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Entre saberes e observações:

ISSN 1981-8874

a manutenção em cativeiro de 9 771981 88 700 3 00174

Passeriformes silvestres em uma


comunidade da Zona da Mata Paraibana
Randson Modesto Coêlho da Paixão¹,
Leandro Costa Silvestre², Tainá Sher-
lakyann Alves Pessoa3 & Antonio Ema-
nuel Barreto Alves de Sousa4

O hábito de manter em cativeiro animais


silvestres no Brasil não é recente. Regis-
tros apontam que sua origem se deu junto
aos primeiros habitantes deste país, sendo
impulsionado no momento em que os co-
lonizadores passaram a aprisionar, além
das aves tradicionalmente usadas pelos
indígenas, pássaros que atraíam a atenção
pela qualidade do seu canto (Sick 1997).
Com o passar do tempo, devido à sua rica
biodiversidade, como também razões so-
ciais e culturais, o Brasil tornou-se um dos
principais países fornecedores de animais
silvestres (Nascimento et al. 2010), sendo
os Passeriformes um dos principais alvos
do tráfico de animais (RENCTAS 2001).
As aves apresentam diferentes valores
socioculturais e antropológicos dentro das
Figura 1. Localização do município de Pilar no estado da Paraíba, Brasil.
comunidades locais, quer sejam por razões
naturalistas ou utilitárias. A compreensão destes valores permite o 12 de fevereiro de 1998). No Brasil, o IBAMA é o órgão compe-
melhor entendimento sobre a importância biológica e cultural des- tente por ceder qualquer tipo de licença referente ao manejo destas,
sas espécies para as diferentes populações humanas (Farias & Alves assim como gerir penalidades a qualquer agente que utilize espécies
2007a, Santos-Fita & Costa-Neto 2007). da avifauna silvestre ilegalmente. Estudos que visem identificar as
Dentre as aves, os Passeriformes possuem valores bastante signi- espécies de maior interesse permitem o direcionamento de medidas
ficativos no mercado, especialmente por se tratarem de animais com para a sua conservação.
apreciáveis habilidades canoras ou por serem considerados capazes Diante do exposto, este estudo objetivou listar as espécies de pás-
de se tornar animais de estimação (Preuss & Schaedler 2011). saros silvestres utilizados por ‘passarinheiros’ e seu valor de uso em
Estudos relacionados à captura e comércio ilegal têm mostrado a pro- uma comunidade urbana da Zona da Mata Paraibana.
blemática socioambiental que envolve essa prática (Ferreira & Glock
2004, Pereira & Brito 2005, Souza & Soares-Filho 2005, Rocha et al. Materiais e Métodos
2006, Gama & Sassi 2008, Barbosa et al. 2010, Camargo et al. 2010, Área de estudo
Gogliath et al. 2010, Nobrega et al. 2011, Preuss & Schaedler 2011, Ri- O estudo foi realizado no município de Pilar (7°16’01”S e
beiro & Silva 2011, Franco et al. 2012). Registros de apreensões, entre- 35°16’22”W), localizado na mesorregião da Zona da Mata, no es-
gas voluntárias e resgates de animais silvestres realizados pelos órgãos tado da Paraíba, distante 55 km da capital, João Pessoa (Figura 1),
nacionais de referência nesta temática, tais como o Instituto Brasileiro e apresenta uma população de 11.191 habitantes. O desenvolvimen-
do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA), destacam to deste município iniciou no século XVII baseado em criações de
a avifauna como o grupo animal mais representativo nas apreensões gado. Em meados do século XVIII, houve uma intensificação da
(RENCTAS 2001), o que evidencia a ameaça que essa prática represen- monocultura da cana-de-açúcar, fato este que ocasionou no des-
ta a conservação de sua biodiversidade. matamento de grandes áreas naturais. Inserido no domínio da Mata
O aprisionamento de pássaros silvestres sem a devida autorização Atlântica, atualmente apresenta áreas muito afetadas pela ação an-
caracteriza uma prática que infringe leis ambientais (lei n° 9.605, de trópica, principalmente pelo emprego de atividades agrícolas (Melo

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et al. 2004, IBGE 2010), com destaque para as
culturas de cana-de-açúcar e abacaxi (RMCP,
obs. pess.).

Obtenção e Análise dos dados


A coleta de dados ocorreu durante os meses
de julho e setembro de 2011, sendo dividida
em duas etapas.
A primeira baseou-se na aplicação de formu-
lários semiestruturados a fim de listar as espécies
de Passeriformes utilizados pela comunidade
(Albuquerque et al. 2010a). Para a seleção dos
entrevistados foi utilizada uma amostragem não
probabilística, sendo utilizada a técnica de “bola
de neve” (Snow Ball; Bailey 1982). Em sua tota-
lidade foram visitadas 62 residências para a apli-
cação dos formulários, sendo aplicado apenas
um questionário por residência. Foi empregado
o método de listagem livre a fim de identificar Figura 2. Representatividade das famílias de Passeriformes silvestres a partir dos
relatos dos entrevistados sobre as espécies utilizadas no município de Pilar, Paraíba.
as principais espécies utilizadas pela população
(Albuquerque et al. 2010a). Este método parte
do princípio que as aves primeiramente citadas,
e com maior frequência de citação, são as que
apresentam maior importância cultural.
Para cada espécie de ave citada foi calculado
seu respectivo valor de uso (VU) (Phillips &
Gentry 1993) para demonstrar a importância
relativa da espécie na localidade.
A segunda etapa baseou-se na observação e
contagem direta das aves expostas em outras
67 residências dentro do mesmo perímetro
urbano (observação não participante) (Albu-
querque et al. 2010a), o que permitiu identi-
ficar e quantificar o número de espécimes por
espécie nesta amostragem.
Como as citações baseavam-se na utilização
do nome vernáculo das espécies, foram utiliza-
das a observação e a consulta à bibliografia es-
pecífica (Sigrist 2009) para a identificação ta-
xonômica. Além destes, por meio da consulta
a outros trabalhos etnoornitológicos realizados
no Estado, da utilização de fotografias e com
o auxílio de informante chave (Albuquerque
et al. 2010b), foi possível a identificação de
determinadas espécies que não foram obser-
vadas.

Resultados
Espécies mencionadas pelos entrevistados
Foram mencionadas 57 etnoespécies de aves
na região. Destas, houve a identificação de 28
espécies a partir de 38 nomes vernáculos. De- Figura 3. Valor de uso atribuído às espécies de aves
zenove etnoespécies não foram identificadas. mencionadas pelos entrevistados no município de Pilar, Paraíba.
Das espécies identificadas, 25 pertenceram à
ordem dos Passeriformes e estão incluídas na lista oficial de aves As 25 espécies de Passeriformes silvestres citadas foram distribuídas
brasileiras silvestres (CBRO 2011) (Tabela 1). Três espécies exóticas em 11 famílias e 18 gêneros. As famílias com maior número de espécies
foram mencionadas, o canário-belga Serinus canaria domesticus, e relatadas foram Emberizidae (32,0%, n = 8), Thraupidae (20,0%, n = 5),
duas de não-Passeriformes (calopsita Nymphicus hollandicus e pe- Icteridae (12,0%, n = 3) e Fringillidae (8,0%, n = 2) (Figura 2).
riquito Melopsittacus undulatus). Embora identificadas, não foram Os valores de uso calculados por espécie variaram de 0,0161 a
consideradas nas análises. 0,8225 (Figura 3). As sete espécies que acumularam as taxas de va-

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capturados pertenceu ao gênero Sporophila
(50,7%, n = 80).
As espécies de Passeriformes mais frequen-
tes foram S. albogularis (28,0%, n = 44),
P. dominicana (26,1%, n = 41) e S. lineola
(10,2%, n = 16), seguida pelo sabiá-laranjeira
Turdus rufiventris (7,0%, n = 11) e o cabocli-
nho Sporophila bouvreuil (7,0%, n = 11) (Fi-
guras 5 e 6).
Visitas realizadas posteriormente ao período
de estudo permitiram a obtenção de informa-
ções adicionais, como a observação de um
único espécime de Cyanocorax cyanopogon,
Chrysomus ruficapillus, Tangara cayana,
Sicalis luteola, Sporagra yarrellii e Sicalis
flaveola na mesma comunidade. Segundo os
entrevistados, essas duas últimas espécies não
seriam comuns na região, possivelmente seus
exemplares teriam procedência de feiras livres
Figura 4. Percentual em relação ao número de espécies e espécimes por famílias de Passeriformes
registradas através da observação não participante, no município de Pilar, Paraíba.
no município de João Pessoa, onde é comum o
comércio de espécies de outras regiões. Embo-
ra não considerados nas contagens, estes resul-
tados confirmam a utilização destas espécies
na comunidade, conforme as menções.
Em relação ao total de espécies mencio-
nadas, cinco (Pitangus sulphuratus, Estrilda
astrild, Tangara palmarum, Coereba flaveola
e Passer domesticus) não foram observadas
entre os ‘passarinheiros’.

Discussão
As informações obtidas demonstraram a im-
portância destes métodos para a identificação e
listagem das espécies utilizadas pelos ‘passari-
nheiros’ na região.
Verificamos que algumas espécies apresen-
taram vários nomes locais. Essa variação re-
gional também foi apontada por outros autores
(Farias & Alves 2007b). A importância ecoló-
gica e cultural que essas informações podem
fornecer ao pesquisador sobre a biologia das
espécies também foi discutida pelos mesmos.
Figura 5. Representatividade das espécies de Passeriformes silvestres registradas em
Sendo assim, a pesquisa etnoornitológica per-
residências através do método de contagem direta no município de Pilar, Paraíba. mite a compreensão de determinados aspectos
que podem subsidiar o trabalho em campo.
lor de uso mais altas foram o galo-de-campina Paroaria dominicana Das 25 espécies identificadas, cinco mencionadas não foram ob-
(VU = 0,822), a golada Sporophila albogularis (VU = 0,806), o pa- servadas sendo utilizadas pelos criadores na região. A utilização de
pa-capim Sporophila nigricollis (VU = 0,451), o azulão Cyanoloxia Pitangus sulphuratus, Estrilda astrild e Tangara palmarum pelos
brissonii (VU = 0,419), o bigode Sporophila lineola (VU = 0,387), o moradores foi comum em estudos etnoornitológicos realizados em
caboclinho Sporophila bouvreuil (VU = 0,241) e o canário-da-terra outras áreas no Estado (Rocha et al. 2006, Gama & Sassi 2008, Bar-
Sicalis flaveola (VU = 0,209). bosa et al. 2010, Nobrega et al. 2011). O fato dessas espécies não
ter sido visualizadas durante as observações não participantes pode
Contagem direta das aves observadas nas residências estar associado à própria importância de uso que estas apresentam
Foram observados 157 espécimes pertencentes a 14 espécies, dis- dentro da própria comunidade, ou por outras particularidades bio-
tribuídas em 10 gêneros e seis famílias. Segundo os moradores, a lógicas e ecológicas dessas espécies que poderiam determinar o pe-
maior parte das capturas foi realizada na própria região. ríodo em que ocorreria a maior incidência e disponibilidade destas
Por meio deste método constatou-se que a família Emberizi- nas capturas.
dae apresentou o maior número de espécies (42,9%, n = 6) e de O número de espécimes aprisionados pode ter favorecido o regis-
espécimes (52,2%, n = 82) entre os criadores (Figura 4). Os re- tro de determinadas espécies durante a observação não participante.
sultados obtidos também mostraram que a maioria dos espécimes Espécies menos representativas teriam menor chance de serem vi-

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A B C

D
F

Figura 6. Algumas das espécies de Passeriformes silvestres registrados em residências no município de Pilar, Paraíba: Sporophila albogularis (A),
Paroaria dominicana (B), Sporophila lineola (C), Turdus rufiventris (D), Sporophila bouvreuil (E) e Sporagra yarrellii (F) (Fotos: Randson M. C. Paixão).

sualizadas. Contudo, a representatividade das espécies pode variar Em termos de gêneros, Paroaria e Sporophila tendem a ser os
periodicamente devido a fatores biológicos e ecológicos. Alguns mais representativos em outros estudos realizados na Paraíba (Bar-
autores têm discutido que durante o período reprodutivo essas espé- bosa et al. 2010, Nobrega et al. 2011). Esses resultados reforçam às
cies tendem a apresentar uma maior atividade, o que as torna mais estimativas encontradas nas apreensões também em outros estados
evidente nestes locais. Outra razão que também deve ser considerada (Gogliath et al. 2010). RENCTAS (2001) divulgou resultados que
como influência para estas capturas é o fator comportamental regis- se assemelham às perspectivas encontradas neste trabalho, demons-
trado em certas espécies. Espécies de comportamento territorial, em trando a importância do gênero Sporophila estando entre os mais
especial no período reprodutivo, facilitariam as capturas com a rea- apreendidos. A preferência acentuada, em especial ao gênero Spo-
lização de “chamas” (RENCTAS 2001, Rocha et al. 2006, Gama & rophila, pode estar associada à beleza do canto, e hábito alimentar
Sassi 2008, Barbosa et al. 2010). destas espécies, consistindo em sementes, o que torna a manuten-
As famílias Emberizidae e Thraupidae frequentemente destacam- ção mais barata e permite fácil higienização (Rocha et al. 2006), o
-se quanto ao número de espécies utilizadas, fato também observado que também foi evidenciado neste estudo. As espécies com maior
por outros autores em estudos etnoornitológicos (Barbosa et al. 2010, preferência e comuns entre os criadores foram aquelas com hábitos
Nobrega et al. 2011). Ferreira & Glock (2004), Pagano et al. (2009), granívoros.
Gogliath et al. (2010) e Franco et al. (2012) ressaltaram a importância A recorrente utilização das espécies S albogularis e P. dominica-
da família Emberizidae, estando entre as mais representativas nas apre- na foi evidenciada em outras regiões do estado da Paraíba. Como
ensões em diferentes estados brasileiros. Pagano et al. (2009) apresen- exemplo, Nobrega et al. (2011) também registraram uma preferência
taram ainda as espécies mais comuns em apreensões realizadas na Pa- acentuada pelas espécies S. albogularis e P. dominicana, ressaltando
raíba e, dentre elas, encontram-se as espécies mais representativas entre assim a importância destes como animais de estimação.
os criadores no presente estudo (S. albogularis e P. dominicana), com Entre as espécies com dimorfismo sexual, verificou-se a pre-
exceção de S. lineola. Segundo Souza & Soares-Filho (2005) a maior ferência por indivíduos machos, como foi o caso de C. brissonii,
incidência de espécies e espécimes da família Emberizidae pode estar onde todos os representantes observados foram machos. Segundo
associada ao fato desta ser numerosa em espécies e espécimes na ordem os moradores, essa preferência quanto ao sexo ocorre ‘porque os
Passeriformes, devido a sua diversidade na região Neotropical, e à maior machos cantam mais e são mais bonitos’, justificativa semelhante
preferência entre os ‘passarinheiros’, principalmente em virtude as suas foi também apontada por outros autores (Barbosa et al. 2010). Esta
qualidades canoras. preferência acentuada poderia repercutir em impactos ainda mais

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agravantes com o passar dos anos caso não seja discutida, podendo Os dados obtidos poderão contribuir em futuras decisões de
afetar diretamente o equilíbrio populacional das espécies, em espe- conservação e de manejo das espécies de aves silvestres trafica-
cial aquelas que adotam padrão de comportamento reprodutivo mo- das no Estado da Paraíba.
nogâmico (Rocha et al. 2006).
Dentre as espécies registradas neste estudo, o pintassilgo Spo- Agradecimentos
ragra yarrellii, espécie endêmica do nordeste do Brasil, encon- Aos amigos Anderson Paiva e Bruno Lima pelo auxílio no decor-
tra-se ameaçada de extinção (MMA 2003), principalmente devi- rer do estudo. A professora Dra. Rachel Lyra-Neves pelas sugestões
do à perseguição humana para utilização como ave de gaiola e a e revisão do manuscrito. Aos moradores entrevistados por gentil-
destruição de seu ambiente de ocorrência natural (Olmos 2005). mente terem colaborado, e a todos aqueles que colaboraram direta e
Apesar de ter sido registrado um baixo número de espécies ame- indiretamente para que esse trabalho pudesse ter acontecido.
açadas, pouco se sabe sobre os efeitos que esta prática pode estar
exercendo sobre as populações destes Passeriformes. Segundo Referências bibliográficas
Rocha et al. (2006) a possível ocorrência de reduções populacio- Albuquerque, U.P., R.F.P. Lucena & N.L. Alencar (2010a) Métodos e técnicas para
coleta de dados etnobiológicos, p. 41-64. In: Albuquerque, U.P., R.F. Lucena,
nais ou extinções locais, poderia explicar o consenso existente L.V.F. & C. Cunha. Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoe-
entre os criadores no aumento da dificuldade de se capturar mui- cológica. Recife: NUPPEA.
tas dessas espécies na localidade. Este então seria um problema Albuquerque, U.P., R.F.P. Lucena & E.M.F. Lins-Neto (2010b) Seleção dos parti-
de grande importância e bastante preocupante para a conservação cipantes da pesquisa, p. 21-37. In: Albuquerque, U.P., R.F. Lucena, L.V.F. &
C. Cunha. Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica,
destas espécies. Recife: NUPPEA.
Outro agravante está no fato de que muitas dessas aves apreendi- Barbosa, J.A.A., V.A. Nobrega & R.R.N. Alves (2010) Aspectos da caça e comércio
das dificilmente apresentariam condições que permitam serem de- ilegal da avifauna silvestre por populações tradicionais do semi-árido paraibano.
volvidas à natureza (RENCTAS 2001, Nascimento et al. 2010). De Revista de Biologia e Ciências da Terra 10 (2): 39 – 49.
Bailey, K.D. (1982) Methods of social research. New York: McMillan Publishers,
acordo com Olmos (2005), a intensa captura de Passeriformes para a The Free Press.
criação em cativeiro domiciliar é bastante preocupante, por ser uma Camargo, C.M.J., L.J.J. Camargo & R.F. Sueiro (2010) A criação amadora de pássa-
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área em estudo foi relativamente alto, e assemelham-se aos dados em: 8 de setembro de 2012.
apresentados em estudos envolvendo uso de aves silvestre realiza- Farias, G.B. & Â.G.C. Alves (2007a) Aspectos históricos e conceituais da etnoornito-
dos em feiras livres (Pereira & Brito 2005). A disparidade entre os logia. Biotemas 20(1): 91-100.
Farias, G.B. & Â.G.C. Alves (2007b) É importante pesquisar o nome local das aves?
valores apresentados em diferentes estudos (em feiras e apreensões) Revista Brasileira de Ornitologia 15(3): 403-408.
evidencia a dificuldade nas estimativas de uso de avifauna silvestre Ferreira, C.M. & L. Glock (2004) Diagnóstico preliminar sobre a avifauna traficada
brasileira, por se tratar de realidades bem pontuais. Essas informa- no Rio Grande do Sul, Brasil. Biociências 12(1): 21-30.
ções carecem de mais estudos para que possam evidenciar a verda- Franco, M.R., F.M. Câmara, D.C.C. Rocha, R.M. Souza & N.J.F. Oliveira (2012)
Animais silvestres apreendidos no período de 2002 a 2007 na macrorregião de
deira dimensão desta problemática. montes Claros, Minas Gerais. Enciclopédia Biosfera 8 (14): 1007-1018.
A ausência do devido controle e/ou fiscalização sob as atividades Gama, T. & R. Sassi (2008) Aspectos do comércio ilegal de pássaros silvestres na
de criação e comércio ilegal de Passeriformes pode ocasionar con- cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Gaia Scientia 2(2): 1-20.
sequências sérias ao ambiente, como a perda na qualidade genética, Gogliath, M, E.L. Bisaggio, L.B. Ribeiro, A.E. Resgalla & R.C. Borges (2010) Avi-
fauna apreendida e entregue voluntariamente ao Centro de Triagem de Animais
em especial para aqueles que persistem em pequenas populações, Silvestres (Cetas) do Ibama de Juiz de Fora, Minas Gerais. Atualidades Orni-
agravando assim o maior risco de declínio populacional (Camargo tológicas 154: 55-59.
et al. 2010). Além disso, os espécimes capturados ilegalmente po- IBGE (2010) Cidades. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
dem ser introduzidos em locais impróprios (fora de sua distribuição <http://www.ibge.org.br> Acesso em: 10 de janeiro de 2013.
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Garcia 2005). (2004) Atualização do mapeamento da cobertura vegetal nativa lenhosa do Esta-
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Nascimento, L.S., C.M.R.R. Maciel, M.A. Correia, D.D. Fries & A. Maciel-Júnior (2010)
A utilização de Passeriformes silvestres como animais de estima- A importância do Parque Municipal da Matinha, Itapetinga - BA, na conservação de
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tem programas educativos que conscientizem a população sobre as Nobrega, V.A., J.A.A. Barbosa & R.R.N. Alves (2011) Utilização de aves silvestres
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no tratamento da problemática que envolve a captura e criação ilegal Pagano, I.S.A., A.E.B.A. Sousa, P.G.C. Wagner & R.T.C. Ramos (2009) Aves deposi-
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amostra do tráfico de aves silvestres no estado. Ornithologia 3(2): 132-144.
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Tabela 1. Lista com os nomes científicos e vernáculos das espécies de Passeriformes silvestres citadas pelos moradores do município
de Pilar, Paraíba, Brasil.
Categoria Taxonômica Nome Vernáculo
Tyrannidae
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Bem-te-vi
Corvidae
Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821) Cancão
Turdidae
Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Sabiá-laranjeira
Coerebidae
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Sibito
Thraupidae
Lanio pileatus (Wied, 1821) Cravina
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) Sanhaçu-cinzento/azul
Tangara palmarum (Wied, 1823) Sanhaçu-verde
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Sanhaçu-macaco
Galo-de-Campina,
Paroaria dominicana (Linnaeus, 1758)
Galo-de-capim
Emberizidae
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) Canário-da-terra, Canário-do-chão
Sicalis luteola (Sparrman, 1789) Gaturamo
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Tiziu, Nego-tiziu
Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) Bigode
Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) Papa-capim, Bico de osso
Sporophila albogularis (Spix, 1825) Golada, Goladinha, Coleira
Sporophila leucoptera (Vieillot, 1817) Chorão
Sporophila bouvreuil (Statius Muller, 1776) Caboclinho, Caboculin
Cardinalidae
Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823) Azulão

Icteridae
Icterus jamacaii (Gmelin, 1788) Concri, Sofrê
Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) Craúna, Graúna
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) Corda-negra
Fringillidae
Sporagra yarrellii (Audubon, 1839) Pintasilva
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Vem-vem
Estrildidae
Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) Bico-de-lata
Passeridae
Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Pardal

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 174 - Julho/Agosto 2013 - www.ao.com.br 59

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