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PORTO ALEGRE
2018
RENAN LUÍS BALZAN
PORTO ALEGRE
2018
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelo amor e apoio incondicional em todos os momentos que precisei e
pelo cultivo e valorização da música dentro da nossa casa desde sempre, pois sem esse ambiente
favorável, jamais teria chegado até aqui.
A todos os professores que tive, desde o primeiro contato com a música, que de alguma
forma incentivaram e despertaram em mim o amor e o interesse por essa arte.
Aos meus orientadores, em cada um dos três estágios supervisionados no IPA, Prof.ª
Cristina B. dos Santos, Prof.ª Jaqueline Lourenço Barreto e Prof.ª Elisa da Silva e Cunha, pelas
conversas, opiniões e sugestões que contribuíram para o meu desenvolvimento ao longo do
curso.
Aos meus colegas, com que sempre aprendo e ensino algo novo, durante as conversas,
risadas, discussões, troca de informações e parcerias profissionais.
Este trabalho apresenta o relatório de conclusão de curso, requisito parcial para obtenção do
título de Licenciado em Música, pelo Centro Universitário Metodista IPA. Estão descritas as
experiências ao longo do último estágio curricular supervisionado, feito no Ensino Médio, além
de uma breve retrospectiva a respeito dos dois estágios anteriores, no Ensino Fundamental e em
Espaço Não Escolar. O tema do estágio foi: ‘‘O Ensino dos elementos básicos da acústica e
teoria musical, através da construção de instrumentos musicais com canos de PVC e prática
musical em conjunto’’. Propondo uma abordagem interdisciplinar, aliando elementos da Física
(Acústica), construção de instrumentos musicais com canos de PVC e prática em conjunto
musical, este trabalho teve como objetivo propiciar ao aluno a consciência dos elementos
acústicos básicos envolvidos na construção, assim como alguns conteúdos musicais e sua
utilização prática, despertando o interesse do aluno no aprendizado musical. Ao longo do relato
das observações e regências, foram expostas as atividades propostas às turmas, assim como
algumas peculiaridades e desafios encontrados ao longo do processo, analisando o contexto do
ensino público em modalidade EJA.
3 PLANEJAMENTO .............................................................................................. 21
3.1 CRONOGRAMA DE ESTÁGIO ............................................................................... 23
3.2 PLANO DE ENSINO .................................................................................................. 24
3.3 PLANO DE AULA ...................................................................................................... 27
3.3.1 Primeira Regência ......................................................................................................... 27
4 RELATO DE PRÁTICA...................................................................................... 32
4.1 TURMA 301 ................................................................................................................. 32
4.1.1 Primeira Regência ......................................................................................................... 32
Este trabalho apresenta o relatório de conclusão de curso, requisito parcial para obtenção
do título de Licenciado em Música, pelo Centro Universitário Metodista IPA. Estão descritas
as experiências ao longo do segundo estágio curricular supervisionado, feito no Ensino Médio,
além de uma breve retrospectiva a respeito dos dois estágios anteriores, no Ensino Fundamental
e em Espaço Não Escolar. Cada estágio foi estruturado com base em 16 horas de observações
e 16 horas de regências, além do tempo reservado aos encontros para orientações,
planejamentos, leituras e produção textual.
Minha trajetória formal com a música iniciou aos meus nove anos de idade, quando fui
apresentado ao piano nas aulas do Conservatório Verdi, na Cidade de Nova Prata/RS. No
entanto, o conhecimento musical informal vem sendo passado pelas gerações da minha família
desde o meu bisavô paterno, que veio ao Brasil diretamente da Itália, no período de imigração
Italiana no RS. Minha infância foi marcada pela música ao vivo nos encontros familiares,
executadas pelo meu avô, meu pai e meus tios. Aos 14 anos, formei minha primeira banda de
Rock, passando posteriormente também a outros gêneros como o Pop, o Reggae, o Blues e a
MPB. Esse contato com a música popular faz parte da minha formação, paralelamente a música
erudita, até hoje.
Apesar de já ser graduado em Música pela UFRGS (2013), com habilitação em
composição musical, e trabalhar a cerca de 15 anos com educação musical em escolas de
música, cursos livres e aulas particulares, meu ingresso no curso de Licenciatura em Música do
IPA abriu um campo de possibilidades ainda não explorado por mim: O ensino musical no
ensino básico. Durante as disciplinas pedagógicas do curso, tive a oportunidade de conhecer
técnicas pedagógicas de educadores musicais renomados, além do embasamento teórico
necessário para ampliar minha visão como educador, adquirindo ferramentas que possibilitem
oferecer uma aula de música cada vez melhor aos alunos.
O primeiro estágio curricular obrigatório (no ensino fundamental) foi feito em uma
escola estadual, tendo como tema: a Construção de instrumentos musicais com materiais
recicláveis e musicalização1. O objetivo foi construir três instrumentos musicais de percussão
(ganzá, caixa e tambor) com garrafas PET, utilizando-os posteriormente para atividades práticas
de musicalização. Dentre os autores que embasaram o trabalho, cito: França (2002), Amato
1
Ao longo do trabalho, optei por destacar em Itálico as palavras estrangeiras; títulos de trabalhos ou temas;
títulos de música; conteúdos ou áreas de ensino específicas.
6
(2006), Garcia (2013) e Feliz (2002). A metodologia utilizada baseou-se em aulas teóricas
expositivas, prática de construção de instrumentos musicais em aula, execução e criação
musical coletiva de pequenos trechos rítmicos e músicas e utilização de gravações de áudio e
vídeos. Por um lado, essa experiência de estágio, no ensino fundamental, me possibilitou
enxergar melhor as diversas habilidades que o professor precisa ter para trabalhar nesse
contexto, que vão muito além do domínio dos conteúdos musicais, desenvolvendo diferentes
estratégias para abordar o mesmo tema, além de uma capacidade de adaptação rápida e de
improvisação. Por outro lado, fui estimulado a refletir sobre as condições de trabalho a que o
professor está submetido atualmente. Durante uma conversa informal, a professora de artes da
escola comentou que, além do desrespeito constante de alguns alunos, estava recebendo seu
salário parcelado. Uma situação, no mínimo, triste. Muito ainda precisa ser feito, do ponto de
vista legal e cultural, para possibilitar um melhor reconhecimento e melhores condições para
que o professor da escola básica trabalhe com dignidade.
O terceiro estágio curricular obrigatório foi feito antes do segundo, pois o curso permite
essa possibilidade. Aliando as práticas de canto coral, composição e arranjo, teve como local
escolhido um coro universitário, trabalhando com o tema: o ensaio e regência de um arranjo
próprio, a quatro vozes, da música Baião, de Luiz Gonzaga. O objetivo foi desenvolver no
aluno a sensibilidade e as habilidades necessárias para a atividade do canto coral, despertando
o interesse para o repertório da música popular Brasileira. Dentre os autores que embasaram o
trabalho, sito Nascimento (2011), França e Swanwick (2002), Pereira (2011) e Borges (2007).
A metodologia utilizada combinou a audição de gravações da música trabalhada, melodias dos
naipes reproduzidas por Sampler2 e enviadas por grupo do Whatsapp, acompanhamento
harmônico ao piano, análise da partitura em conjunto, ensaios com naipes juntos e separados.
Por fim, essa experiência possibilitou conhecer melhor as habilidades que o regente/arranjador
precisa ter para trabalhar na área do canto coral. Somente com o estudo e capacitação contínua,
desenvolvendo sempre novas estratégias de ensaio e ensino, o profissional pode propiciar uma
experiência de aprendizagem rica e relevante para os integrantes do coro e, consequentemente,
para o público que prestigia o espetáculo.
O segundo estágio curricular obrigatório (no ensino médio), que é descrito em detalhes
neste trabalho, foi feito em uma escola estadual de Porto Alegre, na modalidade EJA. A
instituição, com um perfil de alunos de classe média/baixa, não tinha a disciplina música no
2
Software que armazena e reproduz amostras de áudio, simulando virtualmente instrumentos musicais, por
exemplo.
7
currículo, o que exigiu que as atividades fossem realizadas como parte da disciplina de
educação artística, com turmas dos segundos e terceiros anos. A maioria dos alunos nunca tinha
frequentado nenhuma aula de música regular, salvo algumas atividades extracurriculares, de
curta duração, oferecidas pela escola, ou trabalhos realizados por outros estagiários. Propondo
uma abordagem interdisciplinar, aliando elementos da Física, especificamente a Acústica3,
construção de instrumentos musicais com canos de PVC e prática em conjunto musical, este
trabalho teve como objetivo propiciar ao aluno a consciência dos elementos acústicos básicos
envolvidos na construção, assim como alguns conteúdos musicais e sua utilização prática,
despertando o interesse do aluno no aprendizado musical. Como nos descrevem Grillo e Perez
(2016):
Conversando com o professor de física da escola, fui informado que o conteúdo Acústica
não estava incluído no programa de ensino da EJA. Dessa forma, para que meu projeto pudesse
ser colocado em prática, foi aberta uma exceção. A importância desse conteúdo é reforçada por
Moura e Neto (2011), propiciando algumas reflexões sobre o assunto, desenvolvidas ao longo
do trabalho.
A construção de instrumentos musicais em sala de aula, possibilitou trabalhar de forma
teórica e prática com o gênero musical Xote Nordestino4. Albuquerque destaca que essa
abordagem permite ainda “[...] vivenciar e entender questões relativas à acústica, produção do
som, fazer música, por meio da improvisação ou composição, no momento em que os
instrumentos criados estiverem prontos.” (ALBUQUERQUE, p. 3).
Durante o estágio, pude conhecer melhor o perfil dos alunos de cada turma, assim como
a realidade da modalidade de ensino EJA, permitindo uma reflexão a respeito de alguns pontos
positivos e negativos, além das dificuldades vivenciadas tanto pelos alunos como pelos
professores, como serão comentadas ao longo do texto. Griffante, Bertotti e Silva (2013)
enfatizam que:
3
Ao longo do trabalho, optei por destacar em Itálico as palavras estrangeiras; títulos de trabalhos ou temas;
títulos de música; conteúdos ou áreas de ensino específicas.
4
Idem item 2.
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O caminho para encontrar uma escola disposta a aceitar estagiários, no ensino médio,
foi extremamente difícil. Desde o mês de fevereiro eu vinha visitando pessoalmente, ligando e
mandando e-mails para diversas escolas, estaduais e privadas, sempre recebendo respostas
negativas ou indefinidas em relação à possibilidade de estágio. Após diversas tentativas e um
certo abatimento psicológico, finalmente fui aceito. Meu primeiro contato com os responsáveis
pela Escola Estadual de Ensino Médio Anne Frank ocorreu no início do mês de abril de 2018,
quando fui pessoalmente ao local, sendo gentilmente atendido pela vice-diretora. Após o aval
da professora de artes, comecei o estágio.
Tive acesso ao projeto político pedagógico da escola na segunda semana de
observações, quando a vice-diretora me enviou o documento por e-mail. O documento foi
escrito no ano de 2011.
Segundo o PPP, a escola, localizada na Avenida Cauduro, nº 238, na Cidade de Porto
Alegre/RS, foi fundada no ano de 1966, inicialmente atendendo o ensino fundamental e curso
supletivo. O ensino médio na modalidade EJA entrou em vigor no ano de 2002. Atualmente, a
Escola oferece Educação Infantil, Ensino Fundamental de 5ª à 8ª série, Ensino Fundamental de
Nove Anos, do 1º ao 5º ano, no turno diurno, e Curso de Ensino Médio, modalidade de
Educação de Jovens e Adultos – EJA, à noite. Em relação ao nome da escola, consta no
documento que foi uma homenagem à comunidade Judaica de Porto Alegre, na pessoa da
Adolescente Anne Frank, jovem que viveu durante a segunda guerra mundial e permaneceu
escondida em um sótão por 2 anos, sendo descoberta e levada para morrer em um campo de
concentração Nazista. ‘‘A homenagem, em sua lembrança é permeada por um profundo espírito
de otimismo, solidariedade e esperança de construção de um mundo melhor.’’ (PPP, 2011, p.
3-4).
A respeito do espaço físico, é informado que a escola é constituída de:
[...] dois prédios de alvenaria e um pátio central subdividido em uma cancha de futebol
e outra de vôlei. No prédio principal há: 11 salas de aula; sala de professores;
secretaria; salas da Direção e Vice Direção; sala do Serviço de Orientação
Educacional; sala do Serviço de Supervisão Educacional; sala do setor de Recursos
Humanos; sala do setor Administrativo- Financeiro; biblioteca; refeitório; cozinha;
laboratório de Ciências; laboratório de Informática; sala de artes; sala de
mecanografia, almoxarifado e banco do livro; sala de vídeo; 06 sanitários para alunos,
03 sanitários para professores; um bar; uma sala para pessoal de serviços gerais e uma
sala com banheiro onde funciona um serviço de xerox terceirizado. O prédio auxiliar
é composto de 06 salas de aula; 04 sanitários; sala de recursos; sala de Línguas; sala
de material de Educação Física e Grêmio de Alunos. Em anexo à sala de aula da
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Consta que a maioria dos frequentadores da escola mora em bairros próximos à escola,
possuindo uma renda familiar de 1 a 6 salários mínimos. Sobre o perfil dos alunos da fase 9 do
EJA, constatou-se em uma pesquisa que:
No capítulo Conteúdos, é exposto que os saberes escolares focam nas necessidades “[...]
para a vida social, para o trabalho, para a continuidade dos estudos e para o desenvolvimento
pessoal” (PPP, p. 19). O currículo escolar está organizado por áreas de conhecimento, integrado
por competências e habilidades, focadas no sujeito: o estudante.
Em relação aos objetivos da escola, estão incluídos:
Ao abordar Avaliação, o texto esclarece que deveria ser um subsídio para o professor,
fornecendo elementos para uma reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos
instrumentos de trabalho e a revisão de estratégias. É exposto ainda que ela deve ser
“diagnóstica contínua, sistemática, cumulativa com efetiva prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos” (PPP, 2011, p. 25).
Por fim, cito um trecho do capítulo Condições objetivas de trabalho, onde o documento
nos expõe a uma realidade dura e que nos desperta novamente a algumas reflexões:
Dessa forma, as observações prévias das turmas têm um papel fundamental antes da
elaboração do plano de ensino e plano de aula, para que se mostrem realmente coerentes e
passíveis de aplicação, levando em consideração o perfil dos alunos. ‘‘É por meio das
observações que o licenciando terá a oportunidade de propor novas estratégias, em especial
sugestões, indagando: o que faria de diferente se estivesse no lugar do professor?".
(ROMANELLI, 2008, p. 134).
É através das observações que tomamos conhecimento e nos preparamos para vencer
alguns obstáculos que normalmente aparecem. Dentre eles, Romanelli (2008) destaca o papel
ainda recreativo da música em muitas escolas, a cultura polivalente do professor de artes, além
do estagiário raramente encontrar uma sequência didática anterior, que permita continuidade.
‘‘No ensino da música [...] o planejamento é frequentemente estruturado pelo estagiário como
uma espécie de módulo isolado, pouco articulado com a realidade da disciplina naquela escola.
(ROMANELLI, 2008, p. 133).
Considerando o contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), essa ferramenta nos
revela mais alguns desafios, que poderão ser enfrentados pelo estagiário de música. Um deles
é a falta de regularidade dos alunos nas aulas e a grande evasão escolar observada em todo país.
Em uma pesquisa, realizada com 81 alunos da EJA, observou-se que ‘‘[...] com o retorno aos
estudos, 45% dos discentes enfatizam que o maior desafio encontrado é o cansaço físico e
mental, devido à jornada de trabalho [...]’’ (GRIFFANTE; BERTOTTI; SILVA, 2013, p. 8).
Nesse contexto, também é comum que muitos alunos não tragam os materiais solicitados para
as atividades. Essas peculiaridades exigem ainda mais dedicação e sensibilidade por parte do
13
2.1 OBSERVAÇÕES
A turma era formada por 9 mulheres e 9 homens, com idade variada. 4 alunos
aparentavam ter mais de 30 anos e os outros, cerca de 20 anos.
A professora iniciou a aula me apresentando para a turma e informando que eu passaria
as próximas semanas os acompanhando, pois faria um estágio na área de música.
Após relembrar com a turma os conteúdos que haviam trabalhado na aula anterior
(assistiram um vídeo sobre Portinari e viram algumas imagens relacionadas a ele, no livro
didático), foi informado que deveriam entregar um resumo do filme, além de responder algumas
questões que constavam no livro. Um tempo foi reservado para que os alunos fizessem as
atividades.
A turma foi avisada que construiriam uma Pipa na próxima aula. Cada aluno deveria
trazer alguns materiais para a sua construção, dentre eles: varetas de bambu, tecido, fio, cola e
tesoura. Surgiu a ideia de soltar a pipa em algum lugar aberto, após sua construção.
Ao final da aula, a professora sugeriu que a turma visitasse a Bienal do Mercosul, que
ocorreria em um sábado de manhã, substituindo um dos períodos regulares da noite.
De modo geral, a turma manteve o foco nas atividades, com pouca conversa ou
distrações paralelas.
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A turma constava com apenas 9 alunos presentes nesse dia. 5 mulheres e 4 homens.
Todos tinham cerca de 20 anos de idade.
A professora pediu que a turma fizesse um desenho baseado na obra O Farol, de Anita
Malfatti. Eles deveriam reproduzir a obra o mais fielmente possível. Uma cópia impressa foi
distribuída para que usassem de modelo. Era possível perceber 2 alunos conversando e rindo
ao fundo da sala, durante a atividade. Os outros pareciam concentrados no trabalho. Alguns
alunos foram até a professora, que estava sentada em sua classe, para sanar algumas dúvidas.
A aula seguiu até o final com a turma fazendo essa atividade.
A turma era formada por 14 mulheres e 5 homens. A maioria dos alunos tinha cerca de
20 anos, sendo apenas 2 com mais de 30 anos.
A professora iniciou a aula buscando livros didáticos que foram distribuídos a todos. O
livro era: Coleção Viver, Aprender. Os alunos deveriam ler e interpretar um texto que se referia
a Cândido Portinari. As orientações para o trabalho foram escritas no quadro branco. O
documentário Imaginário Portinari também deveria ser assistido pela turma, posteriormente.
Observei que uma das alunas, sentada na frente, fazia piadas e ria constantemente,
conversando com a colega ao lado. Outra aluna chamava a atenção porque estava acompanhada
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da filha pequena, que brincava com algumas bonecas, sem atrapalhar a aula. Foi possível notar
também 2 alunos que ficaram todo o tempo com fones de ouvido. Enquanto os alunos faziam a
atividade, a professora ficou sentada em sua classe, corrigindo alguns trabalhos. A aula seguiu
com essa atividade até o final.
A turma era menor que as outras observadas até o momento. Estavam presentes 5
mulheres e 6 homens. 4 alunos aparentavam ter mais do que 30 anos, enquanto os outros tinham
cerca de 20 anos.
Foi escrito no quadro que um projeto deveria ser feito pela turma, individualmente, para
a reconstrução de um local que tivesse ocorrido alguma tragédia. Enquanto a professora
escrevia, a turma fazia muito barulho, rindo e brincando. Conversavam sobre diversos assuntos
não relacionados à aula. Um dos alunos, sentado na frente, apenas ouvia música com fones de
ouvido. Em seguida, a turma questionou o propósito da atividade pois não estavam entendendo.
Foi pedido que eles trouxessem impresso uma foto do local que escolheriam, para a próxima
aula. Alguns exemplos foram dados aos alunos, mas eles consideraram a atividade difícil de ser
feita.
A turma tinha 7 mulheres e 11 homens presentes nessa aula. Dois desses alunos
aparentavam ter mais do que 30 anos, os outros, cerca de 20 anos.
A aula iniciou com um aviso à turma, referente ao prazo final de entrega de trabalhos.
Em seguida, a professora recordou que havia pedido um material, para construir uma
pipa. Como apenas um aluno trouxe, a atividade foi comprometida, devendo ser feita em casa
por todos.
O livro didático foi então utilizado para o trabalho. Os alunos deveriam responder
algumas questões, referentes ao mural Guerra e Paz, de Portinari. Como muitos estavam usando
celular e fones de ouvido, a professora pediu que guardassem.
Em seguida, a atividade consistiria em dividir uma folha tamanho A3 ao meio, criando
desenhos ou colagens que representassem, em cada lado, guerra ou paz.
A aula seguiu até o final com essa atividade.
Essa turma também havia sido orientada a trazer materiais para a construção de uma
pipa. Como a maioria dos alunos trouxe, foi possível realizar a atividade.
Um dos alunos comentou que os pedaços de bambu deveriam ser finos, senão a pipa não
iria voar. A maioria da turma permaneceu sentada, fazendo a atividade em duplas. Alguns
alunos usavam fones de ouvido, enquanto faziam o trabalho. A aula seguiu com essa atividade.
Ao final, foi orientado que um vídeo construindo a pipa fosse feito pelos alunos que não
trouxeram o material ou que não terminaram em aula.
Ao início da aula, foi entregue a cada aluno um questionário para ser respondido, a
pedido de uma das estagiárias da escola, da área de música. As perguntas se referiam aos gostos
e experiências musicais da turma.
Após algum tempo, a turma recebeu a orientação para que criassem uma história baseada
na pintura O Farol, de Anita Malfatti. Cada aluno recebeu uma cópia da imagem, impressa, em
preto e branco.
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Um dos alunos foi buscar os livros didáticos e distribuiu para a turma. Ao conversar
sobre o conteúdo que estavam estudando, a professora disse que essa turma estava atrasada em
relação às outras.
Foi dado continuidade ao assunto da aula anterior, sobre o mural Guerra e Paz, de
Portinari. A atividade consistiria em desenhar figuras que representassem o mural, em uma
folha. Havia muita conversa e uma aluna, sentada à frente, falava em tom de brincadeira que
‘‘não iria fazer nada’’. Ao final da aula, foi pedido que a turma trouxesse os materiais
necessários para construir uma pipa (atividade já concluída pelas outras turmas). A professora
escreveu no quadro os materiais: palito de bambu, papeis coloridos, barbante, cola, tesoura e
‘‘boa vontade’’. Um dos alunos fazia piadas sobre a recente prisão do ex-presidente Luís Inácio
Lula da Silva, assunto que estava em alta na mídia, durante a semana.
Por fim, foi informado que o prazo final para entrega de todos os trabalhos atrasados
seria a aula seguinte.
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A aula teve como tema a artista Tarsila do Amaral. Foi explicado que seus trabalhos
eram baseados em figuras geométricas e cores básicas, tomando como exemplo a obra Estação
Central do Brasil.
A atividade proposta foi um desenho, que tivesse como base esses mesmos elementos:
figuras geométricas e cores básicas. A aula seguiu até o final com essa atividade. Um aluno, ao
fundo, usando fones de ouvido, não fez a atividade.
Ao final da aula, 2 estagiários do curso de teatro (que estavam observando a aula junto
comigo), vieram até mim e informaram que começariam suas regências de estágio, com essa
turma, na semana seguinte. Isso causou uma grande confusão no meu cronograma, já que não
poderia contar mais com 2 turmas, que eu planejava trabalhar em breve.
Na aula anterior havia sido pedido que a turma entregasse uma atividade (um projeto,
individual, para a reconstrução de um local que tivesse ocorrido alguma tragédia). Apenas 1
aluno trouxe o projeto pronto. Então a professora usou o trabalho de modelo, pedindo que a
turma entregasse pronto, na aula seguinte.
Seguindo o mesmo plano de aula da turma anterior, abordou como tema a artista Tarsila
do Amaral. Foi explicado que seus trabalhos eram baseados em figuras geométricas e cores
básicas, tomando como exemplo a obra Estação Central do Brasil. Os alunos deveriam criar
um desenho, com base nos mesmos elementos da obra (figuras geométricas e cores básicas).
A aula seguiu até o final com os alunos trabalhando nessa atividade. De modo geral, os
alunos fizeram o trabalho, com poucas conversas paralelas e dispersões.
Nesse dia, foi observada a aula de Física. Como eu havia combinado previamente com
o professor da disciplina, ele abordaria uma introdução à Acústica, o que serviria de base para
o meu trabalho posterior, durante as regências. Apesar desse conteúdo não fazer parte do
programa de Física do EJA, foi aberta uma exceção, a meu pedido.
O professor iniciou me apresentando para a turma e falando sobre a necessidade da
vibração, para que haja uma onda sonora, dando como exemplo o tocar na corda de um violão.
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Seguiu falando sobre o conceito de frequência, explicando que cada número de telefone
trabalha sobre uma frequência específica. Outro exemplo seria a comunicação dos golfinhos e
baleias.
Voltando à onda sonora, expôs que é uma onda mecânica, que necessita de um meio
para se propagar. O ponto mais alto da onda seria a crista e o ponto mais baixo o vale, falando
sobre o elemento Amplitude.
A maioria da turma interagia, dando outros exemplos equivalentes, à medida que o
professor explicava. De modo geral, pareciam interessados no conteúdo.
Por fim, foi explicado à turma que eu seguiria trabalhando com esse tema durante a
minha prática (regência), além de construirmos instrumentos musicais usando esses princípios
da acústica.
Como essa seria minha última observação com essa turma, pedi permissão para explicar
a minha proposta de estágio (que iniciaria na aula seguinte) e passar uma lista de materiais que
a turma deveria trazer, em duas semanas, necessários para a construção dos instrumentos. O
material consta no anexo 2, ao final do trabalho.
Em seguida, a professora fez a chamada e pediu que a turma criasse um grupo no
Whatsapp, para combinarem algumas atividades. Continuando, reservou um tempo para que os
alunos terminassem as atividades da aula anterior. Alguns alunos entregaram vários trabalhos
atrasados ao mesmo tempo, ao longo da aula.
Como mais da metade da turma trouxe o material pedido, para construir a pipa, deram
seguimento a esse trabalho. Uma das alunas, que estava grávida, comentou com o colega que o
seu filho nasceria em setembro. Também percebi que um dos alunos, sentado no canto direito,
ficou a aula toda com fones de ouvido.
A turma seguiu até o final, trabalhando na construção da pipa ou nos trabalhos atrasados.
A última observação foi novamente na aula de física. No dia anterior, combinei com o
professor para focarmos nos elementos da onda sonora e nas propriedades do som. Mandei para
ele alguns materiais pelo Whatsapp e levei a flauta doce, para ajudar com alguns exemplos.
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Após tomar conhecimento dos espaços e contextos da escola e das turmas, através das
observações e análise do projeto político pedagógico, o licenciando se encontra em condições
para começar o planejamento das aulas que serão ministradas. Hentschke e Del Ben (2003)
ressaltam que “a importância do planejamento está justamente no fato de ele ser uma projeção
daquilo que queremos, daquilo que pretendemos em relação ao ensino e de como ele poderá ser
realizado em sala de aula.” (p. 178).
Sem reflexão a respeito da realidade da escola e dos alunos, que só é possível conhecer
através das observações, um planejamento coerente e aplicável se torna uma utopia. Como
enfatiza Romanelli (2008) “[...] é apenas por meio de um processo de planejamento bem
estruturado que se promove educação musical de qualidade.” (p. 141).
No entanto, por ser passível de muitas interpretações, a palavra planejamento precisa
ser definida e contextualizada com maior clareza. Hentschke e Del Ben (2003) esclarecem que
podemos identificar pelo menos quatro âmbitos onde se planeja o ensino:
[...] sendo um roteiro que envolve toda uma unidade de estágio de forma genérica, o
plano de ensino devera expor de forma clara o tema condutor das aulas de música [...].
Muito mais do que atender a uma exigência acadêmica, o plano de aula constitui um
documento que cristaliza o trabalho de elaboração de uma aula. (p. 134).
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Dessa forma, para que o planejamento realmente faça sentido e ajude o professor, é
necessário que alguns elementos estejam expostos de forma clara e objetiva. Romanelli (2008)
conclui que:
[...] avaliar não é somente julgar a qualidade das aprendizagens dos alunos ou o seu
rendimento. A avaliação é essencial para a efetivação do planejamento [...]. Avaliar é
estabelecer um diálogo entre o que foi planejado e o que constituiu, de fato, a prática
de ensinar. (p. 184).
Ao tratar a expressão musical do aluno como algo individual e válido por si só,
independentemente dos possíveis comentários, sugestões e intervenções feitos pelo
professor, os professores não estarão contribuindo para o desenvolvimento musical de
seus alunos. (p.185-186).
Desse modo, para que a avaliação permaneça cumprindo as funções que lhe cabe, o
professor de música precisa incluir nesse quesito todo o processo decorrente das aulas, não se
restringindo, por um lado, a uma única “prova objetiva” como instrumento e nem, por outro
lado, a uma visão totalmente subjetiva ou descomprometida em relação às aulas e ao
desenvolvimento dos alunos. Como conclui Hentschke e Del Ben (2003):
Por fim, acredito que o enfoque nos produtos musicais e no processo como um todo
possibilite ao professor de música uma atitude e olhar diferenciados sobre a avaliação.
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b) Tema de Estágio: Ensino dos elementos básicos da acústica e teoria musical, através da
construção de instrumentos musicais com canos de PVC e prática musical em conjunto
d) Justificativa: Atualmente, vemos um grande esforço para tornar a música novamente uma
disciplina obrigatória nas salas de aula. Apesar dos recentes avanços na lei, continuamos vendo
professores sem formação específica atuando em escolas. Nesse sentido, confirmamos a
importância dos cursos de licenciatura em música no sentido de qualificar os futuros
profissionais da área. Como descreve Shafer:
[...] sendo a música uma disciplina complexa, que abrange teoria e prática de
execução, deve ser ensinada por pessoas qualificadas para isso. Sem concessões. Não
permitiríamos que alguém que tivesse frequentado um curso de verão em Física
ensinasse a matéria em nossas escolas. Por que haveríamos de tolerar essa situação
com respeito à Música? Por acaso ela está menos vinculada a atos complexos de
discernimento? Não. (SHAFER, apud AMATO, 2006, p. 158).
Vibração, frequência, afinação, proporções matemáticas entre as notas musicais, etc. Como
descreve Ranghetti (2013):
A ideia para a utilização de canos de PVC como material principal para a construção
dos instrumentos musicais surgiu a partir de uma atividade proposta durante a disciplina
Práticas Pedagógicas no Ensino Médio, parte do currículo do curso de Licenciatura em Música
do IPA. Durante a aula, construímos a escala natural completa com os canos. O processo, no
entanto, foi muito cansativo, exigindo que cortássemos diversas vezes cada cano até chegarmos
às afinações corretas, em um processo de “tentativa e erro”. Fui para casa refletindo se haveria
alguma forma mais objetiva para chegarmos às medidas e afinações corretas. Pesquisando sobre
o assunto, encontrei alguns vídeos e artigos que explicavam o experimento de Pitágoras com o
instrumento chamado monocórdio e as proporções matemáticas entre as primeiras notas da série
harmônica5. Dessa forma, cheguei à conclusão que poderia adaptar esses princípios para a
construção dos instrumentos. Após alguns cálculos, utilizando como base o comprimento do
cano que havia feito em aula, encontrei as medidas exatas das outras notas musicais,
possibilitando construí-las facilmente.
Por outro lado, somente construir os instrumentos musicais, apesar de ser um processo
complexo, não configura uma prática musical, propriamente dita. Dessa forma, em uma
segunda etapa, atividades de prática em conjunto vem proporcionar uma experiência musical
mais completa, além de ser uma oportunidade de aproximar os alunos da cultura brasileira,
através da utilização de repertório de música popular brasileira. Como nos expõe Bastião
(2012):
5
Todo som produzido na natureza produz uma frequência fundamental que é acompanhada de frequências
secundárias (harmônicos), observados em uma série com proporções matemáticas fixas.
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f) Avaliação: Através de exercícios práticos ao longo das aulas, a avaliação será constituída
pela observação de três critérios:
• Entendimento dos princípios básicos sobre acústica trabalhados e utilização prática dos
instrumentos durante a prática em conjunto
• Empenho e resultado da construção dos instrumentos musicais ao longo das aulas.
• Interesse, vontade de aprender e superar as dificuldades e participação durante as aulas.
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unha colorido, palitos de madeira (de churrasquinho). Além disso, utilizaremos um aplicativo
de Celular para afinar os instrumentos, chamado Da Tuner Lite, que deverá ser instalado pelos
alunos em seus celulares.
b) Objetivos Específicos:
• Abordar os conceitos básicos de Acústica/Música
• Propor a exploração dos conteúdos de forma prática, através da construção de
instrumentos musicais de canos de PVC
• Desenvolver o raciocínio lógico
d) Recursos materiais:
• Um violão
• Quadro branco, canetão e apagador
• Folhas impressas (xerox) com o resumo do conteúdo trabalhado
afinação estará adequada ou se serão necessários alguns ajustes. Por fim, com o esmalte de unha
colorido, o tampão do cano será pintado, para deixá-lo com um visual mais atrativo.
b) Objetivos Específicos:
• Exercitar e aplicar de forma prática os conceitos teóricos sobre acústica
trabalhados na aula anterior
• Preparar o material necessário (instrumentos musicais) para a prática em
conjunto que será realizada nas próximas aulas
• Despertar o interesse pela construção e funcionamento dos instrumentos
musicais, desenvolvendo a concentração e habilidade manual necessária.
d) Recursos materiais:
• 1 metro de cano de PVC, com seu tampão de mesmo diâmetro
• 1 Serra
• Fita métrica
• Esmalte de unha colorido
• Celular com aplicativo Da Tuner Lite instalado
• Palitos utilizados para churrasquinho ou algodão doce, de madeira
Dando continuidade, a turma será separada em 3 grupos, ficando cada um com uma das
notas musicais construídas com os canos, na aula anterior. Será explicada a correspondência
entre o sistema Latino que nomeia as notas musicais e o sistema Americano (notação por
Cifras).
Em seguida, utilizando a Música Asa Branca, de Luiz Gonzaga, será distribuída uma
folha para cada aluno, contendo a letra e cifra harmônica. Através de batidas com os canos no
chão, os grupos manterão a pulsação da música. Em um segundo momento, de acordo com a
nota musical que dispõe, cada grupo tocará alternadamente, marcando também a base
harmônica da música. A melodia principal será cantada ou tocada com flauta doce pelo
professor.
b) Objetivos Específicos:
• Aprender o conceito de pulso musical e desenvolver a sua regularidade.
• Experienciar a prática em conjunto, utilizando os instrumentos musicais
construídos
• Desenvolver a coordenação motora, atenção e sensibilidade musical
d) Recursos materiais:
• Cópias das folhas com letra e cifra da música trabalhada
• Instrumentos de PVC construídos
• 1 Flauta Doce
• Quadro Branco, Canetão e apagador
• Aparelho de som ou Celular para reproduzir os exemplos de áudio
Janela, de Gilberto Gil, será usada para a prática em conjunto. Uma gravação da música será
tocada para servir de referência aos alunos. Em seguida, após a separação da turma nos mesmos
grupos (e Notas Musicais) da aula anterior, executarão por imitação o ritmo do Xote,
diretamente no cano de PVC. Abaixo segue a transcrição em partitura do padrão rítmico
completo.
Do mesmo modo que na terceira aula, será distribuída uma folha para cada aluno,
contendo a letra e cifra harmônica da música. A melodia principal será cantada ou tocada com
flauta doce pelo professor, enquanto os alunos mantem a ‘‘levada rítmica’’ e sustentam a base
harmônica, à medida que se alternam entre os grupos, seguindo a sequência dos acordes pela
folha impressa.
b) Objetivos Específicos:
• Estudar as características rítmicas do Gênero Musical Xote Nordestino
• Experienciar a prática em conjunto, utilizando os instrumentos musicais
construídos
• Desenvolver a coordenação motora, atenção e sensibilidade musical
d) Recursos materiais:
• Cópias das folhas com letra e cifra da música trabalhada
• Instrumentos de PVC construídos
• 1 Flauta Doce
• Quadro Branco, Canetão e apagador
• Aparelho de som ou Celular para reproduzir os exemplos de áudio
4 RELATO DE PRÁTICA
Música é algo com que os alunos convivem e muitos gostam, o que pode fornecer um
excelente motivador para o ensino de física. Pensando nisso, sempre que possível, e
que for conveniente, podemos tentar descrever fisicamente (e matematicamente) os
fenômenos sonoros observados na prática da música. (p. 25).
centímetros) eu já havia calculado em casa previamente, a partir de um cano afinado que tinha
construído durante uma atividade no IPA. A partir desse valor informado, pedi que a turma
calculasse as medidas correspondentes às notas DÓ (8ª acima), SOL e FÁ. Anotamos os valores
na ficha impressa que havia distribuído no início da aula.
Para concluir, lembrei que os alunos deveriam trazer os materiais necessários para a
construção dos instrumentos, na aula seguinte. Uma das alunas, sentada à frente, disse que seria
muito trabalhoso trazer os canos e insistia que ‘‘não iria trazer nada’’. Também percebi alguns
alunos ao fundo, que não demonstravam muito interesse pelo assunto que abordava.
Conversando posteriormente com uma das professoras de artes da escola, me informou que essa
aluna em questão ‘‘sempre foi uma aluna difícil, que arrumava problema com os professores e
colegas desde criança’’. Como nos expõe Cardoso (2015):
No entanto, achei melhor não discutir com a aluna já que, de modo geral, a grande
maioria da turma parecia interessada no conteúdo e nas atividades que seriam feitas
posteriormente. Em seguida, com a ajuda de um aluno músico presente, toquei a melodia de
Asa Branca, de Luiz Gonzaga, na flauta doce, enquanto ele mantinha a ‘‘levada rítmica’’ do
gênero baião com um dos canos de PVC que eu havia trazido. Dessa forma, a turma pareceu se
animar com o resultado e, consequentemente, com as atividades que seriam feitas nas aulas
seguintes.
Após uma rápida revisão sobre a relação entre os comprimentos dos canos e as notas
musicais (que havíamos trabalhado na aula anterior), escrevi no quadro as medidas que seriam
necessárias para que os instrumentos ficassem afinados, respectivamente nas notas DÓ, FÁ e
SOL. Cada grupo ficou responsável por construir uma das notas. A medida que os alunos
cortavam os canos, conferíamos a afinação usando o aplicativo Da Tuner Lite, que alguns
haviam instalado nos celulares (como foi solicitado anteriormente). Os aplicativos de celular
são ferramentas muito úteis, possibilitando muitos recursos para as aulas de música. Como nos
expõe Gabriel (2013):
Os impactos das tecnologias digitais em nossas vidas são sem precedentes [...] tem
causado uma modificação acentuada na velocidade da informação e desenvolvimento
tecnológico, acelerando em um ritmo vertiginoso o ambiente em que vivemos. (p.3).
distribuindo entre eles os canos e respectivas notas musicais construídas. Oliveira (2014)
acredita que na prática musical em conjunto ‘‘acontece o processo de aprendizagem de forma
colaborativa, onde os alunos aprendem uns com os outros, seja observando os colegas,
conversando fora dos ensaios, por imitação, etc.’’ (p.10).
Desse modo, iniciei explicando o conceito de pulso musical, batendo palmas e
acompanhando uma gravação que dispunha. Pedi que todos batessem os canos no chão
acompanhando o pulso da música. Percebi alguma dificuldade por parte de alguns alunos para
manter a sincronia com o grupo. Meu plano era trabalhar o padrão rítmico do Gênero Baião
nesse período de aula, executando a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga. No entanto, ao
perceber a dificuldade rítmica da turma, mudei de ideia e trabalhei diretamente o ritmo
simplificado do Xote Nordestino, já que esse não continha a síncope característica do Baião.
Como explica Rodrigues (2012):
Durante o primeiro semestre, pude verificar na prática que, nem sempre, tudo ocorre
dentro da sala como planejamos no papel, sendo necessário perceber o que não está
funcionando durante a aula e adaptar, ou até mesmo improvisar outras atividades para
que a aula de música aconteça. (p. 4).
Em seguida, distribuí para cada aluno uma folha, contendo a letra e cifra harmônica da
Música Asa Branca. Após explicar no quadro a correspondência entre as notas musicais no
sistema latino e no sistema americano, executei a gravação da música e mostrei como as trocas
harmônicas aconteciam, seguindo a referência visual impressa.
Por fim, adaptando o padrão rítmico do Xote Nordestino sobre a música (originalmente
um Baião) começamos a sincronizar as batidas de cada grupo, em alternância, à medida que a
harmonia da música mudava. Comecei cantando a melodia enquanto regia a turma. Assim que
percebemos uma sincronia razoável, passei a tocar a melodia com a flauta doce. Apesar de
algumas imperfeições (alunos dessincronizados, pulso oscilando), conseguimos executar a
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Após recordar a ‘‘levada rítmica’’ do xote, que a havíamos trabalhado na aula anterior,
iniciamos a atividade de prática em conjunto, intercalando os grupos de acordo com a troca
harmônica da música. Uma nítida melhora na sincronia entre os grupos foi percebida, em
comparação à aula anterior. Dessa forma, sugeri que os alunos confiantes acrescentassem uma
batida a mais com o cano no chão. Preferi manter ainda simplificado o padrão rítmico do Xote,
articulando apenas uma semínima no segundo tempo (ao invés de duas colcheias). Segue abaixo
a notação que representa o ritmo resultante.
À medida que a melodia da música era cantada, as entradas de cada grupo eram
sincronizadas com a regência. No entanto, quando a regência parava para que pudesse tocar a
melodia na flauta doce, a turma ficava insegura, dessincronizando ou parando de tocar.
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Chamei a atenção dos alunos para observassem o som, mais do que as referências
visuais. Como havia pouco tempo para completar a atividade, foi sugerido pela turma que
alguém marcasse as entradas dos grupos, para que eu pudesse tocar a flauta. Um dos alunos,
que estava ao fundo e não participava ativamente, se prontificou a essa função muito animado.
Para minha surpresa, conseguimos executar toda a música de forma razoavelmente
sincronizada. Como comenta Oliveira (2014), a respeito dos resultados da utilização da prática
em conjunto nas aulas de música:
[...] há uma motivação maior por partes dos alunos, principalmente os que estão
começando, pois rapidamente já se verão inseridos em um contexto musical, além
disso, acontece uma troca de informações que é bem-vinda para o desenvolvimento
dos estudantes. (p.10).
Por fim, agradeci à turma pela atenção e disposição ao longo dessas quatro aulas.
Considerando o pouco tempo disponível, considero que obtive um resultado satisfatório,
oferecendo aos alunos uma experiência e contato com elementos musicais que a grande maioria
nunca havia tido.
no ar, a velocidade era constante. Fiquei feliz com a iniciativa do aluno, mostrando que estava
interessado no assunto da aula.
Dando continuidade, reproduzimos o experimento de Pitágoras com o monocórdio. A
respeito do violão (que utilizei para simular um monocórdio), Grillo e Perez (2016) chamam a
atenção para o fato que:
Perguntei se todos os alunos já conheciam o nome das sete notas musicais naturais,
escrevendo-as no quadro. Todos responderam que sim. Em seguida, informei que reproduziria
com eles um experimento feito a mais de 2.000 anos, pelo qual foram descobertas as proporções
matemáticas que embasam as notas musicais. Apesar de conceitos como proporções
matemáticas tenderem a “assustar” um pouco os alunos, a curiosidade e interesse da maioria
despertava instantaneamente à medida que o funcionamento do monocórdio era demonstrado,
juntamente como o resultado sonoro da corda solta quando diminuíamos seu comprimento nas
proporções 1/2, 2/3 e 3/4.
Após o entendimento das relações entre os comprimentos da corda e as notas musicais
geradas, expliquei que aplicaríamos esses mesmos princípios na construção dos instrumentos
musicais com canos de PVC. Moura e Neto (2011) enfatizam que ‘‘A física acústica tem ligação
com a disciplina artes, por explicar como o som é criado e, consequentemente, como a música
é desenvolvida.’’ (p. 13). A turma parecia muito interessada, pois interagia e não conversava
paralelamente.
Por fim, usando a folha impressa que havia entregado a todos, contendo o resumo do
conteúdo trabalhado, pedi que a turma calculasse as medidas necessárias para cada nota
musical. Para isso, informei a medida da nota DÓ (130,0 cm), que serviria de referência.
Consegui concluir o plano de aula dentro do tempo hábil (40 minutos), deixando
combinado com a turma os materiais que deveriam ser trazidos na aula seguinte, para
construirmos os instrumentos.
gerando uma certa frustração, já que inviabilizou as atividades que haviam sido cuidadosamente
planejadas. No artigo: Os desafios da EJA e sua relação com a evasão, de Griffante, Bertotti e
Silva (2013), uma pesquisa realizada com 81 discentes e sete docentes da EJA expõe que estes:
quadrado envolvendo a letra da música (vide a letra cifrada, no anexo 1.2), correspondia a duas
batidas no chão (2 tempos musicais). Dessa forma, enfatizei a marcação dos tempos juntamente
com a regência, facilitando assim o entendimento da estrutura rítmica da música e das trocas
harmônicas.
Ao final da aula, informei que continuaríamos a atividade na semana seguinte,
explorando mais a fundo o ritmo que usaríamos para acompanhar a música.
Um dos alunos, que era músico e tocava com maior desenvoltura, se propôs a marcar as
trocas dos grupos para que eu pudesse tocar a melodia na flauta doce com mais tranquilidade.
Após executarmos algumas vezes a estrutura completa da música, comentei que era normal
termos dificuldades no primeiro contato com as aulas de música, sendo apenas uma questão de
tempo e dedicação para melhorarmos, pouco a pouco. O aluno músico comentou em tom de
brincadeira que ‘‘apanhava até hoje do instrumento’’.
Por fim, agradeci a todos pela dedicação durante as aulas e me despedi, comentando que
era uma pena que eles não tinham aulas de música regular na escola, pois seria possível explorar
mais a fundo o que estávamos trabalhando.
razoável entre todos. Depois que distribuí as folhas impressas da música Asa Branca, contendo
a marcação dos tempos e as cifras harmónicas, expliquei no quadro a correspondência entre o
sistema latino e sistema americano de notação. Para demonstrar a música à turma, pedi para
um aluno (que era músico e tocava violão) que marcasse a pulsação, batendo o cano no chão.
Dessa forma, executei na flauta doce a melodia para que os alunos pudessem reconhecer a
composição. Bastião (2012) acredita que ‘‘Para praticar música em conjunto, os alunos podem
escutar uma interpretação da música que vai ser trabalhada, o que certamente facilitará a
composição (criação) de arranjos ou acompanhamentos mais sintonizados com o próprio caráter
da música em questão’’. (p. 63).
Em seguida, expliquei que deveríamos alternar os grupos seguindo a cifra impressa
sobre a letra da música. Os canos fariam o papel de um instrumento grave (baixo) em uma
banda, marcando a nota principal (fundamental) dos acordes. Após executarmos a música
algumas vezes, ainda com imperfeições, o tempo da aula se esgotou. Informei à turma que
daríamos continuidade na semana seguinte, explorando a música com mais detalhes.
A diversificação social, cultural, econômica, etária dos alunos da EJA requerem mais
trabalho e dedicação por parte dos professores, pois a necessidade de uma
metodologia de ensino, um atrativo que consiga chamar a atenção de todos os alunos
e instigar a busca do aprender não é tarefa fácil. (p. 5).
Após uma rápida revisão sobre cifra harmônica, executei a gravação da música Asa
Branca, enquanto os alunos acompanhavam a letra cifrada na folha impressa, que havia
distribuído anteriormente. Pedi que todos marcassem o pulso da música acompanhando a
gravação, batendo com os canos no chão.
Retomamos a prática em conjunto da aula anterior, alternando os grupos a medida que
a base harmônica da música mudava, sempre buscando a sincronia entre todos e a regularidade
do pulso. Como conseguimos um bom resultado na execução, sugeri uma mudança na ‘‘levada
rítmica’’. Expliquei que reproduziríamos com os canos o padrão rítmico do Xote Nordestino.
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Para isso, executei uma gravação isolada da percussão, tocada apenas pelo instrumento
Zabumba. Com um dos canos e uma vareta, demonstrei como poderíamos adaptar para os
nossos instrumentos. Iniciamos acrescentando apenas uma batida com a vareta no contratempo,
simulando a batida da baqueta no aro da Zabumba.
Alguns alunos tiveram dificuldades para sincronizar a batida da vareta e do cano no
chão, ao mesmo tempo. Sugeri que apenas usassem as varetas aqueles que se sentissem
confiantes para manter o ritmo regular. Os outros, poderiam apenas bater o cano no chão,
respeitando o pulso da música.
Iniciei cantando a melodia e regendo as entradas de cada grupo. Um dos alunos, que era
violonista, ajudou a manter a regularidade rítmica, já que tocava com maior segurança. Em
seguida, sem a ajuda da regência, toquei a melodia na flauta doce.
Seguimos executando a música algumas vezes até o final da aula, sempre corrigindo
quando alguém errava alguma coisa ou dessincronizava do resto da turma.
[...] o ensino é uma atividade complexa, que envolve várias pessoas, várias coisas a
fazer simultaneamente e, por isso, sempre terá algum grau de imprevisibilidade [...].
Por isso, o plano poderá (e em alguns casos deverá) ser transformado, recriado e até
mesmo abandonado e substituído durante a sua implantação. (p. 178)
Após distribuir as folhas impressas contendo letra e cifras, foi executada a gravação da
música. A nota que deveria ser tocada era enfatizada em voz alta, à medida que ouviam a
interpretação, apontando para o respectivo grupo.
Iniciamos o acompanhamento da música marcando apenas o pulso com os canos de
PVC, alternando as notas de cada grupo com a ajuda da regência. Assim que conseguimos uma
regularidade razoável, sugeri que os alunos acrescentassem a batida com as varetas no
contratempo, como já havíamos feito na aula anterior, com a música Asa Branca.
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a respeito de como conduziria as aulas seguintes, sendo necessário reduzir e não aprofundar os
conteúdos. Como nos coloca Griffante, Bertotti e Silva (2013):
Na turma 202, apenas sete alunos estavam presentes (de 30 matriculados). Assim como
ocorrido com a turma anterior, nenhum aluno trouxe o material solicitado.
Fomos para a sala de Ciências, onde expliquei passo a passo como ocorreu a construção
dos instrumentos que já estavam prontos. Para isso, no entanto, precisei explicar com um pouco
mais de calma os princípios sobre acústica e o experimento com o monocórdio de Pitágoras.
Como essa turma sempre tem os períodos reduzidos (por ser o último da noite), não havia sido
possível concluir essa parte do conteúdo na aula anterior. Coelho (2016) enfatiza a importância
do ensino da acústica relacionada à música, já que ‘‘percebemos um ganho significativo na
compreensão de conceitos físicos e suas definições matemáticas formais advindas dessa
prática.’’ (p. 107).
Assim que foi explicado o processo de construção das notas musicais com os canos,
distribuí para a turma a letra cifrada da música Asa Branca. Depois de explicar o significado
das cifras contidas sobre a letra da música, separamos a turma nos pequenos grupos que foram
possíveis, considerando os alunos presentes. Toquei a melodia da música na flauta doce, sem
acompanhamento, perguntando se os alunos conheciam. Todos responderam que sim.
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Por fim, como o tempo estava restrito, desenvolvemos apenas um exercício de marcação
do pulso com os canos, enquanto eu cantava a melodia da música. Passei para todos uma visão
geral sobre a proposta de prática em conjunto e o que pretendia fazer com os grupos, de modo
que memorizassem os integrantes e as notas escolhidas, para darmos continuidade na aula
seguinte.
Informei à turma que seria minha última aula, pretendendo tocar mais uma música com
eles, aplicando os mesmos princípios vistos anteriormente. Após entregar folhas impressas para
todos, contendo a letra cifrada, executei a gravação da música Esperando na Janela, de Gilberto
Gil. Em seguida, expliquei que a ‘‘levada rítmica’’ da música correspondia ao gênero musical
Xote Nordestino. Separamos a turma novamente em 3 grupos, cada um com uma nota musical
feita com os canos de PVC. A medida que a gravação era executada, apontava para o grupo que
continha a nota equivalente à base harmônica da música. Assim que os grupos entenderam o
que deveriam fazer, cantei a melodia enquanto regia, tentando sincronizá-los. Conseguimos
tocar a primeira e segunda partes da música até o final algumas vezes, deixando de fora a
introdução. Acredito que a prática em conjunto proporcionou uma experiência nova para muitos
dos alunos presentes pois, como nos diz Oliveira (2014), através dessa atividade:
[...] há uma motivação maior por partes dos alunos, principalmente os que estão
começando, pois rapidamente já se verão inseridos em um contexto musical, além
disso, acontece uma troca de informações que é bem-vinda para o desenvolvimento
dos estudantes (p.10).
Chegando ao final da aula, devido ao tempo restrito, apenas mostrei para a turma
algumas possibilidades de variações da ‘‘levada rítmica’’, executando com um dos canos de
PVC e vareta. Expliquei que, se eu tivesse mais tempo com eles, poderíamos trabalhar mais a
fundo outros elementos da teoria musical. Como exemplo, mostrei a partitura que estava lendo
(melodia da música), explicando que cada nota tocada na flauta doce estava escrita através
daqueles símbolos.
Por fim, agradeci a todos pela disponibilidade e participação, me despedindo. Um dos
alunos (o mesmo citado anteriormente, que tocava violão) agradeceu, dizendo que havia
gostado muito das aulas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho, que encerra o ciclo de três estágios obrigatórios exigidos como requisito
parcial para a formatura no curso de licenciatura em música do IPA, buscou propiciar aos alunos
dos segundos e terceiros anos do ensino médio, modalidade EJA, a consciência dos elementos
acústicos básicos envolvidos na construção de instrumentos musicais, assim como alguns
conteúdos musicais e sua utilização prática.
Embasado em autores como Coelho (2016), Grillo e Perez (2016), Moura e Neto (2011),
Tavares e Souza (2007) e Bromberg (2016), ficou clara a importância das propostas
interdisciplinares durante as aulas regulares, relacionando a música com a física (acústica).
Para a demonstração prática das relações matemáticas entre as notas musicais, além de
conceitos como frequência, amplitude e comprimento de onda, de uma forma que despertasse
interesse nos alunos, foi demonstrado às turmas o experimento de Pitágoras com o instrumento
chamado monocórdio. Como nos explica Bromberg (2016):
Para atribuir aos intervalos musicais uma grandeza, era necessário encontrar na
matemática uma representação, dado que então, não existia maneira física de se medir
o som [...]. O instrumento que permitiu a visualização do som foi o monocórdio[...].
O monocórdio pareceria ser o instrumento capaz de traduzir geometricamente os
elementos musicais de natureza aritmética, estabelecendo uma aproximação da
aritmética e da geometria e, esta última, da física. (p. 1-2).
A partir dos princípios descobertos por Pitágoras, pudemos calcular as medidas exatas
para construir alguns instrumentos, afinados com notas musicais específicas, utilizando canos
de PVC. As atividades de construção de instrumentos musicais alternativos foram embasadas
nos trabalhos de Albuquerque e Cerveira (2005). Apesar do professor de música estar muitas
vezes inserido em um contexto de ensino onde a maioria das escolas não possui a estrutura
física adequada para as aulas, Cerveira (2005) nos enfatiza o valor intrínseco da escolha por
essa prática pedagógica, que permite ainda ao aluno “desenvolver seu espírito de
cooperativismo bem como a socialização, a criatividade, improvisação e a desinibição, fatores
estes necessários para a formação de um ser humano e de um artista.” (p.1).
A construção dos instrumentos permitiu que pudéssemos trabalhar, em seguida, a prática
musical em conjunto. Os benefícios dessa atividade no processo de musicalização puderam ser
comprovados com base nos trabalhos de Bastião (2012), Rodrigues (2012), Cardoso (2015),
Gonçalves e Gouveia (2014) e Oliveira (2014). Oliveira (2014) reitera que durante essa prática
“acontece o processo de aprendizagem de forma colaborativa, onde os alunos aprendem uns
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com os outros, seja observando os colegas, conversando fora dos ensaios, por imitação, etc.”
(p.10).
Ao longo deste estágio, algo que chamou minha atenção foi a não inclusão do conteúdo
acústica no programa de ensino de física da escola, na modalidade EJA. Observa-se que a
grande maioria dos alunos tem alguma relação afetiva com algum gênero musical, ouvindo
música constantemente, no dia a dia e/ou na própria escola. A acústica é exatamente a parte da
física que explica todo o processo, desde a produção do som até sua captação e assimilação.
Como nos explica Moura e Neto (2011):
A física acústica aborda as ondas sonoras e as suas propriedades. Ela é muito útil para
explicar os fenômenos sonoros que estão presentes em diversos ambientes
frequentados pelos educandos. Daí a importância de se abordar este assunto na
educação formal. (p. 12).
Apesar da música ser considerada parte das ciências humanas atualmente, Bromberg
(2016) nos lembra que:
A Música foi uma ciência matemática até meados do século XVIII e sua teoria definiu-
se através de princípios matemáticos e seus elementos, como os intervalos e escalas,
não eram expressos, em Hertz e decibéis, mas por razão e proporção aritméticas.
Enquanto o cálculo da razão era um procedimento abstrato, a sua percepção se dava
no mundo real e físico. (p. 1).
matriculados, somando todas as quatro turmas trabalhadas, apenas sete alunos trouxeram o que
foi solicitado. Na pesquisa de Griffante, Bertotti e Silva (2013), foi exposto que “Para os
docentes que evidenciaram os fatores que interferem no rendimento do ensino e aprendizagem
da EJA, destes, 90% destacaram a assiduidade dos alunos e o comprometimento.” (p. 9).
Os alunos, por outro lado, precisavam vencer o desafio do cansaço, já que muitos
vinham à aula após uma jornada intensa de trabalho. Esse aspecto certamente está relacionado
à evasão escolar crescente na modalidade EJA, em todo o Brasil, como nos comprovam
Griffante, Bertotti e Silva (2013). Consequentemente, é exigido um esforço extra do professor,
com o intuito de manter a turma focada e interessada, além de estratégias e habilidades
específicas para esse contexto. Para isso, no entanto, é fundamental a fomentação de cursos de
formação continuada ou especializações com enfoque na educação para adultos. Nos cursos de
licenciatura, raramente vemos uma disciplina ofertada com esse objetivo. ‘‘Ao lado do
estabelecimento de condições mínimas de trabalho profissional, a formação de educadores é
um dos grandes desafios a serem encarados pelas políticas educacionais nos próximos anos’’.
(DI PIERRO, 2010, p. 954-955).
Analisando o Plano nacional de educação 2001-2010, Di Pierro (2010) também comenta
que:
Quando dirigimos a atenção para as retóricas educativas, os acordos internacionais e
a legislação nacional do período, somos levados a crer na existência de um amplo
consenso em torno do direito humano à educação, em qualquer idade, e à necessidade
da formação continuada ao longo da vida. Entretanto, quando analisamos as políticas
educacionais levadas à prática, constatamos a secundarização da EJA frente a outras
modalidades de ensino e grupos de idade. (p. 940).
AMATO, Rita de Cássia Fucci. Breve retrospectiva histórica e desafios do ensino de música
na educação básica brasileira. Revista opus 12. 2006.
BORGES, Jane. Dinâmica de Ensaio Coral. Universidade Federal de São Carlos – São Carlos
– 2007.
GABRIEL, Marta. Educ@r: a (r)evolução digital na educação. São Paulo: Saraiva, 2013.
GARCIA, Daniele Munhoz. Som e Vida Após a Lata: Construção de Instrumentos Musicais
com Material Alternativo. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Música
do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista - UNESP, 2013.
GOMES, Francisco Halyson Ferreira. Proposta para o Ensino de Física Através da Música.
Disponível em:
<http://congressos.ifal.edu.br/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/1053/804>.
Acesso em: 10/03/2018.
GRIFFANTE, A.I.; BERTOTTI, L. A.; SILVA, L.P. Os desafios da EJA e sua relação com a
evasão. XIII Seminário “Escola e Pesquisa: um encontro possível”. Universidade de Caxias
do Sul, 2013.
GRILLO, Maria Lúcia; PEREZ, Luiz Roberto. Física e Música. Cap. 5. São Paulo: Editora
Livraria da Física, 2016.
NASCIMENTO, Jurema Lúcia de Jesus; BUSS, Ricardo Niehues. O Canto Coral como
Instrumento Facilitador da Aprendizagem no Ensino Superior: O Processo de Socialização no
Canto Coral. Revista São Luis Orione, v.1, n. 5, p. 37-59, jan./dez. 2011.
OLIVEIRA, Edson Barbosa de. O processo pedagógico da disciplina prática de conjunto do
curso de licenciatura em música da Universidade de Brasília. Monografia (Licenciatura em
Música) – Instituto de Artes, Departamento de Música, Universidade de Brasília, Brasília,
2014.
PPP. Escola Estadual de Ensino Médio Anne Frank. Não publicado. Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2011.
ONDA SONORA
Onda Sonora: Ondas mecânicas, produzidas a partir de vibrações que se propagam em um
meio (normalmente o ar).
Amplitude: O ponto mais alto da onda. Relacionado a Intensidade do som (forte ou fraco) –
‘‘Db’’
Materiais Utilizados:
1- Lixa
2- Serra
3- Tesoura
5- Fita métrica
6- Palitos de Bambu
9- Feltro autocolante
Construção:
2º - A partir das Medidas calculadas para cada Nota Musical, meça o cano usando
a fita métrica (já com o tampão) e corte no comprimento desejado. O cano afinado em
FÁ terá 97,4cm; o cano afinado em SOL terá 87,0cm; o cano afinado em DÓ terá 65cm.
3º - Depois de cortar o cano, bata ele no chão (com o lado que está com o tampão)
e teste a afinação usando o aplicativo de celular Da Tuner Lite. Se necessário, ajuste a
afinação cortando mais ou usando a lixa.