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MEDO DA CIDADE OU CIDADE DO MEDO? A INSEGURANÇA


NA PERCEPÇÃO DOS MORADORES DO BAIRRO BANCÁRIOS
Mirna Sousa Linhares
Departamento de Arquitetura e Urbanismo, UFPB
Universidade Federal da Paraíba, UFPB
mirna_linhares@hotmail.com

Anna Cristina Andrade Ferreira


LPPM, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, UFPB
Universidade Federal da Paraíba, UFPB
anna.cristina.a@gmail.com

RESUMO: Este trabalho buscou entender o imaginário do medo e da insegurança no meio urbano através da
perspectiva dos moradores do Bairro Bancários, localizado na zona Sul de João Pessoa/PB. Seguindo a metodologia de
Avaliação Pós-Ocupação desenvolvida por Sanoff (1991), expressa na obra Poemas dos Desejos, foram realizadas
entrevistas com os moradores do bairro, onde, através das expressões “O que te faz sentir medo” e “Eu gostaria que a
rua segura...”, ficou compreendido que a sensação de que o espaço público é inseguro é bem abstrata, e pode sofrer
influência de fatores físico do meio urbano e arquitetônico e de fatores psicoemocionais, possivelmente ditados pela
mídia e pela disseminação da cultura do medo. Concluiu-se assim que, a partir das perspectivas dos teóricos e dos
usuários, a violência e o medo pode ser decorrente da configuração espacial e das medidas paliativas individuais
utilizadas pelas pessoas que ali habitam, e que os desejos são condizentes com um espaço público minimante feito
para as pessoas, com ruas, praças e lugares que suportem as relações interativas caracterizadas conceitualmente
como espaço público.

Palavras-chave: Insegurança urbana, espaço público, arquitetura do medo.


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ABSTRACT/RESUMÉ: This study aimed to understand the imagery of fear and insecurity in urban environment through
the perspective of the residents of the Bairro Bancários, located in the south of João Pessoa / PB. Following the Post
Occupancy Evaluation methodology developed by Sanoff (1991), expressed in the work Wish Poems, interviews were
conducted with the Bancarios’s neighbourhood, through the phrases "What makes you feel fear" and "I wish that the safe
street... ", it was evidenced that the sensation of that public space is unsafe is very abstract, and can be influenced by
physical factors of urban and architectural environment and psycho-emotional factors, possibly dictated by the media and
the dissemination of culture fear. Thus, it was concluded that from the perspective of theoretical and users, violence and
fear may be due to the spatial configuration and individual mitigation measures used by the people who live there, and
desires are consistent with a public space minimally made for people with streets, squares and places that support
interactive relationships characterized conceptually as a public space.

Keywords: Urban Insecurity, Public Space, Architecture of fear.


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1. INTRODUÇÃO

A crescente violência nas cidades se tornou um dos principais transtornos encarados pela sociedade
contemporânea e vem se refletindo no meio urbano sob diversas formas. Segundo Lourenço (2013, p.8), a
aceleração do processo de urbanização elevou os níveis de insegurança nas cidades, constituindo assim,
uma séria ameaça à sua sustentabilidade.

As pessoas influenciadas pelo medo e insegurança reagem institivamente a eles, por meio de recuo e
aprisionamento. Essas iniciativas, muitas vezes são marcadas pelo auto-isolamento, que apesar de
caracterizarem-se como medidas individuais, se estendem à paisagem urbana. David Harvey (2012, p. 74)
afirma que o direito a cidade está muito longe da liberdade individual de acesso a recursos urbanos, pois é
um direito comum antes de individual, já que as transformações no espaço dependem inevitavelmente do
exercício de um poder coletivo de moldar o processo de urbanização. Porém, o que vemos são cidades
sendo moldadas e transformadas por medidas paliativas de aprisionamento, o que fere um direito que é
designado a própria população.

Não se pode negar que a violência e os crimes são uma realidade nas cidades, mas também não se pode
negar que o sentimento de apreensão é incentivado pelo o mercado imobiliário e a mídia, visando o consumo
de produtos de proteção para obtenção de lucro, e que para além dos efeitos na vida cotidiana das pessoas,
esses fatores causam mudanças na configuração do nosso habitat, como coloca Ferraz, Lima e Ramos
(2015, p.10) “as novas formas de arquitetura e de cidade contribuem apenas para o aumento do sentimento,
da pressão, da exclusão e do desespero dos que são mantidos fora do auto-enclausuramento, em outras
palavras, aqueles que estão vivenciando o espaço público”. Assim, a construção da nova imagem da cidade,
produz uma série de efeitos sociais, culturais e espaciais de grandes proporções, que se refletem na
arquitetura, no espaço público e na insegurança nas ruas.

2. INSEGURANÇA QUE TRANSFORMOU AS RUAS

Abordar o medo e a insegurança através da perspectiva dos moradores é falar primeiramente do processo
onde o imaginário foi construído, buscando entender alguns elementos chaves. A questão aqui levantada é
que o medo e o sentimento de insegurança parecem justificar uma série de transformações na arquitetura da
cidade. Sobre isso Bauman (2009, p. 99) diz que a aguda e crônica experiência de insegurança é um efeito
colateral da convicção de que, com as capacidades adequadas e os esforços necessários, é possível obter
uma segurança completa. Assim, explica-se o fenômeno de mudança na paisagem urbana em nome da
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segurança privada, pois, de acordo com Ferraz, Jorge e Gonçalves (2009, p. 2), o processo cíclico do
consumo de tecnologia de proteção e segurança oferecidos pelo mercado combinado do isolamento
preventivo vem transformando a vida urbana. Tais transformações foram denominadas pela autora como
“arquitetura da violência ou arquitetura do medo”.

Caldeira (2000, p. 265) delimita que existem cinco elementos básicos que articulam o novo conceito de
moradia: segurança, isolamento, homogeneidade social, equipamentos e serviços. Esses elementos foram
observados nos condomínios fechados, horizontais e verticais dos bairros nobres de São Paulo, mas também
estão presentes na tentativa dos moradores de viver esse conceito novo de moradia, transformando as casas
e apartamentos em enclaves fortificados baseados no discurso sobre a violência urbana. Como
consequência as pessoas mudam suas práticas sociais buscando a prevenção.

O medo do crime e o sentimento de insegurança revelado atuam não somente transformando


fisicamente os espaços, mas também como determinantes socializadores cada vez mais presentes na
vida urbana cotidiana. As mudanças nos hábitos, nos modos de vida, e nas formas de se apropriar dos
espaços urbanos, são apresentadas como precauções necessárias a serem tomadas pelos cidadãos
com o intuito de minimizar riscos, uma espécie de agenda de segurança visando orientar a conduta
pública e privada dos indivíduos (FRATTARI, 2009, p. 91).

As mudanças nos hábitos se refletem, principalmente, na descontinuação de ações que são necessárias no
dia-a-dia das pessoas, e que deixam de ser exercidas pela falta de segurança. Entende-se, portanto, que o
imaginário coletivo da insegurança interpreta a cultura do medo como repulsiva, onde evita-se sair à noite,
anda-se de carro com os vidros fechados e, consequentemente consome-se cada vez menos os espaços
públicos, o que Figueiredo (2010) chama de “desurbanismo”, ou uma série de estratégias de destruição da
cidade.

Uma vez que a sociedade é composta por atores diversos, cada qual com sua maneira de utilizar e
modificar a cidade, este remodelamento não pode ser visto apenas como um mecanismo de
adaptação, pois ele cria interações destrutivas que inviabilizam outras maneiras de utilizar e modificar
a cidade e, por conseguinte, interrompem a reprodução destas (FIGUEIREDO, 2010, p.11)

Nesse sentido, observamos que a reconstrução urbana renegou a escala humana igualitária, em detrimento
de um sistema mercadológico voltado para o consumo de segurança, transporte e estilo de vida privado. Ao
invés de unir a cidade passa a segregar, os bairros se subdividem com o surgimento dos condomínios
verticais e horizontais, com feições de presídios de luxo, tamanha a quantidade de elementos de proteção,
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buscando evitar o elemento essencial da vida urbana: o convívio social.

2. NO CONTEXTO DO BAIRRO BANCÁRIOS, JOÃO PESSOA

A cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, possui 791.438 habitantes (IBGE, 2015) e é apresentada pelos
órgãos de turismo como “a capital da tranquilidade e hospitalidade” (SETUR, 2016). Mas o que se vê para
além do slogan atrativo é que esta foi considerada a 16ª cidade mais violenta do mundo, apontada em 4º
lugar no ranking de cidades brasileiras com 58,4 homicídio por 100 mil habitantes (ONG-México, 2015, p. 4).
Na cidade, Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP) cresceram 75% em 2014 em relação ao ano de 2013
(SEDS, 2014), e dentre os 10 bairros com maior incidência de crimes na cidade os quatro primeiros lugares
são ocupados por Mangabeira, Centro, Manaíra e Bancários.

A escolha do Bairro Bancários e adjacências (Figura 1) – Jardim São Paulo, Água Fria, Anatólia e Jardim
Cidade Universitária –, para realização dessa pesquisa se deu em parte pela observação de que tem sido
frequentes as manifestações dos moradores contra a falta de segurança, realizando atos públicos e abaixo-
assinados. Nesse caso é possível observar que o medo não revela somente uma questão individual
imaginária, mas uma preocupação coletiva, onde o espaço público passa a ser visto como um ambiente
hostil e inseguro.

Figura 1-Delimitação da área de estudo

Fonte: Mirna Linhares, 2016.

Considerando os seus aspectos históricos, o bairro foi criado na década de 1980, após a implantação da
Universidade Federal da Paraíba que atuou como eixo de expansão sul para a cidade de João Pessoa, e
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apresentava um perfil dominante de casas térreas. Na década de 1990 com a contínua expansão da cidade e
o crescimento da universidade, além da implantação de outras instituições privadas de ensino superior, nota-
se uma rápida transformação e valorização imobiliária, resultando em um aumento populacional e também a
inserção de novas atividades, decorrentes da instalação de um novo contexto socioeconômico e cultural
(NEGRÃO, 2012, p.112). Esse fenômeno se intensificará nos anos 2000, quando tem início a verticalização
da área, inicialmente de forma tímida e pontual, e mais recentemente de forma contundente, gerando uma
grande descaracterização dos aspectos iniciais. O senso do IBGE realizado em 2010 mostrou que o Bairro
Bancários possui 23.844 habitantes, onde 10.367 habitantes são majoritariamente jovens entre 18 a 25,
influência das universidades próximas.

Na última década tem se intensificado a exploração imobiliária do bairro, onde embora haja uma
predominância de construções de três ou quatro pavimentos (Figura 2), é possível perceber o início de
implantações maiores como condomínios (Figura 3) que descaracterizam as quadras urbanas. A partir da
mudança de tipologias, de edificações térreas para blocos de apartamentos e condomínios verticais, é que se
começa a investigar a relação do crescimento imobiliário com o aumento da violência, fatos que são
observados paralelamente em notícias e índices.

Figura 2 – Edifícios com 3 ou 4 Pavimentos Figura 3 - Condomínios verticais

Fonte: Mirna Linhares, 2016.

As formas atuais da arquitetura e da cidade permitem observar o espaço público sendo absorvido pelos
interesses mercadológico, o que normalmente intensifica a segregação social e espacial, como apontam
Ferraz, Baldow e Machado (2013, p. 1) “ao considerar a arquitetura como um reflexo da realidade, a estética
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contemporânea redesenha também a paisagem urbana, incorporada pelo mercado imobiliário”. A análise das
relações entre violência e arquitetura no Bairro dos Bancários implica na percepção de que o redesenho
urbano se dá pela renovação de elementos e equipamentos de proteção residencial. Os muros altos com
cercas elétricas, câmeras e controle de segurança privada, os condomínios fechados, a presença da guarita,
e portões sugerem a investigação das sensações de medo que as pessoas desse bairro vivenciam, não em
seus enclaves fortificados, mas na sua vivência urbana, nos espaços públicos que restam.

Entende-se, portanto, que o bairro apresenta toda essa configuração de reconstrução urbana renegada.
Porém, o espaço público do Bairro apesar de configura-se nessa análise como local de medo e insegurança,
ainda é desejado como ambiente de relações, como lugar de passagens, e principalmente de convívio,
fazendo-se necessário o aprofundamento nas estratégias urbanísticas que podem viabilizar a revitalização
dos espaços públicos e da arquitetura existente no Bairro.

3- METODOLOGIA E RESULTADO

A pesquisa priorizou a análise da perspectiva dos moradores do Bairro dos Bancários, em João Pessoa, em
relação à apreensão do medo e da insegurança, por entender que a visão do morador abrange uma
perspectiva construída ao longo do tempo. Com isso, busca-se apreender no espaço público inseguro, não
apenas os elementos que o compõe fisicamente, mas também as sensações e compreensões das pessoas
que ali vivem, que de forma direta ou indireta determinaram suas mudanças.

Para a construção da imagem do espaço público inseguro através da percepção dos usuários, adota-se a
ferramenta de pesquisa denominada Poema dos Desejos (Wish Poems), de Henry Sanoff, acrescida de um
questionamento, que teve como objetivo entender o que faz os usuários das ruas sentirem medo. A
metodologia leva à uma concepção conceitual que abarca fatores que são aqui entendidos como
fundamentais para compreensão das dinâmicas dos espaços públicos marcados no imaginário das pessoas
no contexto de insegurança. Dessa forma, foi aplicada uma ficha, contendo um cabeçalho para identificação,
os objetivos da pesquisa, bem como as explicações e as seguintes instruções para seu preenchimento:

1- Imagine-se no percurso de sua casa para a Universidade.

2- Escolha uma rua que você tem medo de passar ou qualquer espaço público em que você tem receio de
estar e exponha através de palavras, frases ou desenhos o que lhe faz sentir medo.
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3- Expresse seus desejos e necessidades em relação ao espaço público mais seguro baseado na seguinte
frase: “Eu Gostaria que a rua segura...”

A análise das fichas foi feita de forma qualitativa onde a interpretação das respostas se deu na identificação
de diferentes categorias. Buscou-se uma análise de possíveis recorrências e similaridades entre os
participantes, que foram posteriormente separados em dois grupos, e ainda divididos entre apreensões
femininas e masculinas, por entender que a existe uma distinção do discurso do medo e da insegurança
entre os diferentes gêneros.

GRUPO 1- Ambiente de Medo

A falta de pessoas no espaço público foi o fator mais citado nos relatos como sinal de insegurança, fato que
comprova a tese de Jane Jacobs (2000[1961], p. 30), de que os olhos da rua são fundamentais para a
vigilância natural do espaço urbano, atuando de forma direta ou indireta, a presença de pessoas nas
calçadas segundo os respondentes é sinônimo de ruas seguras.

Figura 1 - Gráfico gerado a partir da pergunta: "O que te faz sentir medo." Sexo: FEMININO

Fonte: Mirna Linhares, 2016.


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Figura 2 - Gráfico gerado a partir da pergunta: "O que te faz sentir medo." Sexo: MASCULINO

Fonte: Mirna Linhares, 2016.

Conflitando os gráficos do sexo feminino com o masculino, nota-se que os medos variam, mas um fator é
comum a ambos, o histórico de violência do bairro, que chega aos moradores pelos índices de violências
reais, pela disseminação midiática e pelo contexto cultural do medo vivenciado e disseminado pelos
moradores. Analisando os relatos é possível observar que para as mulheres a falta de pessoas nas ruas é
muito mais relevante. Já para os homens existe uma forte tendência a respostas relacionadas com a
arquitetura da violência, onde predominam as percepções de barreiras físicas, como muros altos, grades e
fachadas cegas, bem como lugares inóspitos que muitas vezes são citados como estacionamentos, matas e
lotes vazios. Quanto ao automóvel, em alguns casos foi citado de forma indireta, para expressar a impressão
de que esse cumpre o papel de barreira física, assim como os muros, em outros os usuários tratam do
sentido viário, afirmando que transitar por uma rua de sentido único aumenta a sensação de insegurança,
pois tudo que se movimenta, representa uma ameaça que vem de trás, e o pedestre como alvo pode ser
‘pego de surpresa’. Pode-se entender também como uma vigilância natural a menos para o usuário, pois,
apesar de estarem em velocidade, os motoristas também podem cumprir o papel de olhos na rua.

Você passa a noite, a partir da Praça da Paz, não há luz, nem pessoas e tudo passa pela sua
cabeça, você só quer chegar a próxima rua que é iluminada, o problema não é levarem suas coisas,
é o risco de levarem sua vida (Relato extraído da ficha número 8. 20 anos, Feminino).

(...) não existe movimento de pessoas. Pela manhã todos os comércios estão fechados. Me sinto
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enclausurada entre os muros das casas (...) (Relato extraído da ficha número 1. 24 anos, Feminino).

Os constantes relatos de assaltos a estudantes nessa área mostra o quanto somos uma classe
vulnerável aos assaltantes, que sabem que a maioria dos estudantes que moram nos bairros
adjacentes à UFPB não possuem carro, e se aproveitam dessa situação pra atuar nesses bairros
(Relato extraído da ficha número 15. 24 anos, Masculino).

(...) Som de moto desacelerando faz o coração acelerar. A noite a rua torna-se um pesadelo para o
pedestre (Relato extraído da ficha número 5. 20 anos, Masculino).

Fazendo uma análise qualitativa das apreensões sobre o medo no espaço público vemos que a percepção
dos transeuntes do bairro estudado, transpassa as características físicas, abarcando desde fatores do
urbanos e arquitetônicos até fatores psicoemocionais.

Figura 4 - Barreiras Físicas e Visuais Figura 5 - Espaço Público "que te faz sentir medo"

Fonte: Mirna Linhares, 2016.

GRUPO 2- Desejos e necessidades

O desejo mais recorrente nas respostas foi de uma vigilância natural nas ruas, o anseio de ocupação do
espaço público, a vontade de caminhar livre, sem nenhuma preocupação, o que mais uma vez está
conectada a proporção do uso residencial e comercial. Nesse grupo as repostas são mais coincidentes em
ambos os sexos.
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Gráfico 3 – Questionamento: eu gostaria que a rua segura...? Sexo: feminino.

Gráfico 4 – Questionamento: eu gostaria que a rua segura...? Sexo: masculino.

Fonte: Mirna Linhares, 2016.

Eu gostaria que a rua segura fosse mais viva de pessoas do que de muros (Relato extraído da ficha
número 1. 23, Feminino).

“Eu gostaria que a rua segura fosse mais viva de pessoas do que de muros. (Relato extraído da ficha
número 1. 23, Feminino.)

“Tivesse pessoas na maior parte do tempo, tivesse iluminação adequada. “ (Relato extraído da ficha
número 13. 22, Feminino.)
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A diminuição de barreiras e permeabilidade visual entre o espaço público e o interior dos lotes foi o segundo
ponto mais desejado, pois mesmo os estabelecimentos comerciais e de serviços, em vários pontos do bairro,
se mostram reféns da arquitetura do medo. Entende-se, portanto, que a disparidade entre o desejo de
vigilância natural e o de vigilância formal vêm para confrontar a indústria do medo, levando a crer que os
muros, as grades, os equipamentos eletrônicos e a vigilância oferecidos por esta, não diminuem a sensação
de insegurança na cidade, nem tornam o espaço mais seguro.

Figura 6 - Intervisibilidade entre Público e Privado Figura 7 - Vigilância Natural

Fonte: Mirna Linhares, 2016.

3.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para boa parte da população o poder estruturante do medo da violência e da criminalidade se tornou algo
cotidiano e quase natural, fazendo com que poucas vezes percebam as mudanças que este poder causa nos
espaços públicos e nas características arquitetônicas da cidade, com os muros, grades, câmeras de
segurança e a consequente desertificação das ruas.

Os relatos evidenciaram os efeitos socioespaciais que o medo exerce sobre a sociedade. Ficou notório que a
relação do usuário com o espaço público está sendo marcada pela sensação de insegurança, ou real
existência dela. Por outro lado, os entrevistados, consciente ou inconscientemente, conseguem captar que as
características arquitetônicas e urbanísticas do espaço influenciam seus sentimentos e os fazem perceber a
necessidade de ocupação das ruas por pessoas.
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Buscou-se mostrar através desta pesquisa, a importância da perspectiva dos usuários na produção e
melhoria do espaço, não só do ponto de vista físico, mas de apreensão deste enquanto elemento
estruturante da vida na cidade. Os medos e desejos podem ser encarados em um estudo de caso, como uma
experimentação metodológica que extrai, de forma abstrata, os problemas e as possíveis soluções do espaço
público. O olhar do teórico e do usuário, juntos pode ser o caminho para encontrar as chaves para diminuir a
insegurança urbana. Não se pretende aqui esgotar o tema, tão presente na configuração atual das cidades,
mas levantar o questionamento sobre como o medo das pessoas pode se refletir de forma negativa na
produção da cidade.

5. REFERÊNCIAS

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