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Desbloqueando a Escrita

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Desbloqueando a Escrita

Introdução — O Gosto Pela Escrita e a Inspiração 3

Capítulo 1 — Consistência: A Pedra Fundamental 6

Capítulo 2 — Hábito: O Libertador Mal Interpretado 13

Capítulo 3 — Profissional: O Combatente Incansável 24

Capítulo 4 — Bloqueio: O Nêmesis da Criação 30

Capítulo 5 — Propostas de Escrita 38

Capítulo 6 — Mãos à Obra! 44

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INTRODUÇÃO

O GOSTO PELA ESCRITA


E A INSPIRAÇÃO

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O Gosto Pela Escrita e A Inspiração


Então é isso. Você gostaria de escrever mais. Escrever quando tiver que escrever.

Com ou sem inspiração.

Até acredito que já nutra um gosto peculiar pelas palavras.

Porém já parou para pensar quando foi exatamente que você se deu conta disso?

Lembra qual foi o estímulo inicial?

Houve alguém que o incentivou?

Talvez um dia uma luz tenha acendido em você sob a forma de uma ou duas sentenças.
Então você parou o que quer que estivesse fazendo e colocou-as no primeiro papel que
viu pela frente (ou um equivalente digital, caso já fosse mais moderninho).

Ali, mesmo que por um momento, você achou que aquelas eram as melhores frases que
alguém poderia ter escrito.

“Que combinação perfeita de palavras! Uou! Escrever é demais!”

Em seguida, talvez você tenha mostrado elas para alguém. Ou talvez, caso a excitação
inicial tenha passado rápido demais, preferiu guardá-las somente para você.

Talvez tenha recebido um elogio, um incentivo… talvez não.

De qualquer forma, pode ser que hoje você seja um daqueles escritores casuais que
escrevem sempre que uma boa ideia lhes atinge a cabeça.

Inspiração.

As palavras fluem por você como se todas as sentenças já estivessem no papel muito
antes de você pegá-lo, esperando apenas para serem reveladas.

Uma comunhão divina.

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Fica difícil saber quando exatamente o seu eu termina e quando as palavras começam.

Sua alma transborda. A folha é inundada.

A inspiração cessa.

E dessa maneira pode ser que você já tenha colecionado algumas crônicas, poemas e
contos. Provavelmente também tenha guardado alguns trechos inacabados: prólogos
auspiciosos de livros jamais escritos, cenas marcantes de personagens que nunca foram
desenvolvidos, descrições deslumbrantes de cenários sem ação…

Gostaria de ir além disso? Escrever mais? Completar as lacunas que sua inspiração deixou?

Ótimo! É sobre isso que esse ebook trata. E tudo começa com consistência.

Kaio Gabriel Joner

© 2017, Ficcionados. Todos os direitos reservados.

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CAPÍTULO 1

CONSISTÊNCIA:
A PEDRA FUNDAMENTAL

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Consistência: A Pedra Fundamental


Escrever com consistência é escrever com uma frequência acertada, sem aguardar pela
graça da inspiração.

Consistência é a primeira barreira que separa profissionais de amadores. E, com


profissional, estou me referindo a alguém que leva a escrita a sério e esteja comprometido
com seu amadurecimento como escritor.

Consistência é ganhar mais prática e, portanto, refinar suas técnicas e melhorar a


qualidade dos seus textos. Pode ser que já tenha ouvido falar das dez mil horas
necessárias para se tornar expert em algo. Pois bem, comece a contá-las.

… mas subir esse contador pode ser difícil. Como manter-se consistente?

De fato, as formas de treinar a consistência são capciosas.

Você pode separar um tempo em meio aos seus afazeres, umas três vezes por semana
talvez, para dedicar-se a escrita. Então você começa bem e pode até ganhar confiança.
Mas chegará aquele dia em que você estará mais cansado ou com mais tarefas a fazer e
vai pensar “tudo bem, hoje não vai dar, mas amanhã eu faço”.

E assim a consistência começa a lhe escapar entre os dedos.

Essa história não é lá tão original. Substitua a escrita pelo exercício físico, pelos estudos,
pela alimentação correta ou por qualquer outra atividade que você gostaria de fazer com
frequência. Alguma semelhança?

Um dos pontos de atenção nessa história é justamente a frequência do


comprometimento. Ela é a base da consistência que estamos tentando desenvolver.

Há, então, alguma frequência ideal?

Por mais contra-intuitivo que possa parecer, é muito mais fácil comprometer-se a escrever
todos os dias, do que apenas as três vezes semanais citadas.

Por quê?

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O Esforço Empregado e a Força de Vontade


Um dos primeiros temas abordados por Daniel Kahneman em seu livro Rápido e Devagar:
Duas formas de pensar é a atenção e o esforço.

Pense em nossa atenção como se fosse a memória RAM de um computador. Assim como
há um limite no que conseguimos manter sob nossa atenção, há um limite no que uma
memória RAM é capaz de processar.

Além disso, cada atividade exige uma quantidade de esforço cognitivo para ser realizada.
Quanto maior esse esforço, maior a demanda de atenção, ou seja, mais espaço ocupa na
memória RAM.

Até somos capazes de realizar duas tarefas simultâneas que exigem um esforço cognitivo
mínimo, tal qual andar e conversar. Por outro lado, quando o esforço cognitivo sobre uma
atividade torna-se grande demais, interrompemos outras tarefas menores e tendemos a
nos desligar daquilo que está a nossa volta.

Certo, mas o que isso tem a ver com a consistência?

É aqui que entra a parte capciosa de desenvolvê-la.

O ponto delicado nessa trama é que se a atividade exige por si só um esforço grande,
tendemos a querer voltar para um estado onde há menor gasto de energia… e resistir a
esse impulso exige esforço também.

Logo, nossa atenção já limitada precisa se ocupar com pelo menos dois afazeres: a
atividade em si e o autocontrole para que não a deixemos de lado.

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Além disso, somente exercer autocontrole já é mentalmente desgastante, pois demanda


força de vontade. E como você já deve suspeitar, temos uma quantidade limitada de
força de vontade para usar diariamente: pense nela como uma bateria que descarrega
sempre que autocontrole seja exigido.

Isso significa que naqueles dias em que você chega em casa mentalmente exausto, sem
vontade de fazer nada que demande muito esforço cognitivo, sua bateria de força de
vontade já foi descarregada (Kahneman chama isso de Esgotamento do Ego).

Bacana, mas e aí?

Se você não está acostumado a escrever todo dia, principalmente longe das graças da
inspiração, o autocontrole necessário para manter-se colocando palavras no papel
provavelmente será bem alto.

Felizmente, Kahneman nos assegura que a prática e repetição de uma atividade reduz
esse autocontrole necessário para mantê-la fluindo. Colocando isso de uma maneira
direta: começar a escrever todos os dias pode ser difícil, mas vai ficando cada vez mais
fácil…

Irado, valeu por dizer aquilo eu já sabia. Alguma dica melhor?

Pode ficar tranquilo, ficcionado. Não chegamos até aqui pra chover no molhado.

Hábitos e o Autocontrole Mínimo


Se estamos falando em escrever todo dia, então estamos falando em criar um hábito.

Não sei como você encara essa palavra, mas por muito tempo eu torcia o nariz ao ouvir
ela. Sem dúvida, todos temos hábitos enraizados em nosso interior. E isso era algo que
eu considerava prejudicial à fonte da inspiração, um assassinato à liberdade necessária
para haver criação.

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Mas aí aprendi que não precisava desse drama todo. As coisas não são bem assim.

Hábitos são poderosos (Charles Duhigg e seu livro O Poder do Hábito que o digam). E
isso significa que eles podem ser tão benéficos quanto potencialmente prejudiciais.

Sim, ao contrário do que já pensei um dia, hábitos podem inclusive oferecer mais
liberdade criativa, justamente por demandarem uma quantidade muito baixa de
autocontrole para se manterem e, assim, liberarem espaço cognitivo.

Pois bem, para começar você precisa de força de vontade (certo, isso soou bem mais
como uma frase motivacional barata do que com o sentido que eu quis empregar; tente
relê-la pensando em Kahneman…).

Duhigg enxerga a própria força de vontade como um hábito a ser adquirido. Na verdade,
ele a considera “o hábito angular mais importante de todos para o sucesso individual”.
Hábitos angulares são aqueles que quando desenvolvidos possuem o poder de modificar
positivamente vários outros aspectos da vida. E a força de vontade com certeza é um
desses.

Por isso, além de treinar a escrita em si, não seria nada mal dar uma atenção especial para
ela. Com treinamento, a carga máxima da sua bateria de força de vontade aumenta e
você se torna mais resistente ao Esgotamento do Ego.

Certo, mas será que ainda assim não há uma maneira de poupar essa bateria?

De fato, o uso dela pode ser otimizado…

A força de vontade requerida para fazermos algo proativamente é muito menor do que
ao sermos mandados.

Se você está aqui, suponho que seja por vontade própria e que goste de escrever… então

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são pontos que facilitam o processo.

Além disso, o seu desejo por escrever muito provavelmente está ligado a algum objetivo
pessoal. Se este objetivo for algo grande, como um escrever um livro, quebre-o em
objetivos menores, como escrever um capítulo, e, então, em objetivos ainda menores,
como escrever uma cena, uma passagem…

Nos sentimos mais propensos a fazer a atividade quando sabemos que teremos um
retorno imediato. Então deixe-o evidente! E comemore essas pequenas conquistas!

Lembre-se também: aquilo que não medimos, não podemos melhorar (ou pelo menos
dificulta o progresso consistente). Então faça desses objetivos menores, objetivos bem-
definidos, como escrever 500 palavras todo dia (foi assim que eu comecei, a propósito).

Resumo do Capítulo
“Escrevo apenas quando a inspiração me vem. Felizmente,
ela vem toda manhã às nove horas em ponto”
Somerset Maugham

Estou supondo que você, assim como eu, sente vontade de terminar aqueles textos que
a inspiração deixou pela metade. Aguardar que ela venha ou forçar-se esporadicamente
a encontrar algo que preencha aquelas lacunas não é muito eficiente.

O melhor é treinar a consistência.

Ela não só tornará mais fácil escrever sem inspiração, como também fará com que os dias
iluminados sejam mais recorrentes (e assim eu tenho experenciado desde que comecei a
desenvolvê-la).

Escrever com consistência é escrever diariamente.

É muito mais fácil desenvolver um hábito diário do que um esporádico. O treino é mais
frequente. A repetição é acentuada. As exceções passam realmente a serem uma exceção
ao invés de apenas “mais um dia sem treino”.

E assim começamos a nos desenvolver como escritores de uma maneira mais séria.

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Passamos a enxergar a prática da escrita com uma visão profissional.

Comecei me comprometendo a escrever apenas 500 palavras diárias. Soa simples. E


realmente é.

Otimize o uso da força de vontade e a una com a prática para criação do hábito.

Então chegará o momento em que, mesmo no mais ordinário dos dias, essas 500 palavras
fluirão por você quase sem resistência nenhuma. Então você perceberá que adquiriu o
hábito. E dominou a consistência.

Naturalmente, as 500 palavras passarão a ser 700, 1000, 1500…

Mas como separar um tempo diário para escrever? Ou, como manter-se focado durante
esse tempo? Principalmente no começo, já que exige tanta força de vontade?

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CAPÍTULO 2

HÁBITO:
O LIBERTADOR MAL-
INTERPRETADO

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Hábito: O Libertador Mal-


Interpretado
Então você está comprometido a desenvolver consistência na escrita e possui um objetivo
claro e mensurável para cada dia, tal qual escrever 500 palavras.

Mas talvez já tenha pensado na dificuldade que vai ser encontrar uma brecha em sua
agenda para dedicar-se diariamente.

Ou talvez até encontre e comece bem, mas daí vai topar com aquele dia em que sua força
de vontade não estava das mais altas e nem vai chegar a abrir o seu editor de texto.

Pois bem, caso ache que sua consistência esteja comprometida, leia esse capítulo com
atenção! ;)

O Ciclo do Hábito
Citei o Charlie Duhigg e o seu livro O Poder do Hábito no último artigo. Discutimos os
hábitos angulares e a importância de treinar a força de vontade para iniciar qualquer
outro hábito.

No entanto, não dei a devida atenção ao desenvolvimento do hábito da escrita em si.


Apenas esclarecemos como fazer um bom uso da força de vontade (a sugestão das 500
palavras diárias veio daqui, lembra?).

Ótimo, então se você ainda tá com dificuldade de ganhar consistência, se liga no ciclo do
hábito definido pelo Duhigg:

Gatilho: aquele estímulo que aciona a rotina.

Rotina: a atividade em si.

Recompensa: o benefício por ter feito a atividade.

É a recompensa que avisa pro cérebro se vale a pena memorizar o ciclo e desenvolver o

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hábito.

Em primeiro lugar, ela precisa gerar satisfação. Duhigg diz que o hábito só é criado
quando começamos a ansiar pela recompensa tão logo o gatilho seja acionado. E é esse
anseio que alimenta e fortalece o ciclo.

Para exemplificar isso, pense nas notificações do seu celular:

Sempre que um alerta for ouvido (gatilho), nos sentimo compelidos a dar uma olhada no
que se trata (rotina), porque isso nos proporciona uma distração momentânea
(recompensa).

Se estivermos envolvidos em uma atividade de elevado esforço cognitivo a distração nos


permite abaixar o nível de energia de nossos processos mentais e isso nos traz alívio.

Assim, começamos a ansiar pela distração sempre que um alerta de notificação for
ouvido; por isso deixar o celular no silencioso resolve boa parte do problema.

Certo, e como utilizo isso em meu favor?

Gatilho: Encontre o Horário Ideal e Reforce-o


Os mestres de yoga geralmente dizem que o movimento mais difícil é o caminho até o
seu tapete. Com efeito, a resistência para iniciar uma atividade pode ser desvastadora;
felizmente, os gatilhos a enfraquecem.

Existem cinco tipos de gatilhos que podem acionar um hábito: localização, horário, estado
emocional, outras pessoas ou ações anteriores.

Acredito que desses cinco, o mais fácil de se trabalhar seja o horário.

Não sei como é sua agenda semanal, porém suponho que o seu horário seja meio rígido.
Portanto, você já está acostumado a separar blocos de tempo para determinadas
atividades, sejam elas o estudo, o trabalho, o exercício físico…

É bem provável também que você faça suas refeições aproximadamente num mesmo
horário todos os dias. Mais do que costume, aquela é a hora em que seu cérebro já
começa a aguardar pela comida.

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Percebe como esse gatilho é eficiente?

Sim, sim, mas e quanto à escrita?

Bem, todos temos um horário do dia em que nos sentimos mais produtivos. E se ele
estiver disponível para você, não terá porque pensar duas vezes.

De fato, existem pessoas que, não importando o quão cansativos foram seus dias, ao se
sentarem para escrever às 9, 10 ou 11 da noite, ainda conseguem fluir. É como se uma
parte de suas baterias de força de vontade só fosse desbloqueada nessas horas… e se isso
funcionar para você, excelente.

Contudo, caso seu horário ideal já esteja comprometido e você não se sente muito útil
no fim do dia, eu sugiro que tente ir pra cama mais cedo e acordar mais cedo. As primeiras
horas do dia (as últimas da madrugada) podem ser mágicas se forem bem utilizadas.

Se essa não soou uma boa ideia e não te resta outras opções, eu posso te contar como
foi minha própria saga contra o despertador.

Acordando cedo

Eu estudei no período da tarde até o ensino médio (e mudei pra manhã apenas
por falta de opção). Meu cérebro parecia simplesmente não querer funcionar antes
das 8 e, assim, as primeiras horas do dia eram sempre mais lentas…

Minhas horas de máxima eram as da tarde e, inclusive, foi nesses intervalos que
concentrei meus estudos mais intensos para o vestibular (e eles realmente
rendiam…).

E daí esses estudos fizeram-se valer e eu entrei na faculdade. Passei a ter que
acordar ainda mais cedo, pois morava bem longe do campus e o trânsito até lá
não é dos mais amigáveis.

Isso somado a carga de estudos alta e as atividades extra-curriculares logo me


fizeram adquirir menos apreço ainda por acordar cedo; descobri que os estudos
pro vestibular não eram nada quando comparados à engenharia.

E aí chegou o ponto em que levantar da cama começou a realmente me incomodar


e afetar minha produtividade durante o resto do dia. Nessa época eu já nem tinha

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um período em que me sentia mais produtivo, todos os horários eram iguais e


todos eram de baixa.

Então fui atrás de algo que pudesse me ajudar. Eu já tinha lido uma coisa ou outra
sobre produtividade antes, mas aqui foi quando eu mergulhei fundo nesse mundo
e comecei a devorar vários livros sobre o tema.

Descobri uma porção de técnicas legais sobre organização de tempo. Mas a que
mais me impactou foi a de acordar mais cedo e realizar sua tarefa mais importante
do dia antes mesmo que ele comece.

A essa altura eu já tinha me convencido de que precisava mudar minha visão sobre
acordar cedo.

Pois bem, comecei um teste. Eram férias de verão e, independente do que


acontecesse, comecei a me forçar a ir pra cama mais cedo. Meu objetivo era
acordar 7 da manhã e fazer algum exercício físico. Experienciei duas coisas
importantes:

 O fato de levantar mais cedo para me exercitar me impedia de “deixar isso


para depois”, afinal, havia saído da cama justamente por esse motivo.

 O exercício em si retirava qualquer dormência que ainda podia se instalar


pelo meu corpo.

Passei a me sentir produtivo na manhã, algo que nunca tinha sentido antes.

Além disso, o exercício físico é um dos hábitos angulares que Duhigg cita, aqueles
hábitos que melhoram vários outros aspectos da vida. Um deles é o próprio sono.

Não demorou muito e passei a levantar às 6 da manhã com pouca dificuldade. O


teste tinha sido um sucesso e agora me restava testar isso durante o semestre
letivo.

É, não foi tão fácil quanto nas férias. Mas ainda assim minha produtividade
começou a crescer e passei a gastar menos tempo com os estudos… o que me
rendeu tempo livre!

Alguns anos já se passaram desde então, testei várias atividades diferentes para
abrir o meu dia e acabei desenvolvendo meu próprio ritual matinal. Vou falar disso

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logo mais abaixo, mas é claro que a escrita faz parte dele. :)

Certo, assim que você definir um horário, mantenha-se fiel a ele. Com a prática,
apenas a hora do dia vai ser suficiente para provocar uma vontade de escrever.

Ainda que isso não seja a maior das inspirações, acredito que essa vontade, mesmo
tímida, é ao que Somerset Maugham se referia quando disse que a inspiração sempre lhe
vinha às 9 horas em ponto.

Mas além do horário, não posso utilizar outros tipos de gatilho?

Apesar de eu achar o horário o mais fácil de se começar, você pode utilizar os outros tipos
de gatilho para reforçá-lo.

Se você sempre escreve em uma mesma escrivaninha, essa pode ser a sua localização.
Só que talvez não seja tão fácil usá-la como gatilho principal, principalmente se ela for
utilizada para outros fins além da escrita.

De qualquer forma, procure-a deixar sempre organizada e preparada para servir de base
para o seu trabalho: obstruções podem exigir alguma tarefa de preparação e, mesmo que
ela seja simples, fará com que a força de vontade necessária para começar a escrever
aumente. Isso acabará funcionando como um “gatilho negativo”.

Quanto ao estado emocional, acredito que o que impulsione a escrita seja justamente o
estado de inspiração. Na verdade, é bem provável que esse já seja o gatilho para você
parar o que estiver fazendo e escrever; ou seja, é um hábito já consolidado. Contudo, não
é muito eficiente quando estamos tratando de consistência.

No que toca as outras pessoas, pode ser interessante se você tiver um “parceiro de
escrita”: alguém com que você se reúna para escrever. Seria como marcar com um amigo
para ir à academia. O compromisso que você fez com outra pessoa ainda serviria para
mantê-lo fiel à sua palavra (vou falar um pouco mais disso na parte de recompensa).

Entretanto, também pode ser difícil manter-se consistente caso baseie-se apenas nesses
encontros.

Por fim, temos as ações anteriores. De todos os citados, essas eu acho que possuem o
maior potencial de reforçar o horário (e, se bem utilizadas, podem até mesmo substituí-

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lo como gatilho principal).

Se você começar a escrever logo depois de fazer algo que já é um hábito seu, você pode
utilizar desse mesmo hábito como gatilho para escrita. Escreva depois do seu café da
manhã, depois da academia, depois do banho ou talvez até depois de uns minutos de
meditação…

Com o tempo, você pode até mesmo criar uma sucessão de ações que te levam à escrita
(e além). Assim você começa a formar o seu próprio ritual de escrita. E acredite, rituais
são poderosos.

Hal Elrond em seu livro “O Milagre da Manhã” defende os rituais matinais. Com minha
própria experiência, eu preciso concordar com ele. Se você acordar cedo e realizar uma
série de ações que impulsionem o seu dia, deixando-o pronto para o que for mais
importante, dificilmente sua força de vontade vai lhe deixar na mão.

Mesmo que seu ritual não seja matinal, você pode tentar algumas ações recomendadas
por Elrond:

 Silêncio: alguns minutos em que você fica sozinho, apenas com os próprios
pensamentos. Isso é interessante de ser feito logo antes de começar a escrever
para que você reflita sobre as ideias que serão colocadas no papel e prepare sua
mente para entrar no “modo escritor”.

 Leitura: muito boa para aquecer a mente e ter novas ideias. Você pode escolher
algo relacionado ao tema sobre o qual irá escrever, um livro geral sobre roteiro ou
qualquer outro que lhe possa servir de inspiração.

 Escrita Reflexiva: na verdade o Elrond fala apenas em escrita, mas eu preferi trazê-
la pra cá chamando de “reflexiva”, porque ela não se refere a escrita de que
estamos tratando nesse artigo. Trata-se de alguns minutos para você colocar no
papel o que passa pela sua cabeça, como quais foram as reflexões que você teve
durante o silêncio e/ou a leitura.

A bem da verdade é que considero essas três ações fundamentais para o


desenvolvimento pessoal, independente se você quiser escrever ou tocar trombone. Mas
como o assunto em pauta aqui é a escrita, nada mais justo do que ter deixado os
exemplos voltados a ela.

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Desbloqueando a Escrita

Rotina: Proteja-a
A melhor maneira de proteger a rotina é encarando-a como um profissional. É, eu sei,
colocada dessa forma, essa é uma dica bem vaga e canhestra. Ela somente fará sentido
se eu e você tivermos um mesmo significado para “ser profissional”.

É exatamente sobre isso que o próximo capítulo tratará. Só que, independente desse
conceito, há algumas atitudes práticas que você pode tomar enquanto estiver escrevendo
para proteger a rotina:

Reserve um tempo exato para o seu trabalho e bloqueie-o. Se você estiver usando o
gatilho do horário, já possui uma hora acertada para iniciar as atividades; porém é
interessante também se programar para encerrá-la. Separe esse bloco de tempo de sua
agenda diariamente e marque-o como território sagrado: jamais ouse utilizá-lo para algo
que não seja a escrita.

Planeje o que vai fazer. Já toquei nesse ponto outras vezes (a meta diária das 500
palavras), mas achei importante citá-lo novamente. Se você separou duas horas para se
dedicar à escrita, tenha em mente o que você pretende ter feito ao fim desta seção de
trabalho. Isso não só o manterá com a cabeça à frente, como também refinará sua
capacidade de estimar seus prazos pessoais. Um profissional reconhece o tempo que leva
para realizar seus afazeres.

Isole-se. Realize o seu trabalho sozinho, sem contato a qualquer fragmento do mundo
exterior a ele. Isso não significa apenas dizer não às interrupções de seus colegas de
trabalho (ou a qualquer outra pessoa que compartilhe o mesmo ambiente em que você
esteja trabalhando), mas também dizer não às redes sociais e qualquer outra forma de
comunicação online (sim, incluindo emails). O melhor é destinar um tempo específico,
antes ou depois do seu trabalho principal, para checar os emails e se atualizar com seus
colegas.

Tenha tudo o que precisa ao alcance de suas mãos. Se precisar fazer uma pesquisa em
algum livro, checar anotações antigas ou algo que necessite de um material físico, deixe-
o por perto antes de começar. Um bloco de folhas limpas pode ser útil; uma garrafa de
água ou uma caneca de café também. Se for trabalhar por bastante tempo e sentir que
vai precisar de algo para beliscar, umas barras de cereais podem ser uma boa. Enfim, deu
pra pegar ideia: evite deixar o local de trabalho a menos que seja mesmo necessário.

Não seja multitarefa. Não, nem tente. Isso é falsa produtividade. Talvez você pense em
escrever no trabalho enquanto faz umas planilhas, mas, na melhor das hipóteses, isso vai

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Desbloqueando a Escrita

lhe fazer perder tempo; na pior, isso vai lhe custar qualidade. Já li alguns livros sobre
gerenciamento de tempo e todos eles batiam nesse ponto: podemos focar em apenas
uma coisa ao mesmo tempo. Ser multitarefa significa, na verdade, alternar entre tarefas
e, adivinha só, precisamos de tempo para mudar o nosso foco e se acostumar com outra
tarefa; logo, ficar alternando entre duas (ou mais) fará com que seu cérebro apenas fique
procurando por um novo foco a todo instante.

Recompensa: Torne-a Irresistível


Como discutimos lá no início do capítulo, é a recompensa que vai fazer nascer o anseio
pela execução do hábito. E é o anseio que o alimenta. Portanto, ter uma recompensa
irresistível é crucial.

E o que é irresistível?

Bem, isso depende de você, é claro.

Pode ser que somente a sensação de dever cumprido seja o suficiente. O seu objetivo
de longo prazo com a escrita está tão bem definido, tão bem repartido em objetivos
menores e é tão empolgante que o simples fato de você saber que ao escrever hoje estará
um passo mais perto de completá-lo é o suficiente. Aqui a chave é saber nutrir aqueles
objetivos menores de modo que sejam tão empolgantes quanto o de longo prazo.

Pode ser que você precise realizar algo prazeroso logo depois (e somente depois) de
ter concluído a rotina, como se permitir comer um doce, jogar um pouco de videogame,
assistir um vídeo divertido ou tocar violão. Caso for seguir por esse caminho, me parece
mais lógico escolher algo prazeroso que você não faça em outro período do dia, dessa
forma você consegue amarrar a recompensa escolhida apenas com a escrita.

Existe ainda uma outra maneira de deixar o jogo sério. Além de ter algo bom como
recompensa, você pode acrescentar a graça de evitar que algo “ruim” aconteça.

Comprometa-se com seu objetivo publicamente ou com seus melhores amigos. Dê


sua palavra a eles. Estipule metas semanais e peça para que eles as cobrem de você.

Se sua palavra e a cobrança não forem o bastante, combine alguma punição com seus
amigos. Algo como “se essa semana eu não atingir minha meta, eu pagarei um rodízio de
pizza pra todos… e vão sem mim”.

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Desbloqueando a Escrita

O fundamento por trás dessa atitude de responsabilidade e comprometimento é que


nossas mentes estão tão programadas para evitar a dor quanto para buscar pelo prazer.
Na verdade, há quem diga que evitar a dor seja um impulso ainda mais forte…

Minhas Experiências
“As pessoas não escolhem seus futuros; elas escolhem
os seus hábitos, e seus hábitos determinam os seus futuros”
F. M. Alexander

Desde que comecei a escrever diariamente, optei por fazê-lo pela manhã. No início, o
tempo disponível era específico e restrito, não me restando muitas alternativas. Mesmo
que agora eu tenha um horário flexível, a escrita continua sendo uma das minhas
primeiras atividades após acordar.

Esse é o horário em que a vontade bate, o gatilho; o hábito já foi consagrado.

Antes mesmo de começar com isso, eu já mantinha um ritual matinal (ele não é
completamente imutável e volta e meia vou testando algo novo, mas não procuro alterá-
lo muito de uma só vez). E, sem dúvida, ele me ajudou com a escrita quando passei a
treiná-la.

Na data em que escrevo esse artigo, 7 da manhã é a hora em que meus dedos tocam no
teclado e ensaiam as primeiras palavras. Antes disso, eu já escovei os dentes, tomei café
da manhã, me alonguei, fiz uma prática rápida de Tai Chi e sentei em silêncio por alguns
minutos. Quando começo a escrever, minha mente está calma e concentrada.

Quanto à recompensa, a sensação de dever cumprido funciona bem para mim.

Mantenho metas diárias bem definidas, assim como metas de curto prazo que funcionam
como marcos do meu progresso para atingir o objetivo maior. Se esse objetivo for
escrever um livro, um marco poderia ser terminar um capítulo, enquanto a meta diária
poderia ser escrever uma cena, ou um pedaço dela.

Também anunciei para os meus amigos em que data planejo publicar meu livro. Isso me
ajudou, principalmente no início, a manter-me focado. Eu sabia que se deixasse um dia
passar em branco, ele poderia se transformar rapidamente em dois, três ou uma semana…
e isso complicaria meu prazo.

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Desbloqueando a Escrita

Entretanto, mesmo que hoje eu me considere consistente com a prática da escrita, isso
não significa que meus dias possuam uma produtividade constante.

Há dias em que a escrita consegue me seduzir independente de quão inspirado eu me


sinta, basta que eu tecle a primeira palavra. Nesses dias posso ficar imerso por longas
horas sem me dar conta. A consistência cumpriu sua tarefa e ajudou a convocar a
inspiração pro campo de batalha, ou pelo menos em parte.

Há dias em que a escrita é arrastada, e mesmo colocar as singelas 500 palavras para fora
parece um sacrifício. Esses são os dias em que o hábito e a consistência são mais
importantes. É difícil, mas ainda assim as palavras saem. Ficaram boas? Nesse momento
não importa, no dia seguinte eu descubro.

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Desbloqueando a Escrita

CAPÍTULO 3

PROFISSIONAL:
O COMBATENTE
INCANSÁVEL

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Desbloqueando a Escrita

Profissional: O Combatente Incansável


E então você sentou para escrever. Não se sentia muito inspirado, mas o horário
costumeiro, seu ritual pessoal ou qualquer outro gatilho o fez arregaçar as mangas. O seu
lado escritor foi convocado e as palavras começaram a sair com facilidade. Você já
escreveu três frases, um parágrafo, uma página…

Resistência.

Talvez você a tenha sentido chegando aos poucos, enquanto seus dedos terminavam de
digitar a última sentença pensada e a sua mente já vagava por outro lugar; pedia um
descanso, uma pausa rápida, uma distração momentânea. O fluxo foi interrompido e o
raciocínio, perdido.

Resistência x Bloqueio
Antes de mais nada, gostaria de esclarecer um ponto importante. Eu enxergo a Resistência
aqui descrita diferente do famoso “bloqueio de escritor”.

Você pode pensar na Resistência como uma variante da preguiça.

Há a resistência inicial, aquela que lhe impede de começar a escrever. Essa pode ser a
mais forte delas, porém é também facilmente enfraquecida com os gatilhos do hábito, já
comentados no artigo passado.

Mas, então, quando o embalo já foi dado, aparece a resistência ao movimento em si.
Agora ela é um pedido de descanso, é a sua mente clamando por um tempo de baixo
esforço cognitivo (Kahneman de novo!).

Muitas vezes, você até sabe como continuar o texto, só que para de digitar por simples
“cansaço”; mesmo que não se sinta realmente assim.

“Caramba! Eu comecei a escrever faz dez minutos, como é que já posso estar cansado?”.

É aquela procura por uma brecha por onde a procrastinação possa se instalar. O seu
gatilho pode ser forte o suficiente a ponto de enfraquecer a sua parte procrastinadora,
porém ela não se dará por vencida apenas porque não conseguiu impedi-lo de começar
a tarefa…

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Desbloqueando a Escrita

Por outro lado, o bloqueio é algo mais delicado, é o extremo oposto da inspiração. Você
encara a página em branco ou um ponto final, ou simplesmente a barra horizontal
piscando e esperando por uma entrada do teclado, só que nada lhe vem à mente. É um
desespero silencioso. Um vazio arrebatador. Uma frustração desoladora.

Irei tratar do bloqueio futuramente, mas, por ora, voltemos nossa atenção à Resistência.

As Características da Resistência
É claro que ela não está presente apenas na escrita. A bem da verdade, está por todos os
lugares, em qualquer atividade. Como Steven Pressfield define em seu livro “A Guerra da
Arte”, a Resistência é aquilo que separa a vida que se vive da vida não-vivida, da que
gostaríamos de ter, mas…

Toda a primeira parte de “A Guerra da Arte” é justamente para definir a Resistência.


Baseado nesse livro, irei levantar as características que julgo ser mais importantes:

A Resistência é uma força interna, aquela voz sem som que ressoa em sua mente
aliciando-o a largar a tarefa, deixá-la para depois…

A Resistência conhece suas fraquezas e tentará lhe persuadir com os mais diversos
discursos: “Nossa, você já escreveu 300 palavras! Eu sei que a meta era chegar nas 500,
mas essa 300 já estão tão boas… acho que você merece um descanso…” A respeito, Steven
Pressfield diz: “Uma coisa é mentir para nós mesmos. Outra é acreditar na mentira.”

A Resistência não o abandonará com o tempo, mesmo com um hábito consolidado,


mesmo depois de anos praticando. Embora sua técnicas sejam refinadas e a batalha
torne-se mais fácil, não se iluda: ainda assim esta é uma batalha diária.

A Resistência é mais forte na reta final, então nunca ache que o jogo está ganho.

A Resistência aparece principalmente sob a forma da procrastinação. É mais simples


convencer a nós mesmos de que vamos começar a escrever aquele livro apenas amanhã
do que admitir que nunca vamos escrevê-lo.

A Resistência pode vir também sob a forma do medo e, assim, o paralisa. Só que esse
pode ser um indício positivo: se iniciar a escrita daquele romance lhe deixa amedrontado,
é bem provável que aqui está uma grande oportunidade de crescimento. Se o trabalho

26
Desbloqueando a Escrita

não lhe significasse nada, o medo não apareceria.

A Visão do Profissional
A maneira mais eficiente de combater a resistência é tornando-se um profissional.

Como assim?

Já havia dito escrito que a consistência é a primeira barreira que separa profissionais de
amadores. Comentei isso porque escrever (ou fazer qualquer outra atividade) com
consistência significa justamente que você rompeu a Resistência. Ou seja, ser profissional
significa superá-la.

Profissional não é necessariamente alguém que já tenha masterizado uma arte, assim
como amador não é necessariamente alguém que não domine uma.

Ser profissional é uma questão de postura: ele leva sua atividade a sério e está
comprometido com seu amadurecimento, sempre a procura de melhorias.

Mas esse ainda é um panorama muito genérico.

Para se tornar um profissional é preciso conhecer quais são as características sutis que o
definem. Então, quanto mais perto desse modelo você estiver, mais profissional será e
mais fraca a Resistência se manifestará. Segundo Pressfield: “A Resistência detesta que
nos tornemos profissionais”.

Assim, novamente me baseando em “A Guerra da Arte”, ser profissional também significa:

Ser paciente. O profissional sabe que o retorno pode demorar a vir e está disposto a
trabalhar com afinco e consistência, independente de uma gratificação imediata.

Ser humilde. O profissional reconhece que não é infalível e nem sabe de tudo; assim, está
sempre apto não só a reconhecer seus erros, como também a pedir ajuda aos que sabem
mais que ele.

Buscar a ordem. O profissional se organiza, pois sabe que o caos dá força à Resistência.

Reagir diante do medo. O profissional sabe que a coragem não nasce da ausência do
medo, e sim de sua capacidade de continuar em frente mesmo amedrontado.

27
Desbloqueando a Escrita

Enfrentar as condições com que se depara. O profissional lida com a situação conforme
ela seja apresentada a ele, mesmo que injusta, e jamais a utiliza como uma desculpa para
impedi-lo de avançar.

Distanciar-se de seu trabalho. O profissional separa o eu que se dedica ao trabalho do


eu que o analisa e que vive o resto de sua vida. Ele sabe que não é o seu trabalho e,
portanto, não se abala com as críticas negativas nem com os fracassos; apenas usa-os
para o seu amadurecimento.

Acredito que modelos são importantes por nos fornecerem uma direção, por nos
mostrarem alternativas que não conseguimos enxergar sozinhos e, é claro, para serem
então modelados e ajustados às nossas características individuais.

Pode ser que você reflita tão a fundo sobre o modelo de profissional levantado acima
que se transforme em um do dia para a noite, que passe a não tolerar mais o amadorismo
e a Resistência que ele traz consigo. Nesse caso, é provável que sua força de vontade só
estivesse mesmo precisando de uma direção.

Por outro lado, apenas por ter um modelo não significa que ele será facilmente aplicável.
Nesse caso, lembre-se das atitudes para proteger sua rotina: diretas, práticas e
congruentes com a postura de um profissional.

E agora?
“Um dia de escrita bem-sucedido é o dia em
que eu sofro pela manhã e me divirto à noite”
Paulo Coelho

Nesse capítulo, eu citei bastante o Steven Pressfield e com certeza recomendo a leitura
de “A Guerra da Arte”. Apesar do livro referir-se à arte como qualquer atividade em que
se busca maestria e tratar o profissionalismo dentro de qualquer atividade, a carreira que
o autor construiu foi em cima da escrita. Assim, mesmo que os exemplos de sua vida
possam ser válidos para qualquer um, são ainda mais fortes para escritores. :)

Logo no início do livro, o autor descreve seu dia de trabalho bem-sucedido, que é, de
uma maneira concisa, semelhante à definição do Paulo Coelho aqui em cima. Ainda assim,
com base no que foi tratado nesse e nos últimos capítulos, vou encerrar reforçando essa
ideia:

28
Desbloqueando a Escrita

Pois bem, você preparou o local de trabalho com todo o cuidado que sua atividade
merece; principalmente, preparou a sua mente para o que viria a seguir. Hoje pode ser
que haja uma estrada boa pela frente, ou um campo de batalha mordaz; só que você não
está pensando nisso, apenas no que será feito independente do terreno encontrado.

Então sentou-se para escrever. Venceu a resistência inicial, a mais difícil. Claro, contou
com a ajuda do hábito e de seus gatilhos, facilitou o processo. Agora se pôs em
movimento. Ganhou embalo. A inércia está a seu favor, Newton já nos assegurou disso
com sua Primeira Lei.

Mas sabe que apenas porque é mais fácil manter-se em movimento, não significa que
forças contrárias não possam pará-lo. Por isso permaneceu atento às resistências que
surgiam ao longo da rotina. Você as sentiu, porém não sucumbiu a elas. Não alimentou
a voz em sua cabeça clamando por uma olhada rápida no celular ou uma conferida nos
emails; evitou as interrupções magistralmente.

Sua hora de encerramento chegou. Pode ser que tenha atingido sua meta, ou pode ser
que a tenha subestimado; tudo bem, você é paciente e sabe que pode levar tempo para
refinar suas previsões. O importante é que hoje você venceu a Resistência, com ou sem
inspiração. Não deixará os resultados precários afetá-lo negativamente, nem deixará os
bons fazê-lo baixar a guarda; sabe que amanhã é uma outra batalha.

Hoje você foi um profissional.

Em seguida, você terá que lidar com outros compromissos, porém não se esqueça de tirar
um tempo para aliviar a mente e se divertir. Recarregar as energias é fundamental para
se manter à frente da Resistência amanhã.

E, então, você estará preparado?

29
Desbloqueando a Escrita

CAPÍTULO 4

BLOQUEIO
O NÊMESIS DA CRIAÇÃO

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Desbloqueando a Escrita

Bloqueio: O Nêmesis da Criação


Término do parágrafo. Página em branco. Fim das ideias.

Como continuar? Isto é, se é que você já tinha começado…

Irrelevante. O que importa não é como você chegou a esse estado e sim o que você sente
ao atingi-lo.

Os pensamentos sobre a página nua lhe inundam com seu vazio. Você já mal reflete sobre
as palavras que poderiam preenchê-la, pois sua concentração recai sobre aquilo que
ainda não é e nem consegue forma para ser.

Seu planejamento de escrever se desfia com os minutos perdidos…

Mas está tudo bem, ficcionado. Você não é o único a passar por isso de vez em quando.
E se quiser saber o que pode ser feito nessas situações, confira as dicas abaixo.

Superando o Bloqueio
Antes de tudo, você pode fazer um teste rápido consigo mesmo. Tente identificar se você
está mesmo passando por um Bloqueio criativo ou se é apenas a Resistência tomando
forma. Se for o segundo caso, o problema é muito mais uma questão de foco (lembra
como vencer a Resistência?).

Uma vez identificado o Bloqueio, tente as dicas a seguir. Coloquei-as em uma ordem que
achei mais interessante: as primeiras conseguem resolver um bloqueio mais leve,
enquanto as últimas são para aqueles mais sérios… assim você pode tentá-las na ordem
que aparecem aqui. :)

1. ESCREVA COM INTENÇÃO

Saiba o que você irá fazer com antecedência, planeje-se, não dê espaço para o vazio se
instalar… se você vem lendo meus últimos artigos, sabe que já citei isso algumas vezes; o
que apenas enfatiza sua importância.

Em uma visão mais ampla, é o mesmo que organizar o seu dia. Se você quiser ser mais

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Desbloqueando a Escrita

produtivo, comece levantando com intenção. Saiba quais são as tarefas mais importantes
a serem feitas e faça-as nas primeiras horas do dia, não dê espaço para a dormência se
instalar enquanto você se pergunta “o que eu tenho para fazer agora?”.

Não, isso não é um discurso meramente motivacional. A palavra intenção guarda um


significado bem específico: ela vem do latim intensio, que significa algo como “esticar em
alguma direção”, quase como um alongamento.

Assim como é importante alongar-se antes de fazer exercícios físicos, é importante ter
uma intenção definida antes de fazer algum exercício mental.

2. SUSPENDA O JULGAMENTO

Escreva sem se importar com a qualidade de suas frases, apenas deixe as palavras fluir
naturalmente, sem restrições. Não se preocupe, haverá espaço para edições
posteriormente. Acostume-se em ter uma primeira versão de seus textos que seja terrível
(o fato de você enxergar que está ruim, já é um passo e tanto para querer aperfeiçoá-lo
mais tarde).

Essa talvez seja a dica mais simples de todas as listadas aqui, só que nem tudo o que é
simples é fácil. Confesso que eu mesmo tenho dificuldade em restringir meu lado editor
enquanto escrevo. Portanto, para escrever sem julgamento prefiro dar um tempo no meu
trabalho principal e começar e colocar palavras para fora conforme surgem em minha
cabeça (e quanto mais aleatórias forem, melhor…).

Por exemplo:

(Eu poderia dizer que essa frase não faz sentido, mas nem deveria fazer, pois esta é uma
frase que eu não revisarei, nem editarei, tampouco refleti muito a respeito; simplesmente
estou escrevendo o que me passa à mente. E assim o exercício poderia continuar, com
palavras aleatórias sendo escritas; às vezes, elas nem sentido precisam fazer como assim
eu gostaria de tampar o céu estrelado com azuis de outrora esquecidos…)

Ok, essa última foi um tanto demais. Modo editor ligado. A intenção é apenas manter os
dedos trabalhando e forçar sua mente a não parar de pensar, além de evitar que ela se
sinta sufocada pela falta de palavras. Não se preocupe com a disposição das frases, depois
você pode deletar/editar o que quiser.

Ou, como Stephen King diria: “Escreva bêbado, edite sóbrio”, mas não precisa levar isso

32
Desbloqueando a Escrita

ao pé da letra…

3. ESCOLHA UMA WRITING PROMPT

Certo, eu não tenho uma boa tradução para esse termo, apesar de já ter encontrado algo
equivalente para “propostas de escrita”. Elas são frases curtas que estimulam você a
escrever sobre a situação descrita.

Caso você realmente não saiba como continuar o que estiver fazendo, ponha o trabalho
de lado por um momento e procure alguma writing prompt para inspirá-lo. Então marque
dez minutos e comece a desenvolver a situação sem se importar muito com o que está
escrevendo.

Isso deve ser o suficiente para trazer oxigênio de volta aos seus motores criativos.

Um exemplo

Você é um(a) astronauta retornando para a Terra. Após cruzar a órbita lunar e
enxergar o lar ficando cada vez mais próximo; uma onda de sentimentos o(a)
invade…

Como encontrar Writing Prompts?

Como o nome sugere, a maioria das fontes trazem exemplos em inglês. Uma
pesquisa rápida no google vai lhe fornecer vários sites com propostas
interessantes, dentre eles, cito dois grandes aqui:

Writer’s Digest e Reddit

Você também pode procurar pelo tema no pinterest ou por #writingprompts no


twitter.

Caso você não domine o inglês, pode dar uma conferida no site Gambiarra
Literária. Ele traz 37 exercícios de criação que segue a ideia das writing prompts.

E no próximo capítulo, você ainda encontra uma seleção com 30 propostas feitas
por nós. o/

33
Desbloqueando a Escrita

4. LIBERE ESPAÇO MENTAL

Às vezes o Bloqueio aparece porque estamos preocupados ou estressados demais com a


quantidade de tarefas que ainda precisam ser feitas. Mesmo que queiramos focar na
escrita, uma parte de nossa mente permanece nos problemas não resolvidos e se recusa
a dar a devida atenção ao processo criativo.

Primeiro, respire fundo. Então reflita sobre o que está acontecendo aí dentro da sua
cabeça. Se por acaso você é do tipo de pessoa que mantém tudo o que precisa ser feito
apenas em sua mente, coloque tudo isso pra fora escrevendo uma lista. Planeje o seu
tempo. Prove a si que não há nada com que se preocupar, pois tudo terá o seu momento
para ser feito.

Ter um bom sistema de organização pessoal é excelente para eliminar de vez até mesmo
a parte mais ínfima da sua mente que insiste em ficar mapeando seus afazeres. Faça-a
confiar em seus sistema de organização e, boom, você libera um espaço mental extra que
talvez nem soubesse que existia. E, bem, qualquer espaço mental que puder ser colocado
para trabalhar em prol da criatividade é lucro.

(Atualmente eu me organizo baseado nas famosas dicas de David Allen em seu livro “A
Arte de Fazer Acontecer”).

5. FAÇA EXERCÍCIOS FÍSICOS

Então você chegou até aqui e ainda não conseguiu vencer o Bloqueio. Isso significa que
você realmente não está apto a continuar escrevendo seja lá o que for. Tudo bem, aceite
seu estado de inaptidão e não se cobre; isso é perfeitamente normal.

Dê um descanso para sua mente e coloque seu corpo para trabalhar. Faça um
alongamento, pratique Yoga, saia para uma corrida ou vá para a academia. Quando você
retornar é bem provável que sinta sua mente mais apta a voltar ao trabalho.

Às vezes, apenas fazer algum outro tipo de atividade que exija coordenação motora pode
servir: lavar louça, passar roupa, tocar violão, construir um castelo de cartas…

6. SAIA PARA UMA CAMINHADA

Eu separei essa dos exercícios físicos porque o foco aqui não está na atividade de

34
Desbloqueando a Escrita

caminhar em si. Saia para contemplar o ambiente - e não para pensar em seus problemas.
Leve um caderno e observe a paisagem, os animais, as pessoas; busque a inspiração em
sua fonte mais pura: a natureza.

7. AMPLIE SUAS REFERÊNCIAS

Estimule novas ideias entrando em contato com novas ideias: leia algum livro, um artigo
interessante, veja um filme. Se o Bloqueio for forte, quanto mais fora de seus padrões
você estiver, melhor: escolha um gênero que não esteja acostumado a ler, estude algo
que você não tenha ideia de como funcione (o mercado editorial, a bolsa de valores, o
motor de um carro…). O propósito aqui é apenas entregar novos ares à sua mente.

8. SAIA DE SUA ZONA DE CONFORTO

Se você for ampliar suas referências saindo de seus padrões, já estará saindo um pouco
de sua zona de conforto. No entanto, aqui quero enfatizar isso.

Caso você perceba que o Bloqueio está lhe atingindo vários dias seguidos, uma atitude
mais drástica que você pode vir a tomar (talvez usar “drástica” aqui tenha sido muito
drástico) é forçar-se a fazer algo completamente fora de sua zona de conforto.

Converse com os idosos em um asilo, ajude as crianças de uma creche, cante em algum
karaokê, aprenda a tocar gaita, faça uma trilha… se é que você já não faz algumas dessas
coisas regularmente; enfim, tente algo novo.

9. PRATIQUE O ÓCIO CRIATIVO

Pare e reflita sobre a vida, mas reflita com intenção e não com preocupação. O ócio
criativo não significa apenas se estirar na rede e não fazer ou pensar em nada.

Domenico de Masi define esse conceito como a união entre trabalho, estudo e lazer. Ora,
escrever seria o seu trabalho e o estudo viria com a ampliação de suas referências; o que
falta é apenas o lazer.

Então se você chegou até este ponto da lista e não conseguiu vencer o Bloqueio, vá se
divertir um pouco! ;)

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Desbloqueando a Escrita

Há mais o que poderia ser dito a respeito do ócio criativo, porém planejo dedicar um
artigo inteiro sobre esse tema em um futuro próximo… aguarde.

Como se precaver
É bem provável que suas melhores ideias tenham surgido quando você não estava
pensando conscientemente sobre elas. É provável, também, que já tenha percebido que
sentar para escrever e forçar-se a ter uma ideia genial do nada, não é lá muito produtivo.
Talvez já tenha inclusive experimentado aquele sentimento frustrante de ter tido uma boa
ideia, mas quando sentou para escrever ela simplesmente pareceu se perder em meio aos
seus demais pensamentos.

Bem, o nosso inconsciente continua trabalhando nos problemas em aberto que


entregamos a ele enquanto realizamos outros afazeres, mesmo enquanto dormimos. No
entanto, as soluções para esses problemas costumam despontar em momentos em que
estamos bem relaxados: no banho, antes de dormir, ao acordar… basta entregarmos
espaço a nossa mente.

Tendo isso em vista, aqui vão duas atitudes que você pode tomar para se precaver dos
momentos de Bloqueio:

10. MANTENHA SUAS IDEIAS REGISTRADAS

Tenha todas elas organizadas e anotadas em um lugar que você possa visitar sempre que
o Bloqueio lhe atingir. Pode ser um caderno especial ou um arquivo no seu computador.

Independente de onde esteja o seu “arquivo-mãe”, é importante ter algo sempre por
perto para fisgar os momentos de inspiração repentina: um bloquinho de papel para
manter no bolso, ou um app de notas no celular.

Quanto ao app, eu uso o Evernote. Há outros, assim como ele, que sincronizam seus
dados entre diferentes plataformas, então você pode usá-lo para ser seu “arquivo-mãe”
no computador ao mesmo tempo que escreve novas notas pelo celular…

Mas não use esse registro apenas para ideias que brotaram do nada. Anote também
aquelas frases inspiradoras que você leu em algum lugar, aquela sacada que você ouviu
alguém dizendo ou, se você for um adepto ao app, salve até mesmo aquela imagem que
lhe fez refletir.

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Desbloqueando a Escrita

E aí então, quando as ideias parecerem lhe abandonar na hora H, faça uma visita aos seus
registros.

11. CRIE MOMENTOS DE CLAREZA MENTAL

Anotar suas ideias já é muito bom, melhor ainda é se você conseguir aumentar a
frequência com que elas ocorram. Se as chances aumentam quando sua mente está
relaxada, procure relaxá-la… é, eu sei, mais fácil falar do que fazer.

Um exercício que ajuda bastante é meditar. Não se preocupe, não vou lhe alugar fazendo
uma grande propaganda. Apenas digo que eu pratico e recomendo. Adquirir o hábito de
meditar é tão difícil quanto o de escrever, mas é tão recompensador quanto.

Caso você se interesse, esse site daqui é um excelente ponto de partida.

Considerações Finais
“Condições para a criatividade são ficar perplexo; concentrar-se; aceitar o
conflito e a tensão; nascer todos os dias; ter um sentido próprio.”
Erich Fromm

Independente de quão criativo você seja ou de quão bem você consiga se precaver, o
Bloqueio irá pegá-lo algum dia. Todos que exercem sua criatividade passam por isso. Não
se cobre em excesso e aceite esse estado. Tome uma nova postura. Renove seus
pensamentos. E volte à escrita tão logo seja possível.

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Desbloqueando a Escrita

CAPÍTULO 5

PROPOSTAS DE
ESCRITA

38
Desbloqueando a Escrita

Propostas de Escrita

Nesse capítulo estão algumas propostas de escrita que nós bolamos para você. Além das
30 aqui mostradas, também fizemos esse artigo aqui, com um apanhado de 28 propostas,
muitas traduzidas de fóruns gringos.

Separamos elas em:

Propostas Narrativas: oferecem um cenário e um gancho narrativo.

Propostas Reflexivas: centradas em suas experiências.

Propostas com Exercícios Específicos: procuram treinar alguma dada habilidade,


geralmente trabalhando com seu estilo.

Narrativas

Você é um(a) fazendeiro(a) e está sozinho(a) em casa. É madrugada e, em


1
meio à insônia, vê luzes atravessando as frestas da cortina.

Você está fazendo uma trilha e, enquanto contorna um paredão rochoso,


2
ouve alguém gritando por ajuda. O pedido vem de dentro de uma caverna.

O telefone toca. Do outro lado da linha está aquela pessoa com quem você
3 não fala há tempo. Você tinha algo importante a dizer para ela, mas sempre
adiava o contato. Agora ela diz: “Seu tempo acabou, já sei de tudo”.

Ao chegar em casa, percebe uma festa acontecendo no quintal dos fundos.


Quando as pessoas por lá percebem sua presença, fazem um brinde em seu
4
nome. Alguém vem ao seu encontro e explica que aquela é uma
comemoração pelo serviço prestado. Você não conhece nenhum deles.

39
Desbloqueando a Escrita

Após horas de caminhada, você finalmente alcançou o topo da montanha.


Prometeram-lhe uma vista deslumbrante. Mas você jamais pensou que veria
5
aquilo.

Você recebe um estranho objeto pela correspondência. O endereço do


6 remetente é o da sua casa de infância, vendida há tempo. Há uma única nota:
“Use com sabedoria”.

É domingo e você acorda tarde. Pega o celular e dá uma olhada nas redes
sociais. Nenhuma atualização recente. Nenhum amigo online. Então você
7
abre a persiana e enxerga uma densa escuridão lá fora. Tudo está em
silêncio.

Você pausa o filme e vai beber um copo d'agua na cozinha. Quando você
8
volta, você se vê assistindo o filme.

Num dia ruim de trabalho, você deseja que seu chefe infarte. E ele infarta.
9 Você teme desejar qualquer coisa, mas os desejos ficam vindo. E a maioria
passa a acontecer.

Você termina de ler um ebook sobre escrever e as dicas funcionam. No dia


seguinte, você não consegue parar de escrever. Três dias depois o teclado
10
está caindo aos pedaços, e tudo que você quer na vida é um banho, uma
refeição e uma noite de sono.

Reflexivas

Pense em uma escolha que definiu uma parte importante de sua vida.
11
Escreva o que aconteceria se você tivesse escolhido diferente.

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Desbloqueando a Escrita

12 Escreva uma carta para uma pessoa, conhecida ou não, que já tenha te
influenciado direta ou indiretamente.

Escreva como você espera que seja o seu dia de amanhã nos maiores
13
detalhes possíveis.

Pense em uma habilidade que você gostaria de dominar e escreva como


14
seria seu dia de amanhã se você acordasse a tendo adquirido.

15 Narre a história do melhor dia da sua vida.

16 Narre uma história constrangedora de sua vida.

17 Escreva uma carta para o seu eu de dez anos atrás.

18 Escreva uma carta para o seu eu daqui a dez anos.

19 Escreva sobre os hábitos que possui. Tanto os bons quanto os ruins.

20 Escreva por que escrever é importante para você.

41
Desbloqueando a Escrita

Exercícios Específicos

Conte uma mesma cena em primeira pessoa, terceira pessoa onisciente e


21
terceira pessoa limitada (sob apenas um ponto de vista).

22 Pense no cenário de seu livro favorito. Como seria se você, sua família e seus
amigos vivessem lá?

Escreva cerca de 10 frases que descrevam uma sucessão de eventos bem


detalhada. Depois reescreva-as removendo 20% das palavras. Então
23
reescreva outra vez removendo metade das palavras. Por fim, sintetize tudo
em uma única frase.

Pense em duas de suas histórias favoritas. Então escreva o que um dos


24
protagonistas de uma faria se estivesse na outra.

Um mercadinho é comprado por uma rede maior. Um advogado recebe uma


25 mensagem de um número desconhecido perguntando se ele está bem. O
sol não nasceu hoje. Conecte os eventos.

Descreva uma situação com cerca de 5 frases. Agora reescreva-as


26 substituindo as palavras por sinônimos (caso não haja, substitua-a por outra,
mudando o sentindo da frase).

Descreva o pôr do sol em uma ilha do Pacífico. Depois descreva-o no topo


27
dos Alpes Suíços. Atente para as diferenças.

Narre como foram suas primeiras horas do dia. Primeiro escreva apenas
28 frases curtas. Então reescreva usando apenas frases longas (junte as curtas).
Atente para as diferenças.

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Desbloqueando a Escrita

Narre o seu fim de semana como se estivesse contando-o para um amigo.


29
Então reescreva como se estivesse contando-o para o seu chefe.

Escolha uma foto e descreva-a em detalhes para alguém que não é capaz de
30
vê-la.

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Desbloqueando a Escrita

CAPÍTULO 6

Mãos à Obra!

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Desbloqueando a Escrita

Mãos à Obra!
Certo, o conteúdo até aqui até que foi legalzinho, mas ainda não saquei o que preciso
fazer para desbloquear a escrita.

Tudo bem. Vamos colocar o que foi apresentado aqui de maneira direta:

1. Defina um horário para escrever e atenha-se a ele.

2. Defina uma meta para cada sessão de escrita.


3. Comprometa-se a escrever diariamente.

4. Continue por 21 dias.

Já vi alguns especialistas dizendo que esse é o tempo para um hábito se desenvolver,


embora outros digam algo em torno de 66 dias. Bem, seja como for, 21 é um bom número
para se comprometer agora.

Se você tiver apenas uma hora por dia para escrever e definir como meta as 500 palavras,
pode ser que sinta dificuldade de alcançá-las nos primeiros dias. Tudo bem, não
desanime; continue mirando nas 500 e praticando. O mais importante é manter-se
escrevendo durante toda sessão.

Se em algum dia você sentir o Bloqueio, recorra a alguma das atitudes mencionadas.

Após essas três semanas, você pode parar para refletir sobre seu progresso. Se perceber
que está com dificuldade de praticar todos os dias, talvez seja interessante pensar em um
ritual que comece com um de seus hábitos consagrados e termine com você escrevendo.

Logo você não será mais dependente da inspiração e estará dando forma àqueles textos
que habitavam somente suas ideias.

É isso o que nós desejamos a você!

Esperamos que esse conteúdo lhe tenha sido útil,

Abraço,
Kaio e Thiago do Ficcionados 

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© 2017, Ficcionados. Todos os direitos reservados.

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