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IGUAZÚ)
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo organizar os resultados finais do projeto “Cartografias
Imaginárias: Geopoética da Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina)” (2014-
2018), realizado com o apoio da UNILA e do CNPq, bem como a última etapa da
pesquisa na qual se elaborou a antologia poética de Puerto Iguazú. Seu resultado é
um levantamento da escrita literária vinculada, temática e/ou formalmente, à região
da Tríplice Fronteira. Foi publicado, através da Editora Tereré Cartonera (editora
alternativa e artesanal), em três antologias contendo, respectivamente, textos de
autores/as de Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazu. A análise dos textos
selecionados foi feita em diálogo com os autores que nos forneceram instrumental
analítico e conceitual pertinente à proposta: Milton Santos (paisagem), Fernando
Ainsa (geopoética), entre outros.
1 INTRODUÇÃO
Pensar e escrever desde a fronteira elabora o encerramento do projeto de
pesquisa “Literatura e paisagem na Tríplice Fronteira”, inscrito em um projeto mais
amplo denominado “Cartografias Imaginárias: Geopoética da tríplice fronteira (Brasil,
Paraguai e Argentina)”, com apoio da Universidade Federal da Integração Latino-
Americana e do CNPq. Como fruto do projeto, surgiram três antologias que,
finalmente, se fundiram em uma só, com o objetivo de englobar os textos das três
cidades, partilhando a tessitura de palavras e ideias que singularizam um pensar
vinculado ao entendimento do local, das dinâmicas e “utopias” que pairam por
esses ares.
1
Estudante do Curso de Letras-Artes e Mediação Cultural- ILAACH – UNILA; bolsista IC-UNILA E-
mail: paulo.maria@aluno.unila.edu.br;
2
Docente do ILAACH – UNILA. Orientador de Bolsista IC-UNILA E-mail: diana.pereira@unila.edu.br.
Para encontrarmos essas dinâmicas, caminhamos lado a lado com autores
que completaram nossa reflexão: como Milton Santos e seus estudos sobre o
território além das demarcações geográficas, o crítico uruguaio Fernando Aínsa e a
geopoética, a sociológa Silvia Montenegro e sua análise da construção discursiva da
mídia sobre a Tríplice Fronteira (Foz, Puerto Iguazú e Ciudad del Este), a
desobediência epistêmica de Walter Mignolo, entre outros. Buscando entender,
aliando esses estudos e nossas análises, em suma, como as poéticas da fronteira
buscam, de maneira independente das grandes mídias, “reconstruir” o território tri-
fronteiriço.
2 METODOLOGIA
O presente trabalho contou com a reunião da última parte das antologias propostas
no projeto em questão. Durante o último semestre de 2017, foram feitas diversas
idas à cidade de Puerto Iguazú, em busca de poetas, escritores, artistas ou
produtores de conteúdo que tivessem materiais literários ou artísticos que, de certa
forma, dialogassem com a tríplice fronteira. O compilado desses textos (prosas e
poesias) será publicado em formato editorial artesanal, através do método
Cartonera, que utiliza de material reciclado para a confecção de livros. Como em
outros momentos do projeto “Literatura e Paisagem na Tríplice Fronteira”, será
ministrada uma oficina na cidade de Puerto Iguazú, em conjunto com os escritores e
artistas que colaboraram com a antologia, onde se confeccionará a edição da
“Antologia Poética Trifronteiriça de Puerto Iguazú”.
Em outro momento, complementar ao primeiro, fizemos a análise dos textos desta
última antologia citada e também das outras que englobaram o projeto (essas
referentes às cidades de Ciudad del Este e Foz do Iguaçu). Para a análise dos
textos, utilizamos os conceitos de espaço e território para Milton Santos (2006), o de
geopoética para Fernando Aínsa (2004), entre outros.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4 RESULTADOS
Devido ao espaço deste relatório, vamos limitar a análise apenas a duas temáticas
recorrentes nos textos. Observamos que os temas dos textos transitam entre: 1. A
relação com a paisagem, 2. A questão linguística e 3. O Ser/Identidade fronteiriço/a.
Para este relatório, vamos nos ater apenas às duas últimas temáticas, pois elas
lidam, de uma forma mais clara, com a questão da “desobediência epistémica” da
qual falamos antes.
Paco
Damián Cabrera. sh... Horas de contar, 2006 (fragmento)
[...]
¿De dónde era Paco? ¿Quiénes eran sus padres?
"Parece medio chino Paco"; "Parece medio indio katú, mirále bien norná.". Algunos pioneros de la
región aseguraban haberlo visto entre los constructores de "la lombriz sin cabeza, árida y uniforme
como el destino de la otrora selva paranaense". "¡Pero, qué loco! ¿Cuánto año mba'éiko tiene Paco?".
La alegría oscura en la que se hallaba sumergido no permitía respuesta a estos cuestionamientos.
"¿Qué nos dice Paco?". "Ha! Él ko no está bien, che memby... ", ''Essé piá ta loco, rapai. É doente.
Outra semana ele fez besteira dentro do meu negócio. “Dei una paulada nele e saiu berrando que
nem bezerro desmamido”. "Enfermo". "Loco". "Loco". "Loco-tavy". Algunos aseguraban no poder ver a
Paco, como si fuera una ilusión "multimedia" reservada a cierto tipo de personas.
Vê-se no conto “Paco” que o ser trifronteiriço não consegue ser identificado pelas
noções de identidade que temos, justamente porque ele é o além, ele é a mistura,
move-se entre as definições de identidade nacional, ao mesmo tempo que cria e
recria uma série de identificações. Como fruto deste processo nasce uma
geopoética fronteiriça, ou a reconstrução do topos, desse lugar heterogêneo e
dinâmico, com o fim de ampliar a fronteira ideológica e imaginária que nos demarca.
5 CONCLUSÕES
3
Para se ter um dimensionamento maior desta proposta, vejam-se os outros textos já publicados que constam
na bibliografia. Para este artigo, nos limitamos a uma pequena mostra do acervo encontrado.
- SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4.
ed. 2. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006;