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Essa temperatura é da ordem de 37°C, com limites muito estreitos (entre 36,1 e 37,2°C), sendo 32°C
o limite inferior e 42°C o limite superior para a sobrevivência, em estado de enfermidade.
A energia produzida pelo organismo humano advém de reações químicas internas. A mais
importante delas é a combinação do carbono, introduzido no corpo sob a forma de alimentos, com o
oxigênio, extraído do ar pela respiração. Com o uso do oxigênio, o organismo promove a queima das
calorias existentes nos alimentos, transformando-as em energia. Esse processo de produção de
energia interna a partir de elementos combustíveis orgânicos é denominado de metabolismo.
O calor produzido pelo corpo humano, através do metabolismo, é dissipado pelos mecanismos de
trocas térmicas entre o corpo e o ambiente, envolvendo as trocas secas (condução, convecção e
radiação) e as trocas úmidas (evaporação).
O calor perdido para o ambiente através das trocas secas é denominado de calor sensível, sendo
função das diferenças de temperatura entre o corpo e o meio. Já o calor perdido para o ambiente
através das trocas úmidas é chamado de calor latente e envolve mudança de estado de agregação: o
suor, líquido, passa para o estado gasoso (vapor).
É importante lembrar que o fluxo de calor sempre vai do ponto mais quente ao mais frio. Caso os
corpos tenham a mesma temperatura, dizemos que estão em equilíbrio térmico.
Condução: Troca de calor entre dois corpos que se tocam ou entre partes de um mesmo corpo que
estejam a temperaturas diferentes. Neste caso, o calor se propaga em todas as direções: se elevamos
a temperatura de um ponto do mesmo corpo, o fluxo de calor se dirige a todos os pontos de menor
temperatura que o rodeiam. A condução se realiza por contato entre as moléculas dos corpos. Nos
fluidos (líquidos e gases), também existem fenômenos convectivos que alteram o processo original.
Por esta razão, a condução refere-se aos sólidos.
Convecção: Troca de calor entre dois corpos, sendo um deles sólido e o outro um fluido (líquido ou
gás). A convecção se verifica quando os corpos estão em contato molecular e um deles, pelo menos, é
um fluido. O processo possui duas fases: na primeira, o calor se transmite por condução; ao passo que,
na segunda, a alteração sofrida pela temperatura do fluido modifica sua densidade (o fluido aquecido
torna-se mais leve, tendendo a subir e, em conseqüência, provoca o movimento convectivo).
Convecção natural: É originada pela diferença de temperaturas entre o sólido e o fluido. Assim,
ocorre algumas vezes no espaço interior das edificações e quase sempre em câmaras de ar fechadas
por vidros e paredes duplas, ou nas coberturas com forro.
Convecção forçada: Na convecção forçada, originada por uma causa externa (como a ação mecânica
de um ventilador), o ar possui velocidade própria, independente do seu movimento convectivo.
Radiação: Mecanismo de troca de calor entre dois corpos (que guardam entre si uma distância
qualquer), através de sua capacidade de emitir e de absorver energia térmica. A irradiação
(transmissão de energia através do espaço) ocorre mediante uma dupla transformação da energia:
uma parte do calor do corpo com maior temperatura se converte em energia radiante que chega até
o corpo com menor temperatura, onde é absorvida numa proporção que depende das propriedades
da superfície receptora, sendo novamente transformada em calor.
Apostila 03 – Exigências humanas, Mecanismos de trocas térmicas e Índices de Conforto Térmico I 3
Absorção de onda curta: claro x escuro Emissão de onda longa: metálico x não-metálico
Evaporação: Troca térmica úmida proveniente da mudança do estado líquido para o estado gasoso.
Para ser evaporada, passando ao estado de vapor, a água necessita de um certo dispêndio de
energia. A velocidade de evaporação é função do estado higrométrico do ar e de sua velocidade.
Isso porque, como já vimos, a uma determinada temperatura, o ar tem capacidade de conter apenas
certa quantidade de vapor d’água, inferior ou igual a um máximo denominado peso do vapor
saturante. Portanto, o grau higrométrico é a relação entre o peso de vapor d’água contido no ar, a uma
Apostila 03 – Exigências humanas, Mecanismos de trocas térmicas e Índices de Conforto Térmico I 4
Condensação: Troca térmica úmida decorrente da mudança do estado gasoso do vapor d’água contido
no ar para o estado líquido. Quando o grau higrométrico do ar se eleva a 100%, a temperatura em que
ele se encontra é denominada ponto de orvalho e, a partir daí, o excesso de vapor d’água contido no ar
se condensa — passa para o estado líquido. Da mesma forma que a evaporação, a condensação é
acompanhada de um dispêndio de energia. Por isso, quando chove, é possível experimentar uma
sensação de aquecimento do entorno.
Em um clima frio, tal situação pode ser recorrente: o ar mais aquecido (pela presença de pessoas e de
fontes de calor dentro da edificação) entra em contato com as superfícies frias de vedação (expostas às
condições mais rígidas do exterior), condensando sobre as mesmas. Assim, é preciso diminuir os efeitos
negativos da condensação superficial. Uma opção seria dotar o espaço de uma maior taxa de
ventilação, carregando a massa de ar úmida para o exterior. Outra solução consiste em se empregar
materiais que tenham uma maior resistência à passagem da água (ou seja, menos porosos).
MECANISMOS TERMORREGULADORES
Quando as trocas de calor entre o corpo humano e o ambiente ocorrem sem maior esforço, a
sensação do indivíduo é de conforto térmico e sua capacidade de trabalho, desse ponto de vista, é
máxima. Se as condições térmicas ambientais causam sensação de frio ou de calor, é porque nosso
organismo está perdendo mais ou menos calor que o necessário para a manutenção da
homeotermia, a qual passa a ser conseguida com um esforço adicional que sempre representa
sobrecarga. Como consequência, ocorre queda do rendimento no trabalho, até o limite, sob
condições de rigor excepcionais, de perda total de capacidade para realização de trabalho e/ou
problemas de saúde.
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Na presença de frio, os mecanismos termorreguladores são ativados com o objetivo de evitar perdas
térmicas do corpo ou aumentar a produção interna de calor. A redução de trocas térmicas entre o
indivíduo e o meio se faz através do aumento da resistência térmica da pele por meio da
vasoconstrição, do arrepio, do tiritar. Já o aumento das combustões internas (termogênese) se dá
através do sistema glandular endócrino.
A partir daí, o homem começa a lançar mão de mecanismos instintivos (como curvar o corpo,
diminuindo a área de exposição da pele, bem como esfregar as mãos) e culturais (fazer alguma
atividade física ou ingerir alguma bebida quente). Também faz uso de suas habilidades (tecer roupas
e construir abrigos) para melhor se adaptar ao meio.
No caso de calor, o aparelho termorregulador busca aumentar as trocas térmicas entre o organismo
e o ambiente e reduzir as combustões internas. O incremento das perdas de calor para o ambiente
ocorre por meio da vasodilatação e da exsudação, enquanto a redução das combustões internas
(termólise) se faz através do sistema glandular endócrino.
O segundo mecanismo ativado, quando os anteriores não são suficientes para manter o equilíbrio
térmico, é também o mais importante para a sensação de conforto térmico: o suor. Os poros sempre
estão produzindo o suor, que vai sendo evaporado no seu interior. Esta evaporação incrementa as
perdas de calor do corpo. Contudo, vale lembrar que, quando o ar está excessivamente úmido, o suor
não pode ser totalmente evaporado, ficando na superfície e prejudicando a sensação de conforto.
Também pode ocorrer redução automática do metabolismo a fim de diminuir a produção interna de
calor no organismo.
Da mesma forma, caso as condições climáticas continuem a provocar calor, o homem passa a fazer
uso de mecanismos instintivos (abanar o rosto, por exemplo), culturais (nadar, ingerir alimentos
frios) e de suas habilidades (construção de abrigos, desenvolvimento de mecanismos de refrigeração)
para melhor se adaptar ao meio.
A fadiga física faz parte do processo normal de metabolismo. Já os dois outros tipos resultam da
presença de condições adversas no meio, sendo que a fadiga termo-higrométrica é conseqüência do
trabalho excessivo do aparelho termorregulador, tanto com relação ao frio quanto ao calor.
Os fatores que influenciam a sensação de conforto térmico dos seres humanos, dando origem ou não
ao acionamento dos mecanismos de compensação de seu corpo, são chamados de variáveis de
conforto térmico. Podem ser ambientais (condicionantes do meio que interferem nas trocas de calor)
ou humanas (variam para cada pessoa – por isso, os estudos de conforto térmico geralmente levam
em consideração as sensações térmicas equivalentes para a média de um grupo de pessoas).
Variáveis ambientais
Variáveis humanas
Além destas variáveis (ambientais), o nível metabólico (atividade física) e a vestimenta (isolamento
da roupa) também interagem na sensação de conforto térmico do homem.
Pela tabela acima, é possível observar que a medida da atividade física é dada por uma unidade
denominada de “met”, equivalente a 58,2 W de energia produzida por m² de pele (área superficial do
corpo nu). Sabendo que o corpo de um adulto possui, em geral, 1,7 m² de pele, uma pessoa sentada
em repouso (que está desenvolvendo a atividade de 1,0 met), terá uma produção de calor de cerca
de 100 W (58 x 1,7 = 98,6 W).
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Isolamento do vestuário: A pele troca calor por condução, convecção e radiação com a roupa que,
por sua vez, troca calor com o ar por convecção e, com outras superfícies, por radiação. Assim, a
vestimenta, que mantém uma camada (mínima que seja) de ar parado, dificulta as trocas por
convecção e por radiação.
Idade: Diferença entre pessoas mais novas e mais velhas (geralmente as últimas se sentem mais
confortáveis a 1°C superior de temperatura).
Gênero: A taxa metabólica das mulheres é menor, então, normalmente preferem uma temperatura a
1°C superior que a dos homens.
Nível de adaptação: Pessoas que vivem em climas tropicais possuem uma maior tolerância para
ambientes quentes, enquanto pessoas de regiões frias são mais tolerantes a ambientes resfriados.
A partir do conhecimento das variáveis climáticas de conforto térmico, combinadas com as variáveis
humanas, vem sendo desenvolvida uma série de estudos que procuram determinar as condições de
conforto térmico e os vários graus de conforto ou desconforto por frio ou por calor. Isso porque,
embora as variáveis de conforto térmico sejam diversas, quando se muda diferentemente algumas
delas ou até todas, as condições finais podem proporcionar sensações ou respostas semelhantes.
Tal fato levou os estudiosos a desenvolverem parâmetros que agrupam as condições que
proporcionam as mesmas respostas: os índices de conforto térmico. Em geral, esses índices são
desenvolvidos fixando um tipo de atividade e a vestimenta utilizada pelo indivíduo para, a partir daí,
relacionar as variáveis do ambiente e reunir, sob a forma de cartas ou nomogramas, as diversas condições
que proporcionam respostas iguais por parte dos indivíduos.
A figura que segue apresenta a Carta Bioclimática para habitantes de regiões de clima quente, em
trabalho leve, vestindo 1 “clo”, que corresponde a uma vestimenta leve.
Carta Bioclimática para habitantes de regiões de clima quente, em trabalho leve, vestindo 1 “clo”
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Assim, na região central da carta, está delimitada a zona de conforto. As condições de temperatura
seca e de umidade relativa do ar podem ser obtidas sobre a carta. Evidentemente, se os pontos
determinados por essas variáveis se localizarem dentro da zona de conforto, as condições
apresentadas serão consideradas como adequadas. Se caírem fora da zona de conforto, há
necessidade de serem tomadas medidas corretivas.
Importa destacar que as variáveis ambientais relacionadas na carta são medidas externamente às
edificações. Olgyay justifica que, em suas experiências para a determinação da zona de conforto
(realizadas no sudeste dos Estados Unidos), as temperaturas internas ficaram muito próximas das
externas, sugerindo que seu diagrama fosse utilizado principalmente para edifícios com vedações leves
em regiões semelhantes. Assim, essa primeira carta (cujo limite da zona de conforto está em branco na
figura da página anterior), segundo o autor, seria apropriada para locais de clima moderado.
Depois desses primeiros estudos, muitas revisões foram feitas, inclusive pelo próprio autor. Isso porque
foram criticadas a falta de uma estratégia referente à massa da envoltória (já que as vedações de uma
edificação modificam a sensação de conforto térmico, retardando as trocas de calor entre exterior e
interior) e a adequação da carta para regiões de clima quente (em função de uma maior tolerância de
seus habitantes quanto à variação das condições de temperatura e de umidade do ar).
Por causa disso, em 1968, Olgyay procurou adaptar sua carta para regiões de clima quente,
realizando trabalhos na Colômbia, em que considerou a aclimatação das pessoas e adotou novos
parâmetros para definição da zona de conforto. Os novos limites empregados (linha pontilhada da
figura da página anterior) foram de cerca de 20 a 80% de umidade relativa e temperatura de bulbo
seco limitada entre 18,3°C e 29,5°C.
Um ano depois, em 1969, Baruck Givoni, desenvolvendo a idéia de Olgyay, propôs uma carta
bioclimática para edificações, baseada na carta psicrométrica, que inclui, além da temperatura de
bulbo seco e da umidade relativa, a pressão de vapor e a temperatura de bulbo úmido. A principal
diferença entre esses dois sistemas deve-se ao fato de que o diagrama de Olgyay é desenhado entre
dois eixos (temperaturas secas e umidades relativas), enquanto que a carta de Givoni é traçada sobre
uma carta psicrométrica convencional.
A carta bioclimática passou então a ter demarcações de diferentes limites para climas temperados e
para climas quentes. Dentro desses limites das condições climáticas, várias estratégias podem ser
usadas, caso as situações sejam de desconforto. As novas opções de estratégias apresentadas, em
relação à proposta de Olgyay, são: massa térmica (para aquecimento ou resfriamento), resfriamento
evaporativo, aquecimento ou resfriamento artificial.
Existem dois tipos de dados climáticos que podem ser plotados na carta, com o objetivo de se
analisar climaticamente um local: dados climáticos horários (para todas as 8.760 horas de um Ano
Climático de Referência) e dados das médias mensais de um período significativo de anos (obtidos
através das Normais Climatológicas).
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Lembrando que:
As Normais Climatológicas são séries de dados padronizados para grandes períodos de tempo
(geralmente 30 anos). As séries apresentam médias mensais de temperatura, médias das máximas de
temperatura, média das mínimas de temperatura, temperaturas máximas e mínimas absolutas,
pressão atmosférica, umidade relativa, horas de insolação e precipitação, dentre outros dados.
O ano climático de referência, por sua vez, resulta de um tratamento dessa série de dados climáticos, em
que são eliminados os anos que apresentam a menor e a maior temperatura da série. Por fim, é
selecionado o ano cujas temperaturas não apresentam extremos. O procedimento realizado para
selecionar um ano climático de um local específico é baseado na eliminação de anos de dados. Para isto,
os meses são classificados em ordem de importância. As temperaturas médias mensais, para o período de
registros disponível, são examinadas de acordo com a sequência: o ano com o mês mais quente e o mês
mais frio são anotados. O processo continua, anotando-se os anos em que ocorrem os extremos e
posteriormente anotando-se os anos atípicos (por exemplo, janeiro mais frio). Esses anos são eliminados e
o procedimento é repetido até restar apenas um. Este é designado o Ano Climático de Referência e suas
características é que serão analisadas.
Na carta bioclimática de Givoni, para os dados horários, cada par de dados de TBS e UR formam um
ponto a ser marcado, sendo que as diferentes localizações dessas ocorrências na carta assumem
geralmente a forma de uma mancha. Essa localização é indicadora do tipo de clima do local e,
consequentemente, das estratégias mais adequadas ao bom desempenho térmico do edifício.
Para a confecção de uma carta com dados horários, utilizam-se softwares especializados, que exigem
uma formatação própria na geração dos dados de entrada. Dois exemplos são o Analysis Bio, da
Universidade Federal de Santa Catarina, e o Climaticus, da Universidade de São Paulo. Ambos fazem
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a plotagem das 8.760 horas de um ano e oferecem um relatório da porcentagem de cada estratégia
necessária. A figura seguinte mostra uma carta bioclimática confeccionada com dados horários para
a cidade de Belém (PA).
A mesma relação que existe entre a clara e a gema de um ovo frito pode sumarizar, de forma
figurativa, a ligação existente entre a carta bioclimática feita a partir do TRY e aquela a partir das
normais. As normais, por empregarem valores médios, tendem a concentrar as linhas
representativas do ano na região correspondente ao centro de gravidade da mancha proveniente das
8.760 horas analisadas pelo TRY.
Fazendo uma comparação entre os índices de conforto térmico estudados até agora, apesar da
validade dos métodos desenvolvidos, importa destacar que eles basicamente verificam a influência da
temperatura e da umidade do ar na sensação de conforto térmico, uma vez que os outros fatores
humanos intervenientes (como a vestimenta e a atividade física executada) são mantidos constantes.
Isso restringia a aplicação prática dos resultados dessas pesquisas, uma vez que eles só são válidos para
condições semelhantes àquelas usadas nos testes: ou seja, atividade física sedentária, vestimenta com
resistência térmica de 0,6 a 1,0 clo, baixa velocidade do ar e temperatura radiante média igual à
temperatura ambiente. A mudança nessa forma de análise ocorreu apenas com o trabalho do
professor dinamarquês Ole Fanger.
Partindo da premissa de que para haver conforto térmico numa determinada atividade física o corpo
deve estar em equilíbrio térmico, Fanger elaborou uma equação de conforto que permitia, para uma
determinada combinação das variáveis pessoais (tipo de atividade física e vestimenta), calcular todas
as combinações das variáveis ambientais (temperatura radiante média, umidade relativa, velocidade
e temperatura do ar) que produzem conforto.
são ilustrados abaixo. Ambos são dados para uma atividade sedentária (1 met) e vestimenta leve (0,5
clo). Contudo, no primeiro diagrama, a temperatura do ar é coincidente com a temperatura radiante
média. Já no segundo, elas são diferenciadas.
Embora os diagramas representem as combinações das variáveis que resultam em conforto térmico,
sob o ponto de vista prático, fazia-se necessário conhecer o grau de desconforto experimentado
pelas pessoas em ambientes que oferecessem condições diferentes daquelas consideradas
confortáveis. Assim, Fanger também definiu um critério para avaliar esse grau de desconforto,
chamado de Predicted Mean Vote (PMV) – Voto Médio Predito (VMP) ou Voto Médio Estimado
(VME). Tal critério relaciona as variáveis climáticas que influenciam o conforto térmico com uma
escala de sensação térmica definida por Fanger. Desse modo, o PMV expressa a sensação térmica
média de um grupo de pessoas, quando expostas a uma determinada combinação dessas variáveis,
sendo dado na seguinte escala:
+3 muito quente
+2 quente
+1 levemente quente
0 neutro (conforto)
-1 levemente frio
-2 frio
-3 muito frio
Vale lembrar que existem alguns programas que calculam o PMV on line, bastando inserir os dados
referentes às variáveis humanas e ambientais, como aquele. Entre eles, destacam-se o desenvolvido
pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (http://www.dec.ufms.br/lade/pmv/) e aquele da
Universidade de Sidney (http://web.arch.usyd.edu.au/~rdedear/). Além disso, também é possível
chegar ao PMV de determinado ambiente através do software Analysis 1.5
(http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis), desenvolvido pela Universidade Federal
de Santa Catarina.
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O voto médio predito, portanto, é um índice subjetivo, representando um valor numérico que traduz
a sensibilidade humana ao frio e ao calor. O método de Fanger foi adotado como base para o
desenvolvimento de uma norma que especifica condições de conforto térmico para ambientes
termicamente moderados – é o caso de escolas, escritórios – (ISO 7730, 1984) e da sua atualização
em 1994. A norma recomenda que, para esses espaços, o PPD deve ser menor que 10% (Lowest
Possible Percentage Dissatisfied – LPPD) – o que corresponde a uma faixa do PMV entre -0,5 e +0,5.
Observando melhor os índices de conforto térmico estudados, é possível classificá-los quanto à sua
aplicabilidade. Assim, por exemplo, o Voto Médio Predito é mais adequado para a previsão do grau
de conforto (ou de desconforto) presente nos ambientes internos das edificações (já em
funcionamento). As cartas bioclimáticas, por sua vez, em função de sua maior generalidade, podem
ser empregadas para se analisar o comportamento climático de determinado local – estabelecendo
as estratégias mais indicadas para o mesmo antes da concepção de um projeto.