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Aula 14

Economia p/ TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo - Cargo 4 - Economia

Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho


Economia p/ TCE-SC
Teoria e exercícios comentados
Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho Aula 14

AULA 14 – Comércio exterior. Câmbio, tarifas,


subsídios, cotas. Blocos econômicos, acordos
internacionais e retaliações. Globalização e
organismos multilaterais. Fluxos financeiros
internacionais e mercados de capitais.

SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA


Comércio Exterior 08
Organização Mundial do Comércio 08
GATT 16
O processo de integração regional 23
NAFTA 35
ALADI 39
Comunidade Andina de Nações 42
Mercosul 47
Lista de questões apresentadas na aula 68
Gabarito 72

Olá caros(as) amigos(as),

Prosseguindo com o nosso curso de Economia para o TCE-SC, hoje,


veremos um assunto bastante inovador do concurso. Veremos alguns
tópicos de comércio exterior. Acreditamos que o Cespe não aprofundará
muito nesse conteúdo.
Demos mais ênfase aos blocos econômicos, acordos e aos
organismos, pois é a única parte da matéria realmente de comércio
exterior, pois acreditamos que, se a cobrança vier, será sobre esse
conteúdo.
Assim, acreditamos que o conteúdo da aula será mais que suficiente
para resolver a prova. Mas ressaltamos que foi preciso criar algumas
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questões e pegar algumas emprestadas de outras bancas, pois essa


matéria não é de cobrança frequente em concursos. O conteúdo desta
aula foi gentilmente cedido pelo excelente professor de Comércio
Exterior aqui do Estratégia, Ricardo Vale, que é Analista de
Comércio Exterior do MDIC.

E aí, todos prontos?! Então, aos estudos!

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Teoria e exercícios comentados
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1. RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS

A crescente globalização, as novas tecnologias da informação


e a “queda” das barreiras geográficas mudaram radicalmente nossa forma
de ver e entender o mundo. O mundo hoje é mais rápido, dinâmico.
Acontece alguma coisa do outro lado do mundo e praticamente no mesmo
instante já sabemos o que aconteceu por aqui.

Esses fatores também influenciaram a economia. Os países mais do


que nunca intensificaram suas relações econômicas. Exportações e
Importações são pauta frequente nos noticiários, jornais, revistas
especializadas e até em revistas “leigas”.

O comércio exterior cresceu em importância na Economia dos


países e como Brasil não é diferente.

O comércio internacional compreende toda a circulação de bens e


serviços entre as fronteiras dos países, abrangendo as operações de
compra e venda, aluguel, leasing, doação, financiamento e consignação,
dentre outras.

Em suma, não importa a natureza da operação realizada; se ela


envolver circulação de mercadorias e serviços entre países, poderemos
considerá-la dentro do escopo do comércio internacional.

Dessa forma, dá-se o nome de comércio internacional ao conjunto


global de relações comerciais estabelecidas pelos países entre si, por meio
das quais estes buscam satisfazer suas necessidades.

Dentre as várias teorias que explicam porque o comércio


internacional é realizado, duas se destacam: A teoria das vantagens
absolutas e a teoria das vantagens comparativas. Vejamos como essas
teorias são construídas: 24736187204

1.1. Teoria das Vantagens Absolutas

A Teoria das Vantagens Absolutas foi criada por Adam Smith no


final do século XVIII. As ideias de Adam Smith tinham como fundamento
principal o liberalismo comercial (livre comércio). Segundo ele, para que a
sociedade como um todo saísse ganhando, cada país deveria se
especializar na produção dos bens em que fosse mais eficiente. Vamos a
um exemplo bem clássico!

Imagine dois países (Brasil e Inglaterra). No Brasil, um trabalhador


consegue produzir 2 sapatos/hora e 5 bolsas/hora. Na Inglaterra, um
trabalhador consegue produzir 5 sapatos/hora e 2 bolsas/hora. Segundo

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Adam Smith, o Brasil deveria se especializar na produção de bolsas
enquanto a Inglaterra se especializa na produção de sapatos.

Assim, com cada país se especializando na produção de um bem,


teríamos ao final de 4 horas de trabalho:

- No Brasil: 5 bolsas / h x 4 h = 20 bolsas

- Na Inglaterra: 5 sapatos / h x 4h = 20 sapatos

Concluímos que: A sociedade como um todo produz 20 bolsas e


20 sapatos.

Se ninguém se especializasse em nada e cada país trabalhasse 2


horas na produção de sapatos e 2 horas na produção de bolsas, teríamos:

- No Brasil: 5 bolsas / h x 2 h= 10 bolsas – 2 sapatos/h x 2 h = 4


sapatos

- Na Inglaterra: 2 bolsas / h x 2 h = 4 bolsas – 5 sapatos/h x 2 h =


10 sapatos

Concluímos que: A sociedade como um todo produz 14 bolsas e


14 sapatos

Comparando as duas situações, perguntamos: é melhor para a


sociedade como um todo que cada país se especialize na produção de um
bem ou que ambos produzam os dois bens?

É melhor para a sociedade como um todo que cada país se


especialize na produção de um bem, o que referenda a tese de Adam
Smith.

Repetindo para que você guarde: pela Teoria das Vantagens


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Absolutas, cada país deve se especializar na produção de bens em que


seja mais eficiente.

1.2. Teoria das Vantagens Comparativas

Segundo a Teoria das Vantagens Absolutas, cada país deveria se


especializar na produção dos bens em que fosse mais eficiente.

Mas aí é que vem a pergunta: e se um país for mais eficiente na


produção de todos os bens? Será possível o comércio internacional?

A resposta a essa questão nos é dada pela Teoria das Vantagens


Comparativas!

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Vejamos a situação abaixo!

Imaginemos 2 países (Brasil e Inglaterra). No Brasil, um


trabalhador consegue produzir 2 sapatos/hora ou 3 bolsas/hora. Na
Inglaterra, um trabalhador consegue produzir 8 sapatos/hora ou 4
bolsas/hora.

Nessa situação, a Inglaterra é mais eficiente tanto na produção de


sapatos quanto na produção de bolsas. No entanto, a Inglaterra é
relativamente mais eficiente na produção de sapatos do que na produção
de bolsas. E, por isso, segundo a Teoria das Vantagens Comparativas, ela
deverá se especializar na produção de sapatos.

Assim, com a Inglaterra se especializando na produção de sapatos e


o Brasil se especializando na produção de bolsas, teríamos ao final de 4
horas de trabalho:

- Na Inglaterra: 8 sapatos/h x 4 h = 32 sapatos

- No Brasil: 3 bolsas/h x 4 h = 12 bolsas

Concluímos que: A sociedade como um todo produz 32 sapatos e


12 bolsas

Se ninguém se especializasse em nada e cada país trabalhasse 2


horas na produção de sapatos e 2 horas na produção de bolsas, teríamos:

- Na Inglaterra: 8 sapatos/h x 2 h = 16 sapatos – 4 bolsas/h x 2 h


= 8 bolsas

- No Brasil: 2 sapatos/h x 2 h = 4 sapatos – 3 bolsas/h x 2h = 6


bolsas
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Concluímos que: A sociedade como um todo produz 20 sapatos e


14 bolsas.

Comparando as duas situações, é melhor que cada país se


especialize na produção de um bem ou que ninguém se especialize em
nada?

Para a sociedade como um todo, é melhor que cada país se


especialize na produção do bem em que possua vantagens comparativas,
isto é, que cada país se especialize na produção de bens em que é
relativamente mais eficiente.

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Dessa forma, pela Teoria das Vantagens Comparativas, o comércio
internacional será a alternativa mais viável ainda que um país seja mais
eficiente na produção de todos os bens.

Essas duas teorias nos ajudam a explicar que o comércio


internacional, em regra, é favorável aos países e à sociedade como um
todo. Grande parte do comércio internacional é realizado através das
exportações e importações.

1.3. Termos de troca, poder de compra das importações e


capacidade de importar

Termos de troca ou relações de trocas são termos do comércio


internacional que representam uma relação entre os preços praticados
nas importações e nas exportações de um determinado país. É como se
quiséssemos comparar o poder aquisitivo de dois países que mantenham
um comércio entre si.

Esses termos são índices que são usados para um país possa
comparar preços, quantidades e outros dados das exportações de um país
com suas próprias importações. De forma mais simples, os termos de
troca refletem o preço que um país recebe quando exporta com o preço
que ele paga quando importa.

Ocorre que, como os países não trocam apenas um único bem, mas
milhares deles, usamos índices (e não o preço de um bem só). Os índices
nos permitem termos uma visão mais real dos termos de troca, pois
refletem os preços exportados/importados como um todo.

1.3.1 Termos Líquidos de troca (Poder de Compra das


Exportações).

Os termos líquidos de troca, também chamados de Poder de


Compra das Exportações) são dados pelo índice de preços das
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exportações dividido pelo índice de preços das importações. Assim:

Í ç ç�
í
Í ç ç�

Se o Termo Líquido de troca for igual a 1, isso significa que o país


recebe pelo que exporta o mesmo tanto que paga quando importa. Se o
termo líquido é maior que 1, o país recebe mais pelo que exporta do que
paga quando importa, o que é excelente para o país. Diferentemente, se
o termo líquido for menor que 1, o país recebe pelas suas exportações
menos do que paga pelas importações. Por isso, quanto mais o Termo
Líquido (Poder de Compra das Exportações) for alto, melhor será para o

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país, mas veremos que, se por algum motivo, o termo líquido for baixo,
ele não necessariamente tem uma desvantagem completa. Vejamos um
exemplo:

Vamos supor que o Brasil exporte soja e importe carros. A soja


custa US$ 50.000 e os carros custam US$ 100.000. Nesse caso, teremos:

Ou seja, o termo líquido de troca do Brasil, nesse exemplo, é 0,5. E


como o termo líquido é menor que 1, ele indica que o Brasil recebe menos
pelas suas exportações do que paga pelas importações, ou seja, o Brasil
exporta coisas que custam menos e importa coisas que custam mais.

Esse termo líquido de 0,5 não indica necessariamente que o


Brasil está perdendo dinheiro ou que tem uma desvantagem no
comércio. Ele é usado para compararmos ao longo do tempo se o valor
das exportações de um país está crescendo ou diminuindo. Se, por
exemplo, no ano passado o Termo Líquido foi 0,3 e agora está em 0,5,
isso demonstra que o país está numa situação boa, pois seu termo líquido
cresceu. E se o termo líquido estiver crescendo é sinal de que o Brasil
está recebendo cada vez mais pelos produtos que vende a outros países
(exportações) em comparação com o que paga pelos produtos que
compra (importações).

1.3.2 Termos Brutos de troca.

O termo bruto de troca é parecido com o termo líquido, mas no


termo líquido nós usamos o preço como referência. No termo bruto,
usamos as quantidades exportadas/importadas, ou, como alguns autores
preferem, o volume de Importações/Exportações. Além de usarmos o
volume de importações/exportações, existe uma outra diferença.
Enquanto o termo líquido de troca apresenta as exportações no
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NUMERADOR da equação, o termo bruto de troca apresenta as


exportações no DENOMINADOR da equação (cuidado para não confundir,
hein?). Assim:

ç�
ç�

Repare que temos as exportações na posição de BAIXO da equação.

Supondo que em 2013 o Brasil exportasse 5.000 litros de suco de


laranja e que importasse 1.000 computadores, o termo bruto de troca
seria 0,2 (1.000 dividido por 5.000). Se, no ano de 2014, o Brasil
exportasse 7.000 litros de suco de laranja e importasse 2.000

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computadores, o termo bruto de troca seria 0,29, ou seja, um aumento
de 0,09 em um ano.

Esse aumento de 0,2 para 0,29 reflete uma melhora na situação do


país, pois pudemos dobrar as importações de computadores sem precisar
dobrar também a exportação de suco de laranja. Ou seja, a importação
dobrou (de 1.000 para 2.000), e, para que isso acontecesse, não
precisamos dobrar a produção, bastou aumenta-la em 40% (de 5.000
para 7.000).

1.3.3 Capacidade de importar

A capacidade de importar, como o próprio nome já diz, nos diz qual


o potencial que um país tem para importar considerando unicamente as
receitas advindas apenas das exportações. Ou seja, é como se eu (Jetro)
exportasse um produto e depois quisesse importar outro, mas só
dispusesse do dinheiro que recebi da minha exportação.

Para acharmos a receita das exportações, basta multiplicarmos o


preço das exportações pela quantidade exportada. Dessa forma, ficará
assim a capacidade de importar de um país:

ç ç�
ç ç�

Quando a capacidade de importar de um país aumenta, isso


significa que a receita das exportações do país consegue comprar mais
produtos lá fora (consegue importar mais bens).

Diferentemente, quando a capacidade de importar de um país


diminui, isso significa que o país terá que ter maiores receitas de
exportações para comprar a mesma quantidade de bens que importava.

Por fim, um outro nome para a capacidade de importar é “relação-


renda de troca”. Assim, se esse nome aparecer quando você estiver
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fazendo a prova, saiba que ele se refere à capacidade de importar, ok?

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COMÉRCIO EXTERIOR
O comércio internacional compreende toda a circulação de bens e
serviços entre as fronteiras dos países, abrangendo as operações de
compra e venda, aluguel, leasing, doação, financiamento e consignação,
dentre outras.

Em suma, não importa a natureza da operação realizada; se ela


envolver circulação de mercadorias e serviços entre países, poderemos
considerá-la dentro do escopo do comércio internacional.

Dessa forma, dá-se o nome de comércio internacional ao conjunto


global de relações comerciais estabelecidas pelos países entre si, por meio
das quais estes buscam satisfazer suas necessidades.

Como é de se esperar, essas relações nem sempre são pacíficas.


Assim, foram criados alguns organismos internacionais para facilitar o
comércio entre os países. Esses órgãos, junto com os acordos e regras
criadas, ficaram conhecidos como sistema multilateral de comércio.
Vejamos, então, os principais órgãos.

2-ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO (OMC):

2.1-Aspectos Gerais:

A primeira pergunta que fazemos é a seguinte: o que se quer


dizer quando falamos em sistema multilateral de comércio?

Bem, quando se fala, atualmente, em sistema multilateral de


comércio, a referência é ao conjunto de acordos e regras que
regulam o comércio internacional, os quais são administrados pela
Organização Mundial do Comércio (OMC). Esse sistema é multilateral
porque não fica restrito a apenas uma região do globo terrestre,
vinculando 159 Estados / territórios aduaneiros1, os quais são membros
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da OMC2.

1
Em 2013, a OMC possuía 159 membros. As mais recentes adesões à OMC foram as de
Montenegro, Samoa, Rússia, Vanuatu, República do Laos e Tadjiquistão. Cabe-nos dar
um destaque especial à adesão da Rússia, Estado que possui uma forte economia e um
grande mercado consumidor.

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A banca examinadora pode tentar te enganar, dizendo
que apenas Estados fazem parte da OMC. Essa
afirmação está errada, uma vez que também fazer
parte da OMC os chamados “territórios aduaneiros”.
Como exemplo de território aduaneiro integrante da
OMC, citamos Taiwan.

Mas como e quando começou a regulação do comércio


internacional em nível multilateral?

Para responder a essa questão, temos que voltar no tempo!

Em 1944, quase ao final da Segunda Guerra Mundial, numa


tentativa de combater o protecionismo, que havia se acirrado bastante no
período entre guerras, os aliados reuniram-se na Conferência de
Bretton Woods, na qual foram estabelecidas as bases de um novo
sistema para regular as relações econômicas internacionais.

Na Conferência de Bretton Woods, os países participantes


decidiram que a nova ordem mundial seria constituída a partir da criação
de três organizações internacionais: o FMI (Fundo Monetário
Internacional), o BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e
Desenvolvimento) e a OIC (Organização Internacional do Comércio). O
objetivo era promover a cooperação internacional por meio da
institucionalização de um sistema a reger as relações econômicas
internacionais.

Cada uma dessas organizações teria objetivos bem definidos!

O FMI (Fundo Monetário Internacional) teria como função


principal a manutenção da estabilidade cambial, ajudando os países
que possuíssem problemas em seu Balanço de Pagamentos. Além disso, o
FMI foi criado com o objetivo de evitar que os países desvalorizassem
propositalmente suas moedas com o intuito de tornar seus produtos mais
baratos no mercado internacional e, assim, vencer a concorrência.
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À época, era muito comum que, para evitar problemas com suas
contas externas, os países utilizassem as chamadas “desvalorizações
competitivas” de suas moedas.

Quando a taxa de câmbio de um país está desvalorizada, suas


exportações tornam-se mais baratas e aumentam em quantidade. As
importações, por sua vez, diminuem, já que os produtos estrangeiros
tornam-se relativamente mais caros. As “desvalorizações competitivas”
seriam, portanto, políticas de desvalorização cambial criadas com a
finalidade de obter superávits e “empobrecer o vizinho”. As
desvalorizações competitivas foram também conhecidas como “política de
empobrecimento do vizinho”.

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O BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento), por sua vez, seria a instituição responsável por
financiar a reconstrução da Europa destruída pela Segunda Guerra
Mundial. Assim, essa organização internacional forneceria os capitais
necessários para que os países abalados pela guerra se reerguessem.
Destaque-se, entretanto, que a reconstrução da Europa foi realizada com
base, fundamentalmente, no Plano Marshall. O BIRD direcionou suas
ações para o financiamento de projetos de desenvolvimento em
economias menos favorecidas.

Por último, caberia à OIC (Organização Internacional de


Comércio) a tarefa de regular o comércio internacional, administrando
e coordenando a aplicação de acordos e regras de comércio, assim como
supervisionando a política comercial dos países.

O FMI e o BIRD foram criados, mas a OIC não logrou êxito. A OIC
não foi constituída, mas, em 1947, os países celebraram um acordo
internacional conhecido por GATT 47 (Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio). Esse acordo internacional regeu o sistema multilateral de
comércio durante quase 50 anos, até que fosse criada a OMC. Uma
pegadinha que pode ser feita pela banca examinadora é dizer que o GATT
foi uma organização internacional, o que está completamente errado. O
GATT, sem desmerecer sua importância, foi tão somente um acordo
internacional.

Sob a égide do GATT-47, foram desencadeadas diversas rodadas de


negociação, as quais tinham por objetivo a progressiva liberalização do
comércio internacional. As sucessivas rodadas de negociação representam
o reconhecimento pelas Partes Contratantes do GATT de que o livre
comércio não seria alcançado de uma hora para a outra.

As 5 (cinco) primeiras Rodadas de Negociação no âmbito do GATT


se concentraram basicamente na redução de tarifas aduaneiras
(barreiras tarifárias). A partir de 1964, na Rodada Kennedy, passam a ser
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discutidas outras questões. Com isso, há uma redução das barreiras


tarifárias e começa a surgir uma nova forma de protecionismo: as
barreiras não-tarifárias. É o protecionismo “sob novas roupagens”.

Os países, portanto, passam a negociar também sobre as questões


não-tarifárias (regulamentos técnicos, medidas sanitárias e
fitossanitárias, concessão de subsídios, direitos antidumping, etc.). Sem
dúvida alguma, na atualidade, o principal tipo de protecionismo é o não-
tarifário. Nesse sentido, são exemplos contemporâneos de protecionismo
o recurso abusivo a medidas antidumping e a concessão de
subsídios à produção e à exportação.

Apenas para esclarecer, “dumping” é a introdução de produtos de


um país no comércio de outro país por valor abaixo do normal. Com esse

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tipo de prática, o país que pratica o dumping visa ganhar espaço no
mercado por meio de uma guerra de preços. Frequentemente, o dumping
leva um país a ofertar o seu produto por um preço menor que o custo
para produzi-lo. Assim, o dumping, a curto prazo leva a prejuízos, mas a
longo prazo, leva a lucros extraordinários (já que uma grande fatia do
mercado pertencerá a um único país). Assim, no âmbito do GATT, os
países discutem medidas antidumping, pois o dumping é prejudicial para
a maioria dos países.

Cabe destacar que os países desenvolvidos, por serem os principais


exportadores de serviços, possuem grande interesse na liberalização do
comércio internacional. Um segundo interesse desses países é na
proteção aos direitos de propriedade intelectual pelo fato de que são eles
os principais investidores em pesquisa e desenvolvimento e, portanto, são
os grandes produtores de conhecimento e inovação (e vimos na aula aula
passada que a inovação é um tipo de vantagem competitiva).

A OMC foi criada em 1994 pelo Acordo de Marrakesh, também


denominado de Acordo Constitutivo da OMC, que é o instrumento
jurídico sobre o qual se assentam as bases dessa organização
internacional. Vamos dar uma olhada no que diz o preâmbulo desse
acordo? Afinal de contas, por meio de sua leitura poderemos entender
melhor o “espírito” dessa organização internacional!

“As Partes do presente Acordo,


Reconhecendo que as suas relações na esfera da atividade
comercial e econômica devem objetivar a elevação dos níveis de
vida, o pleno emprego e um volume considerável e em
constante elevação de receitas reais e demanda efetiva, o
aumento da produção e do comércio de bens e serviços,
permitindo ao mesmo tempo a utilização ótima dos recursos
mundiais em conformidade com o objetivo de um
desenvolvimento sustentável e buscando proteger e preservar o
meio ambiente e incrementar os meios para fazê-lo, de maneira
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compatível com suas respectivas necessidades e interesses


segundo os diferentes níveis de desenvolvimento econômico,
Reconhecendo ademais que é necessário realizar esforços
positivos para que os países em desenvolvimento, especialmente
os de menor desenvolvimento relativo, obtenham uma parte do
incremento do comércio internacional que corresponda às
necessidades de seu desenvolvimento econômico,
Desejosas de contribuir para a consecução desses objetivos
mediante a celebração de acordos destinados a obter, na base
da reciprocidade e de vantagens mútuas, a redução substancial
das tarifas aduaneiras e dos demais obstáculos ao comércio
assim como a eliminação do tratamento discriminatório nas
relações comerciais internacionais,

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Resolvidas, por conseguinte, a desenvolver um sistema
multilateral de comércio integrado, mais viável e duradouro que
compreenda o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e
Comércio, os resultados de esforços anteriores de liberalização
do comércio e os resultados integrais das Negociações
Comerciais Multilaterais da Rodada Uruguai,
Decididas a preservar os princípios fundamentais e a
favorecer a consecução dos objetivos que informam este sistema
multilateral de comércio,
Acordam...”

Meus amigos, vocês perceberam a quantidade de informações


presentes no preâmbulo do Acordo Constitutivo da OMC? Sem dúvida
alguma, ele é uma fonte riquíssima de conhecimentos para que possamos
entender os objetivos da OMC e do sistema multilateral de comércio por
ela administrado. Sublinhamos no texto as palavras-chave que você
precisa guardar. Vamos a alguns comentários sobre elas:

1) No primeiro parágrafo, podemos identificar os objetivos das


Partes Contratantes quando criaram a Organização Mundial do Comércio
(OMC). São eles:

- Elevar os níveis de vida das populações: conforme


sabemos, o livre comércio é capaz de proporcionar maior bem-estar ao
consumidor, na medida em que este passa a ter acesso a maior
quantidade de produtos, os quais também são mais baratos.

- Garantir o pleno emprego: segundo as teorias do comércio


internacional, o livre comércio proporciona uma alocação mais eficiente
dos fatores de produção.

- Garantir um volume considerável e em constante elevação de


receitas reais e demanda efetiva

- Aumento da produção e do comércio de bens e serviços:


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sob a égide do GATT, o sistema multilateral tratava unicamente sobre o


comércio de bens. Com a criação da OMC, passa-se a falar também de
outros temas, como o comércio de serviços e direitos de propriedade
intelectual relacionados ao comércio.

- Utilização dos recursos mundiais de forma compatível com o


desenvolvimento sustentável: a utilização dos recursos naturais não
deve ser feita de maneira irresponsável, mas sim levando-se em conta a
proteção ao meio ambiente.

2) No segundo parágrafo, o preâmbulo do Acordo Constitutivo


da OMC explicita um princípio que norteia os acordos firmados no âmbito
dessa organização internacional. Trata-se do princípio do tratamento

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especial e diferenciado em favor dos países em desenvolvimento,
em especial dos de menor desenvolvimento relativo. Ressalte-se que a
maior parte dos membros da OMC são países em desenvolvimento, aos
quais se objetiva conceder maior participação no comércio internacional.

3) No terceiro parágrafo, define-se, em linhas gerais, a


estratégia a ser utilizada a fim de alcançar os objetivos anteriormente
enunciados. A OMC se propõe a buscar a liberalização do comércio
internacional, por meio da celebração de acordos com base na
reciprocidade e na redução das tarifas aduaneiras e outros obstáculos ao
comércio (barreiras não-tarifárias). Como é possível perceber, a
liberalização e expansão comercial não são um objetivo da OMC, mas tão
somente um meio para promover o crescimento e o
desenvolvimento econômico.

Com efeito, desde as mais antigas teorias do comércio


internacional, o comércio internacional é considerado o grande motor do
desenvolvimento e crescimento econômico. Em outras palavras, a
liberalização das trocas comerciais é considerada um meio de se
promover o desenvolvimento dos Estados. É com base nessas ideias que
foi instituída a OMC. Essa organização internacional nasceu, então, com o
objetivo de criar condições para o desenvolvimento e crescimento
econômico dos países. E como o faria? Por meio da liberalização do
comércio internacional.

Elevar o nível de vida das populações

Garantir o pleno emprego

OBJETIVOS DA Garantir um volume considerável e em


OMC constante elevação de receitas reais e
demanda efetiva

Aumentar a produção e o comércio de bens e


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serviços

Utilização dos recursos mundiais de forma


compatível com o desenvolvimento
sustentável

OBJETIVO CENTRAL: Promover o


crescimento e desenvolvimento COMO?
econômico dos países.

Por meio da liberalização


do comércio internacional

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4) No quarto parágrafo, fala-se na construção de um sistema
multilateral de comércio integrado, mais viável e duradouro. Nesse ponto,
temos que considerar que o sistema multilateral de comércio que existia
anteriormente à OMC baseava-se tão somente em um acordo
internacional: o GATT. Com a criação da OMC, tem-se a
institucionalização da regulação do comércio internacional.

Pois bem, agora que nós já falamos do preâmbulo da OMC e


pudemos compreender melhor o que motivou a criação dessa organização
internacional, cabe uma importante pergunta. Quais são as funções da
Organização Mundial do Comércio?

As funções da OMC estão definidas pelo art. 3º do Acordo de


Marrakesh e são as seguintes:

a) Administrar os acordos internacionais entre seus


membros: no âmbito da OMC, são firmados vários acordos internacionais
entre seus membros. Cabe à OMC, por meio de seus órgãos, facilitar a
aplicação, administração e funcionamento desses acordos. Ressalte-se
que há dois tipos de acordos firmados no âmbito dessa organização
internacional: os acordos multilaterais e os acordos plurilaterais.

Existe uma diferença muito importante entre acordos


multilaterais e acordos plurilaterais. Enquanto os acordos multilaterais
vinculam ou obrigam todos os membros da OMC, os acordos
plurilaterais somente vinculam aqueles membros que
expressamente a eles desejarem se obrigar. Em outras palavras, os
acordos plurilaterais são de adesão facultativa; os acordos multilaterais
são obrigatórios para todos os membros da OMC.

b) Servir como um fórum para as negociações


internacionais de comércio: os países-membros realizam, sob a égide
da OMC, negociações internacionais sobre os diversos temas relacionados
ao comércio. Ressalte-se que tais negociações são realizadas levando-se
em consideração o princípio da reciprocidade, por meio do qual os
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países concedem vantagens mútuas entre si. Em outras palavras, um país


faz concessões, mas espera receber outras em troca.

c) Solucionar controvérsias comerciais entre seus membros:


quando um país-membro acredita que algum outro membro da OMC está
adotando política comercial incompatível com as regras do sistema
multilateral, é possível que seja instaurada uma controvérsia no âmbito
dessa organização internacional.

d) Proceder à revisão das políticas comerciais dos países-


membros. O mecanismo de exame de políticas permite que o sistema
multilateral de comércio seja mais transparente, possibilitando que os
membros da OMC conheçam as políticas comerciais uns dos outros. Ao

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mesmo tempo, permite que estes recebam um feedback sobre suas
próprias políticas comerciais.

As revisões são periódicas e ocorrem em intervalos diferentes,


segundo a participação de cada país no comércio internacional de bens e
serviços. E.U.A, União Européia, Japão e China, que são os 4 (quatro)
membros da OMC com maior participação no comércio internacional, têm
suas políticas examinadas a cada dois anos.

e) Alcançar maior coerência na formulação de políticas


econômicas em escala global, incluindo cooperação como o FMI e o
Banco Mundial. A palavra de ordem aqui é cooperação entre organizações
internacionais, que devem buscar coordenar a formulação de políticas
econômicas em escala global.

FUNÇÕES DA OMC

- Administrar os acordos multilaterais e plurilaterais

- Servir como fórum para negociações comerciais internacionais.

- Solucionar controvérsias comerciais entre seus membros


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- Alcançar maior coerência global na formulação de políticas


econômicas em escala global em conjunto com o FMI e o BIRD.

- Proceder à revisão das políticas comerciais dos seus membros.

Destaque-se, ainda, que outra atividade desempenhada pela


OMC é a de cooperação técnica, particularmente no que diz respeito à
capacitação de funcionários governamentais de países em
desenvolvimento. Essa capacitação visa a auxiliar os países em
desenvolvimento a aplicar as normas do sistema multilateral de comércio.

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Pode-se dizer que essas são as três principais vertentes da
OMC: comércio de bens, comércio de serviços e direitos de propriedade
intelectual. Praticamente tudo gira em torno desses três grandes temas.

3- O ACORDO GERAL SOBRE TARIFAS E COMÉRCIO (GATT):

O surgimento do GATT em 1947 se confunde com a própria


criação do sistema multilateral de comércio, tendo suas origens na
Conferência de Bretton Woods, quando se decidiu pela criação da OIC
(Organização Internacional do Comércio), iniciativa esta que não logrou
êxito.

Embora a OIC não tenha sido criada, em 1947, os países


celebraram o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), o qual
trouxe as bases da nova ordem das relações internacionais no campo do
comércio. Durante quase 50 anos – de 1947 até 1994 – o GATT regeu
sozinho o sistema multilateral de comércio.

Mas qual era o objetivo do GATT?

O objetivo do GATT era combater as práticas protecionistas


então existentes, as quais restringiam e distorciam as trocas
internacionais. Nesse mister, o GATT estabeleceu medidas que visavam
combater o protecionismo, seja no campo tarifário ou não-tarifário.

Dessa forma, quando os países criaram o GATT em 1947, eles


procuraram inserir em seu texto medidas que impedissem ou regulassem
melhor a adoção de práticas protecionistas. A filosofia dos criadores do
GATT era estabelecer uma medida para cada prática protecionista. E
assim o fizeram, contemplando compromissos de redução/eliminação
de tarifas e regulamentação de barreiras não-tarifárias.

Logicamente, os países sabiam que a liberalização do comércio


internacional não ocorreria da noite para o dia. Ao contrário, tinham em
mente que ela seria fruto de um processo demorado e custoso, já que
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envolvia inúmeros interesses díspares. Com efeito, um dos princípios


instituídos pelo GATT 47 foi o gradualismo, segundo o qual a
liberalização do comércio internacional seria buscada por meio de
sucessivas Rodadas de Negociação. Outro princípio do sistema multilateral
de comércio é a flexibilidade, que está presente em inúmeros
mecanismos, evitando que as regras sejam fixas e sem exceções.

As negociações comerciais deveriam, por sua vez, obedecer ao


princípio da reciprocidade, por meio do qual os países fazem
concessões, mas igualmente espera recebê-las. A ideia central é que
todos os países saiam ganhando e não somente alguns.

3.1- Subsídios:

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Um dos artigos do GATT retrata a questão dos subsídios. Vamos
dar uma olhada no artigo e, em seguida, fazer alguns comentários sobre
ele. O artigo em questão é o XVI.

“Se uma Parte Contratante concede ou mantém um


subsídio, incluída qualquer forma de proteção das rendas ou
sustentação dos preços que tenha direta ou indiretamente
por efeito elevar as exportações de um produto qualquer do
território da referida Parte Contratante ou de reduzir as
importações do mesmo no seu território, dará conhecimento,
por escrito, às Partes Contratantes, não somente da importância e
da natureza desse subsídio, como dos resultados que possam ser
esperados sobre as quantidades dos produtos em questão por ele
importados ou exportados e as circunstâncias que tornam o subsídio
necessário.”

Da leitura do art. XVI podemos depreender vários conceitos


importantes relacionados à concessão de subsídio. Em primeiro lugar, o
que é um subsídio?

Subsídio, de acordo com o conceito da OMC, é qualquer forma


de proteção das rendas ou sustentação dos preços que tenha direta ou
indiretamente por efeito elevar as exportações de um produto (subsídio
às exportações) ou reduzir importações desse mesmo produto (subsídio
na forma de ajuda interna).

O subsídio é uma forma muito menos danosa de protecionismo


do que as cotas e as tarifas, causando menor distorção ao comércio. No
entanto, não é uma forma de protecionismo incentivada pela OMC,
que prega pela tarificação das barreiras. Mas se o subsídio é menos
danoso do que as cotas e as tarifas, por que sua utilização não é
incentivada?

A utilização dos subsídios não é incentivada pela OMC porque


eles não são dotados de transparência. Embora o art. XVI estabeleça
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que as Partes Contratantes que concedem um subsídio têm a obrigação


de notificá-lo, muitos países não o fazem.

Existe um acordo multilateral firmado no âmbito da OMC –


Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias – que trata
especificamente sobre o assunto.

3.2- Art. XXIV- Uniões Aduaneiras e Áreas de Livre Comércio:

Um outro artigo relevante para o concurso do TCE-SC é o que


trata sobre as uniões aduaneiras e áreas de livre comércio. Vejamos o
conteúdo desse artigo:

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“As partes contratantes reconhecem a conveniência de aumentar
a liberdade de comércio, desenvolvendo, mediante acordos
livremente pactuados, uma integração maior das economias dos
países que participem de tais acordos. Reconhecem também que
o estabelecimento de uma união aduaneira ou de uma zona de
livre comércio deve ter por objetivo facilitar o comércio entre os
territórios constitutivos e não erigir obstáculos ao comércio de
outras partes contratantes com estes territórios.”

O art. XXIV do GATT estabelece a possibilidade de que os


membros da OMC concedam preferências tarifárias entre si, sem que seja
necessário estender tais benefícios a terceiros países, desde que no
âmbito de um acordo regional de integração.

A OMC tem como fim último (prioridade) a liberalização do


comércio em nível multilateral, mas considerando-se a dificuldade de
alcançar esse ideal, admite-se que a liberalização seja realizada em nível
regional. Embora à primeira vista isso possa representar uma violação à
ideia central do sistema multilateral (princípio da não-discriminação), a
lógica dessa exceção reside na tentativa de promoção de uma
convergência rumo ao livre comércio.

A finalidade de um acordo regional é facilitar o comércio entre


seus integrantes e não impor barreiras ao comércio com terceiros países.
Esse é o entendimento que se deve ter a partir da leitura do parágrafo 4º
do art. XXIV do GATT, segundo o qual “o estabelecimento de uma união
aduaneira ou de uma zona de livre comércio deve ter por objetivo
facilitar o comércio entre os territórios constitutivos e não erigir
obstáculos ao comércio de outras partes contratantes com estes
territórios”.

Para a formação de uma área de livre comércio, faz-se mister


que o substancial do comércio entre os países integrantes do
acordo seja livre de barreiras. Não há, na normativa da OMC, uma
definição precisa do que seja o “substancial do comércio”.
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Já para a formação de uma união aduaneira, é necessário,


além disso, que as restrições comerciais (direitos aduaneiros e
regulamentos sobre o comércio) em relação a terceiros países não sejam
maiores ou mais restritivos (no total) após a celebração do acordo do que
eram antes.

É necessário, ainda, tanto para a formação de áreas de livre


comércio quanto para a formação de uniões aduaneiras, que exista um
programa de liberalização comercial com um prazo razoável para a
implementação.

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Mas por que a normativa multilateral autoriza a celebração de
acordos regionais?

Simples, pessoal! Essa autorização decorre da noção de que o


livre comércio não será alcançado do dia para a noite, mas sim de forma
gradual. Logo, se liberalizar as trocas comerciais em nível multilateral é
algo difícil, que pelo menos essa liberalização seja alcançada em nível
regional. Dessa forma, quem sabe no futuro haja uma convergência e a
liberalização que existe em nível regional passe ao multilateral!

Há também a chamada “Cláusula de Habilitação”, criada em


1979 durante a Rodada Tóquio. A Cláusula de Habilitação representa o
embasamento normativo para que existam os chamados “sistemas de
preferências comerciais”: o SGP e o SGPC. Além disso, permite que
países em desenvolvimento celebrem entre si acordos regionais
sujeitos a regras mais flexíveis do que aqueles previstos no art. XXIV.

O SGP (Sistema Geral de Preferências) é administrado pela


UNCTAD e tem como principal característica a concessão de
preferências tarifárias dos países desenvolvidos aos países em
desenvolvimento de forma unilateral, sem necessitar estender tais
preferências aos demais membros da OMC. Ao contrário da OMC, em que
as concessões tarifárias são estendidas a todos os outros membros, no
âmbito do SGP as concessões são unilaterais.

O SGPC (Sistema Global de Preferências Comerciais), por sua


vez, permite que países em desenvolvimento outorguem-se
mutuamente preferências tarifárias, sem necessitar estendê-las a
outros membros da OMC.

1. (AFRF- 2003-adaptada)- No presente, o sistema multilateral


de comércio está conformado pelo Acordo Geral de Comércio e
Tarifas (GATT), celebrado no âmbito da Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
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Comentários:

O sistema multilateral de comércio é administrado pela OMC (e


não pela UNCTAD!). Ademais, embora o GATT ainda esteja em vigor,
existem também outros acordos que regulamentam, atualmente, o
comércio internacional. Questão errada.

2. (AFRF-2003) – Com o surgimento do Acordo Geral de


Comércio e Tarifas (GATT), iniciou-se um movimento de
progressiva liberalização das trocas comerciais em escala global;
ainda, após mais de cinco décadas, o protecionismo subsiste e
apresenta-se sob novas roupagens. São exemplos de formas
contemporâneas de protecionismo observadas no âmbito da

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Organização Mundial de Comércio o recurso abusivo a medidas
antidumping e à concessão de subsídios à produção e à
exportação.

Comentários:

De fato, na atualidade, o principal tipo de protecionismo é o


não-tarifário. Nesse sentido, conforme afirma a questão, são exemplos
contemporâneos de protecionismo o recurso abusivo a medidas
antidumping e a concessão de subsídios à produção e à exportação. Cabe
destacar que a OMC regula a aplicação de direitos antidumping e a
concessão de subsídios em acordos específicos, regulamentando essas
práticas a fim de que elas sejam aplicadas com razoabilidade e segundo
certos limites. Questão correta.

3. (AFRF 2002.1) - Sobre o Acordo Geral de Comércio e Tarifas


(GATT), é correto afirmar que foi o organismo internacional que
precedeu a Organização Mundial do Comércio.

Comentários:

Pegadinha!!! O GATT não é (nem nunca foi!) uma organização


internacional. Ele é apenas um acordo internacional. Logo, a questão está
errada.

4. (AFRF 2002.1)- Mesmo após a criação da Organização


Mundial do Comércio (OMC), o Acordo Geral de Comércio e Tarifas
(GATT), mantém-se como componente fundamental do sistema
multilateral de comércio.

Comentários:

O GATT-47, mesmo com a criação da OMC, ainda permanece em


plena vigência. Podemos considerar que ele é componente fundamental
do sistema multilateral de comércio, regulando o comércio de
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mercadorias. Logo, a questão está correta.

5. (MDIC-2009/Área Administrativa)- O GATT não era um


organismo internacional, como o FMI ou o BIRD, mas um Acordo,
do qual faziam parte os países interessados, denominados Partes
Contratantes.

Comentários:

O FMI e o BIRD são organizações internacionais criadas como


resultado da Conferência de Bretton Woods. Já o GATT é tão somente um
acordo internacional, tendo regulado o sistema multilateral de comércio

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até a criação da OMC. Questão correta.

6. (INMETRO-2010 - adaptada)- Apesar da oposição dos países


em desenvolvimento, serviços e propriedade intelectual foram
temas regulamentados em decorrência das negociações
realizadas pelo sistema multilateral de comércio.

Comentários:

Os temas “serviços” e “propriedade intelectual” foram inseridos


na agenda de discussões multilaterais de comércio por pressão dos
países desenvolvidos. A inclusão desses temas sofreu sim a oposição dos
países em desenvolvimento. Questão correta.

7. (AFRF 2002.1)- Entre as principais funções da OMC estão a


administração de acordos comerciais firmados por seus membros,
a resolução de disputas comerciais e a supervisão das políticas
comerciais nacionais.

Comentários:

São funções da OMC: i) administrar os acordos comerciais


(multilaterais e plurilaterais) celebrados sob sua égide; ii) servir
como foro para negociações comerciais; iii) solucionar controvérsias
comerciais entre os países membros; iv) supervisionar as
políticas comerciais dos países membros e; v) atuar em cooperação
com as instituições de Bretton Woods (FMI e BIRD). Questão correta.

8. (AFRF 2002.1)- A OMC presta assistência aos governos


nacionais na aplicação de barreiras não-tarifárias.

Comentários:

A cooperação técnica prestada pela OMC visa a auxiliar os


governos dos países em desenvolvimento a aplicar as regras do sistema
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multilateral de comércio (e não a aplicar barreiras não-tarifárias!). Seria


um contrassenso dizer que uma organização internacional cujo objetivo é
a liberalização do comércio auxilia os países a impor entraves nas trocas
internacionais. A questão está, portanto, errada.

9. (AFRF – 2002.1-adaptada)- As disciplinas da OMC


restringem-se às práticas desleais de comércio e à resolução de
disputas comerciais.

Comentários:

Os assuntos tratados no âmbito da OMC vão muito além das


práticas desleais de comércio e da resolução de disputas comerciais

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(solução de controvérsias). As disciplinas da OMC abrangem diversas
outras questões, como medidas sanitárias e fitossanitárias, regulamentos
técnicos, medidas de investimento relacionadas ao comércio, direitos de
propriedade intelectual relacionadas ao comércio, etc. Questão errada.

10. (AFRF – 2002.1)- Os dispositivos do Acordo Geral de


Comércio e Tarifas (GATT) contemplam apenas a eliminação das
barreiras tarifárias.

Comentários:

O GATT, além de tratar de questões tarifárias, contempla a


regulamentação de barreiras não-tarifárias. Questão errada.

11. (ACE-2008) - A exemplo da OMC, as normas e os acordos no


âmbito do GATT aplicam-se ao comércio de mercadorias, de
serviços e de direitos de propriedade intelectual referentes ao
intercâmbio externo, sendo, pois, subscritos por todos os países.

Comentários:

A questão tenta confundir a cabeça do concurseiro afirmando


que as normas no âmbito do GATT se aplicam ao comércio de
mercadorias, de serviços e aos direitos de propriedade intelectual, o que
é totalmente incorreto. As normas no âmbito da OMC é que abrangem
o comércio de mercadorias, o comércio de serviços e os direitos de
propriedade intelectual relacionados ao comércio. O GATT se refere única
e exclusivamente ao comércio de mercadorias. Questão errada.

12. (AFRF 2002.1)- A OMC promove a liberalização do comércio


internacional por meio de acordos regionais entre os países
membros.

Comentários:
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O objetivo da OMC é promover a liberalização do comércio


internacional entre todos os seus membros. Em outras palavras, a OMC
prega que o livre comércio seja uma realidade em nível
multilateral (global). Assim, está incorreto afirmar que a OMC
promove a liberalização do comércio por meio de acordos regionais. Cabe
destacar, todavia, que a OMC admite a celebração de acordos
regionais entre seus membros, desde que estes cumpram determinados
requisitos. Questão errada.

13. (AFTN – 1996)- O objetivo maior do GATT/OMC é o fomento


à expansão do comércio internacional. Assim sendo, uma
organização que seja criada com o objetivo de reduzir e, no
limite, eliminar as tarifas entre os participantes do sistema

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regional de integração, ampliando o volume de comércio entre os
países, será aceita e mesmo estimulada pelo GATT/OMC.

Comentários:

Embora a OMC pregue a liberalização do comércio em nível


multilateral, a criação de sistemas regionais de integração é admitida
como legítima por essa organização internacional. A ideia fundamental é
a de que se não é possível liberalizar o comércio em nível mundial, que
ele pelo menos seja liberalizado a nível regional. Logo, a questão está
correta.

14. (MDIC-2009/Área Administrativa)- Tendo em vista o


objetivo do GATT de eliminar o tratamento discriminatório no
comércio exterior, o Acordo não tolerava a formação de blocos
econômicos ou aduaneiros que objetivassem a remoção de tarifas
e outras barreiras ao comércio entre países participantes desse
bloco.

Comentários:

A criação de blocos regionais é admitida pelas regras do sistema


multilateral de comércio desde sua criação em 1947, em conformidade
com o que prevê o art. XXIV do GATT. Questão errada.

15. (AFRF 2002.1)- O Acordo Geral de Comércio e Tarifas


(GATT) tinha o propósito de monitorar as trocas internacionais e
a aplicação irrestrita do Sistema Geral de Preferências (SGP).

Comentários:

O objetivo do GATT-1947 e, posteriormente da OMC, é a


liberalização do comércio internacional a nível multilateral (entre todos os
países). Assim, esquemas preferenciais (SGP e SGPC) e acordos
regionais, embora aceitos pela normativa da OMC, não são o objetivo
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dessa organização internacional. Questão errada.

4- O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO REGIONAL:

4.1- Estágios de Integração:

Hoje em dia é muito comum ouvir falar em “blocos


econômicos” e “processo de integração regional”. Não é para
menos! Com a globalização e o aprofundamento das relações
internacionais, o tema da integração econômica vem ganhando cada vez
maior importância no âmbito do direito internacional público.

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Mas, afinal de contas, qual é o conceito de integração regional?
Quando é que se falou pela primeira vez nisso? E por que os países
decidiram integrar-se economicamente?

Responder a essas perguntas com rigor acadêmico é algo


bastante complexo, mas de uma forma bem simples, a integração
regional pode ser entendida como um fenômeno por meio do qual países
formam blocos econômicos regionais com o objetivo de obter
desenvolvimento econômico conjunto. Para Raúl Granillo Ocampo, o
processo de integração regional é um “fenômeno de interação entre
Estados por meio do qual estes aumentam sua interdependência e
aprofundam seu relacionamento mútuo, transformando-se de unidades
previamente separadas em partes componentes de um sistema
coerente.”3 Trata-se de um processo complexo, voluntário, dirigido a um
fim específico e que pode se manifestar no campo econômico, social e
político.

O ideal integracionista não é algo recente. Ele teve sua origem


no pensamento do filósofo Immanuel Kant e sua esperança de encontrar
a “paz perpétua” por meio de uma federação de Estados livres ou, ainda,
no pensamento de líderes como Simon Bolívar, que defendia a associação
dos recém-independentes Estados latino-americanos como forma de
evitar possível recolonização por parte das potências européias.

Embora o ideal integracionista não seja recente, o processo de


integração regional somente foi sistematizado e descrito teoricamente na
década de 60, pelo economista húngaro Bela Balassa.

Segundo Bela Balassa, os processos de integração regional


distinguem-se em cinco estágios, os quais, ordenados em ordem
crescente de integração, são os seguintes: área de livre comércio,
união aduaneira, mercado comum, união econômica e integração
econômica total. É fundamental que vocês guardem isso, meus amigos!
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3
. OCAMPO, Raúl Granillo. Direito Internacional Público da Integração. Rio de
Janeiro: Campus, 2008. pp. 21-22

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- Área de Livre Comércio


FASES DA - União Aduaneira
INTEGRAÇÃO Grau de Integração
- Mercado Comum
REGIONAL
(Visão de Bela - União Econômica
Balassa)
- Integração Econômica Total

Mas o que pressupõe cada um desses estágios de integração?

a) A área de livre comércio é o primeiro dos estágios de


integração, isto é, o estágio que apresenta o menor nível de integração.
Sua característica principal é a livre circulação de mercadorias e
serviços entre os países que a integram. No âmbito de uma área de livre
comércio, não há direitos aduaneiros incidentes sobre a circulação de
bens. Para visualizarmos melhor como funciona esse tipo de bloco
econômico, vamos a um exemplo! Imagine que três países (A, B e C)
formem uma área de livre comércio. Se o país A exporta uma mercadoria
para o país B, não será cobrado imposto nessa importação. Da mesma
forma, se o país B exporta para o país C, não incidirá imposto de
importação nessa operação.

Mas será que é possível uma liberalização completa do fluxo de


bens e serviços? Ou melhor: será que, para a configuração de uma área
de livre comércio, é necessária uma completa liberalização do fluxo de
bens e serviços?

Excelente pergunta, meu amigo! A liberalização completa do


fluxo de bens e serviços, mesmo em uma área de livre comércio, é algo
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que não existe. Mesmo no âmbito de áreas de livre comércio, é possível


que os países imponham restrições à livre circulação de bens e serviços.

Segundo o art. XXIV do GATT, existe uma área de livre comércio


entre países quando são eliminadas tarifas e outras regulações restritivas
sobre “substancialmente todo o comércio”. Definir a expressão
“substancialmente todo o comércio” é uma das maiores polêmicas da
literatura que trata dos acordos regionais. Para alguns países, deve-se
levar em conta aspectos quantitativos (existência de um percentual de
comércio coberto pelo acordo); para outros, devem ser considerados
aspectos qualitativos (nenhum setor econômico deve estar de fora da

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4
abrangência do acordo). Em que pese estas duas correntes divergentes,
não há definição sobre o tema. Até mesmo o Órgão de Apelação da OMC,
quando teve a oportunidade de se manifestar sobre o assunto e definir o
significado de “substancialmente todo o comércio”, ele preferiu ficar em
cima do muro e não chegou a nenhuma conclusão substancial.5

Outra questão que suscita dúvidas é quanto ao tipo de


restrições comerciais que podem ser mantidas no âmbito de uma área
de livre comércio. Segundo o art. XXIV do GATT, “entende-se por área de
livre comércio um grupo de dois ou mais territórios aduaneiros entre os
quais os direitos aduaneiros e outras regulamentações restritivas das
trocas comerciais (com exceção, na medida necessária, das restrições
autorizadas nos termos dos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX) são
eliminados para substancialmente todo o comércio.”

Pela leitura desse dispositivo, percebe-se que são possíveis as


seguintes restrições comerciais em virtude de um acordo regional:

- Art. XI: imposição de restrições quantitativas

- Art. XII: imposição de restrições em razão de déficits no


Balanço de Pagamentos.

- Art. XIII: obriga que as cotas sejam aplicadas de forma não-


discriminatória.

- Art. XIV: em virtude de déficits no Balanço de Pagamentos,


admite que sejam aplicadas cotas de maneira discriminatória.

- Art. XV: o cumprimento de obrigações perante o FMI pode


ensejar o descumprimento de normas do GATT.

- Art. XX: admite restrições comerciais para: i) proteger a


segurança e a saúde de pessoas, plantas e animais; ii) para proteger a
moralidade pública; iii) para proteção ambiental; etc.
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Aí é que entram duas perguntas:

4
PRAZERES, Tatiana. A OMC e os Blocos Regionais. São Paulo: Aduaneiras,
2008, pp. 285-286.

5
Segundo o Órgão de Apelação “substantially all the trade is not the same as all
the trade, and also that substantially all the trade is something considerable
more than merely some of the trade.” Em tradução livre, “substancialmente todo
o comércio não é o mesmo que todo o comércio, e também ‘substancialmente
todo o comércio’ é consideravelmente superior a apenas algum comércio.”

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1) É possível a aplicação de medidas de defesa comercial
(direitos antidumping, medidas compensatórias e medidas de
salvaguarda) entre os membros de um bloco comercial?

2) É possível a aplicação de restrições comerciais por razões de


segurança nacional?

Respondendo à primeira pergunta, pela literalidade do art.


XXIV, os integrantes de blocos regionais não podem aplicar entre si
medidas de defesa comercial. No entanto, o que se vê na prática é
que, em boa parte dos acordos regionais existentes (NAFTA e MERCOSUL,
por exemplo), são aplicadas medidas de defesa comercial
intrabloco. Com efeito, parte da doutrina entende que a lista de
restrições definida pelo art. XXIV do GATT seria meramente
exemplificativa (e não taxativa). Todavia, segundo Tatiana Prazeres, o
entendimento tecnicamente mais correto seria o de que a lista de
restrições do art. XXIV é taxativa (“numerus clausus”).6 Em que pese esse
entendimento da atual Secretária de Comércio Exterior, pode-se afirmar
categoricamente que não há ambiente político para que seja impedida
a imposição de medidas de defesa comercial entre os membros de blocos
regionais. 7

Quanto à segunda pergunta, o entendimento predominante é o


de que, apesar de não estar relacionada no art. XXIV, é possível a
aplicação de restrições comerciais por razões de segurança
nacional no interior de blocos regionais (art. XXI). Segundo a
doutrina majoritária, o art. XXI do GATT representa uma exceção que se
sobrepõe à lista do art. XXIV. 8

b) A união aduaneira, por sua vez, se caracteriza pela livre


circulação de mercadorias e serviços entre seus integrantes e, ainda,
pela harmonização da política comercial em relação a terceiros
países. Assim, os países-membros desse bloco comercial estabeleceriam
as mesmas regras alfandegárias em relação a terceiros não-membros. Em
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outras palavras, as normas de comércio exterior seriam essencialmente


as mesmas em todos os países, aplicando-se, inclusive, uma Tarifa
Externa Comum (TEC). Com efeito, a TEC é considerada um
instrumento que materializa a existência de uma política comercial
comum em relação a terceiros países.

6
PRAZERES, Tatiana. A OMC e os Blocos Regionais. São Paulo: Aduaneiras,
2008, pp. 292-293
7
PRAZERES, Tatiana. A OMC e os Blocos Regionais. São Paulo: Aduaneiras,
2008, pp. 295-296
8
PRAZERES, Tatiana. A OMC e os Blocos Regionais. São Paulo: Aduaneiras,
2008, pp. 294-295

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“Mas, professores, o que significa dizer que as normas de
comércio exterior seriam essencialmente as mesmas?”

Excelente pergunta! Em uma união aduaneira ideal, é como se os


países que a integram formassem um território aduaneiro único. Como
formam um território aduaneiro único, as regras aplicáveis às operações
de comércio exterior – classificação fiscal, valoração aduaneira, regimes
aduaneiros, controle aduaneiro, tributação, etc – também deveriam ser
únicas.

“Ah, mas isso é utopia!”

A formação de uma união aduaneira ideal não é realmente algo


fácil! Justamente por isso, quando citamos exemplos de uniões
aduaneiras – MERCOSUL e Comunidade Andina – temos que dizer que
elas são consideradas uniões aduaneiras imperfeitas.

O fator primordial para considerarmos que esses blocos


comerciais são exemplos de uniões aduaneiras é a existência de uma,
Tarifa Externa Comum (TEC), que nada mais é do que uma tabela que
estabelece as alíquotas do Imposto de Importação para os produtos
importados de terceiros países. Todavia, as imperfeições dessas uniões
aduaneiras ficam visíveis quando verificamos que as normas de comércio
exterior nesses países não são essencialmente unificadas e que ainda
persistem inúmeras exceções à Tarifa Externa Comum (TEC).

A Tarifa Externa Comum (TEC) é determinada


discricionariamente pelos órgãos decisórios do bloco regional. Todavia, as
regras da OMC estabelecem que as tarifas e outras regulações de
comércio impostas por ocasião da formação da união aduaneira “não
podem ser mais restritivas em seu conjunto do que as restrições
aplicáveis pelos seus integrantes antes da constituição do bloco regional”.

c) O mercado comum é o estágio de integração que se


caracteriza pela livre circulação de mercadorias e serviços,
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harmonização da política comercial em relação a terceiros países


e, ainda, pela livre circulação dos fatores de produção. Perceba, caro
amigo, que as características da união aduaneira estão presentes no
mercado comum, somadas ainda à sua característica peculiar: livre
circulação de fatores de produção.

“Mas, o que seria essa tal livre circulação dos fatores de


produção?”

Em primeiro lugar, precisamos saber o que são “fatores de


produção”, conceito que retiramos da Macroeconomia e que vamos repetir
aqui. Bem, podemos dizer que fatores de produção são os elementos
básicos utilizados na produção de bens e serviços. São considerados

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fatores de produção a terra, o trabalho, o capital, a capacidade
empresarial e, modernamente, a tecnologia.

Pois bem, a livre circulação de fatores de produção


(característica do mercado comum) implicaria na possibilidade de que um
trabalhador pudesse exercer suas atividades livremente em qualquer dos
países do bloco. Ou ainda, que não houvesse restrições aos investimentos
intrabloco, sendo possível a livre circulação de capitais. Com base nessa
lógica é que se diz que, no mercado comum, estão presentes as
chamadas “quatro liberdades” do mercado: livre circulação de bens,
serviços, capitais e mão-de-obra.

Para que seja possível a livre circulação de fatores de produção,


é necessário, todavia, a harmonização das políticas previdenciária,
trabalhista e de capitais entre os integrantes do bloco. Vale ressaltar
que no mercado comum existirá, assim como na união aduaneira, uma
harmonização da política comercial intrabloco (comércio livre de barreiras
entre seus integrantes) e extrabloco (regras de comércio exterior
unificadas, incluindo tributação).

d) A união econômica é o quarto estágio de integração


econômica, em que, além das características do mercado comum, há
harmonização das políticas econômicas dos países do bloco. Quando
dizemos que as políticas econômicas são harmonizadas, estamos nos
referindo às políticas cambial, monetária e fiscal.

Destaque-se que a literatura considera como fator essencial ao


sucesso de uniões econômicas e mercados comuns a proximidade
geográfica entre seus membros. Tal característica não é considerada,
todavia, um diferencial importante para o sucesso de áreas de livre
comércio e zonas de preferências tarifárias.

e) A integração econômica total é o estágio de integração


mais avançado, que se caracteriza pela unificação ou equalização das
políticas econômicas de seus integrantes. Vejam, caros amigos, que,
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no caso da integração econômica total, não há uma simples harmonização


das políticas econômicas. Estas são, ao contrário, conduzidas de forma
unificada.

Para que as políticas econômicas possam ser conduzidas de


forma unificada, é necessário que exista um órgão supranacional com
essa responsabilidade. Todavia, para que ele possa exercer tal
competência, cada um dos integrantes do bloco econômico deverá abdicar
de parcela de sua soberania em prol do poder central.

Cabe esclarecer aqui a diferença entre “órgãos


intergovernamentais” e “órgãos supranacionais”. Órgãos
intergovernamentais são aqueles cujas decisões necessitam ser

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internalizadas ao ordenamento jurídico dos Estados para que, só então,
entrem em vigor. Por outro lado, órgãos supranacionais são aqueles
que emanam decisões que não precisam ser incorporadas ao
ordenamento jurídico interno dos Estados para entrarem em vigor e já
gozam, desde o momento em que emitidas, de eficácia e aplicabilidade
imediatas. A supranacionalidade pressupõe cessão de soberania em prol
de um poder central; a intergovernamentabilidade pressupõe a existência
de mecanismos de mera cooperação internacional.

Questão interessante, que suscita largos debates doutrinários, é


acerca do estágio atual de integração da União Europeia. Embora
parcela da literatura considere que a U.E alcançou o estágio de
“integração econômica total”, a doutrina majoritária entende que trata-se
de uma união econômica e monetária.9 De nossa parte, entendemos
que a União Europeia é, inegavelmente, uma união econômica e
monetária, uma vez que apenas a política cambial e monetária são
conduzidas de forma unificada pelo Banco Central Europeu. As políticas
econômicas “latu sensu” da União Europeia são objeto de mera
coordenação. Com efeito, é possível afirmar que uma das causas da atual
crise econômica na U.E é a inexistência de uma política fiscal
unificada, o que levou alguns países a exacerbarem seus gastos
públicos.

Vejamos o quadro abaixo!

Estágio de Integração Características


Área de Livre Comércio Livre circulação de mercadorias e serviços em
relação ao substancial do comércio.
União Aduaneira Livre circulação de mercadorias e serviços em
relação ao substancial do comércio e política
comercial comum em relação a terceiros
países
Mercado Comum Livre circulação de mercadorias e serviços em
relação ao substancial do comércio, política
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comercial comum em relação a terceiros


países e livre circulação dos fatores de
produção
União Econômica Harmonização das políticas econômicas.
Integração Econômica Unificação das políticas econômicas
Total

Existe ainda outro tipo de acordo regional, o qual não é, todavia,


enquadrado como um estágio de integração pela doutrina desenvolvida

9
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado.
Salvador: Editora Juspodium, 2009, pp. 802-803

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10
por Bela Balassa. Trata-se das zonas de preferências tarifárias (ou
acordos de preferências tarifárias). As zonas de preferências tarifárias são
acordos comerciais, em que os integrantes se outorgam mutuamente
preferências tarifárias (reduções do imposto de importação). Diz-se,
portanto, que os integrantes desse tipo de acordo concedem entre si uma
margem de preferência nas importações.

Embora Bela Balassa, criador da teoria da integração


regional, não tenha feito qualquer menção às zonas de
preferências tarifárias, é razoável considerar que,
atualmente, elas também são um estágio de integração.

Assim, é plenamente possível que o Cespe considere que as


zonas de preferência tarifária são o estágio menos avançado
de integração. O Cespe, inclusive, já se posicionou nesse
sentido.

Assim, o melhor posicionamento para concursos é o


seguinte:

1) Se a banca examinadora fizer menção à teoria da


integração de Bela Balassa, você não deve considerar as
zonas de preferências tarifárias como estágio de integração.

2) Se não for feita menção a nenhum autor específico,


considere as zonas de preferências tarifárias como um
estágio de integração.

Na medida em que há avanço do processo de liberalização


comercial e as economias dos membros de um acordo regional se
tornam mais integradas, faz-se necessário a coordenação de
políticas macroeconômicas. Muitos economistas argumentam,
inclusive, que a falta de coordenação macroeconômica no âmbito do
MERCOSUL foi a grande causadora da crise econômica argentina entre
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1999 e 2001.

Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova!

4.2- Efeitos Econômicos da Integração Regional:

Agora que já temos uma noção acerca dos estágios de


integração econômica, precisamos nos aprofundar um pouco mais nos
efeitos da formação de blocos econômicos regionais.

10
Embora Bela Balassa não tenha mencionado as zonas de preferências tarifárias, vários
outros atores as consideram como um estágio de integração regional. Em provas de
concursos públicos, devemos admitir como corretas alternativas que mencionem as
ZPT’s como estágio de integração regional.

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Os efeitos econômicos da integração regional podem ser
dinâmicos ou estáticos. Efeitos dinâmicos são os relacionados ao
crescimento e desenvolvimento econômico. Efeitos estáticos, por sua vez,
estão relacionados ao deslocamento geográfico da produção após a
formação de um bloco regional.

Os efeitos dinâmicos da integração são basicamente os


mesmos efeitos que parte da literatura econômica defende como
decorrentes do processo de liberalização comercial. Ao nível da produção
e do comércio, a formação de um bloco regional tem como efeito imediato
o aumento da concorrência e a ampliação do mercado consumidor.

Em virtude de os produtos circularem livremente pelos países


integrantes do bloco regional, pode-se afirmar que há um aumento da
oferta de bens e, consequentemente, redução dos preços. Com a
redução dos preços, pode-se afirmar que há aumento do bem estar do
consumidor, que passa a ter maiores possibilidades de escolha e a
preços mais baixos.

O aumento da concorrência entre as empresas (em virtude da


eliminação de tarifas) gera ganhos de eficiência, uma vez que estas
precisam, para poder se manter no mercado, desenvolver novas
tecnologias e novos processos. Passa a haver, então, maiores
investimentos em P & D (incentivo à inovação), o que leva ao
desenvolvimento tecnológico.

A integração gera também ganhos de escala (economias de


escala), uma vez que as empresas terão a possibilidade de explorar um
mercado consumidor ampliado. Com efeito, haverá aumento do fluxo
comercial (aumento da corrente de comércio) entre os membros do
acordo regional, o que permitirá a especialização da produção e, portanto,
a geração de complementaridade entre as economias dos países do
bloco. O fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) também
tende a aumentar, uma vez que as empresas multinacionais
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(transnacionais) desejarão auferir os benefícios de um mercado ampliado.

Outra efeito importante da celebração de um acordo regional é


que, juntos, os países-membros do acordo adquirem maior poder de
negociação em nível internacional e, com isso, podem obter maiores
vantagens do comércio. Vamos entender melhor!

A literatura econômica aponta que um país grande é capaz de


afetar os preços dos exportadores estrangeiros. É fácil chegar a
essa conclusão! Um país grande possui um enorme mercado consumidor
e, portanto, se impuser restrições ao comércio, os exportadores
estrangeiros terão que reduzir seus preços, pois não será fácil “arranjar”
um novo mercado consumidor para seus produtos. Moral da história:
quando um país grande impõe uma tarifa sobre suas importações,

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ele piora os termos de troca (relação valor das exportações / valor das
importações) dos outros países e melhora seus próprios termos de
troca.

Por analogia, podemos transpor esse entendimento sobre o “país


grande” para um “bloco comercial”. Nesse sentido, um acordo regional
(mais especificamente uma união aduaneira) tem potencial para
aumentar os termos de troca dos países-membros em detrimento
de terceiros países. Com efeito, caso uma união aduaneira imponha
uma Tarifa Externa Comum elevada, ela irá piorar os termos de troca dos
países não-membros. Logicamente, a imposição de tarifas tem seus
custos (são os efeitos negativos do protecionismo!). Dessa forma, faz-se
necessário analisar, caso a caso, se os benefícios dos termos de troca
resultantes da imposição da tarifa superam seus custos (o que poderá
ocorrer em certos casos).

- Aumento da oferta de produtos


- Redução dos preços dos produtos
-Aumento do bem-estar dos consumidores
- Aumento da concorrência
EFEITOS DINÂMICOS DA
- Incentivo à inovação e desenvolvimento
INTEGRAÇÃO REGIONAL
tecnológico
- Ampliação do mercado consumidor
- Ganhos de escala
- Aumento da corrente de comércio
- Geração de complementaridade

Os efeitos estáticos da integração, por sua vez, foram


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estudados com grande destaque por Jacob Viner e Paul Krugman. Eles
estão relacionados ao deslocamento geográfico da produção
(deslocalização da produção) após a formação de um acordo regional de
comércio. Mas como assim deslocamento geográfico da produção?

Simples. Hoje a maior parte da produção de calçados que


atende ao mercado consumidor do país A é oriunda do país X. Após a
formação do acordo regional, a maior parte da produção de calçados que
atende ao mercado do país A passa a vir do país Y (houve deslocamento
da produção do país X para o país Y!)

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Esse deslocamento geográfico da produção pode gerar, segundo
Viner, dois efeitos diferentes: a criação de comércio e o desvio de
comércio.

A criação de comércio ocorre quando a produção é deslocada


de um local em que ela era obtida a custos maiores para um local em que
ela é obtida a custos menores, o que gera ganho de bem-estar à
sociedade.

Suponha, por exemplo, que, antes da celebração de um acordo


regional, o mercado consumidor de laranjas do país A seja atendido pelos
próprios produtores domésticos. Os produtores domésticos não são tão
eficientes (produzem a um custo alto), mas em virtude das tarifas
incidentes sobre as laranjas importadas, acabam ganhando o mercado.
Após a celebração do acordo regional e a consequente eliminação das
tarifas, o mercado consumidor de laranjas do país A passa a ser atendida
pelos produtores do país B. Os produtores do país B são mais eficientes
(produzem a um custo menor) do que os produtores domésticos de A.
Quando existiam tarifas, os produtores de laranja do país B não
conseguiam ganhar mercado; quando estas foram rebaixadas, eles
saíram ganhando. A produção de laranjas foi geograficamente deslocada
de um local de menor eficiência (país A) para um local de maior eficiência
(país B).

Por outro lado, o desvio de comércio ocorre quando a


produção é deslocada de um local em que ela era obtida a custos
menores para um local em que ela é obtida a custos maiores, o que gera
perda de bem-estar à sociedade.

Imagine que, antes da celebração de um acordo regional, o


mercado consumidor de automóveis do país A seja atendido pelos
automóveis produzidos pelo país B. Ocorre, então, que o país A celebra
um acordo regional com o país C (o país B fica de fora desse acordo!).
Como resultado desse acordo, o mercado consumidor de automóveis do
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país A passa a ser atendido pelos automóveis produzidos pelo país C.


Antes do acordo, quando o país A cobrava igualmente tarifas sobre a
importação de automóveis originários de B e C, os automóveis do país B
saíam ganhando, pois eram mais eficientes (produziam a um custo
inferior). Após o acordo, não há mais tarifas sobre os automóveis do país
C e, portanto estes saem ganhando em relação aos automóveis de B
(lembre-se de que o país B ficou de fora do acordo!). Foram as tarifas
reduzidas que fizeram a diferença! Houve um deslocamento geográfico da
produção de um local mais eficiente (país B) para um local de menor
eficiência (país C).

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EFEITOS ESTÁTICOS DA
INTEGRAÇÃO
REGIONAL

CRIAÇÃO DE COMÉRCIO DESVIO DE COMÉRCIO

Produção se desloca de Produção se desloca de


um local de menor um local de maior
eficiência para um local eficiência para um local
de maior eficiência de menor eficiência
Segundo Jacob Viner, a integração regional somente será
benéfica aos membros do bloco regional quando a criação de
comércio prevalecer sobre o desvio de comércio. Dessa forma, nem
todo acordo regional traz ganhos de bem-estar à sociedade, mas apenas
aqueles em que prepondera a criação de comércio. Assim, ao celebrar
um acordo regional de comércio, o país deve analisar se irá prevalecer a
criação ou o desvio de comércio.

5- O ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DA AMÉRICA DO NORTE


(NAFTA):

5.1- Histórico e Objetivos:

O NAFTA (North American Free Trade Agreement) é um acordo


regional de comércio celebrado por EUA, Canadá e México no ano de
1992, tendo entrado em vigor em 1994. As origens do NAFTA remontam
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à aproximação comercial entre EUA e Canadá, que deu origem em 1988 a


um acordo de liberalização econômica entre os dois países. À época, o
México não fazia parte desse processo de liberalização comercial, só
tendo a ele aderido em agosto de 1992.

Os objetivos do NAFTA estão explícitos no art. 102 de seu


Tratado Constitutivo:

Art. 102-Objetivos
1. Os objetivos do presente Tratado, desenvolvidos de
maneira mais específica através de seus princípios e regras,
incluídos os de tratamento nacional, nação mais favorecida
e transparência, são os seguintes:

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a) eliminar obstáculos ao comércio e facilitar a circulação
transfronteiriça de bens e serviços entre os territórios das
Partes;
b) promover condições de concorrência leal na zona de livre
comércio;
c) aumentar substancialmente as oportunidades de
investimento nos territórios das Partes;
d) proteger e fazer valer, de maneira adequada e efetiva, os
direitos de propriedade intelectual no território de cada uma
das Partes;
e) criar procedimentos eficazes para a aplicação e
cumprimento deste Tratado, para sua administração
conjunta e para a solução de controvérsias; e
f) estabelecer as bases para a ulterior cooperação trilateral,
regional e multilateral destinada a ampliar e melhorar os
benefícios deste Tratado.

Analisando-se o artigo supracitado, podemos destacar os


principais objetivos do NAFTA. Vale ressaltar, desde o início, que, no
âmbito desse acordo, são aplicáveis princípios também presentes na
normativa do sistema multilateral de comércio: o princípio do
tratamento nacional, a cláusula da nação mais favorecida e o
princípio da transparência.

Na alínea “a”, está explícito que um dos objetivos do NAFTA é a


eliminação da barreiras alfandegárias e a facilitação do fluxo de
bens e serviços entre os territórios dos países participantes. Tal objetivo
está em conformidade com o que se espera de uma área de livre
comércio, na qual deve haver livre circulação de bens e serviços em
relação ao substancial do comércio entre seus integrantes. Ressalte-se
também que, no âmbito do NAFTA, não há a definição de uma política
comercial comum em relação a terceiros países (o que é característica de
uma união aduaneira), tampouco a livre circulação dos fatores de
produção (o que seria característica de um mercado comum). Em razão
do NAFTA não ser uma união aduaneira, seus membros possuem
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ampla autonomia para definir suas políticas comerciais e, portanto,


para celebrar quaisquer outros acordos comerciais. Dessa forma, os
integrantes do NAFTA não têm a obrigação de submeter aos demais
signatários os acordos que celebrem.

O livre comércio dentro do NAFTA ainda não abrange a


totalidade dos bens e serviços. Ao lermos o texto do Tratado de Livre
Comércio da América do Norte, percebemos que há inúmeras disposições
que restringem o comércio de bens e serviços intrabloco. No que diz
respeito ao comércio de bens, podemos verificar que ainda há, por
exemplo, a possibilidade de aplicação de medidas de defesa
comercial entre os integrantes do bloco. Um exemplo de restrição ao
comércio de serviços na região é a existente no setor energético, segundo

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a qual o México reserva a si mesmo o direito de exploração e refinamento
de petróleo e gás natural em seu território. Nada mais natural,
considerando-se que o México é um dos maiores exportadores de petróleo
do mundo e não iria querer empresas americanas ou canadenses se
instalando em seu território para incrementar a concorrência.

No que se refere ao comércio agrícola, este possui regras


especiais no NAFTA. Com efeito, a agricultura é um tema bastante
polêmico, seja no âmbito das negociações multilaterais (a Rodada Doha
da OMC que o diga!), seja no âmbito de negociações regionais. No NAFTA
não é diferente. Ao invés de instituir disposições únicas sobre o comércio
de produtos agrícolas, os membros do NAFTA estabeleceram regras
particulares aplicáveis a cada relação bilateral: México-EUA, México-
Canadá e Canadá-EUA

O NAFTA tem como objetivo a livre circulação de


bens e serviços (e não a livre circulação de
pessoas!)

A alínea “b” descreve como outro objetivo do NAFTA a promoção


de condições para uma competição justa na área de livre comércio.
De fato, o processo de integração regional desencadeado pelo NAFTA
prevê regras para evitar-se a concorrência desleal, tais como a aplicação
de direitos antidumping e medidas compensatórias entre os países do
bloco. Além disso, há disposições no texto do acordo que definem
obrigações em matéria de política de concorrência. Apesar disso, o
NAFTA reconhece a possibilidade de que as Partes mantenham ou
estabeleçam empresas estatais e monopólios privados, sujeitos a certas
condições.

A alínea “c” prevê que um dos objetivos do NAFTA é aumentar


as oportunidades de investimentos nos territórios dos Estados-partes.
Quanto a esse ponto, há que se destacar que a celebração do NAFTA teve
como um de seus efeitos o aumento do fluxo de investimento estrangeiro
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direto (IED) destinado ao México. Aproveitando-se do baixo custo da


mão-de-obra mexicana, diversas empresas americanas e estrangeiras se
instalaram naquele país.

A alínea “d” deixa claro que um dos objetivos do NAFTA é a


proteção à propriedade intelectual. Segundo o acordo, cada uma das
Partes concederá aos nacionais de outra Parte proteção e defesa
adequada e eficazes aos direitos de propriedade intelectual, assegurando
que as medidas destinadas a defender esses direitos não se convertam
em obstáculos ao comércio legítimo. O NAFTA estabelece padrões
mínimos de proteção à propriedade intelectual, facultando às Partes
impor proteção mais ampla.

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Cabe destacar que, quando o NAFTA foi assinado (1992), a OMC
ainda não havia sido criada e, portanto, não existiam regras sobre
propriedade intelectual no âmbito do sistema multilateral de comércio.
Nesse sentido, a fixação de regras sobre proteção à propriedade
intelectual nesse acordo regional representa uma importante inovação e
vai ao encontro dos interesses dos EUA.

A alínea “e” prevê a existência de um sistema de solução de


controvérsias comerciais entre os membros do NAFTA. Com efeito, o
NAFTA possui diversos dispositivos que preveem a solução de
controvérsias comerciais entre seus membros. Há, inclusive, disposições
específicas para solução de controvérsias que envolverem a aplicação de
medidas de defesa comercial. O Secretariado do NAFTA é responsável
pela administração das provisões do acordo referentes à solução
de controvérsias, prestando apoio administrativo durante os
procedimentos que envolverem um litígio comercial.

NAFTA
(North American Free Trade
Agreement)

- Promover a livre circulação de bens e serviços


entre seus membros
- Promoção da concorrência leal na área de livre
OBJETIVOS
comércio
-Aumentar as oportunidades de investimentos
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-Proteção aos direitos de propriedade intelectual

O NAFTA não pode ser considerado um acordo em total


conformidade com as regras da OMC, uma vez que ele admite que seus
membros apliquem-se mutuamente direitos antidumping. Conforme já
estudamos, segundo a doutrina majoritária, o art. XXIV do GATT não
admite que os membros de uma área de livre comércio apliquem
medidas antidumping e medidas compensatórias entre si.

É importante também dizer que o NAFTA não conta com


disciplinas relacionadas ao meio ambiente e a direitos
trabalhistas. Os direitos trabalhistas são tratados em um acordo

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paralelo, conhecido como Acordo sobre Cooperação Trabalhista da
América do Norte (NALLC). Em outro acordo, denominado Acordo de
Cooperação Ambiental, há disciplinas sobre meio ambiente. Tais acordos
são denominados acordos laterais e visam a complementar o NAFTA.

6 - ASSOCIAÇÃO LATINO-AMERICANA DE INTEGRAÇÃO (ALADI):

A origem da integração regional na América Latina remonta ao


período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando começam a
surgir nesse continente as primeiras idéias integracionistas. Dessa forma,
na década de 50 começam a tomar forma tais idéias, que encontram suas
motivações nas experiências de integração realizadas na Europa e, ainda,
no pensamento da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).

Por um lado, a partir das bem-sucedidas experiências


integracionistas européias, os países latino-americanos perceberam que a
melhor forma de alcançar desenvolvimento econômico conjunto seria a
organização em blocos econômicos. Por outro lado, as recomendações da
CEPAL eram no sentido de que os países da América Latina deveriam
utilizar-se de políticas de substituição de importações (práticas
protecionistas) e que o livre comércio só deveria existir em âmbito
regional.

Assim, a partir do pensamento cepalino, cuja principal figura era


o economista argentino Raúl Présbisch, surge em 1960 a ALALC
(Associação Latino-Americana de Livre Comércio). A ALALC tinha
como objetivo estabelecer, no longo prazo, um mercado comum,
começando, todavia, com uma área de livre comércio, integrando os
seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador,
México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Mas será que a ALALC foi uma iniciativa que deu certo?

Não, amigos, a ALALC não deu muito certo! E podemos aqui


assinalar diversos motivos!
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Em primeiro lugar, os objetivos a que se propunha a ALALC


(estabelecer um mercado comum) eram demasiadamente ambiciosos,
o que levou ao não-cumprimento dos compromissos assumidos pelos
países que a integravam. Dessa forma, não foi possível nem mesmo
formar uma área de livre comércio que englobasse os países-membros.

Em segundo lugar, não foi contemplada adequadamente a


diferença entre os níveis de desenvolvimento dos países envolvidos
no processo de integração. Afinal de contas, não podemos nos esquecer
que, mesmo dentro da América Latina, há diferenças de desenvolvimento.
De um lado, há países como Brasil, Argentina e México, os quais possuem

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economias mais fortes; de outro, há países como Bolívia e Paraguai, que
são economias menores.

Em terceiro lugar, no período compreendido entre 1960 e 1980,


os países envolvidos no processo de integração atravessaram momentos
de grande instabilidade política, notadamente em razão das ditaduras
militares.

Por fim, podemos citar, ainda, como entraves ao bom


funcionamento da ALALC a heterogeneidade das políticas
econômicas dos países-membros, a falta de vontade política dos
governos e o déficit institucional que a caracterizava (falta de
flexibilidade de seus mecanismos e inexistência de órgãos supranacionais
a conduzirem o processo de integração).

Não tendo dado certo a ALALC, foi criada em 1980, pelo Tratado
de Montevidéu a ALADI (Associação Latino-Americana de
Integração), que atribuiu, explicitamente, personalidade jurídica de
direito internacional a essa organização internacional.

A ALADI é, atualmente, o mais importante fórum de


negociações comerciais na América Latina, sendo constituída,
atualmente, por 14 países, representantes das 3 (três) Américas:
Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia, Equador, Peru,
Venezuela, Colômbia, México, Cuba, Panamá e Nicarágua11. As mais
recentes adesões foram a do Panamá (2009) e da Nicarágua (2011), as
quais denotam um processo de expansão do bloco em direção à América
Central.

Destaque-se que o Tratado de Montevidéu dispõe que a ALADI


está aberta à adesão de outros países latino-americanos. A título
de exemplo, Cuba, Panamá e Nicarágua não são membros originários da
ALADI, tendo ingressado nessa organização internacional depois que ela
foi criada. A adesão de um país à ALADI depende de decisão do Conselho
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de Ministros.

A ALADI tem como objetivo estabelecer, no longo prazo, um


mercado comum latino-americano. Para isso, todavia, é dotada de
mecanismos mais flexíveis do que sua antecessora ALALC. Enquanto
na ALALC os países queriam formar uma área de livre comércio que
englobasse todos seus membros, no âmbito da ALADI as preferências
tarifárias podem ficar restritas a um grupo de países.

11
Cabe destacar que a adesão da Nicarágua já foi aprovada e, nesse
momento, o país está na fase de cumprimento das condições para sua
efetivação como membro.

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Em outras palavras, a ALALC buscava formar uma área de livre
comércio, mas estabelecia que todas as concessões tarifárias deveriam
obedecer à cláusula da nação mais favorecida, aplicada em nível regional.
Assim, tínhamos uma abordagem eminentemente multilateralista, a qual
foi abandonada com a criação da ALADI, que passou a prever acordos
restritos a alguns países.

No âmbito da ALADI, os membros não precisam obedecer a


cláusula da nação mais favorecida em sentido estrito. Isso significa
que o MERCOSUL pode conceder uma preferência tarifária ao México sem
necessitar estendê-la, por exemplo, à Comunidade Andina. Trata-se de
mecanismo que dá maior flexibilidade e permite que o processo de
integração regional avance.

Por meio do Tratado de Montevidéu, que instituiu a ALADI, os


países-membros estabeleceram uma área de preferências econômicas,
composta por uma preferência tarifária regional, acordos de alcance
regional e acordos de alcance parcial.

Artigo 4º - Para o cumprimento das funções básicas da


Associação, estabelecidas pelo artigo 2º do presente
Tratado, os países-membros estabelecem uma área de
preferências econômicas, composta por uma preferência
tarifária regional, por acordos de alcance regional e
por acordos de alcance parcial.

Assim, pode-se afirmar que o Tratado de Montevidéu


estabeleceu três mecanismos para a constituição de um mercado
comum:

1) Preferência Tarifária Regional (PTR): permite que os


produtos originários dos países da ALADI gozem de uma preferência
tarifária no comércio intrabloco.

2) Acordos de Alcance Regional: abrange a totalidade dos


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membros da ALADI.

3) Acordos de Alcance Parcial: abrangem apenas alguns


membros da ALADI. Os acordos de alcance parcial podem ser
comerciais, de complementação econômica, agropecuários, de
promoção do comércio ou, ainda, adotar outras modalidades. Como
exemplo de acordo de alcance parcial celebrados no âmbito da ALADI,
citamos o MERCOSUL, também chamado de ACE (Acordo de
Complementação Econômica) nº 18. 12

12
A ALADI oferece marco jurídico para iniciativas de integração econômica de
caráter sub-regional, como o Mercado Comum do Sul e a Comunidade Andina de

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Segundo o art. 14 do Tratado de Montevidéu, os membros da
ALADI poderão estabelecer normas específicas para a concertação de
outras modalidades de acordos de alcance parcial. Para isso, eles levarão
em consideração, entre outras matérias, a cooperação científica e
tecnológica, promoção do turismo e preservação ambiental.

7 - COMUNIDADE ANDINA DE NAÇÕES (CAN):

As origens da Comunidade Andina de Nações (CAN) remontam


ao ano de 1969, quando foi celebrado o Acordo de Cartagena por
Bolívia, Equador, Peru, Colômbia e Chile. Em 1976, o Chile retirou-se do
bloco. Por sua vez, a Venezuela se vinculou ao bloco em 1973, se
retirando em 2006.

Atualmente, são membros da Comunidade Andina de Nações


(CAN) os seguintes países: Bolívia, Equador, Peru e Colômbia. Na
condição de associados estão Chile, Argentina, Brasil, Uruguai e
Paraguai. A Comunidade Andina de Nações (CAN), assim como o
MERCOSUL, é uma iniciativa de integração sub-regional que tem como
marco jurídico a ALADI. Destaque-se, todavia, que, ao contrário do
MERCOSUL, a CAN não é um acordo de alcance parcial da ALADI, sendo
iniciativa de integração regional autônoma.

A Comunidade Andina tem como objetivo central a constituição


de um mercado comum, destinado a promover um desenvolvimento
mais acelerado, mais equilibrado e autônomo de seus integrantes.
Por meio desse acordo, objetiva-se diminuir a vulnerabilidade externa
e melhorar a posição dos Países membros no contexto econômico
internacional, bem como reduzir as diferenças de desenvolvimento
entre eles.

Quando a Comunidade Andina foi criada, adotou-se um modelo


de industrialização por substituição de importações. Tratava-se de um
modelo eminentemente protecionista, que se utilizava de tarifas
elevadas e de graves restrições ao investimento estrangeiro. Em função
24736187204

da globalização, na década de 90, o modelo de desenvolvimento andino


alterou-se, passando a existir um modelo de integração mais aberto, em
que prevalece a lógica do mercado. 13

A Comunidade Andina de Nações (CAN) consiste, nos dias de


hoje, em uma união aduaneira imperfeita. Isso significa que, no âmbito
desse bloco comercial, há livre circulação de bens e serviços e,

Nações. Entretanto, segundo informações do site da ALADI, a CAN não é um


acordo de alcance parcial, mas sim uma iniciativa de integração independente.
13
OCAMPO, Raúl Granillo. Direito Internacional Público da Integração. Rio de
Janeiro: Campus, 2008, pp. 379-380

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ainda, a aplicação de uma política comercial comum em relação a
terceiros países.

A livre circulação de mercadorias entre Bolívia, Equador,


Colômbia e Venezuela (que na época fazia parte do bloco!) foi obtida no
ano de 1993. O Peru se incorporou à área de livre comércio em 2006. Por
sua vez, no ano de 1995, passou a vigorar uma Tarifa Externa Comum
(TEC) no âmbito da Comunidade Andina de Nações. No entanto, além da
existência de Listas de Exceções elaboradas por cada país, o Peru ainda
não adota a TEC.

16. (AFRF-2003)- Uma união aduaneira pressupõe a livre


movimentação de bens, capital e mão de- obra e a adoção de
uma tarifa externa comum entre dois ou mais países.

Comentários:

Em uma união aduaneira, não há livre circulação de capital e


mão-de-obra. Essas são características de um mercado comum. Questão
errada.

17. (AFRF – 2002.1 – adaptada)- O que define, essencialmente,


uma área de livre comércio é a livre circulação de bens e
serviços através das fronteiras.

Comentários:

A área de livre comércio fica caracterizada quando há livre


circulação de bens e serviços em relação ao substancial do comércio.
Questão correta.

18. (AFTN-1996 – adaptada)- União aduaneira e mercado


comum são duas formas de integração econômica regional. O
que diferencia essas duas formas é a inclusão dos fatores de
produção no tratamento das relações econômicas entre os
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países-membros.

Comentários:

A união aduaneira se caracteriza pela livre circulação de bens e


serviços e, ainda, pela política comercial comum em relação a terceiros
países. Já o mercado comum, além das características da união
aduaneira, é um estágio de integração que permite a livre circulação
dos fatores de produção (capital e mão-de-obra).

Portanto, está correto dizer que o que diferencia a união


aduaneira do mercado comum é a inclusão dos fatores de produção no

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tratamento das relações econômicas entre os países membros.

19. (ACE-2001)- Em um processo de preferências comerciais


diferenciadas entre dois países a proximidade geográfica é
condição essencial para o êxito do processo.

Comentários:

A proximidade geográfica não é condição essencial para o


sucesso de áreas de livre comércio e de zonas de preferências tarifárias.
Questão errada.

20. (ACE-2008)- Os acordos de integração regional, tais como


zonas de preferências tarifárias e mercados comuns, não
somente permitem que as empresas aufiram os ganhos
derivados das economias de escala propiciadas pelo aumento
do mercado, mas também conduzem a aumentos de eficiência
devido a maior competição entre as empresas dos países-
membros.

Comentários:

Essa questão trata dos efeitos dinâmicos da integração regional.


Ela está correta, uma vez que os acordos regionais têm como efeito o
aumento da concorrência e aumento do mercado consumidor. A
ampliação do mercado consumidor, por sua vez, é responsável pela
geração de economias de escala.

21. (AFRF-2002.2) - Segundo as teorias de integração


econômica, a liberalização do comércio entre um número
restrito de países produz efeitos comerciais e econômicos que
permitem avaliar o desempenho, desde o ponto de vista da
eficiência econômica, dos acordos regionais. A esse respeito,
é correto afirmar que a integração regional é economicamente
benéfica se prevalecer a criação sobre o desvio de comércio e
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ocorrerem efeitos dinâmicos.

Comentários:

A criação de comércio ocorre quando há um deslocamento


geográfico da produção de um local de menor eficiência econômica para
um local de maior eficiência. Já o desvio de comércio ocorre quando há
um deslocamento geográfico da produção de um local de maior eficiência
econômica para um local de menor eficiência.

Conforme comentamos anteriormente, a integração regional


somente será benéfica quando a criação de comércio prevalecer sobre o

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desvio de comércio. Questão correta.

22. (Questão Inédita)- O desvio de comércio é um efeito


estático da integração regional, ficando caracterizado quando
um país passa a comprar um determinado tipo de bem de
outro país, participante do acordo regional, deixando de
importar este bem de um terceiro país que não faz parte do
acordo, mas que antes constituía a melhor fonte de oferta do
bem em questão.

Comentários:

Essa questão traduz exatamente o que é o desvio de comércio!


Vejam que a produção foi deslocada, após a celebração de um acordo
regional, do país de maior eficiência para um país de menor eficiência.

O deslocamento da produção foi resultado do rebaixamento de


tarifas proveniente do acordo. O “terceiro país” constituía a melhor fonte
de oferta do bem (por produzir a custos mais baixos!), mas, em virtude
de não participar do acordo, perdeu mercado para um país menos
eficiente. Questão correta.

23. (INMETRO – 2009)- Por representarem iniciativas de


liberalização comercial, os blocos comerciais regionais não
colocam em risco a consecução dos objetivos principais do
sistema multilateral de comércio.

Comentários:

A proliferação dos acordos regionais representa um risco ao


sistema multilateral de comércio, na medida em que afeta seu principal
pilar: a cláusula da nação mais favorecida. Questão errada.

24. (Juiz do Trabalho – TRT 5ª Região / 2006)- O Acordo de


Livre Comércio da América do Norte prevê a fixação de tarifa
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única sobre exportação de bens entre os países signatários,


bem como a criação de limitações quantitativas à importação.

Comentários:

Não há, no âmbito do NAFTA, uma tarifa única estabelecida


sobre as exportações, tampouco a existência de restrições quantitativas
à importação. Ao contrário, enquanto área de livre comércio, o NAFTA
prevê a eliminação das barreiras comerciais (tarifárias e não-tarifárias)
no comércio intrabloco. Questão errada.

25. (Pesquisador INPI/ 2006)- O North American Free Trade


Agreement (NAFTA), além de estabelecer uma zona de livre

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comércio e promover a competição dentro dessa área, impõe
uma política comercial externa comum para os países-
membros.

Comentários:

O estabelecimento de uma política comercial comum em relação


a terceiros países é característica de uma união aduaneira, estágio de
integração não pretendido pelo NAFTA. O NAFTA estabeleceu apenas uma
área de livre comércio, que pressupõe a eliminação das barreiras ao fluxo
comercial intrabloco. Questão errada.

26. (AFRF-2003 - adaptada)- O NAFTA prevê a criação de um


mercado comum entre seus membros a fim de fazer frente ao
projeto de integração da Comunidade Econômica Europeia.

Comentários:

O NAFTA consiste em uma área de livre comércio, não


possuindo o objetivo de conformar um mercado comum. Questão errada.

27. (ACE-2008)- No que diz respeito ao comércio de produtos


agrícolas, as regras tarifárias previstas no âmbito do Acordo
de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) aplicam-se
igualmente aos países signatários desse acordo.

Comentários:

No que diz respeito ao comércio agrícola, o NAFTA possui regras


específicas para cada relação bilateral. Questão errada.

28. (ATRFB-2009)- Por ter como membros países das três


Américas, a ALADI constitui, no presente, o mais importante e
ativo fórum de negociações comerciais regionais.
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Comentários:

De fato, a ALADI abrange países das três Américas e constitui-


se o mais ativo fórum de negociações comerciais da região. Questão
correta.

29. (AFRF-2002.1) - A Associação Latino Americana de


Integração (ALADI) foi criada em 1980 com o objetivo de
estabelecer, em forma gradual e progressiva, um mercado
comum latino americano com base em acordos de cooperação
setorial.

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Comentários:

O Tratado de Montevidéu, com o objetivo de estabelecer no


futuro um mercado comum latino-americano, criou uma área de
preferências econômicas, com base em uma preferência tarifária
regional, acordos de alcance regional e acordos de alcance
parcial. A questão está, portanto, errada.

30. (ACE-2012) A Associação Latino-Americana de Integração


(ALADI) provê um foro de discussão e negociação de temas
econômicos e comerciais com vistas à formação de posições
comuns nos foros negociadores internacionais.

Comentários:

Os membros da ALADI não adotam posições comuns nos


foros negociadores internacionais. Em outras palavras, a ALADI não
negocia em foros internacionais como bloco. Questão errada.

8 – MERCOSUL: O HISTÓRICO DA INTEGRAÇÃO REGIONAL

Na década de 70, o Brasil atravessou um período conhecido por


“milagre econômico”, em que houve crescimento econômico acelerado
e ampla industrialização. Por sua vez, a Argentina experimentou um
declínio de seu modelo agroexportador, o qual reduziu sua importância e
alcance internacional. Com o surto de crescimento econômico obtido pelo
Brasil, surgiram novos interesses em relação aos países vizinhos,
notadamente a busca de novas fontes de energia e aproveitamento da
rede hidrográfica de forma conjunta, iniciativas que poderiam sustentar o
desenvolvimento do país.

A maior penetração brasileira nos países vizinhos e o “milagre


econômico”, aliados a visões geopolíticas dos militares brasileiros e
argentinos (que estavam no poder à época), suscitaram desconfianças
da Argentina em relação à política externa brasileira. As
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desconfianças argentinas se materializaram na oposição à construção


da usina hidrelétrica de Itaipu, o que criou um conflito de alcance
internacional, deixando em clima de tensão as relações bilaterais entre os
países durante uma década.

A superação do conflito ocorreu com a celebração, em 1979, do


acordo Itaipu-Corpus. A partir daí, ocorreu uma reaproximação entre
Argentina e Brasil, possibilitando mais tarde a integração econômica entre
os dois países e, futuramente, a constituição do MERCOSUL. As origens
do MERCOSUL remontam, portanto, à década de 80, quando houve um
relativo incremento da cooperação bilateral entre Brasil e
Argentina. Anteriormente, os dois países possuíam uma relação bilateral
de natureza conflitiva, marcada por uma disputa pela hegemonia regional.

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A existência de regimes ditatoriais acentuava ainda mais a rivalidade e,
ao mesmo tempo, contribuía para a ideia de que havia um risco de
conflito entre eles.14

Percebeu-se, todavia, que a integração seria benéfica aos


dois países, permitindo-lhes obter maior desenvolvimento e crescimento
econômico. Isso nos permite afirmar que, ao contrário da União Europeia,
o que motivou a aproximação bilateral entre Brasil e Argentina foi
fundamentalmente o aspecto econômico-comercial. Entretanto, houve
também aspectos políticos que aproximaram os dois países.

Na década de 80, Argentina e Brasil possuíam algumas


semelhanças políticas e econômicas que os aproximava. Ambos
haviam mudado o regime político, instaurando a democracia após o fim
do regime militar, o que os levava a sentir a necessidade de consolidar
o processo democrático. Ao mesmo tempo, percebiam a importância
de criar alianças para fortalecer-se nas relações econômicas
internacionais, o que seria particularmente importante em virtude das
negociações comerciais da Rodada Uruguai, iniciada em 1986. Os
problemas econômicos que Brasil e Argentina atravessavam também
eram bastante parecidos. A dívida externa dos dois países era bastante
elevada e ambos os governos adotavam medidas para controlar a alta
inflação.

Em 1985, Brasil e Argentina assinaram a Declaração de


Iguaçu, que estabeleceu as bases da cooperação bilateral econômica
entre os dois países. No ano seguinte, em 1986, foi assinado entre os ex-
presidentes José Sarney e Raúl Alfonsin o Tratado de Cooperação
Econômica, por meio do qual foi estabelecido o PICE (Programa de
Integração e Cooperação Econômica), que visava a incrementar a
cooperação econômica entre os dois países. Em 1988, foi assinado,
também por esses dois países, o Tratado de Integração, Cooperação
e Desenvolvimento, que tinha como objetivo estabelecer as bases para
uma área de livre comércio entre Brasil e Argentina.
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A adesão do Uruguai ao projeto de integração sul-americano foi


realizada de forma lenta, uma vez que esse país tinha preferência por
manter seus acordos bilaterais, temendo que a integração pudesse
comprometer sua incipiente indústria. O Paraguai, por sua vez, só foi
incorporado ao processo de integração após a deposição do ditador

14
OCAMPO, Raúl Granillo. Direito Internacional Público da Integração. Rio
de Janeiro: Campus, 2008, pp.461-463

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Alfredo Stroessner em 1989, representante do último regime ditatorial da
região. 15

Lançadas as bases do MERCOSUL, este bloco regional foi


constituído por meio do Tratado de Assunção, assinado em 1991 por
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A celebração do Tratado de
Assunção foi motivada nitidamente por aspectos econômico-
comerciais, já que os 4 (quatro) países perceberam que teriam muito
maior poder negociador caso atuassem em conjunto. Com efeito, as
origens do MERCOSUL remontam a um contexto global em que se vivia
ampla abertura comercial, seja em âmbito multilateral ou regional. Em
nível multilateral, desenvolvia-se a mais complexa e ambiciosa de todas
as negociações comerciais: a Rodada Uruguai. Já em nível regional, os
países latino-americanos, seguindo a ideologia liberal do Consenso de
Washington, promoviam a abertura comercial.

Vocês se lembram de quando estudamos sobre a ALADI? No


âmbito dessa organização internacional, podem ser celebrados acordos
de alcance regional (entre todos os membros) e acordos de alcance
parcial (limitado a apenas alguns membros). Pois bem, o MERCOSUL é
um acordo de alcance parcial celebrado sob a égide da ALADI,
denominado mais especificamente de Acordo de Complementação
Econômica (ACE) nº 18.

Em 2006, foi assinado o Protocolo de Adesão da Venezuela ao


MERCOSUL, tendo como objetivo que esse país se torne um membro
efetivo do bloco regional. No entanto, para que ele pudesse entrar em
vigor e a Venezuela efetivamente se incorporasse ao MERCOSUL, seria
necessário que todos os membros do bloco ratificassem esse
protocolo. Brasil, Argentina e Uruguai o fizeram, restando apenas o
Paraguai.

Em junho de 2012, devido à destituição do Presidente do


Paraguai, Fernando Lugo, o Protocolo de Ushuaia16 foi invocado para
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suspender o Paraguai da participação no MERCOSUL até que sejam


realizadas novas eleições presidenciais naquele país. Com a suspensão do
Paraguai, abriu-se caminho para a adesão da Venezuela, que
ocorreu em 31 de julho de 2012.

15
OCAMPO, Raúl Granillo. Direito Internacional Público da Integração. Rio
de Janeiro: Campus, 2008, pp.461-463
16
Segundo o art. 4º do Protocolo de Ushuaia, no caso de ruptura da ordem
democrática em um Estado–parte, serão celebradas consultas dos Estados-partes entre
si e com o Estado afetado. Caso as consultas não tenham resultado, o Estado afetado
poderá sofrer sanções, que vão desde a suspensão do direito de participar dos órgãos
do processo de integração regional até a suspensão dos direitos e obrigações resultantes
desse processo.

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Hoje, temos as seguintes categorias de membros no
MERCOSUL:

a) membros efetivos: Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e


Paraguai.

b) membros associados: Chile, Bolívia, Equador, Peru e


Colômbia.

Os membros associados do MERCOSUL participam das reuniões


desse bloco regional, mas não possuem direito de voto. Esses países
já possuem acordos comerciais com o MERCOSUL (e.g, MERCOSUL-CAN,
MERCOSUL-Chile), o que demonstra a intenção de ainda maior
aproximação comercial no futuro. Cabe destacar que os membros
associados do MERCOSUL não utilizam a Tarifa Externa Comum (TEC),
tampouco se vinculam às normas emanadas dos órgãos decisórios do
bloco.

O Tratado de Assunção prevê a possibilidade de adesão ao


MERCOSUL de qualquer Estado integrante da Associação Latino-
Americana de Integração (ALADI). A aprovação da adesão de um
Estado deverá ser objeto de deliberação unânime dos Estados-partes do
MERCOSUL. A expectativa atual, inclusive, é a de que, nos próximos
anos, o MERCOSUL conte com a participação, como membros efetivos, de
outros países da América do Sul.

Em dezembro de 2012, foi aprovada a Decisão CMC nº 68/2012,


que versa sobre a adesão da Bolívia ao MERCOSUL. A referida adesão
aprovou o texto do Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL, o qual,
todavia, precisará ser assinado e ratificado por todos os membros do
bloco regional para que, só então, entre em vigor. Até lá, a Bolívia
continuará a ser um membro associado do MERCOSUL.

Também é possível que um Estado queira denunciar o Tratado


de Assunção, ou seja, desvincular-se do MERCOSUL. Quando um
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Estado tiver essa intenção, ele deverá comunicá-la aos demais


Estados-partes, de maneira expressa e formal, entregando o documento
de denúncia ao Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, que o
distribuirá aos demais membros do MERCOSUL. Uma vez formalizada a
denúncia, o Estado denunciante não estará mais vinculado aos direitos e
obrigações que lhe correspondam na condição de Estado-parte, salvo em
relação ao Programa de Liberalização Comercial e outros aspectos
negociados, os quais irão vigorar por 2 (dois) anos contados da data da
denúncia. Dessa forma, mesmo saindo do MERCOSUL, o Estado ainda irá
participar, por mais 2 (dois) anos, da livre circulação de mercadorias
intrabloco.

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O MERCOSUL possui acordos comerciais celebrados com
diversos países, dentre os quais citamos MERCOSUL-Índia, MERCOSUL-
SACU (União Aduaneira Sul-Africana), MERCOSUL-Israel, MERCOSUL-
Chile e MERCOSUL-México. Nos próximos anos, vislumbra-se que o
MERCOSUL celebre um acordo preferencial com a União Europeia. Cabe
destacar, quanto a esse ponto, que, nas negociações comerciais
internacionais, o MERCOSUL atua sempre em bloco. Assim, não há
acordo comercial celebrado exclusivamente pelo Brasil ou exclusivamente
pela Argentina. Ao contrário, somente há acordos celebrados pelo
MERCOSUL como um todo.

Em dezembro de 2012, por meio da Decisão CMC nº 64/2012,


os países integrantes do MERCOSUL decidiram solicitar a participação
do bloco, na condição de observador, na Aliança do Pacífico. A Aliança
do Pacífico é um acordo comercial celebrado por México, Chile, Colômbia
e Peru que tem atraído os interesses de EUA, Europa e Ásia.

8.1- OBJETIVOS INTEGRACIONISTAS DO MERCOSUL:

O Tratado de Assunção estabelece, em seu art. 1º, que o


objetivo do MERCOSUL é constituir, até 31 de dezembro de 1994, um
mercado comum. Mas o que pressupõe um mercado comum?

Conforme já estudamos, um mercado comum pressupõe: i) livre


circulação de bens e serviços; ii) política comercial comum em relação a
terceiros países e; iii) livre circulação dos fatores de produção. Pois bem,
para que o MERCOSUL se torne um mercado comum ele deverá, portanto,
promover tais avanços. Guarde bem isso! Em um mercado comum,
assume-se a existência das “quatro liberdades” do mercado: livre
circulação de bens, serviços, pessoas e capitais.

Vamos ler juntos o art. 1º do Tratado de Assunção, que é, sem


dúvida alguma, muito importante:
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Artigo 1º - Os Estados Partes decidem constituir um Mercado


Comum, que deverá estar estabelecido a 31 de dezembro de
1994, e que se denominará "Mercado Comum do Sul"
(MERCOSUL).
Este Mercado Comum implica:
- A livre circulação de bens serviços e fatores produtivos entre os
países, através, entre outros, da eliminação dos direitos
alfandegários restrições não tarifárias à circulação de mercado de
qualquer outra medida de efeito equivalente;
- O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de
uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou
agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros
econômico-comerciais regionais e internacionais;
- A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre
os Estados Partes - de comércio exterior, agrícola, industrial,

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fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária,
de transportes e comunicações e outras que se acordem -, a fim
de assegurar condições adequadas de concorrência entre os
Estados Partes; e
- O compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas
legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento
do processo de integração.

Agora vamos analisar esse artigo por etapas!

A primeira implicação da constituição de um mercado comum é


a livre circulação de mercadorias entre seus integrantes. Será que
isso já existe no MERCOSUL?

Pode-se considerar que há livre circulação de mercadorias em


relação à parte substancial do comércio entre os membros do MERCOSUL.
No entanto, ainda existem importantes exceções ao comércio
intrabloco, como, por exemplo, automóveis e açúcar. Outro exemplo
de restrição ao livre fluxo de mercadorias é a possibilidade de que os
membros do MERCOSUL apliquem medidas antidumping e medidas
compensatórias uns contra os outros. Além disso, no comércio entre
Brasil e Argentina, é possível a aplicação de medidas de salvaguarda, ao
amparo do Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC).

A segunda implicação da constituição de um mercado comum é


a livre circulação de serviços entre seus integrantes. Isso ainda não
existe (e está longe de existir!) no âmbito do MERCOSUL. Todavia, os
membros do MERCOSUL assinaram o Protocolo de Montevidéu, cujo
objetivo é promover a livre circulação de serviços no interior do bloco. O
Protocolo de Montevidéu, que entrou em vigor em 2005, prevê um prazo
de 10 anos para a liberalização do comércio de serviços no MERCOSUL.
Em tese, teríamos livre circulação de serviços no MERCOSUL no ano de
2015.

A terceira implicação de um mercado comum é a livre


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circulação dos fatores de produção (capital e mão-de-obra). Esse


objetivo ainda não foi conquistado, uma vez que se faz necessário a
harmonização das políticas trabalhista, previdenciária e de capitais. Cabe
destacar, todavia, que no âmbito do MERCOSUL, já existem iniciativas
nesse sentido, como a Declaração Sociolaboral do MERCOSUL,
assinada em 1998 pelos quatro membros do bloco, que estabelece
princípios em matéria trabalhista para o MERCOSUL. Também já foi
assinado, no âmbito do bloco regional, o Acordo Multilateral de
Seguridade Social do MERCOSUL.

A quarta implicação de um mercado comum é o estabelecimento


de uma Tarifa Externa Comum (TEC), que é justamente o que materializa
uma política comercial comum em relação a terceiros países

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(característica de uma união aduaneira!). No MERCOSUL, já existe uma
Tarifa Externa Comum (TEC). No entanto, ainda existem diversas
exceções à TEC, sobre as quais estudaremos mais à frente.

A quinta implicação para a constituição de um mercado comum


é a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os
Estados-partes. O objetivo dessa coordenação de políticas é justamente
promover condições adequadas de concorrência entre os membros do
bloco regional.

A sexta implicação é a harmonização das legislações nas


áreas pertinentes. Considerando-se que o objetivo do MERCOSUL é
tornar-se um mercado comum, haverá necessidade de harmonizar as
políticas comerciais intrabloco e extrabloco e, ainda, as políticas
trabalhista, previdenciária e de capitais.

Ao contrário da União Europeia, o MERCOSUL


não possui como objetivo estabelecer uma
moeda comum, tampouco harmonizar
políticas econômicas.

Esquematizando:

- Livre circulação de mercadorias


- Livre circulação de serviços
OBJETIVOS DO
MERCOSUL - Livre circulação de fatores de produção
- Estabelecimento de uma Tarifa Externa
Comum (TEC)
-Coordenação de políticas macroeconômicas
Objetivo Central: Constituição de
um mercado comum até 31 de e setoriais
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dezembro de 1994 - Harmonização de legislações nas áreas


pertinentes

O MERCOSUL quer se tornar um mercado comum. Será que ele


chega lá?

Não sabemos! Talvez, quem sabe, um dia...

O fato é que, embora o MERCOSUL deseje se tornar um


mercado comum, ele é considerado, atualmente, apenas uma união
aduaneira imperfeita. A imperfeição da união aduaneira reside no fato

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de que ainda existem, no âmbito do bloco, diversas exceções à Tarifa
Externa Comum. Falaremos sobre isso mais à frente!

O Tratado de Assunção, a fim de alcançar os objetivos a que se


propõe estabeleceu os seguintes instrumentos de ação:

- Programa de Liberalização Comercial: reduções tarifárias


progressivas, acompanhadas da eliminação de barreiras não-tarifárias,
até a completa liberalização (tarifa zero e fim das barreiras não-
tarifárias).

Destaque-se que a implementação de um programa de


liberalização comercial depende do estabelecimento de regras de origem.
Isso é essencial para o acordo regional, pois evita que produtos
fabricados fora do bloco possam se beneficiar da eliminação de barreiras
comerciais intrabloco. No MERCOSUL já existe um regime de origem, o
qual, atualmente, está definido pela Decisão CMC nº 01/2004.

- Coordenação de Políticas Macroeconômicas: a ser


realizada de forma gradual.

- Adoção de uma Tarifa Externa Comum: o objetivo é


incentivar a competitividade externa dos membros do bloco.

- Adoção de acordos setoriais: o objetivo é otimizar a


utilização e mobilidade dos fatores de produção.

Adicionalmente, o Tratado de Assunção estabeleceu: i) um


sistema institucional provisório para o MERCOSUL e; ii) um sistema
de solução de controvérsias provisório. Ambos foram desenvolvidos
em momento futuro, conforme estudaremos mais à frente.

É importante compararmos os objetivos e o


atual estágio de integração do MERCOSUL e da
ALADI:
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a) Objetivos: MERCOSUL e ALADI tem como


objetivo estabelecer um mercado comum.

b) Estágio de Integração: a ALADI é,


atualmente, uma zona de preferências
tarifárias; o MERCOSUL é uma união aduaneira
imperfeita.

8.2 - RESULTADOS DO MERCOSUL:

Embora seja possível advogar que há uma livre circulação de


mercadorias em relação ao substancial do comércio no MERCOSUL, ainda

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há algumas restrições ao comércio intrabloco, dentre as quais
citamos: i) setor automotivo e açúcar; ii) aplicação de medidas de defesa
comercial intrabloco; iii) aplicação de medidas de salvaguarda no
comércio bilateral Brasil-Argentina, com amparo no Mecanismo de
Adaptação Competitiva (MAC); iv) bens oriundos de zonas francas
comerciais, zonas francas industriais, zonas de processamento de
exportações e áreas aduaneiras especiais; v) restrições à livre circulação
de serviços e; vi) outras restrições não-tarifárias.

Dizer que há livre circulação de mercadorias é o mesmo


que dizer que há uma margem de preferência de 100%.
Atenção para o cálculo da margem de preferência, que
segue critérios diferentes na OMC e na ALADI:
a) Na OMC: Se a alíquota do imposto de importação é
30% e é concedida uma preferência de 10%, esta será
subtraída do valor total do imposto. Assim: Imposto =
30%-10%=20%
b) Na ALADI: Se a alíquota do imposto de importação é
30% e é concedida uma preferência de 10%, esta
representará um percentual do valor total do imposto, que
dele será descontada. Assim: 10% de 30 = 3% / 30% -3%
= 27%.

a) No que diz respeito à aplicação de medidas de defesa


comercial, precisamos enxergá-las sob duas óticas diferentes: i)
medidas de defesa comercial aplicadas pelos membros do MERCOSUL uns
contra os outros e; ii) medidas de defesa comercial aplicadas contra
terceiros países.

No comércio intrabloco, é possível que os membros do


MERCOSUL apliquem direitos antidumping e medidas compensatórias uns
contra os outros. É possível, ainda, que sejam aplicadas medidas de
salvaguarda no comércio entre Brasil e Argentina, ao amparo do
Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC).

Segundo o art. XXIV do GATT, não podem ser aplicadas medidas


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de defesa comercial no interior de áreas de livre comércio e uniões


aduaneiras. No entanto, o que se percebe na prática é que é bastante
comum que sejam aplicadas medidas de defesa comercial entre
integrantes de acordos regionais. Para boa parte da doutrina, isso seria
incompatível com as regras do sistema multilateral de comércio.

Quanto à aplicação de medidas de defesa comercial contra


terceiros países, cabe destacar que, enquanto união aduaneira, o
MERCOSUL deveria utilizar esses instrumentos de forma conjunta. Em
outras palavras, deveria existir uma medida antidumping ou medida
compensatória aplicada pelo MERCOSUL (e não aplicadas isoladamente
pelo Brasil ou pela Argentina!). Isso porque, em uma união aduaneira,
deve existir uma política comercial comum em relação a terceiros países.

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Todavia, isso ainda está longe de ser uma realidade. Cada país
do MERCOSUL aplica, individualmente, medidas antidumping e
medidas compensatórias contra terceiros países. Em relação às
medidas de salvaguardas, já existe a possibilidade de que estas sejam
aplicadas de forma unificada pelo MERCOSUL. Tal possibilidade foi
instituída pela Decisão CMC nº 17/96, intitulada “Regulamento Comum
sobre a Aplicação de Salvaguardas”, visando à proteção da indústria
regional. 17

b) Quanto ao Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC),


este consiste na possibilidade de aplicação de medidas de salvaguarda
no comércio bilateral Brasil-Argentina. Por meio do MAC, a indústria
nacional (brasileira ou argentina, conforme o caso) pode fazer apresentar
uma petição ao governo, alegando o aumento substancial das
importações, dano importante ou ameaça de dano importante e, ainda,
nexo de causalidade entre o aumento das importações e o dano. 18

Recebida a petição, o governo produz um relatório e o apresenta


à Comissão de Monitoramento do Comércio Bilateral. Essa comissão
convoca os setores privados dos dois países para negociações, o que é
inédito em termos de salvaguardas. Caso não se chegue a um acordo
setorial, tem início a investigação para a aplicação de medidas de
salvaguarda. As salvaguardas poderão, ao final da investigação, ser
aplicadas na forma de restrições quantitativas ou na forma de tarifas
aduaneiras. 19

Segundo entendimento do Cespe, o Mecanismo de


Adaptação Competitiva (MAC) não pode ser
considerado uma barreira comercial intra-
MERCOSUL. Trata-se de um mecanismo bilateral
existente entre Brasil e Argentina.

c) Segundo a Decisão CMC nº 08/94, os Estados-partes do


MERCOSUL aplicarão a Tarifa Externa Comum (TEC) sobre as mercadorias
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provenientes de zonas francas comerciais, zonas francas


industriais, zonas de processamento de exportações e áreas
aduaneiras especiais. É possível, ainda, que sejam aplicadas medidas
de salvaguardas caso essas importações aumentem substancialmente, de
forma a causar dano ou ameaça de dano para o país importador.

17
BARRAL, Welber; BROGINI, Gilvan. Manual Prático de Defesa Comercial. São
Paulo: Aduaneiras, 2007. pp.210-211.
18
BARRAL, Welber; BROGINI, Gilvan. Manual Prático de Defesa Comercial. São
Paulo: Aduaneiras, 2007. pp.233-234.
19
BARRAL, Welber; BROGINI, Gilvan. Manual Prático de Defesa Comercial. São
Paulo: Aduaneiras, 2007. pp.233-234.

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Cabe destacar que, em regra, as mercadorias fabricadas em
zonas francas, ao serem vendidas para qualquer outra parte do território
nacional, sofrem incidência tributária (Ex: celular industrializado na ZFM,
ao ser vendido para São Paulo, sofre incidência tributária relativamente
aos insumos importados) Logo, nada mais natural do que as mercadorias
produzidas em zonas francas também sofram incidência tributária quando
vendidas para outros países do MERCOSUL.

d) A livre circulação de serviços é algo extremamente


complexo e depende de grandes mudanças nas legislações
nacionais. Lembre-se de que quando falamos em livre circulação de
serviços, estamos nos referindo aos quatro modos de prestação de
serviços previstos no GATS (comércio transfronteiriço, consumo no
exterior, presença comercial e movimento temporário de pessoas físicas).

Será que um advogado brasileiro consegue exercer sua função


sem restrições na Argentina? Será que uma escola argentina consegue se
instalar no Brasil sem quaisquer problemas? Um estudante brasileiro que
faz um curso de graduação em medicina na Argentina consegue validar
seu diploma no Brasil?

Amigos, é um longo caminho...

De qualquer forma, já foi assinado pelos membros do


MERCOSUL o Protocolo de Montevidéu, cujo objetivo é promover a
liberalização do comércio de serviços entre os membros do bloco. O
Protocolo de Montevidéu entrou em vigor em 2005 e prevê a
liberalização do comércio de serviços no MERCOSUL dentro de 10
anos a contar dessa data.

e) No comércio intrabloco, pode-se afirmar que existem


inúmeras barreiras não-tarifárias que funcionam como restrições
disfarçadas e arbitrárias ao comércio internacional. O comércio bilateral
Brasil-Argentina é um verdadeiro exemplo disso, sendo possível perceber
verdadeira “troca de gentilezas” entre esses dois países. No ano de 2011,
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a Argentina, por estar acumulando grande déficit em sua balança


comercial com o Brasil, submeteu um extenso rol de produtos brasileiros
ao regime de licenciamento não-automático (necessidade de autorização
governamental prévia à importação). Como “retaliação”, o Brasil impôs
licenças de importação sobre automóveis, único setor em que a Argentina
vinha obtendo superávits em relação ao Brasil.

É difícil acreditar no futuro do MERCOSUL com tantas restrições


comerciais. Para refletirmos, pode-se mesmo perguntar se o MERCOSUL
já constitui, de fato, uma área de livre comércio...

8.2.1- Exceções à Política Comercial Comum em relação a


terceiros países:

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Uma união aduaneira pressupõe a existência de uma política
comercial comum em relação a terceiros países. Dessa forma, não só os
direitos aduaneiros, mas também as demais regulamentações comerciais,
devem ser essencialmente os mesmos. Segundo a doutrina dominante, o
MERCOSUL ainda não chegou a esse estágio, podendo ser considerado
apenas uma união aduaneira imperfeita.

Podemos dizer, portanto, que o processo de aprofundamento


institucional do MERCOSUL rumo à união aduaneira reclama três
importantes passos: i) maior convergência à Tarifa Externa Comum (fim
das exceções à TEC); ii) eliminação da multiplicidade de cobrança da
TEC; iii) estabelecimento do Código Aduaneiro do MERCOSUL.

8.2.2- Exceções à Tarifa Externa Comum:

A Tarifa Externa Comum (TEC) é uma tabela que relaciona as


alíquotas do imposto de importação aplicáveis a cada código de
classificação fiscal. Essa tabela, como regra geral, vale para todos os
membros do MERCOSUL. Assim, se o Brasil aplica uma alíquota de 15%
sobre guindastes, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai irão ter que aplicar
esse mesmo percentual. A existência de uma Tarifa Externa Comum
(TEC) materializa a política comercial comum em relação a terceiros
países e, portanto, é o pressuposto básico da existência de uma união
aduaneira.

No MERCOSUL, todavia, alguns produtos são mantidos à


margem da TEC, isto é, sobre eles não incide a tributação prevista na
TEC. As exceções à TEC são as seguintes:

1) Listas de Exceções à TEC: Cada país-membro do


MERCOSUL pode manter uma Lista de Exceções à TEC. Para esses
produtos, cada país poderá decidir livremente qual será a alíquota do
imposto de importação a ser cobrada. Destaque-se que, para esses
produtos, o país pode decidir aplicar uma alíquota superior ou inferior à
da TEC (ele tem ampla discricionariedade para isso!)
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Atualmente, está em vigor a Decisão CMC nº 58/2010, que


determina que Brasil e Argentina poderão manter 100 códigos na
Lista de Exceções à TEC até 31/12/2015; o Uruguai poderá manter 225
códigos até 31/12/2017; e o Paraguai poderá manter até 649 códigos até
31/12/2019.

Cada país poderá modificar, a cada (6) seis meses, até


20% dos códigos tarifários relacionados em sua Lista de Exceções à
TEC. Ao compor suas Listas, os países deverão valorizar a oferta
exportável existente no MERCOSUL.

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Imaginem a seguinte situação! O Brasil é um grande produtor de
têxteis e potencial exportador desses produtos para os países do
MERCOSUL. A alíquota da TEC sobre têxteis é de 35%, ou seja, esses
produtos circulam livremente no MERCOSUL, mas, quando originários de
terceiros países, têm que pagar uma alíquota elevada para entrarem em
qualquer dos países do bloco. Se a Argentina colocar têxteis em sua Lista
de Exceções com uma alíquota inferior à prevista na TEC, isso irá
prejudicar o Brasil face aos seus concorrentes estrangeiros. Daí é que é
necessário que os países do MERCOSUL, ao elaborar suas Listas de
Exceções, valorizem a oferta exportável existente no bloco regional. A
Argentina, caso decida colocar têxteis como exceção à TEC, não deve
cobrar uma alíquota inferior àquela anteriormente em vigor; caso o faça,
estará prejudicando o Brasil, seu parceiro regional.

Cabe, aqui, fazer alguns comentários sobre a situação da


Venezuela. Por meio da Decisão CMC nº 31/2012, a Venezuela adotou a
TEC. No entanto, a convergência à TEC pela Venezuela será feita em 4
etapas distintas; a cada uma dessas etapas, alguns produtos vão
convergindo à TEC. A previsão é que essas etapas de convergência à TEC
estejam concluídas em 06/04/2016. A partir dessa data (06/04/2016), a
Venezuela poderá manter 260 códigos da NCM como exceção à TEC até
31/12/2016; e 160 códigos da NCM como exceção à TEC até
31/12/2017.

2) Por razões de desabastecimento interno: Pode ser que,


por razões de desabastecimento interno, um país necessite incentivar a
entrada de produtos em seu território. Mas como incentivar a entrada de
produtos?

Isso mesmo! Reduzindo o imposto de importação! Logo, por


razões de desabastecimento interno, um país pode impor uma alíquota do
imposto de importação inferior à prevista na Tarifa Externa Comum.

Esse procedimento está atualmente regulamentado pela


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Resolução GMC nº 08/2008, que dispõe que essa redução é aplicável às


importações de bens que se enquadrem, comprovadamente, nas
seguintes situações:

a) Impossibilidade de abastecimento normal e fluido na região,


decorrente de desequilíbrios de oferta e de demanda.

b) Existência de produção regional do bem, mas as


características do processo produtivo e/ou as quantidades solicitadas não
justificam economicamente a ampliação da produção.

c) Existência de produção regional do bem, mas o Estado-Parte


produtor não conta com excedentes exportáveis suficientes para atender
às necessidades demandadas.

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d) Existência de produção regional de um bem similar, mas o
mesmo não possui as características exigidas pelo processo produtivo da
indústria do país solicitante.

e) Desabastecimento de produção regional de uma matéria-


prima para determinado insumo, ainda que exista produção regional de
outra matéria- prima para insumo similar mediante uma linha de
produção alternativa.

Na situação apresentada na letra “b” supra (existência de


produção regional do bem, mas as características do processo produtivo
e/ou as quantidades solicitadas não justificam economicamente a
ampliação da produção), cada Estado-membro do MERCOSUL não poderá,
simultaneamente, aplicar reduções tarifárias a mais do que 15 códigos
tarifários. Nas demais situações (letras “a”, “c”, “d” e “e”), cada
membro do MERCOSUL poderá aplicar, simultaneamente, reduções
tarifárias a até 30 códigos tarifários.

Destaque-se que, quando o desabastecimento configurar-se


situação de calamidade pública ou risco à saúde pública, a
quantidade de códigos tarifários poderá extrapolar os números
previstos na Resolução GMC nº 08/2008.

A Resolução GMC nº 08/2008 determina, ainda, que a redução


seja aplicada na forma de cotas tarifárias, isto é, segundo quantidades
pré-estabelecidas. Isso quer dizer que se o Brasil decidir, por exemplo,
reduzir a alíquota do I.I incidente sobre milho por motivos de
desabastecimento interno, ele deverá estabelecer uma cota tarifária.
Hipoteticamente, o Brasil cobraria a alíquota de 2% sobre 1000 toneladas
de milho que entrassem em seu território naquele ano. O que
extrapolasse 1000 toneladas de milho pagaria a alíquota da TEC (15%,
por exemplo).

As alíquotas devem ser reduzidas ao limite mínimo de 2%,


podendo a Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM) reduzir para 0%
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em casos excepcionais. O Paraguai, por sua vez, recebe um tratamento


mais favorável e, para suas solicitações, a alíquota será reduzida a 0%.

3) Ex-Tarifários de Bens de Capital (BK) e Bens de


Informática e Telecomunicações (BIT): Os bens de capital (BK) e os
bens de informática e telecomunicações (BIT) são, por sua própria
natureza, bens de alto valor agregado, empregados em atividades
produtivas com grande potencial para geração de empregos.

Nesse sentido, é interessante para um governo estimular a


importação desse tipo de bens, desde que, é claro, isso não conflite com
os interesses da indústria nacional. Mas como estimular a importação sem
causar prejuízos à indústria nacional produtora de BK e BIT?

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Essa é uma excelente questão! O ex-tarifário é um mecanismo
internacionalmente utilizado, que consiste na redução do imposto de
importação incidente sobre bens de capital e bens de informática e
telecomunicações que não tenham produção nacional.

No âmbito do MERCOSUL, a matéria é regulada pela Decisão


CMC nº 57/2010. O objetivo é criar um “Regime Comum de Importação
de Bens de Capital não-produzidos no MERCOSUL” e um “Regime Comum
para a Importação de Bens de Informática e Telecomunicações”.
Atualmente, cada membro do MERCOSUL desenvolve sua própria política
para bens de capital e bens de informática e telecomunicações e,
portanto, concede individualmente ex-tarifários. No entanto, o ideal de
uma união aduaneira é que a política comercial em relação a terceiros
países seja unificada.

A expectativa era que, no final de 2012, tivesse entrado em


vigor o “Regime Comum de Importação de Bens de Capital”. No entanto,
isso não tornou-se realidade, tendo sido a Decisão CMC nº 58/2010
modificada pela Decisão CMC nº 65/2012. Com a nova redação, os
membros do MERCOSUL poderão manter, até 31/12/2013, em
caráter excepcional e transitório, os regimes nacionais de importação
bens de capital e sistemas integrados. O objetivo é que, a partir de 1º de
janeiro de 2014, entre em vigor um regime comum para bens de capital
entre Brasil e Argentina e, a partir de 2018, para os demais Estados-
partes.

Com relação aos bens de informática e telecomunicações, a


Decisão CMC nº 57/2010 (com modificações posteriores) estabelece que
Argentina e Brasil poderão aplicar sobre eles, até 31 de dezembro de
2015, alíquota distinta da TEC, inclusive 0%. Já o Uruguai poderá aplicar
alíquotas diferentes da TEC até 31 de dezembro de 2018. Por fim, o
Paraguai terá tal liberdade até 31 de dezembro de 2019.

Há regras especiais aplicáveis à Venezuela, em razão da


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sua recente adesão ao MERCOSUL:

a) A Venezuela poderá aplicar, até 31 de dezembro de 2019,


alíquota de 2% para bens de capital originários de extrazona.

b) A Venezuela poderá aplicar, até 31 de dezembro de 2018,


alíquota distinta da TEC, inclusive de 0%, para bens de informática e de
telecomunicações de extrazona.

4) Exceções à TEC em razão de suspensão de concessões


comerciais: A Decisão CMC nº 18/2009 permite que um Estado-parte do
MERCOSUL eleve a alíquota do imposto de importação a um nível superior
ao previsto na TEC em duas situações diferentes:

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- quando tiver sido autorizado pelo Órgão de Solução de
Controvérsias da OMC a suspender concessões comerciais como
consequência de um procedimento de solução de controvérsias. Ex: o
Brasil é autorizado pelo OSC a aplicar retaliações comerciais contra os
EUA. Em consequência, o Brasil eleva a alíquota do I.I incidente sobre as
importações de diversos produtos quando originários dos EUA.

- quando, em consonância com o disposto no Artigo XXVIII do


GATT de 1994, exerça a faculdade de retirar concessões
substancialmente equivalentes que tenham sido negociadas
originalmente com um Membro da OMC que pretenda modificar ou retirar
concessões. Ex: o México havia se comprometido a cobrar uma alíquota
máxima para o imposto de importação sobre automóveis de 20%. No
entanto, ele decide renegociar esse limite máximo. É possível? Sim,
de acordo com o art. XXVIII do GATT é possível a renegociação. Nesse
caso, o Brasil, por julgar-se afetado, poderá elevar a alíquota do I.I sobre
produtos têxteis mexicanos para 40%, por exemplo.

Nas duas situações apresentadas, admite-se que um país eleve


a alíquota do I.I acima da TEC sem que os produtos tenham que constar
na Lista de Exceções à TEC. Ou seja, o limite de produtos que o Brasil
pode colocar em sua Lista de Exceções (atualmente, 100 itens) não é
afetado.

Destaque-se, ainda, que a Decisão CMC nº 18/2009 foi aprovada


em um contexto em que o Brasil tinha sido recentemente autorizado
pelo OSC a aplicar retaliações comerciais contra os EUA, em virtude
do contencioso do algodão.

5) Perfurações à TEC: Conforme já estudamos, no âmbito da


OMC, os países assumem compromissos em matéria de direitos
aduaneiros, definindo limites máximos para o imposto de importação.
Imagine, todavia, a seguinte situação!

O Paraguai assumiu o compromisso de cobrar um limite máximo


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de 15% sobre a importação de automóveis. Posteriormente, o Paraguai


passa a fazer parte do MERCOSUL, o qual, por sua vez, passa a adotar
uma Tarifa Externa Comum (TEC). Ocorre que a Tarifa Externa Comum
(TEC) prevê que a alíquota do I.I sobre automóveis originários de
terceiros será de 35%. Olha o problema! O Paraguai pode cobrar no
máximo 15% de I.I sobre automóveis...

Qual a solução?

Segundo a Decisão CMC nº 17/2009, quando no MERCOSUL é


aprovada uma norma estabelecendo um nível de Tarifa Externa
Comum (TEC) superior ao consolidado na OMC, prevalece, para esse

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Estado Parte, a tarifa consolidada. Trata-se do que é conhecido como
perfuração à TEC.

6) Conjuntura Econômica Internacional: A Decisão CMC nº


25/2012 estabeleceu que os Estados-partes do MERCOSUL poderão
colocar 200 itens tarifários como exceção à Tarifa Externa Comum
(TEC) além da Lista de Exceções a que cada um tem direito.
Todavia, em relação a esses itens tarifários, a alíquota do imposto de
importação imposta pelos Estados em relação às importações extrazona
deverá ser superior à alíquota da TEC. Por óbvio, essa elevação da
alíquota não poderá superar os limites tarifários consolidados por cada
Estado no âmbito da OMC.
Lembremo-nos de que, em relação aos produtos constantes da Lista de
Exceções de cada país, atualmente regulada pela Decisão CMC nº
58/2010, a alíquota poderia ser superior ou inferior à prevista na TEC.

Essa nova exceção à TEC foi criada com o objetivo de adequar a


gestão da política tarifária no MERCOSUL à conjuntura econômica
internacional. Nota-se, nesse novo mecanismo, a presença de fortes
ideias protecionistas.

8.2.3- Protocolo de Defesa da Concorrência:

A concentração do poder econômico pode levar a situações em


que a concorrência se torna insustentável e o mercado fica
desequilibrado. Há várias práticas que restringem a concorrência, como,
por exemplo, a formação de cartéis. No âmbito do MERCOSUL, os países
celebraram o “Protocolo de Defesa da Concorrência”, desejando
assegurar o livre acesso ao mercado e, ainda, a distribuição equilibrada
dos benefícios da integração regional.

8.2.4 - Resultados econômicos do MERCOSUL:

O balanço econômico que se pode fazer sobre a integração


regional no MERCOSUL é bastante positivo. Podemos apontar várias
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conseqüências da criação do MERCOSUL, do ponto de vista econômico:

1) Aumento da corrente de comércio entre os membros do


MERCOSUL.

2) A integração regional entre os países do MERCOSUL provocou


mudança positiva na eficiência econômica dos agentes. A liberalização do
comércio intrabloco tem como efeito o aumento da concorrência,
fazendo com que as empresas desenvolvam novos processos e produtos
e, portanto, aumentem sua eficiência.

3) A constituição do MERCOSUL permitiu que as empresas


pudessem melhor aproveitar as economias de escala. A ampliação do

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mercado consumidor permite que as empresas possam auferir economias
de escala.

31. (INMETRO – Articulação Internacional / 2010)- O objetivo


primordial do Tratado de Assunção consiste na integração dos
Estados-membros por meio dos seguintes processos: livre
circulação de bens, serviços e fatores produtivos;
estabelecimento de tarifa externa comum (TEC); adoção de
política comercial comum; coordenação de políticas
macroeconômicas e setoriais; e harmonização de legislações
nas áreas pertinentes.

Comentários:

O objetivo do MERCOSUL é estabelecer um mercado comum, o


que implica: i) livre circulação de bens e serviços; ii) existência de
política comercial comum em relação a terceiros países; iii) livre
circulação dos fatores de produção; iv) coordenação de políticas
macroeconômicas e setoriais e; v) harmonização de legislações nas
áreas pertinentes. Questão correta.

32. (Advogado da União / 2008) - O MERCOSUL garante, de


forma semelhante à União Europeia, uma união econômica,
monetária e política entre países.

Comentários:

O MERCOSUL tem como objetivo final estabelecer um mercado


comum (e não uma união econômica e monetária!). Questão errada.

33. (Advogado da União / 2008) - A adoção de uma política


comercial comum em relação a terceiros Estados é um dos
objetivos da criação do MERCOSUL.

Comentários:
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O MERCOSUL, enquanto união aduaneira, adota uma política


comercial comum em relação a terceiros Estados. Questão correta.

34. (AFRFB-2009)- O MERCOSUL e a ALADI são esquemas


preferenciais complementares, na medida em que perseguem
distintos níveis de integração econômica.

Comentários:

O MERCOSUL e a ALADI têm o mesmo objetivo: formar um


mercado comum. Questão errada.

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35. (AFRFB – 2009- adaptada)- Por possuírem objetivos,
alcance e instrumentos distintos de integração, não há
nenhuma relação funcional e jurídica entre o MERCOSUL e a
ALADI.

Comentários:

Vamos examinar detalhadamente essa questão:

1) ALADI e MERCOSUL têm objetivos de integração distintos?


Não. Ambos desejam formar um mercado comum.

2) ALADI e MERCOSUL têm alcance distinto? Sim. A ALADI


engloba 14 países, representantes das três Américas. O MERCOSUL
engloba, atualmente, apenas 5 países (Brasil, Argentina, Uruguai,
Venezuela e Paraguai)

3) ALADI e MERCOSUL possuem instrumentos distintos de


integração? Sim. Os acordos de alcance parcial existem apenas na
ALADI.

4) ALADI e MERCOSUL possuem relação funcional e jurídica?


Sim. O MERCOSUL é um acordo de alcance parcial celebrado no âmbito
da ALADI.

Por tudo o que comentamos, a questão está errada. Os


objetivos da ALADI e do MERCOSUL são coincidentes e existe sim uma
relação jurídica entre os dois blocos.

36. (AFTN-1998 - adaptada) - Constitui objetivo ou


característica do MERCOSUL a livre circulação de bens e
fatores de produção, exceto pessoas.

Comentários:
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O MERCOSUL tem como objetivo se tornar um mercado comum,


o que pressupõe a livre circulação de bens, serviços e fatores de
produção e, ainda, o estabelecimento de uma política comercial em
relação a terceiros países. Dentro do objetivo de livre circulação dos
fatores de produção, inclui-se a livre circulação de pessoas! Questão
errada.

37. (MDIC-2009/Área Administrativa)- Entre as medidas


compreendidas pelo acordo do Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL), não se inclui a eliminação de direitos
aduaneiros e restrições não tarifárias à circulação de
mercadorias e outras medidas que se fizerem necessárias, de
modo a permitir a livre circulação de bens, serviços e fatores

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produtivos entre os países participantes.

Comentários:

A eliminação de direitos aduaneiros e restrições não-tarifárias à


circulação de mercadorias, assim como a liberalização do fluxo de
serviços e de fatores de produção (capital e mão de obra), estão sim
entre os objetivos do MERCOSUL. Questão errada.

38. (AFRF-2002.1) - O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) foi


criado em março de 1991 tendo como objetivo final a
harmonização das políticas comerciais mediante a adoção de
uma tarifa externa comum.

Comentários:

O objetivo final do MERCOSUL é estabelecer um mercado


comum entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o que vai muito além
da harmonização das políticas comerciais mediante a adoção de uma
TEC. Para alcançar o mercado comum, é necessário um passo adiante,
permitindo a livre circulação dos fatores de produção. Questão errada.

39. (Questão Inédita)- O objetivo de aperfeiçoamento da


União Aduaneira implica avançar no que se refere a normas e
procedimentos que facilitem tanto a circulação quanto ao
controle dentro do MERCOSUL dos bens importados no
território aduaneiro ampliado e estabelecer um mecanismo de
distribuição da renda aduaneira e eliminação da
multiplicidade da cobrança da TEC.

Comentários:

O avanço do MERCOSUL, enquanto união aduaneira, implica na


eliminação da multiplicidade de cobrança da TEC, o que tem como maior
empecilho a dificuldade de se criar um mecanismo de distribuição da
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renda aduaneira. Questão correta.

40. (AFRFB – 2005)- Muito embora o MERCOSUL almeje à


conformação de um mercado comum, atualmente o bloco se
encontra no estágio de união aduaneira imperfeita (ou
incompleta). Para a conclusão dessa etapa, basta a
eliminação das exceções ao livre-comércio intrabloco.

Comentários:

Segundo a maior parte da doutrina, o MERCOSUL é considerado


uma união aduaneira imperfeita. Todavia, ao contrário do que afirma
a questão, para se tornar uma união aduaneira completa ou perfeita, não

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basta a eliminação das exceções ao livre comércio intrabloco. Para
corrigir as imperfeições da união aduaneira, é necessário colocar um
fim às exceções à Tarifa Externa Comum. Questão errada.

Bem pessoal, por hoje é só!

Sabemos que é um assunto bem complexo e com muitos detalhes.


Tentem captar a essência de cada tópico. Não acreditamos em questões
muito difíceis sobre esse assunto.

Abraços e bons estudos!

Heber Carvalho e Jetro Coutinho

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LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS

1. (AFRF- 2003-adaptada)- No presente, o sistema multilateral de


comércio está conformado pelo Acordo Geral de Comércio e Tarifas
(GATT), celebrado no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

2. (AFRF-2003) – Com o surgimento do Acordo Geral de Comércio e


Tarifas (GATT), iniciou-se um movimento de progressiva liberalização das
trocas comerciais em escala global; ainda, após mais de cinco décadas, o
protecionismo subsiste e apresenta-se sob novas roupagens. São
exemplos de formas contemporâneas de protecionismo observadas no
âmbito da Organização Mundial de Comércio o recurso abusivo a medidas
antidumping e à concessão de subsídios à produção e à exportação.

3. (AFRF 2002.1) - Sobre o Acordo Geral de Comércio e Tarifas


(GATT), é correto afirmar que foi o organismo internacional que precedeu
a Organização Mundial do Comércio.

4. (AFRF 2002.1)- Mesmo após a criação da Organização Mundial do


Comércio (OMC), o Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT), mantém-
se como componente fundamental do sistema multilateral de comércio.

5. (MDIC-2009/Área Administrativa)- O GATT não era um organismo


internacional, como o FMI ou o BIRD, mas um Acordo, do qual faziam
parte os países interessados, denominados Partes Contratantes.

6. (INMETRO-2010 - adaptada)- Apesar da oposição dos países em


desenvolvimento, serviços e propriedade intelectual foram temas
regulamentados em decorrência das negociações realizadas pelo sistema
multilateral de comércio.

7. (AFRF 2002.1)- Entre as principais funções da OMC estão a


administração de acordos comerciais firmados por seus membros, a
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resolução de disputas comerciais e a supervisão das políticas comerciais


nacionais.

8. (AFRF 2002.1)- A OMC presta assistência aos governos nacionais


na aplicação de barreiras não-tarifárias.

9. (AFRF – 2002.1-adaptada)- As disciplinas da OMC restringem-se às


práticas desleais de comércio e à resolução de disputas comerciais.

10. (AFRF – 2002.1)- Os dispositivos do Acordo Geral de Comércio e


Tarifas (GATT) contemplam apenas a eliminação das barreiras tarifárias.

11. (ACE-2008) - A exemplo da OMC, as normas e os acordos no


âmbito do GATT aplicam-se ao comércio de mercadorias, de serviços e de

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direitos de propriedade intelectual referentes ao intercâmbio externo,
sendo, pois, subscritos por todos os países.

12. (AFRF 2002.1)- A OMC promove a liberalização do comércio


internacional por meio de acordos regionais entre os países membros.

13. (AFTN – 1996)- O objetivo maior do GATT/OMC é o fomento à


expansão do comércio internacional. Assim sendo, uma organização que
seja criada com o objetivo de reduzir e, no limite, eliminar as tarifas entre
os participantes do sistema regional de integração, ampliando o volume
de comércio entre os países, será aceita e mesmo estimulada pelo
GATT/OMC.

14. (MDIC-2009/Área Administrativa)- Tendo em vista o objetivo do


GATT de eliminar o tratamento discriminatório no comércio exterior, o
Acordo não tolerava a formação de blocos econômicos ou aduaneiros que
objetivassem a remoção de tarifas e outras barreiras ao comércio entre
países participantes desse bloco.

15. (AFRF 2002.1)- O Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT) tinha


o propósito de monitorar as trocas internacionais e a aplicação irrestrita
do Sistema Geral de Preferências (SGP).

16. (AFRF-2003)- Uma união aduaneira pressupõe a livre


movimentação de bens, capital e mão de- obra e a adoção de uma
tarifa externa comum entre dois ou mais países.

17. (AFRF – 2002.1 – adaptada)- O que define, essencialmente, uma


área de livre comércio é a livre circulação de bens e serviços através
das fronteiras.

18. (AFTN-1996 – adaptada)- União aduaneira e mercado comum são


duas formas de integração econômica regional. O que diferencia essas
duas formas é a inclusão dos fatores de produção no tratamento das
relações econômicas entre os países-membros.
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19. (ACE-2001)- Em um processo de preferências comerciais


diferenciadas entre dois países a proximidade geográfica é condição
essencial para o êxito do processo.

20. (ACE-2008)- Os acordos de integração regional, tais como zonas de


preferências tarifárias e mercados comuns, não somente permitem que
as empresas aufiram os ganhos derivados das economias de escala
propiciadas pelo aumento do mercado, mas também conduzem a
aumentos de eficiência devido a maior competição entre as empresas
dos países-membros.

21. (AFRF-2002.2) - Segundo as teorias de integração econômica, a


liberalização do comércio entre um número restrito de países produz

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efeitos comerciais e econômicos que permitem avaliar o desempenho,
desde o ponto de vista da eficiência econômica, dos acordos regionais.
A esse respeito, é correto afirmar que a integração regional é
economicamente benéfica se prevalecer a criação sobre o desvio de
comércio e ocorrerem efeitos dinâmicos.

22. (Questão Inédita)- O desvio de comércio é um efeito estático da


integração regional, ficando caracterizado quando um país passa a
comprar um determinado tipo de bem de outro país, participante do
acordo regional, deixando de importar este bem de um terceiro país
que não faz parte do acordo, mas que antes constituía a melhor fonte
de oferta do bem em questão.

23. (INMETRO – 2009)- Por representarem iniciativas de liberalização


comercial, os blocos comerciais regionais não colocam em risco a
consecução dos objetivos principais do sistema multilateral de
comércio.

24. (Juiz do Trabalho – TRT 5ª Região / 2006)- O Acordo de Livre


Comércio da América do Norte prevê a fixação de tarifa única sobre
exportação de bens entre os países signatários, bem como a criação de
limitações quantitativas à importação.

25. (Pesquisador INPI/ 2006)- O North American Free Trade


Agreement (NAFTA), além de estabelecer uma zona de livre comércio e
promover a competição dentro dessa área, impõe uma política
comercial externa comum para os países-membros.

26. (AFRF-2003 - adaptada)- O NAFTA prevê a criação de um mercado


comum entre seus membros a fim de fazer frente ao projeto de
integração da Comunidade Econômica Europeia.

27. (ACE-2008)- No que diz respeito ao comércio de produtos


agrícolas, as regras tarifárias previstas no âmbito do Acordo de Livre
Comércio da América do Norte (NAFTA) aplicam-se igualmente aos
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países signatários desse acordo.

28. (ATRFB-2009)- Por ter como membros países das três Américas, a
ALADI constitui, no presente, o mais importante e ativo fórum de
negociações comerciais regionais.

29. (AFRF-2002.1) - A Associação Latino Americana de Integração


(ALADI) foi criada em 1980 com o objetivo de estabelecer, em forma
gradual e progressiva, um mercado comum latino americano com base
em acordos de cooperação setorial.

30. (ACE-2012) A Associação Latino-Americana de Integração (ALADI)


provê um foro de discussão e negociação de temas econômicos e

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comerciais com vistas à formação de posições comuns nos foros
negociadores internacionais.

31. (INMETRO – Articulação Internacional / 2010)- O objetivo


primordial do Tratado de Assunção consiste na integração dos Estados-
membros por meio dos seguintes processos: livre circulação de bens,
serviços e fatores produtivos; estabelecimento de tarifa externa
comum (TEC); adoção de política comercial comum; coordenação de
políticas macroeconômicas e setoriais; e harmonização de legislações
nas áreas pertinentes.

32. (Advogado da União / 2008) - O MERCOSUL garante, de forma


semelhante à União Europeia, uma união econômica, monetária e
política entre países.

33. (Advogado da União / 2008) - A adoção de uma política comercial


comum em relação a terceiros Estados é um dos objetivos da criação
do MERCOSUL.

34. (AFRFB-2009)- O MERCOSUL e a ALADI são esquemas


preferenciais complementares, na medida em que perseguem distintos
níveis de integração econômica.

35. (AFRFB – 2009- adaptada)- Por possuírem objetivos, alcance e


instrumentos distintos de integração, não há nenhuma relação
funcional e jurídica entre o MERCOSUL e a ALADI.

36. (AFTN-1998 - adaptada) - Constitui objetivo ou característica do


MERCOSUL a livre circulação de bens e fatores de produção, exceto
pessoas.

37. (MDIC-2009/Área Administrativa)- Entre as medidas


compreendidas pelo acordo do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL),
não se inclui a eliminação de direitos aduaneiros e restrições não
tarifárias à circulação de mercadorias e outras medidas que se fizerem
necessárias, de modo a permitir a livre circulação de bens, serviços e
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fatores produtivos entre os países participantes.

38. (AFRF-2002.1) - O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) foi criado


em março de 1991 tendo como objetivo final a harmonização das
políticas comerciais mediante a adoção de uma tarifa externa comum.

39. (Questão Inédita)- O objetivo de aperfeiçoamento da União


Aduaneira implica avançar no que se refere a normas e procedimentos
que facilitem tanto a circulação quanto ao controle dentro do
MERCOSUL dos bens importados no território aduaneiro ampliado e
estabelecer um mecanismo de distribuição da renda aduaneira e
eliminação da multiplicidade da cobrança da TEC.

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40. (AFRFB – 2005)- Muito embora o MERCOSUL almeje à conformação
de um mercado comum, atualmente o bloco se encontra no estágio de
união aduaneira imperfeita (ou incompleta). Para a conclusão dessa
etapa, basta a eliminação das exceções ao livre-comércio intrabloco.

GABARITO
01 E 02 C 03 E 04 C 05 C 06 C 07 C
08 E 09 E 10 E 11 E 12 E 13 C 14 E
15 E 16 E 17 C 18 C 19 E 20 C 21 C
22 C 23 E 24 E 25 E 26 E 27 E 28 C
29 E 30 E 31 C 32 E 33 C 34 E 35 E
36 E 37 E 38 E 39 C 40 E

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