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Michael Balintt Entre seus inventos devemos

destacar:
- O analista como substância
(:m 938-il 9710~ primária que se doa moderadamente
ao paciente para uma satisfação
Interpretação e working-through discreta;
- a falta básica, fonte da patogê-
Marcela Antelo • 28/9/95 nese universal, carência real do outro
primordial;
"O real não é por nada que ele sempre está no Michael Balint se dirige a um
pano de fundo e que eu nunca o design~ par~ - o amor primário, anterior ao
interlocutor preciso: seus semelhantes,
vocês diretamente no que comentamos aqui. Esta narcisismo primário onde "o sujeito é
justamente para fa lar com propriedade, :_xcluído. "analistas claramente confiáveis que
objeto passivo do amor da mãe, sujei-
E Balint, não mais que qualquer outro, nao o fará não cometem erros elementares". Parte 4
voltar." Jacques Lacan, O seminário, Livro 1. duma suposta primeira pessoa do to ativo do amor ";
plural, consensual. "Todos nós damos o novo começo, seqüência
O tormento dos anos 50 brinda o interpretações claramente corretas, no terminal da análise como ocas1ao do
contexto no qual se efetiva a interven- tempo adequado e trabalhamos através amor primário e a criatividade.
ção de Lacan a propósito da interpr~t~­ / we work through do material produzi-
ção. O "tormento", definido por Enc do por nossos pacientes o mais exten-
Laurent durante o último "Seminário samente possível, tanto no nível genital Detalhes biográficos
Hispanofalante" como "busca de regras como progenital e tanto na transferên-
da interpretação que permitissem cia como na realidade". Nascido em Budapest em 1886
distingui-la das demais intervenções do Apesar desta coletivização tranqüi- emigra a Londres em 1938 onde funda
analista e isolá-la como interpretação a Tavistock Clinic. Paciente insatisfeito
1
lizante Balint aponta a um mal-estar. O
verdadeira ", é um significante intro- de Sachs em 1923 junto com a sua
otimismo saxônico deste húngaro nos
duzido por Lacan em "Variantes da primeira mulher Alice, filha da
impede de falar de tormento, P?rém
cura-tipo". Esta avidez pelas regras .se encontramos um termo freud iano: psicanalista Vilma Kovács, se decidem,
impõe nesta época de maneira "disprazer" ao constatar que até os mais os dois, pouco tempo depois, iniciar
tormentosa para analistas que preten- espertos analistas enfrentam falhas . uma análise com Sandor Ferenczi. A
diam definir a interpretação como Balint diagnostica então um desfru- morte do seu analista, e da sua esposa,
metalinguagem. A pretensão era desco- tar dos outros e um disprazer patente seu exílio trágico não lhe extraem seu
brir a linguagem capaz de tratar os di- para si. otimismo e apesar da experiência,
tos, vã pretensão de interpretá-lo todo. aposta na contingência do ódio e no
Jacques Lacan pôs fim ao tormento triunfo do amor. Dirige o Instituto
ao decretar a esterilidade da psicanálise Sua herança: Psicanalítico de Budapest até sua emi-
a respeito da metalinguagem desejada. gração. Morre em Londres em 1970,
O Campo freudiano se propõe a um Michel Balint não é um clássico da um ano após ter sido acedido à
"aggiornamento" da interpretação, já psicanálise e a pouca atualidade do seu presidência da Associação Britânica de
que as regras da interpretação procura- aporte na nebulosa analítica se reduz Psicanálise. Como Elia Sharpe, descen-
das nos anos 50 não se acharam, este se . aos "Grupos Balint para o pessoal de de uma família de linhagem intelec-
impõe. O cartel do qual faço parte sanitário" onde cerca de dez médicos tual produto do amor ao sa~er. Estuda
dedicou-se a rastejar a questão nos pós- medicina, bioquímica e filosofia e se
clínicos se dedicam a trabalhar os
freudianos. inscreve numa "tradição húngara de
processos inconscientes que intervém
Lemos J. A. Miller falar de "inquie- cosmogonías psíquicas em continuida-
na relação médico-paciente.
tação2", uma incerteza padecida pelo de com a história natural dos elementos
Outro é o destino de Balint na
analista atual que "não sabe porque comunidade da orientação lacaniana. ou substâncias primárias5" .
cala". Se o analista dos anos 50 falava Lacan o chama "meu amigo" nos Enquadrado no heteróclito Middle-
sem saber porque o analista dos anos Escritos e o transforma num interlocu- Group ou no "grupo dos independen-
90 cala e não sabe porque . Trata-se da tor constante. Seu nome aparece nume- tes" a consistência das formulações
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mesma ignorância? De uma mudança rosas vezes na década de 50, nos destes "criadores " é impotente frente
na satisfação do analista ora "obstrus- Escritos: "Função e campo da às certezas de psicólogos do ego e
sivo", termo de Balint, agora palavra...", "Variantes da cura-tipo", "A kleinianos.
silencioso? direção da cura ... ", "Observações sobre
o informe de Daniel Lagache". O
clássico: "Os impasses de Michael Balint e os quebra-cabeças da
O que atormentava Balint? Balint" do Seminário, Livro l, a técnica:
"Proposição de 9 de outubro de 1968",
A interface interpretação/gozo deve L'Etourdit dos anos 70. Enumeremos Balint nos convida a uma viagem,
ser explorada e por isso é necessário se alguns fenômenos do final da análise após ter passado mais de dez a.nos
deter num autor, Michel Balint, que nos descritos na sua obra como sequências- amadurecendo suas idéias, até publicar
anos 50 aponta à satisfação do analista tipo: em 1967 The Basic Fault, Therapeutic
no ato de interpretar: "Atualmente - diz - transe narcísico terminal, os esta- aspects of regression, conjunto de
MB em 1956 - os analistas desfrutam dos de regressão terapêutica maligna, a trabalhos de diferentes datas de
interpretando tudo o que acontece na experiência de luto, são avaliados e elaboração nos quais fundamentamos
situação analítica, sobretudo em termos reavaliados por Lacan durante 30 anos. nosso comentário.
de transferência, de relação objetal' ". Através de uma retórica da

..........
.. ......
. ...
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• •• ;j agente)9
pergunta, Balint encara sua questão porque tanto o potencial e a mestria, tentativas de subtrair-se, sepa-
fundamental: como vincular as zonas como os problemas técnicos, não rar-se, sem sucesso.
da mente, onde os processos terapêu- cessaram de aumentar. b) Tipo philobate: o que se superca-
ticos acontecem, com as "nossas" Em 1949 Balint apresenta um racteriza é o próprio ego, o outro
dificuldades? trabalho no Congresso de Zurich onde é indiferente, puro instrumento.
Primeiro exemplo: sabemos que pretende mostrar a interdependência Onipotência.
um dos alvos da terapia consiste em entre teoria e técnicas freudianas; Cessa a operacionalidade da
influenciar o superego; sabemos trabalho que Lacan qualifica de interpretação; aliás, é o fracasso da
também que este se forma através de pesquisa penetrante. Balint ensaia uma interpretação que funciona como índice
processos de introjeção, identificação e solução, temporalizar as zonas pelas de que chegamos a esta zona. A
idealização, largamente conhecidos. quais a cura transita, seqüenciar este "atmosfera" muda. O vazio é um fato,
Agora bem, "não possuímos nenhum trânsito com o fim de fundar o quando nenhum click do analista é viável. Não
conhecimento" sobre a maneira de e o como da interpretação. podemos deixar de lembrar o disco-
desfazer (undo) estes processos. Igno- urso-corrente do seminário XX. Mais
rância lamentável segundo Balint, ainda, nas seguintes palavras de Balint:
quem perde é nossa "eficiência técni- A seqüência lógica da cura: "as palavras nestes períodos cessam de
ca". ser veículos de associação livre, elas
Segundo exemplo: a consenso A interpretação é antes de tudo um advém sem vida, repetitivas e estereo-
sobre o dever de apontar a fortalecer o agente terapêutico, junto com a relação tipadas; golpeiam a gente como um
ego. Sabemos que há maior contato de objeto (nome balintiano da transfe- velho e aposentado gramofone com sua
com o id, maior fortaleza do ego. rência), e seu uso e limite são balizados agulha correndo sempre nos mesmos
1
Sabemos distinguir partes do ego com pela "seqüência lógica " da cura. As sulcos. O analista descobre para o seu
capacidades opostas e indicação tam- seqüências lógicas chamadas indistinta- desespero que não adianta continuar a
bém oposta quanto ao seu fortaleci- mente de zonas ou etapas da cura, interpretar as comunicações verbais".
mento. Nada sabemos sobre o verda- seguem o sentido que a regressão, Área da criação: a figura é o
deiro poder que um ego mediador entre fundamental na sua teoria, orienta. ponto, poderíamos dizer. Só há um
as demandas do superego e as exigên- Zona edipiana: por ela a cura nesta zona ( One person situation ).
cias da realidade possui, e, ainda mais, começa. O triângulo é a figura, com- Como não há relação objetal possível,
nada sabemos sobre o processo tera- posta pelo sujeito e dois objetos não há relação transferencial. Isto
pêutico que poderia influenciar este paralelos (objetos pulsionais e relações explica o conhecimento rudimentar que
poder. libidinais não se distinguem, aponta temos deste estados da mente. Os
Terceiro exemplo: Só há incertezas Vilá). Conflito ambivalente. Comunica- métodos do analista carecem de poder e
quanto a possibilidade de influenciar o ção através da linguagem convencional só depois poderá observar e inferir. O
id. Os que aceitam a existência do do adulto. Interpretação e transferência sujeito está só se trata de produzir algo
instinto primário da morte e trabalham são fatores de mobilização do conflito, de si, pode ou não ser um objeto. O
com os conceitos de fusão e difusão começa a regressão cujo fim é obter exemplo mais vulgar é a criação
entre as urgências destrutivas (destru- uma solução outra que a neurótica. artística mas Balint não se detém ali. A
do) e a libido, não tem conseguido ir Único tempo/espaço onde a perlabo- matemática, a ciência, o ato de adquirir
mais longe e nomeá-los. Ninguém tem ração (working-through) é possível e a uma doença física ou mental, o ato de
sido capaz de descrever os métodos interpretação consistente, assim chama curar-se também pertence a esta zona.
para influir nestes processos. Apesar de Balint, é eficaz. A seqüência terminal da análise, o new
poder afirmar que isso só poderia Zona da falta básica: mais beginning se vincula a este tempo.
ocorrer em transferência, o tipo e a primitiva. A figura é dual, digamos
intensidade da relação objetal necessá- uma reta. Só interessa um dos
ria não tem sido apropriadamente parceiros, o outro apesar de ser Interpretação e working-through
abordado pela literatura analítica, se considerado poderoso só interessa
queixa Balint. enquanto pode satisfazer os desejos Balint critica a interpretação rasteira
Balint atribui a este quebra-cabeças (willings). Não há conflito, há falta; da resistência do paciente silencioso. É
a razão de ser da existência de escolas falta de ajuste entre a criança e as quase correto plantear que o paciente
diferentes com técni cas diferentes pessoas (the people) que representam corre de algo, foge, porém é também
apesar de compartilhar as mesmas seu entorno. Um instinto se satisfaz, um correto pensar que corre até algo,
idéias básicas sobre a estrutura da conflito se resolve, porém, com a falta algum lugar seguro onde poder tratar o
mente. básica, o máximo que podemos aspirar que lhe atormenta. Balint nos incita a
"Um estudo imparcial e crítico é torná-la cicatriz, diz Balint. não reduzir nossa prática à interpre-
ajudaria na nossa teoria da técnica" A relação objetal é primária ou de tação das resistências e relata um
diz Balint ao tempo que alerta sobre a amor primário, passivo e narcísico. fragmento clínico como exemplo de
carga de angústia e resistência que uma Satisfação e frustração assinalam os silêncio positivo, fonte de informação.
pesquisa independente como esta avatares com o objeto. As demandas da
desperta. gratificação aumentam, as pulsões Caso clínico: dois anos de análise.
Balint afirma, depois de abundar em infantis acossam o analista. Dentro da O paciente permanece calado desde o
exemplos, que o ponto de vista tópico relação dual, Balint diferencia dois início da sessão durante mais de 30
não ajuda muito frente as dificuldades tipos de catexias onde a confiaça está minutos; o analista o aceita percebendo
técnicas, seja porque 40 anos se ausente: o que possivelmente acontece, esperan-
passaram desde que Freud revisara a a) Tipo ocnophile: aderir-se ao do sem nada tentar; nem sequer se
teoria das instâncias e localizações, seja objeto, pendurar-se dele. Há sente desconfortável ou sob pressão de

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,
1

. : • : •••• • •• :•111 agente20


fazer algo. Aclara que estes silêncios aponta. Não se trata do tempo linear de
acontecem várias vezes neste tratamen- um progresso e sim de um tempo
to pelo que paciente e analista estavam cíclico que permite pensar a estreita
treinados em tolerá-los. O silêncio era relação entre elaboração e transferência
eventualmente quebrado quando o tal como foi sublinhada por Nora
paciente começava a soluçar, logo Go lçalves na última Opção Lacaniana.
ficava aliviado e começava a falar. As precisões de Leader possibilitam
Contou ao seu analista que finalmente entender a restrição da interpretação e
era capaz de se atingir a ele mesmo. do working-through que Balint opera
Nunca foi deixado só quando criança, ns seqüência mais espinhosa da cura.
sempre houve alguém dizendo a ele o Freud, a propósito do tempo da
que fazer. Algumas sessões após, interpretação, fala de Takt, lamentavel-
contou que durante o silêncio teve toda mente traduzido por tacto e extraído do
classe de associações que recusou marco conceitua] da teoria musical
como irrelevantes, como um mal-estar onde significa compasso, ritmo,
desconcertante e superficial. cadência. A fineza da observação de
Vincular nosso autor ao conceito de Freud acaba reduzida a uma questão de
elaboração que tanto "desesperou os habilidade de homem polido.
tradutores" (Lacan, Écrits, p.249) pode Balint não parece desconhecer esta
oferecer um caminho. Em 1914 Freud relação tempo/elaboração, mais ainda
faz entrar a Durcharbeitung numa nela encontra o atalho para enfrentar o
tríade junto ao recordar o e repetir. tormento impossível.
Strachey traduz o termo por working
through e decide ignorar uma segunda
versão que Freud faz do artigo. Num
dos enunciados chaves do texto lemos
na sua primeira versão: "há que deixar
tempo ao paciente para se aprofundar
na resistência "da qual é agora
consciente, elaborá-la e dominá-la,
continuando ao seu pesar o tratamento REFERÊNCIAS BIBLJOGRÁFICAS
conforme a regra analítica fundamen-
1
tal". Segunda versão do enunciado, Laurent, Éric. EI tormento de los aiios 50', em
ignorada por Strachey: "Há que deixar Seminário Hispanohablante, EOL, 1994.
1
tempo ao paciente para se aprofundar Miller, Jacques-A lain, EI plus de decir,
Freudiana Nº14, EEP - Catalunya, Difusión
na resistência que ele ignora ... ". A Ediciones Paidós, 1995.
diferença que se obtém é radical, com a 3
Balint, Michel. The Basic Fault, Therapeutic
modificação introduzida por Freud Aspects of Regression, Tavistock Publications,
nada de idéia de progresso no trabalho London and New York, 1979. Todas as cita9ões
de elaboração. Freud não inclui a idéia de Balint pertencem a esta obra.
4
Laurent, Éric. Michel Balint o el juego de la
de "tornar-se consciente" dentro do
oca, dei amor y el odio, Omicar Nº 1, Ed. Petrel,
processo de durcharbeitung. Barcelona.
Mais um porém na tradução que é, 5
Vilá, Francesc, Les fins et la sortie d'analyse
não sem relação à ignorância apontada. chez Michel Balint, Cahier de la Association ~e
Darian Leader", colega inglês, nos la Cause freudienne Nº 3, Vai de Loire &
Bretagne, Automne, 1994.
informa que em tempos de Strachey, o 6
Eydoux, Marcel, Les grandes controverse, ibid
termo alemão Durcharbeitung compor-
5.
tava uma referência por todos 7
Balint, Michcl, lbid.
conhecida à teoria musical. Se trata de 1
Leader, Darian. On Working-Through, JCFAR
um dos tempos da sonata, intermédio Nº 3, Winter 1994.
entre sua introdução e sua conclusão.
Tempo onde o tema da introdução se
elabora através de uma complexização.
O tema se desintegra em suas partes
constituintes, as quais se submetem a
combinações e variações pelo trata-
mento em diferentes chaves. Para
concluir, a cadência final retorna a
chave original da introdução. A tensão
entre os trabalhos de Durcharbeitung
(beiten) e Wiederholen é propriamente
musical e caracteriza a dinâmica da
forma sonata.
Leader cnttca a tradução de
Strachey, seria melhor working-out,

..........
.....
... ...
.• ....• •.. . • •••
. : .: .· .. ·..=·· ~ agente 21

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