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EDUARDO CYPRIANO
14 de setembro de 2016
A razão para isso é que a força da gravidade (que é a única relevante nas escalas
de distâncias aqui envolvidas) é puramente atrativa, não havendo uma força que
possa equilibrá-la para manter o Universo estático. De fato, essas soluções
desagradaram a Einstein, que então incorporou um novo termo às suas equações,
a Constante Cosmológica. A constante representaria uma força contrária à
gravidade em grandes escalas e criava a possibilidade de um Universo estático.
Apesar de totalmente rigorosa do ponto de vista matemático, a Constante
Cosmológica não tinha motivação física e foi posteriormente abandonada pelo
próprio Einstein, que a qualificou como seu “maior erro científico”. Mais adiante
veremos que esse diagnóstico pode ter sido um tanto apressado.
O que tem a ver a Lei de Hubble com o Universo em expansão? Simples. Num
Universo no qual TODAS as galáxias que não estejam diretamente ligadas (como
a Via-Láctea e a Galáxia de Andrômeda) se expandem e se afastam umas das
outras, a velocidade com que se afastam será tanto maior quanto mais distantes
estiverem umas das outras, tal qual pintinhas num balão de festa que se infla. Isso
significa que a distância entre seus constituintes aumenta com o tempo. Ou seja,
se olharmos para o passado, deveremos ver os objetos cada vez mais próximos
até o momento em que toda a matéria do Universo está concentrada no que
chamamos de “singularidade primordial”.
Origem do universo
O início do Universo seria, portanto,
aexplosão dessa singularidade. O astrônomo
Fred Hoyle, que não aceitava a teoria, tentou ridicularizá-la chamando-a de teoria
do “grande estrondo” (Big-Bang, em inglês). Ironicamente, foi por esse nome que
ela ficou conhecida. Mais tarde, novas previsões a respeito das consequências do
Big-Bang foram confirmadas a partir de observações astronômicas. Essas
confirmações elevaram o status da teoria a modelo cosmológico aceito pela quase
totalidade da comunidade científica.
Uma das previsões, feita em 1946 pelo cosmólogo George Gamow, era de que os
primeiros elementos da Tabela Periódica (hélio, lítio e berílio, principalmente)
seriam formados originalmente nos primeiros instantes do Universo, quando era
denso e quente o suficiente para permitir que núcleos de hidrogênio, simples
prótons, se fundissem. Ao fim da década de 1940, Gamow e colaboradores
mostraram que as medidas da abundância de hélio no Universo, subtraídas das
quantidades formadas nas estrelas, eram compatíveis com as previsões feitas
anos antes, atestando o sucesso da Teoria do Big-Bang.
A solução veio no fim do século XX, quando se descobriu que o brilho máximo de
certo tipo de supernovas (como a Ia), além de bem forte, varia muito pouco. Seu
valor foi determinado usando supernovas próximas. Ao ser comparado ao brilho
aparente de supernovas Ia, em galáxias muito distantes, ele permite a medida
precisa de sua distância.
Inspirado pela matéria escura, tal nome designa uma energia a exercer uma
pressão em escalas cósmicas que pode suplantar a força gravitacional. A
introdução desse conceito foi rapidamente aceita pela comunidade científica, pois
ajudou a resolver uma série de problemas do modelo anterior, não discutidos aqui.
Por outro lado, causa bastante desconforto, já que não há nada nas teorias físicas
que nos ajude a encontrar uma interpretação para essa energia repulsiva. O
candidato mais natural, associado à energia do vácuo, prediz valores para sua
densidade centenas de ordens de grandeza maiores que o observado. Esse
desconforto originou uma grande mobilização da comunidade astronômica e física.
Os resultados dessas observações devem produzir dados sobre a quantidade
exata da matéria escura e como ela varia com o tempo, fornecendo pistas valiosas
para decifrarmos sua natureza.
O mais irônico é que os dados atuais, ainda preliminares, apontam para uma forma
de energia escura que evolui com o tempo de tal forma que pode ser perfeitamente
descrita pela constante cosmológica, a mesma que Einstein descartou como um
grande engano.
Lei de Hubble
Faça um experimento para entender, na prática, como a lei funciona
Competências
Apropriar-se
de conhecimentos da Física para, em situações problema, interpretar
intervenções científico-tecnológicas
Habilidades
Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos dos corpos celestes