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Desempenho de um Motor de Indução Trifásico
Submetido a Distorções Harmônicas na Tensão
de Alimentação
Claudio Marzo Cavalcanti de Brito e Ruth Pastôra Saraiva Leão
Abstract—This paper analyzes the electromechanical efforts of
a three-phase induction motor of 3 hp, 220 V, 60 Hz, 4 poles,
operating at full load, under the influence of voltage harmonic
distortion, using the SIMULINK/MATLAB as the simulation
tool. The symmetrical components method is used to show that
the variation of the sequence impedances affects mainly the rms
current and the true power factor of the machine. Although the
average electromagnetic torque is practically not affected, the
instantaneous torque has a considerable oscillation that can
produce an undesirable mechanical stress on the machine shaft.
It is also showed that the displacement power factor does not
indicate the presence and influence of the distortion on the
induction motor, therefore the true power factor is the correct
measurement recommended.
Index Terms—Voltage harmonic distortion, three-phase
induction motor, power quality
I. INTRODUÇÃO
N OS sistemas de distribuição, cargas não lineares
absorvem da fonte correntes não senoidais que podem
distorcer a tensão devido à interação com a impedância
equivalente à montante da barra da carga. Exemplos típicos de
cargas não lineares incluem toda sorte de equipamentos
largamente utilizados em residências, comércio e indústria,
com conversores estáticos na entrada, como TV, PC,
impressoras, lâmpadas de descarga, acionamento de
velocidade variável, etc. Cargas conectadas a barramento com
distorção de tensão, mesmo que lineares, sofrem os efeitos da
distorção, e seu desempenho pode ser afetado. Embora
distorcida, a tensão de alimentação é periódica e, portanto,
pode ser decomposta através da série de Fourier em uma série
infinita de ondas senoidais. Considerando k = 0, 1, 2, 3,...,
podem ser observadas as seguintes características nos sinais
distorcidos: 1) harmônicas de ordem h = 3k + 1 são de
Claudio Marzo Cavalcanti de Brito é professor e integrante do Núcleo de
Pesquisa em Eletromecânica e Qualidade de Energia (NUPEQ) da Unidade de
Ensino Descentralizada de Floriano, do Centro Federal de Educação
Tecnológica do Piauí (CEFET-PI / UNED-Floriano), localizado na Rua
Francisco Urquiza Machado, 462, Meladão, Floriano-PI, Brasil, CEP 64.800-
000 (Fone: 89-3257.8517; e-mail: marzo@cefetpi.br).
Ruth Pastôra Saraiva Leão é professora e integrante do Grupo de
Processamento de Energia e Controle (GPEC) do Departamento de
Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caixa Postal
6100, Fortaleza-CE, Brasil, CEP 60.455-760 (e-mail: rleao@dee.ufc.br).
seqüência positiva; 2) harmônicas de ordem h = 3k + 2 são de
sequência negativa; e 3) harmônicas de ordem h = 3k + 3,
chamadas harmônicas triplas, são de seqüência zero. As
distorções harmônicas são geralmente medidas comparando-se
a contribuição total das harmônicas em relação à componente
fundamental do sinal.
Em um motor de indução (MI) tensões de alimentação
distorcidas podem produzir sobreaquecimento, perda de
eficiência, queda do fator de potência verdadeiro e vibrações
mecânicas na máquina. As perdas presentes no rotor sofrem
uma variação maior que as perdas no estator, sendo, portanto,
o sobreaquecimento do rotor o principal problema associado
às distorções de tensão nos terminais do motor de indução [1].
Harmônicas de seqüência positiva e negativa presentes na
tensão de alimentação de um motor de indução geram
oscilações em seu torque eletromagnético. A oscilação
mecânica ocorre devido à interação entre as correntes
harmônicas induzidas no rotor e o campo magnético no
entreferro na freqüência fundamental. Embora o valor médio
das oscilações do torque eletromagnético seja praticamente
zero para quaisquer taxas de distorção de harmônicas
aplicadas ao MI, as oscilações resultantes são suficientes para
aumentar as vibrações no rotor, elevando as perdas por fricção
nos mancais dos rolamentos, reduzindo a vida útil e
aumentando a probabilidade de uma falha mecânica da
máquina. Em motores de eixo curto e pequeno entreferro, as
vibrações podem provocar o roçamento entre o rotor e o
estator, elevando a temperatura nos pontos de atrito [2].
Harmônicas de seqüência positiva tendem a aumentar
levemente o torque eletromagnético do motor, pois a interação
das correntes de seqüência positiva no rotor com o campo
magnético do estator produz um torque positivo, logo a
velocidade sofre uma pequena variação positiva, diminuindo o
escorregamento; por outro lado, harmônicas de seqüência
negativa tendem a gerar um torque contrário ao produzido na
freqüência fundamental, produzindo então uma pequena
variação negativa na velocidade da máquina, aumentando o
escorregamento. No entanto, será visto que as pequenas
variações existentes no escorregamento não são suficientes
para provocar um aumento na corrente fundamental do MI,
sendo, portanto, a elevação da corrente de alimentação função
praticamente da elevação das componentes harmônicas de
corrente. Por causa da elevação da corrente de alimentação do
MI, o fator de potência verdadeiro do motor é seriamente
afetado. A medição do fator de potência verdadeiro permite o
conhecimento da real influência das harmônicas sobre as

cargas motoras, e um dimensionamento adequado relativo ao
consumo de reativos permite uma solução mais eficiente para
a elevação do fator de potência verdadeiro considerado pela
concessionária.
Como o motor de indução é, em geral, conectado em delta
ou estrela não aterrada, as harmônicas de corrente de
seqüência zero não circulam nas linhas. Por outro lado, as
harmônicas de tensão de seqüência zero nunca estão presentes
nas tensões de linha de alimentação do motor. Por isso, o
artigo considera somente as harmônicas de seqüência positiva
e negativa, e apresenta o resultado de um estudo realizado por
simulação no ambiente Simulink/MATLAB, do
comportamento eletromecânico em regime permanente de um
motor de indução de 3 hp, 220 V, 60 Hz, 4 pólos, submetido a
tensões distorcidas de até 20%, com harmônicas de seqüência
positiva e negativa até a 13ª ordem, estando o motor com
carga nominal, e avalia as correntes de alimentação, o
rendimento, fator de potência de deslocamento, fator de
potência verdadeiro, torque eletromagnético e a velocidade do
motor de indução.
II. PARÂMETROS DE MEDIÇÃO DE HARMÔNICAS
Uma onda periódica pode ser transformada em uma série
infinita de ondas senoidais, chamada série de Fourier.
Portanto, um sinal periódico distorcido de tensão e corrente
pode ser decomposto da seguinte forma:
 ∞
 harmônicas de seqüência positiva e negativa (h= 2, 4, 5, 7, 8,
v(t ) = 2 V1 senω1t + ∑Vh sen(hω1t + α h )
 h=2  (1)
 ∞
 os efeitos das harmônicas de seqüência positiva e negativa no
i (t ) = 2  I1 senω1t + ∑ I h sen(hω1t + θ h )
 h=2  MI e é determinado por:
V1, I1 são os valores eficazes fundamentais da tensão e da
corrente; Vh, Ih são os valores eficazes de tensão e corrente
para a harmônica de ordem h; αh, θh são os ângulos de fase da
tensão e corrente para a harmônica de ordem h; ω1 é a
freqüência angular da fundamental.
O valor rms de v(t) ou i(t) se relaciona com os valores rms
das tensões e correntes para cada harmônica de ordem h. Por
exemplo, para a corrente, tem-se:
I rms 2 = I12 + I 2 2 + I 3 2 + ... (2)
De acordo com a norma IEEE Std 519-1992 [3], a taxa de
distorção harmônica de tensão é calculada por:
∞ Conforme a ordem das harmônicas aumenta, pode ser
∑V h
2
TDH V (%) = h =2
× 100% (3)
V1
A norma IEEE Std 519-1992 recomenda para a baixa
tensão uma distorção máxima de 10% na tensão, na situação
em que o consumidor possui muitas cargas não lineares.
2
III. ANÁLISE HARMÔNICA DO MOTOR DE INDUÇÃO
O circuito equivalente monofásico de um motor de indução
trifásico é apresentado na Figura 1, e pode ser utilizado para
análise de MI em regime permanente como sendo um circuito
de seqüência positiva ou negativa [4].
Fig. 1. Modelo Monofásico do Motor de Indução.
Vsh é a componente harmônica de ordem h da tensão de
alimentação; Rs, hXs e Ish a resistência de enrolamento,
reatância de dispersão e corrente do estator, respectivamente;
Rr, hXr e Irh a resistência de enrolamento, reatância de
dispersão e corrente do rotor, respectivamente; hXm e Imh a
reatância e corrente de magnetização, respectivamente; e sh o
escorregamento do motor. O índice h denota a ordem do
harmônico sob consideração. Usualmente o MI é conectado
em delta ou estrela não aterrada, portanto a representação do
circuito de seqüência zero do MI não é incluída no modelo da
máquina. Conseqüentemente serão consideradas somente as
10,...). Para a utilização do circuito na freqüência
fundamental, tem-se que h=1. O escorregamento sh considera
h ± (1 − s1 )
sh = (4)
h
sendo s1, o escorregamento na freqüência fundamental,
definido como:
n s1 − n
s1 = (5)
n s1
ns1 é a velocidade síncrona na freqüência fundamental; n é a
velocidade do rotor. Quando h corresponde a uma
componente de seqüência positiva, o sinal “+” é adotado em
(4) para a determinação de sh; caso seja negativa, é adotado o
sinal “-”.
Em regime permanente, s1 é baixo (em torno de 5%).
observado que sh tende a 1. Portanto, para harmônicas de altas
ordens, existe pouca influência no escorregamento sh do MI.
A impedância equivalente de seqüência ZMh do circuito é
dada por:
 Rr 
( jhX m ) + jhX r 
 sh  (6)
Z Mh = R s + jhX s +
 Rr 
  + jh( X m + X r )
 sh 
 3

A seguir, algumas observações, relativas às medições de parasitas e não inclui o efeito pelicular [8] e parâmetros
fator de potência, rendimento e perdas do MI, submetido a construtivos, tais como tipos de rotor (gaiola ou bobinado) e
tensões de alimentação distorcidas, serão realizadas, tendo o formato de ranhuras [4]. O diagrama de blocos no Simulink
circuito do MI como referência. do motor simulado despreza também as perdas por fricção e
ventilação. Para as considerações das perdas magnéticas em
A. Fator de potência função das harmônicas seria necessária uma modificação no
A norma IEEE Std 519-1992 define dois tipos de fator de circuito do MI no Simulink.
potência:
1) Fator de potência de deslocamento (FPD): relação entre a IV. SIMULAÇÃO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO
potência ativa ou média e a potência aparente da carga na SUBMETIDO A DISTORÇÕES DE TENSÃO
freqüência fundamental; As simulações do MI submetido a distorções de tensão
P (7) foram realizadas no ambiente do Simulink, em um motor de 3
FPD = 1 = cos θ 1 hp, 220 V, 60 Hz, 4 pólos.
S1
A Figura 2 mostra o valor médio das oscilações do torque
2) Fator de potência total (FPT): relação entre a potência ativa
eletromagnético, em pu, para o MI submetido a tensões
total e a potência aparente total entregue à carga.
distorcidas. A potência nominal, a velocidade síncrona e a
∑
∞
Vef ,h ⋅ I ef ,h ⋅ cos θ h tensão de linha são adotadas para determinação dos valores de
FP = h =1 (8)
base. A máxima variação do torque ocorre para TDH = 20% e
∑ ∑
∞ ∞
h =1
V 2
ef , h ⋅ I2
h =1 ef , h h=2, e seu valor é insignificante (0,2%, em relação ao torque
O fator de potência total ou verdadeiro retrata a real influência médio resultante). Logo, o valor médio das oscilações do
que as potências ativa e aparente sofrem devido à presença da torque eletromagnético pode ser considerado igual a zero para
distorção harmônica [5]. quaisquer taxas de distorção harmônica aplicadas ao MI. No
entanto, as oscilações do torque eletromagnético assumem
B. Torque eletromagnético grandes proporções em regime permanente para uma taxa de
Torques pulsantes em um motor de indução são gerados distorção de 20% e uma harmônica de 2ª ordem, conforme
devido à interação entre o fluxo no entreferro produzido pelo pode ser visto na Figura 3.
estator (principalmente por causa da componente fundamental A Figura 4 mostra o escorregamento do MI em função da
de tensão) e os fluxos produzidos pelas componentes TDH, para harmônicas de 2ª à 13ª ordem. O escorregamento
harmônicas de corrente presentes no rotor. Os torques sofre uma maior variação para as harmônicas de ordem 2, 4 e
pulsantes tendem a aumentar as oscilações em regime 5, com influência sobre o torque como mostrado na Figura 2.
transitório de partida do MI se estendendo durante o regime No entanto, as harmônicas de ordem 7, 8, 10, 11 e 13
permanente, provocando efeitos de oscilação na máquina para
praticamente não afetam o torque médio resultante, sendo
harmônicas de baixa ordem [6].
portanto a variação do escorregamento quase desprezível.
O torque eletromagnético desenvolvido pela h-ésima
Embora o escorregamento sofra influência de h e TDH, a
harmônica de corrente no rotor é a relação entre a potência
ativa no entreferro (Ph) e a velocidade angular do MI [7]. No máxima variação é de 2,41%, para h=2 e TDH=20%.
entanto, é importante observar que, para harmônicas de
seqüência positiva, a velocidade será considerada positiva
(sinal “+”); ao contrário, o sinal “-” é utilizado para
harmônicas de seqüência negativa. A expressão final para o
torque eletromagnético, Th, relativo a h-ésima harmônica de
corrente é:
3I r2h Rr
Th = (9)
± hshω1

Observando a expressão (9), verifica-se que para

harmônicas de alta ordem os torques gerados são praticamente
desprezíveis, pois além de as correntes no rotor possuírem
baixas intensidades, devido à elevação da reatância hXr, sh
tende a 1, conforme verificado na expressão (4), e h cresce
inversamente proporcional à Th. No entanto, para harmônicas
de baixa ordem, a interferência dos torques harmônicos Th são Fig. 2. Torque eletromagnético médio do motor de indução
consideráveis na partida e em regime permanente, sendo que, submetido a distorções de tensão.
neste último caso, as oscilações geradas no torque em regime
permanente podem provocar danos à máquina devido às
vibrações. É importante observar que o modelo adotado
despreza as perdas no núcleo por histerese e correntes
 4

seqüência positiva praticamente é desprezível para quaisquer

harmônicas aplicadas, com TDH máximo de 20%.

Fig. 3. Torque eletromagnético do motor na freqüência fundamental e na

presença da 2ª harmônica para TDHV=20%.

Fig. 5. Corrente rms de alimentação do motor de indução em função da

taxa de distorção harmônica da tensão de alimentação.

Fig. 4. Escorregamento do MI em função da TDHV para harmônicas

pares e ímpares de 2ª à 13ª ordem.

Fig. 6. Correntes fundamental e harmônicas em função de TDHV.

A Figura 5 mostra a influência das harmônicas e da
distorção da tensão sobre a corrente de alimentação do MI.
Embora a corrente fundamental do estator sofra influência da
variação do escorregamento, a Figura 6 mostra que mesmo
harmônicas de tensão de baixa ordem e altas TDHV não
contribuem de forma significativa para alterar a componente
de corrente fundamental do MI. A corrente rms de
alimentação do MI aumenta devido unicamente à elevação que
ocorre nas componentes harmônicas de corrente. Pode ser
verificado que praticamente a corrente fundamental
permanece inalterada, enquanto as componentes harmônicas
de corrente sofrem um aumento linear, de acordo com a
relação obtida entre as componentes harmônicas de tensão e as
impedâncias de seqüência do MI para cada harmônica
especificada.
A Figura 7 mostra o comportamento do módulo das
impedâncias de seqüência do MI na presença de harmônicas e
em função da distorção de tensão. Pode ser verificado que Fig. 7. Impedância equivalente do motor de indução trifásico em
somente as harmônicas de ordem 2, 4 e 5 afetam o valor da função de TDHV.
impedância do MI na freqüência fundamental (ZMf); no
entanto, a variação máxima é de 2,22%, quando h=2 e A Figura 8 apresenta o fator de potência de deslocamento
TDH=20%; para as outras harmônicas, ZMf permanece (FPD) do MI submetido a taxas de distorção de até 20%. O
praticamente inalterado. A variação da impedância de FPD é o co-seno do ângulo de defasamento da tensão e

corrente na freqüência fundamental, ou seja, é o co-seno do
ângulo da impedância do MI na freqüência fundamental (ZMf).
Observando a expressão em (5), pode ser deduzido que a
modificação do escorregamento (ver Figura 4) provoca uma
alteração no ângulo de ZMf.
Fig. 8. Fator de potência de deslocamento do motor de indução, em
função da distorção e harmônicas de tensão.
A Figura 9 apresenta o fator de potência de deslocamento
do motor de indução em função de seu escorregamento. Na
região próxima ao escorregamento nominal (3,858%),
considerando uma pequena variação positiva no
escorregamento, o FPD também aumenta; para uma variação
negativa, ou seja, para uma pequena redução do
escorregamento, FPD diminui. Por isso, para harmônicas de
seqüência positiva, que tendem a aumentar levemente a
velocidade do MI, ocorre um pequeno aumento do FPD, e
para harmônicas de seqüência negativa, que tendem a diminuir
a velocidade do MI, ocorre uma redução do FPD. Como as
variações do FPD são mínimas, praticamente desprezíveis (o
valor máximo encontrado foi 0,85%, para h=2 e TDH=20%),
a simples leitura do FPD na presença de harmônicas não é
capaz de indicar o grau de distorção presente na alimentação
do MI. Além do mais, o FPD é falho para avaliar a real
relação que existe entre as potências do motor. A medição do
fator de potência de deslocamento pode criar uma “ilusão” em
relação à verdadeira relação existente entre as potências
aparente, ativa e reativa absorvidas pelo MI.
A Figura 10 mostra o fator de potência total (FP) em
função da taxa de distorção e das harmônicas presentes. Pode
ser observado que, com uma taxa de distorção menor que
10%, somente as harmônicas de 2ª ordem têm uma
modificação considerável em seu FP (para 10% e h=2 a
variação do FP é de 3,7%). Portanto, harmônicas de ordem
maior ou igual a 4 pouco influenciam no fator de potência
verdadeiro do MI para uma taxa de distorção de até 10%. A
utilização do fator de potência total pode indicar com maior
precisão a real situação do consumo de reativos da máquina.
5
Fig. 9. Fator de potência de deslocamento do motor em função do
escorregamento.
Fig. 10. Fator de potência total do motor de indução
em função da distorção e harmônicas.
A Figura 11 mostra o rendimento do MI em função da taxa
de distorção harmônica. Com exceção da harmônica de 2ª
ordem, até TDH=10% não há uma queda considerável no
rendimento do MI. Mas a avaliação do rendimento deve
considerar também o aspecto de funcionamento do MI.
Embora a variação de perdas no estator e no rotor para
harmônicas superiores à 2ª ordem não ultrapasse os 10%, para
um TDH=10%, o real dimensionamento das perdas em um MI
está intimamente relacionado à capacidade da máquina de
dissipação de calor, ou seja, aos aspectos construtivos da
carcaça, núcleo das chapas de aço ferromagnético que
compõem o estator e o rotor, tampas e ventilação. Motores
fabricados para operar em áreas de risco, em ambientes
considerados explosivos, tais como indústrias petroquímicas,
têm um tipo de proteção à prova de explosão que impede uma
boa dissipação de calor, logo a variação de perdas para esses
motores provoca uma elevação de temperatura maior que um
motor fabricado para operar em ambientes de menor
probabilidade de ocorrência de explosões. No entanto, estudos
demonstram que, independentemente da ordem da harmônica
nas correntes do estator e do rotor do MI, o sobreaquecimento
estará presente, provocando uma elevação de temperatura que
pode danificar a isolação e o enrolamento do motor [2]. Por

isso, o sobreaquecimento, a elevação de temperatura e a
vibração do rotor constituem o principal problema relacionado
a harmônicas em motores de indução [9].
Fig. 11. Rendimento do motor em função da taxa de distorção
harmônica
V. CONCLUSÃO
Harmônicas presentes na tensão de alimentação de um
motor de indução provocam alteração em seu torque
eletromagnético e na sua corrente de alimentação podendo
afetar o seu comportamento elétrico. Pequenas variações no
escorregamento são verificadas devido às alterações no torque
médio eletromagnético do motor. Harmônicas de seqüência
positiva tendem a aumentar levemente o torque médio e as de
seqüência negativa a reduzi-lo, afetando assim a velocidade e,
conseqüentemente, o escorregamento do motor. No entanto, a
variação do torque médio e do escorregamento não interfere
de forma significativa, até uma taxa de distorção harmônica de
20%, na componente fundamental da corrente de alimentação
do motor, não chegando a atingir 2,5% de seus valores
originais. Portanto, a variação do torque médio pode ser
considerada desprezível. No entanto, a corrente de
alimentação do motor sofre uma elevação considerável devido
unicamente às altas correntes de seqüência positiva ou
negativa que surgem nos terminais do motor em função da sua
tensão de alimentação.
A medição do fator de potência de deslocamento é falha
para motores de indução com distorções de tensão. Medidores
muito precisos poderiam indicar uma pequena elevação no
fator de potência de deslocamento do motor de indução
submetido a harmônicas de seqüência negativa, e uma redução
para harmônicas de seqüência positiva, criando, assim, uma
falsa avaliação do que realmente poderia representar as
relações existentes entre as potências aparente, ativa e reativa
absorvidas pelo motor. Por isso, a medição do fator de
potência total é imprescindível para avaliar as condições de
funcionamento do motor. Foi verificado que, para harmônicas
de ordem igual ou superior a 4, com taxas de distorção
menores que 10%, a variação no fator de potência total é
praticamente desprezível. Comportamento similar foi
observado com relação às taxas de variação de perdas no
6
estator e no rotor, sendo, portanto, que somente o rendimento
de 2ª ordem foi consideravelmente comprometido para uma
distorção de até 10%.
Pode ser concluído que o motor de indução somente tem
seu comportamento afetado para distorções harmônicas na
tensão de alimentação acima de 10%, para ordem de
harmônicas igual ou superior a 4. No entanto, como foram
consideradas somente as perdas nas resistências do estator e
do rotor, sem influência da freqüência das harmônicas, uma
modificação no circuito de simulação do motor de indução no
ambiente Simulink deve ser considerada, a fim de obter as
perdas devido ao efeito pelicular e às perdas magnéticas por
histerese e correntes parasitas, que sofrem influência da
variação das freqüências das componentes harmônicas na
tensão de alimentação do motor.
REFERÊNCIAS
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Transactions on Power Delivery, vol. 8, no. 2, pp. 672-680, April, 1993.
[2] C.Y. Lee, W.J. Lee, Y.N. Wang, and J.C. Gu, “Effects of Voltage
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Phase Induction Motor”, in: IEEE Industrial and Commercial Power
Systems Technical Conference , Edmonton (Canada), 1998.
[3] IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control
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[4] A. Maamoun, A.M.A. Mahmoud, A.F. Kheireldin, and M.A. Saleh, “The
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4th International Conference on Power Electronics and Variable-Speed
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[5] R.C. Dugan, M.F. McGranaghan e H.W. Beaty, Electrical Power System
Quality. New york: McGraw-Hill, 1996, ch. 5.
[6] R.J.O. Carvalho, “Dynamic Performance of Induction Motor under
Nonsinusoidal Conditions”, in: Proceedings of 10th International
Conference on Harmonics and Quality of Power , Rio de Janeiro
(Brazil), 2002, vol. 1, pp. 122-126.
[7] A.E. Fitzgerald e C. Kingsley Jr., Electric Machinery, 2 ed., McGraw-
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[8] D. Chapman, “Harmonics: Causes and Effects”, Copper Development
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[9] C.Y. Lee e W.J. Lee, “Effects of Nonsinusoidal Voltage on the
Operation Performance of a Three-Phase Induction Motor”, IEEE
Transactions on Energy Conversion, vol. 14, no. 2, June, 1999.