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ISBN: 978-85-64593-65-7

1ª Semana Nacional de História


Leituras e Releituras de 1968

VIII Encontro Regional da ANPUH/DF


Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe

Caderno de Resumos
Brasília, 18 a 20 de setembro de 2018

DHIS – PPGHIS – Programa


Departamento de de Pós-Graduação em
História História

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/01 – Dimensões políticas no Brasil republicano

Proponentes: Professoras Doutoras Ione Oliveira e Léa Carrer Iamashita (UnB)

Local nos dias 19 e 20: Sala de Reuniões do HIS (ICC Norte-módulo 25)

Este Simpósio Temático objetiva promover a troca de experiências e o debate


entre alunos, professores e pesquisadores que tenham como referência reflexões e
pesquisas, realizadas ou em realização, sobre as dimensões políticas no Brasil
Republicano, do final do século XIX aos dias atuais. Conforme Pierre Rosanvallon, o
político não é uma ‘instância’ ou um ‘domínio’ entre outros da realidade: ele é o local
onde se “articulam o social e sua representação, a matriz simbólica na qual a experiência
coletiva se enraíza e se reflete ao mesmo tempo” (ROSANVALLON, 1996, p. 30). Nesta
perspectiva, os estudos da historiografia e as pesquisas documentais sobre o período
republicano oferecem caminhos para pensar e reinterpretar o passado brasileiro,
possibilitando vislumbrar alternativas para a criação de novas realidades sociais. O
simpósio espera contribuir com a construção do conhecimento histórico nos campos da
história política do Brasil republicano e pretende abarcar os múltiplos objetos e
abordagens do exercício da política, tais como a participação na vida política, as
representações coletivas, as práticas políticas da sociedade brasileira, os projetos
políticos, os processos eleitorais, os liberalismos, os autoritarismos, as percepções de
cidadania, os modelos de democracia, as noções de representação, as disputas de
memórias, as formulações de identidades, entre outros.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Utopias autoritárias para a salvação da nação: os projetos das Ligas Brasileira e Paulista de
Hygiene Mental (1923-1930)

Autor: Gustavo Igor Lopes de Jesus (UnB)

Resumo: Esta pesquisa objetivou identificar as representações de modernidade e eugenia, bem como
os traços de autoritarismo, nos discursos e nas formas de ação das Ligas Brasileira e Paulista de Higiene
Mental durante a década de 1920. Partiu-se da hipótese de que ambas as ligas, baseadas em um discurso
eugenista que entendia as “moléstias mentaes” como enfraquecedoras da raça, delinearam projetos
nacionais de significativo autoritarismo e violência a fim de “recuperar a nação”. Foram definidos como
suporte documental para a pesquisa os Archivos Brasileiros de Hygiene Mental e os Archivos Paulistas
de Hygiene Mental – periódicos publicados pelas instituições – e, como recorte, as edições publicadas
até o ano de 1930 ou aquelas que, mesmo posteriores, fossem relativas ao período. Desses periódicos,
foram selecionados os artigos que melhor fornecessem pistas sobre os meios de ação propostos, os
traços de autoritarismo e os temas de maior presença na ação das instituições. Verificou-se que as
formas de atuação de ambas convergiam em dois eixos principais: o primeiro, de “higienizar” o povo
brasileiro das doenças mentais, ou seja, evitar a proliferação de doenças causadoras de degeneração e,
também, a “proliferação” dos indivíduos ditos degenerados e anormais que “estragariam” ainda mais a
nação. O outro eixo tratava-se da educação do povo, ou seja, o trabalho para que a nação estivesse
ciente de como não se infectar com esses males. Constatou-se, a partir daí, que as representações sobre
o futuro do país amplamente difundidas entre esse intelectuais associavam a imagem de modernidade a
uma nação livre de desvios, ou seja, que se encaixasse no padrão de normalidade definido por eles.
Confirmou-se, ademais, a hipótese de que os projetos de ação nacional delineados por essas ligas foram
imbuídos de traços autoritários. Observou-se, também, o autoritarismo à medida que se "esvaziava" a
humanidade dos indivíduos “indesejáveis”, que sequer tinham o direito de opinar sobre seus próprios
corpos.
Palavras-chaves: Autoritarismo; Eugenia; Liga Brasileira de Higiene Mental.

A descoberta do Brasil como país doente: a Liga Pró-Saneamento e o movimento sanitarista na


Primeira República

Autor: Filipe Martins Soares (UnB)

Resumo: No contexto internacional do pós Primeira Guerra Mundial e inspirados pelos novos ideais
nacionalistas, diversos intelectuais brasileiros se viram como responsáveis pela criação de um projeto de
desenvolvimento da nação. Dentre estes, os sanitaristas elegeram a promoção da saúde e a educação
para a saúde como os principais fatores para o progresso do Brasil, considerado à época como país
muito atrasado. A maioria destes intelectuais partiu para a defesa da saúde pública a partir das críticas
ao sistema federalista oligárquico da Primeira República, que não se interessava em promover políticas
públicas de saúde. Foi assim que em 1918 criaram a “Liga Pró-Saneamento do Brasil”, associação civil
que defendeu um projeto de política pública de saúde coletiva, que deveria basear-se no nível federal do

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Estado brasileiro, e que deveria organizar-se segundo um caráter centralizado e autônomo. Nosso
objetivo foi então o de identificar as imagens, as ideias, os valores que informavam as representações de
cidadão moderno, higiênico e saudável, bem como os sentidos de modernidade e de progresso nos
projetos da Liga Nacional de Higiene Sanitária no Brasil, nos anos 1920. Trabalhamos orientados pelo
conceito teórico de cultura política uma vez que, ao articular os fatos políticos como expressão dos
fatos culturais, o âmbito do político não ocupa mais uma dimensão acima do cotidiano social. Ou seja,
não é mais percebido como um nível de cúpula do poder, mas como uma esfera de rede de relações
sociais, de comportamentos, de memórias, de valores que circulam entre os grupos sociais. Tal
perspectiva foi fundamental para entendermos como projetos autoritários alcançam respaldo social. O
suporte documental de pesquisa consistiu nas publicações acerca da fundação, dos projetos e
campanhas desenvolvidas pela Liga Sanitária em suas publicações próprias ou na imprensa da época. A
leitura dos textos, fotografias e charges, seguida de fichamentos e da análise dos mesmos articulada às
orientações teóricas, nos possibilitaram compreender a operação das culturas políticas e alguns
caminhos responsáveis pela manutenção do autoritarismo na sociedade brasileira. A pesquisa
evidenciou que as propostas sanitárias da Liga possuíam caráter político autoritário e elitista. Os líderes
do movimento sequer consideraram o envolvimento das camadas populares nas tomadas de decisão,
pois estas eram percebidas como ignorantes, miseráveis, atrasadas e doentes, incapazes de lidar com
escolhas. Além disso, quando defendiam acabar com as epidemias e endemias tão correntes no Brasil à
época, os sanitaristas enfatizavam muito mais os benefícios que isto acarretaria para a produtividade da
nação, para o desenvolvimento do capitalismo, do que o bem estar do povo brasileiro que, como
cidadãos, teriam direito à saúde e ao desenvolvimento. Identificada por nós na pesquisa, a postura
política centrada na obediência unilateral e na disposição de tratar com ignorância e desprezo as pessoas
consideradas inferiores é de fato um dos critérios classificadores do perfil político autoritário.
Acreditamos que ao pesquisar os discursos produzidos em torno dos projetos de modernização da
nação referentes ao desenvolvimento da saúde sanitária no Brasil pudemos contribuir para o
entendimento da dificuldade histórica de superação da nossa autoritária cultura política. Isso, porque,
mesmo no caso de um movimento histórico defensor de um projeto coletivo para a saúde da
população, os interesses prioritários não eram os de saúde das classes desfavorecidas, de estabelecer
igualdade de oportunidades, de desenvolvimento da dignidade humana, da capacidade criativa e
produtiva dos cidadãos. Esses grupos, quando inseridos nos projetos modernizadores, ocupavam
posição secundária ao interesse primeiro, que são as elites políticas, econômicas e intelectuais, de forma
a mantê-las na posição superior da hierarquia social.
Palavras-chaves: Liga Pró-Saneamento do Brasil; Saúde Pública; Autoritarismo.

“Combater o Analfabetismo é dever de honra de todo brasileiro”: a mobilização social na Liga


Brasileira Contra o Analfabetismo (1915- 1922)

Autora: Isabela Martins Aragão (UnB)

Resumo: A importância da educação do povo como fundamento da sociedade política foi defendida
pelos intelectuais brasileiros desde o início da República no Brasil. Porém, no início do regime, o país
inseria-se no ideário cientificista e racista, predominante no ocidente do final do século XIX ao início
do XX. Isso significou a interpretação de que o atraso do povo brasileiro não se devia a causas
genéticas, mas a condições conjunturais como a miséria e o analfabetismo. Nesse contexto, a educação
passou a ser considerada projeto político, prioridade para o desenvolvimento da nação, e foi criada no
Rio de Janeiro, em 1915, a instituição “Liga Brasileira Contra o Analfabetismo. A alfabetização se
articulou então à formação da nacionalidade, como declarado no próprio Estatuto da Liga, que tinha

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como objetivo extinguir o analfabetismo, colocando em voga a formação intelectual do povo como
sendo o verdadeiro surgimento da nacionalidade. Nosso objetivo foi, portanto, caracterizar e
historicizar o movimento da Liga Nacional contra o Analfabetismo no Brasil, nas décadas de 1910 e
1920. A pesquisa utilizou como fonte os periódicos cariocas e fluminense das décadas de 1910 e 1920,
sobretudo, o periódico carioca A Noite, o qual constatamos ter sido o principal publicador dos
trabalhos da associação. Trabalhamos orientados pelo conceito teórico de cultura política, articulando a
produção de uma história cultural ao de uma história política, analisando as imagens, valores e ideias
presentes nos discursos produzidos pela Liga Contra o Analfabetismo. Trabalhamos orientados pelo
conceito teórico de cultura política, articulando a produção de uma história cultural ao de uma história
política, analisando as imagens, valores e ideias presentes nos discursos produzidos pela Liga Contra o
Analfabetismo. Constatamos a significativa mobilização social alcançada pela Liga no combate ao
analfabetismo, as estratégias de ação, as atuações no território nacional e o impacto de suas ações.
Pudemos constatar o quanto foi significativa a ação da Liga Brasileira Contra o analfabetismo pelo nível
de conscientização sobre a importância da educação para o desenvolvimento da nação e,
principalmente, pela campanha de assunção do Estado pela responsabilidade da educação popular, o
que acabou por acontecer na década de 1930. Embora tenha conseguido capitalizar significativa
solidariedade social em torno da causa educacional, fundada no patriotismo e no senso de dever
coletivo, o discurso da Liga também reafirmava a face autoritária de nossa cultura política ̶ a de que a de que
cabia aos intelectuais a definição e a condução dos projetos nacionais, posicionando-se como
missionários sociais em busca da construção de uma nação civilizada.
Palavras-chaves: Liga Brasileira Contra o Analfabetismo; Educação no Brasil; Projeto de
Modernização.

Ligas antialcoólicas: moralismo e autoritarismo para modernizar o cidadão brasileiro (1900-


1930)

Autor: Flávio Cunha Lima (UnB)

Resumo: As Ligas Antialcoólicas surgiram no Brasil no contexto do projeto moderno republicano, sob
influência de ideais higienistas e eugênicos, oriundos da Europa e dos EUA. Tinham como objetivo
regenerar a nação (degenerada pela doença), livrando-a do alcoolismo e construindo assim uma “raça
brasileira” mais saudável e forte, que lançaria o Brasil à tão almejada modernidade. Setores da elite
intelectual brasileira já se organizavam no combate a esta doença no início do século XX, como
“associações ou sociedades de caráter privado, tal como a Liga Antialcoólica de São Paulo, a Liga
Paulista de Profilaxia Moral e Sanitária e a União Brasileira Pró-Temperança. Todas elas se
encarregaram de promover a educação antialcoólica e as primeiras medidas assistenciais para alcoolistas,
marcadas por concepções moralistas e higienistas”. Com a fundação da Liga Brasileira de Higiene
Mental, em 1923, na cidade do Rio de Janeiro, a Liga Contra o Alcoolismo passou a operar como uma
subdivisão dela. Como nosso objetivo era compreender as ideias, valores e imagens que expressavam a
visão de mundo da sociedade brasileira e que orientavam seu projeto de modernização da nação,
pesquisamos os discursos produzidos pelas Ligas Contra o Alcoolismo nas décadas 1900-1920.
Orientamo-nos pelo conceito teórico de cultura política e utilizamos como suporte documental artigos,
reportagens e propagandas sobre o alcoolismo ou sobre a campanha de prevenção e tratamento desta
doença publicados nos periódicos da época, principalmente do Rio de Janeiro, de forma a compreender
como as Ligas atuavam e quais ideias as orientavam. Constatamos que o combate ao alcoolismo se deu
de forma articulada ao combate à sífilis. Essa articulação era justificada por se acreditar que o
alcoolismo e a sífilis eram doenças mentais, hereditárias e que tinham em comum um cunho moral. A

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classificação como doenças hereditárias significou articular ao projeto de combate a essas moléstias
ideias eugênicas, que permeavam as pesquisas científicas naquela historicidade. A classificação como
doenças articuladas à falta de moral, à vontade do indivíduo, ao desregramento do comportamento,
significou traçar o projeto sobre base moralista, voltado para a formação moral do povo, a fim de forjar
padrões de conduta ordeira e obediente, que facilitasse a condução dos trabalhadores pelas elites.
Evidenciou-se também que a atuação da Liga se organizava em três tipos de ações: a de assistência e
tratamento aos doentes, a de propaganda de um programa antialcoólico e a de ações de controle,
repressão e formação moral. Podemos considerar que a forma de atuação das ligas antialcoólicas no
Brasil nas duas primeiras décadas do século XX refletiam os anseios da elite dominante de modernizar
o Brasil e, particularmente, sua população pobre e ignorante, dentre a qual se encontrava a maior parte
dos alcoólatras. Dentre as ações de assistência, propaganda e educação, destacou-se a percepção da Liga
da necessidade de investimento na formação moral da população brasileira. A moral a ser imposta à
sociedade era a burguesa, voltada aos processos de urbanização e industrialização, na qual o
cidadão/operário deveria se enquadrar nos padrões de ordem e produtividade. Nesta perspectiva, o
alcoolismo era percebido como grande empecilho. Nos seus discursos, as ligas diziam agir em resposta
à ineficácia do Estado quanto à resolução do problema, ainda que este subsidiasse seus projetos.
Encontrou na Igreja Católica uma parceira poderosa para seus projetos antialcoólicos. Mobilizaram
parte da sociedade no atendimento aos doentes e no esclarecimento sobre os males do alcoolismo, mas
suas propostas não ultrapassaram o autoritarismo elitista e moralista. Não enfrentaram as condições de
miséria e desigualdade social articulada a esta doença.
Palavras-chaves: Ligas antialcoólicas; Moralismo; Autoritarismo.

O Novo Estado Brasileiro e o enfrentamento ao velho problema da seca: rupturas ou


continuidades

Autora: Thereza Cristina Pereira (UnB)

Resumo: Uma vez que o Estado nacionalista e centralizador estabelecido no Brasil a partir de 1930
significou um marco de modernização do Estado e da nação, nossa proposta será a de historicizar as
políticas públicas para enfrentamento da severa seca de 1932, no Nordeste brasileiro. Pretendemos
analisar as continuidades ou inovações no que se refere às estratégias governamentais de assistência aos
flagelados e/ou intervenções que tenham contribuído para a mitigação do problema da estiagem
naquela região. Nossas fontes de pesquisa constituem-se de documentação oficial tais como Leis e
Decretos federais e estaduais, discursos de autoridades públicas, particularmente a série Obras de
Combate às Secas, proveniente da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), órgão
vinculado ao Ministério de Viação e Obras Públicas bem como de fontes impressas. Pesquisamos a
questão da seca de 1932 nos periódicos A Manhã, publicado em Fortaleza, edições de 1932-1933;
Correio Carioca, publicado na cidade do Rio de Janeiro, edições do ano de 1932, e a Gazeta de
Pernambucana, de Recife, edições de 1931-1932.Pesquisamos ainda a pasta “Relatórios e
memorandos dos Anos 1931 a 1937” de autoria de José Américo de Almeida, diretor do IFOCS entre
1931 e 1934.
Palavras-chaves: Seca; Nordeste; República.

Visões de 1930: uma comparação entre as interpretações de Sertório de Castro e Virgílio de


Melo Franco

Autor: Leandro Ribeiro Tonete (UnB)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


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Resumo: A utilização do termo "Revolução" para caracterizar o levante que depôs o então presidente
Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes tomou conta da historiografia e faz parte dos
manuais mais utilizados de história do Brasil. Mas com a recente revisão dos processos políticos da
Primeira República, a antes "invencível Revolução de 1930" (como Virgílio de Melo Franco denominou
o processo) vem passando por uma descontração de seu perfil revolucionário. O termo "golpe" de
1930, já utilizado por diversos autores como Marieta de Moraes Ferreira, Cláudia Viscardi e Surama Sá
Pinto parece suscitar um debate que era agudo quando do conflito. Logo após a chegada de Vargas ao
poder, uma série de escritos sobre o movimento surgiu, cada qual buscando revelar o fato como
verdade de sua própria ideologia. É possível citar a obra de Virgílio de Melo Franco, Outubro, 1930,
como parte desse momento que busca mistificar o feito dos revoltosos. Outros escritos do tipo
seguiriam esse fio condutor, mas Virgílio de Melo Franco – um dos tenentes civis – ditou o tom dos
fiéis da “Revolução invencível”. Em 1932, um ano após a publicação original dos textos de Virgílio,
Sertório de Castro, jornalista paulista, desenvolveu a obra A República que a Revolução Destruiu,
onde há uma defesa da Primeira República, experiência política cheia de erros, mas “onde o Brasil
cresceu, progrediu (...)”. Embora não tenha sistematizado uma obra sobre o tema, Getúlio também
utilizou seus discursos e seu diário como ferramenta para fincar posição na memória histórica brasileira,
espaço que acabaria garantindo através de eventos futuros. Os primeiros embates para escrever a
história estavam abertos e já polarizados. Nos anos seguintes, algumas obras de destaque foram
publicadas, como A verdade sobre a revolução de 24 de outubro 1930, onde Barbosa Lima Sobrinho
ergue a bandeira da experiência pessoal ao relatar a história do movimento casando sua opinião com
manchetes de jornais e revistas. O debate historiográfico presente na academia é um reflexo do próprio
embate ideológico na década de 1930. Se o fogo cruzado no campo da pesquisa “não alterou a
centralidade do evento, nem o ‘nome’ com o qual é identificado, ainda que esse ‘nome’ não seja
adequado à ‘coisa’ que nomeia”, para alguns acadêmicos (como afira Angela de Castro Gomes), ao
menos tratou de evidenciar um questionamento contemporâneo aos agentes políticos desse período, o
movimento de 1930 foi, de fato, um divisor de águas? O que se propõem nessa apresentação é um
breve balanço dessa questão, tanto no campo historiográfico quanto no campo das experiências
socioeconômicas.
Palavras-chaves: Revolução de 1930; Golpe; República.

As relações políticas entre Brasil e Uruguai durante o Estado Novo (1937-1945): considerações
preliminares

Autor: Rafael Nascimento Gomes (UnB)

Resumo: As relações entre Brasil e Uruguai, dois países vizinhos, ultrapassam as relações diplomáticas
entre os Estados bem como suas fronteiras geográficas. Como consequência, a presente apresentação
propõe-se, com base em fontes diversificadas, desde documentos diplomáticos a principais jornais
desses países, uma análise das relações políticas entre Brasil e Uruguai no contexto da ditadura do
Estado Novo (1937-1945) e da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), momento de intensa polarização
da sociedade mundial. E por sua vez, o posicionamento político-militar desses países a nível regional –
e internacional – frente a esse conflito de grandes proporções e consequências. Dessa forma, analisar-
se-á a dimensão política do Estado Novo para a região do Prata, em especial, para o Uruguai.
Palavras-chaves: Relações Brasil-Uruguai; História das Relações Internacionais do Brasil; Estado
Novo.

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20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 17H00

Reforma do Ensino Secundário de 1942

Autor: Moisés de Sousa Rocha (UnB)

Resumo: Entender as bases da educação brasileira é crucial para que se possamos compreender o
processo histórico dos problemas do modelo atual e assim projetar soluções. Este trabalho investiga
umas das bases na qual a educação fundou-se: a Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942. Instituída
pelo ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, no período do Estado Novo, a lei objetivava
reformar o ensino secundário de forma elitista, criando “as mentes condutoras da nação” – como
descrevia Capanema. Assim procuramos analisar quais foram as ferramentas usadas pelo governo para
instituir seu objetivo no ensino secundário. Para isso pesquisaremos, de forma qualitativa, obras
bibliográficas que tratam do assunto, fontes jornalísticas, o projeto da Lei, bem como a própria Lei
Orgânica. Ao final, pretendemos compreender a reforma e os mecanismos utilizados para a sanção da
Lei Orgânica do Ensino Secundário.
Palavras-chaves: Ideologia; Educação; Mentes Condutoras; Lei Orgânica do Ensino Secundário.

A Comissão Mista Brasil-Estados Unidos e o desenvolvimento regional goiano: a remodelação


da estrada de ferro de Goiás (1948-1960)

Autor: Matheus Mendonça e Silva (UnB)

Resumo: A Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico – CMBEU –


atendeu a necessidade de compor um planejamento que resolvesse os pontos de estrangulamento da
economia Brasileira. Foi instalada em 1951 após uma série de acordos diplomáticos e, por um lado, a
representação brasileira aspirava, principalmente, o financiamento do governo norte-americano para o
desenvolvimento do Brasil. Por outro lado, os Estados Unidos, sob a administração de Eisenhower,
privilegiavam a cooperação técnica em vez de apenas destinar recursos financeiros, havendo uma
suspensão da remessa de recursos por parte do Eximbank sob a sua administração. A CMBEU se
diferenciava de outras missões, tais como a missão Cooke ou Abbinck, por detalhar técnicas de análise
e rentabilidade em seus 41 projetos. Ela também foi essencial para a criação do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico – BNDE. No Relatório Geral da Comissão Mista, as deficiências do
transporte ferroviário no Brasil foram percebidas pela falta de capacidade de escoamento dos produtos
de exportação, tais como minério de ferro e manganês. Após os anos finais da década de 1930, as
dificuldades em conservar o já existente sistema ferroviário se agravaram ainda mais por causa dos
impedimentos de importação de equipamentos e material dos trilhos durante os anos da guerra. Em
paralelo a esse quadro, ocorreu a intensificação das rodovias – não pavimentadas – que apareceram
como formas substitutivas das redes ferroviárias regionais. Menos oneroso, o transporte rodoviário
demandava um menor investimento por parte do Estado e exigia maior aplicação de capital individual.
Começou então, através desses processos, o sucateamento das ferrovias. Contudo, o problema central
do trabalho é compreender como se deu o desenvolvimento regional goiano no período de 1948-1960 e
se isso foi impulsionado por conta da expansão da sua malha ferroviária de Leopoldo de Bulhões até
Goiânia e de Pires do Rio até Brasília. Podemos pensar se isso esteve associado aos ideais de

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modernização e interiorização intensificadas pela ideologia do Estado no período após a Segunda


Guerra Mundial, já que o reaparelhamento das Estradas de Ferro fazia parte de políticas públicas, de
planos de governo e de projetos anteriormente aprovados pela CMBEU. Para atingir nossos objetivos,
pesquisamos o Relatório Geral da CMBEU, os Planos de Desenvolvimento do Governo Federal e as
Atas Legislativas à luz da noção do conceito de planejamento econômico e de desenvolvimentismo.
Palavras-chaves: Desenvolvimentismo; Comissão Mista Brasil-Estados Unidos; Planejamento
Econômico.

Carlos Lacerda e as críticas do jornal “Tribuna da Imprensa” direcionada ao PTB

Autor: Fhanoel Ribeiro (UnB)

Resumo: Este trabalho tem por objetivo a análise das críticas do jornalista Carlos Lacerda, através de
seu jornal, Tribuna da Imprensa, direcionadas ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Carlos Lacerda
fundou em 27 de dezembro de 1949 o jornal Tribuna da Imprensa, tendo-o como ferramenta
fundamental de oposição ao PTB e às forças políticas vinculadas ao getulismo, bem como meio
fomentador para as principais propostas udenistas. Além da leitura da produção historiográfica sobre
Lacerda, o jornal, a UDN e o PTB, os artigos e editoriais publicados na Tribuna da Imprensa
constituem fontes de pesquisa para a análise.
Palavras-chaves: Pluripartidarismo; Lacerdismo; Tribuna da Imprensa, PTB.

Eleições presidenciais de 1960: a imagem de Jânio Quadros e Henrique Teixeira Lott nas
páginas da revista Manchete (1959- 1960)

Autora: Giovanna Nascimento Alves (UnB)

Resumo: O pleito de 1960 foi o primeiro após a proclamação da República a eleger um candidato de
oposição. Durante a corrida presidencial, tanto Jânio Quadros quanto o Marechal Henrique Teixeira
Lott fizeram uso intenso de recursos da propagada para promoverem suas imagens. A utilização dos
meios de comunicação de massa como jornais, revistas, jingles, realização de comícios, distribuição de
santinhos e outros, imprimiu a tentativa de se criar uma determinada imagem política com o objetivo de
moldar a opinião pública e direcioná-la para a conquista do apoio eleitoral, visando a vitória nas urnas.
Os candidatos Jânio Quadros e Teixeira Lott tinham propostas bem distintas. Quadros defendeu o uso
legítimo do dinheiro público e da moralidade na administração. O símbolo de sua campanha foi a
vassoura e com ela prometeu varrer a corrupção do cenário político. O Marechal Lott, cujo símbolo de
campanha era a espada, pautava-se na defesa da democracia e da legalidade, além de ser o candidato que
daria continuidade aos projetos nacionalistas de Juscelino Kubistchek. Este trabalho tem como objetivo
analisar a imagem dos candidatos Jânio Quadros e Henrique Teixeira Lott durante a campanha eleitoral
para as eleições presidências de 1960 através da revista Manchete. Para tal, foram utilizadas edições da
revista que compreendem o período entre meados de 1959 até outubro de 1960 e consulta à produção
historiográfica sobre o tema. Analisar criticamente as possíveis narrativas construídas a partir de
matérias jornalísticas que apresentaram publicidade eleitoral sobre os candidatos e suas relações com a
formação da opinião pública e o resultado do pleito revelam um tópico importante para a
compreensão, não só do processo eleitoral de 1960, mas do percurso histórico das eleições presidências
no Brasil. Fragmentações, ocultações e distorções de narrativas estão presentes no cotidiano da
imprensa. A imprensa deveria resguardar o interesse público e noticiar com imparcialidade os fatos de

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interesse do cidadão, contudo pode ser observada ao longo do percurso histórico que a manipulação de
textos e imagens é prática comum na construção discursiva do chamado jornalismo político.
Palavras-chaves: Eleição Presidencial; Publicidade eleitoral; Manchete; Imprensa.

As dimensões econômicas do governo Geisel: uma análise do II PND

Autor: Paulo César Rebello de Oliveira (UnB)

Resumo: O objetivo deste estudo é apresentar as estratégias voltadas ao desenvolvimento econômico


brasileiro durante o governo do presidente Ernesto Geisel, analisando as principais políticas
econômicas presentes no II Plano Nacional de Desenvolvimento, sob a gestão de Mário Henrique
Simonsen e João Paulo dos Reis Velloso, Ministros da Fazenda e do Planejamento, respectivamente. O
recorte temporal compreenderá o período de 1974 a 1979, com a análise do projeto de
desenvolvimento econômico durante o período citado.
Palavras-chaves: II PND; Ernesto Geisel; Desenvolvimento Econômico.

Violência e burocracia: A memória do DOPS de São Paulo e a coordenação repressiva nos


depoimentos de vítimas civis dados à Comissão Nacional da Verdade

Autor: Luis Henrique Pilger Machado (UnB)

Resumo: Este artigo analisa a Delegacia de Ordem e Política Social (DOPS) de São Paulo durante a
ditadura militar (1964-1985) a partir da memória dos depoimentos de vítimas civis dados à Comissão
Nacional da Verdade (CNV), e tem como objetivo contribuir para construir a memória social do local a
partir da perspectiva das vítimas. A memória-esquecimento torna-se essencial quando está vinculada a
experiências traumáticas coletivas de repressão e aniquilação, como foi o caso das listas negras, prisões
arbitrárias e torturas praticadas pelo Estado brasileiro no período ditatorial. Dessa forma, é preciso
analisar os lugares de memória, que são parte importante da memória coletiva, sob o pressuposto de
centralidade da experiência das vítimas, como foi a proposta da CNV. A partir disso, o projeto “Direito
à verdade e à memória: Identificação e mapeamento de espaços de repressão durante a ditadura militar
(1964-1985)”, junto à bibliografia complementar sobre memória social, analisou 160 depoimentos a fim
de mapear espaços de memória na história das vítimas. Esse projeto produziu centenas de fichas que
catalogaram - identificando a experiência do depoente no espaço, o endereço, a cronologia, os nomes
(seja de companheiros, agentes repressivos ou pessoas que ajudaram as vítimas) relacionados ao local, o
tipo de experiência repressiva e quais temas recorrentes nos depoimentos podem ser identificados
naquela experiência – os lugares identificados. Além disso, o estudo dos depoimentos culminou nesta
análise do DOPS de São Paulo, que foi escolhido para estudo de caso devido à pluralidade de vivências
relacionadas a ele, e conclui que a coordenação e a disputa entre os órgãos repressivos se fizeram
presente na memória das vítimas e influenciaram as experiências ligadas ao DOPS, uma vez que a
trajetória das pessoas presas era alterada pelas atribuições do órgão e essas vítimas acabaram se
beneficiando ou sofrendo o dano colateral das disputas e da falta de coordenação entre as forças
repressivas.
Palavras-chaves: Memória Social; Ditadura Militar; Repressão; Comissão Nacional da Verdade.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

O movimento estudantil e as políticas educacionais do governo Collor (1990-1992)

Autora: Rafaela Costa Vidal (UFG)

Resumo: O artigo tem como proposta analisar as políticas e as crises educacionais nos anos do
governo Collor (1990-1992) e os movimentos estudantis que culminaram na saída do primeiro
presidente eleito por voto direto pós-ditadura no Brasil. Inicialmente, abordarei sobre a crise econômica
em que o Brasil se encontrava no final da década de 1980 e as políticas sociais tomadas pelos governos
que se sucederam. Em um segundo momento, pontuarei os principais programas educacionais
implementados pelo governo Collor, sua lógica neoliberal e seu plano de ação. Por fim, buscarei
identificar o caráter social e político dos movimentos estudantis que impulsionaram a saída de
Fernando Collor de Mello em 1992.
Palavras-chaves: Políticas Educacionais

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/02 – Natureza, território e direitos humanos no Centro-Oeste e na Amazônia

Proponentes: Prof. Dr. José Luiz de Andrade Franco (HIS/ UnB), Prof. Dr. Kelerson
Semerene Costa (HIS/ UnB)

Local no dia 19: Sala do Mestrado em Filosofia – sala 1 (ICC Norte-módulo 25)
Local no dia 20: Sala do Mestrado em Filosofia – sala 2 (módulo 25)

Decorrido meio século, a discussão sobre o legado dos movimentos de 1968 é


ainda um debate sem conclusão. É certo, porém, que das inquietações que agitaram
intelectuais, estudantes e operários em diversos países resultou a incorporação de novos
temas e abordagens ao entendimento e à crítica das sociedades contemporâneas, entre os
quais a crítica às relações entre sociedade e natureza. Embora a preocupação com a
destruição ambiental seja muito anterior à década de 1960, foi a partir de então que ela
se ampliou, passou a envolver movimentos sociais, a originar partidos políticos e a
alertar para o caráter global da crise ambiental. Assim como diversas outras áreas do
conhecimento, a historiografia também acolheu essas preocupações, o que deu origem ao
campo de estudos da História Ambiental, que se dedica a estudar, em suas diversas
dimensões, as relações históricas entre as sociedades humanas e a natureza. Este
simpósio temático tem por objetivo discutir, em uma articulação da História Ambiental
com os vários aspectos da História Social e Política, as relações entre sociedade e
natureza na Amazônia e no Centro-Oeste, regiões cujos processos de colonização,
embora iniciados nos séculos XVII e XVIII, prosseguem em pleno século XXI –
atualizando antigos métodos de violência e de violação de direitos. Pretendemos, assim,
colocar em questão, para períodos mais recentes ou para o passado colonial, temas de
estudo como: a ocupação e a representação do território (a cartografia, os rios e a
navegação, as terras indígenas, as terras de quilombos, os projetos estatais ou as
iniciativas privadas de desbravamento, a urbanização acelerada, o ambiente urbano); a
exploração dos recursos naturais (o desmatamento, a mineração, o extrativismo) e as
formas do trabalho (o trabalho indígena, a escravidão, o trabalho análogo à escravidão, o
trabalho livre); as ideias e as representações sobre o mundo natural (as ideias e as
iniciativas de conservação, os saberes sobre a natureza, as representações artísticas).

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Santuário dos Pajés: território indígena frente à especulação imobiliária urbana

Autora: Beatriz Bastos Rezende (UnB)

Resumo: Este estudo pretende analisar as relações territoriais, tendo em vista as representações sociais
no que diz respeito ao Santuário dos Pajés e Setor Noroeste, sendo observados, pela óptica geográfica,
os conflitos locais. O Santuário dos Pajés apresenta-se como um território indígena no Distrito Federal,
que se encontra numa disputa com as imobiliárias e o Governo do Distrito Federal, causando uma
instabilidade no cotidiano dos moradores do Santuário e uma pressão pela retirada da comunidade
indígena do local.
Palavras-chave: Território, Indígena, Urbano

Onde a morte tem mais vida: fotografias de pirarucus (Arapaima gigas) mortos nas praias do
rio Araguaia na primeira metade do século XX

Autor: André Vasques Vital e Maydson Vieira Sila

Resumo: Esse estudo analisa os planos e as controvérsias sobre a integração econômica do rio
Araguaia via atividade pesqueira na primeira metade do século XX, por meio de fotografias de
pirarucus (Arapaima gigas) mortos nas praias desse rio. Os animais mortos capturados pelas câmeras
fotográficas são entendidos como coisa-poder, fenômeno cuja presença pode fortalecer, enfraquecer ou
desestabilizar interesses políticos em um espaço público (BENNET, 2004). A morte, assim, é entendida
como processo gerador para além do sentido de finitude que o termo tradicionalmente carrega
(BRAIDOTTI, 2017). Esse estudo, utiliza-se das fotografias publicadas na revista A Informação Goyana
(1917-1934) e em duas obras de viajantes: Encantos do Oeste (1945), de Agenor Couto de Magalhães e
Dramas do Oeste (1950) de Leolídio Di Ramos Caiado. Trata-se de um desdobramento de análises atuais
que abordam os esforços de propaganda das elites do estado de Goiás sobre as potencialidades de uma
indústria da pesca na região, pelo Brasil Central reunir uma diversidade única de espécies aquáticas com
habitats próprios à diferentes regiões do país. Essa propaganda tinha como base a imagem da área
como divortium aquarum das bacias dos rios São Francisco, Amazonas e Prata (VITAL & TEJERINA-
GARRO, 2018). Aqui, aponta-se que as fotografias de pirarucus mortos proporcionaram, ao longo dos
anos, diferentes debates ligados à exploração econômica da região via pesca e turismo, bem como à
políticas de conservação da espécie e alertas sobre a sua extinção.
Palavras-chave: Pirarucu; Arapaima gigas; Fotografia; Rio Araguaia.

Colonização e trabalho indígena no sul de Mato Grosso (1839-1928): algumas contribuições


para a história dos Kaiowa

Autor: José Augusto dos Santos Moraes (UFGD)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: No presente texto apresento algumas contribuições para o debate acerca da territorialidade
da etnia Kaiowa. A partir da ocupação não indígena na região da antiga Vacaria e das transformações
ocorridas nas relações de trabalho entre os colonizadores e os indígenas, o que se busca é discutir em
quais sentidos estes processos impuseram aos kaiowa uma ressignificação de seus territórios e, por
consequência, em sua organização social. Neste sentido, a partir da análise de relatórios do Império e da
Província de Mato Grosso, de registros de viajantes e missionários, bem como de outros acervos
documentais, como cartas e jornais produzidos no período de 1839 a 1928, esta comunicação pretende
apresentar os resultados parciais da pesquisa que desenvolvo sobre os desdobramentos históricos que
culminaram com a expulsão/saída/remoção dos kaiowa da Vacaria no século XX, eventos que incidem
diretamente nos conflitos que atualmente ocorrem no sul de Mato Grosso do Sul. A etno-história foi
utilizada como recurso metodológico convergente, dialogal e interdisciplinar, fundamental na
constituição de uma História Indígena.
Palavras-chave: Etnia Kaiowa; Territorialidade; Sul de Mato Grosso

Povos indígenas em contexto urbano e politicas públicas.

Autor: Marco Paulo Froés Schettino (MPF)

Resumo: Esse trabalho pretende fazer uma reflexão sobre a presença dos povos indígenas em
contexto urbano, as causas da ausência de políticas públicas específicas para eles nas cidades e os
impactos dessa lacuna para eles.
Palavras-Chave: Povos Indígenas, Políticas Públicas, Cidades.

Evolução de campesinatos na Amazônia

Autor: Donald Rolfe Sawyer (ISPN)

Resumo: Ao contrário dos camponeses em todo o mundo, que existem há muitos séculos e tendem a
desaparecer com o tempo, os campesinatos amazônicos emergiram mais recentemente. Como no resto
do Brasil, não são sobreviventes da antiguidade, dos tempos coloniais ou de qualquer outro período
“pré-moderno”. Em vez de serem dissolvidos ao longo do tempo, expandiram-se e diversificaram-se à
medida que a região se tornou cada vez mais integrada à economia capitalista dos países industrializados
e do resto do Brasil, especialmente no século XX. Os diferentes grupos camponeses estão amplamente
dispersos em diversos contextos, com considerável variação na organização de sua produção e suas
relações com os não-camponeses. A fim de apreciar essa heterogeneidade e especificidade e
compreender uma aparente inversão da tendência histórica geral, cabe examinar as condições históricas
em que surgiram as formas camponesas de produção na Amazônia. Essa revisão busca lançar luzes
sobre as razões do aparecimento de certas formas no passado como também sobre as forças que
continuam favorecendo ou restringindo sua evolução. Assim, além de fornecer um pano de fundo
histórico, pretende oferecer uma análise que aponte as peculiaridades regionais dessas formas de
produção e identificar as forças que geraram e continuam a moldá-las.
Palavras-chave: campesinato, Amazônia, agricultura, borracha.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/03 – História Moderna e Colonial: teoria e método

Proponentes: Professor Dr. Luiz César de Sá (HIS/ UnB) e Professor Dr. Jonas Wilson
Pegoraro (PPGHIS/UnB)

Local no dia 19: Sala do PPGHIS – ICC Norte-ASS 675/12 (ICC Norte-sala ASS 686/13)
Local no dia 20: Sala do PPGHIS – ICC Norte-ASS 675/12 (ICC Norte-sala ASS 680/13)

O objetivo deste Simpósio Temático é discutir metodologias de trabalho e aportes


teóricos atinentes ao estudo dos séculos XVI-XVIII, na Europa e na América. Entre as
perspectivas privilegiadas, estão as práticas administrativas de Antigo Regime; os
repertórios teológico-jurídico-políticos das monarquias; protocolos retórico-poéticos da
produção de discursos; as experiências do sagrado e as dinâmicas sociais em suas múltiplas
escalas. Deseja-se, em todos os casos, enfocar aspectos formativos dos estudos
apresentados, que devem caracterizar o corpus documental, as questões e hipóteses que o
constituem e o método para elucidá-las. Com isso, esperamos criar um espaço para
discussão de trabalhos em andamento em que a experiência coletiva possa ser mobilizada
para a indicação de leituras e estratégias capazes de assistir as reflexões dos participantes.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Uma herança colonial: a consumação da lógica privada em domínio público através da ótica
do indivíduo enquanto categoria no Brasil

Autora: Gabriela Malesuik Aragão Barros (UnB)

Resumo: Por meio de uma viagem teórico-metodológica, perpassando por conceitos e embates
sociológicos a respeito das noções de indivíduo e sociedade, o artigo tem por objetivo analisar a

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

concepção de Sérgio Buarque de Holanda acerca da constituição da pessoalidade individualizante como


cerne da sociedade brasileira. Advinda de uma herança colonial da lógica social doméstica, essa
constituição social é aplicada ao domínio público, ao qual o autor alega não possuir uma burocracia de
fato, por ser resultante das relações do indivíduo brasileiro enquanto homem cordial. Por meio da
historicidade da sociedade brasileira, busco as raízes do Brasil visando contrapor à visão de Sérgio
Buarque de Holanda no que concerne a ideia de funcionalismo patrimonial, reiterando, no entanto,
alguns de seus pontos acerca do indivíduo e do funcionamento social da Colônia, bem como seus
resquícios na contemporaneidade.

Palavras-chave: Brasil Colônia; Sérgio Buarque de Holanda; Indivíduo e sociedade.

Inquisição e fiscalidade: análise comparativa da economia portuária de Salvador e Cartagena


das Índias 1610-1660

Autora: Jéssika de Souza Cabral (UnB)

Resumo: O presente trabalho aborda de maneira comparativa a economia portuária de duas cidades
centrais para a monarquia Ibérica, Cartagena das índias e Salvador, no século XVII, mas sem esquecer
suas conexões com o globo. Tentou-se destacar os vínculos comerciais externos, o comércio a longa
distância, e os internos com o interior do continente, no caso de Salvador o recôncavo e em Cartagena
o interior de Nova Granada. Para tal tarefa foram utilizadas as fontes do Tribunal da Inquisição , da
visitação e as fontes fiscais de ambas as cidades, a fim de cruzar informações demográficas com dados
quantitativos das mercadorias desembarcadas nos portos entre 1610 a 1660. O objetivo aqui, é verificar
se há correlação entre espaço ocupado pelos agentes envolvidos no tribunal da fé e a atividade
econômica preponderante de cada porto. Ambas foram cidades cosmopolitas, abrigaram em si
portugueses, holandeses, ingleses, franceses etc. Prosperaram com o comércio de cativos, estiveram na
rota do comércio oficial dos galeões e frotas, foram indispensáveis para administração política colonial,
controlaram a entrada e a saída dos produtos, o acesso ao interior do continente e sofreram com os
ataques dos corsários. No entanto, possuíam suas singularidades, a base de dados que dispomos mostra
que a maior parte dos envolvidos nos processos inquisitoriais em Cartagena se ocupavam do comércio,
de pequeno e grande porte, ou seja, desde pessoas que compravam para revender mercadorias até os
grandes traficantes portugueses que lucravam com a venda de escravos. Em Salvador, boa parte dos
perseguidos eram lavradores, homens envolvidos mais com a terra do que com os negócios do mar,
como é o caso de Cartagena. A partir dessa observação, formulou-se a hipótese de que pode haver
correlação entre a atividade desenvolvida em cada complexo portuário e a localização dos indivíduos.
De acordo com a Historiografia, o açúcar é considerado o ouro branco de Salvador, responsável pela
riqueza e prosperidade da capitania. Desse modo, todas as atividades desenvolvidas no recôncavo
seriam subsídios para os engenhos que consumiam a madeira, a força do gado, a mão de obra indígena
e logo depois escrava, além das provisões destinadas ao autoconsumo. Enquanto Cartagena era o
destino da escravaria que saíra de Angola e Guinea com destino ao Peru a serem empregues na
exploração da prata. Um lugar onde circulavam ricos cristãos novos, judeus e huguenotes, que fizeram
circular recursos e riquezas, responsáveis pela fama que cruzou o Atlântico e trouxe muitos imigrantes
com a promessa de uma vida melhor. Para essa hipótese foram criados SIGs (Sistema de
georreferenciamento), com a localização dos indivíduos perseguidos ou envolvidos indiretamente nos
arquivos da fé, a fim de compará-los com o tipo de prática mercantil e econômica disponível na

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

historiografia de ambas as cidades.

Palavras-chave: História Econômica; Inquisição; Fiscalidade; Salvador; Cartagena das Índias.

Sobre governar no Império português: notas de pesquisa

Autor: Jonas Wilson Pegoraro (UnB)

Resumo: A comunicação visa apresentar os primeiros passos da pesquisa intitulada “Homens para a
função: agentes régios no Império Ultramarino Português (primeira metade do século XVIII)”
desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (UnB);
investigação essa que tem por objetivo promover um levantamento quantitativo e análise qualitativa dos
agentes régios enviados para os domínios portugueses, mais especificamente o Estado do Brasil,
durante a primeira metade do século XVIII, com o objetivo de traçar o “perfil social” dos agentes
régios e suas trajetórias no interior da estrutura jurídico-administrativa da Coroa portuguesa. As
principais fontes para esta pesquisa foram disponibilizadas, no formato digital, no site do Arquivo
Nacional da Torre do Tombo sendo três os principais registros: as leituras de bacharéis, os registros de
mercê do reinado de Dom João V e os processos de habilitação para familiar do Santo Ofício.
Complementa estas documentações o “Memorial de Ministros”, conservado na Biblioteca Nacional de
Lisboa-PT, e que obtivemos acesso por meio do catálogo confeccionado por Nuno Camarinhas e
disponível por meio de e-book.
Palavras-chave: Agentes régios; Império Ultramarino Português; governo e administração.

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Thomas Müntzer e a guerra dos camponeses na Alemanha como problemas interpretativos


para a Sociedade Corporativa (1515-1525)

Autor: José Willem Carneiro Paiva (UnB)

Resumo: Esta comunicação tem como objetivo discutir os aspectos fundamentais (problema,
hipóteses, fontes, método) da pesquisa que ora desenvolvemos no curso de doutorado do Programa de
Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília. O projeto de pesquisa propõe a interpretação
da teologia política de Thomas Müntzer (1489-1525) e da Guerra dos Camponeses na Alemanha (1524-
1525) como problema analítico a ser enfrentado pelas noções medievais e teorias contemporâneas da
sociedade corporativa. A pesquisa busca atuar em dois níveis: o primeiro é o do entendimento e análise
do objeto em seu próprio contexto, ou seja, entender o que Thomas Müntzer e a Guerra dos
Camponeses, com seus questionamentos das estruturas sociais e políticas da época, representam para
uma sociedade que entende a si mesma como um corpo dotado de partes que agem de acordo com sua
integridade e equilíbrio; no segundo nível, buscamos empreender uma discussão teórica sobre a
perspectiva contemporânea da sociedade corporativa da Idade Média a partir dos desafios e problemas
que o estudo do nosso objeto pode gerar. Para alcançar estes objetivos, procuramos analisar as fontes

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

através de um cruzamento exaustivo, onde os escritos de Thomas Müntzer e os programas da Guerra


dos Camponeses serão relacionados com sua comunidade de debate, que são as tradições protestantes e
a católica, com o intuito de situá-los no contexto maior da tradição cristã que desenvolveu a reflexão
teológica e eclesiológica que forneceu o paradigma interpretativo da sociedade como um corpo.

Palavras-chave: Thomas Müntzer; Guerra dos Camponeses da Alemanha; sociedade corporativa;


teologia política.

As intervenções editoriais e a instrumentalização das Examinações de Anne Askew

Autora: Thalyta Valéria Castro de Oliveira (UnB)

Resumo: As Examinações de Anne Askew – livro publicado pela primeira vez em duas partes nos
anos de 1546 e 1547 na Inglaterra – consistem em relatos autobiográficos das prisões, interrogatórios,
condenação e tortura da mulher que dá nome à obra. Anne Askew, de fé reformada, foi acusada e
condenada por heresia, sendo morta na fogueira em 1546. Ela ganhou fama como exemplo de martírio
cristão na Inglaterra e suas Examinações ganharam notoriedade que perdurou nos séculos seguintes.
Trata-se de um rico documento que, para a presente pesquisa, é analisado com foco não apenas na
dimensão religiosa da obra, mas privilegiando a instrumentalização da narrativa evidenciada pelas
intervenções editoriais de John Bale e John Foxe – os primeiros e mais importantes editores do texto
em questão. Para que isso fosse possível, a análise inicial do documento se deu em duas frentes: análise
das intervenções verbais (comentários e apontamentos em geral) e o exame pormenorizado das
imagens. Em seguida, essas duas dimensões foram comparadas com o texto principal, tornando
evidentes as estratégias empregadas pelos projetos editoriais de Bale e Foxe na remodelagem da obra e
na construção de Anne Askew como mártir da causa reformada.

Palavras-chave: Reforma Religiosa na Inglaterra, Cultura Impressa na Idade Moderna, Martírio.

O Livro dos Mártires e seu paratexto: transformações de 1563 a 1684

Autor: Rebeca Mylena Gouveia de Lima (UnB)

Resumo: O Livro dos Mártires, publicado primeiramente em solo inglês em 1563, consagrou seu
autor, John Foxe, como um dos principais nomes associados ao protestantismo inglês. Através de suas
diferentes edições, tem-se acesso a um conjunto de transformações paratextuais que caracteriza o Livro
dos Mártires como uma obra por meio da qual se fazem observáveis convenções tipográficas e
discursos que marcaram a trajetória da teologia protestante na Inglaterra. Considerando-se o paratexto
enquanto conjunto de produções verbais que acompanham o texto principal a fim de apresentá-lo, a
pesquisa aqui introduzida tem como objetivo compreender de que forma as alterações paratextuais,
observadas na inclusão ou retirada de elementos como prefácios, tabelas, comentários, índices, entre
outros, ao longo das diferentes edições, foram significativas para o desenvolvimento do Livro dos
Mártires no que se refere a sua elaboração, edição, distribuição e recepção. O corpus documental da
pesquisa corresponde, por sua vez, ao conjunto de 9 edições do Livro dos Mártires, publicadas nos

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

anos de 1563, 1570, 1576, 1583, 1596, 1610, 1632, 1641 e 1684.

Palavras-chave: Livro dos Mártires, John Foxe, Paratexto, Edições, Protestantismo.

A morte, a transfiguração e a vida: a reversão da pena capital de uma bruxa normanda do


século XVII

Autor: Erico Saad Campos (UnB)

Resumo: Este trabalho procura repensar os motivos que levam um acusado ou uma acusada de
bruxaria, na França do século XVII, a ter sua pena de morte revogada. Para isso, estudaremos
minuciosamente o julgamento de Marie Bucaille – ocorrido na região da Normandia, no ano de 1699 –
em perspectiva com a postura adotada pelos magistrados parlamentares no fim do século XVII quando
confrontados por julgamentos da mesma espécie. A particularidade do caso de Bucaille – registrado em
onze impressos publicados durante o intervalo de tempo no qual o Parlamento de Rouen reconsiderava
a pena de morte atribuída em primeira instância à acusada – parece jogar luz sobre motivações
envolvidas em uma reversão de veredito imperceptíveis quando o tema é abordado de maneira
macroscópica.

Palavras-chave: Bruxaria; França; Microanálise.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
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ST/04 – História oral, relações de gênero e sexualidades: abordagens


contemporâneas

Proponentes: Professor Ms. Clerismar Aparecido Longo (IDA/UnB), Professora Dra.


Eloísa Pereira Barroso (PPGHIS/UnB), Professor Dr. Mateus Gamba Torres (HIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: Laboratório de História Social (ICC Norte-módulo 20)

O presente Simpósio Temático tem como objetivo acolher propostas de trabalhos


que abordem, numa perspectiva histórica e multidisciplinar, a construção das identidades
de gênero e sexuais e suas interfaces com outros marcadores sociais – raça, classe,
geração, religião etc -, tendo como metodologia a história oral. Serão aceitos trabalhos
não só do campo da História, mas de várias outras áreas do conhecimento, dentre elas a
Sociologia, Antropologia, Psicologia, Filosofia, Educação, Artes, Turismo, Ciência
Política, Relações Internacionais, Geografia, Direito, dentre outras áreas que se
debruçam sobre a referida temática. Também serão bem-vindas pesquisas que versem
sobre: violência de gênero, em seus diferentes contextos; pedagogias de gênero e das
sexualidades; heteronormatividade; heterossexualidade compulsória; performatividades
de gênero; homoconjugalidades e outras formas de uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Aceitaremos, ainda, trabalhos que tratem sobre homofobia, lesbofobia, misoginia,
movimentos de mulheres e movimentos LGBT. Intenta-se, assim, abrir o leque de
possibilidades de discussão sobre as formas como os sujeitos experienciam os
significados de gênero, de sexo e das sexualidades; como suas identidades sexuais e de
gênero são construídas dentro dessa teia de significados que é a cultura; quais são os
desdobramentos das performatividades de gênero que, em diferentes contextos, burlam
determinadas normas culturais – o queer; como a violência de gênero e a violência
sexual vêm sendo experienciadas, e como os sujeitos, vítimas da violência, reagem e se
manifestam, por meio de movimentos sociais, em busca da igualdade de direitos e do
respeito à alteridade.
1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.
VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
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Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Relações de gênero no cotidiano de mulheres e homens em reassentamentos

Autora: Samara Letycia Moura Borges (UnB)

Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar as representações de gênero das mulheres e dos homens
do reassentamento São Francisco de Assis, situado no município rural de Porto Nacional (TO). O
reassentamento São Francisco de Assis foi criado em decorrência da construção da Usina Hidrelétrica
Luís Eduardo Magalhães. O presente trabalho está inserido nos estudos da História Cultural, nesse
sentido, as representações sociais é uma categoria de muita relevância no desenvolvimento dessa
pesquisa. Trata-se aqui de uma pesquisa ainda em andamento, sendo que a metodologia a ser utilizada é
a história oral. Serão entrevistas doze pessoas do reassentamento São Francisco de Assis. As narrativas
dos sujeitos que colaborarão com a pesquisa constituirão a fonte de análise da presente investigação em
curso. Para tanto, o trabalho é embasado na perspectiva de teóricos como Denise Jodelet, Serge
Moscovici, Joan Scott e Michael Pollak.
Palavras-chave: Gênero; Representação; Memória.

Realidades distópicas: diálogos entre história e literatura na reflexão sobre fazer historiográfico
e história das mulheres

Autora: Isabela Gomes Parucker (UnB)

Resumo: A história investiga não somente acontecimentos e fenômenos do passado, como também
maneiras de estudar, narrar e interpretar este passado. Em vista disso, a presente comunicação propõe
discutir as possibilidades de exame das relações entre os fazeres literário e historiográfico tanto no
âmbito da criação de representações para examinar, conhecer e compreender a experiência humana no
tempo, quanto de reflexão acerca da construção dessas representações. Assim, a partir da sugestão de
análise de obras distópicas de autoria feminina que têm como tema central debates sobre direitos e
controle reprodutivos de mulheres, procuro entender não apenas quais são as representações de um
fenômeno e de violências presentes na vivência e na história de mulheres, mas, sobretudo, como
podem ser elaboradas essas representações e como elas é possível articulá-las com a formulação de
discursos sobre o passado e a experiência feminina, bem como sobre o próprio ser mulher.
Palavras-chave: História. Literatura. Distopia. Mulheres. Controle Reprodutivo.

Representações de mulheres no contexto de construção de Brasília

Autor: José Gomes do Nascimento (UnB),


Outros co-autores: Larissa Brunnon Querino de Almeida (UniCEUB) e Anna Lorena Morais
Silva (UniCEUB)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: O projeto faz parte de uma pesquisa mais ampla, que busca analisar representações
construídas por e sobre mulheres durante o período da construção de Brasília. Nesta etapa foi realizado
o mapeamento de diversas fontes documentais que auxiliassem o cotejamento de dados acerca do tema,
como ocorrências policiais, registros de óbitos, carteiras de trabalho de mulheres e recortes de jornais.
As ocorrências policiais foram consideradas a documentação mais relevante para essa etapa de pesquisa,
pois contém o maior volume documental: são 10 livros-ata que registram 3.971 ocorrências de crimes
ocorridos entre os anos de 1957 e 1961, o que torna possível mapear as situações de violência às quais
as mulheres estiveram submetidas no contexto da construção. Nesse mapeamento foram identificadas
279 situações de crimes cometidos contra mulheres, presentes em 236 registros de ocorrências, sendo
em sua maioria denúncias feitas pelas próprias vítimas. Um número bem maior apresenta mulheres na
condição de envolvidas, como: denunciantes de violências cometidas contra outros, testemunhas ou
acusadas de algum crime. A fim de qualificar essas formas de violência, foram utilizadas as tipificações
estabelecidas pela Lei Maria da Penha (violência em âmbito familiar e doméstico) presente em 91
registros, e pelas violências classificados de acordo com Código Penal (crimes contra a pessoa e a vida
que não denominam especificamente a esfera familiar e doméstica), presentes em 145 registros. Há de
se ressaltar que as denúncias de violências contra mulheres - naquele período bem como nos dias de
hoje - se caracterizam por serem crimes sub-notificados, visto que estão inscritos em uma cultura
patriarcal e machista que desestimula, sobretudo, as denúncias de violências que ocorrem em âmbito
doméstico e àquelas que se referem a crimes sexuais. Assim, interessou mais compreender os tipos de
crimes cometidos e denunciados do que identificar um percentual representativo das violências às quais
às mulheres estiveram expostas naquele momento. Assim, este trabalho visa apresentar os resultados
dessa primeira etapa projeto, onde o panorama apresentado fornece um referencial muito significativo
para o desdobramento de pesquisas, bem como, a possibilidade de pensar transformações e
permanências em relação à situação histórica de violência contra mulheres no Brasil.
Palavras-chave: Construção de Brasília. Violência contra Mulheres. Ocorrências Policiais.

Violência contra as mulheres nos presídios da Ditadura Militar (1964-1985)

Autora: Giulia Bianca Bacarin Fay de Sousa (UnB)

Resumo: A pesquisa realizada busca trazer uma reflexão acerca das violências sexuais e de gênero
ocorridas nos cárceres da Ditadura Militar (1964-1985), levando em conta especialmente aquelas
sofridas pelas mulheres que foram presas políticas durante o período. A partir do capítulo décimo do
Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), dedicado à violência de gênero e à violência
contra crianças, surge a necessidade de se pensar sobre as razões e os significados de uma violência
específica contra mulheres, assim como sobre os elementos que a rodeiam, relacionando à questão da
militância política das presas. Levando em consideração a relevância da História Oral para a elaboração
de narrativas que geralmente são silenciadas pelos documentos oficiais, uma vez que estes geralmente
têm uma funcionalidade relacionada ao poder político dominante, foram analisados relatos orais
prestados por mulheres que foram presas políticas durante a Ditadura Militar. A partir da análise dos
depoimentos foi possível levantar alguns pontos, como a predominância masculina enquanto estrutura
da repressão e como essa oposição masculino/feminino e dá na hora da tortura, bem como o silêncio a
respeito da violência sexual sofrida, que geralmente dura mais do que o silêncio sobre a tortura em si.
Palavras-chave: Ditadura Militar, Violência contra a mulher e Violência de Estado.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Relações de gênero e práticas de tortura na ditadura civil militar brasileira (1964-1985)

Autora: Clerismar Aparecido Longo (UnB)


Outros co-autores: Eloísa Pereira Barroso (UnB)

Resumo: Baseada em relatos colhidos pela Comissão Nacional da Verdade, esta comunicação
apresenta uma discussão sobre as experiências de mulheres que lutaram contra a ditadura civil militar
brasileira de 1964. Tem como fito analisar, a partir de fragmentos de memórias subtraídos dos
depoimentos, como o gênero estruturou determinadas relações vivenciadas entre essas mulheres e os
órgãos e agentes repressivos do Estado ditatorial, quando, na qualidade de participantes dos
movimentos de esquerda, eram perseguidas por esses órgãos, e nas prisões, quando submetidas a
práticas de torturas física, sexual e psicológica.
Palavras-chave: Mulheres, Relações de Gênero, Ditadura Civil Militar, Tortura

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Maternidade e Violência de Gênero: quando a vida e a morte convivem nos mesmos espaços

Autora: Mariana Gonçalves Penna (UnB)

Resumo: Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto “GEOGRAFIAS DA REPRESSÃO:


Pesquisa histórica e políticas públicas para espaços da repressão durante a ditadura militar (1964-1985)
”, coordenado pela professora Adrianna Setemy. Esta pesquisa tem por objetivo analisar de que
maneira a maternidade foi uma condição feminina instrumentalizada por agentes da repressão a fim de
torturar mulheres detidas, entre 1970 a 1973, em dois espaços de repressão diferentes: o Departamento
de Ordem Política e Social (DOPS) de Recife e o Comando da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. Dois
casos específicos de mulheres que sofreram aborto decorrente da tortura enquanto presas foram
selecionados a partir dos depoimentos das vítimas civis recolhidos pela Comissão Nacional da Verdade.
A noção de violência de gênero adotada nessa pesquisa vai além da violação sexual, pois considera as
torturas simbólicas e físicas cometidas em função da condição de mulher como expressão desse tipo
específico de violência. A escolha do tema deste artigo surgiu a partir de questionamentos sobre a
violência cometida contra a mulher durante a Ditadura Militar, especialmente, contra mulheres grávidas
que foram encarceradas. De acordo com os depoimentos, as prisões iam muito além de sua função
primordial: nesses espaços nasciam crianças e bebês eram gerados. Portanto, além de analisar a gravidez
como uma condição instrumentalizada pelos agentes na repressão contra mulheres, a partir da memória
das vítimas civis pretende-se discutir que as experiências narradas revelam não somente a brutalidade e
a violência associada aos espaços de repressão, mas também uma grande diversidade de experiências
relacionadas a vivências ali experimentadas, sendo impossível limitar os presídios a um porão de
tortura.
Palavras-chave: Violência de gênero, Ditadura Civil-Militar, Maternidade

Homossexualidades na ditadura – Travestis e transexuais: uma análise sobre a representação

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

da imagem feminina marginal.

Autor: Mateus Henrique Siqueira Gonçalves (UnB)

Resumo: O presente artigo se encaminhou na proposta de evidenciar as representações que a


sociedade, intrinsecamente, ligadas aos meios de comunicação à época fizeram do corpo e das práticas
das travestis no eixo Rio de Janeiro-São Paulo durante os anos 1980. Nas evidências das representações
e, logicamente, dos discursos que se emitem das mesmas através da mídia impressa e áudio visual, é
possível enxergar às violências e desumanidades que as existências travestis enfrentaram durante o
declínio e fim da ditadura e do início da nova democracia. Muito para além do discurso moralista,
patriarcal, religioso, criminológico, médico-legal sobre corpos legítimos ou não, a questão da AIDS –
doença que surgiu de forma epidêmica durante a década de 1980 – também foi um fator crucial para o
recrudescimento da violência, do preconceito, contra às travestis.
Palavras-chave: História das Homossexualidades; Travestis; Gênero; Ditadura Militar.

Currículo e discussões de gênero em prol de uma escola mais democrática

Autora: Maria Beatriz Gomes dos Santos (UniProjeção)

Resumo: As questões sobre gênero ainda são temas de debate e de análise principalmente nas escolas,
e as matrizes curriculares feitas por elas nem sempre se dispõem a trabalhar com as discussões a
respeito deste âmbito ou quando se é trabalhado não são analisados como estão sendo empregados as
discussões a respeito desse assunto. Diante de tal cenário, o objetivo dessa pesquisa é questionar se a
escola tem efetivado as discussões de gênero. Para tal, será analisado o projeto “Mulheres
Inspiradoras”, desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental 12 (CEF12) de Ceilândia elaborado
pela professora Gina Vieira Ponte. Apple (2006) analisa que a formação do currículo enquanto área de
concentração de conhecimentos tem sua raiz no controle social. Nesse sentido, o controle social se
tornou o aspecto mais evidente do estudo do currículo, posto que o domínio dessa seleção cultural seja
essencial para a preservação de privilégios sociais e interesses do conhecimento dito legítimo. Nesse
sentido, é possível verificar que os estudantes recebem por meio dos currículos determinados
significados que são as prerrogativas para manutenção do afastamento de grupos menos favoráveis.
Sacristán (1998, p.124) corrobora a perspectiva de Apple sobre distribuição cultural. Isso significa dizer
que na escolarização não se aprende tudo e nem todos aprendem o mesmo, assim tanto Apple quanto
Sacristán apontam a investigação do conteúdo por meio do currículo como sendo fundamental para
compreender a reprodução cultural. É nesse sentido que essa pesquisa pretende indagar como o
currículo desenvolvido por essa escola rompe com a reprodução cultural e com a hegemonia
heteronormativa. Para tal compreensão, será utilizado como metodologia a análise documental como
forma de compreender as percepções e adequações de objetivos e organização da proposta em relação
a epistemologia feminista e à história das mulheres, utilizando como base para tais análises os trabalhos
desenvolvidos por Joan Scott, Michele Perrot e Margareth Rago. É importante ressaltar que a
justificativa para que este projeto de pesquisa possa se aprofundar no assunto, são as taxas altas de
feminicídio e os casos de homofobia. Não cabendo excluir a escola deste tipo de violência, visto que ela
também enfrenta problemas em sancionar as atitudes discriminatórias que ocorrem em seu ambiente, e
que envolvem principalmente as ações ligadas ao gênero e a orientação sexual afetando diretamente
seus alunos.
Palavras-Chave: Currículo, Gênero, Escola

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Promíscua, infiel e depravada: os usos das representações das práticas bissexuais contra a
rainha Maria Antonieta

Autora: Bianca de Sousa Guimarães (UnB)

Resumo: Objetivou-se abordar no artigo a forma como as representações da rainha Maria Antonieta
em práticas sexuais com homens e mulheres foram usadas para difamar a sua imagem política,
refletindo as ligações possíveis entre passado e presente, pensando as influências da estrutura social
patriarcal na política e sociedade francesas revolucionárias, e, por fim, também problematizando os
estigmas colocados às práticas bissexuais antes mesmo destas existirem enquanto uma identidade. Esta
análise utilizou como fonte os panfletos pornográficos que circularam nas ruas da França no período
pré-revolução, pensando os significados da iconografia sexualizada e suas ligações com o amplo
contexto revolucionário e iluminista francês.
Palavras-Chave: História das Mulheres; Representações Sociais; Mulheres na Revolução Francesa.

Cura para quase tudo: mapeamento social de raizeiros e raizeiras, patrimônio imaterial do
Distrito Federal

Autora: Eliana Aparecida Silva Santos Feitosa (UnB)

Resumo: O ofício de raizeiro ocorre em todo o território nacional, parte integrante do patrimônio
imaterial brasileiro, presente na memória e no dia a dia da sociedade através do conhecimento
tradicional sobre plantas ervas e seus usos. Este conhecimento é repassado de geração a geração através
da oralidade e convívio. O objetivo geral desta pesquisa é identificar e mapear os raizeiros do Distrito
Federal, analisando suas relações na dinâmica urbana e seu conhecimento tradicional construído e
compartilhado através da metodologia da História Oral. É importante destacar que chás, efusões,
garrafadas são historicamente utilizadas por populações em que o acesso à saúde formal é deficiente ou
ainda inexistente. O conhecimento tradicional faz parte da identidade e cultura do raizeiro que vive no
Distrito Federal.
Palavras chave: História Oral, Memória, Raizeiros, Mapeamento Social.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/05 – Culturas políticas nos anos da ditadura

Proponente: Professora Dra. Teresa Cristina Novaes Marques (PPGHIS/UnB)

Local no dia 19: Sala de Reuniões da Filosofia (ICC Norte-módulo 24)


Local no dia 20: Sala Aquário (ICC Norte-módulo 24)

A partir da leitura que Formisano (2001) oferece do conceito de Cultura Política,


este ST pretende reunir trabalhos que explorem os aspectos comportamentais de grupos
políticos não hegemônicos nos anos de repressão política no Brasil, isto é, que
linguagem os grupos escolhem para expressar as suas insatisfações políticas. Além de
oferecer um espaço de debate sobre dinâmicas políticas de grupos não integrados no
sistema político institucional, o ST busca reunir, em abordagem comparativa, estudos
sobre grupos políticos cuja identidade se baseie no questionamento das relações de
gênero e raciais da sociedade brasileira.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Sob o olhar da espionagem: o papel do movimento estudantil mineiro contra a Lei Suplicy
(1964-1967)

Autor: Alexandre da Silva Braz (UFF)

Resumo: Após a derrubada de João Goulart da Presidência da República no final de março de 1964,
viu-se, mais uma vez, a constituição de um novo regime ditatorial no Brasil. O golpe civil-militar abriu
as portas para uma série cassação de mantados parlamentares, fechamento de associações
representativas e perseguições a diversos movimentos sociais; e, também, deu início a um processo de
construção de uma estrutura burocrática-autoritária, cuja função era promover a espionagem, produzir

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

informações, contrainformações e, sobretudo, realizar operações de repressão contra o ‘’inimigo


interno’’. A partir disso, a proposta deste artigo consiste em analisar as ações da Ditadura Militar de
neutralizar as atividades do movimento estudantil – com maior ênfase ao movimento estudantil de Belo
Horizonte; e focalizaremos nossa pesquisa sobre as comunidades de informações e o aparato repressivo
que aturaram sobre a Universidade Federal de Minas Gerais, analisando quais eram suas matrizes
ideológicas, como funcionavam os complexos mecanismos de controle e coletação de informação e,
principalmente, suas formas de atuação sob o movimento estudantil mineiro. O estudo da
documentação produzida pelo aparato repressivo do Regime Militar nos mostrará a grande atuação e
vigilância de dois atores políticos atuando naquela universidade: a Infantaria Divisória da 4ª Região
Militar e a agência de vigilância, o Serviço Nacional de Informação, estabelecendo contato direto com o
Reitor e os diretores das Unidades Universitárias, autorizando o início do ano letivo, ordenando a
instalação de Comissões de Inquérito para investigar atividades subversivas envolvendo docentes,
discentes e funcionários públicos da Casa, assim como promovendo diversas intervenções militares na
UFMG por considerá-la uma célula comunista. A documentação aqui analisada aponta como a
vigilância sobre o movimento estudantil da UFMG foi intenso entre 1964 a 1967. Alunos brasileiros e
estrangeiros acusados de atividades subversivas foram investigados, Diretórios Acadêmicos e o
Diretório Central dos Estudantes tiveram seus direitos de representação suspensos e suas instalações
fechados inúmeras vezes por não criarem um Regimento nos moldes da Lei Suplicy. Dessa forma,
buscaremos apontar como a UFMG e o ME foram fortemente atacados, direta e indiretamente, e
vigiados pelo aparato repressivo. Mais do que isso, mostraremos como a universidade teve sua
autonomia ferida e como o Estado autoritário que ali se constituía buscava desarticular e neutralizar o
ME, criando novas entidades de representação controladas pelo MEC e legislações que o proibiam os
estudantes de exercerem sua liberdade de expressão e associação.

Palavras-chaves: Ditadura Militar; Cultura Política; Comunidade de Informações.

A vida cultural brasiliense face à Ditadura Militar: possibilidades e limitações

Autora: Amanda de Oliveira Passos (UnB)

Resumo: O objetivo principal deste artigo é realizar uma análise de parte da vida cultural brasiliense
frente à censura da ditadura militar, com enfoque mais específico no ano de 1976. O interesse principal
é demonstrar a quantidade de dados levantados em relação à esta vida cultural mesmo com a censura
comum à época. À luz da análise de uma série de matérias do Jornal de Brasília 1, propõe-se levantar um
debate acerca dos limites e possibilidades de arte e cultura no Distrito Federal durante o período
ditatorial.

Palavras-chave: Jornal de Brasília, Ditadura Militar, Vida cultural.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Por uma história social das memórias da ditadura militar brasileira

Autora: Natália Batista (USP)

Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar os debates históricos e historiográficos contidos


no livro “A ditadura aconteceu aqui: a história oral e as memórias do regime militar brasileiro”
organizado por Carolina Dellamore, Gabriel Amato e a autora desta proposta, Natália Batista. O livro
apresenta aos leitores uma abordagem sobre um passado-presente da história brasileira – a ditadura
militar. Ele tentou contemplar temas e sujeitos diversos, observados a partir de pressupostos teórico-
metodológicos diferentes entre si, mas que têm em comum a utilização da história oral nas pesquisas e
nas narrativas históricas contempladas. Em conjunto, pode-se dizer que os textos afirmam: A ditadura
aconteceu aqui, entre nós, e muitas são as vozes que podem narrar os traumas, os jogos de estratégias e
táticas, os afetos e as experiências vivenciados neste contexto. Para situar o livro e suas motivações, é
preciso responder uma importante pergunta: Qual o lugar da história oral e das memórias sociais no
estudo da ditadura militar no Brasil? Algumas peculiaridades do longo regime autoritário que vivemos
entre 1964 e 1985, tornam a resposta desta questão plena de matizes e tensões. É preciso destacar que a
própria longevidade do regime permitiu, de maneira contraditória e paradoxal, a sedimentação de
muitas memórias daquela experiência histórica ainda durante sua vigência política. A partir destas
problematizações convidamos uma gama diversa de pesquisadores que realizaram trabalhos de campo
em história oral para participar do projeto. A ideia é sublinhar a diversidade das memórias sobre a
ditadura e, por isso, há historiadores que trabalham com diferentes grupos sociais: mulheres militantes
da luta armada, artistas do teatro de resistência, operários da Cidade Industrial de Contagem, militares,
estudantes universitários que participaram do Projeto Rondon, familiares de mortos e desaparecidos,
militantes dos movimentos negros, moradores das regiões de guerrilha que se aproximaram das Forças
Armadas, moradores das agrovilas da Transamazônica, populações indígenas, anarquistas, pessoas
LGBT+, presos políticos. Nos trabalhos que compõem essa publicação, as fontes orais dialogam com
fontes escritas, com o tempo em que foram produzidas e com os tempos em que foram re/vividas,
buscando compreender os conflitos, as disputas e os interesses que permeiam as memórias narradas. A
ditadura aconteceu aqui, é preciso que saibamos. Mas não teve forma única e nem teve ponto final.
Nunca terá. No entanto, ouvir os sujeitos que a viveram, tentar compreender como suas lembranças
compõem o nosso presente e colocar suas narrativas em perspectiva pode ser uma forma de
compreender os deslocamentos do presente.

Palavras-chave: Ditadura Militar; História Oral; Memória.

O feminismo de Heloneida Studart na obra "Mulher Objeto de cama e mesa"

Autora: Lorena Coutinho (UnB)

Resumo: A relação entre história e literatura é uma relação válida e longa, que apesar de não saciado os
debates, dispuseram em favor da harmonia entre ambos. Portanto, neste presente trabalho pleiteamos
discorrer a respeito da cultura feminista da década de 1970, tendo como locus de pesquisa o livro,
Mulher objeto de cama e mesa escrito em 1974, por Heloneida Sturdat, escritora, jornalista, feminista e
posteriormente deputada pelo MDB. A autora usa uma linguagem direta que mostra a condição da
mulher naquele momento histórico, denunciando os abusos impostos e levantando-se contra o

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

padroado imposto a elas. Carregada de uma escrita jornalística e cheio de imagens o livro é didático,
deixando claro os pontos levantados e criticados pela autora. Traços que saltam do livro e que
distinguimos como pertencentes a uma cultura política própria ao movimento feminista brasileiro da
década de 1970. Usitamos como corpus documental, a primeira edição da obra de 1974. O suporte
teórico pautara-se nos autoras como Joana Maria Pedro e Cynthia Sarti entre outros, ajudaram a ter
conhecimento a respeito do Movimento Feminista na década de 1970; Serge Berstein e Ronald
Formisano auxiliaram nas análises sobre Cultura Política. Este estudo pretende colaborar nos debates a
respeito de História e Literatura, Ditadura Civil–Militar e Cultura Política e estes eixos temáticos
articulados com o tema movimentos feministas; refletiremos as mudanças no pensamento das mulheres
militantes e a política que exerciam. Sendo parte de um trabalho maior, ainda não chegou a maturação e
conclusões satisfatórias, assim sendo, não apresentar-se-á dados perfeitos e sim pontos que os
suscitaram.

Palavras-chave: Ditadura civil-militar; Feminismo; Literatura.

Memória e Identidade: imaginários sobre a ditadura no processo de guerrilha urbana no eixo


Goiânia/Brasília

Autor: Vinicius Victor do Prado Pereira (UnB)

Resumo: Inserido no contexto de oposição ao governo implantado em 1964 o processo de guerrilha


urbana cresce após 1968 e se estabelece para combater o regime vigente; nesse trabalho busca-se o
entendimento dos movimentos de guerrilha em Goiânia e Brasília nos anos dos militares no poder, sob
a ótica da 11ª Circunscrição Judiciária Militar. O objeto aqui discutido é a análise do imaginário sob o
viés do processo de guerrilha urbana nas cidades de Brasília e Goiânia e a construção do conceito de
subversão ligado aos guerrilheiros. Sob a ótica dos militares envolvidos nesse processo a questão do
imaginário proposto como uma relação de contraposição de pensamentos, nesse caso dos militares e
das organizações ligados aos setores de esquerda. Apoiado pela perspectiva da História Social e Cultural
há um processo de questionamento das fontes, sendo essas fontes questionadas ao conceito de
imaginário construído pelos militares. As informações desse trabalho aproximam o objeto da pesquisa
ao interlocutor dessas duas capitais, assim como para aqueles que se interessarem pelas relações sociais
construídas nesse período. A posição do ministério público da 11ª CJM acerca dos réus é construída
sob o Decreto-Lei n° 898/69 e o n°510/69, assim o Estado é usado como legitimador essas acusações
e posteriormente condenações dos réus como inimigos do estado foram julgados e sentenciados
perante um órgão da justiça militar. A guerrilha é analisada nas duas cidades de atuação se não
expressiva pelo menos existente, a fonte coliga os movimentos nas cidades; sendo assim o conceito de
inimigo interno é atrelado não somente a atividades de guerrilha, mas como influenciadores políticos da
população.

Palavras-chave: guerrilha, ditadura, imaginário.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
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1968 e a política criminal de drogas brasileira

Autor: Luiz Henrique Santos Brandão (UnB)

Resumo: A Ditadura Militar não foi o primeiro exemplo da aplicação da política de perseguição aos
usuários de drogas no Brasil, no entanto, o golpe de 1964 pode ser considerado como uma espécie de
divisor de águas na medida em que passa a associar o uso de drogas aos movimentos de ‘subversão’
política. Esta associação marca a transição do modelo sanitário – comum ao Segundo Reinado e à
Primeira República –, para o bélico. Em 1964, a Lei nº 4.483 cria o Serviço de Repressão a Tóxicos e
Entorpecentes e reorganiza os departamentos de Polícia Federal de modo a expandir e radicalizar o
controle e a vigilância policial sobre o cotidiano. Mais tarde, utilizando-se dos poderes instituídos pelo
parágrafo 1º do artigo 2º do recém decretado Ato Institucional de nº 5, o general Costa e Silva introduz
uma série de alterações legais no artigo 281 – que tipificava o crime de tráfico –, por meio do Decreto-
Lei de nº 385. Entre as principais mudanças, vale destacar a equiparação das penas previstas para
usuário e traficante (§ 1º, inciso III), marcando um distanciamento do modelo de diferenciação. Trata-
se de um padrão legiferante sintomático da radicalização do Sistema de Segurança Nacional, que
produziu extensa estrutura legislativa dirigida ao combate do ‘inimigo’ interno. O estranhamento que
conduzirá minha análise é, portanto, o de que a Constituição de 1988 não só não revê a Lei de Tóxicos
produzida pela ditadura como radicaliza o modelo repressivo, equiparando o crime de tráfico aos
crimes hediondos no que diz respeito ao processo penal. Assim, a partir de 1988, o “tráfico ilícito de
entorpecentes” passa a ser punido com o mesmo rigor que crimes como tortura, estupro e terrorismo,
não sendo suscetível à fiança nem anistia e com pena fixada em até 15 anos em regime fechado (mais
do que o dobro previsto pela lei anterior).

Palavras-chave: Ditadura Militar; Guerra às Drogas; CF88; Lei de Drogas;

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


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ST/06 – Escola Democrática, Escola Cidadã: Os desafios da igualdade/diferença

Proponentes: Professora Dra. Dayane Augusta Santos da Silva (IFB); Professora Dra.
Diva do Couto Gontijo Muniz (UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 07 – Faculdade de Direito

Propomos um amplo e diversificado espaço para reflexão e compartilhamento de


experiências e conhecimento acerca das abordagens de gênero/ raça / classe nos
currículos de ensino de história e nas práticas docentes cotidianas, nos três níveis de
ensino. Entendendo a escola como campo político, atravessado por tensões e disputas,
por relações de poder, pretendemos, nesse espaço, pensar e agir em relação aos desafios
contemporâneos para a construção de uma escola cidadã, comprometida com o projeto
político de respeito ás diferenças, sem abrir mão, porém, do direito de igualdade das
pessoas ao ensino gratuito e de qualidade. Com tal propósito, investe-se, nesse simpósio,
na possibilidade de abrigar múltiplas experiências de ensino, de pesquisa e de projetos
pedagógicos da área de história/humanidades no ensino fundamental, médio e/ou
superior.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

O Livro Didático como Tecnologia de Gênero: uma análise da forma como as mulheres são
apresentadas na Coleção História de Editora Saraiva

Autora: Valéria Fernandes da Silva (Colégio Militar de Brasília)

Resumo: O livro didático é o principal instrumento de trabalho de professores e alunos e as mulheres


são o grande ausente da História ensinada nas escolas. Ainda que nas últimas duas décadas os estudos

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

de gênero e as pesquisas com os livros didáticos tenham suscitado reflexões e críticas aos silêncios em
relação às mulheres e outras minorias, como os negros, os LGBTQ, e outros grupos sub-representados,
o material que chega às nossas escolas ainda se mostra insuficiente, seja para preencher lacunas, seja
para discutir novas possibilidades para o estudo da disciplina. A questão da representação das chamadas
minorias – mulheres, negros, indígenas, jovens, crianças, etc. – nos livros que chegam às mãos de
nossos estudantes tem impacto direto na construção do imaginário dos alunos e alunas sobre os mais
diversos grupos sociais e sua atuação ao longo da História. Em nosso trabalho, vamos analisar a forma
como as mulheres são representadas, ou são silenciadas, em uma coleção que consta no último do
PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), os volumes 1, 2 e 3 da coleção História da editora
Saraiva, de autoria de Ronaldo Vainfas, Sheila de Castro Faria, Jorge Ferreira e Georgina dos Santos a
partir da perspectiva dos Estudos Feministas e de Gênero, isto é, percebendo a literatura em questão
como tecnologias de gênero que atuam na construção de homens e mulheres, assim como na percepção
das relações e hierarquias de gênero e na percepção do mundo para além da sala de aula.

Palavras-Chave: Livro didático, Mulheres, gênero.

Cinema e história das mulheres: possibilidades para o ensino de História

Autora: Rebecca Maria Queiroga Ribeiro (UnB)

Resumo: Neste artigo, discutimos as possibilidades de abordagem de dois filmes históricos –


Alexandria (2009) e Joana D’Arc de Luc Besson (1999) – no ensino de história das mulheres.
Apresentamos algumas análises e orientações pedagógicas, tendo em vista as possibilidades de
utilização dos filmes históricos enquanto recursos didáticos que visam um ensino de história que
promova a historicização da violência contra as mulheres. Em um primeiro momento, pretendemos
realizar algumas observações pontuais acerca das representações de gênero e do recurso didático do
filme histórico em sala de aula, definindo o que consideramos como filme histórico e sua contribuição
para o ensino de História. Em seguida, propomos algumas possibilidades de leituras guiadas por dois
filmes históricos específicos: Alexandria (2009) e Joana D’Arc (1999). Entendemos que é fundamental
que as/os professoras/es promovam a desnaturalização de concepções de gênero que ainda são base
para práticas e discursos de discriminação e violência contra as mulheres em nossa sociedade, e que o
cinema abra espaço para esses debates, por permitir um momento de crítica e análise acerca do
contexto histórico visto em tela, assim como a forma com que o filme se apropria do discurso
historiográfico. Os filmes históricos enquanto recursos didáticos podem suscitar uma série de
questionamentos sobre a história e as representações das mulheres e das relações de gênero, podendo
de alguma forma colaborar na educação para a igualdade de gênero e enfrentamento da violência contra
as mulheres no tempo presente. Os filmes selecionados neste artigo representam contextos históricos
que estão sempre presentes nos livros didáticos – Alexandria versa sobre a cristianização do Império
Romano, enquanto Joana D’Arc aborda a Guerra dos Cem Anos – e, muitas vezes, não vemos a
presença das mulheres nesses contextos em sala de aula. A proposta de abordagem dos filmes
históricos levanta reflexões sobre a violência de gênero presente nesses contextos, questionando sobre
as mulheres durante os períodos analisados. Essa proposta coloca em evidencia a história das mulheres,
com o objetivo de promover um ensino de história que esteja preocupado em desnaturalizar
concepções de gênero e questionar os mecanismos de exclusão e opressão das mulheres na história.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Currículo e discussões de gênero em prol de uma escola mais democrática

Autoras: Karoline Rabelo de Andrade (UniPROJEÇÃO) e Celly Cristinne Caldas Frota


(UniProjeção)

Resumo: As questões sobre gênero ainda são temas de debate e de análise principalmente nas escolas,
e as matrizes curriculares feitas por elas nem sempre se dispõem a trabalhar com as discussões a
respeito deste âmbito ou quando se é trabalhado não são analisados como estão sendo empregados as
discussões a respeito desse assunto. Diante de tal cenário, o objetivo dessa pesquisa é questionar se a
escola tem efetivado as discussões de gênero. Para tal, será analisado o projeto “Mulheres
Inspiradoras”, desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental 12 (CEF12) de Ceilândia elaborado
pela professora Gina Vieira Ponte. Apple (2006) analisa que a formação do currículo enquanto área de
concentração de conhecimentos tem sua raiz no controle social. Nesse sentido, o controle social se
tornou o aspecto mais evidente do estudo do currículo, posto que o domínio dessa seleção cultural seja
essencial para a preservação de privilégios sociais e interesses do conhecimento dito legítimo. Nesse
sentido, é possível verificar que os estudantes recebem por meio dos currículos determinados
significados que são as prerrogativas para manutenção do afastamento de grupos menos favoráveis.
Sacristán (1998, p.124) corrobora a perspectiva de Apple sobre distribuição cultural. Isso significa dizer
que na escolarização não se aprende tudo e nem todos aprendem o mesmo, assim tanto Apple quanto
Sacristán apontam a investigação do conteúdo por meio do currículo como sendo fundamental para
compreender a reprodução cultural. É nesse sentido que essa pesquisa pretende indagar como o
currículo desenvolvido por essa escola rompe com a reprodução cultural e com a hegemonia
heteronormativa. Para tal compreensão, será utilizado como metodologia a análise documental como
forma de compreender as percepções e adequações de objetivos e organização da proposta em relação
a epistemologia feminista e à história das mulheres, utilizando como base para tais análises os trabalhos
desenvolvidos por Joan Scott, Michele Perrot e Margareth Rago. É importante ressaltar que a
justificativa para que este projeto de pesquisa possa se aprofundar no assunto, são as taxas altas de
feminicídio e os casos de homofobia. Não cabendo excluir a escola deste tipo de violência, visto que ela
também enfrenta problemas em sancionar as atitudes discriminatórias que ocorrem em seu ambiente, e
que envolvem principalmente as ações ligadas ao gênero e a orientação sexual afetando diretamente
seus alunos.

Palavras-chave: Currículo, Gênero, Ensino, Escola.

Discutindo representações de gênero em sala de aula: relato de uma experiência com


estudantes do ensino médio de uma escola pública de Taguatinga - DF (2017).

Autora: Ana Vitoria Sampaio Castanheira Rocha (UnB)

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo relatar a experiência com a oficina "História das
representações de gênero" associada ao projeto de extensão "Mbopyau - Ensinando Histórias do
Possível", da Profª. Drª. Susane Rodrigues de Oliveira (Departamento de História - UnB). As oficinas
foram ministradas por alunas e alunos dos cursos de graduação e pós-graduação em História desta
Universidade, que por meio de imagens, dinâmicas e discussões, levaram para três turmas do Ensino
Médio de uma escola pública de Taguatinga - DF, o debate sobre a desigualdade entre homens e

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

mulheres. Os objetivos das oficinas eram registrar, discutir e também questionar estereótipos de gênero
que ainda estão em circulação na sociedade, perpetuando o sexismo e a misoginia entre as gerações
mais novas. Em contrapartida, foram apresentados exemplos de mulheres na Historia que questionam
tais representações, confrontando diretamente a desigualdade de gênero.

Palavras-chave: Representações de Gênero, História das Mulheres, Projeto Mbopyau.

O PNLD em suas redes interdiscursivas: Análise de Editais de Convocação do Programa


Nacional do Livro e do Material Didático

Autor: João Rodrigues Quaresma Neto (UnB)

Resumo: Esse trabalho aborda editais de convocação do que, atualmente, se chama Programa
Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Nesses editais, estão especificadas as características
que os livros didáticos devem possuir para serem distribuídos no âmbito do PNLD. O foco dessa
exposição oral recai sobre os itens relativos à formação cidadã, a saber, itens que tratam particularmente
da questão étnico-racial e de gênero. O fio condutor dessa apresentação, então, é o questionamento
sobre os possíveis impactos desses itens para a elaboração dos livros voltados para o ensino de história.
Com esse intuito, optamos por selecionar como fontes os editais do PNLD 2015 ao PNLD 2020.
Assim, podemos demonstrar as permanências e mudanças nos últimos ciclos desse programa para o
ensino de história no que concernem os referidos itens.

Palavras-chave: Editais, PNLD, Ensino de História.

O lugar da História africana nos livros didáticos: reflexões acerca da coleção “História Global”

Autora: Adínia Santana Ferreira (UnB)

Resumo: O presente trabalho objetiva analisar o lugar que a História da África ocupa nos três volumes
da coleção didática “História Global”, selecionada para o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) de 2018. Assinados por Gilberto Coutrim e publicados no ano de 2018, os livros são
direcionados ao público que cursa o Ensino Médio da Educação Básica. Procuraremos mostrar as
representações sobre o continente presentes nos textos e nas imagens inseridas no corpo das obras,
atentando-se para as os assuntos priorizados, omitidos ou silenciados. A investigação aqui proposta
nasce da busca por obter um quadro que informe como a África vem sendo retratada nos manuais
didáticos, haja vista que a elaboração deste tipo de literatura é influenciada por programas
governamentais, pelo mercado editorial e por currículos nacionais e estaduais.

Palavras chave: História da África, Livro Didático, Representações, Ensino de História.

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Eugenia, Infância e Educação no Brasil a partir das publicações do Boletim de Eugenia (1929-
1933).

Autor: Douglas de Araújo Ramos Braga (Colégio Militar de Brasília)

Resumo: A Eugenia, termo cunhado pelo cientista britânico Francis Galton, surgiu em meados do
século XIX como a ciência do aprimoramento humano. Em meio ao cientificismo e às discussões sobre
evolucionismo e hereditariedade, Galton acreditava ser possível aprimorar o estoque genético humano
por meio da seleção e reprodução daqueles indivíduos considerados adequados. As ideias eugênicas se
espalharam por várias regiões do mundo no início do século XX, ora enfatizando políticas de
matrimônio e perpetuação de determinados agentes, ora medidas mais “duras”, como esterilização
compulsória e eutanásia. A Eugenia, assim, apresentou um caráter polimorfo, com especificidades e
discussões variadas nos diversos países em que se desenvolveu. No Brasil, a Eugenia cresceu
especialmente a partir dos anos 1910, com a fundação da Sociedade Eugênica de São Paulo e a atuação
preponderante do médico paulista Renato Kehl. Dentro de um contexto em que as elites e intelectuais
brasileiras se preocupavam em levar o país em caminho à “modernidade” e “civilização”, as ideias
eugênicas encontraram grande acolhida, embora não sem resistências e nem discussões sobre sua
validade, ou mesmo entre os eugenistas brasileiras sobre questões-chave naquele momento histórico,
como a mestiçagem e o branqueamento da população. A fundação do Boletim de Eugenia, em 1929,
foi um marco neste processo, sendo a primeira publicação voltada exclusivamente para a propaganda
eugênica criada no Brasil, seguindo a linha de seu criador, Renato Kehl. Neste mesmo período, crescia a
preocupação com a infância, sua educação e formação, vista como elemento fundamental para o
crescimento e regeneração da nação, com uma série de discussões e políticas sendo elaboradas em
torno da população infantil. Medidas eugênicas eram entendidas como fundamentais para a gestação e
bom crescimento das crianças. Neste sentido, entendendo a Eugenia como um movimento científico e
social, buscaremos analisar como o Boletim de Eugenia, durante o período em que foi publicado (1929-
1933), buscou difundir determinadas ideias, representações e políticas sobre e para a infância, tema
ainda pouco explorado na historiografia da Eugenia, visando aprofundar a relação entre teorias
eugênicas e infância no Brasil.

Palavras-Chave: Eugenia; Infância; História do Brasil.

20 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Concepções e sentidos de história e ensino de história na Educação Básica do Distrito Federal:


o caso do Centro de Ensino Médio 02 da Ceilândia

Autor: João Pedro Sales Fernandes (UnB)

Resumo: O ensino de história aparece quase que de forma naturalizada entre os que vivenciam a
educação básica no Brasil. É por isso que, longe dos ambientes acadêmicos, acabamos não refletindo

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com a devida profundidade sobre as concepções e sentidos que são atribuídos e gerados a partir do
ensino de história. Nas salas de aula coexistem diferentes sentidos sobre o passado e se constroem
diferentes relações entre estudantes e o estudo das atividades humanas no passado. Pensando na
importância de tais acepções, este trabalho busca conferir alguns desses significados atribuídos por
estudantes do Terceiro Ano do Ensino Médio do Centro de Ensino Médio 02 (CEM 02) da Ceilândia,
Região Administrativa do Distrito Federal. Para atingir esse fim, foi realizada uma oficina em três
turmas do Terceiro Ano, com aplicação de questionários que tentavam traduzir os sentidos atribuídos
pelos/as estudantes à palavra “história”, a importância dada ao seu estudo e de que formas acreditavam
que ela aparecia em suas vidas fora do ambiente escolar (cinema, jogos, televisão, etc.). A partir da
análise dos discursos produzidos nos questionários, podemos traçar alguns apontamentos sobre o
modelo de ensino de história e os conteúdos adotados na educação básica brasileira, ainda pautado pelo
eurocentrismo e com pouco diálogo com a maioria da população brasileira (JOSÉ DA SILVA;
MEIRELES, 2017). A partir deste trabalho, pensando no rompimento com os legados do colonialismo,
podemos pensar em novos objetivos para o ensino de história. Tendo em vista uma perspectiva
decolonial e visando ao direito ao passado (OLIVEIRA, 2014), é possível construir uma nova relação
entre a sociedade brasileira e o seu passado.

Palavras-chave: ensino de história; passado; educação básica; decolonialidade.

Vivas histórias de vida: ensino-aprendizagem de história como possibilidade transformadora


no Recanto das Emas, DF.

Autor: Jorge Artur Caetano Lopes dos Santos (Secretaria do Educação do DF)

Resumo: Entre 2014 e 2018, realizei pesquisa na cidade-satélite do Recanto das Emas, região
administrativa do Distrito Federal, em que analisei e dialoguei com relatos memorialísticos de
moradoras dessa localidade. As narrativas de mulheres, todas elas avós de alunas e alunos de uma escola
dessa cidade, permitiram dar a ver e a ler as possibilidades de narrar esse espaço urbano, sua
espacialidade, entre outros eixos-temáticos que faziam desse lugar um espaço no sentido proposto por
Michel de Certeau. Esse trabalho encontra-se em minha tese de doutorado defendida em março desse
ano no PPGHIS - UnB. No presente ano, a pesquisa, que ao contrário da tese não finda, retornou para
o espaço escolar de onde havia me licenciado. Trago, portanto, no presente texto algumas análises dos
resultados do diálogo entre a pesquisa acadêmica e minha prática de ensino-aprendizagem de história
em dez turmas de 6º ano do ensino fundamental. Essa análise é pautada pelo meu interesse de romper
com os ranças tradicionais da escola costumeiramente praticada nas salas de aula dos diferentes níveis
de ensino. Dessa forma, quatro são as questões aqui destacadas: a relação história, memória e
identidade na sala de aula tendo em vista a promoção de novas formas de subjetividade indicada por
Foucault; histórias de vida e história local como alternativas significativas ao quadripartismo
europeizante tradicional; a valorização da diversidade e a pluralização dos sujeitos como eixo transversal
das práticas escolares.

Palavras-chave: Ensino de história, Memória, Histórias de vida.

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"O Mulato" como veículo para representar/problematizar o Brasil


oitocentista nas aulas de história

Autor: João Pedro Pereira Rocha (UFG)

Resumo: A historiografia, ao longo de seu desenvolvimento, registrou transformações significativas


que modificaram a forma como historiadores observariam o passado. Essas mudanças podem ser
visualizadas desde as raízes cientificas do conhecimento histórico, em fins do século XIX, até a
atualidade. Nos anos 1980, aproximadamente, emerge uma tendência que procurou repensar a relação
entre História e Antropologia sobre aspectos diferentes daqueles registrados anteriormente, surge assim
à Nova História Cultural. No contexto da Nova História Cultural o passado enquanto representação
ganhou destaque em pesquisadores como Roger Chartier (2006) (1988) causando forte influência nas
pesquisas históricas e, atualmente, permitindo (re) pensar o conhecimento histórico nos diversos
espaços, a exemplo do escolar. Nesse sentido, é objetivo do presente trabalho analisar o modo como,
por meio da literatura, a representação, em sua relação com o passado, pode servir ao ensino de história
em consonância com a proposta para Educação das Relações Étnico-Raciais, e que orienta as políticas
da diversidade para a Educação Básica. Para tanto, construímos um percurso metodológico atento à
relação entre história, literatura e ensino. Essa relação é possível a partir de um posicionamento que
pensa o romance O Mulato (1881), de Aluísio de Azevedo, como fonte para análise/discussão, nas
aulas de história, e em aproximação com Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. O romance,
assinalado, serve como caminho de possibilidade, por meio do qual professore e estudante, podem
verificar o modo como, no Brasil do século XIX, o preconceito racial se manifestava em meio às
relações sociais. Tratado como representação do passado o romance O Mulato permite o diálogo com
outras linguagens, a exemplo da própria literatura (quando do uso do romance Úrsula, por exemplo,
entre outros), de charges e da imprensa que, no contexto do século XIX, expunha as dificuldades
impostas à população africana e afrodescendente no Brasil do período. Assim, e como possibilidade
para o ensino de história, as representações históricas possíveis por meio, e a partir, de O Mulato
permitem ao ensino da História problematizar o passado à luz da configuração social em sua relação
com o preconceito racial e o(s) lugar (es) do negro no desenvolvimento da sociedade brasileira.

Palavras-Chave: Ensino de História. Literatura. Representações.

A universidade agindo na sociedade: o PADU/UFT e o acesso democrático a universidade

Autores: Walkeny Izidio Soares Macêdo (UFT), Maycon Dougllas Vieira dos Santos (UFT) e
Wedster Felipe Martins Sabino (UFT)

Resumo: O Programa de Acesso Democrático à Universidade - PADU, foi criado pela Pró-Reitoria de
Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEX) da Universidade Federal do Tocantins, em 2010
e normatizado pela Resolução do CONSEPE nº 09 de 15 de abril de 2015 (CONSEPE/UFT, 2015). O
Programa tem como objetivo agregar e fortalecer cursos preparatórios (Pré-Vestibulares) existentes nos
Campus da UFT e nas comunidades vizinhas. É composto por estudantes de graduação que, bolsistas
ou voluntários, atuam como Professores de suas respectivas áreas. As atividades do PADU/UFT
relatadas aqui são realizadas no Campus de Porto Nacional, em parceria com o Colégio Estadual
Angélica Ribeiro Aranha. Os encontros, abrigados pelo Colégio, acontecem aos sábados e são

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18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
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compostos por duas aulas diversas, com a duração de uma hora e meia cada. Além das aulas, os
professores-voluntários, junto aos Coordenadores do PADU preparam atividades de integração dos
estudantes ao Campus da UFT, como simulados, visita aos laboratórios e apresentação dos Cursos de
Graduação da Universidade. O projeto nasce, com a preocupação de minimizar a exclusão histórica de
determinadas classes e/ou grupos minoritários de nossa sociedade no que diz respeito ao acesso dos
mesmos a uma educação pública, gratuita e de qualidade. Temos como consensual a tamanha
desigualdade que há entre estudantes de escolas públicas e privadas e como essa questão afeta
diretamente no ingresso ou na restrição desses estudantes ao ensino superior. Tendo em vista os
desafios que essas iniciativas possuem, o presente trabalho pretende relatar as experiências vivenciadas
pelos professores voluntários do programa, na tentativa de captar quais as dificuldades enfrentadas no
decorrer do projeto, bem como, descrever as ações realizadas durante o ano de 2018, que exigiram de
bolsistas, voluntários e estudantes certo esforço para além das quatro paredes da Universidade/Escola.
Por fim, pretende-se contribuir com os debates acerca do acesso à Educação, acreditando ter a
Universidade papel central na quebra de vários estigmas sociais que tem contribuído fortemente na
exclusão de grupos historicamente marginalizados.

Palavras-chave: Educação; Democracia; Desigualdades; Formação de Professores.

Perfil dos Estudantes de Licenciatura em História da Universidade de Brasília".

Autora: Nathália Barros Ramos (UnB)

Resumo: A pesquisa tem como objetivo analisar o perfil socioeconômico dos estudantes de
licenciatura em história da UnB, nos anos de 2014 a 2017, a partir de variáveis físicas, educacionais e
econômicas. Empreendemos uma metodologia com abordagem quantitativa, que se desenvolveu em
três etapas: levantamento bibliográfico; levantamento de dados específicos do curso elegido, por meio
de questionário socioeconômico aplicado pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS), Censo Superior e
Vestibular, e tabulação e análise dos dados. Referente aos resultados, identificamos que o perfil dos
estudantes ingressantes na licenciatura em história, mantém um equilíbrio em relação ao sexo. A idade
nos mostra que o estudante e futuro professor de história é jovem, com uma faixa etária
correspondente aos recém saídos do ensino médio. Em relação a cor, identificamos uma progressiva
mudança entre o quantitativo de brancos e pardos, e se mantém estabilidade em relação a negros. A
respeito do tipo de escola em que cursou o ensino médio, temos o maior número de ingressantes
oriundos da escola pública. Em relação a renda familiar, os dados nos mostram uma diferença gritante
nas formas de ingresso, pois temos no PAS em 2014, um total de 56.25% de ingressantes com renda
familiar correspondente a mais de 10 salários mínimo, enquanto no vestibular esse número varia entre
20% e 25%. Sendo o número de estudantes que se enquadram no grupo social de baixa renda, muito
inferior a totalidade das vagas. Ao analisarmos o curso de história em âmbito nacional, constatamos que
os ingressantes oriundos do PAS destoam expressivamente em comparação ao restante do Brasil, já os
ingressantes pelo Vestibular correspondem ao percentual geral nacional. Os dados nos revelam que
embora esteja ocorrendo uma mudança progressiva no panorama de ingresso, e os dados estejam
começando a refletir a implementação das cotas sociais, o acesso ainda se dá por uma elite rica e branca
que é minoria se comparada a sociedade brasileira, mas que configura uma maioria esmagadora na
licenciatura em história, na UnB. Co-autoras do trabalho: Kátia Augusta Curado Pinheiro Cordeiro da
Silva –UnB e Ana Sheila Fernandes Costa- UnB
Palavras-Chave: Perfil Socioeconômico; Licenciatura em História; Ingressantes.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/07 – Caminhos e descaminhos da liberdade e cidadania negra no Brasil


independente

Proponentes: Professora Dra. Ana Flávia Magalhães Pinto (His/UnB) e Marcelo


Balaban- (PPGHIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 09 – Faculdade de Direito

Em 2018, completam-se 130 anos da abolição da escravidão e 30 anos da


chamada “Constituição Cidadã” brasileira. Há pouco mais de três décadas, o cruzamento
entre as demandas levantadas por sujeitos sociais atuantes nos momentos mencionados
suscitou revisões e reflexões promovidas por intelectuais acadêmicas/os e ativistas
acerca dos limites, desafios e possibilidades da cidadania negra no Brasil. Ao tempo em
que os movimentos sociais protestavam contra a “farsa da abolição” e descontruíam o
“mito da democracia racial” no cotidiano, historiadoras/es aprofundavam as pesquisas no
âmbito do que ficou conhecida como Nova História da Escravidão. Os estudos s obre a
liberdade negra e o pós-abolição, não por acaso, se constituem em grande medida como
desdobramento dessas frentes de leitura sobre a experiência brasileira, tendo ganhado o
interesse de um crescente número de pesquisadoras/es e leitoras/es. Em sintonia com
essa dinâmica, este Simpósio Temático, vinculado ao GT Nacional Emancipações e Pós-
Abolição da Anpuh, visa congregar trabalhos voltados a: trajetórias individuais e
coletivas de pessoas negras no campo e na cidade; racialização e etnicização; memórias
da escravidão e da liberdade; lutas e conquistas de direitos; práticas de associativismo
negro em seus diferentes momentos e formas; interseccionalidade de raça, gênero, classe
e sexualidade; entre outros temas afins.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Liberto de pia. Os sentidos da liberdade e a trajetória política de Padre Daniel na Província do


Amazonas (1858-1880)

Autor: Tenner Inauhiny de Abreu (UEA)

Resumo: O presente texto tem por objetivo analisar a trajetória política do padre Daniel Pedro
Marques de Oliveira, a partir de sua atuação na província do Amazonas, utilizando sua biografia política
como chave interpretativa do processo de participação no sistema representativo do império e nas
eleições de indivíduos classificados como libertos no século XIX. As experiências do cativeiro e a
tentativa de mobilidade social por parte do sacerdote demonstram as estratégias de trabalhadores
cativos ou libertos, marcados pela sua origem racial. O uso dos jornais como fonte e de fontes oficiais
(relatórios, falas e exposições de presidentes de província, atas da Assembleia geral e provincial) nos
auxiliam com uma massa documental seriada e que tratam das experiências dos indivíduos na sociedade
amazonense do oitocentos.
Palavras-chave: Escravidão, liberdade, cidadania

“Nos cantos da minha história”: os vissungos como práticas identitárias de escravos e seus
descendentes no garimpo em Diamantina – MG (1833 – 1928)

Autor: Ada Vitenti (UnB)

Resumo: Vissungos são cantos entoados pelos escravos e escravas na região do garimpo em
Diamantina - MG durante o século XIX e XX. Esse projeto de doutorado insere-se na linha de
pesquisa “História Cultural, Memórias e Identidades”. O interesse nesse objeto para uma pesquisa em
história recai sobre a possibilidade de explorar uma fonte que traga a experiência da escravidão a partir
do ponto de vista do escravo, uma vez que os cantos foram uma das formas que tais sujeitos
encontraram para contar e dar sentido a esta experiência. Além disso, nos interessa sobremaneira a
reelaboração dos vissungos pelos descendentes dos escravos na região citada, pois nos leva a supor que
a rememorização dos mesmos constitui-se como elemento que conectou os descendentes aos seus
antepassados numa relação que estabeleceu um espaço no qual identidades foram constituídas e
reconstituídas, criando assim instrumentos que delimitaram fronteiras, conferindo-lhes poder de criar
sua história, exercendo no cotidiano estratégias que lhes possibilitassem atuar com autonomia.
Palavras-chave: vissungos, escravidão, experiência, memória, identidade.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

O humanismo como meritochacina: Machado de Assis, crítico da pedagogia excludente.

Autor: Marcos Fabrício Lopes da Silva (Faculdade JK)

Resumo: O grande elemento característico do fascismo no Brasil se encontra no fato de ele se assentar
numa história de 300 anos de escravidão do povo negro, retirado à força da África (1550-1888), e das
populações indígenas originárias. A escravidão de grande parte da população gerou um solo nacional
específico para as manifestações fascistas. Falar em fascismo no Brasil é se referir a um momento
histórico que não pode ser entendido fora da tradição de séculos de escravidão. O peso da escravidão,
do autoritarismo governamental e do fundamentalismo mercadológico asseguraram as condições
favoráveis para a disseminação de movimentos fascistas no país. Não à toa conta Machado de Assis
(1839-1908), em Quincas Borba (1892), que a grande reflexão do Humanitismo dá-se a partir da
premissa: “Ao vencedor, as batatas”, que surge de uma parábola contada pelo filosofo Quincas Borba,
ao apresentar sua teoria a Brás Cubas. Para ele, a luta pela sobrevivência permite que as regras das
relações interpessoais e intercomunitárias sejam usurpadas, pois o mais importante é a satisfação das
necessidades pessoais e individualistas. Ao afirmar que é “natural” que os seres lutem e que o mais
fraco seja eliminado (“meritochacina” ou “darwinismo social”), Quincas Borba aceita as desigualdades e
injustiças sociais e as afirma como mecanismos de progresso. O termo Humanitismo e sua pedagogia
excludente se revelam também como traço irônico de Machado de Assis voltado para criticar a
degeneração, em terras brasileiras, do termo Humanitas, consagrado, desde os tempos romanos, como
concepção humanista que não se restringe ao ideal de homem sábio, mas se estende à formação do
homem virtuoso, como ser moral, político e literário.
Palavras-Chave: Humanitismo; Machado de Assis; Pedagogia excludente.

Relações de poder no escravismo brasileiro: o caso do engenho Santana, Ilhéus, em 1789

Autor: Andrey Soares Pinto (UnB)

Resumo: Este projeto busca analisar o caso de revolta escrava no engenho Santana, em 1789, porém,
levando em consideração as vivências, relações e perspectivas de mundo que foram engendradas nesse
engenho. Possibilitando, assim, um melhor entendimento dos vínculos de poder que eram existentes no
regime escravista brasileiro. A pretensão em compreender as representações sociais e os discursos que
encontravam-se presentes nesse sistema, dos finais do século XVIII, tem como ênfase uma análise
estrutural, mas sem esquecer os fatores subjetivos dos cativos que integravam tal sistema no contexto
deste engenho baiano.
Palavras-Chave: Resistência, Revolta escrava, Relações de poder.

Rosário associativo: Venerável Ordem Terceira do Rosário e coletivos de trabalhadores negros


na cidade de Salvador (1888-1930)

Autora: Mariana de Mesquita Santos (UnB)

Resumo: No mesmo ano em que temos o 130º aniversário da abolição completa do trabalho escravo

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

no Brasil, comemora-se também os 333 anos de fundação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário
dos Pretos do Pelourinho, localizada em Salvador. Seu legado como promotora de experiências para a
população africana e afrodescendente para além do cativeiro nos seus primeiros séculos de existência é
recorrentemente mencionado na historiografia. No entanto, poucos pesquisadores se debruçaram sobre
a sua trajetória após a emancipação, a partir do final do século XIX. Afinal, no contexto de liberdade,
qual seria a importância das irmandades negras em Salvador? Em 1900, esta confraria foi elevada a
Ordem Terceira depois de muitas solicitações por parte dos seus confrades. Esta promoção certamente
lhe conferiu maior prestígio como instituição e individual para seus membros, sobretudo diante de um
cenário avesso à sua permanência. Ao investigar os arquivos da agremiação, vimos que sua reunião
muito provavelmente não se firmava apenas pela religiosidade. O envolvimento de muitos de seus
membros com outras associações de relevo social, político e religioso também nos atentou para o fato
de que o engajamento de trabalhadores/as na cidade de Salvador se dava em diversas frentes e a
irmandade do Pelourinho era uma delas. Há vários nomes em comum entre as listas de filiados de
associações como a Sociedade Protetora dos Desvalidos, Centro Operário da Bahia, Montepio dos
Artistas, bem como outras irmandades, demais associações por ofício, blocos carnavalescos e casas de
candomblé espalhadas pela cidade. Em muitos casos, o engajamento nestas organizações contribuiu
para que estes sujeitos chegassem a ocupar cargos públicos na administração do estado. Esta
recorrência nos apresenta uma dimensão da atuação política do operariado baiano, que não deixou de
ver as irmandades como um espaço relevante na busca por igualdade. Seja pela utilização do seu espaço
para reuniões, ou pelo trânsito das ideias e plataformas por meio dos encontros desses sujeitos nos seus
eventos, as pautas da irmandade não estavam de fora de um projeto social e político. Assim, neste
trabalho, buscaremos analisar a “geografia associativa” (BATALHA, p. 260, 2009) de trabalhadores da
capital baiana, tendo como centro a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Rosário, ressaltando o uso
de seus espaços para o agenciamento não só cultural, mas também social e político.
Palavras-Chave: Irmandades Negras, Associativismo Negro, Salvador, Pós-abolição.

“Os locutores do inferno”: representações de violências no RAP do Facção Central (1995-2006)

Autor: Matheus de Andrade Gomes (UnB)

Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar as representações de violência nas letras de músicas do
grupo de rap Facção Central entre os anos de 1995 e 2006. Formado em 1989 na cidade de São Paulo,
este grupo teve destaque na História do rap de São Paulo e do Brasil por suas letras que denunciam a
desigualdade socioeconômica do povo negro, seu genocídio, as grandes mídias, seletividade do sistema
judiciário, a violência policial e preconceito contra o rap e moradores da periferia. Busca-se
compreender se essas músicas desses grupos são fundamentais para a formação e o “empoderamento”
político de milhares de jovens de periferia. Sobre o rap, recai o estigma de música “de bandido”,
representação histórica reforçada pelos meios de comunicação. Tal imagem invisibiliza a compreensão
do rap como expressão artística e política da cultura negra e periférica, fundamentando as ações estatais
e policiais contra a juventude negra, esta que sofre vários tipos de violência, entre as quais a física,
psicológica e material. A intenção desta pesquisa é ainda analisar como o grupo discutiu temas
relevantes para as relações raciais no Brasil, comparando um grupo que tem como letrista e vocalista
um rapper branco – Eduardo Taddeo, que canta ao lado do rapper Dum Dum, este negro, buscando se
apreender as diferenças entre as representações deste grupo com grupos paulistas da mesma época
cujos letristas eram negros. Em que medida a autorrepresentação, músicos negros falando de negros,

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

permite ou não um maior rompimentos das imagens negativas sobre o povo negro construídas
historicamente? A pesquisa tem como referencial teórico-metodológico o estudo da história do rap no
Brasil, estudos culturais acerca de representações e memórias, a história oral por meio de diversas
entrevistas dadas em Tvs e vídeos no Youtube pelos integrantes do grupo e a epistemologia dos
estudos produzidos por intelectuais negros sobre o racismo e colonialidade.
Palavras-Chave: Facção Central; Representações; Violências.

Historiografia, genética de população, raça, racismo: A formação do povo brasileiro

Autor: Flávio Henrique Freitas-Silva (UnB)

Resumo: Em 1500 o Brasil contava com 4 a 5 milhões de nativos, até meados do XIX entraram no
Brasil cerca de 4 a 5 milhões de africanos e entre 0,5 a 1 milhão de europeus, enquanto a população
indígena nativa havia quase desaparecido. Com proibição do trafico de escravos intensificam-se a
imigração europeia estendendo-se até por volta de 1940 quando imigram para o País cerca de 4 milhões
de europeus. A construção do Brasil constitui uma amálgama tri-híbrido a partir dos ameríndios,
europeus e africanos. Nosso primeiro censo (1872) mostrou uma população com 60% de negros e
mestiços; por esta data tomam importância as ideias eugenistas de branqueamento, que perdem folego
após a década de 1930 quando trabalhos como Casa Grande e Senzala passam a defender como
positiva a característica mestiça da população, embora propague o mito da democracia racial que os
estudos promovidos pela UNESCO a partir da década de 1950 colocaram por terra. A partir da década
de 1990 há um crescente desenvolvimento de pesquisas acerca da assinatura genética de populações
brasileiras que embora reportem distâncias significantes entre populações, mostram que as magnitudes
destas diferenças em geral não atingem mais que 10%, revelando uma divergência genética pequena
onde os três principais elementos raciais formadores das populações estão presentes de maneira
significativa em todas as regiões do Brasil, promovendo importantes avanços na compreensão da
formação de sua população que, avaliada por meio dos marcadores informativos de ancestralidade,
independente de seu fenótipo, mostram que mais de 95% dos brasileiros são mestiços afrodescendentes
registrando uma assinatura genética média em torno de 50-60% de genes europeus, 20-30% de genes
africanos e em torno de 10% de genes ameríndios. Quando avaliados por meio dos marcadores de
ascendência materna os brasileiros exibem descendência predominante africana. A distância social mais
espantosa do Brasil é aquela que separa os ricos dos pobres e a ela se soma a discriminação que pesa
sobre negros, mulatos e índios, sobretudo os primeiros compondo um racismo mascarado. As
informações levantadas por meio dos estudos da genética de populações podem e devem ser utilizada
como instrumento político eficaz de combate ao racismo.
Palavras chave: historiografia, raça, racismo, genética de população.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
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Mulheres negras no Pós-Abolição: Uma análise da personagem Bertoleza, de O Cortiço de


Aluísio Azevedo

Autora: Keilla Vila Flor (UnB)

Resumo: O Cortiço foi lançado em 1890. Não teve seus capítulos periodicamente publicados em
páginas de jornais, porque foi lançado como livro. Nele, o narrador observador conta a história de
como se formou um cortiço carioca e quais personagens foram importantes para o estabelecimento
deste como um dos maiores do Rio de Janeiro. O livro trata de uma história que se passa em 1876,
década em que os cortiços estão começando a se estabelecer no Rio de Janeiro. Essas moradias eram
um conglomerado de casas pequenas, na maioria das vezes com apenas um cômodo e o banheiro era de
uso comum a todos os moradores. A maior parte das pessoas que habitavam esses espaços era negra,
podendo ser escravos, livres e libertos. Os anos que precedem o lançamento do livro são também
marcados por inúmeros debates em jornais sobre quais providências o governo deveria tomar a respeito
da quantidade de cortiços e sobre seus moradores, porque na década de noventa do século XIX, essa
forma de habitação teria se tornado um problema de segurança e saúde pública. No romance, o
primeiro personagem apresentado ao leitor é João Romão, um português que tem delírios de riqueza e
poupa migalhas com o sonho de um dia fazer fortuna. Em seguida, conhecemos Bertoleza, uma escrava
quitandeira famosa por seus saborosos quitutes, o que lhe garantiu clientes fiéis. Os caminhos dos dois
se cruzam, porque era na quitanda de Bertoleza que João Romão se alimentava diariamente. Para
melhor compreensão do uso de literatura como fonte para História, é preciso buscar entender os
processos do tempo no qual a obra literária foi escrita e, não sendo o enredo completamente fantasioso,
buscar conexões da realidade de época com a narrativa exposta pelo autor. Dentre todas as histórias
que entremeiam o romance, a relação amorosa entre Bertoleza e João Romão é o que servirá como
motivadora para estudo de alguns sentidos da liberdade de mulheres negras no imediato pós-abolição.
Bertoleza, afinal de contas, é personagem criada por Azevedo para politizar o tema. Com isso, é
importante lembrar que não se é possível estudar o pós-abolição sem antes retornar algumas poucas
décadas antes da Lei Áurea para buscar algumas raízes do meio ao qual estão emersas essas mulheres.
Palavras-Chave: Pós-Abolição, Aluísio Azevedo, Literatura

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

ST/08 – Divulgação de História & História Pública: projetos, modelos e teoria

Proponente: Professor Dr. Bruno Leal Pastor de Carvalho (HiS-UnB/Café História)

Local nos dias 19 e 20: A1 011 – Faculdade de Direito

Nos séculos XIX e XX, a despeito de suas conhecidas tensões e fragmentações, a


História se institucionalizou no meio acadêmico e ocupou um lugar proeminente no
campo das humanidades. No curso deste processo, porém, a comunicação voltada para o
grande público desenvolveu-se pouco e lentamente, dedicando o(a) historiador(a) boa
parte de sua atenção à pesquisa e ao ensino. Apenas recentemente a difusão do
conhecimento historiográfico para o grande público começou a ganhar destaque entre os
profissionais da área, dentre outros motivos, pelo surgimento de novas mídias e pelo
enorme sucesso alcançado por jornalistas e escritores independentes na formulação de
narrativas sobre o passado. Este simpósio temático tem o objetivo de discutir reflexões e
projetos que pensem a relação do campo historiográfico com o grande público,
englobando trabalhos no campo da História Digital, da História Pública, da Divulgação
Científica, da História do Tempo Presente e da História Oral.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Histórias Poéticas dos Museus – a multiplicidade de formas na divulgação histórica –


seduzindo pela emoção

Autora: Eneida Quadros Queiroz (IBM)

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Resumo: A presente comunicação versa sobre estratégias de divulgação histórica que atendam às
crescentes demandas por memória nacional, tendo como meta sensibilizar o grande público, ainda
distante das narrativas acadêmicas. Para tanto, o foco se dará nas experiências de um projeto literário,
“Histórias Poéticas dos Museus”, que objetiva o aumento de identificação, empatia e interesse do
público pela história do Brasil e dos museus brasileiros, por meio da biografia e da literatura. O projeto
conta com dois romances: A mulher e a Casa (2013) e Úmida Trama (2017), ambos sobre personagens
femininas dos museus e da história brasileira: a financista Eufrásia Teixeira Leite (Museu Casa da Hera)
e Maria Laura do Amaral Gurgel (Pinacoteca de São Paulo). Se romances históricos, biografias e o
híbrido dos romances histórico-biográficos não são um fenômeno novo no cenário brasileiro:
entendemos que uma linha de romances sobre os museus brasileiros, e sobre as personagens femininas
a eles ligadas, é uma inovadora forma divulgação do patrimônio histórico-cultural brasileiro.
Embasados nos estudos do historiador François Dosse, os livros que integram esse projeto seguem a
linha da nova biografia: aquela que expressa a heterogeneidade e a multiplicidade de identidades dos
personagens narrados, e que combate a “ilusão biográfica”, definida por Pierre Bourdieu como a
tendência em narrar personalidades coerentes e estáveis. Em oposição à linguagem acadêmica, tida
como dura e por vezes hermética, o potencial do romance reside em capturar o leitor pelo lado
emocional, promovendo a conexão entre esse e o contexto narrado. A neuroeducação aponta para a
importância da emoção no processo de aprendizagem, e assim compreendemos o romance histórico
como um elemento aguçador da curiosidade. A ficção historicamente embasada é uma estratégia
parceira, complementar às demais formas de divulgação histórica: desde as mais tradicionais às mais
recentes, geradas pela revolução digital.
Palavras-chaves: Biografia; Literatura; Museus; Feminismo; Gênero; Divulgação Histórica.

A Olimpíada Nacional de História do Brasil: o prazer de ensinar e aprender história na


educação básica

Autora: Mayra Paniago (UFG)

Resumo: A presente Comunicação tem por objetivo divulgar as conclusões preliminares do Projeto da
Pesquisa de Doutorado, cujo tema gira em torno da "ONHB - Olimpíada Nacional em História do
Brasil - e suas contribuições para o Ensino e Aprendizagem em História".
Palavras-Chave: Educação Histórica, Ensino de História, Olimpíadas Escolares, Olimpíada Nacional
em História do Brasil

A banda Sabaton e o Front Oriental da Segunda Guerra Mundial

Autor: Pedro Brandão Nogueira de Oliveira Moraes (UnB)

Resumo: A banda Sabaton de Power Metal e as suas músicas contando grandes batalhas ocorridas no
mundo, focando nessa pesquisa a Segunda Guerra mundial, mais especificamente o Front Oriental,
verificando a autenticidade da mensagem passada nas letras, utilizando fonte bibliográfica como apoio,
e utilização de outros meios além dos livros didáticos para ensinar história, como filmes, músicas,
documentários, exposições e visitações.

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18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

Palavras-Chave: Sabaton; Segunda Guerra Mundial; Front Oriental; História; Música.

O passado brasileiro projetado nas telas de cinema: o filme histórico em tempos de ditadura

Autora: Míriam Silvestre Limeira (UnB)


Resumo: Apesar do enfoque inicial de minha pesquisa centrar-se sobre a comédia em filmes históricos,
o período da Ditadura Civil-militar abarca um momento significativo de produções do gênero histórico
no cinema brasileiro. Ainda mais quando consideramos que os diversos incentivos para sua produção.
Sobre que passado se quer tratar? E que tempo presente foi esse no qual se privilegiou olhar para o
passado e querer representa-lo na tela, ainda mais em se tratando de um regime de exceção?
Palavras-Chave: Cinema brasileiro, Teoria da História, Cinema e História,

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ST/09 – ST/09 – História Social: análises, métodos e teoria

Proponentes: Professor Dr. André Cabral Honor (PPGHIS/UnB) e Professora Dra.


Neuma Rodrigues Brilhante (PPGHIS/UnB)

Local nos dias 19 e 20: A1 013 – Faculdade de Direito

O presente simpósio tem por objetivo promover reflexões sobre o estudo e


escrita de trabalhos que se identificam com a chamada História social, seja através de
análises de fontes ou discutindo aportes teóricos e metodológicos, compreendendo essa
abordagem como um espaço que prioriza as experiências dos sujeitos históricos em seu
cotidiano e os processos de individuação e diferenciação das identidades e
comportamentos coletivos, informados por ideias, práticas culturais e contextos
econômicos específicos.

Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

“Já não é um pyrilampo”: Imprensa Médica no Brasil de 1860

Autora: Vanessa de Jesus Queiroz (UnB)

Resumo: A comunicação objetiva discutir “imprensa médica”, noção ainda em formação na segunda
metade do século XIX, a partir de duas folhas médicas em circulação no período: a Gazeta Medica da
Bahia e os Annaes Brasilienses de Medicina. Trata-se da exposição de perfis, diferenças e semelhanças
entre os dois jornais tidos pelos grupos que os dirigiam como expoentes daquele gênero especializado
de imprensa, ainda parco no Brasil. Buscamos analisar objetivos de existência e propagação dos
referidos periódicos, bem como dos vínculos institucionais envolvidos nas publicações. A relação da
imprensa médica com os vários tipos de jornais não médicos é parte central de nosso argumento de que
a empreitada de sustentar um jornal médico estava ligada a objetivos que ultrapassavam o registro e a
circulação de saberes puramente científicos e buscavam o campo da atuação legitimada, principalmente

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pelo Estado. As demandas por reconhecimento e autorização estavam relacionadas às necessidades


daqueles médicos de se fazerem autoridade exclusiva sobre a saúde da população. Junto aos boletins de
saúde e discussões teóricas, pululavam questões de segurança nacional, legislação e outras que elegiam
uma preocupação comum: os trajetos necessários aos bons caminhos da nação brasileira, rumo à
civilização e ao progresso. Buscamos expor, dentro dos limites de uma pesquisa em andamento, de que
forma cada folha médica se pronunciava sobre determinados assuntos, para demonstrar que “imprensa
médica” era uma noção vasta, que envolvia pactos, conflitos, resistências e visões de mundo
específicas.
Palavras-chave: Imprensa Médica, Gazeta Medica da Bahia, Annaes Brasilienses de Medicina.

Brasilidade na música choro e seus discursos contragemônicos em Goiânia (1970-1990)

Autor: Wilton John dos Santos Silva (UFG)

Resumo: A música choro nasceu do encontro e da influência de outros estilos musicais em meados de
1870. A questão nacional pode ser pensada a partir das identidades musicais no choro, há um debate
sobre a construção de Cultura Popular e de Identidade no país, podemos discutir as questões de uma
brasilidade ou “Nacionalidade” principalmente representada pelo choro. Desde os tempos do império
algumas cidades já eram consideradas um celeiro cultural da música em transformação Tinhorão (2001),
um caldeirão de ritmos dos mais diversos compunham a passagem do século XIX, algo importante na
permanência e do surgimento deste gênero da música brasileira, é desenvolvida dentro desse contexto
histórico social-cultural na capital do império Rio de Janeiro. A principal matriz musical, que se tornará
mais presente será a sincopa – elemento distinto rítmico na música diásporica. O espirito da
musicalidade chorona já se destacava no cenário nacional, dentre um conjunto de músicas rurais e
urbanas, muitas delas constituídas de ressignificações da musicalidade afrodescendente, é parte de um
movimento de diálogo entre estilos e gêneros musicais que se transformaram nesse cenário. A música
produz sensações, de pertencimento, de sentimentos diversos, apontam vivências de uma região, de um
país, de um determinado tempo. Ela mexe com a subjetividade humana; permite a comunicações, ativa
a memória dos indivíduos, os sons e letras são linguagens, que passam imagem, faz com que pensamos
em algo já vivido, ativa emoções, faz sentir alegria, tristeza, indignação e coragem, ela representa
comportamentos, indicam traços culturais de uma sociedade. E traremos átono o caráter de
identificação, de uma música abrasileirada, discutir as questões sociopolíticas que permeiam o
imaginário da construção de um Brasil. A acerca deste estudo percebemos a discussão historiográfica
sobre a interculturalidade evidenciando as discussões sobre identidade, estética musical, e de linguagens
musicais.
Palavras chave: História, Choro, Identidade.

Partideiros e Mercado Fonográfico

Autor: Lellison de Abreu Souza (UnB)

Resumo: O samba manteve, ao longo do século XX, estreita relação com o mercado fonográfico. Ao
longo das décadas, a sonoridade típica do samba gravado foi modificada em diversos aspectos, como

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arranjos instrumentais e estilos de canto. Contudo, um subgênero do samba ficou fora do mercado
fonográfico: o partido alto. Considerada a vertente mais tradicional do samba e a principal via de
ligação desse gênero musical com suas raízes afroamericanas, caracterizado fortemente pelo improviso
dos versos, e bastante influente entre sambistas, o partido alto na sua forma tradicional de feitura não
costumava ser gravado e raramente os partideiros conseguiam lançar discos próprios, mesmo
adaptando as composições. Cenário que muda ao longo dos anos 70 e 80, quando ocorrem mudanças
na estrutura e organização das gravadoras e nomes como Fundo de Quintal, Almir Guineto e Zeca
Pagodinho gravam discos e participam ativamente da consolidação de um estilo de samba influenciado
pelo partido alto como item de sucesso comercial. Esse aumento de espaço no mercado fonográfico é o
objeto do presente estudo.
Palavras-Chave: Partido Alto, Samba, Mercado Fonográfico.

Entrechoque Salubre: A trajetória política do vigário Haasler no Piemonte da Diamantina


(1938-1955)

Autor: Raian Souza Santos (UnB)

Resumo: A apresentação no Simpósio Temático História Social: análises, métodos e teoria busca
analisar a trajetória de um padre austríaco cisterciense que de forma estratégica tentou contornar os
conflitos no sertão baiano pela via relacional. Alfredo Bernardo Maria Haasler, padre Alfredo como
popularmente conhecido, foi protagonista de um “regime de coabitação” na região do Piemonte da
Diamantina - BAHIA entre os anos de 1938 a 1955. Motivado pelo ideal de estruturar uma série de
Escolas Paroquiais, padre Alfredo estabeleceu um controle de sua própria imagem calcado na Regra de
São Bento, comportamento que dificultou inicialmente formas de sociabilidade essenciais a
aproximação de universos culturais distintos. Original e contextualizado, o exercício analítico dessa
trajetória adquire plenitude quando os significados sociais produzidos por ela estabelecem uma
interface crítica com o que podemos chamar o sistema relacional brasileiro que tende histórica e
socialmente a incorporar os elementos exógenos como “divergências complementares”. Nessa
perspectiva, o sistema de relações brasileiro reproduz um padrão ou uma constante que é caracterizada
por exercer certa atração/fascínio sobre os elementos estrangeiros, que incorporados tornam-se sujeitos
de um processo constante de assimilação. Em indissociabilidade com esse contexto, temos o itinerário
do vigário Haasler que possui um caráter representativo, pois ele esboçou uma organização formidável
na região do Piemonte da chapada, regendo em meio à tessitura social desfavorável um sistema
arrojado de 48 Escolas Paroquiais que tinham como intuito primeiro corresponder às necessidades
brasileiras de meio físico e social. Destinado a colisão com os valores locais, o vigário Haasler buscou a
contemporização mediante uma filosofia conciliatória de valores cosmopolitas, cujo fundamento basilar
era a interpenetração de culturas que integradas atuariam em nome da sua permanência no Brasil e do
desenvolvimento da causa educacional nos mais remotos rincões do interior baiano. Para potencializar
seu projeto pedagógico de orientação cristã, ele foi superlativo, mediando uma relação única que
envolveu a região do Piemonte da Diamantina, os EUA, a Áustria e a Alemanha em meio à
instabilidade causada pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Essa mediação afetou
profundamente a mentalidade sertaneja, resultando em entrechoques ideológicos personificadores da
cultura brasileira à época, em linhas gerais, foi demarcada com a presença do vigário Haasler uma
relação de província sertaneja com a influência cultural européia, onde tensões se revelaram como
substrato. Expressões que também produziram permanências, sendo indubitável que nos povoados que

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compõe o Piemonte da Diamantina ergueram-se obras materiais e imateriais subsidiadas diretamente


por países europeus, tendo como artífice o vigário Haasler que se tornou ícone de uma mística de
progresso nas pequenas cidades que emergiram. Plástico no trato com a população, o vigário Haasler
produziu um conhecimento de caráter transcendente, interferindo incisivamente no campo educacional
e construindo permanentemente uma memória sobre si, mas sem perder nessa ação a capacidade
pragmática de se associar aos mandatários e figuras carismático-políticas locais.

Palavras-Chave: Padre Alfredo Haasler • Regra de São Bento • Escolas Paroquiais • Ordem
Cisterciense

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


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ST/10 – O passado recente como objeto e problema historiográfico

Proponentes: Adrianna Setemy (UFPR) e Paulo César Gomes (UFF)

Local nos dias 19 e 20: Miniauditório do Instituto de Ciências Sociais (ICS)

Os debates em torno da história e da memória dos traumas que marcaram o


século XX tem grande atualidade em todo o mundo. Mais especificamente na América
Latina, tem ganhado grande destaque as discussões sobre o modo adequado de tratar
historicamente os conflitos armados, as ditaduras e massacres perpetrados por agentes do
Estado em um passado bastante próximo do nosso presente.O passado recente vem se
consolidando como objeto de pesquisa histórica e se constituindo como campo de
pesquisa e campo disciplinar, na Europa e em países da América Latina que
atravessaram processos históricos traumáticos similares e articulados, o que se evidencia
pelo crescente número de trabalhos acadêmicos dedicados ao estudo do período. Em
termos epistemológicos, metodológicos, conceituais e políticos, a história que tem por
objeto o passado recente caracteriza-se por tensões próprias a um campo acadêmico que
tem como uma de suas peculiaridades o fato de estar fortemente articulado com o debate
político e memorialístico do tempo presente. Em função disso, o simpósio foi pensado
com a ideia de explorar a historicidade e constituição do campo da história recente em
suas diversas dimensões, reunindo pesquisas que permitam discutir algumas perspectivas
interpretativas e noções conceituais que são usadas correntemente pelos pesquisadores
do campo. Espera-se que ao longo do simpósio os participantes tenham a oportunidade
de conhecer e discutir alguns dos principais debates epistemológicos, metodológicos,
éticos e políticos vinculados ao campo da história recente.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
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Trabalhos a serem apresentados:

19 DE SETEMBRO – 14H30 ÀS 18H00

Fidel Castro - Barack Obama e a construção de um diálogo entre Cuba-Estados Unidos: uma
análise através dos artigos no jornal digital cubadebate

Autora: Uelma Silva (UnB)

Resumo: O objetivo desta pesquisa é buscar através da seção Reflexiones de Fidel, que se encontra no
jornal digital Cubadebate, posicionamentos do ex-líder cubano em relação ao ex-presidente dos Estados
Unidos da América (EUA), Barack Obama, durante seus dois mandatos. Serão usados artigos que
mostram o protagonismo do norte-americano e aqueles em que se mostra fundamental seu
posicionamento buscando perceber as temáticas que Fidel aborda. Busca-se delimitar o posicionamento
político de Fidel Castro que influênciou gerações pelo mundo mostrando as principais bases do seu
pensamento. Também mostrar a política desenvolvida por Obama frente a Cuba através dos seus
discursos disponíveis no site oficial da Casa Cranca. Buscando agregar no debate sobre a abertura das
relações entre os dois países, tal pesquisa tem como hipótese a de que esses artigos foram uma forma
de Fidel ainda se manter no cenário cubano influênciando na política desenvolvida pelo seu irmão Raul
Castro, que foi aos poucos desenrolando o diálogo entre Cuba e Estados Unidos.
Palavras-chave: Fidel Castro. Barack Obama. História

Memórias e narrativas do Lago Paranoá: o presente como delimitador dos moradores de


Brasília

Autor: Guilhermo S. B. Vilas Boas (CNPq)

Resumo: O registro de trajetórias de vida em meio aos espaços da cidade de Brasília e as diferentes
impressões frente ao Lago Paranoá forneceram um retrato do que foi e como se apresenta tal corpo
hídrico no tocante à história da capital federal. Em dissertação intitulada “Navegando no Lago Paranoá:
Brasília e seus moradores” foi explorado o universo que envolve as relações entre o Lago Paranoá com
os moradores de Brasília.. Partiu-se do pressuposto de que as apropriações do Lago Paranoá pelos
moradores da cidade contribuíram para a construção/reconstrução do sentimento de pertença à cidade,
onde o Lago Paranoá fora um agente propiciador de embates e disputas em torno dos espaços por ele
originados. Por meio das oralidades, principal instrumento escolhido para a pesquisa, foi possível
discutir questões relacionadas à Historia do tempo presente, pois através da presença de testemunhos
vivos e com voz ativa em um processo inacabado, suas relações e interações impactam na tarefa do
historiador em sua busca de concatenação entre o passado e o presente através de uma narrativa
imbuída de sentido e explicação. Assim, as narrativas que permitiram compor a história do Lago
Paranoá, em diferentes temporalidades e entremeadas por elementos do cotidiano, articulam memórias
que intentam explicar o mundo que as rodeia, explicitando diversas visões sobre a cidade e sobre as
suas próprias vidas, adentrando questões que envolveram também exclusões e silenciamentos.
Palavras-Chave: Brasília, Lago Paranoá, História Oral, Narrativas, Tempo Presente.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.
ISBN: 978-85-64593-65-7

As disputas pela memória de 1964

Autor: Italo Maciel Ouriques (UnB)

Resumo: O objetivo dessa comunicação é expor um estudo acerca da memória militar cujo problema
surge ao questionar a relação que os ressentimentos têm com a prática política dos militares do exército
brasileiro. O objeto da pesquisa para tal análise é uma coleção de depoimentos intitulada, 1964 – 31 de
março de 1964: o movimento revolucionário e sua história, cuja publicação foi em 2003 e 2004 pela
Editora da Biblioteca do Exército, a Bibliex. Para isso faz-se necessário levar em consideração todos os
aspectos constitutivos da coleção, isto é, trabalhar com depoimentos orais acarreta o pesquisador a
questionar a natureza da fonte. Os elementos paratextuais ressaltados por Gérard Genette nos indica
maneiras pelas quais podemos investigar como foi construído o Projeto de História Oral do Exército
sobretudo a coletânea. Para compreender a inserção e os efeitos dos sentimentos, das paixões na
política, recorremos às contribuições teórico-metodológicas de Pierre Ansart. Entender como, por que
e quais caminhos tomaram um determinado grupo social a se empenhar, segundo o General-de-
Exército Antonio Jorge Correa, em “resgatar a memória da participação do Exército em fatos
importantes”, nos ajuda a perceber que assim como a ideologia, a memória histórica pode ser
manipulada conforme os interesses de um grupo. Nessa batalha pelo estabelecimento dos fatos nos
interessa compreender como a coleção é construída: quais são os elementos que a compõem? Sobre
quem ela fala e para quem? Com quem e o que ela dialoga, sobretudo no âmbito de uma guerra da
memória sobre a ditadura militar brasileira?
Palavras-Chave: Memória, Ressentimentos, Exército.

1ª Semana Nacional de História da UnB “Leituras e Releituras de 1968”.


VIII Encontro Regional da ANPUH/DF – Por Uma Escola Democrática: Gênero, Raça e Classe.
18, 19 e 20 de setembro de 2018, Universidade de Brasília.

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