Vous êtes sur la page 1sur 22
Titulo do original inglés Meaning in the Visual Arts © 1955, by Erwin Panofsky Dados Internacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Panofsky, Erwin, 1892-1968. Significado nas artes visuais / Erwin Panofsky ; [tradugdo Maria Clara F, Kneese ¢ J. Guinsburg}. — Saio Paulo : Perspectiva, 2011. — (Debates ; 99 / dirigida por J, Guinsburg) Titulo original: Meaning in the visual arts. 4" reimpr. da 3, ed. de 2001. Bibliografia. ISBN 978-85-273-0243-2 1, Arte - Historia 2, Arte - Psicologia 3. Panofsky, Erwin, 1892-1968 - Critica e interpretagaio 4. Pereep¢ao visual 5. Significado (Psicologia) I. Guinsburg, 1... IL, Titulo, IIL. Série, 04-6926 CDD-709 indices para catalogo sistematico: 1. Arte : Histaria 709 3* edligio — 4° reimpressio vados a Dircitos em lingua portuguesa r EDITORA PERSPECTIVA 8.A Av. Brigadeiro Luis Antonio, 3025 0401-000 — So Paulo — SP — Brasil Telefax: (0--11) 3885-8388 wavw.editoraperspeetiva.com,br 2011 1, ICONOGRAFIA E ICONOLOGIA: UMA INTRODUGAO AO ESTUDO DA ARTE DA RENASCENCA Iconografia € 0 ramo da historia da arte que trata do téma ou mensagem das obras de arte em contra- posigaéo 4 sua forma. Tentemos, portanto, definir a distincao entre tema ou significado, ‘de um lado, e for- ma, de outro. —— Quando, na rua, um conhecido me cumprimenta tirando o.chapéu, 0 que vejo, de um ponto de vista formal, é apenas a mudanca de alguns detalhes dentro da configuracdo que faz parte do padrao geral de 47 cores, linhas ¢ volumes que constitui o mundo da minha visio. Ao identificar, o que fago automaticamente, essa configuragdéo como um objeto (cavalheiro) é a mudanca de detalhe como um acontecimento (tirar 0 :chapéu), ultrapasso os limites da percepgfio puramente formal e penetro na primeira esfera do tema ou men- sagem. O significado assim percebido é de natureza elementar ¢ facilmente compreensivel e passaremos a chama-lo de significado fatual; é apreendido pela sim ples identificacio de certas formas visiveis com certos objetos que ja conhego por experiéncia pratica e pela identificagiéo da mudanga de suas relacdes com certas ag6es ou fatos. Ora, os objetos e fatos assim identificados produ- zirao, naturalmente, uma reacgio em mim. Pelo modo do meu conhecido executar sua acio, poderei saber se esta de bom ou mau humor, ou se seus sentimentos a meu respeito séo de amizade, indiferenca ou hostili- dade. Essas nuangas psicoldégicas dardio ao gesto de meu amigo um significado ulterior que chamaremos de expressional. Difere do fatual por ser apreendido, nao por simples identificagéo, mas por “empatia’”, Para compreendé-lo preciso de uma certa sensibilidade, mas essa é ainda parte de minha experiéncia pratica, isto é, de minha familiaridade cotidiana com objetos e fatos. Assim, tanto o significado expressional como o fatual podem classificar-se juntos: constituem a classe dos significados primarios ou naturais. Entretanto, minha compreensao de que o ato de tirar o chapéu representa um cumprimento pertence a um campo totalmente diverso de interpretacdo. Essa forma de saudagiio é peculiar ao mundo ocidental e um resquicio do cavalheirismo medieval: os homens armados costumavam retirar os elmos para deixarem claras suas intengGes pacificas e sua confianga nas in- tengGes pacificas dos outros. Nao se poderia esperar que um bosquimano australiano ou um grego antigo compreendessem que o ato de tirar o chapéu fosse, naio s6 um acontecimento pratico com algumas conotagdes expressivas, como também um signo de polidez. Para entender o que 0 gesto do cavalheiro significa, preciso ndo somente estar familiarizado com o mundo pratico 48 (los objetos e fatos, mas, além disso, com_o mundo mais do que pratico dos costumes e tradic6es culturais peculiares a uma dada civilizagao. De modo inverso, ieu conhecido nao se sentiria impelido a me cumpti- ientar tirando o chapéu se n&o estivesse cénscio do ficado deste ato. Quanto as conotagGes expressio- ais que acompanham sua agao, pode ou nao ter cons- ciéncia delas. Portanto, quando interpreto o fato de lirar o chapéu como uma saudagao polida, reconhego nele um significado que pode ser chamado de secun- ddrio ou convencional; difere do primério ou natural por duas razGes:‘em primeiro lugar, por ser inteligivel em vez de sensivel e, em segundo, por ter sido cons- cientemente conferido a acdc pratica pela qual é vei- culado. E finalmente: além de constituir um acontecimen- to natural no tempo e espago, além de indicar, natural- mente, disposigdes de 4nimo e sentimentos, além de comunicar uma saudagao convencional, a agdo do meu conhecido pode revelar a um observador experimentado tudo aquilo que entra na composigao de sua “perso- nalidade”. Essa personalidade é condicionada por ser cle um homem do século XX, por suas bases nacionais, sociais e de educacao, pela histéria de sua vida passada e pelas circunstfncias atuais que 0 rodeiam; mas ela também se distingue pelo modo individual de encarar as coisas e de reagir ao mundo que, se racionalizado, deveria chamar-se de filosofia. Na acio isolada de uma saudacao cortés, todos esses fatos nao se _manifestam claramente, porém sintomaticamente. Nao podemos construir o retrato mental de um homem com base nesta acao isolada, ¢ sim coordenando um grande nu- mero de observacgdes similares ¢ interpretando-as no contexto de novas informagées gerais quanto a sua época, nacionalidade, classe social, tradigdes intelec- tuais e assim por diante. No entanto, todas essas qua- lidades que o retrato mental explicitamente mostraria so implicitamente inerentes a cada agio isolada; de modo que, inversamente, cada agio pode ser inter- pretada a luz dessas qualidades. O significado assim descoberto pode denominar-se intrinseco ou contetido; é essencial, enquanto que 0s 49

Vous aimerez peut-être aussi