em ente com
com a ordem
orde m senhoreal,
sen orea , I perdendo
per endo a sua
sua funcã
fun _ i
. _._. . , • T . Çao
clas sific
dassificadora ador a e a sua importância
sua 1D1 portanc1a_po 1
política.
it1ca. Talvez 1
a vez por por isso isso mes mesmo°mo,
o prob
problema lema da da côr
côr se to~n tornou ou ma1 mais!-1g grave
rave _par paraa ~s os dcom
componentes
p~nentes das da
famílias
famí lias tradtradicionais
icionais pa~h paulistanas.
s_ta,nas. dl.Jm Uma~ onen orientação
taçao demasiado
éemas1ado dem demo,S
crática na
crálica na acei
aceitação
tação de de 1nd1indivíduos
v1~~0s dee _c?r côr,, qu~ quer~ através
atrav s do do _cas
casamento
amento,
quer er omo habi
como tuée
habituées s das
das reunreuniões
1oes soc1 sociaisa1s famfamiliares,
1har es, poderia
pode na ser
ser inter!
inte
qu C
"' . D , f. r.
pret
pretada ada com como sinall de
o sina de deca
decadência.
d~nc1a. Daí a firmeza com
" ai_ irm~z:1 com q~e se manti .. que se manti
veram nos
veram, nos momentos
momentos de crise crise econômica,
econom1ca, política poht1ca e soci social,
al, atitudes
atitude
de rej~
de rejeiçãoição queque não Possuíam mais
não possuíam mais,, comcom a desa desagregação
gregação simu simultânea
ltâne~
da
da orde
ordem m senh oreal e da
senhoreal da fam família
ília patrpatriarcal,
iarcal, nem nem o sign significado
ificado nem nem aa
funç
função ão soci ais ante
sociais riores. No
anteriores. No plan planoo das das relaçrelaçõesões raciaraciais,is, porém,
porém os os
efeitos eram
efeitos eram os mesmos;mesmos; elas elas impimpediam
ediam ou ou restr
restringiam
ingiam o aces
acesso'
so' dodo
negr
negro o ee do do mul ato, êste
mulato, êste em em menmenor escala,
or esca la, às às posi
posições
ções. e às prer prerroga­
roga~
tivas
tivas soci ais desf
sociais desfrutadas
rutadas pelo pelos brancos
s bran cos dosdos grup grupos os dom dominantes.
inantes. Red Redu­ u.
ziam
ziam ao ao mín imo as poss
mínimo ibilidades de
possibilidades de inter
intercasamento
casamento e neut
neutralizavam
ralizavam
ao máximo
ao máximo a atuação atuação dos novos novos cana canais is de de asce
ascensão
nsão soci socialal dosdos mes mes­-
tiços ee dos
tiços dos negr
negros.os. Tom Tomamos amos conh conhecimento
ecimento de vári vários
os casos
casos dramá­
dramá ..
ticos
ticos,, cujo cujoss desf echos pode
desfechos poderiam riam ter ter s~do
sido dife diferentes,
rentes, se o prec preconceito
onceito
de
de côr côr se man ifestasse de
manifestasse de {ormforma mais aten
a mais atenuada.
uada. Assim,
Assi m, a pros proscrição
crição
da
da filhafilha que que casa sse com
casasse com pess pessoa
oa de de côr
côr cont contra ra a vont vontadeade dos dos paispais,
cheg
chegava ava às às vêze
vêzess a torntornar-se
ar-se definitiva.
definitiva. Relataram-nos,
Rela taram-nos, por
por exemplo'
exemplo,
que
que uma uma senh senhoraora nãonão alca alcançou
nçou o "per “perdão”
dão" e a "bên “bênção”
ção" de sua sua mãe'
mãe
no
no próppróprio rio leito
leito de de mormorte te destdesta.a. Ao Ao pran
pranto to e ao ao dese
desespero
spêro da da filha
filha,,
aa anci
anciã ã corr espondeu volt
correspondeu ando-lhe o rosto
voltando-lhe rosto,, supr supremae1na n1an manifestação
ifestação de dé
desp
desprêzo rêro que que lhe lhe estava
estava ao alcance. alcance. Sabe-se
Sabe-se tamb também ém que que as conse­
as cons e-
qüên
qüências cias de preconceito de côr
de preconceito côr não não erameram tnen menos os funefunestas
stas para para os os
men
membros 1bros da pop ulação de
população de côr.
côr. Ent Em 189 1898, por exem
8, por exemplo, plo, utn um oper operário
ário
negr
negro o suic idou-se porq
suicidou-se porque ue a polí políciacia se recurecusara sara a tom tomarar prov providências,
idências,
visa
visando ndo a com pelir um
compelir um sedu sedutortor a casa casar-ser-se com com a filha filha . daqu
daquele,
ele, ''só “só
porq
porque ue ela era era neg
negra ra e êle bran branco!”
co!'' Acrescenta
Acrescenta a notí notícia:
cia: "Be “Benedito
nedito
Fum
Fumaça, aça, desg ostoso de mor
desgostoso morar ar nesta
nesta terraterra, , ondonde e os pret pretosos não não têm têm
gara ntia, apes
garantia, apesar ar de sere serem m hom homens ens hon honrados,
rados, não não pode podendondo suPo suportar
rtar
esta
esta vida vida,, vend vendo sua filh
o sua filha a pros
prostituída
tituída por não acha
por achar justiça
r justi ça nestnesta a
terra
terra,, reso lveu suicidar-se”
resolveu suicidar-se" (t•s) (145).. A opos oposição ição ao ao inter
intercasamento
casamento não
não
se
se conf inava, com
confinava, como o se pode poderia ria pens pensar,
ar, à camada camada social social dominante.
dominante.
Com
Com mai maior or ouou menmenor or intensidade,
intensidade, ela ela eraera post posta a em em prátprática
ica em em tôdatôdas s
as
as cam camadasadas soci ais. Por sua vez, os grau
sociais. graus s de acei aceitação
tação do neg negro ro e do do
mul
mulato ato do conv ívio soci
convívio social al vari avam sens
variavam sensivelmente,
ivelmente de acôr acôrdodo com com a
tona
tonalidad i ade e da da pele
pele daqudaqueleseles e com a pos posição ição soc social
i;l dos bran brancos cos com
(ÍH
14.5)
5> AA Redr
^ c m MPf
p ç S4'J,
o , H·S-1 898, pig.
13-5-1898, pág. 2,
2.

RELAÇÕES RACIAIS
JlELAÇõES RACIAIS ENTRE
E N T R E NEGROS
NEGROS E I\RANCOS
BRANCOS EM SÃO
SAO PAUi.O
PAUI.O 115
115

e entrassem
entrassem em relações. relações. Os mulatos m ulatos maismais claros
claros encontravam
encontravam
q:nor
menor resistência,
resistência, principalmente
principalm ente se estivessemestivessem em boa boa situação
situação eco-
ntômica
nômica ou pertencessem
pertencessem a uma um a família
fam ília importante,
im portante, inclusive
inclusive nas ca- ca­
nm aadas
d a s mais
mais · aaltas;
I tas; os rnu l a t os mais
m ulatos mais. escuros
escuros e os negros
negros sofriam,•
sofriam, ao
~ntrário,
contrário, mais mais intensamente
intensam ente as restrições
restrições associadas
associadas à côr, inclusive
inclusive
nas relações
~as pessoas de classes médias
r e l a ç õ e s com pessoas médias ou da camada camada trabalha-
trabalha-
dora (14º)·
dora (146)- Veremos,
Veremos, n~ no próximo
próxim o capítulo,
capítulo, os comportamentos
com portam entos que que
persistiram até
persistiram até nossos
nossos dias.
As 111esmas
mesmas condições
condições culturais
culturais e estruturais favoreceram a per-
estruturais favoreceratn per­
petuação
petuação de medidas m edidas discriminatórias,
discrim inatórias, principalmente
principalm ente de naturem natureza
econômica, política
econômica, política e social.
social. Com Com isso, não não pretendemos
pretendem os insinuar
insinuar que que
os brancos
05 brancos desenvolveram
desenvolveram um esfôrço esforço deliberado
deliberado e obstinado
obstinado para para
afastar
afastar os negros negros e os mestiços
mestiços das probabilidades
probabilidades de atuação atuação social
que desfrutavam
que desfrutavam com uma um a quase quase exclusividade.
exclusividade. 1\-las Mas queremos
queremos
chamar a atenção
chamar atenção do do leitor
leitor para fato essencial:
p ara o fato essencial: a igualdade
igualdade jurídica
jurídica
não
não oarantia
garantia aos negros negros e m.estiços
mestiços uma participção integral
um a participção integral de todos
todos
os dh°eitos
direitos sociais,
sociais, em particular
particu lar não não podia
podia ter ter nenhum
nenhum efeitoefeito com
referência àqueles
referência àqueles que que eran1 assegurados aos brancos
eram assegurados brancos aci1na
acima do pró- pró­
prio
prio sistema
sistema jurídico,
jurídico, através
através da situação situação econômica
econômica e da posição posição
social. Subsistia,
social. Subsistia, portanto, um a desigualdade
p o rtan to , u01a desigualdade fundamental
fundam ental e irre- irre­
dutível,
dutível, que que facilitava
facilitava e solicitava
solicitava a preservação
preservação da antiga antiga represen-
represen­
tação personalidade-status do negro,
tação da personalidade-status negro, elaborada
elaborada pelos brancos, e da
pelos brancos,
autoconcepção
autoconcepção de status status e papéis,
papéis, desenvolvida
desenvolvida anteriormente
anteriorm ente pelos pelos
negros e mestiços.
negros mestiços. Em conseqüência,
conseqüência, os ajustamentos
ajustam entos que que tendiam
tendiam
a eliminar
elim inar o negro negro e o tnestiço
mestiço das oportunidades
oportunidades econô01icas,
econômicas, das
regalias políticas e das garantias
regalias políticas garantias sociais
sociais usufruídas
usufruídas pelos
pelos brancos
brancos (e
freqüentem ente também
freqüentemente tam bém pelos pelos mulatos
m ulatos claros),
claros), se processa,·am
processavam espon•espon-
tâneam.ente.
tâneam ente. Os resultados resultados de nossas nossas entrevistas
entrevistas com cora personalidades
personalidades
de côr, que que viveram
viveram nesse nesse período
período de transição,
transição, mostram
m ostram que que "a “a falta
falta -
de preparo",
preparo”, "a tim idez” e "o
“a timidez" “o mêdo"
m êdo” fizeram
fizeram que negros e os
que os negros
mestiços
mestiços "não “não ambicionassem"
am bicionassem ” ocupar ocupar cargos
cargos e posições
posições encarados
encarados co- co­
mo apanágio
apanágio da gente gente branca
branca e com que desistissem de pretender
que desistissem p reten d er par-
p ar­
ticipar ativam ente de sua
ticipar ativamente sua influência
influência política
política ou de sua vida social.
sua vida
Enfim,
Enfim, aceitavam circunstâncias, ''ficando
aceitavam as circunstâncias, “ficando exn em seu lugar''.
lu g ar”. Os incon-
incon-

((146)
146) A À exposiçlo
exposição acima baseia-~e
baseia-se em dados
dados recolhidos
recolhidos pelos autores. For1m
pelos autor6. t~mhém
Foram tambícn
tomado1
tomados em em consideração
consideração os dadosdados fornecidos
fornecidos pelas
pelas se~uintes
seguintes fontes:
fontes: Ro~er
Roger Bl.Stide, Intro­
Bastide, ,,.,,.,, ..
dução 11.IJ
dução ao Est"do
Estudo dede AAlguns Complexos ✓-tf,o-BrdsileirllJ,
1g1'ns Con1J,Jexos Afro-Brasileiras, in Revista
Revista do ·"rquivo
Arquivo ~lunicipal,
Municipal»
VTÍT •- Vot.
Ano VfJT Vol. XC, 9io Paul<>.
XC, São Paulo, 1943, pg~.pgs. 7-54~
7-54; Slmuel
Samuel H. Lowrie, F!emento Segro
lo"·tie, O Fl~m~nt,, ~egro
na População d~
"" População de São
São Paulo op. cit.,
Paulo. , op. Races... Attitudes
W iilems, Racts
pgs. 28-32; E. Wi\lenu,
cit., pgs. '4.ttituJes in Brazil. in
in B,azil.
Tbe Journal of Sociology
American Journal
The American Sociology - Vol.
Vol. LIV, n.o 5, 1949,
LIV, n.° 402-408. Haddock
pg,. 402-408.
1949. pgs. lo b o *~
Haddock lobo
Aloisi, O
Irene Aloisi, O Neg,o
Negro na Vida Social
n1.1Vida Social Brasiltira,
Brasileira , S. E. Panorama Ltda., Sio
Panorama leda., Paulo,.. 19419
Sao P:iulo 1941*
pág... 80 e sets.;
tsp. pág sets.; Oracy N ogueira, Atitude
Oracy No(tUcira, Atitude Desfavorável
DtsfJ1lorJ.i·tl dtde Alguns
• Anunciantes de
l~u,.s .-inunci.1Nt1s de SJo
São
Paulo em
Paulo Relação aos
em Relação aos Empregados
Empreg11dos dt de Cô,.,
Côr, in Sociolo~ia.
Sociologia, Vol.Vol. I\'
IV,.. N.*
N.o 4.4, Slo Paulo. 1942,
Sao Paulo.
pgs.. 328-358; Fernando
Pgs. 328-358; Fernando Gocs,
Goes, V Variações
drÍafÕts Sôbre
Sôbrt oo Negro, Seiva 1.
'!\1 esro, in Seiva, I, 4, 19;9:
1939; Coriolano
Coriolano
0 Rtaiust1.1mnalo
Reajustamento ttníco•Soc-iaJ
Êtnico-Social dodo Ntgro
Negro ,e do do Mestiço
1.\ltstiro no Após-Guerra,
"º .•
1

Robeno Alves. O
Roberto Alves, ipós-G~ 1n-d ,
;e(?arata Arquivos da Assistência
separata dos Arquivos Assistência aos Psicopatas do Estado Estado de Sio São Paulo,
Paulo* •oi.
vol. IX,
IX , N.N.*•
•,
3-4, 11944*
944, pgs.
pgs. 237•246.
237-246.
INQUÉRITO
INQUtR.ITO UNESCO-ANHEM*,
UNESCO-AN'Jh>
~..!_)~J6~----------------------------------___::.:_:•~~~fBJ
formistãs, que
~ ..... ..
~o• muta s,
rompiam ~ padrão
que rompiam êsse
dominante de
padrão dominante
''f Ih
de ajust
,,
amento ••
ajustamentn
• - inter
radal,
·a1 a,vsofriam
&!Afriamdecepções gera 1 “falhavam”,
decepções e em geral a avam diflcihn ,nter*
pois dificil
, pois ente

t •
veriam
raa
.
, correspondidas
corre

sPondidas as suas
suas expectativas.
expec ativas. £
-#!e
L que
que
,, os branco s nao
bra ..
nte
osveriam
..“aceitavam”
ceitavam'' e entendiam
.
entendiam que que 1 .
a 1mentavaD1ô“pretensões^°S
alimentavam pretensões'' d nâ°.
bidas. As
01
. __._ a
..~,. aspirações
aspirarões à mel
h
melhoria
. d
or1a dee situação . ,.,
s1tuaçao econômicaecoo 1n1ca ou
.
ou de
de p
esca
. _
d^Sca*
tociãl só
b Ju.o.a• ~
ial só eram
,,.
reconhecidas
recon hecid as por
par

AJ
êles exce pc1o
e es excepcionalmente
M.
• 1
na Dlen te ou ou quan
os1çao
d
P°siÇão
ºª
iniciativa
IOC
inicia tiva partisse
partW C dêles
dêJes próprios.
próp rios. Muitos
u1tos pensavam
pensavain que que os n^ negro s
Uan^° a
mestiços
mest
mestiços iços seriam
seria JD ·
“incapazes”
''inca
----- apaze s ''
..,
d
de e d
desempenhar
.

esem
,
J d,
pe
• n h ar papéis
pape
*1*·d
,
is
* d
·
*
socia·
sociais ·
is ^~°S
não ~ C
wm«
com
os
e 0s _
-
preendidos
reen dido s na representaçao
repre senta çao social
soc1 perso na
a,, daa personalidade-status 1 a e-sta tus do n
negro
egro
p • , ,,
algunss acha
ee algun achavamvam mcr1 incrível

ve 1 que
As
que se “pagasse”
--
pagasse o negro
f •
negro para para fazerfazer qqual.-
ua 1•
quer
uer espécie
espéc ie de serviço.
servi ço. As exceções
exce çoes se faziam,
az1a m, entre tanto
entretanto, , ern
em d 018.
dois
q
.. dos: para
sentidos:
senti para os eh ama d os "“crias
chamados . ddaa ffamília”,
crias ·
ama'I.1a.'' ,d isto
isto é
é,, negro
negros s e rn mes-
) . es-
tiços ligad
tiçm ligadosos a P:sso
pessoas brancas
as _bran cas por. por liames1ames ':1ª criados os na na ex.tin
extinta ta ordem
ordem
senhoreal,
,enho real, os quaisquaJS obtinham,
obtinham, par por 1nterméd10 da
intermédio proteção daquelas
da proteção daqueJ
• • ( as
pessoas,
pesw empregos
as, empr egos no funci ona 1wno (quase
funcionalismo quase semp sempre re cargo
cargos s suba lterno
subalternos
ee mal remu remunerados)
nerados) ou ou facili
facilidadesdades na concretização de
na concretização de suas ambi-.
suas amb;
ções
ções(147),(H7), e para para os “negros"negros de fibra”, fibra", os “negros "negros de de caráter”, aquêles
caráter'', aquêles
que podia
que podiam m ser apon apontados tados como como "diab “diabo o de negro inteli
de negro gente, êsse!
inteligente, êsse!”''
ou como “negro "negro de de confi
confiança”,
ança", todos todos êles, êles, em em geralgeral, , perso nalidades
personalidades
que demonstrassem
que demonstras.,em excepcional excepcional capacidade capacidade de de trabalho,
trabalho, de dedicação
de dedicação
aos interinterêsses
êsses do do patrã
patrão o e de de autorautorealização.
ealização. Isto signi
Isto fica, natur
significa, natural-a).
mente,
ment e, queque as as Poss
possibilidades
ibilidades ~e. de ascen
ascensão são ~o.d social n~gro e~ ~o
do negro
ai do do mestiço,
mestiço,
como no
como no passa
passado,
do, estavam
estavam sujeitas
su1e1tas à habilidade hah1hdade de 1dent1f1cação com
de identificação com
oo branc
branco, revelada
o, revel ada de form forma a concconcreta reta e contí contínua.nua. Cont
Contudo,udo, não não s6 só
deviam
devia m ser capa capazes
zes de de corre
corresponder
sp<>nder às expe ctativas de
expectativas de queque agiri
agiriamam
“como
"como branco”, branco", pelo pelo menos menos com com referência
referência a determinados determinados papé
papéis is
sociais;
socia fazia-se
is; fazia também
•se tamb ém mistemister r que que essa capa cidade fôsse
capacidade fôsse aceit a, reco-
aceita, reco­
nhecida
nhec ida e legiti
legitimada
mada pelos pelos brancos
brancos (ou, (ou, de fato: por
de fato: por algunalguns brancos).
s brancos).
Daí
Daí surgi surgirem rem “graves
"graves injus injustiças”
tiças" (H8), (H8), que que muito contribuíram
muito contribuíram para
para
desenvolver
desen volver nos negro negros s e nosnos mest mestiços iços um um forteforte senti mento de
sentimento de infe-
infe­
rioridade
riorid ade e o mêdo mêdo da da comp
competição etição com com os brancos. brancos. Aliás Aliás, essas "in•
, essas “in*
justiças”
justiç as" persipersistem,
stem, embo embora ra se tenham tenham atenu atenuado,ado, como como veremosveremos no no

i t (147)
n e O.i informm antes l te* escJ.1 rtceram que a siruaç
*íc,f,fe^<ra™ situ açlolo dos vindos do
negros vindos
dos negros "eito" nlo
do "eito" n io era era
aue a díitM
• metma que (H * ■negros
a dos ®ros ?°,do "sobra
Jobradodo". • A daqueles era
carreira daqueles
A carreira difícil ou
mais difícil
era mais espinhosa
ou espinhosa
distes ((cf.
que a dlstn acuna,, capítu
d. acima capitulo nota 133).
lo I, nora
‘mPJen$?< * °
(141) Na imprensa, 110 registrada, ocorrências de
re8istrada1 asas ocorrências algumas
de algum delas; sob
as delas; tópico:
sob oo tópico:
»W .’p n?° ~?uw
2i«í .rptlto.
•m.ata "!º e • A. ARtdempção
i cüme" R,d,mpr ão(29-8-1897),
(29·8-1897), acusa polícia de
acusa aa polícia de nlon i o pre~:J
prender cr 0o
CJemtnre. Ppor
•• 2 •10'? de Peoro C,emenie» " «« 1e pensar
ptntar *’n ••n10
l o ser m aur-se
crime matar-
ser crime se os os pretos s . . . " No
p r e t o ...... No
mamo
de orflo*Jorna
n*òr~ . U$iie-se aa nJo° . acc,taÇ2°
l, acusa aceitaçio de de alunos negros nas
alunos negros nas escola s-modelo ee aa re1ciç
escolas-modelo rejciçS ão o
~ orff0t f n~1ros
número* a *em uum m “s~min
mmário capital (cf.
árjo da capital (cf. A A Redempção,
Rtden1pção, l3-5-1R 97).
13-5-1897). E.f!' outros
Em outros
e contra
numer o,, r*
1~~ umaj campa mPa^ nha3 contra
contra os os que contin uavam aa expJor
continuavam ar oo trabalh
explorar trabalho o dosdos ing,nu
ingênuos os
prender OI que dnresp
e conrta oohrM eitavam os
f,r*,P?,t?vam °* negros
negros, , como
como um um delegado
delegado de de Iru, que sese diverti
Itu , que divertia a ..Hem e'?'
» s J Às,' un,^a":1
pre nder pobrn
ra*parem a r a h newra un;camenre por andare
f.nte por andarem m bem vestidas ee pentea
bem vestidas das. para
penteadas, para na na cade_Jcadeia
a
fada* rm
raspar ª cabeça d~a•
relataram-ríL ^ SiS íníeliz es que
,n' e,,*es ainda apanh
que ainda avam bolos"
apanhavam bolos". . Person alidades
Personalidades enrre~
entrevis- •s•
'ª1
ptíquin
'5t
• dts vítim a
211 rtlararam-,n?t diveuos
,veMOj c.2i*?s
du • 11•nra•. condu?fndo-as
quul Roeer
Segundo
ra,os de rejeiçS
^e rejeiçã
conduzindo-as ao isolamento,
que tiveram
o,o, que
isolamento, ao
sérias reperc
tiveram s~ria,
ou
ussões na
repercussões
ao
d1>sequilíbrio ou ao desespero.0
ao desequilíbrio de 5na
e. ,
~,da
'd•
r,,
vida
1 ~~ 0 Roter se exnlin
Bast_lde.a tt-ndln da,a a0 suiddio entre
ao suicídio, entre os os negro s ee os os mestiç os no petiodo
P';2'J/ ·
considerado
•tn Sio
~=•s.traio, r
Paulo
úu,1J,
Wra, ~<ja U nivériidX
sè,u»A
uphca Ptlos
^
en^ nf
/
~,,u,uloÍ, "« fCA,,
desaju
| srame ntos
esaJ.usrampnt°s sociais
sociais
CXXI'. da
c,0,ct>m CXXJ
in Boleti
e pelo
pelo
negros
drama
dram a
Faculdade de
interio
interio
m estiços
r:
r: cf.
cf. Os
0
Filosofia, CLf1C
no
1 ~1
Suicídios'!"'º!
Jat
Utrai
'fa a,ver1 1dadtde Slo
niverudade Sio Paulo,
Paulo, Slo
Sio Paulo,
d ’ /n
,. d., pgj.
Paulo, t. 1•49.
pJs. 1-49.
da Faculdade de Filosofia, Ctfncus •
RELAÇÕES
RELAÇÕES RACIAIS
RACIAIS E NEGROS E BRANCOS
N T REE NEGROS
ENTR PAULO
BRANCOS EM SÃO PAULO
117

próxim
próx imoo capítulo,
capitulo, e não faltou incriminasse entre
faltou quem as incriminasse os bran
entre 09 bran­-
cos, no m momomento
ento mesmo
mesmo em que esperava que
que se esperava que elas desapare e •
elas desapareceriam
''D · d 1 · d os que riam
epobr
prontam
ronta men ente:
te: Depois
epo1 s e1
daa lei dee 13 de l\laio
Maio, , julgá vam
julgávamos os pobreses
P . . . f , •
bens e colab o
pretos
retos po d 1am sossegar,
podiam sosse am1 11a, adqu
const1tu1r família,
gar, constituir ad q uirir
irir bens, , colaborar rar
P · d , · E ,
redondamente, , (14®
(HD))..
para a riqueza
riqueza daa nossa nganavam~nos redondam
patna. Enganávamo-nos
nossa pátria. ente”
Depois
DepOis de uma discussão tão exten
um a. discussão extensa, sa, pode
podemos mos volta
voltar r ao nossnossoo
tema central
central (cf. acima,acima, pág. 84). 8~)- . Os?s padr ões de ajustam
padrões ajustamen ento inter ..
to inter-
racial,
racial, elaborados
elab~r~dos através através do s1gn1f1~ado que a côr e as diferenças
d? significado diferenças
raciais
racia iriram sob o regimee servi
ad q uiriram
is adqu servil, l, cons eguiram resis
conseguiram tir: 1.º)
resistir: 1.°) sin-
crônicamente,
crônicamente, às transform transformaçõe ações internas que se operaram
s internas operaram no seio da
ordem
ordem social
social escravocrata
escravocrata e senhoreal; senhoreal; 2.°) diacrônicamen
2.º) diacrônicam ente, desin-
te, à desin­
tegração
tegra ção e à dissolução
dissolução ~nal dessa~ orde
final dess ordem m socia
social. l. De fato, com como o supú
supú­ -
nhamos,
nham os, as transform
transformaçoe ações ocorridas na estru
s ocorridas estrutura
tu ra social sociedade
social da sociedade
paulistana,
paul ist~na, sig~ significativas
ificativ~s _do do pont
ponto o __ de vista das relaç ões racia
relações raciais, exer­..
is, exer
ceram 1nfluinfluências
ênc1as mod 1hcadoras sobr
m odificadoras sôbre expectativas e os
e as expectativas padrões
08 padrões
de comportaportam menento
to polarizados
polarizados em torno tôrno da raça e da côr da pele. pele. T To-

davia,
davi aquelas
a, aque transform
las trans formaçõe ações s não foram foram sufic ientemen
suficientem te profu
ente ndas
profundas
para desorganizar
para desorganizar o sistema sistema de relações raciais, que
relações raciais, que se elabo
elaborara rara comocomo
conexão
conexão social escravidão e da dominaçã
social da escravidão inação senhoreal. Elas só pro­
o senhoreal. pro,
duziram
duzi ram alteralterações
ações cons istentes com o signi
consistentes ficado e com a funç
significado funçãoão
sociais
socia que a côr acabou
is que Possuindo na ordem
acabou possuindo ordem social escravocrata ee
social escravocrata
senhoreal.
senhoreal. N Nãoão determ
determina aram , pelo menos
in ram, menos em algum sentido reco­
algum sentido reco-
nhecível
nhec in terp
ível inter retativ
preta tivamam en te, qual
ente, q u a lq u e r espé
quer cie de mod
espécie ificação que
modificação
envolvesse
envolvesse a eliminaçã inação o da côr como como sím símbboloolo de posiçposição social e como
ão social como
ponto
ponto de referência
referência ex terio
exter emer
ior r nnaa em ergência expectativas de com­
gência de expectativas com-
portam
parta men ento
to ou nas presu nções de direi
presunções direitostos e deve deveres recíprocos em
res recíprocos
relações
relaç ões sociais.
sociais. Nota-se
Nota-se que, que, ppor causa disso,
o r causa disso, en enqu restringiu
an to se restringiu
q uanto
relativam
relativamente ente a esferaesfera de situações
situações em etn qque u e sese aplicavam
aplicavam contra contra o
negro med
nrgro m edidas discrim
idas discr atórias, perm
imininatórias, permanec aneceueu inalt erável o padr
inalterável padrãoão
básico através
básico atrav és do qqual u a l o prec onceito de côr se
preconceito se temtetn mman ifestado na
anifestado
sociedade paulistana.
sociedade paulistana.
De acôr
acôrdo
do comcom a teoria sociológica
teoria socio ndo a qual
segundo
lógica segu qual os fatôr es
fatôres
sociais
socia podem
is pode m modificar-se concomitantemente, sob a influência
modificar-se concomitantemente, influência dos
mesmos
mesmos procprocessos
essos sociais,
sociais, com
com intensidade
intensidade variável, deveríamos admi­
variável, deveríamos admi-
tir que,
que, em São Paulo,
Paulo, o siste
sistema relações
ma de relaç raciais não
ões raciais transf or•
não se transfor­
mou tão
mou rapidamente
tão ràpid amente quanquantoto o siste
sistema
ma total
total e inclusivo relações
inclusivo de relações
sociais.
sociais. Depois
Depois do esfacelamento
esfacelamento da ordem ordem social escravocrata e se­
social escravocrata se.-
nhoreal,
nhor continuaram
eal, cont inuaram a ter ter plen
plena vigência
a vigê normas
ncia nonn as socia
sociais tipos de
is e tiPos
contrôle
cont das relaç
róle das relações sociais,
ões socia aplicáveis
is, aplic situações
áveis a situa entre
contacto entre
ções de contacto
.brancos,
brancos, negros
negros e mestiços,
mestiços, que que só tinham
tinham sentido naquela ordem
sentido naquela ordem
social. £:t que,
social. que, como
como vimos,
vimos, as condições estruturais que
condições estruturais suportavam
que suportavam
a corre spondência ou o para
correspondência lelismo entr
paralelismo entree o “nível sociall" e aa "cõr"
"nível socia cô

(149) Tópico
Tópico de Antônio in A
Bento, in
Antônio Bento, A Rtdtmpção,
R,J,mprao, 13-5-1897.
13..,.1897.
IN'Qt
IN QU TtRIT
ÉR ITOO U
UNES SC ONJIF.~
N E CO.A -A N llr»,.
118 ~18~---------------------~-·~
1_} ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- --- --------------------------------- ' 81

- destruídas,fdas com
com a para .
a -
trans1çao
transição
para a nova
nova ordem sotial
ordem so .
foram
não ■tílism d es [ru ' . d que se operaram
operaram nãò
eia)
..
• • Em outras
Em palavras, as m
outras palavras, muudanças
anças q u•e se nao
capit a 11sta. d iços, colet ivarn
“ pj .• ™ a assim dos negr
ila ç ãoo dos
a s s imilaçã negros os e dos os mest
m estiços, coletivam
• em .
ente
rodu1z1ram a • . " •
P
P‘° ™ Z r r e g im •mee de de class
classeses soc1
sociaisa1s em eme em rgenc1a. As
ergência. diferença ddê,
A s diferenças
ao novo reg• . - d s e
S J• ,.., Msoci·Kai e de de padr
padrãoão de de vida
vida não per • eram, por
nao perderam, por ccons s e g unte
o n egui i^ ,, ,a
nas1çao r1a 1 e com o.o fonte de . usti. •
funcão
cf - d de servi
servirr comcomo o fund
fundam amen to _rnatc
ento m aterial
d com fo n te de j
1 0 St1.
unçao e .
ftoção
ficaç ou de disfa
ão ou disfarcerce às man 1fe~caç?es doo yre~
manifestações onceuo de côr.
preconceito côr.
Essas infer ências são
inferências são da maio maior r. 1mp ortan
im portânciac1a para
para aa. com preen sao
compreensão _
E ssas _ d
e para a expl icaça-0 da pres
explicação presente cont
s1tuaçao dee contacto
ente situação acto inter-racial em
inter-racial em
e para a , , 1 . ( 150
São p lo. o
- Paulo. O leitor vera, nos
leitor verá, cap1
nos capítulos
_ .
tu os segu
I
intes. (>-»),
seguintes ·r. ), que
q. u e algu
algumasm as
Sao au
d e sc rriçõe
desc relativas
s, relat
iç õ e s, ivas ao pass passado, são 1g~a
ado, _sao igu alm'?1e te s1gn
ennce 1 1cauvas na acua
significativas atua*..
lidade
lidad e. Várias
Várias restr restrições associadas à
ições associadas a côr perpetuaram, , criando
cor se perpetuaram criando
zonas
ooas de fricç fricçãoão ou motivosmotivos de desapontam desapontamentoento nas relações dos
nas relações do
b C d"' • s..
z
negros
negros ee dos dos mulatos
mulatos com os brancos. ?s ra~c?s. Certas ten c~c1as
ertas tendências de mod
modi* i
ficação
ficaç ão do do sistesistemama de r~la çoes rac1
relações raciais a1s se esb~
esboçam~am oº1! u já começam aa
Já começam
fazer
fazer sent sentirir os seus ef efeitos.
e1tos. Cum Cumpre pre ao sociólogo interpretar
soc10Jogo interpretar êsses
êsses
fenômenos,
fenô menos, proc procurando esclarecê-los à luz das situações
urando esclarece-los histórico-so-
situações histórico*so-
ciais herd
ciais herdadas
adas e dos proc essos soci
processos sociais ais que armaaram
q u e se fform ram no n o seio dela delas, s
mas operoperam am com como o fatôr es de m
fatores mud ança soci
udança al.
social. '
Quanto
Qua nto à herança
à hera nça do do pass
passado,
ado, os resultados
resultados de de noss
nossas pesquisas
as pesquisas
indicam
indic que a representação
am que representação soci socialal da personalidade-status
da personalidade-status do negr
do o,
negro,
elaborada
elaborada pelos
pelos brancos,
brancos, não
não encontrou
encontrou até até o presente condições que
presente condições que
determinassem
dete 1minassem a sua sua trans
transformação
formação em em sent
sentido radical.
ido radic Compreende-
al. Compreende-
se que
se que ela
ela só pode
poderá íransformar-se
rá irans formar-se radic radicalmente
almente sob a pres
sob são dos
pressão dos
fatos.
fatos. Sem que a posi
Sem que posição
ção social
social dos dos negros
negros e dos mulatos se modi­
dos mulatos modi-
fique
fique radicalmente,
radicalmente, em em escala
escala coletiva,
coletiva, é pouco
pouco provável
provável que êxito
que o êxito
alcançado
alcançado na na competição
competição com com os bran brancos
cos porpor algu
algumas personalidades
mas personalidades
de côr
de côr prod
produza repercussões
uza repe rcussões tão tão prof
profundas
un<las em em atitu des arrai
atitudes gadas
arraigadas
em
em expectativas
expectativas de comportamento
de com portamento tradicionais.
tradicionais. Daí resulta uma
Daí resulta 11ma
espécie
espécie dede antinomia
antinomia social,
social, que
que prejudica
prejudica os interêsses aspirações
interêsses e as aspirações
das
das pessoas
pessoas de de côr
côr e reduz inevitavelmente
reduz inev itàvelmente câmbio dos
intercâmbio
o inter negros
dos negros
ee do~
dos mula
mulatos entre si e com
tos entre com os brancos.
brancos. ~ que a vigê
É que ncia da
vigência da antig a
antiga
representação
representação da da pers
personalidade-status
onalidade-status do negro
negro dific ulta (e
dificulta vêzes
às vêzes
(e às
impede)
impede) o acesso
o aces so daquelas
daquelas pessoas
pessoas a status papéis
status e papé is sociais que pode
sociais que pode­ -
riam
riam acelerar
acelerar a ascensão
ascensão econômica
econômica e social social dos negros e dos
dos negros mes-
dos mes­
tiços.s. A~i
tiço Assim, cria-se
m, cria um círcu
-se um círculo vicioso:
lo vicio so: a mod ificação das
modificação das atitu des
atitudes
dos brancos
dos_ ~ranco.s sôbre
sô~re osos negros
negros e os mes mestiços depende
tiços depe nde da ação da
alteração
da alter da
posição social dêstes; de
posiçao soc1~Jdestes; de outr outro lado,, poré
o Jado m, a perp
porém, perpetuação
etuação de atitudes
de atitudes
desfavoráveis
desfavoráveis aos negros
negros e aos aos mestiços
mestiços tend tende e a limi tar o acesso
limitar dêles,
acesso dêles,

50) Isso
* r3J (JISO) Isío 001 D0? disnc n si- oarur
d ‘5J>cosa, almenre
naturalmente, de expor aqui aqui os
os dados
dados recol hidos, de
recolhidos, de uJO
_c^uj°
· f F , ,
• capiru O5
d 01s 1 segui ntes
exam sutgi 19.lil~,_ ªas5 ,n
axnee surgiram mferencias
erenc

,as apresentadas.
apres entad as
,
O

leitor
Jeico r trara
encontrará
encon nos dois capítulos s g ^ ^ s
t>
p~ f,.er:,enros
01 íem 1 lT L*tOS que permi Perul“urão“ 2o funda mentar ~mpJ
fundamentar ricamencc a anális
emplricamente e dcsen
análise desenvolvida ne 3 !.
yolvida nesta a ºªa
íanrarª·
8 -· mque f * ^ encer
C ° j Cfíram
am o
° nrescnre capJc
Presente uJo. Em
capitulo. Êm aJoum
algumasas passa
passagens, forÇ <!º'
v1mo--nosd ~ adiante»
gens ' •vimo-nos ~d1ance.
l anç2,. IINt' de d d
o
001o t c;pitu l~ IU
capítulo W.
IIÍ : JV s,gn,
. ,.._f_ •
que nlo
1ca11vos.<lue
Slgn,ficativ0s> n ío obsta
obstante
o
nte slo expostos ee mrerp
s lo expostos reta
interpretados o.. -
RELAÇÕES RACIAIS
JU:LAÇõES r a c i a i s F.NTRE n e g r o s 1':
e n t r e NEGROS BRANCOS EM SÃO
k BRANCOS SAO PAULO
PAUI.O 119
119

1Q menos em condições
elo condições de igualdade
igualdade com os brancos,
brancos, às probabi•
probabi­
lidades de atuaç~o
bdades atuação so~i~l
social asseguradas
asseguradas pelo
pelo regime
regime de classes em cada
níveis soc1a1s.
um de seus níveis sociais.
Em
E m suma, quanto quanto a êsse aspecto, deveríamos
deveríamos convir que na he- he­
rança do passado
rança passado es~ão estão compreendidas
compreendidas .tendências
tendências queque atuam
atuam como
conservantismo cul!~ral
fôrças de conser_:yanbsmo cultural e social. Todavia,
Todavia, seria o caso de
perguntar
erguntar se nao não se transm1t1ram
transmitiram também tendências tendências que podem
p
operar, nas cncunst
operar, • â nc!as
circunstâncias presentes, como ffatores
• pre~e~tes, A
desagregação do
. atores de desagregação
atual
atual sistema
sistema de relaçoesrelações rac1a1s.
raciais. Presumimos
Presumimos que que a análise
análise desen•
desen­
volvida acima,
volvida acima, a respeito
respeito da constituição
constituição e da dissolução
dissolução da ordem
ordem
escravocrata e senhoreal,
social escravocrata senhoreal, deixou
deixou patente
patente umauma coisa: a ten- ten­
dência típica
dência típica de configuração
configuração morfológica
morfológica da sociedade
sociedade paulistana
paulistana
sempre se orientou
sempre orientou no sentido sentido de fazer
fazer prevalecer
prevalecer os princípios
princípios de
integração estrutural
integração estrutural sôbre sôbre as diferenças
diferenças raciais,
raciais, étnicas
étnicas e culturais.
culturais.
Por escravidão e a dominação
P o r isso, a escravidão dominação senboreal
senhoreal deram
deram origem
origem a um
regime misto
regime misto de castas castas e estamentos,
estamentos, em que que os níveis preva­
níveis sociais preva-
leceram sôbre as linhas existiram, mas como
linhas de côr. Estas existiram, como conse-
conse­
qq üência daqueles, ou seja, como
ü ê n c i a daqueles, como produto
produto natural
natural da posição
posição ocupada
representantes ddas
pelos representantes as ''“raças”
raças'' em contacto •
contacto no sistema d
dee relações
êconômicas. Embora oo branco
e c o n ô m ic a s . Embora branco não fôsse redutível
redutível à condição
condição de
escravo, as castas e os estamentos estamentos possuíam
possuíam certa permeabilidade,
permeabilidade, o o
que
que permitia
permitia a elevação elevação de escravos
escravos à condição
condição de homens
homens livres e o
acesso de mestiços mestiços à camada camada senhoreal.
senhoreal. Ora, Ora, se essa tendência
tendência de
integração estrutural
integração estrutural se perpetuasse,
perpetuasse, nas nas condições
condições de existência
existência social
proPorcionadas pelo regime
p r o p o r c i o n a d a s pelo regime de trabalho
trabalho livre
livre e de dominação
dominação capi-
capi­
talista
ta lista em uma sociedade de classes, é óbvio
um a sociedade óbvio queque aa antiga
antiga correlação
correlação
entre a côr e a posição perderia ao mesmo
posição social perderia mesmo tempo
tempo oo seu signi-
signi­
ficado e o seu ponto
ficado ponto de apoio apoio estrutural.
estrutural. Em Em outras
outras palavras,
palavras, ela
ela
passaria a atuar
passaria atuar como como um processo processo de integração
integração dos negros negTos e dos
mulatos
mulatos às classes classes sociais
sociais (função
(função correspondente
correspondente à que que preenchera
preenchera no
passado, incorporando-os
passado, incorporando-os às castas castas e estamentos
estamentos sociais), produzindo
produzindo
efeitos que
efeitos que repercutiriam
repercutiriam diretamente
diretam ente na na própria
própria constituição
constituição do
sistema de relações relações raciais.
Parece fora
Parece fora dede dúvida
dúvida que
que a referida
referida tendência
tendência de de integração
integração
continua a tnanifestar-se
estrutural continua manifestar-se corno
como unta
uma fôrça
fôrça social
social constru-
constru­
resultados de
tiva. Os resultados de um
um inquérito
inquérito sociológico,
sociológico, levado
levado a efeito
efeito em
Paulo, comprovam
São Paulo, comprovam que que "a“a classe
classe social
social aparece
aparece como
como umum fator
fator
de integração
de integração mais
mais forte
forte do
do que
que a influência
influência segregadora
segregadora dasdas dife-
dife­
renças raciais” (151).
renças raciais" (151). Doutro lado, é patente
Doutro lado, patente que
que a identificação
identificação que
estabelecera no
se estabelecera no passado
passado entre
entre a dominação senhoreal e a domi-
dominação senhoreal domi­
nação de
nação um grupo de
de um de "raças"
“raças” sôbre
sôbre outro
outro tende
tende a desaparecer
desaparecer na na
nova ordem
nova ordem social,
social, que
que se elabora
elabora emem conexão
conexão comcom o desenvolvi•
desenvolvi-
(151) E. Willems.
Willema, Roce, Altitutl,s
RM,, Aítitudts i•i* Br.zil,
Bratil, op.
op. ác.
cit. pig. 407.
I •

••
INQUÉRITO
INQUtRITO UNESCO-ANHE m B1
UNESCO-AN}11!'"•
l:.•YlBJ
120
Ap São
F

S .., pPaulo
ulo como uma uma sociedade
sociedade de classes. Em Em Conto
coh
to,t,. ao a l 1 ~se- ,
qmen ê n c í.a ,--es.ão
ü·-ênc1a ~... o c o r r endo
eslao ocorr e n d o três fenômenos
«rês fenômenos paralelos para e os na na esfera
esfera dasdas ac£
aco- •

qu
modaçõés
modaçoes ..' raciais:•.• 1.°)
.rac1a1s. 1•º) os padrões
padrões. de comportamento
comportamento e as ações soe·1a.\8
ações SOci.£ . ~
11'
. ~ dde objetivar-se,
1
deixam b,ietiºvar-se progressivamente,
progressivamente, como como valoresvalores característi"
característico, '1
deixam e o J , d d cos
do
do nível , 1 de
n1ve d e v1 "da e da capacidade
vida capacidade de . . popoder er dee um um. setor populaç"'"
setor da• populaçâo ao, :1
'
dos brancos; . º)
2.°)
2 os controles
controles soc1a1s
sociais que
que se ap 11cavam discriminada!
aplicavam d1scrimina·c1a..
dos brancos, •
mente nas
mente e)ações entre
nas rrelações entre negros
negros e brancosbrancos
. . ftendem
tendem
_ a desaparecer
desaparecer ou ou
a ser substituídos
substituídos por por controles
control~s sociais
soc1a1s con conformados
or111ad~s aos padrões padrões de
comportamentortamento vigentesvigentes no seio de cada cada classe
classe soaal social e às normas
normas de
compo •d I d •
relação
J - categórica
categórica e impessoal,
impessoal, criadas cr1«Las pelo pe o desenvolvimento
esenvolvunento d
da
re açao
economia urbana;
economia urbana; 3.º) 3.°) a assimilação
. ·1 - d
assun1 açao dos negros e~ dos
os _negros
d
os mulatos
mulatos às
a

classes sociais
classes sociais está está favorecendo
favorecendo a emergência emergência de atitudes e de
de atitudes de movi-
mentos de inconformismo
mentos inconformismo contra manifestações do
contra as manifestações do preconceito
preconceito de
discriminação econômica
côr e da discriminação econômica ou ou social
social com com base base na na côr,
côr, os quais
quais
sublinham a tendência
sublinham tendência dos indivíduos indivíduos de côr côr a modificarem
modificarem a repre- repre­
sentação que
sentação que mantinham
mantinham da personalidade-status
personali?ade-~tatus do branco e da
do _branco
própria autoconcepção de status
própria autoconcepção status e papéis,
papéis, em em um um sentido
sentido nivelador
nivelador
e igualitário.
igualitário.
Todavia,
Todavia, convém convém salientarsalientar que que não não se pode pode inferir,
inferir, tendo
tendo em
vista
vista a tendência
tendência de integração integração estrutural
estrutural apontada,apontada, que que o precon­
precon.
ceito
ceíto de côr e as medidas medidas de discriminação
discriminação baseadas baseadas na na côrcôr sejam
sejam
completamente
comp1etamente eliminados eliminados no futuro. futuro. O que
que se se evidencia
evidencia é que que se
está constituindo
constituindo uma uma nova nova constelação
constelação das das relações
relações raciais,
raciais, na na qual
qual
a integração
integração social social não não sofrerá, provàvelmente, uma
sofrerá, provàvelmente, uma influência
influência tão
intensa de dete11ninações
intensa determinações sócio-culturaissócio-culturais ligadas ligadas com com as diferenças
diferenças

raciais e com as gradações
raciais gradações da côr côr da da pele,
pele, comocòmo ocorreu ocorreu no no passado.
passado.
E não
não se deve deve excluir
excluir a hipótesehipótese sugerida
sugerida pela própria dinâmica
pela própria dinâmica das
relações
relações sociais em uma uma sociedade
sociedade de de classes:
classes: a desigualdade
desigualdade econô-
econô-
mica
mica e de nível nível de vida vida entre camadas sociais
entre as camadas sociais poderápoderá oferecer
oferecer novos novos
pontos
pontos de referência referência para para a reelaboração
reelaboração do do significado
significado da da côrcôr e das
diferenças
diferenças raciais raciais como como símbolos
símbolos sociais.
sociais. As As “tendências
''tendências emergentes”,
emergentes'',
como gostaríamos
gostaríamos de chamá-las, chamá-las, já já apresentam
apresentam algumas algumas facetasfacetas rela-rela­
tivamente
tivamente nítidas. nítidas. Assim, nota-se que
Assim, nota-se que a esfera esfera mais afetada pelas
mais afetada pelas
transformações
transformações recentes recentes é antes antes a da discriminação
discriminação econômica econômica e social, social,
com base base na na côr, que que a do do preconceito
preconceito de de côr côr pròpriam
propriamente ente dito.
dito.
condições de existência
As condições existência social social em em um umaa sociedade
sociedade em em secularização
secularização
urbanização, como
e em urbanização, como a cidade cidade de de SãoSão Paulo,
Paulo, favorecem
favorecem sensivel­sensivel-
mente êsse êsse processo,
processo, que confere aos
que confere aos “brancos”
''brancos'' o direito direi to de aceitar
aceitar
os "negros''
os negros e os “mulatos” ''mulatos'' como como colegas,
colegas, no no serviço
serviço ou ou nasnas escolas;
escolas;
como clientes, nas
co~o clientes, lojas, escritórios
nas lojas, escritórios ou ou consultórios;
consultórios; como compa-
como compa•
eiros, .~os
~erros, nos partidos
parti~os ou ou nosnos movimentos
movimentos políticos; políticos; como convivas,
como con_viv_as,
m reunioes5 *orma*
etnor^101^ formaISs ou ou em em banquetes,
banquetes sem sem m modificar
odificar suas avaliações
suas aval1açoes
etnQd • ' ,
--- ntricas sôbre os negros e,
ntricas e, sobretudo,
sobretudo, sem levá-los levá-los assiduamente
assiduamente
.. . '.
.. ...' ,,..... ~~ ----
.. -
"• '
' .,
...
,t


4'
• •
1
1 •
•I ... \
••
.;

ELAÇ&ES
ritELA ÇôES RACIAIS ENTRE
RACIAIS ENT NEGROS
RE NEG E BRA
ROS E BRANCOS EM SAO
NCOS EM SÃO PAULO
PAULO 121
121
1
t

àà sua intimidade.
intimidade. Em outr outrasas palavras,
pala_vras, é ~r~preciso
ciso distinguir
distinguir aa acei acei­-
ttaçã
a ç ão
o queque se dá dá no plano p!ano das relações relaçoes categóricas
categor1cas e formais,
formais, que que de­de-
pendem-ndem em grau grau maior maior ou menor menor da convergência
con verg ênci a de interêsses
intc rêss es so­
so-
pe - f
• •ais das rela
ciais, çoes com fundamento
relações un d amento na na correspondência
corr espo ndê ncia afetiva
afet iva e na
CI
·rop
simpatia.
'
atia. FormForma-sea-se entr entre b rancos a opinião
e os brancos .
opinião de que que as questões
que stões
SI
desta natureza
desta nature1.a. são -
sao de ''f,.
de “fôro , . mo'' e de
oro íntimo”
1nt1 de que
que qualquer
qualquer pess pessoa tem
oa tem
lena liberdade
plena liberdade de proceder proceder como como julgar
julgar melhor
melhor no “recesso
''recesso do lar”. lar''.
tum
Numa a entrevista
entrevista com um motorista motorista bran branco,
co, colhemos
colhemos declarações
declarações que que
permitem esclarecer
permitem esclarecer ? o con
contraste
traste ,-u~ que se estabelece,
estabelece, ~m em determinadas
determinadas
;ituações, entre
situações, entre as atitudesatitudes exteriorizadas
exteriorizadas e os sent sentimentos
imentos reai reaiss dos
dos
que aparentam
que aparentam aceitar ace!tar os os. “pretos”
''pretos'' sem se~ restrições:
r~strições: “Eu ''Eu não não gosto
gosto
dêles. A gente
dêles. gente precisa
precisa aceitá-los.
aceitá-los. Se não nao dizem
dizem que que a gente gente é orgu­ orgu-
1
' lhoso. Mas nao
lhoso. não gosto
gosto dêles.
dêles. O que que se vai fazer?
fazer? A gente gente precisa
precisa vi­ vi-
~
ver de acôr acordodo com
com os cost umes do país
costumes país.. Aqui
Aqui o noss nosso o costume
costume éé êsse. êsse.
Eu não não possposso o dest
destoar oar dos outr outros. os. AchAcham que a gen
am que gentete devdeve e aceitar
aceitar os

pretos; eu aceito.
pretos; aceito. Mas Mas sei que que êles não não valem
valem nada”.nada''. Semelhantes
Semelhantes
orientações são reforçadas
orientações reforçadas por por outrosoutros fatores.
fatôres. Um Um diz respeitorespeito ao ao

padrão de composição
padrão c.?mposição das classes cl~sses sociais;
sociais; outro,
outro, à heterogeneidade
heterogeneidade
étnica de São
étnica Sao Pau Paulo. lo. É É sabido
sabido que que os negros
negros e os mulatos mulatos não não
contam senão
contam senão com com esca ssos repr
escassos representantes
esentantes nas nas camadas
camadas ''ric “ricas”
as'' da
popula~ão da cida
população cidade, de, ~e q~e
que o_s os b~a
brancos descendentes
n~os desc endentes das, das famílias
f~mílias tra- tra­
dicionais, em sua
dicionais, sua maioria
maioria distribuídos
d1stribu1dos pelas pelas classes
classes médias
medias e supe­ supe-
riores, são os que
riores, que mantêmmantêm com maior maior zêlo atitudes
atitudes e avaliações
avaliações des­ des-
favoráveis aos negros.
favoráveis negros. Os imigrantes imigrantes e os seus descendentes descendentes (êstes (êstes
com menor menor intensidade),
intensidade), faze fazem m com freqüência
freqüência restrições
restrições que que atingem
atingem
mes
mesmo mo os bras ileiros con
brasileiros siderados com
considerados como “brancos”.
o ''bra ncos''. Emb Embora ora não não
exista con
exista senso nest
consenso neste e assu
assunto,
nto, prevalece
prevalece entreentre êles a disposiçãodisposição de de
evitar, na
evitar, na medida
medida do possível, possível, intim intimidades
idades com com as pessoas pessoas de côr.
Em segusegundondo lugar,lugar, é notável
notável a permeabilidade
pern1eabilidade dos indi indivíduos
víduos de
côr, que que conseguem
conseguem “subir”, ''subir'', aos valores valores e às con conveniências
veniências soci sociais
ais das
camadas às quais
camadas quais passem passem a pertencer.
pertencer. É comum
comum encontrar-se
encontrar-se entre entre
êles pessoas
pessoas que que “têm ''têm vergonha
vergonha de ser negro”, negro'', por por causa
causa dos costumescostumes
dos negros
negros e mulatosmulatos pobres. pobres. Alguns
Alguns chegam
chegam a extremos,
extremos, na na evitação
evitação
social de “conhecidos”
social ''conhecidos'' e “amigos” ''amigos'' da mesma mesma côr e inclusive inclusive na na sua
avaliação. Um
avaliação. U maa senhorasenhora m mul ulata,
ata, que que pertence
pertence à classe classe média
média de de
côr, diss e-nos sem
disse-nos sem rebu ços: ''A
rebuços: “A polípolícia
cia devia
devia fazerfazer uma uma limp limpezaeza na na
soci edade neg
sociedade ra.
negra. Dev ia livrá-la
Devia livrá-la dos dos maumauss elementos.
elementos. Pren Prenderder todo todoss
êles e man dá-los para
mandá-los p ara trab alhar no
trabalhar no inte
interior”.
rior''. Por mau
Por maus elementos,
s elen 1entos,
entendia tant
entendia tanto o os crim inosos, qua
criminosos, quanto
nto os que que se se vêem
vêem com compelidos
peli dos a

viver sob
viver sob um um baixo
baixo padrão padrão de de vida
vida. . UmU m senh senhoror neg negroro infoinformou-
rmou-
nos porque
porque evita evita relações
relações com com antigos
antigos amigos
amigos de côr: côr: éé que que formam
formam
rodas em botequins
rodas botequins o ouu são são “m ''maal
l vistos”.
vistos''. ParaPara demonstrar
demonstrar que que éé
''pes
“pessoasoa de educação
educação e bem bem colocada”,
colocada'', afasta-se
afasta-se dêles;
dêles; não não pretende,
pretende,

sni
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e n t a - o s, t r o c a ràpidam
r à p e
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n t
·
e
id,\m ente algumas a
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l g
i z
u
e m
n dao s
“maeoi-l°s”‘ s '' . u m p r ü n
C pr.Udar o tora".
Cun' '' I
A ~uns criticam,
Alguns c r 1t ~ c a m , dizendo
é m '' m a e o á - I o d '' d f o r a • n , · e r , ,
porém, " " ' ce trata t ~ de e _ dara r o ca fu i ded e m1 n uita
t 1 a c o
1t conversa”.
o r
ppalavra* ' c o m ê l e s , t r a s n u n c a f u i o s ~ •
pala, 'J a s com io» de história. h 1 s t ó r 1a. M l \ f a outras semelhantes
e m e l l 1 a n s
te no pró- n
que “eu sou u cheio
c h e * descreveremos s out
o u t r a s s ^ Ao p r u
con, . . .
que ''eu so r c n 1 0 d c o n
ti•tudae**
e n ó s d e s c r e v e • é d . e c ô r . A o
s , - 1 a
Autudes
^A s romocomo es^as,
com e s s
a
a
.
c""singulaires
..o sao s1ngu . „mli~res 1 a r e ~n nan a classe
_ e a ~ e
o
.
m in tercssantc éé qque
i n t e r e s s a n te u e s ã
sao o
xúno
xi m o c
c a
a p
p íittuulloo, , n
na ^ {requência.
f r e < 1 u ê n c 1 a . *E na l u t a contra t r a o pre-
p r e . •

e c o m c e~t a n a ! ~ t a c o ~ O
- s
petem pessoas vivam h a d a s r a l
trário, rre^P€te1'
trário,
s _ v i v
a r i a s com os ma m ente
e n t e e
emm ~pn
p e lla
a «elevação
e l e v a ç a o m oo ral e
partilhadas a d a s I
~ ^
r ^ pd e ~
A s m o e vmi m ee n ttoos s p e ^ J m i itir
t i r , com
c o e
par t i l ~ 1 d á r 1 a s c o m o o d e m o s a d m
t o d e c o r e s o l p o r t a n t o , p q =
o n c e i
cCOnCr'‘°doe‘‘ncgro”. Em m c o n j
conjunto. u n t o , po t5o; a)
a ) é p o s s
é possível queí v e l
''ne g r o '' . E m q u e s t ã o : u -
ocial'' do° às
ss°cial. . ^ ndênciasn c i a s e m e
emer§en“ rg e n t e s : ' e
iedade de classes
l a s s e s c o n d
condições i ç õ e s e s t
estru-
r •
'' t e n ~ ê e d d e c -
reefefreên“cniae t~os de Côrr encontre a d o l

ass-** *setssíf Í" *- * d“


t r e na
n a s o c i
sociedade e d ^ ^ u e ^
s e s
desenvol.
d e e n v
d e c o e n c o n p r o v á v e l q
p ,r e c o n c e 1 t o , 1 ç ã o ; b ) é , a p l i c á v e is
o à s u a ~ :r p e t u t o s d e c l a s s e
v e i s n c e i
turais fa·vorá c o

r
e m e s t i ,ç a , p r
, e
p u l a ç ã o n e g r a t r e si •
vam , n a p o o s d e c ô r e n
s d o s i n d i v í d u ,

nas r e l a ç õ e “ i S "“ * *





-

m a n i f e s t a ç õ e s DO
MANIFESTAÇÕES d o pPRECONCEITO
r e c o n c e it o
DE CÔR
DE CôR (*)
(*)

MANIFESTAÇÕES
MANIFESTAÇÕES LARVAIS
LARVAIS

A industrialização,
industrialização, a urbanização
urbanização da cidade cidade de São Paulo,Paulo, oc
afluxo de imigrantes,
afluxo imigrantes, o aparecimento
aparecimento de classes sociais bem estrati-
ficadas, deixando, porém,
ficadas, deixando, porém, subsistir
subsistir subterraneamente,
subterraneamente, como num num
edifício consêrto, partes
edifício em consêrto, partes inteiras
inteiras da antiga
antiga sociedade tradicional,
sociedade tradicional,
não podem deixar
não podem deixar de ter ter conseqüências
consequências nas manifestações
manifestações externas,
externall,
evidentes ou larvais,
evidentes larvais, do preconceito
preconceito de côr. Mas a heterogeneidade
heterogeneidade
é tal que
que já nãonão se sabe como nem
sabe como nem onde
onde discerni-las,
discerni-las, sob seus múl­ múl-
tiplos disfarces.
tiplos disfarces. Isso explicaexplica as respostas
respostas contraditórias
contraditórias a que que che­
che-
gou o nosso
nosso inquérito
inquérito entreentre brancos
brancos e negros:
negros: uns uns negam,
negam, outros
outros
afirmam a existência
afirmam existência do preconceito.
preconceito. Se os brancos brancos fossem os únicosúnicos
negá-lo, poder-se-ia
a negá-lo, poder-se-ia pensar
pensar numanuma auto-justificação:
auto-justificação: ''o “o preconceito
preconceito
jornal ''A
de côr, diz o jornal “A Voz da Raça'',
Raça”, somente
sòmente nós, negros,
negros, podemos
podemos
senti-lo”. Entretanto,
senti-lo''. Entretanto, muitosmuitos negros,
negros, sobretudo
sobretudo das c)a~s classes baixas,
baixas, •

respostas exatamente
dão respostas exatamente iguais iguais às dos brancosbrancos ne~ nesse capítulo.
capítulo. A
situação complica-se
situação complica-se quando
quando se analisam
analisam as respostas
respostas tanto
tanto dos queque
afirmam como
afiI1nam como dos que que negam.
negam. O negro negro queque nega
nega o preconceito
preconceito re-re­
conhece a existência
conhece existência de certas
certas barreiras
barreiras a suas atividades;
atividades; sobretudo,
sobretudo,
dizia um
como dizia um chefe
chefe de côr: ''O “O negro
negro queque nãonão vê o preroncei
preconceitoto é
o que
que ainda
ainda não conhece o valor
não conhece valor da sua personalidade;
personalidade; não pode
não pode
ferido uma
sentir-se ferido uma vez que que ainda
ainda nãonão chegou
chegou ao senso da dignidade
dignidade
humana”. Por
humana''. sua vez, os que
Por sua que tentam
tentam apresentar exemplos de pre­
apresentar exemplos pre-
conceitos em geral
conceitos dão apenas
geral dão apenas ilustrações
ilustrações do preconceito
preconceito de classe,
não de côr. £ :2 que
que nãonão há no Brasil, como nos Estados
Brasil, como Estados Unidos,
IJnidos,
uma pressão maciça
uma pressão maciça de um grupo sôbre
um grupo estereótipos variam
outro; os estereótipos
sôbre outro;
conforme setores da sociedade;
conforme os setores sociedade; as relações
relações humanas
humanas atomizam-«e
atomizam«
numa
numa poeira
poeira de relações
relações inter-individuais;
inter-individuais; as atitudesatitudes raciais variam
raciais variam
conforme famílias ou
conforme as famílias ou as pessoas.
pessoas. Entretanto,
Entretanto, por por trás desse caos
aparente, é possível
aparente, possível descobrir
descobrir certas
certas leis.
"Nós,
“Nós, brasileiros,
brasileiros, dizia-nos
dizia-nos um branco, temos
um branco, temos o preconceito
preconceito de
não ter
ter preconceito.
preconceito. E êsse simples
simples fato basta para
fato basta para mostrar
mostrar a que que
ponto
ponto está arraigado
arraigado no no nosso meio social''.
nosso meio social”. Muitas respostas nega-
l\fuitas respostas

'
<•) fiíte
(*) lste capítulo
capitulo foi redigido por Roger
R01er Bastide.
Bastide.
INQUÉRITO UNESCO.ANi:-y-.,~
INQUtRITO UNESCQ.ANt„ , •bt
^
)24 CJ.~.
·•u
-

tivas • m-se par
explicam-se
1 por êsse preconceito
preconceito de ausência
ausência de
de prec
preconceito
00 ,,....
tivas exp 1ca • .d I d ...._ ""~1to,
oor essa ( ·delidade do Brasil
fidelidade Brasil ao seuseu ea dee dewoaacia
1ideal democracia rao·
racial’
pe>r essa 1 ~.- • d a 1.
Contudo, uma
Contudo, lado ~
um a vez posto de lado êsse tipo
tipo dee resposta,
resposta, qu~
que não
não J>aSQ
passa
ideologia, a rn~rar
de uma ideologia, mascarar os fatos,
fatos, é possível
possível descobrir
descobrir a direção
direção
em que age o preconceito.
exn preconceito.
:t
É verdade
verdade queque êsse
êsse ideal
ideal de democracia
democracia impe~e.
impede as manifestações
manifestações
demasiado brutais,
demasiado brutais, disfarça
disfarça a raçaraça sob
sob a classe,
classe, bmita perigos d.e
lim ita os perigos de
um confJito
um aberto. Se a mo
conflito aberto. isso acrescentarmos
acrescentarmos certa
certa bondade
bondade natural
natural
brasileiro, o hábito
do brasileiro, adquirido há séculos
hábito adquirido séculos de
de viver
viver com
com os negros,
negros,
e mesmo, por vezes,vezes, uma
uma certa
certa displicência,
displicência, compreenderemos
compreenderemos me1hormelhor
que O o preconceito
preconceito não não se exprima
exprima abert~mente,
abertamente, mas mas dede um
um modo
modo
mais subtil
subtil ou encoberto.
encoberto. Os e.stereót1pos
estereótipos recalcados
recalcados agemagem na.a
nas
fronteiras
fronteiras indecisas do inconsciente,
inconsciente, menos menos por
por construções
construções sociais,
ritual institucionalizado,
um ritual institucionalizado, do que que porpor repu1sões
repulsões instintivas,
instintivas, tabus
tabus
pessoais. O negro,
pe~ais. negro, aliás, é eleitor,
eleitor, e os partidos
partidos políticos
políticos disputam
disputam
os seus votos como os dos brancos. brancos. A opiniãoopinião pública
pública é sensível
sensível ao
bom nomenome do Brasil,
Brasil, a tudo tudo o que que poderia
poderia prejudicar
prejudicar a sua tra- tra­
democracia racial.
dição de democracia racial. As reações
reações da imprensa
imprensa de de São Paulo
Paulo
contra anúncios
contra anúncios de jornais
jornais taistais como:
como: "Procw-a-se
“Procura-se 11ma
um a cozinheira
cozinheira
branca. Inútil
branca. Inútil apresentar-se
apresentar-se se fôr fôr preta"
preta” -— ouou contra
contra a queixa
queixa dos
comerciantes
·C omerciantes da rua rua Direita propósito da afluência
Direita a propósito afluência dos
dos pretos
pretos na­
na-
quela artéria
quela artéria -— ou ainda
ainda contra
contra a recusa,
recusa, pelo
pelo Hotel Esplanada, de
H otel Esplanada,
receber Katherine
receber Katherine Dunham, testemunhos di~.
Dunham, são testemunhos disso. DeDe modo
modo queque
crime de
o aime de que
que mais amargamente se
mais amargamente queixam os
se queixam os preto's
pretos éé oo que
que se
se
poderia chamar
poderia chamar de "pecado
“pecado de omissão",
omissão”, a falta
falta de
de uma política go-
um a política go­
vernamental
'tet namental a favor favor da asrensão
ascensão do homemhomem de côr côr na
na sociedade,
sociedade, por
por
auxílio econômico
um auxílio econômico e medidas
medidas educativru!
educativas apropriadas,
apropriadas, quando
quando ha
tantas leis a favor
tantas imigrantes. O br:lnco
favor dos imigrantes. cum prim enta o negro,
branco cumprimenta negro,
abraça*o, manif
abraça-o, manifesta-lhe amizade, mas
esta-lbe amizade, mas deixa-o
deixa-o mergulhar
m ergulhar nasnas camadas
camadas
mais baixas sociedade, sem
baixas da sociedade, sem estender-lhe,
estender-lhe, no no seu
seu orgulho
orgulho étnico,
étnico,
uma mão mão carifiosa
caridosa para
para favorecer-lhe
favorecer-lhe a ascensão
ascensão.•
.t
É sempre
sempre maismais fácil
fácil descrever
descrever manifestações aparentes. Ora,
manifestações aparentes. Ora, o
, Brasil,
Brasil, nas nas suas constituições,
constituições, leis, imprensa,
imprensa, proclama
proclam a altamente
altam ente a
aua
sua repulsão
repulsão a todo todo e qualquer ataque à
qualquer ataque dignidade do homem
à dignidade hom em negro.
negro.
!£ maia
mais difícil
difícil descobrir
descobrir o que que pode
pode estar
estar oculto
oculto sob a indiferença,
indiferença,
uas o~issões
omissões ou as faltas.faltas. SeráSerá preciso
preciso recorrer,
recorrer, muitas vezes, não à
m uitas vezes,
análise de comportamentos,
análue comportamentos, mas mas à da ausência
ausência de de comportamentos.
comportamentos.

A FAMILIA
FAMÍLIA TRADICIONAL
TRADICIONAL

· ~ Se S. Paulo ~é uma
S. Paulo uma cidade heterogênea, em plena
cidade heterogênea, plena transformação,.
transformação,
se O
e ,e o preconceito varia conforme
preconceito varia conforme os grupos sociais, co
devemos co-
sociais, devemos
meçar por estudar
meçar por as velhas
estudar a, velhas famfliu tradicionais, as que
famílias tradicionais, q u e conheceram
conheceram

RELAÇÕES
1tELAç
õES RACIAIS
RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E
E BRANCOS EM
BRANCOS EM SAO
SÃO PAULO
PAULO J95
125

cravatura e dela viveram,


escravatura viveram, algumas
algumas arruinadas
a11·uinadas pela
pela abolição
aboliça-0 do
, atrabalho
ebalho servil,
S
servi,·1 outras • da ricas,
ainda
outras ain .
porque souberam
porque souberam encontrar
encontrar na
~;
'
1 industrialização
rra
~dustrializaçao- novas novas opor_ t uni·d a des, mas tendo
oportunidades, tendo conservado,
conservado, todas
~lass, o
1 0 orgulho
orgulho das suas origens,
origens, e sustentando
sustentando ciosamente,
ciosamente, na me-
me­
~i~
dida do possível,
possível, contra
contra os descendentes
descendentes de imigrantes,
imigrantes, os seus anti-
os valores. Elas mantêm,
-os mantêm, sôbresôbre o negro,
negro, as antigas
antigas ideologias
ideologias do
gtempo
mpo da escravatura,
escravatura, de uma uma época
época em que que os escravos trabalha­
trabalha-
vam
te
varo duro
duro nos campos,
campos, mas em que • d as d
que as criadas
cria " eram
dee côr
cor eram integradas
integradas
à vida da família,
família, de certo
certo modo
modo como parentes
parentes pobres,
pobres, e em que que
finalm
finalmenteente oo branco
branco distinguia,
distinguia, na massa cativa, certos certos elem entos
elementos
· maisais inteligentes,
inteligentes, e ajudava-os,
ajudava-os, com sua poderosapoderosa influência,
influência, a subir
subir
111
na escala social, aos postos postos de funcionários,
funcionários, à carreira
carreira de advogado,
advogado,
jornalista, espécie
jornalista, espécie de clientela
clientela de côr a gravitar
gravitar em tôrno
tôrno do patrão
patrão
branco.
Essas famílias
famílias tradicionais
tradicionais não
não aceitam
aceitam “o
''o novo
novo negro”,
negro'', que
que se
veste “à''à americana”, ousado e empreendedor,
americana'', ousado empreendedor, que, que, numa
numa palavra,
palavra,
"não sabe ficar
''não ficar no seu lugar''.
lugar”. Que,
Que, filho
filho de empregada,
empregada, senta-se
0 ,,ma paltrona
numa poltrona em vez de ficarficar respeitosamente
respeitosamente em pé. Que Que recusa
recusa
um convite
convite para
para almoçar
almoçar se fôr servido
servido na copa
copa em vez de na sala
jantar. E como
de jantar. como essas famílias
famílias não
não compreendem
compreendem queque a urbani­
urbani-
zação é responsável
zação responsável por por êsse
ês.§enovo
novo tipo
tipo de negro,
negro, acusa a demagogia
demagogia
~
. do partido
partido trabalhista
trabalhista ou a ditadura
ditadura de Getúlio
Getúlio Vargas:
Vargas:
l ''Os “Os
negrosnegros de hoje
de hoje não não conhecem
conhecem mais mais
o seuo lugar.
seu lugar. São mal
São mal
atrevidos, e até grosseiros.
educados, atrevidos, grosseiros. A minha minha antiga cozinheira, ~
antiga cozinheira,
Anisia, saiu fazendo
fazendo um umaa porção
porção de sujeiras, dizendo que
sujeiras, dizendo negro
que o negro
é melhor
melhor que que o branco,
branco, queque o negro
negro sabe criar
criar os filhos,
filhos, que negro
que o negro
' . não é vadio.
... vadio.... . Quanto
Q uanto a Alvina,
Alvina, eraera uma
uma mulata
mulata educada,
educada, parecia
parecia
fina, mas tinhatinha um certo certo “azedume”
''azedume'' devido
devido à sua côr. Quando Quando
entrou
entrou aqui,
aqui, disse-me
disse-me que que tinha
tinha saído
saído da casa de outra
outra patroa
patroa porque
porque
era muito
muito orgulhosa,
orgulhosa, não não considerava
considerava os negrosnegros como
como gente,
gente, não
queria que
queria que o filho
filho da empregada
empregada entrasse
entrasse na casa para para verver a mãe.
Tinha
Tinha de ficar porta de entrada.
ficar na porta entrada. Eu
Eu lhe
lhe disse então
então que que ela po­
po-
dia receber
receber o filhofilho no quarto,
quarto, dar-lhe
dar-lhe café e mesmomesmo almòço
almoço de vez
em quando.
quando. Sabe Sabe o queque aconteceu?
aconteceu? U Umm dia
dia eu desci parapara verificar
verificar
' . uma trouxa de roupa
11ma trouxa roupa e vi o m mulatinho
ulatinho de Alvina refestelado na
Alvina refestelado
poltrona da sala
poltrona sala de jantar,
jantar, lendo
lendo revistas,
revistas, com os pés na mesa m esa...
..•
Quando eu disse
Quando Alvina que podia
disse a Alvina podia receber
receber o filho
filho no quarto
quarto mas
não na salasala de visitas,
visitas, ela
ela ficou
ficou furiosa:
furiosa: os brancos
brancos são todostodos iguais,
iguais,
para êles
para êles os negros
negros nãonão são gente!
gentel N Noo entanto,
entanto, um profe~r
professor ocupa
ocupa
cadeira, uma
sua cadeira, um a enfer1neira
enferm eira cuidacuida do gabinete
gabinete do seu médico.
médico. CadaCada
macaco no seu galho. galho. Mas Mas os negros,
negros, qt1ando
quando são bem bem tratados,
tratados, pen-
pen-
8:'mque
s^un iguais a nós,
que são iguais nós, que podem
podem fazer
fazer o que
que querem,
querem. v Também
"~ambém
tive um
tive umaa negra com com uma vox voi dede hhomem. • . completamente
o m e m ... completamente impossí*unp<mi•


• ..
"\ .,.
INQUÉRITO
INQUtRITO U N M C a ANH
UNF.SCO-A Nl-IF:lfBJ
126
, rci
vel. Eª
1 não
Ela trabalha mal,
não trabalha
meu
mal, mas
negro
passava o tempo
mas passava
vale mais que
tempo em
qualquer
em namoricos
namoricos .
branco!'' (2) e
, •

S a sempre:
dizia sempre: o
0 meu negro vale .mais que •qualquer branco!»
• .
Entretanto,
En tre t anto negro qu~r
se oO negro quiser respeitar
respeitar a antiga etiqueta da
antiga etiqueta
.d
polidez e onservar
conservar ' uma
uma Pos1çao
posição su bo r d"ma d a, é
· - subordinada, é cons1 "derado membro
considerado mernb -
l
Po I ez e e Os -.lh • ro
da família,
família, é tratado
tratado com bondade.
bondade. Os ~us 1
seus filhos assistem às festas
• os assistem
de ani,,ersário
aniversário dos meninos brancos e brmcam
meninos brancos brincam com ~om êles.êles. Se forem forem
inteligentes,
• t 1- entes os patrões
in e ig ' patrões lhes pagam
- f • estudos,
pagam os estudos,
d ensinam-lhes
ensmam-lhes
nh um
um ofício.
o(í,..;
......
o.
O
0 branco
branco tudo tudo faz para para nãonao os ferir; ..n o as _se
quando
er1r; qua senhorasoras se visitam
visitam
se a conversa girar girar em tôrno tôrno de negros, tôdas baixam
negros, todas baixam a voz, fecham fecham
as portas.
partas. Em geral, geral, aliás, evita-se
evita-se o assunto.
ass~nt?. . H Háá umauma espécie
espécie de
“tabu da côr”
"tabu côr'' queque se aprende
aprende desde desde a infância; desenvolve-se na
1nfanc1a; desenvolve-se
criança
criança um duplo duplo ~eca~i~~o
mecanismo de comportamento,
compo!tamento, paternalista
paternalista com
relação aos negros,
relação negros, 1gual1tar10
igualitário com com relaçao
relação aos aos brancos,
brancos, pelo pelo menos
menos
aos brancos
brancos da mesma mesma classe. ·
o preconceito
O preconceito de côr côr apresenta-se,
apresenta-se, pois, pois, diluído
diluido nesse nesse sentimen»
sentimen.
taJismo.
talismo. ApareceAparece na ausência ausência de um um sistema
sistema de de reciprocidade
reciprocidade nas
relações
relações entreentre brancos
brancos e negros.
negros. O negro negro é tratadotratado afetuosamente,
afetuosamente,
basta que
mas basta que um um estranho
estranho chegue
chegue na na casa
casa para para que que logo logo surja
surja
outro tom entre
outro entre o patrãopatrão e o visitante.
visitante. Se um um homem
homem de de côr
côr acom­
acom-
panhar
panhar um branco branco a um um barbar e o-assunto
o ..assunto girar girar em tôrno tôrno do do negro,
negro,
atacar-se-ão
atacar-se-ão os seus defeitos, defeitos, “bêbados,
''bêbados, mal mal educados,
educados, grosseiros”,
grosseiros'',
para abrir
mas para abrir uma uma exceção
exceção ao ao que
que está
está com
com os brancos:
brancos: “O ''O senhor
senhor
um preto
é um preto de alma alma branca”.
branca''. “O
''O senhor
senhor não não é como como os outros”.outros".
Os
05 velhos empregados aceitam
velhos en1pregados aceitam passivamente
passivamente essa posição subordi- subordi­
nada,
nada, estãoestão fielmente
fielmente ligadosligados aos aos patrões,
patrões, que que os ajudamajudam na na necessi-
necessi­
dade e cuidam
dade cuidam dos seus filhos. filhos. PorémPorém os jovens jovens se ressentem
ressentem dessa
falta de reciprocidade.
falta reciprocidade. A amix.ade
amizade de de que
que são objeto sublinha
são objeto sublinha para para
êles a distância
distância social, em vez de fazê-la desaparecer.
de fazê-Ia desaparecer. Conhecemos
Conhecemos
alguns que
alguns que fugiram,
fugiram, que que preferiram
preferiram a miséria miséria a êsse êsse paternalismo
paternalismo
condescendente.
condescendente.
“Fui criado por
'·Fui criado por uma uma família
família de de brancos,
brancos. que que pertencia
pertencia a um um
tronco tradicional
tronco tradicional de 300 anos. anos. Sempre
Sempre fui fui m uito bem
muito bem tratado
tratado
quando não.havia
quando não.havia estranhos.
estranhos. Mas quando quando os havia, havia, todastodas as atitudes
atitudes
mudavam.
mudavam. Os contactos contactos eram eram simpáticos
simpáticos na na casa.
casa. Fora Fora da casa
, tomavam-se categóricos. Aqui
tomavam-se categóricos. Aqui está
está um um exemplo
exemplo que que aindaainda me me doi:doi:
convidei para
convidei para ser madrinha da m
ser madrinha minha
inha form
for1naturaatura do colégio uma
do colégio uma
meninas da casa, a que
das meninas que me considerava como
me considerava como um um meio-irmão.
meio-irmão.
Ela aceitou
Ela aceitou o convite.convite. Foi Foi à festa
festa e tudo correu bem
tudo correu bem até até o baile.
baile.
Mas chegado
chegado o momento momento em que que os diplomados
diplomados deviam
deviam dançar dançar a
valsa com suas madrinhas, ela
suas madrinhas, e)a meme mandou
mandou um um bilhete
bilhete desculpando-se
desculpando-se
por estar
por doente...
estar doente. . . No No diadia seguinte
seguinte eu soube soube que que ela havia havia pas­ pas-
sado
sado a noite pife-pafe.
jogando pife-pafe.
noite jogando


em (l) PEm.re-«a
D $to
Slo ialo!*1*
Paulo . com nlha familia
uma ******
COm llftM ftmíliâ tradicional, origin.iria de Miau,
rradiciooaJ,originária Mina*, domiciJJacb
domiciliada


,~
,, ...

õES
RELAÇÕ ES rRACIAIS
a c i a i s ENTRE
e n t r e nNEGROS
e g r o s eE bBRANCOS
ran co s sa o PAULO
EM SÃO PAULO
e m
127
ll:ELAç

... Nessas festas, e~ que a eleiçã~ era rigorosa, os meus colegas


h a v
horque
av•
·am-me
ia
orque
m -m e
assim,
nomeado ~diretor
assim, nos bbailes,
............
a1·1es, sessões
\.*r.

dos fcste1os "e —
- .1·
sessoes 1terárias,

literárias,
das UUd>f,,dS
caravaiias ao do 8ruP<>.
teatro, pique•niciues,
teatro,
grupo
pique-niques, eu cu'
P tava sempre
~stava sem pre ocupado
ocupado em organizar, organizar, e não em me divertir; divertir; e, nas
e* vaavanas,
n a s , de alojar
alojar os colegas.
colegas. .... Entretanto acontecia às
Entretanto acontecia às vezes
vezes que
car
C meu trabalho
trabalho terminava ·
terminava antes d o fim
~ntes do 1·1m da
d a festa. Então
Então os colegas
0
me enviavam
enviavam algumas algumas meninas,
meninas, entre entre as que eu conhecia melhor, melhor,
o m i s s ã o , para
^ m ccomissão, para que
que eu escolhesse uma uma para
para dançar.
dançar. Eu achava
aquilo
eauilo deprimente
deprimente e ridículo.
ridículo. Eu era o cavalheiro, cavalheiro, tinha
tinha o direito
direito

de escolher. Desculpava-me
Desculpava-me dizendo dizendo que que não sabia dançar.dançar. Então
Então
seis
eis dos meus meus melhores
melhores colegas, compreendendo
compreendendo a situação situação dolorosa
:m
em que me encontrava,
organizado, deixavam
e~contrava, isolado
deixavam o baile
i~lado no ~o meio
baile e vinham
meio da alegria
alegria que
vinham fazer-me companhia.
que eu havia
companhia. Sen-
távamo-nos a uma uma mesa e bebíamos bebíamos até mais não não poder”.
poder''. (3)
(S)
Assim, a família
A~im, família tradicional
tradicional conservou
conservou seus antigosantigos valores, essa
mistura
mistura de bondade bondade e de superioridade
superioridade racial,
racial, que
que já nãonão se pode
pode
adaptar
adaptar à situaçãosituação nova,
nova, criadacriada pela metrópole
metrópole industrial.
industrial. A jovem
eeração afirmará a existência
geração afi11nará existência do preconceito.
preconceito. SòmenteSOmente a velhavelha o 0
negará.
iiegará. Contudo Contudo não não podíamos
podíamos contentar-nos
contentar-nos com essas afirmaçõesafirmações
negativas das domésticas domésticas integradas
integradas nas famílias
famílias dos patrões. Ten­
patrões. Ten-
támos, com o auxílio auxílio de técnicas psicanalíticas, mostrar,
témicas psicanalíticas, mostrar, até nesses
conformados,
conform ados, a presença
presença de um ressentimentoressentimento recalcado
recalcado que só se
revela na filigrana
filigrana das imagens noturnas. Um
imagens noturnai. exemplo bastará
U m exemplo bastará para
para
mostrar o aparecimento,
mostrar aparecimento, no sonho, sonho, da oposição
oposição da doméstica
doméstica de côr
ao meio branco: branco:
“Uma
''Uma colega grupo escolar
colega de grupo escolar tomou
tomou um tonel
tonel de salmoura
salmoura e
despejou-o
despejou-o sôbre
sôbre Gisela
Gisela (uma
(uma branca)
branca) porque
porque ela era “puro
''puro sangue”.
sangue".
A filha
A filha da patroa perguntou: mas
patroa perguntou: mas onde
onde está Gisela? A minha
minha co-
co­
respondeu-lhe: veja,
lega respondeu-lhe: veja, é um
um monte
monte de sangue”.
sangue".

O GRUPO IMIGRANTES
GRUPO DOS IM IGRANTES

No outro
outro extremo
extremo da escala, temos o recém-chegado,
escala, temos recém-chegado, estrangeiro
estrangeiro
filho de estrangeiros.
ou filho estrangeiros. Há H á quem
quem atribua
atribua o nascimento
nascimento ou a exas­
ex~ -
peração das idéias
peração racistas, na
idéias racistas, sociedade paulista,
na sociedade paulista, sobretudo
sobretudo os bran­
bran-
nacionais e os mulatos
cos nacionais mulatos claros,
claros, ao estrangeiro.
estrangeiro. Mas preto re-
l\las o preto Te-
tinto em geral
tinto repele essa insinuação;
geral repele insinuação; para
para êle, o imigrante
imigrante chega
ao Brasil preconceito; é
Brasil sem preconceito; é aqui que o aprende,
aqui que aprende, através
através das velhas
velhas
famílias tradicionais.
famílias tradicionais. Assimilar preconceito é, para
Assimilar o preconceito para êle, um meio
de se elevar
elevar na
na sociedade.
sociedade. A questão,
questão, contudo, não éé tão simples.
contudo, não simples.
Pode muito
'Pode muito bem que se trate
bem ser que trate de um proce~
processo de auto-justificação
auto-justificação

(3) Biografia de
(3) Biografia J.
de J.


' ,_ ••.,,.,.,.,... !'t-- •

INQUtRITO
m UNESCO-ANH",.
QUÉRITO UNESCOANHEMBl
128 ,f 8(
i:.. 1

]do2 lnegro.
--------—bte afirma" que o ^__
epreconceito
c o n c e ito éé dde
e oorige°!'
rig e m econôm ica,
econômica '

do
que negro-
Pro ,.,ém
.,· ^ da ^escravatura,
v a t u M , nao ^da^ côr,
não ... h ee c
h
a Cprova,
^ ’ du êle o,
servilism
. '
é nos'
que
es
o u~ "-"geiro recém-chegado, que •
nao con
d eceu ob servilismo , n~
• considera seu iguaL Devemos pou estu ar o pro lema por nossa
conta, baseando-nos
considera provas.
sen >g» • em proVas. .. 0 é d o s m ais • heterogêneos,
° p * " nossa
conta, primeiro lugar,o ?^ grupo
Embaseando- p o ^ estran~iro
a“| s i r~
i o ~o~
- U b amais
n e s e shet~rogêneos.
( japoneses,
Latinos, ru n en ge1
Em peslavos ^ mânicos,
8 aanglo-saxoes,
ngl o»x smo-l1baneses,
^ a r o Japonese com porta-
pelas ruas
crui.am-seeslavos
Latinos, g de gS. pPaulo.:
aulo: 1; É _preciso
P ,re n te s examinar_
p e la o rigoemcomport::
e pelas
mento
cnuam -se p e l1diversos
desses grupos, tao diferentes
.yersos grupos, .• éé.rito pelae n tre.origen
o s hom pelde
1 eens
as
u·adições. Mas não devemos fa_rer.o mqu rito entre os homens de
côr; as suas opiniões são contradit6nas! por exemplo, alguns afirmam
que os italianos são os qu~ têm maIS forte. preconceito .contra 08
ti ?££>
negros enquanto *outros - afu·1nam o contrário: tudo depende a'p“ de 00111
~

- ‘"«tv»»» “s íík k .
efeito
negrosdas£n^experiências ~ais.
ua“ ‘r°iências pessoais. imigrantes, q u e lixem os

urJ^,'sjtüTíKW
Foi, portanto, dentro dos grupos de imigrantes, que fizemos
0 nosso inquérito. E como carecíamos de tempo para examiná-los
todos com vagar, escolhemos os grupos poirtuguês e italiano, consi-
derados em
aerados em ggeral
eral cocomo ?sdes£avoráveis.
mais favorá~eis ao negro, e o grupo sírio,
considerado
considerado um 11mdos m a desfavoráveJ.S.
mau

O GRUPO S1RIO
SÍRIO

Antes de 1914 1914 havia


havia poucos negros africanos
poucos negros africanos na Síria
Síria e no Lí­ Lf.
Apenas alguns
bano. Apenas alguns funcionários
funcionários que tinham vivido
que tinham Egito ou
vivido no Egito
no Sudão tinham
tinham alguns
alguns pretos como criados.
pretos como criados. FoiFoi sòmente
sOmente com a
(1918-1944) e a presença
ocupação francesa (1918-1944) presença dos soldados senegaleses
soldados senegaleses
libaneses se familiarizaram
que os sírios e libaneses familiarizaram com os homens homens de côr.
Mas justamente
justamente por por se tratar tropas de ocupação,
tratar de tropas orupação, os nacionais
nacionau
julgavam-se
julgavam~ humilhados
humilhados pela pela presença
presença desses negros,
negros, e detesta­
detesta•
varo-nos.
vam-nos.
Os árabes
árabes designam.
designam os negros pelo têrmo de “Abd”,
negros pelo ''Abd", nono plural
plural
“Abid”, escravo, servo, trabalhador
"Abid", trabalhador -— raramente
raram ente pelo pelo têrmo
têrmo de
"Asuad'', negro. E o uso do primeiro
“Asuad”, negro. têrmo já éé pejorativo.
primeiro têrmo pejorativo. É :t pre-
pre­
ciso porém
porém notar
notar o costume,
costume, que
que continua
continua ainda
ainda hoje,
hoje, da adoção,
adoção,
· pelas
pelas grandes
grandes famílias,
famílias, de negrinhos
negrinhos que passarão
passarão a fazer
fazer parte
parte inte­
inte•
grante casa. Os sírios e os libaneses
grante da casa. libaneses transplantarão
transplantarão êsse costume
êsse costume
para as
para a, plagas americanas.
americanas. ·
Os primeiros
primeiros árabes
árabes chegaram
chegaram ao Brasil
Brasil em 1880, mas mas foi
foi apenas
apenas
em 1~95 que se iniciou
1895 que iniciou um movimento im igratório organizado.
movimento imigratório organi1.ado. Essas
tomaram negras e mulatas
famcflias tomaram
famílias mulatas como
como domésticas
domésticas e estas
estas integra­
integra•

ram-se tão bem
ra_m« bem que algumas chegaram
que algumas chegaram a falar árabe. Os filhos
falar árabe. filhos eram
era?1
rriados patrões. O termo
criados pelos patrões. termo "Abd'' conserva-se ainda
“Abd” conserva-se ainda no Btasili
Bt'a~il,
mai1 perdeu«
~ consciência da ma
perdeu-se a consdênda etimologia, e aqui
sua etimologia, aqui significa,
significa, •
sunpJesmente,
simplesmente, preto. preto.
\ .

RELAÇÕES RACIAIS
JtELAÇõES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS EE BRANCOS EM
^ SÃO PAULO 129

porém de
T ratava-se p<>rém
Tratava-se de velhas
velhas familias
fam „ i , de antes da urbanizaçã
de S.s. Paulo.
d Paulo. O sirio de
O sírio de hoje
hoie é refratário
é refra.í •ao negro. ante* da o urban-
iorna!is.: -
árabe,
.1:.:be José José Elydd, diretor da
Elydd, diretor da revista
revista “ir°-a°
"Union ne8ro-Arabica•' Od~iom'2 Buen ^*0
Aires,
.s.iª ,
escreveu, pó uma viagem
após . ao B
Rr T. " Ara*»ica" de B, os
Aires, escreveu, a s uma viagem ao rasll em 1948: Há no Brasil
nove milhões
milhões de de negros
negros~e de demulatos.
mulatos T AÍ raça está ’948:dominada
Há no Br«U
mulatos,
mulatos, orgulhosos
nove
vaidosos A
orgulho~os. ee vaidoso!- Am t- • ~os
maioria 93 crimes
está d odeve-ase
pelos
m in a i a êsses
,
£ i" sao malvados e sinvejam s » a riqueza alheia. . s

s c s * .£ rr- -
piulatos na Amazon1a. :tles
, As fam}lias sír~s atuais _de S. Paulo não apreciam empregadas

s t ’” ? r r ~ ^
*
de cbr. N ao as aceitam senao n! falta de brancas. Dizem que as
£ .

negras
negras bebem bebem ee fumam,
fuma ...m, .queque c!te1ram
cheira mal, de brancas.
que são muito Dizemnervosaa
e, que não, têm constancia. « Ainda preferem as mttlatas às negras.

. " í S u M . i ; ‘sséria 1demais " " “ “'"


Em geral, dão às negras o trabalho mais pesado. A cozinlta é
uma
— responsabilidade
uma para p ~ * » ‘ “a uma
confiá-la t ° negra.
T "
A lli, Jos m
Aliás . têm
sírios _ p. , ” »especia~ e é a^ dona da casa que cuida
~ratos
do seu preparo.
preparo. Aceitam-se lív a d e las Ínegras,
Acenam-se lavadell'as l a da «»*•
porque ficam que « S
Sõmente
algumas horas horas ee depois
depois voltamvoltam para para casa,
“T **’ P°rque fica“assim, pre-
ferem-se
algumas
ferem« ^ as brancas” (<)
as brancas" (' •'*
).
mas mesmo
mas mesmo assí™» pr©-
:t
£ inútil
inuti] acrescentar
acrescentar que que tanto
tanto o« sírio • como o libanês são endó-
gamos: se não
não sese casam
casam com com gente
eente H f COmo ° 1;l>anês são er,H/L
com
gamos: se de côr, tão pouco se unem facil-
mente com brasileiros
mente brasileiros brancos.
b ra n c L Entretanto
E m re tn ,150citaram-nos
•P° UCO * “ °em o caso f a dd.e
t
um sino
um sírio dede S.
S. Paulo casado com
Paulo casado com uma»m ! mulata,^ tltaram-nos
repelido pela o caso
família rf.
ee vivendo
vivendo penosamente
penosamente como e le tS a ” " Em
como eletricista. KpeUdo
^ ’suma, encontramos
Pela íamilia no
sírio algo
de‘s apaulo6de ranálogo
ál°g0 ao
30 que
q u e se vê
“ vê nas
nas velhas
v e to J ’ fanúlias
fam TnC° tradicionais
ntrain0s no
de
de S. S. Paulo,
Paulo, o que se se explica
explica pela pela estrutura
estnn.TÍ patriarcal
fanYllas tradicionais
doméstico
doméstico -- a
o que
a integração, outrora dda, /domés1tica
integração, outrora, • Patriarcal
de côr àdo
do regime
reeime
casa, mas
numa posição
numa su b a lte S a - a rerusa,
posição subalterna re ^ s a ,* noJe>
h o T do
hoje, do "novo
do *novo
CÔr negro'\
à « “ »™
negro’».

O GRUPO
CRUPO PORTIJGUtS
PORTUGUÊS

português tem
O português tem fama
fama de correr
correr atrás
atrás das
das negras
negras e das
das mulatas.
mulatas.
cora efeito,
E, com efeito, os casos
casos de
de uniões
uniões mistas
mistas duradouras
duradouras nãonão são raros
raros
nesse grupo. Mas Mas dir-se-ia
dir-se-ia que
que hoje
hoje o português
português se desrulpa
desculpa e Ja•
la­
menta fato: "Dizem
menta o fato: “Dizem aqui
aqui que
que os portugueses
portugueses não
não têm
têm preconceitos,
preconceitos,
afirma umum descendente
descendente de lusitanos; é
de lusitanos; é que,
que, no
no início,
início, não
não havia
havia
mulheres brancas.Todos
mulheres brancas.Todos foram
foram obrigados
obrigados a casar
casar com
com o queque havi~
havia,
sem cuidar da côr.
sem cuidar côr. Deixavam
Deixavam suas suas esposas
esposas e filhos
filhos em Portugal.
Portugal.
Mas
Mas agora,
agora, tudo m udou. Há
tudo mudou. H á portuguesas
portuguesas nono Brasil,
Brasil, filhas
filhas de imi-
imi­
grantes. Já
grantes. se pode
Já se pode encontrar melhor. E também
casamento melhor.
encontrar casainento também não
não
éé difícil mandar
m andar buscar
buscar a mulher
m ulher nana Europa
Europa ou fazer
fazer uma
uma viagem
viagem
até lá. Com um um pouco
pouco de dinheiro tudo se arranja".
de dinheiro arranja”. O português
português
tem mesmo uum
tem mesmo m certo orgulho em opor
certo orgulho opor o seu paíspaís ao Brasil
Brasil do
,
» ------- . do inquiri.to
. (~) Rmur-o . . . ________
feito, a oouo j s j _ por Tomn
pedido. Jaail Selim
Selim Safady.
Safadr,num
num grupo
lrupo
lf r10-libanês.

,•...
INQUÉRITO UNF,ro.ANIlFMRl
130 •

ponto
nto de vista da composição
compGSição étnica
étnira do povo. povo. .••u“Lá não tem.os ~
não tçmos .
Po um deles, ao que o Brasil
Brasil está cheio <lei
mouros,
mouros, ~
disse
di".,c,1> um

por isso não progride.


par progride. Não Não há
passo
ao passo
f
há flagelo
que
l
lage o maior
• ,, 0
maior .• Outro
está cheio
utro explicou.S
dcl?**
explicou-nos^
...
-,;_S "

como0 um iécnico
técnico que que a derrota
derrota do S. Paulo numa competição1
Paulo numa comperição 1d?*
.~:boi
. futebol era devida
negro”:
negro": “O ''O negro
de,·ida à presença
negro nada
presença de Leónidas,
pode dar
nada parle
Leónidas, o
dar de bom. bom. Não
o_ célebre
célebre “diama
N ao pode
pode com
''diamant:
and^
comandar
muito
muito menos
menos a brancos.brancos. Leónidas,
Leónidas, como todos os negros,
como to~os negros, é desor:d
ganizado
anizado e insubordinado.
insubordinado. Sobretudo
Sobretudo considerando
considerando que que Oo clubec^hí
compreende
:ompreende brancos brancos de boa boa família,
família, at~,advogados.
até advogados. Como Como é ppossívelo ssu i
que
que êles aceitem
acei1em ordens ordens de um um negro?”
negro? • Em Em suma,
suma, há há uma
uma revolta
revoltl
português de hoje
do Portugtiês contra o estereótipo
hoje contra estereótipo acerca acerca dos seusseus anten
antepas.
sados,
sados amantes
amantes da Venus Ve-ous negra.
negra. “Êle ''.t)e sempre
sempre tem tem algum
algum parem par;nte
de côr, disse-nos um
de cô~, um velho
velho paulista;
paulista; por por isso não gosta que
não gosta que lhe lhe fa]e
falem 1, 1
em negros, pois tem tem contra
contra êles o mais mais violento preconceito”. \Ma!
violento preconceito''. fa
pre)uízo, :1º
tal prejuízo, ao examinarmos
exam~nar111osos ~ casos
~asos particulares,
parti~lares, atinge sobretudo
atinge so~retudo
a classe
classe média
média e os filhos filhos de imigrantes
1m1gi-antes mais mais que
que os próprios
próprios imi imi. 1

grantes,
grantes, os que que querem
querem subir
subir ouou queque já começaram
começaram a ascensão.
ascensão. No
meio das espeluncas,
espeluncas, dos apartamentos
apartamentos baratos baratos nosnos bairros
bairros miserá­
miserá-
veis, com uma uma única única exceção,
exceção, nãonão encontrámos
encontrámos essa essa repulsa,
repulsa, do por­ por-
tuguês com relação
n1guês relação aos homens
homens de de côr,côr, e muitos
muitos vizinhos
vizinhos escuros
escuros
acentuaram,
acentuaram, ao contrário, contrário, o seu espírito
espírito de de camaradagem,
camaradagem, e mesmo mesmo
amizade. Dir-se-ia que
de ami7.ade. que o preconceito
preconceito se aprende, aprende, que que é menos menos
uma tendência
uma tendência étnica étnica natural
natural do que que uma uma luta
luta contra
contra umauma tendên­
tendên-
cia que
que o impele,
impele, atualmente
atualmente como como dantes,dantes, a ligar-se
ligar-se afetivamente
afetivamente
negros, sem levar
aos negros, levar em conta
conta a côr da pele. :t
da pele. É umumaa forma
forana pri­ pri-
mária de um
mária um nacionalismo
nacionalis1110 nascente.
nascente. -

O GRUPO
GRUPO ITALIANO
ITALIANO

Se os portugueses
portugueses amamamam os pretos,
pretos, o caso
caso é diverso
diverso com
com os ita­ita-
lianos. A situação
lianos. situação típica
típica das regiões
regiões rurais
rurais é a seguinte:
seguinte: o italiano
italiano
que chega
que chega pobre, que quer
pobre, que enriquecer no
quer enriquecer no novo
novo país,
país, obriga
obriga a mu- mu­
lher
lher e os filhos
filhos a trabalhar
trabalhar duro,
duro, sob
sob o sol tóirido, nas plantações
tó1 rido, nas plantações
de café ou de algodão.
algodão. A mocinha encontra, ao
mocinha encontra, ao casar-se
casar-se comcom um um
negro, possibilidade de fugir
negro, a po~ibilidade fugir a essa tirania
tirania paternal,
paternal, a essa labuta
labuta
extenuante. O negro
extenuante. negro tem apenasapenas carinho
carinho e ternura
ternura para
para comcom a
sua branca,
branca, nãonão a deixa
deixa trabalhar
trabalhar fora
fora dede casa. Mas Mas na cidade
cidade de
S. Paulo situação éé diferente.
Paulo a situação diferente. E se ainda ainda existem,
existem, sobretudo
sobretudo nas nas
classes baixas,
baixas, casos de casamentos
casamentos mistos,
mistos, ou amizades entre
ou amizades entre mem­
mem-
hros ~o~
bros dos dois grupos,
grupos, não
não é e~ essa a regra
regra geral.
geral Acontece
Acontece mesmo
mesi110 queque
~
êsse imigrante,
imigrante, que nunca viu
que nunca negros na sua terra,
viu negros terra, sente-se
sente-se a prin­
prin-
apio assustado
cípio vista deles,
assustado à vista deles, e os da primeira
primeira geração
geração nem sempresempre
_cconseguem dominar êsse
onseguem dominar êsse espanto.
espanto.

.. .. 4 -

RACIAIS F.NTRF._N_F:
F.NTRF. NEGROS F._ ~R~~
BRANCOS FM SXO PAULO ~
1^1
IrtLAÇM*
Jtf.t,AÇÕ1~i RAC1.'1S _r. _~_s _,. _.\_t _s~~~
(~ ~-- F. -t J_l._<>
____ _1
,..
“Um filho
"Um filho ~e dc italia?os
italianos dis.«ie-no~
disse-nos ,1ue que o pai pai não
não go"ita
gosta de negr01.
negro*,
C h e
Clieg
mu
g Ou
o u ao
ao Brasil
Brasil aos
a<)S
S
oito
oito anos.
anos. Gosta
(.<»sta de
•italianos

de
. h
contar
cc>ntar ainda
ainda h,,
hoje•
1e que,
que
,
desembarcar em , anlos,
d e s e m b a r c a r e m Santos, os tinham muito medo
ata .anos tan am n1uito medo dos pre- dos p re-
a° d pcnsavan1
ao pensavain
___/uii> <1uc êles nnão
que êles íio In
não ssen i sêrcs
fòssem
f(\ssen1 ssêres
Í t í s hiim :m rK
humanos.
hun1anos. H
QnantM
u a n to a aêle,
<iuanto u
êle,
t<~S,da garoto, cada
t(*nda garoto, cada vez vez que
<1uc encontrava
encontrava um 1>reto. preto, fugia
fugia para
para longe.
longe.
a1n
outro
O utro nos nos disse • que a ?'ªe
q~e mãe- t1n · h
tin 11a
a !H · 1o ~u•to
tid • 1?edo
m u ito negro» ao
dos _negr<>1
m ed o dos
heear, e nunca
cbeear, nunca saia saía s,\z1nha
sòzinha de de noite.
noite. Nao Não aceua
aceita lavadeira
lavadeira de côr, còr,
C ão quer
não'"' qúer que que umauma n~gra
negra pegue
pegue na na sua roupa. t.
sua roupa. É costureira,
costureira, mas
oão
...
0
trabalha para clientes
tr a b a lh a para clientes de côr. côr. Quando
Quando algumaalguma aparece, aparece, ela ela
na
sempre acha
~mpre acha uma uma ddesculpa:
escu l pa: nao.., tem
não tem tempo
tempo etc .•''
etc.”.
oO hábito
hábito da da convivência,
convivência, um um conhecimento
conhecimento mútuo mútuo melhor,
melhor, nem nem
sempre melhoraram
sempre melhoraram essas primeiras relações. Encontrámos,
primeiras relações. Encontrámos, nos nos fi-
fi­
italianos, como
lhos de italianos, como nosnos dede portuguêses,
portugueses, os estereótipos
estereótipos mais mais des-des­
favoráveis para o negro:
fa v o r á v e is para negro: macacos
macacos -— gente
gente falsa
falsa -— sem moral moral -— todostodos
negros são tarados
os negros tarados -— as mulheres
mulheres de de côr
côr entregam-se
entregam-se a qualquer qualquer
contanto que
um, contanto que lhes
lhes paguem
paguem -— são mais mais bichos
bichos do que que gente.
gente. No No
bairro dos
Brás, bairro dos italianos,
italianos, há há umum "f“footing”
ooting" nas nas noites
noites de verão;
verão; pois
bem! Oo italiano
bem italiano nãonão se mistura
mistura com com os negros,
negros, cada cada qualqual temtem o seu
passeio separado.
pass;io separado. Compreendemos
Compreendemos assim assim melhor
melhor a observação
observação do
português que
partuguês que acentuava
acentuava a diferença
diferença entre
entre o Rio, onde onde o precon-
precon­
ceito não não existe,
existe, e S. Paulo,
Paulo, ondeonde é nítido,
nítido, e que que atribuía
atribuía a dife- dife­
rença ao fato
rença fato de quase
quase não não existir
existir uma
uma colônia
colônia italianaitaliana carioca,
carioca, ao
passo que
passo. que em em S. _Paulo
Paulo é a italiana
italiana a maismais importante
importante de todas todas as
colônias estrangeiras.
colônias estrangeiras.
Não se pode
Não pode pois
pois negar
negar que,
que, mesmo
mesmo na na classe baixa, baixa, exista
um certocerto preconceito
preconceito italiano
italiano contra
contra o negro.
negro. 1\las Mas êsse precon-precon­
ceito vai-se
ceito vai-se intensificando
intensificando à Dledidamedida que que se sobe sobe na na escala
escala social.
social.
“Os italianos
''Os italianos da da alta
alta burguesia,
burguesia, notou
notou uma uma das das nossas
nossas infinforman­
orman-
tes de de origem
origem italiana, consideram o negro
italiana, consideram negro comocomo um um elemento
elemento es,. ev
tranho ao seu
tranho seu mundo
mundo e que que não
não pode
pode de de Illodo
modo algun1,algum, Dlesnto
mesmo quandoquando
instruido
instrui rico, participar
do e rico, participar de de sua
sua vida.
vida. Na Na minha
minha família,família, acrescen-
acrescen­
tou ela, até até êstes
êstes últi1nos
últimos anos,
anos, nunca
nunca tiveD10s
tivemos <Tiadas criadas de de cor,
còr, e se
hoje minha minha mãe mãe as aceita, porque já não
aceita, é porque não se encontramencontram brancas.
brancas.
Meu pai, na
Meu na sua
sua fábrica,
fábrica, nãonão aceita
aceita operários
operários negros, salvo para os
negros, sah·o
trabalhos pesados,
trabalhos pesados, queque os brancos
brancos não não querem
querem fazer. fazer. E ~ essa infor-
infor­
mante, comparando
mante, comparando as famílias famílias da da burguesia
burguesia estrangeira
estrangeira com com as de
aristocracia tradicional
aristocracia tradicional paulista, observa que elas
paulista, o~rva elas têm
têm duasduas con-con­
cepções da da vida
vida bem
bem diversas,
diversas, queque se manifestam
manifestam justamente justamente nos nos seus
comportamentos para com negro. A família
com o negro. família tradicional,
tradicional, habituada
habituada
comportamentos
ao contacto 1ntuno
, .
íntimo com o negro negro na na escravatura,
escravatura, ace1ta-0
.
aceita-o sempre
sempre
romo doméstico e trata-o
como doméstico trata-o com bondade,
bondade, contanto
contanto que que êle êle fique no no
seu lugar, enquantoenquanto a burguesia
burguesia saída saída da imigraçãoimigração se reru~ recusa a
pactuar com
pactuar com o negro,
negro, mes1no
mesmo quandoquando êste êste último
último tem tem uma posição posiçSo
mbordinada.
subordinada. Repele-o Repele-o pura e simples1nente".
simplesmente”.
I

INQUÉRITO UNFSCO.ANllF;Mni
]J2
$

Naturalmente tudo.
Natural.mente tudo i"'6 precisa sedr
isso precisa_ ser mat~'ldod.
matizado. O O B.rasil
Brasil é£ o0

tipo
• ddo país das meias meias tmtas.
tintas. As atitu
atitudeses variam
variam dee um um indivíd
indivíduo
tipo
para
parao ºutro
outro, , formando
formando uma
uma gama
gama
. . . que
que vai do
do
t
máximo
máximo de preconcei~to
preconceitoo
à sua ausência total. Se 1ns1stunos
a ausência insistimos entre
entretanto nessas manifestaçõe
anto ne~s manifestações
po:,O
por parte
parte de grupos
grupos considerados
considerados geral~ente
geralmente como como ~avoráveis
favoráveis à gcnt:
gCme
côr, é parque
de cc1r, porque são reveladoras
reveíadoras d.e de senumentos
sentimentos mu!tas
muitas vezes ocultos.
ocultos
O imigrante
0 imigrante que que que.r
quer ser fM:m
bem yisto,
visto, que
que querquer ev1~ar
evitar c~mplicações
complicações
que mais
que mais tarde
tarde podenam
poderiam preJud1cá-lo
prejudicá-lo n~ na sua
sua ascensa?,
ascensão, nao
não demons-
demons-
trará exterionnente
trará exteriormente atitudes
atitudes _q~e oporiam a º1:1
que o º??riam um meio
meio nono qual
qual está
destinado a viver, não
destinado não expnm1rá
exprimirá sen.ao
senão os sentimentos
sentimentos queque lhelhe pa.
pa.
recem
recem corresponde~
corresponder à opin_ião
opinião pública;
pública; masmas ba!tará
bastará _naturali1.ar-se
naturalizar-se
para sentir-se
para sentir-se autorizado
autorizado a dizer
dizer o que
que pensa;
pensa; se naonão o fizer,
fizer, seu
seu filho
filho
fará:
o fará:
“Claro, é preciso
"Claro, preciso aceit~r
aceitar os pretos;
pretos; se não
não acu_sam
acusam a gente
gente de de orgu
orgu...
lhoso. Eu
Jhoso. Eu nãonão os aprecio,
aprecio, mas mas temos
temos de de aceitar
aceitar os costum.es
costumes da
terra. Os brasileiros
tei-ra. brasileiros acham
acham que que é preciso
preciso admitir
admitir os pretos;
pretos; pois
bem, eu eu os admito.
admito. Mas Mas sei qu~ que ~ãonão _valem
valem nada".
nada”. EssaEssa espécie
espécie
de mimetismo
de que const1tu1,
gregário que
mimetismo gregário constitui, diga-se
diga-se de de passagem,
passagem, o maiormaior
elogio parapara o Brasil,
Brasil, corre
corre o risco
risco de
de induzir
induzir em era êrro
êrro o observador
observador
superficial, que
superficial, que só vê o comportamento
comportamento aparenteaparente sentsem lhe
lhe pefSa1Jtar
perserutar
motivos íntimos.
os motivos íntimos. De De fato,
fato, o imigrante
imigrante toma,toma, ent
em geral,
geral, com
com re-re­
lação ao
lação ao negro,
negro, a atitude
atitude dodo grupo
grupo eniem que
que entrou.
entrou. Se Se fôr
fôr a classe
baixa, não
baixa, não se recusará
recusará à camaradagem.
camaradagem. Se Se fôr um grupo
fôr um grupo burguês,
burguês,
tomará atitudes
tomará atitudes altaneiras.
altaneiras.
Nota-se um
Nota-se um fato
fato curioso
curioso entre
entre os franceses,
franceses, os suíços
suiços e os belgas.
belgas.
Teôricamente êles não
Teòricamente êles não têm
têm nenhum
nenhum sentimento
sentimento dede discriminação
discriminação
racial. Mas chegados
racial. Mas chegados a São
São Paulo,
Paulo, no
no seu
seu desejo
desejo de
de viver
viver em
em a alta
alta
sociedade brasileira,
,ociedade brasileira, imediatamente
imediatamente imitarn--Jhe
imitam-lhe a elegância
elegância e a dis-
dis­
criminação racial.
criminação racial. Conheço
Conheço bem
bem êsses povos
povos porque
porque visitei
visitei os seus
seus
países
países e porque
porque os frequento
freqüento aqui.
aqui. Quando
Quando chegam,
chegam, são
são europeus,
europeus,
não têm
não preconceitos. Mas quando
têm preconceitos. quando começam
começam a frequentar
freqüentar a boaboa
sociedade então
BOCiedade adotam as
então adotam as mesmas
mesmas idéias".
idéias”. ((5)
5)

Mais particularmente,
Mais particularmente, o empreiteiro
empreiteiro ouou o industrial
industrial estrangeiro
estrangeiro
reserva, na
reserva, na proporção
proporção pe1n1itida
permitida pelas
pelas leis
leis trabalhistas,
trabalhistas, osos melhores
melhores
lugares para os seus compatriotas
lugares para compatriotas ou
ou descendentes
descendentes deles.
deles. Muitos
Muitos
negros queixam-se da recusa polida
negros queixam-se polida mas
mas inflexível
inflexível que
que êsses
êsses patrões
patrões
opõem aos
opõem aos seus
seus pedidos
pedidos de
de emprêgo.
emprêgo. O Hospital
Hospital Alemão
Alemão recusou-se
recusou-se
tratar de
a tratar de operários
operários de
de côr feridos por um
côr feridos um desmoronamento,
desmoronamento, mas mas
recebeu os operários
recebeu operários brancos.
brancos. UmUm inquérito
inquérito recente,
recente, feito
feito numa
numa
cidade vizinha
c!dade vizinha de Paulo, para verificar
de S. Paulo, verificar se osos estrangeiros
estrangeiros aceita•
aceita­
para os filhos
riam para
nam filhos um cônjuge de côr,
um cônjuge concluiu pela rejeição
côr, concluiu rejeição dos

(~
T
Ju****0
wc
Pr'
ÍMruirt }!.ffntodo Dr. Edaard Sa.acana,
cooperaçlo à
Santana, "'Relações
tMttMo de cooperação k Uneaco).
Unaco).
aiuc pretos
"Relações entre em S.
branco* em
preto» e br1.11eo1 S. Paulo"
Paulo*
- • f

rtÇT
,, ACõF.5 RACIAIS F..N'fRP..
aCO£S RAC1A1S FN TRR NEGROS
NF:C,RO~ E BRANCOS
BRANCOS EM
P.~I SAO PAtJI..O
SA<> PAULO
Jl..,L! • ··- 13~
.. p ....

meuaos m
casamentos mistos, razões invocadu
istos, e as raúies do rcvcladoras:
invocada* sao 75 <v0 por
reveladoras: 7501 por
inferioridade racial
;::ioridadc racial contra
contra 25% por 25%
por condição aoc.:ial
social inferior.
inferior. ' °

pR.ECONCEITO
p r e c o n c e it o DE CLASSE OU
DE CLASSE OU DE
DE COR
CÔR

Encontramos,
Encontram os, nos n o s dois
d ois grupos
grupos constitutivos
constitutivos da população
população paulis-
paulis­
ta branca,
branca, opiniões
o p in iõ es desfavoráveis
desfavoráveis contracontra o negro.
negro. Essas
Essas opiniões

dizemem respeito
respeito ao negro n egro comocom o tal ouo u ao negro
negro como
com o fazendo
fazendo parte
parte
::
da camada mais m ais miserável
m iserável da população?
população? Um U m certo número
núm ero de fatoefato*
'á nos peimitem
•j permitem discernir
discernir um um preconceito
preconceito de cõr còr independente
independente do
1
de classe; outrosoutros fatosfatos pennanecem
permanecem duvidosos.
duvidosos. Ora, Ora, é ês.,e
êsse o ponto
ponto
essencial do
~ncial do nosso inquérito.
inquérito. Se o negro negro é repelido
repelido como
como classe, uma uma
m elhora sua situação
e lh o r a da sua situação econômica
econômica (aráfará automàticamente
automaticamente desaparecer
desaparecer
o problema. Se é repelido
m problema. repelido como como negro,
negro, a questão
questão toma-se
torna-se mail
mais
grave. :t
:rave. É preciso,
preciso, pois,pois, agora,
agora, esquecendo
esquecendo as as origens
origens étnicas,
étnicas, mn-
con­
liderar população paulista
s id e r a r a p<>pulação paulista sob sob outro
outro ângulo,
ângulo, como
como uma uma pirimide
pirâmide
ocupações, de
de ocupações, de "estatutos,,
“estatutos” e de de "papeis",
“papeis”, e examinar
examinar sucessiva-
sucessiva­
mente as relações
mente relações dos dos brancos
brancos com com os negros
negros dasdas duas
duas classes
classes super-
super­
postas e dentro
Po5tas dentro de de cada
cada classe.
Não existe,
Não existe, legalmente,
legalmente, segregação racial no
segregação racial no Brasil.
Brasil. O branco
eO o negro
negro encontram-se
encontram-se por por toda
toda a parte,
parte, na
na rua,
rua, nono bar,
bar, nosnos jardins
jardins
públicos, no
públi~os, no teatro
teatro e no no cinema.
cinema. A A }ei
lei inflige
inflige uma
uma penapena de multa
multa
prisão aos que
ou prisão que se recusarem
recusarem a aceitar
aceitar um um homem
homem de côr. Toda- Toda­
quando um
via quando um negro
negro sobe sobe nono ônibus,
ônibus, o branco
branco senta«
senta-se raramente
raramente
ao seu lado; lado; prefere
prefere ficar ficar dede pépé durante
durante todotodo o trajeto;
trajeto; q11ando
quando se
entra num
entra num cinema
cinema super-lotado
super-lotado depois depois dede iniciada
iniciada a projeção,
projeção, e se
acaba por por encontrar
encontrar um um lugar
lugar vazio,
vazio, percebe-se
percebe-se muitas
muitas vezes, uma uma
vez acesas as luzes, luzes, que que o vizinho
vizinho é UDl um preto.
preto. Mas tais tais fatos não
não
demonstram necessàriam.ente
demonstrant necessariamente um um preconceito
preconceito de de côr,
côr, pois o negronegro
é muitas
muitas vezes pobre, pobre, 1nal mal vestido
vestido ou ou sujo,
sujo, e a gente
gente também.
também não não
se senta perto
ae perto de um um branco
branco esfarrapado.
esfarrapado. Os boteis hoteis elegantes,
elegantes, os
cassinos, recusam
cafflnos, recusam tanibérntambém a entrada entrada e1n em seus
seus estabelecimentos
estabelecimentos a
negros, mas é que o negro negro é considerado
considerado "a “a priori",
priori”, pela
pela boa
boa socie-
socie­
dade, um homem homem sem sem educação,
educação, bêbado
bêbado ou ou vagabundo.
vagabundo.
''Num
“Num bar, bar, entra
entra um. um casal
casai de
de côr;
côr; itnediatan1ente
imediatamente um um branro
branco
resmunga: este
resmunga: este bar bar era era antigamente
antigamente um um lugar
lugar bem.
bem frequentado.
freqüentado.
Baata
Basta isso. O garçon garçon aproxima-se
aproxima-se do do casal,
casal, murmura
murmura algumas algumas pa-pa­
lavras
lavras no no ouvido
ouvido do do marido.
marido. Os dois dois deixam
deixam o salão.
salão. Num Num ouu-o
outro
bar, um um negro
negro aparece,
aparece, o garçon garçon imediatamente
imediatamente tira gairafa de
tira a garrafa
pinga;
pinga; o cliente protesta; quero
cliente protesta: quero uma coca-cola;
coca-coia; o sr. não não pode ver ver
um
nm negro sem imaginar imaginar logo que se trata trata dede um bêbado".
bêbado”.
segundo fato esclarece o primeiro..
O segundo primeiro. O estereótipo de côr còr é
é
no fundo um preconceito
preconceito de classe. brasileiro gosta de passear
classe. O brasileiro passear
aa-·, .

INQlTf.' ºf()O lJN•:sc:o-A


IN Q U É R JIT U N K s r Ç M N luIPf.~\,
K .^
.!1S~4~---------------~--------- --... -- ·- ------~---··• 8r

• ddo jantar.
depois • tar Nas
Nas cidaderinhas
cidadezinhas interior
do interior faz-se
faz-se imediatamc
imediatam-..
depois o Jªº . . d 1 . • ""...te
uma
uma ,, :, 0 nesses passc1<1s,
• separação,
.scparaça , de casta
passeios,. de asse: a elite
casia e dce eclasse: no cent
elite no centro ro
do • d.
iardim, a classe
elaª~º branra
branca baixa
baixa na ca 1ça<1a externa,
calçada externa, e, osos n~
negros
do 1ar 1m, a , ~ -~ ...os,
., 1çada da
na ca.
na calçada da rua.rua. Em s. S. Paulo
Paulo fatos A anéilogos
fatos .d I . se
análogos se encontram~
encontram!. há há
O
O ,,1 t • g'' dos brancos, como o da Avenida
“footing”
100 1D
ven1
,
a Ipiranga,
b piranga, e •o dos nne­ e-
gros, como
gros, como Oo da rua rua Direita.
Direita. Podem-se ate lóoobseivarservar
. efeitos
os ef da •·n
c1tos da íq...
vasão, pelo negro,
vasão, negro, de uma uma dc:ssas
dessas áreas
áieas eco
ecológicas: outrora a rua
g1cas: outrora rua Di.
Dj.
reita era a mais elegante
reita elegante dada cidade,
cidade, o centro
centro dosdos estudantes
estudantes de Direi
Direi..
to, filhos das famílias
to famílias tradicionais.
tradicionais. Os negros
negros passeavam
passeavam no no Largo
Largo
d; do Arouche. 1\f Mas as como um um d!a
dia estudantes
estudantes caçoaram
caçoaram de de '?ma
uma preta
preta
grávida que
grávida que tinha
tinha tomado
tomado a liberdade
liberdade de passar
passar pelo
pelo bairro
bairro deles,
deles
os negros do Arouche,
os Arouche, amotinados,
amotinados, decidiram
decidiram descer
descer em
em massa
massa a niarua
Direita. o
Direita. O resultado
resultado foi que que os brancos
brancos abandonaram
abandonaram aos aos poucos
poucos
0o seu antigo
antigo pas.seio.
passeio. l\fas
Mas essa sep~gaç.ão
segregação nono passeio
passeio nãonão éé bastante
bastante
significativa, pois entre
significativa, entre a rua
rua D1re1ta,
Direita, abandonada
abandonada aos aos negros,
negros, e a
Avenida Ipiranga,
Avenida Ipiranga, domínio
domínio dos brancos,
brancos, háhá a rua rua São Bento,
Bento, emem
que as côres, pelo
que pelo menos
menos porpor enquanto,
enquanto, ainda
ainda se misturam.
misturam. Sobre-
Sobre­
tudo os líderes
tudo líderes dos gruposgrupos de côr côr reconhecem
reconhecem que que os negros
negros queque
freqüentam a rua
frequentam rua Direita
Direita são os menos
menos recomendáveis
recomendáveis po~ível,possível, que
que
fizeram daquela
fizeram daquela rua rua umum "centro
“centro de perdição",
perdição”, ou ou de prostituição
prostituição
bar-.ua.
barata. ~es Êsses chefes procuraram,
procuraram, quando
quando os comerciantes
comerciantes se queixa-
queixa­
ram à polícia, solicitando
solicitando a expulsão
expulsão dos dos negros,
negros, encontrar
encontrar uma
solução que
solução que não ferisseferisse a dignidade
dignidade do hoIDeID
homem de côr, côr, nem
nem a sua
liberdade de movimentos.
liberdade movimentos. Há Há ainda
ainda o caso das ''boites•',
“boites”, dos audi-
audi­
tórios de rádio,rádio, das piscinas e dos clubes, clubes, cujos
cujos estatutos excluem os
estatutos exclue1n
negros; mas mas é preciso
preciso notar que estão
notar que estão igualtnente
igualmente fechados
fechados aosaos bran.
bran­
cos da classe baixa, baixa, que que não
não aceitariam
aceitariam um um operário
operário mal mal vestido;
vestido; e
que a .maioria
que maioria dos clubes de S. Paulo Paulo cobraJD
cobram dos seus me01bros membros
enormes joias
enormes joías para
para melhor
melhor barrar
barrar a entrada
entrada a todos
todos os que não per-
que não per­

tencem ao seu
tencem seu U1e10.
meio.
»

Não se deve
Não deve confundir
confundir preconceito
preconceito com
com seleção. seleção faz-se
seleção. A seleção faz-se
aparentemente conforme .a
aparentemente conforme a linha
linha das
das côres,
côres, mas
mas porque
porque a côr côr é,
em todos êsses
todos &ses casos,
casos, sinônimo
sinônimo de de baiY.a
baixa condição
condição social.
social.
“Um negro
"Um negro de boa
boa posição
posição social
social quer
quer entrar
entrar numa
numa ''boite"
“boite”
O porteiro
porteiro aborda-o:
aborda-o: Por
Por favor,
favor, entre
entre pela
pela porta
porta de
de serviço.
serviço. -— Uma
Uma
preta janela. Um
está à janela.
preta e~tá Um vendedor
vendedor ambulante passa: Vá dizer
ambulante passa: dizer à pa-
pa­
troa que
troa tenho frutas bonitas.
que tenho bonitas. -— Mas
Mas eu sou a patroa.
eu sou Não brin•
patroa. -— Não brin­
que, não
que, não tenho perder. Vá avisar
tenho tempo a perder. avisar a patroa".
patroa”.
Na idéia
Na porteiro como
idéia do porteiro como nana dodo comerciante,
comerciante, um negro só
um negro
pode ser um
~de um entregador
entregador ouou uma
uma criada.
criada. De De modo
modo queque o precon-
precon­
ceito de côr
c:uo cor i~entifica«
identifica-se com
com o de classe. Ninguém
de classe. Ninguém abre seu ?·
abre o seu sa-
lão, amizade, o seu clube
o, a sua amu.ade, clube a qualquer
qualquer um;um; a burguesia
burguesia .nao
não
quer misturar-se, acontece em qualquer
misturar-se, e isso acontece qualquer parte
parte do mundo. A
do mundo.
e&- esempenha um
r desempenha um papel, evidentemente, mas o papel de um sím·
papel, evidentemente, sim-

i

,
REI a Çç õF.~S
o w raciais
RACIAIS e n t r e NJ((;R()S
F.N.fRE .
n e g r o s F.
f brancos KM SÃ()
SAO P,\(
JlRANc :os ·~~· PA(1,0
' 1,0
IS
Jtf:l.,A ------- ·------- - - -- - --- -
h 1 jo é OO critério
critério bem visível que situa um indivíduo indiví,luo num
num certo
ho o, 1 • l 1
- . au da da csca exceções sao
S(><·ta; e as exceçoes são a1n,
# ., •

·ddegrau escalaa social; aindaa dema~iado


demasiado l'ara~
raras para
para
egr
- par
lapar a fôrça
fôrça d esse
desse ' h<>1o. ~-
sim
símbolo. S"""'
a
Sãoo - raras
tao
tão raras que
que o negro <1ue ~u1>iu
negro que subiu
so sempre cons1
1a
é sempre
.d
considerado d . d .
espanto aadmirativo,
~ra o com espanto.
.
m1rat1vo, sobretudo
1
sobretudo pela
pela velha
velha
ração: respeitado, mas
ação: é respeitado, respeito é o segundo
mas o respeito momento de uma
segundo momento uma
dialética afeuva,
ger
dialética
.
afetiva, q~eque ~omeça
começa porpor re
b.
rebaixar
~1xar o negro e que corrige
seguida êsse pnme1ro
em seguida prim eiro ponto
ponto de vista adotado.adotado.
Isso é tão verdade
verdade qu~ que encontramo!
encontram os fenômenos
fenômenos análogO!I
análogos no
próprio grupo de côr.
r6prio grupo r á r * Cnou-se
Criou-se umaum a ehte,
elite, composta de médkos,
médicos,
~dvogados,
advogados, professores,
professores, .e u~a um a claMe
classe média,
média, composta de pequenos
pequenos
funcionários,
funcionários, de propnetános
proprietários de casas ou terrenos, terrenos, puritana,
puritana, res--
rev
peitável,
eitável, ciosa de bem criar criar os filhos. Essa classe sem dúvida dúvida se
compõe sobretudo
sobretudo de mulatos, mulatos, mas compreende
com preende também alguns
pretos. Ora O ra os negros
negros censuram-lhe
censuram-lhe o seu "esquecimento
“esquecimento da raça",raça”,
âa fuga à solidariedade
solidariedade ~e de c?r,
côr, com o fito de pa~ticipar
participar sõmente
somente da
vida dos brancos.
brancos. O dinherro d in h eiro ou o talento
talento d1mmuem
dim inuem efetivamente
efetivamente
0o preconceito:
preconceito: um u m médico
m édico está em bons bons têrmos
têrm os com os colegas, lê
trabalhos
trabalhos científicos
científicos nos congressos, cuida cuida dos doentes
doentes pobres,
pobres, bran-
bran­
cos
cos e pretos,
pretos, e o mesmo se pode pode dizer das outras outras profissões liberais.
liberais.
Os da classe média m édia organizam
organizam os seus próprios próprios clubes recreativos,
recreativos,
como o dos Evoluidos,
Evoluidos, particulannente
p articu larm en te severos na seleção dos seus
membros; ou arranjam
arra n ja m festas de família,fam ília, reuniões
reuniões dançantes
dançantes em suas
casas,
casas, a fim de dar d a r aos filhos
filhos oportunidade
o p o rtu n id ad e para
p ara casar dentro
dentro da classe,
classe,
e evitar
evitar queq u e se percam
percam nos bailes bailes da baixabaixa classe de côr, as "ga- “ga­
fieiras''.
fieiras". Preocupam-se
Preocupam -se sobretudosobretudo em. em encontrar
encontrar ou criar
criar umu m ''Dleio
“meio
decente''.
decente”.
negros sentem
Os negros sentem essa cristalização,
cristalização, em vias de se fformar onuar em seu
grupo, entre
grupo, entre duas
duas classes de níveis níveis e de valores
valores diferentes.
diferentes. E como
fenômeno é recente,
o fenôm.eno recente, reagem reagem com com paixão.
paixão. E~ Essa paixão
paixão fervilha
fervilha
aliás dos dois ladoslados da barreirabarreira ascendente.
ascendente. Os negros negros da elite
elite ou
média queixam-se
da classe média queixam-se do do ciúme
ciúme dos negrosnegros das classes inferio-
inferio­
que preferem,
res que preferem, segundo
segundo afirmam, consultar um médico
afirmam, consultar médico ou um um
advogado branco;
advogado branco; e que que não não votam
votam pelospelos negros
negros nas eleições. :t.
nas eleições.. Ê
verdade que
verdade que a classe baixa baixa de côr tem tem nono seu linguajar
linguajar umauma série
têrmos depreciativos
de têrn1os depreciativos para para zombar
zombar dos negros negros queque sobem: dir-se-ia
que elaela deseja
deseja rebaixar
rebaixar até até o seu nívelnível os descendentes
descendentes de africanos
africanos
triunfaram. Por
que triunfaram. Por seu seu lado,
lado, êstes
êstes últimos
últimos queixam-se
queixam-se de que que
a imoralidade,
imoralidade, a vadiaçãovadiação ou ou a preguiça
preguiça dos negros das classes
dos negros classes inf e-
infe­
riores lhes
riores acarretam um prejuízo
lhes acarret.am prejuízo enorme,
enorme, fortificando
fortificando nos brancos
brancos
os
os estereótipos
estereótipos tradicionais
tradicionais contra contra os negros,
negros, queque recaem
recaem sõbre
sôbre êles
também. Seria Seria fácil
fácil provar
provar que que e~ essa ela~
classe alta
alta ou média
média de côr
aceitou e adotou
aceitou adotou os preconceitos
preconceitos do do branco
branco contra
contra osos negros.
negros.
Mas se o preconceito
preconceito de côr se confunde
de côr confunde com com o de classe,
classe, num
num
grande número de casos
grande número casos será possível
possível generalizar fenômeno? De-
generalizar o fenômeno? De-
/J: !

INQUtR ITO UNF.SCO-ANHt~nu


JS6

vemos
vemos agora passar
passar das relações verticais
verticais às horizontais,
horizontais, isto é, é. dentro
dentro
da mesma
mesma classe
classe social, para
para ver em que que ~omento
m om ento a côr comeÇa começa a
ser um es tigma racial e não apenas
estigma apenas um s1mbolo símbolo de estatutoestatuto social
social
•A • d
ser um
primeiro lugar, na classe pro
Em primeiro Iet ár 1a,
proletária, •
ª.
a co~c1cnc1a
consciência dee classe
classe do-do!•
minará ou não os conflitos
conflitos étnicos? Essa_ Essa primeira
prim eira perg'?nta_
pergunta apresenta
apresenta
de antemão
antem ão O problema de saber se existe uma
o problema um a consc1ênc1a
consciência classista
classista
no P roletariado de S. Paulo.
proletariado Paulo. O problemaproblema ultrapassa
ultrapassa o quadro quadro dêste
DO
relatório.
relatório. Digamos 1
o o proletariado · d
apenas q~e: I. ) pro etana o pau 1s~aé ~onnado
apenas que: 1.°) 1·
paulista formado
de tantos
tantos elementos
elementos heterogeneos,
heterogêneos, brancos brancos e negros nacionais e imi-
negros nac1ona1s
antes europeus
grantes
gr europeus (êstes últimos
últimos com uma um a mentalidade
m entalidade 1nuitas vezes pe-
m uitas vezes pe-
queno-burguesa, a de gente
queno-burguesa! gente ~•nvinda para ''f
• da• para azer a A
“fazer ;•ca,
m é • '' para
América”, para enri-
enri­
quecer
quecer no Brasd),
Brasil), que a sohdanedade
solidariedade entre entre êles nao n ão pode
pode ser tão
forte como na Europa; Europa; 2. º) o sindicalismo
2.°) sindicalismo brasileiro
brasileiro é diferente
diferente
. . do europeu,
europeu, foi criado pelo Estado Estado em vez de surgir surgir da camadacam ada in- in­
ferior, das reivindicações
reivindicações operárias,
operárias, e os seus chefes chefes são uma um a espécie
de funcionários.
funcionários. Tudo T udo isso faz-nos entrever entrever que q u e a côrcôr pode
pode preva-
preva­
lecer sôbre a classe. Deve-se acrescentar acrescentar a i~ isso o fato tender a
fato de tender
classe proletária
da~ proletária a situar-se, numa num a cidade
cidade enriquecida
enriquecida pela pela indústria,
indústria,
não no nível mais baixo da sociedade, sociedade, mas num n u m nível intermediário,
nível interm ediário,
acima “plebe”; e~
acima da "plebe"; essa plebe,
plebe, queque servirá
servirá de tela tela de fundofu n d o sôbre
sôbre a
qual
qual o operário
operário se se destacará
destacará como um elemento elem ento progressista
progressista e adian adian­..
tado, será constituida
constituída justamente
justam ente pelos pelos hotnens
hom ens de côr, côr, vagabundos,
vagabundos,
mulheres semi-prostituídas,
mulheres semi-prostituidas, e por gente que
por gente que só trabalha
trab alh a intermiten-
in term iten­
temente, para para ganhar alguma coisa e descansar
ganhar alguma descansar até que q u e se acabe
acabe
o dinheiro.
dinheiro. Um dono dono de gafieira
gafieira di~e:disse: "Uma
“Um a branca,
branca, mesmomesmo pros- pros­
tituida,
tituída, não vai dançar dançar com todos todos êsses negrosnegros vagabundos,,
vagabundos” e, quan- q u an ­
do UD1 branco se aventura
um branco aventura nuDJ.n u m desses bailes,bailes, sempre
sem pre terá terá receio
receio de de
receber
receber uma uma facada.
facada. Porém,
Porém, outros
outros elementos
elem entos intervêm,
intervém , capai.es
capazes de
exasperar o conflito
exasperar conflito das côres. A concorrênciaconcorrência do imigrante im ig ran te elimi-
elim i­
nou
nou o negro negro e o mulato
m ulato desse artesanato
artesanato que era seu monopólio
q u e era m onopólio
durante
durante a era colonial, atirando-os à
colonial, atirando-os à plebe.
plebe. Por P o r outro
o u tro lado:
lado: 1. 1.°0 a
industriali:zação
industrialização abriu abriu ao negronegro a possibilidade
possibilidade de ascensão ascensão social;
social;
o seu realismo
realismo permitiu-lhe
perm itiu-lhe ver ver queque tinha
tin h a interesse,
interesse, do ponto p o n to de
vista econômico
econômico e da segurança fam ilial, em não
segurança familiai, n ã o visar
visar demasiado
dem asiado
alto, em não não desdenhar
desdenhar os ofícios, embora em bora duros d u ro s ouo u sujos,
sujos, umau m a vez
que fossem bem remunerados,rem unerados, de modo m odo que êle se integrou
q u e êle in te g ro u à à es,.
es­
trutura profissional da cidade
trutura profissional cidade industrial.
in d u strial. Tornou-se
T o rn o u -se operário
o p e rá rio es-es­
pecializado; .2.
pecializado; 2.°) com a última
º) com ú ltim a guerra,
g u erra, a im imigração
igração européia
e u ro p é ia inter•
in te r­
rompeu-se justamente
rom~u-se justam ente na ocasiãoocasião em que q u e o desaparecimento
d esap arecim en to do co- co­
mérao
mércio marítimo
m arítim o favo reda a criação
favorecia criação de novas fábricas em São Paulo.
novas fábricas P aulo,
negro aproveitou
O .n~o aproveitou a oportunidade
oportunidade para para manter
manter e aumentaraum entar os seus
p~nneiros
primeiros ganhos ganhos profissionais.
profissionais. Sem dúvida, o negro plebeu,
Sem dúvida, plebeu, que
vive à custacusta de mulheres,
mulheres, aindaainda existe.
existe. Mas Mas o negro tornou-se gra-
negro tomou-fie gra-
ualmente proletário
dualmente proletário como
como o proletário
proletário branco.branco. Já Já não pode servir
não p0de servir
r EÍ ES JlA~CJAJS
r a c i a i s ENTRE
e n t r e Nf:GR.OS
n e g r o s ,:
f bBRANCOS E~f
rancos e a o PAULO
SÃO
m s
1ttLA ÇO
-..
« contraste
c o n t r a s t e para
para melhor
m elhor salientar
salientar o operário
operário de origem européia
européia,
ae
® sua mentalidade
m entalidade de trabalhador
trabalhador incansável. Assim, Assim, duas fôrç~
fôrças
^n trad itó rias agem, uma
:uaditórias um a separando,
separando, outra
outra unindo.
unindo.
Nos bairros
bairros pobres,
pobres, . em queque os brancos
brancos vivem em promiscui-
promiscui­
dade com os negros,
dade negros, ~a ~1stura
m istura é t~l
tal qu~
que qualquer
qualquer preconceito
preconceito seria
ridículo.
·dfculo. Em no~s
r1 •
visitas aos cortiços
nossas v1s1tas

cortiços tivemos
dis
tivemos ocasião
d
de veri(ici.-lo:
ocasião de verificá-lo:
aj crianças brincam
a., brincam Juntas; putas dee adultos
juntas; as disputas adultos são inexistentes.
inexistentes,
Um grau grau acima,
acima, nos apartamentos
apartam entos baratos
baratos de um ou dois cômo- cômo­
d
dos,s, já existe uma um a linha
linha de separação
separação nas relações entre entre vizinhos,
:as
mas não coincidecoincide com a linha limpeza da casa,
linha de côr: baseia-se na limpeza casa,
e na moralidade.
moralidade. A escolha escolha de amigos faz-se faz-se entre
entre pessoas que se
parecem, que
;arecem: que têm um u m certo
certo ca_pricho
capricho n? no arranjo
arranjo do apartamento,
apartam ento,
que se mteressam
interessam pela pela educaçao
educação dos filhos, qualquer que seja a
filhos, qualquer
d,r
côr da pele. Contudo, C ontudo, certos
certos brancos
brancos se julgam
julgam superiores,
superiores, não fre-
fre­
quentam
qüentam os pretos, pretos, embora
em bora os tratem
tratem com polidez.
polidez.
NoO uabalho,
N trabalho, as relações
relações entre
entre brancos
brancos e pretos
pretos são boas
boas e, sem-
sem­
que se esboça
pre que esboça uma uma consciência
consciência de classe, seja seja para
para uma
uma reivin-
reivin­
salário, seja
dicação de salário, seja para
para umauma greve,
greve, a união
união é estreita.
estreita. Entre-
Entre­
tanto, à saída
tanto, saída da da fábrica,
fábrica, fonnam-se
formam-se grupos,
grupos, e pode-se então então notar
notar
que em geralgeral os brancos
brancos vãovão para
para umum lado,
lado, os pretos
pretos para
para outro.
outro.
oO que
que não
não impede
impede que que nas
nas ruas,
ruas, nos
nos bares,
bares, nas
nas conversas
conversas entre
entre
côres se misturem.
homens, as côres misturem. Porém Porém o lar lar é um
um teneno
terreno sagrado,
sagrado,
em queque se recebem
recebem os amigos.
amigos. Ora, Ora, aqui,
aqui, com
com todas
todas as reser-
reser­
que o clima
vas que clima democrático
democrático do do Brasil
Brasil favorece,
favorece, seja
seja por
por etnocen-
etnocen-
seja por
trismo, seja por timidez,
timidez, o pretopreto não
não hequenta
freqüenta em em geral
geral senão
senão
outros pretos,
outros pretos, e o branco,
branco, outros
outros brancos.
brancos. O que que é mais grave ~é
mais grave
nas fábricas,
que, nas fábricas, quando
quando se criamcriam clubes
clubes recreativos
recreativos para
para os ope-ope­
negro é barrado
rários, o negro barrado dosdos bailes.
bailes. Como
Como nos nos disse um
um dos dos nossos
informantes de côr:
info1mantes côr: ''No
“No trabalho,
trabalho, só a classe conta; conta; mas
mas depois
depois do
trabalho, a côr
ttabalho, reaparece”. E aparece
côr reaparece". aparece na na vida
vida social
social da da~classe baixa
baixa
que na
mais que na vida
vida profissional,
profissional, justamente
justamente porqueporque o queque caracteriza
caracteriza
por definição
definição a vida social é a importância
vida social importância que que a~ume
assume a aparência,
aparência,
e a côr faz parteparte dasdas aparências.
aparências. Todavia,
Todavia, mesmomesmo no no trabalho,
trabalho, o
0
preconceito intervém
preconceito intervém por por vezes
vezes e sobsob três
três formas
formas diferentes:
diferentes: 1. 1.°)) nas
brincadeiras de mau
brincadeiras mau gôsto
gosto que
que trocam
trocam os camaradas
camaradas e em que que tôdas
tôdas
as representações
representações coletivas
coletivas do folclore se manifestam;
do folclore manifestam; 2. 0
2.°) no esfôrço
) no esfôrço
brancos
dos bra para que
_ncos para que as relações
relações nãonão se tomem
tornem demasiado
demasiado estreitas,
estreitas,
que permaneçam
para que permaneçam no no terreno
terreno do do serviço,
serviço, não
não tomem
tomem um ca- ca­
rater
ráter demasiado afetivo; 3.
demasiado afetivo; 0 ) nas
3.°) nas palestras
palestras dosdos brancos
brancos entreentre si, as
que se fazem
fazem por por trás do negro, negro, quando
quando êle não pode
êle não pode ouvir:
ouvir:
“Bem se
"Bem que é um
se vê que um negro".
negro”. Quantos
Quantos comentários
comentários tivemos
tivemos ocasião
ocasião
de ouvir nasnas corridas de taxi, taxi, toda a vez que que um motorista
motorista branco
branco
1C viu obrigado a parar parar devido a um carro ou caminhão dirigido
INQUÉRITO
INQUtRITO UNF.SCO-ANHEm Bi
UNESCO-ANHEMBt

por um preto:
preto: "Logo
“Logo vi que era um. um negrol" “Raça danada.
negro!” - "Raça danada. Negro
Negr0
não é gente. Deus
Ôão é
Deus é branco.;
branco. A VirgemVirgem é branca.
branca. Raça Raça que não
que não
vale nada".
nada”. Assim a côr nao não se confunde
confunde completamen!e
com pletam ente com a
classe, dentro
d~ dentro da própria
própria classe desempenha
desempenha um um papel
papel discrimina.
discrimina-
dor. •Compreende«,
Compreende-se, nessas condições, a históri_a história da criadinha
criadinha tão
ligada aos patrões
ligada patrões e que os acompanhara
acom panhara ao Rio: Rio: quando
q u an d o resolve-
resolve­
ram voltar a São Paulo,
Paulo, encontraram-na
encontraram-na em prantos, prantos, ela não queria
nao queria
voltar
voltar,, lamentava
"O sr.
lamentava muito
“O sr. compreende,
compreende, aqui
.
m uito deixar
deixar a família,
aqui os pretos
família,
pretos sao
.,,.
são gente
mas,,preferia
gente”..
preferia ficar Ri0:
ficar no Rio• .
acabamos de dizer sôbre
O que acabamos sobre a classeclasse baixa
baixa aplica-se
aplica-se ainda
ainda
melhor à classe
melhor classe média
média e à alta.
alta. Aqui
Aqui a discriminação
discriminação surge surge sob a
forma de restrições
fornia restrições mais
mais ouou ntenos
menos severas
severas à atividade
atividade social
social ouou
mesmo à atividade
mesmo atividade profissional.
profissional. O caso de dois dois professores
professores de de di.
di­
reito que
reito que foram
foram barrados
barrados ou dificultados
dificultados nas nas suas
suas promoções
promoções dentrodentro
Faculdade é célebre.
da Faculdade célebre. Um Um dentista
dentista de côr côr queixa-se
queixa-se de que que 08os
dentistas brancos
dentistas brancos do seu bairro
bairro lhelhe fazen1
fazem uma uma concorrência
concorrência des- des­
alegando, não
leal, alegando, não a sua incompetência
incompetência profissional,
profissional, masmas a suasua côr,
para afastar
pafa afastar a clientela.
clientela. Um Um médico
médico escreve:
escreve: ((«)
6)

“Na medicina
"Na medicina sociali1.ada,
socializada, apesar
apesar de de vencedor,
vencedor, Eui fui eliminado
eliminado
pela côr, não
pela não como nas nas regiões
regiões do sul dos Estados Estados Unidos,
Unidos, em em que
que
«e diz claramente
,e claramente queque a raláo é
razão é a côr, nias mas de de m.odo
modo velado,
velado, 0o
que é pior,
que é pior, com o auxílioauxílio de artifícios
artifícios que que mascaram
mascaram a linha linha dede côr,
e com os quaisquais se espezinha
espezinha a honra
honra das das vítimas...
vítim as... O setor setor da en•
en­
fermaria é um dos que
fermaria que revela
revela mais
mais nitidamente
nitidamente a discriminação
discriminação ra- ra­
pretos são afastados,
cial; os pretos afastados, e quantas
quantas vezes ouvi ouvi as histórias
histórias das
enfermeiras de côr, vindas
enfermeiras vindas de outros
outros estados,
estados, que que nãonão conseguiram
conseguiram
colocar-se em
colocar-se em S. Paulo''.
Paulo”.
Mas é sobretudo
Mas sobretudo a oposição
oposição velada
velada dos salões
salões que
que atinge
atinge o homem
homem
côr. As famílias
de car. famílias tradicionais,
tradicionais, como
como as da burguesia
burguesia de de origem
origem
estrangeira, recusam-se
estrangeira, recusam-se a tratar
tratar o preto
preto como
como umum igual,
Igual, mesmo
mesmo su-su­
perior. As primeiras
perior. primeiras só podem
podem aceitar
aceitar aquêle
aquêle que
que se elevou
elevou graças
graças
ao seu
seu favor, com condição
favor, com a condição que que o reconheça,
reconheça, porpor uma
uma atitude
atitude de
respeito que destroi a igualdade
respeito que destroi igualdade nana reciprocidade
reciprocidade das relações.
relações. As
segundas, que
,egundas, que chegaram
chegaram a uma uma boa
boa posição,
posição, temem
temem perdê-la
perdê-la rece-
rece­
bendo gente
bendo gente considerada
considerada de de classe inferior.
inferior. Talvez apenas o mun•
Talvez apenas mun­
intelectual, dos artistas,
do intelectual, artistas, escritores,
escritores, jornalistas
jornalistas -— excluindo
excluindo os
“snobs” -— esteja
"mobs,, esteja aberto
aberto aoao homem
homem de de côr, pois nele,
nele, o que
que importa
importa
talento, o diálogo dos espíritos.
é o talento, espíritos. Outro
Outro médico
médico de de car
côr expli-
expli­
cou-nos a sua estratégia para não
sua estratégia sentir o preconceito:
não sentir preconceito: com os co- co­ i
legas branco~
lega~ brancos êleêle se limitava
limitava às relações profissionais ou ciC;Ddficas
relações profissionais científicas
evitava a vida
e evitava vida mundana,
mundana, dedicando lazeres à fanú1ia.
dedicando os seus lareres família. Sem
dúvida,
dúvida, um observador desprevenido poderia induzido em
poderia ser induzido em êrro:
êrro: '•

(6)
(6) Dt. Edgard Saacaa.a,
Dr. .!daacd Saacaca, obra
obra cUada.
citada.

JtELAÇõES r a c i a i s ENTRE
r e l a ç õ e s RACIAIS e n t r e NEGROS
negros E
e BRANCOS
b r a n c o s EM
e m SÃO
SAO PAUi.O
PAULO
139
139

barreiras estão
barreiras estão geralmente
geralmente dissimuladas
dissimuladas porpor um verdadeiro
verdadeiro ritual
ritual
as
de polidez ' l O
polidez amave.
amável. ' · nao
O operar~o
operário - c~n
não h cc~ essa cortesia;
conhece cortesia; não re re-..
eia, nas conversas,
·a nas conversas, nosnos palavroes, aludir àà cor
palavrões, aludir côr do comp.,nheiro·
companheiro; i·á já
ce1 ,
om o "
burguês, nao
ro O burgues,
- d,
não se dáa o Jnesmo.
mesmo. A sua A
sua casa
casa oculta-se
oculta-se por ,
por trás
trás
:de um complicad?
complicado ritual
ritual ~e
de etique_ta..
etiqueta. !\las
Mas porpor vêzes aparece,
aparece, apesar
apesar
dc tudo,
de tudo, com mais
mais !>rutahdade,
brutalidade, pnncipalm~nte
principalmente nos bailes.
bailes. umUm pro-pro­
queria _levar
fessor de côr 9uer1a levar as suas .duas
duas ffilhas um baile
Ilhas a um baile do pro-
ffessorado paulista; nao
ssorado paulista; não recebe
recebe convite,
convite, e, como êle insiste, são obri- obri­
gados a dar-lhe
g:dos dar-lhe a razão
razão da da recusa.
recusa. Uma Uma assistente
assistente social, organizan-
organizan­
do umas
do umas férias,
férias, e dispondo
dispondo apenas
apenas de quartos
quartos com duasduas camas, que- que­
bra a cabeça
bra cabeça para
para descobrir
descobrir um um companheiro
companheiro para para um
um empregado
empregado
de côr. PorPor fim, quando
quando um um preto
preto distinto
distinto é admitido
admitido a uma uma re- re­
cepção, admitem-no
cepção, admitem-no e?'?º como "pessoa
“pessoa ~e de côr,,,
côr”, isto é, ma.
manifestam para
nif estam para
marcas especiais
com êle marcas especiais de cortesia.
cortesia. l\.las
Mas essa cortesia
cortesia voluntária
voluntária
demasiado visível
é demasiado visível ee acentua,
acentua, em vez de fazer fazer desaparecer,
desaparecer, a dis- dis­
tância social.
tànda
'v
ESPORTES e COR
espo rtes E cor

A distinção
A distinção entre
entre a vida
vida profissional
profissional e a vidavida social manifestar•
manifestar*
se-á ainda
se-á ainda inais
mais claramente
claramente no no terreno
terreno dodo esporte,
esporte, emem que
que o negro
negro
ocupa um
ocupa um lugar
lugar de
de honra.
honra. Escreveu-se
Escreveu-se muito
muito no no Brasil
Brasil sõbre
sôbre a ascen
ascen­..
negro através
são do negro através dodo atletismo
atletismo e do do futebol.
futebol. Os clubesclubes brancos
brancos
disputam os negros,
disputam negros, o público
público tem
tem seus favoritos
favoritos de côr, os jornais
jornais
cheios de suas biografias
estão cheios biografias e de suas proelÂ.s.
proezas. E, apesar
apesar de tudo,
tudo,
apesar da auréola
apesar auréola das
das vitórias, do dinheiro
vitórias, do dinheiro e dasdas honras,
honras, ainda
ainda exis-
exis­
clubes como
tem clubes como o Palmeiras,
Palmeiras, que que não
não aceitam
aceitam negros
negros em seus qua~ qua­
outros, como
dros; outros, como o São PauloPaulo e o Tietê,
Tietê, que
que durante
durante muito
muito tempo
tempo
mantiveram bailes
mantiveram bailes separados
separados e aindaainda os Rlantêm,
mantêm, parapara brancos
brancos e
para pretos.
para pretos. Outros
Outros ainda,
ainda, como
como o Corintians,
Corintians, não não aceitam
aceitam negros
negros
em suas
suas piscinas,
piscinas, sendo
sendo umauma dasdas barreiras
barreiras mais
mais difíceis
difíceis de transpor.
transpor. .
“Um professor
"Um professor universitário,
universitário, disse-nos
disse-nos o presidente
presidente de um um clube,
clube,
é alguém. Mas como não não traz letreiro
letreiro nana testa,
testa, não
não pode
pode freqüen-
freqüen­
piscina”. Outro
tar a piscina". Outro forneceu-nos
forneceu-nos a racionalização seguinte: a
racionalização seguinte:
transpiração do
transpiração do negro cheira mal, por mais
negro cheira mais queque tome
tome banho
banho comcom
sabonete perfumado
sabonete perfumado e use água água dede C'..olônia.
Colônia. BastaBasta que
que se mexa
mexa umum
pouco para
pouco para que
que o cheiro
cheiro volte.
volte. É É uma
uma moléstia
moléstia contagiosa.
contagiosa. É£ bas- bas­
tante nadar
tante nadar na
na mesma
mesma água.
água. Houve
Houve um um caso no no Corinthians.
Corinthians. Em­
Em-
bora haja alguns jogadores pretos, não têm têm o direito
direito de entrar
entrar na
piscina”.
piscina".
Enquanto o esporte
Enquanto esporte foifoi um
um divertimento
divertimento e uma forma de lazer,
uma forma lazer,
o negro foi barrado.
barrado. O tênis, tênis, considerado
considerado esporte elegante,
elegante, ainda
ainda
lhe é vedado.
vedado. O Clube Clube Atlético Paulistano
Paulistano e o Clube Clube de Regatas
Regatas
Tietê não tiveram sócios pretos pretos até 1930,
1930, data em em que o Paulistano
Paulistano
1 4 0 ________________________________________ INQU~JUTO
INQUÉRITO UNESCO-ANll\:MJlt
UNESCOan h ^
140

mulato, filho
aceitou um mulato, filho de um
um preto
preto e de uma
uma alemã.
alemã. Foi
Foi a pa
pas.
sagem do clube recreação .ªº
clube de recre~ção ao clube
clube co~~rcialii.ado,
comercializado, _foi
foi a entrad:
entrada
internacionais, que
nas competições internauona1s, que perm1t1u
permitiu a ascensao
ascensão do home
homem
de côr. l\fMasas o que
que lhe dãodão de umum lado
lado recusam-lhe
recusam-lhe do ouu:outrom
pela distinção
pela distinção entre
entre duas
duas espécies de membros,
membros, os esportistas
esportistas e :;os
associados. Os primeiros
associados. primeiros jogam,
jogam, os segundos
segundos dançam.
dançam. Se estaesta últi-
últi­
ma discriminação
ma discriminação ain~a
ainda se pade
pode ju~tifi?'r
justificar por
por uma
uma ~if
diferença
erença de
classe,
classe, sendo o esportista
esportista preto
preto ong1nár10
originário das classes inferiores
inferiores da
sociedade, a côr desempenha
aociedade, desempenha sem dúvida
dúvida o papel principal no caso
papel principal caso
natação e da proibição
da natação proibição das piscinas.
piscinas.

PROBLEMA DO
O PROBLEl\fA DO MULA
MULATO
TO

A côr age, pois, de duas duas maneiras,


maneiras, seja
seja como
como estigma
estigma racial,
racial, seja
símbolo de um
como símbolo um estatuto
estatuto social inferior.
inferior. Se assimassim é, quanto
quanto
mais Oo negro
negro se aproximar
aproximar do branco,
branco, pela
pela tez, pelos traços do rosto,
pelos traços rosto,
nariz afilado,
nariz afilado, cabelos
cabelos lisos,
lisos, lábios
lábios finos,
finos, ntaiores
maiores as suassuas probabili-
probabili-
dades de ser aceito.
dades aceito. Se nos Estados Estados Unidos
Unidos há há umauma definição
definição
negro (aquêle
do negro (aquele queque tiver
tiver uma
uma gôta
gôta de sangue
sangue negro
negro é um um negro),
negro),
não existe
não existe uma
uma definição
definição sociológica
sociológica do ''negro''
“negro” ouou do ''lllulato''
“mulato”
Tentámos, através
no Brasil. Tentámos, através de um um questionário,
questionário, colher
colher as repre-
repre­
coletivas que
sentações coletivas que pe1u1item
permitem distinguir
distinguir o mulato
mulato do do negro.
negro. Mas
Mas
resultados são tão variáveis
os resultados variáveis queque não
não permitem
permitem delimitar
delimitar concei•
concei­
provérbios, igualmente
tos. Os dois provérbios, igualmente tradicionais:
tradicionais:
“Quem escapou
"Quem escapou de negro
negro é branco"
branco” e "Quem
“Quem escapou
escapou de de branco
branco
é negro",
negro”, mostram
mostram bem bem a ambivalência
ambivalência do do mulato.
mulato. Há H á quem
quem se re-re­
fazer a distinção:
cuse a fazer distinção: o tnulato
mulato é um um negro.
negro. Outros
Outros distinguem
distinguem
outro por
um do outro por caracteres
caracteres exteriores
exteriores às vê:zes
vêzes divertidos:
divertidos: ".tle
“Êle tem
tem
pele mais
a pele mais clara
clara e veste-se melhor".
melhor”. Mas, Mas, os queque fazem
fazem a distinção,
distinção,
muitas vêzes, condenam
muitas condenam ainda ainda mais
mais o mestiço:
mestiço: o preto
preto conhece
conhece o
seu lugar,
.eu lugar, é mais
mais fiel, mais
mais ligado
ligado aos patrões,
patrões, tem
tem bombom coração
coração -—
mulato é vaidoso,
o mulato vaidoso, pernóstico,
pernóstico, pretensioso,
pretensioso, desagradável
desagradável nas nas suas
impõe-se atrevidamente,
relações, impõe-se atrevidamente, julgajulga ter
ter todos
todos os direitos.
direitos. Outros
Outros
ainda consideram-no
ainda consideram-no quasequase como
como um um branco
branco e aceitam-no
aceitam-no sem sem difi•
difi­
culdade no círculo
culdade círculo dos amigos.
amigos. De um um modo
modo geral,
geral, é inegável
inegável que
que
mulato é mais
o mulato mais aceito
aceito que
que o preto
preto retinto,
retinto, e as biografias
biografias que
que colhe-
colhe­
provam que
mos provam que os obstáculos
obstáculos diminuem
diminuem à medida medida que que a côr
côr da
pele clareia.
pele clareia. Aqui também a côr
Aqui também côr age
age duplamente,
duplamente, aproximando
aproximando o
mulato do branco
mulato branco pela côr, e, como símbolo símbolo social,
social, permitindo-lhe
permitindo-lhe
ocupar, em geral,
ocupar, geral, uma
uma posição superior à do negro.
posição superior negro. Compreende-se
Compreende-se
nessas
nessas ~ondiçl,es, que o mulato
condições, que mulato "passável"
“passável” procure
procure fazer
fazer esquecer
esquecer as
suas or1gens.
origens. E o melhormelhor modo ainda é atacar
modo ainda atacar os pretos.
pretos. Todos
Todos
os• ~ossos
0 informantes estão de acõrdo
nossos informantes acôrdo em sublinhar
sublinhar queque as família•
famílias
mau
mais ferozmente prevenidas contra
ferozmente prevenida, pretos são as que
contra os pretos que têm alguma•
algumas
itELAÇõES
relações r a c i a i s ENTRE
RACIAIS e n t r e NEGROS
negros E
e DRANCOS
b r a n c o s EM SÃO PAULO
e m SAO
141

. trotas
otas de sangue sangue africano
africano nas
nas veias.
veias. E isso
isso verifica-se
verifica-se melhor na
melhor na
!idade
cidade grande que na
gran d e que na zona
zona rural.
rural. N?N o campo,
campo, todo
todo Oo mundo se
mundo se
não se
c o n h e c e , não
~nbece, se pode
pode adul!erar.
adulterar aa própria
própria genealogia.
genealogia. oO anonimato
anonimato
^ vida
da vida e~ em S.
S. Paulo
Paulo pen~ute
permite dissimular,
dissimular osos antepassados.
antepassados. oO precon-
precon­
ceito
·,o dede corcôr torna-se
torna-se entao
então aa melhor
melhor formula
fórmula para
para que
que
os
os vizinhos
vizinhos
não
ce1
.- desconfiem

desconf1ein ddaa parce
parcela
l a ddee sangue
sangue negro
negro que
que corre
corre nas
nas veias
veias da
da
para eli~inar
eliminar aos
aos olhos
olhos de
de todos
todos a hipótese
hipótese de
de alguma
alguma
0
::rnília,
famíHa, para
mestiçagem longínqua, para
m estiçagem long1nqua, para demonstrar
demonstrar aa pureza
pureza racial
racial de
de suas
suas
origens.

AS BARREIRAS
BARREIRAS RACIAIS
RACIAIS NA ASCENSÃO DO H0~1E1f
NA ASCENSÃO HOMEM DE COR
CÔR
Num dos seus artigos,
artigos, o sociólogo norte-americano
norte-americano Donald
Donald Pier
Pier-..
son escreveu: "O “O branco
branco nunca
nunca achou
achou que que o negro
negro ou Oo mulato
mulato
representasse uma
representa~ uma ameaça
ameaça para
para o seu próprio
próprio estatuto,,,
estatuto”, e assim ex-
ex­
ausência de um preconceito
plica a ausência preconceito de côr como o que prevalece prevalece
Unidos. O negro
nos Estados Unidos. negro que
que subia,
subia, e às vêzes subia
subia bem alto,
alto,
só 0o fazia quando
si, quando ajudado,
ajudado, protegido
protegido pelo branco,
branco, que
que fiscalizava
durante o processo todo,
assim a seleção durante todo, e porpor conseguinte
conseguinte não podia
podia
perigo nisso.
ver um perigo Mas se a frase de Pierson
nisso. Mas Pierson ainda
ainda se aplica
aplica a
muitas regiões
muitas regiões do Brasil,
Brasil, já não
não se aplica
aplica a São Paulo,
Paulo, onde a facili•
facili­
instrução, as op<>rtunidades
dade da instrução, oportunidades da industrialização,
industrialização, Ô o enfraque
enfraque­..
cimento do controle
cimento controle dos brancos
brancos devido
devido à dispersão
dispersão das famílias
famílias tra-
tra­
numa imensa
dicionais numa cidade, permitiram
imensa cidade, permitiram uma uma ascensão dos negros
já não como indivíduos,
indivíduos, isolados,
isolados, mas como grupo grupo social. A A partir
partir
dêsse
dêsse momento,
momento, o branco
branco começou
começou a sentir-se
sentir-se ameaçado
ameaçado nos seus pos- pos­
direção e de mando.
tos de direção mando. Vai Vai reagir,
reagir, e essa reação,
reação, destinada
destinada a
manter o negro
manter negro no fundo
fundo da escala social, vai intensificar
intensificar o precon-
precon­
ceito de côr, dar-lhe
dar-lhe formas
formas mais
mais agudas,
agudas, e ao meslllo
mesmo tempo
tempo a se- se­
aparecer em todos
gregação vai aparecer todos os degraus
degraus da escala, desde a escola,
revela as capacidades,
que revela capacidades, atéaté as promoções
promoções aos graus graus superiores.
superiores.
solidariedade racial
Uma espécie de solidariedade racial vai
vai estabelecer-se
estabelecer-se entre
entre as di•di­
etnias brancas
versas etnias brancas numa
numa mesma
mesma política
política de auto-de{esa,
auto defesa, engloban•
engloban­
brasileiro de 400 anos,
do o brasileiro anos, o descendente
descendente de imigrante capi­
imigrante e o capi-
estrangeiro.
talista estrangeiro.
não se deve
Mas não deve esquecer
esquecer que
que a - leilei e a tra<lição
tradição criaram
criaram um
afetivo e cordial
clima afetivo que se mantém:
cordial que mantém: as barreiras
barreiras nunca
nunca tomarão
tomarão
uma
uma forma
forma ónica
cínica ou brutal. A côr
ou brutal. côr permanece
permanece um um assunto
assunto tabu.
tabu.
Predominam as fformas
Predomina~ polidas: "falta
or1nas Polidas: “falta de lugar",
lugar”, "o“o lugar. acaba ~~
lugar ~c~ba de
ser
ser preenchido",
preenchido”, "no momento não há nenhuma
“no momento possibilidade ,t
nenhuma poss1b1lidade
..“queiram
queiram deixar-nos
deixar-nos o seu enderêço,
enderêço, assim que que aparecer
aparecer alguma
alguma coi• coi­
sa,
sa, escreveremos".
escreveremos”. Mas ninguém se
Mas ninguém se ilude,
ilude, e malmal o negro
negTO se afasta,
afasta,
0 lugar "já
o lugar “já preenchido"
preenchido” é dado ao primeiro branco, branco, ainda que que menos
menos
:

142 ____________________________________ INQUt.RITO
INQUÉRITO UNESCO.ANHF.MAI
UNESCO^^ ^
142

capaz. AtéAté no inquérito


inquérito que fizemos entre entre os industriais
industriais e comer.
comer,
ciantes, os brancos
ciantcs 1nasc·aram a sua
brancos mascaram sua recusa por tras ele
recusa por de cstereótiPo
estereótipos8
antigos,' "imoralidade'',
antigos, ·
“imoralidade’', ''pe1·1go
“perigo ddo ponto ddee vista
o fODto . sexual
sexual }>ara
para- as
operárias menores".,
menores”, "falta
“falta de tenacidade
tenacidade do negronegro no trabalho~s
trabalho’'
''o
“o negro não se preocupa
preocupa com o acabamento
acabamento nem nem com o trabalh,trabalho
limpo”, etc. Mas é su
Jimpo", . .
f 1c1cntc
suficiente 1
cvar a conversa
levar conversa um pouco além além par parao
ouvir Oo motn·o . pro
motivo f un d o: "N-
profundo: “Não to d
gosto
ao gos dessa raça”.
ess~ raça '' • O regime·
regime capi.a
talista desen,·oh·eu
talista desenvolveu o espírito
espírito de concorrência
concorrência no mercado
mercado do traba.traba­
lho, 0o branco
Jho, branco defende
defende o seu irmãoirmão de côr".
côr”. O branco
branco só gosta dos
negros de longe para para dedicar-lhes beJos versos. Mas não
dedicar-lhes belos não os aceita
senão como
senão como domésticos
domésticos ou concubinas.
concubinas.
Todos se esforçam por por salientar
salientar as exceções, glorificar
glorificar os negros
que se tornaram
tornaram célebres, para para melhor
melhor fazer esquecer
esquecer a situação
situação da
massa. tsse Êsse elogio de raça não passa de um subterfúgiosubterfúgio em que que 0o
branco se
branco se gaba da sua bondade,
bondade, de seu espírito
espírito aberto,
aberto, e queque desvia
o pensamento
pensamento de tôdas as barreiras ascensão do grupo
opõe à ascensão
barreiras que êle opõe grupo
de côr. O preconceito
preconceito de côr torna-se um instrumento instrum ento na luta luta
econômica, a fim de permitirperm itir a dominação
dominação mais
mais eficaz de um grupo grupo
sôbre o outto.
sôbre outro.

A LINHA DE CôR
LINHA DE CÔR NA
NA ESCOLA
ESCOLA
A maioria
maioria da popu]ação
população negra
negra não
não possui uma um a cultura
cultura escolar
satisfatória, e o número
satisfatória, número de pretos pretos que
que responderam
responderam aos nossos ques- ques­
tionários
tionários e queque tinham
tinham aprendido
aprendido seus ofícios nas escolas técnicas
ou profissionais
profissionais é relativamente
relativamente pequeno.
pequeno. E Entretanto
ntretanto o negro
negro per-
per­
cebe cada vez me1hor
melhor o va1or diplomas e já descobriu
valor dos diplomas descobriu a impor-
impor­
tância das escolas técnicas como meio de ascensão ascensão social. Não so- so­
mente
mente descobriu-o
descobriu-o mas começou
começou a utilizá-lo.
utilizá-lo. A escola constitui
constitui pois
a base de tôdatoda elevação. HaveráHaverá barreira
barreira nela?
Não há barreiras
barreiras ostensivas
ostensivas na escola primária, que é obriga-
prim ária, que obriga­
tória
tória porpor lei. Mas as barreiras
barreiras aparecem
aparecem nas escolas
escolas secundárias
secundárias
religiosas, ou em certos colégios particulares
particulares reservados
reservados à elite.
elite. Vol-
Vol­
taremos
taremos um pouco pouco mais tarde tarde ao caso das escolas religiosas.
religiosas. No
momento,
momento, estamos tratando tratando apenas
apenas do futuro
fu tu ro operário;
operário; somente
somente a
escola primária
prim ária nos interessa.
interessa. Ora,Ora, se ela está teoricamente
teoricam ente aberta
aberta
a todos, muitos pais se
muitos pais queixam de que,
se queixam que, sob formas diversas, há
form as diversas,
•* uma tendência
tendência para
para repelir
repelir o negro.
negro.
“Uma mãe
"Uma mãe vai
vai queixar-se
queixar-se ao ao diretor, filho já é grande,
diretor, o filho grande, temtem
9 anos, todotodo o ano êle se apresenta
ano êle apresenta e nunca
nunca existe
existe vaga
vaga para
para êle,
enquanto alunos
enquanto alunos brancos,
brancos, vindos
vindos depois
depois dêle,
dêle, foram
foram aceitos.
aceitos. UmUm
inquérito feito
inquérito feito nos
nos arquivos
arquivos da da escola
escola mostra
mostra o fundamento
fundamento da da
queixa. A
queixa. A dificuldade
dificuldade que que temtem o preto
preio em encontrar lugar na
em encontrar na es--
es­
cola é tal que que muitas
muitas vêzes os pais pais desaminam
desaminam e acabamacabam porpor desinte•
desinte-
RELAÇÕES
JlELA ÇõES RACIAIS
RACIAIS ENTRE NEGROS E BRAN
ENTRE NEGROS COS EM SÃO
BRANCOS PAULO
SAO PAULO 143
143
-res.sar.se
ar-seda inscrição...
inscrição. . . brancos, pela falta mais
professores brancos,
Os professores mai~ in-
. jficante,
·gnif icante, punepunem m severseveramente
amente o negro. negro. Se há uma deso rdem
desordem
51
ualqu
alquerer na c,asse' responsável. O
sem~re êlc °o responsável.
classe, é semPre o resultado
resultado éé que que
^criança
q criança entra entra todostodos os dias chorando chorando em casa e a mãe acaba acaba porpor
a 1 ,,
tir á -la da escola”.
,irá-la esco a •
Não
Não se deve exagerar. e~ag~rar. A má vontade educadores, quando
vor_itade dos educadores, quando
xiste,
·ste apoia-se
apoia -se na indiferença
1ndd erenç . a dos pais. A desco berta
descoberta do valor
valor da
exl , escola
educação,
educ ação., é, no negro, re 1at1vame_?te recente.
negro, relativamente barreiras na escola
recente. As barreiras
C'o ,., mais de classe
classe queque de de raça.
raça. Vão aumentando ao passar
Vao aumentando passar do ensino
do ensino
~D d~. .
Primário
iimário para para o secun secundário ar10 e o super superior. humanidades são con-
ior. As humanidades con­
~Slsideradas
dera das um privilégio

privilégio da burguesia burguesia branca. branca. Um professor
• d.f, .
professor de di- di.
reito f a ^ semp
eito fazia sempre re as pergu perguntas
ntas mais mais difíceis1 1ce1s aos candi datos de
candidatos de côr
dizendo:
~izen do: “Negro
"Negro não n~o precisa
precisa ser doutor”. dout?r". preconceito é
Mas êsse preconceito
duplamente
duplamente combatido combatido pelo ~esenvolv1mento do Ideal
pelo desenvolvimento democrático
Ideal democrático
n
nos educ
o s educadores
adores e pela pela necessidade
necessidade de operários especializados e de
operários especializados
técnicos
técnicos para para a industrialização
industrialização baseada baseada nas máquinas. máquinas. Uma Uma mão de
obra prepa preparada,
rada, egresegressa das escol
sa das escolasas de artesartes e oHci os, é receb
ofícios, ida de
recebida
braços
braços abert abertosos pelos
pelos patrõpatrões,
es, mesmomesmo que componha de gente
que se componha gente de
côr. Com Com a criação
criação dos cursos cursos noturnos,
noturnos, vemos aumentar o número
vemos aumentar número
de pretopretos s nas universidades.
universidades. evidente que
Mas é evidente que um certo número
certo número
de brancos
brancos toleram
toleram com com irritação
irritação êsse transtornotranstôrno da sociedade sociedade tra­ tra•
dicional.
dicional.
Essa irrita
irritação
ção talvez
talvez se traduza,traduza, dos pais atrav através filhos, nos
és dos filhos, nos
grupos
grup os de jogos.
jogos. N Noo fundo, dificuldades maiores
fundo, as dificuldades maiores que pretinho
que o pretinho
encontra
enco ntra na na escol
escola a vêmvêm men menos os da prefe rência dos
preferência dos mestr
mestres brancos
es brancos
pelos alunosalunos brancos
brancos do que que das brigas brigas de colegas feridas de amor-
colegas e feridas amor-
-próprio.
•próprio. O preconceitopreconceito não existe nos pequenos
não existe pequenos até uma certa
uma certa
idade,, são os pais
idade pais que inculcam aos filho
que o inculcam filhos.s. O fato muito co-
fato é muito co­
nhecido
nhecido em e1n São Paulo alhures . . Uma
Paulo e alhures. Uma mãe mãe de côr nos disse: di~:
“Até
''Até os dez anos anos os nossosnossos filhos
filhos vivemvivem todos todos juntos, brancos
juntos, os brancos
com os pretopretos, mas depo
s, mas depois vemos a no~a
is vemos nossa filhin ha quiet
filhinha quieta a e preoc upa ..
preocupa­
da, sem comp com panhia.
anhia. N
Nãoão está preparada para
está preparada traição das suas
para a traição
melhores
melhores amigas.amigas. Interrogada,
Interrogada, ela ela se recusa responder. Ã
recusa a responder. medida
-~ medida
que cresc
crescem,
em, as relaç relações
ões da infân cia se desfa
infância zem; iam junta
desfazem; juntass à escol a,
escola,
convidavam-se
convidavam-se m utua1ne
1nutu am en ntete em suas suas casas; agora as crianças
casas; agora brancas
crianças brancas
procuram
procuram as brancas, preferem o filho
brancas, preferem filho do mau vizinho vizinho aos seus anti­ anti--
gos amig
amigosos de côr''.côr”. Quan Q uando do uni um preti nho se aprox
pretinho ima do grupo
aproxima grupo
das crianças
crianças brancas
brancas qque u e brincam
brincam, , as mães gritam: Volte
mães gritam: depressa
Volte depressa
senão o negro negro pega pega vocêl” vocêl"
São essas dispu disputas,
tas, e em certo certos s casos some somente nte as injus tiças dos
injustiças
educadores,
educadores, essas essas brigas
brigas nas nas quaisquais os meninosmeninos brancos brancos fazem sentir ~ntir
ao preto
preto a diferença
diferença de pele, pele, qque explicam o horror
u e explicam criança de
horror da criança
côr pela escola
pela escol a e levamlevam os pais pais a afast ar os
afastar filhos. Ê
os filhos. t a prim
primeiraeira
barreira
barre ira info
inform rmaal.l. É t. preci
preciso energia para
so energia transpô-la.
para transpô-la. Sobretudo
Sobretudo
144 lNQU£RlTO
lNQU.t.RITO n e s c o -anhembx
uUNESco·AN'L•
~~------------------------------------.:.:_ci~[Afftt
144____
da ——
parte dos '—de côr, uma vontade
pais de firme
firme ee terna: “Para eeducar
terna: "Para
1

S S S •-r s ^ í- <““- — * “-■


uma aiança, é necessária tôda uma ciên~ia, ~otava um dêles;< ~ar
para educar uma aiança de côr, uma ciência e meia . . . \7e. as
meu filho chegar da escola sempre cheio de raiva. Tenho de l 0 0
. ,, acal-
má-lo,
meu filhodizer--Jhe
^ f f Lquee aceite
aceite".• , utomàticameme um meio de
Claro
má-lo, £ oo diploma
d,I“que diploma não não confe
confere automàticamente
não tiver um
um mei
padr.nho d
Clarosocial,
ascensão V
que ciomo vamosvamos ver, se o F
~
preto nao tiver
, 1
.
unlversltáno
.
o 6
um padr·qual. h
in o
branco soe»'-' cpara proteg
ascensãoinfluente ê
protegê-lo-l
• o. Ma» M t1tu o universitário
as UDl brancoS( q ua.
certas vantagens
uer confere ao seu porta d or, perante b rancos, assim
os rompeu certas com
vantag
1
qbranco
quer , ·&•«““
confere ao
“ £
*
u
r
portador,
f ..
{ormado
Pd f “n“
,. q
honorificas; '"é um preto onna o , que rompeu assim com cert
, · d
aproximou
.
• do
certas
ens
branco,
as
honoríficas
P retensas ^ “ . Pa, da sua
caracter1st1cas a sua raça, q
que se situaçã0,
aproximou
• ~
um compor.
do bran
e~
pretensas
de quem ocarac‘e
b~anco espera, ,ne~ta nesta ou ou_ n q a ^s1tua~o,
naque 1 pais çompreens.vos
um compor ..
de qoemidêntico
tamento o bran ao ^ seu^ próprl0.
propno. Eis Eis pporque
q ^ osnopais melo do cammho
compreensivo 8
ttatam
tamentode»dên incitar os {ilhos
filhos para
para qu que não parem de
Trata.se nocriar,
meio na do alma
caminbdos
mas
tratam prossigam
de in até o~ exames?ames finais.
finais. Trata-se .de cr!ar, enaeducado.
reto instruído alma do~
mas
brancos, nova v1sao do
uma nova
uma do preto,
preto, aa do preto 1nstnudo e educado •
do preto •

BARREIRA NA
A BARREIRA NA ESCOLHA
ESCOLHA DE
DE UMA
UMA PROFISSÃO
PROFISSÃO
industrialização de São Paulo
A industtializ.ação Paulo permitiu
permitiu ao ao preto
preto melhorar
melhorar
muito a sua situação
muito situação econômica,
econômica, e em em quase
quase tôdas
tôdas as profissões
profissões en en­..
contram-se homens
conttam-se homens de côr. Mas a curva curva dede distribuição
distribuição mostra
mostra que que
preto é uma
o preto uma exceção em
domina, nos trabalhos
domina,
em certos
trabalhos duros
duros ou
ou SUJOS,
.
certos setores, ao
sujos, como
como no
passo que, em
ao passo
no trabalho
em outros,
outros ,
trabalho manual
manual
não especializ.ado.
não especializado. A questão
questão é saber
saber até
até que
que ponto
ponto essa situação
situação
depende da
depende da falta
falta de preparo
preparo dodo preto
preto e em em queque medida
medida é fruto fruto
vontade do branco.
da vontade branco. Os Os empreiteiros
empreiteiros dizem
dizem que,que, ao
ao selecionar
selecionar
ajudantes, não se importam
ajudantes, não importam com com a côr
côr nias
mas com
com a capacidade;
capacidade; e um um
grande número
grande número de de pretos
pretos concordani
concordam com critério e consideram
com o critério consideram
que não estão em condições
que não condições de subir,
subir, e que
que u1num branco
branco do do inesmo
mesmo
nível profissional,
nível profissional, tão
tão pouco
pouco iria
iria mais
mais longe.
longe. Porém
Porém outros
outros este•
este*
reótipos ainda
reótipos ainda funcionam,
funcionam, alémalém da
da falta
falta da
da capacidade,
capacidade, e que que se re-re­
ferem à moralidade
ferem moralidade ou ao ao comportamento
comportamento do do preto.
preto.
“Exemplo: Por
"Exemplo: Por que
que não
não aceita
aceita pretos?
pretos? Por
Por causa
causa dada clientela?
clientela?
-— Não,
Não, nana nossa
nossa casa (acessórios
(acessórios de
de automóveis)
automóveis) o público
público não não tem
muita importância. .t
muita importância. É por
por causa
causa do
do próprio
próprio serviço.
serviço. Precisamos
Precisamos de
honestas, com
pessoas honestas, quem se possa
com quem possa contar.
contar. Ora,
Ora, a maioria
maioria dosdos pre-
pre­
tos não tem senso de de responsabilidade.
responsabilidade. AlémAlém disso,
disso, precisamos
precisamos de j
operários ruidadosos,
operários cuidadosos, as peças
peças não
não podem
podem ser ser retiradas depois lar•
retiradas e depois lar­ j
gadas em em qualquer
qualquer lugar.
lugar. Ora, negros não têm ordem.
Ora, os negros ordem. Outro Outro
!
f~"!r importante aqui é a limpeza,
fator imporaante limpeza, e os pretos
pretos nãonão têm nenhuma
nenhuma
higiene".
higiene”.
ôdas euas
Tôdas
T essas razões
razões fazem
fazem que o negro seja
seja banado. Seria fácil
barrado. Seria fácil
stabelccer uma
eestabelecer uma li.ata
lista daa
das emprêsaa
emprêsas industriais ou comerciais
comerciais que
1

,1

\
AÇÕES
pela ÇOES RACIAIS ENTRE
r a c ia is e n t r e NEGROS
negros E r a n c o s E~1
BRANCOS
e b em sSÃO
a o 1,AULO
PAULO
p_EL 145
--
pioão :aceitam
aceitam negrAos
negros _ex~eto
exceto pi para
ara 1ºo .:~rviç~
serviço pesado
pesado queque o branco
branco se
0 sa a fazer.
recusa fazer. Ass teoucas
técnicas edee _seseleção variam aliás
cçao variam aliás conforme
conforme as pro- pro-
(i,s.Wes.
f ssões. Nos Nos lugares preenchidos por
lugares preen<:h1dos por concurso
concurso é impossível
impossível im-
r»cdir
pedir que q^e um preto se _apre
?m preto apresente, mas resta
~en.te, mas resta sempre
sempre oO recurso
recurso do
exame
P*ame médico médico que que permite
perm ite eelim111n1nar
inar os elementos
elementos cuja cuja côrcôr dê muito
muito

jja vista.
oa
Quando exame é feito
Q u a n d o o exame feito por
por testes
testes ainda
ainda é mais mais fácil
fácil recusá-los
recusá-los, ·
p0is •s os pretos
pretos não não co~heccm
conhecem em em ~cral
geral as técnicas
técnicas da psicologia:
psicologia.
Yai-se preencher
faz-se preencher uma um a beba
ficha de candidatura
cand1da!ura ao ao emprêgo,
emprêgo, ohrigatõria
obrigatoria­..
mente acompanhada de
m e n t e acompanbad~ de uma
uma fotografia,
fotografia, ou ou então
então põe-se
põe-se um um sinal
sinal
disfarçado par~
disfarçado para designar
designar as pessoas
pessoas de c~r. côr. Não,Não que
que êsse sinalsinal seja
seja
em si uma
eJil uma razao
razão dede recusa,
recusa, mas
mas o ca~d1dato
candidato sera será orientado
orientado para para as as
firmas
f ir m a s ouou para
para os.os trabalhos
trabalh?s que qu_e aceitam pretos. Por
aceitam pretos. vêzes certas
Por vêz.es certas
põem anunc10s
c a sa s põem
casas anúncios nos jornais e pedem
nos 1orna1s pedem referências.
referências. Fica Fica fácil,
fácil,
assim, convocar apenas
a s s im , convocar apenas as pessoas
pessoas cujas
cujas referências
referências parecem
parecem reco- reco­
m e n d á v e is ; é então
mendáveis; então que que o estigma
estigma da da côr
côr aparece
aparece na na sua
sua forma
forma
mais
m a is brutal,
brutal, pois, quando o empregador
pois, quando em pregador percebepercebe que que está
está tratando
tratando
com um preto, preto, é obrigado
obrigado a inventarinventar um uinaa desculpa
desculpa para para repelir
repelir
aquêle que
aquêle que convocou:
convocou: o empregado
em pregado que que ia partir
partir resolveu
resolveu ficar;
ficar;
oll
ou então:
então: acabaacaba dede dar
dar o cmprêgo
emprêgo a outro outro .....
Trata-se
Trata-se de de saber
saber se é o homem homem ou ou a 1nulher
m ulher que que mais
mais sofre
sofre
com a discriminação.
discriminação. Pretende1n
Pretendem alguns alguns que que é o hon1em,
homem, porqueporque
mulher pode
a mulher pode ficar
ficar em em casa,
casa, enquanto
enquanto o homcn1 homem é forçadoforçado a pro- pro­
curar emprêgo.
curar emprêgo. Mas Mas outros
outros sustentam,
sustentam, com com igual
igual razão,
razão, que que é a
m u lh e r , porque
mulher, porque o homem hom em instruído
instruido acabaacaba sempre
sempre por por encontrar
encontrar
alguma coisa, enquanto
a l g u m a coisa, en q u an to a m ulher instruida
mulher instruida é scn1pre
sempre repelida.
repelida. Che- Che-
eamos assim
l!amos assim a uma um a forma
form a elo do preconceito
preconceito particularm ente mar-
particularmente mar­
cante, o preconceito
~nte, preconceito estético.
estético. Uma U m a população
população branca branca na na suasua maio-
maio­
ria desenvolve
desenvolve com efeito uma
com efeito um a série
série de 11ormas
normas de beleza beleza relacio-
relacio­
nadas com
nadas com a sua própria
p ró p ria c()r,
côr, e, na na m edida em que
medida que um um indivíduo
indivíduo
se afasta
afasta dessas norm as, é considerado
dessas normas, considerado feio. feio. A pretapreta é particular-
particular­
mente vítima
mente desse cst,1<lo
vítim a desse estado de coisas.
coisas. As pessoas
pessoas de cor côr são
são relega•
relega­
das para
das para longe
longe da da vista
vista dodo público,
públi<:o, nasnas oficinas
olicinas internas;
internas; ..não não são são
aceitas nos
aceitas nos escritórios
escritórios a que q u e o público
público tem tem acesso,
acesso, como
como secretárias
secretárias
datilógrafas. Encontram-se
ou datilógrafas. Encontram -se algumas m ulatas daras,
algum as mulatas claras, em em geral
geral nasnas
lojas de bairrosbairros populare!t
populares ou ou nosnos escritórios
escritórios de de pequenas
pequenas firmas firmas
pagam mal
que paga1n m al os en1pregados.
em pregados. O chefe chefe do pessoal
pessoal ele de uma
um a loja,
loja,
freqüentada sobretudo pela
freqüentada sobretudo classe média,
pela dasse m édia, não pòde disfarçar
não póde disfarçar a sua sua
pena: "Sinto
pena: m u ito ser obrigado
“Sinto muito obrigado a recusarrecusar moças diplom adas e in-
moças diplon1adas in­
teligentes''.
teligentes”.
Uma exceção ~eve deve serser feita
feita para
para os empregos
empregos públicos,
públicos, em em
que não
que não há há remédio
remédio senão senão respeitar
respeitar a lei, con10 como a repartição
1·epartição dos dos
Correios. Está claro
Correios. claro que,que, se o preconceito
preconceito estético
estético atinge sobretudo
atinge sobretudo
a mulher,.
mulher,, não isenta
isenta o homem
homem de pagar
pagar o seu tributo,
tributo, sempre
sempie que
INQITf.RITO llNF.sco
INQITf.RITO UNES<: o .AN1-1,,
.A N „ E m
146 ...
.~,n1

a profissão contacto com o públko.


rofissão exige contacto publico. Por~n1Porém essa pre,•en prevenca~
- p se
não
nao se baseia , na' côr da
basei·a (l,1 J>Cle,
. mas na apresentaçao
pele, apresentação. extcrioi-
exterior,
. . ,...
a cor.
t ,.
CS(.
-Ç""o
tesia, 3a afabilidade:
afabilidade: "é “é prccaso
preciso an•~~-c~c
antes de tud?
tudo e,:uar
evitar d1fdificuldades
1~uldadl's com tom
o público”.
O pu
'bli·co''• Uin mulato, que
Um mulato, passa,a
que passava. I b1anco,
por
J>OI branco,
• nao
não cons,.
consegui
"-~U111
.
o emprêgo de porteiro
0 porteiro parpor ser consulerac
consideradoo ainda
anula u1n um poucopouco eSCur~
escuro

mais.
de n1a1s.
Mas
l\f mesmo nos escritórios
as mesino escritórios fechados, o homem homem de de côi·
côr pcnct
penetr
dificilmente que
mais dificilmente bran(·os. P
que os brancos. Para recusá-lo,,
a1·a rcc~sa• r·uma-se que
, 1o,. aafirma-se que êle ra
criaria probleinas
criaria problemas ('Omcom os colegas. Há Há ass1n1
assini uma uma vontade
vontade mani- mani
desanimar o preto
festa de desanimar preto na sua busca de empregos empregos importante
importantes
“deixá-lo no seu lugar",
de "deixá-lo lugar”, de fixá-lo nos tra?alhos
trabalhos pesados,
~esados, sujo:: sujos’
nos cargos que que Oo branco
branco de bom bom grado
grado l!te
lhe deixa.
deixa. E isso qualquer qualquer
que seja Oo seu valor pessoal,
~ssoal! as. as suas cafac!dades
capacidades ?u ou os seus diplomas.
diplomas.
fragmentos de b1ograf
Dois fragmentos biografias ilustrarãoo esse
ias ilustrara êsse esforço
esforço do b1·ancobranco para para
deixar que
não deixar que lhe escapem os postos de mando: mando:
Um pretopreto com diploma
diploma de ginásio
ginásio vemvem procurar
procurar emprêgoemprêgo eltl em
Paulo. Um amigo
São Paulo. amigo dá-lhe uma uma carta
carta de recomendação
recomendação para para que
po~
possa entrar
entrar como jornalista
jornalista num num grande
grande jornal
jornal da tarde. tarde. l\fasMas 0o
declara-lhe que
chefe do pessoal declara-lhe que não
não há outro
outro cargocargo vagovago senão
senão 0o
varredor da sala de redação,
de varredor redação, e o preto
preto é obrigado,
obrigado, apesar apesar de ter
instrução secundária, a aceitar
instrução secundária, aceitar êsse posto
posto hun1ilde.
humilde. Outro Outro pretopreto
apresenta-se à Escola Técnica
apresenta-se Técnica de Aviação,
Aviação, mas 11ão não aceitam.
aceitam a sua
matrícula. Entretanto
matrícula. Entretanto dizem-lhe
dizem-lhe queque se êle quiser
quiser há há um um emprêgo
emprêgo
mas com
mas com a vassoura.
vassoura. Êle Êle teve
teve de
de aceitar
aceitar pa1·a
para viver
viver ee trabalhou
trabalhou
algum tempo
algum tempo co,no
como don1éstico.
doméstico. Como um dia dia u1t1
um comandante
comandante
norte-americano lhe
uorte-americano lhe pedisse
pedisse uma uma informação
informação e êle êle lhe
lhe respondesse
respondesse
em inglês, aquêle interessou-se por êle e falou com o chefe chefe da Escola
fim de permitir
a fini permitir a suasua inscrição
inscrição no concurso.
concurso.
Sem dúvida
Sem dúvida em em São
São Paulo tudo depende depende dos indivíduos,
indivíduos, e nós
contrabalançar essas histórias
poderíamos, para contraltalançar histórias de recusa, contar
outras em que brancos Impuseram fcnpuseram amigos
amigos pretos, defcnderain-nos
defenderam-nos e
mantiveram-nos em excelentes
mantiveram-nos excelentes empregos.
empregos. O preconceito,
preconceito, unia uma vez
puiveriza-se, atomiza-se
mais, pulveriza-se, atomiza-se numa numa multiplicidade
multiplicidade de de relações
relações possí-
possí­
entre brancos
veis entre brancos e pretos.
pretos. ~fasMas o etnocentrismo
etnocentrismo parece parece despertar
despertar
cada vez que que surge
surge uma
uma possível concorrência
concorrência entreentre brancos
brancos e pretos;
pretos;
quer dizer
quer dizer queque diminui
diminui nas nas carreiras
carreiras emem que
que a procura
procura de mão mão de
obra é maior
obra maior que que a oferta.
oferta, como na construção
construção (São (São Paulo
Paulo constroi
constroi
uma casa de quinze
uma quinze em quinze
quinze minutos
minutos e considera
considera uma uma casa casa de maismais
vinte anos
de vinte anos própria
própria para
para ser demolida);
demolida); e aumenta
aumenta nos nos empregos
empregos
considerados
considerados bons, bons, decentes,
decentes, remuneradores,
remuneradores.
O estudo
estudo estatístico
estatístico dodo questionário
questionário que que aplicamos
aplicamos aos negros negros

que se referia
e que referia às barreiras
barreiras profissionais
profissionais demonstra
demonstra que que êles se dão dão
conta de tôdas
conta tôdas essas diferenças.
diferenças. Fazem Fazem uma uma distinção
distinção entre entre os em• em­
pregos de onde
pregos onde são repelidos
repelidos por causa da côr, com~
por causa como certoscertos em• em*
.
...
"
. ~

~ õES RAC:I IS F:N..J'Rf: Nf :<,R<>S •: I\RA . t :c>s F..M . Ã<) p t I.O


JlEI~ Ç 147
--- - - ------------
-- ---- -
rego
egoss dom ésticos para
domésticos para a mulh
m ulher ~~ª• arruniadeira),
er (ama sêta, arrumadeira), o, os cargo»
carJ;o,
~
Pf vend edores para
vendedores para hom ens - ec ~!I
homens os of
ofícios considerados
ft 10s cons exclusivos
id~rados exclu sivos
ao
d 0 b ranco. Os
branco. Os posto
postos s que
que
d
prcss upc>em ,,o exerc
pressupõem
-
exercício
1
ício da direção,
dire,ã o como
como
egos~, em que
,.
os de 111 ais ~rest
mais 1g10 e dee remu
prestígio neraçao aalta,
rem uneração empregos
ta, e os empr que
0
aceitos porq
ão são aceitos porque u~ os brancos
brancos querem
querem m anter
mant er a sua posição
pmição de
d- rnÍDio: 0o fator
domímo: fator estéuco de
estético dc um lado e o econ econômico-social
ômic o-sod al do outro
outro.
o '1 . d
:t
£ certo que
que nos u umo
últim oss dez
. ez anos. o.o negr
negro adquiriu
o ad~u vantagen!I con-.
iriu vantagens
sider áveis do
ideráveis d~ ~ont
ponto o ~ede vista
vista profissional, devido
p~of1ss1~nal! devid o à interrupção
interrupção do do
ovilllcnto 1m1
movimento gratório. Mas isso não
im igratório. impede
nao impe de que que Oo branco
branco de-de­
~nda tenazmente
fenda ten_anne~t~ os seus privilégios.
privilé~io~. Se a imigração
imigração recomeçar
recomeçar
arnan
amanhã, hã, 1nten s1f1cando a c~nc
intensificando concorrência
orren_c•~. para
para os empr empregos,
egos, terá 0o
negr
negroo tido temptem poo de de cons olidar defan
consolidar definitivam
1uvamententee as suas posições?
posições?

A BAR REIRA NAS PRO


BARREIRA PROM OÇÕES
MOÇ ÕES
Se o preto pôde, apes
preto pôde, ar dos ester
apesar eótipos desfavoráveis,
estereótipos insi­
desfa,·oráveis, insi-
nuar-
nuar-sese em todotodoss os setor
setoreses profissionais,
profissionais, nem por por isso deixa deixa êle
de ocup
ocupar,ar, em geral
geral,, em cada cada um deles deles,, postos subalternos.
postos suba lternos. Com Como o
00 parágrafo precedente,
no parágrafo precedente, é difícil difícil aqui
aqui tam tambbém
ém separar
separar Oo precon­
precon-
ceito de côr de todo todos s os outro
outross fator
fatoreses que
que agem contr contra a oO preto:
preto :
(alta
falta de instr ução, lacun
instrução, lacunasas da educ ação, etc. Entre
educação, E ntretanto
tanto é certocerto que
que
"qua nto mais
“quanto mais o preto sobe, mais
p reto sobe, encontra barre
mais encontra barreiras”.
iras". t.
É a conclusão
conclusão
que se depr eende de quas
depreende quase e todas
todas as nossasnossas biogbiografias
rafias ((ee se não
. dizem
dizemos os todas
todas é porp o r caus
causa a dos mula
m ulatostos queque pode
podem m não não enco
encontrar
naar
obstáculos).
obstá culos).
Essa resis tência cada
resistência cada vez maior, maior, à medi medida
da que que subim
subimos os na na
escal
escalaa socia l, é o sinal
social, sinal dede que
que o branbrancoco nãonão se dei_,
deixacaffacilmente
àcihnente des-des­
tituir
tituir dos posto
postoss de
de mand
mando direção.
o e direç ão. "O “O mun
mundodo pertence
pertence aos bran­ bran-
cos''
cos” conf orme a justa
conforme justa expre
expressão
ssão de um um preto
preto noss
nosso amigo.
o amig o. E ess êsseses
bran cos defen
brancos dem aspe
defendem asperamente
ramente o seu seu estat
estatuto sempre
uto semp que o cons
re que consi­i-
deram
deram aniea çado.
ameaçado. Cont
Contra ra o negr
negro que sobe
o que sobe,, outro
outros s estereótipos
estereótipos vão vão
agir, além
além dos que que mencmencionamos,
ionamos, falta falta dede mora
moralidade
lidade ou de capa capa­-
cidad
cidade:e: por exemplo, diz-s
por exemplo, diz-see que
que o preto preto queque se elevaeleva e não nâo temtem
práti ca de
prática de mand ar, é autor
mandar, autoritário,
itário, tirânico,
tirânico, desagradável
desagradáYel para para com
com
os cole gas e subo
colegas rdinados, prete
subordinados, pretensioso
nsioso e arrog arrogante,
ante, que qt1e se ,·ing
vinga,a,
por
por meio
meio de de mesq
mesquinharias
uinharias ou ou de
de sadis
sadismo,
mo, de todas
todas as humilhações
humilhações
que
que poss
possa ter sofrido
a ter sofrido para subir.
para subir .
Note-se que
Note-se que apro ximadamente
aproximadamente os mesm
mesmos estereótipos
os ester eótip<>s agemagem
contra os mula
contra tos, os quais
mulatos, quais ocupam
ocupam em em geral
geral posto
postos superiores
s supe riores aosaos
dos pretos
pretos retintos.
retintos. O branco
branco que que é mandado
mandado por por um um superior
superior de
côr tem
tem a sensa ção de
sensação de uma
uma degradação,
degrada~1o, não individual,
não inllh ·idual. n1asmas cole-
cole­
tiva, como
como memmembrobro da colet coletividade
ividade bran branca.
ca. “Consinto
"Con que os
sinto que o~ pretos
pretos
traba lhem aqui,
trabalhem aqui, disse-nos
disse-nos um diretor diretor de de serviço,
ser, ·iço, mas não que
mas ..nã? que
ocu
ocupempembon bonss lugar
lugares
es queque se pode poderiam
riam dar dar aos
aos brancos.
brancos. No inque- mqué-

..
- - .

INQUÉRITO
INQUtRITO UNESCQ. am HEm^
UNESCO.ANu
'

148 nEMn1 t
.. ...
„''A . 1
rito
"t que fizemos entre entre os brancos
brancos e que continha a per^unta.
que continha per~nta:
no ,,, á 60M. - • ice1
taria
tar -:~ ter um
ura chefe preto. apur·
preto?” apurámos que

mos que
á' •*
60% "'/O nao
não viam
viam -
in.convn
incnr.,’ ,
^unventí*n^
.
....n1ent
C ..
ei' f
nisso, mas êsses
nisso, êsses mesmos fizeram fizeram várias v ria~ reservas.
reservas. Pergunta-se:^*116
Pergunta-se· ate
q ue panto
que ponto eram sinceros? O que que vale
.
vale sãosao os fatos fatos e não não as opinj<^
op· ·. _ é
mioe~

“Um funcionário
''Um funcionário dos Correios, Correios, sub-chefe
sub-chefe de secção, secção, é nomead^
nom d •

Mas éeaumo
'
substituto
substituto do seu chefe, em gozo '
gòzo d 1·1ce11çapor
dee licença doença. Mas
por doença.
• reto. Os seus colegas brancos
preto. b rancos não nao- estao - sat1s
estão . f e1tos.
.
satisfeitos. Intrigam Curn
Intrigam o
P · fº
tra êle. O preto
tra preto fica
f 1ca 1rme, o d"
firme, diretor
1retor con confiou-lhe emprego. con
f"1ou-Ih e o emprego. Sa..
Sa.
berá fazer-se
fazer-se obedecer”.
obedecer". Outro Outro caso: “Numa ''Numa repartição
repartição pública pública dh. dº
cute-se O o envio de uma uma delegação
delegação ao Prefeito. Prefeito. Háá um
H um pretopreto na re­ 18-
partição, mas ninguém
partição, ninguém cogita cogita. de d e mandá-lo.
man d'a-Io. M M andar
andar um um preto
preto re^ re
re-..
presentar-nos junto
presentar-nos junto ao Prefeito,
Prefeito, que que idéia estapafúrdial”
idéia estapafúrdia!''

preto é bem aceito
O preto aceito como porteiro, porteiro, moço moço de recados, recados, guarda
guarda-•
livros, caixa, mas não pode p<>de pretender
pretender elevar-seelevar-se acima acima do posto posto de
sub-chefe de secção; contam-se contam-se nos dedos dedos os que que se tom tomaram aram chefes
de departamento.
departamento. “Nos ''Nos bancos,
bancos, os negros negros recebem
recebem a missão missão dolo­ dolo-
rosa, disse um deles, auxiliar auxiliar de escritório,
escritório, de ensinar ensinar aos jovens jovens
brancos a arte arte de passar
passar na sua frente”. frente''. Certos brancos se dão
Certos brancos dão conta
conta
da dificuldade,
difiruldade, num num país democrático,
democrático, de impedir impedir as promoções,
promoções, uma uma
vez queque o pretopreto entrou
entrou na emprêsa; emprêsa; toda toda oposição
oposição demasiadodemasiado evi­ evi-
dente
dente poderia
poderia ferir
ferir a opinião
opinião pública.pública. E é por por isso que que preferem
preferem
pôr a barreira
barreira na entrada;
entrada; um preto aceito num
preto aceito num banco banco e muito muito
protegido
protegido fôra enviado enviado como gerente gerente a uma uma sucursal
sucursal do interior; interior;
mas o gerente
gerente de um banco banco é uma uma personagem,
personagem, é convidado convidado a todas
reuniões oficiais, às recepções
as reuniões recepções da boa boa sociedade
sociedade local, local, e um preto preto
destoa. Foi devido devido às queixas queixas recebidasrecebidas que que o chefe chefe do pessoal
banco decidira
desse banco decidira não aceitar mais
não aceitar mais negros
negros na na casa, salvo salvo parapara
a limpeza. Portanto,Portanto, se encontramos
encontramos nos altos postos
nos altos postos algumas
algumas pes­ pes-
soas de côr, são casos excepcionais. excepcionais. Um Um contador,
contador, depois depois de ter
lutado muito
lutado muito tempo
tempo para para se mantermanter no no seu posto, posto, vendo
vendo todos todos os
colegas brancos
brancos passarem-lhe
passarem-lhe à frente, frente, acabou
acabou por por chamar
chamar o patrão patrão
pemnte
pennte os tribunais.tribunais. Porém,
Porém, arquivadoarquivado o processo, processo, decidiu decidiu insta- insta•
lar-se por por conta
conta própria.
própria. Outro Outro empregado,
empregado, cansado
cansado de marcar marcar
passo, tiroutirou aposentadoria
aposentadoria antes antes do tempo: tempo: azêdo, azêdo, permanece
permanece o dia
todo sentado,
sentado, sem falar, falar, lendo.
lendo. Por Por veles
vezes a solução solução éé mais mais dra­ dra•
mática: cita-se o caso
mática: caso de um jovem jovem engenheiro,
engenheiro, formado formado pelo pelo Mack-
Mack-
enzie, que, que, aceito
aceito porpor carta
carta para para um um cargocargo im portante e recusado
importante recusado
quando se
quando se apresentou pessoalmente, não
apresentou pessoalmente, resistiu ao choque
não resistiu choque e se
ma(ou.
matou.
Entretanto, a ascensão
_Entretanto,.ª ascensão socfal social pode produzir-se em certas
pode produzir« certas circuns­
circuns-
tâncias favoráveu.
r.ã~rias favoráveis. Por Por exemplo,
exemplo, na construção, onde
na construção, onde a procura procura d~ de
mão de obra
mao obra é grande,
grande, devido
devido ao movimento movimento de urbanização. urbanização. Aqui, Aqui,
mau
m~u gradogrado o preconceito
preconceito e todos todos os estereótipos desf avo~áveis, o0 pa­
estereótipas desfavoráveis, pa•
trão obrigado a recorrer
trao é obrigado recorrer a homens homens de côr. As vezes mesmo, aª
Ãs vezes
homem
omens de côr, ou brancos, braocoa, que que conhecem
conhecem mal m al o ofício.ofício. O preto


'ti'-• •
yai-<
,.. ··--- . - - __ _ _ ._,... • · -. - -
.. - -
,, ---
...... .,. .,. •
• •

e LAçoes rRACIAIS
rJtELAÇõES a c ia is eENTRE
n t r e NEGROS
n e g r o s eE BRANCOS
b r a n c o s E~(
e m SÃO
sao PAUI.O
PAUi.O 149
149

e:eral ocupa
„rn ecral ocupa somente
sòm ente o posto
posto de aajudante
ju d a n te de pedreiro, chega
pedreiro mas checa
facilm ente a pedreiro.
;;iiinente p e d re iro . . ' ·
''Chico, uum.preto,
«Chico, m p reto , aarr~njou
rra n jo u uum m lulugar
g ar de aajudante pedreiro.
ju d a n te de pedreiro.
Trabalhava
T rab alh av a mmuito
u ito e ppor o r isso ag agradou
rad o u ao em empreiteiro.
preiteiro. Êste :tste facili­
facili-
aprendizagem. . E
tou-lhe a aprendizagem Emm 4 oouu 5 meses, ap aprendeu levantar
ren d eu a levantar
um muro
UJ1l m uro e algalguns
u n s rudimentos
ru d im e n to s do ofício. :tle Ê le nunca sonhara tor-
n u n ca sonhara
nar-se pedreiro
p ed reiro com uuma m a ba~agem
bagagem tão re~uzida.
reduzida. Mas apesar di.Mo, disso,
pediu um au m en to . O patrao
u m aumento. p a trã o recusou, dizendo qque
recusou, dizendo ainda
u e ain d a lhe res­
rei.-
cava
tava m muito
u ito qque
u e aaprender.
p re n d e r. Êle:tle pprocurou
ro c u ro u ooutro
u tro ememprego
prego nnuma com-
u m a com­
panhia qque
panhia aceita ppedreiros
u e aceita ed reiro s de ppouca o u ca exexperiência dando-lhes uum
p eriên cia dando-lhes m
salário
salário uum pouco
m pou co in fe rio r, e é hhoje
inferior, o je pedreiro''.
p e d re iro ”.
Em ooutros ofícios em qque
u tro s ofícios concorrência é m
u e a concorrência maior,
aior, éé a proteção
proteção
de um
u m branco
b ran co influente
in flu e n te que
q u e desempenha
d esem p en h a ainda,
ain d a, como
com o no n o velho São
Paulo, o papel
p a p e l principal.
p rin c ip a l. Sem dúvida, dú v id a, os concursos
concursos e exames exam es ten ten-­
dem cada vez mais m ais a substituir
su b stitu ir o ''padrinho''
“p a d rin h o ” ou o u o ''clã
“clã familiai''
fam ilial”
que cedeu o lugar,
lu g ar, sob a república,
re p ú b lic a , ao partido
p a rtid o político.
político. Mas M as resta
ainda muito
m u ito dos antigos
an tig o s costumes.
costum es. MuitosM u ito s pretos
p reto s tornam-se
tornam -se lavado-
lavado­
res de automóvel,
autom óvel, para p a ra travar
tra v a r conhecimento
co n h ecim en to com brancos brancos importan-
im p o rta n ­
tes e arranjar
a rra n ja r assim um u m luga1·
lu g a r de
d e porteiro
p o rte iro ouo u de moçom oço de recados,
Ponto
ponto de partida
p a rtid a para
p a ra uma
u m a pequena
p e q u e n a carreira
carre ira de funcionário
fu n cio n ário público.
público.
Mas a solidariedade
so lid aried ad e éétnica limita
tn ic a lim ita a ação do ''apadrinhamento'',
“a p a d rin h a m e n to ”, e a
ascensão éé ccontrolada
o n tro la d a pelas
p elas ggrandes
ran d es famílias.
fam ílias.
Parece-nos
Parece-nos qque
u e aalguns
lg u n s fragmentos
frag m en to s de hhistórias reais pernaitem
istó rias reais p erm item
compreender
com preender melhor
m e lh o r as possibilidades
possibilidades de su subir
b ir nnuma
u m a sociedade
sociedade em
que a segregação
segregação institucional
in stitu c io n a l não
n ã o existe,
existe, mas
m as em que q u e o branco
b ran co de-
de­
fende a sua posição
posição dominante
d o m in a n te por
p o r meios
m eios indiretos,
in d ireto s, porém
p o rém eficazes.
“X. ex-sargento
''X. ex-sargento do exército,
exército, foi reformado
reformado e passoupassou para
para a re­re-
serva sem que
serva que lhe dissessem os motivos
lhe dissessem motivos dessa
de~a reforma
refor1na brusca.
brusca. Apren­
Apren-
deu então
então marcenaria
marcenaria no no Liceu
Liceu de Artes
Artes e Ofícios,
Ofícios, mas verificou
verificou
que não
não tinha
tinha futuro
futuro nesse setor:
setor: os alemães
alemães ou os italianos
italianos eram
eram
sempre
sempre preferidos.
preferidos. De modo
modo queque aceitou
aceitou um lugar lugar de bedelbedel na
Escola Politécnica.
Politécnica. Para
Para a suasua cultura
cultura e possibilidades,
possibilidades, o posto
posto não
não
era grande
grande coisa.
coisa. MasMas êle dedicou-se
dedicou-se ao trabalho.
trabalho. Trabalhava
Trabalhava na na
cadeira
cadeira de Química
Química Biológica
Biológica e faziafazia todos
todos os esforços para para apren­
a11ren-
der a prática
prática do laboratório.
laboratório. N
Noo começo
começo o chefe chefe desse laboratório,
laboratório,
agradavelmente
agradavelmente surpreendido,
surpreendido, ajudou-o
ajudou-o a familiarizar-se
familiarizar-se com os ins­ ins-
trumentos,
trumen~os, mas mas quando
quando viu viu que
que êle poderia
poderia subir,
subir, fez intrigas
intrigas ao
catedrático
catedrático para
para despedi-lo.
despedi-lo. Apesar
Apesar de tudo, tudo, continuou
continuou a observar
observar
para aprender e, a despeito
~ara aprender despeito dasdas intrigas
intrigas do chefe, nomeado auxi­
chefe, foi nomeado auxi-
liar _de
lia_r de laboratório
laboratório da cadeira
cadeira de Química
Química tecnológica. Entretanto,
tecnológica. Entretanto,
oficialmente,
of 1c1almente, e para todos os efeitos,
para todos efeitos, não passa de bedel.
não pa~ bedel. Espera,
Espera,
todavia, subir a prim
todavia, eiro prático
primeiro prático de laboratório.
laboratório. A sua
sua luta
luta dura
dura

bá sete anos.
,.
.1

150
INQUPR1TO
INQUtRJTO UNESCO-ANHE
-
UNF.sco.Al'{l-1i, n
r.~1n1
- ~

''A
"A.• B órfão de pai
B.,•t órfão pai muito
muito

cedo,
cedo, mulato
mulato escuro, escuro, estudo
estudou u nu
colégio religioso Campinas. E~
religioso em Cam:p1nas. Em 194~, preparou-se para
1940, preparou-se para UJn
um nUm tn
curso de oficiais
oficiais da polícia.
polícia. Para Para isso, 1nscrcYeu-se
inscreveu-se no no curso
curso pr~on C°n'..
ratório. l\f
ratório.
hostilidade
Mas chocou-se contra
as chocou-se
hostilidade dos superiores.
contra o desdém
superiores. Trabalha
desdém dos
Trabalha e estuda
dos colegas
estuda como
colegas brancos
como um
branco*6**'
um mour
mouro**
!ª·a
0 C
ser Oo nielhor
melhor alt1no.
aluno. No No exa1ne
exame •médico, ·
n1 éd 1co, não
- ffoi
nao • possível
01 poss1vel
, elimj
eli~! para
á
bé "' l ••uD ..}o
pois é um hércules.hércules. Tam Também não po<
1n nao podee ser ser reprovado
reprovado nos nos e:xam
exa
orais graças
escritos e orais esforço. Em 1941 entra
graças ao seu es[orço. entra na na escola es
é mal
mal visto·
visto por to
Por d os. C
todos. on t.1nua a es
Continua t u d ar mu1t1ss1rno
estudar · , ·
muitíssimo pois
pois mas
^ ,,
b da ""' , se
um branco
um branco pode pode pa~ar
passar seRl
sem sasaberer nada
na o mesmo
mesmo nao não se dá dá com
com , ^
preto”. Consegue entretanto
entretanto nio d ·r·
modificar
.
opinião
1 1car • op1n1ao
..., seu resne^m
um
P reto''. Consegt1e • a seu • resne·•· i 11..0,
tomando-se o n1elhor
tornando-se melhor at Ieta da escoa.
atleta I
escola. S
Sai aspirante a oficial
a1 asprrante oficial, l>Oré
p o r'0'
esgotado pelo
esgctado pelo trabalho,
têm os colegas.
têm colegas, Não
trabalho, e mais
rs ao Podia
mais ainda
ainda pelo
podia repousar
repousar na
pelo isolamento
isolamento em
na conversação
conversaçao cordial
em que'~
a u /n
cordial de ami- ami
ma:
gos.
gos. Teve Teve uma uma crise
crise dede alienação,
alienação, deram-lhe
deram-lhe uma uma licença
licença por por mo-mo­
léstia,
léstia, sarou,
sarou, e foi foi nomeado
nomeado tenentetenente numa numa cidadezinha
cidadezinha do do interior
interior
onde se casou
onde casou com com a filha
filha de de URl
um 1nédico''.
médico”. '’
Êste último
:tste último caso apresenta
apresenta o problema
problema do do oficial
oficial de de côr.
côr. Deixá
Deixá-..
lo-emos de lado
Jo-emos lado pois
pois interessa
interessa o Brasil
Brasil todo,todo, e não não especialmente
especialmente a
cidade
cidade de S. Paulo. Paulo. Segundo
Segundo certascertas testemunhas,
testemunhas, (porém (porém outrasoutras 0o
contestam), existiria
contestam), existiria umauma circular
circular secreta
secreta interditando
interditando a promoção promoção
de pretos
pretos nas escolas de preparação
nas escolas preparação para para os diversos diversos grausgraus de ofi. ofi­
ciais das fôrças
dais fôrças de terra,terra, mar
mar e ar. ar. A divulgação
divulgação dessa dessa circular
circular pelo
Dr. Cavalcanti
Cavalcanti no no Rio
Rio foi objeto de
foi objeto de denegações
denegações e polêmicas polêmicas da
imprensa. Não
imprensa. Não se pode pode poispois tomá-la
tomá-la como como ponto ponto de de partida.
partida. De
fato, existem
fato, existem muitosmuitos oficiais
oficiais de de côr
côr no no exército,
exército, mas mas êlesêles se rare-
fazem
fazem na marinha,
marinha, considerada
considerada tradicionalmente
tradicionalmente um corpo
um corpo maismais aris-
aris­
tocrático, e na
tocrático, na aviação,
aviação, considerada
considerada um um corpo
corpo mais mais nitidamente
nitidamente técni• técni­
co e científico.
científico.

compararmos a solução
Se compararmos solução brasileira
brasileira dodo problema
problem a racial
racial à dos
Estados Unidos,
Estados Unidos, veremos
veremos queque a "linha
“linha de côr” facilita
de côr" facilita a subida
subida do
preto mais que
preto mais que a ausência
ausência dede segregação institucional, pois
segregação institucional, pois o preto
preto
obrigado a criar
é obrigado criar os seus
seus próprios bancos de
próprios bancos de crédito,
crédito, as suas
suas uni-
uni­
versidades e suas
versidades suas escolas profissionais, os seus
escolas profissionais, seus médicos
médicos e advogados,
advogados,
engenheiros e técnicos,
engenheiros técnicos, uma
uma vez que que o branco
branco o repele.
repele. Porém,
Porém, em
compensação, os Estados
compensação, Estados Unidos, proibindo em certos
Unidos, proibindo certos estados
estados os ca-
ca­
samentos en!r~
sa~entos entre brancos
brancos e pretos,
pretos, reprovando-os
reprovando-os por por toda
toda a . parte,
parte,
deixam subsJStrr
deixam subsistir estados
estados de
de tensão entre as côres,
tensão entre côres, que Brasil, gra•
que o Brasil, gra­
ças
ças a uma
uma miscegenação
miscegenação intensa,
intensa, desconhece.
desconhece. A mistura
mistura^ ince~ante
incessante
sangues faz desaparecer
dos ~ngues desaparecer progressivamente
progressivamente as oposições
oposições de de ccôr,
r,
fundindo-os numa
lun.dindo-os numa "raça
“raça morena".,
morena”, e tendetende assim a abolir
abolir o problema
prob ema
racial d~
da melhor
melhor maneira
maneira possível, suprim indo simplesmente
possível, suprimindo simplesmente as ra• ra
ças. N
ças. Não nos compete,
ao nos compete, neste relatório, cujo âmbito
neste relatório, âm bito não
não ultrapassa
ultrapassa
...~ .... • º" - . • •

rE L A Ç R/\C.IAIS E
0E S RACIAIS
ÇÔF.s E"N'l'RF. NEGROS F.
N T R E NF.GRO'i E BR :\N( :os E\1
BRANCOS F.~I SAO
SÃO PAULO
PAUlO j - j
RELA ·· · 151

S limites
limites de São Paulo,
P aulo, es!udar
estudar longamente
longam ente êsse fenômeno
fenômeno geral
geral de

miscegenação.
09
-. egenação. Devem
miSC
Devemos somente
os som
l -
ente ver de que
I .
que modo
modo ela se opera
opera em
São
Sao P Paulo
aulo e as suas relações
re açocs locais o~ais com o desaparecimento
desaparecimento _ - ou 0o
desenvolvim
d esenvolvimento ento —- do preconceito
preconceito de côr. cõr. Devemos
Devemos também
também obser­
obser-
cuidadosam ente oo advento
var cuidadosamente a d vento ddas 1.d eo l og1a!
as ideologias . racistas
·
racistas que
que podem
podem in­ in-
terr omper,
terrom per, ou pelo
pelo menos f _ refrear,
m enos refrear, êsse • movimento
m ovim ento de supressão
suprc~o das
raças negras,
negras, da sua fusão usao progressiva
progressiva nas raças raças brancas.
brancas. Êsse.t~e ra­
ra-
cismo, porém,
porém , é uum m fato
fato recente.
recente. E desde desde 1875 vemos acentuar-se
acentuar-se
em m São P Paulo
au lo o bbranqueamento população. Se abstrairmos
ran q u e a m e n to da população. abstrairm os a
imigração
~migração eu ro p éia para
e~ropéia p a ra considerar
c??siderar apenas apenas o bloco
bloco branco
branco nativo
nativo
populaçao ddee côr,
e a população cor, verificarem
ver1f1caremos que a fecundidade
os que fecundidade das pretas pretas
e: das mmulatas
ulatas nnão
ão é muito inferior à das brancas
m u ito inferior brancas (310,8 e 328,3 con- con­
tra 331,3)*
331,3). Sem dúvida d ú v id a a m mortalidade
ortalidade é mais mais forte
forte no grupo
grupo de
côr. Isso não n ão qquer.
u e r dize~
dizer q~e que o “déficit”
''de(icit'' constante
constante da porcentagem
porcentagem
negra
negra se possa
possa explicar
explicar 1nte1ramente
in teiram en te pela pela comparação
com paração entreentre a nata-
nata­
lidade
lidade e a mortalidade
m o rta lid a d e desse grupog ru p o de côr. Há H á uma
um a única
única resposta
resposta
aceitável, segundo
aceitável, segundo as pesquisas
pesquisas feitasfeitas ppor o r G. Mortari,
M ortari, é queque todos
todos os
anos, um
u m certo
certo nnúmero
ú m e ro de pretos transpõem definitivam
p reto s transpõem definitivamenteente a linha
linha
e são inco rp o rad o s ao grupo
sao incorporados g ru p o branco.
branco. São Paulo P aulo não faz exceção àà
regra geral
regra geral do Brasil.
B rasil.
%

A VENUS NEGRA E O CONFLITO


VENUS NEGRA CONFLITO SEXUAL
SEXUAL DAS CÔRES
CôRES

Contudo,
C on tu d o , a m
miscegenação,
iscegenação, tom tomada
ada em si mesma,
mesma, e em embora
bora tenha
tenha
como resultado remoto
resu lta d o rem o to o desaparecimento
desaparecim ento do preconceito
preconceito de côr,
não prova
pro v a qque,
u e, no
n o curso
curso do processo,
processo, o preconceito
preconceito não não exista.
exista. Por
Por
vezes chega
chega mesmo
m esm o a tomá-lo
to m á-lo mais
m ais visível.
visível.
único fato
O único fato que
que fica
fica demonstrado
demonstrado é que que a repugnànàa
repugnância física
entre as raças
entre raças nada
nada tem tem de instintivo,
instintivo, queque é umum produto
produto da cul­ cul-
tura.
tura. Mas preconceito aparece
Mas o preconceito aparece por por trás
trás da miscegenação,
miscegenação, quando
quando
se considera
considera a m ulher de
mulher de côr, não como
côr, não como umauma futura
futura companheira
companheira
mas como
como um um simples objeto de prazer,
simples objeto prazer, uma prèsa mais
uma presa mais fácil
fácil para
para
desejo do
o desejo do homem
homem branco,
branco, ou ainda,ainda, quando, entre a preta
quando, entre preta e a
mulata, é esta
mulata, esta últim escolhida, é porque
última a a escolhida, porque elaela está
está mais próxima,
mais próxima,
pelo seu tipo
pelo seu tipo dede beleza,
beleza, do do tipo
tipo dada mulher
mulher branca,
branca, comcom o acréscimo
acréscimo
dessa pontinha
pontinha de de fogo,
fogo, dessa
dessa lascívia
lascívia atraente
atraente que
que lhe
lhe dá o sangue
sangue
negro,
negro, segundo
segundo consta.
consta. Onde
Onde êsse preconceito
preconceito se revela
revela mais
mais nítido
nítido
é em certas
certas superstições
superstições populares,
populares, como como a queque diz que que o fato
fato de
dormir
dor1nir comcom um umaa negrinha
negrinha virgem
virgem curacura as doenças
doenças venéreas
venéreas e elimina
elimina
“a
"a urucubaca”.
urucubaca''.
• A abolição
abolição da da escravatura,
escravatura, que qlte tomava
tomava a negra uma vítima
negra um~ vítima pas­
p~
siva
siva da lubricidade do patrão,
~a _lubricidade patrão, as oportunidades
opo1·tuni<.la?es oferecidas
ofe~ec1das pela
pela in­
~-
dustrialização,
dustr1aluação, que fazem que
que fazem que a mulher
mulher de côr cor prefira
pre(rra ser operária
operária
ªa doméstica,
doméstica, a elevação
elevação do do nível
nível dede instrução pa~ou de 25o/o
(que passou
instrução (que ^5 /0

1 5 2
)52 ___________________ _____________________ JNQU.tRITO
in q u é rito UNESCO.ANH:F.~fllt
u n e s ^ n h ^

a quase 40% co~com referêncida


referência àhp_reta
à preta no curso ?º.
cursohdos
dos últimos
últim os anos)
an
pei niitem à menina
permitem m enina de côr dee hoje
0Je resistir
resistir me 1 or aos desejos d
m elhor
brancos. Entretanto,
Entretanto, o estereótipo
estereótipo da preta
preta sensual e pronta p r os
p ro n ta a I> ^
. . . ''O """' . t a-se ,, d.1z um provérb· .. r05-
t1tua.r-se continua: preto
tituir-se continua: “O preto nãonao se casa, junta-se” diz
JUD provérbitT 10.
Uma família
família do bairro
bairro da Glória adotou, por
Glória adotou, p o r ocasião do nasc·
nasc**
1
mento de um filhinho,
filhinho, uma preta da mesma idade
um a criança preta idade e dde•
sexo feminino,
feminino, a fim de criá-los juntos.
juntos. Os pais disseram que faziafaziame
isso para
is.,o para que, mais tarde, o filho não adquirisse
adquirisse moléstias
m oléstias venére:
venéreaj
mulheres da rua.
com as mulheres rua. .tle
Êle teria tudo em casa. Mas o menino m enino
morreu antes
morreu antes de poder aproveitar-se da ntenina.
poder aproveitar-se m enina.
história é
Não sabemos se essa história é verdadeira,
verdadeira, não pudemos
pudem os verifi.
verifi­
c.á•la.
cá-la. Parece-se
Parece-se extraordinàriamente
extraordinàriam ente cont com o terna de um
tem a de u m romance
romance
de Mario
M ario de Andrade,
A ndrade, "Amar,
“Amar, verbo intransitivo",
intransitivo”, apenas,
apenas, a mulher
m ulher
escolhida pelos pais para o filho da casa já púbere, púbere, era uma um a gover-
gover­
nante
nante alemã. Porém, Porém , autêntica
autêntica ou não, a históriahistória é significativa
significativa e
reveladora
reveladora de certascertas representações coletivas, de certas
representações coleti,ras, certas atitudes
atitudes dos
brancos para
brancos para com os pretos.
pretos.
fato, e embora
De fato, mulher de côr tenha
embora a inulher tenha agora
agora a liberdade
liberdade de
se recusar
recusar aos amores
amores passageiros brancos, as uniões
passageiros dos brancos, ilegítimas
uniões ilegítimas
entre as côres continuam.
entre continuam. Devemos atribuir-lhes
atribuir-lhes as causas
causas em pri- pri­
meiro lugar
meiro lugar à promiscuidade
promiscuidade dos cortiços,
cortiços, em que que os adultos
adultos não
cerimônia em praticar
fazem cerimônia praticar o coito
coito diante
diante dos filhos,
filhos, em que que as
crianças ficam sôltas
crianças sôltas o dia
dia todo, para
para vaga
vagabundear,
l1t1nclear, e podem assim
J>Oclemassim
iniciar-se
iniciar-se maismais precocemente
precocemente nos jogos jogos eróticos.
eróticos. Citam-se
Citam-se mesmomesmo
incesto entre
casos de incesto entre im1ãos,
irmãos, padrinhos
padrinhos e afilhadas
afilhadas (incesto
(incesto de tipotipo
religioso). :tÉ evidente
religioso). evidente que que uma
uma menina
menina criada
criada num
num meiomeio desses
não considera
não considera a virgindade
virgindade como um um "valor",
“valor”, e queque se entregará
entregará
facilmente que
mais facilmente que outra.
outra. Acresce
Acresce que que uma
uma moça
moça deflorada
deflorada será
aceita por
aceita por um patrão
patrão branco
branco tão bem bem comocomo outra,
outra, tudo
tudo o que que se Jhe
lhe
pede é que
pede que o serviço seja bem bem feito.
feito. Mas Mas é preciso
preciso também
também fazer
intervir outro
intervir outro fator,
fator, que
que vai influir
influir para
para queque a preta
preta se entregue
entregue
mais fàcilmente
mais fàcilmente a um um branco
branco do que que a um homem de côr. O bran(.o
um homem branco
é de uma
é uma condição superior. O fato
condição superior. dormir com
fato de dormir com êleêle constitui
constitui
pois uma
pois uma espécie de promoção
promoção social; logo, ela aceitará de boa
ela aceitará boa mente
mente
propostas deshonestas
as propostas deshonestas do patrãopatrão ou do filho do patrão. patrão. Parece-
Parece-
lhe queque assim, pelo pelo menos
menos provisoriamente,
provisõriamente, escapa escapa à atmosfera
atmosfera sufo-sufo­
cante do seu
cante seu meio,
meio, vive numanuma espécie
espécie de sonho.
sonho. Mas Mas o sonho
sonho ter-
ter­
mina muitas
mina muitas vezes
vezes em pesadelo.
pesadelo. O brancobranco começou
começou por fazer algu•
por fazer algu­
mas gentile1.as, negrinha está satisf
gentilezas, a negrinha satisfeita
cita em ser objeto da atenção
ser objeto atenção
de um branco branco "fino",
“fino”, "distinto";
“distinto”; conversam,
conversam, marcammarcam encontro,
encontro, a
preta julgou
preta julgou fazer
fazer uma
uma conquista,
conquista, mas mas ela é é que foi conquistada.
que foi conquistada.
O branco
branco abandona-a muitas vezes depois
abandona-a muitas depois do do primeiro
primeiro contacto,
contacto,
outras vezes
outras vezes a ligação
ligação continua
continua por por algum tempo, mas a mulher m ulher é
sempre abandonada,
sempre abandonada, mais mais cedo ou mais tarde. Se os pais recorrem recorrem
'
,.

e l a ç õES
~ELAÇ
R,\CIAIS
oes r a c ia is e n t r e NEGROS
ENTRE n e g r o s EE BRANCOS
BRANCOS E?\[
EM SÃO PAULO
sao PAULO | r,g
-
L

lida, não
. colida, não são atendidos, sobretudo se êsse
atendidos, sobretudo êsse branco responsável1 ~é
branco responsá
~
yjJía pe~oa
pessoa influente
influente ou de posição. ve
Um moço branco
Ulil branco deflorou
deflorou uma uma menina
menina de côr còr de 14 a 15
os El~
anos. Ela ficou grávi~a.
grávida. ,..AA mãe soube-o, veio a S. Paulo Paulo ver a pa- pa­
filha, mas nao
troa da filha,
t r o a não pode
pôde arrumar
arrumar a questão; então então levou-a à
oUda. Mas o delegado
polícia. delegado perguntou-lhe:
perguntou-lhe: O que é que que a senhora
?rha que poss~
~cha posso fazer!
fazer? Que
Que o obrigue
obrigue a casar-se
casar-se com a sua filha!?filha!?
Ela devia ter tido tido andado.
cuidado.
Poderíamos citar
poderíamos citar outros
outros casos análogos. Todavia,Todavia, às vezes
vezes a jus-
jus­
tiça força o branco
branco a dar dar u~a pensão ~à cri~nça.
uma pensão criança. Assim
Assim o erotismo
manifesta, sob uma uma aparênaa
aparência de aprox1maçao
aproximação das côres, 0o mais do- do­
loroso de. de todos os preconceitos:
preconceitos: o estereótipo
estereótipo da preta
preta como fonte
únicamente de prazer,
Unicamente prazer, como um animal animal feito para volúpia, que se
para a volúpia, sé
repele desdenhosamente,
repele desdenhosamente, uma uma vez satisfeito
satisfeito o desejo. A A prostituição
prostituição
está de atalaia.
esiá atalaia. Mas até nesse setor a segregação se faz sentir. sentir. A preta
preta
admitida como "moça
não é admitida “moça da casa",
casa”, deve contentar-se
contentar-se com cora a rua,
rua,
tarefa é sempre
e a sua tarefa sempre inferior
inferior à da branca.
branca. Até Até na lama
lama háhá graus
decadência.
de decadência.
oO preto
preto não
não pode
pode admitir
admitir queque o branco
branco o vença nessa concor• concor­
rência sexual. A A batalha
batalha das côres é aqui aqui mais aparente
aparente talvez do do
domínio econômico
que no domínio econômico e profissional.
profissional. Um preto preto bem falante
falante
ou um mulatomulato bonitão
bonitão tem todas todas as aventuras
aventuras que que quiser
quiser com as
Alguns tornam-se
pretas. Alguns tornam-se sedutores
sedutores profissionais,
profissionais, "colecionam
“colecionam vir• vir-
gindades”, o que
gindades", que "tirou"
“tirou” o maior
maior número
número é reputado
reputado macho.
existe entre
Pois existe entre os pretos
pretos contra
contra os brancos
brancos umauma ideologia
ideologia do
“macho”. O branco
''macho,'. branco nãonão tem orgãos
orgãos tiotão possantes
possantes co1I10
como o do do preto,
preto,
não é tão persistente, pratica o coito
persistente, pratica coito "como
“como o gado"
gado” . . .. Se a preta
preta
prefere apesar
o prefere apesar de tudotudo é apenas
apenas porpor um cálculo
cálculo vão de vaidade,
vaidade,
mas, de fato,fato, ela deseja
deseja o preto.
preto. Uma Uma pesquisa
pesquisa feita
feita nas gafieiras
gafieiras
permitiu verificar,
permitiu verificar, entre
entre outras
outras coisas, essa ideologia
ideologia do "macho''.
“macho”.
negro recusa-se a pagar
O negro pagar a sua parceira
parceira de amor; branco é
amor; o branco é que
que
deve
deve pagar.
“Antigamente eu gostava
"Antigamente pretos, mas hoje vejo como me
gostava só de pretos,
enganava; êles só querem
enganava; querem se aproveitar
aproveitar da gente.
gente. Durmo
Durmo com um
preto, êle não
preto, não me dá sossego a noite noite toda;
toda; de manhã
manhã quer quer o seu
café
café com pão m anteiga. .. .. e, ainda
pão e manteiga. ainda porpor cima, preciso
preciso dardar a êle
bilhete de ônibus.
um bilhete ônibus. Mas o que quero é dinheiro".
que eu quero dinheiro”. --- Outra
Outra
preta, falando
preta, falando dos clientes
clientes de côr: ":tles
“Êles são meusmeus bons
bons amigos
amigos,, mas
só para dançar”. E mostra
para dançar". mostra as negrinhas,
negrinhas, sentadas
sentadas na mesa dos bran- bran­
cos,
cos, que pagam a conta: conta: elas dançam
dançam a noite toda com
noite toda com pretos,
pretos, mas
acabam saindo com os
acabam brancos”. ('1)
os brancos". (7)
a~ • --..

(7 )■ Documentos
• colhido» por Renato
Documentos colhidoe Jardim MoreirL
Renato Jardim Moreira.
154 INQU~R.ITO
IN Q U É R IT O UNF.SCO-ANIJE't\·fBI
UNFSCO-ANII e m b ,

Essa concorrência
concorrência sexual não se traduz
traduz sõmente
sòmente pela luta
luta em
tôrno das mulheres
mulheres dede côr, e por
por essa ideologia
ideologia do 1\-lacho,
Macho, rna mas
ainda
ainda pela importância
im portância que o preto
preto dá ao "tabu
“tabu da virgindade"~
virgindade”
“Lá se foi o tempo
"Lá tempo em que o senhor
senhor deflorava
deflorava as suas escravas, e
depois as passava
passava a pretos
pretos estimados
estimados como esposas legítimas.
legítimas. O preto
preto
de hoje tem o senso da sua honrahonra de macho".
macho”. 1::£ a sua resposta
resposta às
negrinhas
negrinhas e mulatas
m ulatas que se entregam
entregam aos filhos dos patrões;
patrões; elas sabem
sabem
antecipadam ente que não
antecipadainente não poderão
poderão encontrar,
encontrar, depois,
depois, um
um marido
m arido no
seu grupo
grupo de côr. J\, fas sobretudo
Mas sobretudo vamos
vamos ver
ver explodir
explodir essa rivali-
rivali.
dade,
dade, agora, tôrno da branca.
agora, em tôrno branca.
A etiqueta
etiqueta branca
branca proibe
proibe severamente,
severamente, e ainda
ainda rnais
mais severamente
severamente
nos povos latinos do que em outros,
povos latinos outros, toda
toda relação
relação sexual
sexual fora
fora e antes
antes
do casamento.
casamento. Permite
Perm ite apenas, mesmo só recentemente,
apenas, e isso mesmo recentem ente, 0o
namoro.
nam oro. O preto
preto vai reagir
reagir e opor
opor a umaum a situação
situação de fato que 0o
coloca em condições
condições de inferioridade
inferioridade — - a pref erênda da preta
preferência preta pelo
branco
branco -— uma
um a ideologia:
ideologia: a preferência
preferência secreta da branca
branca pelo preto.
preto.
Se entretanto
entretanto a branca
branca não se entrega,
entrega, apesar
apesar do grande
grande desejo
que
que tern
tem do preto,
preto, seria
seria Unicamente
unicam ente devido
devido à pressão
pressão da sociedade,
sociedade,
à fôrça
força da moral
m oral do grupo.
grupo. Contaram-nos,
Contaram-nos, entre
entre outras
outras provas
provas desse
desejo
desejo da branca,
branca, a história
história de uma
um a ntulher
m ulher que
que tinha
tinha umum rnotorista
m otorista
de côr;
côr; ela p1·ovocava-o,
provocava-o, roçava
roçava por
por êle,
êle, :mandava-o
mandava-o segurar
segurar unia
um a esca-
esca­
da quando
quando elaela subia
subia para arru m ar as cortinas
para arrumar cortinas de uma um a janela
ja n e la ... . ..
Poréni
Porém encontra010s
encontram os exatamente
exatam ente a mesma
mesma história
história e co:m
com os mesmos
mesmos
pormenores
porm enores num num romance
rom ance dasdas Antilhas, Zabel, de :mudo
A ntilhas, de Zabel, m odo queque o
caso pertence
pertence seguramente
seguram ente ao folclore
folclore negro
negro das relações
relações raciais;
raciais; o
seu interesse
interesse está
está pois
pois em revelar
revelar um
um cornplexo
com plexo de ciu01e,
cium e, uma
um a ideo-
ideo­
logia
logia de revide.
revide.
Resta, é verdade, namoro. 1:
verdade, o natnoro. É evidente
evidente que
que a branca
branca é a grande
grande
tentação do preto
tentação preto que
que prefere,
prefere, mesmo,
mesmo, a loira
loira à morena.
morena. "O“O preto,
preto,
uma preta,
disse-nos uma preta, queixando-se,
queixando-se, nãonão dá valor
valor à mulher
mulher preta;
preta;
corre atrás
corre atrás das
das brancas''.
brancas”. Entretanto,
Entretanto, o nanioro
namoro entre brancos e pre-
entre brancos pre­
encontra a mesma
tos encontra mesma oposição
oposição do meio
meio social
social que
que o casamento
casamento
misto; a maioria
misto; maioria dos pretos
pretos que
que responderam
responderam ao nosso
nosso inquérito
inquérito
nunca tinham
nunca tinham cortejado
cortejado brancas;
brancas; alguns
alguns acrescentaram
acrescentaram que
que não
não era
era
por falta
por falta de vontade,
vontade, masmas que
que temiam
temiam uma
uma recusa,
recusa, um
um riso,
riso, uma
uma
caçoada, ou un1um desdé1n
desdém ofendido.
ofendido.
Em resumo,
resumo, há nana classe preta
preta uma
uma espécie
espécie de
de nostalgia
nostalgia da côr
branca, a preta
branca, tendendo a aceitar
preta tendendo aceitar como
como uma
uma honra
honra as carícias
carícias do
branco, e o preto
branco, preto tendendo procurar, a fim de mostrá-Ias
tendendo a procurar, mostrá-las ostensi-
ostensi­
vamente aos amigos,
l'amente amigos, amigas
amigas brancas,
brancas, quando
quando não amantes. A mis-
não amantes.
cegenação, quando
cegenação, produz sob formas
quando se produz formas ilegítimas,
ilegítimas, revela-nos,
revela-nos, p0is,
pois,
menos a fra
menos temidade das côres
fraternidade que a concorrência
côres que concorrência sexuaL
aC(! RACIAIS
1tEJ,AÇõES o ACIAIS F.NTRE negros E
e n t r e NEGROS e BRANCOS
b r a n c o s EM
e m SÃO a u i .o
PAUi.O
sao p
* e l a Ç 0 E S _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 155

O CASAMENTO
O CASAM ENTO MISTO
M ISTO

o preconceito
Se O preconceito é patente
patente nos amores
amores ilegítimos,
ilegítimos, desaparece
desaparece
corn união legal.
coro a união legal. O~,
Ou, pelo
pelo menos,
menos, tende
tende a desaparecer,
desaparecer, pois
pois pode
pode
despertar se o cas~l
despertai· casal . nao
não chegar
chegar a entender-se
entender-se e começar
começar a brigar.
brigar.
ainda pode
Ou ainda pode existir
existir numa
numa forma
forma larval,
larval, quando
quando o casamento
casamento não não
amor, quando
é de amor, quando a mulher,
mulher, de classe inferior,
inferior, porém
porém branca,
branca, aceita
aceita
um marido
um marido de côr de uma uma condição
condição superior,
superior, para
para melhorar
melhorar as suas
condições de vida vida ouou a suasua posição.
posição. Enquanto
Enquanto no no caso de uniõesuniões
efêmeras é o branco
efêmeras branco queque corre
corre atrás
atrás dada preta,
preta, nono casamento,
casamento, 0o caso
freqüente é o do
mais freqüente do preto
preto queque se casa com uma uma branca.
branca. Os pa- pa­
invertem-se. Um
peis inverte1!1-se. Um dos noMosnossos informantes
informantes conf confessava:
e~va: "O “O preto,
preto,
no seu dese10
00 desejo de des_posar
desposar uma uma branca,
branca, agarra
agarra a primeira
primeira que que apa-
apa­
rece”, utna
rece•', uma aventureira,
aventureira, uDla uma garçonete
garçonete de bar, bar, uma
uma filha
filha dede aia-
cria­
da. .... O
da. O casa!'1ento
casamento ~is.to
misto apresenta, para ~
apresenta, para o nosso
nosso tema
tema de de pesquisa,
pesquisa,
uma grande
uma importância. :t
grande 1mportanc1a. É um
um dos reativos
reativos por meio meio dos quaisquais
pode julgar
se pode julgar da da fôrça
fôrça ouou da persistência
persistência do do preconceito
preconceito de côr no no
paulista. A pesquisa
meio paulista. pesquisa que que fizemos entre entre os brancos
brancos compor-
compor­
tava entre
tava entre outras
outras perguntas
perguntas as as seguintes:
seguintes: ''Concordaria
“Concordaria em. em que
que sua
sua
irmã ou
irmã ou sua
sua ffilha casasse cotn
iJha se casasse com un1
um hotne111
homem de côr? ..... — Concordaria
Concordaria
em casar
em casar cotn
com unia
uma pessoa
pessoa de côr?''
côr?” e pudemos
pudemos verificar
verificar que que era
era êsse
o bastião
0 bastião do do etnocentrisrno,
etnocentrismo, niesR10
mesmo na na classe baixa,
baixa, em. em queque as rela-
rela­
ções de côr côr pareciam
pareciam maismais fraternais:
fraternais: "Deus
“Deus me me livre
livre... Que hor-
. . . Que hor­
ror”. E apesar
ror''. apesar de de 1/3 dos dos brancos
brancos aceitarem
aceitarem o casamento
casamento misto,
misto,
aceitação era
essa aceitação era inais
mais teórica
teórica dodo que
que prática,
prática, visto
visto que
que alguns
alguns con-
con­
fessavam ter
fessavam ter naD1orado
namorado moças rn.oças de côrcôr e terter desistido
desistido do do casamento
casamento
devido à oposição
devido oposição da da família.
família. Naturalmente,
Naturalmente, quando quando se passa passa da
classe
classe baixa
baixa para
para a média
média ou ou a alta,
alta, a repulsa
repulsa é aindaainda maismais forte,
forte,
preconceito de
o preconceito de classe reforça então o de
reforça então de côr
côr tornando-o
tornando-o mais mais '\·iru-
viru-
lento. Alguns
lento. Alguns dos dos nossos
nossos informantes
informantes não não conseguiam
conseguiam explicar
explicar por
por
que tais
que tais casamentos
casamentos mistos
mistos existem
existem nas nas zonas
zonas rurais,
rurais, e atribuíam
atribuíam a
existência à ação
sua existência ação dos tnacumbeiros
macumbeiros pretos, pretos, queque agiatn
agiam a favor
favor
pretos pela
dos pretos pela onipotência
onipotência da da sua
sua feitiçaria
feitiçaria africana!
africana! Em todo todo
o caso, o fato fato aí está,
está, os casan1entos
casamentos tnistos
mistos são 111ais
mais freqüentes
freqüentes no no
interior do
interior que na capital,
do que capital, e um um exemplo
exemplo ilustrará
ilustrará bem,bem, acompa-
acompa­
nhando a vida
nhando vida dede umum casal
casal dodo interior
interior parapara a metrópole,
metrópole, a ação
destruidora
destruidora destadesta última
última no no casamento
casamento das das côres:
cores:
Um preto
Um preto casara-se
casara-se no no interior
interior comcom uma uma filhafilha de de italianos,
italianos,
companheira de
rompanheira de escola
escola e vizinha
vizinha de de casa. ?tlarido
Marido e mulher
mulher viviam
viviam
muito
muito bem bem e vários
vários filhos
filhos mulatos haviam nascido
mulatos haviam nascido da da união.
união. As
crianças tinham
crianças tinham ouvido
ouvido contar
contar queque S. Paulo
Paulo era era uma
uma cidade
cidade "for-
“for­
midável”, e convenceram
midável", convenceram os pais pais a vender
vender a pequena
pequena propriedade
propriedade
para mudar-se
para mudar-se parapara a capital.
capital. Mas em S. Paulo Paulo a mulher
mulher tinha
tmha ver•
ver-
r

156
156 INQUtRITO
INQUÉRITO UNESCO.ANllE~IDt
UNESCQ-ANHEMbi

gonha do marido,
gonha marido, fazia o impossível
impossível para
para sair
sair sempre
sempre só. O pai pai dea,
des.
leixado voltou
leixado voltou sõzinho
sozinho para
para o interior
interior mas já sem propriedade
propriedade (ª).(8)
outro ponto
Sob outro ponto de vista
vista o casamento
casamento misto
misto é também
também revela.
revela-
dor do
dor do grau
grau de intensidade
intensidade do preconceito
preconceito de côr. Permite
Permite medir
medir
resistências do
as resistências do meio
meio social
social aos caprichos
caprichos de uma
uma paixão
paixão que
que zomba
zomba
cLu diferenças de raças.
das diferenças raças. HáHá em primeiro
primeiro lugar oposição da fa.
lugar a oposição fa­
mília do
milia do branco
branco ou da branca.
branca. Chegam
Chegam porpor vezes a batê-la,
batê-la, a tran.
tran­
mandá-la para
cá-la, a mandá-la para alguma
alguma cidade
cidade distante,
distante, se "o“o raciocínio
raciocínio não
não
basta”. Se apesar
basta''. apesar de tudo
tudo o casal
casal se une,
une, os pais
pais recusam-se
recusam-se a rece-
rece­
ber filha. Acontece
ber a filha. Acontece todavia
todavia que,
que, o casal sendo
sendo feliz,
feliz, o genro
genro con-
con­
seguindo triunfar
seguindo triunfar nana vida,
vida, mostrando-se
mostrando-se amável,
amável, os paispais reconside-
reconside­
ram a situação,
ram situação, ac-abam
acabam porpor aceitá-la.
aceitá-la. Mas
Mas isso nem
nem sempre
sempre se dá. A
porta fica definitivamente
pona definitivamente fechada genro, e até
fechada ao genro, até à filha.
filha. "Ela
“Ela mor-
mor­
reu para
reu para nós".
nós”. Ã À oposição
oposição da família
família junta-se
junta-se a oposição
oposição do do meio
social, os ''diz-que-diz-que''
aocial, “diz-que-diz-que” dosdos vizinhos.
vizinhos.
Toda a sociedade
Toda sociedade branca
branca é solidária
solidária contra
contra essa traição
traição à côr.
No caso
No caso da de uma uma branca
branca esposa de um preto, é uma
um preto~ uma ''criatura
“criatura
que não
não vale
vaie nada'';
nada”; nono caso de
de um
um branco
branco casado
casado com uma uma preta,
preta,
deve ser "um
“um bêbado"
bêbado” ou então
então ''fizeram-lhe mandinga”, ''êle
“fizeram-lhe mandinga'', “êle não
não
sabe o que
sabe que faz",
faz”, ''vai
“vai ver
ver de que
que jeito
jeito isso vai
vai acabar''.
acabar'’.
A
A concorrência
concorrência sexual
sexual também
também desempenha
desempenha o seu papel papel aqui,
aqui, e
grupo preto
o grupo preto junta
junta os seus protestos
protestos aos do do grupo
grupo branco.
branco. Ma, Mas
oposição não
essa oposição não se )imita
limita ao domínio
domínio do do ''falatório''
“falatório” e da maledi-
maledi­
cência; família
cência; família e vizinhos
vizinhos juntam-se
juntam-se para tentar destruir
para tentar destruir a uniãounião
esposos: ''Você
dos esposos: “Você nãonão tem vergonha,
vergonha, bonita como é, de
bonita como de ter
ter casado
casado
com umum preto.
preto. No No con1êço
começo êles
êles são J>onzinhos
bonzinhos mas mas sã,>
são todos
tod,>s uns
brutos. Você vai ver
brutos. ver mais
mais tarde".
tarde”. NãoNão é raro
raro ver
ver que
que essas con•con­
versas, repetidas
versas, repetidas incessantemente,
incessantemente, acabam
acabam por
por provocar
provocar a separação
separação
dos cônjuges.
cônjuges. Ou Ou então
então o casal retira-se para
casal retira-se para a solidão,
solidão, sem fre- fre­
qüentar nem
quentar nem o grupo
grupo preto
preto nem
nem o branco;
branco; e se a afeição
afeição mútua
mútua
pode ajudar a suportar
pode ajudar isolamento, nem por
suportar êsse isolamento, por isso a situação
situação
deixa de ser
deixa trágica. Quando
ser trágica. as diferenças de nível,
Quando as diferenças educação ou
nível, educação
mentalidade são
mentalidade sao demasiado grandes, o asamento
demasiado grandes, casamento termina
termina mal.
Um professor
Um professor preto
preto casou-se com uma uma branca
branca de situação
situação eco-
eco­
nômica inferior.
nômica inferior. O O casa)
casal não
não é feliz.
feliz. AA mulher
mulher tem
tem vergonha
vergonha
sair com
de sair com o marido. VivemVivem como
como se estivessem
estivessem separados. CadaCada
qual leva
qual leva a vida para o seu lado.
vida para lado. Outro
Outro exemplo:
exemplo: UmaUma moça
moça casa•
casa­
ra-se com
ra-ee com um um vizinho,
vizinho, um belo mulato
mulato de de olhos verdes.
verdes. No No dia
dia do
casamento, o pai do noivo
casamento, noivo disse a quem quis ouvi-lo, à saida saida da
missa: o meu filho
missa: filho nasceu de uma
uma negra, mas ninguém
ninguém lhelhe dará
dará
ordens por
Ofd<:ns por causa disso; e, os que julgarem
julgarem que
que podem tapear
tapear o meu
meu
falho
filho enganam«. casal vivia com a mãe da m<>91,
enganam-se. O e.asai moça, porque o ma• ma-

(•)
(I) A.tJindo do» SantlJI
Ari indo do1 tirou daf
Santo* ritou daí um romana,
romance. lha
M u o poato é
partida f taL
ponto de pudda real.
..

LAÇõ ES }lACJAIS
JlELAÇOES r a c i a i s ENTRE
e n t r e NEGROS
negros E
e BRANCOS
b r a n c o s EM SAO PAULO
e m SÃO PAULO lSJ
..

ido.
·do ainda estudante, não
a in d a estudante, não podia
podia ganhar
ganhar a vidavida para
para os dois. Qua­
d o is . Qua.
ri
n Dt ata• dias
dias depo1S
depois . ddoo casamento,
casamento, o mar1 .d o começou
marido começou a baterbater na mu- mu­
re
lher,
lher, foi preciso preciso. eh chamar
amar a po 1'1aa.
polícia.•

Mas o drama drama essencial


essencial não não estáestá aí. VemVem dada criança.
criança. Tanto Tanto •
queue Oo casal decide decide em em geral
geral evitar
evitar filhos.
filhos. MasMas se aparecer
aparecer um, um, já
~tes nascimento, todos
a n te s do nascimento, todos fazem
fazem votosvotos para
para que
que seja
seja branco.
branco. Se
não fôr, se tiver
ão fôr, tiver puxado
puxado pelo pelo progenitor
progenitor mais mais escuro,
escuro, então
então começa
começa
:a tragédia,
tragédia, a família família briga.
briga. Se ffôr claro, é bem
ôr claro, bem recebido.
recebido.
Como dizia
Como dizia uma
uma mulher
mulher de classe inferior, inferior, bem
bem brasileiramen-
brasileiramen­
te: 0o melhor
melhor meio meio de pôr pôr fimfim às tensões
tensões raciais,
raciais, é o casamento
casamento e
não a luta.
não luta. ''Veja
“Veja os meusmeus filhos,
filhos, já são brancos,
brancos, pois
pois lutar,
lutar, formar
formar
associações defesa, não
a s s o c ia ç õ e s de defesa, não adianta
adianta nada''.
nada”. Entretanto,
Entretanto, no no caso do
filho claro,
filho claro, outros
outros problemas
problemas aparecem.
aparecem. Os avós avós podem
podem intervir
intervir
para influenciar
para influenciar o neto neto contra
contra o pai pai escuro
escuro e ligá-lo
ligá-lo mais
mais à mãe. mãe.
Duas jovens
Í)uas mulatas claras,
jovens mulatas cuja mãe
claras, cuja mãe é preta,
preta, recusam-se
recusam-se a sair sair com
ela, e, se forem forem obrigadas,
obrigadas, ficam
ficam sempre
sempre um um pouco
pouco na na frente
frente ou ou auás,
atrás,
para que
para que os passantes
passantes nãonão pensem
pensem que que é mãemãe delas.
delas.
Duas moças,
Duas moças, uma uma alemã
alemã e outra outra mulata,
mulata, trabalham
trabalham na na mesma
mesma
fábrica. Para
fábrica. Para libertar-se
libertar-se do do trabalho,
trabalho, casam-se, a alemã alemã com com um um
preto, a mulata
preto, mulata com com um homemhomem mais mais escuro
escuro que ela. A
que ela. À alemã
alemã foi
bem tratada
bem tratada pela pela família
família do do marido,
marido, ela vinha ''branquear
ela vinha “branquear a raça''. raça”.
Mas o marido
Mas marido da da mulata
mulata foi foi mal
mal recebido,
recebido, porque
porque vinha
vinha "pretejar'',
“pretejar”,
“escurecer” a descendência.
''escurecer'' descendência. O segundo segundo casal
casal teve
teve um filho, inf
um filho, infe­
e-
lizmente mais
lizmente mais escuro
escuro queque a mãe,mãe, os pais pais estão
estão aborrecidos.
aborrecidos. O ma- ma­
rido diz diz que que o filho
filho se parece
parece com com a mãe,mãe, mas
mas ela
ela responde
responde que que a
côr é do pai.
d,r pai. A criança
criança cresce
cresce assimassim numa
numa atmosfera
atmosfera de de d.i.scuMão,
discussão,
que se envenena
que envenena cada vez mais. mais.
Quando há
Quando há vários
vários filhos
filhos de côr côr diferente,
diferente, o tomtom mais
mais claro
claro tor-
tor-
na-se um
na-se um fator
fator de diferenciação
diferenciação afetiva
afetiva por
por parte
parte dos
dos pais,
pais, ee oo ciúme
ciúme
levanta 01
levanta os irn1ãos
irmãos uns
uns contra
contra os
os outros.
outros. Os
Os mais
mais claros
claros têm
têm vergonha
vergonha
dos outros
dos outros e chamam-nos “negros”. Os mais
chamam-nos ''negros''. mais escuros
escuros respondem:
respondem:
“Você também
"Você também não
não é branco,
branco, você é umum descascado''.
descascado”. Se saem juntos,
saem juntos,
mais claros
os mais claros evitam
evitam levar
levar os irmãos
irmãos em
em certos
certos lu~ares
lugares h<'m
bem fre-
fre­
qüentados ee preferem
quentados preferem sair
sair sozinhos
sòzinhos quando
quando podem.
podem. Têm Têm medo
medo dede
rebaixados pela
ser rebaixados pela presença
presença dede seus irmãos
irmãos e dede receber
receber também
também
tratamento de
o tratamento de ''negros''.
“negros”.
Compreende-se nessas
Compreende-se nessas condições
condições que
que o casamento misto seja
casamento misto seja re-
re­
pelido tanto
pelido tanto pelo
pelo preto
preto como
como pelo
pelo branco.
branco. Três
Três quartos
quartos dos pretos
pretos
interrogados mostrara111-se
interrogados mostraram-se refratários
refratários a êle. Tem•se
Tem-se dado
dado a e~a
essa ati-
ati­
tude o nome de racismo negro.

Todavia, essa
Todavia, essa recusa não significa preto esteja se enqu.
significa que o preto 1s-
enquis-
tan.do paulista. tÊ que
tando na comunidade paulista. que a miscegenação
miscegenação segue vias
ma1,
D*ai$ complicadas e mais subtis. O casamento
casamento entte
entre um branco
branco e
158 INQU~RITO
IN Q U É R IT O UNESCO-ANHF.Mnt
UNESCO-ANHEMB!

preta é relativamente
uma preta relativamente raro. aproveitando-se das di.
raro. Mas faz-se, aproveitando-se di­
ferenças de nível
ferenças nível econômico
econômico e das fissuras
fissuras dos grupos,
grupos, entre
entre umum
preto e uma
prero uma mulata
mulata escura,
escura, entre
entre um
um mulato
mulato escuro
escuro e uma
uma mulata
mulata
ligeiramente mais dara,
ligeiramente clara, e assim porpor diante,
diante, até
até à mulata
mulata "passável"
“passável”
que se casa com um
que um branco.
branco. Acabamos
Acabamos de dizerdizer que
que três
três quartos
quartos
pretos interrogados
dos pretos interrogados não não aprovam
aprovam o casamento
casamento fora
fora da côr, mas
preciso acrescentar
é preciso acrescentar queque o ideal,
ideal, para
para todo
todo rapaz,
rapaz, permanece
permanece "uma “uma
moça
moça de pele pele mais
mais clara
clara que
que a minha".
minha”. Até Até os racistas
racistas mais
mais con.
con­
foram de tal forma
victos foram forma influenciados
influenciados pelas
pelas concepções
concepções estéticas
estéticas
meio branco
do meio branco que
que consideram
consideram a branca
branca co1110
como o seu idealideal de be-be­
leza e se e.asam
Jei.a casam com
com moças
moças que,
que, pelos
pelos seus cabelos
cabelos lisos, pelopelo seu
nariz afilado,
nariz afilado, ou o seu tont tom de pele,
pele, se aproxintarn
aproximam desse desse ideal
ideal
“ariano”.
"ariano''.
Compreende-se melhor
Compreende-se melhor por que é o mulato
por que mulato que,
que, nana opinião
opinião
de todos, manifesta
manifesta o preconceito
preconceito mais
mais tenaz
tenaz contra
contra o preto.
preto. ÉÊ queque
êle não
êJe não quer
quer recuar,
recuar, do mesmo
mesmo modo
modo tJUe,
que, entre brancos, o ope-
entre os brancos, ope­
rário que
rário que chegou
chegou a uma uma boa boa situação
situação tem
tem mais
mais ambição
ambição para para os
filhos, em matéria
filhos, matéria de casamento,
casamento, e é o que que mais
mais se opõe
opõe a qualquer
qualquer
“decadência”. Notámos
''decadência''. Notámos no no decurso
decurso do nosso
nosso inquérito
inquérito vários
vários casos
mulatos que
de mulatos que se opuseram
opuseram formalmente
formalmente ao casamento
casamento dos filhosfilhos
com pretos.
com pretos. ''Você
“Você não
não tem
tem vergonha
vergonha de de querer
querer casar
casar cont
com um um ne•
ne­
gro?” Não
gro?" Não há nenhum
nenhum paradoxo
paradoxo nisso,
nisso, como
como o julgam
julgam os brasilei-
brasilei­
ros brancos. .t
ros brancos. É a consequência
conseqüência lógica
lógica de toda
toda a política
política nacional,
nacional,
a dodo embranquecimento
embranquecimento progressivo
progressivo dada população
população e também
também da as- as­
censão do grupo
censão preto na
grupo preto na escala
escala social,
social, o mulato
mulato sendo sempre pre-
sendo sempre pre­
ferido ao preto
ferido preto na na obtenção
obtenção dos dos empregos.
empregos.


.-

EFEITO DO
EFEITO DO CONCEITO
CONCEITO DE
DE CôR
CÔR (*)
(*)

Acabamos de ver que, em certos setores e sob certas formas,


faz-se
faz-se sentir
sentir o preconceito
preconceito de côr -— um preconceito
preconceito que nem sempre
ousa
ousa dizer o seu nome. Mas em face dos transtornos transtornos que a urba-urba­
industrialização introduziram
nização e a industrialização introduziram na vida, tanto tanto os pretos
como os brancos
brancos sentem-se hesitantes
hesitantes e inquietos:
inquietos: os antigos valores
tradicionais estão desmoronando;
desmoronando; alguns
alguns indivíduos
indivíduos agarram-se ainda
em vão poré:m;
a êles, eRl porém; e as novas
novas ideologias
ideologias ainda
ainda nãonão se cristali-
cristali­
generalizaram. O prêto
zaram e nem se generalizaram. prêto permanece
permanece indeciso entre entre
a miscegenação e o racismo. Ao passo que o branco branco se encontra
encontra de-
de­
sorientado diante
sorientado diante do "novo
“novo negro"
negro” e jájá não sabe que atitude
atitude tomar
com relação homem de côr qt1e
relação ao hometn que se aproveita
aproveita de todas
todas as fissuras
fissuras
antigo edifício
do antigo edifício social para
para melhorar
melhorar o seu nível
nível de vida. Natu•Natu­
ralmente os valores
ralmente valores niudarn
mudam sempre
sempre quando
quando as estruturas
estruturas sociais se
modificam, mas
modifica:m, mas evoluent
evoluem tnais
mais devagar
devagar e se01pre
sempre coin
com certo
certo atraso
atraso
referência aos fatos
com referência fatos :morfológicos.
morfológicos. Arrastam
Arrastam após
após si u:ma
uma vaga
vaga
nostalgia do passado
nostalgia passado abolido.
abolido. PorPor isso, temos de levar em conta,
capítulo, o fato
neste capítulo, fato de ser São Paulo
Paulo umauma "cidade
“cidade em transição",
transição”,
e não separar
separar os efeitos
efeitos do preconceito
preconceito dos efeitos das perturba-
perturba­
ideologias e os sistemas das relações entre
ções sociais sôbre as ideologias entre as
côres. As coisas estãoestão demasiado
demasiado entr08''ldas,
entrosadas, visto que as ideologias
visto que ideologias
são, por
por um lado,lado, racionalizações,
racionalizações, justificações
justificações tardias
tardias do precon-
precon­
ceito e que,
que, por
por outro,
outro, refletem
refletem estruturas
estruturas sociais, exprimem
exprimem tipos
de relações
relações entre
entre os homens
homens e as côres. Devemos pois estudar estudar essa
dupla série de efeitos
dupla efeitos paralelamente.
paralelamente.

EFEITOS
EFEITOS DO PRECONCEITO
PRECONCEITO SOBRE
SÔBRE A PERSONALIDADE
PERSONALIDADE
DO NEGRO
NEGRO

De que
que modo
modo reage
reage o negro
negro às atitudes branco a seu res-
atitudes do branco res­
peito? Ãs Às barreiras
barreiras que
que encontra
encontra no caminho,
caminho, seja na vida
vida pro-
pro­
fissional seja na
fissional na vida
vida social? Pelo
Pelo conformismo
conformismo ou pela
pela resistência?
resistência?
Pela revolta pela fuga? f.
revolta ou pela É evidente
evidente que
que aqui
aqui o temperamento
temperamento
individual desempenha
individual desempenha um papel
papel imPortante.
importante. Mas nãonão se poderão
poderão

---------------
(*) Este capítulo foi redigido por Roger Bastide
capitulo redigido Bastide.•




-... k
~,
~--
.

1

160
, , INQUÉRITO UNESCO AN„
INQUt_RITO UNESCO-ANl-fE~{Bl ~
encontrar, para
ara além
além dessa multiplicidade
multiplicidade incoerente,
-
que depenHo
incoerente, que dep
encont rar , P
\ ^ diversidade dos caracteres,
da cârnctcrcs, certas
. d
certas âtitudcs
a t1tu es . coletivas?
.
co 1e tivas? Há ^
ende
urna
classe baixa, como dissemos, e uma
classe uroa classe média média de ~e còr, há negrOs
cõr, há
mais
a menos
is ou menos puros
puros e há há os mulatos,
mulatos, há por ffim
há por 1m os chefes
chefes quS
m
pretendem sustentar as re1v1n.. d.
reivindicações - . d que
. • retendem sustentar 1caçoes gerais
gerais do grupo de
o grupo de côr.
côr. N"'
••
p possível d1stmgu1r
será · ·
distinguir · d.f
1 erenças d
diferenças dee reações- con
reaçoes f orme esses grupos?
conforme ao
grupos?
EE como um um indivíduo
indivíduo se forma forma sempre
sempre num nu':11 certo meio, e dei
certo meio, dele
recebe
recebe seus quadros
quadros e seu sistema
sistema de referências,
referências, é provável
provável que que as
reações pessoais se moldemmoldem mais .
mais ou ou menos
menos pelas 1
pe as do d o grupo.
grupo. as


o
O prêto
prêto de baixa
baixa classe está está habituado
habituado à sua sua situação
situação inferior
inferior

relação ao branco.
com relação branco. Percebe
Percebe tudo tudo o que que lhelhe falta,
falta, tanto
tanto sob
o0 ponto vista da
ponto de vista instrução como
da instrução como dos dos recursos econômicos, para
recursos econômicos, para

poder entrar
poder entrar emem competição
competição com com êste êste último.
último. Se é recusado recusado em em
certos lugares,
certos bares, salões de beleza,
lugares, bares, beleza, clubes,
clubes, sabesabe que que o branco
branco
de igual
igual condição
condição também
também não não é recebido
recebido ou ou só dificilmente.
düicilmente. Por
Por
conseguinte,
conseguinte, o problemaproblema da côr côr não apresenta para
não se apresenta para êle com a
êle com
mesma
mesma intensidade,
intensidade, e o ressentimento
ressentimento contra contra o branco,
branco, quando
quando se
revela,
revela, permanece
pe1manece cuidadosamente
cuidadosamente localizado. localizado. Para Para a mulher,
mulher, por por
exemplo,
exemplo, contra contra os patrões
patrões que que preferem empregar brancas
preferem empregar brancas comocomo
domésticas
domésticas para para os serviços
serviços "finos”.
''finos''. ParaPara o homem,
homem, na na concorrência
concorrência
sexual,
sexual, ou ou contra
contra o imigrante,
imigrante, recém-chegado,
recém-chegado, que que podepode prejudicá-lo
prejudicá-lo
• no
no mercado
mercado do trabalho.
trabalho. De modo modo que que muitos
muitos pretos
pretos dessa
dessa classe
consideram,
consideram, nas nas respostas
respostas ao nosso nosso inquérito,
inquérito, que que o Brasil
Brasil nãonão tem
tem
preconceito
preconceito de de côr. Ou, Ou, mais
mais exatamente,
exatamente, que que tem tem um,um, masmas que
que .
não
não se manifesta
manifesta contra
contra o negro.
negro.
Isto
Isto posto,
posto, duas
duas atitudes
atitudes são possíveis.
possíveis. A primeiraprimeira é a da ca- ca­
pitulação
pitulação passiva,
passiva, é a aceitação
aceitação de “ficar
''ficar no seu lugar”.
no seu lugar''. Êsse
:tsse con­
con-
formismo
fon11ismo é aliásaliás inculcado
inculcado à criança
criança de de côr
côr muito cedo. Quando
muito cedo. Quando
o menino
menino quer quer continuar
continuar a freqüentar
frequentar a escolaescola ou ou a menina
menina uma uma
oficina
oficina especializada,
especializada, os pais pais dizem:
dizem: “Para
''Para quê?
quê? Prêto
Prêto foi feito
feito para
para
trabalhos brutos,
os trabalhos brutos, isso não não adianta
adianta nada”.
nada''. Consideram
Consideram êles êles que
que
esforço de
o esfôrço de ascensão,
ascensão, numa sociedade dominada
numa sociedade dominada pelo pelo branco,
branco, nãonão
é recompensado,
recompensado, e que melhor é ainda
que o melhor ainda encostar-se
encostar-se a um um branco
branco
que pode
pode serser útil,
útil, a menina empregando-se como
menina empregando-se como doméstica
doméstica em em casa
de gente
de gente boa,boa, o rapaz
rapaz lavando automóveis. Uma
lavando automóveis. Uma ideologia, aliás,
ideologia, aliás,
justifica
justifica

por
por vezes êsse conformismo,
conformismo, herançaherança do cristianismo
do cristianismo ou
ou da
antiga escravatura,
antiga escravatura, a do do Destino:
Destino: aceitação
aceitação da da própria
própria sorte,
sorte, porque
porque
está
está escrito,
escrito, por
por toda
toda a eternidade,
eternidade, nas nas leis divinas: ''Se
leis divinas: “Se Deus
Deus qui­qui-
ser. .• •'' O
ser• O hábito
hábito da da docilidade,
docilidade, de de fazer
fazer exatamente
exatamente o que que o bran-
bran­
co espera
espera do negro,
negro, impede
impede que que se veja
veja o lado moral
O lado moral do problema,
problema,
para
para deixar
deixar transparecer
transparecer apenasapenas o ladolado concreto:
concreto: “O ''O prêto
prêto não não tem
tem
cabeça
c·abeça'' diz*nos
diz-no~ umum dêles.
dêles. Como
Como é que que pode igualar
igualar ao branco?”
ao branco?''
E se êle refletir,
refletir, será,
será, não para se levantar
não para levantar contra
contra o branco,
branco, mas mas
outros negros. Está acostumado
contra os outros
contra acostumado a ser dirigido dirigido pelo bran•
pelo bran-


elAÇõES
Õ
ES rRACIAIS
a c i a i s eENTRE
n t r e nNEGROS
e g r o s eE bBRANCOS m SAO
r a n c o s eEl\l SÃO PAULO
PAULO
161
ttELAÇ

unca viu
nunca
n viu o negronegro ocupar
ocupar posições
posições de autoridade.
autoridade. modo
De modo
co, desconfia· dêl
Cue desconfia dêle, - irá
e, não
nao . ' consultar
ira consu l tar um médico
m éd.1co nemnem um advogado
advogado
' \
• quêeto recearia
^rêto, recearia ser mal m al aconselhado.
aconselhado. N Não falemos de ciume.
ão falemos ciume. O o
' ' pr
ciume' não
^'ume não funciona ·
funciona neste ' l. O
neste nível.
?1ve O que d omina,
que domina, . pensamos,
pensamos, é a
'
l idéia prêto da classe baaa
"déia do prêto baixa de que que nada
nada tem a esperaresperar do da
1
1
:la~
classe média
m édia ~u
, }timo, com fins
último,
ou alta,
alta~ sobretudo quando se sente
sob~etudo quando-~
fins eleitorais
eleitorais ou parapara participar
sente cortejado
cortejado por
participar em grupos
por êste
defesa
grupos de defesa

:doss interêsses
interêsses negros.
negros. É ~ umumaa reflexão
reflexão que
que se ouveouve com frequência
frequência '

:s
nas zonas dos cortiços:
em se aproveitar
:m
cortiços: ''O
aproveitar de nós, para
prêto que
“O prêto
para ter
que funda
ter dinheiro
funda sociedades
dinheiro ou para
sociedades só pensa
para fazer
fazer nome,
pensa
nome, en­
en•

trar
trar na política
p0lítica e, depois,
depois, conseguir
conseguir um bom lugar. Mas
bom lugar. Mas assim queque

obtem o que
obtem que qqueru er êle nos
nos abandona.
abandona. U
Umm sujeito
sujeito que
que vivia
vivia atrás
atrás
de nós agora
agora nemnem nos nos cum prim enta. Quando
cumprimenta. Q uando nos nos vê, vira
vira a cabeça
cabeça
anda mais
e anda mais depressa.
depressa. T Tem vergonha de nós”.
em vergonha nós''. N Não pode deixar
ão se pode deixar
notar, nesse
de notar, nesse conformismo,
conformismo, um certo certo realismo;
realismo; o prêto prêto teme
teme per­
per-
der oO pouco
pouco que que tem,tem, as possibilidades novas que
possibilidades novas que se abrem
abrem a êle,
tomando um
tomando umaa atitude
atitude de resistência
resistência bbrutal contra o grupo branco.
ru ta l contra branco.
Prefere,
Prefere, numnum mundom undo dirigido
dirigido pelopelo branco,
branco, o apoio apoio dêste
dêste último
últim o
prêto, que
ao do prêto, que ainda
ainda não
não está bastante seguro
está bastante seguro nem nem consolidado.
consolidado.
Êsse
:tsse realismo,
realismo, vamos encontrá-lo ainda
vamos encontrá-lo ainda mais nítido na
mais nítido segunda
na segunda
atitude possível
atitude possível da baixabaixa classe. Trata-se ainda de aceitação,
Trata-se ainda mas
aceitação, mas
desta
desta vez não não mais passiva, ao contrário,
mais passiva, contrário, ativa.
ativa. No No primeiro
primeiro caso
que se aceitava
o que aceitava eraera a sociedade
sociedade antiga,
antiga, tradicional,
tradicional, queque o prêto
prêto
julga existir
julga ainda. No
existir ainda. No segundo
segundo caso, o prêto prêto se dá contaconta da novi­
novi-
dade introduzida
dade introduzida pela pela industrialização,
industrialização, e o que que aceita
aceita é a nova so-
nova so*
ciedade, a sociedade
ciedade, sociedade de classe. O operário branco tem
operário branco tem direitos, um
direitos, um
certo estatuto, escolas
certo estatuto, escolas técnicas,
técnicas, possibilidades
possibilidades de promoção
promoção no no em-
prêgo, e de melhora
prêgo, melhora de salário.
salário. O prêtoprêto reconhece
reconhece que que não
não pode
pode en-
en­
trar em competição
trar competição com com êleêle para
para os postos
postos de direção,
direção, mas
mas o proleta-
proleta­
riado lhe
riado fornece, em
lhe fornece, em todo
todo o caso, possibilidades
possibilidades interessantes
interessantes de as- as­
censão dentro
censão dentro da da classe
classe baixa.
baixa. A pesquisa
pesquisa queque fizemos
fizemos entre
entre os pretos
pretos
compreendia entre
compreendia entre outras
outras as questões
questões seguintes:
seguintes: Que Que posições
posições ima-
ima­
gina poder
gina poder preencher?
preencher? Que Que profissão
profissão teria
teria desejado
desejado seguir?
seguir? -— Ora,
Ora,
contrariamente ao que
contrariamente que se afirn1a
afirma em em S. Paulo,
Paulo, de modo modo geral,
geral, o
prêto não
prêto não procura
procura subir
subir para
para terter mais
mais ''aparência''
“aparência” mas mas para
para ter
ter maior
maior
segurança econômica;
segurança econômica; não não procura
procura parecer,
parecer, masmas ser. As profissões
profissões
liberais
liberais queque emem geral
geral passam
passam por por ser o ideal
ideal do prêto, que
do prêto, que desejaria
desejaria
ser “o
''o que branco é'',
que o branco é”, vêm
vêm de de fato
fato emem segundo lugar; o prêto
segundo lugar; prêto aceita
aceita
1
a sociedade
sociedade de classes classes para
para fazer
fazer dela
dela o ponto
ponto de partida
partida da sua
da sua
ascensão.
ascensão. Por Por exemplo,
exemplo, para para as mulheres
mulheres a posição
posição maismais cobiçada
cobiçada
é.
é a de costureira,
costureira, em em primeiro
primeiro lugarlugar porque existem em
porque existem em S. Paulo
Paulo
diversas escolas
diversas escolas de costura
costura (é portanto
portanto um um o(ício
ofício possível),
possível), depois
depois
porque trabalho é bem
porque o trabalho bem rem unerado e pode
remunerado ser feito
pode ser feito em
em casa,
casa, ao
mesmo
mesmo tempo tempo em em queque os trabalhos
trabalhos domésticos,
domésticos, e talvez
talvez também por por

162__________
al~6:_2 _____________________________ 1_N_Q_U_e._R_1_T_o_u_N_E_s_c
_______________ in q u é r it o ^ , c a ^
- "Mnz
1 ser um ofício respeitável. E é preciso notar notar que que as modista
modi· t ---
bem frequeníemente
bem frequentemente o tratamento
tra~amento de ''M. a d ame''. D
d e “Madame”. Dee m0ds as íecew
lllod r ecc-
as domésticas,
domésticas, ou arrumadeiras,
arrumadeiras, ou lavadeiras desejariam se ~o
lavadeiras desejariam ° que
**Ue
.•• reiras — - e mesmo operárias
operárias — - de preferência
preferência a professorasser
professoras * COstu' costu ..
Jógrafas. Se agora passarmos aos homens,
lógrafas. homens, verificaremos
verificaremos qou ?dati ati*..
p<>ucos • á rios,
poucos querem ser ffuncionários,
uncion · éé uma posição • - que
posiçao que não rendrendue h~ ***
-&1.1

tante, mas a grande


grande maioria
maioria desejaria
desejaria ser mecânico mecânico ou m o- tC -e *****
~as.
, • de
of 1cio
Entretanto o ofício
Entretanto d e mecânico
" .
mecan1co éé “sujo”,
'' SUJO haOtorista·
• '' , mas, além de hav°nSta’
S. Paulo escolas
escolas técnicas, é um ofício bem rem remunerado
unerado e ver em Cm
independência~ Também
independência. Também se deve levar levar em conta conta queque êsse t(ule
tralfik lhodá
*
• a 1a
não foi degradado
degradado pela escravatura,
escravatura, pois os escravos não não faziam3
faziam
viços que exigiam o uso de máquinas,
viços máquinas, as quais quais eram
eram confiada^*'
confiad ser.
. .
técnicos estrangeiros. Quanto
técnicos Q t
uan o ao ofício f, . d
o 1cio dee motorista .
motorista de taxi as
ta:x1• S * a
. h-ao não
de caminhão
camin - exige
nao . um aprendizado
apren_d.1zad o 1 ongo e custoso, nem um
longo °ouU
nível de estudos elevado; mas constituiconstitui um trabalho trabalho decente
decente e segu***
seru
ponto de vista econômico, além disso, um m
do ponto motorista
otorista é semm°semn~º
bem tratado.
tratado. Como se vê, a aceitação
aceitação é ativa, aqui; trata-se
ativa, aqui; trata-se de tirarti~;;
proveito da sociedade de classes,
proveito classes, com a m mobilidade vertical que ela
obilidade vertical
toma possível, sem querer
torna querer forçar
forçar as etapas.
etapas. Trata-se
Trata-se de tirar tirar pro­pro-
veito da industrialização
industrialização para
para sair da plebe, plebe, da massa dos trabalha­ trabalha-
dores não especializados, atirados
atirados de um lado lado parapara outro,
outro, e chegar
ao nível do que os norte-americanos
norte-americanos chamam chamam trabalho trabalho ''semi-inde-
“semi-inde-
pendente'',
pendente”, chegar
chegar a uma uma profissão
profissão manual,
m anual, porém porém honrada.
honrada.
Mas êste
êste segundo
segundo grupo
grupo da
da classe baixa
baixa percebe
percebe os limites
limites da
competição
competição também.
também. Encerra-se
Encerra-se no terreno em
no terreno em que pode vencer,
que pode vencer
não procura
não procura forçar
forçar aquêJe
aquéle em
em que não é aceito.
que não aceito. Sabe que poderá
Sabe que poderá
ter com os brancos
ter brancos boas relações no
boas relações trabalho e como
no trabalho vizinho (pe-
como vizinho (pe­
quenos favores
quenos favores mútuos,
mútuos, em de necessidade,
em caso de necessidade, de doença, cumpri­
de doença, cumpri-
mentos
mentos respeitosos
respeitosos na na rua,
rua, uma
uma palestrinha)
palestrinha) mas
mas que lhe será
que lhe será mais
difícil
difícil forçar
forçar a porta
porta de
de casa, a intimidade
intimidade da da vida
vida social, entrar
entrar
bailes dos brancos.
nos bailes brancos. tle Êle vive pois bastante isolado,
pois bastante isolado, recebendo
recebendo
sobretudo amigos
sobretudo amigos de côr; côr; tem
tem seus clubes
clubes dede futebol nos subúrbios
futebol nos subúrbios
da cidade,
da cidade, e os rapazes freqüentam os bailes
rapazes frequentam bailes de
de negros, para exibir
negros, para exibir
aa sua ''virilidade''.
‘Virilidade”.
Encontramos atitudes
Encontramos atitudes análogas
análogas nana pequena
pequena classe
classe média.
média. ElaEla
preocupasse antes
preocupa-se antes de
de tudo
tudo de
de evitar
evitar choques,
choques, Por
por conseguinte
conseguinte aceita
aceita
a ordem
ordem existente.
existente. Aceita-a
Aceita-a tanto
tanto melhor quanto essa ordem
melhor quanto ordem lhelhe
permitiu uma
pe1·111itiu uma elevação
elevação do do nível
nível econômico
econômico e uma certa posição
uma certa posição
social. Essa
80Cial. Es.sa classe evitará
evitará os choques
choques com
com tanto maior cuidado
tanto maior cuidado por­
por•
quanto já sabe
quanto sabe o que
que êles significam
significam por
por experiência própria, seja
experiência própria, seja
na e~Ja
na escola seja na profissão.
sej_a na profissão. Em Em geral, conforme os resultados
geral, conforine resultados dodo
1_nquér1to, os seus membros
nosso inquérito, membros jamais
jamais cortejaram mulheres bran­
cortejaram mulheres bran•
cas aa fim
fim de
de evitar
evitar ''contras''.
“contras”. E E contentam-se,
contentam-se, nana profissão,
profissão, em
em obe-
obe­
decer aos chefesJ
decer chefes, manter
manter relações
relações puramente
puramente formais com os colegas
formais com colegas
,

Jt:E,LAÇõ:ES
R RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
E L A Ç Õ E S RACIAIS NEGROS E
E BRANCOS
BRANCOS EM
EM SÃO
SÃO PAULO
PAULO
163

brancos,
brancos, de cortesia, não de camaradagem.
cortesia, não camaradagem. Têm Têm prazer
prazer em receber
receber
brancos
brancos em suas casas, se os brancosbrancos lá forem espontâneamente, mas
forem espontâneamente,
não os procuram,
procuram, e o círculo
círculo dos seus amigos verdadeiros
verdadeiros se res- res­
tringe
tringe ao das pessoas da mesma mesma côr: ''Para “Para conservar
conservar a amii.ade
amizade,
cada qual
qual deve guardar
guardar as distâncias''.
distâncias”. ''Há lugares em que
“Há lugares que não me m~
apresento,
apresento, sei que que certos
certos brancos
brancos me tratariam
tratariam bem. Mas não me
sinto bem no meio dêles.”dêles.'' “Quando
''Quando saio com minha minha mulher,
mulher, evito
evito
lugares onde
lugares onde sei que
que o prêto
prêto não
não é recebido.
recebido. Pois se eu não não fôsse
servido reclamaria
reclamaria e o garçomgarçom me diria: diria: Bem se vê que é um
negro.
negro. E é isso que que eu quero evitar''. O homem
quero evitar”. homem de baixabaixa classe
não ignora
ignora as zombarias
zombarias a respeito
respeito da sua côr, sabe que que o tratam
tratam
''urubu'' ou de “saco
de “urubu” ''saco de carvão”,
carvão'', ou de tição, homem da
tição, mas o homem
média tem uma
classe média uma sensibilidade
sensibilidade maismais fina
fina e melindrosa
melindrosa e sofre
1
muito mais com qualquer
muito qualquer vexame.
vexame. A instruçãoinstrnção e a educação
educação de­ de-
senvolveram
senvolveram nêle nêle o senso da dignidade
dignidade humana.
humana. Prefere
Prefere afastar-se,
afastar-se,
caso pressinta
pressinta que
que lhe querem
querem imporimpor umauma segregação
segregação hum ilhante.
humilhante.
Êle
:tle sabe que poderia vestir-se bem
que poderia penetrar num
bem e penetrar num salão
salão de bar­
bar-
beiro freqüentado
beiro frequentado porpor brancos,
brancos, mas sabe também também que que terá
terá de espe-
espe­
rar horas,
rar horas, e queque no fim sairásairá dali mal barbeado
dali mal barbeado ou com o rosto rosto
lanhado, para
lanhado, para que
que não
não se _lembre
lembre de voltar.
voltar. Ou poderia
poderia também
também
impor-se, valendo-se da lei Afonso
impor-se, valendo-se Arinos, que
Afonso Arinos, pune todo
que pune todo hoteleiro
hoteleiro
que
que recusar
recusar um prêto
prêto num
num hotel
hotel elegante;
elegante; mas dar-lhe-iam
dar-lhe-iam o pior pior
quarto e o serviço
quarto serviço seria
seria mal
mal feito.
feito.
média aceita,
A classe média aceita, pois, a ordem existente. Encontrou
ordem existente. Encontrou outras
outras
armas
armas contra
contra as barreiras:
barreiras: em vez da fôrça,
fôrça, a paciência
paciência e a ironia.
ironia.
t preciso
É preciso procurar
procurar sempre
sempre o lado bom das coisas, divertir-se
lado bom divertir-se com a
vaidade
vaidade dos brancos,
brancos, responder
responder a um umaa zombaria
zombaria com outra.
outra. Ao
filho
filho que
que se queixava
queixava de ter ter sido chamado
chamado de negrinho
negrinho na escola,
escola~
o pai recomendou que
pai recomendou chamasse o companheiro
que chamasse companheiro de “branca-de-neve”,
''branca-de-neve'',
pois é sabido que os meninos
sabido que meninos nãonão gostam
gostam que
que os tratem
tratem de meninas.
meninas. '

Há pois um princípio
princípio de humorismo
humorismo nessa
nessa classe, mas
mas é um humo*hum(>
rismo
rismo crispado
crispado que
que tem às vezes um gosto gôsto de lágrimas
lágrimas engulidas.
engulidas.
O ajustamento
ajustamento do negronegro à sociedade
sociedade dos brancos manifesta-se
brancos manifesta-se
ainda de outro
ainda outro modo,
modo, pela aceitação dos estereótipos
pela aceitação estereótiPos do branco
branco
sôbre os negros,
sôbre negros, mas dando-lhes
dando-lhes um novo aplicando-os
sentido, isto é, aplicando-os
novo sentido,
uma só classe, a plebe
a uma negra, e não
plebe negra, não ao conjunto
conjunto de côr.côr. A ela~
classe
média
média de côr côr preocupar-se-á antes de tudo
preocupar-se-á antes respeitabilidade
tudo com a respeitabilidade
• 1 honorabilidade.
e a honorabilidade. Será, como Estados Unidos,
como a dos Estados Unidos, puritana.
puritana.
Justificará
Justificará a sua ascensão
ascensão aos olhos
olhos dos brancos
brancos separando-se
separando-se o maismais
possível
possível da baixa
baixa classe, recusando-se
recusando-se a qualquer
qualquer contacto
contacto queque possa
possa
comprometê-la
comprometê-la e fazer-lhe
fazer•lhe perder
perder a dignidade,
dignidade, essa dignidade
dignidade tão tão
duram ente conquistada.
duramente Isto é muito
conquistada. Isto m uito claro
claro quando
quando se falafala com
c?m os
pretos
pretos proprietários
proprietários de casas, que que vivem
vivem nos arrabaldes
arrabaldes da cidade,
cidade,
onde os terrenos
terrenos são menos caros, e que evitam
menos caros, evitam toda com
relação com
toda relação


INQUÉRITO UNEsc
INQlJtRITO UNESCO a
' º·AN11
164
__ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________ tMn1

os pretos
08
pretos de categoria inferior
inferior ou de moralidade
moralidade duvidosa.
t t
duvidosa.
. . N
~T
-----
i.-,o e.-.

' -
tanto - procuram
não procuram entrar
entrar em con ac o com seus vizinhos
contacto vizinhos b
brl° **~·
pois
1 tanto, nao ô d . . ranco
is a menor alusão
alusão. à sua
~a ecôr, que po
r, que poderia surgir no
er1a surgir no decurso
decim^0® s,’
Po rsaça..0 ser-lhes-ia
conversação, mtolerável. Uma
ser-lhes-ia intolerável. mulher desse gru
Uma mulher grUD ** da
conve
ciai , • 1· · • h po SO.

.•• cial disse-nos,
disse-nos,referindo-se a a uma
uma italiana,
1ta ia_na,suasua vizinha,
vdizm ~' que que nãonão W nn.l:_ ^
freq ueotá-la porque
frequentá-Ia porque ela costumava
costumava gritar gritar a todoto o o instante,
mstante, Q qti a
uV---..."4
executava um
executava um trabalho d oro, “um
trabalho duro, ,,um trabalho
tra b a Ih o de
d e negro
negrol”. !'' • Êsses
'tsses prPrªndo
vivem as.sim
assim inteiramente
inteiramente isolados, recebendo apenas
isolad~s, r~cebendC? apenas os memblo:~membro ^

família, dispondo de . pouco pouco dinheiro
dmherro (devido(devido à prestação
prestação men mensali
da casa) parapara ir ir ao cinema, e contenta_ndo-se
contentando-se com com o rádio, rádio, poré~
poré
tratando de criar
tratando criar cuidadosamente
cuidadosamente os filhos, filhos, de dar-lhes
dar-lhes instruinstru ^_

não os deixando brincar brincar na rua, procurando
na rua, procurando mandá-los
mandá-los a boas escol^ esc~'
pagas do bairro, evitandoevitando qualquer
qualquer ato ato queque os possa
po~ “desclassificai
''desclassificar~
na opinião pública.
pública: De modo modo que que êles são ~o considerados esquisito
considerados esquisitos
nos bairros, pelo isolamentoisolamento em que que vivem
vivem e pelo pelo puritanismo*
puritanismo
“São
''São pessoas
pessoas que nunca se ~ive~tem,
que nunca divertem, sempre fechados entre
~mpre fechados entre quatro
quatr~
paredes, sem nunca nunca ver ninguém. ?inguem. São Sao certamente
c~r~amente meio meio loucos”
loucos''.
Alguns deles entretanto
entretanto têm tem prazerprazer em exibir ex1brr a própria
própria elevação
aceitam fazer parte parte de associações culturais culturais de pretos pretos ou de clubes clÚb~
de futebol; se são católicos, da da Irmandade
Irmandade do Rosário Rosario dos Pretos Pretos.
Mas a maioria
maioria receia ter ter mais a perder perder do que que a ganhar
ganhar dando dando a
sua adesão a movimentos
movimentos de côr; de perder, perder, por por um um título
título de pre­ pre-
sidente de clube, os resultados resultados já já obtidos
obtidos perante
perante a opinião opinião pú­ pú-
blica, de homem “decente”. A vida
homem ''decente''. vida familial basta-lhes.
familiai basta-lhes. -
Isso não quer dizer
não quer dizer queque não não haja,haja, nana classe baixa baixa e na na média
médi~
momentos de revolta, revolta, quando,
quando, apesar apesar de todos todos os esforços
esforços de ajus­
de ajus-
tamento, sofrem a ferida ferida do preconceito.
preconceito. Mas, Mas, nana classe baixa, baixa, essas
revoltas estalam
estalam como tempestades
tempestades de verão verão que que se acalmam
ac.almam após
primeiro clarão. Não
o primeiro Não existe ''complexo
“complexo de revolta''.revolta”.
Na classe média
média trata-se
trata-se antes
antes de uma uma cicatriz
cicatriz secreta.
secreta. Pode-se
trazê.la à luz do dia
trazê-la dia seja por por processos
processos psicanáliticos,
psicanáliticos, por por exemplo,
exemplo,
o estudo dos sonhos (verificamos (verificamos muitas muitas vezes a importância
importância do
sonho do assassínio
assassinio coletivo
coletivo nos mulatos mulatos dessa dessa classe)
cl~e) ou ou porpor meio
meio
do que poderia chamar
que se poderia chamar “o teste da
''o teste bebida”. Uin
da bebida''. Utn jovemjovem prêtoprêto
alegre, simpático,
simpático, muitomuito amigo
amigo dos seus colegas colegas brancos,
brancos, assim assim que que
começa a beber beber não não pode
pode mais dominar as suas
mais dominar suas palavras
palavras e dá livre livre
curso ao seu ressentimento
ressentimento contra contra os brancos. brancos.
AA revolta
revolta nota-se mais mais claramente
claramente na na classe
classe dos intelectuais, dos
dos intelectuais,
líderes de côr que que se preocupam
preocupam com a organização organii.ação da da classe preta preta
para fazê-la
para progredir mais
fare-la progredir mais depressa
depressa na na sociedade.
sociedade. Mas Mas o que que nosnos
chama a atenção atenção quando
quando abordamos
abordamos essa cl~e, classe, éé a ausência
ausência de
~m~ !deologia
uma ideologia coerente,
coerente. a multiplicidade
multiplicidade dos pontos de vista,
dos pontos m~I-
vista, mul­
tiplicidade
tiplicidade que que manifesta não-existência de um
manifesta a não-existência sentimento racial
um sentimento racial
comum, mas ao contrário contrário a importância
importância das diferenças diferenças de persona- persona-

r a c i a i s eENTRE
r e l a ç õ e s RACIAIS
ttELAÇôES n e c r o s Ee BRANCOS
n t r e NEGROS b r a n c o s em SAO PAUi.O
EM SÃO PAULO 165
165

1

lidades. Certos
tidades. Certos intelectuais
intelectuais queque tiveram
tiver~m de lutar
lutar para
para triunfar,
triunfar,
querem perder
não querem perder o terreno conquistado, por
terreno conquistado, por uma
uma política
política de

violência; ao contrário,
violência; contrário, tudo
tudo farão
farão para
para ganhar
ganhar a confiança
confiança de seus
brancos, para
colegas brancos, para captar
captar a sua simpatia impor-se em seu meio
simpatia e impor-se meio
valor moral
pelo valor moral e pelapela capacidade.
c~pacid~de. H H~á _outros,
outros, porém,
porém, queque têm a
obsessão do tratamento diferencial, verificam-no
tratam ento diferencial, ver1f1cam-no em certos
certos casos e
generalizam-no, levando
generalizam-no, levando semore
sempre à contaconta da côr o que que às vezes se
deve atribuir
atribuir à classe, ou à contaconta das barreiras raciais, malogros
barreiras raciais, malogros que que
podem
vodem às vezes provirprovir de umaum a falta
falta de preparo
preparo escolar
escolar ou de capa­capa•
cidade técnica.
cidade técnica. Sentem-se
Sentem-se antes
antes de tudo
tudo “negros”
"negros'' embora
embora alguns
alguns
dos líderes
líderes sejam
sejam às vezes mulatos.
mulatos. Mas mesmo os escuros
Mas mesmo escuros freqüen­
frequen-
taram
taram escolas superiores,
superiores, foram
foram criados
criados segundo
segundo as normas
nor111as dos bran­
bran.
“mulatizaram-se”, confor111e
cos, ''mulatizaram-se'', conforme a expre~o
expressão de um dêles.
dêles. É É justa­
justa-
1
mente
mente a razão
razão pela
pela qual,
qual, aliás, sentindo tão bem
aliás, sentindo bem a sua homogenei­
homogenei-
dade
dade de sentimentos
sentimentos e de idéiasidéias com os brancos,
brancos, êles percebem
percebem que que

a única
única diferença
diferença queque os separa
separa é a pele. T om aram consciência
pele. Tomaram consciência
da sua ''negrura''.
“negrura”. E sôbre sôbre ela vão edificar toda uma
edificar toda filosofia .
um a filosofia.

à PROCURA
À PROCURA DE UMA IDEOLOGIA
IDEOLOGIA DA RAÇA N
NEGRA
EG RA
1 .

Foi sòmente
Foi após a guerra
somente após guerra de 1914-1918
1914-1918 queque o negro
negro tom ou
tomou
• consciência condição. Prim
consciência da sua condição. eiro, contra
Primeiro, im igrante que,
contra o imig1ante que,
tendo chegado ao Brasil
tendo chegado Brasil tão pobre
pobre como
como êle, conseguiu subir na
conseguiu subir na
escala social, enquanto êle perm
social, enquanto baixo. E também
aneceu em baixo.
permaneceu tam bém sob
a influência
influência dos partidos
partidos socialista comunista que
socialista e comunista que fazia
fazia um
umaa pro­
pro-
paganda
paganda ativaativa entre
entre o proletariado
proletariado de côr, côr, em particular
particular p o r oca­
por oca-
sião do caso de Scotbar.
Scotbar. Ao mesmomesmo tempo,
tempo, o m ovim ento m
movimento oder­
moder-
nista
nista descobriu
descobriu a estética
estética africana
africana e contribuiu
contribuiu assim
assim para
para que
que o
negro se sentisse
negro orgulhoso de suas
sentisse orgulhoso suas origens; não se deve
origens; não deve esquecer,
esquecer,
efeito, que
com efeito, movimento m
que o movimento modernista
odernista nasceu
nasceu em S. Paulo.
Paulo.
Mas foi nnaa velha
velha cidade
cidade tradicional
tradicional de Cam pinas qque
Campinas u e se im­im-
prim
primiuiu o primeiro
prim eiro jornal
jornal negro,
negro, em 1924, ''O “O G etulino”, jo
Getulino'', rn al de
jornal
reivindicação combate. E será somente
reivindicação e de combate. sòm ente quando
quando os fundadores
fundadores
do jornal
jornal se m udarem para
mudarem para São Paulo
Paulo queque a idéia
idéia de um umaa organi­
organi-
zação de gente
gente de côrcôr tom ará forma.
tomará forma. O jo rn al negro
jornal negro da capital,
capital,
O CLARIM
CLARIM DA ALVORADA,
ALVORADA, de pretensões pretensões puram ente literárias,
puramente literárias,
começou a tornar-se
começou tornar-se mais combativo.
mais combativo. Entretanto,
E ntretanto, a m maioria
aioria dos dos
grupos
grupos de pretos, como Kosmos,
pretos, como Kosmos, nãonão pa~avam
passavam aindaainda de sociedades
sociedades
de beneficência recreativas. A Federação
beneficência ou recreativas. Federação dos dos H om ens de C
Homens Côr,
ôr,
organizada pela
organizada pela Irm andade do Rosário,
Irn1andade Rosário, teve
teve umumaa duração
duração efêm era,
efêmera,

e a Sociedade
Sociedade dosdos Amigos
Amigos da P Pátria perdeu-se n
átria perdeu-se naa política
política locallocal.•
'
O negro tom ava apenas
negro tomava apenas m u ito lentam
muito consciência da
ente consciência
lentamente d a sua
''negrura''.
“negrura”.
'
f.
' •
,

••

- • , p


tia · ·

INQUÉRITO
INQUtRITO UNESCO-ANHEM
UNESCO-AN1-It~J:ht
166

Foi . e n t ã_o que


Foi enrao
que oO major
maJ·or Anton.o
Antonio Ca
C
rlos teve
Carlos tev e a idéia
idé ia de fnn(,
fu d
-
uma Biblioteca
B. bli ote ca pa ra Ne gro s, C' • p I n ar
1 para Negros, o Centro
en tro Cívico
iv1 Palmares.
co a mares. Mas t . Was° df^
uma obrigado
logo b • do a mu mudarda r de ori en taç
or.entaçao. ão . O chefe
ch efe de p
poo lícla
líc ia d
daa én o **
01
logo o r1ga . . 1 "b. d a entradV
o
O dr Ba sto
Bastos Cr s uz, ba
Cruz, ixara um
baixara uma ôa cirocucªr pro1C1'!1.o a entrada nca
circular proibindo ...-
n~ ’

Guar.da Civil
Guarda c·v aos homens
• 1·1 aos homens de côr. e r. O Centro entro• Cívico iv1co tra transn sfo -.rm
fo-... ai
...,,a-se
então- m ce ntr o de
num centro de luta contralut a co ntr a os pre co nc eit
preconceitos os de raça.
raç a. Êsse
:ts se m- í ••
en tao nu
vim en
vimento to de rei vindicação foi ati
reivindicação
. .
ativado
d
va o pe 1 eh
pelaa chegada a S.
egada a S. Paulo d" p auIo ^
mo -
um prêto

um prêto semi-analfabeto,
semi-analfabeto, porém porém ?ra orador_dor de grande
grande cla sse, Vicem*
classe, Vicent;
ferreira.
F errerr . a. o espírito de luta
O espírito luta substitui
subst1tu1 po pouco
uco a pouco pouco o de submil subm·
são passiva e, quando jornal 1ta
são pa ssi va e, qu an do o ·
1o rna 1 · 1·1ano ''F
italiano an f u 11a '' publicou
“Fanfulla” publicou oO seu is.
seu
célebre artigo
célebre artigo contra
contra os negros,negros, ba ndos de ho
bandos homens
mens de cô côrr ten
tentaram
taram
1

penetrar nas
penetrar nas ofi cinas do jornal
oficinas jornal para para empastelá-lo.
empastelá-lo. ,


Entretanto, tratava-se
Entretanto, tratava-se_ainda ainda de uma ~ma pequena
J><:quena mi m inoria,
noria, ap apenas
enas,
sem grande
sem grande apoio apoio nu mérico, um
numérico, uma a eli te rac
elite racial.
ial. M Masas a cri crise
se dede 29 2g
agravando as co
agravando ndições ~e
condições de vidvida a. da cla classe
sse ba ixa, e aumentando
baixa, aumentando a;
desocupação, criou
desocupação, criou um clima mais
um clima mais favorável
fa~orável aos aos protestos
protestos até até então
então
isolados dessa
isolados dessa elite.
elite. Os pretos pretos entusiasmaram-se
entusiasmaram-se pela pela revolução
revo1ução de de
30,
30, dirigida
dirigida contracontra oo Partido
Partido Republicano,
Republicano, ap apoiado
oi:,tdo na ve velha
lha aris.aris-
toc racia local.
tocracia local. Co Convém
nvém no tar qu
notar quee todos
todos os movimentos
movimentos reivindica-reivindica.
do
doresres na sceram no ba
nasceram irro do Be
bairro xiga, ha
Bexiga, bitado tam
habitado tambémbém por por italianos,
italianos,

ee não
não na Barra Funda,
na Barra Funda, que que no entanto entanto é a zona zona de m maaior
ior densi­
densi-

dade da
dade da população
população de côr. côr. É ~ quque e o ne negro
gro do Be Bexiga
xiga via oo imi­ imi-
gra
grante nte ele var-se pouco
elevar-se pouco a pouco pouco na so sociedade
ciedade e de descobria
scobria assim assim um um
horizonte mais
horizonte mais amploamplo pa parara as suas suas próprias
próprias ambições.
ambições. Fo Foii então
então
que se
que se fundou
fundou a Frente Frente NegraNegra em 1931, 1931, dirigida
dirigida pelos pelos doisdois irmãos
irmãos
Ve
Veiga iga dosdos Santos.
Santos. Mas Mas um um dos dos do doisis ins
inspirou-se
pirou-se nos nos mo movimentos
vimentos na na­-
cio nalistas eu
cionalistas ropeus, co
europeus, mo o Fascismo
como Fascismo ou o H Hiitlerism
tlerismoo, , pa parara memelhor
lhor
de senvolver o esp
desenvolver írito rac
espírito ista e anti-branco
racista anti-branco dos dos seus
seus comcomppatriotas
atriotas de de
côr. Razão
côr. Rai.ão por por que que certos
certos pretos,
pretos, como como os do “C larim
''Clar im'',”, se recusa­
recusa•
ramaa entrar
ram entrar no movimento.
movimento. Ap esar de tud
Apesar o, a F
tudo, Frren
entete N Neegra
gra ob obteve
teve
um
um en orn1e êx
enorme ito, não
êxito, não sòmente
sómente na capital capital e nnoo int in te
eririo
or r do estado
estado
de
de S. Paulo, mas
S. Paulo, mas em quase quase todos todos os recantos recantos do Brasil. Brasil. Pode-se
Pode-se
dizer que
dizer que foi o principalprincipal responsável
responsável pelo pelo despertar
despertar de um umaa co cons­ ns-
ciê ncia rac
ciência ial no ne
racial gro.
negro.

A FFr
A reenn te Negra ac
te Negra abou por
acabou por reg istrar-se co
registrar-se como
mo ppaartirtid
doo po político,
lítico, '
1

mass nã
ma nãoo tev
tevee tem po de agir
tempo agir sob
sob essa
essa form
formaa,, pois
Pois Ge G etúlio
túlio V Vargas
argas
5? Primiu em
suprimiu em J1937 todos
937 tod os os partidos
partidos políticos
políticos existentes.
existentes. E
E oo mo­
mo- ''
v1 me?to de
vimento de organização
organização e de protesto
protesto não não recom
recomeç eçou
ou sensenão ão mum uito
ito
deepois,
pois, em
em 19 45,por
1945, por oc asião da qu
ocasião eda do governo
queda governo pessoal
pessoal de de Vargas.
Vargas.
~odemos pois
Podemos pois ppaarar
rar aq ui e ex
aqui amina
exam r, atr
inar, através
avés do doss jo
jorrnnaais
is ee art
arti­
i•
go
goss de sses líd
desses eres de cô
líderes r, en
côr, entre 1925 e 1937,
tre 1925 1937 o na nascim
scimeento
nto de de umumaa
ide ogia
í eoo!,o gja de
de co mbate ou em
combate em todo
todo o caso
caso d e defesa d;
defesa do pprrêto êto.. EmEm

particular através
particular através do jornal
jornal da ass ociação ''A
associação “A FFrreenntete NNeeggrara”, “A Vo
'', ''A Vozz !
da Raaça
ça''.* Ora., 0
o ílue
que nos
nos chama
chama a atenção
atenção em primeiro lugar é
primeiro lugar


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JlELAÇõES RACIAIS
«F.LAÇOES RACIAIS E
ENTRE NEGROS E BRANCOS EM SÃO
N T R E NEGROS PAULO
SAO PA ULO ]167
07
1

negação
n egação d certos traços
dee certos traços africanos,
africa?os, por por exemplo,
exemplo, a abundância
abundância
:de publicidade
publicidade para para os cremes cremes alisadores
alisadores de carapinhas,
carapi11has, ou ainda ainda
a erecusa
recus*1 das tradições
tradições africanas,
africanas, como como as congadas batuques,
congadas e os batuques,
ªara
ra substituí-las
substituí-las por por manifestações
manifestações copiadascopiadas dos brancos,
brancos, como o
coroamento
Poroamento das rainhas rainhas de beleza, belei.a, os pique-niques
pique-niques no campo campo etc..
n q u a n t o isso, êsses
~nquanto
E ê~es jornais
jornais tentaram glorificar “a
tentaram glorificar ''a raça”
raça" transcre­
transcre-
vendo páginas
~endo páginas de antropólogos
antropólogos anti-racistas
anti-racistas ou dedicando
dedicando artigos
artigos
aos escritores,
escritores, heróis,
heróis, santos
santos de côr. Sente-se Sente-se pois
pois a vontade mani­
vontade mani-
festa de substituir
substituir pelapela imagem
imagem do antigo antigo prêto,
prêto, mais
mais africano
africano queque
ocidental,
ocidental, mais mais exótico
exótico que que nacional,
nacional, a imagem
imagem do “novo ''novo negro”.
negro''.
Racismo
Racismo talvez,talvez, porém
porém racismo
racismo penetrado
penetrado dos valores
valores e das normasno11na.s
dos brancos.
brancos. A mesma mesma hesitação encontra-se entre
hesitação encontra-se entre o enquistamento
enquistamento
e a miscegenação.
miscegenação. De um um lado,
lado, defende-se
defende-se o “mulatismo”,
''mula tismo'', consi-
dera-se, contra
contra o descendente
descendente de ·imigrantes,
imigrantes, queque só o brasileiro
brasileiro queque
tem um um paucopouco de sangue
sangue negro negro nasnas veias
veias merece
merece o título
título de brasi-
brasi­
leiro, exprime-se
leiro, exprime-se satisfação
satisfação e orgulho pela solução
orgulho pela solução dadadada pelopelo pais
país
problema racial.
ao problema racial. Por Por outrooutro lado,
lado, manifesta-se
manifesta-se receio
receio diante
diante do
embranquecimento progressivo
embranquecimento progressivo da populaçãopopulação que elimina, pela
que elimina, pela mes­
mes-
tiçagem, os melhores
tiçagem, melhores elementos
elementos da raça raça negra.
negra. PorPor fim,
fim, um últim o
um último
traço digno
traço digno de nota, nota, é a aceitação
aceitação da verdade
verdade dos estereótipos
estereótipos dos dos
brancos
brancos sôbre sôbre os pretos,
pretos, de onde onde umauma intensa campanha de educação
intensa campanha educação
que vai até
que até os conselhos
conselhos práticos:
práticos: comocomo con\portar-se
con\portar-se num num salão,
salão,
como assoar
como assoar o narh narfe..... . ,, insistindo
insistindo na na necessidade
necessidade de deixar deixar a be- be­
bida,
bida, de não não vadiar,
vadiar, e, maismais ainda,
ainda, de instruir-se.
instruir-se. Sempre
Sempre a imagem
imagem
do “novo
''novo negro”
negro'' que que é preciso substituir à antiga.
preciso substituir antiga. Mas, ao mesmo mesmo
tempo, jornais estão
tei11po, êsses jornais estão cheios artigos violentos
cheios de artigos violentos contra
contra as ma­ ma-
nifestações
nifestações do preconceito
preconceito e contra contra a má má fé dos brancos.
brancos.

H á pois
pois um
umaa ambivalência
ambivalência nessas
nessas ideologias,
ideologias, um
umaa flutuação
flutuação entre
entre
racismo puro,
o racismo puro, o orgulho
orgulho da côr,côr, e um
um sentim ento de inferiori-
sentimento inferiori­
dade, que
dade, leva à imitação
que leva imitação do branco, adoção dos seus
branco, à adoção seus pontos
pontos de
vista, e à tentativa
tentativa de apresentar
apresentar a imagem
imagem de um um negro
negro branco.
branco.
O inquérito
inquérito queque fizemos
fizemos nono meio
meio negro
negro conduziu-nos,
conduziu-nos, sôbre
sôbre dife­
dife-
rentes
rentes pontos,
pontos, a resultados
resultados análogos.
análogos. Fizemos
Fizemos a seguinte pergt1nta:
seguinte pergunta:
Que pensa
Que pensa da situação do negro
da situação negro nos
nos Estados Unidos?
Estados "Çnidos?
que conheciam
Os que conheciam o assunto, sentiam uma
assunto, sentiam um a certa
certa aatração
tração porpor
orgulhavam-se de saber
êle, orgulhavam-se saber que
que negros
negros podiam
podiam ser capitalistas, po~
ser capitalistas, pos­
suir automóveis e residências
suir automóveis particulares, tornar-se
residências particulares, banqueiros ou
tomar-se banqueiros
homens
homens de d-e negócios,
negócios, mas mas com preendiam o preço
compreendiam que era
preço que era preciso
preciso
pagar
pagar porpor tudo
tudo isso. N inguém queria
Ninguem queria perder
perder nemnem umumaa parcela
parcela
clima tão mais
do clima mais livre Brasil. A miscegenação
afetivo do Brasil.
livre e afetivo miscegenação era era
aceita
aceita pelos
pelos mais
mais racistas
racistas dede todos
todos os inform antes, mas
infor1nantes, mas considerava-se
considerava-se
umaa solução
um solução demasiado longa; enquanto
demasiado longa; enquanto se espera,
espera, é preciso
preciso viver,
viver,
et viver
viver éé lu tar para
lutar p ara subir.
subir. Um
U m racismo
racismo provisório
provisório e m itigado é
mitigado
pois nece~ário.
pois necessário. Um U m racismo que seja um umaa técnica
técnica ppara
ara ultrapassar
ultrapassar
,
••
JNQllF' .Rl'T"O UNr.
••.sc.o.•"N 11F.
168 - -~•n1

-
.
n racismo. Desprrtar co11s(·iê11ci,1d,los
D espertar a consciência o s }lrt"t<>s
p re lo s a fim d e jnci (
---
fi1n dt" incit·c.
0 rac1sn10. • - ... • ••·1os
•' 3 ·a „numa
uma sociedade
·iedade ddee competição
s0<. rompctaçao econômica,
econom1ca, parapara < lue posÍ
<Jue pos ^ s
em igualdade de condições,
::i~ti:l<lade bater o b1·~nco
condições, batei· branco no no seuseu pr«'>i>i·i<>
p ró p rio teri•:::
terrenn
A cada
A da qtial
qual a recompensa
recompensa que ,1ue merece
merece conform
confonnc e as suas
suas capacidades'
cai>acidad
• ra ~

'
Mas essa tomadatomada de consciência
consciência da raça raç~ como
como tal tal vai,
vai, porpor sua„
vez, assustar Oo branco,
vez, assustar Ie,·antar
branco, levantar . um
um. resse11tunento
ressentim ento . contra contra oO ooutr u tr^o.
A política
p<>lítica de embranquec11nento,
embranquecimento, diz <11z o negro,
negro, ter1n1na
term ina por por deixa
deixar °
0
homem
homem de côr sem ajuda, ajuda, pela pela preferencia
preferencia dada dada ao ao estrangei:
estrangeiro*
sem nada
nada fazer
fazer para
para dim inuir a espantosa
dim~nuir m ortalidade do homem
espantosa _m?rtalidade_ home:
negro, sobretudo a infantil,
negro, sobretudo infantil, nem nem para
para suprimsupr1m1rir os c~rt1ços
cortiços em que que
as moléstias
moléstias infeccios.'ls
infecciosas se desenvol,·em
desenvolvem com com uma um a rapidez
rapidez desconcer-
desconcer­

tante, em que
tante, que a tuberculose
tuberculose reina. reina. Quanto
Q uanto mais mais depressa
depressa morrerem
m orrerem
os negros
05 negros mais mais depressa
depre~ o país
pa!s se tornará
tornará branco.
branco. E o branco
branco res­ res-
ponde: tínhamos
ponde: tínhamos uma uma soluçao
solução suave suave e hem bem dentro
dentro da nossa tra.
da nossa tra­
dição democrática, pouco
dição democrática, Pouco a pouco pouco os sangues sangues se mesclavammesclavam e o 0
..
negro diluía-se
negro diluía-se na massa massa branca,
branca, e eis que certos líderes
que certos líderes fazem,
fazem, de
•• seus complexos
complexos de inferioridade,
inferioridade, doutrinas ideológicas,
doutrinas ideológicas, separam
separam o0
que
que se estava
estava unindo,
unindo, introduzem
introduzem um u~ ferm ento de
f erment? de . discriminação
discriminação,
de segregação,
segregação, com com todas
todas as suas suas sociedades
sociedades e jornais 1orna1s de combate!
combate.
Excitam a classe baixa
Excitam baixa contra
contra a ordem ordem existente
existente e introduzem
introduzem por por •
toda
toda parte
parte a desordem,
desordem, a reivindicação,
reivindicação, a arrogância.arrogância. Alguns
Alguns arti­ arti- ••

gos de jornalistas
jornalistas brancos
brancos ilustrarão
ilustrarão êsse recuo recuo do do branco:
branco: “Não ''Não sou
nem contra
nem contra o judeu judeu nem nem contra
contra o asiático
asiático nem nem contra
contra o africano.
africano.
Não
Não tenhotenho preconceito
preconceito racial.racial. .. .. Mas Mas a negra negra m oderna, arruma-
moderna, arr·uma- •
deira, cozinheira, é o desespero
deira, ou cozinheira, desespêro de tôdas as donas
de tôdas donas de casa ...
Elas
usam
perderam hoje
Elas perderam
“baton” nos
usam "baton''
hoje todo
nos seuS
todo sensosenso de
lábios roxos,
seus lábios
de hierarquia.
hierarquia. Pintam
roxos, passam
passam pó pó de
P intam as unhas,
de arroz
arroz nas
unhas,
nas suas '
faces pretas, lustram os cabelos
pretas, lustram cabelos com b rilh an tin a e fazem
com brilhantina fazem tranças
tranças feitofeito
cordas de navios.
cordas navios. No No Brasil
Brasil dá-sedá-se o contrário
contrário dos dos Estados
Estados Unidos.
Unidos.
Aqui é o negro
Aqui negro que que quer separar-se do
quer separar-se branco. JJá
do branco. á nnaa revolução
revolução de
fizeram questão
30 êles fizeram questão de de for111ar
form ar um um batalhão
batalhão independente.
independente. Nas
Nas
sociedades negras
sociedades negras um um branco
branco só pode pode eentrarn tra r excepcionalmente,
excepcionalm ente, e é
comum
comum a formação formação de organiz.ações artificiais como
organizações artificiais como frentes
frentes negras,
negras, •
legiões negras,
legiões negras, etc. e tc ... Existe hoje
. . Existe hoje umaum a repulsa
repulsa do do negro
negro contra
contra o
branco.
branco. Nos Nos Estados
Estados UnidosUnidos são os brancos brancos que q u e lincham
lincham os ne- ne­

gros; aqui
gros; aqui o que que se começa
começa a ver ver é o negro
negro atacando
atacando o branco branco sem
o menor
menor motivo,
motivo, impelido
impelido apenas apenas pelopelo ódioódio de de um u m preconceito
preconceito que que
começa
c?meça a se arraigar entre
se_arraigar entre os de côr. côr. U Uma coisa éé perfeitamente
m a coisa perfeitam ente ní­ ní-
tida:
tida: o Brasil
Brasil quer
q11er ser um um paíspaís b ra n c o ... .. É
branco. :t o branco
branco que que vai
vai absor­
absor•
ver
ver o negronegro e não não o negronegro que, que, nono fu tu ro , vai
futuro, vai prevalecer
prevalecer sôbre sôbre o
1•
branco.
ranco. Ora,Ora, o lirismo sociológico de G
lirismo sociológico Gilberto aliado à
Freyre, aliado
ilberto Freyre, à perda
perda
~e toda disciplina, permitiu
toda disciplina, perm itiu a confusão confusão que que h hoje
oje se nota n ota e ~ue que
levou O negro anallabeto à convicção de que que o o brasileiro legítimo
brasileiro legítimo
é^le*
é êle,,. ° De^r° ana^a* íeto à convicção de
''

1
o


.,

.• ,,,....
--

JtF.lAÇORS RACIAIS F.NTRF.


EI.AÇôP.S RACIAIS F.NTRF. NF.GROS
NF.GROS E BRANCOS F.M
E BRANC:os F.M SXO PAUI.O
s~o PAliJ .O ]169
Jl ---- - --------- - ---- -- --

t, aqui
Ê que nolamos
aqui que notamos todos tod<>sos malefícios
malefícios do preconceito,
preconceito, mesmo •

sobb as suas formas ané,dinéas e mais veladas.


f<lrmas mais anódinas veladas. A escravatura
escravatura
~eixou
deixou uma uma surda
surcla irritação
irritação no coração
coração do negro, irritação
negro, e essa irritação
anifesta-se ao menor
manifesta-se
m menor gestogesto de diferenciação.
dif ercnciação.
Há uma desproporção aparente
uma des1>roporção entre a causa,
aparente entre causa, que
que é o precon­
precon-
ceito, e os seus efeitos,
efeitos, porque
Porque a causa
causa passa através
~través de uma uma per­per-
sonalidade
sonalidade humana,
humana, libertando
libertando todos os ressentimentos ocultos, des­
ressentimentos ocultos, des
pertando todos
pertando todos os traumatismos antigos. Mas e~
traumatismos antigos. essa irritação
irritação do negro
negro
perante o branco,
perante sobretudo do branco
branco, sobretudo branco de boas intenções,
intenções, que que se
íulca
iulga sem preconceitos,
preconceitos, determina
determina neste
neste último
último umauma violenta cólera;
violenta cólera;
êle diz queque nada
nada tem a esperar esperar dos negros,
negros, e o seu preconceito
preconceito se
fortifica ou se acentua.
fortifica acentua. É :t mais um exemplo
exemplo do fenômeno
fenômeno da “bola ''bola
de neve''
neve” queque se vai avolumando
avolumando à medida medida que rola. :t
que rola. É o queque se
passando em São Paulo,
está passando Paulo, um preconceito
preconceito que que se desenvolve
desenvolve por p<>r
reação recíproca,
ação e reação recíproca, o preconceito
preconceito restrito
restrito do início
início suscitando,
suscitando,
no negro
negro organizado
organizado e consciente,
consciente, um ressentimento,
reMentimento, e o ressenti­ressenti-
mento
mento do negronegro suscitando,
suscitando, por por sua vez, atitudes
atitudes de hostilidade
hostilidade mais
nítidas
nítidas no branco.
branco. As quais quais vão ainda
ainda retezar
retezar mais
mais o negro
negro contra
contra •
o0 branco
branco e assim por diante, sem que
por diante, que se saiba
saiba onde
onde e como como seráserá
possível pôr
pôr um termotermo ao fenômeno.
fenômeno.

O DOMtNIO
DOM ÍNIO DO AJUSTAMENTO INTER-RACIAL
AJUSTAM ENTO IN D ..~
T E R RACIAL E DA
CONSERVAÇÃO DA ORDEM
CONSERVAÇÃO SOCIAL EXISTENTE
ORDEM SOCIAL EX ISTEN TE

Vimos
Vimos no capítulo
capítulo anterior
anterior que preconceito se apresenta
que o preconceito como
apresenta como
uma auto-defesa
uma auto-defesa do branco, quando se sente
branco, quando sente ameaçado
ameaçado pela pela ascensão
ascensão
do homem
homem de côr. Trata-se Trata-se de manter
m anter a pirâmide
pirâmide atual ocupa-
atual das ocupa­
ções, com o branco
branco nos postos comando e o negro
postos de comando negro nos
nos postos
postos
subalternos.
subalternos. De que que modo
modo o preconceito
preconceito consegue
consegue esse resultado?
resultado?
E quais
quais sãos os seus efeitos
efeitos na ordem
ordem existente?
existente? Por que mecanis­
Por que mecanis-
agirá êle contra
mos agirá todas as agitações
contra todas que ameaçam
agitações que ameaçam pperturbar
erturbar as
estruturas sociais tradicionas?
estruturas sociais tradicionas? Como parágrafo anterior
Como no parágrafo anterior fomos
fomos
levados a estudar
levados estudar as ideologias
ideologias dos negros
negros como sinal tomada de
sinal de tomada
consciência da ''raça',,
consciência devemos agora
“raça”, devemos agora estudar
estudar as ideologias
ideologias dos bran­
bran-
cos como sinais
sinais de auto-defesa
auto-defesa e como como instrumentos
instrumentos de controle
controle
social.
80Cial.
Os brancos
brancos já não não condenam
condenam o negro
negro comocomo um ser congenital-
congenital-
mente inferior.
mente inferior. Se ainda
ainda se encontra
encontra essa idéia alguns im
idéia em alguns imigran-
igran­
baixa, ela já não
tes da classe baixa, entre os brancos
existe entre
não existe educados. ~(as
brancos educados. Mas
o branco afirma que
branco afirma que o negro
negro tem um duplo duplo ''handicap'',
“handicap”, a ÁfricaÁfrica
e a escravatura.
escravatura. AlegaAlega queque os negros
negros que
que vieram proce-
Brasil proce­
vieram ao Brasil
diam às vêzes de regiões regiões relati, a111ente
relativam 1
ci,·ilizadas, como
ente civilizadas, como a N Nigéria
igéria
ou o Dahomey,
Dahomey, mas mas na generalidade pertenciam a um
generalidade pertenciam 11m continente
continente


'

,.
.

IN Q U É R IT O UNESCO-ANHtMlSJ
INQUtRITO U N ESC O * » » ^
170
170
--
dde ''selvagens" “bárbaros" e ainda
"selvagens" ou de "bárbaros" ainda não não se livraram
livraram até até hhü'.
escrava,
I
• eIvo raras exceções, de sua menta 11·c1ade '' pr1m1t1va
salvo raras de sua mentalidade “primitiva”. • • • ,,• A eser ºJe,
sa por sua vez, redu:un . d o cs.1es
A hhomens
omens a ''“pés p és e maos'• _, ava.
a serviço
tura,
tora, por reduzindo êsses mãos” serviço*
dos senhores da terra, terra, embrutecendo-os
embrutecendo-os na na dura
dura labuta
labuta dos dos campo
campo^8
extinguindo o sentimento
extinguindo sentimento da da dignidade
dignidade humanahumana sob sob os golpes
golpes ddo,'
açoites dos feitores e, Por
arnites • a aabolição,
por ffim,
1m, b O1iça o, ffeita
· ,,., • se01
eita sem uma uma educaça
educação os
...
~
prévia das massas de côr, •~pe
prévia · d.
impediram d
negro dee se mte~ar
iraff! o negro ·
integrar na na civi.
civi­
0

lização ocidental.
linção ocidental. :tle Êle continua
continua a viver viver à margem.
margem. Pois Pois não
não busca
instruir-se, nem
instruir-se, nem melhorar
melhorar a sua sua situação.
situação. Não Não tem tem constância
constância nem nem
energia no
energia no trabaJ_ho.
trabalho. Prefere
Prefere vagab~nde~r
vagabundear pelas pelas ruas
ruas e beberbeber pinga,
pinga,
assim que que arranJa
arranja um um pouco
pouco de dinheiro,
dinheiro, em em vez de de economizar.
economizar.
Ou então
Ou então vive à rusta custa da criadacriada dede côrcôr que
que lhelhe dá o dinheiro
dinheiro que que
ganha, e à noite
ganha, noite o recebe
recebe em em se~ seu quarto,
quarto, enqua~uo
enquanto os patrõt1 patrões
dormem. O
dormem. O branco
branco sustenta
sustenta que que nao não tent
tem preconceito
preconceito de de côr,
côr, e a
prova é que
prova que ajuda
ajuda alguns
alguns pretos,
pretos, os melhores,
melhores, a conquistar
conquistar bons bons
t.
empregos, mas como
empregos, como ajudar
ajudar uma uma compacta
compacta massa massa amorfa
amorfa e sem
vontade? São af.innações
vonrade? afirmações que que ouvimos
ouvimos da da boca
boca de de todos
todos os emprei-
emprei­
industriais ou
teiros, industriais ou comerciantes.
comerciantes. Alguns Alguns dão dão exemplos
exemplos ilustra-ilustra­
experiências que
tivos, experiências que fizeram
fizeram e que que foram
foram tão tão desfavoráveis
desfavoráveis para para
negro que
o negro que o branco
branco desistiu
desistiu de de pro~guí-las,
prosseguí-las, de de empregadas
empregadas que que
se arrogavam
ae arrogavam todos todos os direitos
direitos e passava1n
passavam o tempo tempo discutindo
discutindo com com
o gerente,
gerente, de de operários
operários que,que, depois
depois do primeiro
primeiro salário,
salário, não não volta-
volta­
vam mais
vam mais ao trabalho
trabalho sem nem nem sequer
sequer avisar
avisar o patrão,
patrão, ou ou que
que se
entregavam a brincadeiras
entregavam brincadeiras de mau mau gôstogosto como
como por por exemplo
exemplo farer fazer
suas necessidades
suas necessidades na água potável, etc.
água potável, etc O negro, negro, dizein
dizem êles, não
é capaz de
é capaz de trabalho
trabalho organil.ado,
organizado, não não tem o senso senso de de responsabili-
responsabili­
dade profissional,
dade profissional, não não sabe
sabe servir
servir-se
-se dede máquinas,
máquinas, não não gosta
gosta de de sub-
sub­
meter-se
meter-se a um um horário
horário fixo
fixo e regular,
regular, é capaz capaz apenas
apenas de de trabalho
trabalho
bruto e não-especializado,
bruto não-especializado, como como transportar
transportar pesos, carregar e des-
pesos, carregar des­
carregar caminhões,
carregar caminhões, limpei.a
limpeza grosseira.
grosseira. Numa Numa palavra,
palavra, os brancos brancos
não querem ver
não querem ver o esforço
esforço dos dos homens
homens de de côr para se integrar
côr para integrar na
sociedade de da~s,
,ociedade classes, como
como proletários:
proletários: mantêmmantém a imagem imagem do do "antigo
“antigo
negro”, a fim
negro'', fim de isolá-lo em certos certos setores
setores da da sociedade
sociedade e deixar deixar a
outros brancos
outros brancos os empregos
empregos mais mais bembem remunerados
remunerados ou ou maismais ''de-
“de­
cenu,.,.
centes”.
ideologia não
Mas essa ideologia não serviria
serviria ao
ao branco
branco senão
senão para
para se jus-
jus­
tificar aos seus proprios
tificar olhos se,
proprios olhos se, por
por uma
uma técnica
técnica subtil,
subtil, não
não pas-
pas­
sasse ao negro
usse negro e não
não se tornasse
tornasse uma
uma ideologia
ideologia deste
deste último.
último. Aí
começa a sua função
começa função de controle social. A escola vai iniciar
de controle iniciar o pro-
pro­
cesso. No
~. No fundo, punições mais severas do mestre,
fundo, as punições mestre, as zombarias
zombarias
companheiros de
dos companheiros de brinquedos
brinquedos nãonão têm outra
outra finalidade
finalidade senão
senão
dar ao prêto
dar prêto um
um espírito
espírito de
de submissão,
submissão, ensinar-lhe
ensinar-lhe bem cedo a se
bem cedo se
conformar, a aceitar
conformar, aceitar a sua
sua situação inferior. Os livros
situação inferior. livros de
de leitura,
leitura,
em uso nas classes, apoiam
apoiam êsse servilismo.
servilismo. Apresentam
Apresentam sempre
sempre 0o
doméstico, como se quisessem
inferior de doméstico,
negro numa situação inferior quisessem dar
4.. l

~
1

JlELAÇõES RACIAIS ENTRE


R E L A Ç Õ E S RACIAIS ENTRE NEGROS
NEGROS E BRANCOS
BRANCOS EM SÃO
SAO PAULO
PAULO 171

^anco aa i!°~res.,ão
ao branco impressão da da su~ superioridade ~e justificar
sua _superioridade justificar a sua do-
minação econom1ca.
minação econômica. A A propos1to
propósito de de um
um negrinho.
negrinho. um um dêles
dêles escre-
escre­
“Êle não
veu: ".:tle não temtem culpa
culpa de ter ter nascido
nascido a~im",
assim”, como se a côr fosse
um objeto
um objeto de piedade
piedade e não não de respeito.
respeito. Outro
Outro escreve a propósito
propósito
raça branca:
da raça branca: "é “é a mais
mais bela
bela e inteligente
inteligente de todas".
todas”. Na Na família
família
tradicional ajudam
tradicional ajudam de fato fato certos
certos pretos
pretos a subir,
subir, mas
mas ao preço
preço de de
separá-lo do resto
separá-lo resto do
do grupo,
grupo, isolando-o,
isolando-o, cortando-lhe
cortando-lhe as raiz.es
raizes so-so­
inculcando-lhe uma
ciais, inculcando-lhe uma etiqueta
etiqueta e um um ritual
ritual nas
nas suas relações
relações
brancos, que
com os brancos, que distinguem
distinguem as diferenças
diferenças de de côr e de nível nível
que o mantêm
social, que mantêm numa numa posição
posição subordinada
subordinada de respeito
respeito e de
reconhecimento. O
reconhecimento. O prêto
prêto é assim
assim pouco
pouco a pouco
pouco embebi<lo
embebido não não só
mentalidade mas
da mentalidade mas ainda
ainda dos dos valores
valores dodo branco.
branco. ParaPara empregar
empregar
uma expressão
uma expressão psicanalítica,
psicanalítica, dão-lhe
dão-lhe um um "narcisismo"
“narcisismo” branco,
branco, êle êle
admira-se na
admira-se na tnedida
medida em em que
que pensa
pensa e sente
sente como
como um um branco,
branco, em em
que se sente
que sente "latino",
“latino”, "ocidental"
“ocidental” e não não mais
mais africano.
africano. "Nós,
“Nós, lati•
lati­
nos ....
nos ”, disse
.. '', disse utnum orador
orador prêtoprêto no no início
início de uma uma conferência
conferência ou ou
discurso. E é por
discurso. por isso
isso que
que ouvi111os
ouvimos os líderes
líderes negros
negros repisar
repisar 01 os
mesmos temas temas que que os brancos,
brancos, afirmar
afirmar queque o negro
negro é responsável
responsável
pela situação,
pela situação, que que esta
esta é {fruto
ruto dos seus víciosvícios e da da sua
sua ignorância,
ignorância,
por isso que
e é por que as suas associações
associações improvisam
improvisam cursoscursos de
de alfabeti•
alfabeti­
zação ou
ução ou de costura,
costura, e os seus jornaisjornais dão
dão conselhos
conselhos sôbre
sôbre a conduta
conduta
insistem tanto
e insisteDl tanto na na necessidade
necessidade da da educação.
educação. Os que que estão
estão subindo
subindo
sentem-se chocados
sente1n-se chocados pela pela gro~eria
grosseria dos seus seus irIDãos
irmãos de de côr,
côr, sentelll
sentem
nêles uma
nêles uma ameaçaameaça ao ao seu prestígio,
prestígio, e, então,
então, tentam
tentam encarnar
encarnar etn em
suas pe~oas,
suas pessoas, ''a “a 1noral
moral do do branco'',
branco”, gostaDl
gostam de de se mostrar
mostrar betnbem ves-ves­
agindo como
tidos, agindo como ''gentlemen''
“gentlemen” e, para para isso, separam.-se
separam-se dos dos outros
outros
negros, procuram
negros, procuram a companhia
companhia de de brancos,
brancos, queretn
querem que que se diga diga
deles: ''O “O senhor
senhor nãonão é Ull\um prêto
prêto coJ110 outros. 1:
como os outros. É UDl
um prêto
prêto de de
alma branca''.
alma branca”. Ouvimos Ouvimos mesmomesmo um um deles
deles proclamar:
proclamar: ''O “O que que seria
seria
preciso fazer
preciso fazer é uma uma limpeza
limpeza a fundo fundo da da sociedade
sociedade preta'',
preta”, prender
prender
todos os criminosos,
todos criminosos, os vadios, prostitutas, os malandros,
vadios, as prostitutas, malandros, para para
ficarmos livres deles
ficarmos deles dede uma
uma vez, e impedi-los
impedi-los a~imassim dede prejudicar
prejudicar
elementos respeitáveis
os elementos respeitáveis da da raça''.
raça”. Ao preconceito
preconceito do do branco
branco cor- cor-
.responde por
.responde por conseguinte
conseguinte um um preconceito
preconceito do do negro
negro contra
contra o negro,
negro,
do mulato
do mulato ou ou dodo negro
negro bembem sucedido
sucedido contra
contra a plebe
plebe de
de côr.
côr.
E é dessa
E maneira que
dessa maneira que as ideologias
ideologias do branco se transfor1nam
do branco transformam
numa técnica
numa técnica de de controle.
controle. DividirDividir parapara reinar.
reinar. Atiçar
Atiçar o prêto prêto
contra o prêto.
contra prêto. A ascensão
ascensão de alguns alguns elementos
elementos escolhidos
escolhidos não não é é
pois o sinal
sinal de uma uma ausência
ausência de de preconceito contra o grupo de
preconceito contra de côr,
côr,
mas ao contrário
mas contrário um um 1neio
meio de de impedir formação de uma
impedir a formação uma consciência
consciência
racial. ":t
racial. “É preciso
preciso animar
animar os pretos pretos a subir,
subir, di~nos
disse-nos um um branco,
branco,
para consolá-los
para consolá-los de de ser pretos".
pretos”.
:t continuação e a forma
Ê a continuação forma moderna
moderna da velha política
da velha política colonial.
colonial.
Então, tratava-se
Então, tratava-se de impedir,
impedir, numa numa população
população em em queque o branco
constituía uma
constituía uma pequena
pequena minoria, formação de um
minoria, a formação bloco de todos
um bloco todos
.,'•
172 INQUÉRITO UNESCO-AN
INQUt.RlTO UNESCO.ANHEM0,
I-U:Mn1

.. os escravos contra
contra os Senhores.
Senhores. Os Governadores
Governadores portuguese portugueses
05
Xgrejaa esforçaram-se para
IgreJ· para isso, mantendo
mantendo cuidadosamente
cuidadosamente tods todasC e a
. . " . d '' .,
diferenças étnicas, existência de “nações” separadas antagônic^
diferenças étnicas, a existenc1a e naçoes ,, separa d as e antagô as. as
“Nagôs”, "Dahomeanos
"Nagôs''t “Dahomeanos”, '' , ''M. 1nas,., ''A
“Minas”, ngo 1as'' , ''M
“Angolas”, oçambiques" nicas,
“Moçambiques”. F .
essa Polític.a
política que impediu a generalização
que impediu generalização das das revoltas
revoltas e ffêz êz qu~
que ttod O
:• *
movimento
movimento fôsse conhecido conhecido., com Tantecedência
antecedência pelos pelos brancos
brancos atr através ""~
dos escravos de outrasoutras naço~s..
nações. .Trata-se, agora, sob uma
rata-se, agora, uma for.na
~~
forma se­ se:
melhante,
melhante, de afogar
afogar a consc1ênoa
consciência de raça raça entreentre os homens
homens de de cô côr
A distinção
distinção do negronegro rico rico e do negro negro de classe baixa baixa favorece
favorece es essa:r.
política. Mas.
política. Mas h~ há ~inda
ainda outrosoutros til?os
tipos de açãc:~:ação. MuitosMuitos negrosnegros d: de­
sejam a consutu1çao
sejam constituição de um um partido
partido negronegro mdependente,
independente, com a
massa _de
sua ma~sa de ~leitores
eleitores de côr, reunido~ reunidos em tôrno tôrno de um um programa
programa
reivindicações comuns,
de reiv1nd1caçoes comuns, e seus próprios próprios deputados.
deputados. A Frente Frente Ne- Ne­
gra obedecera
obedecera a essa tendência.
tendência. A luta luta dos partidos
partidos políticos
políticos pelo pelo
poder vai, ao contrário,
poder contrário, colocar colocar os negrosnegros uns uns contra
contra os outros.
outros. As
últimas eleições de 1951 são um
últimas um testemunho
testemunho disso. disso. Borghi
Borghi teria teria
feito, num
num discurso,
discurso, a apologia apologia dos imigrantes
imigrantes contra contra os negros.negros.
Os seus adversários
adversários políticos
políticos imediatamente
imediatamente organizam organizam desfiles desfiles de
protesto pelas ruas
protesto ruas de S. Paulo. Paulo. Porém Porém BorghiBorghi nega nega ter ter protlun-
pronun­
ciado tal
ciado tal discurso.
discurso. Há Há no no seu partido
partido . candidatos
candidatos de côr. côr. O resul- resul­
tado da manobra
tado manobra foi a dispersão dispersão dos votos votos dos pretos pretos e a derrotaderrota
de todos candidatos de côr.
todos os candidatos côr. O negro negro não não podepode defender-se
defender-se nas nas
câmaras assembléias. 1:
câmaras e nas assembléias. £ obrigado
obrigado a aceitar aceitar a proteção
proteção do
branco. O domínio
branco. domínio da cla~e classe dominante
dominante se exerce exerce atéaté no terreno
terreno
de suas
suas reivindicações.
reivindicações.
Essa fiscali:zação
fiscalização não não párapára aí. Não Não basta
basta impedir
impedir a união união doe dos
negros. tÉ preciso
negros. preciso também,
também, visto visto queque alguns
alguns de côr côr sobem,
sobem, vigiar
vigiar
essa ascensão, para para que que não não seja demasiado
demasiado rápida rápida ou ou em númeronúmero
muito grande.
n1uito grande. A ascensão ascensão deve deve ser ser individual
individual e não coletiva. :t
não coletiva. É
por WOisso que vigilância se exerce
que a vigilância exerce a um um tempo
tempo sôbre massa e sôbre
sôbre a massa sôbre
as pe~s.
pessoas. O negro negro que que sobe sentirá
sentirá sempre
sempre que que devedeve a sua sua ascensão
ascensão
apenas à amizade
apenas amizade ou à proteção proteção do branco, branco, e não não aos seus seus próprios
próprios
esforços. Será bem bem tratado,
tratado, mas mas dar-lhe
dar-lhe-ão entender que
..ão a entender que não não passa
de um subordinado, e que, se não
um subordinado, não corresponder
corresponder às expectativas
expectativas de
comportamento que
comportamento que o branco branco espera
espera dele, dele, poderá
poderá cair cair de de novo.
novo.
:to
£ o que
que explica,
explica, pelo
pelo menos
menos em parte, parte, por por que que o paternalismo
paternalismo con• con­
tinuou numa
tinuou numa sociedade
sociedade capitalista
capitalista fundada,
fundada, por por conseguinte,
conseguinte, na
livre
livre concorrência.
concorrência. :tsse Êsse paternalismo
paternalismo subsiste,
subsiste, apesar apesar de de tudo,
tudo, na na
nova estrutura
nova estrutura social, porque é um
social, porque um meio meio de de controle.
controle. Uma Um a das das hit-
his­
tórias
tórias biográficas
biográficas que que colhemos
colhemos mostra vigilância sôbre a ascen•
mostra essa vigilância ascen­
prêto:
são do prêto:
“Trata-se de um
"Trat.a-se prêto que estudou
um prêto estudou no Liceu Coração de Jesus.
.. Pr~to
Prêto retinto.
retinto. Aluno
Aluno extraordinàriamente
extraordinàriamente bem bem dotado
dotado e muito m uito apli•
apli­
Apesar do preconceito
cado. Apesar reinante na escola,
preconceito reinante escola, os professores
professores nunca nunca
puderam apanhá
pudera~ apanhá-lo ..Io em falta,falta, e nãonão tinham
tinham remédio remédio senão dar-lhe dar-lhe
..
..
..
,.

..
itELAÇõES r a c i a i s e n t r e NEGROS
r e l a ç õ e s RACIAIS ENTRE n e g r o s EE BRANCOS
b r a n c o s EP.f
EM SÃO
SAO J>AULO
PAULO 173

melhores notas.
as melhores notas. Embora
Embora fôsse muito muito amável
amável e procurasse
procurasse fazerfazer
amizades com
amizades com todos,
todos, os seus colegas
colegas brancos
brancos não não gostavam
gostavam dele.
dele. Ma•Ma­
nifestavam-lhe ostensivamente
nifestavam-lhc ostensivamente o seu desprêzo. desprezo. l\fasMas êle
êle continuava
continuava
trabalhar e conseguiu
a trabalhar conseguiu passar passar no concurso
concurso parapara oo Correio.
Correio. Foi Foi
enviado como chefe
e n v ia d o como chefe de uma uma ~gência
agência postal
postal a umauma cidadezinha
cidadezinha do
interior. Os
interior. Os brancos
brancos não podiam aceitar
n ã o podia1n aceitar a situação,
situação, de de tnodo
modo que que
combinaram para
combinaratn para arrancar
arrancar dele dele utn
um recibo
recibo por
por um.
um pacote
pacote queque nãonão
ffôra entregue na
ôra entregue na agência,
agência, a fim. fim dede mover-lhe
mover-lhe um um processo.
processo. Foi Foi
despedido correio. Voltou
d e s p e d id o do correio. Voltou a S. Paulo Paulo para
para tentar
tentar viver
viver como
como
contador. Mas
contador. Mas todas
todas as portasportas fechava111-se
fechavam-se à sua sua chegada,
chegada, e teve
empregar como
de se empregar como operário
operário de fábrica".
fábrica”.
O noMo
O nosso infor111ante
informante declarot1:
declarou: ''O“O negro
negro nãonão poderá
poderá subir
subir Sõzi.
sòzi-
nho. 1:
oh.o. £ preciso
preciso queque o compreenda''.
compreenda”. No No entanto,
entanto, ainda
ainda prevalece
prevalece
fórmula usada
a fórniula usada porpor u01 um dos nossos
nossos entrevistados
entrevistados de côr: côr: ''C,ada
“Cada qualqual
por si e Deus
Por Deus porpor todos".
todos”. Criou-se
Criou-se nono negro
negro uma
uma mentalidade
mentalidade opor- opor­
tunista. :t
tunista. É preciso
preciso estarestar setnpre
sempre coD1
com o governo,
governo, seja qual qual fôr,
fôr, para
para
ter empregos
ter empregos e apoio. apoio. ÉÉ precisopreciso aproveitar
aproveitar o suborno
suborno dos partidos
partidos
políticos que
Políticos que disputam
disputam a clientela
clientela de côr, parapara infiltrar-se
infiltrar-se por
por toda
toda
parte. O prêto
a parte. prêto continua
continua a procurar,
procurar, quando
quando pode,pode, padrinhos
padrinhos
brancos para
brancos para os filhos,
filhos, que que os de(defendam protejam mais
endam e protejam mais tarde.
tarde.
Com relação
Co01 relação à 01assa,
massa, a política
política do branco
branco é a do do ''laissez-faire''.
“laissez-faire”.
Não há
Não há barreiras
barreiras legais:
legais: a escola,
escola, a aprendizageID,
aprendizagem, a usina,usina, estão,
estão, dede
direito, abertas
direito, abertas a todos.todos. Não Não é pois
pois a1lpa
culpa do branco
branco se o prêto prêto
não aproveita
não aproveita as suas suas oportunidades.
oportunidades. Não Não se podepode obrigá-lo
obrigá-lo a pro- pro­
curar uma
curar uma "( “felicidade”
elicidadet' que que não
não corresponde
corresponde à sua sua própria
própria concepção
concepção
vida, ao seu
da vida, seu ideal.
ideal. O controle, aqui, é urna
controle, aqui, uma ausência
ausência de de con-
con­
trole. Consiste
trole. Consiste e01 em deixar
deixar ao ao prêto
prêto a tnaior
maior liberdade
liberdade po~ível,
possível, a
levar a vida
de levar vida a seu bel bel prazer,
prazer, em
em vez de ensinar-lhe
ensinar-lhe a pa~ passar da
mentalidade pre-capitalista
mentalidade pre-capitalista à mentalidade
mentalidade capitalista,
capitalista, de luta.luta. As
próprias barreiras
próprias barreiras que que examinamos
examinamos num num capítulo
capítulo anterior,
anterior, e que que
tornam a vida
tornam vida profissional
profissional do homem homem de côr côr uma
uma espécie
espécie de corrida
corrida
obstáculos, desanirnan1
de obstáculos, desanimam as vontadesvontades JI1ais
mais firmes.
firmes. A tna~ massa de côr côr
abandonada à sua própria
é assim abandonada própria sorte,
sorte, que
que se defenda
defenda como
como puder.
puder.
líderes negros
Os líderes negros imaginaram,
imaginaram, pois, pois, emem vez de mudar
mudar a mentalidade
mentalidade
antiga, e de dar
antiga, dar a e~ essa mas.~a
massa uma
uma mentalidade
mentalidade proletária,
proletária, substi-
substi­
tuir, simplesmente,
tuir, simplesmente, pelo pelo antigo
antigo paternalismo
paternalismo das das famílias
famílias tradicio-
tradicio­
nais, um
nais, um paternalismo
paternalismo novo, novo, do Estado.
Estado. Rectamam
Reclamam leis leis de
de proteção
proteção
econômica (contra
econômica (contra o imigrante)
imigrante) e de de ajuda
ajuda financeira
financeira (bolsas
(bolsas dede es-
es­
tudo especiais,
tudo especiais, bancos
bancos de crédito,crédito, para
para formar
formar uma uma classe
classe dede pe-
pe­
quenos propTietários
quenos proprietários de terra, terra, de pequenos
pequenos negociantes
negociantes etc.).
etc.). Houve
Houve
mesmo quem
mesmo quem preconizasse
preconizasse a criaçãocriação de de um
um "Serviço
“Serviço de de Proteção
Proteção do do
Negro Brasileiro,,
Negro Brasileiro” análogoanálogo ao "Serviço
“Serviço de de Proteção
Proteção ao 1ndio"Índio” já .

existente.
existente.
O branco
branco não parece, por enquanto,
não parece, enquanto, ter-seter-se deixado
deixado tocartocar porpoT
esses
esses pedidos. Continua a sua
pedidos. Continua sua dupla política, uma tirada
dupla política, tirada do do passa-
passa-

~....
| * %




lNQUtRITO UNt!.Sco.A
• _!_1~74:~-----------------==:~NJithinl
,
-do a ddo paternalism ternalismoo - outra outra tiradatirada do do mundo
m undo novo novo, a ddo ---.._ .
de r·? ,tsse1,.
do
~r L
a o pa
”- o paternalismo
.' ,,. paternalism o para para o negro negro que que sobe,
sobe, a fjm '
fiin de o ''la·
_. 1.iiJ.fC • o . d ''I . [ . '' iscaJ1
ascensão nos vários degraus;
sua ascensão e~a us; ? o “laissez-faire"
ad•~selhz. a1re p a ra ddeixar
para eix * *^ zar a
massa funde Oo mais poss1ve
afunde possível 1 e 1mpeim n ·- e que
pedn-lhe q u e faça efet· <!Ue
faça efetiv 4ue a*
massa a D I d •varn
concorrê ncia ao branco.
concorrência branco. D ee um
1e.
um lado a o o controle
controle afetivoafetivo , d~ Oameot ouentee
a ausência
U sência total total de controcontrole. _ ’ ° °utr0°utr,
tro
a a , . d f
-- Entretanto
Entretanto, um esp1r1to espirito novonovo ten tendee a formar-se.
ormar-se. O b ra rw
meça
meça a perceber
perceber que
'
que o etnocentrismo
.
e~ocen_t ~1smdocus custa
ta mais
.
~adis do _que que rende.
rende tJ~ r ~
ranco co.
gra nde massa negra,
grande negra, não ut1 11za a pela
nao utilizada pe 1a industrialização
1n ustr1alização v· v* ~*
mais ou menos como parasita para~1t~ · e obrigando
o b r1~a~
· do o of bbranco
ranco aa grandes ' · •vendo
grandesl^er*dodesl\A...
assist~ncia nos hospitais,
sas de assistência hosp1ta1s, constitui
const1tu1 um um fardo ardo e não não um pnr - -r"-
. - d. _rove1ro
para
para o O Estado.
Estado .. :u~os Muitos patroe~t
patrões disseram-nos
1sser;m:nos qf~e. que desejariam
desejariam empre,. ° Veit0
gar negros muni munidos __ de uma
os de ubma cu cultura ! cnda1casuficiente,
u:r:3 técnica sNu1c1ent~, _e e quei^mpre“
queixaram.
se da falta falta de mão mao dee obra espec1a 11za . N a p
o ra especializada. penur1a
en ú ria em J * 3”1’
encontram, não
encontram, nao ... f.
fariam questao
ar1am questão - d daa côr ,. da
cor pe Ie. P
da pele. outro quese
o r outro
Por iV
lad*
r p n l i c m n de certos n
«rtmno
vi&Taosao realismo negros,
^ P T H R . nnp
que csep /dão I õ a conta das oportu ~•
dades novas ofereci~s pelo momento atual e <J~e se esforçam n;
integrar-se numa soaedade de classe, com a cond1çao de serem acepot
pelo proletarta. do com to das as vantagens que a ela~ tein e IOS e
primeiro lugar a da mobilidade vertical.
um efeito sôbre a personalidade.
Porém tal mobilidade
Desenvolve a 11m tempo O senti.
te:
mento do decoro, da liberdade moral, mas também uma suscetibi-
lidade maior a qualquer ilquer discrimmaçao
discriminação ou simples alusão
ou simples alusão à côr. côr. De De
onde as crises de agressividade agressividade numa sociedade ainda
numa sociedade ainda não-cristali-
não-cristali-
zada de
zada de tipo puramente capitalista
tipo puramente capitalista ou ou de de classes,
classes, e em em queque se se chocam
chocam
os
os valores
valores do do tempotempo da da escravatura
escravatura com com os novos novos valores,
valores. É ~ pre-
pre*
estudar agora
ciso estudar agora êsse estado estado de de tensão
tensão racial.
racial.
'
O DOMÍNIO
O RACIAIS
DOM1NIO DAS TENSÕES RACIAIS TENSÕES
Tais
Tais crises dede agressividade
agressividade ocorrem
ocorrem sobretudo
sobretudo no no extrato
extrato mais
baixo da população
baixo população de A lbures, a agressividade,
de côr. Alhures, quando existe,
agressividade, quando
está recalcada,
está recalcada, já já não forma senão
não forma senãó umauma ondaonda de de ressentimento.
ressentimento.
abolição da
Após a abolição da escravatura,
escravarura, os negros
negros fugiram
fugiram das das fazendas,
fazendas,
foram para
foram para as cidades,
cidades, masmas aa industrialização
industrialização mal começava,
mal começava, de
modo que
modo que não
não encontraram emprego. Aliás o trabalho
encontraram emprego. trabalho rural
rural não
não
preparara para
os preparara trabalho da cidade.
para o trabalho cidade. Se algunsalguns deles
deles voltaram
voltaram
depois para as fazendas
depois para abandonadas e aí se fixaram
fazendas abandonadas fixaram como
como lavradores,
lavradores,
outros
outros continuaram
continuaram a vegetar nos bairros
vegetar nos bairros mais
mais miseráveis
miseráveis de de S. Paulo,
Paulo.
ormaram essa
Formaram e~sa plebe
plebe de
de que
que falamos
falamos e da qual
qual se destaca
destaca aos poucos
aos paucos
·uumm P~ 0 _1et~r1adooperário.
proletariado operário. EssaEssa plebe
plebe foi atingida
atingida pelo movimento
pelo moviment~
dee reivm~1cação
reivindicação dos dos líderes
líderes negros,
negros, mesmo
mesmo quandoquando não segu~,
não os segue;
e~
V como T n^° nao t~m nada
nada a perder,
perder, pode dar livre
pode dar curso à sua
livre curso sua agressi-
agr~i-
vidade e..- Perdida anonimato da grande cidade,
Perdida no anonimato cidade, basta um nada, nada,


•' '
. t~
RELAÇÕES RACIAIS
RELAÇõES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS EE BRANCOS
BRANCOS EM SAO PAULO
EM SÃO PAULO
175
175

um
0111 encontro ':1sual,.
encontro casual, umauma discussão
discussão num
num bar,
bar, a saída
saida de um baile, baile,
para que
para que a v1olênc1a
violência apar~ça.
apareça. :f:st~
Êste mata
mata a irmãirmã que que se tomou
tom ou
amante de um branco,
âmante branco, traindo,
traindo, assim, a raça".
raça”. Aquêle
Aquêle injuria
injuria 0o
estrangeiro que
estrangeiro que vem roubar
roubar o pão pão do "nacional'\
“nacional”. A.a As coleções de
jornais revelam
jornais revelam êsses dramas.
dramas. O brancobranco fala
fala então
então do "novo“novo negro".
negro”.
Mas nãonão quer
quer verver o verdadeiro
verdadeiro "novo“novo negro",
negro”, o que que aceita
aceita a socie-
socie­
dade
dade de cla~s
classes e tenta
tenta acomodar-se
acomodar-se nela.
nela. "O “O novo
novo negro" para êle
negro” para
êsse rapaz
é ê~ rapaz atrevido
atrevido e malandro
malandro que que se veste à americana,
americana, com
camisas de côrescôres vivas, calças avelã avelã apertadas
apertadas no tornozelo,
tornozelo, e que que
vira a cabeça
vira cabeça das mulheres da vida.
das mulheres vida.
Todavia, parece-nos
Todavia, evidente que
parece-nos evidente não se devem
que não devem itnputar
im putar todos
todos
êsses atos
ê~es atos Unicamente
unicamente à sua sua agressividade.
agressividade. TalT al agressividade
agressividade sente-se
sente-se
sobretudo nos
sobretudo nos bailes
bailes negros.
negros. A tnaioria
maioria deles
deles estão
estão fechados
fechados aos
brancos não.acompanhados
brancos não-acompanhados por por a01igos
amigos de côr.côr. Pois,
Pois, como
como vi1nos,
vimos,
concorrência sexual
a concorrência sexual é forte.
forte. Alguns
Alguns brancos
brancos tencionavam
tencionavam passar passar
o fim do ano
0 ano no baile
baile da Gloria
Gloria Mocidade
Mocidade Brasileira.
Brasileira. Mas os pre- p re­
número maior,
tos, em número maior, repelirani-nos.
repeliram-nos. Furiosos, voltaram at
Furiosos, voltara1n armados
1r1ados
de navalhas,
navalhas, revólveres
revólveres e punhais,
punhais, decididos
decididos a provocar
provocar uma uma briga.
briga.
Esperaram, escondidos
Esperaram, escondidos na noite, noite, o fim do baile
baile e, à saída,
saída, um negro
negro
que acompanhava
que acompanhava uma um a moça,
moça, levou
levou uma
uma facada.
facada. Outro
O utro clube
clube de
baile,
baile, situado
situado na na rua
rua Batista
Batista de Andrade,
Andrade, eraera mal
mal visto
visto pelos
pelos vizi-
vizi­
nhos brancos,
nhos brancos, queque pediram
pediram o seu fechamento
fechamento à polícia.
polícia. Esta Esta visitou
visitou
o loc.al mas nada
local mas nada encontrou
encontrou de anorn1al.
anormal. Então
Então alguns
alguns jovens
jovens bran-
bran­
resolveram formar
cos resolveram formar ou pagar pagar um bando
bando de malandros
malandros para para inva•
inva­
dir o salão
dir salão durante
durante o bailebaile e provocar
provocar desordens.
desordens. Desse modo, modo, po-po­
deriam conseguir
deriam conseguir o fechamento
fechamento do clube. clube. Como
Como se vê, trata-se
trata-se de
dramas do "meio"
dramas “meio” entre
entre a rapaziada
rapaziada baixa. tensões se restrin-
baixa. As tensões restrin­
gem a à um
um círculo pequeno e pouco
círculo pequeno pouco interessante.
interessante.
Outros estados
Outros estados de tensão
tensão se produzem
produzem no no outro extremo da es-
outro extremo es­
social. Mas
cala social. Mas a propósito
propósito de negros
negros estrangeiros,
estrangeiros, e não não nacio-
nacio­
nais.
nais. Ora,
Ora, aconteceu
aconteceu que que a bailarina
bailarina afro-americana
afro-americana KatherineK atherine
Dunham não
Dunham não conseguiu
conseguiu alojar-se
alojar-se no Hotel Esplanada apesar
Hotel Esplanada apesar de ter ter
reservado um apartamento
reservado apartam ento com dois antecedência. Já
dois meses de antecedência. Já
havia
havia acontecido
acontecido o mesmo mesmo a Carol Brice. A cantora
Carol Drice. cantora Marian
M arian An-
derson,
derson, sabendo
sabendo do ocorrido,
ocorrido, cancelara antecipadam ente o quarto
cancelara antecipadamente quarto
que
que havia
havia reservado.
reservado. Mas nem nem Carol
Carol Brice
Brice nem
nem Marian
M arian Anderson
Anderson
criaram um
criaram um caso. Katherine
Katherine Dunham,
Dunham , ao contrário,
contrário, queixou-se
queixou-se
amargamente discriminação de que
amargamente da discriminação que era
era objeto.
objeto. Chegou
Chegou mes1110
mesmo
a processar
processar o hotel,
hotel, provocando
provocando o protesto
protesto dosdos jornalistas contra o
jornalistas contra
preconceito
preconceito de que que era vítima. O caso
era vítima. levado à Assembléia
caso foi levado Assembléia e
deu origem à lei Aíonso
deu origem Afonso Arinos,
Arinos, que
que pune
pune severamente
severamente todos todos os esta-
esta­
belecimentos que
belecimentos que recusarem
recusarem a entradaentrada a uma pessoa de côr
uma pessoa côr sob
pretexto de raça.
piitexto raça. Mas Mas a lei Afonso
Afonso Arinos, longe de fazer
Arinos, longe fazer desapa•
desapa­
recer
recer os estados
estados de tensão
tensão manifestos,
manifestos, revela-os
revela-os mais claram ente à
mais claramente
luz do dia. Mal Mal foi votada
votada pelapela Assembléia,
Assembléia, um um chofer de cami• cami-
176 INQUÉRITO
INQUtRITO
UNESCO-ANl-fEM
UNF.sco"
·•"'-N
l·IE~tn1
F-

nhão processou uum m ppatrão u e lhe re


a trã o qq11e recusara
c u s a ra uum_
m eemprego
m p re g o „naa
-
\it.v
. ~

Paulo-Santos. Um Um fato an análogo,


álo g o , alguns
a lg u n s dias
d .a s depois 11nha
___;__ ,,n%
«"- o0 Paulo-Santos. d ep o is, oco®»
rn n tra u m a
...,ai Rio· a queixa de um prêto contra uma sociedade recre' ?correu.
no
no Rio:· que
a queixa de um prêto contra d
uma
fº sociedade re c re a t^
ativa 0^
tuguesa lhe recusara
recusara a entraentrada» a 1rmando
a, afirm ando o porteiro
porteiro qu Por P^r*..
á cosa fôra
cusa fora motivada
motivada pelo fato de se ter ter o prêto apresentadqueC aª r(S
prêto apresentado re-
convite de outra pessoa, e d
respondendo d o prêto ê
que o fato erao co°m
coin °
~utra pessodad, e_respo~ en o pr to que fato comu:
e que a única e ver a erra razão
verdadeira razao estava
estava na sua côr. mun* .......
Em geral as tensões apresentam-se
apresentam-se sob sob umumaa forma meno
form a menos
tacu lar.
tacular. O ''tabu
“tabu da ..
cor '' ,
côr”, que que se •
1ncu
inculcaIca aos pequenos brasil?1**
pequenos bra s. es1,e-
.
1e1ros
.
d o, a timidez "d d s1
bem educados de um la lado, t1D11ez doo negro negro do outro,
outro, torn*^
torn
difícil êsses
êsses conflitos aberios fora
conflitos aberíos fora da plebe, exceção dos p
plebe, com exceção -a:rn
pret**
1 é • d I retos
norte-americanos.
norte-~mericanos. O controle é,
..cbontr? e , J?OIS, pois, duplo:
E up o: do branco
branco sôbre si
próprio e do prêto
próprio prêto sôbre
so re si pr 6 pr10. Era
s1 próprio. ra o que
que dava relacõ 8*
dava às relac”
inter-raciais no Brasil o clima de doçura
inter-raciais doçura que que tende desapar~ es
tende a desaparecer
branco nao
hoje, o branco - sa
não b en d o m
sabendo .
uito
muito bbem
em queque at1tu. d e tomar
atitude tomar par cer
com o negro que sobe, e o negro, negro, por por sua vez, hesitando
hesitando entre entre ªa
atitude da capitulação
atitude capitulação passiva e a sua recente recente altivez,
altivez, mais suscetíve:
suscetível

Todavia, o preconceito
Todavia, preconceito toma formas formas demasiado dissimuladas e lar-
demasiado dissimuladas lar:
vais, por
por trás de umauma porção
porção de razões aparentem aparentemente válidas, “falta
ente válidas, ''falta
vaga'', “não
de vaga”, ''não há trabalho
trabalho no m momento''
om ento” — - para
para que
que possa haver
demasiado brutais.
resistências demasiado brutais.
Mas, um dia, sob a influência
influência dos chefes
chefes negros,
negros, quemquem nos diz
que não haverá
haverá outras
outras formas
formas de resistência?
resistência? Associações
Associações de côr
for1nam-se e não se limitam
formam-se limitam a uma uma função
função educativa.
educativa. instru-
São instru­
mentos de defesa de um grupo
mentos grupo e de sua tom tomada consciência. o
ada de consciência. O
negro está na encruzilhada
encruzilhada de dois caminhos:
caminhos: ou aceita aceita a sociedade
. de classes
classes para
para subir
subir progressivamente,
progressivamente, aproveitando
aproveitando todas todas as possibi­
possil>i-
lidades que se lhe oferecem,
lidades oferecem, procura
procura de mão mão de obra, obra, escolas técni­técni-
cas -— ou então,
então, para acelerar a sua ascensão
para acelerar ascensão e qquebraru eb rar a resistência
resistência
do branco,
branco, queque defende
defende os seus postos
postos de comando,
comando, entra entra numnum mo­ mo-
vimento
vimento de ampla ampla reivindicação,
reivindicação, mais mais ou menos
menos inspirado
inspirado no das
sociedades negras
negras norte-americanas.
norte-americanas. O branco branco vê nisso o ponto ponto de
partida
partida de um enquistamento
enquistamento não não mais
mais imposto
im posto por p o r êle, resultante
resultante
de barreiras
barreiras porpor êle erguidas,
erguidas, mas voluntário
voluntário e dirigido
dirigido contra
contra êle.
Reage
Reage pois, . com uma
uma violência
violência igual
igual à do negro
negro na
n a formação
formação dos
seus próprios
propr10s grupos:
grupos:
''O certo é que
“O que ninguém
ninguém pode pode dizer, honestamente,
dizer, honestam que, no
ente, que,
comunidade branca
Brasil, ao lado da comunidade branca,, há um umaa comunidade
com unidade negra, negra,.
como sucede, por por exemplo,
exemplo, nos EstadosEstados U Unidos
nidos ou nas nas próprias
próprias
colô?ias portuguesas
colônias portuguesas da África.África. Se bem bem que,que, ultim
ultimamente, te?ha
am ente, tenha
surgido uma corrente
surgido corrente “africanista”,
''africanista'' neste país procurando
neste país, procurando explicar
explicar
tudo o~ que
tudo que se passou
pa~u em quatro
'
quatro séculos
'
séculos de história
história pela pela influência
infl,?ênc~a
.
africano •".• E é
do africano., é certo
certo também
também que que alguns
alguns “líderes
''líderes negros”
negros eestão st ao
aparecendo
aparecendo agora,agora, criando supostos ''quilombos'',
criando supostos “quilom bos”, ''frentes
“frentes negras''
negras” e
f .:.••


'
r e l a ç õ e s r
RELAÇÕES a c i a i s eENTRE
RACIAIS n t r e NEGROS
n e g r o s eF. bBRANCOS
r a n c o s E~I
em SÃO
São PAUi.O
PAULO li7
177

“associações
''associações de hho?1ens o m en s de d~ còr
côr''.. O ra, isso
Ora, i,so só serve para p a ra in cen tiv ar
incentivar
o0 odioso preconceito,
preconceito, ao invés de atenuá-lo. atenuá-lo.
Imaginemos
Im aginem os qque u e aamanhã criassem associações
m a n h ã se criassem associações de hom homens
ens bbran-
ra n ­
cos ppara
a ra se ddefende~em
efen d erem contrac o n tra as de homhomensens de
d e ccôr.
ô r . . .. Seria
Seria Oo co-
co­
rolário desse desassisado
rolário desassisado esforço esforço desagregador
desagregador levado
levado a cabo pelo pelos•
''l i'd eres ne
· “líderes
tais gro s'' •
negros”.
Felinnente
F elizm ente os própriosp ró p rio s negros
negros e mulatos,
m ulatos, que
q u e circulam
circulam e traba-tra b a ­
lham liv livremente
rem en te pporo r aí, jamais
ja m a is levaram
lev aram a sério êsses pãndcgos.
pândegos. Pân- Pân­
degos oouu espertalhões?”
espertalhões?'' (*) (l)
Um
U m clima
clim a de insegurança
in seg u ran ça está pois começando
com eçando a insinuar-se
insinuar-se em
São P Paulo comoo em ooutras
au lo com u tra s grandes cidades do Brasil.
g ran d es cidades B rasil. E, com comoo fre­
fre-
quen tcmente
q u e n te m e n te o preco
preconceito
n ceito de côr tem ppor o r base o mêdo, m êdo, só ppodeode
encontrar
en co n trar aalimento favorável nesse clim
lim e n to favorável climaa de desconfiança.
desconfiança.

OS ORGÃOS
ORGÃOS DE FISCALIZAÇÃO
FISCALIZAÇÃO SOCIAL.
SOCIAL. I - A IGREJA
IGREJA

A Igreja
Igreja Católica
Católica não pode, naturalmente,
não pode, naturalmente, pelo ecumenis­
pelo seu ecumenis-
mo, aceitar uma
mo, aceitar uma distinção
distinção de côr. Todos Todos os homens irmãos,
homens são iI·mãos,
visto que
visto que têm têm um um Pai Pai comum.
comum. Mas Mas essa igualdade
igualdade é uma uma igual­
igual-
dade perante
dade perante Deus; Igreja, como
Deus; e a Igreja, social, é obrigada
instituição social,
como instituição obrigada
a levar
levar em contaconta a desigualdade
desigualdade das civilizações
civilizações ou dasdas classes so­ so-
ciais, a diferença
diferença de níveisníveis culturais ou econômicos
culturais ou econômicos entre
entre os homens.
homens.
Deve adaptar-se
Deve hierarquia dos Seres para
adaptar-se à hierarquia para pôr
pôr o bembem comum,
comum, o
Evangelho, ao alcance
Evangelho, alcance de todos.
todos.
:t
Ê o que explica a razão
que explica razão por
por que, na era
que, na era colonial,
colonial, a Igreja
Igreja mul­
mul-
tiplicou os catolicismos,
tiplicou catolicismos, se nos fôr permitida
nos fôr perm itida e~aessa expressão
expressão à pri­ pri-
meira vista
meira vista contraditória.
contraditória. Houve
Houve um catolicismo para
11m catolicismo para os índios,
índios, •

com danças
com danças e cantos,
cantos, que que tentou
tentou aprofundar
aprofundar as suas suas raizes
raizes até
até o
próprio humus
próprio humus das civilizações
civilizações autóctones.
autóctones. HouveHouve depois
depois umum cato-
cato­
licismo africano,
licismo africano, para para os escravos,
escravos, com
com irmandades especializadas,
ÍI111andades especializadas,
como as de São Benedito
como Benedito e a do RosárioRosário dosdos Pretos,
Pretos, que
que tentou
tentou
conservar certos
conservar certos traços
traços das
das culturas
culturas africanas
africanas a fimfim de pô-los
pô-los a ser-ser­
evangelização: as realezas
viço da evangelização: realezas bantus,
bantus, o gosto
gosto dos
dos discurso5y
discursos, as
guerras inter-tribais
gt1erras inter-tribais que que continuaram
continuaram sob a forma forma de danças
danças dos dos
Congos ou
Congos ou dos
dos Moçambiqttes,
Moçambiques, patrocinadas
patrocinadas e fiscalizadas
fiscalizadas pela
pela Igreja.
Igreja.
Pode-se mesmo
Pode-se mesmo ir além. Adaptando-se à variedade
além. Adaptando•se variedade dosdos níveis
níveis cultu­
cultu-
rais
rais entre
entre africanos,
africanos, alguns
alguns recém-chegados outros já
batizados, outros
recém-chegados e batizados,
nascidos na
nascidos na terra
terra e assimilados, outros aincla
assimilados, outros ainda filhos uniões entre
filhos de uniões entre
pretos
pretos e brancos,
brancos, a IgrejaIgreja fundou irmandades especiais
fundou irmandades especiais de “negros
''negros
selvagens”,
selvagens'', de “creoulos”
''creoulos'' e de mulatos.
mulatos. Às vezes chegou
chegou mesmo
mesmo a
aceitar
aceitar as divisões
divisões étnicas,
étnicas, tanto
tanto que,
que, nasnas cidades
cidades da da Bahia e de
------
(1) Danton
Danton Jobim,
Jobim, “''Pândegos
Pândegos ou Espertalhões?”
Espertalhôn?'',, Diário Carioca. 6-7-951.
6-7-951. -

1 •.
: '\
INQU~RITO lJNisco.AN
178
- litMnr
Minas,
...
r · estavam
certas confrarias
confrarias b eras
t
estavam aabertas apenas
ap en as aos Na A ----..
Naprt«
.JT.11nas,
aoss Bantus ocidentais, outras
Bantus ocidentais,
• o Ba t
outras aaoss B an
da ,, g _, o
contra-costa''' °Utr**
n tuuss d a “contra-costa’» Utraa
~o d'a ela
impedia ela, mantendo
m antendo as "nações"
“nações” antagonistas
an tag o n istas à
à somb
som bra · *
• Assim
e
ra da Assü*
ddo Cristo,
impe J , • d
ruz
A •

Cristo a fonnação
formação de umaum a consc1enc1a
consciência dee classe entre e n tre o« Cru*
o
explorados. '
Mais am• d
a, ~cen t uava a d i.f erença de côr entre os escravo~:
ainda, acentuava d iferen ça d e côr e n tr CSCraVos
e JJluJatos.
mulatos. Sobretudo
Sobretudo fazia pen!trar p e n e tra r na n a alma
alm a dos descendendescend negros negr°8
africanos
africanos a noção da sua separaçao separação e da d a sua subordinação
su b o rd in ação tes de
cos
cos numa
numa sociedade
sociedade comum, comum , porém
p o rém fortemente
fo rte m e n te hierarq
h i e r a r q u ~os
i z a bra:n
n ^ * •
castas.
castas. De sua
Dc sua separaçao, .,
separação, visto que
.
q u e as con
f •
rar1as dos neiros
co n frarias
UlZatla
negros ··:* em ***
suas igre 1·ase que,
igrejas que, nas capelascapelas dos engenhos eng en h o s a missa
--
m issa nãon ão Se se cel^K1
ce 1
tlllhani
ebra~
13111
na mesma hora hora parapara o~ os escravos e os patroes, p atrõ es, ou então e n tã o estes úlC J j - yqa
ficavam dentrodentro do recinto, recinto, enquantoe n q u a n to os escravos ficavam f - llnos
escravos ficavam 111108
adro, contentando-se
adro, contentando-se em seguir seguir o ritual ritu a l através
atrav és da porta p o rta orab, no n°
De sua subordmaç~o • -
subordinação em ~gu1 ·c1a
seguida,, visto •
visto q~e, q u e, se as irmandades
irm an d ad a erta ·
côr
côr tinham
tinham seus reis e rainhas,
• ""'
rainhas, o tesoureiro
f .
te so u re iro era
.
obrigatòriam 8 de
era obrigatoria
mente ^
côres, éé vcrdad
A
um branco.
branco. As proc1ssoes procissões festivas estivas uniam u n ia m as cores, verdade
separando-as
separando-as e h1erarqu1zan· ·
hierarquizando-as, d o-as, as con f rarias,
co n frarias, • de pretos
p reto s abr·abrie, d”138
.l
mas
,, . . b inuo a
marcha,
marcha, os "homens
“hom ens bons” b ons -— a ar1stocrac1a
aristo cracia b ra ranca
n c a -— non o fim e °en° 3
.
os dois grupos,
grupos, como um traço
d
traço d e un1ao
. --
u n iã o entre
e n tre os dois
d . , , tre
01s catolicism
c a to lic j^ * 6
d e-se, nessas d .~ ~
o clero. Compreen
0 Compreende-se, nessas con içoes, que
condições, p rim e iro m °**
q u e o primeiro .
mento
m ento de protesto
protesto dos pretos, pretos, o de d e 1789, na n a revolta
re v o lta chamada
cham ada .. :
“d^"
Alfaiates"
Alfaiates” ou "dos Franceses”, se fez contra
“dos Franceses", c o n tra essa distinção
d istin ção entreentre u um
catolicismo
catolicismo prêto p rêto e um branco, branco, a favor fav o r da d a supressão
supressão das confrari: confrarias
especializadas, do
espedalfaadas, do culto culto dos santos santos de côr c ô r e mesmo
m esm o contrac o n tra O o catoli~
catoli-
cismo
cismo romano,
rom ano, demasiado
dem asiado hierarquizado,
h ie ra rq u iz a d o , por p o r um u m catolicismo
catolicism o brasi- brasi-
leiro, modelado sôbre o
leiro, modelado sôbre o "galicanismo" “g alican ism o ” ou o u quem
q u e m sabe sabe mesmo
m esm o sôbre 0o
"anglicanismo",
“anglicanism o”, mais m ais respeitoso
respeitoso da d a fusão
fu são das das côres
côres e das das civHfaações,
civilizações
característica
característica da sociedadesociedade mista m ista do d o Brasil.
B rasil.
A Igreja
Igreja hoje hoje abandonou
abandonou todos todos os elementoselementos que, que, no no duplo
cristianismo dos tempos
cristianismo tempos coloniais,
coloniais, podiam podiam ter ter sido
sido úteis
úteis na na obra
obra de
evangelização, mas
evangelização, mas que que hoje hoje se se arriscariam
arriscariam a dificultar dificultar a assimila- assimila­
cristianismo dos negros
ção do cristianismo negros ao ao dos dos brancos,
brancos, m antendo o sincre-
mantendo sincre-
tismo de outrora,
tismo outrora, o empréstimo
empréstimo de de certos
certos traços
traços das das civilizações
civilizações afri- afri­
canas, como
canas, como o coroamento
coroamento dos dos reisreis do do Congo,
Congo, as danças danças dos dos Moçam-
..
biques no
biques no adroadro das das igrejas
igrejas ou ou a pem1issão
permissão aos aos negros
negros de de praticar
praticar
seus "batuques"
seus “batuques” nos nos diasdias de de festas
festas religiosas
religiosas..
tsses elementos ffolclóricos
Êsses elementos persistiram sem
olcJóricos persistiram sem dúvida
dúvida no no interior,
interior,
porém desligados do
porém de.slígados do domínio
domínio da Igreja, Igreja, ou ou em em todo todo casocaso em em vias de
desligar, para
se desligar, para viver
viver de de uma uma vida independente. O padre,
vida independente. padre, do
alto púlpito, condena
alto do púlpito, condena os batuques batuques como imorais. O catolicismo
como imorais. catolicismo
negro .não
do negro não devedeve serser de de outra
outra natureza.
natureza. Mas Mas a separação
separação con!inua continua
a ser
ser aceJta,
ªmí^fAc aceita, reconhecendo-se
reconhecendo-se qu que·e o prêto prêto prefere
prefere a companhia
- __ t_•
companhia de
ou!ros pretos e que
outros pretos que o branco branco não nao gosta gosta de de se encontrar
encontrar na na compa•
compa*
nhiaia dos pretos. Existe
^os pretos. Existe ainda ainda em em S. Paulo P aulo uma confraria dos Pre-
um a confraria Pre­
Rosai io, com
tos do Rosário, com sua sua capela
capela especial,
especial, com regulam ento, suai
com seu regulamento, suas

I
JlELAÇõES
r e l a ç õ e s RACIAIS
r a c i a i s ENTRE
e n t r e NEGROS
negros E
e BRANCOS
b r a n c o s EM SAO PAULO
e m SÃO PAULO 179

festas e sua sua procissão.


procissão. Mas as barreiras barreiras são apenas
apenas preferenciais
preferenciais e
não mais
não mais obrigatórias.
obrigatórias. Há Há alguns
alguns brancos,
brancos, nessa irmandade,
irmandade, que que
tomam parte
tomam parte nas nas missas ou ou nas procissões. As paredes paredes estanques
estanques
d e s a parecer_ani.
desa pareceram . . .
Igreja sente
A IgreJa sente perfeitamente
perfeitamente as mudançasmudanças que que a urbanização
urbanização e
industrialização estão
a industrialização estão introduzindo
introduzindo em São Paulo, Paulo, como também
também
percebe a manutenção
percebe manutenção de grandes grandes segmentos
segmentos da antiga antiga estrutura
estrutura so-so­
Respeita tanto
cial. Respeita tanto melhor
melhor êsse períodoperíodo de "transição"
“transição” quanto
quanto é
adversa a qualquer
adversa qualquer transfor1nação
transformação brusca, brusca, ou ou revolução.
revolução. Conhece
Conhece
perigos que
os perigos que os movimentos
movimentos violentos, perturbando os homens,
violentos, perturbando homens,
podem fazer
p0dem fazer correr
correr às almas.
almas. Não Não aceita
aceita senão
senão as mudanças
mudanças pro-pro­
lentas. Por
gressivas e lentas. Por isso mantém
mantém ainda
ainda o velho
velho costume
costume da Irman-
Irman­
dade do Rosário.
dade Rosário. Mas Mas ao 111esmo
mesmo tempo
tempo te1n
tem obrigações
obrigações de ignorar
ignorar
0o preconceito
preconceito de côr, e se pôs a serviço da nova nova sociedade
sociedade nascente,
nascente,
que é de classes. O tipo
que tipo de controle
controle vai,
vai, pois,
pois, mudar.
mudar. A A Igreja
Igreja
vai agoraagora apoiar
apoiar a incorporação
incorporação do negro negro ao proletariado
proletariado operário,
operário,
embora 1nantendo
embora mantendo a separação
separação entre entre a classe baixa baixa ·ee a burguesia.
burguesia.
oO que
que lhelhe importa
importa é a situação
situação social, não não a racial,
racial, o fator
fator econômico
econômico
mais que
mais que a côr da pele. pele. Ou Ou antes,
antes, o tom
tom da da pele,
pele, para
para ela,
ela, como
como
para as antigas
para antigas famílias,
famílias, jogará
jogará apenas
apenas como
como símbolo
símbolo de de um
um certo
certo
estatuto inferioridade social. :t
estatuto de inferioridade É o queque explica
explica que que ela
ela siga as
idéias dessas velhas
idéias velhas famílias
famílias ou ou mestno
mesmo da da burguesia
burguesia dos im.igrantes
imigrantes
enriquecidos ou de seus descendentes.
enriquecidos descendentes. Os colégios colégios religiosos,
religiosos, como
como
o ''des
0 “des Oiseaux.'',
Oiseaux”, ou ou de ''l' ‘TAssomption”,
Assomption'', que que são ''elegantes'',
“elegantes”, desti-
desti­
nados à educação
nados educação das das nieninas
meninas da da elite,
elite, barrain
barram a entradaentrada dos seus seus
externatos e, com
externatos com niais
mais forte
forte razão,
razão, dos internatos,
internatos, a todos todos os ele-ele­
mentos de
mentos de côr,
côr, niesmo
mesmo aos mulatos.
mulatos. Não Não aceita111
aceitam senãosenão famílias
famílias da da
“alta”, as c1ue
''alta'', que se jactam,
jactam, co1n
com ou ou sem razão,
razão, dada pureza
pureza do do seu
seu sangue.
sangue.
Em compensação,
Em compensação, nas nas escolas primárias
primárias e profissionais,
profissionais, o prêto prêto será
será
admitido em igualdade
admitido igualdade de condições
condições com com o branco.
branco. O caso do Li- Li­
ceu Coração
ceu Coração de Jesus é particulannente
de Jesus particularmente significativo.
significativo. Compreende
Compreende
duas séries,
duas séries, uma uma de ,ultt1ra
cultura hu111anista
humanista e outra outra de artes artes e ofícios.
ofícios.
Ora, quando
Ora, quando um um prêto
prêto se apresenta,
apresenta, informam-no
informam-no de que só há
de que
vaga no
vaga no curso
curso técnico.
técnico. Para Para entrar
entrar no no de
de humanidades
humanidades será será indis-
indis­
pensável que
pensável que o prêto
prêto seja
seja muito
muito protegido
protegido por por um um branco,
branco, que
que seja,
seja,
por exemplo,
por exemplo, portador
portador de uma carta de um
uma carta um bispo
bispo ou ou dede um
um padre
padre
influente. Sem
influente. Sem isso, a política
política consiste
consiste emem fazer
fazer do prêto
prêto umum bombom
operário, ajudar
operário, ajudar a sua sua mobilidade
mobilidade vertical
vertical pelapela aprendizagem
aprendizagem de de
um ofício,
um ofício, transformando-o,
transformando-o, de de operário,
operário, em em mão-ele-obra
mão-de-obra especiali-
especiali­
zada. Mas
zada. Mas é preciso
preciso que
que fiquefique nono "4'eu
“ceu lugar"
lugar” no no grupo
grupo proletário,
proletário,
subir apenas
subir apenas dentro
dentro do do grupo,
grupo, e não não aprender
aprender latim,latim, queque é a porta
porta
aberta às profissões
aberta profissões liberais,
liberais, isto isto é, à burguesia.
burguesia. Assim Assim explica-se
explica-se a
opinião dos
opinião dos nossos informantes de côr,
nossos informantes côr, que
que fazem
fazem distinções
distinções entre
entre
diversas ordens
as diversas ordens religiosas
religiosas do do ponto
ponto de de vista
vista do preconceito
preconceito de
côr, que sustentam por exemplo
que sustentam exemplo que Salesianos têm mais sim-
que os Salesianos

iINQUtRITO
n q u é r it o n E s c o .ANHE m b i
uUNEsco.AN
180 , liE~tn1
a

palia. por Cie»


paria por
êles que os Beneditinos,
Beneditinos, oouu qque
b .1 • u e os padres
p ad res it
i •
,aiian,
1
a 1an0
--
•mais b evolentes que os brasileiros.
. benevolentes ras1 e1ros. a»oss São ^
m__ais en . 1• ,. f
Julgamos
1 amos necessar10
necessário 1gar
ligar esses
êsses atos,
fatos, na
n a medida
m ed id a em n
exatos,
exatos,
Ju aosagosgraus
graus do ensino, àà natureza
do ensino
á .
natureza das
·
das escolas
escolas oouu ain
á •
aindd a T qàue
a d·
h - sã0
SS°
ªd
«idade d das paróquias,
paróquias, prolet
proletáriasrias ar1stocr
ou aristocráticas. t1cas. £:t ainda
aind » d'ver.
iver..
,1 a e . a a ne
siªdade de respeitar
sidade respeitar a ordem existente, oo tem
_ existente, temor . o r das agitaç-agitações ,.e,Ces-
oes ,,v"10 1
ces,.
,as 0o sentido das evoluções 1entas q
e,·oluçoes lentas que exp 11ca pporque
u e explica o rq u e a -1 Wgr ;; •en..
tas, ita
aceita, em certas ,
paroquias,
paróquias,• ''f"lh
1
“filhas as d
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M ar1a.
aria” '' ou
o u ' ·-
'1rttiãos
“irm ãos m -eJa
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de
de côr.
Cô r .
porque
E porque,
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cm outras,
outras, •
aceitam-nos,
aceitam -nos, mas
m as com tant
tantas as rest •”
s
S
ões que desanimam os candidatos.
ções candidatos. Por
P o r outro
o u tro lado,
lad o , nos ce
centr t CS,rÍ' r1..
Ç C ' 1• ) n ros d
J
J .O_0 .C.e.. (Juventude
(Juventude Operaria ' ª
O perária C ato 1ca , ppor
atólica), o r se tratartr a ta r de gen gentt~ ,°S d daa
mesmo nível social, da mesma classe, oo nnegro
mesmo eg ro é aadmitidod m itid o nnuu m ni- 0
igualdade com o branco.
igualdade branco. Trata-se
Trata-se ainda ainda de não fomentar ammipé de
não fomentar
de classes,
classes, (o (o negro
negro sen d ªd
o considerado
cons1 era o mal d I
ma educado d
e ucado para para entrar*1
entr m1stt1ra
sendo **
irmandades ·
marianas, ) d e ·
a1u
irmandades marianas), de ajudar -integração d ar a ·
1ntegraçao - d
doo negro
negro ao ar nas
p roo1eta
pr l^..
. . d
riado
riado e de lhe fornecer fornecer uma ed ucaçao religiosa
uma educação re 11g1osa dee classe. Tamb Tamhé
não há discriminação
discriminação nos grupos grupos das das velhas
velhas beatas beatas que que trabalh
trabalha”1 m
para a igreja
para igreja do bairro,
~airro, costurando
costurando ou º?. ~o~dando
bordando toalhastoalhas de ai~: altar

e limpando
limpando e enfeitando
enfeitando com flores flores art1f1c1a1s
artificiais as capelas.
capelas. Pois es essas
velhas beatas são - em geral
sao gera I pessoas de d e con d. -
1çao h ·
um1Ide
condição humilde reunidas e reunida sas
pelo mesmo fervor religioso. A classe, ajudada
fervor religioso. ajudada pela pela Fé, prevalece
prevalec!
sôbre as raças.
Mas está claro que a Igreja,
claro que quando lhe
Igreja, quando acontece fazer
lhe acontece distin-
fazer distin­
segundo a sua
ções, inspira-se, segundo
ções, própria expressão,
sua própria expressão, no ''bem das
no “bem
almas” e não
almas'' não no preconceito.
preconceito. Por Por exemplo,
exemplo, os Beneditinos
Beneditinos aceita­ aceita-
ram para um
ram para um dos seus cursos noturnos um
cursos noturnos um professor
professor que que lhes fôra
recomendado
recomendado por carta; quando
por carta; quando êste êste se apresentou,
apresentou, viram viram que se
tratava de um
tratava um prêto.
prêto. Os fradesfrades tentaram
tentaram ganhar
ganhar tempo,
tempo, pediram-lhe
pediram-lhe
que voltasse daí
que daí a três
três dias, depois
depois daí daí a uma uma semana,
semana, finalmente
finalmente
pediram
pediram outro outro professor.
professor. Explicaram
Explicaram que que os alunos
alunos não não aceitavam
um
um mestre negro, que aquilo
negro, que poderia acarretar
aquilo poderia dificuldades de dis­
acarretar dificuldades dis-
ciplina,
ciplina, que sofreria com a situação
que êle sofreria situação e que,que, desse
desse modo,
modo, “para ''para o
bem de uns como do outro”, outro'', eraera melhor
melhor nãonão tentar
tentar a experiência.
experiência.
Cita-se também
também o caso de um um Beneditino,
Beneditino, pregador
pregador de de grande
grande ta­ ta-
lento, amigo dos pretos. pretos. Mandou
Mandou vir vir um negro para
um negro para pregar
pregar e de­ d~-
pois beijou-o
pois beijou-o na na testa
testa à guisa felicitação. Os
guisa de felicitação. Os seus
seus superiores
superiores fi­ f 1•
zeram-no comparecer perante êles
comparecer perante êJes e censuraram-no,
censuraram-no, depois depois transferi­
transferi•
ram-no. Consideraram
Consideraram tais manifestações
manifestações ostensivas
ostensivas de de afeto
afeto, deslo­
deslo•
cada~ e~ susceptíveis
cadas su~ceptíveis de desagradar
desagradar aos fieis brancos, de
fieis brancos, d~ chocá-los
cho_ca-l~s.e
de dim1nu1r
diminuir a sua fé. Mandar Mandar um um prêto
prêto prègar,
pregar, vá lá, isso lisonjeia l1son1eia
0 senso democrático
o • senso democrático do brasileiro,
brasileiro, mas beijá-lo já éé diferente,
mas beijá-lo diferente, é roa• ma­ !
nifestar
nif estar uma
urna espécie de críticacrítica dos brancos éé passar
dos brancos, passar da da relação
relaça o ca­ e.a•
óri_ca,
· que
ttegórica,
~ eg_ que é a que que prevalece
prevalece na na sociedade, '
sociedade, à relação
relação afetiva
afeti~a• àe de
int• nud ade. Citaremos
intimidade. Citaremos ainda ainda um último caso
um último caso, entre
entre os Salesianos,
0
des,,ía~ V~;
ve?; uin jovem branco fizera-se
µµ:i jovem fizera-se amigo íntimo íntimo de um um pr&o;prêt<lJ o$~
.
, .
l•' .·

RELAÇÕES rRACl
REL:\ÇôES a c i a1\IS
i s ENTRE
e n t r e nNEGROS
e g r o s eE bDRA~COS
r a n c o s eE~I a o PAUI.O
m sSÃO PAlJI.O
181

I

padres chamaram-no
padres chamaram-no para para fazer-lhe
faze~-lhe compreender
com preender que que devia
devia escolher
escolher
seus amigos
amigos entre
entre os de sua cor, que os seus pais ficariam
côr, que ficariam descon­
descon-
tentes
tentes com as suas preferências,
preferências, que que a educação
educação m moral
oral dos negros
negros
é ainda
ainda frágil
frágil e que,
que, por
por conseguinte,
conseguinte, a sua amizade amizade era perigosa
perigosa
para
para a m oralidade e~ a fé.
!11oralidad~ _
~ Assim o catolicismo
catol1c1smo se põe poe do ladolado da ordemordem,, e a ordemordem é a
sociedade existente,
sociedade existente, em que que o negro
negro tem seu lugar lugar marcado,
marcado, porém
porém
subordinado e inferior.
subordinado inferior. Põe-se do lado lado dos valores
valores tradicionais,
tradicionais, queque
consideram
consideram o prêto, prêto, mesmo
mesmo educado,
educado, com certa certa desconfiança,
desconfiança, aindaainda
muito
m uito próximo
próxim o da África,
África, ainda
ainda portador
p o rtad o r da herança
herança da escrava-
escrava­
tura,
tura, e perigoso
perigoso como com companheiro,
panheiro, sobretudo
sobretudo do ponto vista
ponto de vista
sexual. E
sexual. Entretanto sociedade perm
n tretan to essa sociedade permiteite a ascensão
ascensão progressiva
progressiva
negro, como indivíduo
do negro, indivíduo isolado,
isolado, e não não como
como coletividade.
coletividade. A
Igreja encarrega-se,
Igreja encarrega-se, em defesa defesa da ordem,
ordem, de fiscalizar
fiscalizar essas ascensões
individuais. Em primeiro
individuais. lugar, pelas
prim eiro lugar, pelas escolas, fazendo
fazendo a seleção dos
melhores
melhores elementos,
elementos, orientando-os,
orientando-os, porém,porém , para
para o ensino
ensino técnico,
técnico, e
fiscalizando as relações
fiscalizando relações de camaradagem.
cam aradagem . Êm Em seguida, disciplinan-
seguida, disciplinan­
jovens que
do os jovens que lhe são confiados, fazendo dêles
confiados, fazendo dêles bons
bons cristãos
cristãos e
bons operários,
bons operários, que que hão de preencher
preencher um umaa função
função úútil sociedade.
til na sociedade.
Dir-se-á queque a Igreja
Igreja im impede inteiramente
pede inteiram for1nação
ente a form ação de uumama
burguesia de côr? Não;
burguesia Não; mas exerce exerce a sua fiscalização.
fiscalização. N Naa UUniver-
niver­
sidade Católica
sidade Católica existem
existem alunos
alunos e mesmo professores de côr. T
mesmo professores Toda-
oda­
via êsse paternalism
paternalismo o religioso continua e apoia
religioso continua apoia o paternalism
paternalismo o fa-
miliai
m ilial das antigas
antigas famílias
famílias tradicionais.
tradicionais. Em primeiro prim eiro lugar,
lugar, o mu-
m u­
lato é mais
mais facilm
fàcilmente aceito que
ente aceito que o prêto.
prêto. Em seguida,seguida, os elemelemen-
en­
escolhidos são os que
tos escolhidos que se recom
recomendaram
endaram pela ligação com os
pela sua ligação
membros
membros do clero, clero, pela
pela sua uniãounião estreita
estreita com a Igreja.
Igreja. É ainda a
É ainda
política
política da defesa
defesa da ordem existente: os postos
ordem existente: postos de com comando
ando nas
nas
mãos dos l)rancos,
brancos, mas evitando
evitando estados
estados de tensão,
tensão, por
p o r um fenômeno
fenôm eno
de capilaridade,
capilaridade, fiscalizado
fiscalizado em todas todas as fases do processo.
processo. Trata-se
T rata-se
de preparar
p rep arar talvez
talvez uma
um a sociedade
sociedade sem distinção
distinção de côr, cor, mas
mas que
que
não se pode
pode realizar
realizar num
n u m dia,
dia, e que
que exige
exige precauções.
precauções.

PARtNTESE SôBRE A RELIGIÃO


PARÊNTESE SÔBRE RELIGIÃO DOS PRETOS
PRETOS NA SUA
RELAÇÃO COM O PRECONCEITO
RELAÇÃO PRECONCEITO DE CÔR
CôR

O
O prêtoprêto aceita,
aceita, até certo
até certo ponto,
ponto, essa essa fiscalização.
fiscalização. O culto
O culto dos dos
santos favorece
santos aceitação. Cada
favorece a aceitação. Cada qual tem seu
qual tem santo preferido,
seu santo preferido, a
quem dedica
quem dedica umum pequeno
pequeno altar em casa,
altar em casa, cuja
cuja imagem guarda pre­
imagem guarda pre-
1
ciosamente,
ciosamente, e queque é objeto
objeto de
de rezas
rezas especiais.
especiais. Para
Para êste
êste é Sao Fran­
São Fran-
cisco, para
para aquêle
aquêle São Jorge.
Jorge. PorPor que
que não teria o prêto
não teria prêto também
também
os seus santos prediletos como
santos prediletos como S. Benedito
Beneclito ou ou Santa
Santa Ifigênia? Visto
Ifigênia? Visto
serem
serem da
da sua
sua côr,
côr, hãohão de
de compreender
compreender certamente melhor que
certamente melhor que os
santos
santos brancos
brancos as suas suas necessi<lades
necessidades e sofrimentos cotidianos. Não
sofrimentos cotidianos.


W
lNQll «t .Rrt·ro
o uNrsco
lJN F.~c:c)..'\ N li"
a n

J18~2~--------------
:~
m ml'llior nms têm ta111l1é1n
-
o scntin1ento
- ·-
de
----
...~'"•
.
Só com preendem d melhor m s têm tam bém sentim ento

SÓ compreen e
• 1 uma
racial»
dade rac1a • u •
preferência pelo
n1a preferência
.
~l -
1
pe o com l'<>n11>at1·101a
patriota
.
da
ta
l
n1esn1a ori
mesma
. orieem so
2em po
1•<lar·
1<s
•e..
· ê-Io-ão e defemhMo-ão
protegtMo-5o deíen<t~ l • ao p eran te a Virgem
pt't·ante Virgem ou ou '"' ' . r..
. . ·r·
w n t o
tanto proteg o C'.r1,1t
Assim . o 0 culto
lto dos santos santos 1usr1 justifica 1ca um u1naa ct ..rta separação,
certa sepa1·ação „naa « £ .£ "? · o,•
Assim
do . c_un,o
catolicismo,
do cato 11cis ,
a
a criarão
criaçao')
de
de famílias
famílias espirituais,
espirituais,
d
~•1>aren[adas
aparentadas
. . mrnasl ,.1•
unidade
.
tintas, e verenios
veremos pretos pretos m anterem o d ltp
manterem u p lo 1o catolicismo
catolicismo de qu f (r u1s.
tintashá
mos , á pouco.
1 pouco. J&i Já não lhes
não lhes é in1posto imposto pelo branco.
pelo branco. :t
£ co·
c ‘jJ! e tal*ala.
isa su:.
mos 1
assim
assim
. como o O prêto
prêto norte-americano, que
norte-americano,
.

q11e faz
f
az ainda
d
.
ainda mais mais questão
quest- ^ -.
an qu
o branco
br anco de ter suas igrejas
ter suas igre1as pretas, pretas, separa separadas as das das dos dos bran branco- ^ e
o cos, os
líderes pretos
líderes pretos de S. Paulo Paulo encontram
e!1contram mesmo mesmo nesse catolicismo neS’ °S
nesse catolicismo
ssibilidade de conseguir
a possibilidade conseguir postos postos de ho
de honra,n ra, cargos de
cargos de conr·
c o n fia gro
^0
Po
ade subir d e a d qu1r1r . . respeita. bºlº •ança
subir no seio do grupo, grupo, de ad q u irir respeitabilidade m aior e ^ ' i idade maior
possibilidade . . ainda
fortifica . d mais . a m anutenção - da da tradição' e/T essa*
possibilidade fortifica ain a madis... _madnutençao _tradição colo-
nial. Aludimos
nial. Aludimos a um uma _~ certa
certadten tendência
...encia do b~ negro
negro paulista paulista ao enquis- eno ‘
tamento. .tsse
tamento. cato 1icismo de
Êsse catolicismo ~ corcôr com com bina ina com com essa tendência**e
essa tendência
não é raro
não raro queque seus chefes sejam
seus chefes se1am ao mesmo mesmo tem tempo organizador *
po os organizado
das associações
associações de defesa defesa dos do~ pretospretos ou ou mesmo, m_esmo, p poro r umumaa curioT curiO:
união, das escolas
união, escolas de samba, samba, isto isto é, dos dos desfiles
desfiles carnavalescos,
carnavalescos, numa numa
época
época em que que a Igreja Igreia condenacondena ? o Carnav~l
C arnaval como com<? !esta festa pagã,pagã, e insti insti.
tui, durante
tui, durante êsse período, periodo, três três dias dias de de retiro
retiro espiritual espiritual para para os fieis. fieis
Aceitaria
Aceitaria a Igreja, Igreja, como como a sociedade sociedad~ leiga, I~iga, a idéia idéia de de que
<Jue o O ne?ro
negro
é diferente
diferente do branco, branco, de que que tem tem dd1~e~to ireito a um~ um a certa certa l1cença,
licença, proi- proi­
bida
bida aos outros, outros, e de que que o seu seu catolicismo
catolicismo é ainda ainda um um catolicismo
catolicismo
de crianças
crianças grandes,
grandes, que que precisam
precisam de de divertim
divertimentos? entos?
Seja comocomo fôr, fôr, não não sòmentesomente o negro negro aceitou aceitou a fiscalização fiscalização do
c.atolicismo, mas
catolicismo, mas aindaainda criou criou um umaa ideologia
ideologia católica. católica. Vê, no cato- cato­
licismo
licismo ecumênico,
ecumênico, o melhor m elhor meio meio de de lutar
lu ta r contra co n tra os preconceitos preconceitos
dos brancos,
brancos, e de realizar realizar a sociedade sociedade fra te rn a l de
fraternal de am anhã.
amanhã.
O preconceito
preconceito vem vem do orgulho orgulho e do do d in h eiro , dizem
dinheiro, dizem êles, mos- mos­
trando que
trando percebem bem a inextricável
que percebem inextricável uunião
n iã o entre en tre a côr côr e a
classe. À medida medida em que que a humanidade
h u m an id ad e se cristianizar, cristiani7.ar, a caridade caridade
matará
matará o orgulho orgulho e abolirá abolirá os privilégios. privilégios. Êsses
:tsses pretos pretos insisteminsistem nas
raízes africanas do
raizes africanas cristianismo, para
do cristianismo, p ara m mostrar
o strar o lugar lu g ar em eminente
inente que
orupam
o a JP^m no amor amor do Cristo, Cristo, e também tam bém que q u e o cristianism
cristianismo o não não éé uma uma
religião
religião de brancos brancos imposta imposta ou ou aceita
aceita p por o r ooutrasu tra s raças raças de de homens;
homens; é
também uma
também uma coisa coisa dêles. Em “O ''O N ovo Horizonte'',
Novo H o rizo n te”, jornal jo rn al da im• im­

prensa negra,
prensa negra, depara-se
depara-se a seguinte seguinte afirm afirmação: ação: ''J “Jesus,
·esus, em em cujascujas veias,
como homem, homem, corria corria tambémtam bém sangue sangue negro, negro, pelo p elo m enos segundo
menos segundo 0o
Evangelista
Evangelista que que diz, diz, da da sua Santa Santa Mãe, M ãe, ''Nigra
“N ig ra est, est, sed fo11nosa''. Se
sed formosa”. Se o0
vocábulo
vocábulo latino latino “nigra”
''nigra'' traduzido
traduzido em em nosso
nosso idiom idioma a significa significa negra, negra,
preta, escura,
preta, imaginemos
escura, imaginemos qquanto
u a n to deve deve so sofrerfrer Nossa Nossa Senhora, Senhora, aª
Santa
i^ Virgem,
ir§em; em ver, ver> do alto alto do do seu tro trono, n o , em em qque sentada ao
está sentada
u e está
lado°«v° do seu filho glorioso, glorioso, tu tudo d o o qque sofreu a raça
u e sofreu raça nnegra''· eg ra”.
''Verti. esta gota de sangue por ti'' - é a palavra de eri.sto .a
Pa«r*i itSta ^ ° ta san§ue p o r ti” — é a p alav ra de Cristo a
PascaJ •
flJO C
Ih
~ · ªJoe ado no seu desespero. Poder--se=iatranspar a
n a d o n o SC U d M P s n p r A P n / Í a v - c a - Í d f r í i n ç n o r 2 l
fra
£ t2 Sse ^
C
cé-
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.. T , .....---

r1lF..f,AÇô1':S
F I A ÇAKS RACl.i\J~
RACIAIS eEN f . nNf.<;
n "Ii rR~ e g r.~l~
os F,F. BRANCOS FM ~ÃC)
l~ ~\NC~)c; E~I SAO PAUI.O
P,\ ~ 1.0 1^3
183
--
lebre e para
para o negro
negro e f ,,zer
fazer dizer
dizer ao Cristo:
Cristo: ''Verti
“Verti esta gota de meu
meu
Ierb ·ó ó meu · - obscuro,
sangue negro
sangue negro por por ti, t1, meu irmão
1rmao o b scuro, côreôr das docc!t
doces noites
noites do
meu pais , ·''•
país”.
1
O
() negro
negro que que a,·eita
aceita o ajustamento
ajustam ento pacífico
J>acííit(J das
<.las <c>res,
<f>res,e te11ta
tenta tirar
tirar
proveito dele, se não
oveito <lele, não parapara esta vida, vida, pelo
pelo menos
menos para para a outra,
outra, en<.on-
encon­
or ará
trará nesse . .
cristianismo
crist1an1~m<• paternal
}Jaterna 1 uma
uma segurança
segurança e uma
uma d oçura que
doçura que
1
o: encantam.
encantam. Mas há também
!\,las há também resistências.
resistências. AlgunsAlguns denunciam
denunciam a co­ co-
ligação entre entre a Igreja Igreja e a sociedade, sociedade, afirmam
afirmam que que o catolicismo
catolicismo
constitui um dos núcleos
constitui núcleos de mais mais forte resistência ao prêto,
forte resistência prêto, um dos
centros cristalizadores
centros cristalizadores do preconceito preconceito de côr. Um Um delesdeles chegou
chegou mes­mes-
mo a dizer-nos
dizer-nos que que era era o catolicismo
catolicismo o responsável
responsá,·el pela pela miséria
miséria
negro, inculcando-lhe
do negro, inculcando-lhe uma um a moral
moral de submissão.
submissão. RetomandoRetom ando de
certo modomodo a opinião opinião de Marx, Marx, mas mas transpondo-a
transpondo-a da classe para para a
raça, êle via na religião religião “o "o ópio
ópio do povo”povo'' mas do povo povo de côr, ensi­ en~
nando-lhe
nando-lhe que que o ReinoReino de Deus Deus é dos que sofreram na terra
que sofreram terra e que que
as penas
penas do mundo m undo constituem
constituem méritos méritos no outro.outro. Ao passo passo queque o
branco
branco se consideraconsidera um instrum instrumento ento da Divina
Divina Providência
Providencia fazendofazendo
o0 negro sofrer visto
negro sofrer visto que que assim lhe garante depois da morte
garante depois morte a sal­ sal-
vação eterna.
eterna. São êsses, pelo pelo menos, têrmos do seu discurso.
menos, os têrmos discurso.
Mas essas duas ideologias opostas,
duas ideologias opostas, a do valor valor supremo
supremo do cato­ cato-
licismo como como solução
solução do problema problema racial,racial, e a da resistência
resistência à Igreja
Igreja
instrumento
como instrum exploração e de domínio
ento de exploração domínio dos brancos, brancos, não não se
encontram senão
encontram senão em pequenas pequenas minorias.
minorias. U Uma m a das perguntas
perguntas do
nosso questionário
questionário tratava tratava da religião,
religião, ou melhor,
melhor, da prática reli-
prática reli­
giosa. É notável notável o fato fato de não não serem,
serem, êsses pretos, preto~ praticantes,
praticantes,
embora
embora sejam, sejam, em sua maioria, maioria, católicos
católicos romanos.
romanos. São batizados, batizados,
frequentaram
freqüentaram catecismo, catecismo, fizeram fizeram a primeira comunhão, quando
prim eira comunhão, quando po- po­
dem casam-se na igreja, igreja, mas não não vão regularm
regularn1ente ente à missa, só “de "de
vez em quando”,
quando'', nem nem comungam
comungam pela pela Páscoa.
Páscoa. Catolicismo
Catolicismo social
mais que que místico,
místico, espécieespécie de símbolo símbolo de incorporação
incorporação à tradição tradição
brasileira, mais
brasileira, mais que pessoal e vivida.
que fé pessoal existência do negro
vivida. A existência negro se
desenrola
desenrola fora fora dos quadrosquadros eclesiásticos
eclesiásticos ou confissionais.
confissionais. ~lais
Mais no
terreno de futebol
terreno futebol do que que nas nas sacristias, mais nas ruas
sacristias, mais ruas do que que à
sombra
sombra perfumperfumada capelas. E isso
ada das capelas. ~ tantotanto na cl~ classe m média como
édia como
na baixa.
baixa.
Um
U m certo
certo número
núm ero de negros negros paulistas deram sua adesão
paulistas deram igreja
adesão à igTeja
protestante. Os que
protestante. que se converteram
converteram e que que pudemos
pudemos interrogar
interrogar ale- ale­
garam como
garam como um umaa das razões razões da sua sua conversão
conversão a inexistência
inexistência de um umaa
linha de côr
linha côr ou de um preconceito preconceito qualquer
qualquer no protestantism
protestantismo. o. U Umm
médico
médico de Santos, Santos, casado
casado com um umaa branca,
branca, e que que perdera
perdera a m mulher,
ulher,
procurara
procurara pôr pôr a filha
filha em São Paulo Paulo num num bom colégio de religiosas,
bom colégio religiosas,
mas
nias encontrara
encontrara por por toda toda parte
parte a porta porta fechada.
fechada. Finalm Finalmenteente con- con­
seguira ~atriculá-la
segui~a matriculá-la num num colégio batista. E, passando
colégio batista. passando a freqüentar
frequentar
1gre1a, convertera-se.
essa igreja, convertera-se. £:t curioso
curioso notar
notar que que aqui aqui se pas.sa
passa justa-
justa-

•.

'
. . . ·~ - . -'71:' j ~
,,
• (·• ..
1

•••
' •,j

INQUÉRITO
INQUtRITO ,UNn Es c o .a n

I~---------------------
184 __E_s~c~,O~-A::_Np~
a.c.~nr
~
mente o contrário
á iododo que
q u e ocorre
ocorre nos Estados
Estados Unidos,
Un.dos, e pelas
pel
ente o contr r
me”,..‘ Nos
1· . . as ltles
m N Estados U Uriidos, cato 1c1smo atrai
n.dos. o catolicismo atrai cacla
cada vevez ~ •lllas
razoes. os • d ... • z Illa18
devido
d 1 inexistência dee segregaçao
"do à inexistência segregação na missa mISsa ou na s os
negros ev f d . . na co
”hfo_ pascal. 1 A razão está no fato ato dce serem catolicismo nna A tllu ..
serem o catol1c1smo
do
nhao pasca .
Norte
do N or e t e
e o
O protestantismo
protestantismo
.
.
na
.
d S 1 1· ·-
doo

u
Sul p
re 1g1ocs
religiões m
a tnér•
minori·tá .
inoritáriasr,?>
tias d
ica
modod que só padem
podem seduzrr
seduzir minorias.
minorias. ara bem
Para bem compreend;
compr -, rdee
mo o que . d ,. . eender
.1nex1s
inexistência preconceitos dee cor
. tê n ci·a de preconceitos cor - no protestantismo
protestantism
, . o bra s11e1r- a
.
brasilei,! .
mais particularinente no de S. Paulo,
. particularmente Paulo, o unico unico que que nos nos interes«
inter v e 6
mais . 1. d ,, . ,, U . essa no
momento, ~ to é preciso evocar evocar o eclima 1ma dee seita” seita • U m maa m minor·
inoria c “°
momen , 'd . d d "d 1. • 1a cert
f1•1eir
• as, defende
fileiras, defende a . sua. solidariedade,
so11
. ar1e a e,. a. v1 vida re
, 1giosa é mais
_a religiosa .
mais inte
intens a
que na Igreja ma JOritária, e a participação
Igreja majoritária, part1c1paçao àa mesma mesma fé é mais mai ^. a
portante
portante que
Isso se
~!f
que. as diferenças
se vê mais nitidamente
erenças de classe
nitidamente nas seitas
cla~e ou de . raça, ra~a, cria
recem-cr1adas como
seitas recem-criadas
cria umumaa íam íl^'
como a de d P
fa:Ui::
p
tecostes ' • cujos
Gloria,
tecostes da Glória, · ffieis
CUJOS ieis d evem abster-se
• • devem a b st er-se ded e qualquer coe t en.
qualquer conta6?' _
•• 1 • • á • n acto
com os descrentes, visitam visitam apenas
apenas os correligionários,
corre 1gion rios, e se casam entr e
si. Quando
Quando o negro •
incorpora ao grupo
negro se mcorpora é
grupo é consi .d
consideradoerado um “irmão” ntre
''irmão''
tratado como tal.
e tratado
Mas em geralgeral as diversas
diversas igrejas
igrejas protestantes
protestantes não não se recrutam
recrutam no
. . . b no
mesmo meio. Há igrejas mais
Há igrejas mais burguesas,
11rguesas, como como a metodista,
metodista, e igre^ ine-
J•as mais proletárias,
jas proletárias, como como .a de Pentecostes,
Pentecostes, . constituindo
constituindo a* a Batista
Batist a
uma transição.
transição. Por conseguinte o protestantismo
Por conseguinte protestantism o pode pode também
também aju- aiu-
dar a “classificar”
dar ''classificar'' o homemhomem de côr, côr, incorporá-lo
incorporá-lo na na classe média média*
dar-lhe um estatuto honorabilidade. O puritanismo
estatuto social de honorabilidade. puritanism o pro^ prO:
testante une-se então
testante então ao puritanism
puritanismo o negro negro e se funde funde com êle.
Mas todo o protestante convicto é um
protestante convicto um m missionário,
issionário, sente-se
sente-se res­ res-
ponsável
ponsável pelo pelo irmão
irmão que que está fora fora do júbilo cristão.
jú b ilo cristão. O negro
negro pro­ pro-
testante
testante não pode querer gozar
pode querer gozar egoisticamente
egoisticam ente de sua sua situação
situação rela­ rela-
tiva de conforto
conforto em face da miséria m iséria material
m aterial e moral m oral da classe de
côr. Nada Nada de surpreendente,
surpreendente, pois, pois, nono aparecim
aparecimento ento de chefes chefes ne­ ne-
protestantes. Êles
gros protestantes. .tles conhecem
conhecem m melhor realizações culturais
elhor as realizações culturais dos
negros norte-americanos
negros norte-americanos e sabem sabem q que tais realizações
u e tais realizações são muitas muitas
vezes obra
vezes obra das igrejas
igrejas protestantes.
protestantes. Desejariam
D esejariam fazer fazer o mesmo mesmo no
Brasil. Mas herdaram herdaram do protestantism
protestantismo o o q que costumaa chamar
u e se costum chamar
''o dialeto
“o dialeto de Chanaan”,
Chanaan'', essa gíria gíria bíblica
bíblica desconhecida
desconhecida dos outros
dos outros •

negros, de tradiçãotradição católica,


católica, de m modo
odo qque u e as suas suas atividades,
atividades, que
conservam um ar de prédica, prédica, não não agradam
agradam, , ao q queu e parece,
parece, à massa.
Acabamos
Acabamos de mencionarm encionar a influência
influência norte-americana.
norte-am ericana. Talvez Talvez
convenha dizer
conv~nha dizer aqui
aqui um umaa palavra
palavra sôbresôhre u m a te
uma n ta tiv a de um
tentativa um prêtoprêto
do Rio que que quisquis fundar
fundar em S. P au lo uuma
Paulo m a ig reja pprotestante
igreja ro testan te negra,negra,
com uma hierarquiahierarquia de anjos pretos, bem
anjos pretos, bem caracteristicamente
caracter is ticam en te afro-
norte-americana.
norte-americana.
. Não nos
Não nos parece,
parece , eentretanto necessário insistir
n tre ta n to , necessário insistir no
caso, pois o pastor
caso, pastor da seitaseita foi prêso,
prêso, dizem,
dizem , por sedução de !-1~ª
p o r sedução uma me­ me•
morreu na cadeia.
nor, e morreu cadeia. Os fiéis disseram disseram qque u e os seus inimigos 0o
seus inimigos
?1ª~daram
man ram prender prender e depoisdepois o envenenaram
envenenaram. . M Mas as o caso caso é que que essa '

igre1a nunca
Jgreja nunca teve um grande grande n ú m ero de
número d e adeptos, e qque u e alguns deles deles
'
. ~J Cll'M
- .-ittJD •• = .. -- --· -,-- - - • -- - ------ - • --~- -.._,.._ ....,...~
.. - ..... .._ ... .. ......
- •. • ·---,, • . ·- ,..

I •
-.,J
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RgI aÇÔES RACIAIS


JtEI..AÇÕES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS E BRANCOS E~l
E BRANCOS EM SAO
SÃO PAULO
P.~Ul,0 185
185

brancos.
01 brancos.
eram Hoje
H agonizante com uma
oje está agonizante uma dúzia
dúzia de fiéis no
er:ximo,
máximo, num num subúrbio
subúrbio da capital,
capital, Poá.
rn As conversões
conversões de negros
negros ao espiritismo
espiritismo são muito muito mais numero­
numero-
protestantismo.
sas que ao protestantismo. uma das razões invocadas
Mas uma invocadas com mais
freqüência
freqüência permanece
permanece a mesma mesma numa numa religião
religião como na outra, outra, a
usência de qualquer
ausência qualquer preconceito
preconceito de côr. O espiritismo espiritismo com efeitoefeito
:é em s. S. Paulo
Paulo umauma religião
religião de gente pobre que
gente pobre que vem pedirpedir aos espí­
espí-
ritos, por por intermédio
intermédio dos mediuns,
médiuns, conselhos
conselhos para para a vida
vida prática,
prática,
remédios para
remédios para os males
males do corpo corpo e da alma, alma, um consolo
consolo e uma um a
ajuda.
ajuda. Ora Ora já vimos que que na classe baixa preconceito é mínimo,
baixa o preconceito mínimo,
e deve-se acrescentar
acrescentar que que a comunhão
comunhão num num mesmomesmo credo
credo elimina
elimina
o0 pouco
pouco que que lhe resta.
resta.
verdade que
£É verdade que o espiritismo também está estratificado
espiritismo também estratificado e que que
se distingue
distingue um baixo baixo espiritismo,
espiritismo, em que que os espíritos
espíritos invocados
invocados
são os de velhos africanos mortos
velhos africanos mortos e de índios, índios, e o espiritismo
espiritismo de
Allan Kardec,
Allan Kardec, que constitui uma
que constitui uma espécie de aristocracia.
aristocracia. A linha linha
de côr reforma-se
reforma-se aqui,aqui, não no plano plano da igreja igreja visível,
visível, nas rela-rela­
ções entre
entre os crentes,
crentes, mas no plano plano da igreja igreja invisível,
invisível, no mundo
m undo
dos Mortos.
Mortos. Os kardecistas
kardecistas de fato fato dizem
dizem que, que, quando
quando se m mani-
ani­
festam os espíritos africanos é sempre
espíritos africanos sempre para para fazer pall1açadas, dizer
fazer palhaçadas, dizer
palavrões,
palavrões, indecências,
indecências, e não para consolar
não para consolar e ajudar.ajudar. Retomam,
Retom am ,
pois, mas desta desta vez contra espíritos, os estereótipús
contra os espíritos, estereótipos do branco branco
contra
contra o negro,negro, apenas
apenas os transpõem
transpõem deste deste parapara o outro
outro mundo.
m undo.
O negro
O negro é sem dúvida admitido
sem dúvida admitido num num pé pé dede igualdade
igualdade com com o bran-bran­
co da da seita,
seita, mas
mas o seuseu espírito
espírito .éé considerado
considerado pouco p~uco evoluido,
evoluido, ainda
ainda
muito prêso
muito prêso à matéria,
matéria, para poder merecer
para poder merecer as honrashonras do do apelo
apêlo numnum
“aparelho”
''aparelho'' que que o encarne.
encarne. É evidente que
É evidente negro respondeu
que o negro respondeu aa
essa crítica fazendo aa apologia
crítica fazendo apologia desses espíritos
espíritos africanos
africanos ou ou índios
índios
contra os espíritos
contra espíritos brancos.
brancos. O O conflito
conflito das das côres
côres transportou-se
transportou-se do do
terreno da
terreno da estrutura
estrutura social
social para
para o terreno
terreno da hierarquia mística
da hierarquia mística dasdas
almas dos
almas dos mortos.
mortos. De onde aa criação,
De onde criação, no no Rio,
Rio, dodo espiritismo
espiritismo de de
Umbanda.
Umbanda. Mas
Mas essa luta interessa mais
luta interessa mais o Rio Rio queque S. Paulo.
Paulo. O O
espiritismo
espiritismo de de Umbanda
Umbanda correspondia
correspondia a a uma
uma necessidade
necessidade da massa massa
negra,
negra, e a prova prova estáestá na
na sua
sua expansão
expansão do Rio para
do Rio para Minas
l\linas e o Sul Sul
do
do Brasil.
Rrasil. Assistimos
Assistimos hoje hoje a a um
um fenômeno
fenômeno análogo análogo ao ao dada Frente
Frente
Negra,
Negra, mas mas desta
desta vez de de reivindicação
reivindicação mística mística do do negro
negro e não não po­po-
lítica.
lítica. O O espiritismo
espiritismo de de Umbanda
Umbanda tentou tentou implantar-se
implantar-se tambémtambém em em
S. Paulo,
Paulo, mas mas conta
conta apenas
apenas um um ou ou dois
dois templos
templos que, que, afinal,
afinal, segundo
segundo
o nosso
nosso inquérito,
inquérito, são são ainda
ainda maismais freqüentados
frequentados por por brancos
brancos da da classe
cl~
baixa
baixa que que porpor negros.
negros.
A reivindicação
reivindicação racial racial emem S. PauloPaulo faz-se, pois, menos que
pois, menos que no no
Rio
Rio ou ou em em outras
outras regiões
regiões do do Brasil,
Brasil, no terreno religioso.
no terreno religioso. Aqui,
Aqui, o
movimento
movimento permanece permanece sempre sempre mais político. O
mais político. O negro
negro espírita
espírita fre­
fre-
qüenta
quenta os centros centros kardecistas,
kardecistas, ondeonde é bem bem recebido,
recebido, ou ou os do do baixo
baixo
espiritismo,
r.spiritismo, onde, onde, porpor sua vez, recebe
recebe bem os brancos. brancos. N esta última
Nesta última
IN Q U ÉR ITO UNE
INQUr.RITO S C O..A.^,1\Jli
UNEsco
I}B~6~--------------------=-::.:··~~
. d d religiosa
variedade religiosa pade pode mesmo mesmo encontrar
en co n trar formasform as de com pen_ _
varie a e . d f Pensaç-
sorte de humilha o, ou uma uga para os seus
seus · r e ^ªº•
™ntra
coo tra a a sua hum ilhado, d um a fuga p a ra res.~Pn•. ’
mentos
mentos. Encontramos
Encontramos na zona zoá~'ados os ap baratos um~
artam en to s baratos
apartab~entos um-a-;1.1*'..
ilata médium edium chamada
chamada ''de “de S Sá” ee que rece 1a o esp
que recebia espírito
írito de Mem"®.?'
de l\f u.
Sá,
ata primeiro
Sá' pr mlDl. eiro governador
governador geral geral do Brasil.
Brasil. Era Era evidente
evidente qu
qUe em
ei de
e elaa se
i,1gav
; '
,. a asc;m oc«ím
>1•• -
nor
Por--
interm édio
inte11néd10 esse . d
desse•
m orto
morto a •
uma das fami'I"ias = lll se
u m a das •
. U S·tres
Í I1
do Brasil. O prêto med111m dem um
kardec1sta,' --------- um mod ais
1 us IIC S u u ” I
, .
, .
d b o a o
o geral
pode receber
pade receber no no seu corpo corpo es:e1r1tos_
espíritos dee brancos, r~cos, e a~im assim ''embr
“embr ,
quecer” espiritualmente. A biografia
q uecer'' espiritualmente. b1ograf1a seguinteseguinte mostrará,
mostrará na na as- an.
são de um um homem
homem de de ccôr, atrav és ddo
Ôr, através · · •
espiritismo,
o esprr1t1smo, ação' su
a ação bascen
subtil tü T•
um a série de
uma de complexos
complexos recalcados recalcados ante
- d "
ante a
Pr
a denominação
f.
denominação do
-
do bbran· de
ranco•
“Pai branco, português,
''Pai branco, partuguês, e mãe mCaedee cdor. ? issoes ~umildes
côr. Profissões humildes e vivend* vivend~
em
em cortiços.
cortiços.. Aos 12 anos anos C.. perde per e o pai, pai, e a a mãe
mae aos aos_ 16. Traba.
Trab °
lha
lha desdedesde aa idade idade de de 8 anos como
8 anos c?mo. entregador
entregador de ma~11,1 tas e aos 12
de marmitas
12
anos torna-setorna-se ajudante
a1"udante de de cozinheiro.
cozmhe1ro. Em Em 1932, deIXa deixa oO Rio Rio par-
para
instalar-se em
instalar-se em S. S. Paulo
Paulo onde onde trabalha Ih
tra b a a num num restaurante
restaurante sírio. sírio. Casa-se
aos 20 anos. Mas Mas a a mulher
mulher é doente. doente. É :t tratada
tratada por por um um amigo
amigo esõí-es f~
rita e é então
rita então que que se descobre
descobre que que C. tem tem donsdons de de medium.
medium. Entrei Entf
tanto,
tanto, em em vez de de se fixar
fixar num num centro
centro estabelecido
estabelecido e trabalhar, trabalhar, pre­ pr:
fere
fere montar montar o seu seu próprio
próprio centro centro e angaria angaria os primeiros clientes
primeiros clientes
entre os fregueses
entre fregueses do do seu seu restaurante,
restaurante, em em particular
particular algumas algumas famí-
lias síriassírias e ar1nênias''
armênias” ((*). 1 ).

e.
C. deixou
deixou aa escola escola cedo cedo demais demais para pensar em
para pensar em reali7.ar
realizar a sua
ascensão por por meio meio dos dos diplomas.
diplomas. Procura
Procura primeiroprimeiro subir subir na na pro­
pro-
fissão de de cozinheiro,
cozinheiro, mas mas não não tem tem satisfações
satisfações de amor-próprio. A
de amor-próprio. A
doença
doença da da mulher
mulher e, através através dela, dela, aa descoberta
descoberta do do espiritismo
espiritismo reve­ reve-
la-lhe
la-lhe um um mundomundo novo, novo, que que lhe oferece oportunidades.
lhe oferece oportunidades. Já não
não terá
terá
de servirservir estrangeiros,
estrangeiros, “turcos” ''turcos'' (nome (nome dado dado no Brasil aa todos
no Brasil todos os ori­ ori-
ginários próximo-Oriente), já agora
ginários do próximo-Oriente), agora os “turcos”''turcos'' serãoserão obrigados
obrigados
a recorrer
recorrer ao “poder” ''poder'' e às ''virtudes''“virtudes” milagrosas
milagrosas do do prêto.
prêto. Estranha
Estranha
inversão de
inversão de papeis
papeis da da sociedade
sociedade paulista, paulista, em que que o negro consegue
negro consegue
enfim tornar-se
enfim tomar-se superiorsuperior ao ao imigrante.
imigrante.
Porém,
Porém, uma uma vez mais, mais, são são fatos
fatos demasiado
demasiado raros raros para para queque se
insista neles. Se os citamos
insista citamos é porque porque êles descobrem, corno
êles descobrem, como as as nossas
análises
análises dos sonhos sonhos ou ou o nosso ''teste “teste da da bebida”,
bebida'', mais mais que que a leitura
a leitura
jornais, as atitudes
dos jornais, disfarçadas do
atitudes disfarçadas do ressentimento
ressentimento do negro
do negro e o
elemento subjetivo
elemento subjetivo por por trás trás do do objetivo,
objetivo, do do preconceito
preconceito ou da da
seleção.

OS
OS ORCÃOS
ORGÃOS DE FISCALIZAÇÃO
FISCALIZAÇÃO SOCIAL. II - A POL1CIA
SOCIAL. II POLÍCIA

Se aa religião
Je religião é em
em geral
geral um
um elemento
elemento de adaptação e de
de adaptação de inte*
inte-
gração
graçao pelo
pelo menos
menos para crentes, o Estado
para os crentes, Estado deve
deve defender
defender a ordem
ordem
(i) collllda por Oswaldo
Biografia coibida
(I) Biografia Ofwaldo Xidieh. I
', ._,,.....
'• •' ª •

RELAÇõES
R ELAÇÕES RACIAIS
RACIAIS ENTRE
EN"fRE NEGROS E BRANCOS
NEGROS E BRANCOS E?\f
E M SAO
SÃO PAULO
P:\ULO
187

existente,
istente, reformando-a
refo1111ando-a se fôr fôr necessário,
necessário, contra
contra qualquer
qualquer ataque ataque
capaz
ex
capaz de
de pôr
por,. emem perigo .
perigo_ aa segurança pu'bl"1ca. A
segurança pública. A polícia
polícia éé o instru­
O instru-
mento
mento dessa dessa defesa.
defesa. Não N ao do do branco
branco contra
contra o negro,
negro, mas mas da da socie­
socie-
dade,
dade, tal tal como
como existe,
existe, contra
contra tudo tudo o que que a ameaça.
ameaça. Contra Contra todostodos
os que,
que, seja
seja qual
qual fôrfôr a côrcôr da da pele,
pele, não
não respeitem
respeitem a lei. Mas Mas a lei
é feita
é pelo branco
feita pelo branco e a ordem ordem que que aa polícia
polícia deve
deve defender,
defender, aa ordemordem
existente, éé aa que
existente, que entregou
entregou aos aos brancos
brancos os postos postos de de comando.
comando.
circunstâncias, éé o caso de
Nessas circunstâncias, de indagar
indagar se aa polícia
polícia não não será
será umum
instrumento
instrumento de de repressão
repressão aa serviçoserviço do do branco.
branco.
Em
Em primeiro
primeiro lugar, lugar, porém,
porém, existeexiste ou ou não
não um um preconceito
preconceito de de
côr
côr no no seio da polícia? Pois
da polícia? Pois é evidente
evidente que,que, se aa polícia
polícia estivesse
estive~
toda nas
toda nas mãos
mãos dos brancos, tenderia,
dos brancos, tenderia, mesmomesmo sem sem querer
querer e sem sem o
perceber,
perceber, a participar
participar da da dominação
dominação de uma côr
de uma côr sôbre
sôbre a outra.
outra. Ora Ora
tal
tal nãonão se dá: dá: aa polícia certamente uma
polícia é certamente uma das instituições em
das instituições em queque
o0 negro encontra em
negro se encontra grande número.
em grande número. Mas é preciso
Mas preciso atentar
atentar
numa
numa coisa:coisa: pois
pois se os negrosnegros ocupassem
ocupassem apenasapenas postos
postos subalternos,
subalternos,
seriam
seriam obrigados
obrigados pela pela disciplina
disciplina militar
militar a cumprir
cumprir as ordens ordens dos dos
chefes
chefes brancos.
brancos. Apesar Apesar da da côr,
côr, estariam
estariam a serviço
serviço de de uma
uma polícia
polícia
de opressão.
de opressão. Não Não há há dúvida
dúvida que negros ocupam
que os _negros ocupam os postos postos infe-
infe­
riores, mas
riores, mas há há umum certo
certo número
número de de delegados.
delegados. ÉÉ difícildifícil atingir
atingir o
posto
posto de de oficial.
oficial. Citamos
Citamos acima acima aa história
história dede um um aluno
aluno dos dos Ca­Ca-
detes
detes da da Polícia,
Polícia, que que de de taltal forma tivera de
forma tivera de se esforçar
esforçar parapara ven-ven­
cer a concorrência
cer concorrência dos dos colegas
colegas brancos,
brancos, que que chegara
chegara aa enlouquecer.
enlouquecer.
Mas afinal
Mas afinal as barreiras
barreiras não não são intransponíveis,
intransponíveis, como como há uns vinte
há uns vinte
anos,
anos, e encontram-se
encontram-se pretos pretos entre
entre os chefes
chefes também.
também. O
O preconceito
preconceito
de côrcôr mais
mais aparente,
aparente, hoje,hoje, na polícia, é o que
na polícia, que chamámos “estético”.
chamámos ''estético''.
Fizeram-nos
Fizeram-nos notar notar muitas
muitas vezes que que nãonão se encontram
encontram de plantão
de plantão
nas salas
nas salas de cinema ou
de cinema ou em frente aos
em frente teatros guardas
aos teatros guardas de de côr,
côr, que
que
costuma dar
se costuma dar dede preferência
preferência êsse emprego emprego mais representativo aos
mais representativo aos
brancos, ainda
brancos, ainda que “franzinos e doentios'',
que ''franzinos doentios”, em em vez de de empregar
empregar belos belos
negros
negros bem bem feitos,
feitos, atletas
atletas de de ébano.
ébano. AssimAssim como
como tivemos ocasião
tivemos ocasião
observar numa
de observar numa cerimônia
cerimônia diante diante do do monumento
monumento do do Ipiranga,
Ipiranga, com com
a presença
presença de um embaixador
de um estrangeiro que
embaixador estrangeiro que lálá fora depositar uma
fôra depüsitar uma
coroa
coroa de de flores,
flores, haviam
haviam cuidadosamente
cuidadosamente dissimulado
dissimulado por por trás
trás dodo
monumento
monumento dois dois dragões
dragões da da Independência
Independência pretos, pretos, para
para pôr pôr em evi­
em evi-
dência apenas
dência apenas os dragõesdragões brancos.
brancos.
'

Em
Em todotodo o caso, pergunta-se:
pergunta-se: se o negro participa da
negro participa polícia
da polícia
quase que
quase que em em todos degraus, aproveitar-se-á
todos os degraus, aproveitar-se-á da da situação
situação para para de­de-
fender o irmão
fender irmão de de côr,
côr, quando
quando atacado,
atacado, ou ou para
para fechar
fechar os olhos,olhos,
quando é êle quem
quando quem ataca?
ataca? Aproveitar-se-á
Aproveitar ..se-á do do poder
poder para para tomar
tomar um um
revide contra
revide contra o branco? Conforme as circunstâncias,
branco? Confor1ne cira1nstãncias, a polícia polícia toma
toma
o partido
partido do do negro
negro ou ou do do branco.
branco. Um
Um prêto
prêto que que não não fôra
fôra aten­
aten•
dido
dido por um um barbeiro
barbeiro apelouapelou para para um um guarda,
guarda, que que o acompanhou
acompanhou
e ficou
ficou com êle até até o fim fim da da operação.
operação •

'

J1~88~-------------------s...:.cº:·:.AN~ll INQUÉRITO UNESCO.ANHtMBl


INQUF.RITO UNE
- - l:Atsr
- Por ocasião do caso da ru ruaa D Direita e ddaa qqueixa do comer- ----.....
ireita u e ix a dos
Porconti·a
•"antes
tes ocasião do . ,, d os negros, aa po lícia
caso
''foot1ng I1c1a
' • ^se pôs>pôs ao contrário,
s CQl'h••,er..
contra O o “f o o « « g S m e d ;d a s su av es p ^
cianladodos brancos, tentando, porém, medidas suaves.' p 10 rcontrário,
d
iTola d o dos brancos, tedn ta P ,, musica> • fez
f passar pela exe.rnpJ rua uma
baseando-se no amor os ,rretos a musica,. cz passar pela :rua o,
baseando-se
banda que sen odi~igiu
am o r dePo1s . ~ara ra ooutro a irro , na
u tr o bbairro, na esperança
esperança de qUe
de urna
banda q u e se d .n g m < leP j? S( v c n
egros a seguíssem. Depois, vendo o malogro da tentat·d o „ m a lo g ro d a tentat.va, man.
que
os n d vizinhanças.
. . h rn
1va,brigas
os
d
negros a seg u ^ 1". » P das
ou fechar os bailes de negros as v1z1n anças. N O caso d b . an.. N o caso das
dou fechar os bailesde
Gafieiras, finalm
das Gafieiras, -
finalmente,
n g l'
po 1c1a · -
nao toma
toma partldo
partido nem
nem por
as un,
r1g
r as
e » a Jém a ordem .
nem par outros, a.penas mantém a ordem. . ·- po uns
nemApor outros,mais
censura aPe"“ £nte que
corrente que os nossos informantes
os nossos 1nfor1nantes de de côr
cô fi*. .
ram A à censura
polícia mais
dirige-se,correparadoxalmente,
H,o*almente, contra contra o O
guarda
guarda negro.
r fize,.
ram à pol^a -
dirtgWftP. - mais .
Dêle viria a discrim1naçao, mais que o guar a branco, e e que d
do guarda d branco, e negro
essa dis..·
Z
d viria aag1r1a
criminação ^“. . contr;J^ ' o o 1rmao . - de
irmão cô r. O
d e côr O guarda
guarda negro negrssa não d1s..
...
crim in a çã o agina contra ^ mais de obed.enc.a passiva ao 0 bran-
po " de livrar-se de três séculos ou mais de obediência passiva ao b nao
pôde livrar-se de três sécu · "d de d com portam ento p ara com êle,
co, e conserva uma cer ta td1m1ez ,e. codmporta~ento para com ran êle..
L,
o branco
0
e conserva
branco tem
uma
tem sempre
semp~e aalgo
certa
1 i
gColdo o pr«
tígio
prest1g~o,
do patrão e a
g, ^ o^êpatrao e_a superioridad~
superioridade
q a prender
do seu estatut? soc1a1. aro q~e e as v zes obrigado a prender
do seu
brancos,
brancos, estatuto
mas fá-lo social. e como
fa-lo com certo respeito, e como que lutando contra qUe lutando contra cer-

,as inibições.
graves feridas de C °m
Sabeamor "To
tas inibições. Sabe muito bem que tais prisões lhe podem v;f •
muito bemelque
próprio. q Um tais
Um guarda prisões
guarda de lhe
de côr, podem
côr, prendendo
prenden:rvaler
uma
gravesmulher feridasdaderuaamor da Libepróp ·rdade^ que espancava ferozmente os
ancava ferozmente 08 1
f~
fi-
uma mulher
lhos, recebeu da rua d a_''D^~sd
a resP_os_ta_: Le i~uan b ed o ^se yiu viu. um um negro
negro prender
prender
lhos,branco?''
um recebeu aEssa resposta-
1111b1çao Delee* nao q a scntesente para para com com outrooutro negro,
negro.
O
umseu ressentimento,
branco?” não podendo voltar.se
E » nutaçMMele» voltar-se C contra
Ontra o branco,branco, pro- pro-
õtegido^u pelo ressentimento,
prestígio danao côr,j^dend
e não podendo ndo t£r ter outro
outro escapamento,
escapamento
tecido pelo contra
voltar-se-ia prestígio o da cor, e prêt~,
criminoso ^
P» que êle atacana atacaria como como uma um~
fúria. Se o contra
v^tar-swa fato fôro verdadeiro,
cnminoso Pencontraremos ^ aremos em em S. Paulo Paulo um um fe- fe-

~
o negro
2 £ S X
negro desprotegido.
t" S IS -5- * - r
nômeno análogo ao que Dollard estu dou nos Estados Unidos: a
agr,essividade, impossível contra o branco, descarregar-se-ia
^ A

desprotegido. Mas,
Mas, o que
1

'

que é compreensível
compreensível
------------------ O

num país
num
contra
---------------------- —

país em em
v v w u t t

que
que existeexiste uma uma linha
linha de de côr
côt· igual,
igual, já já o é bem hem menos menos num num país país em em
que ela não
que não existe.
existe. Pode Pode ser ser que
que alguns
alguns guardas
guardas pretos pretos façamfaçam ques..ques-
,
tão de
tão mostrar a outros
de mostrar outros companheiros
companheiros de de côrcôr que que êlesêles são são “autori­
''autori-
dade”,
dade'', e tentem tentem assim,
assim, perante
perante si próprios
próprios e perante perante os outros, outros, uma uma
espécie de de rehabilitação
rehabilitação através através da da farda
farda e da da posição
posição que que ocupam.
ocupam.
Seria
Seria um um modo modo de de auto-afirmação,
auto-afirmação, o hábito hábito emprestando
emprestando prestígio
prestígio
e permitindo
permitindo uma uma válvula
válvula de de escapamento,
escapamento, um um meio meio de se libertar libertar
dos seus complexos,
complexos, da da sua agressividade recalcada.
sua agressividade recalcada. Mas julgamos
Mas julgamos
que, se tais casos podem
que, produzir-se, é a disciplina
podem produzir-se, disciplina que que explica
explica cer­ cer•
tos
t~s fatos chocantes a~s
f~tos chocantes aos olhos dos dos negros
negros que que estão
estão fora fora da. da corpora­
co~ra-
ção,
çao, JSto isto é, a brutalidade
brutalidade do guarda prêto
do guarda contra o seu
prêto contra umao na
seu irmão na
côr. tÉ que o negro negro é é muitas
muitas vezes vezes mais mais combativo
combativo e rebelde rebelde que
0
o branco,
branco, não não quer
quer serser preso,
preso, defende-se
defende-se ferozmente,
ferozmente, tenta
tenta tirartirar aª
aca; o0 guarda,
faca; guar~, em defesa própria,
em defesa própria, é pois pois obrigado
obrigado a lançar lançar mão de
toda a sua sua força.
força. -
HELAÇ°ES rACIAIS
ttELAÇõES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS eE b r a n c o s E~I
BRANCOS Sã o PAULO
e m SÃO PAULO
189

Ao lado
lado dessa crítica ao guarda
crítica ao guarda negro,
negro, que
que é mais
mais freqüente,
frequente,
porque
porque um um negro
negro queque prende
prende outro
outro ouou o brutaliza
brutaliza temtem aos seus
olhos algo
ôlhos algo de de revoltante,
revoltante: encontram-se
~~con_tra~-se também algumas críticas
t~mbém algumas críticas à
• polícia emem g,eral.
geral. Os pol1c1a1s
policiais divertir-se-iam
d~vcrt1r-se-1am emem prender
prender negrinhas
negrinhas
na
na rua
rua e levá-las
leva-las ao posto
posto como
como instrumento
instrumento de prazer,
prazer, metendo-lhes
metendo-lhes
mêdo, ameaçando-as
ameaçando-as de prendê-las,
prendê-Ias, se contarem
contarem alguma
alguma coisa. Os Os
policiais fariam ,assim
policiais fariam assim uma distinção entre
uma distinção entre ~s
as pretas
pretas e as brancas
brancas
que saem
saem tarde
tarde à a rua.
rua. PorPor exemplo,
exemplo, dançarinas
dançarinas queque saem
saem dos em­em-
pregos pelas
pregos pelas duasdu~s da da madrugada:
madrugada: se foremforem pretas
pretas são consideradas
consideradas
prostitutas
prostitutas e obrigadas
obrigadas a passar
passar a noite
noite nono posto
posto de
de polícia;
polícia; se forem
forem
brancas,
brancas, ninguém
ninguém as importuna.
importuna. Se um
um negro
negro briga
briga com
com umum branco
branco
são ambos
ambos levados
levados à delegacia
delegacia mas, uma uma vez dadas
dadas as explicações,
explicaçõe~
o0 branco
branco é solto,
solto, pode
pode voltar
voltar para
para casa, ao passo
passo queque o negro
negro fica
fica
preso até
preso até o dia dia seguinte
seguinte de castigo. Sustenta-se
de castigo. Sustenta-se igualmente
igualmente que, que,
quando
quando se quer quer fazer
fazer um negro confessar
um negro confessar um crime qualquer,
um crime qualquer, usa-se
para
para com
com êle de maior maior brutalidade
brutalidade do do que
que com
com umum branco.
branco. Vimos
Vimos
por
por fim
fim que,
que, nosnos casos de de queixas
queixas à polícia por sedução
polícia por sedução de de menor
menor
, preta,
preta, o delegado
delegado dava dava um_um jeito
jeito de não
não lhes
lhes dar
dar seguimento.
seguimento. Cita-Cita­
remos alguns
remos alguns casos transcritos
transcritos da da imprensa
imprensa negra
negra de Paulo:
de S. Paulo:
a) “S. foi preso
''S. A. foi preso em em Sorocaba
Sorocaba porpor ter
ter dado uma facada
dado uma facada nono sírio
sírio
A. M. C. A imprensa
imprensa local não contou
local não contou direito
direito o caso. S. A., depoisdepois
ter prestado
de ter prestado um um serviço
serviço aa Moisés,
Moisés, nãonão foi remunerado
remunerado e recebeu
recebeu
mesmo, do do sírio,
sírio, o insulto
insulto de de ladrão.
ladrão. Em Em defesa
defesa própria,
própria, S. feriu-o
feriu-o
depois constituiu-se
e depois constituiu-se prisioneiro.
prisioneiro. No No decurso
decurso dodo processo,
processo, todas
todas as
testemunhas depuseram
testemunhas depuseram contra contra o prêto.
prêto. ..
.. O O juri
juri condenou-o
condenou-o aa 11 11
anos de
anos de cadeia.
cadeia. .. .. O promotor insultou
O promotor insultou o elemento
elemento negro,
negro, emem vez
de analisar
analisar as peças
peças do do processo,
processo, e pôspôs nas
nas nuvens colônia síria.
nuvens a colônia síria.
b) UmUm agente
agente de de polícia
polícia secreta
secreta prendeu
prendeu quatro
quatro negros que vol-
negros que vol­
tavam do
tavam cemitério, sem
do cemitério, sem nenhuma
nenhuma razão,
razão, e êles
êles continuam
continuam presos.
presos.
c) Um
e) Um negro
negro apelidado
apelidado Pretinho,
Pretinho, um turco, um
um turco, um oficial da justi­
oficial da justi-
ça e um
um padeiro,
padeiro, discutiam
discutiam num num barbar aa situação
situação dodo prêto
prêto nosnos Estados-
E.stados-
Unidos. No
Unidos. No decorrer
decorrer da da discussão, Pretinho exaltou-se
discussão, Pretinho exaltou-se e tratou
tratou o
turco de burro.
turco burro. íste
Êste dá-lhe
dá-lhe traiçoeiramente
traiçoeiramente dois dois tiros
tiros nas
nas costas,
costas, de-
de­
pois segue
pois segue tranquilamente
tranquilamente para para o hotel,
hotel, janta
janta e embarca
embarca no no último
último
trem para
trem para aa capital,
capital, pois
pois não
não o prenderam
prenderam em em flagrante.
flagrante. -— ''Pergun-
“Pergun­
tamos aos
tamos aos poderes
poderes competentes
competentes atacados
atacados dede insônia:
insônia: e aa polícia?
polícia? E Eo
oficial de
oficial de polícia
polícia que
que tomara
tomara parte
parte nana festa?
festa? Não
Não se tomou
tomou nenhuma
nenhuma
providência porque
providência porque aa vítima
vítima era era um
um pobre
pobre negro''.
negro”. ((x)1)

Citamos todos
Citamos todos os fatos
fatos dede discriminação
discriminação que que nos
nos foram
foram relatados
relatados
e que encontramos
encontramos na imprensa. Mas
na imprensa. Mas a censura mais frequente
censura mais freqüente não
-·-----
(1) Extraído
(I) Extraído de “''A d-t. R,aça'',
A Voz da Raça” , I, 25 - 1, !O
I, 50 -— ''Bandeirante'',
«B andeirante” , IJI, - “''A
I, 4 — A
Voz da Raça, III,I , 44.
Voz da 44 .

f
INQlTr.RITO tl
190
190 _______________________________ i n q u é r i t o WNF.s~
FSCn , . . U|
o ·.'\N11
F.~tn1

é a de um excesso m.,de iniusliça


E., Ae
iniustiça na na repressão,
repressão, é, ao
i ao contrário,
cont á .
r10
t haviarao*
~ a d.
é a ncia
ausê de um
ausência
enco
de reprcssao.
ntradodecont
repassa
ra o branco ^ .
Encontramos
ncontramos a um
cm g(,ral.

A
ataque
p„l,c,a
que
um ataque que ºá h •. a da
observa
gt·ral. A p<>lícia ohsei•la av,alllos

de l„n
encontrado contranatt1 o raJ, q11e não n5o meremerecc a sua intervenção, 1 a de.’
como uma coisa ce a sua interve ~ e long e,
comoação
grad umamora coisa -
l do”anegro, incapai. d . .
1nca~az e res1st1r · ~ tentações
de resist.r à
às tentações nçao da a
cidade
da~ . e.. d
gradação
gran de. Enq1moral1antd»o men 8 o~es^ branfas
brancas que que passeiam
passe1an 1 sozin sòzinhas
has são 1
~ dadcres.
grande.
cituidas aos Enquanto
pais ou ao J111zdc de Menores
1\feno.res para para uma 111napossível
possível regenera-
tituidas
cão aosiapa”i
a Políc fecho* f
a os olhos voUuuàriamente
vol11nt~\r1amente sôbre sôbre aa prostituição
sao res-
prostºtr~g~nera. da,
~ ' .a Policia fechal o
cão, ~ hhaveria
não . Ilugar suficiente
i u iça o para das
pretinhas, _provaD,,.e. ~~~te porqlue nao f aver1af ugar suficiente pa
pretinhas,
elas nos asilo Prova'
s. r5'n\ . que
tr-M:•Ia \,e eeia quer fazer
a quer azer aafundarundar Oo negr negro o mais ra
elasível,
poss nos asilos.
vê-lo chafDurda, r na ^ lamalama ee afogar-se
afogar-se para para sempre,
sempre perder-se
O O
lllaü
possível,
mate vê-lo chafu
rialmente pela tuberculo lose
se, pelaela sífilis,
sífilis, ee moralmente,
moralment~ pela per der-ssuae
própria decadênc
m a

própria
t e r i a peia
ia. Ou ^se prendem
l m

decadencia.
e n t e

tocá-las de S. Patíl0,
essas
prendem essas prostitutas, prostitutas, é é ~fO:
simples,
1 sua
men te para Paulo, colocá-las
colocá-las num num trem trem destinado
desti dpleao s-
mente
inter ior,para
em tocá-las
vez de tenta o r • regenerá nerá.las.
-las. Até que ponto
Até que ponto ser:~ 0 .ª? será justifi-
interior,
cada essa emqueivez
xa? de Conte sultamos as as estatísticas da criminalid : ju-
estatísticas da criminalidade 1 st1
.f1-
cada
venil essae do queixa.
Asilo de V" Menores ee encontramos
encontramos uma uma porcentagem
porcentagemª apre. e JU·
venil
· el ededopreta
ciáv Asilo ·de mc
s mtem d · ^ mesmo
a as, superior mesmo a porcentagem do , à porcentagem dos
apre ele-
-
ciável
men tos de " no*nt^
depre'as
cor ". ' da^
d p u la1çã - o paulista.
con1unto a popu açao pau 1sta. Mas, como .á e- 1· Mas, como s já
e 1 o
mentos
disse mosde, a cor
prosno conju r
tituição da preta sendo uma prostituição
uma prost,tulçao de rua, a
0
de ruJ
dissemos,
educ ação do
educação
a Prosn.tulçí
do
cortiço dese
cortiço
” nvol
dese
voiV endo
vend
^
o a a precocidade
.precocidade _sex
necessidades,
não podendo bastar a todas as necessidades, é evidente que a p é
sexual,
evidente ual,que
ee o Asilo
O a po- A:il:
„ão podendo
Jícia é ol>rigadbas‘ar
a a fechar muit muitas vezes
as veze s os os olho
olhos. s. Não
Não acreditamos
acre ditam :
lícia é obrigada a fecnar todavia citamos o fato foi por
numa discriminaçao
numa dis~ri~inação d ~el~ehbera
t ada:^ Se toda yo
^ vi~ c.itamosA oracionaiização
ser o seu 1nterêsse sub1et1vo maior que o ob1et1vo. A racionalização
fato foi po:
ser o seu interêsse siubjetn^ sistemática
que êle p~oduz, ~ de uma"' política sistemática d? Estado para de~a-
do Estado para degra-
que êle produz, a de uma po ^ p r o f u n d i d a d e do sofrimento
dar o ma IS poss1vel o preto, revela a prof und1dade do sofrimento
dar
dos o
dos homens mais
homens de
possível
de côr
côr em
o Pr« ° ’ fô do seu ressentimento contra
em S. PauloPauio e e a fôrç v a do seu ressentimento contra
o branco.
o branco.
Em resumo, . , , . -p
» a sua
a polícia está a serviço da lei. E a sua ação é o ação é o
Emdess
reflexo resumo,
a lei. aNa
polícia esta * ordem existente aproveita
reflexo dessa lei. Na med ida em^que
medida em que a ordem exist ente um
como apro veita
instru.
sobretudo ao branco, a polícia pode ser considerad .a como um instru•
sobretudo
men to a servao iço
branco, a P°hc P N medida, porém, em que a
do branco também. Na medida, porém, em que a
men,o
C:O a . s e r v i ç
nstituição do Brasil é democrática,c , d o a toda diferencaçao
oposta a toda diferenciação
étnica ou racial, ela está a serviço da defesa do negro.
S“ » â . «■ *> « * * • " epo-

A INF ILTRAÇÃO COMO PROCESSO DA ASCENSÃO SOCIAI;.,


INFILTRAÇÃO
DO NEGRO
NEGRO
.

Rest a-nos exam


Resta-nos inar um últim
examinar último
o efeito
efeito do preconceito.
preconceito. Mostf ^
Mo 5ttá•
mos
mos nono capí
capítulo
tulo ante rior que
anterior que êle
êle toma sobretudo
toma sobr etudo a fonn
forma de bar·
a de &
~e~a
reirass de que, desd
costumes que,
de costumes e a esco
desde escola
la até a promoção
promoção no no emp
empr^0*
rego,
limit
limitaa a asce
ascensão do neg
nsão do ro no conjunto
negro conjunto da com comunidade.
unidade.

ELAÇ°ES
r:Rtl..AÇl'>ES RACIAIS F.NTRE
RACIAIS NEGROS EE BRANCOS
f n t r e NF,(;Ros r.M SÃO
BRAN<:os F.~f SAO PAULO
PAt JLO J9J
191

Limita-a apenas,
Limita-a apenas, semsem . impedi-la,
impecli-la,
_ d note-se
note-se bem.
hem. PoisPois se Oo branco
br anco
tende d e (cnc1cr sua
tende a. defender sua posição
pos1çao dee mando
mando e direção,
direção, ninguém
ninguém ddeseja •
o0 enquistamento
enqu1stamento do
d
negro.
o negro..ê .
A .
Assim
ss1m como
como o seu
seu antepassado
antei>a~,a,l<>
ese1a
remia
rcm··1a a
a
formação
formaçã~ de uma consciência
de uma c~nsc1 nc1a do ~o escravo
escravo como
como classe explorada,
explorada, êle
hoje aa formaçao
teme hoje formação de um “Lumpenproletariat”,
de um Lumpenproletariat'', de uma
de grande
uma grande
massa
massa de revoltados. :t
de revoltados. Ê preciso pois dar
preciso pois ao prêto
dar ao prêto aa esperança
esperança de de
uma
uma eventual melhora da
eventual melhora da sorte,
sorte, é preciso
preciso entreabrir-lhe
entreabrir-lhe o O acesso a a
posições melhores.
posiç?es mel~o.res. AssimAssim agind?,
agindo, o branco
branco aliás
aliás continuará
continuará umauma
política
política tradicional,
tradicional, a a dodo apadrinhamento.
apadrinhamento. Êsse apadrinhamento
t.sse apadrinhamento
'· tem sua fonte
tem sua fonte nos nascimentos ilegítimos
nos nascim~nto~ ilegítimos dos filhos dos
dos filhos patrões
dos patrões
com escravas de
com as escrav~s de côr,
côr, no?º instinto
1nst1nto paternal
paternal que
que levava
levava o paipai aa cui­
cui-
dar dos
dar dos mulatinhos
mulatinhos nascidos desses encontros,
nascidos desses encontros, como
como nas nas relações
relações ínti-
ínti­
mas entre
mas entre os meninos
meninos brancos
brancos e os negrinhos.
negrinhos. Mas Mas hoje,
hoje, o apadri-
apadri­
nhamento prossegue
nhamento prossegue sobsob outras
outras formas.
formas. Assim
Assim tudo
tudo leva
leva o branco,
branco,
aa tradição paternalista e o seu
tradição paternalista seu próprio
próprio interêsse
interêsse bem
bem compreendido,
compreendido,
aa ajudar
ajudar um um certo
certo número
número de de elementos
elementos da da classe
classe negra.
negra.
Há com
Há com efeito duas atitudes
efeito duas atitudes po~íveis
possíveis para
para o branco
branco queque quer
quer
manter aa sua
manter sua posição
posição de de superioridade.
superioridade. Ou Ou aa segregação,
segregação, aa atitude
atitude
norte-americana -— com
norte-americana com aa formação
formação dede castas
castas separadas,
separadas, e nesse
nesse caso
caso
haverá oportunidade
haverá oportunidade de de ascensão
ascensão social dentro da
social dentro da casta,
casta, que perma­
que perma-
necerá, no
necerá, no seu
seu conjunto,
conjunto, subordinada
subordinada à dos dos brancos,
brancos, isto
isto é, o grupo
grup<>
inteiro, com
inteiro, seus capitalistas
com seus capitalistas e seus
seus operários, será inferiorizado
operários, será inferiorizado — -
ou
ou então
então a solução brasileira,
a solução brasileira, uma
uma só sociedade,
sociedade, com
com classes
classes e não
não
mais castas, com
mais castas, com o branco
branco em em número
número cada
cada vez maior
maior à medida
medida queque
se passar
passar de de uma
uma classe
c]asse inferior
inferior aa uma
uma superior,
superior, ocupando
ocupando os postos
postos
de
de maior
maior prestígio,
prestígio, de de maior
maior remuneração
remuneração e responsabilidade.
responsabilidade. Mas
~las
visto
visto tratar-se
tratar-se de de umauma sociedade
sociedade unificada,
unificada, encontrar-se-ão
encontrar-se-ão fatal­
fatal-
mente,
mente, embora
embora a a título
título excepcional,
excepcional, pretos
pretos emem todos
todos os degraus
degraus da da
escala
escala social,
social, inclusive
inclusive no no ápice.
ápice. Negros
Negros empregadores
empregadores e emprega­
emprega•
dos, embora
embora pequenos
pequenos empregadores.
empregadores. Negros
Negros artesãos
artesãos ouou semi-in-
semi-in-
dependentes,
dependentes, algunsalguns comerciantes
comerciantes nos nos subúrbios.
subúrbios.
Apenas
Apenas nessas
nessas condições,
condições, a a ascensão
ascensão nãonão pode
pode tomar
tomar outra
outra for­
for-
ma
ma senão
senão a a de
de uma
uma infiltração.
infiltração. Uma
Uma gotagota negra
negra após
após outra
outra aa pas­
pas-
sar
sar lentamente
lentamente através
através dodo filtro
filtro nas
nas mãos
mãos do do branco.
branco. Não
Não se trata
nata
de recuperar
de recuperar aa massa,
massa, mas
mas dede selecionar
selecionar elementos
elementos de escol. O
de escol. O nosso
nosso
inquérito permitiu-nos
inquérito permitiu-nos ver,ver, nana mobilidade
mobilidade profissional
profissional do do negro,
negro,
muitas
muitas vezesvezes um
um desejo
desejo dede subir.
subir. Masl\·las aa subida
subida é fácil
fácil só até
até umum
certo
certo degrau.
degrau. Meninos
Meninos que que começaram
começaram como como engraxates
engraxates ou ou porta-
p<>rta-
marmitas
marmitas aprendem
aprendem um um ofício,
ofício, tornam-se
tomam-se aprendizes
aprendizes de de marceneiro,
marceneiro,
de
de alfaiate
alfaiate ouou dede eletricista.
eletricista. Acabam
Acabam profissionais.
profissionais. Depois
Depois disso,
disso,
aa infiltração
infiltração torna-se
torna-se mais
mais difícil,
difícil, é preciso
preciso ter uma certa
ter uma certa instrução,
instrução,
diploma. O SENAC, organização
diploma. organização de de iniciativa
iniciati,·a dos
dos comerciantes,
comerciantes, com com
aa função
função de de elevar
elevar o nível
nível cultural
cultt1ral dos
dos empregados
en1pregados no no comércio,
comércio, du-du­
rante algum tempo
rante algum usou uma
tempo usou uma ficha
ficha de de registro
registro dede menores, candi-
menores, candi-
INQU~RITO
IN Q U É R IT O UNEsco.AN
UN ...,..,
ESCO -AN H EM BI
~:_:92=---------------------___:~~r~~:_:~ffBJ
datos a emprêgo, na qual havia. a indicação da côr do intc
--
»2 —irtude- das dificuldades su1·g1das com referência acessa" a essa tadpS»
. r e_ssado.
E n1 V • .d d e· l inc 1•ca ...
^ a ^ è s ^ r - .
fo1- ela posteriormente . supr1m1 - d
a as 1c tas. O nosso inqué . Çao
ºd . nrd
veloii também a~ var1açoes _os 1 ea1s os pretos, as flutuações re..
p - r r s s a
r1 to s
?& ***% &
Í01 1 ·busca
fsua tím bprofissional.
ém as va d°s qque,
assim
SÉ aSS1m une
e » se * 1 ^ °o iS£U
s idantes n s trS
sett Oí dn,h°
usonho o s e-a
tira v,M-
a da
m
VCl01h«sca
nar-se p- v o B·· s ^puh·
funcionário ''blu!.co,
· sen
senbo do
d <lu quee os mfa1s fu· n cion
· ário é mera
!nstruídos al pago
tor
tiravan:
diploma de contador, OJe percc eram ,tte o unc1onário é mal a .. ,
* deé cont*
e^St quando
rloma de côr, Vem V * ° *P
problemas
tem problemas * "Z‘ & E
particulares, £ rra
L eedviram
viram
o em que
que
munas uum P con-
go
orga-
,* & o é ^ ' ^ , . a emprêgo, " q u e éj b d bran£a. m con
«dor dificilmente
niuções ^
tador dificilmente arrda~f~ª·1empre_go, que
e que lhe aé 1 1c1 cnca«ar encaixar-se na s~cie ade
a~rad o em muitas orga ..
mesmasbranca.vias, mas·
‘tações Assim e que
a infiltraçã,o ntm nem sempre
sempre ^ se faz aP pelas
b rir mesmas por
caminho vias onde
“segueAssim as da amenor
infaUrfres1st • ência,
“istência, • tacteia
tacte1a . Va para a b rir. caminho .
ataca ' Dias
a maténa
por d
sente
seg»^uma . certa ^ «- fragilidade.
S ^ f SComo S a* água,
« £ & que• ataca a ma~én.e
tenra e deixa . . a parte d ura d a pe dr a, o negro pron-. .. ria
substituir
sente uma ce Uuir a pa« ' d preíerencta. ~ " ·
* letaril
"Y.l.ª do
as
partes moles para a ta«:3r por ai : pre~eren c1ba. E foi assim que
vimosi \formar-se
5vimos S P sulcess1vamente,
- S a ^ e a, acima a p 1e e, um a " proletariad
^ dêles, nma
de côr formar-^
compoi,to de operários ári0s senu-e P
semi-especializados; eUte ncgra. acima dêles u 0
pequena classe m éd . e, r·ma 1mente, uma e 1·1te negra.
ia ' :rna
de côr c ^ e ° m é d ia Pe, 6 - ^ ^ , de ^ s racta^dem,
Numa pande proporçã_o, .ª au~ência _de tensões raciais dema.
P^Numa
siado brutaisgrande
provémP ^dessa ^üU mfr1ltraçao, V °« J
a ç ã o , pois o “*febelo negro qu !s, um
satisfeito
e subiu
p6uco
, aoC
está,
*
como o provam as respostas que r{~cebemos, satisfeito
P r0 V é ro n r o v ^ m a s r£S P ° Str d t t í n o m e l h o r p a r a o s fi-
~om sua sorte. Pode mesmo esperar um. destino melhor para os fi-
p * uCO eS‘^ t e ° m p » ã e m e s m o « P ^ ^ .ih e » i n s " u f ° s' eu ^ n te T e s s «
lhos, se ganhar o suficiente para dar-lhes instrução. Quanto ao
branco, entre.abre ou fecha as comportas segundo os seus interesses
de camada dominante, de modo a fiscalizar sempre o movimento
aa impedir crises, sem,
impedir crises. sem, t<>davia, sentir-se ameaçado. '
am eaçado-

'


..


.. ·,• .
<

• •

A LUTA
A L U T A CONTRA
CO NTRA OO PRECONCEITO
PRECONCEITO

DE
DE CÔR
CôR (*)
(*)

o preconceito
O preconceito de côr côr representa
representa uma uma espécie
espécie de ''dimensão
“dimensão
incômoda’*
• cômoda'' do sistema sistema sócio-cultural
sócio-cultural brasileiro.
brasileiro. Na Na verdade,
verdade, se
in
todos nãonão o desaprovam b ertamente,
desaprovam aabertamente, pe 1o menos
pelo menos são -
sao poucos
poucoe
os
08
que
que têm têm coragem
coragem de confessar
confessar que que o praticam
praticam ou que que o consi­
consi-
deram “justo”
deram ''justo'' e “necessário”.
''necessário''. É
É patente
patente queque nem
nem os brancos,
brancos, nen1nem
os indivíduos
indivíduos de côr côr se sentem
sentem à vontade
vontade quando
quando se discutem
discutem as
diversas modalidades
diversas modalidades de manifestação preconceito e da discri­
manifestação do preconceito discri-
minação com
minação com base
base na na côr.
côr. E é claro claro que
que todos
todos prefeririam
prefeririam ignorar
ignorar
a natureza,
natureza, o alcance
alcance 'e os efeitos reais das restrições
efeitos reais restrições que
que afetam
afetam os
negros
11egros e os mulatos.mula tos.
Apesar
Apesar disso, as relaçõesrelações contra
contra a exteriorização
exteriorização do “preconceito
''preconceito
de côr”
côr'' chegaram
chegaram a alcançaralcançar alguma
alguma consistência,
consistência, particularmente
particula1mente
no “meio
''meio negro”.
negro''. Neste
Neste capítulo,
capítulo, limitamos
limitamos a nossa nossa atenção
atenção ao
estudo
estudo das reaçõesreações espontâneas
espontâneas que que parecem
parecem repercutir
reperrutir na dinâmi­
dinâmi-
ca das relações
relações raciais
raciais e da reaçãoreação legal,
legal, que
que se somou àquelas e
somou àquelas
tinha
tinha por
por fim fim o domínio
domínio formal
formal de determinadas
determinadas manifestações
manifestações “do "do
preconceito
preconceito de raça raça ou ou de côr”.
côr''.

1) REAÇÕES ESPONTÂNEAS
1) ESPONTÂNEAS CONTRA
CONTRA O PRECONCEITO
PRECONCEITO
DE CÔR:
CôR:

As reações espontâneas contra


reações espontâneas contra o preconceito
preconceito de côr têm-se
côr t~m-«
desenvolvido
desenvolvido tanto entre os “brancos”,
tanto entre ''brancos'', quanto
quanto no no ''meio
“meio negro".
negro”.
Mas elas assumiram a forma
elas só assumiram forma de movimentos
movimentos sociais
sociais neste
neste
último,
último, poispois nele
nele é queque se encontram pessoas prejudicadas
encontram as pessoas prejudicadas
direta
direta ou indiretamente
indiretamente por suas manifestações.
por suas manifestações. Em conjunto, am-
Em conjunto, am­
reações têm
bas as reações têm produzido
produzido efeitos
efeitos sociais
sociais construlivos.
construtivos. Umas,Umas,
por conterem
por conterem as orientações
orientações de conduta
conduta dosdos ''brancos''
“brancos” dentro
dentro de
certos limites;
certos limites; as outras,
outras, porque
porque estimulam
estimulam as atitudes inconformis­
atitudes inconfo1 mis-
tas dos negros
negros e dos mulatos, contribuindo
dos mulatos, contribuindo sejaseja para
para combater
combater o
• sentimento de inferioridade
sen.timento inferioridade dos
dos indivíduos
indivíduos de côr côr ((x),
1 ), seja para
seja para
uni-los
unr-los através consciência social de
através da consciência de interêsses
interê~s comuns.
comuns.

Cap(tulo redigido por Florestan


(~) Capítulo Femandes.
Floresta.n Fernandes.
1 Sôbre o sentimento
(1)) S~bre
< inferioridade dos negros
sentimento de inferioridade mu]atos e sua
negros e dos mulatos rua ligação
Jiga~ão com
~ preconceito
~r~conce1to de cõr, côr, cf. especialmente
especialmente os estudos
escudos de Virgínia
Virgínia L. Bicudo.
Bicudo, Atitudes
Alitud,1
""'"' 1
Íd•e Preios
Pr•tos •* Mulato,
Mulatos tm
em São
São Paulo,
P1111lo,in Sociologia,
Sociologia, Vol.
Vol. IX n. 3, ppigs.
ig s. 195-219
~«,.P· pá~s Roger Bastide,
216·217); Roger
Ç.1'.• 216*217); Bastide, Introdução "º
l-'rodM,ao ao Estudo d* u AJ&utts Co•plno1
AI&"'" Complexos
ro-Br11Sil,1,01,op. cit., esp. pág.
W o-Brastletrot, pág. 44 te sea.
set».


1

194
INQUÉRITO UNESCO.A
INQUtRITO lJNEsco.A,.,n
1
~ ln:~1n1


A pressão
pressão exercida
exercida pelos
. .
pelos ideais
. .
ideais de de integração
integração nacional
_....
nacio
na 1 aci
----
das diferenças raciais, muito
diferenças raciaJS, muito im portante em
unportante en1 um um país país de f o r ^ Ola ”*
étnica
étnica tão heterogênea,
heterogênea, como como o Brasil, Brasil, e de de igualdade
igualdade fundam fundam en^?00
orrnação
tre bras1·1erros,
tre todos os brasileiros, · estáá na
est na baseb ~ mesma ?1esàma d dood~sta
estado d o de opiniã~
opÍni~enta••qen* en..
revalece entre
prevalece entre os brancos,brancos, contrario àss medidas
contrário me idas ostensivas ostensiva d°* d' Ue
P . . 1 b " s e d.
criminação econômica ouEsoc1a
criminação ~conõm1c~ ou social com co~ base na .cor
éase nf~ côr e à exteriorizaJs.
exterio * ^
• do preconceito
preconceito de cor. côr. Essa ssa pressao su 1c1entemente fort
pressão é suficientemente f o r te * ^ o0
criar e suportar
criar suportar o sentimento
sentimento generalizado generalizado pelo pelo qual qual a exter' extee· P:U-a
ção
ão de atitudes
atitudes f
desfavoráveis
des avor á veis ''.m di v1'd uos d
• aos “indivíduos de e côr'',
côr”, em pa
p a r1(>r1za
rf . * ? *•
Ç
diante deles, constitui
diante constitui ''fa Ita de
• • “falta ed ucaçao
de educação” - '' e representa
representa um* u-.flIC\Jllar *
portamento ''
“pouco
por!amento. p~uco 1gno • dº
digno”. '' G
Graças
raças a êss
êsse ·
sentimento,
. e sent1me~to, os ••
b , r corn
a
brancos ^ ..
nativos se 1mpoem
nativos impõem certos va 1ores morais,
certos valores morais, que que os ligam ligam indub^*
ind b·!.,
velmente
,•elmente aos seus “irmãos ,,.irmaos
- côr'' , como
d e côr”,
de como se diz d.u vu 1gar1nente u tj
vulgarmente, U•ca
*..
01
deles consiste
consiste na na expectativa
expectativa dos ''estrangeiros''
dos “estrangeiros” se confo~
conformar **
com os padrões - tradicionais
padroes tra d 1c1ona1s
· • · ddee tolerância
to Ier ânaa· racial. rac1a • 1. Várias
Várias pessoas
pessoa ar---em
. . . s en...
trevistadas, pertencentes a ddiversas
trevistadas, pertencentes 1versas categorias
categorias sociais, revelaram^
sociais, revelaram
indignação diante
sua indignação diante de fatos fatos conhecidos
conhecidos de rejeição rejeição acintosaacintosa de da
negros
negros e mu 1
mulatosatos em organ1zaçoes • -
organizações “estrangeiras” ou'' estrangeiras • ,, ou em círculos
círculo e
sociais constituídos
constituídos por por imigrantes
imigrantes e por por seusseus descendentes.
descendentes. Pare-
Pare~
ce-lhes que,
ce:lhes que, nesse ponto, ponto, tais tais atitudes
atitudes _eq~ivalem eqüivalem a ostentações ostentações de
atitudes de dcsprêzo
atitudes desprêzo para para com com os bras1le1ros.
brasileiros. A reação reação mais mais cor- cor-
rente
rente se exprime
exprime atravésatravés da idéia seguinte: ''se
idéia seguinte: “se os estrangeiros
estrangeiros não
estão satisfeitos,
satisfeitos, queque se mudem”.mudem''. O utro, diz
Outro, respeito a uma
diz respeito uma espé­ espé-
cie de obrigação
obrigação tática tática que que os brancos brancos se impõem, impõem, a qual qual traduz
traduz a
influência do antigo
influência antigo padrão padrão de sua sua relação
relação assimétrica
assimétrica com com os ne- ne­
julgam-se no
gros: julgam-se dever de ''dar
no dever “dar a mão'' mão” aos aos indivíduos
indivíduos de côr, de
dispensar-lhes
dispensar-lhes “proteção”
''proteção'' ou ''apoio'', “apoio”, quando quando procurados
procurados para para êMe êsse
fim. As pessoaspessoas de côr côr começam
começam a insurgir-se insurgir-se contra contra semelhante
semelhante
manifestação
manifestação de “piedade” ''piedade'' dos dos brancos.
brancos. Mas, é
Mas, é evidente
evidente que que ror- cor­
responde
responde eJa ela a um um sucedâneo
sucedâneo das atitudes atitudes de de solidariedade
solidariedade interra-
interra•
cial, queque não encontraram condições
não encontraram condições para desenvolver-se organica­
para desenvolver-se organica-
mente,
mente, por por causa das consequências conseqüências sociais sociais da escravidão e da
da escravidão
dominação senhoreal.
dominação senhoreal.
Por fim,
fim, embora
embora pairem dúvidas no
pairem dúvidas no espírito
espírito dos
dos brancos
brancos — :-
alguns
alguns não sabem se não seria
não sabem seria m elhor para
melhor negros a existência
para os negros existência
de uma
uma situação comparável à
situação comparável à que
que enfrentam
enfrentam negros norte-ame­
os negros norce-ame•
ricanos —
ric:a.nos - é decidida
decidida a oposição
oposição contra
contra os que agitem a animosidade
que agitem animosidade
nas relações
relações entre dois grupos
entre os dois grupos raciais
raciais ou propugnem por
ou propugnem por sua
sua
completa separação.
completa separação. É
"' certo que esta
certo que esta atitude
atitu d e tem prejudicado 3a
tem prejudicado
compreensão
compreensão dos movimentos sociais dos
dos movimentos negros. Assim,
dos negros. não faltou
Assim, não faltou
quem encarasse
encarasse o Congresso
Congresso da Mocidade
M ocidade Negra Brasileira ~~o
N egra Brasileira como
uma manifestação
uma politicamente
manifestação politicamente alarm ante e
alarmante 2 ).
perigosa ((2)»
e perigosa A idéia

d'AJ!!:~i.6t
f A c~d
1 o r tt~io
J-ÍO de riplica,
’ têío daª mprea1a
l v £ r ? , tá u rfpi,ca' e.crito por
u i
uapreaM n«fra
d e por Viceote
Slo Paulo,
pauluta, SJLo
ne1ra paulã,ca,
Ferreira,
Vjceoce Ferreira,
/V I / 1929, a.
PauJo, 9'J/Vl/1929. a.
em
e m 1 <";."""'
1
17, P4*'
y•
0.

, •


RELAÇÕES RACIAIS
1tELAÇõES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS EE BRANCOS
BRANCOS EM
EM SÃO
SAO PAULO
PAULO 195
195

de queque "os “os negros


negros nãonão têm têm nenhuma
nenhuma reivindicação
reivindicação a fazer" fazer” surgiu
surgiu
naa ocasião
ocasião e continua
continua a ser aplicadaaplicada aos movimentos
movimentos ou ou reuniões
reuniões
posteriores. Contudo,
:osteriores. Contudo, a atitude atitude em em questão
questão asmme assume polarizações
polarizações
,.que redundam em
ue redundam em maior
maior aproximação
aproximação racial.racial. De De umum lado,
lado, agita
agita
intre
entre os brancosbrancos sentimentos
sentimentos de de lealdade
lealdade para para comcom a ordem
ordem social
social
vigente, colocando
vigente, colocando a opinião opinião pública
pública "ao “ao ladolado dosdos oponentes
oponentes de de
qualquer forma
qualquer forma de de discri_minação
discriminação racial"racial” (ª!,.
(3) e ?brigando
obrigando os homens homens
públicos a tomar
públicos tomar conhecrmento
conhecimento da conven1enoa
conveniência de de regular
regular formal-
formal­
mente as garantias
mente garantias de de igualdade
igualdade jurídica
jurídica e política
política perante
perante a lei. lei.
Isto explica
Isto explica o progresso
progresso nítidonítido queque se evidencia
evidencia nas nas estipulações
estipulações
contidas na Carta
contidas Carta Magna
Magna do do país,
país, no queque concerne
concerne ao con1bate
combate do do
preconceito de
preconceito de côr.
côr. A Constituição
Constituição de de 1891 dispunha
dispunha apenas:apenas:
“Todos são iguais
"To<los iguais perante
perante a lei. A República República não não adtnite
admite privilé-
privilé­
gios de de nascimento, desconhece os foros
nascimento, desconhece foros de de nobreza,
nobreza, e extingue
extingue as
ordens
ordens honoríficas
honoríficas existentes
existentes e todas todas as suas prerrogativas
prerrogativas e rega- rega­
bem como
lias, be111 como os títulos nobiliárquicos e de
títulos nobiliárquicos de conselho''
conselho” (art.(art. 72,
§ 2. 2.°).
0 ). Constituição de
A Constituição de 1934 é bem bem mais mais clara,
clara, a respeito
respeito dos dos
tópicos que
tópicos que nos
nos intere~m:
interessam: ºTodos “Todos são são iguais
iguais perante
perante a lei. lei. Não
Não
haverá privilégios,
haverá privilégios, nem nem distinções,
distinções, porpor motivo
motivo de de nac;cimento,
nascimento, sexo, sexo,
raça, profissões
raça, profissões próprias
próprias ou ou dos
dos pa~
pais, ela~
classe social, riqueza, crenças
social, riqueza,
religiosas ou
religiosas ou idéias
idéias políticas"
políticas” (art. alínea 1). A última
(art. 113, alínea última Cons-Cons­
tituição ((de
tituição proibe finalmente
de 1946), proibe finalmente de de maneira
maneira expressa
expressa o pre• pre­
conceito de raça:
conceito raça: ''Todos
“Todos são iguais perante a lei ( ..... . )).. Não
iguais perante Não será,
será,
porém, tólerada
porém, tolerada propaganda
propaganda de de guerra,
guerra, de de processos
processos parapara subverter
subverter
ordem política
a ordem política e social,
social, ou ou dede preconceitos
preconceitos de de raça
raça ouou dede classe"
classe”
(art. 141, §§ 1. 0 e 5.0 ) ( 4 ).
1.° 5.°) (4). De lado, conio
outro lado,
De outro como as Dlesrnas
mesmas atitudes
atitudes
sao partilhadas
são partilhadas de maneira maneira uniforme
uniforme por “brancos” e "negros"
por "brancos" “negros” na- na­
tivos, elas se refleteni
tivos, refletem n~ nos 1novin1entos
movimentos de de protesto
protesto dos dos indivíduos
indivíduos
de côr, confinando
confinando a esfera esfera de de antagonismo
antagonismo às restriçõesrestrições impostas
impostas
pelas gradações
pelas gradações da côr da pele. pele. DaíDaí resulta
resulta que que esses moviDtentos
movimentos
procuram
procuram defenderdefender abertaAtente
abertamente uma uma integração
integração mais mais hoD1ogênea
homogênea
do negro
negro na vida vida social
social do país,país, emem vez de assumir tendências
de assumir tendências de
segregação racial.
segregação racial. No Congresso da Mocidade
Manifesto do Congresso
No Manifesto Mocidade Negra Negra
Brasileira estabelecia-se
Brasileira estabelecia-se claramente:
claramente: ''O “O problema
problema do do negro
negro brasileiro
brasileiro
é o da integralização
integralização absoluta,
absoluta, completa,
completa, do negro, negro, em "todaº
“toda” a vida vida
brasileira
brasileira (polhica,
(política, social,
social, religiosa,
religiosa, econômica,
econômica, operária,
operária, militar,
militar,
etc.); deve ter tôda formação formação e tôda aceitação aceitação em tudo tudo e em tôda tôda
dadas as condições
parte, dadas
parte, condições competentes, físicas, técnicas, intelectuais
competentes, físicas, intelectuais
e morais, exigidas para a ..“igualdade
morais, exigidas igualdade perante
perante a lei" lei" (&).
(5). Afirmações
Afirmações

(3) Emllio
(3) Emílio Willems,
Willems, Rjoce AttHudes í•
RM, Allhud•1 im Br.ail, art. cit., pig
Braxil, art. pág.. .f06; também pig.
406; cf. tambfm pig.
~OI.
40$. A À anãlise
análise refere-se a SloS ío Paulo.
Paulo.
(4) .A.
o.i (4) A. Coelho
Coelho Branco Filho (ed.),
Branco Filho <ed.), O 0 Brwsíl
Brasil ,* "'"
n u s R,gM#s
Regimes Comtit,"ionllis,
Constitucionais, op.
op.
t., respectivamente
C*t., respectivamente J>i1s.
págs. 174, 143 e ~3--3~. 33-34.
_ (')(5) Cf.
Cf. Mmsag,m
Mensagem 1101 Brasileiros, assinada
Negros Brdnlnrot,
aos N1gros assinada pelapela Comisslo
Comisslo Intelect11al
Intelectual dodo
'i.f"~r,110,
Congresso "4 da Moâ'4d-,
Mocidade N,gra
Negra Brasíl1ír11,
Brasileira, e escrita
escrita por
por .Arlindo
Arlindo V~iga
Veiga dosdos Sant0t;
Saneo*; ia
in
e:;
·"'~"'
C/tfrr» J, A/110,ada, 9/VI/
d'AJvorada, 9 /V I/11929;
9 2 9 ; • grifada
grifada no no texto.
texto. A met1mamc«ma af afirm consta do
açio • consta
umaçl_o
MA.,1,110
Manifesto 4 d G,1111
Gente N1grA
Negra B,asil11ra,
Brasileira, feito nome da Pr•n:t•
feito em nome Frente N~B"" Brasileira, por
Negra Bra11lnra. pot aeu
»eu
Presidence Arlindo Veiga dol
presidente geral, A.rliad.o Santo*, SI.o
do# Saac01, Sto Pwlo,
Paulo, 2/XW1931 (p*g. 5).
2/XII/1931 (pág. 3 ).
1

INQUf.RITO
lNQUr.RJTO UNESCO a n h E n
196 1

oaralelas ocorrem nos


oaralelas ocorrem o nos. ..-- . escritos
es cr ito s dos
do s principais
pr in ci pa
l
is m
m entores
en to re s desses
de
SS es ^
n..
•vimentos. Jo
vjjnentos. José C rreia Leite,
Correia .a... c1 tep,
po orr ex
exemem pplo, ~• as se ve
assevera ra em
em A
A l\· or
lvora^ ... o.
..

«Estamos lutando
''Estamos lutando para para um
um levantam
le va nt am enento
to integral
m te gr al do
do negro
ne gr brada:• •

loiro:
leiro; pela
Dela
leiro; pe suaa estabilidade
la su ees
swtaubii ulid
u
- * ad
a u e
» . econôm
econ ôm ica,
ic a,
-------------------,
• —*— ta *—
cultural
cu
^
*—
ltu ra
«e —
l
-— —
e
e
•—
social.
so ci
______
al .
ios no fu
L
.;: m
, br
_^nios
^
as 1'
i.
para
ra que
qu e esses
e~ princípios
s princípi os sejam
se ja m plantados
pl an do s e arraigados
ar ra ig ad no^í'1*1*108
-Odº
talllos
rtal e. •
cimento de nossa compreensão
pa
cimento de nossa compreen~ •~ espiritual”
- ·
~prr1t?a · l'' («);; no
(6 ) no m esm
mes m o perv2^®*
o Pe rió
Raul Joviano Amaral
Raul Joviano Amaral defend~a defendia idênticos
id ên tic os pontos
po nt os de
de vista:
vi st a; “p
''E n~ 5o»º•

antes de falarmos nos clubes ou escrevermos
es cr ev er 1n os nos
no s jornais,
jo rn ai s ma*
m aa · m*°>ªº
antes de falarmos nos clubes ou . . , s cons.
trutivo nos parece
trutivo nos parece comba combater te r o
o preconceito
pr ec on ce ito por
po r m
m eio
ei o m
maisai s há bº l·
ação. A ação no sentido de
de mostrar
m os tra r a
a cada
ca da N eg
Negro ro que
qu e deve
de ve m m ~
li! h *ª
ação. A ação no sentido· · • e- ... or
aproveitar
ap ro ve ·
ita r o
o seu
se u d·1nh e1ro; que
dinheiro; qu e deve
d ev e procurar
pr oc urar instruir-se f
1n st ru 1r -s e
'
fa
ze
·
r- se
hábil
hábil trabalhador,
tra ba lh ad or , respeitar
re sp ei ·tar as as individualidades
·
m di "d
VI ua I
1 ºd ad es dos seus *
do s se us pr ó .**
irmãos; que
irmãos; que d~e inte deve interessar-se
re ~r -s e pelo
pe lo destino
de st in o dos
do s filhos;
fil ho s; que
qu e d
de e vev e
~~ ^ :08
cá-Ios e instruí-los;
cá-los e instnu-los; qu que e deve
de ve ter
te r ee dar
da r aos
ao s seus
se us um
um aa profissão
pr of i~ o d
di '
gn a
e
e 1
* -
íc .
lícita;
ita ; que
qu e "
aevc
ae ve wl
ve
vcw»lar
ar Dela
pe l a segurança
se gu ra
------nç a
, da
da fam
f am ília, fazendo c ^
1'l º , f azendo
1a
--------------------------------W1U.
co -
preender a enorme responsabilidade
sa bi lid ad e qu
que e ca
cabebe à
à m ul
mulher; he r; qu
que e ~;
esta •·
preender a enorn1e respon sa gr ad o; qu ª
deve ser respeitada e protegida no
no qu
que e te
temm de m
mais ai s sagrado; que
deve ser respeitada e protegida en to so ci al ; de d:
deve formar instituições s úteis
út ei s ao
ao se
seu u de se nv ol
desenvolvimento vi m social;
deve formar instituiçõe et c. ''. ''P ar ec e.
amparo, de proteção, de assistência,
si st ên ci ~ de
de re cr ea
recreações,çõ es , e tc ”. “Parece-
amparo, de proteção, de as en te m or al ii. ad a,
nos, pois, que formando uma a co le tiv
coletividade id ad e al ta m
altamente moralizada,
nos, pois, que formando um tra ba lh ad or a, o
progressista e respeitada,da , uma
um a co lm
colmeia ei a di g1
digna, 1a , út
útilil e
e trabalhadora, 0
progressista e respeita va s ge ra çõ es
preconceito por si só se atenuará.
aten ua rá . É
É pr ev
prevenindo en in do as
as no
novas gerações,
preconceito por si
éé educando-as
educando-as para um para uma a vida
vi da nobre
no br e e m
maisai s sa di
sadia, a, m
mais ai s in de pe
independente nd ent~
e mais moralizada, mais esclarecidos
es cl ar ec id os os se
seusus co m po
componentes ne nt es em
em se
seus us
e mais moralizada, mais os tra ba lh an .
direitos e dever es de cidadãos e pa tri ot
patriotas, as , qu
que e es ta re
estaremos m trabalhan­
direitos e deveres de cidadãos o pa ra re -
do pela integração do Negro ro na
na so ci ed
sociedade ad e e co nt rib
contribuindo ui nd para re-
do pela integração do Neg si da de no te rr e-
dimir-nos das culpas que nos l,e
cabem
ca m pe
pela la no
nossass a oc io
ociosidade no terre­
dimir-nos das culpas que nos ''S im , é pr e-
no social”. (7). Em outro artigo,
ar tig o, af irm
afirma a Lu
Luísís Lo ba
Lobato: to : “Sim, é pre­
no social''. ( ). Em outro
7
ir no is ol ac io -
ciso que os negros se organizem, m , se
sem, m , ro nt ud
contudo, o, ca
cair no isolado-
ciso que os negros se organize G en te N eg ra
nismo que geraria o racismo”
si no '' (*).
(8 ). N o
o M an ife
Manifesto st o à
à Gente Negra
niscno que geraria o raci ira , A rli nd o
Brasileira, Fr en te N eg ra B ra si le
Brasileira, falando falando em em nome nome da Frente Negra Brasileira, Arlindo
no rte -a m er i•
Veiga dos Santos condena a ns fe
transferência
tra rê nc ia do m od
modêlo êl o norte-ameri­
Veiga dos Santos condena er ra do s, qu ei -
cano para o Brasil: “Repelimos os to
todos do s os pa trí ci
patrícios os qu
que, e, errados, quei­
cano para o Brasil: ''Repelim de lu ta de
ram transportar para o Brasil
B ra si l o pr ob
problema le m a ne gr
negro o ia nq
ianque ue de luta de
ram transportar para o R ep ila m 08 a
fe iti o o no ss o.
ódio contra o branco. Não é
ódio contra o branco. Não é ês
êsse se feitio nosso. Repilamos
o an
a
ti-
ut o m en ta lid ad e, no fu nd

concepção norte-americana, fr
concepção norte-americana, fruto da mentalidade, no fundo
vi da
anti-
na -
cristã, daquele povo. Não er
queremos em os um
uma a se gr eg
segregação aç ão da
da vida na­
. cristã, daquele povo. Não qu in te gr aç ão
ão na ci on al do N eg ro , um a
cional, senão uma afirmaç
cional, senão uma afirmação nacional do Negro, uma integração
real
re al e le leal”
al'' (»).
(~.
Todavia, os ideais de integração
in te gr aç ão nacional
na ci on al ac
acimaim a da
das s di feren-
diferen­
Todavia, os ideais iro s se
ças raciais e da igualdade fundamental
nd am en ta l entre
en tre to do
todos s os
os br as
brasileirosile se
çu raciais e da igualdade fu

~!)
*Y /í! iJo 01*, Porque Lutamos, ia
ia Alvorada, Si
Sl
A/f!DrdÜ,oo Pa ul
Pauio, o, 28
2 8 /~
/IX/19:
/l 946,
'6, pãg.1 J.;
Rumos e Diretrizes, Alvorada,
,, C. Leite, Por41 11 Üd o,o s,
**■* J*
(Ao'' ) Raul J. Amaral, Amaral, bm os , Di rd ri: rtt , in Àl flt wl llh . Si
Sl oo Pa
Paulo, Janeiro de
ulo, janeiro

de
•__t.4* Àfl
4I
(Anoo II 1I d
~-. _16), pig.. 3.’
16), pig 3, , junho
Junho '
1 Dw n, <h ~• iur -1 ,, AJ 11 or /U Ü Sl o Pa ulo
((1)• > Lula .lol,ato, 01 N1,ro 1

24.. pá 6. ã
.................................

1J47, Ano II o. 24
1947, Áno g. 6.
pág.
(9)
(9) Ar Arlindo
lio do Veiga
Ve iga dc»
do t Sw 01 ,
Santo», lo
loc.c. clt .,
etf.. pi p.
p*gs. 7.
7*».a.
---
RELAÇõF.S
RELAÇOF.S RACIAIS ENTRE NF.GROS E BRA!'iiCOS
E N T R E NEGROS BRANCOS EM S,'\O
SAO PAULO
PAULO 197

refletem nas orie~tações.


refletem orientações d~ de conduta
conduta ~os
dos branc:-.os
brancos como fonnas
formas de
controle das rclaçoes
controle relações rac1a1s desenvolvidas ee regulamentadas
raciais desenvolvidas regulam entadas social-
rneote.
mente. PorP or isso, as atitudes
atitudes que se polarizam em tôrno
polarizam ein tôrno desses
por mais
ideais, por m ais favoráveis
favoráveis que sejam aos "indivíduos
“indivíduos de côr",
côr”, ten-
ten­
dem fatalmente
fatalm ente a assumir
assum ir a dei esa do sistema de acomodações ra-
defesa ra­
ciais existente.
existente. ElasElas não penetram
penetram nos aspectos negativos
negativos ouou
insatisfatórios das relações
insatisfatórios entre negros
relações entre negros e brancos;
brancos; por
por conseguinte,
conseguinte,
não abrem perspectivas
perspectivas críticas
críticas na
n a autoconsciência
autoconsciência dos motivos
motivos e
dos efeitos
efeitos sociais
sociais das
das ações
ações dêstes
dêstes em face
face daqueles.
daqueles. A concepção
concepção
de que "o “o negro não tem nenhun1a
negro não nenhum a reivindicação
reivindicação a fazer São
", em São
fazer”,
Paulo,
Paulo, possui assim um complexocomplexo fundamento sócio-cultural e cons,.
fundam ento sócio-cultural cons­
titui
titui uma
um a lllanif estação sincera
m anifestação sincera por
por parte
p arte dos
dos brancos,
brancos, que não en-
que não en­
contram etn
contra01 em sua cultura
cu ltu ra explicação
explicação que
que pern1ita
perm ita tolllar
tom ar consciência
consciência
da discriminação
discrim inação e do preconceito com base na côr
preconceito coin côr co1no
como u01
um
problem a social.
proble1na
A situação
situação que q u e se desenha
desenha no ''Jneio “m eio negro''
negro” é coinpletantente
com pletam ente
diversa.
diversa. Enquanto
E n q u an to se rnantiveralll
m antiveram as condições existência so-
condições de existência so­
criadas no antigo
cial, criadas antigo 1nundo
m u n d o rural,
ru ral, pela
pela escravidão
escravidão e pela pela domina-
dom ina­
ção senhoreal,
senhoreal, não n ão se fform onnaram
aram canais
canais de "protesto social”. Os
“protesto social".
desapontamentos
desapontam entos e as insatisfações
insatisfações dos negros negros e mulatos
m ulatos não encon-
encon­
trava~ form as de expressão
travam formas coletiva. Ao contrário,
expressão coletiva. contrário, de acôrdo com
de acôrdo
os padrões
padrões vigentes
vigentes de tratamento
tratam en to interracial,
interracial, os desapontamentos
desapontam entos
e as insatisfações precisavam ser dissimulados
insatisfações precisavain dissim ulados ou resolver-se
resolver-se atra,·és
através
de soluções de caráter caráter estritamente
estritam ente pessoal (abandono (abandono do Estado, Estado,
alcoolismo, evitação
evitação de certas certas pessoas brancas,brancas, isolamento,
isolam ento, suicídio,
suicídio,
etc.), variáveis
variáveis portanto
p o rta n to de um indivíduo
indivíduo para p ara outro. Mas, com a
outro. ~las,
progressiva
progressiva assimilação
assim ilação dos negros negros e dos mul~tos m ulatos à ordem ordem social
social
produzida
produzida pelo pelo regime
regim e de trabalho
trab alh o livre e pelo sistema sistem a de claMeS,
classes,
começaram
começaram a surgir surgir na população
população negra negra e mestiça
m estiça da cidade
cidade ten- ten ­
dências parap a ra a elaboração
elaboração social e a expressão coletiva dos senti-
expressão coletiva sen ti­
mentos
mentos provocados
provocados pela pela desigualdade
desigualdade econômica
econôm ica e social das duas duas
"raças"
“raças” e pelas pelas manifestações
m anifestações da discriminação
discrim inação e do preconceitopreco n ceito
com _bbase
ase nan a côr. Além A lém diSM>,
disso, o queque é é mais
m ais importante,
im p o rtan te, as orienta-
o rien ta ­
ções de conduta
co n d u ta Polarizadas
polarizadas em tôrno tô rn o d~s
dessas tendências
tendências adquiriram
a d q u irira m
desde logo uma u m a alta
alta potencialidade
p o tencialidade inconf inconform aplicando-se ao
ista, aplicando-se
orn1ista,
mesmo tempotem po contra dissim ulação, por
co n tra a d™imulação, p o r parte brancos, e con-
p a rte dos brancos, co n ­
tra a capitulação
cap itu lação passiva,
passiva, por p o r parte
p a rte dos negros
negros e dos mulatos.
m ulatos. Os
ideais de integração
integração nacional
nacional acima acim a das diferenças
diferenças raciais
raciais e de igual-
ig u al­
dade fundamental
fu n d am en ta l entre todos os brasileiros
e n tre tod~ sofreram no
brasileiros sofreratn n o "tneio
“m eio
negro” uma
negro" u m a reelaboração
reelaboração cultural, q u e se caracteriza
c u ltu ra l, que caracteriza pelap ela elimina-
e lim in a ­
ção das inconsistências
inconsistências ocultas ocultas atrás
atrás de ambasam bas as noções, nas atitudes atitu d e s
dos brancos,
brancos, e pelo pelo desdobramento
d esd o b ram en to da perspectiva crítica, pois ali•
perspectiva crítica, ali­
menta
m enta avaliações
avaliações em que q u e não são poupados n em os "brancos"
p o u p ad o s nem "brancos” nem n em
a
a "raça
“raça negra"
n eg ra” ((com
comoo exemplificam,
exem plificam , aliás, aliás, as transcrições
transcrições feitas
feitas aci-
aci­
ma). Embora
E m b o ra seja inegávelinegável a preocupação
p reocupação de supervalorllar
supervalorizar o
. - •.

lNQUtRITO UNEsco.AN
198
i g _ ___________________________________________________ 8t~n 1

histórico da
papel histórico “raça negra”,
da ''raça negra'', a verdade é que
a verdade que os elcmemn
elcm ---
nâmicos
oâmicos dada nova
nova ideologia
ideologia nascem
nascem dada crítica
crítica dos aspectos ::tos_
dos aspectos ne* *di.
e insatisfatórios das relações dos negros com os brancos e da h r1 °a
e insatisfat6rios das relações dos negros com os brancos e d gat yoa
ção
Ç do •'preconceito''
ão do como um
“preconceito” como um pproblema
.
ro b le m a social.
d ô
Por
social. Por
-
isso,
isso ª
as rdefini
, as reaç~
~ ..

espontâneas
espontâneas contra
contra o preconceito
preconce1t_o de e ccôrr não
nao se confundem^**8
se confundem oes
''meio negro”,
“meio negro'', com a defesa do sistem
sistemaa ddee acom
acomodações rac·1 . --,* no
odações raciais
tente. TTêm
êm elas um senti "do ra
sentido radd"ical
1ca1 e, ppor
o r sua própria
18
nattttiex·IS,.
p r ó p ria natu**** ª
operam como fôrça de solapam solapamento
ento e de desm desmoralização
oralização d dos***’
e1.a,
drões de comportamento
com portam ento e dos valores sociais, que
valores sociais, q u e ininterfe os **
terferem pa..
integração
integração dos negros
negros e dos mulatos
m u lato s às classes sociais u e con n~
sociais e qquerem **
buem para perpetuar
para p
.
e rp e tu a r o sJStema
d
sistem a dee acom
d _
acomoodações
açoes raciais
raciais herd~
contn,.
herdad*
do passado. do
A emergência ~e aa canalização
A eme~~ncia ca?aJ~za~ão _social
social do do “protesto
''protesto negr 0 ~,, ”
contra
contra as manifestações
man1festaçoes da da discriminação
d1scrunmaçao e do do preconceito
preconceito com com b ba
na côr constituem
na côr constituem um um _ fenômeno
fenômenoda recente,
recente,. cuja exp] icaça-0 se en
_ explicação
cuja en­
él3e
contra nas
contra nas transformações
trans formaçoes operadas
opera s na na situação
s1tuaçao dosdos negrosnegros e ddos
..
mulatos na
mulatos sociedade paulistana.
na sociedade paulistana. A análise ~esenvoJvida
A ~náli~ desenvolvida no no ca~~
capí.
tulo II
tolo II demonstra
demonstra que, que, nono passado,
passado, nao não ex1st1ram condições sociâ
existiram condições sociais •
que
que permitissem
pe1mitissem a a formação
fo1111ação de de movimentos
movimentos ou ou dede associações
aswciações d~ de
negros;
negros; a a constituição
constituição de de laços
laços de solidariedade moral,
de solidariedade moral, 0o peneira-peneira.
mento
mento e a a atuação
atuação de de líderes
líderes negros
negros ou ou mulatos,
mulatos, aa luta coletiva por
luta coletiva
interêsses
interêsses sociais
sociais imediatos
imediatos ou ou futuros, eram igualmente
futuros, eram igualmente prejudica.
prejudica­
dos, de forma irremediável,
de forma irremediável, pelo pelo estado
estado dede anomia
anomia em em que que sempre
viveu uma
viveu wna parteparte considerável
considerável da da população
população de de côr
côr ou ou pelapela posição
heteronômica a
beteronômica que se viam
a que viam reduzidos
reduzidos os indivíduos
indivíduos de côr, que
de côr,
usufruíam as
usufruíam as vantagens
vantagens da da vida
vida social organizada. Durante
social organizada. Durante o pe- pe­
ríodo
ríodo de de transição,
transição, que que se inicia
inicia comcom aa Abolição
Abolição e vai, vai, aproximada­
aproximada-
mente,
mente, até até 1930, não não se criaram
criaram condições
condições que neutralizassem com­
que neutralizassem com-
pletamente
pletamente as fôrças fôrças e as as pressões sociais que
pressões sociais impediam aa integra­
que impediam integra-
ção
ção dos indivíduos de
dos indivíduos de côr
côr emem movimentos
movimentos coletivos
coletivos independentes.
independentes.
Todavia, surgiram, particu]a1111ente
Todavia, surgiram. particularmente a partir segundo quartel
partir do segundo quartel
dêste século,
d&te algumas condições
sérulo, algumas condições favoráveis
favoráveis à formação
for1nação de de pequenos
pequenos
grupos e de de associações
associações capazes
capazes de agitar a necessidade
de agitar necessidade de união
de união
para atingir “a
para atingir elevação moral,
''a elevação moral, intelectual
intelectual e socialsocial da da raça negra”.
raça negra''.
Entre
Entre essas condições,
condições, cumprecumpre ressaltar
ressaltar o relaxamento
relaxamento da da coerção
coerção ex­ ex•
terior, exercida sôbre
terior, exercida sôbre as pessoas
pessoas de côr côr quase
quase indiscriminadamente;
indiscriminad~ente;
as
a, possibilidades
possibilidades de de peneiramento
peneiramento de de líderes mais ou
líderes mais ou menos
menos leais leais aos
aos
interêsses sociais
interêsses sociais e aos aos ideais
ideais de de “elevação intelectual e so-
moral, intelectual
''elevação moral, so­
cial da
cial da “raça
''raça negra”;
negra''; e o aparecimento
aparecimento de
de canais
canais de de protesto,
protesto, que
serviram
serviram ao ao mesmo
mesmo tempo tempo comocomo meios atuação dos líderes
meios de atuação líderes e de e
anregimentação das
arregimentação das ma~s.
massas.
No
No passado,
passado, o escravo escravo representava,
representava, como
como já foi indicado _ein
foi indica~? o®
outra
outra parte dêste trabalho,
parte dêste trabalho, um inimigo natural
um inimigo natural da ordem ordem pu& ica‘
puolica,
A
A repressão
re~ressão às atividades
atividades sediciosas
sediciosas dos dos escravos
escravos e, princip~lme~te,
p r in c ip a lm e n te »
às ações
açoes rebeldes
rebeldes dos escravos fugidos e reunidos
dos escravos reunidos em qU1lombO', quilombo
. .. . - -~ - - -~-- .. .. . -..
• •
'•

r e l a ç õ e s r
RELAÇõES a c i a i s eENTRE
RACIAIS n t r e NEGROS
n e g r o s eE BRANCOS
b r a n c o s EM
E~f SAO
SÃO PAULO
PAUi.O
199

sempre foi _uma preocupação ~~s


u m a _preocupação senhores, bem como da polícia
dos senhores, polícia


colonial e im
colonial 1~per1al
perial... As _condiçoes
cond1çoes em e~ qque ocorreu a desagrega­
u e ocorreu desagrega-
ção do reg1m~ regim e servil servil nao não deram
deram origem,origem , senão esporadicamen-
esporadicam en­
te (lº), conflito~ entre
(l0), a conflitos negro~ e brancos
e n tre negros brancos de conseqüências
consequências fatais, fatais.
porém, o ppauperismo
porém, au p erism o e os fenôm fenomenos patológicos, qque
enos patológicos, afetaram a
u e afetaram
População ~e
população de côr côr. da cidade,
cidade, ccon!ribuiram
o n trib u íra m pparaa ra pperpetuar certas
e rp e tu a r certas
representaçoes antigas,
representações antigas, desfavoráveis
desfavoráveis às pessoas de côr (“o (''o negro
negro é
vaga b unuo
vagabundo”, negro éé cachaceiro”,
.., '' , ''“negro cac h ace1ro
. '' , “negro
'' negro é lad Ia d rão
- ”, ''negra
rao'', “negra é m mu- u­
atoa'', etc.), e ppara
lher atoa”, ara m manter velhas desconfianças
a n te r velhas desconfianças dos brancos. brancos.
Daí a orientação
orientação da polícia, ~}ícia, de d~ re p rim ir a ''vadiagem''
r~p~imir “vadiagem ” ou a ''prosti- “prosti­
tuição''
tuição” através
através da pr1sao prisão dos 1nd1v1duos
indivíduos de côr encontradosencontrados peram- peram -
bulando
bulando pelas pelas ruas ru as ou agrupados
ag ru p ad o s nas esquinas
esquinas ou botequins.
botequins. Pou- Pou­
co a p<>uco,
pouco, as violências violências resultantes
resu ltan tes dessa orientação
orientação foram-se
foram-se ate­ ate-
nuando,
nuando, até qque passou a pprender
u e se passou re n d e r apenas
apenas os indivíduos
indivíduos de côr
com precedentes
precedentes criminosos, crim inosos, como com o se procede
procede com relação relação aos bran- b ra n ­
cos ((n11),). S Segundo
egundo o testem testemunho
u n h o das pessoas entrevistadas
entrevistadas ppara a ra êsse
fim, a transformação
transform ação das formas form as de repressão atividades dos in-
repressão às atividades in ­
divíduos de côr aacarretou
divíduos c a rre to u uuma
ma m mudança considerável nas perspecti-
u d an ça considerável perspecti­
vas de agrupamento
ag ru p a m e n to deles deles eentre
n tre si, permitindo
p e rm itin d o qqueu e se unissem
unissem publi-p u b li­
camente,
cam ente, oonde n d e quisessem,
quisessem , ppara a ra discutir
d iscu tir seus problemas. Observa-6e,
problem as. Observa-se,
ainda,
ainda, que q u e não
n ão foram poucas as pe~as
fo ram poucas pessoas qque u e pprocuraram,
ro c u ra ra m , ddeliberada-
elib erad a­
mente,
m ente, ••quebrar
“q u e b ra r o mêdo''
m êd o ” dos com companheiros
panheiros e reeducar brancos, na
re e d u c a r os brancos, na
apreciação
apreciação da d a “c ''conduta'' negros e dos mulatos.
o n d u ta ” dos negros m ulatos. O Organizavam
rganizavam
recreativos e promoviam
clubes recreativos p ro m o v iam reuniões sociais “d
reuniões sociais ''distintas'',
istin tas”, qque evi-
u e evi­
denciavam
denciavam o decôro decoro e a educaçãoeducação das pessoas pessoas de d e côr. Não N ã o hháá dú- dú­
vida em qque u e a possibilidade
possibilidade de agrupamento
ag ru p a m en to e os estímulos
estím ulos que q u e con-
con­
duziam à à intensificação
intensificação da vida social dos negros
vida social negros eentre n tre si re repre-
p re ­
sentam uum
sentam m passo m muito
u ito imimportante
p o rta n te na formfor1nação
ação das condições
condições que que
iriam determinar
d e te rm in a r a eclosão eclosão dos m movimentos sociais no ''meio
ovim entos sociais “m eio negro''.
n e g ro ”.

( 10) Os depoimentos
(10) depoimentos históricos mostram que a A
históricos mostram Abolição processou pacífica-
bolição se processou pacifica•
mente em
mente ern São
S5o Paulo,
Paulo, embora
embora tivessem ocorrido ocorrido alguns
alguns conflitos f a2endas, loca­
conflitos nas fazendas, loca-
Jiudai no interior,
lizadas interior, quase
quase sempre por causa da incompreensão incompreensão ou de violências violências dos
ltnhores (cf. M
senhores Maria
aria Paes de Barros,Barros, No No Tempo
Tempo dtkt Dantes,DanleI, op. op. cic.,
cit., págs.
págs. 130-134;
130·134;
Jim
José Maria dos Santos,Santos, Os Republicanos Paulistas
Os Republicanos Paulistas ee "a Abolição,
Abolição, cap. XXII; II; D Dr.r. Antônio
Antônio
A ndrade, A
Bueno de Andrade,
Manuel Bueno A Abolição
Aholiçiio em em São Paulo . Depoimento
São Paulo, Depoimenlo de de uma
uma Testem unha,
Teslemunb",
in 0O EstadfJ
Estado de de Sao
São Paulo, 13/V /1918; cf. tam
Paulo, 13/V/191S; também notícias estam
bém as notícias padas: in A
estampadas: A Pro
Pro•-
vlncia
t1l,scid de
de São Paulo, de 17 a 25 e 31 de m
São P11ulo, maio
aio de 1888 e em 5 de junho junho do mesmo mesmo ano;ano;
Correio Paulistano,
in Correio Pau/i11ano, de 18 a 26 e 30 e 31 de m maio
aio de 1888; Relatório Apresentado
1888; Relatório A.presentatJo àà
Assembléia Legislativa Provincial
Assembléia LegisJativd Províncidl pelo
pelo Presidente
Pr1sitlrnl1 da d4 Província Dr. Pedro
Pro, 1ln&ia V,., Pedro Vicente
Yic~nt, de
à,
Azwedo no dia
Azevedo "º dia 1111 dede janeiro
ja,seiro de d, 1889
1889,, oop. cit., pág.
p . cit., p:ig. 144),
144). Informações
Inform obtidas ddire-
ações obtidas ire­
tamente, revelam
tamente, revelam que, que, em certos lugares lugares (n (noo interior
interior ddoo E Estado),
stad o ), os ex-escravos
ex-escra\'OS ap apli-
li­
correçõe, aos seus antigos
caram correções antigos senhores
senhor~, que se m mostraram
ostraram maus no tem tempo cativeiro:
po do cativeiro;
reuniam-se em pequenos
reuniam-se ptquenos grupos
grupos e tocaiavam
tocaiavam, , à noite, noite, até conseguirem dax
até conseguirem dar uma um a surra
su rra
nos ex-algozes. Os dados
no, seus ex-algozes. dados em questão foram
em questão foram fornecidos
fornecidos por por pessoas
pessoas brancas.
brancas.
(11)
<11) Seguodo
Segundo informinformantes fidedignos do m
antes fidedignos meio
eio ntgro,
negro, aa transformaçio
transform ação dos meios de
dos meios de
rtp!ess1~ policial só
ftpressão policial 16 se fêz nnotar acentuadamente
o tar acentuadam depois de _1930, com a cessação
ente depois ce~sação ~as das
arbitrar1edad~ mais graves.
arbitrariedades graves. Aliás,
Aliás, no interior
interior do Estado
Estado o rigor rigor parece
parece ter te~ sido
sido m m3ior,
aior,
em determ
determinadas .zonas
inadas zonas. 0
Além dos abusos, abusos relatados
relatados em outra parte
em outra pane dêstedeste trabtrabalho,
alh o ,
praticados nas pessoas
praticados pessoas dos m maoumitidos, ~los age11tes
anum itidos, pelos agentes da orde~ pública,
da ordem pública, sabe-sesabe-se queque
ttn algum.as
em algumas localidadaii
localidades, comcomoo na Vila de São Slo Pedro,
Pedro, em Piracicaba, por
em Piracicaba, por exemplo,
exem plo, as as
autoridades_
Nu
nias da vila
deram ordem
autoridades deram
vila e que
A Província de Sãe
A P,011J11,ít1 sa. Paulo9
;k
orde~ às praças
que aos domillgos
praças dede polícia
dom ingos só
Pt111kJ,22/Vl/1888).
polícia dede nl~
16 fôssem
/ V i/ 1888).
fôssem consentidos
n i o consentÍ!em
consentirem pretos
c.onsentido1 nna a fTila
ila até
pretos àà .noi~e
até ao
nojte Ppelas
ao me10-di2.
y*s
m eio-aia, t i a ,ia
. ' - . .. ••
• '
.... .
~ .,. . ·,
,
.......... ..
•• •
- ..... ·,

"Iº
. ... .

INQUÉRITO
INQUtRITO UNESCO.
UN1:-
&.SC0.AN1
-200 It~tnr
--.......
tsses fatos m
Êsses marcam
arcam o inicio início dbe
d e . uu~a
m a nnova o v a . eera
ra nnaa congro^
conJ?rP&-.. ...
dass pessoas
da pessoas de côr. Embora
E m b o ra su s1st1sscm as rixas,
subsistissem rix a s, as pre .., -~'4ça
preven ~ Çã°0
ntimcntos
os sentim de desconfiança
entos dc desconfiança nnas relações
as relaçõ es dessas pessoas ~ençoes (0 s e
*
tra v é s do ^ ~ue se
O •
;~: ainda hoje, e o que
nota explica
q u e se ex p lica fàfàcilmente
c ilm e n te aatravés Se
do negro em São,São P~ulo), v e rd a d e éé qque
P aulo), a verda~e u e a tra~sf~rmação
tra n sfo rm a ç ã o ~~do
a*!?**0
da ofereceu a propr1a
p ró p ria base material
m a te ria l ppara
a r a a con-st1tu1ção
c o n s titu iç ã o das aa'POn~
* ? * ..
ções
ções, que iriam dedicar-se ao ccombate o m b ate ddoo “p ''preconceito
re c o n c e ito ddee côr”0^
e.ô~- '
defe~
defesa dos direitos
d ireito s sociais da “g "gente
e n te negra''.
n e g ra ”. r' «e à
o peneiramento
O peneiramento de
. líderes
de líderes identificados
identificados com
com
_
os interêsse
interê
ssesdo
grupo
grupo aa que que pertenciam
pertenciam processou-se
processou.se e~ em oonexao
conexão com com as fl flS d°
ções da integração
ções da integração dos negros negros e dos mestiços às classes
dos mestiços classes sociais Utr?‘ ut';:.
um
um lado, o incentivo
incentivo de ''passar
“passar por por branco”
branco'' perdera
perdera uma uma partepa;te d ~
poder coativo. Mesmo
seu poder mulatos claros,
Mesmo .mulatos claros,
. . alguns
alguns bachareis
bacharéis, pref
, pre e-f°
riram
riram integrar-se
integrar-se aos movimentosmovimentos sociais soc1a1s que esboçavam 6
que se esboçavam .
“meio negro'',
"meio negro”, em em vez de de definirem
definirem a sua lealdade
a sua lealdade para para com com os va° no

lores e os interêsses
Iores ê
inter ~s sociais • •
sooaIS dos d b
os brancos. D
rancos. Dee outro outro lado, lado, surgira^-
surgir va.
pessoas aptas
~as aptas para para o exercício
exeraoo ' • intelectual
• 1ectua 1 d
mte l"d
daa liderança.
I erança. Entre elas
Entre elam
tanto havia
tanto havia • os que que eram ·- d os por
eram fformados
01111a por esco 1as superiores
escolas superiores· ou profissio­
ou profissio- as
nais (principalmente
nais (principalmente advogados,
advogados, contadores
contadores e dentistas),
dentistas), quanto quanto au- au. .
todidatas, '“sem
todidatas, 1
mas inteligentes
esco1a'', mas
sem escola”, inteligentes e de de notável integridade
notável integridade
moral.
moral. Por Por fim,fim, p~rece
parece que
que as circunstâncias favoreceram oO penei­
ci~cunstâncias _f~voreceram penei-
ramento
ramento de de determinadas
determinadas personalidades,
personalidades, qualificadas
qual1f1cadas para para influen­
influen-
ciar
ciar os companheiros, conquistando-os para
companheiros, conquistando-os para aa causa causa da da união
união dos
negros
negros em em tômotôrno de ideaisideais de de luta
luta e de de autoafirmação
autoafirmação da da ''raça
“raça ne­ne-
gra”.
gra''. Pelo menos, um
Pelo menos, dos documentos
um dos documentos de de que dispomos esclarece o0
que dispomos
seguinte:
seguinte: ''Os “Os movimentos
movimentos de de negros adquirem, na
negros adquirem, na década
década de 30, 30,
um
um conteúdo
conteúdo novo. novo. De fato, fato, se já podiam podiam ser notadas, na
ser notadas, na ação do
Clarim
Clarim d'AIvorada,
d'Alvorada, no Palmares, na
no Palmares, tentativa de
na tentativa de realização
realização de de um
um
Congresso da Mocidade Mocidade Negra, intenções de reivindicação
Negra, intenções reivindicação de ura um
grupo
grupo que que atéaté então vivera àà margem
então vivera margem da sociedade,sociedade, é só na na referida
referida
década que
década que procuraram
procuraram os negros negros arregimentar
arregimentar aa sua
sua massa
massa para para
conseguir
conseguir maiormaior eficiência
eficiência na na efetivação
efetivação dessas dessas reivindicações.
reivindicações. Para
mo concorreu,
isso concorreu, ao ao lado
lado das
das transformações
transfor1nações sociais sociais expressas
expressas nos fa­ fa-
tos apontados
apontados na na parte
parte anterior,
anterior, “a ''a não
não concretização
concretização das das esperan­
esperan•
ças
Ç3i queque os negros
negros depositavam
depositavam na na revolução
revolução de de 30”.
30''. “As ''As condições
de vida
vida dos negros,
negros, pouco pouco satisfatórias
satisfatórias até até então,
então, agravaram-se
agravaram-se com
aa crise
crise de
de 29,29, queque fez grassar
grassar entreentre êles o desemprêgo.
desemprêgo. Êste :tste fato
criou
cr~o~ uma u~a situação
si!uação favorável
favorável para para a a emergência
e1nergência de de um um movimento
movim_e~to •

reivindicatório,
re1vmd1catór10, ao ao deixar
deixar semsem ocupação
orupação elementos
elementos em condições
em condiçoes
de estabelecer o contacto
de estabelecer contacto entre
entre elite massa, elementos
elite e massa, elementos que, que, por par
sua vez, encontraram
sua encontraram campo campo favorável
favorável para para a ação, ação, num num meio meio des-des­
contente com
contente com o desemprêgo''.
desemprêgo”. Nesse sentido, aa descrição
Nesse sentido, descrição que o 0

depoente faz dos cabos,


depoente cabos, isto é, “daqueles
''daqueles que tinham o encargo
que tinham encargo de
sait pelos
pelos bairros
bairros à procura de partidários'' éé bastante
de partidários”, bastante sugestiva:
sugestiva:

"eram desempregados em virtude de uma
eram desempregados '
situaç,ão
uma situação para 1·u.aça
de paratoÇ -o0
^
• ,


t
- - .... - -· - ---·---
:. ._., .. . . .. ..... ._,. •
'
• •• • ' 1 '•
,.

RELA Ç Õ E S RACIAIS
R E L A ÇôES ENTRE
'R.-\CIAIS ENTR NEGROS
E NEGR OS E BRANCOS
E BRAN F.M SAO
COS EM SÃO PAULO
PAt JlO
201

do trabalho,
trabalho, viviamviviam com dificuldades,
dificuldades, e abraçaramabraçaram com entu entusiasmo
siasmo
ê~ encargo;
êsse encargo; tinha tinham m tamb também ém inter
interesse
êsse ne~ nessa atividade,
atividade, pois os ins­ ins-
critos pagavam
critos pagavam 1$00 1$000 0 por
por mês e nem nem todo todos s os cal>cabos eram fiéis _—
os eram
no fim de um dia dia de trabalho
trabalho sempre
sempre davam davam uns uns 5$000
5$000 ou 6$000” 6$000'' (12).
(12).
A formação
formação de clubes clubes e associações
associações no “meio ''meio negro’*negro'' data data de
1915,, tend
1915 o-se inten
tendo-se sificado por
intensificado por volta
volta do perío período do de 1918-1924. 1918-1924. As As
orga nizações apar
organizações ecidas não
aparecidas não visavam,
~isavam, por_ porém,
ém, a ''a~e“arregimentação
gimentação da
raça'', propondo-se
raça”, propondo-se sòmente so":1ente fins fms “culturais
''culturaJS e beneficentes”
benef1cent~s'' (13). (13). A
evol ução naquele
evolução naquele senti sentido do se oper operou
ou natu naturalm
ralmente ente,
, depois
depo is de 19271927,,
em.
em algu mas dess
algumas dessasas asso ciações, sob a pres
associações, pressão
são da próp própria situação
ria situa ção
econômica e social
econômica social do negro negro em São Paul Paulo.
o. Tomemos
Tomemos por por exem­
exem-
plo Oo CentCentro ro Cívi
Cívicoco Paln 1ares: ''A
Palmares: “A finalfinalidade
idade nitid nitidam amente ente cultu
cultural
ral
com que que surg
surgiuiu -— orga nização de um
organização umaa biblibiblioteca
oteca — - foi foi supe
superada
rada por
fôrça das condições
fôrça condições em que que vivíamos,
vivíamos, passandopassando essa sociedade sociedade a ter ter
papel na defe
papel defesasa dos negr negrosos e dos seus seus direidireitos”
tos'' ((14).14 ). O utras
Outr organi­
as orga ni-
zações, nascidas
zações, nascidas no am ambbiente
iente criad
criado o pelapela incipiente
incipiente afirm afirmação
ação colecole­ -
tiva do elemento
elemento negro, negro, aparecem
aparecem com propósitos propósitos mais mais definidos
definidos e
com bativos. A Fren
combativos. Frente te NegNegra ra Bras
Brasileira,
ileira, por por exem exemplo,plo, que que se conscons­ -
tituiu em 1931,
tituiu propunha-se a “congregar,
1931, propunha-se ''congregar, educ educar ar e orientar”orientar'' os
negros do Esta
negros Estadodo de São Paul Paulo.o. Em Em um um documento
documento intitulado intitulado Fren Fren­ -
te Neg
Negra ra Brasileira.
Brasileira. Suas Fina lidades e Obra
Finalidades Obras Realizadas,
s Real izadas, distr distribuí­
ibui-
do mais
mais de cinco cinco anos depois de sua fund
anos depois fundação,
ação, afirma-se
afirma-se sôbr sôbre cada
e cada
um dêsses tópicos,
11m dêsses tópicos, respectivamente:
respectivamente: “A Fren
''A Frente te Neg N egra ra está congre­congre-
gand
gando o todo
todos s os homhomens ens da raça, raça, qual
qualquerquer que que seja seja a sua cond condição,
ição,
e tem
tem desfeito
desfeito essa visão vi~o errônea
errônea do pano panoram
rama a da vida vida,, que que domdomi­ i-
nava as vária
nava várias s correntes
correntes até até então
então existentes”
existentes'' [no [no “meio ''meio negro”];
negro''];
''o
“o esco
escopo po de no~ nossa orga nização é cuid
organização cuidar ar da educ educaçãoação cole coletiva, quer
tiva, quer
entre
entre adul tos, em vário
adultos, vários s graus
graus e aspe aspectos,
ctos, comcomo, o, e principalm
principalmente ente,
,
entre as crianças,
entre crianças, desde desde o curso curso prim
primário ário atéaté as noçõesnoções necessárias
necessárias
ao alto padrão de conh
alto padrão ecimentos para
conhecimentos para as lutas lutas cotidcotidianasianas do traba traba­ -
lho''; “''.... . . o noss
lho”; nosso o escoescopopo é orien
orientartar parapara [o negr negro] o] recoreconquistar
nquistar
um lugalugar r que
que é seu, mas mas nãonão lhelhe deram.
deram. O
Orierientar
ntar para para que, que, como
como
outro
outros s elem entos racia
elementos raciais,is, êleêle poss
possa a terter umaum a vida vida mais mais prod produtiva
utiva e
compensada, mais
compensada, mais ritmritmada ada com os benefícios
benefícios que que o traba trabalho produz.
lho prod uz.
Orie
O ntar para
rientar para que que êle possa possa gozar
gozar da mais mais am amppla la regalia
regalia que que a lei lei
concede''. Ao mesm
concede”. mesmo o temp
tempo, o, essa
e~a organização
organização desenvolviadesetl\·olvia um tra• tra­
balh
balho o perti naz de prop
pertinaz aganda
propaganda contra
cont ra o prec preconceito
onceito de côr côr e de
amparo m
amparo mora
orall aos associados.
associados. Eis como como vem vem descrita,
descrita, num numaa novela,
novela,
a ação
ação prop agandista
propagandista agitadores frentenegrinos:
de agitadores frentenegrinos: “U m orador
''Um orador ne­ ne-
gro, fogo so, sente
fogoso, nciava: -— tÉ urgente
sentenciava: urgente o trabalho trabalho de rede redenção
nção do

n~or
Movimentos
(12) Mo,,i Sociais
mmtos So,ill ls no M~io
Meio
"º Negro
N,ro, , monografia organizada
monografia organ izada pelo
pelo nosso ~u .i•
oo~
« d o r Rena. to Jardim
Renato Jardim Moreira,
Moreira, com dados,
dados, indicações
indicações e depoimentos
depoimentos do sr. José correia
leite; em Ms.,
~orre 11
leite; Ms., págs. 13*14.
13·14.
((13)
13) Idem,
Idem, pág.
pig. 4.
4.
(14) Idem.
Idem, páJ,
pág. 1.
7.
• r ,.

202 lNQUÊRlTO
INQU.tRITO UNESCO ANHEi
lJNF.sco .A Nt
ft\1t1

neero ras1•ie·1rof C
nel!ro bbrasileiro! Comompl etar o 13 de Mai
pletar • o! P
aio! Prrecisam
ecisamosos ssaallv ^ ----.:
'r... ,l. ,,s m il de sg ra ça s em S _ va.... a a
5a_ "'-
&a G en das
ntete u.c s mil desgraças qu
quee v1
vjvebv~ Salvação
a 1va ça o espiritUat
es pi ri tu ~ J **008
$.,.
- " 11
çáo
ça o m moral, sa lv aç a... m en ta
ora , salvação mental,b salvaçao econômica,
1 0 1 , sa 1va ça o ec onom1c• a, salvará*’ sa lv ar ~ a , ^ 1.
Q..,.
-. "a..
C on tr a to do
Gontra todo preconceito: pr ec onceito: do branco ranco co contra sa o (' .
ntra o negro negro ee tamh^ também is1ca1 f,s*cai
se nh
meus senhores!) DO or es !) DO NEGRO NEGRO C CONTRA
ONTRA O O B BR^VNCOJ
mheus..onhoras e senhores, também êste, RANCO! Por (ou"i,
nhas
11-as senhoras
.,.._ e senhores,• também~ êste, o preconceito
preconceito do do nn equ ^ e, mi' tni ..
ua o br
tra o branco, anco, em emborabora - m ais ra
mais raro,
ro, pode.r-'""'e ex

existir • f
e~ freqüentem egt'o Co^'
os
1s t1 r ~equenternente co~..
te»,, ( 15 ) A s in
te (1S).. As intervenções te rv ençoes da da Fr ente Negra
Frente N egra Brasileira
B ra na cobra ***■
• ºd . . s1 le 1r a na co b ex 1 .g .
d ªd
ordenados os de as so ci ad
de associados demitidos os dem1t1 os injustam IDJUstamen ente ra nç a d
orro te do serviço se rv i * dosOs
co rr eç ão de
correção de locatários lo ca tá rios que que se recusavam
recusavam a receber ~ ~
receber inquilinos in qu ili ade* n*
ou
ou os de
ue
sp ej
nP
av
O
am
08 despejavam abruptamente,
T o se
ab ru pt am ente,_ b_ bemem como
como em em _o outras
ut ra s comnl
co
no
m
s
pl ic a ~ôr C
na
^r
eom que
com q o negro
O de fr on ta co
se defronta cotidianamente, t1d1anamente, criou criou o sentim
se 1Caçõe*
qu e
-o-
,, O nt im - Çoea
"o s
que “os negros ne gros já já tinham
tinham quem quem os protegesse”protege~
(
(i«),
16 0o qual deter™? .ento de d
um crescimento numérico extraordinário ), qual determ· e
um crescimento numérico . extraordinário do
do núm
nú m erero
o de
de asso”1
as 10
11
. u* 0
011
e deu alento aos 1n . d - • 1
e deu alento aos incentivos cent1vos dee congregação congregaçao racial. rac1a . De D e acôrd
ac . SO c1
Clad°sadoa
fº d ôr d
um te st em un
um testemunho fidedigno, ho i ed"ignd?'.. ''d ºd1·z1am, mesmo:• agora sim
“diziam, m e~ m ,~ . ag or a si·m nós 0
° C
co°mm
queiii nos defenda, ou 1r1g1n o-se nós ternos
quem nos defenda, ou dirigindo-se aos aos italianos:
1ta 1anos: agora ag or a não
nã o ~_emos
vocês que têm os cônsules, nós também
vocês que têm os cônsules, nós também, , os ne negros,
gr os , já temos
te mos 0 : um*0 0 80
su la do pa ra de fe nd
sulado para defender nossos interesses” er no sw s interesses'' (17). 17

c°a-
( ). con.
O s pr
Evolução paralela
Evolução
im ei ro s jo
paralela se
rn ai s
se verificou
verifico1! co
negros, publicados
com m a a imprensa
imprensa negra ne gr a da
da cid
cidad a
Os primeiros jornais negros, publicados en entre
tre 1915 1915 e e 1922,
1922, assú
literária assume e. '

um a or
uma orientação ientação literária ((18). 18
Mas,
Mas, logo,
). logo, se tornam tomam “um ''u m órgão*?
ór gã o ;;'
ed uc aç
ci ai s qu
ão
e
''
educação” e um “órgão
ciais que afligiam af
e
lig
um
iam as
''ó rg ão de
as pessoas
p~as
de protesto”,
protesto'', por
de <:
de côr,ôr, que
por causa
que formavam
causa dos
formavam o
do s
seu
problema
pr ob lemas
público
S
(U) :
Oo Clarim
C la ri m d' A lv or
d'Alvorada,ad a, papor r exexemplo,
emplo, apaparece arece ''e”em m
o se u
janeiro
pú bl ico c19)
de1 1924
pretensões
oom pretensões puramente literárias''; ja ne ir o de 924
com puramente literárias”; tr transformou-se,
ansfor111ou-se, entretanto en tr et an to “''un--
an o de po is , nu m jo
ano depois, num jornal doutrinário e de rn al do ut "Ạrio dle luta,

r1 n uta, por po r fôrça
fô rç a da
da colabor”*
co la ,bora.l
çã o qu e re ce
ção que recebia” (20). Os bi a' ' ( 20). Os jornais
jornais que que sairam
saíram a a lume lu m e depois
de po is de^
de S& a
da ta su bm
data submetiam-se et ia m -se à à influência
influência direta direta dos dos novosnovos ideais id ea is de
de “levanta
''l evanta.
mento moral, intelectual e social da
mento moral, intelectual social raça
raça negra”,
negra'', de dedicando-se por
isso com
isso com insistência di ca nd o- se por
insistência ao combate combate do preconceito de
preconceito de côr côr ee à à defesa
defesa

(15)
Grifíco ArArlindo Veiga
(lS) Arlindo Vríga dos Santos, O
dos Santos, 0 Esperador
Esp,rlldor de tk Bondes
Bo 11 d~ 1 (Novela) FsrafwW.m»,,».
cho foi reprodu:iido coSmSo ^ Se1Sti ^ no
T S
Jln rú :o Paulo, 1944,
Slo Paulo,
, SJo (N ov ela ), Esrabele<i~nro
£rf«co
original. Atlântico, 19 44 , pá
pág.g. !5
51.1. O trecho
tre foi reproduzido

~lo (16)
( 16) Conforme dado, e inform
ações pr estadas di
1r. ArConforme dado* e informações prestadas diretamente,
reramente, em diversas ocasiões,
peto «r.
prnjdeoce da
presidente
lin
Arlindo do
da frente
Veiga
Ve ig
1:,n1, Negra
ai do
dos s Santos,
Santos, qu
N,g,11 Brasileira.
que
Brt1Sil1í,11.
e de
desempenhou
se m pe nh ou durante
du ra nt e algum
em di
tempo
ve rsa
algum tempo o cargo dé os ocasiõde
cargo n,

Mdo N,1,0, Cooí?rmc


( 17) Cooforme depoimc~co do sr.
depoimento do sr. José
José Correi Leite, ia
Correiaa Leite, io Movimentos
M o1 1l Sociais no
.
Ar. ~rlindo . . g*,ro’ cir., pág.
P * /1 J~
*5. . !s1 e depoimento
fisse depoimento éé corroborado
co rro bo ra do pelas
pe las
m
informações
in
1n to 1 So ci ai
obtidas
formações obtidas do
s ""
do
n Nqu~1aSdores Rel gi
,P
Veiga do, Sa.oro,. Na exposiçlo
na to rJu^di.atOÍ'
m M
Na
or eú a,
exposiçío
Fe rn
acima, usamos
acima, u,amos dados dados fornecidos
fornecidos peloi pelo,
pesquisadores Renato
C0tre,a Leíret tõbre u usociaçõe, Jardim Moreira, Fernando
an do Henrique
He nr iq ue Cardoso e Ruth
Cardoso e Ruth Villaça Villaça
* ne gr
**a., de Slo Pa
«sociações ulo e de01 S io
negras Paulo
de se nc .ad
oesencadearam .c: ar am ou os seus
o, seus objetivos.
objetivos. movim ento& e quos e ela movimento*
a
<18) Cf. R~t Bascide, A lmprmsa Ne
CXX^rlí
CX XI da ~a v?.iAruld~de de, FiJ~fia, Ciências e Letras doo Es
°A tr* ^ imprensa Negra
g,11 d. Estado
tllllo d, de SaSãot> Pm
Paulo,1lo, ln In B Boletim
o~im
j o,.J i cCotrreir a Le0*?*
J tre, ll#l6r111 d4 Ciências lm pr m
e Letras da U ni ve rs
Universidadeidade de Sio SJ o Paulo,
Pa ul o, passim;
Pª 591'!1;
Alt'or,fki4, 5 13//V W/194i &7, Ano li n. 20, pisd Negra em SM ^ J PtÍ UI
WIO* - - 1916 1916 a• 1926 19 26 n
r I./ R< í >ser- BaAn0 gs . , UI
/ S) r C 11 a ’ 20’ ***»• 5 e 6. e 6.
N (2
(l9
(M0) . C r /f.' 5D*eJ">O
1ti~, op. cir.• ~gs. 51 e
. Ba" ide' °p - d r * Pá**- 51 « 55.
UDalcodo et. ]OH Correia Leite, in
,s.
llro, C.
N//ro, lt,, p'3,. 3.....
cit., K ' 1°** Correia Leite, in M Mov l111entos
ovim t11lo1SSociais
oclllls #O no M M,Jtb,



• 1

Jt.ELAÇõESrRACIAIS
a c i a i s ENTRE
e n t r e NEGROS
n e g r o s eE BRANC<)S
b r a n c o s E?\1
e m SAO PAULO
SÃO PAUi.O 2203
03

! d- direitos direitos sociais


sociais dos dos negros.
negros. Alguns A lguns deles, deles, mesmo,
mesmo, como como A A Voz
Voz
j~ OSRaça
Raça e A Alvorada,
lvorada, desem desen:ipenhavam
penhavam a função função de orgãos de movi­ movi-
mentos consagrados caráter de imprensa

ua tos consagra d os a êssesêsses o bº1etivos.
·
objetivos. Dai
D aí' o caráter im prensa
tne n
ou e oo. seu
.
adicional,
adicional, qque.ª u e a imprensa
im prensa negra 1!egra tom tomou tríplice desdobra-
~u ~ríp!ice des<lobra-
- ento,nto como in instrumento
stru m en to in intelectual
telectu al de reivindicação,
re1v1nd1caçao, de solida-
J1le. dade' e de eeducação:
^edade d t1caçao:- ''d e re1vin
“de . . d.icaçao,
reivindicação, - contra
co n tra tudo
tudo o que que seja
: ddetrimento
nm etrim en to da elevação ele~ção do c;o brasileiro
brasileiro de côr; de de. solidariedade,
solidariedade,
porque
orque somente som ente a un1ao u n iã o poderá
p o d erá quebrar
q u e b ra r o preconceito
preconceito de côr; de
~ducação,
educação, porque p o rq u e o o prêto
p rê to só su subirá
b irá com m mais instrução e mais
ais instrução m ais m mo-o­
rralidade,
a l i d a d e , e com m mais confiança no seu ppróprio
ais confiança valor'' (21).
ró p rio valor” (21 ).

Noo capítulo
N ca p ítu lo anterior,
a n te rio r, vimos
vim os como o ressentim ressentimento ento criado
criado pelas
manifestações
manifestações abertas ab ertas oouu dissim di~imuladasuladas da discrim discriminação
inação e do ppre- re­
conceito com base nnaa côr se ligam à motivação m otivação dos movimentos m ovim entos so­ so-
ciais, qque u e se desenvolveram
dascnvol ~ram nnoo ''meio “m eio p.egro''.
negro". Agora, A gora, chegou chegou a
ocasião de ap apontarmos
o n tarm o s não as origens origens psico-sociais m mas as a funçãofunção
social desses m movimentos.
ovim entos. Parece-nosParece-nos qque u e eles ppreenchem
reen ch em necessi- necessi­
dades sociais bem b em ddeterminadas:
eterm in ad as: as qque u e resultam
resu ltam da d a integração
integração do
elemento
elem ento negro n eg ro ao regimeregim e de trabalhotra b a lh o livre
livre e ao sistema sistem a de classes
sociais. :t É evidente
ev id en te qque u e os m móveis
óveis e os valores valores sociais, in incorporados
co rp o rados
à ideologia
ideologia qque u e se elaborou
elab o ro u em tô tôrno
rn o do combate preconceito
com bate ao preconceito
de côr e da lu lutata ppela ''elevação m
ela “elevação moral,
o ral, in intelectual
te le c tu a l e social dda raça
a raça
negra'',
negra”, nnão ã o correspondem
co rresp o n d em a uum estímulo
m estím ulo fundamental
fu n d a m e n ta l de ''imitar“ im ita r
os brancos''.
brancos”. As orientações orientações básicas básicas que q u e caracterizam
caracterizam essa ideologia id eologia
se associam a impt1lsões im pulsões sociais que, q u e, ao contrário,
c o n trá rio , traduzem
tra d u ze m a for- fo r­
mação de ideais ideais independentes
in d e p e n d e n te s de existência
ex istência social, que q u e não n ã o teriam
te ria m
ra1.ão
razão de ser (pa (p a forma
fo rm a em que q u e se atualizam),
atu alizam ), no n o setor
seto r branco
b ra n c o da da
p<>pulação.
população. :tsscs ideais sublinham
Êsses ideais su b lin h a m a dignidaded ig n id a d e dod o tratrabalho
b a lh o e sua
importância
im p o rtân cia como com o fontefo n te de independência
in d e p e n d ê n c ia ou o u de segurança
seg u ran ça econô­ econô•
micas; esclarecem
esclarecem que q u e os homens
h o m en s têm obrigaçõesobrigações morais m o rais para p a ra com
as m
a, mulheres,
ulheres, ddevendoev en d o re respeitar
sp e ita r e en enobrecer
o b re c e r a ''mãe
“m ãe nnegra'',e g ra ” , e qque ue
os pais devem devem c<.uidaru id a r do fu futuro
tu ro dos filhos; insistem na
filhos; insistem n a necessidade
necessidade
da acum acumulação
u lação de bens, bens, com comoo co condição
n d ição ppara a ra a ascensão
ascensão social; social; aapon-pon­
tam os m meios
eios de aS<"ensão
ascensão social social que q u e os negrosn eg ro s devem
devem utilizar,
u tiliz a r, atra-
a tra ­
vés do “esfôrço ''esfôrço pessoal’’,
pessc,al'', ddando a n d o ggrande relêvoo àà escolaridade
ra n d e relêv esco larid ad e nos
diverS(>S
diversos graus g rau s e níveis
níveis do d o ensino;
en sin o ; defendem
d e fe n d e m a constituição
c o n stitu iç ã o regular
re g u la r
dos laços matrimoniais
m a trim o n ia is e uum m ppadrãoa d rã o aaltamente decoroso de
lta m e n te decoroso d e vida
v id a
social, in
social, independentemente
d e p e n d e n te m e n te do nível n ív e l ddee re renda
n d a de cadaa uum;
d e cad m ; vvalorizam
a lo riz a m
a im importância istó ric a dda
p o rtâ n c ia hhistórica a “''raça
raça nnegra''
e g ra ” e a fo formação
rm a ç ã o ddee laços laços ddee
aolidariedade
so lid aried ad e racia),
ra c ia l, tendo
te n d o em vvista ista o alargamento
a la rg a m e n to das oportunida-
o p o r tu n id a ­
des dos negros n eg ro s na n a competição
co m p etição com os brancos b ra n c o s e não n ã o a segregação
segregação
racial; ppor
racial; fim,, cconsagram
o r fim o n sag ra m o princípio
p rin c íp io ddee qt1e ''o negro
q u e “o n e g ro não n ã o éé infe-
in fe ­
riorr ao bbranco'',
rio já que
ra n c o ” , já que pode e s e m p e n h a r as mesmc'ls
p o d e ddesempenhar m esm as oocupaçõesc u p a çõ es qque ue
êle com id idêntico
ê n tic o êêxito,
x ito , tendo
te n d o aantesn te s queque vvencere n c e r oobstáculos
b stá c u lo s muito
m u ito

(~1) f. Roger
Cf.
(21) C Butide,
Eoger B op. cit.,
utide, op, cir., ppig.
ig . 78.
I1
1

%

/I)1

^ INQUfRITO
INQt JE:RITO UNESCO a^NJ
UNEsco .A
lt~l\l
204
•. Fm suma, êssesse s sã
são o id ea
ideais is q u e
e re fl et
refletem em ^con ncco
o ~
m ita
- - -
·t antern_
1 n te n w
- - =
Em su m a ' ês .&AI
cti..
m ai o re
"t ,al0naL.<U> s. - -
oas.sacl<>ee oO p presente
resente dos le s d es v
negros. Eles desvendam o s e n t i dO ? >oa
dos negros. E en d am O S
p
C
le
nt
~
·d
o d
mmimernos sociais qqu uee se s~ operaram
o p cr a~ am o u q u e es tã o em
es.ao em p leno
; 0~ j
, ~ en to s so ci ai s li b er ra !1 ro .
^ "meioo negro”. São
S ao _m m ovim
0 ~ 1 ~ entos
:n to das q u ee p ~
ro o cctu~ ra
ra mm lib erta?
ce sso no "m ei n eg ro ".
m o e an 1 q u 1 Ja d o ra - o s
nejrros
£n Leg r o s dede
e im p
um
u m a
a
pede
herança
h
e
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a
an çi
sua
su a
.so aa
social
incorporação
i_ n ~ o
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d
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o
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ee e trab alh o L *
ra
al
,,
h o
a
u"'ª
m, *
1
iculta e im ed a
d il
e ao sistema
e ao si st em a de
d e classes
cl as se s sociais,
so ci ai s, su bst
-
1 tu 'l n d o -a p
stu u .n d o -a pd o r valores
t e a va
o r v
·c
al
1
o
a
re s so e·
sociai,
al 1
U
.
a1
rb
s
'fre
£n....
vm, coerentes com aa configuraçãof .
ig u ra ça o em er erg en
g en te d v .d a social u rb an so ci v-
^a.
vos, co er en te s co m co o
. . d _ a n
. a1 s o s n eg ro s n ao p o d em
#P Por isso os m
or isso, os movimentos ~ . ovim entos so c1
sociais dos negros n
- ã o p o d em ser ser C coOn
reações espontâneas ^
co m as re aç o es es p o n tâ n ea s "
fundidos, qquuananto to aos seus e1
efeitos, to s, com
fun
brancos
d id o s,
contra o
ao s
preconceito
se u s e,
d
de e cô
côr. r. E le
less co
co rr es
rresp p oon nddemem a
a
n
n
e
e c
~
e S
branco s co n tr a o p re co n ce it o ce S S..i •
- o poderão d era~ - ser h "d as n as co n d iç õ es de
dades sociaiss qqu uee não n ~ p d o se r p [e
ree ~ n c
c h id
1 a s n as condições de
so ci ai
dades ento proporcionadas pelo si st em a d e ac o m o d aç õ es
aiustam to p ro p o rc io n a as p e o at
a u
tu aa l sistem a d e acomodações ra.
ajustamen
ciais.
eia is. E E se
se eles
el es não
n ão p u d eram
er am p ro vv oo cacarr uu m
m aa tr an
tran sf
sfoo rm
rm

aç ão
ação
ra d
radical
.1
ta
cau
..
l
..
• ' o d · ra ~ , n o _ '' m ei o n eg ro '', m
dêsse sistema,
d êsse sI · S te m a! é !1
· 1
inegável e
á v ge 1 q
q u
u e
e já
J ª p ro
r d , u
u z1
ziram ,
aç ao
“m eio
d ~
negro”, mu.
at it u d es d o s .
danças apreciáveis re c1 áv e1 s nno o qqu uee concerne
co n ce rn ~ a~ co n sid eraçao das atitu d es dos
~ s1 d er
danças ap aç ao d e n o v o s id ea is d e v id
brancoss para com os negros ro s a àà o b1jetiv et 1 vação d e novos ideais de vida.
branco
Assim, eles
p ar a
co
co
ntr
m
trib
o s n
uiríram
eg
p o der ero o sasamm en te ~ ar a q u eb
en te p a r a q u e b r a r o “tabu dara r o ''t ab u ~
Assim , e le s co n ib u am se re m co
côr” oo m êdo qquuee os negros ro s ee oso s m
m u lato
la s ti n h am d e
to s tin h a m d e n ã o serem con- n ão
côr'', m êd o o s n eg d ra n co n
s" ..
siderados como “brancos”, '' d
de e n ã-
ao o se
serem re m tr
tra at a
ta d oo s
s co
com m o ''b
o “brancos”
sider ad o s co m o '' b ra n co s , i-
E n fi m , u d ar am a cr
ajju d a ra m a c ria r um a ati- ia r u m a at
ou de serem
ou de sere m cham
ch am ados
ad o s “negros”.
''n eg ro s' '. fim , a
E
su nto s re la ci o n ad o s co m a cô r.
tude mais
tude m ai s nnata tu
u raral l ddia iannte te dos d o s as
assuntos la c io n a d o s com a côr. E
e es tá n a ra iz m es m a d e q u al -
é preciso
ci so n
n ão
ão esquecer
es q u ec er q
q u
u ee esta
es ta aat it
titu u d d e está n a raiz m esm a de qual-
é pre m an if es ta çõ es d a d is -
q u e r reação co
co nn stru
st ru tiv
ti v a a dos
d o s n eg ro
ro ss co
c o nn tr
tra as
a ais m an ifestaçõ es da di*.
quer reação n a cô r. S o m en te el a é q u e
crim inação ão ee ddo o preco
p re co nnceceito
it o com
co m b as
base e côr. S ò m en te ela é que
criminaç o s to m as se m u m a 1 = o n sc iê ..n
p erm itiu qqu
iu uee os o s verdadeiros
v er d ad ei ro s p reju ad
juddicic a d o s tom assem u m a consciên­
perm it lo e d o s m ei o s para
cia m ai aiss clara daa situação
si tu aç ão do
d o n egro S ão P au
ro em São P a u lo e d o s m eios para
eia m cl ar a d u d e te n h a si d o
transform á-la. E m b oo ra
ra a d
d ifu
if u sã
são o d a re fe ri d a at it
fe rid a a titu d e te n h a sido
tran sf o rm á- la . E m b en t
es fl u en ci ad as p el o s m o v im 08
lenta, nota-se que as personalidad
lenta, nota-se q u e as p erso n alid ad es in flu e n c ia d a s p e lo s movimentoe
n te N e g ra o u o d a A ss o ci aç ão
sociaiss já já realizados,
re al iz ad o s, com
co m o o d a Frente F re egra o u o d a Associação
sociai co nta g io so s n o se u m ei o , d e
dos Negros eg ro s Brasileiros,
B ra si le ir o s, d ão ex em pp lolos s tag io so s n o seu meio, de
dos N as à cô r e d o m o d o
discussão fran ca ee corajosa
co ra jo sa das
d as re st
restriçõ ri çõ eses as so ci
associadas ad à c ô r e d o modo
discussão fr an ca co n st it u i u m fn .
de com b batê-las. O im
im ppoortrtaan e~ at it u
ntete éé q uee essa a titu d e c o n s titu i um ín­ d e
de com at ê- la s. O u m a d u p la
dice de aau uto
tonnoom miaia m e nta tal l dos d o s n egro ros,s, p o is im p li ca em
is im p lic a e m u m a dupla
dice de m en ro ,
n ai s m o s b ra n
co m os b ra n c o s. Prim eiro,co s. P ri m ei
rebelião nas
as suas
su as relações
re la çõ es tra
tr add ic
ic ioio n a is
rebelião n a ag it aç ão d e se m el h an te s
ela se associa, ia , n
n aa c
coo nn dd uu tata d o s líderes
lí d er es n a g ita ç ã o de sem elhantes
ela se assoc ir re fl et id a o u se m
problem as, a o c
coo m
m bb a
at te
e a
ab b e
er rto
to à
à su
s u bb oordrd aç ão
inin a ç ã o ir r e f le tid a o u sem
problemas., ao d ep re ss a, c o ro o
lim ites àà in flu ê n c ia
a dd o
o s
s bb ran
ra n co
co s.
s. Eles
E le s per ce b er am
e r c e b e r a m d ep ressa, como
limit es in fl u ên ci co n tr a
atesta o seg uinintete ddep e pooim imen e ntoto , q uee os o s brancos
bra n co s fa zi am p re ss
fa z ia m p re ssã o contra ão
at~ta o se g u ,
u e lh e d av am se n ti d o : ''m u i-
a congregação
a co n g re g aç ão dos
d o s n
n eg
eg ro
ro ss e os
o s v al
a o
lo re
re ss q e lh e d a v a m s e n tid o : mui­
tas fam íJ ílias negras p e rm a n e c e ra m ligadas
li g ad as a
a o
o s
s se
seus u s ex
ex -s en
-sen hh o o re s,
res,
p
pro*
ro •
tas fam ia s n eg ra s p er 1 n an ec er am
comumente para pedir
e d ir conselhos
n se lh o s q u an d o p re c is a v a m to-
curando-os
curand o -o s co m u m en te p ar a p co q u a n d o p recisav am
m a r decisões. As tentativas de organizar-se
o rg an iz ar -s e em
em m o v im en to
m o v im e n to s eram s e ra JD
~r ~ec o o e s. A s te n ta ti v as d e
ia m q u e is so e ra b o b a g e m , q u e
infrutíferas
infr u ti fe ra s p
p o
o rq
rq u
u e
e os
o s se
se n
n h
h o
o re
re s
s d iz
diziam que isso era b o b a g e m , (lu
l
..
J
'


)
EI \ÇõES RACIAIS ENTRE
1t..r.õESRACIAIS
ll E[.,~"'~,
ENTRE NEGROS
NEGROS EE BR:\NCOS
BRANCOS E?\f
EM SÃO
SAO PAUI..O
PAULO 205
205

22
sta terra
esta terra todos
todos são iguais"iguais” ((22). ). Por isso, trataram
~or trataram de destruirdestruir a
:!? pendência
pendência em que que os compa~he1ros
companheiros se colocavam colocavam em face doe dos
heancos procuraram desmorahi.ar,
..ncos e procuraram desmoralizar, por por todos
todos os meios aces.~íveis,
acessíveis,
bra "negros capangas ddee po
"'negros capangas I'aucos
. '' ou
políticos” ou ''b • 1a d ores de brancos",
“bajuladores
a1u brancos”.
regundo,
cLundo, ela ela traz
traz consigo
consi8° maior maior segurança
segurança e equilíbrio
equilíbrio nas auto- auto-
valiações.
liaço"'
es. Não Não porque
porque leve os negros negros que que a aceitam
aceitam a reagir reagir
ava maneira
dje maneira mais mais • rea 11sta
·
realista àss man1
à ·restaçoes
manifestações """ ddoo preconceito
preconceito • de côr;
mas porque
:as destroi a ~UP!ª
porque d~troi dupla per;pectiva,
perspectiva, so~ sob a ~ual
qual o negronegro se via
forcado a avahar
forçado avaliar a_s as propn.as
próprias a~o~ ações e os seus efeitos. efeitos. Nos Nos casos ~as das
experiências negauvas,
experiências negativas, as avabaçoesavaliações dos negros negros nem nem sempre
sempre com- coin­
cidiam com as dos brancos;
ddiam brancos; entretanto,
entretanto, aqueles aqueles se conformavam
conformavam com
as5 razões que êstes formulavam
que êstes formulavam ou deixavam deixavam simplesmente
simplesmente suben suben­..
tendidas. A agitação
:endidas. agitação produzida
produzida pelos pelos movimentos
movimentos sociais no no "meio
“meio
negro” deu
negro" origem àà questão:
deu origem questão: "Quem “Quem está com com a razão? (23). :t É
que as dúvidas
claro que dúvidas deixaram
deixaram de existir existir para
para os que que pa~ram
passaram a
compartilhar das
compartilhar das explicações
explicações fornecidas
fornecidas pelos pelos líderes
líderes dos movimen•
movimen­
tos. Em Em seu lugar,
lugar, surgiu
surgiu a convicção
convicção de que que as causas
causas dos malogros,
malogros,
imprevistos desagradáveis
dos imprevistos desagradáveis ou das rejeições rejeições estavam
estavam fora fora de si,
emanando dos preconceitos
emanando preconceitos dos brancos. brancos.
Os resultados
resultados da presente presente exposiçãoexposição nos permitetnperm item assinalar,
assinalar,
também, as duas
tarnbé1n, duas funções
funções desetnpenhadas
desem penhadas pelos pelos D1ovimentos
m ovim entos e01 em
questão
questão no n o meio
m eio imediato
im ediato em que operavam . De
q u e operavam. D e umu m lado,
lado, eles
introduziram
introduziram senti01entos
sentim entos de autonoD1ia autonom ia eIR em face dos brancos brancos e de
lealdade
lealdade parap a ra com as pessoas da mesma m esm a côr. Na N a escala em que q u e isso
se produziu,
produziu, não n ã o háh á dúvida
d ú v id a em que q u e foi umau m a grande inovação na
g ran d e inovação na
vida social dos negros.
vida negros. Se o fluxo fluxo daqueles m ovim entos continuas-
daqueles movi1nentos c o n tin u as­
se coDl
com o mestno
m esm o í1npeto,
ím peto, ali · estavaIR
estavam os ger01es germ es parap a ra o rápido
rá p id o de-
de­
senvolvi01ento
senvolvim ento de de utn sistem a de solidariedade
u m sistema solidariedade 1noral com base
m o ral com base na na
côr. Acontece,
Acontece, poré1n, porém , que q u e a iIDplantação
im plantação da da Ditadura
D ita d u ra no n o Brasil
B rasil
(e01 1937), acabou
(em 1937), refletindo-se na
acabou refletindo-se n a estagnação
estagnação dos niovitnentos
m ovim entos so- so­
negros. A discontinuidade
ciais dos negros. d isco n tin u id ad e produzida
p ro d u zid a na ação da
n a ação d a propa-
p ro p a ­
ganda
ganda dos lídereslíderes e, principalmente,
p rin cip alm en te, o esfriamento
esfriam ento súbito sú b ito do am- am ­
biente
biente de efervescência
efervescência criado criado no n o ''meio
“m eio negro''
n eg ro ” durante
d u ra n te os priineiros
p rim eiro s
anos de atuação
atu açã o da d a Frente N eg ra Brasileira,
F re n te Negra B rasileira, reduziram
red u ziram as propor- p ro p o r­
ções
ções e o alcance
alcance do processo, re strin g in d o a fform
processo, restringindo onnação
ação de d e laços de de
solidariedade
solidariedade a certos certos círculos
círculos sociais,sociais, constituidos
co n stitu íd o s por
p o r indivíduos
in d iv íd u o s

(22)
(22) Cf. depoim
depoimento do sr.
ento do sr. José
José Correia
Correia Leite, in Movimentos
Leite, in Moflime,,tos Sociais
Soti4is nono Meio
Mno
Negro,
Neg,o, ccit.t
it.t pág. 1. No mesmo documento
N o mesmo ocorrem outras
docum ento ocorrem outras informações
inform ações sôbre
sôbre essa
esp,cie resistência oferecida
espécie de iesistência pelas 2.titudes
oferecida pelas brancos, as quais
atitudes dos btancos, quais serão
se.rio utilizada*
utilizada,
adiante.
adiante.
(23)
(23) Essa foi
foi uma
um a questão
q u estío que que nos propôs
propôs um u m contador
contador negro, ente ator--
viv2mfflt~
negro, vivam a to r­
mentado pela
~entado criada em seu esplrito
dúvida criada
pela dúvida espirito quanto
quanto à natureza
natureza e o sentido
sentido das atitudes
atitudes
aos brancos,
brancos, em em face
face das
das pessoas
pessoas de de côr.
còr. O O que bi de
que há de real
real atrás da conduta
atrás da conduta dos
dos brancos:
b ran co s:
u!^ o°u preconceito
Prmeconc^ o dtde t/Jrcôr oouu outra
011trd coisa?”
coisa?'' N Noo prim
primeiro caso, aa interpretaçio
eiro caso, interpretação corrente
corrente
no umeio negro” estaria
"meio negro" certa.; n ono segundo,
estaria certa; segundo, oou u as e-xplicações dos
as explicações brancos seriam
dos brancos seriam
corretas ou haveria
cor.retas haveria qualquer coisa pior,
q u alq u e r toisd pior, que leva. a rejeitar
que os leva rejeitar ou a evitar
evitar contactos
contactos com
os
°* 11 e1ros. Vi2-se
negros. Via-se que
que o seu seu temor
tem or se orientava
orientava para essa ''coisa
p ara eua. "coisa pior,
pior, e que,
que,^ subjeti-
subjeti­
•ame.ote,
vamente, preferiria
p referiria que
q u e os motiv01 ev itaçlo nascessem
m otivos da e,itaçlo nascessem do ''preconceito
"preconceito de côrJ)
côr” •.


• •

INQUtRITo tJNEsco.A~•l'.Y
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206 •~"~lfftt

de côr ue
que se ·
mantiveram
mantiveram fºé"
fiéis
i 1s aos "d ea1s
ideais
I • d"f
d ifu
I und1dos
n d •
id o s no «
•• ------.::
.
d e CÔr q . . d bo 00 llle1
0 ,, pelos movimentos
ero” movimentos sociais soc1a1s aponta apontados, os, em bora ra eles nr/”16* nró .º0 de­:ne.
~ostrassem
mostrassem divididosdivididos em pequenos pequenos grupos antagônicos.. ..- £nprios
grupos antagônicos Pri°s *se
]ado , aqueles
lado, mo,·imentos elaboraram
aqueles movimentos . . - -
elaboraramd
certas
certas .
atitudes
atitu d es diant
d ian te e outr
H
e das
° Utr° 0
discriminação e doº, preconceito
nifestações da d1scr1m1naçao J?reconce1to com c?m base na côr a 11\a-^
acabaram engendrando
engendrando uma espécie espec1e de m ecanism o de seeu ~ , que
~ecan1smo
de defesa nos indivíduos indivíduos de côr. Com Comoo isso ocorreu no
ocorreu no...,mrança e
1110
anÇa e
cm que a competição
em competição com os brancos brancos eentrou n tro u nnuma u m a fase f - inent 0
ao elemento
elemento negro, negro, por par causa da da expansão
expansao - d d a cidade .
cidade e ddaaa"Vorá-\,
^ 0^ e(1
crescente de mão de obra, obra, o referidoreferido m mecanismo
ecanism o de defesa defesa e~
efeitos queque não - devem ser desprezados,
nao d espreza d os, pois pois • ffacilito
ac1·11tou
• u a recuprodu'h-a. ...:"u
econômica da mão de obra obra negra. As oportunidades o p o rtu n id ad es qque u e s8 per~çao
u**^0
n o mercado
no mercado de trabalho trabalho eram eram de natureza natureza a comportar co m p o rtar a ;~rgiraltl
"-AI.tens. f.
cação do aproveitamento 1
aproveitam ento de trabalhadores trabalhadores sem ggrande ran d e treintre in a tens^*'•·
entre
entre os quais quais • se co 1oravam, por
colocavam, fô rça ddas
p o r fôrça ·
as circunstancias,
circunstâncias " amento
m6™0’ . ,
trabalhadores
trabalhadores de côr. Os líderes líderes daquele d aq u ele movimento
m ovim ento incitavrnuitoa incitavaUU0S
seus seguidores
seguidores a candidatar-se
candidatar-se a tôda tôda sortesorte de empregos em pregos e dde e oarn" 1 08 os
ções, para os quais 24 ). ºC:Upa-
ções, para quais se julgavam
julgavam aptos aptos ((24). A fa falta
lta de prepa p rep ar0 *1* '
. , . f. . 1 fê . ro an..
terior
terior ou de t1roc1~10 tirocínio profissional
prod1ss1ona se ~f. fêzz se n tir nessa
sentir nessa eemerJ.?ência.
m e rg i ^
Por nossas observaçoes,
Por observações, pudem pu emos ver1 1car que
os verificar q u e nem n em todas tôdas as d(1^°^ .
sões ou re1e1çoes . . ... sao
rejeições - devidas
dev1"das es!r1tamente .
estritam en te àa, côr. ....
.:t
u,r.. d av ia a emis-
T oodavia,
T ^pre-
sunção de que
sunção que os ma Iogros teriam
malogros teriam causas causas exteriores,
exteriores, ligadas ligadas c** e
·
restrições
restrições ·
feitas
feitas àà cô r, co
côr, contr1
n trib"bu1u
• u • ppara
iu a ra ffazer
azer
• que
q u
, • e os ·
indivíduos
indivíduos om
aT*
t
a,e.
tados conservassem
conservassem a confiança con f 1ança em s1 si propr1os
p ró p rio s e persistisse persistisse6
profissões experim
nas profissões experimentadas,
entadas, “in ''indod o te tentar
n ta r em ooutro lugar'' a~
u tro lugar”,
bando assim por
bando p o r aadquirir
d q u irir suficiente
suficiente ex experiência
p eriên cia profissional profissional
mesmo mecanismo
O mesmo mecanismo se aplicava aplicava em ooutras u tra s ações, ações, o que que signi
signi:
fica ter sido frutífera, frutífera, sob êste aspecto, aspecto, a estratég estratégiaia de esclare­ esclare-
cimento e de agitação
cimento agitação adotadaadotada pelas pelas associações
associações negras. negras.
A análise
À análise exposta
exposta sugere sugere qque u e os m movimentos
o v im en to s sociais, sociais, desenvol-
desenvol.
vidos no “m ''meio negro'' de São P
eio negro” Paulo,
au lo , fo foramram pproduzidosro d u zid o s ppor causas
o r causas
sociais e correspondiam
correspondiam a necessidades necessidades sociais sociais bem definidas. Os
bem definidas. Os
líderes
líderes dêsses movimentos,
m ovim entos, portanto, p o rta n to , nnão ão fizeram
fizeram m maisais do que que dar
expressão a sentimentos
expressão sentimentos e a anseios anseios gerais, gerais, ex existentes
isten tes de forma
obS(,-ura pelo
obscura pelo menos
menos em pparte a rte da ppopulaçãoo p u la ç ã o ddee côr côr da cidade. Isso
d a cidade. 1960
quer
quer dizerdizer que que eles não não ''criaram''
“criaram ” artificialmente
a rtific ia lm e n te os objetivos objetivos da­ da-
queles movimentos, como
queles movimentos, como se se asseverou
asseverou em aalguns círculos da po-
lg u n s círculos po­

pulação branca.
pulação branca. Tiveram,T iveram , talvez,talvez, m maior se n sib ilid a d e qque
a io r sensibilidade u e os com­com-
panheiros
panheiros no reconhecimento
reconhecim ento dos dos problemas
p ro b le m a s sociais sociais com que que se
defrontavam
defrontavam os negros negros e os mulatos m u lato s aglomerados
a g lo m e ra d o s em São Paulo.
E foram,
foram, certamente,
certam ente, mais m ais responsáveis
responsáveis que q u e os outros o u tro s na n a esco]ha
escolha das das
organização e de agitação,
técnicas de organização agitação, eempregadasm p re g a d a s nnaa “arregim ''arregimentaçãoentação
da gente negra” e no com
gente negra'' combate
bate ao preconceito
p re c o n c e ito ddee côr. côr. D fato, os bran•
Dee fato, bran*
cos não possuíam,
possuíam, em sua sua perspectiva
perspectiva histó histórico-social,.
rico -so cíal. elementos elem entos que que
<24> De acõtdo com i.ofonna.ç~• concedida, pelo ,r. .Arlindo Ve.i&'adol SSac(DL
zoío*-
,

1
RAÇÕES RACIAIS ENTRE NEGROS
NEGROS EE BRANCOS
JtELAÇõES RACIAIS ENTRE EM SAO
BRANCOS F.!\[ SAO PAUi.O
PAULO 2207
07

Ih perinitissem compreender
lhess permitissem com preender o sentido sentido e os fins dos movimentos movimentos
~ais
sociais dos negros.negros. Se acreditavamacreditavam que que ''o negro em São Paulo
“o negro Paulo
não
- -
0
problemas'',
tem problem as”, queque “entre
''entre nós todos todos são iguais” iguais'' e que que “os ''os
na - criando • d o sai:na. a ra se. '' , é óbvio '
necros estão
negros estao ~•an sarna p para se coçar
coçar”, ~' b v10
· queque deviam
deviam de­ de-
saprovar
saprovar as atitudes rad1ca1s e cora1osas
atitudes radicais corajosas assumidas
assumidas pelos pelos líderes
líderes mu- m u­
taios
latos e negros.
negros. Alguns Alguns exemplos
exem plos dem demonstram
onstram que que inclusive
inclusive os
intelectuais
. telectuais brancosbrancos se m ostraram incapazes
mostraram incapazes de fazer fazer um exame exame
J.J1
objetivo
objetivo •
da situação
s1tuaçao -
e ddoo qqueu e se estava
estava passando,
passando, em função função dela,dela,
po
00
''rneio negro”.
“meio negro''. intelectual rico,
U~m intelectual
U rico, verbi
verbi gratia,
gratia, se dispôs dispôs a
auxiliar
auxiliar Vicente
Vicente F Ferreira,
erreira, um dos líderes líderes dos movimentos
movim entos sociais sociais
negros, seduzido
dos negros, seduzido ppor sua inteligência
o r sua inteligência e talento talento oratório.
oratório. :tste
Êste
disse-lhe
disse-lhe q queu e nada
nada ppretendia
reten d ia para
para si, mas mas queque pedia,
pedia, como como um favor, favor,
o0 empréstimo
em préstim o de certa certa qquantia,
u an tia, para financiar a publicação
p ara financiar publicação do
Clarim
Clarim d'Alvorada.
d ’A lvorada. O ofertante ofertan te ''solicitou
“solicitou um umaa coleção
coleção do jornal jornal
questão, a fim de estudar
em questão, estudar o assunto;
assunto; mais mais tarde, devolveu-a, di-
tarde, devolveu-a, di­
zendo queque não não poderia
poderia aajudarju d a r os negros
negros a ter u m jo
ter um rn al como
jornal como aquele.
aquele.
Propôs a transform
Propôs transformação ação do C Clarim
larim num numaa revista
revista de ilustração,
ilustração, com­ com-
prometendo-se
prometendo-se a conseguir conseguir qque u e a revista
revista fôssefôs.se feita
feita por por uum m preço
preço
razoável'' ((25).
razoável” 25 ). Outro depoimento,
O u tro depoim ento, da mesma mesma fonte, fonte, éé ainda ainda m maisais
esclarecedor: “A
esclarecedor: dependência econômica
'' A dependência econôm ica dos negros negros em relação relação aos
brancos
brancos dilu diluíaía o espírito
espírito de revolta.revolta. :t sugestivo, nesse
É sugestivo, nesse sentido,
sentido, o
seguinte fato:
seguinte fato: uum m dosdos responsáveis
responsáveis pela Frente
pela Frente (Isaltino(lsaltino Veiga Veiga dos
Santos) quisquis ddar a r uuma entrevista violenta
m a entrevista violenta contracontra os brancos,brancos, em um
jornais da capital,
dos jornais capital, m mas
as o re redator objetou, arg
d a to r objetou, argumentando
u m en tan d o qque ue
êle
êle ia atacar
atacar os brancos brancos em uum m jo jornal brancos.
rn al de brancos. Háá tam
H também bém a
considerar o m
considerar mêdoêdo dasdas conseqüências
conseqüências de incentivar incentivar os negros negros à re­ re-
yolta, o qual,
volta, qual, pela boca de um deles,
p ela boca assim se expressa:
deles, assim expressa: “Se ''Se você
as.1Janhar todos
assanhar todos êsses negros, negros, como como éé qque ~ vai
u e isso vai ficar?''.
ficar?”. A Ainda,
inda,
havia negros qque
havia negros u e dep0is
depois de assistir
assistir às reuniões Frente,
reuniões ddaa Frente, comenta- com enta­
vam com brancos brancos as discussõesdiscussões presenciadas
presenciadas e, ouvindo ouvindo deles deles qque ue
entre nós
entre nós não não eram eram necessários
necessários tais tais m movimentos,
ovim entos, nos nos ab abandona-
an d o n a­
vam'' (26). A co
vam” (26), conduta
n d u ta de alguns frentenegrinos
alguns frentenegrinos exacerbava os re*
exacerbava re-
feridos receios,
feridos reoeios, exteriorizados
exteriorizados pelos brancos.
pelos brancos. Soubemos
Soubem os que, que, em
alguns
alguns casos, as relações relações en entre
tre as domésticas
dom ésticas de côr côr e as patroasp atro as se
tornaram
tornaram tensas.tensas. A Aquelas diziam qque
quelas diziam u e não
n ão precisavam
precisavam m mais
ais ''aturar
“a tu ra r
desaforos'';
desaforos”; e as segundas segundas enfrentaram dissabores com a Frente N
e n fre n ta ra m dissabores Frente Ne•e­
Brasileira, pois se viram
gra Brasileira, v iram com compelidas
pelidas a re reparar ''in j11stiças''
certas “injustiças”
p a ra r certas
que antes
antes ppraticavam
raticav am sem m mêdo represálias. O resultado
êdo de represálias. re su lta d o foifoi queque
muitas
m patroas, aaoo ccontratar
uitas patroas, o n tra ta r em empregadas
pregadas de côr, côr, indagavam
in d ag av am ppri- ri­
m eiro se elas eram
meiro eram dda a F Frente
ren te Negra
N eg ra B Brasileira
rasileira ((27). 27 ). Comoo se vê, as
Com
c2,) Cf.
<25) Cf. depoimento
depoimento do sr. José Jo1~ Correia
Correia Leite,
leite, in Moviml!Nlo1
Movimentos Sociais
Sociais no Meio
Mtio "ª
N_tiro, cit.f
Negro, cir., pág.
p:ãg. 11. O nome nome do ofertante
ofertante vem declinado
declinado no no documento
documento de que
que
dispomos,
dispomos, mas mas náo
nJo o reproduzimos
reproduzimos por
por ser
1er di*necessàrio.
dH.necessário.
<26)
C26) Idem,
Idem, págs.
pigs. 15-16.
15-16. ,
(27)
427) As indicações
indicações a respeito
respeito foram
foram fornecidas
fornecidas pelo
pelo sr. Arlindo
Arlindo Veiga
Veiga dos
doa
Santos, queque nos
n09 esclareceu,
esclareceu também,
ramMm que
que existiam
existiam patroas que prefetiam
patroas que preferiam contratar
contratar
pertencentes à Frente
empregadas pertencentes
empregadas Frmt,NegraN;pi:J Brasileira,
Brasileira, por
por suporem
supor~ Que seriam
Q.UC seriam "negras
'"negra.a
corretas e de coof.iança".
confiança". •


-· • ,,,,. -•

.. •
•• •
••
"
INQUÉRITO
JNQlJtRITO UNESCO.
208 =

-..
.ífpreacãs de
··rerenças e r-ª"r-d n,t>r.i11rv>ctiva
perspectiva na
na reação
reação e
e na
n a desaprovação
desaprovação do
do ,,pr

• «certo
01
,.Z d
e e
opiiseram,, dc
ôr'' opuseram
de côr"
. •
de certa maneira,
• r1·
.
m a n c .ra os
d .d
o s bbrancos
1
ran co s aa~o , p et:0
. .....~nf'(h.o 11­,.
dando, d origem . ºm a um 1in nc1p1ente
a p .e n te co coon fl.to
1to d ee id I eo lo og1as
g Ias e a u m -^-~•Os T 05-
dan
leração o
- orag..
d
do •
mtelectua
horizonte intelectual 1 d
dosos b rancos.
brancos. rna
ma ob|j.ob1-'
1,.
teraçao 0

Todavia, através da in interpretação sociológica, com


terp retação sociológica, comprova.
prova-,*
:.... m tensões
existem tensões sociais no “m ''meio
eio negro'',
negro», provocadas
p ro v o cad as se 9«:qu,*
pelos senti»?1
ex~ ..e ue os negros nao _ merecem a ,,cons1•d eraçao - ,, nt•:rne
tos de
d que não m erecem co n sid eraçao ” que
q u e dev·
devia ' -men' Q..
t08 eq ''b .1 . ,, 1, ppela 1am, po
parte do d o GGovêmo ras1 c1ros em ggera
ovêrno e dos “brasileiros eral, o n s c i ê n.d a ^r
e la cconsciê
parte
côr os exclui d .f ,. I
exclui ou lhes d ificu 1 aculta
-
ascensao econôm
ta a ascensao econômica nc1a d
. e
• que
que a a , .d ica e s £
e SOciaJ -
onvicção, inform
- 1 convicção,
pela informee nalguns
nalguns e nn1ti ítid a em outros,o u tro s, de d e qque
u e os bh ,
cos
pe a e
cos
fazem ''diferenças'' no convívio
fazem “diferenças”
, .
convivio soei

·a1
social com as pessoas d
f"
O s ran
de ***
e cor
" ..
Em
JE m uma um a sondagem qque realizamos,_
u e realizam os, com o fito ito d~~e esclarecer
esclarecer ~
aspectos da situação situação do negro em Sao São Paulo,
P a u lo , verificamos
verificam os qque Ue ç!**
'ºnsões se
tensões se refletem g generaliza · d amente
en eralizad am en te nnas as aatitu · ddeess dos negros ee,ssas
titu d
''"
mulatos
mulatos, produzindo reações
produzindo - muito
reaçoes m u ito• pparea "daass com as qque
a re c id u e se pode°S
nnA
e os
' . d . , r"Ue:rn
encontrar nos discursos oouu nos escritos
encontrar escritos dos os antigos
a n tig o s líd lideres
eres dos n,”1
vimentos sociais ppela ela ''elevação
“elevação m moral,
o ral, intelectual
in te le c tu a l e social da rrno. a °*
negra''
negra” e contra contra o preconceito
preconceito . ddee côr. eôr. ~~ &
Assim, os
~irn
'
os resultados
resultados obtidos
obtidos através
através de
f . de entrevistas
entrevistas ocasionais,
ocasiona·
1~
com negros mulatos encontrados
negros e muJat~ encontrados fortuitamente, demonstram q
ortu1tamente, demonstram qU g-
. d . . . ue
as duas
duas orientações básicas dos
orientações básicas movimentos sociais
os. movimentos soaa1s se reproduzem
reproduzem
com freqüência
freqüência nas nas idéias
idéias centrais
centrais das pessoas de
das pessoas côr: 11)) aa aspiração
de côr: aspiração
de “subir”, pelo
de ''subir'', pelo trabalho,
trabalho, pelo estudo, pela
pelo estudo, aquisição de
~ela aquisição de um um pa-
pa-
drão
drão de de vida honorável; 2
vida honorável; 2)) a preocupação com
a preocupaçao com as restrições
restrições asso.
a~
ciadas à côr: côr: alguns
alguns têm têm dúvidas
dúvidas quanto
quanto à naturezanatureza do do “preconcei­
''preconcei-
to”, por
to'', por causa
causa do do contraste
contraste entreentre a a situação
situação do do negro
negro norte-ameri-
norte-ameri-
cano
cano em em face do negro brasileiro,
do negro brasileiro, mas mas quasequase todos
todos conhecem
conhecem exem- exem­
plos de
plos de rejeição
rejeição “por''por causa
causa da côr” (alguns
da côr'' (alguns por por experiência
experiência pes- pes­
soal) e se inclinam
inclinam espontâneamente
espontâneamente pela pela oposição
oposição direta
direta ou ou indi­
indi-
reta às “atitudes
reta ''atitudes preconceituosas”.
preconceill.l05as''. Os resultados obtidos
Os resultados obtidos através
de questionários
questionários dão dão margem
margem a a três
três tipos
tipos de de verificações.
verificações. Primei­
Primei-
ro, é provável
provável que que exista
exista umauma relação
relação íntima
íntima entreentre a situação econô­
situação econô-
mica atual
atual do negronegro e a a consciência
consciência das das restrições
restrições ligadas
ligadas comcom aa côr.
Como
Como vimos no no primeiro
primeiro capítulo,
capítulo, há há um um profundo desajustamento
profundo desajustamento
no
no seio da da população
população negra negra de de São Paulo. Acontece,
São Paulo. Acontece, porém, porém, que
as
as profissões
profissões aa que gostariam de
que gostariam de dedicar-se
dedicar-se são, são, em sua sua maioria,
maioria,
escolhidas de forma
acolhidas forma realista,
realista, tendo-se
tendo-se em em vista
vista as profprofissões
issões exerci­
exerci-
" das, as possibilidades
possibilidades de de aprendizagem
aprendizagem no no serviço
serviço ou ou em em escolas,
escolas, e
coincidência entre
a coincidência entre a a rápida expansão da economia
rápida expansão paulista e aa
economia paulista
escassez
escas.1ezde mao mão de de obra
obra realmente
realmente especializada.
especial iJada. Como Como não con­
não coo• '
seguem
seguem ter t~. acesso fácil àquelasàquelas profissões,
profissões, os indivíduos
indivíduos de aca­
de côr aca•
bam admitindo que
ham _admitindo que a a sua origem
origem racial
racial constitui
constitui um obstáculo àà
um obstáculo
carreira
carreu-a profissional
profissional e que que os brancos
brancos dão dão preferência
nreferência decidida pel* pela

L

.'
. .'

.• ~~ -- - .
' . • • ·- .~, .. ••
••

1
e l a.t.ÇõES RACIAIS ENTRE NEGRC>S E BRANC()S
n e g r o s E. F.~I SAO
BRANCOS EM SÃO PAULO
PAULO
JtcEL,. · ·
çoes r a c ia is e ntre
2()9
209

rnáo
.. de
de obra
obra branca
28
b ran ca (<*•).). Segundo, a uuma
Segundo m a ppergunta provocativa, aa
crg u n .a provocativa,
maioria
piao·oria dos in • "dos
• q u irid
1nqu1r1 respon deu af.rm
o . respondeu an ddo qque
a f·.........
1r111an cõr res.rin
u e a côr 2 e u«
restrin se
oportunidades dos
ma1
~p<>rtunidades d os negros,
negros, com poderá
comoo se po d er á ver pelos seguintes dado.:
...,
seguintes dado&:
. q u e a côr”
''Pensa que
“pensa (20):
côr'' (29):
Mulhe1e1 Homm, Total
Mulheres Homens Total
a)
a) «limita as
"limita as oportunidades
oportunidades doa doa pretos?''
pretos?” .... . . . 77
77 H9
1.(9 ^
226
b)
b) “não limita
''não lim ita as
as opori11nidades
oportunidades doa dos pretos?"
pretos?” .. 40
40 86
86 1
1~M
c)
e) “àsvezes
''às vezeslimita
lim ita asas oportunidades
oportunidades dosdos pretos?"
pretos?” 88 88 16
16
d) “limita em
''limita em parte
parte as as oport11nidades
oportunidades dos
dos pretos?"
pretos?” s5 10 13
15

Dee acôrdo
D acôrdo com as respostas analíticas, apostas
respostas analíticas, apostas aos questioná­questioná-
rios, ocorrem
ocorrem idéias típicas como as que
idéias típicas seguem:: a) eentre
q u e seguem n tre as m mu.-

lberes —
lheres - “N''Não ão limlimita,
ita, ddepende
ep en d e ddaa inteligência”;
inteligência''; “D ''Depende
epende da sorte, sort~
não da côr” côr'';; “Sim,''Sim, quanto
q u a n to m mais claro aarranja
ais claro rra n ja m melhor
elhor em emprêgo";
prêgo”;
''confor111e
“conform e o serviço” serviço''; ; “Sim,
''Sim, [a côr] ppode o d e aatrapalhar'';
tra p a lh a r” ; b) entree n tre os
homens:
homens: “N ''Nãoão lim limita, desde qque
ita, desde u e a pessoa te tenha capacidade''; “N
n h a capacidade”; "Não ão
limita,
lim ita, apesar
ap esar de ex existir
istir o preconceito”
preconceito''; ; ''Ãs “Às vezes; iMO isso ddepende
ep en d e do
ofício'';
ofício”; ''Depende
“D ep en d e do patrão''; p a trã o ”; ''Não
“N ão lim limita,
ita, m masas dificulta
d ificu lta os hom homensens
de côr, os quais,
quais, ppor o r causa disso, têm qque u e se esforçar
esforçar m mais
ais do qque u e os
brancos''; “L
brancos”; ''Limita,
im ita , hháá semsempre pre ppreferência
referên cia ppara brancas''. T
a ra pessoas brancas”. Ter-
e r­
ceiro, como já foi in indicado
d icad o nnoo pprimeiro
rim eiro cap capítulo,
ítu lo , esboça-se uuma ten-­
m a ten
dência, nnoo “m
dência, ''meioeio nnegro'',
e g ro ”, de com competição
petição com os brancos, brancos, m mesmo
esm o nas
ocupações hhabitualmente
ocupações encaradas pelos
a b itu a lm e n te encaradas pelos negros
negros com comoo “ap ''apanágio
an ág io da da
raça bbranc.a''.
ra n c a ”. Nas respostas aos questionários,
N a s respostas questionários, os que q u e pensam exis-
p en sam exis­
tir em São P Paulo cargos qque
a u lo cargos concedidos aos bbrancos
u e só são concedidos ran co s e qque u e os
negros devem
negros devem te tentar
n ta r ddisputar
is p u ta r êsses cargos
cargos com eles, dderam respostas
e ra m respostas
que evidenciam
ev id en ciam a fa falta
lta de d e uniformidade
u n ifo rm id a d e na n a escolha
escolha dos can canaisais de
de
ascensão social,
social, m ma.s
as qque u e sublinham valorização im
s u b lin h a m a valorização imputada
p u ta d a a certo8
certo®
meios, ddefinidos
efin id o s em função fu n ção da d a nn~va concepção ddee vida,
a v a concepção v id a, e a deca­ deca-
dência ddee aantigas
dência n tig a s ex expectativas
p ectativ as ddee usubir “su b ir com aapoio p o io nos bbrancos".
ran co s” .
Noo grupo
N g ru p o m masculino, dispersão éé m
ascu lin o , a dispersão maior
a io r qqueu e non o fe m in in o , pois
feminino, pois
naqµele
naq u ele se apontama p o n ta m 34 m meios
eios ddee ascensão,
ascensão, eenquanton q u a n to qque u e nneste
e ste se
discriminam
discrim inam aapenas p e n a s 22. O Oss meios
m eios escolhidos
escolhidos com maior m a io r freqüên-
fre q ü ê n ­
da foram:: “e
cia foram ''estudar'',
s tu d a r”, no n o grupo
g ru p o fe feminino
m in in o e m masculino;
ascu lin o ; “''ter compe-
te r co m p e­
tência'',
tência”, no n o grupo
g ru p o mascu!ino;
m ascu lin o ; “u ''unir-se
n ir-se entre n o gg1upo
si",, no
e n tre si” ru p o masculino;
m ascu lin o ;
''proceder
“p ro ced er corretamente'',
c o rre ta m e n te ” , no n o grupo
g ru p o masculino;
m ascu lin o ; ''combater
“c o m b a te r o precon-
p re c o n ­
ceito ded e raça''
ra ç a ” ou o u ''contra
" c o n tra o negro'',
n e g ro ”, em ambos am b o s os ggrup<>sru p o s i30).
(30). FEm m

(_~~) No
1??) No apêndice,
apêndice. o leitor
leitor encontrará,
encontrarã.. nas tabelas
tabelas transcritas
transcritas nas pigs. 22~ e 226,
págs. 225 226, a
especr!tcaçlo
e da idade das profissões
profissões ideais apontadas
apontadas pelos inquiridos,
inquiridos. com especificação
especifiaçio do sexo
e da idade.
(~9) As . 8r»dações
gradações fornecidas
fornecidas pelas
pelas alternativas c
alternativas , e ~ foramd inuoduzidu
foram introduzidas peloe
peloc
próprios c
üso, preterimos
pesquisados.
*2* P**lulsados.
preferimos respeitar
Elas se subordinam
respeitar as opiniões
subordinam à al
opiniões emitidas.
emitidas.
alcematin
tem atira *, 1111, mas
m11 1tsuitinmente~
restritivamente; por
por
«so,
tadd o(30)s^ l O ^ leitor
l*itor eo.cootrari
encontrará no ap~ndic-e
apêndice umauma eo.umeraçlo
enumeraçio rornpleta
completa dos meios meios a.poaw
apon-
~I
NJqos, ' nnri c?mo
ta! c? tno foram
f° rani definidos pelos pesquis
definidos ados. nas tabelas
pesquisados, tabelas rranscricas
transcritas nas págs.
págs. 22}
223 t 224.
224.
0
- poder1amos
P enam os transcrevê-los,
transcrevê-los, porpor sua extensão,
extensáo, no texto trabalho •
texto do trabalho.


. .
1
\ -
\
ANHe^
\

210 INQUÉRITO
INQUtRITO UNF.SCO
UNF.sco .J\.N h
•"1Elt,n
1
. ----.
. to as respostas apresentam gran dAo e con
c o nsist
s is ênc
tê n cia, incc Ilu s iv
ia , in . e n*
con,un , 'd . .
..1:.. ., ºd de que se ev1 enc isentam
1a entr e gra°*
e 1as, comcom „ m os
os ideais
e io iden eais
difundidos
g r o ”d"f
Us1 \'•
. F o d~e.se lla
~p ar• a . r e s p ° s ta s T n c ia e n t r.e e la s ,
losi u omo
_ ,0 t° vim
’ ues sesoc
ento eViais
I .e°que agitara1 agitaram" o '' in .
?1e10ê nneg
f,u c iaro''. • und·d
s anteriores.
:p I Os
2
pe sparidad*
suJ>Or,
não há qentos dúvsoc»a*s
ida , q,u e elaS
elas tradu
trad uze m .dentiticar
infl uên ciasas pessoas
a.n ~de <jue
-se
Ma s, exa • , • ·- , • "d "f. ter
% 0 me dos que st _1 on~ r1fl osêpe i:-1
dúvida. / j ,rlO S pennuw a sso c.ia1ca 11t 1u 1 ent1 peSSoa10
ç õ re sasnegras, steve-
res.
diretament0e® essa grup» m u noa
~e
Mas,fr o
ram .airetanre
5 * * c x a ro è d o s .
Iando que constituem um grupo pouco numeroso, em com arae~e,.
P°u , nasn u mass oaa
e to s oçõe
> se m neg co tn r p a x a que
ª'r ção

com O número tiotal de depaentes. P fcio


sotrera”“
Segundoc open n stiw
same~s, i" ê~s depoente 9. «atente
da~~ deixam patente duas coisas. duas coisas. De
la“ lad
um o on ú que
® e I °os‘ movunento êsses
s dados
soaais de«am que se P dese„volveram,
desenvolveram ou ou estão ~e
c o dpro 0 ces ' so,
j „no e n s''me ê ssero '' , nascer
a » oios . neg u e s ed e }. n fl
q am
em 1n fluuxo x o s s o c ia
s soc '
iais is e est.
e fu
n aão
n n...º-
S eg u n d o P® m 0 v im e n t°
de idiossincrasias ~e alguns líderes de côr ~ontra os brancos. n aS o e r a m d b r a n c o s . O
f ªº
umcul
do turalque
lado, e social -meio que negl[ídéres
os engendrou de côrnao coi1sofreu eu alterações
alte raç ões
0
até~-o
etn
rese Proc£SSO
nte e ’

con Lstinu de a algu ® 5 1 engendrou nao .
. ntos de insatisfação ate o
Pd e id io ' * * ~ ? f “ c ia i a ger ar os mes
o s e n g m e smo m os s sen
s e tim
n tnenton es ^ de D einsati f ... la .
e de incorrfoi·mismo no ânim · o d os neg
q u e

ros e mu Iatos.. De outrs açao


do, que os movunentos a soc
do culwral e · ger« .. d^ . aeÇ»* da F ' e Negra
N Bras.leua o 1
oua.
1aB1s?l ~1po _ rentde egra Brasileira ou
p r e Ass
da s e n ocia
te , C í r!11isn
ção dos 1(> Neg^ ros
^ i a i s ras1d o e1r tipos,
® nao ~ p u d e r a m t r a n s o rm a r- ,
pu eram transforinar
' d eezinpor
talv c 0 ' cau A«saü n~e e n to s s o c
sua pequena; i e ir o s , n a ®J . d is c o n ti n u id a d e d e
~uração _ou da_ discontinuidade:
sua
ie
d o atua <lu eça- - S0 , emr X mst^rum r<l® sn e nde
eS ento a d1ntu xegr
açã® açao®“ ^raoona o nl a l ddas a s rereiv m ind
n d v· c a .
-
a que alcançara•ca.-
i s Ass°cia^
dos negros.„ de Por ISSO, apesar integra^
sua da •
çõe rmport Anc1 â r:a. que alcançaram,

£sua
em lv a
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da .f1:1 Pornçã o^ so~> !al '*ue
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buição efetiva
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tratame?to prático
ao tratamento
me io negro
neg

prátic~ dos
ro > —
©-- j nao- «wuA^iam
trouxerãm um uma
afetam
a contri- tri-
do~ ppro roblem
b le m sociais que
asa s sociais que afetam
aa população
papulação de de côr côr da da cidade.
c1~ade. Não N ao !•v tiveram,
eram, sequer,se_quer, duração duração sufi.
ciente
sufi-
ciente, , nem chegaram a
nem chegaram a disdisporpor de de meios
meios culturais
culturais adequados adequados à à uni-
uni-
forn1ii.ação das
formização reações dos
das reações dos negrosnegrOIS e mulatos mulatos contra contra as manifestações
manifestações
da
da discdiscriminação
riminação ee do do preconceito
preconceito com com base base na na côr. côr •

2)2) AA REAÇÃO

REAÇÃO LEGAL
LEGAL CO C ONT
N TRA
RA O P PR
REC
E CON
O NCE
C ITO
E IT O DE CÔRCôR
EE SUAS
SUAS REPERCUSSÕES
REPERCUSSÕES N NO MEEIO
O M IO NNEEGR
G RO:
O:

A extensão
A da legislação
extensão da penal às
legislação penal às manifestações
manifestações da da discrimina­
discrimina-
ção ee do
ção do preconceito
preconceito com
com basbase
e na
na côr
côr foi
foi exigida
exigida formalmente,
formalmente, se* se-
gundo nos
gundo nos esclareceu
esclareceu o sr.
sr. Geraldo
Geraldo Campos
Campos de de Oliveira
Oliveira (31),
(31 ), em
em um
um
dos congressos
dos congressos negras realizados em São
negros realizados São Pàulo.
Paulo. Argumentavam»
Argumentava«
~ue era
que era necessário
necessário um meio
meio jurídico
jurídico regular,
regular, capaz
capaz de conduzir
conduzir a a
f1!1s práticos
fins pr_~ticos o preceito constitucional que
pre~eito constitucional que proibe
proibe semelhantes
semelhantes m maa«•
nife staçoes no
ni estações Brasil. A pressão
no Brasil. pres&io dos “grupos
~'grupos de
de côr”
côr'' não
não possuía,
pos.1uía,
por
porém m,, força
fôrça suficiente
suficiente para impelir o Congresso
para impelir Congre~o ou o Executivo
Executivo a a
tom
tomar m~didas desse
ar medidas alcao,:e. Seja
dêsse alcance. Seja porque
porque a população
População negranegra ee
mulata
mu nao se
ata nao se concentra,
concentra, em nenhuma região
em nenhuma região dodo país,
país, em
em umauma
(31) N Pri -1
Pau lo ao
í>taío*' oo a.aª d”
ano ,1_
*i94
o wc 194S. $•n, Convenção Na&
4 CfJIIPellf40
Nacional
io,wl do
do Negro
Negf'o Brasileiro,
. mo,
Bra.s1l • realizada cm
realizada em 510
$1°

'
.
. . .

-~
raçÇ
õ OES
e s rRACIAIS
a c ia is eENTRE
n t r e nNEGROS
e g r o s eE bBRANCOS
r a n c o s em
EM SAO
SÃO PAULO
PAULO
211 ..
JlELA ~

_anização
oização político-partidária:
Político--partidárla: os seus com ponentes se distribuem
componentes distribuein ,
• •
.
orga contrário, pp<>r
o contrário, t od os os partidos
o r todos part id Oi e participam · ·
part1c1pam de tôdas as ideolo-'

ª?,
a - s palíticas,
políticas, ddaa direita extrema-esquerda.
d ireita àà extrem a-esquerda. Seja porque porque a espe-
falação eleitora~
'
~:ção eleitoral, sob a forma form a de competição
com petição partidária
p artid ária por eleitores
..,u por votos, nao n ão chegou
chegou a desenvolver-se
desenvolver-se a ponto ponto de criar nos par­ par-
ou·do·s existentes u11m
tidosexistentes ·
mter
m interêsse êsse especial
espec1·a1 pelope I o ''“eleitorado
e I e1torado
. de côr',
côr”.. Pare-
Pare­
ti
ce que outro! ffatores
que outros atores_ mais m ais. pro f un d~ agiram
profundos .
agiram nesse sentido,
'!e~ sentido, soman­
soman-
do-se à
d0-6e pressao exercida
à pressão ex.eroda pelos pelos m movimentos
ovim entos soc1a1ssociais dos negros negros e au­ au-
m entando
entando o seu ppoder persuasivo, pois o Congresso
o d er persuasivo, Congresso N Nacional acabou
acional acabou
tomar
porr tom ar a in iniciativa
iciativ a de in incluir
clu ir as manifestações
m anifestações do preconceito preconceito
t
J1l
Ue côr entre
cação
contravenções penais.
e n tre as contravenções
preconceito de côr em al~ns
cação do preconceito
penais. É£ provável
alguns Estados
provável que a intensifi-
Estados sulinos,
intensifi­ ·
sulinos, a inocui-inocui­
dade ddaa pproibição
ro ib ição co contida
n tid a nnaa Constituição
C onstituição vigente vigente e, em ppartirular,articu lar,
preocupação de m
a preocupação manter
a n te r os ajustamentos interraciais nos lim
ajustam entos interraciais limites
ites
da-''tradição
da “tradição brasileira'',
b rasileira”, qque u e sempre
sem pre fez deles, apesar apesar da “m ''mística
ística da
b an q u id ad e”, uum
branquidade'',.
r m assu assunton to dede. ordem p artic u la rista , se coloquem
ordem parti01lar~s~a, coloquem
entre os m motivos
otivos qque u e ddeter1111naram
e term in aram a com compos1çao
posição da chamada cham ada
contra o preco
lei contra preconceito
n ceito ddee raça raça ou de côr.
A rereferida sancionada em 1951, tendo
fe rid a lei foi sancionada ten d o entrado
en trad o em vigor vigor
nos começos ddoo segundo segundo sem estre. Ela
semestre. Ela resuresultou
lto u do pprojetoro je to de lei
apresentado
apresentado ppor o r uum m ddeputado conservador, o sr. A
e p u ta d o conservador, Afonso
fonso A Arinos
rinos de
Mello
M ello F Franco,
ranco , re representante
p re se n ta n te da U União
n ião D Democrática
em ocrática N Nacional
acio n al ppor or
Minas
M inas Gerais.
G erais. N Naa hhistória
istó ria da da R República,
ep ú b lica, o texto tex to dessa lei consti­ consti-
tui
tu i o ddocumento
o cu m en to m maisais importante,
im p o rta n te , até o momento,
m om ento, com referência referên cia
ao propósito
pro p ó sito de d e submeter
su b m e te r as relações
relações raciais
raciais a uma u m a sanção
sanção legal.legal.
Por isso, pparece arece co conveniente
n v en ien te nnão ão sósó transcrevê-lo
transcrevê-lo na n a íntegra,
ín teg ra, mas m as
ainda
ainda apresentar
a p re se n ta r os argumentos
arg u m en to s específicos
específicos contidos
contidos quer q u e r na
n a f11nda-
funda*
mentação
m entação do projeto p ro je to da lei, quer q u e r no
n o parecer
p arecer do deputado d e p u ta d o incumbi-
in c u m b i­
do de examiná-lo
ex am in á-lo (sr. (sr. P Plínio
lín io Barreto,
B arreto , re representante
p re se n ta n te ddaa U União
n iã o Demo-
D em o ­
crática N
crática a c io n a l ppor
Nacional P au lo ). Os
o r São Paulo). Os aargumentos
rg u m en to s em qq.uestão u e stã o aju-
a ju ­
dam a ccompreender
o m p re e n d e r as razões que q u e aanimaram
n im a ra m os legisladores
leg islad o res a to­ to-
m ar aa in
mar inicia tivaa indicada
ic ia tiv in d ic a d a e contribuem
c o n trib u e m ppara a ra dard a r uum m conhecimento
co n h ecim en to
mais completo
co m p leto ddaa consoência
consciência alcançadaalcan çad a pelos pelos brancos
b ran co s cultos
cultos a res­ res-
peito do tra
peito tratamento
ta m e n to dispensado co m u m en te aos nnegros
d isp en sad o oomumente eg ro s e aos m mu-u­
latos escuros.
escuros.
Na
Na fundamentação
fundamentação da
da lei,
lei, são
são os seguintes
seguintes os pontos que mere­
pontos que mere-
cem ser
cem ser postos
postos em evidência: a)
em evidência: a) 2a proibição
proibição dasdas · discriminações
discriminações ra- ra­

ciais, contida
contida na na Constituição
Constituição de de 1946, em em vigor,
vigor, tem
tem se revelado
revelado
inócua,
inócua, do ponto de
do ponto vista prático;
de vista prático; b)b) a
a conduta
conduta burocrática
burocrática estimula
estimula
particulares, fornecendo
os particulares, fornecendo exemplos
exemplos que que precisam
precisam ser ser evitados:
evitados: ''é“é
sabido que
sabido certas carreiras
que certas como o corpo
c.arreiras civis, como corpo diplomático,
diplomático, estão fe­
estão fe-
chadas aos
chadas aos negros;
negros; que
que aa Marinha
Marinha e a Aeronáutica criam
a Aeronáutica criam injustificá­
in justificá-
veis dificuldades
dificuldades aoao ingresso
ingresso dede negros
negros nosnos corpos
corpos oficiais
oficiais e que
que ou-ou­
tras restrições
tras restrições existem
existem em em vários setores da
vários setores da administração”;
administração''; “quan­
''quan-
do o Estado, por
do por seus agentes, oferece tal tal exemplo
exemplo de de discriminação
discriminação

\
,

1 2 ______________________________________________________ INQlJF.RITO
2212 in q u é r it o UNF:sco.ANl{T>
u n k scq^ , ^ ^ ^
, ...~Al
-.
pela Lei estabeleci.
~

vedada pela
vedada Lei Magna,
Magna, não não é de admirar que
de se admirar que estabele
comerciais proibam
comerciais proibam aa entrada entrada de negros em
de negros em seuseu recinto”;
recinto''· c\~•rnentos
lei deverá
deverá ter uma função
ter uma f unçao- eeducativa
d ucat1va · e pr á t1ca,

prática, ao mesmo
ao mesm' e, a llo~
prevenindo possíveis
prevenindo ' • ameaças
p<>s&1ve1s ameaças à à pazpaz soc1a . J: ''N
social: ‘Nestes
estes tertermosos éoq tetnnn.
111 P°»
rv,
p0mos
pomos aa adoção
adoção do do projeto:
projeto: parapara que que a a lei dele decorrente
lei dele decorrente si sirv que pr°* Pro.
instrumento
instrumento de de transformação
transfo11nação da da mentalidade
mentalidade racista racista que dc
que se ~va CO~o C°m°
entre
entre nós,nós, principalmente
principalmente nas altas
nas altas esferas sociais e gove:u~
esferas sociais governU,*,C c* iaa
do
do país,
país, comcom seguras
seguras e graves graves conseqüências
conseqüências para para aa paz social
paz soe• 11 VlVa*
-~trvil3
ra'' (32).. No
ra” (32> No parecer
parecer são são postos
postos .
em relêvo
em
. •
relêvo dois
-
dois aspectos
.
import
aspectos impo ª
rtantes
Utu.*
um referente
um referente às às ffontes
ontes da d 1scr1m1naçao rac1a
d a discriminação racial,1, outro rclativmeS,,
outro rclat·
alcance
alcance previsto
previsto da da medida
medida legallegal proposta:
proposta: a) ''Se está
a) “Se franquead
está franqu •vod3° ao
todos o acesso
todos f unçoes
acesso às funções - pu 'bl 1cas,
públicas,· nem aa ttodos
nem od os se acha acha franqu
franq ea wi* o a
o acesso
acesso aa certos ,
certos círculos
arcu 1os sociais.
• •
sociais. O
O negro
negro a1n . d a é,
ainda é, para
para muita
muita "s," Jueado
--
um
um ser ser 1n• f er1or,

inferior, • d.agno ddee se acotovelar
indigno
m aco t ove Iar com com o brancob ranco e de de lhe Ihº -nd.'te
putar
putar na na sociedade
sociedade a a consideração
consideração de
de seus semelhantes''.
seus semelhantes”. ''Enqe **
“Enqu is-
lhe veio
. . ô .
veio dos
uan.
to o branco
to branco mantiver
mantiver aa supremaciasupremacia econômica econ mica que que lhe d”
antigos senhores
antigos senhores de de escravos,
escravos, e os pretos pretos continuarem,
continuarem, por
por falta falta d* d
recursos, aa constituir
recursos, constituir as classes classes mais mais pobres, preconceitos per
pobres, os preconceitos persis! :-'
tirão.
tirão. Não Não haverá
haverá leis que que os destruam.
destruam. Nunca
Nunca houve houve lei lei algum
alf!U:s--
que
que pudesse
pudeMe desarraigar
desarraigar sentimentos
senti~etttos profundos pr~fundos e trocar trocar a mentali-
mental~
dade
dade de de um um povo”;
povo''; b) b) o projeto
pro1eto. de de le~ lei merece
merece parecerparecer favorável
favorável,
entretanto,
entretanto, porque porque ''algumas“algumas manifestações
man1festaçoes (do ( do preconceito
preconceito de de côrícôr)
serão
serão evitadas”
evitadas'' (33). (38 ). '

lei contém,
A lei contém, em em seu seu texto,
texto, uma uma enumeração
enumeração das das discriminações
discriminações
que
que passam
passam a ser formalmente
a ser formalmente proibidas. proibidas. As
As punições
punições estabeleci­
estabeleci-
sugerem, por
das sugerem, por sua sua vez, o grau grau de gravidade imputado
de gravidade imputado aa cada
uma delas
uma delas em em particular.
particular. necessidade de
A nece~idade de transcrevê-lo
transcrevê-lo na na ínte­ínte-
gra não não provém,
provém, todavia,
todavia, sòmentesomente dêsses dêsses dois fatos. £~ que
dois fatos. que aa “lei ''lei
contra o preconceito
contra preconceito de de raça
raça ou ou de côr” foi
de côr'' aprovada em
foi aprovada em um um Con­ Con..
gresso em
gresso em que que não não havia nenhum representante
havia nenhum representante negro, nascendo,
negro, nascendo,
além
além disso,
disso, de de um um projeto
projeto apresentado
apresentado por por um um dos membros de uma
dos membros
bancada minoritária
bancada minoritária e de oposição. Isso
de oposição. Isso ' significa,
significa, pelo pelo que
que se pode
presumir, que
presumir, que ela ela constitui
constitui uma formulação adequada
uma forntulação adequada dos dos senti­ senti..
mentos e das
mentos das idéias
idéias dos dos brancos
brancos cultos, cultos, pertencentes
pertencentes camadas do-
às camadas do­
minantes,
minantes, a respeito da possibilidade,
a respeito possibilidade, da da conveniência
conveniência e da maneira maneira
prática de
prática de submeter
submeter a controle legal
a controle legal as manifestações do
as manifestações do “precon­
''precon-
ceito
ceito de de côr''.
côr”. Eis aqui aqui o texto texto da lei:

1.0 —
Art. l.° Constitui contravenção
- Constitui contravenção penal, punida
punida nos termos desta lei, *•
no» te1mos
-rec,.,,1,sa,
recusa, por patte
parte -'e estabelecimento oomercial
de estabelecimento comercial ou de ensino de qualquer nam-
nato
reza, hospedar, servir, atender ou receber cliente, com
rrza, de hospedar, comprador aluno, por
prador ou aluno, por J
preconceito de raça ou de côr.
§ único -— Será considerado
S agente da oonttavenção
considerado agente contravenção o diretor,
diretor, gerente
geiente •
rt.sponsável estabelecimento.
responsável pelo estabelecimento.

(32)
í « ! Diário &do CoMg„„o N«io""1,
Co,,gr,sso Nacional, Janeiro,
Rio de Jineiro, 18/VII/1950,
18 P'I•
/V II/ 1950, pá*. ,. 513,
3.513.
(33)
0O E“ *h th
Estlldo * ' sao P4«/0,
P""lo, SJo
Slo Paulo,
Paulo, 8/VIII/1950
8/VIU/1950.•


JtE çnrs
t,A Çr
g E l,A -cs Jt .A.C A,\T
. , r, R A C I.J, ISS F.
EN NTTRE
R E NF
n f .('
-g,Rr ()S f . nR
o s F. b rAN
an F M SÃ
r:ocso s F.M „ oO P
J>AAr
[ ;( f>
·r o
' .
- -------.--- --
“ ^ •* « 213
Art- 2 .o _ Roc~ar a» a~ gu~mddh ospedage111 em ho
Art. 2 .» -
tabclecimt•nto R ec< «" «JguA» ho^K-dagem h otel,
trl , p
p< eri8
n aão.,, estala*em
~l al ~m «u
..W lecim cn to da tia m mes ma a {1
esm nal1 a e, por
finalidade, preconceito de raça ou de < y>" p™ tm,;
po r preconceito de raça ou de OOT. p,..a
íS â o »impl« rtctrta mcse,
Pja Cr. $20.000,00 a um ano
es_:#:t:Asimpl~ rlc trk mesci. a um
P"~ e multa
(vinte mil cruzeiros). de Cr. »5.000W (cineo
an o nülecruzei-
m
Cr $20.000,00 (vinte mil cruzeiro ta de Cr. $5.000.00 (cinco mil ul
:
zei-.
fOII) a • s).
^ Art. '·º-;
Art. 3.° — R
en de r cl
R er u1Jar aa ve
ecusar
imtetsc s nn
nda de
venda qualquer
de m mercadorias
ercadorias _e em m . lojas
lo ja s de
de qu al qu er
cru
eênero,
gbleic,,
t
out aatender c li^ cm re st au ra nt
restaurantes, es , ba re
bares, 1, confeitarias
co ou
nfeatanaa ou Juaare3 ~lhan•- lugares semelhante»
abtttºS ao p1,1b 1·•~, on d e se si•rv 1· ~- . • .., -
gKcrtos ao público, on d se am aalim
sirvam entos, bebidas,
•m~nto5, uc~•das,. ref r,geTantN e gu refrigerantes e guio**'
--~ ,
- pOI' prN:once1to de raça ou de lotei•
maSt P*** preconceito de raça
::::• rn~
de côr.côr. Pe Pena:
na : prisão
pn sã o sim
11 m ples
pl « de
de quinze
qu in ze dias
di a.a
aa
trftj inísM ou ou m mul ta de
ulta de C Cr.r. $5 00,00 (q
$500,00 uinhentoe cruzeiros)
(quinhentos a Cr.
cruzeiros) a Cr. $5.000,00 (cinco $5.000,00 (cinco
in il cruzeiros).
0 Ú1 cruzeiros).
Art. 4,0 _ Recusar entrada
Art. 4.° — R ecusar entrada ea emn es tabelecimenento
estabelecim to público,
público., de de divemão
di ve rd o ou
~rte, be m co m o em sa l~ es d~ c,u
esporte, bem com o em salões d e barbearias
ç.a ou de côr. Pena: prisão s1mple3
ba rbearias ?u ou ca cabeleireiros,
~leireiro1, por
po preconceito de
r preconceito df!
raça ou de côr. Pena: prisão sim ples de quinze
~r ~ de qu1n7..e dias dias aa três trê s meses
m es es ou m m ulta
ul ta de
de
$5
Cr. $500,00 00 ,00 (quin
(quinhhenen totos
s cm zeiros) a Cr.
cruzeiros) $5.000,00 (cinco m il 01
cruzeiros). 1
Cr. $5 .000,00 (cinco mil cruzeiros) .
Art. !,,º - Recusar inscrição de
Art. 5.° — R ecusar inscrição de al uno e1
aluno emn at estabelecim
ab el ~i m en toento de de ensino
er ui no de
qualquer curso ou grau, por precon d.e
q u a lq u e r curso o u grau, por preconceito ceito de raça ou d e
de raça ou de côr. Pena: pri8ão si côr. Pena: prisão sim­
pia de três meses a um ano ou m m-
ples de três m eses a um ano o u
er . ul ta
ulta de de Cr. Cr. $500,00
$500,00 (quinhentos (q ui nh en to s cruzeiro»)
cr ur .e iro a
$5 .0
Cr. $5.000.00 00 .00 (cinco
(cinco milil cr cruzeiros).
uzeiros). s) a
S único -— Se
$ único Se se se tra tar de
tratar de es tabelecimen
estabelecim ento
to oficial
of ic de ensino, a pena será a
perda do cargo para o agente, desd ia l de rm in o, a pe na •eiá a
perda do cargo para o agente, desde e q quuee apurada em inquérito
apurada cio inquérito regular, regular.
Art. 6.º - Obstar o aceMO de algu
Art. 6 .° — O bstar o acesso de alguém ém a qu qualquer
alquer ca cargo
rgo do do fu funcionalism
ncionaliano o
público ou ao serviço em qualquer
público ou ao serviço em qualquer ra moo das
ram das fôrças
fôrças armadas, ar,nadas, por por pprrec e c o n c e it o
de raça ou de côr. Pena: perda do onceito
de raça ou de côr. Pena: perda ca rgo de
cargo depois
pois de de apurada
apurada aa responsabilidade
responsabilidade
em inquérito regular, para o funcio
em inquérito regular, para nário d
funcionário diirigen
rigentete d de e repartição
re pa rti çã o de
de que
qu depen­
da
da aa inscrição
inscrição no n o co ncurso d
concurso dee hah ab ilitação dos candidatos. e depen-
bilitação dos caol\idato11.
Art. 0 - Negar e:i11prêgo ou tra
Art. 7, 7.° — N egar em prêgo balho a al
trabalho alguém
gu ém em autarquia,
em au ta rq ui a, sociedade
sociedade
de economia mista, empresa concessi
de econom ia m ista, em presa concessionária onária ddee serviço 11 er vi ço público
pU bl ic o ou em
ou empr presa
es a privada
por preconceito de raça ou de cõr. privada
por preconceito d e raça ou d e côr. Pe Pena:na : prisão
pr is ão sim
si m ples
pl es d
de e três
trê s meses
m a um
ano e multa de Cr. $500,00 (quinhen eses a um
ano e m ulta de Cr. $500,00 u in h en totos
s cruzeiros)
cruzeiros) aa C Cr. r. $5 $5.000,00
.000,00 (cinco (cinco m il
auzeiros), no caso de en1presa privad mil
cruzeiros), n o caso d e em presa privada; a; perda
perda do cargo ca rg o para
pa ra o responsável
o re sp on sá l'e pela
recusa, no caso de autarquia, aociedade d
l ~l a
recusa, n o caso d e autarquia, sociedade de economia mista e or,presa concea
e econom ia m ista e empresa conces­
si onária de
sionária de se serviço
rviço p púúblbic
lico.
o. ,,
Art. 8.0 - Nos casos de rcincidência,
r01, poderá o juiz dete1111inar a pena
ha
Art. 8 .° — N os casos de reincidência, havidos vi do s em
eu , estabelecim
ea ta be le ci m entos
m to s particula­
particula-
res, poderá o ju iz determ inar p en a adic
icion
ionaall d e su
de suspensão
sp en sã o do
do funcionam
ftm do ento
por pr
por aro não
prazo não superior
Supe.:lor a três na ro ento
trêt mmeseses.
es.
Art. 9.0 - Esta lei entrará em vigo
Art. 9.° — Esta lei entrará vigorr quinze
q,1ioze diasdi as após
ap ós aa sua
su a publicação,
pu blicação,
re vogadas as di
revogadas sposições em oo
disposições contrário”.
nttário".

A
A te ntativa de
tentativa de resolver
resolver umum problema
proble1na tão
tão complicado
co m pl ic ad o por
po r um ·
um
m ei
meio o tã tãoo si mples não
simples não devedeve cacausar
usar surprêsa
surprêsa nem admiração. Nos
nem ad m ir aç ão . N os
pa ís es la ti no -a
países latino-americanos,m er icanos, •inclusive
inclusive e especialmente
especialmente no Brasil, o di
direito
de se m no B ra si l, o re it o
pe
desempenhou no nh ou no pa ssado e co
passado continua
ntinua a de desempenhar
sempenhar no no presente
pr es en te
um a fu nç
uma função muito ão m ui to im portante tanto
importante tanto na
na criação
criação quanto
qu an to na
na manu­
m an u-
t~ nç ão da
tenção da ordem . or dem socialsocial legitima.
legítima. Alguns
Alguns autores
autores pretendem
pr et en de m ver
ve r
n1 s. ,o um a
nisso uma conseqüência co ns eq üência na tural do
natural bacharelismo
do ba brasileiro e da da
charelismo br as il ei ro e
\ ex pe ctativa popular
expectativa popular de de que
que os problemas
problemas so sociais devem ser resolvi­
do
ci ai s de ve m se r re so lv i•
s e re gu
dos e regulados pelo la do s pelo Govêrno.
Govêrno. E Embora não
mbora nã o nos nos caiba
caiba analisar
an al is ar
~ a q~
essa questão estão aq ui, a verdade
aqui, verdade éé queque o direito possui uma função so­
direito _p os su i u m a fu nç ã? so -
ci al cr ia do ra no s
cial criadora nos paísess novos, p aí se novos, como
como nono Brasil;
Brasil; êl êlee se
se lança
la n ça adiante
ad iante
das tradições
tradições ee com com fr eqüência at
freqüência até contraria,
é as co ntraria, al alargando as fr fron-
argando as on•

214-_________________________________________________ INQ
214 U ÉRITO
l~QUtR (TO UNF.sco.AN
--------------_...:._-----=~~lil:Mn1
teiras
teiras da ordem legítima
da ordem legitima no no sentido
sentido da legalidade
legalidade e regul regula ---
ações sociais emergentes
emergentes ou ou em em transformação.
transf orrnação. Em Em suma su amenta.nd
*6111*11**0
V ª.* Ccoll\.
0
pulsão jurídica
pul~o i.uríd~ca éé. c.apc,z
capaz de de opor
~1><>r barreiras
barreiras e de de estabelecer
estal>elcce~~'i Oln'
tendenc1as
tendências d1vers1f1cadoras,
diversificadoras, as às vezes mesmo mesmo desagregador
desagregadoras rnites mite? ** às
4

da extrema diferenciação
da extrema diferenciação geográfica,
geográfica, econômica
econômica e social socia;sdd(^aSC!da8
ºªSCidas
da
da heterogeneidade
heterogeneidade racial racial e cultural
cultural que que a sublinha.
sublinha. Ela Eia c° ^a.ís e«
c: Pª!s
de
de maneira
maneira ponderável
ponderável como como fonte fonte e fundamento
fundamento de ga
de Kara°?tr^ °.tribui U*
un if 01,...__.·
uniformização
m1i.açao - ddaa Ccon d ~ta e de
conduta d e conformação
coo for111a~ao
- - das . rantias ^dde
das expectativa*
expectativas
comportamento.
comportamento. om êstes
Com estes argumentos
argumentos não nao procuramos
procuramos in • ** . e
porém, que
porém, que a ''lei contra o preconceito
“lei contra preconceito de raça ou
de raça ou dede côr”
côr'' P•nsdinu~r,
prod0'1,3**
os 1 d
resultados ' ·
práticos
OS dresuta os _prat1cos qdu.e que a • ·1·
justificaram. Apenas
_ JdUStll~arêa~. Apenas sugerimos que sugerimos ro unr,
tendo-se
ten o-se emem vista
vista as coo condições
1çoes de existência
e ex1st nc1a em em umum país
país novonovo r^U 01
e>'
B
o Brasil, ·1 ·
ras 1., a intervenção -
1ntefrv~nçaoh.do d G
0 Govêmo "'
•ovem? .em á
em vvários • setores da
rios setores da vida* ' "
soc^
vida SOciaI no
se explica
se exp 11ca porpor fatores
atores histórico-sociais.
1st6r1co-soc1a1S. - ,a*
Quanto à questão
Quanto questão da da eficácia
eficácia da da lei, nada nada se pode pode dizerdizer dde
positivo por
positivo por enquanto.
enquanto. A experiência experiência acumuladaacumulada pelos socióloco*e
pelos sociólo
no estudo
no estudo e no no tratamento
tratamento de problemas sociais,
de problemas sociais, não permite gOA
não permite en
xergar nela
xergar nela senão
senão uma uma medida
medida que que pretende
pretende submeter
submeter a um um fr:?- freio
formal (jurídico),
forn1al (jurídico), atitudes
atitudes e .ações ações sociais
sociais
. cujas
cujas manifestações
manifestações
. n~º
não
ao
po d em ser
podem ser rego Ia d as por
reguladas por meios
meios exc 1us1vamente legais.
exclusivamente legais. Uma Uma que que»,
tão tão
tão tão complexa,
complexa, como como é a das relações entre
das relações entre os negros
negros e os brancos branco:
exigia uma
exigia uma estratégia prática diferente,
estratégia prática diferente, a qual, qual, paresume-se,
p-esume-se, não
pode
pode ser ser estabelecida
estabelecida com com base base na na simples
simples manipulação
manipulação de de disposi­
disposi.
ções jurídicas
jurídicas ao ao velho
velho estilo liberal. O aproveitamento
estilo liberal. aproveitamento dos recur­
dos recur.
das ciências
sos das ciências humanas
humanas e dos especialistas no
dos especialistas tratamento dos pro­
no tratamento pro-
blemas sociais deveria
blemas deveria ter constituído o ponto
ter constituído ponto de de partida
partida da da ação
governamental. O Govêrno
governamental. Govêmo dispõe, dispõe, de de fato,
fato, dede recursos
recursos e de de meios
para
para iniciar
iniciar uma uma política
política de de controle
controle das raciais. O que
relações raciais.
das relações que se
poderia discutir
poderia discutir é a pretensão evidenciada de
pretensão evidenciada de esperar
esperar de uma lei,
de uma
a qual
qual possui
possui em em virtude
virtude de de sua
sua própria
própria natureza
natureza o caráter
caráter de expe­
de expe-
rimento, a modificação
rimento, modificação de de uma mentalidade que
uma mentalidade que foi foi reconhecida,
reconhecida,
pelo autor
pelo autor do do parecer
parecer do do projeto,
projeto, como como se inspirando
inspirando em em “sentimen­
'•sentimen•
tos profundos”.
profundos''. Enfim, é duvidoso
Enfim, duvidoso que que o próprio
próprio aparato
aparato coativo
do sistema
do sistema jurídico
jurídico brasileiro esteja em
brasileiro esteja em condições
condições de de impedir
impedir a burla burla
da lei, ou ou queque possa funcionarfuncionar com com pleno
pleno rendimento
rendimento para para os pre­ pre-
judicados pelas
judicados manifestações do
pelas manifestações do preconceito
preconceito de de côr.
côr.
A lei contra
contra o preconceito
preconceito de raça ou de
de raça de côr agitou
agitou o “meio ''meio
negro”
negro'' de São Paulo. Paulo. Os jornais jornais deram deram certa evidência ao
certa evidência ao assunto,
procurando obter
procurando obter depoimentos
depoimentos de
de personalidades
personalidades negras. ~ma
negr~. Uma
pequena
pequena seleçãoseleção poderá
poderá dar dar umauma idéia idéia concreta
concreta quantoquanto à diversida­
d1ve!sida•
de de opiniões emitidas: 1) “Certa
opiniões emitidas: ''Certa ocasião
ocasião procurei
procurei um um salão
8:'l~o de ~e
barbeiro da
barbeiro da cidade.
cidade. Não Não fui servido, embora
fui servido, embora vários prof1ss 1ona 15
vários profissionais
se encontrassem
se encontrassem desocupados.
desocupados. As desculpas
desculpas foram foram as mais mais diversas.i
diversas.
Estava na
Estava na hora
hora do do almoço, fregueses com
almoço, fregueses hora m
com hora etc. Com-
a rc a d a , etc
marcada, Com
preendi que não ia ser atendido porque
ser atendido porque sou negro. negro. Hoje, Hoje, com essa eua
• • _ _.. - - •C W L .. .... wn • 1
'.., 1 •• •·•• ) • !•

'
*E1 AÇO*8 RACIAIS
JtEI..AÇõES RACIAIS EN TRE NEGROS
ENTRE NF.CROS E
F. BRANCOS
BRAN( ;os F.M
F.M SAO
SÃO PAULO
PA{j LO
2215
15

•. aquele
aUelc fato seria
fato seria dcrime.
crime. ✓• Os negros
Os negros do
do Brasil
Brasil
estão
eªt:- exultante*.
1e1,
EsI’ta lei é
1C é um passo
um passo democrático
· h ,, (R4)

emocrat1co e vem
) ''C
,., ao exu 1tantes.
vem assegurar
u lugar
as~urar
um 1
m ugar ao M>I
ao sol ---l')
£sta
para os de m1n a raça . .: 2 ada vez que nos minha raça” (S4).2) “Cada v
aprofundamoe
*,nais
>ar,a no
no estudo
estudo da da constatação
constataçao do do preconceito
preconceito de côr côr em São Paulo,
em Sã,, Paulo
mais a ccrteza
temos absoluta de que
certeza absoluta que êsse
ê~ fenômeno
fenômeno está
está bem enraizado
bem enra· •"J.d em'
temos sOC . d d
je(ja(ie. N-
Não será I . coibitórias
á com leis . . que se 17-. o em
poderá
nossa soc1e a e. ao ser com eis co1b1t{,rias que po<lerá dard
nOSSa~ ao
solução
solução an inroblema.
a» __ ^ ^ _ Essa
problema. E~sa lei
lei virá
virá beneficiar
; 1 ----------------
beneficiar
, apenas a minoria
apenas minoria :: da
p<>pul~~o negra negra do Brasil, que, no caso, é a _visada, ~sto é, a lei v!sa
os co~ron.entes do grupo
maioria ~ãi^i7T
benP.f1c1ar_
*-r --- grupo• q~e P.~tao em situação Cülturai
ee econômica
econômica privilegiada
pr1v1leg1a_da mas,
m~s, aa ma!or1a, absoluta quase, ficará '•««urai
T *

80
frendo
frendo
-v tôdas
tôd~s as_ manifestações
man1(~staçoes ^ C T
hos~1sq ™
que lhe -
são ficará
dirigidas''
J h e s a o d^igidas” "•
(&!S).
(**).
situação
3) ''No~a s1tuaÇjO- continua e continuará a -----
mesma. maw *
Isto c, conti-
é tUIJlI-
----- —
nuaremos assistindo
nuaremos assistindo e sofrendo,
sofrendo, ao ao mesmo
mesmo tempo,tempo, as conseqüências
conseqüências
da
da discriminação
di~iminação _de de côr racial n~o
côr (a racial não e~iste)
existe) queque nosnos impõe
impõe parteparte
da
da sociedade.
sociedade. Não N ao poderemos
pod.eremos reagir,reagir, não nao poderemos
poderemos gritar, gritar, amea­
amea-
çar
çar ou
ou depredar.
depredar. Se o fizermos, seremos punidos
f1~e11n?s, seremos punidos e taxados
taxados como
como co- co­
munistas. Nesta
munistas. Nesta terra,
terra, infelizmente,
1nfel1zmente, os pequenos pequenos não não têm direitos,
têm direitos,
e nós, como
como tal,
tal, precisamos
precisamos sofrer sofrer e calar.
calar. É ~ sabido
sabido e reconhecido
reconhecido
que
que temos
temos nossos direitos, 1!1ªs
noSM>sdireit?s, mas êstes
êstes direitos estão empenhados
direitos estão empenhados tlas nas
mãos dos
mãos dos algozes
algozes do dinheiro. E
do dinhe1ro. quem se atreverá
E quem atreverá aa reivindirar
reivindicar
êstes direitos,
direitos, se nemnem as autoridades
autoridades se atrevem atrevem aa tanto?''
tanto?” “De ''De ago- ago­
ra em
ra em diante, mais uma
diante, mais uma lei lei dormirá
dormirá o sono sono tranqüilo
tranqüilo das gavetas.
das gavetas.
“A lei, ora
''A ora aa lei''.
lei”. Existem
Existem tantas outras que
tantas outras que não cumprem. Os
não se cumprem.
senhores acham
senhores acham que que esta
esta será
será cumprida
cumprida à risca? risca? NósNós não acredita­
não acredita-
mos. Quer Quer experimentar?”
experimentar?'' “Vá
''Vá a um um grande
grande hotel
hotel de de S. Paulo,
Paulo,
peça um
peça um aposento.
aposento. A recusa recusa não não demorará.
demorará. Grite, esperneie,
Grite, esperneie, faça faça
escândalos, reclame
escândalos, reclame um direito que
um direito que lhe lhe cabe
cabe (pelo
(pelo menos pelos pa­
menos pelos pa-
péis), depredei
deprede! Bem..
Bem. . . nãonão nosnos responsabilizamos
responsabilizamos pelo pelo resto!.
resto! .... . ”
'' (3
(38C).
).
Como se vê, a lei
Como lei encontrou
encontrou acolhida
acolhida favorável
favorável no no meio
meio negro,
negro,
mas suscitou
mas suscitou algumas
algumas reservas
reservas ou ou restrições
restrições deveras importantes. A
deveras importantes.
idéia
idéia dede que
que ela concede ao
ela concede ao negro
negro “um ''um lugar
lugar ao sol” sol'' se repete
repete em e:an
diversas manifestações.
diversas manifestações. Em vários lugares,
Em vários lugares, mesmo,
mesmo, a a lei contra
contra o
preconceito de
preconceito de raça
raça ou ou dede côr foi recebida pelos
foi recebida pelos negros como um
negros como um
“novo
''novo 13 de Maio”, sendo
de Maio'', sendo comemorada
comemorada através através de de reuniões
reuniões festivas,
festivas,
tanto em
tanto em certos
certos bairros
bairros da capital quanto
da capital quanto em em localidades
localidades do do Interior.
Interior.
Contudo,
Contudo, os depoimentos
depoimentos estão estão pontilhados
pontilhados de de atitudes
atitudes de pessimis­
de pe~imis,.
mo, dede desconfiança
desconfiança e de de decepção.
decepção. Parece Parece que que a lei lei não
não satisfez
satisfez
os anseios de igualdade -~ de tratamento a que aspiram os negros
--------------
----------------------------- — . Q —
negros nas
suas
suas relações
relações com com os brancos.
brancos.

"Bem recMJ*. Lei contra


(34) ''Bem rtcebid11 -" úl corma os P,1,oncnlos. WGAR AO SOL PARA OS
NEGROS
NEGROS DO
DO BRASIL”,
BRASIL:', reponagem
os trechos transcritos
pelo Di4río ~ Batista
publicada pelo
reportagem Publicada No~t4, dos5/VW!~Santo*,
os correspondem às declarações do sr. Antônio Bat 15ta dos S
transcritos correspondem
Naa mesma
N mesma reportagem
(35)
(35)
reportagem ocorrem
ocorrem ouuas
"Reerguimento do Negro: Um
"Reerguimento do Negro:u,. Econômico",
outras entrevistas. ,, entrevista
Problnna P.,o,,~mico , enuevllta
. d sr. jo
do
O
J ge
sr. Ol'I
Jornal de NoHctas, ^ ^ ^ r

Teixeira, ao Jorntd d, Noticias, 7/VW1951.
Prado Teixeira,
3 "Sancionada a Lei constderamdoÇontravm ncão Penal todo •
..
Q SoV(JHor, qualquer * •
10
do t qualquer
u.l un ••
(36)
(~6). ':Sanc'ionada " Lri considn1111do
d* discriminação racial e àt côr "º
tl# discr,m,nação '"';"' t tk ,~,no Brtastl , B,.ssn", ed1to.r1al
^
. Co11tr!"'ef!f"º pnu,J
d* Oimpreasa
ó rsío ded
Horizonte,
Horir:,,,,; Ano
. Not1~a negra
negra
nc|
Ano 9 ,
pauli1tao1.
n. 54,
54, julho-agôsto
julho-igôK o dede 1951,
1951. pág. 6' è‘°
3. llte
p ig . 3. al t4 órglo a UDpre
jornal
*«* )om
paulistana.



216
216 INQUtRITO UNESCO-ANAi:'
~.:Mnt
...
Grosso
Gro~ modo, modo, é possível possível distinguir
distinguir cinco cinco tipos tipos de •.
lei, por parte das
por parte das personalidades
personalidades negras, neg1·as, que que se manifest
manifestara ™1018 à
O'lticas
o assunto
aSS11ntoe cujas . ·r
cu1as manifestações
man1 estaçoes nos - nos foi f •
01 possível
possível ler: ler: a) o c* aram
G ^ ~.A.b
'3\J r re
e
romplementar a
devia complementar
devia a sua ação por
sua ação por meiosmeios diretos, especia~ °ovêrno
diretos, especial V^rn°
assistência econômica
assistência econômica aos negros negros (esta (esta idéia
idéia ocorre
ocorre em grand llle~te de
em grande
de
de depoimentos,
depoimentos, embora embora não não tenhatenha sido sido transcrito
transcrito nenhum nenhu e numero
**!!111^ 0
b) aa lei
b) lei poderá
poderá agravar
agravar aa situaçãosituação do do negro,
negro, atirando
atirando sô:1 sôbredeles);
íí ^ 5
atenção
atenção ou
dos, mas
ou a desaprovaçã~
desaprovação dos dos ~rancos;
brancos; c) a lei lei produzirá r: a
produzirá êle a
mas em em escala
escala reduzida,
reduzida, pois pois poderá
poderá ser burlada de
ser burlada vá . esuJta.
de váriaSU ^a*
neiras;
neiras; d) a lei não não será aplicada, pura
será aplicada, pura e simplesmente,
simplesmente já rias ^
já nuS ~a-
se pode esperaresperar que o
que o branco
branco proceda
proceda policialmente
policialmente contra con:ra o1e
O b^ ^
nao
e) a lei produzirá
produzirá certoscertos benefícios,
benefícios, todavia todavia eles eles só serão serão usufra~dco;
usufr \í° ’
,, b. ,, . I . ru1 os
pelos
pe Ios negros
negros que que “subiram”
su iram socialmente,
soc1a m~nte, que exercem prof"
qµe exerrem profis*--
1.ber ais
lliberais . e pertencem
pertencem às cIasses médias.
' classes
as m éd.ias. Sem d'uv1da,
Sem dúvida, · essas atit 1&soes
atitud H*
incongruentes entre
são inrongruentes entre si, o que que infeliz111ente
infelizmente não poderemos a cs
não poderemos
•1sar aqui.
Ilisar • Co
aqui. Convém é f
nv m frizar, .
nzar, no no entanto,
entanto, que que o tópico ó .
t pico b diz diz respe'^' ana-
resn.a·110
aà... at1tu. d e de
atitude d e negros
negros que ......
que permanecem
pern1anecem .d ent1·r1ca
· d os com
1identificados com os brajtKo°
branc --- -
os quaisquais temem
temem as conseqüências
conseqüências da da lei, em em particular
particular no no que
que coos,con
cerne continuidade da
reine à continuidade aceitação dos
da aceitação dos negros
negros em em determinados
deter1ninados cír­J::
culos 90Ciais.
culos sociais. As personalidades
personalidades negras negras em em questão
questão acham acham que que a
ascensão econômica
ascensão econômica ee social social dos dos negros, lentamente, os porá em
negros, lentamente, em
condições
condições de de manter
manter um um intercâmbio
intercâmbio social mais estreito
social mais estreito com os
brancos. A lei representa,
brancos. representa, segundo segundo o ponto ponto de de vista
vista que que sustentam
sustentam
uma
uma interferência
interferência artificial
artificial nesse nesse processo,
processo, com com um um grave risco em
grave risco e~
perspectiva:
perspectiva: o de intensificar intensificar a hostilidadehostilidade do do branco
branco contra contra o O ne­ne-
gro ou, ou, pelo
pelo menos,
menos, de de agitar
agitar fatosfatos que que deveriam
deveriam ser ser mantidos
mantidos dis- dis-
cretamente no
o~taroente no olvido.
olvido. ·
A sondagem
50ndagei11 das
das repercussões
repercussões da da lei
lei não
não seria
seria completa,
completa, todavia,
se ficasse confinada
confinada àquilo
àquilo que
que foi
foi posto
pôsto em relêvo pelos
em relêvo pelos jornais.
jornais.
• Por
Por isso, procuramos
procuramos colhêr dados que
colhêr dados que pudessem esclarecer me-
pude~em esclarecer me­
lhor como
lhor como a "lei
“lei contra
contra o preconceito
preconceito de de raça
raça ou ou de
de côr''
côr” foi
foi rece-
rece­
bida no
bida no "meio
“meio negro''
negro” dede São Paulo.
Paulo. Através
Através de de entrevistas
entrevistas com
cora
personalidades negras
penonalidades negras ouou mulatas
mulatas (tanto
(tanto os mulatos
mulatos que que se identi•
identi­
ficam com
firam com os brancos, quanto os que
brancos, quanto que se identificam
identificam com com os negros)
e por
por meio
meio da coleta
coleta de
de depoimentos prestados por
depoimentos prestados por personalidades
personalida~«:5
de côr,
côr, publicamente,
publicamente, na na Comissão de Estudo Estudo das das Relações
Relações Raciais
Rac1a~
entre
entre Brancos
Brancos e Negros
Negros emem São Paulo
Paulo que
que organizamos
organizamos para para reali­
reala•
zar u nossas pesquisas,
zar as com a colaboração
pesquisas, com colaboração direta
direta e ativa
ativa dos
dos elemen­
elemen-
tos negros,
negr<>1, conseguimos
ron~imos reunir
reunir indicações
indicações que que permitem
pen11item estabele­
estabele-
cer uma
a:1 uma espécie
espécie dede quadro
quadro geral
geral das
das reações provocadas pela
reações provocadas pela refe­
re~e-
rida lei.
rida l~i. Naturalmente,
Naturalmente, as opiniões
OJ>iniões emitidas pelos informantes
emitidas pelos informantes nao n~o
poderão
poderão ser transcritas, pois
ser tranM:Titas, pois isso exigiria
exigiria muito
muito espaço. Contudo,
espaço. ~ntu~o,
analítica das atitudes
a exposição analítica atitudes que
que se repetem com
ae repetem com relativa
relativa fre* f:
qüência e congruência
qüência rongruência dá dá ensejo
ensejo a que
que o leitor
leitor seja info11n3do oc
seja informado
uma maneira
uma maneira completa,
completa, ainda
ainda que menos satisfatória*
satisfatória.

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......
.... .

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RELAÇÕES
p..Et RACIAIS
,AÇõES RAC EN TRE
IAIS ENT n e gROS E BRA
ros E BRANCOS e m SÃO PAUi.O
"1 ------ PAULO
RE NEG NCOS F.~t •

217 ..••'


Diversos argu
Diversos mentos fora
argumentos foramm util izad
utilizados os pela
pelas s pessoas
pes soa s entrevista-
.
na apre c1a· -
çao d l · U ns sen entr evu ta-
a
das na apreciaçao .da lei. Uns sentem e1. tem .que que a
a lei é boa , porq ue ex­
boa, porque
ting ue . ex-
prec
tingue Oo preconceito onceito para para sem sempre,
pre, pro proibindo-o
1b1ndo-o e pun punindo^
indo-o taxa taxati­ti- •

vam ente. Outros


vamente. Outro~ ach acham...am que que ela ela é boa,
boa, não não por porqueque pon ponhaha umum pa- pa­

'r
radeiro à atual
radeiro atual s1tu _açao, mas
situaçao, mas p~rporque
que des desvenda
venda aa real realidade,
idade, mos mostran-
tran-
do que
que o O frec once1t_o. de
preconceito de côr não é uma
côr nao u~:1 criação
criação fictícia
fictícia dos negros.
negros.
Nes
Nesse sentido, qua
se sentido, lificaram-na
qualificaram-na como
como “um um reconhecimento
reconhecimento oficial” oficial'' •
da exis
da tência do
existência do prec onceito con
preconceito contra
tra o neg negro,
ro, no no Bra Brasil.
sil. Ao lado lado
des c.as atitu
dessas des extr
atitudes em~s, veri
extremas, verificamos
fica~os que que aa exp explicação
licação da da conve­
conve-
niên cia ou
niência ou da da opo rtunidade
oportunidade da lei
da lei compreende
compreende argu argumentos
mentos mui muito to
mais com
mais plicados, com
complicados, como o sug sugerem
erem as seg seguintes explanações: 1I)) A
uintes explanações: A leilei
éé boa
boa,, porque
porque favorece
fa~orece os negros, negros, obrigando
obrigando os brancos brancos a comportar-
comportar-
se de
se de cert
certa a ,ma neira para
maneira para com com eleseles,, e por
porqueque lhes lhes dá a possibilidade
possibilidade
de
de pro cessar as pes
processar soas que
pessoas que os desrespeitem,
desrespeitem, em em seus seus direitos
direitos ou ou em em
sua
sua dign idade, o que
dignidade, que era era abs absolutamente
olutamente imp impossível
ossível ante antes. s. O O info
infor­ r-
man
mante te sali entou, entr
salientou, etanto, que
entretanto, que nãonão estáestá abs absolutamente
olutamente de acô acôrdordo
com
com os com panheiros que
companheiros que enx enxergam
ergam nela nela um um ''no “novo vo 13 de de MaMaio”.io''.
2)) A
2 A lei
lei ''ser
“será”á'' boaboa,, se for for apli
aplicada.
cada. A A pro proibição
ibição do do prec
preconceito
onceito
já existia
existia na na Con stituição, como
Constituição, como ''let“letra
ra morta”.
morta''. Daí Daí,, a lei “será” ''será''
boa
boa,, se não não deg enerar, logo
degenerar, logo no no comêço,
comêço, ''em “em letr letraa morta”.
morta''. Ent Entre re
os
os entr evistados que
entrevistados que defe defenderam
nderam essa eMa idéia,
idéia, dois dois ajuntaram
a juntaram o se­ se-
guin te: a) os negros
guinte: negros devem devem aproveitar
aproveitar a lei, ainda ainda que que ela seja seja umauma
sim ples ''som
simples “sombra”bra'' do do que que o Gov Govêrno
ê1 no dev deveria
eria faze fazer;r; b) b) os neg negros ros
que
que ''po dem'' terão,
“podem” terão, de de ago agora ra emem dian
diante,te, o ac~ acesso gara garantido
ntido aos lu­ lu-
gares que
gares que lheslhes erameram ved vedados ados pelos brancos. 3
pelos brancos. 3)) aa lei é boa, porque
boa, por que
''im pede'' a situação
“impede” situação existente
existente em em SãoSão Paulo:
Paulo: os estrangeiros
estrangeiros que
chegaram aqui
chegaram aqui na miséria conseguiram
na miséria conseguiram enriquecer enriquecer e não não deixam
deixam
mais ning
mais ninguémuém se ben eficiar com
beneficiar com as oportunidades
oportunidades nas nascidas
cidas do do de­ de-
sen volvimento eco
senvolvimento nômico de
econômico de São
São PauPaulo,
lo, exc exceptuando-se
eptuando-se os seus seus pa- pa­
rent es e com
rentes patriotas.
compatriotas. Com iSM
Com isso,J,eles
eles oiam
criam a seg segregação
regação do do negnegro. ro. •
A lei ''ev
A lei ita'' que
“evita” que isso venha venha aa consumar-se
consumar-se no no futuro.
futuro. 4) 4) a lei lei é
boa
boa,, por que po~
porque possuiui o cará caráterter de intervenção
de inte rvenção do do Gov Govêrno
êmo nos nos pro pro­ -
blem
blemas as dodo negro
negro bras ileiro.
brasileiro. Ela con
Ela constitui
stitui a primeira primeira pro providência
vidência
tomada até
tomada até o presente,
presente, como como medida
medida destinada
destinada a favorecer favorecer os ne­ ne-
gro
gross e os mulatos
mulatos contra contra os brancos. brancos. Os Os queque pensampensam que “ela não
que ''ela não
prestat' e ''pre
presta” cisa ser
“precisa ser jogada
jogada fora fora”'' estão
estão errados.
errados. Nas Nas circunstân­
circunstân- 1
cias atua is, a lei
atuais, lei protege
protege os neg negros
ros e podpoderá erá des desempenhar
em~nhar pro profundas
fund~s
infl uências edu
influências cativas.
educativas. Antes o neg
Antes negroro deixdeixavaava de de 1r ir a uma uma Por porção ça?
de lug
de ares e de faz
lugares fazer er um uma a porção
p0rção de coi coisas,
sa~ de mêd mêdo o dede ser
ser desdesfei-
fei-
teado''. O bran
teado”. branco co se aco acostumou
stumou com com a aus ausência
ência do do negnegro
ro ee per- per­
deu a possibilidade
deu •
p<>Mibilillade de de conhecê-lo
conhecê-lo con concretamente.
cretamente. A lei dá da tais
tais ga- ga­
rant ias jurídicas
rantias jurídicas aos aos neg negros,ros, que que quequebra
bra o seu seu ''mê“mêdo”dot' d~ do ~nlbranco.
l:'co.
Sur gem assi
Surgem assim m as con dições nec
condições necessárias
essárias aa um um con contacto
tacto mai mais íntimo
s _int uno
entr
entre os
e oa branbranco»
cos e os neg negros,ros, 0o quaqual ~ á íacilitar
poderá
l r-er f ac1·1· onhecimento ·
1tar o cconhecimento
2218
18 _____________ __________________________INQUP.RITO
INQUt,RlTO uUNESCO-ANJ-l'"t.•
n e s c o a ^ -1:.,YIBl
^
-
das qqualidades
u a lid a d e s hhumanas
u m a n a s dos seg segundos
u n d o s pelos p rim e iro s ee, por
p elo s primeiros
seguinte, melhorar
seguinte, m e lh o ra r a sua aceitação • - social.
ace1taçao soc1a . 1. , ^ con-
As m mesmas ~as
esm as pessoas fazem restrições
restriçõ es à lei, sendo sen d o que
q u e aleaJ211
pensam ppura
pensam u ra _e · p 1lesm
s1mp
e sim esmenteen te q9ue_
u e a lei I e1· “n'' n~o
ã- o a dd"ia
1an_ta
n ta nnada'', .... rnas
a d a ”, por”1
por ue
**
n ão será ap
não aplicada.
licad a. As apreciações
aprec1açoes re reflet1clas
fle tid a s vvariam a ria m cconsiderà
o n s i d e rq^ f
1
mente,
m en te, comcomoo se vverificará
erificará ppela e la seguinte
se g u in te eenumeração
n u m e ra ç ã o de opini***
opini~e:
1) A lei
I) lei devia
devia ser ser precedida
precedida por por umauma campanha
campanha educativa educativa e -ele de ;~
paração psicológica
paração psicoló$ica dos dos negros,
negros, em em geral,
~eral, e dos comerciantes bran.
~os comerciantes bra
cos, em
cos, em particular.
particular. O O Govêrno
Govêrno podia podia fazer fazer .isso isso pelos
pelos jornais,
jornairt, neí**
pelo
rádio, pelas escolas, etc. Da
rádio, pelas Da forma
f~1n1a por por queque agiu, agiu, êle ~le é culpado
culpado de de\ião
nio
ter levado
ter levado aos negros negros os ensinamentos
ensinamentos nec~r1os necessários para para que que pudes-
pude»,

sem eles aproveitar
sem aproveitar aa lei lei e utilizá-la
utilizá-la em em benefício
benefício próprio. próprio. 2) A le* lei
servirá
servirá aos aos interêsses
interêsses de alguns negros,
de alguns negros, sem sem contudo favorecer a co­
contudo favorecer co-
letividade negra
letividade negra como como um um todo.
todo. Os Os negros
negros grãfinos, grãfinos, que que desejavam
desejavam
freqüentar
freqüentar hoteis boteis de de luxo,
luxo, ficaram
ficaram exultantes.
exultantes. Em
Em contraste,
contraste, os ne­ ne-
gros humildes
gros humildes ''estão“estão na na mesma”.
mesma''. Continuam
Continuam econômica econômica e moral- mora).
mente largados
mente largados a si mesmos,
mesmos, sem sem recursos
recursos para libertar-se do
para libertar-se do nível
nível ex­ ex.
trema.mente baixo
tremamente baixo de vida que
de vida que levam
levam ou ou para para conjurar
conjurar os seus dra­ dra-
mas cotidianos,
mas cotidianos, como como o da da “mãe
''mãe solteira”,
solteira'', o ''abandono “abandono dos dos filhos”
filhos",
etc. O O Govêrno
Govêrno devia devia fazer
fazer algo
algo concreto,
concreto, que beneficiasse aa massa
que beneficiasse rnaua
dos negros, iniciando
dos negros, iniciando uma uma Política
política de de “aproveitamento
''aproveitamento da prata
prata da da
casa”, intervindo
casa'', sèriamente na
intervindo seriamente na melhoria
melhoria de de suasua situação
situação econômi­
econômi-
ca e na na sua
sua educação.
educação. 3) A A lei
lei não
não presta,
presta, porque porque é vaga vaga e incom­ incom.
pleta.
pleta. Ela Ela não obriga os industriais,
não obriga industriais, os comerciantes comerciantes e os banquei­ banquei-
ros aa dar
ros dar emprêgo
emprêgo aos candidatos candidatos negros, negros, desde desde que que sejam
sejam qualifi.
qualifi-
cados. 4) A lei
cados. lei possui
possui um um defeito
defeito capital:
capital: ela ela põepõe o preconceito
preconceito de
côr em
côr evidência. :tste
em evidência. Êste era era como “cinza no
como ''cinza no borralho''.
borralho”. Ninguém Ninguém
tinha consciência
tinha consciência nítida nítida de de sua
sua existência
existência e de de suas
suas conseqüências,
conseqüências,
brancos particularmente.
os brancos particularmente. A lei lei chamou
chamou aa atenção atenção para para o fato;
de tal
e de tal maneira,
maneira, que que muitos
muitos brancos
brancos não não vão vão gostar
gostar de de ver-se com-
pelidos aa aceitar
pelidos aceitar o negro.negro. Doutro Doutro lado, lado, o ''aspecto “aspecto moral”moral'' da lei
não
não é satisfatório.
satisfatório. Seria Seria bem bem agradável
agradável que que o negro negro fôssefô~ tratado
tratado
como ser humano
como humano pelo branco, desde
pelo branco, desde que que êste êste fôsse
fôsse movido
movido por por sen­sen-
timentos reais
timentos reais de respeito e de
de respeito de afeição
afeição pelo pelo negro.negro. A presença presença da da
lei inverte
inverte esta esta ordem:
ordem: o branco branco passarápassará a a agir
agir como
como o indivíduo
indivíduo
que deixa
que deixa de de pecar
pecar porque
porque tem tem mêdomêdo do do inferno,
inferno, e não não porque
porque acre' aae-
dita em
dita em Deus.
Deus. 5) O O Govêrno
Govêmo não devia promulgar
não devia promulgar uma uma lei lei como
esta.
esta. Em Em vez de de proteger
proteger o negro negro indiscriminadamente,
indiscriminadamente, devia
devia era era
prender
prend~,r os negros n_egros que que “envergonham
''envergonham a gente” gente'' e que que “desmoralizam
''des1norali7.am
aa raça
raça ·\• AlémAlem de$3sdessas atitudes,
atitudes, alguns alguns temores temores foram expressos, no-
foram expresw,s,
tadamente: a) como
tadamente: como aa lei lei foi promulgada de
foi promulgada de improviso,
improviso, sem ne­ ne-
nhuma preparação
nhuma preparação prévia prévia dos negros negros e dos dos mulatos,
mulatos, eles poderão
eles poderão
comportar-se de modo
comportar-se modo inconveniente,
inconveniente, aumentando aumentando o preconceito
preconceito ou
prov~do-o
jm • m onde não não existia antes; b) a lei não
existia antes; não pode p<>de ignorar
igno~
as diferenças sociais das
erenças sociais das pessoas. Há Há lugares em que o negro negro não nao

'
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1tELAÇ Õ 210
219

d ser
de ser a~<l
d mmit ido
itid o, m meesm smoo qqua u ando
n d o tem ddin inhei
h e iro
ro ppar araa “pagar”.
''pagar''. O O
^Po tr eev~a·
entre• · is stad
ta d o o sali ent
salien ou:
to u : ''e.a
“cada da um deve ser aceito
u m deve ace ite> de acôrdo
acô r,lo com
c.
o m oo
0 1 d 1. . .
fI~s gar qciu
iear u ec oocu
cu11a
p a”''.. O md m ala d a lei c1 estar1~dée!'1dcr1ar um
estaria em criar umaa falsa
falsa sensa-
scn sa-
... de
ão de ig iguuald
a ldatle , lev
a d e, 1evaan n d o ao nneg egro
ro a idéia
1 ,a dee qque u e poderá,
poderá, ddaq aqui
ui
n~: r ddiaiante
n te,, in
intr o<l
tro d uuzi r-se oond
zir-se n dee bbemem en entten
endder.er.
r Os ddep
Os e poim
o imente nos colhidos nnaa Com
to s colhidos Comis são de E
issão studo
Est \t(lo das
da~ Relações
Relaçõe,
R ciais eent
Raciais re B
n tre Bra ncos e N
rancos Neeggroross em São P Pau aulolo contêm
contêm argumargument entos
os
a ªrav or ee ccon
favor o ntra
tra a lei, qque u e ppnd o dem
em ser ag agrru upap ad
doso s de m maan eira
nei ra con­
con-
ª·stente em
sistente em termter,nos os ddo o ggra rauu ddee aceitação
aceitação oouu de rejeição rejeição da da ordem
ordem
::Cial vvig
social igent e nnaa sociedade
en te ~ieda~e bbra rasile
sileira,
ira , d~~m
em ons
o n strad
tradc> o pel
pelos
os depoentes.
depoentes.
Trê
T s aatit
rês ude
titu d ess se eevi den
v id e ncia
c iaram
ra m com nitidez:n1t1dez: 1) 1) aatit
titu de m
ude mooderada,
derada,
seg,indo aa qqua
segundo u all °o ppre recoconnce~ceitoto de côr co co~nstit
stituuii uum m problem
~roblemaa social
social
cuja
cu)a solução
solução nnaa oord rdem
e m socialsocial ccon o ntem
tempor
p o ane
râ nae a éé possível
poss1vel e deve deve serser
esperada; 2) aatit
esperada; ude
titu d e ra raddica
ic al,l, segundo
segundo a qqua u all o prepreconceito
conceito de de côr
côr
só ddes
só apaarecerá
esap recerá com a supressão supressão ddaa oord rdeme m social
social existente;
existente; 3)
3) aati-
ti­
tude pessim
tude pe!isimista,
ista, segund u n doo a qqua u all a oord
rdem
em socialsocial vvig igente
ente éé ru im,, do
ruim do
p0nto
pon to ddee vvis ta das relações
ista relações Taciais, raciais, m maass nnão ã o aadid ia n ta
ant a esperar
esperar m moodi­
di-
ficações ppar
ficações a m
a ra meelho lh or,r, vven e nham
h a m elaselas de in iniciciativ
iativas as do nneg egro
ro oou u dodo

branco.
branco.
Os argumentos apresentados
Os argumentos apresentados pelos pelos que que defenderam
defenderam o primeiro primeiro
p<>nto de vista
ponto vista podem
podem ser sintetizados
sintetizados da seguinte
seguinte maneira:
maneira: o negro
negrõ
luta desde
luta desde 1928
1928 parapara obter
obter um instrum
instrumentento
o legal,
legal, que lhe permita
permita
enfrentar com êxito
enfrentar êxito as manifestações
manifestações do preconceito
preconceito de côr. côr. Essa
~
lei representa
lei representa a conquista
conquista desse
desse instrumento,
instrumento, o qual qual chega
chega precisa­
precisa-
mente em um momento
mente momento oportuno,
oportuno, pois pois o negro
negro brasileiro
brasileiro não está
mais na mesma
mais mesma situação
situação que
que em 188 18888 (data
(data da Abolição).
Abolição). Econô­
Econô-
mica e intelectualm
mica intelectualmente , se encontra
ente, encontra em diversasdiversas regiões
regiões em condi­
condi ..
ções compatíveis
ções compatíveis com o aproveitamento
aproveitamento da lei, o que que deve
deve fazer
fazer de
acôrdo com a própria
acôrdo própria capacidade
capacidade e posiçãoposição social.
social. A lei devedeve ser
respeitada e acatada,
respeitada acatada, portanto,
portanto, comocomo algoalgo capaz
capaz de favorecer
favorecer os ne­ ne-
gros nas relações
gros relações com os brancos.
brancos. Por Por sua vez, vez, ela éé obrigatória
obrigatória ee
geral, não
geral, não se devendo
devendo duvidar
duvidar de que que será
será posta
posta em vigor
vigor pela Ju
pela Jus­ s-
tiça do país.
tiça país. O que que o negro
negro precisa
precisa éé aprender
aprender a usar usar a lei: a) a)
para utilizá-la
para utilizá-la dentro
dentro dos limites
limites estabelecidos;
estabelecidos; b) para para não criarcriar
eu1baraços ou conflitos
embaraços conflitos nas
nas relações
relações com os brancos,brancos, em virtude
virtude de
uma interpretação
uma interpretação inadequada
inadequada dos direitosdireitos por por ela conferidos.
conferidos. Os
c?nhecimentos relativos
conhecimentos relativos ao modomodo de usar usar a lei podem
podem ser transmi­
transmi-
tido~ por
tidos por m meeio
io das
das entidades
entidades negras,
negras, queque assim
assim contribuiriam
contribuiriam cons­cons-
trutivamente
trutivam ente ppar a a elevação
ara elevação social
social do negro.
negro. D Dooutro
utro lado,
lado, o ne­ne-
gro brasileiro
gro brasileiro não não está
está na mesma
mesrna situação
situação que que o negro
negro norte-ameri-
norte-ameri-
cano. A
cano. Aqqui
ui êle tem direito
direito a tudo,
tudo, como
como o branco,
branco, compartilhando
compartilhando
c?'11 êste,
com êste, em termostern1os de igualdade,
igualdade, das garantias
guantias concedidas
concedidas aos
.· cidadãos.
oda dãos. Todavia,
Todavia, o negronegro depende
depende do branco,branco, nãonão pode
pode separar-
separar-
se dele
se dele ou lulutatarr contra
contra êle.
êle. Essa
EMa lei terá
terá um grande
grande alcance
alcance moral
moral ee
educativo, porque
educativo, porque éé um passo passo na direção
direção da associação
associação das raças.
raças.
• t

2 0 _______________ ____________ ______________________ INQUf.RITO


2220

Forçando
F o rç a n d o os bbrancosra n c o s a aaceitar
c e ita r os negrosn e g ro s ccoercitivamente
o e rc itiv a m e n te , a I1 *•
---
condições para
condições p a ra uum m cco onh · e n to rec
n h eecunento
c im íproco
re c íp ro c o e uuma m a colabor
colaboraçâ^ ' ª ,:e1 **** •
<:ria
ín tim a eentre
íntima n tre as dduas u a s raças. * ° lllaia
açao «laia
Os_
O s aargumentos
rg u m e n to s fo for111ula~os
rm u la d o s ppelos e lo s qq~eu e ddefendem
e fe n d e m O o segundo
segund
to dede vista Podem p o d e m serser re resumidos
su m id o s dda a sseguinte
e g u in te fo for1na:
rm a : a lei lei nnãão é po:n. P°*1*
manifestação
m a n ife sta ç ã o ddee bboa o a vontade
v o n ta d e ddos o s bbrancos
ra n c o s ouo u ddos a rtid o s ~lih
o s ppartidos ºbe
1
u~a
Ul*?a
mas
m as uum m “p ''produto
r o d u to ló lógico''
g ic o ” das
d as re reivindicações
iv in d ic a ç õ e s ee ddos os m movime
o v im e n tora13, *^’
gan1za · doos
g an izad s pporo r entr ºdaaddees
e n tid e g ras. F"
s nnegras. F ooram
ra m eessta t ass qque x ig ira m na tos
u e eexigiram tr °orf•
fo rm ação ddaa pproibição
formação ro ib iç ã o ccontida
o n tid a nnaa C Constituição ig e n te em ª 1~ans,.
o n s titu iç ã o vvigente
dinária.
d in á ria . Toda,ia.
T o d a v ia , a lei surge su rg e em condiçõesc o n d iç õ e s que
q u e a tornamto rn a m vvie~ id or.T
e perigosa.
p e rig o sa . P Primeiro,
rim e iro , ela ppoder~ o d e r á nnão ã o serse r aaplicada
p lic a d a aos transgre transg~a ,da
ress qque
re u e ppertencem
e rte n c e m às classesclasses ddominantes.
o m in a n te s . Há H á vvárias
á ria s m maneiras
a n e ira s -d d e sso.
^ 0,
. o sitiv. . o s dd a lei 1 . im . p u n e m e n te . S S e g u n ddo , ela foi efe^so..
Japar. os 1s_pos1t_1vosa e1 •~punement<:_· egun ?,
la p a r os d isp feit
com fins
com fin s eele1tora1s,
le ito ra is, para
p a r a benef1c1ar
b e n e fic ia r dete11n1nado
d e te r m in a d o partido
p a r tid o em eleicõe* eJe· - ª
• 1 • IÇ0'3
futuras.
fu tu ra s . -i:erce1ro,
T e rc e iro , elae a vvisaisa eesmorecer
sm o re c e r o n1!~ro_ e g r o eem_m su suasas lu lutasta s contra
contra
o0 preconceito
p re c o n c e ito ddee ccôr ô r e arrefecer
a rr e fe c e r suas
su as re1v1nd1caçoes
re iv in d ic a ç õ e s sociais. A A 1lej•
rraz
tra z co consigo,
n sig o , nãon ã o obstante,
o b s ta n te , aalgumas
lg u m a s vvantagens.
a n ta g e n s . P Por isso, s:;
o r isso, deve deve ser
aapro,reitada
p ro v e ita d a ppelose lo s nnegros,
eg ro s, co com m a nnecessária
e c e ssá ria ccautela.
a u te la . F Feita
e ita no n o terre­
tenr-
nno d e m o c rá tic o , oferece
o democrático, p o r tu n id a d e s qque
o fe re c e ooportunidades u e o negro d:V~
n e g r o bbrasileiro
ra s ile iro deve
eexplorar,
x p lo ra r, sem sem contudo
c o n tu d o fa fazer
z e r concessões na n a lJuta o n tr a o preconceito
u t a ccontra
ddee côr, cô r, qque u e se id identifica
e n tif ic a pparaa r a êle com c o m a própria
p r ó p r i a luta
l u t a porp o r melhor
nível
n ív e l de d e vida
v id a e por p o r mais
m a is amplos
a m p lo s ddireitos
ir e ito s políticos
p o lític o s e sociais. sociais, No
fundo,
fu n d o , porém, p o ré m , a fu função
n ç ã o dad a leile i nnão ã o consi~e
c o n s is te apenas
a p e n a s em e m punir, mas
p u n ir , mas
eem m eeducar.
d u c a r. S SOmente
ò m e n te co com m a tr transfor111açao
a n s f o r m a ç ã o ddaa aatual t u a l eestrutura
s tr u tu ra da
sociedade
so c ie d a d e brasileira,
b ra s ile ira , no n o sentido
s e n tid o da d a democracia
d e m o c ra c ia social,
so c ia l, éé qque os di­
u e os di-
reitos
re ito s hhumanos u m a n o s sserãoe rã o ddistribuídos
is tr ib u íd o s ig igualmente,
u a lm e n te , pproduzindo
r o d u z in d o o desapa­ desapa..
recimento
re c im e n to do d o preconceito
p r e c o n c e ito de c ô r e aa m
d e côr modificação
o d if ic a ç ã o cconcomitante
o n c o m ita n te da
mentalidade
m e n ta lid a d e ddos o s brancos.
b ra n c o s.
Os argumentos
argumentos defendidos defendidos pelos pelos que identificam com o ter­
que se identificam ter-
ceiro ponto ponto de vista vista podem
podem ser ser reduzidos
reduzidos ao seguinte: “Quem
ao seguinte: ''Quem faz faz a
faz
lei, faz a malícia”, malícia'', de de taltal modo
modo que que a lei enreda enreda os fracos fracos e fortalece
os poderosos.
poderosos. Ora, Ora, essa lei é é pouco
pouco sincera. sincera. Vem Vera de de um um partido
partido
reacionário,
re2cionário, cujos cujos lídereslíderes têm ostentado ostentado atitudes atitudes desfavoráveis
desfavoráveis ao» aos
negros. Na Na verdade,
verdade, ela ela nãonão foi foi feita
feita para para resolver
reso]ver os problemas problemas
do
do negro negro brasileiro.
brasileiro. Nota-se Nota« que que ela ela surgiu
surgiu depoisdepois de de um um escândalo
que envolveu
que envolveu uma uma bailarina
bailarina negra negra norte-americana,
norte-americana, de grande grande reno- reno­
me. Ela Ela pretende,
pretende, portanto,ponanto, salvar salvar as aparências,
aparências, de maneira maneira a evitar evitar •

possíveis repercussões
possíveis repercussões de de fatos
fatos dessa
dessa ordem ordem no estrangeiro. Enquanto
no estrangeiro. Enquanto
o negro
negro turista encontra nela
turista encontra nela uma uma garantia,
garantia, o negroo negro aborígene
aborígene não n5?
ae vê
se v~ protegido
protegido em em nenhum
nenhum dos dos seus seus direitos
direitos fundamentais.
fundamentais. Pri·
Pri­
meiro,
meiro, porque porque “o ''o brasileiro
brasileiro éé mole mole no no cumprimento
cumprimento da lei” lei'' e por­ par-
que “lei "lei parapara negronegro éé para nunca nunca ser ser rumprida''.
cumprida”. Segundo, Segundo~l?°rque porque
os brancos
brancos podem podem alegar alegar outras outras razões razões para recusar ou
para recusar ou re1e11ar
rejeitar os OI
negros.
negros. Não precisam dizer
Não precisam dizer que a côr est, está envolvida
envolvida em em sum suat
ações ou deliberações. Em todo caso, seria conveniente, já
seria conveniente, i' quc
que * 1
~- ·- •
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RElAÇõES RACIAIS
Jl'El,AÇôES RACIAIS ENTRE
ENTRE NEGROS
NEGROS eE BRANCOS
BRANCOS EM
E~{ SAO
SÃO PAULO
PA'ULO
221
~

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~


'
Jei
!ei foi ppromulgada,
ro m u lg a d a , qque fôsse reg
u e ela fôsse regulamentada,
u lam en tad a, ppara
a ra qque desse o«
u e desse 08
ddiminutos frutos
im in u to s fru to s que
q u e ddela
e la se ppode1íí
o d em esperar.
esperar. -

A essas
A essas aatitudes, Possível acrescentar duas outras:
titu d e s, seria possível outra~: uuma m a de
caráter
caráter técnico,
técnico, ooutra u tr a com fu fundamento
n d a m e n to estrito nnaa consciência
consciência racial •

situação
da situ ação ddo o nnegro
e g ro em São São PPaulo.
au lo . Q Quanto
u a n to àà primeira, salien-
p rim eira, foi salien­
tado ppor ° r umu,rl dos^ os participantes
p a r t ‘cip an t*s de d e uumam a das reuniões da Comissão Comissão,
que
q u e a formação
fo rm a ç ã o jurídica
ju ríd ic a da d a prova
p ro v a consiste algo extremamente
extrem am ente di­ <li:
ftcil
fícil em processos
proce~os dêsse ggênero. ên ero . Daí Daí a quase q u ase inocuidade da lei lei.
Quanto
Q u a n to àà se segunda,
g u n d a , c~nvém
convém menciona~m e n c io n a r o .fato de algumasalgum as persona:
persona­
}idades
lidades de côr cô r possurrem
p o ssu irem uma u m a consc1ênc1a
consciência dominantemente
d o m in an tem en te racial
do problema.
p ro b le m a . _Para
P a ra ~las,
elas, a lei é é insatisfatória,
in satisfató ria, pois se apresenta
como uma
como u m a medida
m e d id a unilateral
u n ila te r a l e semsem nenhum
n e n h u m conteúdo
co n teú d o prático. Ain- A in­
da assim
assim,, éé umau m a proteção
p ro te ç ã o oou u apoio
a p ô io a m mais
ais nnaa lu luta
ta doelo nnegro
eg ro co contra
n tra
a discriminação
d iscrim in a ç ã o racial
ra c ia l e o ppreconceito
re co n ceito de côr, devendo ser explo- explo­
rada
ra d a concretamente
c o n c re ta m e n te aaté té oonden d e for
fo r possível. Ela E la poderá
p o d e rá ajudar
a ju d a r O ne-
o ne­
gro a “fo ''forçar situação'',
rç a r a situ a ç ã o ”, oobrigando
b rig a n d o os bbrancos
ran co s a conceder.lhes
conceder-lhes o
tratamento
tra ta m e n to ddispensado
isp e n sa d o a seus ig iguais
u ais em diversas circunstâncias
circunstâncias e
a ddistingui-los
istin g u i-lo s comco m o lugar lu g a r que
q u e devem ocupar o c u p a r na
n a sociedade brasi­ brasi-
leira. A Além
lé m ddee cconstituir
o n s titu ir um u m re reconhecimento
c o n h e c im e n to exexplícito
p lícito ddaa existên­
existên-
cia dod o ppreconceito
re c o n c e ito de d e ccôrô r non o :Brasil
B rasil e do d o caráter
c a rá te r pernicioso de suas
conseqüências
co n seq ü ên cias sociais para p a r a os negros,
n eg ro s, a le leii representa
re p re se n ta no
n o plano ime-
p la n o im e­
diato
d ia to uum m ppontoo n to de d e partida
p a r tid a para
p a ra novas reivindicações.
n o v as reivindicações.

Pondo
Pondo dede lado
lado outras
outras questões,
questões, que
que poderiam
poderiam ser examinadas
examinadas
sociologicamente
sociologicamente com base no
com base no material
material recolhido,
recolhido, verifica-se pelos
dados
dados expostos
expostos queque as reações
reações à promulgação
promulgação da da lei, no “meio ne-
no ''meio ne­
gro” de São
gro'' São Paulo,
Paulo, não foram unifor111es.
não foram uniformes. Os informantes ouvidos
informantes ouvidos
diretamente, seja
diretamente, seja através
através dede entrevistas
entrevistas ou ou da
da participação
participação dos de-
de­
bates que
bates que se abriram
abriram na na Comissão
Corrrissão de de Estudo
Estudo das Relações
Relações Raciais,
Raciais,
não só emitiram
não emitiram opiniões
opiniões queque se distinguem
distinguem entre ainda
entre si, mas ainda
demonstram que
demonstram reagiram à lei contra
que reagiram contra o preconceito raça ou
preconceito de raça
de
de côr
côr de forma ambivalente.
de forma ambivalente. Mesmo
Mesmo as pessoas que que defendem
defendem a
lei e que acham que
que acham que ela
ela será
será de grande utilidade
de grande utilidade para
para os negros
negros
admitem ou
admitem ou que
que as providências
providências legais insuficientes, ou
legais são insuficientes, ou que
que elas
podem ser
podem ser burladas
burladas de várias
várias maneiras,
maneiras, nãonão representando
representando porpor isso
uma garantia
11111a suficiente nas
garantia suficiente nas relações
relações com brancos que
com os brancos que têm
têm pre­
pre-
conceito.
oonceito. Ambas
Ambas as coisascoisas se explicam,
explicam, porém,
porém, quando vistas em
quando vistas em
termos da
tamos da situação
situação de contacto.
de contacto.
ê

A
A variação
variação de opiniões
opiniões ou, en1 outras
ou, em outras palavras,
palavras, a flutuação
flutuação de
atitudes,
atitudes, nasce da própria heterogeneidade
da própria heterogeneidade da da população negra e
população negra_
mestiça. Os negros
~estiça. negros que
que subiram
subiram nana escala
escala social e os mulatos (pr 1n•
m~latos (prin­
cipalmente os n1ulatos
c1palmente mulatos claros)
claros) tendem
tendem a enxergar na
a enxergar uma amea-
na lei uma amea­
ça à própria
~1 própria situação
situação social. PorPor isso,
isso, temem
temem queque ela conduza
conduza a •

1
1
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2222
22 _______________________________________ iINQUf.R[TO
n q u é r it o tJNF:sco.AN
::.:::..:.--------------------..:..:.:::.'.· lit~8t
excessos, que
excessos, que desmoralizem
desmoralizem os negros
negros perante
perante os brancos
brancos ----
..
o0 Govêrno
Govêmo por pornãonão ter ter cuidado
cuidado da da preparação
preparação psicológica*
psicológica' :•t1cé\Jtl
co e do negro
00 negro ou ou por
por conferir direitos de
conferir direitos maneira tão
de maneira tão- im
irn · !>ran..
insistem
insistem na na necessidade
necessidade da da educação
educação do do negro
negro para
para o apr ^r.ec*H e
O apro~t~ctsa,
..• to
to “conveniente” .
''conveniente das ,, d as garantias .
garanuas proporcionadas . d
proporciona as pela pela nova^1 -reitani,__
nova Jp•*3”1*1 '"ll•1,
síntese, o preconceito
preconceito de de côr
côr não atinge de
não atinge de maneira unifo
maneira unifo~•· l:111
.,
A
• pessoas negras
as pessoas negras e mulatas.
mulatas. Não existem, portanto,
Não existem, cond*7-6
portanto., condi ..e tôcta,
que todos
que todos sintam
sintam de forma semelhante
de forma semelhante os efeitos efeitos dás
das ma mank~sC* P~a
da . . .
discriminação
da dISCr1?11naçao - e ddo o preconceito
pre~once1_ com hbase
"t o com ôr. A
na ecôr.
ase na \ arnbif'?taÇ
esta"oe
~ <>e8 a
cia de
eia atitudes tem
de atitudes tem umauma raiz
raiz mais complexa, o que
mais complexa, que não
não imped
im vaJ~n..
indique aqui
se indique aqui um um de de seus fatôres
fatôres imediatos: ressentim^ e q~e
imediatos: o ressentiment
do
do pelopelo preconceito
preconceito de de côr.
côr. Ninguém
Ninguém gosta gosta dede falar
falar do dom°po *<:ria.
****
ceito
ceito de côr livremente,
de côr livremente, nem nem os brancosbrancos nem nem os negros
negros co^rec°n-
reco?..
vimos. É :t presumível
presumível que que aa alegria
alegria causada
causada nasnas pessoas
pessoas dé d~ C Am°
e~ mo W Já
inovação (introdução de
inovação (introdução legislação antidiscriminatória
de legislação antidiscriminatória no p
no a'\ }>ela
Da~~
vocou sentimentos
vocou contrários, de
sentimentos contrários., de temor, insatisfação e talvez
temor, insatisfação ^r°*
talvêz ; pro.
de
de vergonha
vergonha ou ou de de humilhação,
humilhação, por por terem
terem queque admitir
admitir uma^h 6^ 0
uma sit es~o
de inferioridade.
de inferioridade. Além Além disso, no no queque concerne
concerne às expectativ~açao
expectat* Ua^ao
larizadas em
larizadas tôrno da
em tôrno da futura
futura aplicação
aplicação da da lei
lei e aa seus efe/t^*
efeitos po..
rece que
rece que as decepções
decepções se originaram
originaram da da orientação
orientação tomada
tomada pel; pelo ~r*
vêrno, que
vêrno, que se limitou
limitou a proibirproibir manifestações
manifestações do do preconceito
preconceito d ;-
côr que
côr que não não atingem
atingem de de forma considerável senão
forma considerável negros e ~
senão os negros
mulatos da
mulatos da classe média,média, em em vez de de atacar
atacar os problemas
problemas cruciais da*
cruciais da,
populações negras
populações negras concentradas
concentradas nas nas zonas
zonas urbanas.
urbanas •


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TER OU FAZER PARA OCUP
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ONCEDIDOS ..^ ° CUPAR
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QUE OS NEGROS DEVEM
DEVEM TER ou FAZER
TER. OU ocup
PARA OCUI
FAZER PARA
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PARGOS QUE
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SôMENTE SÃO CONCEDIDOS AOSAOS BRAN~
RRajs Os
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p MAIORES OPORTUNIDADES
CONSEGUIR MAIORES
a r A CONSEGUIR OPOR'l*UNIDADES Sl
DE ACESSO ECONÔMICO
DE ACESSO ECONôMICO

(CONFORME
(CONFORME OPINIÃO
OPINIÃO DOS HOMENS)
HOMENS)

IDADES
M tio s i t o t u à t s 1

15 16-20 2t-25 i~6-30 31-35 36-4( 41-45 46-50 51-5~51•80~1-818&-l~TllaJ

Assistência
.Assistmcia Social Social ddoo G Gov,mo
ovíroo •.• -- -- - - - - - - -- -- 2 2
1
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1 1 ., - - ,6

apuincia
Boa aparência
C aptar a sim
Captar
.............•...•.
..........................
patia dos
simpatia d~ braacos
brancos . , - - -2
- 1
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Com bater o preconceito
Combater
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negro
preconceito contra
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contra o
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Com bater o preconceito


Comhacer preconceito no meio 1
negro .....•.........••• ..
negro ......................... ~ •.. l
Conseguir a consideração
Conseguir
b .r:a.n
brancos
con.sideraçlo
cos • . • . . . . . . • • • • • • • • . • .
d oo s•
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1
1
Cumprir
C um prir as obrigações
Dispor
D ispor dos "docum
obrigações .................
"documentos"
•••..••.•
entos" •..•.•• - - -i
•.1.
- -- -- - - - -- --
3 1
1 .
1
- - -- -- - -- - -- -
3 1
Esforçar-se
Esforçar-se .•."•....••••••••••••••
Eleger-se pelo
Eleger-se pelo voto voto .........................
•.••••••••..• --
-
--1
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1 - 1
2
i
13
1
EJevar
Elevar o nível
'Especializar-se
nível de vida .................
Especializar-se ...............
........
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19
E

- - -9 - -t - -
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15
1
7 8
3
1
Estudar .•••.•••••••.•••••••••••
Estudar ..............._
Fazer
Fazer amizades
amizades sinceras
................................
sinceras ••.•.••••.................
-
-
9
1
22
-1 2 -- -- -- -- ---
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---....
-
l l - '2
5
Fazer
Fazer relações
Freqüentar
relações •.•..•........••.•
Freqüentar boas sociedades
.......... .........................
sociedades ......... .....
-
-
-
1

- -
1 - - -- -- -- -- -- --- --
1
.....-
- 2
3
1
Ga.n.ha.r
Igualar o branco
Igualar
•......••..•.•...• ..
G anhar mais .........................
branco em capacidade capacidade -
-- -l
1 3
2
1 -
- - - - -- -- -1 ...................
1
- --- -
7
3
•. Im_por-se
Impor-se •.••••••••••••••
Lutar
Lutar
Lutar por
•..•.•.....•.......•.•...•
, ••••••
...............................................
Lutar .....................................................
justiça ............................
p o r justiça •••••••....•.• - - -
2
1
-
1
1
2
- -
- - -- - - - - '
1 - 1 - 2
l 1 1 ._.. -- - 10
Mostrar
M ostrar valor
"N ad
valor .....................
•••••••••••••••••• ..............
ad aa”,. ................................................
••••••••••••••••••••••••
-

--
-
2

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1 - -- - -- -- -- --- - - -
2
.... - 1 - 2
l
Não
N ão beber
Obter
O
beber •......•...•.•...••.•
..........................................
cooperaçlo de todos .•..
bter a cooperaçío
- - 2
1
- -
4
--
l

4
-- - - -
1
1
1
1
4
14
Obter
O bter pproteção
Persi5rir
ro teçlo ..................................
Persistir •••••••••••••••••••••••
Proceder
•••.••••••.••••••
...............................................
Proceder corretamente ...•..•..•
corretam ente ...................
-
1
1
2
3
3
3
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l
6
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1
1
1
1
-
-
-
-
-
1
li
ti
Propaganda
Propaganda pela im
rádi
e rádio
Recorrer i1° autoridade
Recorrer
imprensa
prensa, revistas
'
revistas
.........................................
;~;0°rid~d~ ·· .................
· · ·· ·· · · · -- -- 1
3
l 1 -
_,_ - - - - -
2 - -1
- 1
1
-
--- -
.... -
- 1 ~
~
1
1
· Re.,elar
Revelar senso de responsabilidade
Ter competência
Fer competência
respon~~bÍiíd;d~
............................
- - -13 1 -
-
t
;,-
-
l
,1
, ..
Trabalhar
T rabalhar ...................
Unir-ee entre
Unir**e ent~- ·;1·
• •.........................
• •• · • •• •• •• •
si • • • • • • • • • • • • • • • •
-
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1 3
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3
1
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10
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1 2 : - ~
2
2
8
1
2
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TTOTAL ...............

otal••••••••••••••••••
• • • • • • • • • • • • • •

' 1
3

2 311
60 'ª
73 26 26 27 ,4 12
d
E


rRELAÇô
ela ç õ es
· r
F.S a c ia is eENTRE
RACIAIS n t r e nNF.CROS
e g r o s eE bRRANCO~
ra n c o s em
EM s* o PAUI.O
SÃO PA(Jf,O
225

PROFISSÕES
PROFISSOES IDEAIS:
IDEAIS: INDICADAS
INDICADAS PELAS MULHERES

Profissões Ii dD aA dD e Es S

. -------- · -- 16-20
1
---- - 6-20l21-25
21-25126-30
j26-30!
131-35,
31-35j36-40
36-40~41-45:
46-50
111-451
<6-50!
' 51-55
51-55'
j 55-80: JDTli
58-61161-85IQ
61-65
: ÍU
Advogada
Ad•o1ada ...............................................
•. •. • • ••• • ..•••••••••.••
Arrumadeira ...............,
Arrumadeira • • • •• • • •........................
• ••• •• • ••• ••
-- - -
1 1 -- -- -- -1 1-- - -- 2
Art i1ta (Inclusive
Artista
Bordadeira
Bordadeira
( Inclusive de rid
-
ridio)io ) ••••..
......
.............................................
••••.••.•••••••.••••••.
1
l
1
1
1 2 -- -- -- -- -- l

'
Cantora
Cantora .•••••••••
Chauffeusc
Cbauf -- - --
.............................
• • , • •..................
• • • • • • • • • • ]•
feu1e .......................................
•••••••••••••••••••••••
2
1
-- - -- -- -- - -- 3
2
Comerciante
Comerciante
Comerciária -- - --
..................................... *
•••••••••••••••••••••
Comerciiria .................................
••••••••••••••••.••••• 1 -
l --
1
1 1 - -
-- -- - -- -- - - 1
2
Contadora .................
Contadora
Costureira -9 10 -
•••.••••••••••••••••••
...............
• 1 1 2
Costureira
Cozinheira
•.•••••••••.••••••••••.
- -- -· --
Cozinheira .......................
•••••••••••••••..••.••.
7
1
2 6
1
2
t
- I=
-1
-- 1
2
J7
D atilógrafa ...................‘
Datilógrafa ••.•••.•••••••••••.•.•!
-- -- --
Doc:eira J •••.•••••••••••••••••••••
l
--- - -- -- -- - 1 5
Çoceir* . . .....................................
Empregada dom&taca ..••••.•..•••
■ a s •... . ..•••.••
1 1
- -- - - -- - l
2
Ei,fermeira
-- - --
Funcionária pública (Servente) .•. -
” .......................
. •.•••••••
3 1 1
--1
-- - -- -- -
2 1
1 1
G r x ^ p6W
Guarda.Jivro,
lavadeira
ica
•.•••••••••••••••••••
-- - t --
Lavadeira ••••••••••••••••••••••••
.........................................
Operária •••••••••••••••••••••••••
Operiria ...........................................
1
1
1

--
1

-- -- -- -- --
l
'"
1
1
. - - - --
Parteira .••••••••••••••••••••••••..
. . i ; " .................................... 2 1
p~=ª
.........................
:~rt~ira
Pianista ...............................................
1
1 -- -- -- -- -- -- 3
1
Prof -- - - · --
Pintora ...................................................
essõr~ ·*• • • · • • • • • ]· ........................
Professfira
iibe~~i~ · (;ic
•· • • • • • • • • •• · ·
2
- -- - -- -- --
l
'
l
--, -- -- 1
0

Profissões
Prof!ssõe1 iiberais (sic) ................ 1
erviç °5 domésticos
Serv!ços domésticos ppor o r ddiai a ..........
.••••
) ·::::::::::

1 -- -- -- -- -- -- 7
1
Serv ços de Escritório
1
rTricoteira
£ X , dt
-- -- - - • •• • • •• •• · • • 9
1
10 2 6 2 - ,,
l
Violinista • · • • • •• ••• • •• • •• • •• • •• ••
Violinista ................................................
................................. ..........
••••••••• - ~ : i •••••••••••
...................................................................... ...............................................................
l
1
-- -- -- -- -- --
- - 1
1
1

o
TTOTAL .
otal •••••••••••••••••• 30 10 21 , 1 l l!t

'


2226
26 INQUÉRITO
INQUf.'RITO ÜNFSfYw
------------------------------------------- ----------------------------------—

QUADRO
QUADRO DAS
DAS PROFISSÕES
PROFISSõES IDEAIS:
IDEAIS: INDlCAm
INDICA_n.-\S
PELOS HOMENS
PELOS HOMENS
a 1

Profissões
Pro/iss6~s indicadas
i,uli,adas •
IDADES •
15 1&·20
11-~26-3Dj
31.35/
36-4041-15:
46·5U
51·55
58-60
Bl-&i
lAlii
Administrador
Administrador de fazenda
Advogado
Advogado
f azeoda . .•.•
•............................
•. • • •• . . •• • • •• . . •
-
-
-
1
-
2
-
2
-
-
-
-
-
-
1
1 - =-
1 1
Alfaiate
Alfaiate
Auxiliar
Auxiliu
......................................
. .. . . . . .. . . . . . . . . . . .
de escritório
escritório
Aviador ......................................
A-,,iador . .. . . •. .. . . . . . . . . . . .
..........
• . • •• •
-
-
-
-
-
2
-
1
2
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1 .,_
-
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-
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---
1 -
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--
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7
2
l
Boxeur ..........................
Boxeur • • • • . • • • • • . • • .............
•. •. • . • - - - - - 1 - - _ _ - 4
Cantor
Cantor .......................................
.. ... ... ... .. .. .. .. .• - --- 1 1 - --- - - -. _ - l
Carpinteiro
Carpinteiro ................................
• •• • • •. . •• . . • ••. • - 1 - - - 1 - - 1 _ -.._ 1 2
Comerciante
Comerciante •................................
• . • . • • • • • . •• . . . • - - - - - 1 - - - _ 3
Comerciário
Comerciário . . •. •. ........................
•. • ••• . •• • •• • - 1 2 1 2 - - 2 _ _ 1 :Z
Compositor ................................
Compositor • •. . ••• • . • . . • •. •• - - - - l - - - _ _ : 1
Contador ....................................
COlltador • ••. • •• •. • . .. . . ••• • - 2 - - ~ ~ - --- .._. ,.._ 1
Corretor ......................................
Corretor . ••• • •• . •• . • . • • . •• •• - 1 - - - - 1 - - _ : :
Datilógrafo ................................
Dacilóg.r:afo •.•••...•.••.•.. , - 1 - - - - - - - - -
Datiloscopia .• .• ..........................
Datil05Copia . • • •• . •. . •• •• • - - - - 1 - - - - - - 1
Dentista •......................................
Dentista . . • . . . . •• . •. • • •• . . . - 1 1 - - - - - - - - 1
Desenhista ..................................
Desenhista • •• • •• • . • • • •• • • . . . - - - - 1 - - - - - - 12
Eletricista
Eletricista •..................................
. • •• •• • . . . •• • . •• • - 3 1 2 2 - - 1 - - _
Encanador
Encanador •..................................
• • • . • . • • •• • • •• . • • - - - 1 2 - - - - - _ 9
J
Enfermeiro
Enfermeiro ................................
• • •• • • • . •• • • •• . . • - - 2 - - - - - - - -
Engenheiro
Engenheiro .................................
. . . . . . . • •• . • . ••• - 1 1 2 1 - 1 - - - _ ,2
Engenheiro-mecânico
F.ngenheiro-mecioico .....
. • •.•.........
•••• - - 1 1 - 2 - - - - _
Entalhador
Entalhador de
de madeira madeira ......... .... - - - 1 - - - - - - - 41
Escritor
Escritor •..............................
•• • • •. • . . . •• • • . •. . • - - - 1 1 - - - - - - 2
“Estudar” ................................
"Estudar" • • • . •• • . •• . • . • •• •• • - 2 - - 1 - - 1 - 1 - 5
F arm acêutico..............................
Farmacêutico ••••.•••••... ,•• - - - - - - - 1 - - - 1
Ferreiro
Ferreiro ....................................
• • • • • • • • • • • • • • . . • • •.• - - - - 1 - - - - - - t
Foguista
Foguista ■... . • • • «.. . • • •• •■i. •• .•.• ■..
• • • •• • • - - - - - 1 - - - - - l
Fotógrafo
Fo,ógraf o •....................................
. . . . •. •. • . . . . . . ••. - - - 1 - - - - - - - 1
Funcionário
Funcionário público público •................. ••••. •. - - - - - - - - - 1 - 1
Horticultor
Honiculror ........................
. . . . . . . •• • . •• •• •• - - - 1 - 1 - - - 1 - 5
Inspetor
lns~tor de
de polícia polícia • • • . . . • . . - - 1 - 1 - - - - - - 2
Jogador
Jogador de de futebol f ucebol ................
. . • • • •• •• - 1 3 - - - - - - - - 4
Lustrador
luurador de móveis móveis ..............
• . • •• •• • - - - 1 - - - - - 1 - 2
Maestro
Maesr,o .......................................
... . .. . .. ... ... ... . 1 - - - .,_. -- - - - .... ..,_ 1
Marceneiro
Marcene1·ro ......................
••••••••••••••••• - 1 - - - - - - - - - l
Marinheiro
Marinheiro .................. !.*'.!!!! - 2 1 - - - - - - - - 5
Mecânico ................
Mecinico •• : : : : • t t 11 5 1 1 2 2 - - - :24
= = = =:
•: ••::: ••: ••: ••: ••

Médico ..........................
~oicrf-a·
Motorista
~
Músico
~ . ... .. . . . . .......
• • · • •. • • · • • • • • • • • • • .•
• .....................
Músico ..........................
• •. . • . . . . . •. • • • • . •. •• - -
~
;, 10
-
2 2
1
1
-;
1
. 1
3
1 -
~
1 - - -
:J,
Pastor protestante • . . • . • • . . • •
Pastor protestante - - - - - 1 - - - - ~ 1
Pedreiro
Pedreiro ........................
•••••••••••••••••••• - - 1 1 1 - - - - - 41
Pintor
p·.tntor ...........................................
• • • • •• • •• • •• • •• •• •• • • • - - 1 - - - - - - - - 1
Eoiít.ic°
Político .. . . . .
.......... .... . .. . ..... . - - 1 - - - - - • -
.., - - 1
Sra? « a .................................
Pracina • . . • . •• •• • . • • . •• •• • • - - t - - - - - - - - 3'
Professor
Professor ......................
• •• • •• ••• • •• ••• ••• • _ 1 1 - 1 - - - - - - 2
Químico ..............
Químico • • . . • • • •. •. "• •. •*" ••• ••• •. _ _ _ - - 1 1 - - - 1
Sacerdote
Sacerdote •. ., .•.• . . . • • • • • • • • • . . .
Sapateiro ........ ............................
_ _ _ - - - - - - - 1_ 1
Sapateiro .•.••.•• , .•••• , • • • . _ _ _ - - 1 - - - - _ t
Seleiro
cSeleiro

..........
...•........•..•..............................
, •• •.
; .......... ................................... _ _ - l - - - - - - _ %
Serviços de escritório •. •. ••• _ - _ 2 - - - - - - _ 1
sT d. X d*
·• ioldador
7 */ . . *’cr,,ório
. . . . • . ....• • • •..........
_ ......................... •• •• . • _ _ _ 1 _ - - - - - _ 1
Técnico
~cn ico de rádio rádio •. .• • • • • • • • • . _ _ _ _ t - - - - - _ 1
T1pógrafo
Tipógrafo .....................
Torneiro
Torneiro
1
...*...............................
• · • •• •• • • • • • • • ' • • • -
- t -
_ -- -- -- -- -
- J
l
~Vigia ^ ·........ - - - --- -
· ·• ..............................
V~i!'~i!ª~...:·..:.:..:· -=·-·:.:..·
~
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............... -L=:...l..:.::.J...:=J-==·=-1-=
....
.:·..:·:...·:..:·
..:·..:·~·
. ' S 5 11,
T ..' ............. 2 28 47 38 23 1, 8 ll 2
TOTAL
otal
d
E
E 1

i

aATITUDES
t i t u d e s DOS
d o s ALUNOS
a l u n o s DOS
dos g rupos
GRUPOS
eESCOLARES
s c o l a r e s eEM
m rRELAÇÃO
e l a ç ã o cCOM
o m aA cCõR
ôr
DOS SEUS
DOS SEUS COLEGAS
COLEGAS ()
1l - IN
INTRODUÇÃO
TR O D U Ç Ã O

Como
Como contribuição
contribuição ao ao estudo sôbre relações
estudo sôbre relações raciais,
raciais, realizamos
uma pesquisa
uma pesquisa em em tôrno
tôrno dasdas atitudes
atitucles dosdos escolares
escolares primários
primários das
escolas públicas,
públicas, no intuito de
no intuito de evidenciar:
evidenciar: 11)) —
- os sentimentos
sentimentos e
os mecanismos
mecanismos psíquicos
psíquicos de defesa manifestos
de defesa manifestos nas nas atitudes
atitudes relacio­
relacio-
nadas com
nadas c o t o a côr dos colegas;
côr dos colegasj 2) 2) - aa influência
influência das relações intra-
das relações intra*
familiais no
familiais desenvolvimento daquelas
no desenvolvimento daquelas atitudes.
atitudes.
O material
O material escol~ido
escolhido para
para o estudo
estudo foi
foi constituído
constituído por uma
por uma
amostra estratificada
amostra estratificada dos alunos que
dos alunos freqüentam o 3
que frequentam 3..°0 grau
grau dos
grupos
grupos escolares
escolares do do Município
Munidpio de de São Paulo,
Paulo, e pelo pelo estudo
estudo de de 29
famílias
famílias dêsses
dêsses alunos.
alunos. Desta
Desta forma
forma foram
foram observadas
observadas as crianças
crianças
que,
que, em em suasua maioria,
maioria, procedem
procedem de de famílias operárias, encontrando*
famílias operárias, encontrando-
se entre
entre elaselas também
também crianças
crianças das classes intermediárias.
intermediárias.
O método
O método estatístico
estatístico e o estudo
estudo de de caso foramforam os métodos
métodos
empregados no presente presente trabalho.
trabalho.
Incumbiram-se da
Incumbiram-se da organização
organi:ração da da amostra
amostra e do tratamento es-
do tratamento es*
tatístico do
tatístico material colhido,
do material colhido, o dr. dr. José
José Severo
Severo de de Camargo
Camargo Pereira
Pereira
e o dr. Lindo Fava,
dr. Lindo Assistentes da
Fava, Assistentes da II Cadeira de
II Cadeira de Estatística
Estatística da da Fa­
Fa•
culdade de
culdade de Filosofia,
Filosofia, Ciências
Ciências e LetrasLetras dada Universidade
Universidade de São
Paulo.
A amostra estratificada, proporcional
amostra estratificada, proporcional ao número
número de classes de
de
cada grupo escolar,
cada grupo foi constituida
escolar, foi de 130 classes de
constituida de de 3.°
3.0 grau,
grau, de
108 escolas
escolas públicas,
públicas, sendo
sendo 62 classes masculinas,
masculinas, 55 femininas
femininas e

_ ( 1) Concluíu-se no capitulo
(1_)ConcIuíu-$e capitulo anterior
anterior a publicaçlo
publicaçlo do relatório do inquérito UNES- ~Í
CO-ANHEMBI
j-O-AÍJHEM BI sôbre aõbro as relações raciais
&l!I relações entre
ra c ia is en negros e brancos
tre negros brancos de S. Paulo.
PRulo. P Para dar idéia
ara dar ld •
da
o* m manelra
an eira porpor que se Be realizou
realizou ês~e Inquérito sob aa dl~il.o
êsse inquérito dlreçtlo de Roger Bastlde !e Fl_?N?RtAn
Roger Bastlde F lorcstan F e r­
Fer-
nandes, am ambos professôres da Universidade
bos professôres Universidade de S. Paulo, iniciou-se agora a publicaçao alg~nt
publicação de alguní
':"_....urnen t os ou
.11.,.
<*cument«s O\l sese o quiserem
q\1\~crt-nl, , protocolos
pr1ll11<'11!11"de pesoui^a.
pe1u-1111~n. que
(!Ul' sorvi·lr1tm
1,4•r~ mm d~ base· aa ee· -~R
do hn..:p ^ a \rnportn.n-
im portan­_
tíssim
tlsslmaa In
tórios
O presento
tnvesttgação
tõrioR pparctalM,
vestigação social.
a rc ia is, sendo
Presento foi fe
fl()(.'lal A série
sendo esc~lbldos
ito por
feito por d.
0
eérle déstes
escolhidos os 011 m ais Im
mala
V irg ín ia Leonc Bicudo,
d Vlrgfnla
tot selecionada
trabalhos foi
d~stea trabalhos
portantes de cada
Importante&
Dicudo, professôra
cada facefac-e das
profe!lsôra de Psicanálise
º"
dentre os numerosos
selecionada dPntre
~~=j
pesquisas realizada».
da~ resqul~~~:::
Pstcan 1 ee e nriielen
~1
numero!'lo~ rela­
1
c Montai
- confi~ram
ª
da decola
Escola de Sociologia
Soelologla e P o lític a de S. Paulo,
Polftlca Pa,110, a quem aquêles
aqu~les Ilustres
IIU!\tre!l professôres
pro~es~:: aconfiaram
cõr d~
0
estudo daa
o eatudo a titu d e s dos alunos doa
daa atltudca doe grupos
grupos escolares
e11colare11da Capital retaç O com
Capital em relação U a côr doa
1.Dqu6
118
Mu» colegas. A sua
~ coleras. sua le itu ra dem
leitura onstra bem
demon11tra bem o rlgor 11erledade com
rigor e aa seriedade com que
que se118realizou
rea sou.O o inqué­•
rito atro cin ad o pela
rito ppatrocloado UNESCO e ppela
p ela UNESCO ela revrevl1ta ~llllllEMDl.
ista ANHBMUI.

\
\•

228 INQUÉRITO
INQU~RITO UNESCO-ANUEI^
UNEsco.AN11'L"
-------------------..:_::~~~Afbt
228_-----
1, mistas. --------------
O número de escolares
O número de
7
escolares
im ponentes da
componentes
1^
da amostra
amo
escolares estes
foi d*
que j4
--
4.520,
4.520, ,·ariando
O " aa responder
variando
15 mistas. idade entrea um
de enWe 99 ee q15 anos, atravésê ~tra
escolares
ionário foi de
da lmgua.
eram capazes de responder a um questionário através sd~ ~ue já
ge111 eso·ita. lingua..
eram escolares das cl~
Os«P?** estudadas foram
£oram classificados
classificados em bran.
gem esffUa-,!ires das classes estudada & aparência
cos, mulatos, negros e japoneses, seg11ndo a aparência dem. hran.. dos
O s sendo
físicos, escolares ^
considerados ;a p oneses,
brancos segtambém os que que passavam por
passa os traços
C OS. mulatos.
brancos.. " ^osd mais
mulatos eU T 'brancos
escuros do «que
" ^ oV branco
a n c o e com
com traços
t vam VcP<>r
,.
groides sendo
como ocons» escuros do '1 e negros
cabelo encarapinhado -„ros os de de pele mais ne-
pele raço! e».
brancos,
cura. mulatos
Embora nãoos estivéssemos
m encarapinhado e ^as atitudes refere
estudando referentes
rnais aos
es-
japoneses, êstes foram destacados devido aos seus caract!t;S .aos
. . aparentes.
raaa1s ’* ■ ^ S Z S . “ a" " r1st1coa
^ n eAs e composição
s , èstesJoram da amostra, segundo aa côr côr dos
dos escolares
escolares, ffoi. a
rlseguinte:
aciais apare
A compôs»^ n t_ ^
brancos
mula tos - 2,89%,
- gfi amostra, segun_
32^ . negros
86,32%; negros - 6,86%; japoneses a,
japoneses _- 3,93 ~~~
9 0
%;
,

seguinte: bran«£
Por meio de um questionário aplicado aos 4..520 520 escolares
escolare e
aUa'l·és
mulatos
-J
de·entrevistas
- 2’8 ' •
com
.1ç1erentes aos sentimentos,
os pais de aplw
qUestionário .
29 escolares obtivemos os
obtivemos
aos estere ó.tipos e às atitudes
.
os dados
dasde
entre os
08
brancos e os de côr.
Ao organizar
f«rí»ntes aos o questionário, as pergun1tas foram
• - r^ram
— forniulada,
formulada»
~ ;
de modo e que
biancos os de respostas .^
as cor. nos^ ode~em
, as P”indicações sôbre as
^ çS * es sôbre as a"tu^“
atitudes
escolares na base * ;
de aproximação e de afastamento entre os escolares na base da côr.
A° o ^ nÍ^sr« su sta s nos dessem
O
dequestionário
modo. ^ “formulado e aplicado
e l e afastamen o en«aos es£olares
escolares foi
foi o
o que
que se sega
~:
de questionário
O aProX,^ rT o torm ulado e apbcado
1I -— "Perto
“Perto de de que1n
quem você
você. gostaria de sentar-se?''
2 -— "Por que você
"Por que você gostaria
gostaria dede sentar-se
sentar-se perto dêsse (ou
perto dê~ (ou dessa)
dessa) co.
co,

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