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O universo em expansão

O mistério da energia escura e o que explica
 aexpansão cada vez


mais rápida do Universo

EDUARDO CYPRIANO
14 de setembro de 2016

O fim do século XX viu o alvorecer de um conceito em cosmologia, o de energia


escura. Essa componente ainda pouco conhecida seria a responsável
por acelerar
a expansão do Universo.
 Para entender o quão revolucionária foi
 essa descoberta,
temos de voltar aos primórdios da cosmologia moderna, no início do século
passado.

Na década de 1920, começaram a aparecer evidências observacionais de que as


galáxias do Universo teriam uma tendência a se afastar da nossa e que a
velocidade com a qual estariam retrocedendo, do nosso ponto de vista, seria
diretamente proporcional à distância que nos separa das galáxias em questão.
Esse resultado foi consolidado, em 1927, pelo astrônomo Georges Lamaître e, em
1931, por Edwin Hubble e Milton Humason. Em razão do prestígio pessoal de
Hubble, essa relação entre a velocidade de afastamento das galáxias e sua
distância foi popularizada como Lei de Hubble.

Esse aparente quebra-cabeça (o que teria a Via-Láctea de especial para ser o


ponto de fuga das demais galáxias?) não foi surpresa à época. Ao contrário,
ajustou-se perfeitamente às predições da então jovem Teoria da Relatividade
geral (gravitação) de Einstein, publicada em 1916. A teoria de Einstein, quando
aplicada ao Universo como um todo, resultava sempre instável: ou contraindo-se
ou expandindo-se.

A razão para isso é que a força da gravidade (que é a única relevante nas escalas
de distâncias aqui envolvidas) é puramente atrativa, não havendo uma força que
possa equilibrá-la para manter o Universo estático. De fato, essas soluções
desagradaram a Einstein, que então incorporou um novo termo às suas equações,
a Constante Cosmológica. A constante representaria uma força contrária à
gravidade em grandes escalas e criava a possibilidade de um Universo estático.
Apesar de totalmente rigorosa do ponto de vista matemático, a Constante
Cosmológica não tinha motivação física e foi posteriormente abandonada pelo
próprio Einstein, que a qualificou como seu “maior erro científico”. Mais adiante
veremos que esse diagnóstico pode ter sido um tanto apressado.

O que tem a ver a Lei de Hubble com o Universo em expansão? Simples. Num
Universo no qual TODAS as galáxias que não estejam diretamente ligadas (como
a Via-Láctea e a Galáxia de Andrômeda) se expandem e se afastam umas das
outras, a velocidade com que se afastam será tanto maior quanto mais distantes
estiverem umas das outras, tal qual pintinhas num balão de festa que se infla. Isso
significa que a distância entre seus constituintes aumenta com o tempo. Ou seja,
se olharmos para o passado, deveremos ver os objetos cada vez mais próximos
até o momento em que toda a matéria do Universo está concentrada no que
chamamos de “singularidade primordial”.

Origem do universo
O início do Universo seria, portanto,
 aexplosão dessa singularidade. O astrônomo
Fred Hoyle, que não aceitava a teoria, tentou ridicularizá-la chamando-a de teoria
do “grande estrondo” (Big-Bang, em inglês). Ironicamente, foi por esse nome que
ela ficou conhecida. Mais tarde, novas previsões a respeito das consequências do
Big-Bang foram confirmadas a partir de observações astronômicas. Essas
confirmações elevaram o status da teoria a modelo cosmológico aceito pela quase
totalidade da comunidade científica.

Uma das previsões, feita em 1946 pelo cosmólogo George Gamow, era de que os
primeiros elementos da Tabela Periódica (hélio, lítio e berílio, principalmente)
seriam formados originalmente nos primeiros instantes do Universo, quando era
denso e quente o suficiente para permitir que núcleos de hidrogênio, simples
prótons, se fundissem. Ao fim da década de 1940, Gamow e colaboradores
mostraram que as medidas da abundância de hélio no Universo, subtraídas das
quantidades formadas nas estrelas, eram compatíveis com as previsões feitas
anos antes, atestando o sucesso da Teoria do Big-Bang.

Por fim, houve a detecção da chamada “radiação cósmica de fundo”. Essa


radiação, formada por fótons (partículas de luz) produzidos no Big-Bang, seria
visível por nós na faixa de micro-ondas. De fato, prevista em 1948 por Gamow, foi
descoberta de modo quase acidental pela dupla de físicos Arno Penzias e Robert
Wilson em 1965, o que lhes rendeu o Prêmio Nobel de Física de 1978.

Se, em meados do século XX, os eventos dos instantes iniciais do Universo já


estavam sendo, de certo modo, bem -conhecidos, o destino final do Universo
continuava sendo uma incógnita. Segundo a teoria vigente, o Universo, puxado
pela gravidade, tenderia sempre a frear sua velocidade de expansão. Caso a
densidade de matéria no Universo fosse grande o suficiente, este atingiria uma
dimensão máxima e então passaria a se contrair. No caso de um Universo de
baixa densidade de matéria, a força da gravidade desacelera a expansão, mas
nunca é capaz de freá-la totalmente.

Tal comportamento é totalmente análogo a um foguete que se lança da Terra. Se


sua velocidade inicial for grande o suficiente, ainda que perca velocidade, ele
nunca retornará ao solo. Por outro lado, caso não o seja, o foguete subirá até certa
altura e depois retornará ao chão. Convém lembrar que existe um terceiro caso,
limítrofe, em que o Universo (ou o foguete) vai atingir a velocidade zero apenas no
infinito, isto é, seu impulso inicial é exatamente o necessário para contrabalançar o
efeito da gravidade, nem mais nem menos.
Busca pela densidade
Para determinar o futuro do Universo, os astrônomos observacionais puseram-se
na busca pela determinação da densidade do mesmo. A descoberta da matéria
escura (a que não produz ou interage com a luz, mas que pode ser notada a partir
de seu efeito gravitacional em corpos próximos) deu-se inicialmente na década de
1930, mas só foi seriamente considerada após sua detecção em galáxias próximas
na década de 1970. Ainda assim, foi insuficiente para levar a comunidade científica
a acreditar que o Universo conteria a massa necessária para finalmente frear sua
expansão. As estimativas mais precisas indicam que toda a densidade do Universo
seria, aproximadamente, 25% dessa densidade crítica, ou seja, o Universo se
expandiria para sempre, ainda que de forma cada vez mais lenta.

Outra forma de estudar a taxa de expansão do Universo era a partir da própria


relação entre velocidade de afastamento e distância de galáxias. No Universo
próximo, essa relação seria linear (a Lei de Hubble). Mas, conforme fôssemos
incluindo galáxias cada vez mais distantes, essa relação passaria a formar uma
curva que nos permitiria medir a velocidade de expansão do Universo no passado
e, portanto, sua taxa de desaceleração. Para tal, se fazia necessário o
desenvolvimento de uma técnica que permitisse a medida precisa da distância de
galáxias longínquas.

A solução veio no fim do século XX, quando se descobriu que o brilho máximo de
certo tipo de supernovas (como a Ia), além de bem forte, varia muito pouco. Seu
valor foi determinado usando supernovas próximas. Ao ser comparado ao brilho
aparente de supernovas Ia, em galáxias muito distantes, ele permite a medida
precisa de sua distância.

Aliada ao crescimento da capacidade dos telescópios, a técnica impulsionou o


estudo da expansão do Universo até regiões antes inacessíveis. Como
consequência, foi sim possível medir os desvios na Lei de Hubble. Entretanto, os
resultados, publicados pela primeira vez em 1996-1997, não foram os esperados.
Nas fases mais recentes de sua evolução, o Universo está em expansão
acelerada, em plena contradição com as previsões teóricas da época.

Dadas as evidências observacionais inquestionáveis trazidas pelos estudos com


supernovas Ia, que renderam o Nobel de Física de 2011, criou-se então um novo
desafio. Como o Universo pode se expandir cada vez mais rápido se a atração da
gravidade é a única força atuante? A solução é a introdução de uma nova
componente no Cosmo: a energia escura.

Inspirado pela matéria escura, tal nome designa uma energia a exercer uma
pressão em escalas cósmicas que pode suplantar a força gravitacional. A
introdução desse conceito foi rapidamente aceita pela comunidade científica, pois
ajudou a resolver uma série de problemas do modelo anterior, não discutidos aqui.
Por outro lado, causa bastante desconforto, já que não há nada nas teorias físicas
que nos ajude a encontrar uma interpretação para essa energia repulsiva. O
candidato mais natural, associado à energia do vácuo, prediz valores para sua
densidade centenas de ordens de grandeza maiores que o observado. Esse
desconforto originou uma grande mobilização da comunidade astronômica e física.
Os resultados dessas observações devem produzir dados sobre a quantidade
exata da matéria escura e como ela varia com o tempo, fornecendo pistas valiosas
para decifrarmos sua natureza.

O mais irônico é que os dados atuais, ainda preliminares, apontam para uma forma
de energia escura que evolui com o tempo de tal forma que pode ser perfeitamente
descrita pela constante cosmológica, a mesma que Einstein descartou como um
grande engano.

Lei de Hubble
Faça um experimento para entender, na prática, como a lei funciona

1. Pegue um elástico largo (por exemplo, da bainha de uma calça) e tencione-o


sem esticá-lo.
2. Marque alguns pontos no elástico e denomine-os como A, B, C, D etc.
3. Escolha um ponto qualquer
 emeça a distância entre esse ponto e todos os
demais. A seguir, estique um pouco o elástico e refaça as medidas. Suponha que
a “esticada” no elástico corresponde a uma unidade de tempo e calcule a
velocidade com que cada ponto se afasta do seu ponto de referência.
4. Faça um gráfico que tenha no eixo X a distância final entre os pontos 
 eno eixo
Y a velocidade de afastamento. Verifique que a distribuição dos pontos pode ser
bem representada por uma reta que passa pela origem.

Competências

Apropriar-se
 de conhecimentos da Física para, em situações problema, interpretar
intervenções científico-tecnológicas
Habilidades

Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos dos corpos celestes

Publicado originalmente em Carta na Escola

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