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Dentro do contexto clínico, compreendemos que em diferentes ocasiões,
o terapeuta poderá encontrar-se como receptor de informações confidenciais,
tanto do próprio cliente, como de terceiros, sejam eles pessoas físicas ou
mesmo empresas e outras instituições.
O sigilo profissional é um tema tão importante que o Código de Ética do
Psicólogo aborda a questão do sigilo no seu artigo 9o - "É dever do psicólogo
respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a
intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no
exercício profissional.
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"
A confidencialidade das informações deve ser entendida como a tutela
das informações que surgem no setting terapêutico em uma relação de
confiança e o cuidado para que as mesmas não sejam reveladas a terceiros de
forma não autorizada, uma vez que ficam registradas em prontuários e
controles documentais do próprio terapeuta.
O simples risco de que uma informação confidencial seja revelada já é
suficiente para que um processo terapêutico seja prejudicado, mesmo antes
que se inicie. Muitas vezes a expectativa negativa, o medo de que algum
detalhe deixe de ser sigiloso é o suficiente para que uma pessoa não procure a
terapia, principalmente quando o profissional foi indicado por um amigo ou
quando cliente e terapeuta compartilham os mesmos círculos sociais.
Torna-se imperativo que o profissional seja claro para com o cliente ao
tratar sobre a questão do sigilo e da confidencialidade já no momento em que
firmem o contrato terapêutico. O assunto deverá ser tratado com objetividade,
sem deixar margem à inferências ou interpretações ambíguas por parte do
cliente.
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CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, Código de Ética do Psicólogo, 2014 Disponível em:
<http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf> Acesso em 05 mar 2017
Um dos pontos que devem ser considerados no momento em que se
explana ao cliente os detalhes relacionados ao sigilo e à confidencialidade é o
cuidado para que esta explanação não seja apenas um procedimento
burocrático, como se fosse um texto ensaiado, mas que o diálogo entre as
partes seja elucidativo e que o cliente possa realmente acreditar na postura
ética do profissional, embasado por seu histórico e pela seriedade com que o
tema é trazido, desenvolvendo confiança no profissional.
O sigilo surge então como o elemento do contrato mais estreitamente
ligado ao estabelecimento do assim chamado “vínculo terapêutico”, que é
justamente esta relação de confiança estabelecida gradualmente entre o cliente
e o terapeuta, sem este vínculo o processo clínico tem poucas chances de
sucesso.