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CANDIDO, Antonio. Literatura e subdesenvolvimento.

In: A educação pela


noite e outros ensaios. Ática, São Paulo; SP: 1987.

p.153

Tratando sobre a dependência cultural dos países latino-americanos que sofrem


ou deixam-se sofrer pelos europeus, AC diz que no Modernismo brasileiro houve uma
quebra da dependência. Essa é uma superação da dependência, produzir uma obra
influenciada não pela influência externa e sim pela interna. Isto é, não ocorre a
influência estrangeira mas a influência de exemplos nacionais anteriores à produção das
obras.
No modernismo brasileiro os poetas da fase inicial sofreram forte influência
européia. Entretanto, os seus sucessores formadores da geração de 30 e 40 foram
influenciados por eles.
“—como se dá com o que é fruto de influências em Carlos Drummond de
Andrade ou Murilo Mendes. Estes, por sua vez, são inspiradores de João Cabral de
Melo Neto, apesar do que este deve, também, primeiro a Paul Valery, depois aos
espanhóis seus contemporâneos.” (153)
Diz AC que nossa literatura é dependente da literatura européia. “E se
afastarmos os melindres do orgulho nacional, veremos que apesar da autonomia, que
foram adquirindo em relação a estas, ainda são em parte reflexas.”(151)
No Brasil, ou na literatura brasileira não há nada original em termos de
expressão e técnicas. De modo que o que ocorre no Brasil é “afinamento dos
instrumentos recebidos.”(152)
O Modernismo brasileiro tem como fonte influenciadora a França. Diz AC que
não é possível haver ou deixar de haver algum tipo de influência externa a uma
produção literária. (154)
“Sabemos, pois, que somos parte de uma cultura mais ampla, da qual
participamos como variedade cultural. E que, ao contrário do que supunham por vezes
ingenuamente os nossos avós, é uma ilusão falar em supressão de contatos e influências.
Mesmo porque, num momento em que a lei do mundo é a inter-relação e a interação, as
utopias da originalidade ilusionista não subsistem mais no sentido de atitude patriótica,
compreensível numa fase de formação nacional recente, que condicionava uma posição
provinciana e umbilical.” (154)

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A partir dos movimentos literários que se desenvolveram nos anos 20 e da


grande manifestação estética e social que ocorreu nos anos 30-40, além também do
“desenvolvimento econômico e do experimentalismo técnico “observa-se que o destino
final é a interdependência cultural.” O que gerará nos escritores latino-americanos uma
consciência de unidade na diversidade além do amadurecimento de obras.
Diz AC
“O caminho da reflexão sobre o desenvolvimento conduz, no terreno da cultura,
ao da integração transnacional, pois o que era imitação vai cada vez mais virando
assimilação recíproca. “(155)
Visto assim as obras guardarão recursos comuns através da interdependência.
(154)
O estado de dependência aos modelos externos faz gerar determinadas
características ao modelo dependente. Um exemplo disso são os regionalismos. Em
razão até mesmo de sua dependência, a força criadora limita-se apenas ao tratamento de
aspectos locais, tornando os seus elementos constituintes, em elementos exóticos.
Na verdade, pouco importa a ambientação da trama da obra. O que lhe dá
qualidade certamente não serão os fatores que caracterizam o localismo regional e sim
os aspectos formais constituintes da obra. Rural ou urbana tanto faz à obra isto será
apenas uma moldura, como bem disse AC. (158)

Na literatura brasileira o regionalismo em especial aquele da fase de “pré-


consciência do subdesenvolvimento” para usar a expressão de AC (159), faz localizar
com certa precisão a realidade local.
O regionalismo não é mais visto como uma boa forma de expressão literária
nacional porque não ultrapassa em sua tomada de posição aspectos locais. Desta forma
pode inclusive tornar-se fator de alienação, visto que a realidade econômica que funda o
subdesenvolvimento é ainda o ponto basilar.

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Nos anos de 30-40 o regionalismo brasileiro componente da fase de pré-
consciência do subdesenvolvimento caracterizou-se pela abordagem social de forma
mais realista. Daí ter sido inclusive caracterizado como romance social. Fase essa em
que as abordagens traduziram uma condição de realidade social de forma crítica,
expondo problemas humanos pertinentes a grupos sociais desprotegidos.
Nas obras regionalistas, em especial da literatura do nordeste, a partir de 1930,
passamos a encontrar uma preocupação com a transfiguração da realidade social. As
condições humanas precárias são representadas e denunciadas através de um realismo
social.

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Para nesse contexto elegermos uma obra de qualidade é necessário que haja um
afastamento dos aspectos pitorescos que tanto caracterizou obras regionalistas. O que
deve existir é um tratamento sobre o objeto homem, transfigurando-o através de
técnicas refinadas. (161)

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