FIBROMA ODONTOGÊNICO CENTRAL: REVISÃO SISTEMÁTICA COM
ÊNFASE EM FATORES QUE INFLUENCIAM NA RECIDIVA.
Autores: Elieser de Melo Galvão Neto1*, Ana Beatriz Carvalho de Souza1, Raimundo Sales de Oliveira Neto2, Adriana Souza de Jesus3, Flávia Sirotheau Corrêa Pontes4, Hélder Antônio Rebelo Pontes4. 1 Acadêmico de Odontologia, Hospital Universitário João de Barros Barreto/Universidade Federal do Pará; 2 Cirurgião-dentista, Hospital Universitário João de Barros Barreto/Universidade Federal do Pará; 3 Cirurgião-dentista, Faculdade de Odontologia de Araraquara-UNESP; 4 Hospital Universitário João de Barros Barreto/Universidade Federal do Pará. E-mail: elieserdemelo@gmail.com Introdução: O Fibroma Odontogênico Central (FOC) é uma neoplasia rara de tecido conjuntivo fibroso, com quantidades variáveis de epitélio odontogênico inativo, com ou sem evidência de calcificação. Objetivo: O objetivo desse estudo é integrar os dados disponíveis sobre o FOC em uma análise abrangente de suas características clínicas, radiológicas e histológicas. Materiais e métodos: Foi realizada uma busca eletrônica em setembro de 2017 nas bases de dados: PubMed, Web of Science e ScienceDirect. O termo utilizado nas buscas foi "central odontogenic fibroma". Os critérios de elegibilidade incluíram publicações relatando casos de FOC com as informações de interesse para confirmar o diagnóstico. Dados demográficos, localização e tamanho da lesão, abordagem do tratamento e recorrência foram analisados. Em relação à análise de recidiva, avaliou-se a localização do tumor, perfuração do osso cortical, locularização da lesão, radiopacidades, lesão associada ao dente, deslocamento dentário, tipo histológico e tratamento utilizado. Resultados: A lesão foi mais prevalente em homens do que em mulheres, na segunda década de vida e na região posterior da mandíbula. A diferença na taxa de recidiva apresentou resultado estatisticamente significante no FOC para localização, perfuração do osso cortical e locularidade da lesão. Discussão: Em contraste com a literatura, foi observado que há uma prevalência maior em homens. Radiograficamente, o aspecto multilocular das lesões foi mais prevalente, mostrando perfuração do osso cortical, deslocamento do dente e expansão óssea. O aspecto histológico do tipo OMS foi predominante. A melhor escolha de tratamento é a enucleação, pois a lesão, em geral, é facilmente removida, apresentando pouca adesão óssea e sem tendência à malignidade. Conclusão: Destaca-se a importância de se considerar uma maior taxa de recorrência em pacientes que apresentam lesão localizada na maxila, que apresentam aspectos multiloculares e perfuração do osso cortical. Área: Estomatologia e Patologia Oral; Modalidade: Pesquisa. Palavras-chaves: Odontologia; patologia bucal; fibroma; neoplasias; recidiva. Na análise dos dados referentes à recorrência, observou-se que a maxila é mais prevalente que a mandíbula. Lesões agressivas de FOC podem causar destruição cortical, tendem a ser multiloculares e apresentam maior taxa de recidiva. DISCUSSÃO O fibroma odontogênico é uma neoplasia rara de tecido conjuntivo fibroso maduro, com quantidades variáveis de epitélio odontogênico de aparência inativa, com ou sem evidência de calcificação. As características clínicas e radiológicas do fibroma odontogênico se assemelham a outros tumores odontogênicos e / ou não odontogênicos, e o diagnóstico diferencial é baseado em uma biópsia. O COF apresenta uma leve prevalência em mulheres quando comparado aos homens. Em contraste, em nosso trabalho, observamos que há uma prevalência em homens quando comparados a mulheres, o que corrobora outros trabalhos. A idade média foi de 31,66 anos, com o paciente mais jovem com 3 anos de idade. Estudos prévios mostraram que a idade média dos pacientes era de 40 anos, o que não é semelhante ao encontrado em nosso trabalho. O sintoma mais prevalente foi o inchaço. O tempo médio de evolução foi de 24 meses. Além disso, a região dos molares inferiores foi mais afetada do que outros locais, seguida pela maxila anterior, o que corrobora outros trabalhos anteriores. Radiograficamente, uma aparência multilocular das lesões foi mais prevalente, mostrando perfuração do osso cortical, deslocamento do dente, afinamento cortical, reabsorção óssea e dentária e expansão óssea e áreas raras de radiopacidade. De um aspecto histológico, o tipo da OMS foi mais freqüentemente observado. Em relação ao tratamento dos COFs, a melhor escolha envolve enucleação, uma vez que a lesão geralmente é facilmente removida, apresentando pouca adesão óssea e sem tendência a sofrer transformação maligna. A informação de acompanhamento, após um período de cerca de 3 anos, indica que este tipo de tumor tem um comportamento benigno devido aos seus aspectos clínicos e radiográficos. Além disso, foi demonstrado que o COF do tipo OMS não tem tendência para o crescimento infiltrativo ou recidiva. De acordo com a análise dos dados referentes à recorrência, observou-se que a maxila apresenta maior taxa de recidiva que a mandíbula. Lesões agressivas de COF podem aumentar a forma e alterar a conformação, causando destruição cortical. Lesões maiores tendem a ser multiloculares e apresentam maior taxa de recidiva; lesões multiloculares são frequentemente associadas a dentes não erupcionados ou deslocados. CONCLUSÃO As lesões de FCO apresentam maior prevalência no sexo masculino, com média de idade de 31,6 anos. O local principal acometido é a mandíbula posterior, seguida pela maxila anterior. Além disso, os COF apresentam uma associação estatisticamente significante de recorrência para lesões localizadas na região anterior da maxila, que apresentam perfuração do osso cortical e aparência multilocular. Em relação ao tratamento, observou-se que a enucleação é uma opção terapêutica efetiva, uma vez que a lesão pode ser facilmente removida e não apresenta tendência à transformação maligna. RESULTADOS Oitenta e três publicações relatando 173 COFs foram incluídas na presente revisão. A Tabela 1 apresenta características demográficas e clínicas dos COFs. As lesões foram ligeiramente mais prevalentes nos homens do que nas mulheres, com uma proporção de homens e mulheres de 1,13: 1. A idade média dos pacientes foi de 31,6 anos (variação de 3 a 77 anos); as mulheres eram mais velhas (idade média de 34,35 anos; variação de 3-74 anos) do que os homens (idade média de 28,97 anos; variando de 4 a 77 anos). A Figura 2 mostra a distribuição das lesões segundo a idade e o sexo, com a maior prevalência na segunda década de vida (Figura 3). O sintoma mais comumente relatado foi o inchaço (56 pacientes), com tempo médio de evolução de 24,48 meses. As lesões foram mais prevalentes na mandíbula do que na maxila, sendo a região posterior mais afetada. O tamanho médio das lesões foi de 28,36 mm (min-max = 3-130 mm). Radiograficamente, as lesões apresentavam aspectos uniloculares e / ou multiloculares, com ou sem áreas de radiopacidade, com ou sem reabsorção dentária, com ou sem perfuração do osso cortical, com ou sem expansão óssea. Em relação aos 44 casos que apresentaram calcificações, dois casos recorreram. O tipo histopatológico mais comumente observado foi o tipo OMS (68,78%), seguido pelo tipo simples (31,22%). O tratamento das lesões foi conhecido em 125 casos, dos quais 117 consistiram em cirurgia conservadora (91 enucleações e 26 curetagens); cirurgia radical foi realizada em oito casos. O tempo de seguimento foi informado para 89 COFs, com média ± DP de 32 ± 32,5 meses (min-max, 1-180 meses). A raça do paciente foi relatada em 32 casos; 24 (75%) foram diagnosticados em caucasianos, seis em negros e dois em asiáticos. A Tabela 2 mostra a taxa de recorrência de acordo com o tratamento e características radiológicas. Houve informações sobre a recorrência de 50 lesões, com cinco recidivas (10%). Em relação à recorrência, a análise estatística evidenciou que a maxila apresenta maior índice de recidiva quando comparada à mandíbula (p = <0,0001); os pacientes que apresentam perfuração do osso cortical tendem a apresentar um índice de recorrência maior do que os pacientes que não apresentam perfuração do osso cortical (p = 0,005); Lesões multiloculares apresentam maior índice de recidiva quando comparadas às lesões uniloculares (p = 0,003).