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Denise Andrade
Resumo:
1. Introdução
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responsabilidade em sua formação, material didático diferenciado e múltiplas
estratégias de aprendizagens pró ativas.
Dentro dessa perspectiva, realizou-se uma consulta ao sistema eletrônico de
acompanhamento dos processos que regulam a educação no Brasil, por meio do
Ministério da Educação (e-mec), apontando que, dos 533 cursos de Bacharelado
oferecidos na modalidade à distância nas diversas regiões brasileiras, apenas 61
cursos apresentam Conceito de Curso (CC) e avaliação do Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes - ENADE. O conceito médio dessas 61 instituições é
de 3,85 no Conceito de Curso e a nota concentrou-se em 2,68 no ENADE.
Observa-se que, embora os cursos tenham obtido um conceito satisfatório,
conforme classificação disposta na Portaria Normativa nº 04/08 (BRASIL, 2008), o
ENADE revelou que o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos
programáticos dos cursos, que constam nos seus projetos pedagógicos, bem como
suas habilidades e competências adquiridas deram-se como insatisfatório.
Direcionando o foco para os cursos de Administração, observou-se que os
conceitos atribuídos aos cursos de Bacharelado em Administração Pública, dos trinta
e sete oferecidos, apenas nove deles possuem avaliação através do Conceito de
Curso e ENADE. As médias dos conceitos são de 4,0 para Conceito do Curso e 3,11
no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Embora o ENADE tenha
revelado como conceito satisfatório, esse está praticamente no limite do mínimo
estabelecido para a satisfação em relação ao desempenho dos estudantes.
A demanda de cursos superiores em administração pública surge em um
contexto de mudanças, aonde desde 1930 a administração pública brasileira vem
realizando reformas administrativas para melhoria da gestão pública. Segundo
Pereira (1998), a crise foi agravada com a Constituição de 1988, com o extremo
enrijecimento burocrático e patrimonialismo incontido nas práticas administrativas,
que, de acordo com o autor resultou em alto custo e baixa qualidade da
administração pública.
Devido, dentre outros, a ausência de qualidade dos serviços oferecidos pela
administração pública, tanto nas esferas federais quanto nas estaduais e municipais,
surge o Programa Nacional de Formação em Administração Pública - PNAP como
consequência das necessidades de fortalecimento e inovação da gestão pública,
apontadas através das reformas administrativas brasileiras, em especial a de 1990.
Para Demarco, (2015, p.5) o PNAP foi impactado por três vetores:
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[...] o processo de descentralização das políticas públicas em direção
as administrações subnacionais; o fortalecimento da qualificação
como critério para progressão e desenvolvimento nas carreiras da
Administração Pública; e o fortalecimento da modalidade de ensino a
distância como instrumento desta qualificação, impulsionada com o
avanço das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs).
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2. Justificativas
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PNAP e/ou as questões de adesão e gestão, questões curriculares, questões que
englobam os atores sociais pertencentes a esses novos paradigmas educacionais
ou questões ligadas ao perfil dos alunos. Parte-se do pressuposto de que as causas
são diversas, mas identifica-las e buscar ações que as inibam são objetivos que
podem auxiliar nas políticas públicas do PNAP em sua forma de gestão.
3. Objetivos
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4. Revisão da literatura e fundamentação teórica
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O mesmo ocorre com a caracterização do Programa Nacional de Formação
em Administração Pública e do Sistema Universidade Aberta do Brasil e a correlação
com os índices de evasão especificamente na modalidade EaD. Para tanto usar-se á
como aporte teórico e metodológico desta pesquisa, dentre outros, obras e estudos
de Coelho (2001), Pretto (2006), Santos (2008), Mugnol (2009), Barros (2011) e
Demarco (2015).
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O Decreto 5622/05 regulamentou a educação à distância caracterizando-a,
regulando sua organização, níveis e modalidades educacionais, avaliação de
desempenho do estudante e condições para oferta dos cursos à distância, enquanto
a Portaria Ministerial nº 4361/2004 normatizou as exigências para credenciamento e
recredenciamento de instituições de ensino superior no oferecimento de cursos de
graduação e pós-graduação nessa modalidade à distância.
A EaD, que iniciou como uma alternativa de capacitação atendendo aos
interesses econômicos da época, vencendo a barreira da distância com a utilização
da tecnologia, foi ampliada agregando novos paradigmas pedagógicos com o uso de
novas tecnologias, constituindo-se como alternativa para a inclusão social (BARROS
e CARVALHO 2011).
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impulsionada com o avanço das novas tecnologias de informação e
comunicação (TICs).
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O curso de Bacharelado em Administração Pública é oferecido em oito
módulos na modalidade à distância, sendo que vinte por cento da carga horária de
cada disciplina deve ser por meio de encontros presenciais.
As universidades selecionadas inseriram em suas propostas as localidades
de oferecimento, ou seja, os polos onde o curso seria oferecido. A média de número
de polos de cada instituição variou entre seis e sete, com vagas de cinquenta alunos
por polo, em sua maioria.
Os convênios firmados entre as instituições cedentes dos polos de apoio
presencial tiveram diferentes especificidades, como no caso de Rondônia e
Amazonas.
Em Rondônia a estrutura do polo contou com o apoio de prefeituras
municipais, que cederam a estrutura física, contemplando sala de aula, laboratório
de informática com acesso à internet, sala de tutores e biblioteca, sendo os livros
oferecidos pelo Programa.
De acordo com Lucena et al. (2012), no Amazonas as prefeituras foram
responsáveis pela manutenção do polo, recebendo através do Governo Eletrônico –
Serviço de Atendimento ao Cidadão-GESAC - programa do Governo Federal para
inclusão digital em regiões remotas do País, um kit de acesso contendo trinta
computadores com sistemas operacionais, impressora, roteador sem fio e antena
parabólica.
4.4 Evasão
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diversas e costuma ser maior que nos cursos presenciais, como as características
do público alvo, os mecanismos de interação social e as dificuldades geradas pela
mediação tecnológica.
Para Santos et al. (2008), os números elevados também podem estar
relacionados a necessidades individuais e regionais e pela avaliação do curso.
Coelho (2001) supõe como causas a falta da tradicional relação face-a-face entre
professor e alunos, ausência de habilidade para lidar com as novas tecnologias o
que inviabiliza as atividades propostas pelos cursos à distância, ausência de
reciprocidade da comunicação, o que dificulta a interatividade e ainda necessidade
de um agrupamento de pessoas em um espaço físico para troca de saberes.
O estudo realizado por Lucena et al. (2008) na Universidade Federal do
Amazonas apontou que das 346 vagas oferecidas no curso de Bacharelado em
Administração Pública em 2011/2, divididas em seis polos, no final do segundo
módulo, realizado em 2012/1 já haviam evadido 61 alunos, ocorrendo ainda a
desistência por parte de 27 alunos.
De acordo com informações prestadas pela coordenação do curso da
Fundação Universidade Federal de Rondônia, dos 350 alunos matriculados,
permaneceram até 2016.1 apenas 92 alunos.
Na literatura há modelos que tentam explicar o fenômeno evasão. O modelo
desenvolvido por Tinto (1975) reconhece a necessidade de as instituições de ensino
serem proativas no processo de integração dos estudantes, verificando o senso de
comunidade, oportunizado pela noção de construtivismo social.
Baseado no modelo de Tinto (1975) e nos modelos psicológicos, Bean e
Metzner (1985) defendem a evasão dos estudantes maiores de 24 anos
relacionando-a ao fato desses serem tratados como estudantes não-tradicionais,
com outras atividades que não o estudo.
O estudo da evasão reporta o pesquisador a diferentes modelos que tentam
mapear as causas que contribuem para a desistência. Entretanto, vale ressaltar que,
apesar dos diferentes modelos propostos serem utilizados em sua íntegra, muitas
vezes faz-se necessária uma adaptação à realidade vivida em cada curso.
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Para Prodanov e Freitas (2013, p. 14) a metodologia, em um nível aplicado,
examina, descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa que proporcionam a
coleta e o processamento de informações, com vistas à resolução de problemas
e/ou questões de investigação. Nesta seção apresentam-se informações quanto à
classificação, universo da pesquisa, e procedimentos para coleta de dados.
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Fonte: Adaptado de Silva (2004)
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O instrumento será encaminhado via on line a partir da ferramenta
denominada Google Doc’s, que é uma plataforma que funciona com qualquer
terminal de operação conectado à internet.
Autores como Santos et al. (2008), Carr (2006) e Almeida (2008) apontam
que são expressivos os índices de evasão nos cursos oferecidos na modalidade à
distância. Várias questões são elencadas, entre as quais o contato face-a-face entre
professor-aluno, domínio técnico insuficiente no uso do computador e internet,
ausência de reciprocidade de comunicação e falta de agrupamento de pessoas em
uma estrutura física (SANTOS et al., 2008). Outra questão seria o perfil dos alunos,
que por serem mais velhos priorizam questões familiares e tendem a desistir dos
cursos à distância, constatando ainda que muitos alunos desistem em razão de
matrimônio, mudança de trabalho, gravidez, cuidados com filhos pequenos e outras
transições pessoais e profissionais (CARR, 2006). Some-se a estas questões as
razões apontadas por Almeida (2008) que constatou que a evasão também está
relacionada a ausência de feedback do tutor nas atividades realizadas, problemas
com acesso à internet, falta de habilidade no uso do computador, atraso na entrega
do material de apoio, dentre outros.
Todas estas questões elencadas acima estão presentes nos cursos de
Bacharelado em Administração Pública nas regiões do País, mas os índices de
evasão diferenciam-se de forma significativa quando comparado ao curso no Estado
do Amazonas, que foi em média de 20% até o segundo semestre com os de
Rondônia, que os índices chegaram a média acima de 40% no mesmo período.
Como na Amazônia não há pesquisas voltados para as causas da evasão
nos cursos de Bacharelado em Administração Pública, na modalidade à distância,
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integrante do PNAP, acredita-se que este projeto previsto para ser um estudo de
caso comparativo com metodologia quantitativa pode dar visibilidade às
especificidades deste curso nas quatro instituições públicas que aderiram ao
programa, de forma a contribuir para poder se analisar os altos índices de evasão
apresentados no IV Fórum da Área de Administração Pública (2014) que apontou
que das 29.929 vagas ofertadas; 25.173 foram ocupadas com alunos cadastrados,
mas somente 16.870 alunos efetivamente estavam cursando e 1.114 alunos
concluíram.
Desta forma, levando em consideração que de 2009 a 2014, somente 1.114
alunos se formaram no Bacharelado em Administração Pública do PNAP, entende-se
que esta pesquisa é de suma importância ao analisar as especificidades da evasão
destes alunos na Região Amazônica, região essa com uma grande demanda de
profissionais nestas áreas, pois trata-se de regiões onde o serviço público é um dos
principais pontos de empregabilidade, exigindo uma formação com ensino superior
na área.
A pesquisa, além de contribuir para a análise desta contradição entre
demanda e oferta nas regiões estudadas, também possui a originalidade de dar
visibilidade da correlação ou não entre as Políticas Públicas Educacionais na
modalidade EaD idealizada pelo Ministério da Educação e as dificuldades de sua
implementação e desenvolvimento frente as especificidades das IES públicas
instaladas na Região Amazônica que possui limitações em relação ao acesso da
internet, por exemplo, além de ter um perfil de aluno bastante diferenciado que
envolve desde a questão de etnia, de pertencimento rural, de aderência às questões
de influências de fronteiras, onde o multiculturalismo se mostra muito presente e o
debate da descolonização é uma realidade presente no cotidiano.
Este trabalho poderá também identificar questões que elevem os índices de
evasão que podem indicar parâmetros para Políticas Públicas efetivas para a região
Amazônica que possam contribuir para inibir que vagas como as do PNAP fiquem
ociosas, com altos custos econômicos e sociais, em uma região com significativa
necessidade de formação destes profissionais.
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7. Cronograma de execução
2º Semestre de 2017
Cursar as disciplinas obrigatórias do programa;
Participar do Seminário de Pesquisa em Educação, apresentando o projeto
reformulado, em conformidade com as recomendações do orientador.
1º Semestre de 2018
Cursar a disciplina Ensino, Aprendizagem e Educação Escolar;
Encontros com orientador para traçar as diretrizes para o desenvolvimento
do projeto de pesquisa;
Publicação de artigos;
Aprofundar a bibliografia e iniciar a coleta de dados.
2º Semestre de 2018
Realizar estágio obrigatório;
Encontros com orientador para consolidação da coleta dos dados e
continuidade da pesquisa;
Participação em eventos científicos com apresentação de trabalhos.
1º Semestre de 2019
Realizar estágio obrigatório;
Encontro com orientador;
Aplicação do instrumento de coleta dos dados;
Participação em eventos científicos com apresentação de trabalhos.
2º Semestre de 2019
Realização de estágio obrigatório;
Encontros com orientador;
Análise da coleta de dados;
Participação em eventos científicos com apresentação de trabalhos.
1º Semestre de 2020
Realização de estágio obrigatório;
Encontros com orientador;
Participação em eventos científicos com apresentação de trabalhos;
Qualificação do projeto de pesquisa.
2º Semestre de 2020
Realização de estágio obrigatório;
Encontro com orientador;
Participação em eventos científicos com apresentação de trabalhos;
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Elaboração da tese.
1º Semestre de 2021
Realização de estágio obrigatório;
Conclusão da tese;
Defesa da tese.
8. Referências
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BARROS, Maria das Graças. CARVALHO, Ana Beatriz Gomes. In:____As
concepções de interatividade nos ambientes virtuais de aprendizagem.
Paraíba: Eduepb, 2011. p. 209-232.
______. Decreto Federal nº. 5.622, de 20.12.2005. Regulamenta o art. 80 da Lei nº.
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Acesso em 19 mar. 2017.
18
______. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Edital n.
01 de 27 de abril de 2009. Disponível em: < https://www.capes. gov.br/images/
stories/download/bolsas/ EDITAL_N1_ PNAP_DED_CAPES_2009.pdf> Acesso em
02 abr. 2017.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.
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MUGNOL, Marcio. A educação a distância no Brasil: conceitos e
fundamentos. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 9, n. 27, p. 335-349,
maio/ago. 2009.
PEREIRA, José Matias. Governança no Setor Público. São Paulo: Atlas, 2010.
YIN, R. Case study reserarch: design and methods. London: Sage, 1986.
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