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por duas principais razões. Em primeiro passado colonial e até mesmo do regime
lugar, ela corroborou as bases da ditatorial vivenciado entre 1964 e 1985
“Federação Trina”, conforme é exposto (Papi, 2017; Rosenn, 2005). Nas pala-
em seu artigo 18: “A organização vras de Miguel Barrientos (2009:52):
político-administrativa da República “O processo de descentralização
Federativa do Brasil compreende a aparece não só como um fato reativo à
União, os Estados, o Distrito Federal e os centralização a que o país tinha estado
Municípios, todos autônomos, nos termos submetido durante o governo militar.
desta Constituição” (Brasil, 1988). E, em [...]. Então, à primeira vista, a
segundo, serviu como base legal para Constituição parece prover maiores
dar maior suporte à internacionalização recursos às esferas subnacionais, expan-
dos entes federativos subnacionais, de os controles entre os três níveis de
porque desde a década de 1980 já foi governo (União, Estados, Distrito
possível observar uma elevada atuação Federal e municípios), além de
externa de alguns estados e grandes universalizar alguns serviços sociais, de
municípios no fomento de iniciativas dar reconhecimento ao trabalho
paradiplomáticas, conforme elenca José desenvolvido pelos novos movimentos
Vicente Lessa (2002). sociais e pelas organizações não
Segundo Paula Losada (2014a), a governamentais e de explicitar uma
“Federação Trina” no Brasil represen- ampla série de direitos sociais (Título
tou, além do texto fundamental do II da CF88)”.
artigo 18 supramencionado, o processo De tal sorte, a consecução de um
de democratização que afirmou a sistema político mais aberto pode ser
autonomia do poder local reconhe- considerada como uma das bases de
cendo aos municípios competências sustentação para um maior avanço da
tributárias próprias, auto-organização e paradiplomacia no país. No discurso
capacidade política eletiva; dando oficial existe a preferência pelo termo
resultado a um processo de elevação dos “diplomacia federativa”, entendida
municípios brasileiros à condição de como “[...] tanto a atuação externa das
entidades federativas legítimas pautado unidades federativas quanto a forma de
na relativa descentralização do poder articulação política entre o poder central e
decisório nacional. os poderes infranacionais em matéria de
A questão de descentralização versus ação externa.” (Bogéa Filho, 2002:3).
centralização decisória na política Por outro lado, no debate acadêmico
brasileira norteia o debate aqui propos- formulou-se a ideia da existência de
to. De um lado, o Federalismo brasi- uma “política externa federativa”,
leiro pragmatizou uma técnica de compreendendo “[...] a estratégia
divisão de poderes considerando seu própria de um estado ou município
histórico unitário em virtude do desenvolvida no âmbito de sua