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Universidade
Estadual de Londrina

ADRIANO ANTONIO DOMINGUES

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO


FINANCEIRA DE EMPREENDIMENTOS
INCORPORADOS
ESTUDO DE CASO

LONDRINA
2006

ADRIANO ANTONIO DOMINGUES


2

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO


FINANCEIRA DE EMPREENDIMENTOS
INCORPORADOS
ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Londrina, na forma de Trabalho de Conclusão
de Curso, como requisito parcial à obtenção do
título de Engenheiro Civil.

Orientador: Profª. Drª. Eliane Simões

LONDRINA
2006

ADRIANO ANTONIO DOMINGUES


3

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO


FINANCEIRA DE EMPREENDIMENTOS
INCORPORADOS
ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Londrina, na forma de Trabalho de Conclusão
de Curso, como requisito parcial à obtenção do
título de Engenheiro Civil.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________
Profª. Drª. Eliane Simões
Universidade Estadual de Londrina

___________________________________________
Prof. Alexandre Aching
Universidade Estadual de Londrina

___________________________________________
Prof. Ms. Nelson Sanches Navas
Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 05 de Dezembro de 2006.


4

RESUMO

Todo empreendedor, que tem sob sua responsabilidade, tomada de

decisões importantes, precisa de uma noção de planejamento estratégico, bem

definida. Este quesito se torna de suma importância, quando se trata de

empreendimentos da construção civil.

Este trabalho apresenta uma importante ferramenta de auxílio na

tomada de decisões estratégicas para empreendimentos do tipo incorporados.

Através de um estudo de caso real, considerando alguns dados hipotéticos,

alimentamos o modelo matemático construído, dando origem aos indicadores de

qualidade.

O empreendedor responsável pela obra, estabeleceu limites,

máximos e mínimos de desempenho, que serviram de baliza para as análises dos

indicadores. E as conclusões destas análises, podem servir de parâmetros para

decisões importantes.
5

ABSTRACT

Every businessman, who has under his/her responsibility important

decision, needs the tools to strategic planning. This need is also applied in civil

engineering companies.

This research shows na important tool which helps in the making of

important strategy decisions for incorporated companies. Through a real life situation

and actual cases, considering some hypothetical data, the mathematical models

constructed are given large value, originating quality indicators.

The businessman, owner of the company researched in this project,

established some maximum and minimum limits of performance, which served as

feedback to the analysis of the indicators. The conclusions of these analyses should

be parameters to the process of decision taking.


6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................….........10

1.1 Objetivos..............................................................................................................11

1.2 Metodologia Utilizada..........................................................................................12

1.2.1 Estudo das Referências Bibliográficas.............................................................12

1.2.2 Elaboração do Cenário…………………………………………………………….13

1.2.3 Elaboração do Modelo…………………………………………………………..…14

1.2.4 Análises de Resultados....................................................................................14

1.2.5 Observações Finais...........................................................................................14

2 PLANEJAMENTO ESTRÁTÉGICO.........................................................................15

3 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA...................................16

3.1 Cenário.................................................................................................................17

3.1.1 Fatores Influêntes no Cenário...........................................................................18

3.1.1.1 A Economia....................................................................................................18

3.1.1.2 O Mercado......................................................................................................20

3.1.2 Deformações no Cenário...................................................................................21

3.2 Modelo………………………………………………………………………………..…23

3.2.1 Funcionamento do Modelo para Empreendimentos Incorporados………….....25

3.3 Avaliações de Desempenho……………………………………………………….…27

3.4 Indicadores de Qualidade....................................................................................29

3.4.1 Taxa Interna de Retorno (TIR)........................................................................30

3.4.2 Prazo de Retorno dos Investimentos (PRI)....................................................30

3.4.3 Fator de Alavancagem (ALV)..........................................................................31

3.5 Fluxo de Caixa.....................................................................................................31

3.6 Análise de Riscos................................................................................................31


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4 ESTUDO DE CASO................................................................................................34

4.1 Cenário (Caso).....................................................................................................34

4.1.1 O Caso (Empreendimento Imobiliário)........................................................34

4.1.2 Elementos Base para Custeio...........................................................................35

4.1.3 Cenário de Mercado..........................................................................................36

4.1.4 Cenário Econômico...........................................................................................37

4.1.4.1 Financiamentos..............................................................................................38

4.2 Funcionamento do Modelo (Caso).......................................................................39

4.2.1 Etapa 1 ( relativo ao custeio).............................................................................40

4.2.2 Etapa 2 (relativo ao financiamento)...................................................................43

4.2.3 Etapa 3 (relativo a repasse e vendas)...............................................................45

4.2.4 Etapa 4 (Totalização)........................................................................................47

4.2.5 Indicadores de Resultado do Empreendimento................................................49

4.2.5.1 Indicadores Quantitativos...............................................................................50

4.2.5.2 Indicadores Qualitativos.................................................................................51

5 ANÁLISE DE RISCOS DO EMPREENDIMENTO……………………………...……52

5.1 Riscos inerentes a Estrutura do Empreendimento...............................................52

5.1.1 Variação do Custo em Relação ao Orçamento.................................................53

5.1.2 Alteração de Investimentos Iniciais...................................................................55

5.1.3 Juros e TAC.......................................................................................................56

5.2 Riscos Inerentes a Estrutura da Empresa............................................................58

5.2.1 Representatividade de MCA.............................................................................58

5.2.2 Desempenho Almejado…………………………………………………………..…58

5.3 Riscos Inerentes a Economia...............................................................................60

5.3.1 O Efeito do Descolamento.................................................................................60

5.3.2 Prazo de Retorno dos Investimentos (PRI).......................................................62


8

5.4 Riscos Inerentes ao Mercado...............................................................................63

5.4.1 Velocidade das Vendas.....................................................................................63

5.5 Observações Finais de Análise………………………………………………………64

6 CONCLUSÃO..........................................................................................................66
9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Quadro de Áreas.......................................................................................34

Quadro 2: Elementos Base para Custeio do Empreendimento.................,...............36

Quadro 3: Previsão de Desembolsos………………………………………………….…36

Quadro 4: Estrutura de Preços e Características do Público Alvo.............................37

Quadro 5: Cenário Esperado para a Economia.........................................................38

Quadro 6: Elementos de Comparação para Rentabilidade Esperada.......................38

Quadro 7: Financiamento para a Produção e Comercialização.................................39

Quadro 8: Relações Matemáticas para o Custeio da Construção.............................42

Quadro 9: Contas Relativas ao Custeio.....................................................................43

Quadro 10: Relações Matemáticas para Custeio da Produção com Financiamento.43

Quadro 11: Contas Relativas ao Financiamento da Produção..................................45

Quadro 12: Contas Relativas a Repasse e Vendas...................................................46

Quadro 13: Fluxo de Caixa do Empreendimento – Sem Encaixe de Vendas............48

Quadro 14: Fluxo de Caixa do Empreendimento – Com Encaixe de Vendas...........49

Quadro 15: Indicadores Quantitativos........................................................................50

Quadro 16: Indicadores Qualitativos..........................................................................51

Quadro 17: Distorções no Orçamento Inicial..............................................................54

Quadro 18: Variação das Formas de Pagamento do Terreno...................................55

Quadro 19: Relação Entre Aumentos dos Custos Financeiros e REM......................56

Quadro 20: Comportamento da TIR Frente a Aumentos da TAC e Juros.................58

Quadro 21: Reação dos Indicadores a Aumentos do Descolamento........................62

Quadro 22: Alterações dos Indicadores Sob Influência de Alterações nas Vendas

...................................................................................................................................64
10

1 INTRODUÇÃO

Os empresários da construção civil, de forma geral, tomam decisões

de investimento, baseando-se apenas em suas intuições e experiências, tendo no

máximo a preocupação de fazer uma análise de custos x receita esperados, o que

tem acarretado em resultados bem abaixo do almejado.

Quando se quer investir, é necessária uma análise econômica

minuciosa, proporcional à grandeza do empreendimento. Porém não existem

“cartilhas” de como se fazer esta análise. A partir de um cenário (custos e receita

esperados) é preciso construir o fluxo de caixa, calcular os indicadores de resultado

e fazer a análise dos riscos a serem assumidos pelo empreendedor.

Conforme Lima Jr. (1991), os riscos existentes para um dado

empreendimento são peculiares a este, na maioria das vezes não se estende a

outros casos. Mas o que se deve fazer é estabelecer os riscos mais relevantes, e

determinar aqueles que irão influir mais nos resultados de gerações de riscos.

Atentar-se à qualidade das informações utilizadas nas análises,

torna-se de suma importância, pois os resultados gerados irão mostrar o possível

comportamento que o empreendimento seguirá, e determinará as decisões

estratégicas antes e durante a realização do empreendimento. Após optar por

investir, as análises servirão também para traçar o caminho estratégico a ser

seguido. Daí a importância de haver um acompanhamento especial das variáveis de

risco mais relevantes.


11

O empreendedor somente poderá tomar suas decisões, mediante a

certeza de que conseguirá suportar as possíveis alterações no cenário considerado

em sua análise de viabilidade. Ele deve garantir ter o poder de monitorar as

variáveis de maior importância, e se possível suportar as alterações de variáveis não

monitoráveis, como a inflação e outros fatores de mercado.

Esta análise se faz ainda mais importante, pois fornecem ao

empreendedor a possibilidade de enxergar caminhos para se garantir o mínimo de

qualidade no comportamento do empreendimento.

Formatados: Marcadores e
1.2 Objetivos numeração

Pretende-se com esse trabalho fazer a análise da viabilidade

econômica e financeira de um empreendimento incorporado, visando identificar

como esta análise pode ser utilizada na decisão por realizar ou não o

empreendimento. Demonstrando através de revisão bibliográfica e estudo de caso, a

utilização de uma ferramenta de análise na definição de estratégias para

empreendimentos de construção civil do tipo incorporado.

Como objetivos específicos têm-se:

• Apresentar uma técnica de estudo de viabilidade econômico-

financeira de empreendimentos do tipo incorporado.

• Identificar os movimentos financeiros a serem simulados em obras

incorporadas.
12

• Identificar quais são as variáveis de cenário e como essas são

definidas para a realização da simulação.

• Construir um modelo de simulação que permita a obtenção dos

indicadores de resultado utilizados para a decisão de realizar-se ou

não um empreendimento do tipo incorporado e também a análise dos

riscos inerentes às operações.

Formatados: Marcadores e
numeração
1.3 Metodologia Utilizada

Assim como todo estudo científico, o presente trabalho utilizou-se de

uma metodologia que fosse capaz de lhe conferir confiabilidade, e que auxiliasse

produzir algo que fizesse entender a quem o ler.

Abaixo serão descritos os principais tópicos da metodologia utilizada

na confecção deste trabalho.

1.2.1 Estudo das Referências Bibliográficas

Antes de se iniciar a confecção de um trabalho, é essencial se

fazer um estudo de referências sobre o assunto que se deseja redigir. Este estudo,

fornece caminhos e direções para uma boa estruturação dos textos a serem

elaborados, além de proporcionar a possibilidade de desenvolver o senso crítico

sobre todo o assunto e inclusive, sobre a capacidade de avaliar os dados que serão

utilizados e os que serão gerados.


13

Foram extraídos das referências o conhecimento sobre análises de

viabilidade econômica e financeira de empreendimentos. Informações sobre a

constituição de cenários, construção de modelos, critérios sobre avaliações de

desempenho, planejamento estratégico e riscos.

Formatados: Marcadores e
numeração
1.2.4 Elaboração do Cenário

O cenário é composto por informações, que visam simular as

variáveis comportamentais, dentro do que é esperado para o desenvolvimento do

empreendimento.

Constituído pelas variáveis fornecidas pelo ambiente interno da

empresa, pelo ambiente interno do empreendimento e pelo ambiente externo, o

cenário engloba as informações que servirão de alimento para o modelo.

Variáveis extraídas do ambiente interno da empresa são aquelas

oriundas das despesas administrativas e margem de contribuição pretendida.

Aquelas obtidas do ambiente interno do empreendimento derivam

basicamente do custeio.

As originadas pelo ambiente externo são compostas essencialmente

das variáveis conjunturais, que não podem sofrer manipulações imediatas.

Os cenários utilizarão informações atualizadas na constituição dos

dados de entrada.
14

Formatados: Marcadores e
numeração
1.2.5 Elaboração do Modelo

O modelo também será elaborado simulando-se o fluxo de caixa

esperado para o empreendimento.

A ferramenta básica a ser utilizada para permitir a modelagem

matemática, será o software da Microsoft, Excel, que permite a confecção de

planilhas de cálculo e gráficos, que serão necessários para se por em prática o

modelo.

1.2.4 Análises de Resultados

O modelo construído apresentará medidas de desempenho,

indicadores econômicos e financeiros, que servirão de parâmetro para a decisão de

realizar ou não o empreendimento. Deverão ser identificadas as variáveis que mais

influenciam os resultados do empreendimento e que deverão ser monitoradas

durante sua realização.

1.2.5 Observações Finais

Constituirão as observações finais, todas as informações geradas

pela modelagem, as conclusões retiradas destas, resumo dos riscos apresentados

em cada situação, bem como, orientações para o traçado de estratégias para o

desenvolvimento confiável do empreendimento.


15

2 PLANEJAMENTO ESTRÁTÉGICO

Toda ação do presente em reação a possibilidades de problemas

futuros, geram necessidades de planejamento e definição de estratégias para a

resolução destes problemas ou diminuição dos riscos.

Planejar é a palavra apropriada para se projetar um conjunto de


ações para atingir um resultado claramente definido, quando se tem
plena certeza da situação em que as ações acontecerão e controle
quase absoluto dos fatores que asseguram o sucesso no atingimento
dos resultados. (ALBRECHT, 1994, p. 57)

Albrecht (1994), diz que quanto mais eficaz for o processo de

raciocínio no nível estratégico, menos elaborado precisará ser o processo de

planejamento nos níveis tático e operacional.

Com um planejamento estratégico bem elaborado, muitas das

dificuldades e riscos que apareceriam ao longo do desenvolvimento do

empreendimento, são mais tranqüilamente resolvidos e suas conseqüências

dirimidas.

Aquele que pretende investir em um empreendimento imobiliário,

como o que será objeto de estudo, também deve traçar seu planejamento

estratégico. Uma das principais ferramentas deste planejamento é a análise de

viabilidade econômica e financeira, cuja técnica será mostrada nos próximos

capítulos.
16

3 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA

Quando se objetiva fazer uma análise de viabilidade econômica, é

necessário se ter em mãos, informações que vão constituir o cenário econômico que

consideramos para um empreendimento em específico. Estas informações, oriundas

da atual condição econômica nacional no setor e dos elementos limitantes

estipulados pelo próprio empreendedor, irão dar origem a um conjunto de

informações. Para tornar mais claro, os elementos limitantes a que me refiro, são

aqueles que servirão de comparação e limite, para os valores que posteriormente

serão fornecidos pelo modelo ao processar os dados do cenário.

O objetivo do modelo é simular o comportamento financeiro e

econômico que o empreendimento desenvolverá, através do processamento

matemático dos dados estipulados para o cenário.

Com as informações geradas, o empreendedor terá suporte para

sua tomada de decisões sobre investir ou não em um determinado empreendimento.

Para Lima Jr. (1991), é na opção por realizar o empreendimento que

se encontra a maior parte dos riscos. Isso ocorre, pela quantidade de informações

necessárias na entrada de dados no modelo, somado ao fato de possuir

desenvolvimento em longo prazo. Esses fatores darão origem às informações que

nos permitirão avaliar os riscos. Mas são justamente estes fatores que induzem a

erro uma análise, porque correm o risco de não condizerem com a verdade.
17

Figura 01: Encaminhamento para Análise Econômica de Empreendimentos


Adaptado: Lima Jr., 1991, p.2.

Formatados: Marcadores e
numeração
3.6 Cenário

Os cenários em que se baseia a análise, obviamente variam

segundo diversos condicionantes. Ao se optar por realizar um investimento em

determinado empreendimento em algum país rico, os riscos que o investidor

enfrentará, são de tipos e níveis, sem dúvida, diferentes daqueles enfrentados pelo

investidor que opta por investir em países em desenvolvimento, que por sua vez,

são totalmente avessos àqueles oriundos de países em conflitos civis.

O presente trabalho se trata da análise econômica e financeira de

um empreendimento situado no Brasil, mais especificamente na cidade de

Apucarana, e que possui suas peculiaridades.

Segundo Lima Jr. (1991), o cenário a ser utilizado em uma análise

de viabilidade, deve conter variáveis que ao serem inseridas nos modelos utilizados,

nos permitirão ter uma idéia de como será o comportamento das mesmas ao longo

da realização do empreendimento. E conseqüentemente, deverá nos fornecer a


18

chance de antever os possíveis erros e nos permitir corrigi-los em tempo hábil ou

procurar melhores alternativas.

As variáveis que devem compor o cenário a ser estudado são

relativas ao ambiente interno da empresa e do empreendimento e ao ambiente

externo. Com relação ao ambiente interno da empresa, devem ser consideradas

todas as transações que ocorram no âmbito administrativo e inclusive a contribuição

esperada para o empreendimento. As transações administrativas são basicamente

os custos provenientes da administração do empreendimento, como aqueles

necessárias para manter o escritório da empresa, e a rentabilidade que será

pretendida para o empreendimento.

O ambiente interno do empreendimento, estará em função do

orçamento considerado. E por fim, as variáveis que compõem o ambiente externo,

são aquelas que não podem ser monitoradas pelo investidor, como por exemplo as

taxas de inflação.

Ao se aplicar as informações fornecidas pelo cenário esperado, no

modelo considerado coerente e realista, este originará informações que serão

comparadas com os elementos balizadores, determinados pelo próprio investidor, e

servirão de suporte para a tomada de decisões.

3.1.1 Fatores Influêntes no Cenário

3.1.1.1 A Economia
19

Um dos fatores mais influentes na determinação do cenário é, sem

dúvida, a economia. Este fator possui a característica de não ser monitorável. Ou

seja, o empreendedor, ao se deparar com um problema oriundo de alguma grave

alteração na economia, não será capaz de se valer de nenhum artifício para

solucionar o problema.

Porém, estes fatores devem ser considerados nas análises de

viabilidade de empreendimentos imobiliários, destes fatores o mais característico é a

inflação. Como existem índices de inflação setoriais como o INCC (Índice Nacional

de Preços da Construção Civil) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) ou a evolução do

CUB (Custo Unitário Básico) calculado pelos SINDUSCON’s (Sindicatos das

Indústrias da Construção Civil) de cada região, a previsão de sua evolução é que

deve ser utilizada para o cálculo dos custos esperados e não a evolução dos índices

de inflação gerais como o IGP (Índice Geral de Preços).

Assim como a inflação, outro fator a que devemos nos atentar, se

deve a possibilidade de perda do poder de compra do público considerado alvo.

Quando optamos por investir em algum empreendimento na construção civil, antes

de qualquer coisa, devemos saber qual o público que se quer atingir. Para quem se

quer vender o produto. Esta informação é essencial, não somente para definir as

características físicas do imóvel e seu valor, mas também para se saber qual o

poder de compra do público alvo. Quanto os clientes alvo estão dispostos ou podem

pagar pelo imóvel.


20

A exemplo dos índices de inflação, o poder de compra de

determinada classe social, também é uma variável conjuntural, assim como tudo o

que diz respeito a economia em geral, e não podem ser alteradas intencionalmente.

3.1.1.2 O Mercado

Outra variável que não pode ser monitorada, é o mercado. Para

Lima Jr. (1991), esta variável é a mais aberta de toda a estrutura, não sendo

possível definir qualquer mecanismo de controle sobre seu comportamento.

Como foi descrito anteriormente, uma eventual diminuição do poder

de compra do público alvo, pode trazer danos a estratégia de constituição do

empreendimento. O que pode acarretar necessária diminuição do preço do produto

ou ainda uma queda na qualidade do mesmo, ocasionada pela inclusão de insumos

de menor preço e com conseqüente déficit de qualidade.

Se considerarmos que um evento como este, pode ocorrer em

qualquer fase do desenvolvimento do empreendimento, corre-se o risco de já terem

sido vendidas algumas unidades a um determinado valor inicial, e em determinado

momento, haver a necessidade de uma diminuição no preço do produto final.

Uma das principais características de uma análise de viabilidade

econômica, é a possibilidade de se traçar estratégias para o desenvolvimento do

empreendimento e não somente para a decisão de realizá-lo ou não.


21

Caso alguns destes eventuais problemas de mercado ocorram,

haverá a necessidade de uma tomada de decisão rápida. Porém, de posse do

estudo de viabilidade, é possível se programar, caso algo assim aconteça, tornando

a decisão de se encontrar uma solução, menos complicada. Isso se deve, a previsão

de um determinado cenário distorcido, onde se traça previamente uma solução para

determinado risco nestes casos.

Outro quesito influente na vulnerabilidade dos empreendimentos aos

fatores conjunturais, é a questão das proporções do empreendimento,

principalmente com relação ao tempo de execução. Obviamente, algumas

alterações no mercado ocorrem em determinados prazos de tempo. O

empreendimento sofrerá mais com estas mudanças, quanto maior for o seu porte e

portanto, seu tempo de maturação. Para os casos em que é menor o período de

desenvolvimento, este é considerado mais resistente às perturbações de mercado.

Essas, e inúmeras outras possibilidades de perturbações no cenário

esperado, devem estar sempre sob monitoramento constante, pois são variáveis que

não podem ser modificadas, devido a sua natureza. Mas é claro que, se a cada risco

que aparecer o empreendedor desistir de investir, ele nunca irá fazê-lo. Os riscos

são comuns. O que se deve fazer, segundo Lima Jr. (1991), é estabelecer um

ambiente limite de crise, dentro do qual o empreendimento ainda fica viável, o que

se faz por análise da capacidade de suporte.

3.1.2 Deformações no Cenário


22

Considerando que o modelo seja confiável, utilizamos um cenário

esperado e inserimos as informações, na esperança de obtermos dados que nos

sejam valiosos. Porém, é imprescindível que o modelo receba separadamente dados

de outros cenários, preferencialmente distorcidos. Ao longo das avaliações destas

distorções, o investidor passa a ter noção dos possíveis rumos que o

empreendimento pode assumir ao longo de seu desenvolvimento.

De frente as avaliações de diversos cenários possíveis, o investidor

tem a possibilidade de desenvolver seu senso de detecção dos riscos nas análises,

visto que se deparou com diversos cenários muito distantes daqueles imaginados.

São necessário elementos que servirão de balizadores, ou seja,

elementos que servirão como guia para as análises, definindo valores máximos e

mínimos para os indicadores.

Um dos balizadores utilizados em estudos de viabilidade econômica

e financeira é o conceito de custo de oportunidade (COP). Custo de oportunidade é

o valor de rentabilidade em determinado período de tempo, com margem de risco

muito baixa, próxima de zero. Ou seja, se o investidor depositasse suas fichas nesta

opção, seu dinheiro valorizaria em níveis mínimos e com a vantagem de correr o

menor risco possível. Podemos citar como exemplo, a poupança, que tem

rentabilidade muito baixa, comparativamente com diversos outros investimentos.

Porém, em condições políticas e econômicas normais, a probabilidade de prejuízo é

também muito baixa.


23

Outro balizador é a taxa de atratividade (TAT). Esta taxa é

determinada pelo investidor, e representa qual é o retorno mínimo que ele espera

ter, em comparação com o investimento que irá fazer, e se este, compensará os

riscos que assumirá.

Assim, o empreendedor terá os elementos delimitadores, que

servirão de comparação com os dados que resultarão do processamento do cenário

pelo modelo.

Se ao compilar os dados fornecidos por um cenário deformado, o

investidor detectar que a rentabilidade é menor que aquela fixada como custo de

oportunidade, ele pode optar por não realizar. Ou ainda, tentar formas de contornar

os causadores do baixo desempenho financeiro.

Da mesma forma, se for detectado que o retorno esperado é menor

que aquele estipulado pela taxa de atratividade, considerando os mesmos riscos, o

investidor pode deixar esta opção.

Tudo dependerá da flexibilidade que o empreendedor promoverá em

suas análises.

Formatados: Marcadores e
numeração
3.7 Modelo

Como ilustrado na figura 1, a análise econômica é constituída pela

configuração do cenário, construção do modelo e pelas avaliações de desempenho.


24

O modelo de uma análise de viabilidade, é o elemento que possui a

função de simular o desenvolvimento que o empreendimento terá, financeira e

economicamente, através de uma modelagem matemática. Quando nos referimos

ao desenvolvimento do empreendimento, falamos em todo o processo que se dará

ao longo da maturação deste. Portanto, depende de variáveis conjunturais, como as

taxas de inflação, da estrutura do próprio empreendimento, e de toda e qualquer

transação financeira que se espera ocorra no desenrolar de todo o processo.

Todos esses elementos descritos que compõem o cenário e que

podem ser monitorados, darão origem a informações sobre as quais,

posteriormente, serão feitas análises na intenção de se identificar os riscos.

A qualidade das informações inseridas no modelo são

imprescindíveis para a qualidade das que serão originadas. Informações colhidas

minuciosamente e acrescidas a modelagem, não representam que gerarão dados

confiáveis, somente iludirão aqueles que neles se baseiam para as análises.

A baixa qualidade intrínseca desta informação mais detalhada, que


resulta da impossibilidade de se conhecer o comportamento de
certas variáveis, mas somente de se especular sobre seu
andamento, será responsável pela introdução de novos riscos, que,
se não ficarem transparentes, conferem à análise a condição de risco
mais perigosa, que é a de trabalhar com dados para os quais o
planejador tem a falsa sensação de que são mais seguros. (LIMA
JR., 1991, p. 3)

Não sendo aconselhável o uso de informações muito detalhadas, a

qualidade daquelas utilizadas se torna ainda mais necessárias.


25

Portanto, o modelo é a representação matemática do fluxo de caixa

esperado para o empreendimento, e o que se obtém é o fluxo de investimento e

retorno, que possibilitará obter os indicadores de desempenho.

3.2.1 Funcionamento do Modelo para Empreendimentos Incorporados

Para o estudo de caso, utilizaremos o modelo exemplificado na

figura 2. Para se entender melhor o funcionamento deste modelo, será mostrado

cada sistema separadamente, ficando mais fácil a visualização das principais

movimentações financeiras que incorrerão durante o desenvolvimento do

empreendimento. Esta figura tenta expressar uma visão geral do fluxo de caixa

esperado para o empreendimento, na tentativa de seguir a configuração idealizada

para o cenário. Deixando claro que, estes fluxos não ocorrerão necessariamente ao

mesmo tempo.

O sistema empreendimento por si só, não é capaz de se

desenvolver sem uma orientação. Fica a cargo do sistema empresa, toda a

organização e administração do empreendimento. Mas obviamente, espera-se que

os investimentos que a empresa tenha injetado tenha o retorno esperado somado a

margem de contribuição para contas gerais (MCA), que trata de todas as despesas

relativas a administração do empreendimento.

O empreendimento se relaciona com o ambiente externo, com relação a terceiros,

através da transação de compra do terreno e as despesas conexas a este. Além

disso, existem gastos com propaganda, promoção e marketing (PP&M) e verbas

necessárias para as despesas de comercialização (COM).


26

Figura 2: Funcionamento do modelo para Empreendimentos Incorporados


Adaptado: Lima Jr., 1991. p.13.

Também faz parte do ambiente externo, os fornecedores de

insumos. As transações que ocorrem entre o sistema empreendimento os

fornecedores, são estritamente relacionadas ao custeio da produção, todos os

materiais utilizados na constituição física do empreendimento em questão.


27

A característica principal de um empreendimento incorporado,

reside na sua relação com um sistema financeiro (ambiente externo) e o mercado

que consumirá os imóveis.

O sistema financeiro fornece os recursos necessários para a

produção, além de oferecer financiamento para o público que deseja adquirir o

imóvel. Em contrapartida, recebe os juros e encargos referentes ao montante

contratado.

O público alvo que compõem o mercado, vão repassar o valor

financiado pelo sistema financeiro, ao sistema do empreendimento, sob a batuta do

sistema empresa. Além do valor financiado, muitas vezes, espera-se que o

comprador entre com um valor poupado, como forma de pagamento.

Formatados: Marcadores e
numeração
3.8 Avaliações de Desempenho

Uma avaliação de desempenho se faz mediante informações

fornecidas pelo modelo, segundo os dados de entrada. Ou seja, as variáveis

estipuladas para o cenário, são processadas no modelo considerado, e

posteriormente servirão de base para as análises do desempenho do

empreendimento.

Ao se fazer uma análise econômica, deve-se atentar para as várias

condicionantes. Não é apenas a lucratividade que importa. Muitas vezes é mais

valoroso se recuperar o dinheiro investido rapidamente, do que se atentar apenas


28

com a margem final de lucro, obtida ao final do empreendimento. Pois, ao se ter o

retorno do dinheiro investido rapidamente, mais velozmente poderemos reinvesti-lo.

A qualidade das variáveis e informações é um item indispensável

quando nos referimos a estudos de viabilidade econômica. O cenário estipulado e o

modelo criado, devem ser realistas o bastante para nos permitir confiar nos dados

originados. Porém, não há garantias de que os dados com os quais trabalhamos são

totalmente confiáveis. Muitas destas variáveis de entrada, não podem se quer serem

monitoradas, como por exemplo àquelas oriundas da condição de mercado e da

economia em geral.

Os riscos podem ser maximizados por um estudo mal feito, porém

não podem ser minimizados simplesmente por uma análise bem feita. Muitos dos

riscos considerados, independem da qualidade do modelo, e conseqüentemente não

são monitoráveis. Contudo, estes riscos podem ser contornados, ao se adotar

medidas preventivas como um seguro.

Portanto, deve-se ter bastante critério durante a análise dos riscos

inerentes a qualquer empreendimento, para não se firmar em informações ruins que

incorrerão em decisões péssimas.

Ao procurar detalhar demais as informações que compõem o

cenário, e aumentar a complexidade do modelo, acabamos por transmitir a falsa

impressão de que o estudo realizado está mais próximo da realidade, passando uma

falsa imagem de segurança.


29

Está segurança, que não existe na realidade, levará a uma análise


de riscos menos crítica e, aí sim, a decisão estará sendo tomada
num elevado patamar de riscos, pois os sistemas de controle
tenderão a ser menos rígidos, quando trabalham sobre elementos
acerca dos quais se tem maior certeza, resultando numa
possibilidade maior de que se isso incorra em desvios no
desenvolvimento do empreendimento. (LIMA JR., 1991, p. 2)

Refinar demais as informações, pode acabar maquiando alguma

consideração errada, e resultar em decisões falsamente competentes.

Formatados: Marcadores e
numeração
3.9 Indicadores de Qualidade

Quando o investidor aplica seu dinheiro em algo, ele não perde o

dinheiro, porém, perde o poder de compra que este valor possui.

O empreendedor, ao investir para desenvolver o empreendimento,

perde liquidez porque imobiliza seus recursos em insumos, no ambiente do

empreendimento. (LIMA JR., 1993, p.10).

Com relação a empreendimentos imobiliários, o empreendedor

emprega determinado montante em troca de insumos, visando o desenvolvimento

do empreendimento. E somente verá o retorno, possivelmente após o término deste,

e receberá uma parcela excedente que corresponde ao seu lucro.

Durante este tempo, seu dinheiro ficou inacessível, sendo que

poderia estar gerando mais riquezas através de outros investimentos.


30

Na intenção de fornecer ao empreendedor a possibilidade de

identificar estas questões, para que lhe sirvam para a tomada de decisão, foram

criados os indicadores de qualidade, que correspondem a: taxa interna de retorno e

prazo de recuperação dos investimentos.

Estes indicadores de qualidade são capazes de fornecer aos

investidores a possibilidade de optar por esse ou aquele investimento, inclusive em

diferentes setores da economia.

Formatados: Marcadores e
3.9.1 Taxa Interna de Retorno (TIR) numeração

A chamada TIR ou taxa interna de retorno, é o indicador de

qualidade responsável por mostrar a alavancagem do poder de compra do

investidor, obtida através da rentabilidade do empreendimento. É originado pela

relação entre os fluxos de investimentos e os fluxos do retorno do poder de compra,

em determinado prazo.

Formatados: Marcadores e
3.9.2 Prazo de Retorno dos Investimentos (PRI) numeração

O prazo de retorno dos investimentos é o tempo que o total do

investimento leva para voltar as mãos do empreendedor.

Esta informação é importante na medida em que, quanto antes se

tiver retorno do investimento empregado, antes se pode reinvesti-lo, e novamente se

obter retorno.
31

Formatados: Marcadores e
numeração
3.9.3 Fator de Alavancagem (ALV)

O fator de alavancagem é extraído da relação matemática entre, as

despesas com a produção do empreendimento (custeio), e os investimentos que se

fizeram necessários (INV), através da relação (TOTAL custeio)/(INV).

Esse fator mede a alavancagem do poder de compra que é

oferecido pelo empreendimento.

Formatados: Marcadores e
3.10 Fluxo de Caixa numeração

O fluxo de caixa pode ser definido como, uma relação matemática

de subtração entra as receitas e as despesas, em um nível certamente mais

complexo.

Compondo a receita total estão, os investimentos injetados pelo

empreendedor e/ou provenientes de um sistema financeiro externo, bem como os

recursos advindos das vendas.

Os elementos componentes das despesas são: gasto com os

insumos, administração, comercialização, mão de obra. Logo, tudo o que sair do

caixa do empreendimento.

3.6 Análise de Riscos


32

Quando falamos em riscos, nos referimos a informação mais

importante que poderíamos obter em qualquer análise de viabilidade.

Entende-se como risco, quanto uma variável é capaz de deformar ou

afetar o desenvolvimento do empreendimento, no que diz respeito ao seu

desempenho e comportamento esperado. Obviamente, quanto maior for o desvio do

plano estimado inicialmente, maior será caracterizado o risco.

Cada variável interfere no andamento do empreendimento de forma

peculiar. E igualmente, provoca certos níveis de risco no desempenho do mesmo.

Algumas variáveis, necessitam ser excessivamente alteradas, para

provocar danos mais expressivos aos indicadores de desempenho do

empreendimento. A estes casos, atribuímos grau baixo de risco. Um simples

acompanhamento das oscilações provocadas, permitiriam que fossem tomadas

precauções para o controle destas variações. Em contrapartida, outras variáveis,

mesmo com diminutas alterações em seus valores, podem inviabilizar a realização.

Nestes casos, o grau de risco é tido como alto. Conseqüentemente, o

monitoramento exige maior atenção, para evitar, preferencialmente, qualquer

possibilidade de desvio do comportamento que era esperado. (LIMA JR., 1991).

Analisar riscos está, portanto, na essência dos processos de


construção de análises da qualidade, para dar apoio a decisão de
investir, porque sem este capítulo não há como compreender os
indicadores da qualidade, porque são estabelecidos por uma
hipótese neutra, vinculados a um estado de aderência entre a
realidade e cenário, cuja ocorrência se pode afirmar será caso
fortuito.(LIMA JR., 1998, p. 44)
33

Obviamente, haverá diferenças entre a realidade e o comportamento

que o cenário mostrará. É natural, visto que o cenário da vida real é composto por

infinitas variáveis, e muitas delas não podem nem se quer ser monitoradas.

Conclui Lima Jr. (1998), que a análise de riscos consisti em criticar o

impacto que esta diferença de comportamento apresentará, frente aos indicadores

de qualidade considerados para um determinado empreendimento.


34

4 ESTUDO DE CASO

Para demonstrar a aplicação prática da teoria apresentada, será

utilizado um estudo de caso, um empreendimento incorporado como exemplo. Desta

forma torna-se mais fácil a visualização dos problemas e das soluções com a

utilização da técnica apresentada, bem como, permite ajudar no entendimento de

toda a teoria descrita.

4.1 Cenário (Caso)

4.1.1 O Caso (Empreendimento Imobiliário)

O empreendimento escolhido para se tornar objeto de estudo é o

Residencial Villagio José Rosa. Trata-se de um condomínio residencial horizontal,

composto por 30 unidades residenciais independentes, divididas em 4 unidades

diferentes. Localizado na cidade de Apucarana, o condomínio possui salão de

festas, academia, piscina, área para mini quadra de esportes e playground e outras

benfeitorias. Algumas características físicas deste empreendimento são

apresentadas no quadro 1.

Área do Terreno 8.404.24 m²


Área Construída 4.861.91 m²
Residência Modelo 1 158.26 m² 12 unidades
Residência Modelo 2 154.26 m² 10 unidades
Residência Modelo 3 159.85 m² 6 unidades
Residência Modelo 4 154.03 m² 2 unidades
Guarita e Pórtico de Entrada 22.15 m²
Salão de Festas 98.93 m²
Piscina 31.95 m²
Quadro 1: Quadro de Áreas
35

4.1.2 Elementos Base para Custeio

Os elementos base do custeio são obtidos através do orçamento do

empreendimento, que por sua vez, está baseado nos valores médios de mercado,

no que diz respeito aos insumos e mão de obra. Outras características podem ajudar

a compor o orçamento como, por exemplo, o histórico de execução de obras da

empresa responsável pelo empreendimento, podendo impor suas características.

Para se fazer as análises sobre os valores estipulados para o

cenário, não basta apenas ter os valores, devemos ter em mãos os prazos

referentes as operações, ou seja, os fluxos de desembolso para o custeio, assim

como é mostrado no quadro 3.

É importante salientar a flexibilidade que o modelo permite na

análise do cenário. Os valores e prazos inicialmente estipulados podem ser

alterados e gerar outros resultados, com o intuito de simular uma possível

deformação no cenário estimado e obter suas conseqüências.

Um detalhe importante trata da questão da distribuição dos custos

de produção em diferentes patamares, compondo o cenário e não o modelo.

Segundo Lima Jr.(1991), essa opção torna mais ágil o modelo para instrumentar

discussões sobre atrasos, bem como, reorganização de cronogramas de

desembolso, com o objetivo de diminuir a quantidade investimentos exigidos.

Nos quadros 2 e 3 estão demonstrados todos os valores referentes

ao custeio para o empreendimento, assim como os prazos dos desembolsos. Os


36

significados das siglas colocadas na coluna 1, a esquerda, estão dispostas

seqüencialmente na coluna 2. Os valores de MCA, PPM e COM estão em função do

valor geral de venda (VGV).

TER VALOR DO TERRENO 369.600,00 R$


DCO DESPESAS CONEXAS AO TERRENO 18.288,00 R$
CDC CUSTO DIRETO DE CONSTRUÇÃO 4.277.950,32 R$
MCA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO PARA
CONTAS GERAIS 5% VGV
PPM VERBA PARA PROPAGANDA
PROMOÇÃO E MARKETING 1,5% VGV
COM VERBA PARA DESPESAS
COM COMERCIALIZAÇÃO 4,5% VGV
Quadro 2: Elementos Base para Custeio do Empreendimento

MÊSES
TER e DCO 100% 0/0
CDC 30% 1/8
30% 9 / 16
40% 17 / 24
Velocidade Esperada para a 100% 4 / 24
Comercialização
MCA 100% 0 / 24
PPM 50% 1/5
50% 5 / 24
COM 100% 4 / 24
Quadro 3: Previsão de Desembolsos

Para este caso, estão inclusos nas despesas conexas ao terreno, o

IPTU pago ao longo dos 24 meses e demais despesas com a documentação e

registro do terreno, que giram em torno de 3% do valor do deste.

4.1.3 Cenário de Mercado

As variáveis estipuladas para a composição do cenário de mercado

para este estudo de caso, podem ser notadas no quadro 4. Neste quadro pode ser
37

observado o valor geral de venda (VGV), estipulado para as unidades residenciais. A

empresa responsável pelo empreendimento, realizou um estudo de mercado para

auxiliar na decisão sobre o porte do público alvo e o valor médio das unidades,

dentre ouras questões.

VALOR GERAL DE VENDA 220.000.00 R$ VGV


PAGAMENTO ATÉ O MÊS 24 15 % VGV
ENCAIXE DO REPASSE MÊS 25 85 % VGV
RENDA FAMILIAR MENSAL
DO PÚBLICO ALVO 10.000,00 à 15.000.00 R$
Quadro 4: Estrutura de Preços e Características do Público Alvo

O encaixe da poupança se dará conforme as vendas forem sendo

efetuadas, ou seja, a partir do quarto mês conforme fixado para a velocidade de

comercialização no quadro 3, e distribuída igualmente ao longo dos meses, até o

vigésimo quarto mês. O encaixe do repasse do financiamento para a

comercialização será efetuado ao término da construção, no vigésimo quinto mês.

É importante esclarecer que, os valores referentes ao VGV e, a

renda familiar do público alvo, forão estipuladas pelo responsável pelo

empreendimento em questão. Os demais dados foram estimados hipoteticamente.

4.1.4 Cenário Econômico

Outra porção que compõe o cenário para a análise, é caracterizada

pela influência da economia. Como se sabe, em um país em desenvolvimento, a

presença do risco de inflação é constante. Portanto, devemos lavar em conta, no


38

estudo de viabilidade, a sua influência nos dados de custeio para o

empreendimento.

O quadro 3 apresenta os valores de índices de inflação esperado

para a economia, e que serão considerados nas análises.

IGP ÍNDICE GERAL DE PREÇOS 2,11% ano


INCC INFLAÇÃO SETORIAL 5,15% ano
descolamento 2,98% ano
Quadro 5: Cenário Esperado para a Economia

O Índice Geral de Preços (IGP) e o Índice Nacional da Construção

Civil (INCC) que compõem o quadro 5, foram extraídos de uma tabela de índices

percentuais atualizada até o mês de setembro.

Um fator importante para a realização da análise do desempenho do

empreendimento, sem dúvida é a presença de elementos que servem de

comparação para os indicadores apresentados.

Para o caso em estudo, utilizamos para o custo de oportunidade e

taxa de atratividade os valores expressos no quadro 4. O valor referente a TAT foi

fornecido pelo responsável pelo empreendimento.

COP CUSTO DE OPORTUNIDADE 9% ano


TAT TAXA DE ATRATIVIDADE 15% a 25% ano
Quadro 6: Elementos de Comparação para Rentabilidade Esperada

4.1.4.1 Financiamentos
39

Um dos fatores que caracterizam os empreendimentos incorporados,

é a intervenção de terceiros, financiando o desenvolvimento do empreendimento.

Para o caso em estudo, as condições para o possível financiamento

para a produção e comercialização estão apresentadas no quadro 7.

VOLUME DE FINANCIAMENTO PARA A PRODUÇÃO CDC + MCA = FIN


TAC 4,5% NA ABERTURA
JUROS 12% ANO
LIBERAÇÃO DAS PARCELAS (á partir) 6 MÊS
PAGAMENTO POR REPASSE 25 MÊS

FINANCIAMENTO PARA A COMERCIALIZAÇÃO


TAXA 4,5%
Quadro 7: Financiamento para a Produção e Comercialização

Com relação aos juros estipulados no quadro 7, serão calculados

sobre o saldo devedor reajustado, e seu pagamento será mensal.

No que diz respeito a liberação das parcelas, deverá ser feito

proporcionalmente a produção, ou seja, ao andamento das obras, assim como

estipulado no quadro 3.

No quadro 7, a taxa de abertura de crédito de 4,5% , incidirá sobre o

financiamento para a comercialização, que conforme mostra o quadro 4,

corresponde a 85% do VGV.

4.2 Funcionamento do Modelo (Caso)


40

Assim como foi mostrado no na figura 2, o funcionamento do modelo

para empreendimentos incorporados, tenta simular o fluxo de caixa esperado pelo

empreendedor, segundo dados fornecidos pelo cenário. Como já foi dito, as

operações não ocorrerão ao mesmo tempo durante a realização do

empreendimento, e mesmo aqui, serão tratadas de modo separado, para facilitar a

visualização e compreensão de toda a trama matemática, envolvendo os dados

fornecidos pelo cenário nos itens anteriores.

4.2.1 Etapa 1 ( relativo ao custeio)

A etapa 1, tratará de todos os dados referentes as contas

relacionadas ao custo do terreno e as despesas conexas, custo direto de construção

e margem de contribuição para contas gerais.

O fluxo dos recursos nessa etapa pode ser notado na figura 3.

Como esta etapa não leva em consideração a atuação do sistema

financeiro, nem do encaixe de vendas dos imóveis, ao término do processo,

obteremos o nível máximo de investimentos que seriam necessários considerando

estas hipóteses.

A princípio, parece utópico alcançar este nível máximo de

investimentos, pois já consideramos a presença de recursos financeiros externos. E

mesmo não sendo o encaixe de vendas, durante o período de construção, algo

premeditável, por sorte, torna-se muito difícil alcançar estes valores. Mas esta
41

relação, nos permite ter uma noção primitiva da capacidade de suporte que o

empreendedor necessita, para não ter surpresas ao longo da empreitada.

Figura 3: Funcionamento da Etapa 1


Adaptado: Lima Jr., 1991. p.14.

O descolamento está descrito no quadro 8 e advem da relação

matemática entre o índice geral de preços (IGP) e o índice de inflação do setor da

construção civil, neste caso, o INCC, e se faz necessária pela tendência do custeio

em variar sob influência de índices de inflação, diferentes daqueles que influenciam

a receita.
42

O quadro 8 apresenta a formulação matemática a ser utilizada no

quadro 9, onde (CDM) é o custo direto de construção majorado pelo descolamento,

(MCM) representa a margem de contribuição para contas gerais calculadas mês a

mês e (REP) representa os recursos exigidos para a produção.

DESCOLAMENTO ((1+INCC)/(1+IGP))-1
CDM (mês k) PARCELA (k) x (1 + DESCOLAMENTO)^k x CDC
MCM (mês k) (MCA x VGV x 30 ) / (24 MESES)
REP TER + DCO + CDM + MCM
Quadro 8: Relações Matemáticas para o Custeio da Construção

Tendo em mãos as relações matemáticas demonstradas no quadro

8 e os demais dados do cenário descritos nos itens anteriores, já podemos modelá-

los e obter as primeiras conclusões.

MÊS TER e DCO DESCOLAMENTO CDM MCA REP


mensal acumulado
0 387888.00 387888.00 387888.00
1 1.0024 160815.81 13750 174565.81 562453.81
2 1.0049 161209.45 13750 174959.45 737413.27
3 1.0074 161604.05 13750 175354.05 912767.32
4 1.0098 161999.62 13750 175749.62 1088516.94
5 1.0123 162396.16 13750 176146.16 1264663.10
6 1.0148 162793.67 13750 176543.67 1441206.77
7 1.0173 163192.15 13750 176942.15 1618148.92
8 1.0198 163591.6 13750 177341.60 1795490.52
9 1.0222 163992.03 13750 177742.03 1973232.55
10 1.0247 164393.45 13750 178143.45 2151376.00
11 1.0273 164795.84 13750 178545.84 2329921.84
12 1.0298 165199.22 13750 178949.22 2508871.07
13 1.0323 165603.59 13750 179353.59 2688224.66
14 1.0348 166008.95 13750 179758.95 2867983.61
15 1.0374 166415.3 13750 180165.30 3048148.91
16 1.0399 166822.65 13750 180572.65 3228721.56
17 1.0424 222974.65 13750 236724.65 3465446.21
18 1.0450 223520.44 13750 237270.44 3702716.65
43

19 1.0475 224067.56 13750 237817.56 3940534.21


20 1.0501 224616.03 13750 238366.03 4178900.24
21 1.0527 225165.83 13750 238915.83 4417816.07
22 1.0553 225716.99 13750 239466.99 4657283.06
23 1.0578 226269.49 13750 240019.49 4897302.54
24 1.0604 226823.34 13750 240573.34 5137875.88
25

TOTAL 387888.00 4419987.9 330000.00 5137875.88
% 7.54% 86.03% 6.43% 100%
Quadro 9: Contas Relativas ao Custeio

4.2.2 Etapa 2 (relativo ao financiamento)

Esta etapa da análise nos permite, principalmente, ter noção do

volume de recursos advindos de financiamentos, que o empreendimento necessitará

se considerarmos esta opção. Vale lembrar que o financiamento disponível para o

estudo deste caso está descrito no quadro 5.

As contas que serão tratadas na etapa 2, estão configuradas na

figura 4. O quadro 10 abaixo contêm as equações que irão compor o quadro 11.

Os significados das siglas da coluna 1 do quadro 10, estão contidas

no próprio quadro.

ENF (Encaixe de Recursos Financiados) = FIN CDC + MCA


ENF (mês k) Parcela (k-1) x FIN
TJU(Taxa de Juros - 1º mês de FIN) TAC x FIN
TJU (mês k) Juros x Saldo Devedor FIN (k-1)
REF (Fluxo de Recursos) REP + ENL (Encaixe Líquido financiamento)
total INV (Total de Investimentos) Mínimo REF acumulado
Quadro 10: Relações Matemáticas para Custeio da Produção com Financiamento
44

Figura 4: Funcionamento da Etapa 2


Adaptado: Lima Jr., 1991. p.16.

MÊS REP Recursos financiados Fluxo de Recursos INE(Investimento


s
ENF TJU ENL REF(mensal REF(acumulado exigidos)
) )

0 -387888 -387888 -387888 387888


1 -174566 -174566 -562454 174566
2 -174959 -174959 -737413 174959
3 -175354 -175354 -912767 175354
4 -175750 -175750 -1088517 175750
5 -176146 -176146 -1264663 176146
6 -176544 863991 -207358 656633 480089 -784574 0
7 -176942 172798 -8208 164590 -12352 -796926 0
8 -177342 172798 -9849 162949 -14393 -811319 0
9 -177742 172798 -11491 161307 -16435 -827754 0
45

10 -178143 172798 -13133 159665 -18478 -846232 0


11 -178546 172798 -14774 158024 -20522 -866754 0
12 -178949 172798 -16416 156382 -22567 -889321 0
13 -179354 172798 -18057 154741 -24613 -913933 0
14 -179759 172798 -19699 153099 -26660 -940593 0
15 -180165 172798 -21341 151458 -28708 -969301 0
16 -180573 172798 -22982 149816 -30757 -1000058 0
17 -236725 172798 -24624 148174 -88550 -1088608 0
18 -237270 230398 -26265 204132 -33138 -1121746 0
19 -237818 230398 -28454 201943 -35874 -1157620 0
20 -238366 230398 -30643 199755 -38611 -1196232 0
21 -238916 230398 -32832 197566 -41350 -1237582 0
22 -239467 230398 -35020 195377 -44090 -1281671 17008
23 -240019 230398 -37209 193188 -46831 -1328503 46831
24 -240573 230398 -39398 191000 -49574 -1378076 49574
25 0 230398 -41587 188811 188811 -1189266 0

total -5137876 4607950 -617753 3948610 -1189266 0 1378076
100% 13.40% 85.64%
Quadro 11: Contas Relativas ao Financiamento da Produção

Os valores de ENL (encaixe líquido do financiamento), são obtidos

pela subtração dos valores de ENF, de mês a mês, por TJU do mês correspondente.

4.2.3 Etapa 3 (relativo a repasse e vendas)

O fluxo financeiro desta etapa, tratará basicamente dos recursos

advindos das vendas, e dos conseqüentes gastos com propaganda, promoção e

marketing (PPM) e com comercialização (COM). O quadro12 contém toda a relação

entre essas transações.

Veloc Encaixe Receita Encaixe Paga/ Fluxo de Recursos INC


.
MÊ de de PPM COM Líquida Líquido do do RLP+ELR+FIN=REV
S (%) da
Vend Poupança Poupança Repasse FIN Mensal Acumulado
as
0
1 -9900.00 -9900.00 -9900.00 -9900.00 -9900.00
46

2 -9900.00 -9900.00 -9900.00 -19800.00 -9900.00


3 -9900.00 -9900.00 -9900.00 -29700.00 -9900.00
4 4.76 47142.86 -9900.00 -14142.86 23100.00 23100.00 -6600.00
5 4.76 47142.86 -9900.00 -14142.86 23100.00 23100.00 16500.00
6 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 46894.74
7 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 77289.47
8 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 107684.21
9 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 138078.95
10 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 168473.68
11 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 198868.42
12 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 229263.16
13 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 259657.89
14 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 290052.63
15 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 320447.37
16 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 350842.11
17 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 381236.84
18 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 411631.58
19 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 442026.32
20 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 472421.05
21 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 502815.79
22 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 533210.53
23 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 563605.26
24 4.76 47142.86 -2605.26 -14142.86 30394.74 30394.74 594000.00
25 5357550.0 -4620186.3 737363.66 1331363.66

Tot 100 990000.0 - - 594000.00 5357550.0 -4620186.3 1331363.6 -29700.00


al 0 99000.00 297000.00 6
100% 100% 10% 30% 60% 100% 86.24%
Quadro 12: Contas Relativas a Repasse e Vendas

A velocidade das vendas, assim como o estipulado no quadro 3,

está distribuída igualmente ao longo dos meses, porém inicializa a partir do quarto

mês. O encaixe da poupança se dá na mesma proporção.

A receita líquida da poupança é obtida pela subtração dos gastos de

propaganda, promoção e marketing e dos gastos com comercialização, do encaixe

da poupança em cada mês.

O encaixe líquido do repasse, é o valor do repasse do financiamento

para a comercialização descontado de 4,5%, assim como determinado no quadro 7.


47

A coluna INC, representa os investimentos necessários

considerando estas transações.

4.2.4 Etapa 4 (Totalização)

A última etapa nos permite uma visualização de todas as contas e

fluxos baseados em resultados mostrados nas etapas anteriores. Onde conclui-se

todo o fluxo financeiro mostrado na figura 2.

O fluxo de caixa simulado nesta etapa, pode ser observado no

quadro 9 e 10. Esta divisão se deve a opção por demonstrar os fluxos de caixa com

e sem encaixe de vendas, separadamente. Com isto, temos a oportunidade de

observar a influência das vendas durante o período de construção, no que diz

respeito aos níveis de investimentos e retorno e sua relação.

Ao analisar o fluxo de caixa sem levar em consideração o encaixe de

vendas, observa-se que esta consideração, gera a oportunidade de observar uma

situação financeira limite a que o investidor poderá se encontrar, após a decisão por

realizar o empreendimento. Este fator pode auxiliar o investidor nesta decisão.

MÊS REP ENL Fluxo de caixa sem vendas


REP+ENL=FLI INS Fluxo após RTS
Investimento
mensal acumulad
o
0 -387888 0 -387888 -387888 387888 0 0
1 -174566 0 -174566 -562454 174566 0 0
2 -174959 0 -174959 -737413 174959 0 0
3 -175354 0 -175354 -912767 175354 0 0
4 -175750 0 -175750 -1088517 175750 0 0
5 -176146 0 -176146 -1264663 176146 0 0
6 -176544 656633 480089 -784574 0 480089 0
48

7 -176942 164590 -12352 -796926 0 467737 0


8 -177342 162949 -14393 -811319 0 453344 0
9 -177742 161307 -16435 -827754 0 436909 0
10 -178143 159665 -18478 -846232 0 418431 0
11 -178546 158024 -20522 -866754 0 397909 0
12 -178949 156382 -22567 -889321 0 375343 0
13 -179354 154741 -24613 -913933 0 350730 0
14 -179759 153099 -26660 -940593 0 324070 0
15 -180165 151458 -28708 -969301 0 295362 0
16 -180573 149816 -30757 -1000058 0 264606 0
17 -236725 148174 -88550 -1088608 0 176055 0
18 -237270 204132 -33138 -1121746 0 142917 0
19 -237818 201943 -35874 -1157620 0 107043 0
20 -238366 199755 -38611 -1196232 0 68432 0
21 -238916 197566 -41350 -1237582 0 27082 0
22 -239467 195377 -44090 -1281671 17008 0 0
23 -240019 193188 -46831 -1328503 46831 0 0
24 -240573 191000 -49574 -1378076 49574 0 0
25 0 188811 188811 -1189266 0 188811 -188811

TOTAL -5137876 3948610 -1189266 1378076 -188811
Quadro 13: Fluxo de Caixa do Empreendimento – Sem Encaixe de Vendas

MES REP ENL RLP ELR + FIN Fluxo de caixa com vendas
REP+ENL+RLP+ELR+FIN INV Fluxo após RET I/R
Invest
mensal acumulado
0 -387888 0 0 0 -387888 -387888 387888 0 0 387888
1 -174566 0 -9900 0 -184466 -572354 184466 0 0 184466
2 -174959 0 -9900 0 -184859 -757213 184859 0 0 184859
3 -175354 0 -9900 0 -185254 -942467 185254 0 0 185254
4 -175750 0 23100 0 -152650 -1095117 152650 0 0 152650
5 -176146 0 23100 0 -153046 -1248163 153046 0 0 153046
6 -176544 656633 30395 0 510484 -737679 0 510484 -464087 -464087
7 -176942 164590 30395 0 18043 -719636 0 528527 0 0
8 -177342 162949 30395 0 16002 -703635 0 544529 0 0
9 -177742 161307 30395 0 13960 -689675 0 558488 0 0
10 -178143 159665 30395 0 11917 -677758 0 570405 0 0
11 -178546 158024 30395 0 9873 -667885 0 580278 0 0
12 -178949 156382 30395 0 7828 -660057 0 588106 0 0
13 -179354 154741 30395 0 5782 -654275 0 593888 0 0
14 -179759 153099 30395 0 3735 -650541 0 597623 0 0
15 -180165 151458 30395 0 1687 -648854 0 599310 0 0
16 -180573 149816 30395 0 -362 -649215 0 598948 0 0
17 -236725 148174 30395 0 -58156 -707371 0 540792 0 0
18 -237270 204132 30395 0 -2744 -710114 0 538049 0 0
19 -237818 201943 30395 0 -5479 -715594 0 532569 0 0
20 -238366 199755 30395 0 -8217 -723811 0 524353 0 0
21 -238916 197566 30395 0 -10955 -734766 0 513397 0 0
22 -239467 195377 30395 0 -13695 -748461 0 499702 0 0
23 -240019 193188 30395 0 -16436 -764897 0 483266 0 0
49

24 -240573 191000 30395 0 -19179 -784076 0 464087 0 0


25 0 186622 749600 936222 152145 0 1400308 -936222 -936222


Total -5137876 3946421 594000 749600 152145 1248163 -1400308 -152145

Quadro 14: Fluxo de Caixa do Empreendimento – Com Encaixe de Vendas

A coluna I/R, representa a relação entre a coluna de investimentos e

a coluna de retorno.

Se observarmos os dois quadros, e atentarmos aos níveis de

investimentos, podemos concluir, que a diferença não é expressiva, porém se

atentarmos a colunas dos retornos, RTS e RET, percebemos que a diferença é mais

representativa, como era de se esperar. Isso se deve, a uma maior quantidade de

investimentos nos primeiros meses, e se considerarmos que as vendas foram

estimadas para começar a partir do mês 4, já era de se esperar que não houvesse

muita diferença no que diz respeito aos níveis de investimento.

4.2.5 Indicadores de Resultado do Empreendimento

Após a concretização de toda a trama matemática realizada nas

etapas anteriores, chegamos aos valores que serão objeto de análise na seqüência

deste trabalho.

Estes valores, permitirão ao empreendedor ter noção da capacidade

de suporte que será necessária para o empreendimento, em função das diversas

condições de risco introduzidas durante a confecção dos indicadores. Também irá

mostrar, quais são os detalhes que exigirão maior atenção por parte do

empreendedor, antes e durante a realização do empreendimento.


50

Os indicadores de resultado se dividem basicamente em duas

classes: os indicadores quantitativos e os indicadores qualitativos, e serão

detalhados a seguir.

4.2.5.1 Indicadores Quantitativos

Os indicadores quantitativos são representados pelos valores brutos

das análises, demonstrados geralmente por uma porcentagem do total de gastos.

Estes valores são mostrados no quadro 14.

Como pode ser observado no quadro 11, o terreno e suas despesas

intrínsecas, somado as despesas do custeio da construção, totalizam 89,89% de

todo o custeio. O que nos leva a concluir que, deve-se destinar cuidado especial a

essas variáveis, através de um sistema de monitoramento constante que detecte

qualquer distúrbio em relação ao que era esperado.

RECEITAS DE VENDA
Receita de Poupança 990.000,00
Despesas com PPM -99.000,00
Despesas de Comercialização -297.000,00
Receita Líquida dos Repasses
Volume de Repasses 5.610.00,00
Taxas de Repasse -252.450,00

CUSTEIO DA PRODUÇÃO
Compra do Terreno e DCO -387.888,00
Custeio da Construção -4.419.987,9
Margem de Contribuição para Contas Gerais -330.000,00
Despesas Financeiras
TAC -207.357,76
Juros -410.395,58

RESULTADO DO EMPREENDIMENTO (REM) 195.921,26


Quadro 15: Indicadores Quantitativos
51

4.2.5.2 Indicadores Qualitativos

Os indicadores qualitativos correspondem a maior parte dos

indicadores de resultado do emprendimento.

O nível de investimentos (INV) é um importante indicador financeiro

para o empreendimento assim como o retorno (RET).

REM Resultado do Empreendimento (R$) 195.921


INV Investimento (R$) 1.248.163
RET Retorno (R$) 1.400.308
ALV Fator de Alavancagem 4,11635
TIR Taxa Interna de Retorno (a.a) 8,76%
PRI(mês) Prazo de Recuperação dos Investimentos 25
Quadro 16: Indicadores Qualitativos
52

5 ANÁLISE DE RISCOS DO EMPREENDIMENTO

Este capítulo analisará os indicadores de resultado oferecidos pela

análise matemática demonstrada anteriormente, e proporcionará comentários sobre

os riscos inerentes a realização do empreendimento.

Serão realizadas distorções no cenário, com o objetivo de simular

possíveis deformações que o empreendimento apresentaria. Isso torna possível a

obtenção de valores, para que o empreendedor tenha noção da capacidade de

suporte que deverá ter, como condição de decidir sobre investir ou não.

Porém, para Lima Jr. (1991), o objetivo principal da análise de riscos

não é, pura e simplesmente, observar o valor do indicador de desempenho, mas

sim, analisar a sensibilidade com relação as alterações destes indicadores, em

função da distenção desta variável entre o que era esperado e o que consideramos

limite, e a velocidade com que ocorre esta detenção.

Para melhor se entender as origens dos riscos, as análises serão

divididas segundo seu ambiente de origem. Riscos inerentes a: Estrutura do

Empreendimento, Estrutura da Empresa, Economia e Mercado. Algumas destas

análises serão simplesmente comentadas, outras serão melhor tratadas.

5.1 Riscos inerentes a Estrutura do Empreendimento

Este item promoverá a análise dos riscos relacionados

especificamente à estrutura do empreendimento.


53

5.1.1 Variação do Custo em Relação ao Orçamento

Observando o quadro 9, vimos que os custos de construção

equivalem a 86,03% do total do custeio para a produção, valor extremamente

significativo. Somente este dado já nos permite concluir que, qualquer variação

deste item introduz um considerável risco nas análises.

Fica claro, a necessidade da implantação de mecanismos de

controle para desvios do orçamento inicial. É evidente o grau de importância da

qualidade do orçamento utilizado nas análises. De acordo com os critérios para a

confecção do orçamento e da experiência de quem o faz, tem-se a noção do quanto

este orçamento pode ser confiável. Portanto, este fator também é responsável pela

introdução de novos riscos, pois nunca se sabe o quão confiável é, o orçamento em

que estamos baseando nossa análise.

Ao computar os gastos com a produção, multiplicamos os valores do

custeio, advindos do orçamento, pelo fator descolamento. A partir daí, nos

baseamos nos valores majorados, para realizarmos as análises subseqüentes.

Consequentemente, temos a introdução de um determinado grau de segurança com

relação aos desvios do orçamento. Para Lima Jr. (1991) o efeito do descolamento,

deve ser tratado como uma verba destinada a absorção de possíveis desvios.

Porém, o descolamento reflete uma possível distorção das variáveis econômicas.

Então, além do descolamento, devemos considerar nas análises, variações de

orçamento para termos sabermos suas conseqüências.


54

O quadro 17 mostra alguns valores provenientes de distorções

impostas ao orçamento (CDM), e conclui-se que os valores da taxa interna de

retorno, sem considerar os aumentos, é considerado baixo e com os aumentos do

CDM chegaram a valores negativos. Deve-se lembrar, que a TIR sem o aumento, já

se encontrava em patamar abaixo do COP e TAT.

Aumento
CDM TIR INV ALV
(%) (% a.a.) (R$)
0 8,76 1248163 4,12
5 -3,47 1288564 4,16
10 -9,83 1328966 4,14
15 -21,62 1447075 4,01
20 -30,89 1668074 3,61
Quadro 17: Distorções no Orçamento Inicial

Distorções de CDM

50 1800000
40 1700000
30
1600000
20
10 1500000
TIR
0 1400000
Investimento
-10 0 5 10 15 20
1300000
-20
1200000
-30
-40 1100000

-50 1000000
Distorção de CDM (%)

Figura 5: Aumento de CDM e Suas Conseqüências na TIR e Níveis de Investimento

Os valores de INV se comportaram como era de se esperar. Houve

incremento nos níveis de investimento em valores pouco expressivos. A

alavancagem pouco variou, em relação ao seu valor sem aumento do CDM.


55

5.1.2 Alteração de Investimentos Iniciais

Outro fator importante a ser analisado, se origina de possíveis

alterações nos investimentos iniciais. Como por exemplo, variação do valor do

terreno e despesas conexas, ou então, seu pagamento em parcelas.

Provocar grandes variações no valor do terreno pode parecer um

tanto fora da realidade, será considerado apenas a opção do pagamento do terreno

em parcelas, baseando-se em algumas opções, como pode ser observado no

quadro 18.

A coluna do mês, refere-se em quantos e, em que meses será

parcelado o valor do terreno, considerando iguais parcelas.

TIR INV
MÊS (% a.a.) (R$) ALV
0-0 8,76 1248163 4,12
0-3 9,03 1226278 4,2
0-6 9,32 1192751 4,31
0-10 9,54 1071850 4,79
0-24 9,77 953368 5,39
Quadro 18: Variação das Formas de Pagamento do Terreno

Como podemos perceber, a variação mais sensível ocorre para o

nível de investimentos, que tende a diminuir quando consideramos os valores das

parcelas divididas em mais meses. A TIR e ALV aumentam relativamente com a

mesma variação. Conclui-se que lutar por pagar o terreno em parcelas dispersas,

pode se tornar um excelente negócio, na busca por diminuir os riscos.


56

5.1.3 Juros e TAC

Este item mostra a importância do volume dos custos referentes ao

financiamento. Estes custos são originados da TAC e dos juros cobrados sobre o

financiamento da produção e da comercialização. Se somarmos os valores dos itens

citados anteriormente, conclui-se que representam 13,6% do total de gastos.

Se pensarmos que, se não houvesse sido feito nenhum

financiamento para a produção e comercialização, esta porcentagem estaria se

somando a lucratividade do empreendedor, parece um cenário satisfatório. Porém,

os níveis de investimentos seriam enormes, exigindo demais do empreendedor. Ao

optar por fazer um financiamento, supõe-se que o empreendedor não possua

capacidade de suporte para construir sem ser financiado. Logo, estes valores

parecem aceitáveis.

Mas se compararmos com o resultado do empreendimento,

chegamos a conclusão que representam cerca de 4,4 vezes o REM, o que é

bastante considerável e merece atenção.

O quadro 19 fornece uma relação entre aumentos da somatória

destes custos financeiros e a variação do resultado empreendimento (REM).

Aumento REM
(%) (R$)
0 195921
5 165033
10 134145
15 103258
Quadro 19: Relação Entre Aumentos dos Custos Financeiros e REM
57

Aumento de TAC e Juros (%)

250000

200000

150000
REM (R$)
100000

50000

0
0 5 10 15 20

Figura 6: Aumento de TAC e Juros e Respectivos Resultados em REM

Embora as reações nos investimentos e retornos sejam pequenas,

pode-se notar que há uma tendência a diminuição dos níveis de investimento. Nota-

se também, um crescimento óbvio da representatividade destes aumentos em

relação ao resultado do empreendimento (REM).

O quadro 19 nos fornece os aumentos de TAC e os juros e suas

relações com a taxa interna de retorno (TIR). Observa-se uma diminuição da TIR,

em relação a estes aumentos. Porém, podemos notar que esta variação dos valores

da TIR são muito pequenas, se comparadas com as distensões provocadas na TAC

e juros. Porém, como os indicadores, sem considerarem as distorções, já se

mostravam abaixo do esperado, pouca distensão nos custos financeiros já levaram

os valores da TIR a taxas negativas, o que representa prejuízo.


58

TAC Juros (% a.a.)


(%) 12 16 20
4,5 8,76 0,76 -6,12
8 -0,36 -7,21 -13,06
Quadro 20: Comportamento da TIR Frente a Aumentos da TAC e Juros

5.2 Riscos Inerentes a Estrutura da Empresa

Alguns itens relacionados a estrutura da empresa, também são

responsáveis por influir no resultado do empreendimento, e serão citados a seguir.

5.2.1 Representatividade de MCA

A margem de contribuição para contas gerais (MCA), representa os

gastos inerentes a administração do empreendimento.

O caso, objeto de estudo, se baseou em uma determinada

porcentagem do valor geral de venda (VGV) para ser estabelecido. Porém, mesmo

para a empresa que executa este empreendimento, o valor fixado de 5% do VGV,

pode variar segundo diversos fatores. Se a empresa estiver executando outros

empreendimentos, o valor estimado para MCA pode ser abatido, pois algumas

despesas seriam diluídas.

5.2.2 Desempenho Almejado

Assim como foi descrito no capítulo 2 deste trabalho, toda e qualquer

decisão passa por uma análise estratégica, ou melhor, um planejamento estratégico.

Esta atitude, permite que se possa estar preparado para problemas futuros.
59

Quando definimos os dados de cenário de um empreendimento,

para a realização de uma análise, estamos incluindo nestes valores toda a

experiência vivenciada pelo empreendedor e ainda procuramos acrescentar dados

reais que representem as variáveis conjunturais.

Uma pesquisa de mercado cuidadosamente elaborada, como a que

foi realizada pela empresa que executa este empreendimento, a observação

cuidadosa de variáveis econômicas como os índices de inflação e suas

conseqüências, tudo isso somado a experiência de quem empreende neste setor,

são elementos que proporcionam confiança a quem detem a responsabilidade de

tornar realidade uma obra.

Mas além de tudo o que foi descrito, deve-se traçar algumas metas

que servirão de comparação, ou limite para o desempenho do empreendimento,

dentro do que é esperado. Neste caso, foi utilizado os seguintes indicadores: nível

de investimento, taxa de atratividade e o prazo de retorno dos investimentos.

• Nível de Investimentos

Este indicador permite ao empreendedor ter a possibilidade de

saber, quanto será necessário ser investido, ou seja, desembolsado por ele. É um

indicador bastante direto, pois define uma das condições de capacidade de suporte

que se faz necessária. O empreendedor saberá o que provavelmente deverá

desembolsar ao longo do desenvolvimento do empreendimento.


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• Taxa de Atratividade

Este indicador, assim como o anterior, é definido pelo

empreendedor, baseado em suas expectativas quanto ao rendimento que a obra

poderia lhe proporcionar. Nos dias de hoje, onde a concorrência está cada vez mais

acirrada, esta taxa esta cada vez mais próxima ao custo de oportunidade. Deixando

pouca margem de diferença entre os dois limitantes.

• Prazo de Retorno dos Investimentos (PRI)

Anteriormente foi explicado o significado deste indicador, mas é

aconselhável salientar sua importância. Lima Jr. (1991) explica que, em momentos

de instabilidade conjuntural, a prioridade da tomada de decisão, tenderá a priorizar

empreendimentos onde o retorno é mais rápido, ao invés daquele com melhor

resultado.

5.3 Riscos Inerentes a Economia

Será analisado neste item, toda a relação que o empreendimento

possui com a economia, salientando as conseqüências financeiras que esta variável

conjuntural proporciona.

5.3.1 O Efeito do Descolamento

O descolamento representa a diferença de patamares entre, o índice

geral de preços (IGP) e o (INCC) índice nacional da construção civil. Estes dois
61

medidores de inflação não caminham da mesma maneira devido a problemas

estruturais do setor da construção civil, em especial o de empreendimentos.

Em razão de problemas estruturais de treinamento e qualificação


continuada de mão de obra, durante o próprio processo de construir,
com os ajustes relacionados à mobilidade do sistema de produção, à
sua ativação em prazo curto e total desativação em prazo médio,
como também a escala de produção dos insumos industrializados
para o setor, e a natural cartelização de alguns insumos básicos,
tendem os custos de construção a subir num patamar delta de
inflação acima do IGP. (LIMA JR., 1991, p. 30)

O efeito provocado pelo descolamento, se faz necessário graças,

principalmente, ao período de maturação de um empreendimento, do porte do

exemplo representado pelo caso, objeto de estudo. Este período é relativamente

longo, deixando-o vulnerável a oscilações econômicas.

O empreendimento deve ser capaz suportar deformações

provocadas pelo descolamento, em grandes níveis, pois mesmo que a economia

não se comporte para tal, o próprio empreendimento poderá ter desvios, conclui

Lima Jr. (1991)

Para o caso em estudo, foi determinado um descolamento de 2,98%

ao ano. O REM para este caso foi de R$ 195.921, e o custo acrescentado pelo

descolamento no CDC foi de R$ 142.037 o que é bastante significativo. Isto mostra o

quanto é importante a consideração deste efeito nas análises de viabilidade.

Cada caso possui suas particularidades, e este, em especial,

analisando-o do ponto de vista de um empreendimento incorporado, está com uma


62

rentabilidade relativamente baixa, se levarmos em consideração o porte do

empreendimento.

O quadro 21, mostra distorções nos indicadores provocadas por

aumentos no descolamento além daqueles já acrescentados nos custos.

Aumento Descolamento
(% a.a.) TIR INV ALV
0 8,76 1248163 4,11
5 -3,47 1288564 4,16
10 -12,99 1328966 4,2
15 -21,62 1447075 4,01
Quadro 21: Reação dos Indicadores a Aumentos do Descolamento

Como foi dito anteriormente, os indicadores já se encontravam em

patamares abaixo do esperado, considerando COP e TAT. Os indicadores correram

para o caminho esperado, da diminuição. Os níveis de investimento pouco variaram,

se compararmos com grandes incrementos no descolamento.

5.3.2 Prazo de Retorno dos Investimentos (PRI)

Podemos observar com a análise realizada que, o PRI está situado

muito próximo do término da construção. Esta característica não é peculiar a este

caso, em geral, abrange grande parte dos empreendimentos deste porte.

Segundo Lima Jr. (1991), o ideal é que o empreendimento

proporcione um retorno mais breve possível, pois esta demora no retorno induz a

uma série de riscos, principalmente àqueles vinculados ao andamento da economia

e do mercado.
63

5.4 Riscos Inerentes ao Mercado

O fator conjuntural, mercado, pode influir de forma decisiva no

desempenho de um empreendimento, o que não poderia ser diferente para este

caso. Neste item, será discutida esta questão.

5.4.1 – Velocidade das Vendas

Sabemos, que o comportamento do mercado não é previsível, nem

monitorável. Mas para se realizar uma análise de viabilidade de um

empreendimento, precisamos estabelecer um cenário de mercado esperado, para

principiarmos os cálculos.

Para este caso, definimos que as unidades residenciais seriam

vendidas do quarto mês até o vigésimo quarto, considerando uniformemente

distribuídas ao longo desses meses. Esta é um hipótese assumida, que pode estar

longe da verdade, ou ainda, pode coincidentemente acontecer. Como foi dito, o

comportamento do mercado é imprevisível. Vale lembrar, que empresa responsável

pela execução deste empreendimento, realizou pesquisa de mercado, e sabe que

ele é capaz de absorver os imóveis, mas é impossível determinar a proporção de

vendas ao longo dos meses.

Tendo em vista, que a hipótese de venda adotada para o cenário

neste caso, pode variar completamente, é importante analisar, provocando

distorções nestas considerações. Existem diversas opções a atender, porém, temos


64

de escolher aquelas que provoquem variações expressivas nos indicadores, para

proporcionar ao empreendedor ter noção do que ele pode vir a enfrentar.

Poderíamos optar por realizar distorções como: estimar as vendas

concentradas nos últimos meses, considerar diminuição no VGV ou ainda,

considerar perda do poder de compra do público alvo.

Será considerado apenas a primeira opção para fins de cálculo, mas

sabemos que todas as opções proporcionariam alterações nos indicadores. O

quadro 22 mostra a relação que estes retardos nas vendas provocam nos

indicadores.

Já é permitido notar, que há uma diferença pouco relevante com

relação aos indicadores. Percebe-se que a alavancagem pouco se altera. Para Lima

Jr. (1991), essas pequenas alterações na ALV, são influenciadas principalmente

pelo repasse, que por sua vez, contribui decisivamente para a taxa de retorno.

(%)
Unidades TIR
Vendidas Meses (% a.a.) ALV
100 4 24 8,76 4,11
100 10 24 8,44 3,91
100 18 24 6,86 3,9
100 22 24 6,11 3,85
Quadro 22: Alterações dos Indicadores Sob Influência de Alterações nas Vendas

5.5 Observações Finais de Análise


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De acordo com o que foi apresentado nas análises anteriores,

conclui-se que existem riscos consideráveis na opção pela realização deste

empreendimento no sistema de financiamento da produção e comercialização.

A taxa interna de retorno, sem considerar distorção no cenário,

apresentou-se abaixo da taxa de atratividade (TAT) e do custo de oportunidade

(COP). Os níveis de investimento, se comparados com o resultado do

empreendimento (REM), são extremamente altos. Sabendo que estes são os

elementos impostos como limitantes comparativos, talvez fosse motivo para que o

empreendedor optasse pela não realização do empreendimento de modo

incorporado.
66

6 CONCLUSÃO

Para se obter sucesso financeiro em empreendimentos de

construção civil, torna-se necessário a realização do planejamento estratégico e

operacional. Este norteará a decisão de realizá-lo ou não e caso se decida por sua

realização, definirá as estratégias necessárias ao seu desenvolvimento

Os riscos inerentes as operações presentes podem ser obtidos por

meio de uma ferramenta de análise de viabilidade econômico-financeira, que

permitirá o monitoramento das diversas variáveis e consequentemente minimizará

os riscos de perda dos resultados. No caso deste trabalho, buscou-se demonstrar a

utilidade desta ferramenta no estudo de viabilidade de empreendimentos

incorporados, que possuem como principal característica, a presença de terceiros,

financiando a produção e a comercialização.

Para que fosse possível explicar o funcionamento deste método de

análise, utilizou-se de dados de caso real, um condomínio residencial horizontal,

situado na cidade de Apucarana no Paraná.

A técnica utilizada nesta análise, é fruto de intensa pesquisa,

deixando claro que, o objetivo principal não era apenas, o de realizar uma análise de

viabilidade para o empreendimento Residencial Villagio José Rosa, mas

principalmente, demonstrar como utilizar as técnicas para a realização de um estudo

de viabilidade econômica e financeira, e sua imensa importância no auxílio da

tomada de decisões para o empreendedor.


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Procurou-se expor estas técnicas, de modo a permitir que qualquer

pessoa pudesse entendê-la e utiliza-la, quando houvesse necessidade.

Tendo em vista que a realização de análises de viabilidade

econômico-financeiras, pouco fazem parte da cultura da maioria dos

empreendedores, acredita-se que este trabalho ofereça contribuição aqueles que

desejarem maior entendimento desta ferramenta.

A definição das variáveis de cenário, a construção do mecanismo

matemático do modelo, a extração dos indicadores de desempenho e a conseqüente

análise, contribuiu ao autor deste trabalho, a oportunidade de enriquecimento

intelectual, não somente no que diz respeito às técnicas apresentadas, mas também

na elevação do espírito crítico na elaboração de trabalhos de pesquisa e análise.

Entende-se que esta contribuição servirá por toda a vida profissional e pessoal.

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