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Nesses primeiros versos, o escritor, que está elíptico, é um ser não mutável,
independente dos agentes que o incitam a se transformar. Isto porque ele é indissolúvel,
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Aqui é usado o par mínimo.
tendo em vista que diluir implica em uma mudança de estado, ou seja, uma matéria
sólida se torna líquida, portanto, mais maleável e transparente. No caso do poema,
significaria que quem é solúvel é mais comunicável/comunicativo.
Afim de reforçar a ideia dessa solidez irrevogável, o poema traz as imagens da
pedra e do diamante, dois minerais. A pedra, segundo o ditado popular ao qual o poema
faz alusão, pode ser vencida pela tenacidade da água, contudo, nos versos em análise,
isso não é possível. Em seguida, o diamante, considerado o mineral mais duro do
mundo, auxilia na ratificação da insolubilidade do escritor diante de líquidos, como
água e álcool.
Aqui, o motivo pelo qual ele é insolúvel: o fato dele mesmo ser um dissolvente,
bem como a água, álcool e as “gotas de um pranto”. Logo, ele se mescla à água que
tenta ultrapassá-lo em um banho, tentando purificá-lo. Entretanto, ele, por sua
insolubilidade, nega-se a participar desse processo e se retira, “emerge ingrato”.
primeiramente, na da caneta-tinteiro
com que ele se escreve dele, sempre
A figura humana (escritor) é comparada aos elementos naturais que tem a capacidade de
se diluir.
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Fernando Pessoa, psicografia.
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Atentar para a importância do suporte da escrita: manuscrito, datilografado, livro e jornal.
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Sólida porque já secou depois da impressão, difícil de apagar, é permanente.