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Abstract: The diagnosis of cancer has a significant impact on both patients and their
families, as potential stressors put them in a situation of vulnerability. With the purpose
of analyzing the psychosocial impact of childhood cancer diagnosis this research was
attended by 12 children, aged from 6 to 12 years (M = 8.75, SD = 2.05), and theirs
caregivers, in a hospital in Grande Vitória, in Espirito Santo, Brazil. The coping with the
hospitalization (Coping with Hospitalization Scale) and psychosocial risk (Psychosocial
Assessment Tool / PAT) were evaluated. Social-demographic and clinical variables were
evaluated (medical records). Data were submitted to descriptive statistical analysis.
The family presented clinical psychosocial risk. About coping, adaptive strategies were
verified, as distraction and social support and also less adaptive strategies, as rumina-
tion. This study presents contributions to children coping and indicates possible sources
of psychological intervention.
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Endereço para correspondência: Fernanda Rosalem Caprini, Av. Fernando Ferrari, 514, Vitória, ES, CEP
29060-970. E-mail: fernandacaprini@gmail.com
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O impacto do câncer infantil
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ISSN 1516-3687 (impresso), ISSN 1980-6906 (on-line).
Fernanda Rosalem Caprini, Alessandra Brunoro Motta
Método
Participantes
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Instrumentos
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varia de 0 (nunca) até 4 (sempre). Para cada comportamento, a criança justifica sua
resposta, o que permite a classificação do seu relato nas macrocategorias de enfrenta-
mento: autoconfiança, busca de suporte, resolução de problemas, busca de informa-
ção, acomodação, negociação, delegação, isolamento, desamparo, esquiva, submissão
e oposição. Essa classificação é baseada na Teoria Motivacional do Coping (TMC), pro-
posta por Ellen Skinner e seus colaboradores (Skinner & Zimmer-Gembeck, 2007; Skin-
ner, Edge, Altman, & Sherwood, 2003).
Procedimento
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Resultados
Dados de avaliação do risco psicossocial da família
A análise do escore total do PAT permitiu verificar que mais da metade das famílias
apresentava fatores de risco psicossocial em nível clínico (58,3%), 25% em nível alvo,
e somente 16,7% estava classificada no nível de risco universal.
A análise detalhada dos fatores que geraram a classificação de risco mostrou que,
no período do diagnóstico recente, “Problemas familiares” (M = 0,50) e “Problemas
com a criança” (M = 0,50) representaram contextos que colocam a família da criança
com câncer em uma situação de maior vulnerabilidade. As “Crenças familiares” sobre
a doença (M = 0,03) e o “Suporte social” (M = 0,11), no entanto, apresentaram médias
inferiores, representando menor risco para as famílias no momento do diagnóstico. A
Tabela 1 representa os resultados encontrados em cada uma das subescalas.
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“desanimar” (M = 2,2), “ficar triste”, “assistir à TV” e “rezar” (M = 2,1). Por outro lado,
os comportamentos menos referidos pelas crianças foram “fazer chantagem” (M =
0,5) e “esconder” (M = 0,2) (Figura 1).
Esconder
Fazer chantagem
Pensar em milagre
Ler gibi
Pensar em fugir
Buscar informações
Medo
Sentir culpa
Cantar e dançar
Estudar
Ouvir música
Raiva
Chorar
Brincar
Rezar
Assistir TV
Triste
Desanimar
Conversar
Tomar remédio
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Discussão
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medidos mais de uma vez ao longo do tratamento, já que o curso da doença apresen-
ta fases com estressores compartilhados, mas com intensidade e grau de incapacita-
ção, diferenciados (Rodriguez et al., 2012).
No período do diagnóstico recente, os comportamentos de enfrentamento mais
referidos, por meio do AEH, foram: tomar remédio, conversar e desanimar. Esse dado
se diferenciou de estudos anteriores que utilizaram o AEH junto a crianças com câncer
(Hostert, Motta, & Enumo, 2015), uma vez que desanimar esteve entre as respostas
mais frequentes das crianças. Nesse estudo, o foco esteve no momento do diagnóstico,
em que reações de sofrimento também referidas na medida do risco psicossocial, es-
tão mais presentes.
Junto a esses comportamentos e emoções de valência negativa (desânimo, tristeza,
raiva, medo e culpa), o repertório de enfrentamento das crianças incluiu comporta-
mentos de tomar remédio, conversar e assistir à TV entre os mais frequentes.
O comportamento de tomar remédio foi o mais referido pelas crianças. De fato, o
primeiro mês de diagnóstico compreende um período em que a criança é submetida a
exames para esclarecimentos específicos do diagnóstico e prognóstico da doença, bem
como é iniciada a terapêutica medicamentosa, havendo consonância entre o relato da
criança referente ao comportamento de tomar remédio e a realidade da rotina de
hospitalização. Assim, apesar de o comportamento de tomar remédio se associar com
o estressor PMI, a criança se engaja em atividades prazerosas com as opções disponí-
veis no ambiente e favorece a resolução de problemas, caracterizando, assim, um pro-
cesso adaptativo positivo.
O engajamento da criança no comportamento de assistir à TV, especialmente quan-
do há restrição de movimentos por punção venosa, no entanto, pode levar ao empre-
go de estratégias de enfrentamento de distração passiva (MacLaren & Cohen, 2005).
Segundo esses autores, crianças em uma condição passiva podem se distrair mais e
sofrer menos do que uma criança em situação de distração ativa. Tal como “assistir à
TV”, o comportamento de “conversar” pode ser emitido mesmo em condições restri-
tivas, até mesmo pelo fato de que as crianças têm sempre ao seu lado um adulto res-
ponsável e fonte de suporte social, na maioria das vezes a própria mãe.
Os comportamentos de enfrentamento descritos pelas crianças apresentaram
funcionalidades que permitiram classificá-los em estratégias características das cate-
gorias de enfrentamento de acomodação, relacionada a um desfecho adaptativo
positivo e, também, submissão, relacionada a um desfecho adaptativo negativo
(Skinner & Zimmer-Gembeck, 2007; Ramos, Enumo, & Paula, 2015). Os efeitos nega-
tivos do tratamento, bem como a eminência de exposição a procedimentos doloro-
sos levam a criança a adotar estratégias de ruminação e pensamento intrusivo
diante do estressor que podem ser compreendidas como estratégias de submissão.
Esse dado tem sido encontrado em estudos anteriores com o AEH, os quais são unâ-
nimes em afirmar que a presença dessas estratégias, mesmo diante de um repertó-
rio comportamental que inclui estratégias adaptativas, é indicador da necessidade
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Submissão: 23.3.2016
Aceitação: 20.6.2017
176 Revista Psicologia: Teoria e Prática, 19(2), 164-176. São Paulo, SP, maio-ago. 2017.
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