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PROJUDI - Processo: 0005385-17.2018.8.16.0182 - Ref. mov. 17.

1 - Assinado digitalmente por Nei Roberto de Barros Guimaraes:10710


04/06/2018: JULGADA PROCEDENTE EM PARTE A AÇÃO. Arq: Sentença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE
CURITIBA
8º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CURITIBA - PROJUDI
Av. Getúlio Vargas, 2826 - Água Verde - Curitiba/PR - CEP: 80.240-040 -
Fone: (41) 3312-6000

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Autos nº. 0005385-17.2018.8.16.0182

Vistos etc.

Dispensado o relatório, nos termos do artigo 38 da Lei 9.099/95.

Afirma a reclamante ter adquirido passagens aéreas da reclamada, com


destino Foz do Iguaçu/Santiago, contudo, houve o atraso do seu voo, bem como a perda de sua
bagagem, o que lhe acarretou uma série de transtornos.

Diante disso, pretendeu ser indenizada moralmente em R$ 15.000,00


(quinze mil reais), bem como danos materiais, consistentes nos objetos que foi obrigada a
adquirir, em virtude da perda da mala, que quantificou em R$ 3.562,25. (três mil quinhentos e
sessenta e dois reais e vinte e cinco centavos).

Passo à análise do mérito.

De inícioi, ressalto a aplicabilidade direta, ao presente caso, do Código de


Defesa do Consumidor, diploma legal consistente num conjunto de normas de ordem pública,
que tutelam interesses individuais, coletivos e difusos, de ampla incidência a todo e qualquer
negócio jurídico que tenha por objeto uma relação de consumo, porque de um lado temos a
parte autora, na condição de destinatária final (artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor),
e do outro a parte requerida, fornecedora de serviços, (artigo 3º do Código de Defesa do
Consumidor), o que configura a relação jurídica havida entre eles como consumerista.

Pois bem. A defesa de mérito rege-se pelos princípios da impugnação


específica e da eventualidade, nos termos do artigo 341 do Código de Processo Civil.

Cabe, portanto, à parte ré o ônus de impugnar especificamente os fatos


trazidos pela parte autora, pena de presunção de veracidade.

No presente caso, é incontroverso o atraso do voo, bem como a perda da


bagagem, porquanto a parte reclamada não nega os fatos narrados na inicial, alegando que o
atraso se deu por falha mecânica e que a perda da bagagem ocorreu de forma temporária.

No entanto, em que pese afirmar que não tem a obrigação de indenizar, por
considerar que o atraso foi razoável, sorte não lhe socorre.

Além disso, o simples cancelamento ou atraso do voo já caracteriza a


prestação de serviço como inadequada, posto que o contrato de transporte é de resultado,
sendo irrelevante a demonstração dos danos suportados pelos passageiros (arts. 12 e 14 do
Código de Defesa do Consumidor).
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04/06/2018: JULGADA PROCEDENTE EM PARTE A AÇÃO. Arq: Sentença

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Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e
o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes
de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,

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apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Ao descumprir as normas que regulam o transporte aéreo de passageiros


em razão de seus próprios interesses, origina-se a responsabilidade civil da companhia aérea
em indenizar o incômodo causado ao seu passageiro.

Dessa forma, agiu a parte reclamada de forma negligente, devendo ser


responsabilizada pelos danos ocasionados ao autor. Ademais, embora caracterizada a
negligência da parte requerida, neste caso, é objetiva a responsabilidade da empresa
reclamada.

Aplica-se ao caso em tela a responsabilidade objetiva decorrente da


atividade de risco, visto que o consumidor não pode suportar os riscos decorrentes dos serviços
prestados pelo fornecedor.

Assim, o fato de as empresas aéreas não conseguirem, sempre, cumprir os


horários estabelecidos de seus voos é um risco do serviço prestado por elas e pelo qual
percebem os seus lucros, devendo, portanto, indenizar o consumidor quando este resta lesado.

RECURSO INOMINADO. TRANSPORTE AÉREO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS E MATERIAIS. ATRASO/CANCELAMENTO DE VOO. RELAPSIA DA
EMPRESA AÉREA. DANO MORAL . DEVER DE INDENIZAR.IN RE IPSA APLICAÇÃO
DO ENUNCIADO N. 4.1 DAS TRU/PR. QUANTUM INDENIZATÓRIO ADEQUADO.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Conforme
Enunciado n. 4.1 da TRU/PR, o cancelamento e/ou atraso de voo somado ao
descaso no trato com o cliente enseja reparação moral. 2. A fixação do valor da
indenização por danos morais deve ser estipulada observando-se a culpa do
ofensor, a concorrência do ofendido, a capacidade econômica das partes e o
caráter punitivo e pedagógico da condenação, norteado pelos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, à luz do caso concreto. Observados esses
requisitos, o valor arbitrado em Sentença bem atende as finalidades do instituto e
está em harmonia com os precedentes julgados por esta 2ª Turma Recursal.
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RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR - 2ª Turma Recursal -

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0008419-58.2016.8.16.0056 - Cambé - Rel.: Rafael Luis Brasileiro Kanayama - J.
14.03.2018)

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Sobre o extravio de bagagem, em recentes decisões (RE 636.331 e ARE
766618), o Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese:

"Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados


internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de
passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência
em relação ao Código de Defesa do Consumidor".

E, à luz do artigo 17 da Convenção de Montreal, que sucedeu a Convenção


de Varsóvia, o transportador é responsável pelo dano causado em caso de perda/extravio da
bagagem que se encontrava sob a sua custódia.

Não bastando, em consonância com o disposto no artigo 734 do Código


Civil, o transporte aéreo é obrigação de resultado, pelo qual a empresa de transporte assume a
tarefa de levar o passageiro como também de entregar suas bagagens no destino. Portanto, na
hipótese de descumprimento da referida obrigação contratual, como ocorreu na hipótese em
comento, o dever de indenizar os prejuízos decorrentes se torna cogente, até porque não
incidente qualquer causa excludente da responsabilidade.

Ou seja, a reclamada cometeu ato ilícito civil, ensejador do dever de


reparação/indenização.

O direito à reparação/indenização, pleiteado pela reclamante, é amparado


pelo ordenamento jurídico positivo.

No Código Civil está previsto que aquele que violar direito e causar dano a
outrem fica obrigado a repará-lo (artigos 186 e 927).

Percebe-se da observância da norma o caráter impositivo da obrigação de


reparação/indenização.

A responsabilidade civil tem, justamente, o seguinte escopo: aquele que


causar dano à outra pessoa, seja ele moral ou material, deverá restabelecer o status quo
anterior ao ato danoso e, caso não seja possível, deverá ao menos compensá-lo.

Além disso, é inequívoco que os constrangimentos como os sofridos


evidentemente ultrapassam a barreira do mero dissabor, gerando o dever de indenizar. Assim,
no que tange ao pedido de indenização por danos morais, a teoria da responsabilidade civil
assenta que o dever de reparar decorre de três elementos: antijuridicidade da conduta do
agente; dano à pessoa ou coisa da vítima; relação de causalidade entre um e outro.
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Não obstante esse fato, importante é registrar que o dano moral

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caracterizado é o presumido, não se exigindo prova do efetivo abalo moral experimentado, vez
que decorre tão somente do fato danoso.

Nesse sentido, importa destacar o artigo 5º, V e X, da Constituição Federal


d e 1 9 8 8 :

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Art. 5º (...)

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de


indenização por dano material, moral ou à imagem;

(...)

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação.

Destaco, ainda, as disposições dos artigos 186 e 927 do Código Civil:

Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito.

Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Com relação ao quantum indenizatório do dano moral, deve-se ter como


critério de aferição, além da gravidade do fato, também a situação financeiro-econômica dos
litigantes.

O intuito é a fixação prudente, adequada ao caso concreto, com o cuidado


de não proporcionar, por um lado, valor que para o autor se torne inexpressivo, e tampouco
enriquecimento injusto para a vítima, devendo ser considerado, também, o efeito inibitório que
deverá desempenhar a sanção pecuniária perante o agente ofensor.

Acerca do tema, leciona Rui Stoco:

"Tratando de dano moral, nas hipóteses em que a lei não estabelece os critérios
de reparação, impõe-se obediência ao que podemos chamar de "binômio do
equilíbrio", de sorte que a compensação pela ofensa irrogada não deve ser fonte
de enriquecimento para quem recebe, nem causa da ruína para quem dá. Mas
também não pode ser tão apequenada que não sirva de desestimulo ao ofensor,
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ou tão insignificante que não compense e satisfaça o ofendido, nem o console e

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contribua para a superação do agravo recebido. Na fixação do quantum a título de
compensação por dano moral o julgador não pode se afastar de um princípio
basilar: a vítima da ofensa deve ter por objetivo único a busca de uma
compensação para um sentimento ruim e não o de obter vantagem, nem de
receber um valor que jamais conseguiria com a força do seu próprio trabalho".

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(Tratado de Responsabilidade Civil - 6ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais,
2004, p. 1184)

Para o arbitramento do valor da indenização por dano moral, deve-se ter


como critério de aferição, além da gravidade do fato também a situação financeiro-econômica
do litigante, sempre com o cuidado de não proporcionar, por um lado, um valor que para a
parte autora se torne inexpressivo e, por outro, que seja uma causa de enriquecimento injusto
para a vítima, devendo ser considerado, também, o efeito inibitório que deverá desempenhar a
sanção pecuniária perante o agente ofensor.

Levando em conta os critérios supra citados, fixo a indenização a título de


danos morais em R$ 9.000,00 (nove mil reais).

Passo à análise do dano material.

Pois bem, deve-se partir da presunção de boa-fé da reclamante ao listar os


bens que foram adquiridos em decorrência do extravio.

Relevante destacar, também, o disposto no artigo 6º da Lei 9.099/95, que


determina ao juiz que julgue sempre com equidade, senão vejamos:

Art. 6º. O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e
equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.

Diante do exposto, é que no presente caso é necessária a fuga do


objetivismo, fixando o dano material por equidade, ou seja, deve-se levar em conta a
possibilidade de que os objetos listados pelo autor estivessem mesmo dentro da mala, na
hipótese concreta.

O artigo 22 da Convenção de Montreal, que sucedeu a Convenção de


Varsóvia, limita os danos materiais ao patamar de 1.000 DES (mil Direitos Especiais de Saque),
o qual nesta data totaliza o montante de R$ 5.303,70 (cinco mil trezentos e três reais e setenta
centavos).

Dessa feita, considerando que a pretensão inicial de danos materiais, tenho


que a reclamante faz jus ao montante perquirido, ou seja, R$ 3.562,25. (três mil quinhentos e
sessenta e dois reais e vinte e cinco centavos), diante das notas juntadas e não impugnadas
especificamente pela reclamada.
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04/06/2018: JULGADA PROCEDENTE EM PARTE A AÇÃO. Arq: Sentença

Nessas condições, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos

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deduzidos na inicial para o fim de condenar a reclamada ao pagamento de indenização por
danos a) morais, de R$ 9.000,00 (nove mil reais), importância a ser devidamente atualizada
pelos índices INPC/IGP-DI, a incidir desde a sentença e corrigida com juros de mora de 1 (um)
ponto ao mês, desde a citação (Enunciado 12.13, ‘a,’ das Turmas Recursais do Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná); e, b) materiais, de R$ 3.562,25 (três mil quinhentos e sessenta e

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dois reais e vinte e cinco centavos), a serem corrigidos monetariamente pelo INPC desde o
desembolso e acrescidos de juros de mora a razão de 1% (um por cento) desde a citação.

Consequentemente, julgo extinto o feito com resolução de mérito, o que


faço com fundamento no art. 487, I, do Código de Processo Civil.

Isentos do pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do


art. 55 da Lei 9.099/95.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Curitiba, 04 de Junho de 2018.

Nei Roberto de Barros Guimarães

Juiz de Direito

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