Vous êtes sur la page 1sur 17

TÍTULO: "Midnight Angel" - Anjo da Meia-Noite

AUTORA: Isahunter
TRADUTORA: Mica
RATING: PG (Language)
CATEGORIA: V, WIP, Krycek/Other (NÃO é Slash)
SPOILERS: Até "Um Filho", S6 (Especificamente "Tunguska")
LINHA DO TEMPO: Situado no inverno de 1999, mas os eventos ocorridos no episódio "Biogenesis" nunca
aconteceram.
ARCHIVOS: Sim, com meu nome e todos os cabeçalhos anexados.
FEEDBACK: Isahunter@aol.com e também, para mim (Mica), que afinal, quero saber o que acharam da
história. Meu mail é enya_morgana@bol.com.br
DISCLAIMER: No que se refere a mim, Alex Krycek não pertence a ninguém... mas, levando em consideração
seu criador, eu acho que eu devo dar a Chris Carter, Ten Thirteen e Fox. E eu não posso esquecer Nick Lea,
por dar-me alguém tão divertido para se brincar.
RESUMO: O que realmente bate no coração de Alex Krycek?
A FIC NO IDIOMA ORIGINAL: Se você quiser ler a fic em inglês, ela está disponível no site eXpositions:
http://www.imadethis.org/mhae.htm
NOTA: Isto difere da minha rotina normal, que não é MSR. Desculpem-me se isto desaponta alguém. Eu só
achei que já era hora de eu dar voz à minha outra paixão.
Agradecimentos especiais à Alli, BoriJ, Ginny, & Diadem... por saberem que eu não fiquei insana, mesmo
quando eu não estou completamente certa disso. Agora, vamos aos negócios.
NOTA DA TRADUTORA: Quanto a mim, eu agradeço à Modell por betar a fic para mim (Claudinha, você está
sendo um amor) e à Vanda (minha teacher) que está tendo toda a paciência do mundo ao desperdiçar
praticamente três horas todos os sábados na tradução desta fic que é tão importante para mim.
E gostaria só de dar um aviso: Não esperem a conclusão da tradução para logo pois a fic é realmente grande e
trabalho é árduo. Mas ninguém ficará prejudicado, visto que os capítulos têm praticamente início, meio e fim.
Bom... espero que gostem da fic tanto quanto eu gostei (e cheguei a ficar mais de oito horas direto, adentrando
a madrugada, só para concluir a leitura de alguns capítulos)
Ops... só mais uma coisinha (para não dizerem que eu não avisei). Apesar de eu não gostar de usar palavrões
em minhas fics (na verdade, não uso nem em meu cotidiano. Eu odeio palavrões!), eu achei melhor deixar
como a autora escreveu no original, mesmo porque a fic trata de alguns personagens que não se importariam
nem um pouco de usar esse linguajar...

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

"Tire a esperança do coração de um homem e você fará dele um animal predador."


Ouida (1838 - 1908)

A morte deixou um gosto azedo em sua boca, uma queimação em suas narinas, e não importa quantas vezes
ele se lavasse, ele ainda não conseguia livrar-se da sensação dela em sua pele. Não tinha certeza se foi
intenção ou tédio que o levou a vestir-se de preto, parecendo em cada detalhe o ceifeiro que ele gostaria de ser.
As juntas de sua mão direita estavam brancas devido a força com que ele fechava o punho. Uma pequena
defesa contra o frio. Nem mesmo a Vodka queimando em seu estômago conseguia aquecê-lo.
Ninguém preocupou-se em questioná-lo aqui. Ninguém conhecia seu nome ou mesmo ousava olhá-lo nos
olhos. Ele ficou a parte, tão solitário como sempre. Os outros não sabiam quão sortudos eles eram. Ele só
falava com aqueles homens que ele queria destruir. Mercenário era um papel que ele desempenhava muito
bem.
E, ainda assim, quando saiu para a calçada no ar frio e traiçoeiro da noite, sua atenção foi imediatamente
atraída pela fragilidade diáfana que estava de pé em sua frente.
Ela não pertencia a aquele lugar. Aquilo era óbvio. O brilho corado de sua carne brilhava branco virgem nas
luzes de néon. Os flashes de cor azul dançavam sobre seu cabelo escuro, formando um alo sobre sua cabeça
quando ela parou para ajustar a sandália. Ela estava tão natural de pé em frente aos salões de tatuagem e nos
bares mal afamados, que enchiam seu olhar, como uma freira que certa vez o esbofeteou com uma régua em
sua mão. A única diferença era que a Irmã era uma mulher velha.... esta era só uma garota.
Seu primeiro impulso foi continuar andando, desaparecer nas sombras negras oleosas e nunca olhar para trás.
Seu segundo impulso foi esmagá-la como uma flor, respirando seu perfume e saboreando cada nuance. No
final, ele apenas olhou fixamente.
Vestida de uma blusa de veludo azul esmaecido, com o corte de seu jeans marcando seus quadris como o
suspiro de um amante, ela deslizou para longe dele. A medida que a calçada entre eles se afastava a cada
passo, ele lutava contra a compulsão de segui-la. Esta não era sua cena. Verdade, ele não tinha estado com
uma mulher há bastante tempo, mas isto não o tornava suficientemente desesperado para seguir qualquer
adolescente cheirando a bala à BMW do seu pai. Ele não tinha a necessidade de correr a palma de sua mão na
pulseirinha de miçangas em volta do tornozelo dela, nem de correr seus dedos entre a seda de seus cabelos
chocolate. Ele não tinha a intenção de saborear seus lábios com gosto de chiclete de bola. Ele não estava
ansioso para sentir as unhas bem feitas dela, coçando suas costas. Então, porra, por que ele a estava
seguindo?
Tinha passado um longo tempo desde que ele tinha notado o sutil balanço dos quadris de uma mulher. As
fêmeas como um todo, nunca tinham sido uma das suas prioridades máximas... mas isto, de maneira nenhuma
queria dizer que ele estava interessado em homens. Sua única preocupação no corpo de um homem era
somente saber onde atingir para causar o maior dano. Desde a memória mais antiga que ele podia lembrar,
seus pais imigrantes da Guerra Fria, tinham estado ensinando a ele somente o que era necessário para
sobreviver... o que significava sacrificar. O som suave do riso de uma mulher em um mundo onde a lei era "trair
ou ser traído", poderia muito bem ser mortal.
** Engane, roube, minta. Mate com precisão e rapidamente. Não confie em ninguém. Acabe com qualquer um
que entre no seu caminho.**
Era uma maneira vazia de viver... mas era a única maneira de permanecer vivo.
Apagando a música da cidade, buzinas soando, a vibração dos helicópteros numa completa escuridão, ele
concentrou-se no suave ritmo, como as batida de um coração, que os sapatos dela produziam no concreto.
Seguindo-a como uma coelha que não suspeitava de nada, as vezes quase tão perto a ponto de tocá-la, as
vezes perdido na multidão de estranhos arruaceiros.
A batida rápida de seu coração era quase suficiente para fazê-lo parar. Ele era um caçador hábil e tinha
treinado muito tempo para tornar-se apático a matar. Desta vez pode ter sido diferente, mas estava chocado
com sua própria excitação. O calafrio que corria por suas veias como mercúrio, atingiu o nível de febre quando
ela virara na esquina e ele a perdera de vista. Sumida, num piscar de olhos. Alcançando o ponto onde ela havia
estado, ele deu uns passos em volta, escrutinando a área, apenas para encontrar o nada.
Desaparecida.
Mas não exatamente. O seu perfume continuou no ar, macio e doce como flores selvagens na primavera. Com
somente um toque de tempero que fez seus olhos se fecharem em completa entrega. Por apenas momento, ele
não era mais um matador. Ele não era um assassino a sangue-frio só com destruição e perseverança na
cabeça. Ele era apenas um homem, tomado pelo desejo latente e faminto de uma bela mulher.
Nunca antes, nem mesmo em seus momentos de maior depressão, ele havia sido um estuprador. A idéia de
forçar uma mulher inocente somente lhe trazia um frio desgosto. E ele não tinha desejo de usar sua força nesta
criatura delicada... mas ele a queria. Com uma intensidade que o fazia tremer.
No entanto, ele não estava preparado para o instante em que abriu seus olhos para encontrar-se encarando o
cano de uma arma. De pé, nos degraus de baixo de uma escada, escondida nas sombras dos prédio de
esquina, ela segurava a pistola com as duas mãos. Seu pulso tremeu levemente quando o olhar dele cruzou
com seus grandes olhos azuis, suas narinas vibravam com o esforço de manter seus nervos agitados sobre
controle.
"Você poderia me dizer quem diabos é você e por que está me seguindo?"
Após um momento de silêncio, ele sentiu um sorriso vagaroso se espalhar por sua face. "Que eu saiba, esta é
uma calçada pública."
O dedo dela mexeu levemente no gatilho, mas ele nem piscou. Ele tinha que lutar contra o impulso de olhar seu
relógio de tão entediado.
"Calçada pública, porra nenhuma. Isto não lhe dá o direito de me seguir até em casa."
Ele deu uma olhada no umbral da porta acima dela. Apto. 2A. Seu olhar desceu pela pintura descascada, tijolos
lascados e concreto grafitado, os degraus tortos e de madeira bastante gasta onde ela estava parada. E de
repente a imagem anterior de uma garotinha rica e mimada, sumiu em chamas.
"Olhe, eu me enganei. Você acha que poderia colocar de volta a trava nesta coisa, antes que você
acidentalmente estoure a minha cabeça?"
"Eu acho que não. Quem é você?"
Ele deu um passo para trás, levantando um pouco as mãos para mostrar que não pretendia machucá-la. O
simples pensamento era tão ridículo que ele quase riu. "Não importa. Desculpe tê-la incomodado."
"Fique parado aí." Ela tornou-se mais determinada... mirando a genitália dele. Ele gelou. "Eu já o vi antes.
Quem é você?"
Porra. Ele deveria ter ido embora quando teve oportunidade. "Alex."
Ela pestanejou, passou a língua pelos lábios, e, hesitando, baixou a arma. Porém não colocou a trava de
segurança. "Me desculpe. Eu geralmente não sou tão paranóica. Acabei de me mudar para cá, e a idéia de ser
estuprada na verdade não me atrai, sabe?"
Ele conseguiu dar um pequeno sorriso satisfeito. "Você está certa em suspeitar. Pelo que você sabe, eu poderia
ser um serial killer."
Ela apertou os olhos, uma covinha surgindo em sua bochecha. "Que jeito de agir."
O calor se espalhou pelo seu torso, acendendo chamas ardentes pelo caminho, queimando numa tempestade
de fogo, lhe fazendo sentir de repente seu jeans apertado demais. Ele tinha gasto a maior parte de sua vida,
atraído pela violência. Embora sua inteligência tivesse sido sempre impressionante, foi sua habilidade natural
para atirar bem, que o tornou conhecido em Quântico. No entanto, não era por acaso. Com pais antigos
agentes da KGB, e o conhecimento de que o mundo estava com toda evidência caminhando para o fim, ele
tinha aprendido a lutar antes que ele aprendesse a falar. A resistência estava no seu sangue. Então, por que ele
se viu tão atiçado por este anjo sem mácula?
"Eu não queria ser tão rude." Ela esfregou o braço rapidamente. "Está frio aqui fora. Você tem lugar para ficar
esta noite?"
"Por que, você está me convidando para entrar?"
"Não... Eu ia recomendar-lhe o abrigo da Rua Seis. Eu faço trabalho voluntário lá, algumas vezes. Eles são
gente boa."
"Eu tenho um lugar."
"Oh." Ela o olhou fixamente por um minuto, seus olhos o varrendo de alto a baixo, numa carícia estranha e
ousada. Abriu sua boca como se fosse dizer algo, mas a fechou novamente. Então, ela finalmente criou
coragem. "Bem, o mínimo que eu posso fazer é oferecer-lhe uma xícara de café, depois de apontar uma arma
para você."
"Você não se mantém suspeitando por muito tempo."
"Bem, você parece suficientemente inofensivo, Alex... Além disso, eu ainda estou com a arma e as paredes são
muito finas. A Sra. Kitts poderia trazer os policiais aqui em segundos se eu gritasse."
Confiante. Ingênua e confiante. Ele não tinha encontrado esta combinação há bastante tempo... mas
considerando aonde ele geralmente gastava seu tempo, isto não era surpreendente. Um homem com nenhuma
lealdade não podia pedir por confiança. Da mesma maneira, ele não confiava em ninguém mais. O que era que
Rudyard Kliping tinha dito uma vez? "Nas espécies, a fêmea é mais mortal que o macho." E isso fazia sentido.
O pior dos espinhos era freqüentemente carregado pelas flores mais bonitas
Ele não tinha prova de sua inocência. Nada mais do que um sentimento vindo de seu íntimo. E ainda assim, ele
a seguiu por aquelas escadas escuras. Ela sabiamente manteve a arma ao seu lado, fora do alcance dele,
pronta para usá-la se sentisse qualquer perigo. Engraçado. Ela obviamente não iria conhecer nenhum com
aquela arma grudada em seus quadris.
E que belos quadris eles eram. Ele estava hipnotizado pelo seu balanço ritmado. Tinha que lutar contra a
vontade de moldar com sua mão as curvas dela. Uma vez que ela alcançou o topo da escada, ela o olhou com
o canto de seus olhos, enquanto usava a mão livre para abrir a porta. Apertando o interruptor perto da porta, ela
iluminou a cobertura com uma suave luz cor de rosa. Dando um passo para o lado, ela fez um gesto para que
ele entrasse.
"Espero que não ligue para a bagunça. Eu não recebo muita visita."
O olhar dele percorreu o aposento. O chão de madeira nua, era quase invisível sob os metros de panos com
manchas de tinta. Telas de diferentes tamanhos e formas encostadas na parede, e ainda mais algumas
estavam montadas em vários cavaletes pela sala. Cada uma em diferente estado de acabamento. Algumas
cobertas com manchas brilhantes de tinta a óleo, outras em acrílico e ainda outras somente desenhas a lápis.
Mas elas eram todas impressionantes. Quando ele esperava uma alma de mulher composta de flores e
poesias, em vez disso ele foi recepcionado por linhas duras e formas borradas.
Ela encontrou o seu olhar fixo e suas faces se ruborizaram. "Eles não estão terminados. Parece que não
consigo fazê-los direito. Mas este é o tipo de coisa que está vendendo nas galerias. Eles não conseguem
estocá-los... bem, exceto os meus. Dos meus eles não conseguem se livrar."
Ele deu um passo em direção a uma das telas, passando seus dedos pela tinta seca.
"Você não é muito conversador, não é?" ela perguntou.
Seu toque deslizou pelo rabisco de tinta vermelha onde estava feita a assinatura dela. Sabryn Jaeger. Ele
quase não notou quando ela afastou-se dele para o minúsculo balcão que fazia sua cozinha.
"Você gosta do seu café preto?"
"Você tem chá?"
Ele podia sentir os olhos dela sobre ele, mas não olhou para cima.
"Uh... claro."
O resto do seu apartamento de teto alto consistia em uma pequena área de banho separada por uma parede de
tijolos de vidro, e um canto que servia como seu quarto. A moldura de ferro gasto de sua cama era quase
irreconhecível sob o monte de cobertores e lençóis misturados. Não tendo dormido uma noite normal em anos,
ele reconheceu imediatamente os sinais de pesadelos.
Grandes janelas acompanhavam duas paredes do sótão, permitindo-lhe ver ruas barulhentas abaixo. Não havia
retratos na sua pouca mobília e nem sinais de um amante com quem ela morasse e nem mesmo de um
namorado ocasional. O lugar imenso era vazio e cavernoso como um hangar.
"Você mora sozinha aqui?"
Ela gelou ao por a caneca no microondas. Demorou um momento para decidir como responder a ele. No final,
ele viu, ela decidiu-se pela verdade. "Sim, eu não sou uma garota da cidade." Ela virou-se um pouquinho para
olhá-lo. "Eu cresci numa fazenda, mas eu também não sou exatamente uma caipira. Acredito que não pertenço
a realmente lugar nenhum."
Ele não conseguia imaginá-la em uma fazenda. Claro, ele duvidava que alguém pudesse dizer o mesmo dele,
mesmo que ele tivesse nascido numa zona rural do Colorado.
Ainda assim, havia uma boa razão para ele não parecer um garoto de fazenda... em vez de criar porcos e
ovelhas, seu pai estava criando um filho que um dia poderia ter que lutar pelo seu próprio futuro. Um garoto
fluente em russo e possuindo o conhecimento básico de várias outras línguas, ao invés de saber como guiar um
trator ou tirar leite de vaca. Um garoto que sabia como encontrar a informação que seu pai procurava, por
quaisquer meios necessários, o favorito de seus professores, um correto estudante "A", um atleta dedicado. Um
homem que graduou-se com louvor e continuou para conseguir formar-se em duas faculdades, entrando para a
academia do F.B.I em Quântico para tornar-se um Agente Especial. Foi somente um meio para um fim. Assim
como seu pai antes dele, Alex Krycek era primeiro e antes de tudo um espião.
Alguns o chamariam de traidor, mas aqueles bastardos não sabiam o que eles estavam enfrentando. Neste
mundo não havia um país ou governo que ele admirasse. Eles eram todos os mesmos corruptos, mentirosos,
um traiçoeiro sindicato. Traição era o jogo que eles haviam começado.
"Você é daqui, Alex?"
"Não", ele disse, sua voz quase inaudível para os seus próprios ouvidos. "Eu não sou de lugar nenhum."
"Isto é uma coisa estranha para dizer. Mas não se preocupe, eu compreendo. Eu realmente não falo muito
sobre mim também... exceto, para você. Eu acho que você provoca isto em mim."
Ele podia pensar em muitas coisas que ele gostaria de fazer com ela, mas fazê-la falar não estava realmente no
alto da lista.
"Me desculpe, eu não tenho nenhum lugar para você sentar." Ela foi em direção da cama tentando em vão
amaciar as cobertas emboladas. Depois de um instante ela jogou-as no chão. "Eu acho que isso vai ter que
servir."
Com a cabeça ele acenou para a arma que ela tinha posto na cintura. "É um lugar perigoso para guardar esta
coisa. Pelo menos para mim, de qualquer forma."
"Humm? Oh..." Ela ruborizou um pouco. "Desculpe, eu só - estou sendo estúpida. Meu irmão me deu isto
quando me mudei para a cidade. Eu, na verdade, não me sinto muito confortável com ela, mas..."
"Mas você está menos confortável comigo."
"Não. Este é o problema. Eu me sinto confortável com você, mas as vezes eu acho que estou confiando demais
e na verdade não deveria estar. Não é mesmo bobo?"
"De forma alguma. Você tem que ser cautelosa. Este mundo está todo indo para o inferno, de qualquer
maneira."
"Você fala como meu irmão." Olhando para ele com cuidado, ela finalmente pôs a pistola no seu criado-mudo...
potencialmente cometendo um erro fatal. Ela tinha sorte que ele não tinha preferência por matar mulheres.
Ela voltou para a cozinha e ele sentou-se na cama. O barulho das molas fizeram-no estremecer.
"Eu não tenho certeza do porquê eu o convidei a entrar" ela disse pensativa. "Eu não faço isso todos os dias,
você sabe."
"Você me convidou porque está solitária."
Ela riu, mas o sorriso não ficou no seu rosto muito tempo. "Por que você pensa isso?"
"Você vive sozinha em um apartamento onde não tem muitos visitantes. Você está longe de sua família. Você
gasta suas noites trabalhando com estranhos só por um pouco de companhia. Não há sinais de um namorado.
Nenhum cartão de aniversário ou adornos que pudessem ser presentes de amigos."
"O que é você? Um detetive?" Ela cruzou os braços. "E de qualquer maneira, só porque você está sozinho não
quer dizer que está solitário."
"Não..."
"*Você* é solitário, Alex?"
Ele olhou para ela sem piscar. "Não, Sabryn, eu não sou."
Ela apertou os olhos um momento, antes de virar-se e tirar a caneca do microondas. Ele observou-a trabalhar,
com uma economia de movimentos e um toque delicado que fazia dela a artista que era. Colocando sobre o
criado-mudo uma garrafa de plástico com forma de urso, cheia de mel, ela deu a ele o seu chá.
"Nunca teria pensado em você como um homem que toma chá. Mas novamente, isso soa um pouco como um
oxymoron."
Ele não pode resistir a dar uma olhada por cima da borda da caneca, para o sorriso irônico dela. Como ela
sentou no banquinho em frente dele, ficou pensando que diabos ele estava fazendo ali. Ele sabia o que
realmente queria dela, mas era um bobo de pensar que viria a conseguir isto.
"O que você faz mesmo para viver, Alex?"
"O que você diria se eu te dissesse que sou um espião?"
"Eu diria que alguém está assistindo filmes do Schwarzenegger demais." Ela virou a cabeça para o lado. "Mas
isso não significa que você não tenha a aparência certa. O personagem de 'Homem de Preto' realmente
funciona para você."
Cristo. Ele riu. Ele não tinha ouvido o som do seu riso por tanto tempo, que saiu quase enferrujado.
"Então, Sr. Espião... exatamente quem você está espionando? Se você está atrás dos segredos de Clinton,
desculpe mas eles já estão lá fora."
Ele teve que limpar a garganta. "Não, aquele homem é apenas um testa-de-ferro... não é um trocadilho."
A risadinha suave que escapou de seus lábios túmidos e fofos tornou o quarto 20o graus mais quente. A dor
sombria centrada em seu sexo aumentou. Ela não tirou seu olhar de renda-prateada quando ele olhou para ela,
não se acovardou de medo na sua presença. Mas ela não sabia com quem ela estava lidando na verdade. Se
ele apresentasse a sua verdadeira face, ela não teria problemas em clarear as formas borradas de suas
pinturas abstratas que causam tanta perplexidade. As imagens impressionantes de catástrofe e malevolência,
tão estranhas a ela que ela não podia sequer contemplá-las nas telas, teriam ficado claras como vidro.
"Acredite em mim, você não quer saber as coisas que eu sei, nem em um milhão de anos."
"Você está certamente cheio de mistério, eu reconheço."
"Toda pessoa tem os seus segredos."
"E sobre família? É pessoal demais a pergunta?"
"O que você quer saber?"
"Existe uma Sra. Espião?"
"Não."
"Oh, então está bem. Os espiões não se apaixonam. Eu aposto que você só passa de uma mulher para a
próxima, como James Bond, nunca assentando, nunca ousando criar ligação."
"Garanhão" ele perguntou secamente.
A garota na verdade tossiu, quase engasgando com seu chá. "Algo desse tipo."
"É, alguma coisa assim."
"Ainda assim é difícil acreditar que um homem não se sinta solitário vivendo este tipo de existência. Ninguém
para encontrar em casa a noite. Ninguém em quem confiar. Ninguém para amar."
Ele engoliu o resto do seu chá em um gole, sem ligar para escaldar sua garganta. Levantando-se
abruptamente, ele lhe deu a sua caneca. "Eu tenho que ir."
"O que eu - um, é. Está ficando tarde."
"O - Obrigado pelo chá."
Sabryn pôs as canecas de lado e estendeu a mão. "Foi bom conhecer você, Alex."
Ele não deu a mínima para apertar a sua mão. Tocar a inocência não era o suficiente. Ele queria consumi-la,
possui-la, ser arrasado por ela. Segurá-la, chacoalhá-la, fodê-la... destruí-la. É o que acabaria acontecendo,
não é? No momento em que ele se permitisse tê-la, ele a arruinaria. Ele não poderia deixar isso acontecer. E
ainda assim... e ainda assim, ele a queria.
Empurrando a mão que ela estendia, ele a agarrou pela nuca e a puxou para mais perto. Mal notando as mãos
que ela jogou contra seu peito, para parar o ataque. Ignorando o olhar de choque e alarme em seus belos olhos
azuis acinzentados. Pressionando sua boca na dela, com uma suavidade que ele não sabia ser capaz.
Quando ela parou de lutar, ele soube que estava perdido. Sua boca cedeu sob ele, abrindo-se ligeiramente,
devolvendo o beijo. Ele teve que parar antes que fosse tarde demais.
Afastou-se dela, deixando-a sem ar e tropeçando sem o seu apoio. Pôde sentir o olhar fixo dela atrás dele, mas
não preocupou-se em olhar para trás. Quando alcançava a porta, ele parou e ligou a trava automática da
fechadura, para que ela trancasse quando ele passasse.
"Você deveria mesmo ser mais cuidadosa", ele disse, sua cabeça voltada para o lado. "Os únicos homens neste
mundo que não estão mortos, são mortais."
Ele não esperou por sua resposta. Saiu pela porta e escada abaixo, com uma amarga determinação. Não
olhando nem uma vez para trás. Apagando a imagem dela de sua mente. Voltou para o mundo onde ele estava
sozinho. Onde ele usava as pessoas para seus próprios motivos egoístas, e não ligava para quem entrava em
seu caminho.
Ela tinha entendido, não tinha? Ele não estava solitário.
Ninguém mais importava.

FIM

Feedbacks são bem vindos!! Isahunter@aol.com (autora, em inglês) e, é claro, enya_morgana@bol.com.br (a


tradutora).

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

TÍTULO: "Midnight Angel II: Sabryn" (1/1) - Anjo da Meia-Noite II: Sabryn
AUTORA: Isahunter
TRADUTORA: Mica
RATING: PG
CATEGORIA: V, WIP, Krycek/Other (NÃO é Slash)
SPOILERS: Nenhum
LINHA DO TEMPO: Ocorre antes de "Biogenesis", mas no inverno de 1999.
ARCHIVOS: Sim, com meu nome e todos os cabeçalhos anexados.
FEEDBACK: Isahunter@aol.com e também, para mim, que afinal, quero saber o que acharam da história. Meu
e-mail é enya_morgana@bol.com.br
DISCLAIMER: Embora os outros personagens sejam criação minha, Krycek tecnicamente pertence a Chris
Carter, Ten Thirteen e Fox. Não se pretende infringir isso.
RESUMO: Que preço pagamos para guardar nossos segredos?
NOTA: Isto dá seqüência a "Midnight Angel", disponível no idioma original, no site eXpositions:
http://www.imadethis.org/MA.htm

Para Allison Elizabeth, com amor. Agradecimentos especiais para minhas betas, Ginny & Diadem.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

"Ele levantou um mortal para os céus,


Ela trouxe um anjo para baixo."
John Dryden (1631 - 1701)

Lençóis úmidos de suor jaziam no chão ao lado dela, iluminados pelo pálido brilho azul do seu computador
laptop. Com olhos semicerrados de exaustão, Sabryn digitou uma comunicação silenciosa para um amigo que
ela nunca encontrou. Embora ela tivesse certa vez jurado nunca colocar seus pés em um chat, o tédio e a
insônia a tinham levado meses atrás a uma conversa com um homem com quem simpatizou. Agora, sozinha
em uma conversação a dois com seus amigo no "instant messaging", ela não se sentia tão solitária. Embora ele
a conhecesse como "Lailah", ele conhecia mais dos seus segredos do que ela conseguia contar.
Lailah: Conheci um homem semana passada...
Strgazr73: Você levantou cedo. Sonhos novamente?
Lailah: Como você adivinhou?
Strgazr73: Eu não sou amador. Quem é o cara?
Lailah: Eu não sei como explicar.
Lailah: Eu fui uma idiota completa e quase me deixei matar, com certeza... mas ele tinha *alguma coisa*. Você
sabe o que eu quero dizer?
Strgazr73: Eu faço uma idéia. Vai vê-lo novamente?
Lailah: Não. Foi só uma dessas coisas... mas eu estive pensando em pintá-lo. Será que é loucura? Eu falei com
ele por menos de 10 minutos e não parei de pensar nele a semana toda.
Strgazr73: Eu conheço muito bem esse sentimento. A sorte é que eu tenho o trabalho para me distrair.
Lailah: Mas, você não trabalha com ela?
Strgazr73: Nós estávamos falando de você. Onde você encontrou esse maravilhoso garanhão?
Lailah: Ele me seguiu até em casa.
Strgazr73: ?
Lailah: Eu sei o que você vai dizer, mas não foi assim. De verdade. Ele era legal. Eu acho que ele só queria
alguém para conversar. Ele estava saindo, mas eu não o deixei ir.
Strgazr73: E onde está aquele seu irmão? Se você fosse minha irmã, eu ficaria lhe regulando.
Lailah: Nada aconteceu.
Strgazr73: Você teve uma maldita sorte.
Strgazr73: Ele sabe de você?
Lailah: Não, e antes que você pergunte, eu não estou planejando contar a ele. Nenhuma necessidade de
assustá-lo. Além disso, eu duvido que vá vê-lo novamente. Foi apenas uma coincidência.
Strgazr73: Provavelmente uma coisa boa.
Lailah: Eu sei que há uma mulher na sua vida... mas as vezes você se sente solitário?
Strgazr73: O tempo todo. Todo mundo se sente.
Lailah: Alex disse que ele não se sente solitário.
Strgazr73: Este é o nome dele?
Lailah: Sim.
Strgazr73: hmm. O que mais ele te contou?
Lailah: Não muito. Me contou esta história boba sobre ele mesmo, como se estivesse tentando me
impressionar. Eu tive a impressão de que, na verdade ele não queria me contar nada pessoal. Talvez ele seja
casado ou alguma coisa.
Strgazr73: Eu acho que você deveria manter-se longe dele. Soa como um perdedor.
Lailah: Você provavelmente tem razão. Deus sabe que eu já tive sufocos suficientes sem ter que me preocupar
com um impostor babaca.
Strgazr73: A minha oferta está de pé. Eu ainda gostaria de encontrá-la.
Strgazr73: Lailah?
Strgazr73: Desculpe, eu te assustei novamente.
Lailah: Não, é só que... eu gosto deste anonimato. Acho que pode ser muito estranho encontrar alguém que
saiba tanto sobre mim. Meus únicos amigos que sabem tanto sobre mim quanto você, pensam que eu sou uma
excêntrica.
Strgazr73: Você não é mais excêntrica do que eu, o que não quer dizer muito.
Lailah:-) Eu acho que vou me arrastar de volta para a cama. Muito obrigada. Eu sempre me sinto melhor depois
de falar com você.
Strgazr73: Estou contente por tê-la ajudado. Boa Noite.
Sabryn fechou seu laptop e suspirou. Seu amigo estava certo. Era melhor que ela esquecesse o visitante da
outra noite. Ele não voltaria.
Jogando seus lençóis fora do caminho, agradecida por eles terem secado do suor que ela tinha produzido
durante a noite, ela deitou-se de costas e olhou as luzes que dançavam no seu teto. Ela tinha que esquecer
Alex... junto com os sonhos pecaminosos que tivera com ele, que a fizeram suar muito mais do que seus
pesadelos habituais.

O sol invadiu a manhã de sábado como uma represa rompida, acordando-a do único sono que ela havia tido a
noite toda. Sem cortinas nas enormes janelas da parede, ela não tinha necessidade de despertador. Bocejando,
saltou da cama e correu para o banheiro tomar uma ducha e trocar de roupa. Não se incomodou com seus
cabelos mais do que puxá-los para trás do rosto com um lenço velho. Vestida em um par de calças de ginástica
e uma camiseta limpa, ela calçou seus sapatos, agarrou sua bolsa e foi em direção da porta.
A delicatessen da esquina foi sua única parada antes de dirigir-se ao abrigo da rua seis. Tirou o sanduíche da
geladeira, com uma garrafa de chá de amora gelado. Enquanto na fila para pagar suas contas, ela não pôde
evitar sua vontade de olhar sob seus ombros. Podia sentir o olhar fixo de alguém sobre ela. E ainda assim,
quando ela se virou, teve que olhar para baixo para ver a pessoa de pé atrás dela.
A garotinha a encarava com grandes olhos castanhos, rodando um pequeno anel no seu dedo. Segurando a
mão de sua mãe, com uma leve pressão de dois dedos.
"Amanda, não é educado ficar encarando."
Sabryn hesitou um momento antes de perceber que a mulher não estava falando com ela. O nome da garota
era Amanda. Ela olhou para baixo mais uma vez para a garotinha, apenas para ver a garota rapidamente
desviar seu olhar.
"Senhora, posso ajudá-la?"
Sua atenção foi desviada da criança, Sabryn enrubesceu e dirigiu-se para o caixa. A mesma adolescente que
ela via todos os dias mostrou sua conta. E como sempre, ela tirou da sua carteira $ 2.25.... percebendo
imediatamente que ela não tinha o suficiente. Ela tinha esquecido de parar no caixa automático. E daí, na
verdade isso não tinha importância. Ela não tinha nenhum dinheiro no banco. Tinha gasto até o último centavo
do que tinha ganho com a venda do último quadro, para pagar o aluguel do seu apartamento. A não ser que ela
vendesse outro quadro rapidamente, as coisas ficariam realmente desesperadoras. Ela teria que -
Não. Ela se recusava até a pensar nisto.
Lançando um olhar suplicante para a caixa, perguntou: "Você aceita cheque?"
Ela abanou a cabeça apontando para o aviso no caixa. "Desculpe, não aceitamos cheques."
"Desculpe, eu só... me faltam um dólar e oitenta e cinco centavos. Tem algum jeito de deixar anotado?"
"Não, eu não posso."
"Eu venho aqui todos os dias. Você sabe que eu a pagarei."
Atrás dela, a mulher com a garotinha - Amanda - bateu o pé impacientemente.
"Eu gostaria de ajudá-la, mas meu chefe não está aqui e eu não quero criar qualquer confusão."
No momento em que ela estava para devolver a comida à geladeira, Sabryn sobressaltou-se quando alguém
passou rápido por ela e jogou uma nota de cinco dólares no balcão.
"Guarde o troco. Talvez da próxima vez você não seja tão rude com seus clientes."
Sabryn engoliu em seco, olhando para o seu generoso benfeitor. "Alex."
Ele mal olhou para ela. Pegando um pacote de bolachas de manteiga de amendoim da prateleira, ele virou-se e
foi em direção à porta... deixando Sabryn e a caixa olhando atrás dele.
Recobrando-se rapidamente da surpresa, ela pegou seu almoço e correu atrás dele. Ele estava no fim do
quarteirão quando ela o alcançou, sem fôlego e apertando seu braço.
"Você pode andar mais devagar! Minhas pernas não são tão longas quanto as suas."
"Eu não sabia que supostamente deveria estar esperando por você."
"Bem, você poderia pelo menos me dar uma chance de dizer obrigada."
"Eu não fiz isso para ganhar pontos com você. Você estava segurando a fila e eu estou com pressa."
Ela parou de caminhar, olhando para a nuca dele. Mas como continuava a caminhar, ela não pode deixar de
olhar mais para baixo. Ela engoliu em seco, observando a maneira como o jeans dele moldava tão bem sua
bunda. Meu, meu. Não havia como negar que ele era homem muito bonito. Quando o viu pela primeira vez, ela
tinha ficado mais intimidada pela aparência dele, do que tinha ficado com o revólver em sua própria mão. Seus
penetrantes olhos verdes, pareciam muito mais mortais do que qualquer arma feita pelo homem. Mas, por toda
sua beleza masculina, ele era o homem mais provocante que ela havia encontrado.
"Bom, muito obrigada por ter se incomodado comigo, Sr. Espião."
Quando ele não parou, ela apertou o punho com tanta força, que esmagou seu sanduíche. Respirando fundo,
ela saiu atrás dele novamente.
"Você pode não se incomodar com educação, mas eu sim. De onde eu venho, quando alguém faz um favor
para você, você lhe dá sua gratidão."
Finalmente ele parou. Virando-se lentamente, ele a imobilizou com seu olhar letal. "Ninguém está impedindo
você."
"Oh, pelo amor de Deus... obrigada. Eu aprecio verdadeiramente o que você fez e pretendo pagar-lhe de volta."
"Não é necessário."
"Bem, isso faria eu me sentir melhor."
"Você não me deve nada."
Ela o olhou cuidadosamente, notando finalmente a maneira como ele nunca, na verdade, a encarava. "Eu fiz
alguma coisa - Eu tenho a sensação que você não gosta de mim."
Uma coisa semelhante a um riso escapou dos lábios dele a medida que ele começava novamente a andar. "Eu
não gosto de ninguém."
"Então por que você me beijou?"
"Um lapso momentâneo na função cerebral."
Ela sentiu-se ficar boquiaberta. "Com licença? Quem diabos você pensa que é? Você não pode simplesmente
me beijar e daí fazer como se fosse minha culpa. Se você se lembra bem, eu tentei pará-lo e você não me
deixou."
"Você sempre fala tanto assim?"
"De fato", ela continuou, "isto foi tudo culpa sua. Foi você quem me seguiu até em casa. Eu deveria ter
chamado a polícia e tê-lo preso por... por... estar me seguindo."
Ele virou-se tão rápido que ela quase chocou-se diretamente com ele. "Sim, você deveria ter feito isso, Sabryn.
E se você sabe o que é bom para você, você vai embora agora mesmo."
Cruzando os braços, ela olhou para ele sem piscar. "Por que eu deveria? Será que o Dr. No irá me pegar e
sujeitar-me a todo tipo de tortura mental?"
A voz dele foi quase inaudível, um sussurro acariciante. "Não, queridinha, mas eu poderia."
De pé, com as pernas tremendo, arrepiada ligeiramente na brisa forte do inverno, ela o viu distanciar-se. Nem
mesmo ousando segui-lo.

Dobrando o cobertor de lã com movimentos distraídos, Sabryn olhava para fora da janela, o sol que se punha
lentamente. A pilha de travesseiros limpos e roupas de cama perto de desabarem, mas ela nem piscou.
"Oi garota, em que planeta você está?"
Puxando a respiração rapidamente, ela virou-se para olhar para Olivia, pegando uns travesseiros que haviam
caído no chão.
"Oh, desculpe. Eu estava só pensando."
"Certamente não era sobre esta tarefa, se o sorriso no seu rosto dava alguma indicação."
Oh, Senhor, ela podia sentir as bochechas queimando. "Eu, uh... não percebi que estava sorrindo."
"É um homem, não é?" Olivia debruçou-se novamente sobre a mesa e virou sua cabeça para o lado, jogando
uma cascata de trancinhas sobre seus ombros. "Eu conheço este sorriso não importa quem o esteja usando."
"Apenas pensando sobre o filme do Brad Pitt que eu aluguei ontem a noite."
"Uh... huh... eu também gasto todo meu tempo sonhando acordada com o Tom Cruise." Ela sorriu, coçando sua
têmpora. "Bem, eu faço isso na verdade, mas eu não sorrio dessa maneira."
Sabryn assentou o último cobertor e suspirou profundamente. Embora Olivia fosse uma amiga, ela não era tão
íntima. Elas sabiam muito pouco uma sobre a outra fora do abrigo, e Sabryn não estava acostumada a falar
sobre si mesma. Mas ela precisava conversar com alguém.
"Estou com problemas, Livie."
"Que tipo de problemas?"
"Conheci um homem."
"Sim, isto é um problema."
"Não, você não compreende." Ela lambeu os lábios tentando decidir qual era a melhor forma de dizer. "Não sou
boa em lidar com este tipo de situação. Há coisas sobre mim que... que eu teria medo de contar para um
homem assim. Coisas sobre o meu passado."
Olivia assentiu, obviamente consciente que ela não iria ouvir nada mais dela. "E você leva a sério este
homem?"
Sabryn teve que rir. "Não, claro que não. Ele é arrogante, rude, mal educado, impaciente, reservado..."
"Você gosta dele."
"Não."
"Não é o que eu estou ouvindo."
"Então você não está ouvindo muito bem. Eu só..." Ela passou a mão pelo seu pescoço tentando aliviar a dor
que havia subitamente surgido. "Estou tentando pensar no futuro. Se não é este homem, deverá ser algum
homem que irá querer saber sobre o meu passado, e eu não tenho idéia do que dizer."
"Se você o ama e ele a ama, então você conta para ele. É simples assim."
"Talvez você tenha razão."
"Claro que eu tenho. Eu sempre tenho razão."
Sabryn sorriu maliciosamente, pegando a pilha de roupa de cama e levando-a para o catre mais próximo. Como
ela começou a descarregar a pilha, uma por uma em cada cama, Olivia a seguiu com os travesseiros.
"Então, quem é este homem arrogante?"
"Um amigo, Livie. Ele é só um amigo."

Depois de um jantar de pizza fria da véspera, Sabryn sentou em sua cama, navegando na net. Ela estava
entediada até o limite. Seu amigo da Internet não estava on-line, e ela já tinha esgotado sua quota de fan
fictions para a semana. Não havia nada na TV, e ela se recusava a ligar para seu irmão sem alguma coisa para
conversar. Ele iria apenas dizer a ela que lhe havia dito... que ela não conseguiria viver sozinha. Bem, ela podia
muito bem. Ela só necessitava um pouco de entretenimento.
Pensou rapidamente em descer para o bar onde havia visto Alex saindo, mas ela não tinha nenhum dinheiro e
ele tinha deixado claro que não a queria por perto. Ela não precisava que lhe dissessem duas vezes. Ainda
assim, não conseguiu evitar que doesse um pouco ao ouvir estas palavras. Por que os homens sempre tem que
ser tão rudes?
No final, ela fechou o seu computador e foi para a cama. Rezando silenciosamente por uma noite de sono
calmo, ela deitou-se sob as cobertas e fechou seus olhos. Ainda assim, quando o sono finalmente veio, a paz
não durou muito.
Ela está correndo, o ar fresco da primavera chicoteando seus cabelos para trás e grudando sua camisola contra
suas pernas finas. A sua frente, seu irmão ri ameaçadoramente, segurando seu ursinho um pouco fora do seu
alcance provocando-a para pegá-lo. Os caules do trigo seco marrons e pretos do gelo do inverno, cortam seus
pés descalços, empurrando farpinhas de madeiras em sua pele entorpecida. Ela está chorando, mas mais de
frustração do que de medo ou tristeza. Seu irmão é um chato, mas ela não pode contar para sua mãe ou ela
não passará de um bebê grande.
Johnny corre pela colina acima, provocando-a maldosamente, ameaçando jogar seu precioso ursinho no
córrego. A lua pálida e sorridente, está alta no céu. Ela nunca esteve fora tão tarde nos campos do seu pai e as
densas sombras de veludo preto, amedrontam-na irracionalmente. Ela ainda acredita no bicho papão, e se não
pela sua necessidade de sentir-se como uma garota grande, ela nunca teria atormentado seus pais para deixá-
la sair para o campo com o seu irmão.
Se ela pelo menos não tivesse chorado....
Alcançando o pico da colina, seu irmão de dez anos dá uma olhada neste gasto animal de pelúcia na sua mão,
e o atira na água lá embaixo. Com o som do ursinho encharcando, ela grita. Correndo atrás dele, ela pula na
água, inconsciente da mudança até que ela já esteja com água pelo tornozelo.
O córrego está quentinho. Vapor quente, como um banho de banheira em uma fria noite de abril. A barra úmida
da camisola dela, tocou sua perna fina, e ela estremeceu. Atrás dela, pôde ouvir o riso de Johnny parar
subitamente. E não há mais barulho. É como se Deus tivesse baixado o volume do mundo. Agarrando da lama
o seu ursinho que ainda escorria, e pressionando-o contra seu peito, ela olhou para o céu da noite com
trepidação.
A água quente sob ela, combinado com o que viu acima dela, fez com que quisesse molhar suas calcinhas. Ela
chama por seu irmão, mas nenhum som sai de sua garganta. Ela tenta vê-lo atrás dela, mas ele está perdido
em uma luz cegante. Ela tenta mover-se, mas está congelada no lugar. Vindo de lugar nenhum, alguma coisa a
atinge forte no peito, tirando o ar para fora dela, jogando-a no chão, espalhando água sobre ela toda e
ensopando suas roupas. E ainda assim, ela não fica caída. A última coisa que ouve é seu destemido e
dominador irmão, gritar seu nome em completo terror.
"Mandy"

Sabryn acordou com o grito, dobrando-se em sua cama com um acesso de vômito. O sonho era sempre o
mesmo, e ela nunca o lembrava inteiro, mas ele sempre a deixava com o mesmo sentimento de medo
inescapável. Seu estômago apertado, e cada músculo doendo, ela saiu de seus lençóis molhados e abriu
caminho para o banheiro. Uma vez no espaço escuro, ela baixou-se no chão frio e lutou para controlar seu
coração disparado. Encostando sua testa contra a porcelana fria da privada, ela lutou contra sua náusea com a
mesma determinação que uma vítima de ressaca. Ninguém mais que ela conhecesse tinha pesadelos tão
fortes... então, eles não eram só sonhos, eram?
Memórias, lutando desesperadamente para se libertarem da teia enovelada em sua mente.
Quando tinha sete anos, ela tinha se deparado com algo tão horrível que sua mente tinha medo de lembrar-se
completamente. Por muitos anos depois disso, ela tinha sido tratada com sarcasmo por seus colegas de classe,
desprezada por namorado potenciais, tornando-se a gozação de sua pequena cidade, e tratada como uma
mentirosa por sua própria família. Tudo por causa de um momento que ela não conseguia lembrar. Naquela
noite de abril, Amanda Megan Pruitt morreu... e Sabryn Jaegar nasceu.
Quando o mal estar passou e ela pôde ficar de pé novamente, saiu de suas leggins de jersey e entrou no
chuveiro. A água fria desceu por sua pele, levando embora os últimos traços do cansaço da noite. Limpando-a
da dor ao mesmo tempo.
Minutos mais tarde, vestida num velho jeans e uma camiseta, ela virava o bule de café. Preparou sua tela e
começou a desenhar. Ignorando a escuridão lá fora, antes da aurora. Varrendo com os olhos a tela, vendo o
quadro completo na sua mente. E quando o esboço foi feito, ela começou a pintar.
Seus cílios estavam pesados quando a luz começou a encher seu apartamento. Ela pintou bastante pela
manhã, inconsciente de tudo que não fosse o quadro, resignando-se com café frio até que ela tivesse dado os
toques finais. Com um pequeno traço de vermelho, ela assinou seu nome na parte inferior da tela e afastou-se
para inspecionar seu trabalho.
Olhou para os olhos de Alex, sorrindo ligeiramente da sua escolha da cor. O verde Phthalocyanine captou cada
nuance perfeitamente.
De pé nas sombras, tão misterioso quanto seu olhar, estendendo a mão suplicante, ele olhava como se fosse
dar um passo fora do quadro.
Ela riu docemente. "E eu não ia me borrar toda se ele fizesse exatamente isso."
Com um último olhar, ela assentou sua paleta e começou a limpar seus pincéis. O dia estava se tornando
lindo... e quando ela olhava distraidamente pela janela para a rua abaixo, ela notou o seu objeto olhando para
seu prédio enquanto se encostava no poste de luz do outro lado da rua. Ela teve que piscar para ter certeza que
seus olhos não a estavam enganando. Era realmente Alex?
"Huh. Tomara que as surpresas nunca cessem." Sem perda de tempo, ela pegou suas chaves e foi para a
porta. "Não liga para ninguém, o caramba!"

FIM

Comentários serão apreciados: Isahunter@aol.com e, é claro, enya_morgana@bol.com.br

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

TÍTULO: "Midnight Angel III: Human Touch" (1/1) - Anjo da Meia-Noite III: Toque Humano.
AUTORA: Isahunter
TRADUTORA: Mica
RATING: PG
CATEGORIA: V, WIP, Krycek/Other (NÃO é Slash)
SPOILERS: Paciente X
LINHA DO TEMPO: Ocorre no inverno de 1999, mas nesta estória, os acontecimentos de "Biogenesis" nunca
aconteceram.
ARCHIVOS: Sim, com meu nome e todos os cabeçalhos anexados.
FEEDBACK: Isahunter@aol.com e também, para mim, que afinal, quero saber o que acharam da história. Meu
e-mail é enya_morgana@bol.com.br
DISCLAIMER: Embora os outros personagens sejam criação minha, Krycek tecnicamente pertence a Chris
Carter, Ten Thirteen, Fox e ao maravilhoso Nick Lea. Não se pretende infringir isso.
RESUMO: Quando a solidão torna-se demasiada para suportá-la?
NOTA: Isto dá seqüência a série "Midnight Angel", disponível no idioma original, no site eXpositions:
http://www.imadethis.org/MA.htm

Para Ginny, que nunca viu um episódio do Krycek, mas ainda assim o ama. Agradecimentos especiais para
Diadem, minha seção de torcida extraordinária.
Para Mommy que tão gentilmente betou a fic para mim. Thanks, amiga.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

"A crença de que só há uma verdade, e de que alguém esteja de posse dela, é a raiz de todo o mal do mundo."
Max Born (1882 - 1970)

Ela desceu as escadas pé ante pé, seus pés descalços coroados com um roxo alegre, parecendo desgrenhada
e exausta. E ainda, havia um sorriso irônico brincando nos seus lábios e um brilho nos seus olhos que ele
estava começando a conhecer bem demais. Jogando suas chaves no bolso de seu jeans manchado de tinta,
ela deslizou através da rua deserta e foi diretamente a ele. Uma mulher em uma missão. Ele não tinha certeza
se devia segurar seu terreno ou correr para as montanhas. Ela era nada mais do que confusão. Então, por que
porra ele não conseguia ficar longe dela??
"Por que, Alex, eu acredito que você esteja me espionando." Ela parecia absolutamente orgulhosa dela mesma
depois deste comentário. "Posso perguntar por quê?"
"Você fez um monte de perguntas sobre mim. Eu tenho o direito de estar suspeitando."
"Oh, eu entendo. Você acha que eu quero algo de você. Segredos de estado e intriga governamental. Ou,
poderia ser, só talvez... choque, terror!... eu estou apenas tentando conhecê-lo melhor? Fazer um amigo?"
"Eu não preciso de amigos."
Ela concordou com a cabeça, passando a língua pelos lábios. "E isso explica o porquê de você estar de pé em
frente ao meu apartamento tão cedo como agora de manhã."
Cristo, será que ela parou alguma vez de falar? "Eu estava caminhando e vi luz acesa. Eu só fiquei curioso."
"A curiosidade matou o gato... literalmente, de fato. Meu gato foi morto quando ele estava tentando encontrar
ratos no campo do nosso vizinho. Ele comeu veneno e morreu." Ela examinou suas unhas por um momento,
antes de encontrar mais uma vez o olhar fixo dele. "Só aconteceu de você estar passando pelo meu
apartamento a esta hora da manhã?"
"Eu tinha negócios."
"Negócios de espião. Soa engraçado. Eu posso ir junto alguma vez?"
Isto realmente tinha sido um erro. Verdade, ele tinha negócios, mas não tinha desculpa para parar aqui. Não de
verdade. Ele tinha dito a verdade quando falou que suspeitava dela, que estava pensando o que a levara a
perguntar tanto sobre ele, mas isso não era tudo. Não era só ela que era um mistério para ele, era a atração
que sentia por ela. Ele tinha estado com muitas mulheres mais bonitas do que ela. Mais excitantes, misteriosas,
inteligentes, poderosas. Mas elas todas queriam algo dele. Elas o haviam usado. Talvez tenha sido isso, mais
do que qualquer outra coisa, que fazia com que voltasse sempre à porta de Sabryn. Ela parecia, para todas as
intenções ou propósitos, inocente. E alguma parte masoquista nele, queria provar de uma vez por todas que ela
não era.
"Eu não acho que você queira jogar os jogos que eu jogo", ele disse finalmente, mordendo o canto dos lábios.
"E como você sabe o que eu quero? Você não se dá o tempo de me conhecer. Você não parece gostar de mim,
de qualquer modo."
"Eu nunca disse isto."
Ela abanou a cabeça, murmurando sobre sua respiração. "Conversar com você é tão confuso quanto consultar
a bola mágica."
"Você vai congelar até a morte se continuar a caminhar por aí descalça no meio do inverno."
Olhando para seus pés, ela piscou. "Diabos. Eu nem percebi." Com um sorriso, ela continuou, "Eu estava
pintando você."
"Você estava o quê?"
"Pintando o seu retrato. É realmente estranho, porque eu nunca fiz um retrato antes... pelo menos não um
retrato real. Eu pintei meu cachorro e meu gato... antes que ele morresse. Mas eu nunca pintei uma pessoa
antes. Eu nem mesmo sei o que me compeliu a..."
Ela continuou, totalmente inconsciente de que ele havia parado de ouvi-la. "Mostre-me."
"Hmm?"
"Mostre-me o quadro."
Ela de repente enrubesceu vermelho-vivo. "Oh... Ok."
Alex seguiu uma vez mais aquelas escadas acima, dando uma olhada rápida para a rua a volta deles, não
completamente certo do que estava procurando. E ficou contente por não ver isso. Ele levou um momento para
reconhecer o ritmo acelerado do seu coração e o sino de pânico em seus ouvidos. Era um sentimento que há
muito tempo ele não sentia. Ele esperou impacientemente enquanto ela abria a porta, abrindo e fechando a
mão direita, num punho involuntário. Era um hábito que era inútil tentar largar. Quando ela abriu a porta e ele
viu o quadro molhado, o cheiro de acrílico fresco, ele soltou sua respiração.
Ele não sabia ao certo o que ele estava esperando. Algumas culturas acreditam que tirar o retrato de uma
pessoa capturaria sua alma no filme. Mas ele não era supersticioso ao ponto de achar que o mesmo pudesse
acontecer com um quadro. Ele não estava preparado para ver um forcado e um par de chifres. E ainda assim, o
chocou em seu âmago, ver o que ele viu.
Ela não o pintou vestido de preto como a Morte aparecendo viva, nem pôs um revólver em sua mão estendida.
Ao invés de pintá-lo como um espião e assassino que ele era, ela o pintou como um homem comum.
De pé em sombras de neblina, como as de um sonho. Estendendo a mão para alguém, com olhos quase
esperançosos. Vestindo branco puro e imaculado. Inocente. Limpo. Humano. Ele teve que lutar contra a
vontade de rir. Diabos, ela não o conhecia de modo algum.
Mesmo assim, ele tinha que dar um fim naquela maldita coisa. Seu rosto era facilmente reconhecível, e ele não
o queria na armadilha da tela, mais do que vê-lo num vídeo de segurança.
"Você tem que livrar-se dele."
"O que? Isto me tomou horas."
"De qualquer jeito, que diabos te possuiu para me pintar? Queime esta maldita coisa."
"Só passando por cima do meu cadáver."
Ele passou por ela e ficou de pé diante do quadro. "De qualquer forma, os olhos estão errados. Azuis demais."
Ignorando completamente seu grunhido de protesto, ele pôs o seu dedo no quadro molhado e espalhou uma
rabiscada linha através de sua própria face angélica.
"Seu canalha."
"Só agora você está percebendo?" Ele agarrou a flanela molhada abaixo do cavalete e limpou a tinta do seu
dedo. "Acredite-me, eu acabo de salvá-la de um monte de confusão."
"Você não pode ir entrando na casa de alguém e destruir o seu trabalho árduo."
"Eu faço o que diabos eu quiser, querida."
Ela parecia querer agredi-lo, com cada parte de sua alma, mas a seu crédito devemos dizer que ela não fez
nenhum movimento. "Você sabe que eu posso repintá-lo. Eu o farei um milhão de vezes se for necessário."
"Sua teimosinha..."
"E não se esqueça disto."
Batendo a porta, ela foi com arrogância para a cozinha. Uma rápida inspeção no seu pão a fez torcer o nariz
enquanto o jogava no lixo. "Estou com fome. Você queria alguma coisa para comer?"
"Como o que?"
"Bem, neste momento, macarrão com queijo é tudo que eu tenho."
Ele deveria ter agarrado os restos do quadro mutilado e partido. Andado tão longe dela quando ele pudesse e
nunca olhado para trás. Contra o seu melhor julgamento, ele ficou.
"Macarrão com queijo pode ser."
Ela olhou para ele com algo tipo desdém. "Você está certo que não quer Filé Mignon, Sr. Espião?"
"Você disse que era tudo o que você tinha."
"Eu estava só me assegurando se você queria que eu fosse ao mercado ou algo assim."
"Você não tem nenhum dinheiro."
"É verdade, então, se você veio aqui em cima atrás dos seus cinco dólares, vai ficar decepcionado."
"Eu te disse que você não me deve nada."
"Então o que você quer? É claro que não veio aqui em cima só para destruir o meu quadro?"
Ele ficou em silêncio por um longo tempo, dirigindo-se casualmente para o único lugar onde podia sentar-se no
apartamento. E quando ele se deixou cair na cama, e encontrou o olhar dela com olhos semicerrados, ele
quase pôde ouvir o súbito suspiro dela.
"Eu acho que você sabe exatamente o que eu quero de você."
Era uma observação para surpreendê-la, tirar um pouco da bravata de sua expressão de desdém... mas foi a
resposta dela que verdadeiramente provocou choque. Em Alex.
"Então por que você não aproveita? Eu não tenho medo de você."
De repente, sem palavras, ele se apoiou contra o travesseiro e ficou olhando ela trabalhar. Enquanto ela enchia
a panela de água e abria a caixa de macarrão, ela o ignorava completamente. Deixando-o fazer o que quisesse.
E, Deus, isto era quase erótico. Ela o estava desafiando a pegá-la. Tudo o que ele tinha que fazer era segurar o
que ela tinha oferecido. Agarrá-la, jogá-la na cama barulhenta e fodê-la sem procurar sentido nisso. Diabos,
fazê-la ficar muda. Seria a primeira vez. Olhando para ela através do seu corpo deitado, ele não podia deixar de
sorrir maliciosamente com o seu próprio tesão.
E finalmente ele compreendeu. A garota o fazia sentir-se vivo. Pela primeira vez em anos. Ela fazia sua
respiração acelerar-se, seu coração disparar. Não só a excitação da caça, ou alguma gratificação sexual. Ela o
fazia sentir-se humano pela sua provocação. Claro, talvez ela o estivesse usando, e ele estava definitivamente
a usando... mas desta vez não era malicioso. Não era vida ou morte. Ele só a queria.
A tensão drenada do seu corpo, saindo como um arrepio trêmulo. Sua cabeça afundou na maciez do
travesseiro dela, envolvendo-o no perfume do seu shampoo de hortelã. E ainda não era tudo. Ele podia sentir o
cheiro dela, cada pequena sutileza, quente e cheirosa contra sua pele. Ele inspirou profundamente, querendo
arrematar este cheiro até as profundezas de sua alma. Aquele almíscar, cheiro de terra que era tão sexual... e
tão puro ao mesmo tempo. Ele tinha que lutar contra o nó que queimava em sua garganta. Tentou ignorar a
sensação dos lençóis dela contra seu toque. O som do seu suspiro suave enquanto ela esperava a água ferver
foi quase suficiente para fazê-lo gritar.
Quanto tempo havia passado desde que ele tinha estado na cama de uma mulher? Ele não conseguia se
lembrar se isso tinha acontecido alguma vez. Estacionamento de automóveis, sofás, praias, banheiros
públicos... diabos, ele tinha mesmo fodido uma mulher em um navio tanque Russo. Ele fechou o rosto diante
destas lembranças. Mas nenhuma vez ele tinha estado em uma cama como esta. Mesmo assim, era tão fácil
ele se imaginar, pernas entrelaçadas com as dela, molhados de suor, a cama de molas rangendo em um ritmo
de protesto como se ele pesasse sobre ela mais e mais. A cabeça dela foi lançada para trás em êxtase, suas
unhas cravaram no seu traseiro firme, os lábios dela separados por uma única palavra...
"Alex?"
Arrancado de seu devaneio, ele encontrou o olhar fixo e enfastiado dela.
"Sim?"
"Você quer sal e pimenta?"
Ele não tinha percebido que ela havia terminado tão rápido. Sentando, ele recostou-se na cabeceira, a despeito
da objeção do seu jeans muito apertado. "Não, eu não quero."
Ela lhe estendeu a tigela cheia de vapor do macarrão laranja-luminoso, somente dando a ele uma chance de
pegar o prato antes que ela se afastasse. Sentando cuidadosamente no final de sua cama, fora do alcance
dele, ela hesitou em dar uma garfada. Em seguida ele fez o mesmo. Quem pensaria que ele estaria com esta
garota, comendo algo que ele não provava desde sua infância?
Dando uma segunda garfada, ele olhou de relance para ela e encontrou o olhar fixo em sua mão. Com a tigela
em seu colo, e sua mão direita envolvendo o garfo, sua mão esquerda estava imóvel ao seu lado. Como quase
sempre estava. Coberta com uma luva de couro preta.
Sabryn rapidamente desviou o olhar. "Me desculpe. Eu não pretendia ficar olhando."
"Eu estou acostumado a ver as pessoas olharem."
Ela arriscou um outro olhar para a prótese que ele usava. "Eu seria rude em perguntar quando isto aconteceu?"
"Quase três anos atrás."
"Tem um homem no abrigo que perdeu sua mão em um acidente industrial. Ele era destro e teve que aprender
a fazer as coisas novamente. E, apesar disto supostamente não ser legal, ele perdeu seu emprego por causa
disto." Ela passou a língua em seus lábios. "Foi o que aconteceu para você?"
"Não. Meu braço foi cortado fora na Rússia, para me salvar de um experimento médico."
Ela ergueu suas sobrancelhas. "Me desculpe, eu não pretendia me intrometer. Tudo o que você tinha que dizer
era que não queria falar sobre isso."
"Ótimo. Eu não quero falar sobre isso."
Seus cílios caindo, ela suspirou pesadamente e deitou-se cruzada nos pés da cama. Cutucando a comida dela
com os dentes afiados do seu garfo, ela deu a ele um olhar cheio de tédio. "Você sabe que é uma das pessoas
mais estranhas que eu já encontrei."
"O sentimento é mútuo."
"Ainda assim, eu gosto de você. Você é interessante... nesse jeito fique-fora-do-meu-negócio, sou-um-espião-
super-secreto."
Ele balançou a cabeça, escondendo o pequeno sorriso convencido que surgiu nos seus lábios. "Por que você
estava de pé tão cedo esta manhã?"
Ela bocejou, seus olhos lacrimejando no canto. "Eu não durmo muito."
"Pesadelos?"
"Todo o tempo.... bem, quando eu não estou sonhando com você."
"Comigo?"
Ela enrubesceu, apoiando sua cabeça em seu braço. "Nada muito excitante."
Ele teve a sensação de que ela estava disfarçando. Os olhos sonolentos dela, fugiam ao olhar fixo dele.
"Desde que era uma garotinha, eu sempre tenho o mesmo sonho", ela sussurrou, lutando para manter os olhos
abertos. "E isso ainda me assusta todas as vezes."
"Um sonho sobre o quê?"
"Mmm... começa nos campos de meu pai, com meu irmão Johnny..."
"E?"
Desta vez, ela não abriu seus olhos novamente. Respirando profunda e regularmente, ela estava rapidamente
dormindo na outra ponta da sua cama, deitada tão perto que ele poderia cutucá-la com seu pé. A mão dela
ainda estava envolvendo o garfo, a comida esquecida em frente dela. Um pequeno fio de seu cabelo foi
soprado a cada exalação.
Alex observou-a por um momento, esperando pelo momento que ela voltasse a lucidez novamente, mas esse
momento não veio. Cuidadoso com o ranger do colchão, ele foi saindo da cama suavemente, um membro de
cada vez. Extraindo o garfo dos dedos dela, ele pegou sua tigela e levou a louça para a pia. E uma vez que ele
teve certeza de que ela ainda dormia, ele começou a trabalhar.
Começando com o criado-mudo dela, o mais perigoso dos lugares considerando onde ela estava deitada, ele
começou a dar uma busca em seu apartamento. Movendo-se habilmente em silêncio, com movimentos firmes
que quase não produziam som. Ela continuou dormindo imperturbada, completamente inconsciente que sua
vida agora era um livro aberto. Ele não tinha nenhuma certeza, de que diabos ele estava procurando... mas, sua
atração pela garota, tornava-o no mínimo suspeitoso. E ele estava expondo-se a ser emboscado. Se ela tinha
segredos, ele queria conhecê-los agora. Ele estava determinado a estar um passo a frente no jogo.
Sacudiu as revistas dela cuidadosamente, procurando por quaisquer papéis ou documentos escondidos.
Levantando os vidrinhos de remédio no seu criado-mudo, ele encontrou dois tipos de sedativos e algo contra
náusea. Ela guardava uma caixa de chocolates na gaveta de cima, junto com uma caixa fechada de
camisinhas. Ele teve que dar uma olhada no rosto dela, com esta última revelação. Pelo menos a garota era
inteligente. No fundo da gaveta ele encontrou uma velha fotografia de uma garotinha segurando a mão de um
homem vestido de terno. Ambos estavam sorrindo, de pé em frente a um velho estábulo. Abraçando um velho
ursinho de pelúcia com sua outra mão, a garota parecia ter cinco anos mais ou menos. Ela parecia-se muito
com a mulher dormindo na cama atrás dele. Sacudindo a foto para o outro lado, leu os nomes escritos no verso.
Steven e Amanda Megan. Com um último olhar para o retrato, ele o guardou e continuou.
Uma busca pelos armários produziu nada além do normal. Eles estavam quase vazios. Na última gaveta,
próxima do telefone, encontrou um livro de endereços. Estava quase vazio também. A maioria dos números
escritos era para entrega de pizza e comida chinesa. Ela tinha escrito o número do abrigo onde ela era
voluntária, e diversas galerias de arte na área. Mas o único número pessoal em todo o livro era o de Olivia
Jordan, e Johnny... o irmão dela. O repentino vazio da vida dela o encheu de um pesar inesperado. Ele quase
se sentiu culpado. Mas como tantas vezes anteriores, se recusou a deixar as emoções se estenderem muito.
Rapidamente procurou entre as folhas dos livros. Pelo jeito, a garota é uma leitora assídua. Tudo desde Dean
Koontz até romances de Calvin e Hobbes. A coleção de vídeos dela era quase impressionante. Pelo menos ela
estava bem entretida em sua própria companhia.
A última busca dele o levou à área do sótão que servia de banheiro para ela. O armário de remédio dela estava
limpo e ordenado. Diversos tubos de pasta de dentes. Antiácidos. Emotrol para uma perturbação estomacal.
Desodorantes, absorventes, xampu, sabonete, creme dental, creme rinse. Nada fora do comum. Nenhum
anticoncepcional. O armário próximo a pia estava lá pela falta de uma cômoda. As roupas dela estavam
cuidadosamente dobradas e empilhadas, próximas a uma série de toalhas coloridas. Os pedacinhos sedosos
de tecido que podiam ser considerados como a lingerie dela, prendeu mais do que um momento da sua
atenção. Mas, assim que ele estava para fechar a porta do armário, ele ouviu o som suave de um choramingo
vindo da cama.
Ele gelou por um momento, certo de que ela havia acordado, mas quando o som persistiu, seguido pelo
farfalhar dos lençóis, ele soube o que estava acontecendo.
Saindo do banheiro, ele avistou Sabryn, deitada no seu canto aos pés da cama. Como antes, mas desta vez as
mãos dela agitavam-se com violência, os nós dos dedos esbranquiçados agarrando o lençol debaixo dela. Seu
cabelo estava espalhado ao lado dela, emaranhado sobre seu rosto. Sua face alternava rapidamente entre o
rosado e o abatido, estimuladas pelas pequenas súplicas assustadas que escapavam de seus lábios
entreabertos.
Alex permaneceu imóvel, sabendo que era melhor não intervir. As chances eram de que ela continuaria
dormindo e não se lembraria do sonho. Mas a repentina inspiração profunda da respiração dela, seguida de
soluços angustiados, era muito para ele ignorar. Chegando mais perto, ele estendeu sua mão direita para retirar
o cabelo da face dela. As pálpebras dela vibrando, os cílios esfregando-se em sua carne em espasmos rápidos.
Empurrando os fios úmidos da testa dela, ele deixou seus dedos deslizaram sobre a pele, alheio ao seu próprio
murmúrio suave até que ela finalmente abriu os olhos.
Ela contraiu-se sob o toque dele, antes de recostar-se novamente, soltando um leve sussurro. Suspirando
profundamente, fechou os olhos mais uma vez, parecendo lutar contra o suor que aderia naquelas longas
pestanas. E antes que ele se afastasse, agarrou sua mão e a segurou com firmeza.
A força de seu aperto de mão, seu calor. O pulso rápido batendo sob a ponta de seu dedo. A suavidade de sua
pele e o perfume suave de seu corpo, apenas a centímetros do seu. Seu toque, tão humano e bem vindo, foi o
suficiente para fazer com que seu peito doesse, trazendo uma desagradável, forte, opressora dor em seus
pulmões. Ele não conseguia respirar, e ainda... e ainda o ar em torno dele era tão terrivelmente doce.
Ela virou-se e olhou para ele, um leve sorriso delineando uma curva em seus lábios. "Você tem belas mãos...
quero dizer... uma bela mão."
Como ele não disse nada, ela continuou. "Sem calos, como as do meu pai. Não uma mão de trabalhador, mas
também não delicada. Forte. Determinada. Dedos longos... você sabe, dizem que estes são dedos de artista.
Engraçado. Eu sou a pintora e meus dedos são curtos e desajeitados. Mas seus dedos... sua mão... tem
alguma coisa simplesmente bonita sobre elas."
Sua mente confusa finalmente achou um momento de clareza. "Eu devo ir."
Ela continuou, como se não tivesse ouvido uma palavra. "Obrigada. Foi bom acordar e encontrar um rosto
amigável."
Sentando cuidadosamente, ela colocou os cabelos sobre os ombros e olhou em volta. Primeiro para ele, depois
para o loft e de volta para ele.
"Bem, se você tem que ir, não vou te impedir."
Coçando a nuca, ele balançou a cabeça em concordância e dirigiu-se para a porta. Assim que a abriu e virou a
chave para deixá-la trancada, a ouviu dizer, "e se você está procurando pelo meu diário... ele está no meu
laptop, Alex."

FIM

Feedbacks são apreciados!! Isahunter@aol.com e para a tradutora, enya_morgana@bol.com.br

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Antes de tudo, deixe-me explicar. Eu (Mica) estou de volta com mais uma parte da série "Move Heaven and
Earth". Esta parte IV não foi traduzida por mim, mas sim pela Mônica Almeida. De igual forma, a parte V
também será traduzida pela Lucy Mattos. Ambas colaboraram comigo que, por motivos particulares não pude
traduzir os dois capítulos. No entanto eu estou voltando na parte VI de Midnight Angel (Shadows of The Night).
Como eu sou a idealizadora do projeto "Tradução da fic da Isahunter", gostaria de pedir que os feedbacks
fossem enviados a mim (enya_morgana@bol.com.br). É claro que tanto a Mônica quanto a Lucy serão
devidamente informadas dos feedbacks que forem enviados, afinal, elas foram uns amores me dando esta mão
na hora que eu precisei.
E por hora, espero que vocês se divirtam pois a coisa está esquentando entre Krycek e Sabryn. Até a próxima.

Mica.

TÍTULO: Midnight Angel IV: As Heaven Is Wide" (1/1) - Anjo da Meia-Noite IV: Quão Grande É O Paraíso
AUTORA: Isahunter
CATEGORIA: PG (linguagem)
SPOILERS: S.R. 819
TEMPO (timeline): Inverno de '99, mas nesta estória os eventos de 'Biogeneses" nunca aconteceram.
ARQUIVO: Sim, com meu nome e todos cabeçalhos anexados.
FEEDBACK: Isahunter@aol.com e enya_morgana@bol.com.br
DISCLAIMER: Embora as outras personagens sejam de minha criação, Skinner e Krycek pertencem
tecnicamente a Chris Carter, Ten-Thirteen, Fox, Mitch Pileggi e o maravilhoso Nick Lea. Nenhuma infração
pretendida.
SUMÁRIO: Quem ousaria trair o traidor?
NOTA: Esta é uma continuação da série Anjo da Meia-Noite disponível no web site:
http://www.aliens.mcmail.com/isadiadem/

Para Bori. Por ser um (a) amigo (a) tão querido (a), sempre sabendo como por um sorriso em meu rosto mais
rápido do que o sorvete de Trufas Pecan Caramelo da Godiva.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

"Nenhum homem escolhe o mal porque é mal. Ele só o confunde com felicidade, o bem que ele busca."
Mary Wollstonecraft (1759 - 1797)

Assaltado pela música alta e pelo cheiro de corpos suados e esfumaçados, Alex abriu seu caminho através da
multidão. Garotas magníficas, quase despidas e vislumbrando nas luzes flamejantes, imprensando seus corpos
contra ele, tentando atraí-lo para dançar. A pulsação da música, vibrando pelo seu corpo, de sua cabeça até
seus pés, quase a ponto de drogar como a névoa pesada de maconha e a fumaça de tabaco pairando no ar.
Ele poderia ter parado para levar vantagem das mulheres que se ofereciam a ele tão livremente, mas ele mal as
notou. Propositadamente, fazendo seu caminho para trás do clube, encarando diretamente seu alvo através das
lentes espelhadas dos seus óculos de sol, Alex acariciou ligeiramente o delicado pedaço de maquinaria em seu
bolso.
Sentado sozinho numa barraca sombreada longe da multidão, Walter Skinner parecia mais que um pouco
desconfortável. Vestindo uma camiseta e um quebra vento, tão distante do regulamento do FBI de terno e
gravata, ele estava obviamente tomando sua segunda bebida da noite. Não era surpreendente que o homem
estava instável. Alex tinha, literalmente, a vida dele em suas mãos.
Ao topar com ele, Skinner deslizou um grande envelope pardo através da mesa. Alex não se sentou nem tocou
no envelope. Ele somente o fitou, intimidando o homem com seu olhar gelado que ele podia sentir
indubitavelmente, mas não podia vê-lo.
"Eu trouxe o que você pediu, Krycek. Posso ir agora?"
Finalmente renunciando o controle do palm pilot em seu bolso, Alex sacudiu o envelope aberto e derramou seu
conteúdo na mesa.
"Jesus, você tem que fazer isso aqui?"
"Qual o problema, Skinner? Com medo que alguém possa ver você entregando documentos ultra-secretos ao
inimigo?"
"Seu filho da puta. Você me teve por trás das pessoas que confiam em mim, e pra quê? Informações sobre
inoculações de varíola. Que diabos você quer com essa coisa, Krycek?"
"Você sabe o que precisa saber."
"Isto é para ele, não é? C.G.B. Spender? Ele não morreu em El Rico como os outros, não foi?"
Satisfeito que toda evidência pedida estava presente, Alex colocou os documentos de volta no envelope. Um
passo mais perto. Verdade, ele não tinha nenhum problema em ferrar Skinner. O homem não era nenhuma
conseqüência para ele. Mas enquanto ele fosse útil, Alex planejava mantê-lo em uma correia apertada. E
completamente no escuro. Ele não precisaria saber nada além do que ele já sabia. Além disso, era muito
divertido fazer o Diretor Assistente de brinquedo.
"O que preocupa você, Skinner? Você teve os Arquivos X reabertos. Se está tão preocupado assim com
Spender, mande seus agentes encontrá-lo."
"Até mesmo se você me dissesse onde o encontrar, eu nunca acreditaria em você. Você é um mentiroso
patológico."
Alex teve que rir. Ele não podia negar isso. As mentiras o serviam bem, enquanto ele mantinha a história dele
diretamente. Ainda, Skinner não era nenhum santo.
"Entrarei em contato quando precisar de você novamente."
"O que isso significa, Krycek? Primeiro nano-tecnologia que quase me mata só para provar algum ponto...
agora varíola. Que diabos você está planejando?"
Ele não se deu ao trabalho de responder. Ele tinha o homem embaixo de seu polegar e estava cagando para as
reclamações dele. Um dia ele contaria a Skinner exatamente o que estava acontecendo, quando fosse o
momento certo. Quando servisse o propósito dele. Até então, ele o deixou sentado lá na barraca escura, se
afogando num whisky abrasador, ensurdecendo com a música e sua própria miséria.

Ela não estava totalmente segura de quantos dias haviam se passado desde que tinha visto Alex pela última
vez, mas enquanto Sabryn estava sentada no telhado de seu apartamento procurando os últimos raios do sol
poente, ela sentiu falta dele. Seu computador estava em suas coxas, o cursor piscando impacientemente para
ela. A pequena área de pátio no telhado, acessível da escada de incêndio fora da janela dela era um lugar
agradável para fugir... se alguém não se importasse com o cheiro de breu quente no tempo de verão.
Estes dias, com as longas noites de inverno, ela mal subia aqui. À noite era a única hora em que ela não
colocaria o pé no telhado. Soltando os lábios do aperto brutal dos seus dentes, ela digitou finalmente uma
mensagem na pequena janela e a enviou.
Lailah: Eu liguei pro meu irmão ontem à noite e pedi dinheiro.
Strgazr73: Eu tenho certeza que foi difícil pra você. O que ele disse?
Lailah: Sua esposa está grávida novamente, e ele precisa comprar presentes de natal para as crianças. Ele
está apertado agora.
Lailah: Eu estou realmente preocupada. Eu não vendi uma pintura em semanas e meu aluguel logo será
vencido. Eu não tenho nenhum dinheiro. Eu tenho me mantido com bolachas ultimamente.
Strgazr73: Você tem pintado?
Lailah: Sim. Eu pintei um retrato alguns dias atrás, e depois de alguns retoques eu o achei muito bom. Mas não
ouso vendê-lo.
Strgazr73: Por quê?
Lailah: Eu não tenho permissão do meu assunto.
Strgazr73: Ele?
Lailah: Como adivinhou?
Strgazr73: Você ainda o vê?
Lailah: Eu realmente não diria isso. Ele mal me tolera.
Strgazr73: Perca o bastardo.
Lailah: Eu acho que já o fiz.
Strgazr73: Você provavelmente fez o melhor. Quanto ao seu aluguel... você pode conseguir um emprego em
algum lugar?"
Lailah: Eu não tenho qualificações. E duvido que alguém por aqui vá querer contratar alguém que largou o
segundo grau.
Strgazr73: Que tal comida rápida... temporariamente?
Lailah: Eu sei... eu só espero não chegar a isso. Eu acho que sou uma garota teimosa, mimada, mas eu nunca
quis nada além de pintar.
Strgazr73: Eu posso entender. Olhe, eu tenho que ir, mas mantenha contato. Se nada mais aparecer, eu
pagarei seu aluguel.
Lailah: Muito engraçado.
Strgazr73: Você acha que estou brincando?
Lailah: Você é um homem muito estranho.
Strgazr73: Eu consigo aquilo todo o tempo.
Lailah: Oh, isto é loucura... você se lembra o que me disse a última vez que conversamos?
Strgazr73: Eu disse que queria conhecê-la, e você disse não.
Lailah: Acho que mudei de idéia.
Strgazr73: Diga a hora e o lugar, e tenha certeza que estarei lá.
Lailah: Me dê algum tempo. Eu o avisarei na próxima vez que conversar com você.
Strgazr73: Certo. Até mais.

Sabryn fechou seu laptop, incapaz de abafar um sorriso. Mesmo assim, ela estava nervosa. Conhecer seu
amigo seria um grande passo. Ela nem mesmo sabia o seu nome. Mas o pouco que sabia sobre ele era
confortante. Ele entendeu seu passado melhor que qualquer outro. Ele estava realmente interessado em saber
sobre ela, e quis ouvir sua história... não para rir dela ou ridicularizá-la, mas com esperanças de entendê-la
melhor. Foi a primeira vez em sua vida que ela se sentiu verdadeiramente aceita.
Apanhando seu copo de água vazio e seu computador, ela começou a fazer seu caminho para a escada de
incêndio, apenas para gelar em um meio movimento. Ela podia ouvir alguém subindo a escada. Só acessível da
rua empurrando alguma coisa em cima, a escada de incêndio só era realmente conveniente para o apartamento
dela. Ela praguejou sob sua respiração, desejando ter trazido sua arma com ela. Ela teve o desejo de gritar
'parado', mas não tinha nada que apoiasse o comando dela.
Voltando o caminho da escada, ela estava para encontrar um lugar para se esconder quando ela viu a palha
incontrolável de cabelo loiro escuro. Ela soltou um pesado murmúrio e deixou cair o braço pesado atrás da
cadeira do gramado.
"Droga, Johnny, você me assustou pra caramba."
Ele espiou em cima da parede baixa que cercava o telhado e deu a ela um sorriso culpado. "Desculpe. Eu gritei,
mas acho que ninguém me ouviu."
"Eu lhe dei aquela chave para emergências, não para que você invadisse minha casa."
Ele enfiou a mão no bolso e pegou um grande punhado de dinheiro. "Eu achei que isso fosse uma emergência.
Você precisa de dinheiro pro aluguel, não precisa?"
Ela literalmente gritou, se jogando pra cima dele, enquanto finalmente freava no telhado, abraçando até quando
ele estava quase sufocando.
"Oh, Deus, obrigada! Você não tem idéia de quanto está salvando minha vida." De repente, se afastando dele,
ela o olhou nos olhos. "Mas e sobre Carly e as crianças?"
"Este dinheiro não vem de mim, vem de mamãe e papai. Eles o mandaram pra mim esta manhã."
Sabryn se afastou completamente dele. "Mamãe e papai?"
"Mandy, eu sei que você disse que não queria dinheiro deles..."
"Não me chame assim."
"Desculpe... Bryn. Eles estão preocupados com você, você sabe."
"Eles poderiam ter se preocupado muito mais há um longo tempo, mas não se importaram nem um pouco
comigo, então."
"Eles são pessoas fora de moda vivendo numa cidade fora de moda. O que você espera?"
"Eu esperava ser acreditada, droga."
"Não grite comigo. Eu estou do seu lado."
Ela desmoronou sobre a cadeira do gramado enterrando sua cabeça em suas mãos.
"Desculpe. Eu só estou com raiva. Eu não quero nada deles além de respeito, mas é a única coisa que eles não
me darão."
Ele se ajoelhou em frente a ela, passando a mão em seu cabelo. "Eu sei, Bryn, não é justo e eu não os estou
defendendo... mas você precisa do dinheiro. Pegue-o. Pague seu aluguel e quando vender outra pintura você
devolve a eles e não se preocupa com isso novamente."
Ela encontra o olhar dele com os olhos queimando, lutando com o nó sufocante em sua garganta. "Está bem."
"Eles amam você, não importa o que eles acreditam sobre aquela noite."
Sabryn apenas olhou pra fora, incapaz de agüentar o olhar penetrante dele.
Limpando a garganta, ele acariciou o cabelo dela mais uma vez antes de cautelosamente se sentar na cadeira
dobradiça como um pássaro caindo perto dela. "Eu vi sua nova pintura lá embaixo. Quem é ele?"
Oh-oh. Johnny era curioso. Isso nunca era um bom sinal.
"Apenas um amigo, John."
"Você certamente não o pintou como um amigo."
Ela teve que rir. "Oh, realmente? E como o pintei, nu e enroscado em lençóis?"
"Você o viu nu e enroscado em lençóis?"
Ela ofegou, beliscando-o no braço. "Não, não vi. Mas tenho certeza que ele pareceria maravilhoso."
"Esse amigo tem nome?" Ele perguntou esfregando o braço.
"Alex."
"Só Alex? Como Cher?"
"Não sei o último nome dele."
"Hum." Sabryn quase podia ver o se passava na cabeça de seu irmão. "E ainda assim você o pintou de
qualquer maneira. O que ele faz para viver?"
"Não sei."
Johnny ergueu as sobrancelhas. "Eu imagino que não tenho que lhe dizer para ser cuidadosa."
"Eu não sou estúpida. Eu mantenho minha arma carregada, como um pequeno soldado."
"Isso não é engraçado, Bryn. Estou falando sério."
"Eu também. Eu tenho vinte e cinco anos, John. Você não tem que continuar me tratando como se eu tivesse
sete."
"Só estou olhando por você," ele falou, se levantando. "É isso que irmãos mais velhos fazem."
Sabryn o seguiu até a escada de incêndio, carregando seu computador, agarrando o braço dele antes dele
começar a descer a escada. Puxando-o para o seu abraço, ela plantou um beijo na face dele. "Eu sei, e
agradeço a você. Você sempre acreditou em mim."
"E sempre acreditarei."
Se afastando, ele pegou a escada e começou a descer. Esperando até que ele tivesse feito meio caminho
abaixo, ela fez o mesmo. Ele ficou na escada abaixo dela, e pegou sua cintura para firmá-la enquanto ela
chegava perto do fundo. Pegando o computador dela, ele a segurou pelo pulso enquanto ela entrava pela janela
e então ele a seguiu para dentro do apartamento.

Sentado num carro preto Dodge Durango, Alex olhou para a escada de incêndio com a mandíbula apertada.
Uma raiva irracional queimava como ácido em sua garganta, sentindo seu estômago com chamas de ira. E
embora a plataforma duas estórias sobre a rua estivesse vazia agora, ele ainda poderia ir lá. Os braços dela em
volta do homem alto e loiro, seus lábios perfeitos roçando na bochecha dele. Ele pode ver as mãos do homem
nela quando ela desceu a escada. Tão possessivo. Tão familiar. Nauseante como a porra.
Tanto para inocência.
A lógica disse a ele para dar a partida no caminhão e ir. Esquecer o que ele tinha visto com a moça. Mas a
vingança amarga o fez querer rasgar o homem ao meio. Ainda, ele já havia sido traído bastantes vezes para
saber que isso não ajudaria. E mais importante, a garota não significava nada para ele. Ele havia suspeitado
sobre o interesse dela por ele, mas agora ele sabia a verdade. Ela já tinha um amante. O interesse dela nela
havia sido puramente 'profissional'. Ela queria algo dele. E ele seria condenado se não soubesse exatamente o
que era.
Apesar do desejo em apressar as coisas, ele esperou até que o outro homem saísse. Saindo da escadaria e
entrando em um sedan bege ele não achou o tipo que continuasse um tórrido relacionamento sexual. Mas as
aparências podiam enganar. Libertando o cinto do volante, Alex abriu a porta e saiu do caminhão. Ele bateu a
porta atrás dele e ligou o alarme com a chave. Seus longos passos largos o levaram através da porta e acima
da escada em segundos.
Sabryn mal tinha fechado a porta quando ela quase morreu de susto com a batida alta da porta. Ela olhou para
a caixa embaixo da cama dela que continha a arma, mas se decidiu contra. Com toda probabilidade, Johnny
havia esquecido algo.
"Quem é?"
"Alex."
O coração dela tremulou no peito como um pássaro que tenta fugir de uma gaiola. Os dedos dela atrapalharam-
se quando ela virou a fechadura e abriu a porta. Ela estremeceu à fragilidade da própria voz, quando ela disse,
"quanto tempo não lhe vejo."
"Tenho certeza que você estava esperando meu retorno."
Ausentemente arrastando a trança de cabelo descansando em seu ombro, ela deu um passo para dentro e fez
menção para ele entrar. "Estou com medo que você destrua minha pintura novamente, a tinta já está seca."
"Há mais de um modo de se destruir algo."
Sabryn sentiu um absurdo pequeno estremecimento ao som da voz dele. Havia algo quase perigoso no topo
daquele sussurro seco, algo letal no brilho escuro dos olhos dele. Ela ignorou o impulso bobo de dar um leve
passo pra trás. Ela não conseguiu nem mesmo se lembrar se havia se sentido tão desconfortável na presença
dele antes.
O olhar dele varreu a face dela em uma carícia quase palpável. Mas ele não fez nenhum movimento em direção
a ela. "Quem era ele?"
"Quem?"
"Você sabe de quem estou falando. O homem que acabou de sair."
"Me espiando novamente?"
"Quem era ele, Sabryn?"
"Meu irmão, Johnny. Não é da sua conta."
"Ele tem o cabelo loiro."
"Está certo. Ele puxou nosso pai. Mais alguma pergunta, Espião? Você quer que eu faça um teste no detector
de mentiras?"
"Sua espertinha." Ela mal teve a indicação do que ia na mente dele antes de ser arrastada de onde estava e
bater contra a parede sólida do peito dele. Os dedos dela encontraram o suave e manteigoso couro da jaqueta
dele, e ela não pode evitar os pequenos punhos que fez no tecido.
Ponta a ponta com ele, ela mal podia ver os ombros dele se erguendo para cima. Encarando através do potente
olhar dele ela não se importou em segurar o calafrio que correu a espinha dela.
"O que você quer de mim?" ele perguntou, sua respiração, mexendo no cabelo da testa dela.
"Eu odeio lhe dizer isso, mas foi você quem me agarrou."
"Você fala demais."
"Sim, e você não é o Homem do Mês da GQ, mas você não me ouviu reclamar disso."
"Eu não gosto de você."
Julgando a sensação do jeans dele tão apertado pressionando seu estômago, aquela era uma mentira dos
diabos. Ótimo. Ela poderia cooperar.
"Também não gosto de você."
Suas palavras mal haviam saído de sua boca antes dos lábios dela terem sido esmagados pelos dele. Ela
fechou os olhos, se rendendo ao voraz apetite dele. Os dedos dela apertaram a jaqueta dele, esperando por
uma vida querida. Beijar Alex era tão doce e inocente como a um tornado. Ele a mordeu e sugou, empurrando a
língua dele na boca de Sabryn, dividindo os lábios dela. A mão direita dele deslizou nas costas dela, os dedos
dele encurvando embaixo de sua bunda e a erguendo em direção ao corpo dele. Cristo, ela era forte. E
determinada. O momento que ela amarrou os braços dela em volta do pescoço dele e enganchou os tornozelos
atrás das pernas dele, ele estava no movimento. Ela não se importou de apartar o beijo intoxicante. Ela sabia
exatamente para onde ele ia.
Diretamente para a cama.

FIM

Olá, meu nome é Isabelle, e sou viciada em feedback... Isahunter@aol.com (e eu também...


enya_morgana@bol.com.br)

Vous aimerez peut-être aussi