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n.

37, 2016

“MANI PULITE” FONTE DE INSPIRAÇÃO DA OPERAÇÃO LAVA JATO

Luis Gustavo de Lima Pascoetto∗

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1. Direito 2. Interdisciplinaridade. I. Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de


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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 37, 2016
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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 37, 2016
SUMÁRIO/CONTENTS/ÍNDICE

“MANI PULITE” FONTE DE INSPIRAÇÃO DA OPERAÇÃO LAVA JATO ................................................................................ 4


Luis Gustavo de Lima Pascoetto

CADERNOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: ESTUDOS E DOCUMENTOS DE TRABALHO .....................................20

Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 37, 2016
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“MANI PULITE” FONTE DE INSPIRAÇÃO DA OPERAÇÃO LAVA JATO∗

Luis Gustavo de Lima Pascoetto∗∗

1. Introdução

O objetivo do presente estudo é analisar a operação italiana denominada Mani pulite1 e verificar se é
possível traçar um paralelo com a operação brasileira conhecida como Lava Jato2. A comparação entre as duas
investigações ganhou maior destaque graças a um artigo do Juiz de Direito da Vara Federal Criminal de Curitiba
Sérgio Fernando Moro, responsável pelas ações criminais relacionadas com a operação Lava Jato. Apesar
desse trabalho ter sido escrito há mais de dez anos, e por isso mesmo não ter vínculo com as recentes
investigações envolvendo crimes de corrução na estatal de petróleo brasileira, o episódio italiano passou a ser
utilizado pelo magistrado de Curitiba como exemplo a ser seguido para evitar a prática contumaz de crimes que
vilipendiam o erário público. O status de celebridade pública e as numerosas participações na mídia do juiz
Sérgio Moro fizeram com que muitos jornalistas, e alguns acadêmicos, se debruçassem sobre uma possível
correlação entre a operação Lava Jato e a operação Mãos limpas.

Como pretendemos demonstrar existem de fato algumas semelhanças entre os dois eventos
mencionados. A envergadura das investigações, o tipo de alvo envolvido (políticos) e o seu fundamento legal
(corrupção) são praticamente iguais. No entanto, aspectos outros como a cultura do país, a política nacional, o
modelo de magistratura e de segurança pública são profundamente diferentes, o que faz com que os resultados
sigam também rumos diversos. Ademais, como a operação italiana ocorreu há mais de vinte anos, os fatos a ela
relacionados passaram pelo rigoroso escrutínio do tempo, o que ainda não se sucedeu com a versão brasileira.

É mister ressaltar que uma parte dos textos que utilizamos para analisar a operação Mani pulite foram
colhidos diretamente de matérias jornalísticas produzidas naquele país, uma vez que retratam com maior
fidedignidade o ambiente social e político vivido na época daquelas investigações.

Com efeito, o momento para essa reflexão é propício. Parafraseando um personagem ilustre da política
nacional – e também envolvido nas investigações da Petrobrás – nunca antes na história deste país houve tanta
comoção pública, participação da mídia e políticos de alto escalão enredados numa única ação promovida pela
polícia e pelo Poder Judiciário brasileiro. Ao nos aprofundar na análise da ação judicial italiana, podemos


Palestra proferida na Disciplina “Princípios de Direito Eleitoral”, do Programa de Pós-Gradução em Direito, da Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo, 2015.
∗∗
Mestre e Doutor em Direito do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
1Em português a expressão significa ‘mãos limpas’. O político italiano Giorgio Amendola foi o primeiro a usar a expressão

‘mani pulite’. Numa entrevista em 1975 disse: “Ci hanno detto che le nostre mani sono pulite perché non l'abbiamo mai
messe in pasta”. A expressão também foi utilizada no título de um livro do escritor italiano Claudio Castellacci em 1977.
Já em 1980, o presidente da República Sandro Pertini diz num discurso: “Chi entra in politica, deve avere le mani pulite”.
2O nome da operação policial ‘Lava Jato’ decorre do uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de

automóveis com o objetivo de movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente
investigadas. A operação, desenvolvida a partir de março de 2014, é a maior investigação sobre corrupção conduzida até
hoje no Brasil. Começou investigando uma rede de doleiros que atuavam em vários Estados e descobriu a existência de
um vasto esquema de corrupção na estatal Petrobrás, envolvendo políticos de vários partidos e as maiores empreiteiras
do país.

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aprender com os desacertos alheios e evitar os percalços ocorridos para dessa forma engrandecer a prática
jurídica nacional e robustecer o nosso Estado Constitucional de Direito.

2. Operação Mani pulite

Eternizada com a expressão Mani pulite3, a investigação criminal italiana foi desencadeada em 1992
pelo Ministério Público4 de Milão e teve como saldo o envolvimento de um total de 6.059 pessoas, dentre as
quais 2.993 foram detidas. Entre os investigados estavam 872 empresários, 1.978 funcionários públicos e 438
parlamentares, dos quais quatro haviam ocupado o cargo de primeiro-ministro.

As investigações envolveram as maiores agremiações políticas do país na época, entre as quais


estavam: a Democracia Cristã (DC), o Partido Socialista Italiano (PSI), o Partido Socialista Democrático Italiano
(PSDI) e o Partido Liberal Italiano (PLI).

Dentre os personagens de grande expressão política estava Bettino Craxi, líder do Partido Socialista
Italiano (PSI) entre 1976 e 1993, e também primeiro-ministro da Itália, entre agosto de 1983 e abril de 1987.
Craxi foi acusado e condenado pela prática de crimes de corrupção e financiamento ilegal de partido. Para
evitar a prisão, fugiu da Itália e exilou-se na Tunísia, onde faleceu em 2000.

Giulio Andreotti, considerado o maior político italiano do pós-guerra, eleito nove vezes para o cargo de
primeiro-ministro, também se viu envolvido com as apurações da Mani pulite e quase foi preso na época. O
então líder da Democracia Cristã (DC) foi acusado de associação com mafiosos, tendo sido, contudo,
inocentado em 1999.

Durante as investigações restou provado que a estatal petrolífera ENI – a maior companhia industrial
italiana – funcionava como uma das principais fontes de recursos para o financiamento ilegal de partidos e
políticos. O diretor financeiro Florio Fiorini e o presidente da companhia Gabriele Cagliari confessaram que por
anos a empresa efetuou pagamentos mensais aos principais partidos políticos e aos seus líderes. No transcurso
da operação ocorreram vários suicídios como o de Raul Gardini, então um dos maiores empresários da Itália.

3. Como tudo começou

Com a prisão de Mario Chiesa, em 17 de fevereiro de 1992, foi dado o pontapé inicial da investigação.
Chiesa era um político ligado ao Partido Socialista Italiano (PSI) e ocupava a presidência de uma instituição
filantrópica em Milão, tendo sido preso em flagrante ao receber propina de uma empresa de limpeza local.

Sob uma inesperada pressão popular, durante uma entrevista televisiva Bettino Craxi – então líder do
Partido Socialista Italiano (PSI) – deu uma declaração afirmando que Mario Chiesa era uma maçã podre, um

3Em sentido estrito, a expressão ‘Mani pulite’ se refere ao inquérito nº 9520, aberto pelo Ministério Público junto do Tribunal
de Milão, em 1991, pelo Promotor Público Antonio Di Pietro. Em sentido amplo, também se denomina ‘Mani pulite’ outras
investigações realizadas no mesmo período pelos promotores milaneses, instauradas para apurações de crimes contra a
administração pública e, de modo geral, outras apurações com o mesmo fundamento que se iniciaram naquele período.
Assim também são conhecidas algumas investigações italianas, tais como: «Mani pulite napoletana», «Mani pulite
romana», «Mani pulite genovese», «Mani pulite piemontese», etc.
4É necessário esclarecer que na Itália os juízes e promotores públicos compõe uma mesma carreira, constituindo a

magistratura italiana.

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acontecimento isolado e que a sua prisão não podia manchar a imagem ilibada de um partido político que nunca
teve um político condenado por crimes contra a administração pública. Sentindo-se abandonado e sem apoio
político, Mario Chiesa decidiu falar; e não parou de falar por sete dias.

Como explica o escritor ítalo-brasileiro José Luiz Del Roio:


“Primeiro hóspede ilustre dos muitos que o seguiriam na cadeia de San Vittore, Chiesa tem
tempo para pensar. Sua situação é difícil, as provas esmagadoras. O partido não se move
para defendê-lo. (...) Depois de mais de um mês, resolve pedir um colóquio com Di Pietro e
conta tudo. Havia começado a operação mãos limpas.5

Logo depois, em 22 de abril de 1992, em virtude do teor das suas declarações, oito empresários
milaneses foram presos. Todos haviam trabalhado para a instituição filantrópica ‘Pio Albergo Trivulzio’,
administrada por Chiesa e a ele tinham pago propinas. Levados ao cárcere, os empresários confessaram e, na
sequência, deixaram o prédio pela porta da frente.

O grande salto da operação Mani pulite se deu com as declarações daqueles oito empresários. Eles
haviam denunciado as falcatruas envolvendo os partidos políticos e, a partir daí, foi possível mandar para a
prisão personalidades de grande envergadura como Maurizio Prada (político ligado a Democracia Cristã/DC) e
Sergio Radaelli (político do PSI). Dessa forma o muro de silêncio foi rompido. Ocorreu uma autêntica reação em
cadeia, graças ao sistema desenvolvido por Antonio Di Pietro, membro do Ministério Público italiano que, àquela
altura dos acontecimentos, liderava sozinho a investigação.

Seis dias após a confissão dos empreiteiros, a cúpula do Ministério Público de Milão sabia que Antonio
Di Pietro não podia permanecer sozinho à frente das apurações, e assim designou outros dois promotores:
Gherardo Colombo e Piercamillo Davigo. Nascia o ‘pool Mani pulite’.

4. O ‘pool Mani pulite’

O termo ‘pool’, no âmbito da magistratura italiana, é usado para identificar um grupo de magistrados que se
ocupa de uma investigação específica. Como mencionado, os magistrados/promotores que lideravam as atividades
investigatórias da operação Mani pulite eram Antonio Di Pietro, Gherardo Colombo e Piercamillo Davigo.

No seu livro Lettera a un figlio su Mani pulite, Gherardo Colombo além de contar a sua versão sobre o
famoso inquérito judicial, explica a divisão do trabalho e a diversidade de caráter dos componentes do ‘pool’:
“Começo a trabalhar na operação ‘mãos limpas’ no final de abril, dois meses após o início
do inquérito. O primeiro ato em que participo é o interrogatório do Presidente da Pio Albergo
Trivulzio, Mario Chiesa, que Craxi, em uma tentativa de parar as investigações, tinha
chamado de "trapaceiro isolado". Em vez disso, dentro de um tempo muito curto, a carga de
trabalho torna-se tamanha que já não somos mais suficientes, motivo pelo qual juntou-se a
nós – e assim nasce efetivamente o ‘pool’ – Piercamillo Davigo.
Trabalhamos seguindo uma organização bem definida: Antonio interroga, eu examino os
documentos, e prontamente derramamos nosso trabalho sobre Piercamillo que, como a
cada dia estão envolvidos mais e mais parlamentares, está constantemente solicitando ao
Parlamento autorizações para prosseguir nas investigações”.6

5DEL ROIO, José Luiz. Itália: operação mãos limpas. E no Brasil: quando? São Paulo: Ícone, 1993. p. 80.
6COLOMBO, Gherardo. Lettera a un figlio su Mani Pulite. Milano: Garzanti, 2015. p. 94.

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No entanto, quem personificou de fato a operação Mani pulite, sem sombra de dúvida, foi Antonio Di
Pietro. Considerado na época um herói nacional, ele se formou em Direito pela Universidade de Milão, em 1978.
Dois anos depois, através de concurso público, se tornou Comissário de Polícia, responsável pela Polícia
Judiciária do IV Distrito de Milão. No ano seguinte se tornou magistrado e foi designado como Procurador
Substituto da Procuradoria de Bergamo. Em 1985, foi transferido para a Procuradoria de Milão, agora com a
função de Procurador Substituto. Dez anos depois, ainda no curso das apurações da Mani pulite, ele se demite
da magistratura. Em maio de 1996, se torna Ministro de Estado. Foi eleito Senador da República, exercendo o
cargo de 1997 a 2001. No ano 2000, fundou o partido político ‘Itália dos Valores’, do qual é atualmente o
Presidente Executivo.

Gherardo Colombo depois de mais de trinta anos de profissão também se demitiu da magistratura e
atualmente é presidente de uma editora. Piercamillo Davigo foi o único que permaneceu na magistratura e hoje
exerce a função de magistrado no Tribunal de Cassação.

5. Participação da imprensa italiana

Certamente um dos grandes protagonistas do período da operação Mani pulite foi a imprensa italiana.
Os meios de comunicação italianos – os jornais primeiro, depois a televisão – contribuíram basicamente de duas
maneiras para o desenrolar das investigações. Em primeiro lugar, a imprensa manteve o público atualizado sobre o
rumo das investigações, possibilitando que todos tomassem conhecimento do que estava sendo investigado, quais
as partes que estavam envolvidas, ou mesmo como uma investigação estava ligada a outra.

Em segundo lugar, ao fazer com que a corrupção se transformasse no tema principal do debate público
entre os anos de 1992 e 1994, por ocasião das eleições gerais, sacramentou o desaparecimento dos partidos
políticos tradicionais do período pós-guerra e a consequente ascensão do magnata Silvio Berlusconi.7

A postura da imprensa italiana em relação a operação Mãos limpas pode ser melhor aferida se
combinarmos duas fontes. A primeira fonte se baseia nos pedidos de autorização para proceder a investigação
emitidos pela promotoria de Milão durante a XI legislatura (1992-1994). Em particular, se referem as datas que a
promotoria pública italiana emitiu os pedidos relativos a atos de corrupção. Naquele período, os membros do
Ministério Público tinham que obter a permissão da Câmara ou do Senado, conforme o caso, para poder
interrogar um parlamentar.

7Silvio Berlusconi é empresário e político italiano. Iniciou a sua carreira política justamente na época das investigações da
Mani pulite. Foi Primeiro-Ministro da Itália entre 1994 e 1995, de 2001 a 2005, entre 2005 e 2006 e de 2008 a 2011. No
total ocupou o cargo durante nove anos.

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A INVESTIGAÇÃO MANI PULITE NO PARLAMENTO

A segunda fonte se baseia nas publicações da imprensa italiana. Através de uma pesquisa por palavra
("corrupção", "suborno", etc.) é possível determinar se, num determinado dia, a mídia italiana falou de corrupção
ou de temas relacionados. Apesar de algumas limitações, o método permite medir a atenção que a imprensa
dedicou à corrupção ao longo do tempo.

IMPRENSA ITALIANA E CORRUPÇÃO 1992-1994

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No transcorrer do ano de 1992 a imprensa italiana ampliou o alcance da investigação Mãos limpas,
com foco na questão da corrupção de um modo que nunca havia sido feito na história do país. Segundo
especialistas, a extensão da investigação se deu graças ao fato dos jornais terem colocado o tema da corrupção
nas manchetes por meses a fio. Além de convencer os investigadores de que eles tinham o apoio do público –
que em grande parte era verdade – a cobertura incessante da mídia também contribuiu para convencer
empresários e políticos investigados que era mais vantajoso confessar do que ser envolvido ainda mais na
operação judicial. Serviu assim para quebrar o muro de silêncio que havia dificultado investigações semelhantes
no passado.8

6. A reforma constitucional de 1993

A reforma da regra da imunidade parlamentar, aprovada em outubro de 1993, foi mais uma
consequência da operação Mãos limpas. Antes da reforma, o parlamentar italiano se beneficiava de ampla
imunidade. Mesmo para a execução de uma condenação transitada em julgado, por exemplo, era necessária a
autorização do parlamento. A partir de 1993, a autorização tornou-se necessário apenas para as prisões,
buscas e escutas telefônicas. Na verdade, permitiu a magistratura italiana investigar parlamentares sem ter que
requisitar autorização do Parlamento.

Mais uma vez houve a combinação da Justiça, da cobertura da mídia e da pressão pública para trazer
a mudança. Segundo o estudioso italiano Raffaele Asquer:
“(...) mesmo com suas limitações e seus excessos, a operação Mãos limpas teve o mérito
de abrir o debate sobre a imunidade parlamentar, que tinha perdido a sua função original e
foi transformado em quase impunidade. Se a operação Mãos limpas não afetou a propensão
para a corrupção e prevaricação na Itália, pelo menos, levou a uma reforma institucional que
concilia a necessidade de supervisionar o trabalho da classe política com um certo grau de
autonomia do poder legislativo em comparação ao tribunal”.9

O instrumento da imunidade parlamentar, alterado pela Lei Constitucional nº 3, de 29 de outubro de


1993, é regido pelo artigo 68 da Constituição italiana, que diz:
I membri del Parlamento non possono essere chiamati a rispondere delle opinioni espresse
e dei voti dati nell'esercizio delle loro funzioni.
Senza autorizzazione della Camera alla quale appartiene, nessun membro del Parlamento
può essere sottoposto a perquisizione personale o domiciliare, né può essere arrestato o
altrimenti privato della libertà personale, o mantenuto in detenzione, salvo che in esecuzione
di una sentenza irrevocabile di condanna, ovvero se sia colto nell'atto di commettere un
delitto per il quale è previsto l'arresto obbligatorio in flagranza.
Analoga autorizzazione è richiesta per sottoporre i membri del Parlamento ad intercettazioni,
in qualsiasi forma, di conversazioni o comunicazioni e a sequestro di corrispondenza.10

8ASQUER, Raffaele. Mani Pulite, il ruolo dei media nella fine della Prima Repubblica. Linkiesta, 15 apr. 2015. Disponível
em: <http://www.linkiesta.it/it/article/2015/04/15/mani-pulite-il-ruolo-dei-media-nella-fine-della-prima-repubblica/25496/>.
Acesso em: 02 mar. 2016.
9ASQUER, Raffaele. Mani Pulite, la fine dell’impunità in Parlamento. Linkiesta, 22 apr. 2015. Disponível em:

<http://www.linkiesta.it/it/article/2015/04/22/mani-pulite-la-fine-dellimpunita-in-parlamento/25590/>. Acesso em: 10 mar. 2016.


10CONSTITUIÇÃO da República Italiana. Disponível em:
<http://www.quirinale.it/qrnw/statico/costituzione/pdf/Costituzione.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2016.

Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 37, 2016
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Após a reforma de 1993 ficou mais claro os limites do mandato parlamentar. Atualmente não há
nenhuma necessidade de qualquer tipo de autorização para submeter os membros das câmaras a investigação
ou para prendê-los em caso de condenação penal transitada em julgado ou em flagrante delito. De outra banda,
sem autorização o parlamentar não pode ser submetido a busca pessoal ou domiciliar. O mesmo vale no que
diz respeito ao uso de escutas telefônicas. A imunidade parlamentar é então ligada ao mandato e cessa ao seu
final. Permaneceu a imunidade absoluta para declarações e ações realizadas no exercício de funções (se
houver vínculo funcional).

7. O que os italianos pensam da operação mãos limpas

Vinte e quatro anos após a prisão de Mario Chiesa, a avaliação positiva ou negativa da operação Mãos
limpas continua a dividir os italianos. Diante de uma investigação que em apenas trinta meses resultou em mais
de 1.600 sentenças judiciais em desfavor de políticos, funcionários públicos de alto escalão e empresários uma
coisa é certa: os fatos não foram uma invenção do Poder Judiciário. Por outro lado, recentes operações policiais
em curso na Itália confirmam que a corrupção continua a ser um problema recorrente.11

Para o ex promotor público Gherardo Colombo, que na época fez parte do ‘pool Mani pulite’, a
operação foi um fracasso. Na sua opinião a operação judicial não mudou nada. E, como efeito negativo, ainda
levou a um desmantelamento da Justiça. Significou, no seu entendimento, a vitória de um pensamento coletivo
que aceita conviver com a corrupção. Sob o perfil judiciário, pouco ou quase nada teve influência. No aspecto
político, não houve a edição de nenhuma nova lei que tornasse mais difícil a prática da corrupção. Com efeito,
as leis que já existiam a esse respeito foram tornadas menos rigorosas. Nesse cenário, Colombo entende que a
impunidade tende somente a crescer.12

Segundo alguns jornalistas italianos, a operação Mãos limpas terminou porque Antonio Di Pietro
renunciou ao cargo no final de 1994. No entender deles, foram as prisões, impostas ou temidas, que
estimularam as confissões. Com o fim das prisões preventivas também terminaram as confissões. Quando Di
Pietro percebeu a mudança, preferiu abandonar o barco. A prática da operação Mãos limpas, desde o início, foi
idealizar os crimes mais graves possíveis, de modo a garantir sempre a detenção preventiva. Para entender
isso, basta olhar para quantos dos 1.230 condenados pela Mani pulite sofreram de pronto a detenção preventiva
a despeito das penas subsequentes terem sido inferiores a dois anos: quase todos. E é um dado conhecido
que, no final da investigação, praticamente não houve efetivo cumprimento de pena de prisão por nenhum dos
envolvidos.13

Falar em sucesso da operação mãos limpas parece não corresponder à verdade. É esse o tom do
próprio Antonio Di Pietro, principal magistrado da operação mãos limpas, que em recente entrevista ao jornal O

11BIONDANI, Paolo. Così è nata l'inchiesta Mani Pulite. Il verbale dimenticato di Mario Chiesa. L’Espresso, 27 mar. 2015.
Disponível em: <http://espresso.repubblica.it/attualita/2015/03/26/news/cosi-e-nata-l-inchiesta-mani-pulite-il-verbale-
dimenticato-di-mario-chiesa-1.205973>. Acesso em: 16 mar. 2016.
12DI FEO, Gianluca. 'Mani Pulite ha perso'. L’Espresso, 30 genn. 2012. Disponível em:
<http://espresso.repubblica.it/palazzo/2012/01/30/news/mani-pulite-ha-perso-1.40002>. Acesso em: 17 mar. 2016.
13FACCI, Filippo. Mani pulite vent'anni dopo: Tangentopoli? E' finita per coprire Tonino Di Pietro. Líbero Quotidiano.it., 18

feb. 2012. Disponível em: <http://www.liberoquotidiano.it/news/italia/938462/Facci-Mani-Pulite-vent-anni-dopo.html>.


Acesso em: 17 mar. 2016.

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11

Estado de S. Paulo afirmou que a investigação foi incompleta e que não teve o condão de modificar o seu
país.14

A seu turno, dois renomados estudiosos italianos Alberto Vannucci – Professor de Ciência Política na
Universidade de Pisa – e Federico Varese – Professor de Criminologia da Universidade de Oxford – acreditam
que mesmo depois de todo o clima de esperança surgida na Itália durante a operação mãos limpas, o país hoje
não ficou menos corrupto. Ambos entendem que a corrupção não pode ser combatida apenas com ações na
Justiça, prendendo e processando pessoas. Deve-se preveni-la. Apesar do empenho dos magistrados da
época, os catedráticos afirmam que eram necessárias reformas políticas e administrativas estruturais, que não
foram feitas. Nesse sentido, a Mani pulite teve um efeito colateral dramático para a Itália: o aperfeiçoamento dos
corruptos.15

8. Principais motivos para o término da operação Mani Pulite

Mesmo com um legado reconhecido nos meios jurídicos em todo o mundo, o veredito da operação
Mãos limpas, como vimos, parece não ser completamente favorável. Mas como um complexo de mais de um
milhão de páginas de processos, com mais de três mil julgamentos e tendo chegado a condenar mais de duas
mil pessoas terminou assim?

Obviamente a resposta não é elementar ou tampouco intuitiva. Contudo, ao analisar com atenção os
acontecimentos ocorridos no período das investigações, podemos ao menos elencar certos fatores que de uma
maneira ou outra influenciaram o resultado das apurações e fizeram com que terminassem do modo como
ocorreu.

Alguns dos suspeitos chegaram a cometer suicídio. O primeiro deles foi Renato Amorese, secretário do
partido socialista, morto em 17 de junho de 1992. Sergio Moroni, deputado socialista, se suicidou em 2 de
setembro. Depois se mataram Gabriele Cagliari, presidente da estatal de petróleo ENI e Raul Gardini, um dos
empresários mais admirados da Itália até ser implicado no escândalo. Segundo dados publicados na imprensa
italiana, foram 11 suicídios em 1992, 10 em 1993 e outros 10 em 1994.16

Os condutores da operação Mani pulite desde o início utilizaram a tática da prisão preventiva como
mecanismo facilitador das confissões. No começo funcionou muito bem, e talvez por isso entenderam que não
precisavam de outros mecanismos investigativos para refinar as apurações. Contudo, o esquema prisão –
confissão foi diminuindo com o tempo, o que fez com que as investigações também fossem minguando.

No final do mês de abril de 1994, o ‘pool’ de promotores de Milão inicia uma investigação para apurar
eventual corrupção envolvendo agentes da Guardia di Finanza, uma das cinco forças policiais italianas. Nas
semanas sucessivas, 80 membros da corporação foram presos e mais de 300 pessoas foram envolvidas e

14NETTO, Andrei. Mãos ainda sujas. Estadão, 12 mar. 2016. Disponível em:
<http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,maos-ainda-sujas,10000020828>. Acesso em: 21 mar. 2016.
15PRAZERES, Leandro. Estudiosos da Operação Mãos Limpas alertam: Lava Jato não é a cura do Brasil. UOL Notícias, 10

mar. 2016. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/10/analise-a-operacao-lava-jato-


nao-e-a-cura-do-brasil.htm>. Acesso em: 21 mar. 2016.
16Informações extraídas do site Il Malpaese, 17 mar. 2012. em: <https://ilmalpaese.wordpress.com/2012/03/17/mani-pulite-

e-i-suicidi/>. Acesso em: 26 fev. 2016.

Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 37, 2016
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acusadas de corrupção nessa investigação. A partir dos eventos envolvendo a Guardia di Finanza, os
estudiosos no assunto são unânimes em afirmar que houve uma profunda mudança no sentimento da
população com relação a operação Mani pulite. Para o público italiano, a imagem de policiais prendendo
policiais se transformou na metáfora de um país que estava se devorando.

Em 6 de dezembro de 1994, ao vivo e em rede nacional, o promotor público Antonio Di Pietro, ao


terminar a última sessão do júri do caso ENI, se dirige ao juiz e diz: “Não quero ser usado. Saio com dor no
coração”. Dessa forma, o herói nacional anunciou que estava deixando a magistratura para sempre.

Os suicídios, a diminuição das confissões, a investigação contra a Guardia di Finanza e a saída de Di


Pietro da magistratura, foram todos fatores que influenciaram a diminuição do apoio popular, do apoio político e
do apoio da Justiça. Juntos, todos esses elementos foram cruciais para o rumo final que as investigações da
Mani pulite tomaram.

9. O texto do juiz Sérgio Moro

Em 2004, o então pouco conhecido Juiz de Direito Sérgio Fernando Moro, da Vara Federal Criminal de
Curitiba/PR, publicou no periódico do Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal (CEJ), um
trabalho baseado nas investigações realizadas na década de 1990 sobre pagamentos de subornos entre
políticos e empresários em Milão, intitulado “Considerações sobre a operação mani pulite”.17

No entendimento do juiz federal, a denominada operação italiana constituiu um momento extraordinário


na história contemporânea do Judiciário. E por ele é considerada uma das mais impressionantes cruzadas
judiciárias contra a corrupção política e administrativa em todo o mundo.

A operação Mani pulite ainda serviu para interromper a curva ascendente da corrupção e de seus
custos. Nas suas palavras “(...) é impossível não reconhecer o brilho, com suas limitações, da operação mani
pulite, não havendo registro de algo similar em outros países, mesmo no Brasil”.

A estratégia de ação adotada pelos magistrados milaneses, segundo o seu parecer, incentivava os
suspeitos a colaborar com a Justiça. A investigação tinha por escopo submetê-los a pressão de tomar decisão
quanto a confessar, espalhando a suspeita de que outros já teriam confessado e levantando a perspectiva de
permanência na prisão pelo menos pelo período da custódia preventiva no caso da manutenção do silêncio ou,
vice-versa, de soltura imediata no caso de uma confissão.

O magistrado brasileiro acredita que quando o investigado decide optar pela delação premiada, não se
está traindo a pátria ou alguma espécie de “resistência francesa”. Para ele, um criminoso que confessa um
crime e revela a participação de outros, embora movido por interesses próprios, “está de fato colaborando com
a Justiça e com a aplicação das leis de um país”. O juiz Moro assevera que se as leis forem justas e
democráticas, não há como condenar moralmente a delação. Pelo contrário, o silêncio é que é condenável.

17MORO, S. Considerações sobre a operação mani pulite. Revista CEJ, Brasília, v. 8, n. 26, p. 56-62, set. 2004.

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10. Colaboradores da justiça x delação premiada

Pelas afirmações que vemos transcritas acima, não restam dúvidas de que o Juiz Sérgio Moro
reverencia a operação italiana como exemplo a ser seguido no combate contra a corrupção política e
administrativa. Graças as declarações do hoje famoso magistrado de Curitiba, a operação Mãos limpas é tida
por muitos como a “musa inspiradora” da operação Lava Jato.

De fato, as duas operações começaram investigando um crime pequeno e descobriram uma grande
rede de corrupção. No entanto, é absolutamente divergente a maneira em que foram obtidas as confissões dos
investigados na operação brasileira e na operação italiana.

A despeito do que fez crer o Juiz Federal no seu texto, no caso da Mani pulite os suspeitos não
recebiam incentivos para colaborar com a Justiça. Como vimos, foi utilizada o instituto da prisão preventiva
como forma de ‘forçar’ uma eventual confissão. Quando os suspeitos decidiam falar, eram soltos. Do contrário,
os promotores italianos insistiam – e geralmente conseguiam – prolongar a estada deles por longo tempo na
prisão. Para muitos estudiosos, o método se configurava como uma verdadeira coação, mas ainda assim era
perfeitamente legal dentro do ordenamento jurídico da Itália.

De acordo com a ex-Presidente da Associação de Magistrados da Itália, as prisões cautelares


decretadas no transcorrer da operação Mani Pulite foram procedimentos:
“(...) legais, consentidos e realizados dentro da lei. São legítimos e é evidente que são
eficazes, em confronto com uma criminalidade de poder. Perante as pessoas que não estão
habituadas a sofrer sanções, a cadeia é um instrumento de dissuasão muito eficaz. Quanto
a isto ser justo, é uma discussão muito difícil. A população considera justo. Não existe
nenhuma razão pela qual, enquanto o traficante de drogas é preso e deve pagar toda a
pena, o mesmo não aconteça para os crimes econômicos”.18

Com efeito, a legislação italiana prevê o instituto da colaboração premiada, mas somente quando
envolver delitos específicos, como os relacionados à máfia ou ao terrorismo. O que não era o caso da
investigação Mãos limpas.

Entende-se a colaboração premiada como


“(...) uma técnica especial de investigação que estimula a contribuição feita por um coautor
ou partícipe de crime em relação aos demais, mediante o benefício, em regra, de imunidade
ou garantia de redução da pena ou de concessão de liberdade. Esse tipo de colaboração é
altamente importante na investigação de algumas espécies de crimes, como os praticados
por organizações criminosas, lavagem de dinheiro e corrupção, sempre cometidos sob o
manto de silêncio”.19

Na Itália, a legislação considera o ‘colaborador da justiça’ como a pessoa que, estando numa situação
especial, decide cooperar com a justiça italiana. A sua proteção e segurança física – assim como a de seus
familiares – passam a serem feitas pelo serviço de proteção à testemunha do Estado. Basicamente, o instituto

18Cf.DEL ROIO, José Luiz. op. cit., p. 119-120.


19FONSECA, C. B. G. et al. A colaboração premiada compensa? Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas; CONLEG;
Senado, ago. 2015 (Texto para Discussão n. 181). Disponível em: <www.senado.leg.br/estudos>. Acesso em: 29 mar.
2016.

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de natureza premial se fundamenta na redução da eventual pena que o colaborador iria suportar e, no caso
italiano, se refere a crimes de organização mafiosa e de terrorismo.

Graças ao trabalho do magistrado siciliano Giovanni Falcone – assassinado junto com a sua família
num atentado da máfia em 23 de maio de 1992 – foi editado o Decreto Lei nº 8, de 15 de janeiro de 1991, uma
das primeiras leis promulgadas para regular o fenômeno da colaboração judicial no contexto da repressão a
organizações mafiosas na Itália.

Em seguida, a disciplina original foi alterada pela Lei nº 45, de 13 de fevereiro de 2001. As mudanças
foram substanciais, incluindo as seguintes premissas:

1. O colaborador tem um tempo máximo de seis meses para contar tudo o que sabe, sendo que o
tempo começa a correr a partir do momento que se declara disposto a cooperar;

2. O colaborador não usufrui imediatamente dos benefícios legais, mas tem acesso somente após as
declarações serem avaliadas como importantes e inéditas;

3. O colaborador terá que cumprir pelo menos um quarto da pena;

4. A proteção vai durar até que o perigo tenha cessado, independentemente do estágio em que o
processo se encontre.

O novo regramento tem sido criticado por várias vozes, especialmente vindas de membros da
magistratura italiana, uma vez que ampliou em demasia os requisitos para a inclusão dos ‘arrependidos’ (que
em italiano são conhecidos como pentiti) no processo criminal. No entendimento das autoridades, os
‘colaboradores’ são uma valiosa fonte de informação para reconstruir a dinâmica e a estrutura do crime
organizado na Itália.

Atualmente, o serviço de proteção italiano possui sob custódia aproximadamente 1.200 colaboradores
da justiça, o que constitui um gasto público anual da ordem de 89 milhões de euros.20

No sistema jurídico brasileiro não contamos com um programa nos moldes italiano. Mas, recentemente,
foi instituída a Lei de Combate ao Crime Organizado (nº 12.850/2013), que trata da colaboração premiada.

A legislação pátria permite ao juiz de direito do caso, a partir de requerimento das partes, conceder o
perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por pena restritiva
de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo
criminal. Contudo, a colaboração para ser efetivada deve repercutir em resultados específicos, tais como: a)
identificação dos demais coautores e partícipes e dos crimes por ele praticados; b) o esclarecimento da
hierarquia da organização; c) a prevenção de crimes decorrentes das atividades da organização criminosa; d) a
localização de eventual vítima viva; e e) a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito dos crimes
praticados pela organização delituosa.

Como nota o jurista Wálter Maierovitch:

20FANTAUZZI, Paolo. "Troppi pentiti e testimoni di giustizia": il governo studia per spendere di meno. L’Espresso, 13 lugl.
2015. Disponível em: <http://espresso.repubblica.it/attualita/2015/07/13/news/troppi-pentiti-e-testimoni-di-giustizia-il-
governo-studia-per-spendere-di-meno-1.221016?refresh_ce>. Acesso em: 30 mar. 2016.

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“(...) o sistema legal de proteção a colaboradores da Justiça, usada a expressão em sentido


amplo a abranger proteção a arrependidos, testemunhas e peritos, representa arma potente
de combate às associações criminosas transnacionais. (...) Bem elaborada a lei, com
programas eficientes e administradores competentes, trata-se de importante mecanismo”.21

No entanto, salienta o estudioso brasileiro, o programa de proteção aos colaboradores da justiça pode
ser desvirtuado e serem feitas delações e relatos falsos. Por isso, outros mecanismos podem e devem ser
utilizados simultaneamente no confronto à criminalidade organizada, como por exemplo:

a) o combate à economia do crime organizado, com atenção aos sinais de patologia do mercado;

b) o dever de vigilância bancário e de bolsas de valores e futuros;

c) a tipificação e repressão à lavagem do dinheiro sujo e à reciclagem de capitais;

d) a escuta ambiental;

e) a cooperação internacional;

f) a reforma penal, processual e penitenciária, bem como nova organização judiciária e formas de
atividades persecutórias;

g) as audiências por sistema de videoconferência;

h) polícias especiais como, por exemplo, Divisão de Investigação Antimáfia (DIA) italiana.

Nesse contexto, é mister ressaltar que, a despeito das manifestações escritas pelo Juiz Sérgio Moro,
no caso da investigação Mani pulite não houve nenhum tipo de colaboração premiada. A legislação italiana,
como vimos acima, somente permite acesso aos programas de colaboradores da justiça quando os delitos
estiverem relacionados com organizações mafiosas e terrorismo, o que não era o caso da Mani pulite. Com
efeito, houve por parte da maioria dos investigados/suspeitos naquela operação, inúmeras confissões. Contudo,
nenhuma delas estava ligada ao instituto de natureza premial italiano.

O ‘pool Mani pulite’ – como o grupo de promotores públicos ficou conhecido – se tornou célebre por
utilizar a prisão preventiva como forma de ‘incentivar’ os investigados a delatar. Pela característica única de ser
da magistratura italiana – os juízes e promotores são componentes de uma só carreira – dependia basicamente
deles o tempo de permanência do investigado na cadeia. Ao resolver falar sobre os negócios escusos e a
participação dos coautores, o investigado poderia sair da cadeia prontamente. Do contrário, permaneceria
enclausurado por mais tempo do que gostaria. A pressão popular e da mídia na época eram enormes, o que
dava sustentação ao modo de agir da magistratura de Milão. Com as delações jorrando nas mãos dos
promotores, vários processos foram abertos contra um grupo de poderosos e até então intocáveis políticos,
empresários e funcionários de alto escalão. Entretanto, com o passar do tempo alguns fatores foram cruciais
para diminuir substancialmente o volume de delações, fazendo também diminuir a importância e a qualidade
dos processos judiciais em andamento.

21MAIEROVITCH, Walter. As associações mafiosas. Revista CEJ, Brasília, v. 1, n. 2, p. 101-107, ago. 1997.

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12. A repercussão na mídia brasileira sobre a atuação do juiz Sérgio Moro

Graças ao trabalho realizado, a pressão popular e a exposição maciça na mídia o Juiz de Direito da
Vara Federal Criminal de Curitiba Sérgio Fernando Moro foi catapultado quase que instantaneamente para o
estrelato. A sua atuação dentro e fora dos autos da operação Lava Jato lhe renderam enorme exposição em
todos os veículos de comunicação do país. Elevado à categoria de herói nacional – assim como o magistrado
italiano Antonio Di Pietro nos idos da Mani pulite – Moro passou a ser referência necessária quando o assunto é
corrupção. Muito embora, nem sempre ele tenha colhido pareceres favoráveis!

Segundo matéria publicada na revista Exame22, o juiz Sérgio Moro está colocando as suas
observações acadêmicas em prática. Liderando um grupo de jovens investigadores, Moro aproveitou as
revelações no âmbito do escândalo da estatal petroleira para perseguir uma ala até então intocável, isto é, as
grandes construtoras que supostamente colheram enormes lucros ilícitos subornando executivos e políticos
para inflar os contratos obtidos.

Assim como a operação italiana Mani pulite, a congênere nacional, segundo a reportagem, teria
empregado a delação premiada com sucesso. Na operação Lava Jato, as delações de altos funcionários da
Petrobrás ajudaram a transformar a investigação em um caso que poderia mudar o que muitos veem como uma
cultura da corrupção no país.

A conduta do magistrado difere da que é comumente adotada em casos de colarinho branco. Juiz de
fala tranquila e reservado, Moro tem uma postura profissional inflexível que demonstra, segundo a reportagem,
uma mudança de paradigma na Justiça brasileira.

Outro periódico de destaque na mídia nacional, a revista Época23 escreveu que Moro lidera uma
verdadeira revolução no combate à corrupção no Brasil. Nenhum outro lugar do país concentra tanto poder
quanto Curitiba, no Paraná. É a sede da Justiça Federal, local onde trabalha o magistrado Sergio Moro, “o
cérebro e centro moral da Lava Jato”.

Devido ao método, a estratégia e a disciplina para manter o foco, segundo a referida publicação, é
certo que as investigações irão longe. A matéria termina mencionando que isso se traduz numa “réstia de
esperança para um povo que precisa, desesperadamente, acreditar novamente em seu sistema político”.

Como dissemos, nem todos concordam com as manifestações e atitudes do juiz federal Sérgio Moro.

Com o título ‘Moro nas trevas’, a revista Carta Capital24 traz uma imagem bastante diferente da atuação
do popular magistrado brasileiro. De acordo com a matéria jornalística, Moro não está saciado pelos feitos
promovidos por ele até o momento. E devido as manifestações públicas que faz, “o jovem juiz não sabe do que
está falando, trafega na névoa como um barco escocês ao largo da costa em uma madrugada de pleno inverno
em meio a neblina e com uma avaria no apito”.

22VALLE, Sabrina; COLITT, Raymond. Da mãos limpas à Lava Jato: operações seguem modelo italiano. Revista Exame, 30
jan. 2015. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/da-maos-limpas-a-lava-jato-operacoes-seguem-
modelo-italiano>. Acesso em: 04 abr. 2016.
23BRONZATTO, Thiago et. al. O juiz Sergio Moro lidera uma revolução no combate à corrupção no Brasil. Época, 04 jul.

2015. Disponível em: <http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/07/o-juiz-sergio-moro-lidera-uma-revolucao-no-


combate-corrupcao-no-brasil.html>. Acesso em: 04 abr. 2016.
24DIAS, Maurício. Moro nas trevas. Carta Capital, 04 set. 2015. Disponível em:
<http://www.cartacapital.com.br/revista/866/moro-nas-trevas-213.html>. Acesso em: 04 abr. 2016.

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Ele estaria empolgado com a sua recente popularidade e exibe os seus limites quando pretende
comparar a operação Lava Jato com a operação italiana Mani pulite. No que tange a essa aproximação,
segundo a revista, trata-se de uma iniciativa temerária. Isso porque na Itália a colaboração premiada somente
se aplica nos casos de combate às máfias, que nada tem a ver com os ilícitos alcançados pela operação Mãos
limpas.

A operação Lava Jato não é a primeira grande investigação em que atua o juiz federal Sérgio Moro. E
também não é a primeira vez que sofre críticas por parte do órgão máximo da Justiça brasileira. Em 2013, ao
analisar os fundamentos de um Habeas Corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal, referente ao caso do
Banestado, o Ministro Gilmar Mendes fez duras críticas a conduta do juiz de primeira instância. No acórdão, o
Ministro do STF classificou as decisões do magistrado como "conjuntos de atos abusivos" e "censuráveis", que,
no entanto, "não implica, necessariamente, parcialidade do magistrado". Julgado pela segunda turma do STF, a
maioria dos ministros decidiu que não havia indícios suficientes para considerar a atuação de Moro parcial, mas
determinou que a conduta do magistrado fosse analisada pelo CNJ. O caso depois foi arquivado.

13. Conclusão

As observações feitas objetivaram verificar a possibilidade de uma comparação válida entre a operação
Mãos limpas, na Itália dos anos 1990, com a Lava Jato, no Brasil dos anos 2010. Existem, de fato, algumas
similaridades entre as duas investigações: ambas começaram investigando um crime pequeno e descobriram
uma rede muito grande de corrupção; e, nos dois casos, ocorreu o fenômeno no qual os juízes e promotores se
tornaram verdadeiros heróis nacionais.

No resto, as duas investigações são bastante diferentes. E isso é um bom sinal!

Como foi trazido à baila, estudiosos e especialistas – além das próprias autoridades que conduziram o
caso – consideram a operação Mani pulite um verdadeiro fracasso. Os resultados políticos gerados pela
operação judicial são classificados como desastrosos, uma vez que além de liquidar o sistema político-partidário
criado no pós-guerra, criou um vazio de poder que foi ocupado por aventureiros, muito piores que os tradicionais
políticos.

No ambiente econômico a operação Mani pulite levou a Itália à uma crise permanente, que dura até
hoje. O outrora pujante e criativo meio empresarial italiano entrou em decadência e os grandes empresários
nacionais foram aniquilados.

O eixo central da operação Mãos Limpas foi o "espetáculo de mídia". A imprensa, na verdade, era parte
fundamental da estratégia de Antonio Di Pietro. O espetáculo criado buscava passar ao mundo a ideia de que a
‘força-tarefa’ iria acabar com a corrupção. Contudo, não apenas não acabou como foi responsável por criar uma
corrupção nova.

Nesse sentido são brilhantes as observações do cientista político italiano Alberto Vannucci: “Corrupção
é sinal de Estado fraco, má governança, políticas públicas malfeitas e uma elite política e econômica mal
selecionada”. Considerado como um dos maiores estudiosos da operação Mani pulite, Vannucci assevera que
são imprescindíveis reformas institucionais, políticas e econômicas para garantir um aumento sustentável da

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integridade da esfera pública. Entretanto, observa que “uma mudança tão radical precisa de um apoio social que
dure, que não seja incentivado por um entusiasmo efêmero como uma ação "heroica" de algum juiz”.25

Tais assertivas nos levam a questionar o papel desempenhado por alguns dos membros do Ministério
Público e da Magistratura que atuam no caso Lava Jato. A busca pelos holofotes da mídia não pode ser o meio
de atuação dessas autoridades públicas, ainda mais quando se trata de acusar e julgar pessoas envolvidas em
graves casos de corrupção e improbidade administrativa. O Ministério Público e a Magistratura não devem
buscar na validação da opinião popular a legitimidade para os seus atos, como ocorreu na Itália durante a
operação Mãos Limpas. Como se sabe, a ‘voz do povo’ nem sempre está de acordo com os direitos e garantias
individuais ou com o devido processo legal.

Lembremos que os desacertos e equívocos praticados na Itália anos atrás, servem para o nosso
próprio aperfeiçoamento. Não precisamos de uma ‘cruzada judiciária’ para combater e eliminar a corrupção de
nossas terras. Precisamos de instituições que funcionem e sigam as regras e, mais importante nesse momento,
precisamos implementar reformas políticas e sociais que efetivamente ajam no âmago desse grave problema.

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25BANDEIRA, Luiza. Operação que inspirou Lava Jato foi fracasso e criou corruptos mais sofisticados, diz pesquisador.
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Cadernos de Pós-Graduação em Direito, Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, n. 37, 2016
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CADERNOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

ESTUDOS E DOCUMENTOS DE TRABALHO

Normas para Apresentação

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ESTUDOS E DOCUMENTOS DE TRABALHO

Normas para Apresentação

A apresentação do artigo para publicação nos Cadernos de Pós-Graduação em Direito deverá obedecer as
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

● Titulo: Centralizado, em caixa alta. Deverá ser elaborado de maneira clara, juntamente com a versão em
inglês. Se tratar de trabalho apresentado em evento, indicar o local e data de realização.

● Identificação dos Autores: Indicar o nome completo do(s) autor(res) alinhado a direita. A titulação
acadêmica, Instituição a que pertence deverá ser colocado no rodapé.

● Resumo e Abstract: Elemento obrigatório, constituído de uma seqüência de frases concisas e objetivas e
não de uma simples enumeração de tópicos, não ultrapassando 250 palavras. Deve ser apresentado em
português e em inglês. Para redação dos resumos devem ser observadas as recomendações da ABNT -
NBR 6028/maio 1990.

● Palavras-chave: Devem ser apresentados logo abaixo do resumo, sendo no máximo 5 (cinco), no idioma
do artigo apresentado e em inglês. As palavras-chave devem ser constituídas de palavras representativas
do conteúdo do trabalho. (ABNT - NBR 6022/maio 2003).

As palavras-chave e key words, enviados pelos autores deverão ser redigidos em linguagem natural,
tendo posteriormente sua terminologia adaptada para a linguagem estruturada de um thesaurus, sem,
contudo, sofrer alterações no conteúdo dos artigos.

● Texto: a estrutura formal deverá obedecer a uma seqüência: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

● Referências Bibliográficas - ABNT – NBR 6023/ago. 2000.

Todas as obras citadas no texto devem obrigatoriamente figurar nas referências bibliográficas.

São considerados elementos essenciais à identificação de um documento: autor, título, local, editora e
data de publicação. Indicar a paginação inicial e final, quando se tratar de artigo de periódicos, capítulos
de livros ou partes de um documento. Deverão ser apresentadas ao final do texto, em ordem alfabética
pelo sobrenome do autor.

● Citações: devem ser indicadas no texto por sistema numérico, obedecendo a ABNT - NBR 10520/ago.
2002.

As citações diretas, no texto, de até 3 linhas, devem estar contidas entre aspas duplas.

As citações diretas, no texto, com mais de três linhas devem ser destacadas com recuo de 4 cm da
margem esquerda, com letra menor que a do texto utilizado e sem aspas.

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