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11/04/2015 ..:: Fazenda Jones por Samantha Foster ::..

História por Ana Aguiar | Revisão por Gabriella

­ Capítulo 1 ­
O início das minhas férias já estava bem complicado antes de aquela carta chegar,
mas  quando  minha  mãe  me  mandou  verificar  a  caixa  do  correio  e  eu  encarei  a
primeira  carta  que  alcancei,  logo  percebi,  as  pequenas  desventuras  que  tinham
acontecido eram apenas o começo. O endereço de origem da carta era bem claro,
escrito  com  uma  letra  demasiado  ilegível,  mas  sem  dúvidas  eu  não  tinha  me
confundido ao ler aquela palavra. A carta viera de Bolton. 
O  fato  de  eu  achar  que  aquela  carta  não  trazia  notícias  que  me  agradassem  era
simples... Nada que viesse daquele lugar me agradava. A primeira coisa que devem
saber  é  que  meu  pai  é  de  Bolton.  Nasceu  e  viveu  lá  até  seus  vinte  anos,  quando
decidiu  vir  à  Londres  arriscar  a  sorte  e  procurar  um  emprego.  Foi  aqui  que  ele
conheceu a minha mãe e eles começaram a namorar, se casaram e me tiveram. Meu
pai tem três irmãos, e eles ainda continuam morando em Bolton. E o único motivo
pra eu temer essa cidade tem nome e sobrenome e é da família: Danny Jones. Antes
de vocês acharem que ele é um dos meus tios e eu tenho horror a tios, não, não é
isso. Ele é filho de um deles e faz jus às suas origens até demais... Quer dizer, ele não
precisa ser caipira daquele jeito. Conheço muita gente que mora na fazenda e não é
caipira. Ok, não conheço ninguém que mora com vacas e galinhas e é socialmente
normal. 
Esse meu horror pelo garoto não é de agora. Ah, não é mesmo. Começou quando eu
nasci, na verdade. Tudo bem, não exatamente quando eu nasci, mas quando eu o
conheci pela primeira vez. Eu tinha três anos e ele o mesmo. Eu era a primeira filha
do  meu  pai  e  a  família  Jones  queria  conhecer  a  garotinha.  E  por  coincidência  tio
Steve também tinha um filho de três anos e todo mundo estava louco pra juntar as
duas crianças e fazer uma família feliz. Bom, a coisa de juntar as famílias deu certo.
Mas a parte do feliz é que não rolou. Quando alguém é retardado e maléfico, nasce
assim.  E  sempre  vai  ser  assim.  Era  o  caso  de  Danny.  Eu  não  sei  o  que  ele  viu  em
mim, mas no primeiro momento que me olhou já voou pra cima de mim e agarrou
os meus cabelos, puxando com força. Alguém pode me explicar o que eu tinha feito
de  errado  pro  garoto  me  atacar?  Não  tinha  explicação,  ele  simplesmente  teve

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vontade de iniciar a perseguição e foi com tudo. Ninguém o culpou, ele só tinha três
anos. Mas tudo mudou a partir do momento que nós crescemos e ele continuou me
perseguindo. 
A última vez que vi Danny tínhamos quinze anos. Me forçavam anualmente a ir visitar
meus avós e o resto da família Jones. Mas no meu décimo quinto aniversário decidi
que nunca mais voltaria a pôr o pé naquele lugar. Meu cabelo sempre foi comprido,
quase chegava na minha cintura. E eu sempre deixei ele assim, longo e liso natural.
Chegava  a  ser  meu  tesouro  particular,  todo  mundo  elogiava.  Eu  tinha  clareado  as
pontas  e  ele  estava  mais  lindo  do  que  nunca.  Eu  estava  tendo  todo  o  cuidado  do
mundo naquela fazenda pro meu cabelo não sujar ou não prender em nada, e era o
meu  aniversário,  eu  precisava  ficar  bonita.  Acordei  um  dia  depois,  já  com  quinze
anos, e a primeira coisa que eu faço todos os dias de manhã é pentear os cabelos.
Então  me  levantei  e  me  arrastei  com  sono  até  o  banheiro.  Encarei  meu  reflexo  e
peguei a escova. Quando encarei pela segunda vez, deixei cair a escova e me afastei
assustada da imagem na minha frente. Eu não tinha mais cabelo. Ele estava curto.
PELOS OMBROS. Eu nunca permitiria que alguém cortasse o meu cabelo. Mas é claro
que  estando  na  fazenda  da  família  Jones  em  Bolton  não  basta  apenas  permitir  ou
não alguma coisa. Você tem que se defender. Dei o maior berro que pude e abri a
porta do quarto furiosa, e caminhei descontrolada, chutando tudo que vi pela frente,
até o quarto de Danny. Ele estava dormindo. Subi em cima de sua cama e comecei a
estapear a cara dele com tudo. O garoto acordou assustado e logo depois me olhou
e  começou  a  rir.  Eu  sibilei  um  “O  QUE  VOCÊ  FEZ  COMIGO?”  e  ele  respondeu
simplesmente  “aparei  o  pêlo”.  Claro,  um  ignorante  daqueles  estava  acostumado  a
aparar pêlos, então cortar cabelo de gente pra ele dava no mesmo que aparar crista
de cavalo. Mamãe fez de tudo pra tentar me acalmar, e quando voltamos a Londres
ela  me  levou  no  cabeleireiro  pra  fazer  um  corte  moderno.  E  não  ficou  ruim,
combinava comigo. Pra falar a verdade eu tenho o cabelo assim até hoje. Nunca mais
deixei  ele  crescer,  talvez  fiquei  com  trauma  ou  apenas  gostei  do  novo  visual,  todo
repicado. Mas a raiva foi tão grande daquele abominável menino da roça que eu me
rejeitei a voltar lá. 
­Mell, pode andar logo com essas cartas? – ouvi minha mãe resmungar de dentro da
casa e parei de encarar a carta na minha mão, voltando pra dentro. Fechei a porta
atrás de mim sem tirar os olhos da carta. Minha mãe me olhou, apreensiva. – O que
houve? É do governo? Vão nos despejar? 
­  B­Bolton.  É  de  Bolton.  –  gemi  com  uma  cara  de  nojo,  olhando  finalmente  pra
minha mãe que fez uma expressão de alívio. 
­ Puxa vida Mell, você me assustou. Deve ser dos seus avós, deixe­me ver. – disse ela
pegando a carta das minhas mãos e eu me sentei com os olhos vidrados no nada,
enquanto ela lia. – Hm, você não vai gostar. 
­ Ai não. O que foi? Eu não vou voltar pra lá, já vou avisando. 
­ É, você não vai gostar. Leia. – falou ela me entregando a carta. 

Querida Mell, 
Faz  algum  tempo  que  eu  e  o  seu  avô  não  a  vimos,  estamos  com  saudades.  Seus
primos e tios também sentem a sua falta. Concordo que o que o seu primo Danny
fez da última vez que você veio à Bolton foi muito indelicado, e faz três anos que ele
foi devidamente castigado. O fato, querida, é que estamos com saudades da nossa
netinha  e  queremos  realmente  passar  um  tempo  com  ela.  Por  isso  a  convidamos
para passar as férias na fazenda com a gente e não aceitamos “não” como resposta.
Afinal você ainda é uma Jones e parte do seu passado está aqui, e não vai ser um
pequeno acontecimento desagradável que vai afastar você da gente. Seu pai ficaria
muito feliz se viesse nos visitar, afinal ele faz isso com certa freqüência, e nunca traz
você. Estaremos lhe esperando neste fim de semana. 
Com carinho, sua avó Mollie. 

Terminei  de  ler  a  carta  e  a  dobrei,  me  levantando.  Minha  mãe  esperava  alguma
reação. 

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­ Sinto muito querida, mas você terá que ir visitar os seus avós. – falou ela quando
percebeu que eu não iria falar nada. 
­ Não vou, não. – disse como se fosse óbvio. – Sinto falta deles, mas eu prometi a
mim que nunca mais voltaria a pôr os pés naquela cidade, não com aquele garoto lá.
Ele atormentou a minha infância inteira. E cortou três quartos do meu cabelo sem
permissão. 
­ Eu sei, querida, seu primo é meio perturbado, mas tenho certeza que ele não faz
mais esse tipo de coisa. Não acredito que um garoto de dezoito anos vá pregar peças
na prima. 
­ Ah, eu acredito. Mãe, eu não vou. Está decidido. 
­ Então explique pro seu pai que você vai rejeitar um pedido de sua avó que está
sentindo falta da neta. – falou minha mãe por fim e me deixou com cara de tacho
parada na sala, saindo e voltando pra cozinha. 
Como eu falei no início, minhas férias não estavam sendo das mais belas e adoráveis.
Eu  estava  na  primeira  semana,  e  tinha  começado  mal.  Minha  melhor  amiga,  Alice,
tinha  viajado  com  a  família  para  o  Egito  e  só  voltaria  na  última  semana.  Douggie,
nosso amigo que andava constantemente com a gente tinha ido pra uma espécie de
acampamento  junto  com  sua  irmã  e  também  nossa  amiga,  Wendy,  e  os  dois
também  só  voltariam  no  final  das  férias.  E  por  fim  e  mais  importante,  Brian,  meu
melhor  amigo,  vai  fazer  um  curso  de  jornalismo  nos  Estados  Unidos  na  próxima
semana e eu vou ficar completamente sozinha em Londres. Agora esse troço todo de
Bolton era o ingrediente final pro meu desgosto eterno. Ou desgosto de três meses,
tanto faz. Mas eu não iria, estava decidida. 
­ BOA TARDE, PEQUENA! – Levei um susto tão grande que a carta voou das minhas
mãos e eu cai sentada de volta no sofá, soltando um gritinho de horror ao mesmo
tempo. 
­ Brian!  Pelo  amor  de  Deus,  pra  quê  fazer  isso?  E  como  entrou  aqui?  –  perguntei
encarando  o  garoto  que  com  um  enorme  sorriso  no  rosto  (como  sempre)  se
aproximava de mim. 
­ A porta estava abeta... e eu gosto de marcar presença. – falou ele se atirando ao
meu lado e me puxando pra um abraço diário. Eu já comentei o quanto eu gosto do
e a minha mãe sorriu encantada. Ela tinha uma adoração por Brian inexplicável. 
­  Muito  bem  querido,  qualquer  coisa  me  chamem.  –  disse  ela  voltando  a  subir  os
degraus.  Brian  voltou  a  me  olhar  e  sorriu,  mostrando  uma  covinha  na  bochecha
esquerda do rosto. Eu era apaixonada por aquela covinha. Mas logo ficou sério. 
­ O que houve, Mell? – perguntou ele analisando o meu rosto. Odiava o quanto ele
me conhecia. 
­ Nada, estou normal. – menti. 
­  Não  está,  não.  Pode  ir  falando.  O  que  é  isso  na  sua  mão?  –  perguntou  ele
apontando pra carta da minha avó. Eu dei a carta pra ele, que começou a ler. Passou
meio minuto e Brian voltou a me olhar. – Ah, Bolton. 
­ É. Eu não quero voltar, Brian, você sabe porquê. 
­ Olha, acho que o teu primo Danny não vai fazer nada agora que tem dezoito anos,
assim como você. 
­  Ele  cortou  o  meu  cabelo  quando  tinha  quatorze  anos.  Imagina  agora,  ele  vai
arrancar minha roupa e me tacar junto com os porcos. Ew, não quero nem imaginar
o que ele vai fazer comigo se eu voltar. 
­ Bom, não duvido nada de ele arrancar a sua roupa, mas não vai jogar você junto
com  os  porcos,  e  sim  na  própria  cama.  –  falou  Brian  rindo  como  se  aquilo  fosse
normal. 
­  LANGDON!  CREDO!  Você  não  tem  noção  de  como  aquele  garoto  é  abominável,
nojento, perturbado e... feio. E me odeia. 
­ Duvido ele ser feio! Você é linda e é da família. Bom, mas sempre tem o desprovido
da família. Na minha, por exemplo, sou eu. 
­ Brian, pára de se fazer, você arranca suspiros de todas as garotas que passam por
você. E elas ainda me olham feio quando eu estou junto. 
­ Claro, porque você é mais bonita que elas. 

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­ Ou porque eu estou com você. 
­ Prefiro a minha versão dos fatos. 
­ Tanto faz, o fato é que ele é feio e estranho e eu não quero voltar pra lá. 
­ Sua avó parece sentir sua falta. Pense bem. Vai deixar a sua avó magoada só por
causa do abominável menino da roça? 
­ Se ele não existisse eu até moraria lá, se quer saber. 
­ Acho que você deveria ir. Ainda mais que eu vou viajar semana que vem e você vai
ficar aqui sozinha... Pelo menos estará em outro lugar e com alguém da sua idade. 
­ Brian, eu não considero o Danny alguém que conte para diminuir meu desgosto, e
sim para AUMENTAR. 
­ Eu até iria com você, mas... 
­ ISSO! VEM COMIGO! VOCÊ É UM GÊNIO! Aí você pode me ajudar a me vingar do
Danny e... 
­ ... MAS eu vou viajar, esqueceu? 
­ Ah, droga. Ia ser perfeito se você fosse. 
­ Tenho certeza que você vai se divertir ordenhando as vacas sem mim. – falou ele
rindo e eu o olhei com raiva. 
­ Você deveria estar do meu lado, falando mal do meu primo e me ajudando com
argumentos! 
­ Não posso, eu não o conheço. Mas eu acredito que ele já esteja bem crescidinho
pra pregar peças em você. Na real, eu tenho certeza que os princípios dele são outros
agora. Como qualquer outro garoto normal de dezoito anos. 
­ Esqueceu que ele não é um garoto normal e vive isolado da sociedade? 
­ Bolton é uma cidade e ele deve ter os amigos dele, aliás. Nem vai dar bola pra você.
Ou vai dar até demais. É isso que me incomoda. 
­  Você  está  com  CIÚMES  do  abominável  menino  da  roça?  Fala  sério.  É  O  DANNY,
MEU PRIMO PODRE. 
­  Não  estou  com  ciúmes,  ok?  Só  que  eu  não  gosto  da  idéia  de  você  morando  na
mesma casa que outro garoto de dezoito anos... 
­ Pra começar, eu nem vou. Vou ficar em Londres esperando você voltar. 
­ Olha Mell, acho que você devia... 
­ Tudo bem Brian, eu decido, a vida é minha. Mas obrigada pela ajuda. 
­ Ah, ok. Me desculpe, eu só estava tentando te ajudar... 
­ É o mesmo que eu te falar pra não ir pros Estados Unidos, entende? 
­ Sim, claro. Desculpe. 
­ Tudo bem. 
­ Enfim, eu só vim aqui pra me despedir, adiantaram minha ida... Eu vou amanhã. 
­ AMANHÃ? MAS... MAS É MUITO CEDO! 
­ É, eu sei. Também acho... Mas não tenho como mudar. 
­ Legal, mais tempo sozinha. 
­ Você sabe que se eu pudesse escolher ficaria mais tempo aqui e te ajudaria com
essa história toda de Bolton. 
­ Eu sei, tudo bem. Eu me viro. 
­ Não se esqueça, faça a escolha certa. Bom, tenho que ir. – disse ele me puxando
para  um  longo  abraço.  Nem  tinha  muito  o  que  fazer,  ele  ia  embora  amanhã  e  eu
tinha que aceitar. Acompanhei ele até a porta e lhe dei um último abraço. 
­ Não se esqueça de me mandar um e­mail pelo menos a cada três dias. Tenho que
me consolar pelo menos com as suas palavras. – falei tentando dar o meu melhor
sorriso. 
­ Não vou me esquecer... Boa sorte com o seu primo podre. – disse ele me dando
um beijo no rosto e eu ri, depois fiquei séria. 
­ Eu não disse que vou. 
­ Tenho certeza que você vai, é uma boa menina e vai fazer o que a sua vovó pediu.
– disse ele num tom engraçado e eu cerrei os olhos meio rindo. – E ah... também
quero receber seus e­mails me contando de como é trabalhar na roça. 
­ Brian, eu vou ficar em Londres. 
­ Pense bem, não vou mais discutir isso com você. Te vejo em setembro. – ele saiu

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andando pro jardim, pegando a calçada e se afastando. 
Pensando  bem,  Brian  parece  ter  razão.  Não  posso  fugir  das  minhas  origens  e  da
minha família só por causa de um acontecimento do passado. É injusto com a minha
avó e o meu avô, e acredito que Danny já foi castigado pelo que fez com meu cabelo.
Mas  tenho  minhas  dúvidas  de  que  ele  não  evoluiu  e  continua  o  mesmo  ogro
perturbado,  como  eu  disse  anteriormente,  nasce  retardado  fica  sempre  retardado.
Mas só de lembrar as maldades que ele fazia comigo... Era horrível. Não quero passar
por isso de novo. E se meus avós viessem passar um tempo em Londres? Iria ser
bem  melhor,  e  não  precisar  ficar  ao  ar  livre  no  meio  de  bosta  de  vaca  era
reconfortante. 
­ Ah, olá querida. Acabei de ver o Brian aqui na rua. – ouvi meu pai falar ao fechar a
porta. – Ele vai pros Estados Unidos semana que vem, não é? – perguntou ele me
encarando, eu estava de volta atirada no sofá. Ótimo ter que lembrar que Brian iria
me deixar amanhã. 
­ Não... ele vai amanhã. 
­ Ah, vai ficar sozinha? 
­  Não,  Marty...  Ela  não  vai  ficar  sozinha.  Mostre  pro  seu  pai  a  carta,  Mell.  –  falou
minha mãe ao sair da cozinha. 
­  Que  carta?  –  perguntou  meu  pai  me  olhando  na  dúvida.  Entreguei  a  carta  e  ele
levou um minuto para ler. – Disso eu já sabia. Sua avó e seu avô estão sentindo a
sua falta. 
­ Eu notei. 
­ Bom, sei que você não gosta muito da fazenda e de Bolton... mas terá que ir. 
­ Eu pensei que a vovó e o vovô poderiam passar um tempo aqui em Londres... 
­ Não Mell, nem pensar. Eles estão muito velhos pra viajar tanto tempo, e ficar em
uma casa que não é a deles... Não. Você vai ter que ir. 
­ Não quero olhar pra cara do Danny. 
­  Mell,  o  Danny  está  completamente  diferente  do  que  você  pensa.  Se  tornou  um
rapaz gentil. 
­ Na sua frente. É só eu aparecer lá que ele volta a ser o monstro de sempre. 
­ Você passou muito tempo longe, não pode falar o que não sabe. Ele não é mais o
garotinho mal criado de antes. 
­ Olha papai, o Danny pode até ter se transformado num ser humano normal, mas
eu não quero ficar lá. Não me dou bem com animais e campo. Eu odeio natureza. 
­  Mais  um  motivo  pra  você  ir,  se  familiarizar  com  suas  origens.  Você  vai  e  está
decidido. Sábado de manhã eu te levo, esteja com as malas feitas para três meses. 
­ TRÊS MESES? PENSEI QUE ERA SÓ UMA SEMANA! 
­ Sua avó vai adorar saber que vai passar todas as férias lá! 
­ Só pode ser alguma brincadeira. Pegadinha? Vamos, Ashton, apareça de onde você
está. 
­  O  que  temos  hoje,  Heather  querida?  –  perguntou  meu  pai  para  minha  mãe,
ignorando meu comentário. 
Três meses na fazenda Jones, com meu primo Danny, o abominável menino da roça.
Era o fim da minha vida, eu voltaria careca pra Londres. 

­ Capítulo 2 ­
Acordei  naquela  manhã  de  sábado  me  sentindo  disposta  até  eu  me  lembrar  qual
seria  o  rumo  do  dia.  Minha  expressão  se  fechou  no  momento  em  que  eu  encarei
minhas malas feitas perto da porta do meu quarto. A viagem até Bolton levava mais
ou menos um dia inteiro de carro, por isso precisávamos sair de Londres de manhã
cedo. 
­  Vamos  Mell,  não  gosto  de  dirigir  à  noite.  Você  toma  café  no  carro,  sua  mãe
preparou  uns  muffins  pra  gente.  –  falou  meu  pai  ao  passar  pela  porta  do  meu
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quarto, pegando as minhas malas e descendo. Ele já estava vestido pra roça, com
camisa xadrez e tudo. Isso eu não ia usar. Levei um tempo pra ajeitar meu cabelo do
jeito que eu gostava, depois vesti minha calça jeans, All Star vermelho e uma blusa
branca  normal.  Peguei  meu  essencial  iPod  em  cima  da  mesa,  meu  celular  e  meu
notebook (comunicação com o Brian era a base da sobrevivência numa fazenda) e
dei uma última olhada no meu quarto. 
­ Bom, me liguem quando chegarem lá. – disse minha mãe nos observando quando
eu cheguei no primeiro andar. 
­  Tudo  bem.  Eu  volto  na  segunda,  Heather.  –  falou  meu  pai  dando  um  beijo  na
minha mãe e fazendo um sinal idiota pra sairmos de casa. Dei um beijo e um abraço
na minha mãe. 
­ Se o Danny te incomodar... coisa que eu duvido... não dê bola. 
­ Mãe, como eu não vou dar bola pra uma pessoa que quer arrancar os meus cabelos
enquanto eu durmo? 
­ Eu sei que você vai se virar querida, e ele não vai fazer isso. Mande um beijo na
família Jones por mim. 
­ Tá, tchau. – falei saindo de casa e andando até a caminhonete do meu pai que ele
usava pra viagens longas estacionada na frente de casa. 
­ Bom apetite. – disse meu pai me entregando um saco e uma garrafa térmica. Espiei
dentro e haviam quatro muffins de chocolate ali dentro. 
­ Eu podia voltar segunda com você. – falei ao entrar no carro ao lado do motorista,
onde ele estava sentando. Ele me olhou cerrando os olhos. 
­ Boa tentativa. Vai ficar até o final de agosto, como combinado. 
­  Aposto  que  vão  me  forçar  a  tirar  leite  de  vaca,  não  vai  deixar  que  façam  essa
crueldade comigo, né? 
­ Só tirar o leite da vaca? Você vai ter que fazer muito mais que isso. Na verdade é o
Danny  que  faz  a  maioria  das  coisas,  sabe,  ele  mora  com  os  seus  avós.  Seu  tio
trabalha na cidade ao lado, então só vai nos fins de semana pra lá. Olha que legal,
seu tio Steve me ligou ontem de noite e disse que todos estão esperando por você,
até seus primos. 
­ Ótimo, minha chegada vai ser triunfal. – resmunguei olhando pela janela e percebi
que já estávamos andando. Abri a sacola e comecei a comer. 
­  Se  quiser  dormir  durante  a  viagem,  pode  ir  pra  trás.  Confesso  que  cansa  ficar
sentado um dia inteiro. 
­ Tudo bem. – murmurei em resposta enquanto comia meu muffin. 
­ Você lembra daquele restaurante na estrada que você adorava? Vamos almoçar lá!
A comida continua boa. 
­ Ah, legal. – sibilei, sem ânimo. Ele me olhou por um segundo. 
­ Eu sei que você não está muito feliz em ter que sair de Londres... mas garanto a
você que vai ser uma experiência única. 
­ É, vai ser única mesmo. – resmunguei com sarcasmo. 
­ Vai ser uma oportunidade pra você e Danny se entenderem. Estão brigados há três
anos! Deveriam ser amigos, têm a mesma idade. 
­  Pai,  entenda,  ele  perturbou  a  minha  infância  e  eu  vou  manter  o  máximo  de
distância desse garoto enquanto estiver na fazenda. E não me peça pra fazer coisas
com ele porque eu não vou. 
­ Ah, pena. Todos os seus outros primos são menores que vocês. 
­  Ele  deve  ter  ficado  muito  feliz  em  saber  que  eu  vou  ficar  três  meses  lá,  vai  ter
tempo de sobra pra pregar peças em mim. 
­ Querida, honestamente, você parou no tempo. 
­ O que quer dizer com isso? 
­ Danny não é mais aquele garoto bobo! Já é um adulto, e cuida da fazenda junto
com  seus  tios  e  seus  avós.  Ele  é  um  ótimo  garoto  agora,  e  sempre  pergunta  por
você quando eu vou lá. 
­ Ah é? Aposto que quer saber se conseguiu estragar a minha vida. 
­ Não seja tão dramática. Aposto que vão virar grandes amigos. 
­  Não  aposte  isso,  papai.  Você  vai  perder  toda  a  sua  poupança.  –  falei  e  ele  riu,

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balançando a cabeça em negação. 
Quando  pegamos  a  alta  estrada  eu  já  estava  exausta  de  ficar  dentro  do  carro.  Já
tinha  ouvido  todas  as  músicas  possíveis  do  meu  iPod.  Ao  meio­dia,  paramos  no
restaurante  que  eu  sempre  comia  quando  era  menor  e  estava  indo  para  Bolton.
Estávamos sentados na mesa quando meu celular tremeu no bolso da calça. 

Acredite se quiser, mas estou dentro de um avião. Califórnia, lá vou eu. Onde está? 
xx Brian 

Primeiro  acontecimento  do  dia  que  me  deixava  um  pouco  feliz.  Brian  iria  para  as
belas praias da Califórnia, infestado de garotas bonitas e eu ia... pra roça. 

Eu acredito, depois do que aconteceu, acredito em tudo. Estou na estrada. 
xx Mell 

Eu não fazia idéia de como Brian estava enviando mensagens de dentro de um avião,
mas com aquele garoto tudo é possível. 

Então decidiu ir visitar o menino da roça? Me comunique quando vê­lo, quero rir da
sua reação. Quanto tempo vai ficar ordenhando? 
xx Brian 

Ah, como meu amigo era delicado. 

Vai poder saber em primeira mão do meu desespero, não se preocupe. Adivinha? Até
o final de agosto. Ah, não se esqueça de mandar lembranças pras garotas lindas e
loiras que você pegar. 
xx Mell 

O  quê?  Eu  tinha  certeza  que  Brian  iria  aproveitar  ao  máximo  sua  estadia  na
Califórnia. 

Wow, vai voltar pra Londres sabendo tudo sobre vida na roça. Uma caipira formada!
Ah  Mell,  você  sabe  que  eu  só  tenho  olhos  pra  você.  Mas  não  se  preocupe,
transmitirei o recado pra todas elas! 
xx Brian 

Como se eu não soubesse que ele iria afogar o ganso. Me dá raiva saber que ele vai
se divertir a beça e eu vou ficar presa no meio do mato. Por que eu não fui junto
com ele mesmo? Ah sim, você é muito nova pra atravessar outro continente sozinha,
Mell!  Mas  mamãe,  vou  estar  com  o  Brian.  Por  isso  mesmo,  dois  adolescentes
irresponsáveis! Adorava a confiança que a minha mãe tinha em mim. Mas deixar a
filha sofrer na roça ela deixava. 

Que delicado da sua parte. Me mande uma mensagem quando chegar nos EUA, por
favor, se não eu vou ficar angustiada. Aviões me dão medo. 
xxMell 

­ Mell, o que tanto você mexe nesse celular? Coma o almoço. – murmurou o meu pai
me encarando. 
­ Brian está no avião mandando SMS’s. 
­ Diga para ele que é perigoso usar aparelhos eletrônicos dentro de um avião. 
Brian demorou para responder, eu estava ficando nervosa. 

Desculpe a demora, é que apareceu uma aeromoça gostosa e eu fui no banheiro com
ela  e...  bom  o  resto  você  deve  imaginar.  Não  se  preocupe,  comunicarei  todos  os
meus passos, ok? Tenho que desligar o celular, acabaram de me dar um mijão. Boa

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viagem, te amo! 
xx Brian 

Adoro a ironia do Brian,  e  adoro  quando  uso  a  ironia  pra  falar  da  ironia  do  Brian.
Espero que a história da aeromoça seja mentira, tenho ciúmes sim, e daí? 

Se essa história da aeromoça for verdade... você está ferrado, Langdon. Boa viagem
pra você, te amo. 
xx Mell 

Vocês  nunca  terão  idéia  de  como  foi  demorado  chegar  em  Bolton.  Chegamos  na
cidade e o relógio do carro marcava 19:30. Meu pai estava neurótico repetindo sem
parar  que  perderíamos  a  janta  e  atrapalharíamos  o  ciclo  da  família.  Bolton  era
totalmente diferente de Londres. TOTALMENTE. As casas eram simples e o centro da
cidade, por aonde tivemos que passar, era apenas uma avenida. Bom, até chegar na
fazenda levou um tempão. 
­ Pai, falta muito? Eu realmente preciso ir ao banheiro. – murmurei me contorcendo
no banco de trás do carro. 
­ Nada, chegamos. – disse ele e eu rolei pro chão com o baque que o carro deu ao
mudar de estrada asfaltada pra de terra. – Você está bem? 
­  Que  belo  começo.  –  resmunguei  levantando  do  chão  do  carro  e  sentando  no
banco.  As  palavras  “Fazenda  Jones”  marcavam  a  entrada  do  sítio,  que  eram
iluminadas por luzes. Não sabia que tinha eletricidade na roça. Brincadeira. Eu não
lembrava de como a casa era GRANDE. Quando eu digo grande, é grande mesmo.
Caraca meus avós eram ricos e eu não lembrava. A parte da frente da casa estava
toda  iluminada  e  dava  pra  ver  bastante  movimento  pelas  janelas  da  sala.  Logo  vi
minha  avó  e  meu  tio  Steve  aparecerem  na  porta  com  largos  sorrisos.  Meu  pai
estacionou o carro e quase teve que me obrigar a descer. 
­ Seja simpática, por favor, eles não te vêem há séculos. 
­  Tudo  bem.  –  resmunguei  batendo  a  porta  do  carro  e  meu  pai  me  deu  um
empurrãozinho em direção da casa. 
­ Mell! Minha netinha, quanto tempo! – falou a minha avó quando nos aproximamos
do hall, onde tinham algumas cadeiras e uma mesa com um vaso de flores. Ela me
puxou para um longo abraço e depois ficou me encarando com uma expressão de
orgulho. – Você está linda! Nem parece a minha netinha, o que a cidade grande fez
com  você?  Ah,  como  eu  estava  sentindo  a  sua  falta!  –  falou  ela  voltando  a  me
abraçar e depois chegou o tio Steve me apertando e falando as mesmas coisas. 
­ Já deve ter um bocado de namorados essa Mell! – disse uma das minhas tias, irmã
do meu pai, tia Emma. Ela era legal. 
­ Ah, só alguns. – brinquei e todo mundo caiu na gargalhada. Meu avô apareceu e
parecia  mais  velho  do  que  antes.  Bom,  isso  era  óbvio.  Tive  que  ouvir  as  mesmas
baboseiras pela quinta vez. 
­ Vocês chegaram na hora do jantar! Mollie preparou algo especial pra vocês! – falou
meu avô empolgado. – Entrem, depois descarregam suas bagagens. 
Eu e meu pai entramos e aquela barulheira de gente conversando feliz parecia não
ter fim. Quem eu não tinha visto ainda era o abominável. Ainda bem, talvez ele nem
estivesse ali. Eu estava rezando para que ele estivesse em alguma viagem inesperada
ou algo do tipo. 
­ Ah, Jessy, vá avisar Daniel que Mell já chegou. Ele não sai daquele quarto, passa o
dia tocando aquele negócio... – falou minha avó logo depois resmungando. 
Ao ouvir aquele nome me deu um treco que eu quase saí correndo de horror. Ok, ele
estava ali mesmo. Fiz uma cara desagradável pro meu pai que conversava animado
com  meu  tio  Steve,  e  ele  fez  uma  cara  de  repreensão.  Não  demorou  muito  para
Jessy,  minha  priminha  de  10  anos,  voltar  do  segundo  andar  com  um  sorriso
empolgado no rosto puxando alguém pela mão. Quando eu vi quem ela puxava, não
pude acreditar que fosse o abominável. Não podia ser. Só podia ser um amigo dele,
mas ele não era. O garoto sendo puxado irradiava um sorriso brincalhão no rosto. Ah

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meu Deus. Ele estava lindo.  Meu  primo  podre,  Danny  Jones,  tinha  se  tornado  um


GATO.  Ele  tinha  agora  cachos  naturais  castanho  claro,  que  antes  era  um  cabelo
horrível curto arrepiado, e o rosto era repleto de sardinhas. Seu sorriso era tão lindo.
Nem  lembrava  que  ele  tinha  olhos  azuis.  E  ele  estava...  forte.  O  antes  garotinho
frango,  tinha  se  tornado  um  garoto  forte  e  musculoso.  Usava  uma  camisa  xadrez
típica de onde estávamos, e uma calça jeans. Quando me viu, seu sorriso se tornou
envergonhado. Minha avó nos olhava com ternura. 
­ Ora meninos, não vão se cumprimentar? – falou ela fazendo sinal para Danny se
aproximar. Eu estava prestes a cair dura. – Espero que ainda lembre do seu primo,
Mell. – disse ela sorrindo pra mim e depois para Danny, que sorriu lindamente para
minha avó. 
­ É, eu lembro. – sibilei completamente envergonhada, eu tinha certeza que estava
vermelha e minha cara devia ser semelhante à de alguém que vira um fantasma. 
­ Oi. – disse Danny olhando pra baixo e coçando a nuca. Puta merda, aquilo foi tão
lindo. Eu estava ficando louca? Se controla Mell, é o seu primo da roça que cortou
seu cabelo. 
­ Ahn, oi. – murmurei, olhando pros lados tentando disfarçar. 
­ Pelo amor de Deus, crianças. Se cumprimentem direito. – disse a minha avó e de
repente me empurrou contra Danny nos forçando a dar um abraço. Ah, o perfume.
Como alguém que morava no meio do nada podia cheirar tão bem? Era o melhor
cheiro que eu já tinha sentido na vida. Quando suas mãos tocaram a minha cintura
eu senti um arrepio interno, externo, por todo o corpo que eu podia sair berrando
por aí de tanto... deixa pra lá. 
­ Vamos jantar, Mollie. Eles devem estar morrendo de fome. – murmurou o meu avô
se arrastando até a sala de jantar e todos se levantaram, indo atrás. 
Bom, não preciso nem dizer que o jantar foi bem tenso, pelo menos pra mim. A troca
de  olhares  entre  eu  e  Danny  já  estava  me  deixando  nervosa,  e  ele  ficava  dando
aquele sorriso dele o tempo todo, porque ele fazia aquilo? Mas que droga. 
­ Nos conte Mell, o que faz agora que saiu do colégio? – perguntou minha tia Emma.
­ Ahn, eu... estou na universidade, estudando moda. 
­  Moda?  Uau,  me  parece  incrível.  –  respondeu  a  minha  tia  irradiando  orgulho  da
sobrinha.  –  É  o  último  ano  de  Danny  aqui  em  Bolton,  não  é  querido?  Vai  estudar
Biologia na Universidade de Oxford! Estamos tão felizes que ele foi admitido. 
­  Ah,  parabéns,  Danny.  –  falei  completamente  sem  jeito  olhando  pra  ele  rápido  e
depois encarando o meu prato. 
­  Hm,  obrigado.  –  murmurou  ele  em  resposta  e  eu  não  pude  ver  sua  expressão,
estava muito ocupada encarando meu purê de batatas. 
­  Nos  conte,  Mell,  já  tem  namorado?  –  perguntou  meu  tio  Fred,  acho  que  não  o
mencionei ainda, o cara era uma figura. 
­ Eu... não. – falei, começando a sentir meu rosto ficar vermelho. Danny me olhou. 
­  Mas  como?  Uma  garota  tão  linda  como  você  deveria  ter!  Se  até  Danny  está  se
arranjando... – disse meu tio Fred e Danny arregalou os olhos, encarando o tio com
repreensão. 
­ Pára, tio Fred. Não estou me arranjando. – murmurou ele coçando a nuca. Notei
que fazia isso quando ficava nervoso. 
­ Ele está sendo bobo, vive se encontrando na cidade com aquela garota, a Mary... –
falou minha avó e vi Danny corar. 
­ Ela é só minha amiga. – falou ele constrangido. Mas é claro. Como eu pude pensar
por  um  segundo  que  Danny  estava  sozinho?  Quer  dizer,  tudo  bem,  estamos  no
interior, mas existem garotas por aqui. 
Depois do jantar e da sobremesa, que tenho que ressaltar, estava deliciosa (o que
não  ia  me  faltar  aqui  era  comida,  minha  avó  cozinhava  pra  caramba),  todos  se
reuniram na frente da casa, nas cadeiras, e desataram a conversar sobre tudo o que
tinham direito. Fiquei conversando um pouco com eles, mas chegou um momento
que cansou e eu sentei um pouco afastada, nos degraus da frente da casa. Fiquei um
tempo ali parada encarando o nada, na verdade não era o nada, era um vasto campo
que não terminava mais, até uma voz me fazer dar um pulo de susto, próxima de

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mim. 
­  Hm,  você  pegou  o  meu  lugar.  –  disse  Danny  em  pé  ao  meu  lado  e  eu  olhei
assustada pra cima. Ele segurava um violão. 
­ Ah, desculpa. Pode sentar. – falei me levantando. 
­ Eu estava brincando, pode ficar. – disse ele sentando ao meu lado e eu sentei de
volta,  meio  nervosa  com  a  aproximação.  Ele  largou  o  violão  ao  seu  lado.  –  Na
verdade, eu costumo sentar aqui todos os dias e tocar, a conversa deles é chata. –
continuou ele e eu soltei uma risadinha nervosa. 
­ Você toca. – falei, olhando pro violão. 
­ Não tem muito o que fazer por aqui. – explicou ele encarando a grama um pouco
mais à frente. – Você... hm... ainda está brava comigo pela última vez? 
­ Ah, não, tudo bem. Você era pequeno. 
­ É que eu notei que você... manteve o meu corte. – disse ele e eu não sei por que,
mas comecei a rir de verdade. Ele riu junto. – Mas é! 
­ Você acha que eu gostei? – perguntei ainda rindo. 
­ Não, mas se você não deixou crescer... 
­ Você, digamos... me fez ver que meu cabelo ficava melhor curto. 
­ Se você não rir eu te conto porque fiz aquela crueldade com você. 
­ Não vou rir. – falei encarando seu rosto pela primeira vez. Ele estava mais lindo do
que nunca, e de perto eu podia ver os seus olhos azuis. 
­  Bom...  é  que  eu  te  achava  muito  bonita  com  os  cabelos  compridos  e  aquilo  me
deixava nervoso e perturbado, você é a minha prima, e eu achava que era proibido
achar  primas  bonitas,  então  tive  que  fazer  alguma  coisa.  Mas  não  adiantou  muito,
você continuou bonita. Até mais. – falou ele me encarando e eu com certeza estava
vermelha de vergonha. 
­ Não é proibido achar primas bonitas. – murmurei, meio sem jeito. 
­ É, eu só fui perceber isso mais tarde. Depois que você tinha ido embora. Então...
desculpa por ter te incomodado tanto quando éramos crianças. 
­ Tudo bem. – falei nervosa. 
­ Você vai ficar aqui até setembro? 
­ Vou. 
­ Não deve estar gostando disso. 
­ Eu não sou muito fã da natureza, sabe... Mas vou sobreviver. – falei e logo depois
senti meu bolso de trás da calça tremer e começar a tocar Penny Lane, dos Beatles. –
Ah, meu celular. Telefone. – disse, tirando do bolso e olhando pra tela. 
­  Eu  sei  o  que  é  um  celular.  –  disse  Danny  com  uma  cara  engraçada.  –  Viver  na
fazenda não é se isolar do mundo. 
­  Ah,  tá.  Eu  sabia  que  você  sabia.  Vou  atender,  com  licença.  –  falei,  atendendo  o
telefone com uma felicidade inexplicável. – BRIAN! 
­ Oi pequena! Cheguei na Califórnia, estou no quarto da família agora. 
­ Sério? Eu estou em Bolton. 
­ AH! Me conta do seu primo podre. Quero saber, ele já começou a te encher? 
­ Na verdade... – comecei e olhei pro lado, Danny dedilhava inocente alguma coisa no
violão.  Levantei  e  me  afastei,  me  certificando  de  que  ele  não  podia  ouvir.  –  Na
verdade, ele é o contrário do que eu pensava que fosse. Agora. 
­ Ele é um nerd almofadinha? 
­  Não,  Brian...  Ele  está...  lindo.  E  ele  agora  é...  legal.  Estávamos  conversando  a
pouco, ele é bem engraçado. Me pediu desculpas por tudo que fez. 
­ Então vocês agora vão ser amigos? Ah, isso é bom, Mell. Espera... eu ouvi bem?
Você falou que ele está lindo? Ah não Mell, você não vai me trair né? 
­ Brian! Para de besteira, é o meu primo. Por mais charmoso e perfeito que esteja, é
da minha família. Seria nojento. 
­ Acho bom. Tenho que desligar, já é de madrugada aqui. Tchau! 
­ Tchau! Não esquece dos e­mails. 
­ Não vou! 
Finalizei  a  ligação  e  Danny  continuava  sentado  dedilhando  o  violão.  Sentei
novamente ao seu lado. 

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­ Era o seu namorado? – perguntou ele sem parar de dedilhar. – Esse Brian. 
­ Não, não. É meu melhor amigo. Ele está na Califórnia de férias. Por quê? – Danny
queria  saber  se  eu  tinha  namorado?  Não  pensem  que  eu  fiquei  feliz  quando  ele
perguntou. 
­ Ah, nada. Curiosidade. Quer ouvir uma música? 
­ Ah, claro. Manda ver. 
­ Bem, eu vi que você gosta de Beatles... pensei que gostaria de ouvir... – disse ele e
começou a tocar Across The Universe. 
Não  preciso  nem  dizer  que  ele  tocava  bem.  E  quando  ele  cantou  o  primeiro  verso
confesso que fiquei um pouco assustada. A voz dele era... perfeita. Eu não imaginava
que o meu primo ex­abominável tinha uma qualidade, além de ser bonito e cheirar
bem. Não consegui tirar os olhos do rosto dele até o final da música. Fazia um tempo
que eu não ouvia alguém cantar daquele jeito. Tão simples e tão profundo, como se
pra ele aquilo fosse o mesmo que respirar. Eu já sabia do talento da família Jones na
música, boa parte dos meus tios tocava e cantava muito bem. Se eu falar que o meu
pai tinha uma banda vocês acreditam? Bom, é verdade. E pela minha mãe, ele era
muito bom. E eu? Nunca tentei cantar pra falar a verdade, e nunca vou. Morro de
vergonha e tenho quase certeza que a minha voz é um lixo. 
Danny terminou a música e me encarou. Eu não sabia o que falar. 
­ Huh... nossa, Danny. Você é muito bom. 
­ Obrigado. – disse ele corando. Que lindo. – Aposto que você é tão boa quanto eu. 
­ Ah, não. Eu não sei cantar nem tocar. 
­  Na  verdade  você  nunca  tentou,  não  é?  –  perguntou  ele  me  olhando.  Como  ele
sabia? 
­ É... Mas não preciso tentar pra saber que sou ruim. – falei e ele riu. 
­ Se você quiser se apresentar na quermesse da cidade para arrecadar fundos... 
Pára  tudo.  QUERMESSE?  Ah,  por  que  eu  estou  surpresa?  É  claro.  Toda  cidade  do
interior inventa uma quermesse. Por mais que eu não tenha certeza sobre O QUE É
uma quermesse, eu imagino. Mas que dá vontade de rir dá, bem típico do Danny. 
­ Fundos pra quê? – perguntei, segurando o riso. Se Brian estivesse junto ele estaria
rolando de rir no chão. 
­ Pra impedir o governo de transformar as fazendas em shoppings e coisas do tipo.
Eles estão querendo fazer isso há anos. 
­ Até a nossa fazenda? – perguntei, agora não achando mais graça. 
­  Sim,  tudo.  É  bem  chato,  nossos  avós  estão  preocupados.  Eles  cresceram  aqui,
assim como nós. Acho que vovó não agüentaria se soubesse que sua fazenda iria ser
soterrada. – disse Danny agora encarando o chão. 
Se eu soubesse disso antes de ouvir dele a história, estaria torcendo para que isso
acontecesse.  Mas  ao  ver  a  expressão  de  tristeza  no  rosto  de  Danny,  desejei  que
aquilo tudo se resolvesse, e nada fosse soterrado. 
­ Ah... tudo bem. Tenho certeza que tudo vai dar certo e não vão soterrar nada. –
falei, tentando consolar meu primo. Ele me olhou com um sorriso carinhoso. 
­ Tomara que você tenha razão. – murmurou ele sem graça. 
­ E então... Mary? – perguntei e ele arregalou os olhos corando novamente. 
­ Ah, você ouviu. Ela é a minha melhor amiga. Mas os adultos acham que ter amigos
do sexo oposto é o mesmo que namorar. Não ligue para o que eles dizem. 
­ Tudo bem, Danny. Pode falar, você gosta dela. – falei, rindo. Deixem eu me divertir,
ok? 
­ Não, não. É minha amiga. – disse ele nervoso. 
­ Ah, tudo bem. – concordei irônica. 
­ Acho que você iria gostar dela. – falou ele e eu sorri. 
Não,  obrigada,  Danny.  Mas  ela  deve  ser  querida  e  perfeita,  e  eu  não  tenho  muita
paciência com pessoas assim. 
­ Então estão se entendendo! – ouvi alguém em pé atrás da gente falar um pouco
alto. Olhamos pra cima e tio Fred nos encarava sorrindo. Com aquele bigode dele. –
Lembra da Josey, Mell? – perguntou ele, e veio uma luz iluminando o meu passado.
JOSEY! Era a minha égua... 

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­ Lembro sim, tio Fred. 
­ Danny vem cuidando muito bem dela, que tal andar amanhã? – ofereceu ele, me
encarando freneticamente. 
­  Seria  ótimo.  –  falei,  sincera.  Pode  achar  estranho,  mas  eu  gostava  de  andar  a
cavalo. 
­ Leve sua prima amanhã. – disse tio Fred para Danny e ele concordou. 
Aquela história de forçarem a gente a fazer coisas junto tinha começado. Tudo bem,
Danny agora era lindo e tudo, mas eu continuo querendo menos contato possível.
Só estou sendo legal, no momento. 
­ Mell, que tal arrumar suas coisas? – perguntou meu pai levantando da cadeira que
estava sentado. – Já está tarde. 
­ Tarde pra você é... 21:30? – falei, olhando meu relógio. Ele me encarou com uma
cara nada boa. – Tudo bem, já estou indo. 
Levantei na má vontade, o mundo está careca de saber que eu odeio dormir cedo, e
percebi que Danny ria. Qual é o raio da graça? Ignorei o engraçadinho e entrei pra
dentro de casa. 
­ Querida, suas malas já estão no seu quarto. – falou minha vó saindo da cozinha. –
Quer ajuda? 
­ Não, obrigada, vovó. – disse, subindo as escadas e tentando me lembrar aonde era
o meu quarto. Eram tantas portas, eu não lembrava. 
­  Está  procurando  o  seu  quarto?  –  ouvi  uma  voz  atrás  de  mim  e  me  virei  rápido.
Minha  prima  Cassey  estava  parada  me  encarando.  Ela  tinha  12  anos  e  algumas
sardas espalhadas pelo rosto igual à Danny. 
­ Ah, estou. – respondi, tentando entender qual era a dela. 
­ É pra cá, vem. – disse ela dando meia volta e parando em frente a uma porta rosa.
Rosa. Minha porta era rosa. – Não lembra mais? 
­ Ahn... é que faz tempo. 
­ Entendo. Vem, vou te ajudar. – falou ela entrando no quarto. A segui, entrando
também.  Após  colocar  o  pé  no  quarto,  lembrei  de  tudo.  Como  pude  esquecer.  O
papel  de  parede  com  flores.  O  armário  branco,  e  a  cama  bem  embaixo  da  janela.
Havia também uma escrivaninha, nunca usada por mim, claro, eu não estudava nem
nada do tipo quando estava na fazenda. 
­  Você  cresceu,  da  última  vez  que  te  vi.  –  comecei,  tentando  puxar  um  assunto,
aliviando o clima tenso entre nós duas. 
­ É, você também. – disse ela, sentando na cama. 
­  Vai  ficar  aqui  durante  a  semana?  –  perguntei,  com  uma  ponta  de  esperança,
esperando ter alguém com quem conversar sem ser o ex­abominável. 
­ Não, a gente mora em Manchester, esqueceu? Vou voltar amanhã. – disse ela se
referindo ao tio Fred, que era o seu pai, sua mãe e seu irmão menor de 3 anos e
também meu primo, Luke. 
­ Não está de férias? 
­ Estou, mas minha mãe inventou de me colocar num acampamento de férias, tenho
que voltar. – explicou ela, e eu fiz uma expressão de derrota. Mesmo ela sendo bem
menor que eu, iria gostar de conversar com ela. Cassey percebeu minha expressão e
me encarou. – Bem, o Danny fica aqui sempre. 
Ah, como se isso fosse a solução de todos os meus problemas. 
­ Você não gosta dele, né? – perguntou Cassey meio rindo. 
­ Não é que eu não goste, mas ele... 
­ Lembro de vocês dois brigando quando eu era menor. Realmente ele era um porre.
Mas não é mais, ele agora está bem mais legal e... bonito. – disse ela e soltou uma
risadinha. Eu estava olhando pro chão e a encarei abismada. 
­ Cassey! – falei, segurando o riso. 
­ É verdade, eu tenho 12 anos, mas eu sei ver quando um garoto é bonito! E parece
que ele já foi fisgado. – disse ela com uma risada engraçada. 
­ Como assim? 
­ Mary. Eu acho que ela sempre foi afim dele, e ele o mesmo. 
­ Não lembro dessa garota. 

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­ Ah, quando eles se conheceram você já tinha ido embora. 
Concordei com a cabeça, com uma cara de “que bom pra ele”. 
­ A odeio. – ouvi Cassey murmurar. A olhei. – Tudo bem, ela é querida e canta muito
bem, todos a amam. Mas ela me irrita com aquela aparência angelical querendo ser
boazinha e legal com todo mundo. Blé. Danny quase lambe o chão que ela pisa. 
Esqueci como Cassey era parecida comigo. 
­ Você tem ciúmes do Danny! – falei, rindo. 
­  Eu  gostaria  que  ele  desse  mais  atenção  pros  primos  quando  aquela  senhorita
perfeita está aqui. Quando ela não está, Danny é muito legal comigo. 
­ Quando ela está aqui? – perguntei, já temendo a resposta. 
­ Sim, ela aparece aqui às vezes. Como se alguém tivesse convidado. 
­ Danny não a convida, mas ela aparece? 
­ Sim, ele convida. Mas eu não aprovo. Tudo bem, vamos arrumar suas coisas. 
Era bem estranho conversar sobre um primo com outro. Principalmente como se a
gente estivesse falando de um garoto qualquer da escola. Ele era da minha família!
Que doentio. Cassey pegou uma mala minha e colocou em cima da cama. 
­ Suas roupas são lindas. – disse ela ao abrir a mala e tirar uma calça jeans de dentro.
­ Ah, valeu. 
­ Duvido que vá ter coragem de usar isso aqui. – murmurou ela colocando a calça em
cima da cama e tirando as outras. 
­ Por quê? 
­ Se não quiser rasgar ou sujar, aconselho deixá­las no armário e pegar as roupas
que você considera velhas. 
­ Ótimo. – resmunguei, abrindo outra mala. 
­ Não será tão ruim, pode apostar. – disse ela e eu gostaria que aquilo fosse verdade.

­ Capítulo 3 ­
Tive um sonho bem estranho na minha primeira noite na fazenda. Eu estava sentada
no mesmo lugar da noite anterior, só que era de dia, e Brian apareceu, junto com
Danny. Eles se conheciam. E de repente me perguntaram quem eu preferia. Eu tinha
que escolher entre um dos dois. Fiquei olhando de um para o outro, meio confusa.
Como eu iria escolher entre o meu melhor amigo, do qual eu sempre fui afim, e meu
primo que, bem, era da minha família? Espero que esse sonho não signifique nada,
porque foi bem estranho e eu não lembro quem eu escolhi. 
­ Mell, levante querida. – ouvi a voz de minha avó bem perto, e logo uma claridade
invadir  meus  olhos  fechados.  –  Você  dormiu  demais.  Abri  meus  olhos  devagar  e
encarei o relógio pendurado na parede florida. Oito e meia da manhã. Muito cedo. 
­ Vovó, dormir demais significa acordar tarde. – resmunguei, me virando pro outro
lado. 
­ É tarde. Se acostume, aqui nós acordamos bem cedo. 
­ Percebi. – resmunguei, sentando na cama. 
­ Bem, você perdeu o café da manhã. Mas não se preocupe, eu preparo um pra você.
E seu pai já foi. 
­ JÁ FOI? COMO ASSIM? ELE NEM ME FALOU NADA E... 
­ Calma, Mell. Parece que deu algumas complicações no trabalho e ele teve que voltar
cedo. Mas disse que vai te ligar pra explicar tudo. 
­ Que bom. – resmunguei, irônica. Vovó me olhou rindo. – Que houve? – perguntei,
perdida. 
­ Você é mau humorada de manhã sempre, ou é porque está aqui mesmo? 
­ Que isso vovó, eu adoro vir pra cá. – menti, ficando de pé. – A senhora sabe bem
porque eu não vim nos últimos três anos. 
­ Sei, sim. Ainda bem que você cresceu e percebeu o erro que cometeu. 
­ Não seria... ainda bem que ele cresceu e percebeu o erro que cometeu? 
­  Também.  Bom,  se  vista.  Tenho  algumas  tarefas  pra  você  hoje.  Seu  pai  me  fez
prometer que te daria coisas pra você fazer enquanto estiver aqui. Por mim você não
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faria nada, mas eu prefiro seguir as ordens do seu pai. 
Obrigada, papai. Além de me abandonar sem me avisar, me faz trabalhar no campo. 
­  Coloque  uma  roupa  que  possa  sujar.  –  disse  ela,  indo  pra  porta.  –  Estou  te
esperando na cozinha. 
­ Sujar? – falei em tom de desespero. – Vou ter que me jogar na lama e alimentar os
porcos? 
­ Não. – disse ela rindo. – Isso é amanhã. Hoje você fará outra coisa. – continuou ela,
e deixou o quarto. Fiquei encarando a porta com cara de tacho. Até minhas ironias
aqui valiam literalmente. Ouvi um barulho repetitivo vindo do lado de fora e subi na
cama, olhando pela janela. Quase tive um ataque cardíaco. Ver aquilo de manhã cedo
era muito pra mim. Danny estava cortando um grande tronco, provavelmente para
servir como lenha. Lenhador abominável. Mas o que me fez tremer foi o fato de ele
estar apenas de calças. O garoto estava sem camisa, e aparentava ter um irresistível
tanquinho e músculos perfeitos. Droga. Agora eu sei porque a tal de Mary vem aqui.
Ele parou de cortar a lenha e mexeu nos cabelos, recuperando o fôlego. Um cachorro
dormia estirado perto dele. É melhor eu me vestir. 

­  Tinha  esquecido  que  meninas  demoravam  tanto  pra  se  arrumar.  –  falou  vovó
quando  eu  entrei  na  cozinha.  Que  nada,  é  que  eu  estava  olhando  o  meu  primo
gostoso sem camisa cortar lenha. 
­ Meu cabelo é complicado quando eu acordo. Fica pra cima. – expliquei sentando na
mesa e me servindo do suco que estava dentro de uma jarra. 
­ Todas vocês falam a mesma coisa! O que vai querer comer, querida? – perguntou
ela secando a última louça. 
­ Não sei, o que a senhora sugere? – perguntei, encarando toda aquela comida em
cima da mesa. 
­ Que tal o meu bolo de chocolate? Fiz agora de manhã. 
­ Parece ótimo. – falei, me servindo de um pedaço. Estava tudo tão calmo e tranqüilo
naquela cozinha, mas parece que Murphy e suas leis idiotas resolveram não dar uma
trégua. Eu estava bebendo meu suco, na paz, e olhei pra porta da cozinha, que dava
direto pra fora da casa. O copo escorregou da minha mão e se partiu no chão, assim
como  o  suco  que  começou  a  escorrer.  Minha  avó  me  encarou  assustada  e  Danny
igualmente, da porta da cozinha, ainda sem sua maldita camisa. 
­ Opa. – murmurei, me levantando. 
­ Tudo bem, querida, acontece. Danny, me alcance o jornal no balcão. – disse ela e
Danny, meio rindo, imbecil, pegou o jornal em cima do balcão no meio da cozinha e
entregou para vovó. 
­ Deixa comigo, vovó. – falei, pegando o jornal das mãos dela. 
­  Enrole  os  cacos  de  vidro  no  jornal  e  coloque  fora.  –  disse  ela  e  eu  me  abaixei,
começando  a  juntar  os  cacos.  Porque  aquele  garoto  tinha  que  aparecer  ali  sem
roupas atrapalhando minha paz matinal? Eu senti que estava vermelha de vergonha
e resolvi não olhar mais pra cara dele até ele resolver voltar a cortar a droga de lenha
bem  longe  de  mim.  Danny  passou  por  mim  e  abriu  uma  gaveta  embaixo  da  pia,
procurando  alguma  coisa.  Resmunguei  mentalmente  em  todas  as  línguas  possíveis
quando olhei pra cima e encarei aquelas lindas costas nuas e aquela bunda linda. Sai
fora,  Daniel.  Pigarreei  sem  perceber,  tentando  disfarçar  a  tensão  escrita  na  minha
cara. 
­ O que quer, Danny? – perguntou vovó. – Você poderia se vestir dentro de casa,
não é? 
Oh, obrigada vovó. Leu minha mente. 
­ Eu já vou voltar lá pra fora, só quero uma tesoura. – disse Danny e eu quase voei
nele,  qual  é  o  problema  de  usar  uma  camisa?  EU  TENHO  HORMÔNIOS,  COM
LICENÇA. Vovó lhe entregou a tesoura e ele me encarou no chão. – Quer ajuda? 
­ Não. – resmunguei, sem olhar pra ele. Eu sei, fui grossa. E daí? Agora parece que
em vez de pregar peças em mim ele vai ficar me provocando e me olhando irônico só
porque é gostoso? Me poupe. Ele saiu da cozinha e eu voltei a respirar. – A senhora
tem um pano, vovó? 

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­ Deixa que eu limpo, querida, termine de comer. 
­ Perdi a fome. 
­ O que aconteceu? 
­ Nada, só fiquei sem fome. – murmurei e ela me encarou. 
­ Foi só o Danny entrar aqui que você ficou estranha. Não me venha dizer que ainda
tem birra com ele. 
­ Não tem nada a ver com o Danny. – falei, corando. Ainda bem que ela estava de
costas. 
­  Bom,  então  se  você  já  terminou,  pode  começar  repintando  o  galinheiro,  o  que
acha? O vermelho já está desbotado, ele era tão bonito quando estava colorido. Peça
para o Danny te explicar o que você tem que fazer. 
­ Você não pode me explicar? – perguntei, com uma cara de sofrimento. 
­ Bom dia, Mell! – ouvi tio Steve exclamar, da porta de dentro da cozinha, que dava
para a sala de jantar. 
­ Oi, tio Steve. – respondi, sorrindo. – Hein, vovó? Será que a senhora não pode me
explicar? 
­ Não, querida. Eu tenho que preparar o almoço. Já te falei, o Danny te ajuda. 
­ Tio Steve, não quer me ajudar? 
­ Ajudar em quê? – perguntou ele, pegando um pedaço do bolo em cima da mesa. 
­ A me explicar como se pinta um galinheiro. 
­  Bom,  é  simples.  É  só  pegar  a  tinta  e  passar  na  madeira.  –  disse  ele  e  ouvi  vovó
rindo. 
­ Não, tio, isso eu sei. Não sei onde estão as coisas... 
­ Sinto muito, se eu pudesse te ajudaria, mas tenho que resolver algumas coisas no
centro. Peça pro Danny, ele entende dessas coisas. 
Mas  que  mania  de  mandar  eu  pedir  ajuda  pro  abominável.  Essa  família  deve  ter
combinado um complô contra mim. 
­ Vovó, onde está o vovô? – O quê? Eu precisava tentar de todos os jeitos. 
­ Está lá em cima, concertando uma tábua solta. Não vá pedir ajuda pro seu avô, ele
se empolga muito e vai até amanhã com essa história de pintar o galinheiro. – disse
ela se virando pra mim e me empurrando de leve pra porta da cozinha. – Está vendo
aquele  rapaz?  –  perguntou  ela,  olhando  para  Danny.  Eu  assenti,  borbulhando  de
raiva, já sabia o que iria vir pela frente. – Ele pode te ajudar. Vai. – disse ela, como se
eu fosse alguma retardada mental que precisava olhar pras pessoas pra saber quem
são  elas,  e  me  deixou  plantada  na  porta  da  cozinha,  voltando  para  a  pia.  Hesitei,
antes de descer o degrau pra fora da casa, e fui o mais devagar possível pela grama
extremamente verde até o abominável, que continuava cortando lenha e continuava
sem camisa. O cachorro que dormia ao seu lado embaixo do sol soltou um latido ao
me ver. Danny logo me olhou, parando o que fazia. 
­ Já se recuperou da tensão na cozinha? – perguntou ele largando o machado e eu
tive vontade de cavar um buraco na grama e me enfiar dentro. 
­ Do que você está falando? Não havia tensão nenhuma. 
­ Hm, sim. Algum problema? 
­ Vovó me mandou pedir, er, ajuda pra você. Ela quer que eu repinte o galinheiro. 
Ele  assentiu  e  começou  a  andar  na  minha  direção,  passando  reto  por  mim  e
aproximando aquele maldito corpo de mim. 
­ Vem comigo. – murmurou ele ao passar por mim. Eu soltei um suspiro e o segui. 
Demos a volta na casa até onde havia uma grande despensa. Danny abriu a porta
com facilidade, como se fizesse aquilo sempre, e eu tenho uma leve impressão que
fazia mesmo, e entrou. Entrei atrás, meio relutante ao ficar numa peça fechada com
meu primo sem camisa. Ele acendeu a luz e começou a revirar em algumas estantes,
sem falar nada. Eu fiquei olhando pros lados meio desconfortável. 
­ Vovó disse se queria mudar a cor do galinheiro? – perguntou ele de repente, me
fazendo acordar da minha transe olhando pro cortador de grama. 
­ Ela disse que era pra pintar de vermelho. – respondi e ele pegou um grande pote
de tinta vermelha, um pincel grande e um avental velho. 
­ Ok, vamos. – disse ele carregando com a maior facilidade aquele estúpido pote de

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tinta, que eu nem com as duas mãos conseguiria carregar. – É claro que você não vai
pintar a parte de dentro, porque obviamente há galinhas lá dentro e você não está
pronta pra dividir o mesmo ambiente que animas que arranham. 
Eu o encarei andando ao meu lado. Como se eu fosse muito frágil pra não conseguir
dar conta de um bando de galinhas idiotas. Quem ele pensa que eu sou? 
Andamos até o galinheiro, totalmente contra a minha vontade, que ficava bem perto
do  chiqueiro  e  do  estábulo,  então  o  cheiro  não  era  muito  suportável.  Havia  uma
cerca  separando  o  vasto  campo  aberto  dos  animais,  provavelmente  para  eles  não
saírem loucos por aí. 
­ Bom, você começa por esse lado e depois dê a volta por trás. – explicou ele quando
largou a lata de tinta bem a frente de um dos lados do galinheiro. – Espera. – falou
ele e entrou no galinheiro, eu ouvi o barulho desprezível das galinhas ao verem um
humano,  e  depois  ele  voltou  de  lá  com  uma  pequena  escada.  –  Suba  aqui  pra
alcançar as partes altas, e comece de cima, pra não arruinar a pintura que você já
começou embaixo. 
­ Quanto tempo eu vou demorar, você tem ideia? – perguntei, só por curiosidade. 
­ Depende da velocidade que você pinta. – respondeu ele como se fosse óbvio. – Mas
a média é umas duas horas. É o que eu demorei da última vez. 
­ Ok. – falei, e ele me entregou o pincel e abriu a lata de tinta. Fiz que ia enfiar o
pincel na tinta e começar logo com aquela droga, mas ele me impediu. 
­ Calma. – disse ele, levantando o avental. – Sua roupa vai ficar um lixo se não usar
isso.  –  continuou,  e  colocou  a  parte  de  cima  do  avental  em  mim.  Ele  colocou  em
mim. Isso quer dizer uma aproximação desconfortável entre nós. Depois amarrou a
parte de trás, e em vez de ele ser uma pessoa normal e ir pra trás de mim, já que já
tinha  começado,  ele  quase  me  abraçou  pra  fazer  aquilo.  Eu  congelei  com  aquelas
braços em minha volta, e depois soltei a respiração quando ele se afastou. Qual era o
tipo de problema que ele tinha? Ficar se aproximando de mim sem camisa, aquele
corpo maravilhoso quase encostando no meu. Ele só podia estar de brincadeira. 
­ Boa sorte. – disse ele com um sorriso de canto, e se afastou. Fiquei olhando ele se
afastar,  na  verdade  eu  encarei  as  costas  dele,  que  eram  lindas,  e  observei  cada
movimento  dele  ao  colocar  a  camisa  xadrez  de  volta.  Ele  olhou  pra  trás,
provavelmente  verificando  se  eu  tinha  começado,  e  eu  levei  um  susto,  fazendo  o
pincel voar da minha mão. Legal. 

­ Brian deve estar numa bela praia essa hora, secando as meninas que passam por
ele de biquíni, e eu aqui, pintando um galinheiro idiota. – falei, pra galinha que me
encarava. Sim, isso mesmo. Eu estava conversando com uma . A que ponto cheguei.
Ela  estava  ali,  me  olhando,  chocando  no  chão,  e  parecia  muito  compenetrada  nas
minhas  desgraças.  –  Claro,  eu  não  te  culpo,  afinal  não  foi  você  que  me  fez  vir  até
aqui. E também não foi você que não deixou eu ir pra Califórnia com ele. Às vezes é
difícil  saber  se  ele  sente  o  mesmo,  ele  fica  fazendo  aquelas  piadas  de  que  só  tem
olhos pra mim, mas como eu vou saber se é sério? – perguntei, parando de pintar a
parede e olhando pra galinha que soltou um cacarejo curto. – É, eu sei. Eu deveria
ter falado pra ele ANTES de ele ir pra lá, imagina se ele encontrar uma garota linda e
começar a namorar e me esquecer? Eu sou uma idiota, faço tudo errado. 
­ Não, você está se saindo bem. – ouvi uma voz responder no lugar da galinha levei
o maior susto. Danny me encarava com um sorrisinho. 
­  Ah,  não  era  disso  que  eu  estava  falando.  –  murmurei,  voltando  a  pintar.  Pelo
menos agora ele estava vestido. 
­  Bom,  não  vou  me  intrometer  na  sua  conversa  com  a  Bernardete,  mas  vovó
mandou te avisar que o almoço está pronto. 
O encarei sem expressão. 
­ Porque os animais da fazenda têm nomes estranhos? – perguntei e ele riu. 
­ Deve ser tradição. – disse ele e eu soltei uma risada. – Deixa as coisas aí, depois eu
termino pra você. Já está no final mesmo. 
Concordei, tirando o avental e largando em cima da escadinha. 
­ Você sabe se aqui tem wireless? – perguntei, estava planejando mandar um e­mail

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para Brian e verificar o meu, ele provavelmente vai mandar alguma coisa hoje sobre
seu primeiro dia na Califórnia. 
­ Tem... o quê? – perguntou Danny, e eu por um momento esqueci que ele era um
lenhador abominável e não sabia nada de tecnologia. 
­ Wireless, pra acessar a internet. – expliquei e ele me olhou sério. 
­ O que você acha? Olha em volta. – disse ele e eu dei uma olhada pros lados. 
­ Ah, não tem. NÃO TEM? 
­ Claro que não, você está no interior do interior. Internet só no centro. 
­  Não  pode  ser.  Três  meses  sem  me  comunicar  com  o  Langdon, só pode ser uma
piada. 
­ Se quiser eu te levo no centro pra entrar na internet, relaxa. – disse ele como se
aquilo você a melhor solução pro meu problema. 
­ Fazer o quê. – resmunguei, voltando a encarar a grama enquanto andávamos. 
­ Para. – ouvi ele dizer, parando de andar e me segurando pelo braço. Mas o que é
isso? De repente ele se virou pra mim, encarando o meu rosto. Por um momento eu
achei que aquele abominável ia me beijar, mas ele passou delicadamente a mão na
minha bochecha, limpando algo. – Tinha uma mancha de tinta vermelha. – explicou
ele voltando a andar. 
­ Ah, valeu. – murmurei, corando. 
­ Se quiser, eu te levo pra andar na Josey de tarde, como tio Fred sugeriu. 
Não, obrigada, eu me sinto estranha perto de você. Era isso que eu queria dizer, mas
ele estava sendo legal comigo, então eu tive que ser legal também. 
­ Ah claro. Não vou atrapalhar suas... tarefas ou sei lá? – perguntei, e ele negou rindo
­ Hoje é domingo, tenho uma folga do trabalho pesado. 

Tio Steve já tinha voltado do centro, e ria alto dentro da cozinha com tia Emma e
vovô. Tia Emma, como podem perceber, é separada, e meus primos, filhos dela, não
estavam na fazenda. Sorte deles. A mãe de Danny estava na cidade onde ela e o tio
Steve moravam, cidade vizinha. 
­ Crianças! Sentem­se, como são meus únicos netos presentes, fiz uma sobremesa
especial.  –  disse  vovó,  colocando  o  prato  de  arroz  na  mesa.  Legal  saber  que  eu
estava sozinha com Danny naquela fazenda. 
­ Onde estão Cassey e Luke? E o tio Fred e a Lilly? – perguntei, Lilly era a esposa do
tio Fred e mãe de Cassey e Luke. 
­  Levaram  as  crianças  em  um  parque  aquático  que  abriu  na  estrada,  Cassey
infernizou tanto que tiveram que ir. – explicou tio Steve. 
Sentei  no  mesmo  lugar  de  antes  na  mesa  da  sala  de  jantar,  assim  como  todos  os
outros. 
­ Filho, contou pra sua prima da quermesse? – perguntou tio Steve para Danny que
estava sentado na sua frente. 
­ É, eu comentei. 
­ Ele vai tocar. – explicou tio Steve pra mim e eu fiz cara de descoberta. – Danny é
realmente muito bom. Aposto que você também é boa, Mell, está no sangue. 
­ Eu duvido muito, tio Steve. – falei, de imediato. 
­ Pensei que você gostaria de tocar na quermesse também... 
­ Eu tenho pavor de pessoas me olhando. Nem pensar. E eu não sei tocar violão. 
­ Ah, uma pena. Mary vai tocar, não é Danny? 
Grr, lá vem eles com essa Mary. Ela deve ser muito perfeita pra ser assunto em todas
as refeições. Não que eu estivesse com ciúmes nem nada, mas pelo que Cassey falou,
ela deve ser irritante. 
­ É, pai. – respondeu Danny meio sem paciência, nota­se que ele não era o único na
mesa que não gostava de falar nessa Mary. Apesar de os motivos serem diferentes.
Terminamos  de  comer  e  eu  subi  pra  tomar  banho,  estava  realmente  me  sentindo
uma caipira, fedendo a tinta. 

­ Capítulo 4 ­
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Demorei  anos  pra  conseguir  ajeitar  o  meu  cabelo,  como  sempre,  e  estava
me  preparando  mentalmente  para  o  passeio  a  cavalo  com  o  abominável.
Realmente  não  tinha  como  escapar.  Estava  sentada  na  minha  cama
colocando  meu  All  Star  surrado  e  levei  um  susto  ao  ouvir  aquela  voz  entrar
no meu quarto. 
­ Tem botas? – perguntou Danny da porta, apoiado no batente. 
­  Eu...  er,  é,  minha  mãe  me  forçou  a  trazer  umas  botas.  Pra  quê?  –
perguntei, estranhando a pergunta. 
­ Porque não vai poder andar a cavalo de All Star. 
Olha,  ele  sabia  a  marca  do  tênis.  Parece  que  estamos  avançando  por  aqui.
Levantei  da  cama  e  tirei  do  armário  umas  botas  de  cowboy,  elas  eram
lindas, mas eu me sentia idiota dentro delas. 
­  Perfeitas,  coloca  elas,  eu  estou  lá  embaixo.  –  disse  ele  e  eu  percebi  que
também usava botas daquele estilo, só que masculinas. Da onde que o meu
primo  abominável  tinha  senso  de  moda?  Herdou  de  mim,  só  pode.  Coloquei
as  botas  com  dificuldade,  nunca  tinha  usado  aquilo,  e  me  levantei.  Senti
como  se  eu  fosse  ordenhar  algum  animal.  Desci  as  escadas  tensa,  só  de
saber  que  em  poucos  minutos  eu  ficaria  um  bom  tempo  sozinha  com  o
abominável  me  dava  calafrios.  Ele  estava  parado  olhando  pro  lado  de  fora
da casa pela janela da sala de estar, e quando ouviu meus passos se virou. 
­ Pronta? 
­  Eu  acho  que  sim.  –  murmurei,  me  aproximando  dele  numa  distância
segura. 
­  Bom,  então  vamos,  você  vai  gostar.  –  disse  ele  saindo  de  casa  pela  porta
da  frente  e  eu  fui  atrás.  O  sol  ainda  era  escaldante  no  céu,  ainda  mais  que
de manhã, por ser de tarde. 
­ Onde está todo mundo? – perguntei, enquanto nos dirigíamos ao estábulo. 
­ Vovô e vovó estão dormindo, claro, eles são velhos, dormem à tarde. Meu
pai voltou pro centro e tia Emma deve estar no quarto vendo TV ou sei lá. 
­  O  que  você  faz  sozinho  todos  os  dias  de  tarde?  –  perguntei,  eu  ficaria
maluca. 
­  Minha  habilidade  com  o  violão  responde  a  sua  pergunta?  –  respondeu  ele
com outra pergunta, meio rindo e eu ri, concordando. 
Chegamos ao estábulo e eu gostaria de repetir que o cheiro era horrível, não
conseguia entender como Danny conseguia cheirar tão  bem  e  viver  no  meio
daquele  nojo  todo.  E  pra  falar  a  verdade,  seu  perfume  estava  maravilhoso
no  momento,  obrigada.  Havia  uns  cinco  cavalos,  cada  um  em  seu  próprio
estábulo, e ele logo foi até o estábulo de Josey. 
­  Olá,  Josey,  tenho  uma  surpresa  pra  você.  –  disse  ele  abrindo  o  portão  do
estábulo  e  puxando  Josey  com  cuidado  pra  fora.  –  Lembra  da  sua  dona?
Mell?  –  perguntou  ele,  alisando  a  égua,  como  se  ela  fosse  responder.  Ele
estava  tão  lindo  fazendo  carinho  nela...  se  controla.  –  Vem  cá.  –  continuou
ele,  agora  pra  mim,  e  eu  me  aproximei,  passando  a  mão  em  Josey,  que
parecia gostar. 
­  Ela  continua  linda.  –  falei,  olhando  para  Josey  e  me  bateu  uma  leve
saudades dela. Costumava ser minha melhor amiga. 
­  É,  dá  um  trabalhão  cuidar  dos  cinco,  mas  eu  gosto.  –  disse  ele  sincero,
encarando Josey e sorriu. Depois se afastou e pegou em um canto uma cela,
colocando  com  cuidado  em  Josey.  Ele  era  tão  carinhoso...  Os  animais  com
certeza  eram  bem  tratados  nas  mãos  dele.  Para,  Mell,  é  o  abominável.
Demorou  um  certo  tempo  até  ele  colocar  toda  a  cela  e  corda  para  guiar  o
cavalo,  e  enquanto  o  fazia  falava  coisas  fofas  para  Josey,  e  eu  não  pude
deixar de admirar a cena. Quando terminou, me olhou. 
­ Tudo pronto. – disse ele me olhando. Eu o encarei meio perdida. 
­ Você não vai... colocar a cela no seu cavalo? 
­ Não, só a Josey vai. 
­ Vamos os dois... nela? 
­ Sim. Mell,  você  achou  que  iria  cavalgar  sozinha?  Nem  deve  lembrar  como
subir num cavalo. É óbvio que não vai fazer isso sozinha no primeiro dia. 
­ Ah, é. – concordei, confusa. 
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Eu teria que andar no mesmo cavalo que o meu primo abominável. Isso quer
dizer sentar atrás dele.  Vocês  já  andaram  em  um  cavalo  com  outra  pessoa?
É bem estranho, nunca tentem. Bom, isso exigiria MUITO contato físico com
Danny, e eu já estava meio que desistindo da ideia. 
­  Vamos.  –  disse  ele  e  puxando  Josey  pra  fora  do  estábulo,  saiu.  Fiquei
parada  encarando  o  nada  um  tempo,  depois  saí  também.  Parei  ao  lado  de
Danny e de Josey. – Lembra como sobe? Primeiro a perna esquerda... 
­ Danny, disso eu lembro. – falei meio rindo e ele riu. 
­ Ah, vai que a cidade grande apagou toda a sua habilidade com cavalos. 
­  É,  pode  ser.  –  disse,  e  subi  sem  saber  como,  porque  eu  realmente  não
lembrava, em cima de Josey. 
­ Tudo bem, agora vá pra trás. 
­ Com ela? 
­ Não, Mell, só você. Pra mim servir aí. – falou ele de um jeito engraçado e
eu  escorreguei  um  pouco  pra  trás.  Logo  Danny  já  estava  na  minha  frente,
demorou metade do tempo que eu levei pra subir. Eu estava tensa por estar,
hm,  digamos,  de  pernas  abertas  e  grudada  em  Danny,  porque  a  cela  era
bem apertadinha pra duas pessoas. Tentei procurar apoio atrás de mim. – É
melhor  você  se  segurar  em  mim,  ela  balança.  –  disse  Danny  e  de  repente
Josey  começou  a  andar  rápido  e  eu  quase  voei  pra  trás,  mas  o  quase  me
salvou,  porque  eu  me  agarrei  em  Danny  sem  pensar  duas  vezes.  Ah,  o
perfume dele era tão bom. Eu poderia ficar ali pra sempre. Cala a boca, é o
abominável,  ele  quase  te  deixou  careca.  Ignorando  minha  consciência,
percebi  que  Danny  tinha  aumentado  a  velocidade  com  Josey  e  agora  ela
estava  cavalgando  pra  valer,  a  casa  começou  a  ficar  pequena  aos  poucos,
quanto mais nos afastávamos. 
­  Vamos  até  o  lago,  depois  você  guia.  –  ouvi  ele  falar  na  minha  frente  e
concordei,  mesmo  ele  não  enxergando  meu  assentimento  com  a  cabeça.
Comecei  então  a  me  lembrar  do  lago...  eu  ia  lá  muito  quando  era  menor,
atirar  pedrinhas  e  alimentar  os  peixes  que  o  habitavam.  Realmente  o  lugar
era  lindo,  um  paraíso  particular.  Enquanto  cavalgávamos,  eu  esqueci  de
praticamente  tudo  que  me  incomodava  naquele  lugar,  principalmente  o  fato
de  Danny  ser  meu  primo  abominável.  Esqueci  de  Brian  com  as  meninas
lindas  na  Califórnia,  esqueci  de  Londres,  de  tudo.  A  sensação  do  vento
batendo  no  meu  rosto  era  maravilhosa,  única.  Me  perdi  aproveitando  as
maravilhas  de  cavalgar,  e  sem  perceber,  já  estávamos  no  lago.  Danny  fez
Josey parar e a amarrou na árvore mais próxima. 
­ O que achou? – perguntou ele, depois de me ajudar a descer. 
­ Tinha me esquecido de como era bom andar a cavalo. 
­  É  melhor  ainda  quando  se  está  guiando,  você  deve  lembrar.  Vamos  um
pouco mais longe e depois voltamos, vou deixar a Josey em suas mãos. 
­  Tem  certeza?  –  perguntei  meio  receosa,  eu  não  lembrava  direito  como
guiar um cavalo. 
­  Claro  que  eu  tenho,  estarei  bem  atrás  de  você.  –  disse  ele  e  andou  até  a
beira  do  lago,  sentando  na  grama.  Eu  suspirei  profundamente  e  andei  até
ele,  sentando  ao  seu  lado.  –  Vínhamos  muito  aqui.  –  falou  ele,  sem  tirar  os
olhos do vasto lago. 
­ É, eu lembro. – concordei, arrancando uma folha de grama. 
­  Não  trocaria  isso  aqui  por  nada.  Vou  pra  faculdade  ano  que  vem  e  saber
que talvez soterrem tudo isso está me deixando horrível. – disse ele e eu o
olhei. Sua expressão era de tristeza. Com razão, era o lugar mais lindo que
eu já tinha estado. Tantas lembranças. 
­ Ninguém vai soterrar a fazenda, Danny. Confie no que eu digo. Eu não sou
crente  nem  nada,  mas  com  certeza  alguém  lá  em  cima  não  vai  deixar  que
isso  aconteça.  –  falei,  sem  tirar  os  olhos  de  Danny.  Dava  pra  perceber  que
aquele  lugar  era  tudo  pra  ele.  Pela  primeira  vez  ele  me  olhou  e  nossos
olhares se encontraram. Tenso. 
­  Espero  que  você  tenha  razão.  Todas  as  minhas  lembranças  estão  aqui.  E
parte das suas também. Por mais que sejam de mim te infernizando. – disse
ele e eu ri. Estávamos próximos demais, na minha opinião. Mais uma vez eu
estava  começando  a  ficar  hipnotizada  pelo  seu  perfume,  misturado  com  o
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cheiro  de  grama  cortada,  era  maravilhoso.  –  Às  vezes  eu  gostaria  que  você
morasse  aqui.  –  falou  ele  e  eu  voltei  pro  planeta  Terra,  estava  realmente
perdida naqueles olhos azuis. Depois processei o que ele disse. O quê? 
­ Por quê? – perguntei, meu estômago estava dando voltas. 
­ Porque ficar sozinho aqui não é fácil. 
­ Você... tem a Mary. – tentei, e ele sorriu, negando com a cabeça. 
­ Não é a mesma coisa. Ela não é você. 
­ Porque deveria ser eu? – continuei, meio perdida. Ele, que antes encarava
a grama, me olhou. 
­ Você me faz sentir que isso tudo é pra sempre. Que um dia eu não vou ter
que deixar a fazenda e ter que ir pra uma cidade desconhecida. Mas você já
deve ter seus amigos e sua vida na cidade, nem deve ligar pra isso. – falou
ele, voltando a encarar a grama. 
­  Danny.  –  eu  falei  e  ele  me  olhou,  surpreso.  –  Isso  aqui  é  o  que  eu  mais
tenho de valioso, por mais que nos últimos anos eu não tenha voltado. E na
verdade se você não estivesse aqui... não seria a mesma coisa. –falei, com
dificuldade a última frase. Ele sorriu, ainda me olhando. 
­ Pensei que você me odiasse. – disse ele rindo. 
­  É,  às  vezes.  –  assumi  e  ele  riu  mais.  –  Mas  mesmo  assim  você  é  o  meu
primo, e todas as coisas que eu passei com você vão ficar guardadas dentro
de mim, e muitas delas foram maravilhosas. 
­  Sério?  –  perguntou  ele,  surpreso  pela  minha  sensibilidade  momentânea.
Não me achem estranha, eu estava envolvida com o momento. 
­ Sim, é óbvio. Como eu vou esquecer daquela vez, ali na ponta do lago, que
eu  escorreguei  e  te  puxei  junto,  e  a  gente  caiu  na  água?  –  perguntei  e  ele
sorriu, lembrando provavelmente da cena. 
­ E depois você começou a me culpar. – disse ele e eu concordei rindo. 
­ Como sempre, a culpa era sua. – falei, ainda rindo. 
­ Hey, nem sempre a culpa era minha! – Danny exclamou se defendendo. 
­ Tudo bem, na maioria das vezes a culpa era sua. – Me rendi, e ele cerrou
os  olhos.  Comecei  a  rir  mais.  Eu,  euzinha,  rindo  com  DANNY  JONES?  Aquilo
só podia ser um sonho muito estranho. Ficamos em silêncio e o clima voltou
a ficar tenso. 
­  Er,  sua  vez  de  guiar  a  Josey.  –  disse  ele  de  repente  se  levantando,  e  eu
fiquei o olhando com cara de nada. 
­ Hm, Danny... não sei se é uma boa ideia. – murmurei, me levantando e o
olhando se aproximar de Josey. 
­  Claro  que  é.  Já  esqueceu  como  é  a  sensação  de  cavalgar  no  comando  do
cavalo?  –  perguntou  ele  sorrindo  e  eu  devolvi  um  sorriso  amarelo.  Sim,  é
ótimo  quando  não  se  tem  um  primo  caipira  perturbado  atrás  de  você  te
encoxando.  Ok,  ele  não  era  mais  perturbado  e  agora  estava  gostoso  e
cheirava  bem,  mas  ainda  assim  eu  preferia  ignorar  essa  ideia  e  deixar
passar. – Vamos lá, Mell. Josey está empolgada e sente a sua falta. 
­ Ok... – concordei meio desconfortável, parando em sua frente. 
­  Vai,  sobe.  –  encorajou  ele  pegando  na  minha  mão  e  eu  estremeci.  Hesitei
por um momento. – Você veio até aqui, o que te deu? 
­  Medo  momentâneo.  –  menti,  dando  um  sorrisinho  na  tentativa  de
convencê­lo. 
­  Não  precisa  se  preocupar,  eu  estarei  atrás  de  você.  –  disse  ele  e  eu
assenti,  subindo  meio  desajeitada  em  Josey.  Ele  subiu  logo  depois,  atrás  de
mim,  perigosamente  perto.  Eu  realmente  não  estava  me  sentindo
confortável  no  meio  das  pernas  do  meu  primo.  –  Eu  vou  iniciar  pra  você,
tudo  bem?  –  perguntou  ele  no  pé  do  me  ouvido  e  senti  os  pêlos  da  minha
nuca se arrepiarem. Não sou de ferro. 
­  Uhum.  –  murmurei  em  resposta  e  ele  pegou  as  rédeas  de  Josey  passando
os  braços  por  volta  de  mim  e  com  um  movimento  rápido  Josey  começou  a
se movimentar. 
­  Tudo  bem,  segure.  –  falou  ele,  me  dando  as  rédeas  e  eu  segurei  sem
habilidade  alguma.  Londres  com  certeza  foi  um  dos  principais  fatores  para
fazer  eu  perder  as  habilidades  no  campo.  Quando  eu  era  menor  apostava
corrida com Danny, cada um no seu cavalo, e agora eu estava ali, parecendo
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uma criança tola aprendendo a andar de bicicleta. Patético. Ou talvez o fato
de  ele  estar  atrás  de  mim  estava  me  deixando  meio  desconcertada.  Nem
percebi,  mas  estávamos  ganhando  velocidade  com  o  passar  do  tempo.  Nos
afastávamos  aos  poucos  do  lago,  a  fazenda  ainda  tinha  um  vasta  extensão.
Depois de algum tempo cavalgando uniformemente Josey me deu um susto,
e  provavelmente  em  Danny  também.  A  égua  parecia  ter  vontade  própria,  e
saltava  quando  bem  queria.  E  foi  isso  mesmo  que  aconteceu,  de  repente
Josey  deu  um  salto  fazendo  Danny  quase  voar  longe  atrás  de  mim,  se
segurando  em  minha  cintura  e  me  dando  estabilidade.  Quase  fiz  o  animal
parar quando ele tocou minha cintura onde a blusa não cobria minha pele. 
­ Wow. – soltou ele depois de se recuperar do susto. – Você está bem? 
­  Estou.  –  sibilei,  ainda  nervosa  por  Danny  continuar  tocando  minha  pele
com  suas  mãos.  Ele  pareceu  ter  percebido  que  ainda  continuava  com  as
mãos na minha cintura e tirou­as rápido, meio desconfortável. 
A  volta  para  casa  foi  totalmente  silenciosa,  nós  dois  estávamos  tensos  em
relação  ao  último  acontecimento.  Escurecia  cedo  na  fazenda,  quando
chegamos na casa o relógio marcava mais ou menos cinco horas, e o céu já
estava demasiado escuro. 

­  Aí  estão  meus  netos  favoritos!  –  ouvi  vovó  sibilar  quando  eu  e  Danny
entramos em casa. – Onde estavam? 
Vovó estava sentada em uma das poltronas da sala fazendo crochê. Ou algo
com agulhas, seja lá o que fosse. 
­ No lago, vovó. – respondeu Danny depois de dar um beijo nela. Ah, ele era
tão  carinhoso.  Droga,  porque  ele  não  podia  ter  um  defeito?  Hoje  em  dia,
CLARO. 
­ Levou Mell para um passeio na Josey? 
­ Levei, não vai demorar muito pra ela começar a cavalgar sozinha de novo!
– falou ele e eu dei um sorrisinho, ainda estava parada na porta. 
­ Mell, quer fazer o favor de entrar em casa? Parece uma estátua parada aí
na porta. 
­ Tecnicamente eu estou dentro de casa. – falei, e Danny soltou uma risada
ao entrar na cozinha. Logo ouvi a voz de tio Steve ao ver o filho. 
­  Querida...  –  começou  vovó  e  me  encarou.  Lá  vinha  coisa.  –  Como  andam
as coisas com Danny? 
­  Bem,  porquê?  –  respondi  rápido  demais.  Aquela  pergunta  me  pegou
desprevenida. 
­ Vocês não se entendiam no passado... Conseguiu perceber que ele mudou? 
­ Sim. 
­  Está  responsável,  gentil...  é  um  tesouro.  E  está  lindo!  Ah  eu  tenho  tantos
netos lindos... 
­ É. Me enganei sobre ele. Quer dizer, agora. 
­ Sabia que vocês iriam se tornar grandes amigos. 
Também não é assim. 
­ Pode crer. 
­ O quê? 
­ Nada, vovó. 
Esqueci  que  avós  não  entendem  gírias.  Se  facilitar  nem  o  Danny  entende
gírias. Ok, exagerei. 
­ Vou tomar banho. – disse Danny passando pela sala de estar e subindo as
escadas. 
­ Tudo bem, querido. O que você está fazendo comendo antes do jantar? 
­  Não  se  preocupe,  eu  vou  comer  a  comida.  –  falou  ele  ao  terminar  de
comer o que eu identifiquei como um morango. 
­ Eu sei que vai. – concordou vovó sorrindo. – Só estava fazendo meu papel
de avó. 
Danny riu e continuou subindo as escadas. 
­ Boa noite, mocinhas! 
Tia Emma entrou cheia de sacolas. Não sei do quê, da onde que Bolton tem
lojas? 
­ Boa noite minha filha, o que é isso? 
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­ Ah, nada. Apenas algumas caixas de morango. Danny me pediu pra trazer.
Espero  que  aquele  garoto  coma  isso,  se  não  eu  vou  amassar  ele  e  esses
morangos! 
Por acaso Danny tinha algum vício em morangos e eu não sabia? 
­  Seu  primo  é  viciado  em  morangos.  –  Vovó  lendo  minha  mente.  –  Aqui
perto  não  vendem  bons  morangos,  então  sua  tia  trouxe  de  longe.  Pode
comer quando quiser. 
­ Hm, obrigada. Eu vou... pro quarto. 
­ Tudo bem, desça quando eu chamar. 
­ Claro. – concordei e levantei de onde estava sentada, em um dos sofás da
sala  e  me  arrastei  (cheia  de  dores,  claro,  anos  sem  andar  à  cavalo)  até  a
escada. Incrível como aquela casa estava sempre cheia de gente. Apesar de
as crianças não estarem, os adultos faziam bastante barulho. 
O segundo andar da casa estava vazio, se não fosse pelo barulho em algum
dos  banheiros.  Logo  descobri  qual  dos  banheiros  estava  sendo  usado,  não
que eu estivesse procurando, mas eu tinha que passar por ele pra chegar no
meu  quarto.  A  porta  do  banheiro  estava  entreaberta,  e  ao  passar  olhei  de
relance algo que eu realmente não gostaria de ter visto. Ou, lá no fundo, lá
no  fundo  MESMO,  gostaria.  Danny  estava  só  de  toalha,  parado  no  meio  do
banheiro,  mexendo  nos  cabelos  molhados.  Sinceramente,  aquele  relance  de
cena foi uma das melhores da minha vida. Vamos esquecer a vergonha, por
favor.  Não  resisti  e  voltei  um  passo  pra  trás.  Ele  continuava  se  olhando  no
espelho,  seu  corpo  ainda  estava  molhado,  e  eu  fiquei  um  bom  tempo
encarando  aquela  escultura  humana.  Eu  estava  até  meio  boquiaberta,  pra
falar a verdade. Tudo bem, eu já tinha visto ele sem camisa, mas não tinha
visto  QUASE  SEM  ROUPA.  Ele  tinha  entradinhas  perfeitas,  até  as  sardas
espalhadas por praticamente todo o peito deixavam­no mais gostoso do que
já era. Ele começou a cantarolar alguma música, e eu levei um susto. Se ele
me  visse  ali  eu  estava  PERDIDA.  Mas  algo  que  eu  não  conseguia  identificar
me prendia naquela fresta da porta. 
É claro que algo tinha que dar errado. O meu celular começou a tocar. Super
alto.  Eu  pensei  em  sair  correndo  mas  não  dava,  ele  já  tinha  me  visto  ali
parada. Merda, merda, merda. Danny andou meio rindo, como sempre, até a
porta  e  a  abriu  por  completo.  Eu  tirei  o  celular  do  bolso  de  trás  da  minha
jeans. 
Era Brian. 
Praga. 
Tudo bem, eu era afim dele. Mas o momento não era adequado pro Langdon
me ligar! 
­  Alô?  –  atendi,  meio  mau­humorada  e  nervosa  por  Danny  estar  de  toalha
parado me encarando. 
­ Mell! Como está? 
­ Estou bem, e você? 
­ Ah, legal. Estou te atrapalhando? 
­ Mais ou menos. – falei entre dentes. 
­ Opa, então deixa. Te ligo amanhã. 
­ Tudo bem. Tchau. 
­ Tchau, na verdade eu só estava afim de ouvir a sua voz. 
­ Ai que fofo. Você não tem ideia de como eu estou com saudades! – Por um
momento  esqueci  Danny  semi­nu  parado  me  olhando.  Brian  tinha  esse
poder. 
­ Tenho sim. Menos que eu! 
­ Impossível! Ok, tenho que desligar. Te amo, sua praga. 
­ Te amo mais. 
Fechei  o  celular  e  levei  uns  cinco  segundos  pra  conseguir  olhar  pra  cara  do
Danny. 
­  O  que  está  fazendo  no  meio  do  corredor?  –  perguntou  ele  com  uma  cara
irônica logo que eu o olhei no rosto. 
­ Nada, eu estava indo pro meu quarto. – respondi, agora olhando o chão. 
­  Era  o  Brian?  –  perguntou  ele  e  eu  o  olhei  meio  com  raiva.  Agora  deu  pra
fiscalizar quem me ligava? 
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­ Não que seja da sua conta, mas era. – falei, o deixando parado no meio do
corredor e entrando no quarto. 
Ele e aqueles morangos idiotas. E aquele corpo irritante. E aquele sorrisinho
de triunfo. O odeio.

­ Capítulo 5 ­

Estávamos  sentados  na  sala  de  jantar,  nunca  em  silêncio,  claro.  Alguém
sempre  tinha  uma  história  do  dia  pra  contar.  Eu  só  não  havia  pegado  no
sono  ainda,  porque  estava  ocupada  mastigando.  Ainda  não  tinha  me
adaptado com o horário, e eu tinha realmente cansado durante a tarde. 
­  Querida,  se  você  quiser  pode  sair  da  fazenda  quando  quiser.  Digo,  ir  ao
centro.  –  falou  vovó  de  repente.  Eu  a  olhei  sem  expressão.  Não  costumo
fazer expressões quando estou com sono. 
­ Ah, sim. Se eu soubesse como chegar lá. 
Droga, não devia ter dito isso. Já sabia o que viria pela frente. 
­ Danny pode te levar. – sugeriu tio Steve. Danny não levantou a cabeça ao
ouvir seu nome. 
­ Alguém me ensina o caminho e eu vou sozinha. 
­ Sabe dirigir? 
­ Não. 
­  Danny  te  leva.  –  decidiu  ele  e  eu  desisti.  Não  sei  porque  tentava  fugir  da
sina.  Sempre  dependeria  de  Danny  naquele  lugar,  não  importa  o  que  eu
fosse fazer. Daqui a pouco Danny vai estar me alimentando e me vestindo. 
­  Vocês  estavam  falando  sério  sobre  aquela  história  de  eu  alimentar  os
porcos amanhã? – perguntei, temendo a resposta. 
­ Por mim, não. Mas seu pai faz questão que alguém – A.K.A Danny, só pra
constar – lhe ensine a fazer a maioria das coisas na fazenda. Sim, querida. 
Olhei automaticamente para meu tio Steve, mas ele apenas fez uma cara de
“não há nada que se possa fazer” e voltou a comer. ÓTIMO. 
­  Em  uma  semana  você  estará  acordando  com  o  galo  cantando!  Cinco  da
manhã! – disse meu tio Steve com o máximo de sotaque caipira e eu encarei
o nada, sem saída. 

Acordei  naquela  manhã  de  segunda­feira  com  a  luz  do  sol  batendo  no  meu
rosto e um cheiro insuportável de terra. Abri os olhos com dificuldade, como
sempre, e vi a silhueta de um ser que não poderia ser a minha avó por cima
de mim, esticado, abrindo minhas janelas. Dei um pulo, me cobrindo com as
cobertas. 
­  O  QUE  VOCÊ  ESTÁ  FAZENDO  NO  MEU  QUARTO?  –  berrei,  encarando  um
Danny sujo de terra se esforçando para abrir a janela que ficava em cima de
minha cama. – ESTÁ SUJANDO TUDO, SEU JARDINEIRO CAIPIRA! 
­ Vovó me mandou te acordar, pode ter certeza que por mim eu não estaria
aqui. Tenho muita coisa pra fazer. 
­  Você  deixou  um  rastro  de  terra  no  chão!  O  que  está  fazendo?  Rolando  na
terra? – perguntei, quando ele finalmente conseguiu abrir a droga da janela. 
­ Replantando o jardim. Será um favor se você limpar o chão, pelo menos do
seu quarto. 
­  DANNY!  DÁ  PRA  VOCÊ  SAIR  DAQUI?  EU  ESTOU  HORRÍVEL!  Droga.  Pára  de
falar comigo. – berrei, meio atacada, tapando a cabeça com as cobertas. 
­  Não  se  preocupe,  você  continua  bonita  mesmo  depois  de  acordar.  –  ouvi
ele falar simplesmente. Corei, sorte que ele não viu. – Se voltar a dormir eu
vou te arrancar daí. Mell, está me ouvindo? 
­ Não. – resmunguei com raiva. Eu não tinha paciência alguma ao acordar. –
Sai daqui, seu abominável. 
­ Você é MUITO dramática. Nunca vi garota mais dramática. 
­ ENTÃO PEÇA PRA MARY LIMPAR O CHÃO! 
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­  Seria  bem  indelicado  da  minha  parte  pedir  pra  ela  limpar  o  chão  do  seu
quarto. 
­ Então acorde ela. Aposto que ela vai ser super legal com você e ainda vai
plantar batatas junto. 
­  Tudo  bem,  chega  de  palhaçada.  –  ouvi  ele  falar,  um  pouco  mais  alterado.
De repente as cobertas desapareceram e eu já não estava mais na cama. 
­  ME  SOLTAAAAAA!!!!!  –  gritei  com  tudo,  eu  estava  praticamente  de  cabeça
pra  baixo  no  seu  colo.  Mas  que  droga  esse  garoto.  –  VOVÓÓÓ,
SOCORROOOO! 
­ Vovó não está em casa, saiu com vovô. Estamos sozinhos. 
­ O QUE VOCÊ VAI FAZER? 
­ Te acordar. 
­ DANNY, ME SOLTA. ESTOU FALANDO SÉRIO. EU TE MATO! 
­  Estou  na  vantagem.  –  disse  ele  meio  rindo.  Grrr.  Eu  não  conseguia  ver
muita coisa, apenas o chão e a bunda dele. Sim, eu estava nessa posição. 
­ DANIEL, ESTOU QUASE SEM ROUPAS! SEU TARADO! 
­  Eu  realmente  não  me  importo  e  não  tenho  interesses  pelos  quais  sua
cabeça deve estar fantasiando agora. 
­ FANTASIANDO? VOCÊ AINDA É HOMEM! 
Em  menos  de  um  segundo  estávamos  do  lado  de  fora  da  casa.  O  que  ele  ia
fazer  comigo  eu  não  tinha  ideia,  mas  eu  estava  sentindo  que  não  era  nada
bom. 
­ PODE ME SOLTAR AGORA? JÁ ME INFERNIZOU O BASTANTE! 
­ Só mais um pouco. 
­  AAAAAH!  VÁ  FAZER  SUAS  TAREFAS  DE  CAIPIRA  E  ME  DEIXE  EM  PAZ!  EU
NEM QUERIA ESTAR AQUI PRA COMEÇO DE CONVERSA. 
­ Eu sei, por isso mesmo. Você está precisando de um choque de realidade.
–  disse  ele  e  me  soltou.  Senti  a  grama  nos  meus  pés  e  por  um  momento
Danny sumiu. 
­ Onde você está, seu imbecil? 
Não  tive  tempo  de  imaginar  ou  ouvir  uma  resposta,  porque  a  água  gelada
quase me matou. 
­ EU SABIA QUE VOCÊ NÃO TINHA MUDADO PORCARIA NENHUMA! CONTINUA
O  MESMO  PESTE  DOS  INFERNOS!  –  gritei  com  todas  as  forças,  e  mesmo
assim  ele  continuou  com  a  mangueira  no  meu  corpo.  Estava  sério.  O
conjunto que eu estava usando era branco, ele iria pagar por isso. 
­ Aposto que agora você nunca mais vai hesitar e vai levantar quando eu te
chamar.  –  disse  ele  simplesmente  e  desligou  a  água.  Eu  fiquei  parada  o
olhando com raiva por dez segundos. O cachorro da casa participava, latindo
freneticamente. 
­ Seu... OGRO! – gritei, e corri na direção dele planejando estapear sua cara
ou  algo  do  tipo.  Mas  o  problema  foi  que  eu  escorreguei  quando  estava  a
meio metro do garoto e dei de cara com ele, de modo que nossos corpos se
chocaram  ao  ponto  de  DOER,  e  fomos  parar  no  chão.  –  Você  continua  o
mesmo caipira ridículo de sempre! 
­  E  você  a  mesma  patricinha  mimada  de  sempre.  –  devolveu  ele,  embaixo
de mim. 
­ Como se você entendesse o que é ser uma patricinha! 
­ Não é difícil, é só olhar pra você. 
­  VOCÊ  REALMENTE  NÃO  SABE  COMO  TRATAR  UMA  GAROTA!  Devia  ser  mais
sociável e aprender como! 
­ Você não é uma garota... É a minha prima. É bem diferente. 
­ AAAAAAAAAAAAAH! EU TE ODEIO, SEU SELVAGEM! 
Levantei com raiva de cima dele e sai andando sem olhar pra trás. 
­ A propósito... bela lingerie! – gritou ele e eu quase escorreguei. 
­ DEPOIS VEM DIZER QUE NÃO É TARADO! SEU IMBECIL! 
Danny  ria  da  minha  cara  como  se  aquilo  fosse  a  piada  mais  engraçada  do
mundo. Eu iria lhe mostrar a piada, a se ia. 
Entrei  na  casa  molhando  e  sujando  tudo  de  terra,  não  estava  nem  aí.  Corri
pro  banheiro  e  entrei  embaixo  do  chuveiro.  Que  garoto  idiota.  Ou  melhor,
aquilo  não  era  um  garoto,  era  um  monstro.  Ah,  como  eu  sentia  falta  de
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Brian, me tratando bem... Por quê? Por que eu? Agora ele devia estar lá com
milhões  de  loiras  lindas  em  volta  dele  e  eu  aqui  presa  nessa  roça  com  um
caipira que nem sabe como tratar uma moça, da onde ele tirou que pode me
molhar assim, do nada? Ah, ele vai ver uma coisa. Saí do banheiro enrolada
em qualquer toalha que encontrei, e dei de cara com Danny no corredor. 
­ Droga! – berrei, ajeitando melhor a toalha para me tapar o melhor possível
dele. Ele me olhou com aquela cara irônica idiota. – Que foi? Sua besta. 
­ Por que está usando a minha toalha? – perguntou ele me olhando de cima
a baixo. Dei um grito que o fez se encolher. 
­ MAS QUE MERDA! – berrei, entrando no meu quarto e batendo a porta logo
em  seguida,  na  cara  dele,  que  ria.  Eu  não  ia  suportar  aquilo  por  mais
nenhum dia. Arranquei a toalha e taquei longe, procurando minhas roupas de
baixo. Antes, corri pra trancar a porta. Só podia ser carma, o que eu fiz pra
merecer isso? A toalha... dele. EEW! 
Coloquei  um  short  jeans  e  qualquer  camiseta,  não  estava  com  paciência
alguma  pra  escolher  roupa.  Saí  do  quarto  e  ouvi  uma  música  vindo  do
primeiro  andar.  Duas  vozes.  Eu  já  sabia  o  que  viria  pela  frente,  desci  as
escadas desejando que não fosse o que eu estava pensando. Imagina se não
era. 
A  porta  da  frente  estava  aberta  e  na  varanda,  sentados  no  mesmo  lugar
onde  eu  conversei  com  o  abominável  pela  primeira  vez,  estava  o  próprio  e
uma garota loira. Os dois com violões. 

Our song is the slamming screen door, 
Sneakin' out late, tapping on your window, 
When we're on the phone and you talk real slow, 
Cause it's late and your mama don't know, 
Our song is the way you laugh, 
The first date, man, I didn't kiss her and I should have, 
And when I got home... before I said amen, 
Asking God if he could play it again. 

Fiquei  encarando  o  casal  ternura  incrédula,  até  porque  a  garota  cantava


muito  bem.  Para  o  meu  desgosto,  ou  não,  os  dois  faziam  um  belo  par.  Os
dois  pareciam  irritantemente  felizes  juntos,  como  se  aquilo  fosse  a  coisa
mais divertida que tivesse pra fazer. Suspeito que seja mesmo. Terminaram
de  tocar  e  eu  pigarreei,  parada  na  porta  encostada  no  batente.  Os  dois  se
viraram assustados. 
­  Ah,  você  estava  aí.  –  resmungou  Danny  como  se  o  fato  de  eu  estar  ali
fosse um saco. Como se atreve? 
­ É, eu estava. – falei, estreitando os olhos pra ele. 
­ Bom, essa é a Mary. Mary, essa é a minha querida prima Mell. – disse ele
depositando uma bela ironia na palavra “querida”. A garota sorriu simpática.
Seu  cabelos  loiros  eram  cacheados  e  os  olhos  azuis,  era  realmente  muito
bonita, não que eu fosse assumir na frente de Danny algum dia. 
­ Oi! Danny fala muito de você. – disse ela, largando o violão, levantando e
me  dando  dois  beijos.  Agora  Danny  sorria  convencido,  provavelmente  me
jogando  mentalmente  na  cara  que  a  garota  era  mais  educada  e  simpática
que eu. Foda­se, não estou nem aí. 
­  Ah,  é?  Bem  ou  mal?  –  perguntei,  encarando  Danny  com  raiva.  Ele  ainda
tinha aquele sorriso irritante no rosto. 
­ Uhm, bem... – disse ela mantendo o sorriso simpático. Eu assenti forçando
o meu melhor sorriso. 
­  O  que  estavam  tocando?  –  perguntei  tentando  não  transmitir  desconforto
na frente do caipira. 
­  Uma  música  que  escrevemos!  O  que  achou?  –  respondeu  ela  parecendo
empolgada. 
­ Muito boa, você canta e toca bem. – falei, encarando Danny com raiva mas
falando para Mary. 
­  Ah,  obrigada!  Muito  gentil  da  sua  parte,  mas  Danny  também  é  bom.  Ele  é
melhor que eu, na verdade. 
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­  Que  isso!  Você  dá  de  dez  a  zero  nele.  –  rebati,  sorrindo  para  ela.  Senti  o
sorriso de Danny desaparecer. 
­ Obrigado pela parte que me toca. – resmungou Danny se levantando. Mary
o olhou sem entender e eu sorri. 
­ De nada, quando quiser... – retruquei, sorrindo para ele. Ele semicerrou os
olhos na minha direção. 
­  Ótimo.  Vamos  Mary,  quero  te  mostrar  uma  coisa.  –  falou  ele  com  raiva
puxando a mão da garota e saindo pro jardim. Ela me olhou como se pedisse
desculpas,  e  eu  sorri  falsamente  para  ela.  Que  garota  idiota.  Perfeita  pro
Danny,  ingênua  e  boazinha.  Nem  deve  perceber  o  garoto  repugnante  com
quem  fica  tocando  musiquinhas  românticas.  Bufei,  enraivada,  e  sentei  onde
eles  estavam  há  alguns  segundos.  Teria  que  suportar  aquele  amor  todo  por
mais três meses. Encarei os violões e peguei um. Fiquei olhando pras cordas
por um momento, tentando lembrar o que Brian havia me ensinado. Comecei
a  tocar  a  primeira  música  que  veio  na  minha  cabeça,  acho  que  perfeita  pro
momento. 

If I'm a bad person, you don't like me 
I guess I'll make my own way 
It's a circle a mean cycle 
I can't excite you anymore 
Where's your gavel? Your jury? 
What's my offense this time? 
You're not a judge but if you're gonna judge me 
Well, sentence me to another life. 

Na  verdade  eu  não  era  ruim,  era  muito  boa.  Só  não  sabia  se  estava
cantando  bem,  quem  sou  eu  pra  me  julgar.  Eu  poderia  ser  melhor  que
aquela Mary? Não que eu me preocupe com isso. E nossos estilos de música
eram  muito  diferentes,  enquanto  eu  tocava  rock  os  dois  ficavam  tocando
essas  músicas  country  nada  a  ver.  Terminei  de  tocar  e  levei  um  susto  com
Danny parado na minha frente. Qual era a desse garoto? 
­  Ao  contrário  de  você,  não  vejo  problema  nenhum  em  te  falar  que  você  é
ótima. 
­ Onde está Mary? 
­ Está revirando a dispensa, procurando alguma coisa que eu não faço ideia.
Acho que você deveria tocar na quermesse. 
­ Está maluco? Nunca. Minha voz é um lixo. 
­ Lixo? Lixo? Acabei de ouvir a primeira garota que é melhor que a Mary. 
­ Pff, não sou melhor que a Mary. Pare de me elogiar, eu te odeio, você me
molhou. 
Danny riu, descontraído. Imbecil. 
­ Desculpe então, você é um lixo. 
­ Melhor assim. 
­ Você é muito estranha. 
O olhei séria. 
­  Você  jura  que  é  super  normal,  né?  Fala  sério  você  não  deve  nem  saber
mexer num iPhone. Se é que você sabe o que é um. 
­ Pra sua informação, sim, eu sei o que é um iPhone, e não, eu não tenho e
nem  sei  mexer  porque  ao  contrário  de  você  eu  não  passo  o  dia
vagabundeando, eu tenho coisas pra fazer aqui. 
­ VAGABUNDEANDO? Quem você pensa que é pra falar assim de mim? 
­  Com  certeza  eu  sei  o  que  eu  não  sou.  Não  sou  igual  a  você  que  não
respeita as pessoas e se acha melhor que todo mundo. 
­ Eu acabei de elogiar a Mary! 
­ Pra me incomodar. 
­  Você  costuma  ser  convencido  assim  o  tempo  inteiro?  Quer  dizer,  sabe
Danny, eu não passo o dia pensando em você. 
­ Bom saber que eu não passo muito tempo nesse seu cérebro de minhoca. 
­ O QUÊ? Eu não acredito que eu ouvi isso de um caipira. Você só pode estar
brincando. 
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­ Esse é o seu problema, não leva nada a sério, sempre me subestimando e
achando que eu não sei nada. O fato de eu ser caipira não me impede de ser
uma boa pessoa. 
­ Claro que não, o problema é que você NÃO É uma boa pessoa, nunca foi e
nunca vai ser! Só eu consigo ver essas suas duas caras? 
­ Meu Deus Mell do que você está falando? Eu sou assim! 
­ É, eu sei. Um ogro. 
­ Você está tentando fazer cena? Porque eu não tenho paciência pra isso! 
­ Vou te mostrar a cena... 
Não pude finalizar minha frase, Mary surgiu na nossa frente como se tivesse
aparatado (não duvido nada) e nos encarava com uma expressão assustada. 
­ O que houve? – perguntou ela fingindo um desespero por ver duas pessoas
brigando. Vou dar na cara dela. 
­ Minha prima tem problemas mentais. – respondeu Danny. 
­  Dá  pra  você  falar  pro  Daniel  pra  ele  crescer?  –  perguntei  para  Mary  que
agora estava sem expressão no rosto. 
­ Hm, Danny ela pediu pra eu... 
­ Fala pra ela calar a boca. 
­ Tá, Mell ele... 
­ Diz pro Danny que ele é um porco. 
­ Danny você é... 
­ Diz pra ela que... 
­ CHEGA! Qual o problema de vocês dois? Nossa, se acalmem. 
Nos  encaramos  com  raiva.  Abominável,  nem  sabe  discutir.  Idiota,  idiota,
idiota.  Danny  passou  reto  por  mim  entrando  na  casa  e  Mary  foi  atrás.  Rolei
os  olhos  e  me  levantei,  me  afastando  o  máximo  possível  daquelas  criaturas
do mato.

­ Capítulo 6 ­

Estou  oficialmente  quase  vomitando.  Aqueles  dois  passaram  a  tarde  inteira


enchendo  o  saco,  cheios  de  amores  pra  lá  e  pra  cá,  e  com  vovó  achando
tudo  muito  fofo  aí  sim  foi  a  deixa  pro  amor  dos  dois.  Tenho  vontade  de  dar
na cara da Mary, afundar ela no chiqueiro e estragar aquele cabelo irritante
dela.  Não  vou  suportar  três  meses  dessa  merda,  quero  voltar  pra  Londres.
Além  de  não  ter  UM  Mc  Donald’s  por  aqui,  que  eu  saiba.  Nem  Starbucks.
Nem  qualquer  coisa  que  não  seja  comida  fabricada  de  subsistência.  É  um
absurdo  colocarem  uma  pessoa  como  eu,  que  estudo  moda  numa  das
capitais mais modernas do mundo, num lugar desses, é como se tudo que eu
aprendi  até  agora  fosse  jogado  no  lixo,  isso  aqui  é  tudo  tão  bruto  e  blergh
que  passa  por  cima  da  sofisticação.  Queria  ver  o  Danny  no  meu  lugar,  em
Londres, no meio da moda e da civilização, ele sim merece e PRECISA disso.
Caipira idiota, grosso, idiota, ignorante, idiota. Idiota. 

A  brisa  fresca  acariciava  o  meu  rosto,  enquanto  a  única  coisa  que  eu  podia
ouvir  era  o  som  dos  grilos.  Pelo  menos  a  noite  nesse  lugar  é  calma.  Estava
sentada  nas  escadas  da  varanda,  com  os  olhos  na  escuridão  que  se  iniciava
onde  a  luz  do  hall  terminava.  O  cachorro  de  Danny  estava  atirado  nas
proximidades,  um  pouco  afastado  de  mim  e  de  vez  em  quando  se  mexia
desconfortável por causa dos mosquitos e outros insetos que pousavam nele.
­  Acho  que  sei  de  uma  coisa  que  pode  te  animar.  –  ouvi  a  voz  de  Danny
invadir a varanda, me tirando dos meus devaneios (lê­se resmungos). 
­ Não preciso da sua ajuda pra me animar, estou ótima. – resmunguei, sem
o olhar. 
­ Tem certeza? 
­  Como  se  você  soubesse  como  animar  alguém!  Ah,  que  tal  irmos  tirar  os
ovos  da  galinha  agora?  Aposto  que  isso  vai  te  animar!  Danny  grunhiu  atrás
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de mim e eu sorri. 
­ Então eu vou sozinho, fique aí amargurada. 
Me virei devagar para olhá­lo. Ele estava lindo. Que droga era aquela? 
­ Onde vai? 
Ele sorriu, convencido. Odeio ele. 
­ Vou em uma festa. 
O  encarei  por  alguns  segundos  e  depois  comecei  a  rir.  Não  estava  me
fazendo,  eu  realmente  achei  engraçado,  e  a  intensidade  da  risada  foi
aumentando com o passar dos segundos. 
­ Bom, se você acha tão engraçado então eu vou indo. 
­  Ah,  fala  sério  Danny!  Uma  festa?  Em  Bolton?  Você  está  tirando  com  a
minha cara? 
­ Eu não iria me arrumar só pra tirar com a sua cara, não me prestaria. Mas
pra  sua  informação  Bolton  é  uma  cidade,  e  não  somos  os  únicos
adolescentes.  Eu  tenho  amigos  como  você  tem  os  seus,  e  vou  em  festas
assim  como  você  vai.  São  exatamente  iguais  as  suas.  Abra  sua  cabeça
fechada e sedentária pelo menos uma vez na vida. 
­ Eu? Sedentária? Acho que você trocou as coisas por aqui. 
­ Tudo bem, como quiser. Eu vou indo. 
­ Espera! Onde é? 
­ Na casa de um amigo meu. 
­ É longe? 
­  Mais  ou  menos.  Olha  Mell,  se  você  for  comigo  não  tem  problema,  eu  vou
cuidar de você. 
­ Há, tá bom. Então prepara a minha lancheira, porque eu vou junto. Espero
que  valha  a  pena.  –  falei,  levantando  e  passando  reto  por  ele,  sentindo
aquele maldito perfume maravilhoso. 
­ Não demore. 
Não  respondi,  subi  as  escadas  correndo.  Eu  tinha  alguma  roupa  de  festa?
Bom,  tanto  faz,  aposto  que  ninguém  se  arruma  pras  festas  daqui.  Vai  todo
mundo vestido de lenhador. De qualquer forma, eu tinha que mostrar minha
diferença, sou uma garota de Londres! Bom, o que eu ia fazer? Eu não tinha
nenhum  vestido  e  todas  as  minhas  roupas  eram  de  dia­a­dia.  Foi  quando
lembrei do vestido horroroso. Eu já tinha pensado em dar uma transformada
nele,  mas  não  em  Bolton,  esperaria  voltar  pra  casa  para  não  magoar  a
minha  tia.  Mas  não  tinha  jeito,  eu  teria  que  fazer  agora.  Peguei  o  vestido
preto  de  mangas  compridas  que  ia  até  os  meus  joelhos,  fazendo  algumas
medidas  superficiais.  Eu  não  tinha  muito  tempo,  Danny  ia  começar  a  ter  os
ataques  ogros  dele.  Abri  a  gaveta  da  escrivaninha,  torcendo  para  que
houvesse uma tesoura ali, e por sorte tinha. Tirei o comprimento do vestido,
cortando  uns  bons  dez  dedos.  Como  ele  era  junto  no  corpo,  arrisquei  cortar
em  tomara­que­caia.  Se  desse  errado  eu  estava  ferrada.  Mas  deu  certo,
graças  à  Deus.  Ficou  tão  bom  que  eu  me  orgulhei  de  ter  me  dedicado  tanto
na  faculdade.  Eu  não  estava  tão  ferrada  agora,  porque  ao  menos  eu  tinha  o
sapato.  Não  sei  o  que  me  deu  de  levar  sapato  de  salto  pra  roça,  mas  eu
levei  e  afinal  agora  estava  sendo  útil.  Corri  pro  banheiro  e  me  maquiei  o
mais rápido possível, minhas habilidades nesse quesito também facilitaram. 
Peguei  meu  celular  e  minha  carteira  de  identidade  e  desci  até  o  primeiro
andar.  Danny  estava  sentado  no  sofá  olhando  o  nada.  Quando  me  viu
pareceu ter levado um soco na cara. Parece que o caipira também tem seus
probleminhas  em  resistir  à  primas.  Agora  ele  ia  pagar  por  toda  aquela
palhaçada de me seduzir sem camisa! 
­  Eu...  er...  como...  –  gemeu  ele  me  encarando  de  cima  a  baixo.  Sorri
vitoriosa. 
­  Ser  uma  garota  fútil  da  cidade  tem  suas  vantagens.  Vamos?  –  falei,  e  ele
demorou  um  tempo  pra  processar  a  minha  frase.  Quando  percebeu,  se
levantou  desconcertado.  –  Ah,  leva  pra  mim.  –  completei,  me  aproximando
dele  e  colocando  eu  mesma  no  bolso  de  trás  da  sua  calça  jeans  meus
pertences. Senti a tensão no seu corpo com a minha aproximação repentina.
Estávamos  a  centímetros,  eu  sorria  irônica  pra  ele.  Ajeitei  a  gola  de  sua
camisa  o  provocando  e  ele  engoliu  em  seco.  –  Até  que  você  está  bonitinho
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hoje. 
Dei meia volta e saí da sala. Danny demorou um tempo pra ir atrás de mim.
Naquele  momento  eu  estava  agradecendo  aos  céus  pelas  minhas  curvas,
porque  se  ele  tinha  as  dele  eu  também  tinha  as  minhas,  muito  obrigada.
Entramos  na  caminhonete,  que  nem  era  dele,  era  do  tio  Steve,  e  por  um
momento pensei se ele iria beber. Depois ri. Ele nem deve ter bebido álcool
ainda. 

Chegamos na casa em questão, na verdade Bolton era até grande para uma
cidade de interior. 
­  Jones!  Estávamos  guardando  uma  garrafa  pra  você.  –  falou  o  garoto  que
abriu  a  porta  da  casa.  Estava  agitado  lá  dentro.  Será  possível?  Era  mesmo
uma  festa?  Tocando  músicas  decentes?  O  garoto  me  encarou  assustado,
depois olhou para Danny esperando uma explicação. 
­ Minha prima Mell. Mell, esse é o Justin, meu amigo que está dando a festa.
–  disse  Danny  sem  ânimo,  encarando  Justin  com  certa  atenção,  por  ter  se
formado um sorriso esperto nele quando me cumprimentou. 
­ Muito bem vinda a minha festa, Mell. Você não me falou que sua prima era
tão  bonita,  Danny.  –  disse  Justin,  dando  espaço  para  entrarmos.  Danny  o
encarou sem expressão. 
­ Não passou pela minha cabeça comentar isso com você, Justin. – falou ele
sério. 
­  Nossa!  Já  vi  que  você  vai  ficar  guardando  o  caixão  a  noite  inteira.  Bom,
aproveitem. – disse o garoto se afastando. 
­ Mary não está aqui? – perguntei, o fazendo pular repentinamente. 
­  Ahn,  quem?  Ah,  não  sei,  deve  estar.  –  falou  ele  sem  dar  muita
importância. Ele estava fazendo pouco caso da Mary? Ah, o que uma falta de
roupa  na  prima  não  faz!  ­  Quer  beber  alguma  coisa?  Eu  não  vou  beber,
temos que voltar. 
­  Ah,  tá  brincando?  Veio  até  aqui  pra  ficar  zerado?  Vamos  Danny,  me
acompanha.  –  falei,  o  puxando  pela  mão  até  onde  provavelmente  era  o  bar
improvisado  daquela  festa.  Pedi  duas  latas  de  cerveja  e  entreguei  uma  à
Danny. 
­  É  estranho  ver  você  tão...  saliente.  –  disse  ele  de  repente,  ao  abrir  a
latinha. 
­ O quê? – perguntei rindo. 
­ Assim, bebendo. Você costumava ser mais ingênua. 
­  Eu  sou  ingênua!  O  que  você  pensa  que  eu  faço,  Daniel?  Saio  dando  pra
todo mundo? 
­ Não, não foi isso que eu quis... 
­  Ah,  eu  amo  essa  música!  Vem!  –  falei,  o  interrompendo,  e  o  puxando  pro
meio  da  sala,  onde  já  estava  apinhado  de  gente  desconhecida.  Deduzi  que
Danny  não  saberia  dançar,  afinal  era  o  Danny.  Mas  eu  estava  enganada,
quando  começamos  a  nos  mexer  ele  pareceu  experiente.  Ou  alguém  que
fazia  isso  freqüentemente.  Na  verdade  eu  estava  numa  situação­teste,
queria ver como era Danny num ambiente social e como se comportava. Ele
estava  evitando  me  olhar,  o  que  eu  julguei  como  uma  forma  de  resistir,  eu
podia  sentir  sua  mão  formigando  pra  me  tocar.  Quem  visse  iria  pensar
besteiras,  afinal  éramos  primos.  E  não  ia  passar  disso!  Espero  eu.  Chegou
um  momento  que,  deduzi  de  uma  forma  bêbada,  Danny  não  resistiu  a
empolgação  da  voz  da  Ke$ha  e  me  puxou  para  perto  de  si.  Olha,  estamos
conseguindo  alguma  coisa!  Ele  estava  quente  e  suado,  não  muito  diferente
de  mim,  o  lugar  era  um  inferno  e  toda  aquela  gente  em  volta  não  ajudava.
Fazia um tempo que eu não freqüentava um ambiente assim, nem lembrava
como  era  bom.  Então,  voltando  ao  caso  Danny  abrindo  as  asinhas,  confesso
que  levei  um  susto  quando  meu  primo  me  puxou,  eu  estava  distraída
observando  um  garoto  se  entupir  de  vodca.  Seu  braço  deu  a  volta  completa
em  minha  cintura,  só  pra  deixar  clara  a  distância  quase  inexistente  dos
nossos  corpos.  Encarei  seus  olhos  a  centímetros  e  sorri,  ele  fez  o  mesmo.
Joguei meus braços em volta de seu pescoço, ainda segurando minha quinta
latinha  de  cerveja.  Naquele  momento  estava  visível  o  meu  descontrole  de
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sanidade.  Nunca  eu  faria  isso  com  o  abominável,  aquelas  cervejinhas


danadas. Danny também estava escravo do álcool, fato comprovado quando,
pra  completar,  colocou  uma  de  suas  mãos  na  minha  coxa.  Bom,  não  tinha
ninguém ali pra falar algo como “vocês são primos!” então eu mandei o juízo
à  merda  e  grudei  meus  lábios  em  seu  pescoço.  Senti  Danny  se  arrepiar  a
cada  beijo  que  eu  depositava  ali,  e  a  única  desculpa  que  eu  me  dava  para
explicar aquela situação era o nosso carinho fraternal. Algumas pessoas nos
olhavam, franzindo o cenho, provavelmente já estavam sabendo da situação
e do parentesco, tenho que agradecer ao tal do Justin depois. Fala sério, eu
estava  beijando  o  pescoço  do  abominável  menino  da  roça!  Ignorando  a
análise  da  situação,  agora  Danny  encarava  minha  boca  descaradamente,  já
que  eu  tinha  parado  de  beijar  seu  pescoço.  Estávamos  tão  próximos  que  eu
sentia  sua  respiração  na  minha  boca.  Sorri  (sabe­se  lá  porque)  e  ele  fez  o
mesmo, e de repente me deu um selinho. Se não fosse a bebida eu estaria o
espancando  naquele  exato  momento,  mas  eu  fiz  o  contrário,  devolvi  o  beijo
com  o  dobro  do  tempo.  Quando  fiz  menção  de  ir  pra  trás,  ele  segurou  a
minha  nuca  e  grudou  nossos  lábios  definitivamente.  Uma  corrente  elétrica
percorreu  meu  corpo  inteiro  quando  nossas  línguas  se  encontraram,  aquilo
era tão estranho e na mesma medida tão bom e proibido que eu nem pensei
em parar. Danny apertou minha coxa aumentando meu tesão, caipira idiota!
Era a minha vez de brincar, coloquei minhas mãos por baixo da camisa dele,
sem  parar  o  beijo,  e  comecei  a  acariciar  seu  tanquinho  nada  bom  e  lindo.
Gostou, é, seu ogro? Danny gemeu com o meu toque, me fazendo rir, ainda
sem  partir  o  beijo.  Ele  mordeu  meu  lábio  inferior  com  tanta  força  que  ficou
latejando depois de aliviar. Odeio admitir mas até o lábio latejando me dava
mais  vontade.  Estávamos  concentrados  no  beijo,  ele  estava  descendo  sua
outra mão da minha cintura quando de repente se separa de mim. O que eu
fiz?  Ele  tirou  alguma  coisa  do  bolso  de  trás,  já  estava  até  achando  que  era
camisinha,  mas  era  o  meu  celular  vibrando.  Cacete!  Que  hora  imbecil  pra
me  ligarem!  Ele  fez  sinal  para  sairmos  do  meio  da  muvuca  pro  jardim  da
casa, e eu o segui. Quando saímos, poucas pessoas se encontravam do lado
de fora. Ele me entregou o celular e eu o abri com raiva, sem ver quem era.
­ ALÔ? – berrei sem paciência. 
­ Mell? Nossa, eu devo ter te acordado mesmo! 
A  voz  de  Brian  invadiu  meu  cérebro  e  eu  voltei  pro  planeta  Terra.  Que
garoto filho da mãe, interrompeu a melhor coisa que estava me acontecendo
em semanas! 
­  Na  verdade  eu  não  estou  em  casa.  –  respondi  entre  dentes.  Ele  ia  pagar
por aquilo. 
­ Onde você está numa hora dessas? E essa música? 
­ Estou em uma festa com o Danny. – falei, sem muitos rodeios. E eu estava
mesmo, grande coisa. 
­ Festa? FESTA? Em Bolton? Você está com o seu primo em uma festa? 
­ É, Brian, qual o problema? 
­ Nenhum, é que você odeia ele, não pensei que fosse sair com ele. 
­ É mas não tinha nada pra fazer e ele estava vindo, então eu vim junto. 
­ E está boa pelo menos? 
­  Não  poderia  estar  melhor.  –  respondi,  dando  uma  olhada  em  Danny  que
estava encostado na parede da casa. 
­ É? Nem se eu estivesse aí? 
­  Langdon,  para  de  besteira.  Vai  dormir,  ou  seja  lá  o  que  você  estava
fazendo antes de me ligar. 
­ Ah! Que grossa, eu devo ter interrompido alguma coisa quente por aí né? 
­ Na verdade, sim. 
­ QUEM VOCÊ ESTAVA BEIJANDO? 
­ Tchau, Brian. 
­ MELL! 
Fechei  o  celular  ainda  tremendo  de  raiva,  ele  agora  tinha  dado  pra  me
controlar  do  outro  lado  do  oceano!  Por  favor  né.  Voltei  a  me  aproximar  de
Danny  que  agora  nem  parecia  mais  o  mesmo  selvagem  de  antes,  estava
sereno  olhando  para  a  grama  na  sua  frente.  Lhe  entreguei  o  celular  e  ele
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guardou de volta no bolso. 
­  Não  pergunte.  –  murmurei,  sem  o  olhar  nos  olhos.  Ele  concordou  com  a
cabeça,  também  sem  me  olhar.  Ficamos  um  tempo  parados,  sem  saber  o
que fazer. É isso que dá beijar o primo! 
­  Hm,  sobre  antes...  –  começou  ele,  agora  me  olhando.  Sua  boca  estava
vermelha. 
­  É  melhor  não  comentar.  –  falei,  o  olhando.  Ele  tinha  uma  mancha
desconhecida  na  bochecha,  então  eu  estiquei  minha  mão  e  limpei  com
delicadeza,  o  deixando  um  pouco  surpreso.  Ele  segurou  a  minha  mão  e  me
empurrou devagar contra a parede onde estava encostado. Lá vamos nós de
novo.  Agarrei  com  vontade  seus  cabelos  da  nuca  e  o  puxei  para  perto,
grudando nossos lábios novamente. Parece que a dinâmica estava mudando,
de fato. 

Impressionante.  Acredito  que  esta  seja  a  melhor  palavra  para  descrever  o


que estava acontecendo. Quer dizer, eu nunca me imaginaria fazendo aquilo
com  ele.  Poderia  ser  qualquer  cara,  qualquer.  Mas  o  Danny  não.  E  incrível
como  o  impossível  se  torna  totalmente  possível  e  viável,  apenas  por  um
momento.  Porque  eu  sabia  que  no  dia  seguinte  eu  iria  me  matar.  Me  jogar
no chiqueiro quando voltasse a sobriedade. 
Ficamos  nos  agarrando  loucamente  do  lado  de  fora  da  casa  por  mais  ou
menos uns cinco minutos, e por mais frio que estivesse naquela noite, beijá­
lo me dava a sensação de um sol escaldante. 
Danny  parou  de  me  beijar  de  repente,  me  deixando  até  assustada  e  sem
fôlego. 
­  Não  está  com  frio?  –  perguntou  ele,  ainda  me  abraçando  pela  cintura.
Cara,  que  situação  estranha.  Mas  de  alguma  forma,  bem  lá  no  fundo,  eu
estava gostando. Difícil assumir assim verbalmente. 
E que pergunta desnecessária, impossível ele não ter percebido o meu calor
corporal. 
­  Não  muito.  –  respondi  meio  tensa,  quer  dizer,  eu  estava  abraçada  com  o
meu primo. 
­ Quer entrar? 
­  Pode  ser.  –  concordei,  não  sei  porque,  mas  ficar  sozinha  com  ele  estava
me  fazendo  perceber  o  quão  estranho  estava  sendo  tudo  aquilo  e  eu
precisava mergulhar de volta no álcool se eu fosse continuar com aquilo até
o final. 
Ele  me  soltou  e  pegando  a  minha  mão  me  puxou  pra  dentro  da  casa
novamente,  pela  porta  de  vidro.  A  quantidade  de  gente  não  tinha  mudado,
estavam todos pulando que nem loucos no meio da sala ao som de 3OH!3. 
­  Preciso  beber.  –  falei  no  ouvido  dele  sem  vergonha  alguma,  vergonha  na
cara era o que eu menos tive até agora, o resto é detalhe. 
­ Me espere naquele sofá. – disse ele e eu concordei. Danny se afastou até o
bar  improvisado  no  canto  da  sala  e  eu  me  arrastei  até  o  sofá,  esbarrando
em  quinhentas  pessoas  até  chegar  ao  meu  destino.  Me  joguei  no  sofá
fofinho,  que  por  milagre  estava  vazio,  ignorando  um  casal  de  doidos
acasalando  no  outro  canto.  Ok,  exagerei,  mas  não  estava  longe  disso.  Não
tive nem cinco segundos de paz e senti alguém sentando do meu lado. 
­ E aí? – perguntou o garoto me encarando. Era loiro e tinha os olhos azuis,
bem bonito. Eu o olhei sem expressão. 
­ Oi. ­ resmunguei, voltando a olhar pros pés das pessoas dançando no meio
da sala. 
­  Nunca  te  vi  por  aqui.  –  disse  ele  no  meu  ouvido,  lá  vamos  nós  fugir  do
flerte. 
­ É, sou de Londres. 
­ E o que te trouxe pra esse fim de mundo? 
­ Minha família. 
­ Qual? 
­ Jones. 
­ Ah, você é parente do Danny? – perguntou ele demonstrando interesse. 
­ Meu primo. – concordei, percebendo a proximidade antes inexistente entre
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eu e o garoto. 
­ Hm, meu nome é Harry. – disse ele se apresentando. Nem perguntei. 
­  Mell.  –  falei  sem  o  olhar.  Ele  parou  de  falar,  o  que  aquele  garoto  estava
pensando? O olhei de canto do olho e ele estava sorrindo pra mim. Mas que
selvagem, nunca viu uma dama antes? Harry  estava  aproximando  seu  rosto
de mim quando fui salva pelo gongo. Danny surgiu do nada na nossa frente,
segurando duas garrafas verdes de cerveja. Nunca fiquei tão aliviada em vê­
lo. Danny encarou Harry  com  uma  cara  assustadora,  e  o  garoto  se  levantou
rápido e se afastou. Nossa, Danny deveria ser perigoso pra apenas um olhar
surtir  aquele  efeito  todo.  Sentou  onde  Harry  estava  antes  e  me  entregou
uma garrafa. 
­ Harry. – murmurou ele, dando um gole na cerveja. 
­ É, ele se apresentou. – concordei, bebendo também. Nunca dei um gole tão
grande na minha vida, deixei a garrafa pela metade. Aquele líquido entrando
rápido me deixou meio fora de órbita e eu deitei minha cabeça no ombro de
Danny,  fechando  os  olhos  pra  tentar  focalizar  novamente.  Ele  me  envolveu
pelos  ombros  com  um  braço,  não  preciso  nem  comentar  o  calor  que  estava
naquele  lugar.  Depois  de  um  minuto  assim,  bebi  mais  um  gole,  já
começando a ficar mole. Mais umas duas garrafas e eu começaria a rir sem
motivo  algum.  Sou  uma  pessoa  que  fica  bêbada  com  muito  pouco,  o  que
dependendo  da  situação  é  bom  ou  não.  Vi  Steve  colocar  mais  algumas
garrafas  em  cima  da  mesa  de  centro,  e  lançando  um  sorriso  safado  para
Danny  que  fingiu  não  ver.  Terminei  minha  garrafa  e  me  inclinei,  pegando
outra.  Quando  voltei  pra  trás  senti  a  mão  de  Danny  me  envolvendo  pelo
quadril, hm, danadinho. Hormônios controlando movimentos, minha dedução
mais  real.  Sua  mão  não  suportou  muito  tempo  parada  sobre  o  tecido  do
vestido  e  escorregou  para  minha  coxa  descoberta,  me  fazendo  arrepiar  por
inteiro  e  ter  que  respirar  fundo.  Danny  estava  brincando  com  fogo,  me
provocando,  ele  sabia  que  eu  não  ia  resistir,  idiota.  Bebi  loucamente  a
cerveja  na  minha  mão,  quase  a  esvaziando  novamente.  A  mão  de  Danny
estava percorrendo caminhos perigosos agora, escorregando discreta para a
parte  inferior  da  minha  coxa.  Quem  visse  aquilo  e  nos  conhecesse  teria  um
ataque,  quanto  mais  ele  escorregava  aquela  maldita  mão,  mais  eu  bebia.
Então ele começou a apertar de leve. Caralho! 
­ Para. – murmurei, ao terminar a segunda garrafa e atirar pro lado do sofá.
Danny não respondeu e nem parou, apenas sorriu provocante. Eu vou matar
esse caipira idiota. Danny aumentou a intensidade dos apertos, e pra falar a
verdade eu era muito guerreira. Um cara apertando a sua coxa pela parte de
dentro  e  você  parada  sem  fazer  nada,  por  mais  que  queira?  Cara,  eu  sou
foda.  Mas  não  por  muito  tempo.  Danny  percebeu  que  eu  estava  resistindo
com vigor e de repente senti seus lábios quentes no meu pescoço. Apelando!
Típico  do  abominável.  Me  encolhi  por  reflexo  e  ele  segurou  minha  nuca  me
impedindo  de  repetir  o  movimento.  Ele  voltou  a  grudar  os  lábios  no  meu
pescoço  e  agora  começava  o  nível  dois:  chupões.  Danny  estava  raivoso!  Ha
ha  ha.  Algumas  pessoas  que  passavam  nos  olhavam  intrigados,  e
comentavam com quem estivesse com elas. Danny não costumava fazer isso
então,  é?  Álcool,  chupões,  massagem  na  coxa  e  muito  tesão  juntos  e  eu
estava  resistindo.  Sou  boa  nisso.  Muito  boa  nisso.  Tirando  o  fato  de  minha
intimidade  estar  latejando  e  eu  morder  o  lábio  constantemente,  com  tanta
força  que  chegava  a  sentir  o  gosto  do  sangue,  eu  estava  indo  muito  bem.
Danny parou de repente com os chupões e senti ele subir até minha orelha. 
­ Pare de resistir. – sussurrou ele no meu ouvido, me fazendo arrepiar até o
dedo do pé. – Você já venceu, pega o prêmio. 
Tive que rir, Danny estava bom com as palavras sedutoras! 
­  Seu  orgulho  é  maior  que  tudo,  não?  –  Voltou  a  sussurrar,  ainda  estava
apertando  entre  intervalos  a  parte  inferior  da  minha  coxa.  –  Se  preferir
assim, assumo, você é boa nisso. Melhor que eu. 
­  Boa  em  quê?  –  perguntei,  virando  meu  rosto  para  o  dele,  estávamos  a
milímetros, literalmente, de distância. 
­ Em resistir. – murmurou ele, encarando sem vergonha a minha boca. Sorri
vitoriosa, na verdade eu estava gostando de ouvir tais elogios. Rocei nossos
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lábios  o  provocando  e  depois  voltei  os  milímetros  anteriores  pra  trás.  Ele
soltou o ar pesadamente. Danny desviou o seu olhar do meu e passeou pelo
meu  corpo,  me  analisando.  O  que  ele  estava  fazendo?  Sua  mão  que  estava
apertando  a  minha  coxa  subiu  novamente  e  envolveu  minha  cintura  com
firmeza,  e  ele  voltou  a  me  olhar.  A  última  coisa  que  fiz  foi  sorrir  antes  de
envolver  seu  pescoço  com  os  braços  e  grudar  nossos  lábios  finalmente.
Percebi  o  alívio  exalar  dele  quando  nossas  línguas  se  tocaram,  homens  são
tão fracos. De todas as bocas que eu já beijei, não que tenham sido muitas,
mas  enfim,  a  de  Danny  era  a  melhor.  Era  macia  e  quentinha,  mas  era  um
calor  confortável.  Não  sei  da  onde  ele  aprendeu  a  fazer  todos  aqueles
movimentos, mas se não o conhecesse diria que era experiente. A batida da
música  nos  nossos  ouvidos  se  intensificou,  e  aquilo  me  excitou  mais  ainda,
se  é  que  era  possível,  e  meu  corpo  se  levantou  por  conta  própria,  ficando
por cima do de Danny. Minhas pernas estavam uma de cada lado do quadril
dele,  o  que  era  muito  obsceno  pra  se  fazer  com  tanta  gente  olhando,  mas
era  incontrolável.  Danny  escorreu  sua  mão  que  estava  me  segurando  pela
cintura  para  a  minha  bunda  e  explorou  a  região  com  vontade.  Danny
pegando  na  minha  bunda,  uma  coisa  que  não  se  ouve  todo  o  dia.  Sua  mão
desceu  um  andar  e  foi  parar  na  minha  conhecida  coxa.  Segurei  os  cabelos
dele  com  força  e  puxei,  sabia  que  aquilo  o  excitava,  não  sei  porque,  mas
recebi essa ordem e deu certo. Danny gemeu com apenas uma leve puxada.
Puxei  mais  forte,  e  ele  por  reflexo  ou  não  subiu  a  mão  novamente  mas
agora  por  dentro  do  vestido.  Danny  estava  mesmo  com  a  mão  na  minha
bunda!  Que  coisa  engraçada  e  excitante,  a  vida  é  cheia  de  surpresas.  Eu
estava com uma vontade maluca de tirar a camisa dele mas era inaceitável
no lugar onde estávamos. E isso se comprovou antes de eu fazer isso. 
­ Com licença. 
Levamos  um  tempo  pra  perceber  que  era  com  a  gente,  por  motivos  óbvios.
Steve pigarreou do nosso lado e eu levei um susto, saindo de cima de Danny
e puxando meu vestido pra baixo. Encaramos Steve assustados. 
­ Não é nada, só que, hm, temos um quarto sobrando. Vocês já passaram do
nível normal público. 
­ Ah, ok. – murmurou Danny parecendo constrangido agora. 
­ Você não disse que eram primos? – perguntou Steve olhando de mim para
Danny. 
­ Somos. – disse Danny um pouco baixo. Steve nos encarou sério por algum
tempo. 
­ De sangue? – perguntou ele quebrando o clima tenso. 
­ Hã, é. – concordou Danny. Steve levantou as sobrancelhas. 
­ Isso tudo é amor de família? – perguntou ele e não consegui me segurar e
ri. Danny não mudou a expressão. – Relaxa, Jones, quer dizer, isso acontece
muito em Las Vegas. Bom, tenho que cuidar da festa, se quiserem continuar
da onde pararam peço que vão pro quarto. 
­ Tá. – soltou Danny, quase que não ouço. 
­  Você  costumava  ser  comportado.  –  disse  Steve  e  saiu  rindo  de  perto  de
nós.  Ficamos  sem  falar  por  algum  tempo,  encarando  o  nada.  Peguei  mais
uma  cerveja  em  cima  da  mesa  de  centro,  já  estava  quente  mas  eu  nem
estava  mais  bebendo  por  prazer  e  sim  pra  não  ficar  sóbria.  Não  depois
daquela conversa tensa. 
­  Preciso  pegar  um  ar.  –  falei,  levantando  do  sofá  e  saindo  em  direção  a
porta  da  frente,  sem  largar  a  cervejinha  claro.  Saí  da  casa,  vários
adolescentes  se  encontravam  conversando  na  frente,  alguns  dentro  de  seus
carros  estacionados  fumando  e  bebendo.  Respirei  fundo  e  virei  a  garrafa
quase cheia, me sentindo uma vagabunda. Senti alguém parar atrás de mim.
­  Ninguém  da  nossa  família  precisa  ficar  sabendo  disso  que  rolou  hoje.  –
falou Danny. 
­  Você  realmente  achou  que  eu  ia  chegar  e  contar  pro  vovô?  Fala  sério,
Daniel.  –  resmunguei,  atirando  a  garrafa  de  cerveja  no  mato  mais  próximo.
– Se eles não ficarem sabendo por outra pessoa, claro. 
­ Vovó não agüentaria. 
­ Eles nem vão entender. O problema são nossos pais. 
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­ Como você acha que nossos avós fizeram todos aqueles filhos? É claro que
eles vão entender. 
Virei  finalmente  para  Danny  e  o  encarei  com  raiva.  Porque  ele  tinha  que
piorar a situação? Que droga, faz as coisas e depois fica se lamentando! 
­  Você  está  é  com  medo  de  não  ser  mais  o  queridinho  da  família.  Voltar  a
ser o demônio de anos atrás. 
­  Não  tem  nada  a  ver  com  isso,  Mell.  Você  por  acaso  já  parou  pra  pensar?
Somos primos. 
­  Na  hora  de  passar  a  mão  em  mim  você  não  pensou  nisso,  não  é?  Por
favor, Daniel, não me venha com moralismo e hipocrisia. 
Danny não respondeu, apenas encarou o chão. 
­ Eu não imaginei que sentiria isso por você, me desculpe. 
­ Como se isso fosse repentino. 
­ O que quer dizer com isso? 
­  Quero  dizer  que  você  só  solidificou  o  que  sente  por  mim  hoje.  Sempre  foi
assim. 
­ Como tem tanta certeza? 
­ Por que homens são transparentes e óbvios. 
­ Você fala como se não sentisse o mesmo. 
­ Eu não sinto o mesmo. Não gosto de você. 
­ Então porque me beijou? 
­  Porque  eu  estava  afim.  Olha  Danny,  realmente  temos  que  ter  essa
conversa?  De  qualquer  forma  isso  nunca  mais  vai  acontecer,  então  é  só  a
gente fingir que nunca aconteceu. 
­ Não quero fazer isso. 
Silêncio. Eu encarei o chão desconfortável. 
­ Por quê? – perguntei, olhando a grama. 
­ Porque foi bom. 
Subi  meu  olhar  devagar  até  o  seu  rosto  totalmente  exposto  de  sentimentos
presos há anos. 
­ Não vai se repetir. 
­ Você sabe que vai. 
­  O  quê?  Pára  com  isso!  Droga,  Danny.  Vamos  embora.  –  falei  nervosa,
dando  as  costas  pra  ele  e  começando  a  me  afastar  até  a  caminhonete
estacionada  na  grama,  um  pouco  afastada.  Mas  fui  impedida,  ele  segurou  o
meu braço. – Me solta. 
Danny  me  olhava  como  nunca  tinha  olhado  antes,  era  uma  mistura  de
súplica e tristeza. 
­ Não faz isso com a gente. 
­ Não tem nenhum a gente. 
­ Não está seguindo o seu coração. 
­ Eu estou bêbada, Danny, estou seguindo a caminhonete. Vamos, por favor.
Me soltei dele e andei até o carro. Danny o destrancou de longe e eu entrei
sem rodeios. Ele entrou do meu lado no motorista. 
­  Me  devolve  o  celular.  –  falei,  encarando  o  painel  do  carro.  Ele  tirou  o
celular do bolso e meu deu de volta. – Você está sóbrio? 
­  Sim.  –  respondeu  ele  seco.  Me  encostei  cansada  no  banco,  e  ele  deu  a
partida. 

Não  será  surpresa  se  eu  falar  que  quando  chegamos  na  fazenda  eu  estava
dormindo  pesado,  como  se  não  dormisse  há  dias.  Danny  estacionou  a
caminhonete  na  frente  da  casa  que  só  estava  iluminada  pelas  luzes  na
varanda.  Senti  uma  mão  no  meu  braço,  mas  eu  achei  que  fazia  parte  do
sonho maluco que eu estava tendo então não dei bola. 
­  Mell,  vamos  entrar.  –  ouvi  Danny  distante.  Minhas  pálpebras  não  abriam
por  mais  que  eu  tentasse.  Resmunguei  qualquer  coisa  e  virei  pro  lado
contrário ao dele. Ouvi uma porta ser batida distante e depois uma porta ser
aberta ao meu lado. Era como se eu estivesse anestesiada. Senti o braço de
Danny  envolver  minhas  pernas  e  meu  tronco  e  não  tive  força  alguma  pra
contestar. Me vi o abraçando forte pelo pescoço. 
Depois  disso  só  fui  retomar  os  sentidos  quando  uma  superfície  macia  e
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confortável surgiu embaixo de mim. Meus sapatos saíram dos meus pés sem
esforço,  o  que  deduzi  depois  como  mãos  do  Danny,  e  cobertas  quentes
foram colocadas em cima de mim. Tudo ficou silencioso e esperei o próximo
barulho, mas não houve nenhum.

­ Capítulo 7 ­
Silêncio. Paz. Um campo florido. Perfume agradável. Solidão. Alegria. Fadas
coloridas girando em torno de mim. 
Sexo, sexo, sexo. 
O quê? 
Abri  os  olhos  e  automaticamente  minha  cabeça  pulsou  e  uma  dor  infernal
atingiu  meu  sistema  nervoso,  transmitindo  para  todo  o  meu  corpo  aquela
agonia. 
Minutos antes de acordar tive meu último flash­relâmpago de uma cena que
eu não sei se realmente aconteceu ou eu fiquei maluca e imaginei tudo. Não
vi  seu  rosto,  mas  sabia  que  era  ele  pelo  perfume.  Não  sei  se  é  possível
sentir  aromas  durante  sonhos,  mas  eu  consegui.  Foi  assim  a  noite  inteira.
Perturbador.  Imagens  pacíficas  e  sensações  tranqüilas,  e  logo  em  seguida
um  prazer  imenso  e  culpado,  quase  um  crime.  Corpos  suados  tão  próximos
que  formariam  um  só  se  não  fossem  as  leis  da  física.  Gemidos  e  unhas
arranhando costas. Sussurros. Lábios se roçando e se provocando. Quando o
clímax  quase  chegava,  tudo  voltava  pro  mesmo  campo  florido  e  aquela
tranqüilidade. 
Foi  o  sonho  mais  real  que  eu  já  tive  em  toda  a  minha  vida.  E  agora,
acordando, não está me parecendo tão sonho assim. 
Espere. 
Eu estou na fazenda Jones. 
Eu fiquei com Danny na última noite. 
Com. O. Danny. 
É  inexplicável  a  sensação  suja  que  senti  no  momento  em  que  lembrei  de
tudo  o  que  aconteceu  entre  eu  e  ele.  Deve  ser  assim  que  prostitutas  se
sentem todas as manhãs. 
A diferença é que elas não se apaixonam pelo cliente e ganham pra isso. 
Ah, meu Deus. 
Isso precisa ser mentira. 
Levantei  da  cama  tão  rápido  que  ao  sentar  o  quarto  inteiro  girou.  Eu  quero
dizer girou mesmo. Eu estava tremendo. 
Estava  resolvido.  Eu  nunca  mais  iria  sair  daquele  quarto.  Ignoraria  todas  as
minhas necessidades fisiológicas. Elas não eram nada perto da vergonha que
eu estava sentindo. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Quem visse
iria achar puro drama. Mas não era, eu estava ferrada. Precisava voltar pra
Londres e nunca mais olhar para Danny ou qualquer coisa relacionada à ele. 
Respirei fundo e congelei. Eu ainda estava sentindo o perfume dele. Isso não
era sonho. Estava impregnado na minha roupa, por isso senti a noite inteira.
Levantei  da  cama  e  me  arrastei  até  a  porta,  grudando  o  ouvido  na  mesma.
Nenhum barulho ou ruído aparente. Abri devagar com os olhos fechados por
instinto e pela luz que atingiu direto as minhas pálpebras fechadas. 
Nem  sei  o  que  aconteceria  se  eu  olhasse  para  a  cara  de  Danny  naquele
momento.  Acho  que  eu  morreria.  Bom,  Deus  me  poupou  da  morte
instantânea  porque  não  havia  sinal  dele  pelos  arredores.  Entrei  no  banheiro
e fechei a porta, trancando. Me desfiz daquelas roupas cheirando à homem e
atirei  longe,  ligando  o  chuveiro  e  entrando  embaixo  da  água  fria  logo  em
seguida.  É,  eu  precisava  mesmo  de  algo  que  me  acordasse.  Pena  que  água
gelada também não faz a gente esquecer. 

Foi  só  depois  de  terminar  meu  banho  nada  relaxante,  me  vestir  e  fazer
minha  higiene  que  eu  fui  olhar  que  horas  eram.  Duas  da  tarde.  Hm,  parece
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que eu tinha me enganado, não era nem início e nem final de dia. 
Eu estava evitando ao máximo o momento em que eu teria de descer e olhar
para a minha avó fingindo que estava tudo bem. Mentirosa deslavada! Voltei
pro  banheiro  e  comecei  a  me  maquiar.  Minha  cara  estava  indescritível,
nunca  estive  tão  feia  em  toda  a  minha  vida.  Terminei  de  esconder  aquele
horror todo e me preparei mentalmente. Não sei porque mas eu estava meio
que sentindo que levaria algum sermão. Calcei meu All Star preto e desci as
escadas  para  a  sala  de  estar.  Vamos  fingir  que  eu  não  vi  Danny  do  lado  de
fora  da  casa  colocando  água  na  tigela  do  cachorro  ok?  Aquilo  era  muito  pra
mim.  Andei  rápido  pra  cozinha,  sentei  na  mesa  e  escondi  meu  rosto  nas
mãos. Deus, por favor, não mande ele pra cá agora. 
­ Primeira e última vez que vocês fazem isso em dia de semana. Não quero
que se repita. 
A voz de vovó entrou nos meus ouvidos como um tiro, me fazendo pular da
cadeira.  Eu  estava  tipo  uma  bomba­relógio,  a  qualquer  momento  iria
explodir. De vergonha. 
­ Desculpe, vovó. Não foi ideia minha. – gemi, sem a olhar. Eu sabia que ela
estava me encarando mas não tinha coragem de fazer o mesmo. 
­  Danny  já  me  explicou  que  a  ideia  foi  dele,  então  vou  te  poupar  as
desculpas. Ele nunca fez isso antes, não sei o que deu. 
Levantei  o  olhar  devagar  até  o  rosto  dela.  Não  parecia  muito  brava.
Aparentemente. 
­  Ele  contou...  tudo?  –  perguntei,  a  dor  na  minha  barriga  estava  tão  forte
que eu estava me segurando pra não me encolher. 
­  Tudo  o  quê?  Que  vocês  foram  à  casa  de  um  amigo  dele  e  você  bebeu.  Se
for isso, sim ele contou. Pelo menos ele não bebeu. 
­ Foi isso que ele disse? Só? 
­ Aonde você quer chegar, mocinha? Há mais alguma coisa? 
­ Não, não. É que eu imaginei que aquele idiota iria inventar alguma história
a meu respeito. – falei rápido, escapando da situação. 
­  Você  não  tem  jeito,  não  é?  Nunca  vai  gostar  do  seu  primo,  vai  implicar
com ele pro resto da sua vida. 
­ É, vovó, eu odeio o Danny. 
­  Tenho  certeza  que  isso  vai  mudar.  Enfim,  vamos  esquecer  tudo  isso,  sei
que  são  bons  netos  e  nunca  mais  vão  fazer  isso  de  novo.  Quer  comer
alguma coisa? 
Bons  netos.  Se  ela  soubesse  o  que  esses  netos  andaram  fazendo...  Tenho
horror só de pensar nela descobrindo tudo. 
­ Não estou com muita fome. 
­  Vai  almoçar.  –  concluiu  ela  como  se  eu  não  tivesse  falado  e  se  virou  de
costas  para  mim  e  de  frente  para  o  fogão  começando  a  me  servir.  –  Hoje
você vai fazer uma coisa um pouco mais difícil, tudo bem? 
­  Tá.  –  concordei,  eu  não  era  louca  de  discordar  de  alguma  coisa  naquele
momento tenso. E eu já imaginava que iria ter punição. 
­  Precisamos  de  alguns  gravetos  e  pedaços  soltos  de  lenha,  uma  frente  fria
está  pra  vir  essa  semana  e  estão  falando  que  é  coisa  séria.  Quero  que  vá
buscar lá perto do lago, onde tem a floresta. 
­ Na floresta? Sozinha? 
­  Você  já  está  bem  crescidinha,  não  acha?  Está  com  medo  do  quê?  E  Danny
lhe mostrou aquele dia como cavalgar de novo. Não vai ser tão difícil. 
­ E se uma cobra me engolir? 
­  Não  existem  anacondas  por  aqui,  Mell.  Prefere  limpar  os  cocôs  do
chiqueiro? 
­ Não! Prefiro as lenhas. 
­ Então almoce e coloque suas botas. Não vai querer ir até o lago de tênis. 
Falando isso ela colocou o prato na minha frente, depois um copo de suco e
me  deixou  olhando  pro  nada  sozinha.  Eu  não  estava  acreditando  no  que  eu
teria de fazer. Só podia ser brincadeira. 

Almocei  receosa  achando  que  a  qualquer  minuto  Danny  entraria  pela  porta
da  cozinha  e  a  gente  ficaria  se  encarando  sem  saber  o  que  fazer.  Mas  isso
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não aconteceu, acredito que de tanto que eu mentalizei. Coloquei a louça na
pia  e  subi  para  me  preparar  pro  sofrimento.  Quando  mandam  eu  colocar
botas é porque o negócio vai ser tenso. 
Acho que Danny estava me evitando. Era eu que deveria estar fazendo isso!
E  eu  estava  na  verdade.  Mas  quando  os  caras  nos  evitam  é  porque  tem
alguma coisa errada. E eu vou parar de fazer suposições. 
Prendi  meus  cabelos  num  rabo  de  cavalo  frouxo,  calcei  minhas  botas  e
peguei  meu  celular.  Ah,  que  ótimo.  Ele  não  pega  direito  no  meio  do  mato.
Ou seja, se eu fosse atacada já era. Pelo menos não teria de encarar Danny
pelo resto da minha vida. Viram, sempre tem um lado bom. 
Quando  cheguei  na  sala  havia  um  bilhete  em  cima  do  sofá  com  um  graveto
em cima. Deduzi que era pra mim. Que meigo. 
“Tive  que  ir  ao  mercado,  o  tempo  está  fechando  e  depois  não  podemos  sair
da  fazenda.  Vá  com  a  Josey  até  o  lago  e  leve  um  saco  vazio  de  batatas.
Amarre­o na cela da égua. Boa sorte, vovó.” 
Legal.  Coloquei  o  bilhete  de  volta  em  cima  do  sofá  e  saí  de  dentro  da  casa.
Realmente  o  tempo  estava  fechando.  Claro  que  era  pra  piorar  a  minha
situação,  eu  estava  sentindo  que  ia  começar  a  chover  comigo  no  meio  do
nada.  Calma  Mell,  sem  desespero.  Danny  deve  fazer  isso  o  tempo  todo.  A
diferença é que ele é homem e já tem todo o jeito de lenhador. Eu sou uma
donzela delicada em perigo sem força alguma no corpo. 
Corri até o estábulo, o vento estava começando a ficar forte. Eu estava com
um pressentimento de que ia dar merda. E o bom é que acho que eu estava
sozinha em casa. Nem o abominável deu as caras. Havia alguns sacos vazios
em um canto, peguei um com um pouco de nojo e me aproximei de Josey. 
­  Oi  Josey,  pronta  pra  se  ferrar  comigo?  Espero  que  sim.  –  murmurei,
abrindo  a  porta  da  divisão  dela.  –  Seja  legal  comigo  porque  você  sabe  que
eu  não  lembro  direito  como  se  faz  esse  tipo  de  coisa.  –  continuei,  agora
olhando pros lados e procurando alguma cela. Coloquei em Josey a primeira
que  apareceu  na  minha  frente  e  amarrei  o  saco  de  qualquer  jeito  nela.  –
Vamos? 
Puxei  Josey  pra  fora  do  estábulo  e,  por  incrível  que  pareça,  a  montei  com
habilidade. 
Já estávamos nos afastando da casa quando eu pensei em como trazer toda
aquela lenha de volta depois de pegar. Soltei um “puta que pariu” bem alto,
aproveitando  que  ninguém  estava  por  perto  e  cavalos  não  entendem
resmungos. Eu já estava há algum tempo querendo soltar uns palavrões mas
perto  da  família  estava  sendo  difícil.  Era  o  meu  momento,  vejam,  mais  um
ponto  positivo  nessa  furada.  Não  se  engane,  Mell,  isso  é  a  pior  coisa  que
você já fez na vida. Depois de ficar com seu primo, claro. 
Cheguei na margem do lago com Josey e a amarrei na árvore mais próxima.
Nos lados havia a pequena floresta onde provavelmente eu estava destinada
a pegar a madeira. Que coisa absurda me mandarem pegar lenha. Tudo bem
que  eu  tinha  pecado,  mas  não  era  tão  grave  assim  ao  ponto  desse
sofrimento  todo.  Ok,  foi  bem  grave  e  eu  merecia  aquilo.  Engraçado  que  o
Danny  não  se  ferra,  e  ele  foi  o  principal  culpado  do  nosso  pecado,  ele  que
ficou  me  instigando,  eu  resisti  até  o  último  momento.  Isso  é  total  e
completamente injusto. 
Arranquei o saco de batatas vazio da cela de Josey com certa raiva, bufando
a  cada  passo  em  direção  a  pequena  clareira  que  daria  início  a  trilha  por
entre as árvores e todo aquele verde misturado. O vento tinha aumentado e
parecia  estar  mais  forte  longe  da  casa.  O  céu  estava  nublado  sem  nenhum
sinal  do  sol.  Pelo  menos  um  solzinho  me  alegraria  naquele  momento  de
terror.  Mas  nem  isso.  Comecei  a  bater  os  dentes  e  colocar  qualquer  pedaço
de  madeira  dentro  do  saco,  queria  acabar  logo  com  aquilo.  Estava  evitando
entrar  muito  naquele  mato,  além  de  ter  muita  terra,  poderia  ter  cobras.
Nem  sei  o  que  eu  faria  se  pegasse  uma  cobra  ao  invés  de  um  graveto  na
mão. Me atiraria no lago, nunca mais ninguém iria me ver. Essa jornada tem
várias  opções  de  acabar  com  a  minha  vida,  estou  pensando  seriamente  em
validar uma delas. Quer dizer, minha vida nunca mais seria a mesma depois
de  fazer  tudo  aquilo  com  o  meu  primo.  Meu  primo.  Eu  ainda  não  consigo
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acreditar,  isso  é  incesto!  Ah  meu  Deus,  fui  vítima  de  incesto.  Mas  eu  não
devo ser a única garota no mundo que beijou o primo, não é? Aposto que até
você  já  fez  isso.  Tudo  bem,  não  é  assim  tão  comum.  É  só  a  gente  não  ter
filhos, o resto é como se fosse com qualquer outro garoto. Não que eu esteja
pensando  em  chegar  no  nível  de  fazer  filhos  com  aquele  abominável,  nunca
mais  vou  encostar  nele.  Quem  dirá  fazer  um  filho.  Preciso  parar  de  pensar
nisso  se  não  vou  vomitar.  Senti  uma  gota  cair  no  meu  rosto.  Ah  não,  não,
não.  Chuva  não.  Dei  um  grito  xingando  o  céu,  como  se  isso  fosse  fazer
aquela  gota  voltar  de  onde  tinha  vindo.  Mas  no  lugar  disso,  outras
começaram a cair no meu rosto, braços, pernas. Por que eu tinha que vir de
short  jeans?  Que  tipo  de  pessoa  vai  pro  meio  do  mato  de  short?  E  essa
camisa  branca?  Eu  sou  o  ser  vivo  mais  estúpido  do  mundo.  Sou  mais
estúpida  que  qualquer  formiga  aqui  presente.  E  eu  nem  tinha  trazido  um
simples  casaco.  Ah  meu  pai  do  céu,  me  tele­transporta  pra  Londres  na
primeira  oportunidade.  Quero  meu  sofá  londrino.  Minha  televisão  londrina.
Meu cobertor londrino. Odeio Bolton, odeio Manchester. 
A chuva aumentou a intensidade, eu já estava toda encharcada, e a terra no
chão com água adivinha no que se forma? Lama! 
Tudo  bem  Mell,  uma  chuva  idiota  não  vai  atrapalhar  um  simples  serviço
desses.  Continuei  a  coletar  gravetos  como  se  nada  estivesse  acontecendo,
fingindo  estar  acostumada  a  ir  no  mato  no  meio  de  uma  tempestade.  Sim,
porque  era  isso  que  estava  acontecendo.  Uma  tempestade.  Eu  sou  tão
sortuda.  Acho  que  estava  ficando  louca.  Tudo  o  que  eu  conseguia  fazer
naquele  momento  era  procurar  gravetos  afundados  na  lama.  Naquela  altura
eu  já  estava  chorando,  é  óbvio.  O  saco  de  batatas  estava  ficando  pesado  a
cada  novo  graveto,  meus  ombros  estavam  estourando.  O  vento  e  a  chuva
estavam  fazendo  de  tudo  pra  atrapalhar  a  minha  visão,  eu  estava
provavelmente  enxergando  tipo  20%.  Pior  não  poderia  ficar,  eu  pensava
comigo mesma. Hoho, tolinha. É claro que poderia ficar pior. 
­ Mell! 
Hm,  agora  eu  estou  delirando.  Ouvindo  meu  nome  ser  chamado  no  meio
dessa  confusão  lamacenta  toda.  Deve  ser  Deus  me  avisando  que  estou  nos
meus últimos minutos de vida. 
­ Mell, está me ouvindo? 
Estou,  Deus.  Só  mais  um  pouquinho.  Quero  terminar  essa  vida  completando
meu  serviço.  Se  é  pra  coletar  gravetos,  então  eu  coletarei  até  a  última
lasca. 
Opa. 
Por que a voz de Deus parece com a do... 
­ Mell! O que você está fazendo? – perguntou Danny um pouco atrás de mim.
É,  sempre  pode  ficar  pior.  Fingi  que  não  era  comigo  e  continuei  pegando  os
gravetos  do  chão.  Minhas  mãos  estavam  um  nojo,  estavam  marrons.  Adeus
unhas. – ! PARE COM ISSO! 
­  CALA  A  BOCA!  –  berrei,  me  virando  pra  ele.  Danny  não  estava  muito
diferente de mim. Todo molhado, digo. Só que eu tinha a cobertura especial,
a lama, que agora já estava até no meu rosto. 
­  Larga  isso  agora!  Vamos  voltar  pra  casa,  você  já  percebeu  que  está
embaixo de uma tempestade? 
­  Seu  cínico!  Droga.  –  berrei,  o  olhando  com  raiva.  Eu  não  acredito  que  ele
estava pagando de primo protetor. Depois de tudo o que a gente fez. 
­ Cínico? Olha Mell, eu realmente não quero ficar doente, então dá pra você
largar essa sua meleca e me acompanhar? 
Ele ofendeu o meu trabalho. Era demais pra mim. 
­ MELECA? EU VOU DAR NA SUA CARA SEU... 
Não  pude  terminar  minha  bela  frase  porque  Danny  se  avançou  até  mim,
arrancou o graveto da minha mão e o saco da outra e atirou longe. Não, ele
não  fez  isso.  Quem  ele  pensava  que  era?  Sem  dó  nem  piedade  o  empurrei
pra longe, sujando sua camisa xadrez de lama porque minhas mãos estavam
completamente  sujas.  Ele  me  olhou  confuso,  como  se  não  estivesse
entendendo toda aquela minha raiva. Era inacreditável, ele só podia estar se
fingindo.  Porque  Danny  tinha  a  irritante  mania  de  se  fazer  de  coitado  o
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tempo inteiro? Eu estava me segurando muito pra não meter a mão na cara
dele. Apesar de aquele rosto ser perfeito. Mas isso não é o caso. Fiz a minha
melhor cara de raiva e desprezo e comecei a me afastar dele e sair daquela
clareira  nojenta.  Claro  que  eu  tinha  que  escorregar  e  cair  sentada  na  lama.
Na frente de Danny. Minha moral estava afetada. Era meu fim. Senti a mão
dele  me  puxando  pra  cima,  e  comecei  a  me  debater.  Dei  um  tapa  forte  em
seu braço, e ele com a maior facilidade me imobilizou. Completamente. 
­  Me  solta,  seu  idiota.  –  resmunguei,  parando  de  me  debater.  Danny  estava
ofegando  pela  força  que  fazia  para  me  deixar  presa.  Seus  olhos
escorregaram para a minha camisa branca agora transparente porque estava
encharcada. Canalha. 
Ele  ficou  mais  alguns  segundos  encarando  meu  rosto,  parecendo  estar
decidindo  alguma  coisa  mentalmente.  Num  rápido  segundo  ele  eliminou  o
espaço  entre  nós  dois,  me  puxando  para  perto  do  seu  corpo  e  grudando
nossos lábios. 
O que eu mais temia estava acontecendo de novo. 
Fiz de tudo pra não participar daquele beijo, eu não iria dar aquele prazer a
ele  e  me  ferrar  sozinha  depois.  Consegui  soltar  um  dos  meus  braços  e  o
soquei  no  peito,  mas  aquilo  não  surtiu  efeito  algum.  Ele  continuou
pressionando com força minha boca, esperando eu ceder. Eu poderia ficar ali
pra  sempre,  mas  eu  não  ia  ceder.  Não  era  possível  a  falta  de  vergonha  na
cara  daquele  garoto.  Ele  poderia  ser  mais  forte  que  eu  mas  não  é  por  isso
que iria vencer aquela estupidez. Se um não quer, dois não fazem, não é? 
A  chuva  forte  não  estava  ajudando  em  nada.  Ele  estava  começando  a  ficar
com  raiva,  porque  sua  respiração  estava  ficando  mais  forte  a  cada  novo
segundo  que  eu  resistia.  O  problema  era  dele,  ele  poderia  ter  toda  a  raiva
selvagem  do  mundo,  eu  não  iria  cair  naquela  porcaria.  Mordi  o  lábio  dele
com  toda  a  minha  força,  e  ele  gemeu  alto,  me  soltando  e  colocando  a  mão
na  boca.  Venci!  Ele  tirou  a  mão  da  boca  e  eu  encarei  seu  lábio  escorrendo
sangue,  completamente  vermelho.  Agora  eu  estava  com  medo.  Danny
estava  mais  selvagem  do  que  nunca,  quer  dizer,  já  era  o  normal  dele,
imaginem com a boca cheia de sangue. Comecei a me afastar sem me virar
de costas, a cada passo eu podia enchergar em minha mente a luz no fim do
túnel. 
­ Você é estúpido. – murmurei. Receio que não deveria ter falado nada. Acho
que se eu apenas me virasse e saísse correndo conseguiria chegar até Josey
e voltar pra casa. Mas eu tinha que ferrar tudo e falar alguma coisa. 
Danny  lambeu  o  lábio  balançando  a  cabeça  em  negação  e  veio  pra  cima  de
mim.  Achei  que  ele  ia  me  puxar  de  novo.  Mas  ele  fez  pior.  Pelo  menos  eu
achei mais violento do que me agarrar e me beijar a força. Ele arrancou fora
a minha camisa. Isso mesmo. Danny ignorou a existência dos meus botões e
puxou minha camisa branca com força, a partindo em duas partes. Ficou me
encarando sério segurando aqueles dois pedaços de pano imundos, e eu não
consegui me mexer e nem falar nada. Não era possível que ele tivesse feito
aquilo. 
Dei  um  tapa  forte  em  seu  rosto  e  ele  me  puxou  pela  cintura  e  me  beijou
novamente. Não tinha mais o que fazer. Relaxei meus lábios, Danny pareceu
não  entender  que  eu  estava  me  rendendo  então  parou  de  me  beijar  e  me
encarou.  Não  afastou  o  rosto  nem  nada,  apenas  me  encarou.  Abri  sua
camisa  com  força  como  ele  tinha  feito  com  a  minha  e  voltei  a  beijá­lo  com
tudo. Era isso que ele queria? Então era isso que ele iria ter. Sexo selvagem.
Eu já estava de saco cheio daquela palhaçada, iria terminar logo com aquilo.
Até  parece  que  eu  estava  fazendo  aquilo  sem  nenhuma  vontade  sexual.
Gosto  de  me  enganar  pra  fingir  ser  alguém  racional.  Que  se  foda  a  razão
também. 
O  abracei  pelo  pescoço  e  fechei  minhas  pernas  em  torno  de  sua  cintura,
saindo do chão. Danny soltou meu cabelo com força, mas aquilo me excitou
mais  ainda,  além  daquele  volume  todo  por  baixo  da  calça  jeans.  Com
dificuldade  tirei  a  camisa  dele  e  joguei  longe.  Soltei  o  ar  pesadamente
quando  nossos  corpos  se  encostaram  sem  nenhum  tipo  de  tecido
atrapalhando.  Eu  não  ia  conseguir  fazer  aquilo  sem  algum  apoio.  Parei  de
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beijá­lo e saí de seu colo. Ele me olhou sem entender. 
­ Você realmente quer fazer isso aqui? – perguntei séria. 
­ Está brincando comigo? – perguntou ele de volta com um pouco de raiva. –
Quer desistir agora? 
Sabia do que ele estava se referindo. Vamos ser francos, ele estava excitado
e estava louco pra enfiar aquilo em algum lugar antes que... 
Sorri  e  me  virei  de  costas,  saindo  da  clareira  e  ao  mesmo  tempo  tirando
meu  sutiã.  Em  volta  do  lago,  na  árvore  onde  eu  tinha  amarrado  Josey,  um
cavalo  preto  também  estava  amarrado.  Não  demorou  muito  pra  eu  sentir
Danny  me  abraçando  por  trás  e  começando  a  beijar  meu  pescoço.  Cara,  eu
ia  me  sentir  uma  piranha  depois  de  tudo  aquilo.  Foda­se.  Me  virei  e  o
abracei, voltando a beijá­lo. Minhas mãos desceram até o seu fecho da calça
e eu cheguei a levar um susto. Abri a calça dele e comecei a massagear seu
membro por cima da boxer. Danny gemeu forte entre nossos beijos. 
­  Por  favor,  eu  não  tenho  muito  tempo.  –  sussurrou  ele,  e,  assim,  tirou  do
bolso de trás da calça um pacotinho. Fala sério. 
­ Eu não acredito que você carrega isso o tempo todo. – falei meio rindo. 
­ Eu não carrego isso, foi só hoje. 
­ Seu canalha, você estava crente que a gente ia transar! 
­  E  eu  estava  errado?  –  perguntou  ele  me  encarando  com  um  sorriso
irritante no rosto. – Anda! 
­  Nossa,  você  não  deve  fazer  isso  há  anos.  –  disse  rindo  e  abri  o  pacote  da
camisinha. 
­ Eu faço isso o tempo todo. 
­ Ah, imagino. Com os animais, né? – perguntei rindo e ele rolou os olhos. –
Vamos então, seu filho da mãe. 
Coloquei  a  camisinha  no  seu  membro,  Danny  estava  tão  apressado  e
arrancou  meu  short  jeans  e  minha  calcinha.  Eu  puxei  o  puxei  pra  grama  e
ele caiu em cima de mim. Aproveitou a posição e investiu com toda a força
possível.  Eu  soltei  um  gemido  alto.  Mais  um.  Estava  tão  forte  e  tão  bom  ao
mesmo tempo que eu comecei a arranhar as costas do garoto pra não berrar
ainda  mais  alto.  Naquele  momento  eu  esqueci  que  estava  na  beira  de  um
lago ao ar livre. Só consegui pensar em prazer. 
Prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer
prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer  prazer
prazer prazer prazer prazer prazer prazer prazer prazer. Nunca tinha sentido
tanto  prazer  em  toda  a  minha  vida.  Era  a  melhor  sensação  do  mundo,  eu
sabia  que  ele  queria  aquilo  tanto  quanto  eu,  então  aproveitamos  o  máximo
possível  até  ele  gozar  e  cair  exausto  do  meu  lado.  Ficamos  por  um  tempo
embaixo  da  chuva  deitados  na  grama  sem  falar  nada,  eu  também  não  teria
coragem de falar alguma coisa. Aquilo foi tão proibido e sujo que eu preferia
evitar ao máximo comentários. 
­ Isso nunca mais vai acontecer. – sussurrei depois de algum tempo. 
­ Você falou a mesma coisa ontem à noite. 
­  Agora  é  pra  valer,  seu  animal.  –  resmunguei,  colocando  de  volta  a  minha
calcinha  e  o  meu  short  jeans.  Meu  sutiã  estava  perto  então  tratei  logo  de
colocá­lo também, estava me sentindo muito mal sem roupas na frente dele
e  de  dois  cavalos.  Me  levantei  e  andei  até  a  clareira,  pegando  do  chão  sua
camisa  xadrez  e  vestindo.  Quando  voltei  pra  beira  do  lago  Danny  já  estava
de calças e de pé, tentando ajeitar o cabelo. 
­ Quero a minha camisa. 
­ Você rasgou a minha então eu vou usar a sua. E você vai ter que inventar
uma boa desculpa pra vovó quando chegarmos em casa. 
­ Isso é o de menos. 
­ DE MENOS? Isso é o mais importante, seu asno. 
­ Vovó confia em mim, ela vai acreditar em qualquer coisa que eu falar. 
­ Sorte sua que é o neto favorito, não é? – falei, semicerrando os olhos. Ele
sorriu convencido. – Ah Deus, não acredito que eu dei pra você. É tão idiota.
­ Você adorou. 
­ Só fiz isso, porque você me forçou. 
­ Ah, claro. Percebi a sua má vontade. 
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­ Você é ridículo. Fique aí com essa cara babaca de prazer imenso, coisa que
eu que te dei, que eu vou voltar pra casa. 
­ Oh, Mell você é a deusa do sexo. Muito obrigado. 
­ Vai fazer pouco caso, seu idiota? 
­ Estou brincando. 
­ Sem mim você estaria se masturbando no banheiro agora, abominável. 
­ Eu já agradeci! Mas não quis fazer isso só por prazer. 
­ Ah é, você fez pra ajudar o planeta. 
­ Fiz, porque gosto de você. 
O  olhei  sem  saber  o  que  falar.  Por  que  ele  tinha  que  ser  tão  ridículo  e  tão
fofo ao mesmo tempo? 
­  Ótimo.  –  murmurei  desviando  o  olhar  e  me  virei  de  costas,  começando  a
caminhar até Josey. 
­ Você nunca vai assumir que gosta de mim também, né? 
Eu sabia que ele iria vir com essa. 
­ Não. 
­ Então você gosta mesmo de mim? 
­ Eu te odeio seu abominável, pare de me encher o saco. Eu já dei pra você,
agora pare de besteira. 
­  Por  que  você  fica  fingindo  essa  insensibilidade?  Você  sabe  que  é  muito
mais do que sexo. 
­ É Danny, é muito mais do que sexo. Satisfeito? 
Ele rolou os olhos e passou por mim, montando no cavalo preto. 
­  A  única  coisa  que  nos  impede  é  esse  seu  orgulho  besta.  Pense  antes  de
falar esse tipo de coisa. 
E,  falando  isso,  ele  me  deixou  parada  sozinha,  enquanto  se  afastava
cavalgando no cavalo preto. 
Eu,  Mell,  aprendendo  sobre  sentimentos  com  meu  primo  abominável.  Por
que as coisas tem de ser tão estranhas por aqui? 

­ Capítulo 8 ­
Se  você  já  teve  a  oportunidade  de  sentir  nojo  de  si  mesma  deve  ter  uma
leve  ideia  do  que  eu  estou  sentindo  no  momento.  Leve,  porque  qualquer
coisa que você tenha feito e tenha causado nojo próprio nem chega perto do
que  eu  fiz  com  meu  próprio  primo.  Além  de  ser  nojento,  é  mórbido  e
proibido.  E  se  qualquer  pessoa  ficar  sabendo  disso,  vai  começar  a  me  olhar
estranho  pro  resto  da  vida  dela,  e  provavelmente  vai  parar  de  manter
qualquer  relação  comigo  e  ainda  vai  espalhar  o  fato  e  eu  vou  perder  todos
os  meus  laços  de  amizade  e  de  família,  principalmente.  Vão  me  forçar  a
virar freira, e eu não sou mais virgem, então até as freiras colegas vão me
olhar estranho, eu vou ser, tipo, a aberração do convento. Não tem saída, eu
estou ferrada. Como se eu já não estivesse ferrada o bastante antes de isso
acontecer. Claro que eu tinha que piorar a situação. Beijar o primo não é tão
grave  assim,  um  beijo  não  significa  nada.  Agora...  transar?  Isso  sim  é
estranho e não­natural. Oh meu Deus, eu interrompi o ciclo natural da vida,
ainda por cima! Com tantas, TANTAS garotas nesse planeta eu tinha que ser
a escolhida pra sentir atração sexual pelo próprio primo, que típico. Garotas
normais  têm  problemas  com  matemática,  física,  com  o  namorado  ­  QUE
NÃO  É  DE  SANGUE  ­  ,  com  amigas,  com  professores.  Eu  tenho  problemas
porque  dei  pro  meu  primo.  Será  que  é  pedir  muito  ser  normal,  Deus?  Estou
me sentindo até pagã me comunicando com Deus por um motivo desses, que
absurdo. Já era, eu vou pro inferno. Ah, mas eu vou arrastar aquele caipira
ridículo junto comigo, disso vocês podem ter certeza. 
Depois  do  acontecimento  desagradável  na  beira  do  lago,  cavalguei  de  volta
pra  casa  (nessas  alturas  eu  já  era  craque  no  quesito  cavalgar,
principalmente, porque Josey devia estar com nojo de mim e não via a hora
de  terminar  com  tudo  aquilo).  Graças  ao  bom  Deus,  que  atendeu  as  minhas
preces,  não  tinha  ninguém  em  casa,  além  d’aquele­que­eu­prefiro­não­
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nomear.  Deixei  Josey  no  estábulo  e  corri  sem  olhar  pra  nada  a  não  ser  pro
chão,  até  o  banheiro.  Se  aquele­que­eu­prefiro­não­nomear  estivesse  lá
dentro,  juro  que  abria  a  porta  e  mandava  ele  sair.  Pensando  bem...  era
melhor evitar vê­lo sem roupas pro resto da minha vida. 
Tomei  um  banho  quente  e  fiz  questão  de  esfregar  todas  as  partes  do  meu
corpo  pra  tentar  tirar  aquela  sensação  de  sujeira  de  mim,  e  tentar  tirar
aquele  perfume.  Mas  eu  duvido  muito  que  eu  pare  de  sentir  esse  cheiro
mesmo  depois  de  tirá­lo  do  meu  corpo.  Me  tranquei  no  quarto  até  ser
forçada a sair pra jantar. 

Acabei  pegando  no  sono  após  o  banho  quente  e  prefiro  não  comentar  sobre
as  cenas  que  ficaram  perfurando  os  meus  sonhos  tranqüilos  durante  aquela
tentativa de descanso. A chuva só facilitou a vontade de pegar no sono, mas
nem  a  chuva  conseguiria  apagar  as  imagens  da  minha  cabeça.  E  o  pior  de
tudo,  o  que  eu  estava  tentando  evitar  e  eliminar  da  minha  mente  toda  vez
que se manifestava, era que eu queria mais. Talvez fosse só a minha mente
fantasiando  o  contrário  do  que  eu  queria,  ou  talvez  fosse  mesmo  um
sentimento.  Mas  eu  não  queria  pensar  sobre  isso,  era  melhor  esquecer.
Como? Era a pergunta principal. 
Estou até achando que lidei bem com a situação. Quer dizer, muitas garotas
se  matariam  depois  de  fazer  isso.  Eu  me  tranquei  no  quarto  e  fiquei  me
martirizando. Bela saída. 
Acordei com alguém batendo na porta. 
­ Mell? 
Primeiro achei que fosse ele, mas depois a voz ficou mais audível e percebi
que era minha avó. Ah, agora eu quero mesmo me matar. Levantei da cama
com  uma  sensação  estranha  no  corpo  inteiro,  coisa  que  eu  nunca  tinha
sentido antes, e abri a porta. 
­  O  que  aconteceu,  querida?  –  perguntou  vovó,  encarando  a  minha  provável
expressão de ressaca. – Você não bebeu de novo, bebeu? 
Legal,  minha  avó  achava  que  eu  era  alcoólatra.  Bom,  melhor  que
vagabunda. 
­  Não,  vovó.  Eu  só  estava  com  um  pouco  de  dor  de  cabeça  depois  de...  ir
buscar os gravetos no mato. Me deitei um pouco. 
Ela ergueu as sobrancelhas curiosa. 
­ Não vi nenhum graveto em nenhuma parte da casa. Onde os colocou? 
Droga. 
­ Eu os coloquei ao lado da dispensa na rua. 
Meu  coração  parou  de  bater  e  minha  circulação  congelou  quando  eu  ouvi  a
voz  de  Danny.  Era  muito  pra  minha  estrutura  mental  vê­lo  tão  cedo,  depois
daquilo tudo. E por que ele tinha que sempre estar lindo e gostoso? 
­ Ah, que bom querido. Bom, desçam, hoje teremos um jantar com a família
completa! 
­ Por quê? – perguntei meio histérica. Danny me olhou. 
­ Vocês vão saber quando descerem. Até o seu tio Fred voltou de Manchester
com  as  crianças!  Elas  estão  meio  mal­humoradas  porque  além  de  ter  de  ir
embora do parque aquático mais cedo, o tempo está feio. 
Vovó deixou o corredor resmungando algo como “crianças mimadas” e eu só
tirei os olhos dela quando sua sombra sumiu da parede. Sem o olhar, puxei
a porta. Mas ele colocou a mão e impediu. 
­  Vai  me  evitar  pra  sempre  agora?  –  perguntou  ele  me  encarando  sério.  Eu
estava quase tendo um colapso nervoso. Minha pressão deveria estar baixa,
e eu estava tonta. 
­  Vou.  –  murmurei,  finalmente  olhando  para  seu  rosto.  Seus  olhos  estavam
mais azuis do que nunca. Por que ele era tão paradisíaco? Que merda! 
­ Até fazermos tudo de novo. 
­  Olha  aqui,  Daniel,  cala  a  boca  e  nunca  mais  toca  nesse  assunto  de  novo
dentro  dessa  casa  ou  em  qualquer  outro  lugar  do  mundo.  Eu  não  estou
brincando. 
Ele me encarava com uma mistura de ceticismo e tranqüilidade. 
­ Por que você está tão nervosa? Sabe, sexo não é crime. 
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­ CALA A BOCA! – exclamei meio alto e Danny comprimiu os olhos. – Não se
faça de engraçadinho e bom no assunto pra cima de mim, eu não quero mais
saber de você. Evite chegar perto de mim, a não ser no almoço e na janta, e
nessas horas sente longe e não me olhe. 
Ele sorria convencido. Que tipo de retardado mental ele era? 
­ Não me fazer de bom no assunto? O que você quer dizer com isso? Eu sou
bom no assunto. Por isso não precisa se preocupar, da próxima vez a gente
vai ter mais privacidade e conforto. Grama pinica. 
Eu  não  sabia  mais  o  que  fazer  pra  ele  parar  com  aquilo.  Na  verdade,  eu
sabia sim. 
­ Você foi a pior transa que eu já tive na minha vida e é por causa disso que
eu  não  quero  mais  nada  com  você,  aprenda  a  fazer  direito  antes  de  tentar
alguma coisa comigo. 
Ele semicerrou os olhos com raiva. Pra onde foi aquela confiança toda? Rolei
os olhos e bati a porta em sua cara. 

Eu  não  estava  nem  um  pouco  afim  de  jantar  em  família  depois  de  falar
aquilo  para  Danny,  até  porque  eu  não  queria  ver  sua  cara  nunca  mais,  mas
não teve jeito. Não deu nem dois minutos ouvi berros do primeiro andar me
chamando. Tudo bem, é só fingir que o garoto não existe, simples. Consegui
chegar até aqui na cara de pau, consigo fazer isso. 
O barulho na sala de jantar estava alto, como no primeiro dia que cheguei à
fazenda. 
­  Venha  querida,  já  servi  o  jantar!  –  disse  vovó  quando  surgi  na  porta  da
sala. Tio Steve, pai de Danny, estava na mesa com sua esposa (ele havia se
casado  pela  segunda  vez,  a  mulher  ao  seu  lado  era  madrasta  de  Danny  e
mãe  de  Jessica,  que  também  estava  presente).  Tio  Fred  estava  na  frente  e
seus  filhos  Cassadee  e  Luke  estavam  ao  seu  lado.  Lilly,  mãe  deles,  estava
no lado oposto depois de Jessica. Tia Emma estava ao lado do Tio Fred, e ao
seu  lado  o  próprio  Danny,  que  encarava  sério  seu  prato  com  sopa.  Vovô
estava na ponta da mesa como de costume, e havia dois lugares vagos. Um
na frente de Danny e outro na outra ponta, que era de vovó. Ótimo. 
­ Sente aqui, Mell, nos conte o quê está achando da fazenda depois de anos!
– disse Tio Steve, pai de Danny, me chamando para sentar ao seu lado. Hm,
olá  Tio  Steve,  estou  aproveitando  muito  minha  estadia  na  fazenda,
principalmente pelo fato de o seu filho ter me comido. 
Sorri e arrastei a cadeira com a maior demora possível. 
­ Estou achando ótimo. – murmurei com um sorriso forçado. A mesa inteira
me encarava. 
­  Pegue  um  pouco  de  sopa,  sua  avó  caprichou!  –  disse  vovô  orgulhoso.  Eu
concordei  e  me  servi  sem  vontade.  Danny  não  tinha  me  olhado  uma  única
vez. 
­ Estão se entendendo? – perguntou Tia Emma ao lado de Danny, o olhando.
Danny levantou o rosto para a panela na sua frente. 
­ Acredito que sim. – disse ele sem expressão. – Apesar de alguns vestígios
de rejeição do passado, estamos nos dando bem até demais. 
Meu pé automaticamente chutou a canela de Danny que me olhou com raiva.
­  O  que  quer  dizer  com  isso,  querido?  –  perguntou  vovó  do  outro  lado  da
mesa, rindo. 
­ Brigamos às vezes. – falei nervosa. 
­  Vamos  ao  assunto  em  questão,  aposto  que  os  garotos  vão  adorar!  –  falou
vovô empolgado, ele era um senhor grisalho alto e cheio de disposição. 
­  Ah  sim,  já  estava  até  me  esquecendo!  –  disse  Tio  Steve  e  todos  riram.
Menos eu e Danny. – Daniel, você se lembra do torneio de pólo que acontece
todos os anos em Manchester na mansão dos Sánchez? 
Danny fez uma expressão curiosa e depois pareceu se recordar do que o pai
estava falando. 
­  Você  participou  ano  passado,  foi  até  do  time  do  Phillip!  Bom,  Henry
convidou  a  nossa  família  esse  ano  novamente,  e  vamos  todos  passar  o  fim
de  semana  lá!  Phillip  quer  você  no  time  dele  novamente.  Parece  que  o
torneio desse ano vai ser grande. 
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­ Eu nem ao menos lembro como se joga pólo. – murmurou Danny tirando a
graça de seu pai. 
­  Ah,  vamos  Daniel,  não  se  faça  de  tolo.  Você  era  um  dos  melhores
jogadores. – disse vovô e Danny o olhou sem entender. 
­ Não, vovô, eu era uma droga. 
­  Não  se  preocupe,  Danny,  depois  que  pegar  o  jeito  você  lembra  de  tudo.  –
falou Tia Emma em tom de reconforto. 
­ Isso é no fim de semana agora? – perguntei desconfiada. 
­ Sim. – concordou Tio Fred. – Vamos todos, vocês vão adorar. 
­ Será que eu não poderia ficar cuidando da casa? – perguntei, já sabendo a
resposta, mas eu realmente não estava afim de viajar com Danny. 
­  Claro  que  não,  Mell!  Você  é  um  dos  motivos  principais  para  irmos!  –
respondeu tio Steve. Ai meu Deus. 
­  Mell,  não  complique.  –  disse  vovó  da  outra  ponta  da  mesa,  me  encarando
autoritária. Eu me calei. 
Danny de repente sorriu, mas não era um sorriso de alegria, era um sorriso
que eu identifiquei como vingança ou algo do gênero. 
­ Pai, será que a Mary pode ir com a gente? 
Ele não fez isso. 
O  olhei  incrédula.  Ele  não  correspondeu  minha  indignação.  Não  estava
acreditando no golpe baixo que ele estava prestes a por em prática. Danny é
a pessoa mais ridícula que alguém poderia ter como primo. 
­ Ahn, a Mary? – perguntou tio Steve pensando. Não, não, não. É UM FIM DE
SEMANA  EM  FAMÍLIA!  FAMÍLIA!  –  Se  os  pais  dela  concordarem,  claro  que
pode. 
Caro Tio Steve, vá tomar no cu. 
Era guerra que Danny queria? Então era guerra que ele iria ter. 

Os  dias  seguintes  passaram  como  incógnitas  na  minha  vida.  Danny  me
ignorou  e  provavelmente  me  reduziu  em  sua  vida  como  uma  pedra,  e  eu
estava me esforçando ao máximo pra fazer o mesmo, mas o problema é que
eu  não  tinha  armas  como  ele.  Se  pelo  menos  Brian  estivesse  aqui,  Danny
iria  ver  o  que  era  ciúme.  Bom,  era  óbvio  que  Mary  aceitou  ir  para
Manchester  com  a  gente,  aquela  ordinária  estava  mais  louca  do  que  nunca
para  ter  uma  chance  de  dar  pro  seu  querido  Daniel.  É,  eu  iria  ter  que
aguentar  Mary  com  cara  de  bem  comida  durante  a  viagem  inteira,  e  um
Danny  convencido.  Aquela  porra  de  fim  de  semana  seria  um  inferno.  Eu  só
precisava de uma arma que se igualasse a dele, apenas uma... 
A  sexta­feira  amanheceu  fria  e  seca,  como  um  típico  inverno  inglês,  só  que
a  diferença  era  que  estávamos  no  VERÃO.  Qual  é  a  desse  país?  Nem  um
calorzinho  pra  amenizar  o  meu  desespero?  Parece  que  aquela  semana  não
era  a  minha.  Quer  dizer,  aquelas  férias  não  eram  as  minhas.  Mais  uma  vez
pensei  em  Brian  na  praia  com  alguma  loira  bronzeada.  Meu  estado  de
espírito ficou mais negativo do que uma nevasca. 
Minhas  malas  já  estavam  feitas,  assim  como  a  de  todos,  e  só  estávamos
esperando  tio  Steve  chegar  com  a  maior  caminhonete,  porque,  claro,  agora
havia uma inquilina. E ela já estava àquela hora da manhã na fazenda. Eu já
nem  estava  mais  agüentando  os  olhares  de  Danny  pra  cima  de  mim,  como
quem  diz  “quem  mandou  ofender  a  minha  foda?”,  e  Mary  forçando  a
meiguice. Mais alguns minutos e eu iria dar uma voadora naquela garota. 
­  Vai  ser  o  fim  de  semana  mais  empolgante  da  minha  vida!  –  disse  Mary
sentando  ao  meu  lado  na  varanda.  Todos  estavam  ali,  esperando  tio  Steve.
A cerração nem havia baixado ainda e eu já estava a ponto de berrar. 
­ É. – murmurei sem a olhar, aquela garota só podia ser retardada se ainda
não tinha se tocado que eu NÃO GOSTAVA dela. 
­ Você sabe que te chamei porque seria um saco  ir  pra  Manchester  sozinho.
–  falou  Danny  estendendo  a  mão  para  Mary  levantar,  como  um  casal  feliz.
Eu rolei os olhos e virei o rosto pro lado contrário. 
­  Danny!  Sozinho  você  não  estaria  nem  se  quisesse.  Além  de  toda  a  família
Jones, ainda tem a Mell. Aposto que vocês se divertiriam muito sozinhos. 
­ Com certeza. – murmurei irônica. 
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­  Não  é  a  mesma  coisa  sem  a  minha  Mary.  –  falou  Danny  a  abraçando  de


lado. 
Pela graça de Deus um barulho de carro invadiu a varanda e a caminhonete
de Tio Steve estacionou ao lado da picape de vovô. 
­  Temos  que  esperar  o  caseiro  chegar,  vovô.  –  disse  Danny  com  uma
empolgação desnecessária. 
­ Ele tem a chave da casa. 
­ Bom dia! Os meninos então vão viajar com a gente? – perguntou tio Steve
saindo do carro. Danny já levava as malas dele e de Mary até o porta­malas.
Minhas malas não existiam, percebe­se. 
­ Será que não vai ficar muito apertado? Eu posso tranquilamente ir no carro
do  vovô.  –  falei,  me  levantando  e  pegando  a  minha  mala.  Tio  Steve  a  tirou
de minhas mãos. 
­  Vocês  três  servem  direitinho  na  caminhonete.  Vai  ficar  apertado  se  você
for com seus avós. – respondeu ele colocando minha mala no porta­malas. 
­ Mas tem a Jessica e a Melissa... – tentei. 
­  Mell,  confie  em  mim,  serve  todo  mundo.  –  concluiu  ele,  e  eu  concordei
sem ânimo algum. 
Teria  de  viajar  ao  lado  de  Danny  e  Mary,  com  certeza  era  um  desejo
realizado para aquele caipira imbecil. 

Fiquei sabendo no meio do caminho que Tio Fred e Tia Emma já estavam em
Manchester e fiquei me martirizando pelo fato de que eu poderia ter ido com
eles  e  evitado  aquela  porcaria  toda.  Porque  vocês  devem  imaginar  que  foi
indescritível  o  que  Danny  fez  a  viagem  inteira.  Forçar  a  barra  é  pouco.  E,
pra  completar,  o  dia  foi  esquentando  com  o  passar  das  horas,  e  por  mais
que  de  manhã  cedo  eu  quisesse  o  calor,  agora  eu  já  estava  mais  pro  frio,
pelo  menos  eu  podia  me  afundar  no  casaco  e  fingir  que  não  estava  vendo
Danny  abraçar  Mary  pelo  ombros  do  meu  lado.  Por  que  raios,  aliás,  aquele
demônio  sentou  do  meu  lado  no  carro?  Eu  tinha  que  arranjar  um  jeito  de
inverter  a  situação,  mas  eu  ainda  não  sabia  como.  A  guerra  estava
declarada,  e  eu  estava  perdendo  vergonhosamente.  Minha  honra  estava
sendo  pisoteada  pelo  meu  primo  caipira.  Pelo  meu  primo  caipira  que  tinha
me  comido.  Olha,  minha  vida  ultimamente  estava  uma  merda,  se  me
permitem concluir. 
Chegamos em Manchester no final da tarde, o que na verdade não quis dizer
que chegamos realmente, porque até chegarmos na mansão dos tal Sánchez
levou uma hora. Era tipo fora da cidade ou sei lá, claro, Mell, sua burra, pra
ter um campo de pólo tem que ser fora da cidade grande. 
Quando me falaram mansão, eu tinha imaginado uma casa grande. Não uma
casa  enorme.  Eu  nunca  tinha  visto  uma  casa  tão  grande  em  toda  a  minha
vida,  estava  começando  a  suspeitar  que  a  família  Sánchez  se  limpava  com
notas de libras, porque pra quem tem aquele tipo de casa, pra começar nem
usa notas de libras, usa cartão, porque não deve comprar nada que seja por
menos de 200 contos. 
A mansão era exatamente como nos filmes, uma fonte na frente da casa e a
pequena  rua  na  frente  para  que  as  limusines  da  família  parassem  para  os
integrantes  descerem.  O  legal  de  tudo  é  que  ninguém  me  avisou  que  era
coisa de rico, eu me vesti tipo normal. 
Descemos  todos  dos  carros  e  uma  espécie  de  mordomo  nos  conduziu  pra
dentro  da  mansão.  Não  preciso  nem  falar  nos  manobristas,  indispensáveis
num  lugar  como  aquele.  A  mansão  por  dentro  parecia  um  hotel  cinco
estrelas,  pelo  menos  isso  eu  iria  desfrutar  no  meio  de  tanto  desagrado.  O
mordomo  nos  encaminhou  até  o  lugar  onde  eu  deduzi  que  fosse  o  salão
principal,  que  estava  cheio  de  gente.  A  maioria  das  pessoas  tinha  a  minha
idade ou mais. 
Um  homem  surgiu  na  nossa  frente  com  um  sorriso  enorme,  e  pra  falar  a
verdade ele era bem bonito. Se é que eu ainda tenho meus direitos de fazer
esse tipo de análise, eu já sei que nem vou pro céu mais, então digamos que
entregarei pra Deus. Não que isso faça sentido. 
­  David  e  Steve  Jones!  –  exclamou  ele  com  um  sotaque  estranho,  mas
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bonito.  Pelo  menos  eu  gostei.  Eles  se  cumprimentaram  com  abraços
exagerados  e  muitas  risadas.  –  Exatamente  um  ano  sem  ter  o  prazer  de
hospedar vocês por aqui! 
­  Ah  Henry,  o  prazer  é  todo  nosso,  você  me  conhece.  –  disse  vovô  todo  na
intimidade  e  deduzi  que  eram  amigos  há  bastante  tempo,  apesar  de  o
homem ter a idade do tio Steve ou do meu pai. 
­ Esse rapaz é o mesmo Daniel do ano passado? – perguntou o tal de Henry,
ele usava um smoking devidamente cortado e notei o relógio nada barato no
seu  pulso  que  brilhava.  Danny  sorriu  envergonhado.  Ah,  que  meigo.  –  Mas
como está diferente! Mais bonito, claro! Lembro de você magrinho... 
­  É,  eu  mudei.  –  concordou  Danny  em  tom  modesto.  Hehe  eu  mudei,  sabe,
fiquei mais gostoso. 
­  Henry,  quero  que  conheça  minha  outra  neta,  ela  está  passando  as  férias
conosco, a Mell. – falou vovô me puxando pro seu lado e eu sorri sem graça.
O homem sorriu daquele jeito de novo, só que foi um pouco mais sedutor do
que antes. 
­ David, você só tem netos bonitos. – disse o homem pegando minha mão e
beijando.  –  Mell,  seja  bem  vinda  e  por  favor  sinta­se  em  casa.  Você  vai
adorar o torneio de pólo, Danny vai jogar, não vai? 
­ Acho que sim. – concordou Danny não muito certo. 
­  Falando  nisso...  onde  está  Phillip?  Com  tantos  amigos  ele  está  sempre
sumindo. – falou Henry olhando em volta e procurando o que eu deduzi que
fosse  seu  filho  e  amiguinho  de  Danny.  –  Phillip!  Venha  até  aqui  um
momento. 
Quase desmaiei. 
Eu não estou brincando, cheguei a sentir minhas pernas vacilarem. 
Não, não foi a queda de pressão. Foi o Phillip. 
­  Padre,  me  has  llamado?  –  perguntou  Phillip  no  que  eu  deduzi  como
espanhol.  Além  de  inumanamente  lindo,  o  garoto  ainda  falava  espanhol.  Eu
vou me matar. 
­ Si si, lembra de Danny, certo? – perguntou Henry em inglês novamente, e
Phillip  encarou  Danny  e  depois  sorriu.  Seu  sorriso  era  maravilhoso.  Eu
preciso  descrever  esse  garoto,  com  licença.  Phillip  tinha  os  cabelos  loiros
como se fosse do sol, e seu rosto era repleto de sardas, assim como Danny,
mas ele era mais bronzeado. Seus olhos eram castanhos. 
­  Danny,  quanto  tempo!  –  exclamou  Phillip  puxando  Danny  para  um  abraço.
O seu inglês era igual o do pai, com sotaque. 
­ Um ano. – concordou Danny depois de abraçar o garoto. 
­ Eu estava esperando por você, de verdade! Esse ano vai ser ainda melhor,
quero apresentar uns amigos meus pra você. 
­ Ah, claro. 
­  Filho,  esse  ano  Danny  trouxe  sua  prima  Mell  para  assistir  ao  campeonato.
–  disse  Henry  e  Phillip  me  olhou.  Danny  também  me  olhou.  Eu  fiquei
vermelha quando Phillip sorriu para mim com explícitas segundas intenções,
depois  eu  vou  pesquisar  pra  saber  se  os  espanhóis  são  mais  espontâneos
que nós. 
­ Es um placer conocerte. – falou Phillip me dando dois beijos no rosto, senti
sua  mão  na  minha  cintura  descoberta  pela  camisa  e  minha  pele  quente  em
contato  com  a  sua  mão  fria  fez  eu  me  arrepiar.  O  perfume  de  Phillip  era
maravilhoso,  assim  como  o  próprio,  e  como  agora  eu  estou  numa  onda  de
revolta,  vou  falar  que  é  melhor  que  o  do  idiota  do  Danny.  Falando  nele,
preciso ressaltar que me olhava com fúria, não só para mim mas para Phillip
também. Nunca tinha visto o olhar mau de Danny, acabara de descobrir que
era  bem  pior  do  que  eu  imaginava.  Onde  estava  Mary  agora?  Ela  nem  ao
menos  estava  com  a  gente!  Devia  ter  encontrado  algum  caipira  pra  dar  em
cima, depois de perceber que Henry a ignorou. 
­  Tenho  certeza  que  você  e  meu  filho  vão  se  dar  muito  bem,  Mell.  –  disse
Henry  e  Phillip  sorriu  de  canto.  Danny  tossiu.  –  E  essa  garotinha?  Mais  uma
Jones  pra  completar  essa  linda  família?  –  perguntou  Henry  se  referindo  a
Jessica  e  tio  Steve  começou  a  se  explicar  todo  bobo.  Phillip  chamou  eu  e
Danny para nos afastarmos. 
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Sinto lhe dizer, priminho, mas agora eu também tenho minhas armas. Que a
guerra comece.

­ Capítulo 9 ­
Enquanto  seguíamos  Phillip  por  entre  os  convidados  do  evento,  Danny
tentava  me  lançar  olhares  significativos,  o  que  me  dava  um  prazer  enorme
por  fingir  não  perceber.  Eu  sabia  que  ele  estava  tentando  me  dizer  algo
como  “Não  caia  nas  garras  desse  galanteador”  ou  “Você  vai  me  pagar  bem
caro”,  mas  na  verdade  eu  queria  mesmo  que  ele  ficasse  com  o  dobro  da
raiva que eu estava tendo desde a sua brilhante ideia de trazer a Mary junto.
­ Vou apresentar alguns amigos pra vocês. Danny deve lembrar de alguns do
ano passado. – disse Phillip pegando na minha mão para o acompanhar mais
de  perto.  Os  olhos  de  Danny  caíram  direto  no  movimento  e  senti  suas
entranhas se contraírem bem ao meu lado. Ah, como o ciúme é saudável! 
­  Você  não  precisa  falar  espanhol  se  não  quiser,  não  é,  Phillip?  –  perguntou
Danny  com  um  certo  tom  de  raiva,  que  apenas  eu  percebi.  Phillip  o  olhou
sorrindo. 
­ Não, meu inglês é bem fluente. 
­ Então pra quê? 
­ Charme. – respondeu ele e depois piscou pra mim, voltando a andar. Olhei
para  Danny  com  uma  cara  de  prazer  e  glória  e  ele  rolou  os  olhos.  Eu  não
estava  entendendo  muito  bem  para  onde  ele  estava  nos  levando,  aquela
casa  era  tipo  o  labirinto  do  Minotauro  porque  não  tinha  fim.  Saímos  do
interior por uma espécie de porta de vidro que daria para uma varanda, se a
varanda não fosse um vasto campo com uma arena de pólo no centro. Tudo
bem gente, esse garoto não é rico, é milionário. Quando eu vi todos aqueles
adolescentes  reunidos  na  varanda,  que  na  verdade  era  uma  piscina  muito
foda  com  espreguiçadeiras  e  algumas  mesas,  que  eu  entendi  o  que  estava
rolando.  Uma  festa  jovem  do  lado  de  fora.  É  claro  que  eles  não  iriam  ficar
posando de filhos perfeitos ao lado dos pais a noite inteira. 
­  Querem  beber  alguma  coisa?  –  perguntou  Phillip  parando  de  andar  e  nos
encarando. 
­ Não. – respondeu Danny seco. 
­ Sim, o que tem? – perguntei forçando a empolgação. Danny rolou os olhos.
­  Bom,  não  é  porque  nossas  famílias  estão  aqui  que  precisamos  nos
comportar, não é? Peça o que você quiser. – falou ele e fez um sinal para o
garçom. Perguntei o que as pessoas estavam bebendo mais, e ele respondeu
que  estavam  todos  acabando  com  o  champanhe.  Foi  o  que  pedi,  Phillip  me
acompanhou  e  perguntou  mais  uma  vez  para  Danny,  que  negou  com  a
cabeça sem paciência. Danny é o cúmulo da não­civilização. 
Depois  que  as  bebidas  chegaram,  ficamos  quase  uma  hora  conhecendo  os
amigos  de  Phillip,  que  pode  acreditar,  eram  muitos.  Todos  tinham  o  mesmo
perfil  rico  e  mimado,  e  é  o  momento  de  eu  perguntar  como  Danny  não  é
assim,  porque  o  garoto  conviveu  bastante  tempo  com  eles  e  continua  sendo
um  bicho  do  mato.  Não  sei  se  isso  é  algo  positivo  ou  negativo,  é  pior  ser
metido ou selvagem? Depende pra quê não é? Vou parar por aqui. Se é que
vocês me entendem. 
­  Onde  está  a  Mary?  –  perguntou  Danny  depois  de  algum  tempo  parado  ao
meu  lado  feito  um  peso  morto  enquanto  eu  desfrutava  do  champanhe  e
observava Phillip fazer social com os convidados. 
­  Você  realmente  acha  que  eu  me  importo?  –  respondi  o  olhando  com
escárnio. 
­ É claro que não. Você não se importa com nada a não ser você mesma. –
resmungou  ele  e  se  afastou,  indo  em  direção  a  grande  porta  de  vidro  que
dava para dentro da casa. 
Tem que ter uma paciência de monge pra aguentar esse caipira infernal. 
Fiquei  mais  ou  menos  uma  hora  observando  aquelas  pessoas  ricas  se
comportarem  em  bando,  até  ver  Phillip  vindo  novamente  em  minha  direção
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com  uma  cara  engraçada.  Não  fazia  ideia  de  onde  estaria  Danny  naquele
momento, e eu realmente não estava interessada em saber. 
­ Pra onde foi o Danny? – perguntou Phillip curioso. 
­ Não faço ideia, foi procurar a amiguinha que ele trouxe junto. 
­  Ah,  tudo  bem.  Me  desculpe  te  deixar  sozinha  tanto  tempo,  eu  não  sabia
que Danny tinha saído daqui. 
­ Não tem problema, aquele garoto é um mal educado. 
Phillip  riu  meio  sem  jeito,  provavelmente  não  querendo  falar  mal  do  amigo
comigo. Foda­se, não estou nem aí. 
­ Você já sabe onde vão passar a noite? 
­ Ninguém me disse nada... 
­  Ah,  acho  que  os  quartos  já  estão  prontos.  Tenho  certeza  que  você  deve
estar  cansada  da  viagem.  Se  quiser  eu  te  ajudo  a  achar  o  Danny  e  vocês
podem se arrumar. 
­ Eu vou ter que dormir no mesmo quarto que ele? 
­  Não!  –  respondeu  ele  rindo.  –  Claro  que  não.  Mas  acho  que  aquela  Mary
terá  de  dormir  com  você.  Ou  com  as  garotas.  –  completou  ele  olhando  em
direção  a  um  bando  de  garotas  com  aparência  de  que  acabaram  de  sair  da
caixa. Barbie’s recém compradas. 
­ Pode deixar que eu falo com ela. Vou procurar eles, muito obrigada. 
Saí  de  perto  de  Phillip  antes  que  ele  pudesse  dizer  alguma  coisa  ou  querer
me acompanhar, porque eu queria muito falar com a Mary sozinha. Entrei de
volta na mansão, a barulheira continuava a mesma desde quando eu saí. Os
adultos estavam todos rindo e bebendo no salão principal, meus tios e meus
avós estavam no meio. 
Localizei  em  um  dos  sofás  Danny,  junto  com  Mary,  obviamente,  e  o  resto
dos nossos primos, Luke, Jessica e Cassey. 
­  O  que  estão  fazendo  aqui?  –  perguntei  parando  na  frente  deles,  sem
entender a reunião familiar sem a minha presença. O que a babaca da Mary
estava  fazendo  no  meu  lugar?  Aquela  família  era  minha,  pelo  que  eu  me
lembro. Danny não olhou pra minha cara. Típico. 
­  Conversando...  –  respondeu  Cassey,  a  única  digna  ali.  Tudo  bem,  as
crianças todas eram dignas. Menos aqueles dois. 
­ Estou com sono. – murmurou Luke coçando os olhos. 
­  Vamos  ver  se  já  podemos  te  colocar  na  cama.  –  disse  Danny  pegando  o
garoto  no  colo  e  se  afastando.  Que  paterno!  Não  sabia  desse  lado  do
abominável. Fiquei encarando ele se afastar com Luke. 
­ Hm, Mary, Phillip disse pra você dormir com as amigas dele. – falei depois
de  sair  do  transe.  Mary  me  olhou  com  aquela  expressão  irritante  dela  de
surpresa. 
­ Pensei que iríamos dormir juntas! 
Quase lhe dei um soco. Mas Cassey e Jessica estavam nos encarando, então
eu  evitei  o  massacre  na  frente  das  crianças.  Cassey  soltou  uma  risadinha
cheia  de  intenções,  eu  sabia  que  ela  estava  entendendo  a  rejeição  sobre  a
Mary. 
­  Eu  estou  com  gripe,  não  quero  te  passar.  Vou  ter  que  dormir  num  quarto
sozinha. Se eu pudesse dormia com você. 
­ Ah! Seria divertido. 
­ Com certeza. Bom, com licença, vou me retirar para os meus aposentos. –
falei e Cassey e Jessica riram. 
Andei  até  onde  minha  família  se  encontrava  rindo  animadamente  com  os
anfitriões.  Agora  Lilly  nanava  Luke,  que  dormia  pesado.  Danny  participava
distante da conversa. 
­  E  então,  querem  se  recolher?  –  perguntou  o  senhor  Sánchez  quando  me
aproximei, olhava de Danny para mim. 
­  Acho  que  sim.  –  respondi  já  que  Danny  não  se  prestou  a  abrir  a  boca.  O
senhor Sánchez fez sinal para um dos mordomos que estavam circulando os
convidados. 
­ Mostre para eles onde ficam os quartos de hóspedes. 
­  Sim  senhor.  –  disse  o  cara  e  nos  olhou  como  quem  diz  “me  acompanhem
por favor”. Danny me olhou de relance e seguiu o mordomo. Fiz o mesmo. 
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Subimos a escadaria gigantesca que dava para o segundo andar em silêncio,
nossos  passos  ecoando.  No  final  das  escadarias,  havia  dois  lados  para
escolher.  O  mordomo  seguiu  pela  esquerda,  entrando  em  um  corredor
sofisticado cheio de quadros antigos arrepiantes. Eu estava me sentindo num
filme de terror, não entendo pra que morar numa casa daquele tamanho. 
­  Os  senhores  desejam  quartos  próximos?  –  perguntou  o  homem  sem  nos
olhar e sem parar de andar. 
­  O  mais  longe  possível.  –  resmungou  Danny  e  eu  o  olhei  semi­cerrando  os
olhos. Ridículo. 
­ Bom, então o senhor pode se instalar aqui. – disse o mordomo abrindo do
nada uma porta e revelando um quarto escuro. Danny entrou meio receoso,
acendendo a luz. O mordomo entrou atrás. 
Entrei  atrás  do  mordomo,  não  ia  ficar  sozinha  naquele  corredor  estranho.
Uma  música  clássica  tocava  levemente  ao  fundo  dentro  do  quarto.  Bom,
combinava completamente com a decoração épica. Estávamos dentro de um
filme  de  época  e  eu  não  estava  sabendo?  Danny  ficou  encarando  o  quarto
por um bom tempo em silêncio. 
­ Onde é o banheiro? – perguntou depois de algum tempo. 
­ Por aqui, senhor Jones. – falou o mordomo abrindo a porta central dupla do
quarto,  que  escondia  um  banheiro  enorme.  –  O  quarto  da  senhorita  e  quase
igual, aqui em frente. 
­ Mas você perguntou se... – começou Danny e eu o olhei com raiva. 
­  Acreditem  em  mim,  vocês  não  vão  querer  ficar  afastados.  Bom,  daqui  a
pouco a camareira trará as roupas de cama e suas malas. Se precisarem de
mim é só apertar nesse dispositivo. – disse ele mostrando um botão dourado
do lado da cama. – Tenham uma boa noite de sono. 
Saiu do quarto fechando a porta. 
­  O  que  esse  minhocão  quis  dizer  com  “vocês  não  vão  querer  ficar
afastados”? – perguntou Danny histérico. Eu o olhei irônica. 
­  Acho  que  há  mais  coisas  entre  essas  paredes  do  que  apenas  móveis.
Muahahaha.  –  falei  analisando  o  papel  de  parede  em  estilo  vitoriano.
Sofisticado e épico demais para o meu gosto. 
­  Muito  engraçado.  Quer  me  dar  licença?  Eu  quero  ficar  sozinho.  E  essa
música não para nunca? 
­ Danny, quer calar a boca? 
­ O que foi? Sai do meu quarto. O seu é igual! 
­ Quantos anos você tem? 
­ Agora você quer o que de mim? 
­ Por que está sendo tão estúpido? 
Danny caminhou com raiva até a porta e a abriu. Eu não estava acreditando
que  ele  ia  me  jogar  pra  fora  do  quarto.  Deixar  uma  dama  indefesa  sozinha
nesse  lugar  assombroso!  Sim,  eu  ainda  estava  pensando  no  que  aquele
mordomo  tinha  falado.  Estávamos  em  outra  cidade,  numa  casa  totalmente
arrepiante e Danny não podia ter um pingo de solidariedade e deixar eu ficar
um pouquinho com ele? Até o medo passar! 
Droga, pare de inventar desculpas. 
Encarei  o  corredor  escuro,  iluminado  apenas  com  pequenos  lustres  rústicos
que se projetavam das paredes. 
­  Boa  noite.  –  murmurou  ele  me  empurrando  de  leve  pra  fora  e  batendo  a
porta.  Caipira  ridículo!  Esfreguei  meus  braços  quando  uma  rajada  de  vento
passou  pelo  corredor  e  soltei  um  gemido,  abrindo  a  porta  na  minha  frente.
Acendi  a  luz  do  quarto,  e  ele  era  exatamente  igual  ao  de  Danny,  a  única
diferença  era  a  colcha  da  cama,  que  agora  era  vinho.  Me  joguei  no  colchão
fofo e coloquei a mão no rosto. Por que mesmo eu tinha vindo nessa droga?
Qual era a vantagem? Cara, quero voltar pra Londres. 
Meu  Deus,  falando  em  Londres...  Brian!  Esqueci  completamente  do  garoto
com  essa  confusão  toda  de  Danny  e  loucuras.  Eu  precisava  falar  com  ele.
Era óbvio que eu não ia contar nada, nunca contarei o que eu tive a coragem
de fazer com o meu primo pra ninguém. 
Estava entretida nos meus devaneios sobre o que Brian estaria pensando de
mim  quando  alguém  bateu  na  porta  do  quarto  e  eu  dei  um  pulo.  Já  vi  que
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não  iria  conseguir  dormir  direito  num  quarto  tão  frio  e  tão  tenso.  Caminhei
cautelosa e abri a porta, dando de cara com uma camareira velha. Sério, ela
era muito velha. 
­ Com licença senhorita, trouxe a roupa de cama. – disse ela mais para o ar
do  que  pra  mim,  e  entrou  meio  me  atropelando.  Fiquei  encarando  a  mulher
se arrastar até a minha cama quando outra voz me faz pular com mais vigor
e medo agora. 
­  Sua  mala,  senhorita.  –  O  mordomo  de  antes  estava  na  porta  segurando  a
minha  mala.  Sorri  meio  falsa  e  peguei  a  mala  das  mãos  dele,  que  fez  uma
reverência exagerada e sumiu pelo corredor escuro. Quando me virei dei de
cara com a velhinha me encarando, a cama arrumada. Dei um grito. A velha
se  dirigiu  pra  fora  do  quarto  resmungando  alguma  coisa  que  eu  não  fazia
muita  questão  de  entender.  Fechei  a  porta  e  tranquei  quando  ela  saiu.  Que
gente louca. 
Coloquei  a  mala  em  cima  da  cama  e  a  abri,  começando  a  revirar  em  busca
do  meu  celular  abandonado.  Alguém  tinha  que  me  atender.  Alguém  lê­se
Brian  Langdon.  Impaciente,  esperei  o  celular  ligar,  mas  o  problema  é  que
não  aconteceu  nada.  Merda,  sem  bateria!  Típico,  bem  coisa  pra  acontecer
comigo  quando  eu  mais  preciso  no  auge  do  medo  e  da  solidão.  E  nem
carregador eu tinha. 
Olhei em volta do quarto e só fui perceber a televisão de plasma na parede
em  frente  à  cama  naquele  momento.  Dei  uma  agradecida  a  Deus  e  meti  a
mão  no  controle  remoto  que  estava  em  cima  da  mesa  de  cabeceira.  Sentei
no  pequeno  sofá  em  frente  a  minha  cama  e  comecei  a  passar  os  canais
freneticamente.  Por  que  eu  não  comi  nada  durante  aquele  cocktail  besta?
Minha  barriga  começou  a  roncar.  Deixei  na  MTV  e  me  esparramei,
começando  a  assistir  meio  sem  ânimo  o  clipe  de  Radar  da  Britney  Spears.
Será  que  na  casa  teria  algum  esquema  de  pedir  comida  por  telefone?  Não,
Ana, você não está num hotel. Está na casa de amigos da família. 

Acordei  com  um  toc  toc  irritante,  primeiro  achei  que  era  da  televisão  então
ignorei.  Mas  o  som  vinha  do  lado  oposto.  Encarei  a  porta  e  uma  sombra  de
pés era visível entre o vão e o chão. Imaginei um fantasma, mas fantasmas
não  batem  nas  portas.  Eles  entram  sem  permissão,  se  não  não  seriam
fantasmas.  Não  é  essa  a  vantagem?  Levantei  e  me  arrastei  sem  paciência
alguma até a porta, e a abri. 
­  Phillip?  –  perguntei  com  uma  expressão  de  horror,  tentando  ajeitar  meus
cabelos provavelmente sem sucesso algum. 
­  Desculpe  te  incomodar  mas...  pensei  que  você  gostaria  de  participar  de
uma pequena after party no meu quarto. Não tem muita gente, só os amigos
mais  próximos.  É  que  todo  mundo  já  foi  dormir  e,  bom,  está  cedo  demais
para pensar em dormir. 
­ Ah, eu... 
Não  pude  terminar  minha  resposta,  pois  a  porta  do  quarto  de  Danny  se
abriu,  revelando  o  próprio  Danny  de  boxers  e  uma  camiseta.  Ele  encarou
Phillip confuso, depois semicerrou os olhos pra mim. 
Phillip o olhou inocente. 
­  O  que  está  fazendo  aqui?  –  perguntou  Danny  nada  simpático  para  alguém
que  era  amigo  do  garoto  desde  há  algum  tempo.  Phillip  hesitou  por  um
momento,  me  olhando  como  se  esperasse  que  eu  fosse  salvá­lo  da  furada.
É, claro. 
­  Eu...  vim  avisar  que  amanhã  o  café  é  servido  as  9h.  Não  se  atrasem.  –
disse  ele  todo  embolado  e  começou  a  se  afastar,  indo  para  o  outro  lado  da
casa, onde eu deduzi que ficavam os quartos dos moradores. Danny esperou
o garoto desaparecer pra me fitar com raiva. 
­ O que pensa que está fazendo? – perguntou ele em tom cobrador. O quê? 
­ Como assim? Não fiz absolutamente nada, seu neurótico. 
­ O que ele estava fazendo aqui? Digo, realmente. 
­ Não é da sua conta! E o que você estava fazendo para sair do seu quarto? 
Ele me olhou sem expressão aparente. Idiota, nunca tente me encurralar que
vai acabar no meu lugar! 
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­ Eu ia... pedir emprestado. Meias. 
­ Meias? Cala a boca, Daniel. Vá pensar em uma desculpa de macho e depois
volte aqui. – soltei, fazendo mensão em fechar a porta mas ele a segurou no
último  segundo.  Eu  o  olhei  indignada,  que  grossura  era  aquela?  Como
sempre,  é  claro,  Daniel  violento.  Já  estava  me  acostumando.  A  porta  se
escancarou  e  eu  fui  lançada  pra  trás.  Danny  entrou  no  quarto  e  trancou  a
porta atrás de si. Oh não, lá vamos nós de novo. 
­  Sai  daqui.  Você  estava  me  rejeitando  há  poucas  horas.  Vá  dormir  com  a
Mary. 
Ele  soltou  uma  risada  sarcástica  e  partiu  pra  cima  de  mim,  tirando  a
camiseta no caminho. Tive apenas alguns segundos de tontura ao olhar para
seu peito nu, e ele já estava me empurrando pra cima da cama. Senti todo o
seu  tronco  se  arrepiar  quando  minhas  mãos  frias  encostaram  nos  seus
ombros quentes. Como ele conseguia ser tão quente? E alguém me explique
como uma pele podia ser tão macia? Ainda não tínhamos nos beijado, Danny
estava realmente muito preocupado em me deixar só de sutiã. Feito isso, ele
me  olhou  sério  antes  de  grudar  os  lábios  nos  meus  com  uma  vontade
inexplicável.  Nosso  beijo  foi  evoluindo  numa  proporção  gigantesca,  como  se
estivéssemos  há  algumas  décadas  sem  o  fazer.  Como  era  bom  sentir
aqueles  lábios  quentes  e  macios  novamente,  aquele  gosto  doce  que  só  ele
tinha,  aquela  sensação  de  que  eu  poderia  ficar  fazendo  aquilo  pra  sempre,
sem problema algum. Respiração e fôlego vinham em segundo plano. Danny
passeava  com  suas  mãos  pelo  meu  tronco,  a  cada  toque  eu  sentia  mais
prazer. Mais vontade de tirar a roupa, pra ser mais clara. Suas mãos foram
parar  nos  meus  peitos  e  começaram  a  massageá­los  de  uma  forma
irritantemente  deliciosa,  e  aquele  tecido  estava,  de  verdade,  atrapalhando
um  movimento  tão  bom  para  ser  desperdiçado  dessa  forma.  Comecei  a
perceber  o  volume  poderoso  por  baixo  de  suas  boxers  e  sorri  entre  o  beijo.
Selvagem.  Interrompi  nosso  beijo  e  comecei  a  mordiscar  seu  pescoço
enquanto  direcionava  minha  mão  até  seu  documento  por  cima  da  boxer,  o
fazendo  resmungar  alto.  O  apalpei  de  uma  forma  que  eu  sabia  que  o
deixaria no auge da vontade de arrancar fora as boxers. Mas sabia também
que  antes  disso  ele  precisava  tirar  as  minhas  calças.  Eu  ainda  estava  de
calça jeans. Danny arrancou o botão da minha calça, depois eu iria fazer ele
costurar  com  a  língua,  mas  enfim,  ele  começou  a  tirar  as  minhas  calças
devagar,  provocando  minha  pressa.  Calças  no  chão,  Danny  começou  a
apertar  o  interior  das  minhas  coxas  enquanto  dava  fortes  chupões  no  meu
pescoço. 
­ Hoje sou eu. – murmurou ele no meu ouvido e eu não entendi de primeira.
Só  quando  senti  sua  mão  entrando  dentro  da  minha  calcinha  que  percebi  o
objetivo da provocação. Seu dedo penetrou minha vagina, me fazendo gemer
de  prazer  súbito.  Ele  começou  a  fazer  movimentos  lentos,  aquele  caipira
idiota  adorava  me  provocar  com  a  lentidão.  Quando  percebi  estava
arranhando  com  muita  força  suas  costas  enquanto  ele  se  divertia  com  meu
sofrimento. 
­  Chega.  –  sussurrei  soltando  o  ar  no  seu  ouvido  e  ele  parou  com  o
movimento,  soltando  uma  risada  sarcástica.  Naquela  altura  eu  nem  estava
mais preocupada com seus sarcasmos. Ele arrancou de vez minha calcinha e
eu fiz o mesmo com sua boxer. 
­  Droga,  o  preservativo.  –  disse  ele  parando  de  me  beijar.  Fechei  os  olhos
sem acreditar. 
­ Danny, você tem o quê no cérebro? 
­ Dá uma olhada na mesa de cabeceira. 
­  Esse  quarto  deve  ter  quinhentos  anos.  Nem  existia  preservativo  naquela
época. – resmunguei saindo de baixo dele e me arrastando até a gaveta. 
­ Estamos na casa de Phillip. – murmurou ele bem no momento que encostei
em um pacotinho com um relevo redondo. Bingo! 
­  Você  está  com  sorte,  priminho.  –  falei  sorrindo,  o  entregando  o
preservativo. ­ Precisa de mais ajuda ou não broxou nem um pouquinho com
essa parada? 
Ele me olhou sorrindo de um jeito que eu diria até bonitinho. 
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­ Você está embaixo de mim, nua. Realmente acha que eu vou broxar  numa
situação assim? 
Eu  sorri  igualmente,  o  puxando  para  um  último  beijo  delicado  antes  de  ele
me penetrar com tudo. 
Ah,  aquela  sensação.  Não  sei  como  consegui  ficar  tanto  tempo  sem  isso,
sério.  Mas  não  dava  pra  ser  com  qualquer  cara,  tinha  que  ser  com  ele.  Era
apenas  a  nossa  segunda  vez,  mas  parecia  que  fazíamos  isso  há  muito
tempo.  Pode  ser  por  causa  do  tipo  sanguíneo  idêntico.  Não  que  eu  goste  de
lembrar desse fato numa hora dessas. 
­  Awn,  Danny...  –  gemi  no  seu  ouvido  enquanto  ele  investia  mais  selvagem
do  que  na  primeira  vez  na  beira  do  rio.  Acho  que  era  a  base  macia  que  o
deixava mais firme, e não a grama pinicante. Eu não estava muito resistente
daquela  vez,  porque  consegui  gozar  antes  dele.  Tudo  bem,  foram  tipo  cinco
segundos  de  diferença.  Mas  eu  me  sentia  meio  perdedora  gozando  antes.
Danny  saiu  de  dentro  de  mim  –  pausa  pra  ressaltar  o  quão  estranho  é  falar
isso  –  e  soltou  seu  corpo  pesado  em  cima  do  meu,  sem  se  preocupar  se  eu
sufocaria  ou  não.  Bom,  eu  estava  pouco  me  importando  com  isso.  Não
falamos  nada  por  um  bom  tempo,  ficamos  grudados  apenas  curtindo  o
momento.  A  MTV  ainda  estava  ligada  e  tocava  Justin  Bieber.  Super
excitante.  Dei  um  selinho  lento  em  seu  pescoço  e  comecei  a  fazer  carinho
nos  cabelos  de  sua  nuca.  Não  sei  da  onde  tinha  surgido  aquela  liberdade  e
aquela  falta  de  vergonha  de  fazer  coisas  do  tipo  casalzinho  apaixonado,  de
repente  tive  vontade  de  ser  carinhosa  com  ele  por  um  momento  na  minha
vida.  Senti  suas  mãos  começarem  a  alisar  minha  cintura,  fechei  os  olhos
apenas sentindo seu perfume maravilhoso e o prazer do seu carinho. 
Danny  levantou  a  cabeça  um  tempo  depois  e  me  encarou  sem  dizer  nada.
Depois beijou o canto da minha boca calmamente, começando a brincar com
meu lábio inferior. Segurei seus cabelos e intensifiquei o beijo, mas de uma
forma  calma,  nada  de  raiva  e  vontade  de  fazer  rápido.  Era  a  primeira  vez
que  eu  beijava  de  uma  forma...  apaixonada.  Sempre  estávamos  fazendo
esse  tipo  de  coisa  depois  de  brigar,  então  era  violento.  Dessa  vez  não,
ficamos um bom tempo apenas nos beijando calmamente. 
Depois de ficarmos naquela paixonite fofa, ele saiu de cima de mim e foi pra
baixo das cobertas, me ajudando a fazer o mesmo. Me aconcheguei nos seus
braços, como falam? Em “conchinha”, e peguei no sono sem perceber. 

Acordei de repente, parecia que eu tinha entrado em uma hibernação há três
meses  e  só  tinha  saído  naquele  momento.  Eu  estava  em  um  lugar  muito
quente  e  aconchegante.  Olhei  em  volta  e  lembrei  onde  estava,  e  com  quem
tinha passado a noite. Só podia ser um sonho, impossível. Sem brigas? Sem
xingamentos? 
Danny estava parado na ponta da cama me encarando só de toalhas. Sorriu
quando eu o olhei. 
­  Bom  dia.  –  murmurou  ele  levantando  as  sobrancelhas  de  uma  forma
engraçada.  Eu  nem  sabia  como  agir,  estava  com  vergonha.  Nunca  tínhamos
feito algo igual, do tipo sexo com amor e sem discussão. Era estranho. 
­  Oi.  –  respondi,  coçando  os  olhos  para  tentar  fazer  minha  visão  ficar  mais
nítida. A televisão ainda estava ligada, não sei se passou a noite assim, mas
estava no mesmo canal, e passava o clipe da Katy Perry de Thinking Of You.
Com certeza a música ajudava muito pra amenizar o clima amoroso no ar. 
­  Está  com  fome?  De  acordo  com  seu  amigo  Phillip,  o  café  é  servido  às  9h.
Faltam dez minutos. 
­ Meu... – comecei, me levantando e enrolando o lençol em volta de mim. –
amigo Phillip. Essa é ótima. Preparado pro pólo? 
­ Na verdade eu nem estava muito afim de jogar. Mas papai vai capar o meu
Danny júnior se eu não participar, então... 
­  Boa  sorte,  vou  voltar  a  dormir.  –  murmurei,  deitando  novamente  e  me
cobrindo. 
­ Não, Mell... vá se vestir. Eu vou pro meu quarto colocar uma roupa. 
Não  movi  um  músculo,  não  ia  ter  coragem  de  encarar  a  família  depois
daquela noite. Muito menos ele em público. Senti mãos afastando os cabelos
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do  meu  rosto  e  um  beijo  no  meu  pescoço.  Fiquei  vermelha,  graças  a  Deus
não foi visível. 
­ Você vai ter que aparecer em público alguma hora... 
­ Quem disse que estou com vergonha? – perguntei com o rosto afundado no
travesseiro. 
­  Não  precisa  dizer,  eu  percebi  né.  Sua  cara  de  tensão  e  suas  bochechas
vermelhas revelam alguma coisa. 
­ Está vendo coisas, Danny. Estou muito tranqüila. 
Ele riu. 
­ De qualquer forma, fique pronta e desça às 9h. 
Cinco segundos depois a porta bateu e eu estava sozinha. Soltei um gemido
de desespero ainda com o rosto afundado no travesseiro. 

A  mesa  do  salão  de  jantar  era  bem  proporcional  ao  tamanho  da  casa,  ou
seja, gigante. A maioria das pessoas que estavam “hospedadas” na casa dos
Sánchez já se encontrava ali, tomando café e conversando empolgadamente
sobre o torneio de pólo que aconteceria naquele dia. Localizei minha família
e me arrastei até onde eles estavam sentados, inclusive até Danny, que não
parecia nada tenso e envergonhado pelo que tinha acontecido entre a gente. 
Sentei  ao  lado  de  tio  Steve,  pai  de  Danny  e  de  Jessica.  Todos  me
cumprimentaram e eu sorri sem graça. 
­  Como  passou  a  noite?  –  perguntou  vovó  animada.  Senti  o  olhar  de  Danny
sobre mim, fingi não perceber. 
­ Foi ótimo. – murmurei encarando meu prato vazio. De repente fiquei muito
interessada  nos  detalhes  decorativos  do  prato.  Todos  então  voltaram  a
conversar  empolgadamente,  os  homens  sobre  não  sei  o  quê  da  Champion’s
League  e  Lilly,  vovó  e  tia  Emma  sobre  o  bolo  delicioso  que  estavam
comendo. Eu estava me sentindo muito mal enganando todos naquela mesa,
principalmente  vovó.  Ela  teria  um  troço  se  imaginasse  o  que  os  primos
andavam  fazendo.  Estava  tão  tensa  quando  cheguei  que  nem  percebi  Mary
ao lado de Danny rindo de algo que ele contava para Cassey e Jessica. O que
aquela loira aguada ainda estava fazendo naquela casa? 
O  café  da  manhã  ficou  muito  mais  lento  depois  que  percebi  Mary  na  mesa,
eu  queria  logo  sumir  dali  e  evitar  olhar  pra  cara  de  santa  forçada  dela.  Pra
piorar, Phillip apareceu do nada. 
­  Só  queria  avisar  que  vamos  treinar  um  pouco  agora  de  manhã  antes  de
começar o campeonato, e também ver os times. Vem comigo, Danny? 
Danny o encarou sério por um segundo e depois sorriu. 
­ Claro. – disse Danny e logo depois pediu licença, se afastando com Phillip e
os amigos. 
Foi  a  vez  do  senhor  Sánchez  aparecer  para  alegrar  o  ambiente  mais  do  que
já estava. 
­ O que acham de sentarmos na piscina e tomarmos um drinque? 
­ Ótima ideia! – exclamou vovô logo se levantando. Eu me levantei, mas por
motivos diferentes. 
­  Senhor  Sánchez...  me  desculpe  mas...  sabe  onde  eu  poderia  acessar  a
internet? – perguntei na cara de pau. 
­ Oh, claro. Pode usar o computador de Phillip no escritório, querida. 
Agradeci  silenciosamente  e  me  afastei  daquele  lugar  barulhento.  Bom,  eu
teria  que  deduzir  por  onde  ir  até  o  escritório.  Não  foi  muito  difícil,  na
verdade. O escritório se localizava em frente a grande sala de estar. Aquela
parte da casa estava incrivelmente silenciosa. Entrei no escritório um pouco
receosa.  Ah,  se  o  dono  da  casa  tinha  permitido,  então  não  havia  problema,
não  é?  Eu  precisava  falar  com  Brian  e  dar  algum  sinal  de  vida,  o  garoto
devia  estar  morrendo  em  Los  Angeles,  neurótico  do  jeito  que  é.  Da  última
vez que nos falamos eu desliguei em sua cara e deixei no ar a possibilidade
de estar pegando alguém bem no momento. Na verdade eu estava. 
Sentei  na  mesa  olhando  tudo  na  minha  volta,  eles  adoravam  esportes
mesmo.  O  escritório  estava  infestado  de  medalhas  e  certificados,  tudo
relacionado  a  esportes.  Desde  hipismo  até  golfe.  Liguei  o  Apple  que  estava
na  minha  frente,  sem  prestar  muita  atenção  no  movimento.  Ainda  estava
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encarando  as  paredes  cheias  de  medalhas.  A  área  de  trabalho  apareceu  na
minha  frente  e  eu  soltei  o  ar  relaxada.  Quando  fui  entrar  na  internet,  um
ícone  chamou  a  minha  atenção.  Fotos.  Eu  era  viciada  em  bisbilhotar  fotos
alheias, eu não iria conseguir ignorar aquele ícone me chamando. E mais: se
era  o  computador  de  Phillip,  poderia  ter  alguma  foto  de  Danny  do  ano
passado.  Eu  precisava  ver.  Apertei  no  ícone  me  sentindo  muito  foragida.
Havia  milhões  de  pastas,  e  apertei  na  primeira  e  mais  interessante  que
surgiu,  “Festas”.  As  fotos  estavam  todas  misturadas,  que  desorganização!
Esse  garoto  devia  dar  milhões  de  festas,  deveria  fazer  uma  pasta  pra  cada
uma. O que mais tinha era mulher, que novidade. Várias Barbie’s e Polly’s na
piscina dos Sánchez, com roupinhas realmente do tamanho real de bonecas.
Lamentei  ao  ver  uma  foto  de  Phillip  lambendo  chantilly  na  barriga  de  uma
loira  de  mini  saia.  Fui  passar  a  foto,  mas  o  rosto  da  garota  me  chamou  a
atenção. Dei zoom na foto e... Oh meu deus. Era Mary. 
Phillip lambia chantilly da barriga de Mary. 

­ Capítulo 10 ­
Não consegui definir se aquilo era uma coisa positiva ou negativa. Digo, saber sobre
o pequeno segredo de Mary. Muitas pessoas gostam de ficar sabendo de fofocas e
fatos  que  ninguém  nunca  imaginaria  saber,  mas  eu  sinto  que  sempre  quando  me
torno  responsável  por  algum  segredo  desse  tipo  vai  dar  algo  errado.  Ou  eu  vou
acabar contanto pra pessoa errada e tudo vai se virar contra mim, ou eu vou ficar
com  aquela  agonia  presa  na  garganta  pra  sempre.  Eu  sou  assim,  não  consigo
guardar  segredos.  Principalmente  quando  o  segredo  está  relacionado  com  uma
pessoa que eu tenho muita, muita, muita raiva. Gostaria de ver a cara do caipira se
descobrisse que o objeto dele não é lá toda a perfeição que ele insistia em esfregar
na minha cara. Agora eu entendi porque Mary aceitou rapidinho vir junto, não era
por causa de Danny. 
Fechei a pasta de arquivos de Phillip e desliguei novamente o computador. Acabei me
esquecendo do real motivo pelo qual eu estava ali, mas resolveria isso mais tarde,
ligando  para  Brian  ou  algo  do  tipo.  Saí  da  sala  cautelosa  até  demais,  estava  me
sentindo um pouco foragida. O salão de jantar onde todos tinham tomado café já
estava vazio, então me dirigi pra fora da casa pela porta de vidro que dava para a
piscina. Todas as garotas estavam nas espreguiçadeiras conversando, inclusive Mary,
que  já  tinha  se  enturmado.  Ou,  como  acabei  de  descobrir,  já  conhecia  todas  elas.
Não  tenho  certeza,  preciso  investigar  o  passado  vagabundo  dela  ainda.  Ela
provavelmente  é  uma  BELA  mentirosa,  não  que  seja  muito  difícil  enganar  Danny,
mas acredito que eles já estavam nesse amorzinho todo desde as férias passadas e
ela  já  devia  conhecer  Phillip.  Argh,  estou  morrendo  de  vontade  de  esfregar  a  cara
dela no asfalto. 
Mary fez um sinal para eu me aproximar e eu sorri falsa. Piranha. 
­ Vamos ver os meninos treinarem? – perguntou uma garota ruiva muito branca com
cara de quem dá diariamente. Na verdade, todas tinham a mesma cara de Barbie na
caixa.  Todas  começaram  a  soltar  risadinhas  empolgadas  do  tipo  hihi­vamos­nos­
fingir­de­tolinhas e Mary me encarou. Tudo bem, querida, pode rir junto. Eu sei que
você é desse tipo. Me segurei para não rolar os olhos na cara dela. 
­ Viram o garoto novo que Phillip convidou para jogar? Cara, ele é muito gostoso. –
disse  agora  uma  garota  com  o  cabelo  chanel  muito  loiro.  Senti  os  olhos  de  Mary
sobre mim por uma fração de segundo. – Seu amiguinho, não é, Mary? Espertinha! 
­ O quê? Não, ele é só meu amigo. Na verdade, ele me trouxe. 
Hm, aposto que se eu não estivesse ali com elas Mary iria dizer que estava pegando
Danny. Bem o tipo de gente que oferece a barriga para ser lambida por algum garoto
em público. Não percebi, mas elas já estavam se levantando. 
­ Duvido que você não tenha tirado uma lasquinha! – provocou agora uma garota de
pele morena e cabelos pretos. – Não tem como ter um amigo daqueles. 
Mary parece desconfortada por um minuto, depois fez uma cara estranha. Achei que
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ela ia vomitar dentro da piscina. 
­ Eu acho que eu vou... com licença. – falou ela e abriu espaço entre todo mundo e
saiu correndo. Fiquei encarando ela entrar na casa sem entender nada. As meninas se
olharam sem entender. 
Pareceu  que  ela  ia  mesmo  vomitar.  Coitadinha,  foi  muita  pressão.  Eu  quase  tive
pena. 
Isso me fez lembrar um fato nada agradável que aconteceu na fazenda quando eu e
Danny éramos pequenos. Como sempre, culpa do caipira. Ele sabia que eu sempre
tive nojo de lesma, era o único bicho que eu não suportava. Mas é claro que pontos
fracos nas mãos de Danny Jones são uma arma. Eu tinha ido tomar banho antes de
toda a família sair para o centro da cidade. Entrei no quarto e me vesti. Na hora de
colocar  os  tênis,  quase  tive  uma  parada  cardíaca.  Havia  lesmas  dentro  do  maldito
tênis. Eu não cheguei nem a gritar, só deu tempo de chegar ao banheiro e colocar
tudo pra fora. Era quase possível ler no chão do quarto “Danny Jones passou por
aqui”. Depois disso corri até a sala e comecei a bater no garoto. Toda a família achou
que eu estava conspirando, porque na visão deles eu era a má dos primos. Danny
ficou cheio de beliscões e hematomas roxos por muito tempo. Nunca mais colocou
nada nos meus tênis. Pelo menos tive o prazer de dar uns tapas naquele inferno em
forma de criança. 
Segui as garotas, não sei porquê, até o campo onde os meninos estavam treinando.
A arena era revestida por uma cerca de isolamento onde ficavam as pessoas apoiadas
assistindo o jogo. Que aliás já havia começado. Meus olhos caíram automaticamente
no  jogador  que  se  destacava  de  todos,  que  estava  extremamente  gostoso  dentro
daquele  uniforme  branco.  Bastaram  cinco  minutos  para  perceber  que  Danny  não
tinha  esquecido  porra  nenhuma  de  como  se  jogava  aquilo,  porque,  sem  querer
forçar a barra, mas ele era melhor que Phillip. Que treinava tipo todos os dias. Danny
percebeu minha presença um pouco afastada das Barbie’s histéricas que começaram
a dar gritinhos de alegria quando Danny sorriu de canto para mim. Tentei disfarçar,
sabia que se elas notassem que ele estava discretamente com a atenção em mim já
iriam me rodear e perguntar se transamos freqüentemente. 
Na verdade, sim. 
Até o intervalo, a cada tacada Danny me olhava de canto para provavelmente ver o
que  eu  tinha  achado  da  habilidade  renascida  dele.  Se  você  quiser  saber,  estou
adorando a visão de Danny dentro daquele uniforme apertado. É incrível como caras
bonitos ficam ainda mais bonitos dentro de uniformes. É tipo uma regra universal,
por  que  você  acha  que  as  mulheres  as  vezes  assistem  os  namorados  jogarem
futebol? Não tem nada a ver com prestigiar, e sim com se deleitar com a visão dos
deuses. Não que eu estivesse fazendo isso naquele momento, mas, digamos que não
era nada mal. 
Perdida  nos  meus  devaneios  não  percebi  quando  o  campo  esvaziou  e  os  cavalos
foram  postos  amarrados  num  canto,  começando  a  ser  tratados  por  algum
empregado.  Danny  atravessou  o  campo,  que  era  bem  grande,  sob  os  olhares  das
garotas que ainda não tinham parado com os risinhos. Oh senhor, muito obrigada
por não ser tão alienada. 
­ O que achou do meu jogo grotesco? – perguntou Danny se apoiando na cerca de
ferro  e  tirando  as  luvas.  Levantei  as  sobrancelhas  ligeiramente.  “Grotesco”?  Danny
adorava a modéstia forçada! 
­ Você só diz isso pra ganhar elogios meus. Foi melhor que Phillip, se quiser saber. 
Encaramos  juntos  Phillip  e  os  amigos  se  aproximarem  das  Barbie’s  ao  nosso  lado.
Phillip retribuiu o olhar rapidamente, voltando a dar em cima da Barbie ruiva. 
­ Acho que sou bom com os cavalos, então. Porque no quesito jogo... 
­ Tudo bem Danny, cale a boca. Você é muito bom. 
Droga, ele estava tão lindo meio suado com as bochechas vermelhas e os olhos azuis
me encarando embaixo daquele sol agradável da manhã. Ele sorriu levemente e me
roubou  um  selinho.  Não  acredito  que  ele  fez  isso  em  público.  Dei  um  tapa  no  seu
braço. 
­ Danny, eu tenho vontade de te matar! Tá todo mundo olhando! 

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­ Grande coisa, primos se beijam carinhosamente. 
­ A nossa relação não é nada do que você está tentando me convencer. 
Ele não pode retrucar pois senti o celular vibrar no bolso de trás da minha jeans. 
­  Só  um  minuto.  –  pedi  me  afastando  e  ele  concordou.  Tirei  o  celular  do  bolso  e
encarei o nome chamando na tela. Senti imediatamente um frio na barriga idêntico
ao que temos quando andamos de montanha russa. Depois de tudo aquilo que tinha
acontecido  entre  eu  e  Danny  me  sentiria  meio  estranha  falando  com  Brian.  Na
verdade eu já estava me sentindo meio estranha só de encarar o nome dele, queria
ver ouvindo a voz. 
­ Alô? – atendi meio receosa, com a sensação de que ele iria descobrir o que eu tinha
feito  só  de  ouvir  a  minha  voz.  Não  que  eu  tivesse  algum  compromisso  com  Brian,
mas  era  estranho  mentir  sobre  uma  coisa  desses  pro  melhor  amigo.  Pro  melhor
amigo que eu sempre fui apaixonada. 
­  Mell?  –  respondeu  ele  e  no  mesmo  momento  eu  percebi  que  sim,  continuava
completamente  apaixonada  por  ele.  E  essas  coisas  são  possíveis?  Gostar  de  dois
caras  ao  mesmo  tempo?  Bom,  se  não  fosse,  eu  iria  ser  a  primeira.  Porque  estava
acontecendo comigo. 
­ Oi Brian. – murmurei com um sorriso discreto no rosto. Era tão bom ouvir uma voz
familiar,  não  literalmente.  Mas  é  bom  ouvir  a  voz  de  um  amigo  depois  de  algum
tempo sem ver ele. Ainda mais do Brian. 
­  Nossa,  quanto  tempo!  Mentira,  foi  uma  semana,  mas  pra  mim  já  é  demais.  Eu
tenho boas e más notícias. Qual quer primeiro? 
Fiquei  alguns  segundos  em  silêncio  pensando.  Bom,  todo  mundo  escolhe  a  má
primeiro. Então vamos lá. 
­ Má. Espero que a boa seja realmente boa. 
­ Bom, a má notícia é que eu estou com suspeita de apendicite. 
­ O quê? Brian, como isso aconteceu? 
­  Simplesmente  acontece,  não  tem  como  prever.  Na  verdade  não  é  lá  tão  grave
assim, só dói pra caramba. 
­ Desde quando? Apendicite não é rápido? 
­ É, eu já ia chegar aí. Ontem eu senti uma dor inexplicável na região do apêndice, fui
até pro hospital. Ligaram pra minha mãe, não que eu tenha pedido, mas a senhora
com quem eu estou morando insistiu e eu liguei. Como você já sabe, minha mãe é
neurótica com esses assuntos que envolvam a minha saúde e risco de vida. Ela me
obrigou a voltar pra Inglaterra. 
­ Como assim? Voltar? Você está na Inglaterra? 
­ Acabei de chegar, estou no aeroporto indo direto pro hospital! Isso não é legal?
Pelos cálculos do médico a dor vai voltar de noite e eu vou ter que retirar o apêndice.
­ Brian, você só me avisa isso AGORA? Eu vou voltar pra Londres, qual é o hospital? 
­ Mell, não seja boba. É só uma cirurgia. Seu pai nunca iria concordar com isso. Eu
vou ficar bem. 
­ Se eu estivesse no seu lugar o que você faria? Só por curiosidade. 
­ Estaria pegando um trem agora. Mas é diferente, eu sou homem. Homens têm a
obrigação de proteger e ficar do lado das mulheres. Você não precisa, nem pense em
sair de Bolton. 
­ Na verdade eu não estou em Bolton, estou em Manchester. Estamos numa espécie
de  torneio  particular  de  Pólo,  o  Danny  está  jogando.  É  uma  longa  história.  Mas
enfim, qual é o seu hospital, Langdon? 
­Mell, não quero que você venha. 
­ Você sabe que não vai me convencer. Diz logo antes que essa sua dor comece. 
­ Ai meu Deus, eu estou indo pro London Bridge. Seu pai vai me matar. 
­ Brian, cala a boca! Meu pai não é tão cruel. 
­ Ok, te vejo de noite. Acabei de ver a minha mãe perdida. 
­ Se cuida, pelo amor de Deus! Te amo. 
­ Eu também. 
Fechei  o  celular  e  percebi  que  estava  meio  tremendo.  Eu  fico  muito  nervosa  em
situações que envolvam hospitais e afins. Danny me encarava com uma expressão de

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quem já havia percebido algo de errado. Droga, explicar pro Danny vai ser foda. 
­ O que houve? – perguntou ele pulando a grade de isolamento com uma habilidade
que eu não entendi, porque era meio impossível um ser humano pular aquilo sem
ajuda. Danny era um selvagem de marca maior. 
Respirei fundo antes de soltar a novidade. 
­ Bom, acho que você não vai gostar. Vou ter que voltar pra Londres hoje. 
Danny de início não teve reação alguma, depois de alguns segundos de tensão ele
franziu o cenho preocupado. 
­ Por quê? 
­  Brian  está  com  apendicite.  Ele  acabou  de  chegar  da  Califórnia,  vai  se  operar  de
noite. Ele é o meu melhor amigo, eu não posso deixar ele sozinho numa hora dessas.
­ Ah, sim. Tudo bem. E depois você volta, não? 
­ Er, se o meu pai me forçar. 
­ Claro. Esqueci que você está com a gente contra a vontade. 
­ Danny, você sabe que não é bem assim. 
­ Se você quisesse mesmo ficar aqui, voltaria amanhã. 
­  Eu  não  quero  brigar  com  você  por  causa  disso,  por  favor,  não  me  deixa  mais
nervosa. Eu vou falar com o seu pai, com licença. 
Falando isso me afastei sem hesitar, o deixando parado olhando pro nada. Eu estava
me sentindo muito culpada por fazer isso com ele, mas era de Brian que estávamos
falando. A pessoa mais importante na minha vida, antes até de mim mesma. Corri
até onde minha família estava sentada, assistindo o treino junto com os anfitriões e
mais algumas pessoas mais velhas desconhecidas. Vovó ia ficar muito triste. 
­ Tio Steve, tem um minuto? – perguntei, interrompendo sua conversa empolgada
com o senhor Sánchez sobre cavalos ou qualquer coisa desse tipo. 
­  Claro,  querida.  –  concordou  ele,  se  levantando  e  andando  até  um  canto.  O
acompanhei. 
­  Aconteceu  um  imprevisto,  você  vai  ficar  muito  bravo  comigo  mas  não  tem  jeito.
Meu  melhor  amigo  ficou  com  apendicite  e  eu  vou  ter  que  voltar  pra  Londres,  a
cirurgia é hoje de noite. Se o senhor pudesse me levar até a estação de trem, seria
legal. 
­ Oh não, como ele está? 
­ Bem, acabei de falar com ele. Mas a dor vai voltar, sabe como é. Ele está meio que
precisando de mim. 
­ Entendo. Não, com certeza eu te levo até a estação. Você sabe que se eu pudesse
te levaria de carro até Londres, mas iria levar o dobro do tempo e você não ia chegar
a tempo. 
­ Sim, eu sei. Até a estação está ótimo, eu me viro. 
­ Vou ligar pro seu pai pra avisar que você vai voltar. Arrume suas coisas, querida. 
­ Tudo bem, muito obrigada. 

Entrei  no  quarto  e  comecei  a  colocar  as  poucas  roupas  desarrumadas  de  volta  na
mala, assim como o resto espalhado pelo banheiro. O ambiente estava mais frio que
fora da casa, o que era um pouco assustador porque estávamos no verão. Encarei a
cama de casal e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto involuntariamente. Estava
com uma sensação estranha, do tipo quando sentimos que não vamos voltar a ver
aquela pessoa por um bom tempo. Podia ser até pra sempre, quem vai saber? Agora
que eu estava me acertando com ele tudo tinha que voltar a dar errado. Não que eu
esperasse que começássemos a namorar e assumir o romance pra família, mas ficar
sem  brigar  com  Danny  me  deixava  bem.  Eu  me  sentia  bem.  Droga,  eu  estava  tão
confusa! Voltar a ver Brian com certeza iria fazer todos aqueles sentimentos de anos
aflorarem novamente, como sempre. Na verdade eles estavam bem ali, só que um
pouco enterrados pela presença de Danny. Bem, mas o que eu estava pensando? É
óbvio que você não tem nem o direito de ficar em dúvida entre os dois, porque um é
o seu primo. Tudo o que aconteceu iria ser esquecido imediatamente. Foi apenas um
sonho louco e desconfortável, mas ao mesmo tempo muito viciante e intenso. Não
iria ser fácil, não mesmo. Começando pelo fato de carregar o mesmo sobrenome que

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ele. Eu estava condenada eternamente. Não desejaria para ninguém estar na minha
pele. 
Terminei de enfiar tudo na mala e caminhei em direção da porta. Alguém bateu antes
de eu encostar no trinco. 
­ Er, precisamos conversar. – disse Danny entrando e fechando a porta. Meu coração
se debateu. Eu tinha uma ponta de esperança de que poderia ir embora sem ter que
me despedir e sofrer mais ainda. 
­ Eu sei. 
­ Na verdade, você não sabe. É uma coisa meio delicada. 
­ Do quê você está falando? 
Ele  encarou  o  chão  desconfortável.  Detectei  uma  expressão  de  culpa  ou  era  só
impressão minha? Mais alguns segundos em silêncio. 
­ Você vai me achar a pior pessoa do mundo. Talvez nunca me perdoe. E por mais
que seja apenas uma hipótese, eu já fiz, não tem mais volta. 
Eu estava começando a ficar com medo. 
­ Fala logo. 
­ Mary acha que está grávida. 
Não entendi de primeira, levei alguns longos segundos para ligar a culpa dele com o
fato  em  pauta.  Comecei  a  ofegar  depois  de  perceber  o  que  estava  acontecendo,  e
Danny tentou afagar o meu braço. 
­ Não encosta em mim. – murmurei, o olhando incrédula. – Como pôde? 
­  Foi  antes  de  você  chegar  na  fazenda,  tipo  um  mês  antes.  Não  quero  entrar  me
detalhes, mas aconteceu. Foi sem pensar. 
­ Danny... você não me contou. Por quê? 
­ Eu sabia que se você ficasse sabendo iria sentir raiva de mim e não se... entregaria,
digamos. Eu realmente gosto de você, não queria te deixar triste. 
­  Ah,  sim.  Você  sabia  que  se  eu  descobrisse  que  você  tinha  transado  com  aquela
garota  não  iria  dar  pra  você.  Estava  certo,  nunca  teria  feito  isso.  Esperto  da  sua
parte, pra alguém que só queria me comer. 
­ Não fala assim, eu gosto de você de verdade, Mell. Eu sempre gostei. Quando eu
percebi  que  você  também  poderia  estar  sentindo  o  mesmo,  foi  uma  sensação
indescritível. Meu sonho ia se realizar, é meio idiota falar desse jeito mas é a única
forma que eu tenho. Você sempre me odiou, a possibilidade de termos alguma coisa
era nula pra mim. E eu não ia estragar tudo revelando uma coisa que pra mim não
fazia e não faz diferença nenhuma. Não significou nada, perto do que nós passamos. 
­ Não  faz  diferença  nenhuma?  Daniel,  a  garota  ESTÁ  ESPERANDO  UM  FILHO  SEU!
Você por acaso já parou pra pensar? Já se deu conta da merda que fez? 
­ Já, eu já percebi. Eu vou arcar com as conseqüências, mas eu não quero te perder. 
­ Bom, já perdeu. Na verdade deveria nunca ter tido, por mentir pra mim. As nossas
chances que já eram nulas agora estão negativas. Boa sorte com Mary e com o bebê
de vocês. 
Peguei a mala que tinha deixado cair ao ouvir a notícia e comecei a me aproximar da
porta, mas ele me segurou. 
­ Você não pode ir embora assim. Eu vou me matar se me deixar dessa forma. 
­  Danny,  me  solta.  Terminou.  –  murmurei,  com  o  olhar  já  meio  embaçado  pelas
lágrimas se formando nos meus olhos. Além de ele ser o meu primo, agora iria ter
um filho com outra garota. Ele era o cara menos indicado pra mim, em toda a face
da Terra. E eu insistia em sentir aquela irritante vontade de beijá­lo durante todos os
malditos segundos que passava na companhia dele. 
­ Não, não, não. A gente pode consertar. – disse ele deixando uma lágrima cair. Meu
Deus,  Danny  estava  chorando.  Era  grave  mesmo.  Para  ambos  os  lados,  percebo
agora. 
Aquilo só fez eu sentir mais vontade de chorar ainda, além de minha vida estar uma
completa merda eu provavelmente nunca mais iria ver Danny. Ele ainda segurava o
meu braço antes de me puxar devagar pra perto de si e segurar a minha nuca. 
­ Me desculpe, eu te amo. – murmurou ele entre as lágrimas insistentes, eu já meio
que estava em prantos. Merda, já estava tudo errado mesmo. Me aproximei do rosto

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dele e grudei nossos lábios delicadamente, e aquele foi o beijo mais salgado que eu
já dei em toda a minha vida. A dor dentro de mim era maior que qualquer coisa, a
dor por ver ele chorando e por saber que nada iria dar certo entre a gente. Por saber
que  não  era  pra  acontecer,  porque  não  tínhamos  nascido  um  pro  outro,  porque
naquela vida o máximo que seríamos era primos. O destino estava cruelmente nos
separando,  nosso  relacionamento  que  já  tinha  uma  barreira  antes,  que  tinha  sido
destruída de mal jeito, estava voltando a se formar. Isso acontece quando não é o
cara certo. Aprendemos esse tipo de coisa ao longo da vida, por mais que a minha
ainda seja curta, já sei que não vai ser com Danny que vou terminar ela. 

Entrei  no  carro  de  tio  Steve,  que  estava  parado  na  frente  da  casa.  Minha  família
estava toda ali esperando pelo último adeus antes de eu voltar pra Londres. Nenhum
deles sabia da gravidez de Mary, apenas eu e Danny. E provavelmente não iriam ficar
sabendo tão cedo. Ou pelo menos até ficar visível. 
Tio Steve bateu a porta do passageiro e fez um aceno pra todos antes de entrar do
meu lado. Deu a partida no carro e todos deram uma acenada meio deprimente, mas
a única e última coisa que eu pude ver foi o olhar cheio de culpa e tristeza de Danny. 

FIM
Nota  da  Autora:  Oi  pioneiras,  galaxy  defenders,  the  hell  you  want.  Acabou  mimimi  :(  chorem,  mas  não  por  muito
tempo. Como a maioria deve saber, já comecei a escrever Fazenda Jones 2 e já já começo a enviar pro FFOBS, QUE
ESTÁ DE ANIVERSÁRIO, UM ANO, COISA LINDA! PARABÉNS MENINAS, e vocês vão poder enlouquecer com novas
aventuras ­n. Acho que é isso, espero que tenham gostado da primeira parte, já faz quase dois anos que eu escrevo a
Fazenda, comecei nessa época duas férias atrás, no tédio, então lá por janeiro a gente comemora esse tempão. Sim, eu
fiquei com a fanfic encalhada no computador por um ano antes de postar. Queria agradecer a minha beta Gabee por
sempre me deixar a par do que falam com ela sobre a fic, por ler também, além de ser minha beta, por se prestar a
corrigir  meus  erros  que  devem  ser  cabeludos  (ou  não,  tirei  7,0  em  português,  vamo  galera)  e  por  me  apressar  a
mandar as atualizações. Porque particularmente eu demoro bastante, sou bem lenta sim, coisa de Jones mesmo. Risos.
Enfim, até a próxima! Obrigada a cada uma de vocês pelos comentários e...
QUASE  ESQUECI!!!  FAZENDA  JONES  FOI  FIC  DO  MÊS  EM  NOVEMBRO!  CARAMBA,  MUITO  OBRIGADA  GENTE,  A
TODO MUNDO QUE VOTOU!
E VAMOS ENTRAR NUMA NOVA ETAPA: FIC DO ANO. JÁ TO SABENDO QUE FAZENDA JONES TA CONCORRENDO
(com Biology, um crime isso, eu sou fã assídua da Vee) MAS A VIDA É ASSIM ENTÃO VAMOS FAZER MEU ESFORÇO E
O DE VOCÊS VALER A PENA, VAMO GANHA ESSA PARADA!!!! 
Acho que é isso. 
Ah, estamos no top melhores fics do FFOBS também (pelo menos da última vez que eu olhei). Fiquei tipo wow, sério?
Haha então, valeu gente!
xx

Nota da Beta: Não precisa agradecer, foi um prazer betar essa fic, e você não comete tanto erro assim, eu quase não
tive trabalhando betando FJ pra dizer a verdade. HAHAHA. E me mande logo FJ 2 >( Quero ler a continuaçãaaooo!
Meninas, caso tenha algum erro de português/script/html, podem entrar em contato comigo pelo twitter ou por e­
mail,  fiquem  à  vontade.  E  pelo  twitter  eu  digo  como  ta  o  processo  de  betagem/se  já  mandei  pro  site,  essas  coisas,
então pode seguir, se quiser =D

PELA WEB O QUE É ISSO?

Lifegooroo
PBH Network An Easy Trick To
The Most Ridiculously Naturally Restore Your
Hot Katy Perry GIFs Vision

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Maiany oliveira  •  3 meses atrás
Ja vo ler a 2 parte
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NessaFontaine  •  um ano atrás
Perfeita demaaais.. Parte II aí voou euuu.. :)
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Talita Gomes  •  um ano atrás
linda, linda, linda!
Vou correndo ler a parte 2 ;)
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Ronnie  •  um ano atrás
MDSSS Q PERFEITOS <3
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luh  •  um ano atrás
PUTA MERDA EU TO CHORANDO PRA CACETE *­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­
­­­­­­­­­­* simplesmente pq eu sou apaixonada por fics que terminam
sem as coisas terem ficado bem, ou seja, um final feliz. AMEI.
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Nabe  •  um ano atrás
fazenda jones é apenas a melhor fic de todas <3
http://www.fanficobsession.com.br/fictions/f/fazendajones.html 60/63
11/04/2015 ..:: Fazenda Jones por Samantha Foster ::..
fazenda jones é apenas a melhor fic de todas <3
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Manoella  •  um ano atrás
socorro to infartando com esse fim
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Luara Real  •  2 anos atrás
eu não acredito que tá na top fictions, MUITO MERECIDO! fazia
muuuuuuuuuito tempo que eu não via essa fic, li até onde se
encontrava links :( sdds
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Gabriela A. ϟ  •  2 anos atrás
Vai pra minha listinha de melhores fics lidas! hahaha sério.
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Keicy Mayalle  •  2 anos atrás
Genteeeee eu achei esse link http://coisadejones.webs.com/f...
Eu até começei a ler a continuação ano passado mas por falta de
tempo não terminei , só que tem um problema o site não carrega o link :
(
To mandando esse site pra ver se vcs conseguem pq talvez pode ser
só comigo. eu achei o email da autora no link aqui da fic e mandei um
pra ela espero que ela ainda use e me responda, se eu achar eu
mando pra vcs ! *­*
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PamyP  •  2 anos atrás
Caramba! Adorei muito! Esperando a parte 2!
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Lucia  •  2 anos atrás
preciso da parte 2!!! pf alguem posta um link!!
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Lia  •  2 anos atrás
GENTE NAO ACHO A 2 DE JEITO NENHUMMMMMM , POR FAVO
MANDEM UM LINK VALIDO
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Maahmina > Lia  •  2 anos atrás
Eu tbm to na mesma situação, pelo jeito a autora "abandonou"
a continuação aqui no FFOBS, mas continuou em outro site, só
que esse outro site deu pau. Tbm não consigo nenhum link
valido e to morrendo pra ler a continuação, vou continuar
caçando, caso eu ache algo eu posto aqui, mas ta difícil!
http://www.fanficobsession.com.br/fictions/f/fazendajones.html 61/63
11/04/2015 ..:: Fazenda Jones por Samantha Foster ::..

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Leticia_Sparks  •  2 anos atrás
Perfeirta!
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Valquiria Strutz  •  2 anos atrás
uau eu realmente amei a fic, ela é muito boa.
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Eu amo o Tom  •  2 anos atrás
Ahhh In love cm a fic >< amei amei amei
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belbo  •  2 anos atrás
to procurando há meses a parte 2 e nao acho!! só tem links que dão
em not found :((
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Mimanda_rav  •  2 anos atrás
Povo... Cade o 2????? Surtei agra...
Q isso... Tomara q o filho seja do Philip kkkkkkk
ahhhhh... Continuacao cade vc sua lindo?????
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Giuiara  •  2 anos atrás
Quero ler a continuação , onde posso encontrar?
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Sunny  •  2 anos atrás
 Essa fic sempre vai ser uma das minhas favoritas <3
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le†icia  •  2 anos atrás
muito perfeita! amei! li tudo em uma madrudaga, eu procurei no google
a continuação mas só achei o tumblr dela
(http://fazendajones.tumblr.com) e lá tem o twitter dela e pelo twitter eu
achei o favstar dela (favstar.fm/users/fazendajones) que tem os links
da fazenda jones 2 mas todos os links dão not found :( se alguém
souber aonde da pra ler me mande o link por favor
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belbo > le†icia  •  2 anos atrás
leticia, se voce conseguir, posta aqui o link :// também nao acho
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Laura­ayumi  •  2 anos atrás
http://www.fanficobsession.com.br/fictions/f/fazendajones.html 62/63
11/04/2015 ..:: Fazenda Jones por Samantha Foster ::..
Laura­ayumi  •  2 anos atrás
woooooow! perfeita! alguém pode me passar o blog da autora? quero
ver a continuação! *o* amei a fic! 
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DIVANDO .  •  2 anos atrás

http://www.fanficobsession.com.br/fictions/f/fazendajones.html 63/63

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