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A passagem gay da Bíblia que os

evangélicos fingem desconhecer. Por


Kiko Nogueira
Por
Kiko Nogueira
-
6 de outubro de 2017

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Jônatas e Davi
por Gottfried Bernhard Goez, 1708-1774. A cabeça de Golias no canto inferior
direito
Os evangélicos fundamentalistas que estão por trás (opa) de
todas as batalhas pelo obscurantismo no Brasil usam a Bíblia
a seu bel prazer.

A justificativa para a “cura gay”, por exemplo, é baseada em


versículos como este do Levítico:

“Se um homem se deitar com outro homem como quem se


deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante.
Terão que ser executados, pois merecem a morte.”

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A Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, outro favorito da


turma, ensina o seguinte: “Não errais: nem os impuros, nem
os idólatras, nem os adúlteros, nem malakoi,
nem arsenokoitai herdarão os reinos de Deus”.

Os livros dos felicianos e malafaias traduzem essas palavras


gregas como “efeminados e homossexuais”. Traduções mais
recentes e criteriosas preferem “pervetores”, “pervertidos” ou
“imorais”.

Paulo, que se chamava Saulo antes de se converter cristão e


era da pá virada, fazia uma referência à licenciosidade do
Império Romano sob Nero — o qual, segundo a tradição, o
decapitou.

Mas a história que os crentes preferem ignorar é a de Davi e


Jônatas, presente em Samuel I e II.

Jônatas era filho do rei Saul de Israel e seu sucessor natural.


Mas fez uma aliança com Davi, que acabou sendo escolhido
para o trono, o que Jônatas aceitou de coração. “O que tu
desejares, eu te farei”, declara.

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“Jônatas o amava como à sua própria alma”, diz a Bíblia.


Numa cena, ele tira a roupa e se deita com o amado.
“Beijaram-se um ao outro”.

É belíssimo — como, aliás, toda a saga de Davi, um homem


cheio de contradições, capaz, por exemplo, de mandar um
general para o front para poder ficar com a mulher dele,
Betsabá.

No sonho da quadrilha crente, as páginas com o amor de Davi


e Jônatas seriam queimadas — juntamente com os gays.

Jesus pregou: “E conhecereis a verdade e a verdade vos


libertará”. A eles não interessam nem a verdade e nem a
libertação, muito menos a de si mesmos.

(1SM 18:1-4) “E sucedeu que, acabando ele de falar com


Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e
Jônatas o amou, como à sua própria alma. E Saul naquele dia
o tomou, e não lhe permitiu que voltasse para a casa de seu
pai. E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o
amava como à sua própria alma. E Jônatas se despojou da
capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as
suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.”

(1SM 20:3) “Então Davi tornou a jurar, e disse: Teu pai sabe
muito bem que achei graça em teus olhos; por isso disse: Não
saiba isto Jônatas, para que não se magoe. Mas, na verdade,
como vive o Senhor, e como vive a tua alma, há apenas um
passo entre mim e a morte. E disse Jônatas a Davi: O que
disser a tua alma, eu te farei.”

(1SM 20:41) “E, indo-se o moço, levantou-se Davi do lado do


sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três
vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos, mas
Davi chorou muito mais.”

(2SM 1:25-26) “Como caíram os poderosos, no meio da


peleja! Jônatas nos teus altos foi morto. Angustiado estou por
ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais
maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres.”

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/passagem-gay-da-biblia-que-
os-evangelicos-fingem-desconhecer-por-kiko-nogueira/

Acho interessante levantar esta discussão. Mas vamos aos fatos.

Primeiramente, a palavra usada para "amor" nestes trechos é "ahavá",


que não significa apenas amor no sentido conjugal/sexual, mas também
no sentido paternal (como em Gn 25:28), no sentido de amizade (I Sm
16:21), no sentido de amor a Deus (Dt 6:5) e no sentido de amor ao
próximo (Lv 19:18). Em todos estes exemplos, o verbo usado na Torá (a
Bíblia hebraica) e nos achados históricos mais antigas (Manuscritos do
Mar Morto etc.) a palavra é "ahavá".

Ainda, Davi teve várias esposas, inclusive cobiçando a esposa de seu


capitão da guarda, Urias (conforme relatado em 2Sm 11), o que indica
que no mínimo Davi era mais hétero do que homo. Ou que pode ter
largado mão da homossexualidade quando virou rei, admitindo que ele
fosse "do babado".

O fato de Jônatas ter lançado suas vestes e suas armas aos pés de Davi
não era um indicativo de que ele estava armando um sexo gostoso, mas
que ele estava dando tudo aquilo de presente a Davi (o "deu" não tem
segundo sentido!), já que neste momento supracitado Davi tinha
acabado de matar Golias. Tanto que não há relato disto, nem com a
palavra "coabitar", nem "dormir", que são os termos mais comuns para a
Bíblia indicar que houve relação sexual.

Ah, e o beijo?

Judas beijou Jesus (Lc 22:48). Isaque beijou Abraão (Gn 27:26). Paulo
recomendava que os cristãos se cumprimentassem com "ósculo santo"
(1Ts 5:26, 2Co 13:12, 1Co 16:20). Por acaso algum deles tem algum
indicativo de que fosse na boca? O beijo era um cumprimento comum, e
quando era na boca a Bíblia especificava, como em Cânticos 1:2. E
mesmo assim nem pode ser literal, mas uma linguagem superlativa,
como em Pv 24:26. Coisa que eles adoravam usar, apenas perguntem a
qualquer tradutor de hebraico.

Embora o relato pareça esquisito para nós, que vemos a malícia, eu não
vejo razões fortes para dizer que Davi era gay, ou ainda Jônatas (que
morreu pouco tempo depois e levou Davi a dizer que o amor deles era
maior que o amor de mulheres - o que qualquer bêbado diria numa mesa
de bar a respeito de um amigo. Superlativo, lembram?)

Ainda, mesmo que Davi tivesse tido realmente um relacionamento


homossexual com Jônatas, isto não torna o homossexualismo permitido
aos olhos de Deus, e a Bíblia tem fartas referências ao assunto (sempre
especificando que Deus criou o homem e a mulher, e que a união
deveria ser assim). Tanto que Davi, mesmo se dizendo que "com
inteireza de coração e com sinceridade" (1Reis 9:4), cobiçou a mulher de
seu capitão Urias e o mandou à guerra para que morresse e ficasse com
a esposa dele (2Sm 12). Então isto significa que, caso eu esteja a fim de
comer a esposa do meu amigo, tenho a permissão de matá-lo? Acho que
usar exemplos bíblicos para justificar o homossexualismo é sofisma.

Atenção, isto não significa que a Bíblia diga que os crentes deveriam
matar homossexuais ou desprezá-los. Muito pelo contrário, os chamados
"fracos na fé" deveriam receber tolerância por parte dos cristãos (Rm
14:1), e nisto estão incluídos quaisquer pessoas que estejam em
desacordo com aquilo que o cristão considera como conduta correta.
Mas também não induz que o cristão deveria aceitar tais atitudes (Isaías
5:20).

Uma coisa é tratar outros com respeito e amor, assim como Cristo nos
amou e recomendou para que amássemos as pessoas como amamos a
nós mesmos (ora, Jônatas fez exatamente isto! Por isto é descrito que ele
amou Davi "como à sua própria alma"). Outra coisa é menear a cabeça
para tudo que os outros fazem, ninguém é obrigado a concordar com o
que outros fazem - mas os outros estão no direito deles. Seja você
cristão ou não.
Se leu até aqui, parabéns pela paciência! kkkkkkkkk. Espero que eu
tenha sido claro. Bem, claro do ponto de vista do crente... :/
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Feliciano Júnior Carlos Altavista • 11 horas atrás
A raiz hebraica que dá origem ao verbo é "a'hav", que significa
"amar", "gostar", não especificando o objeto da transição verbal,
segundo o Dicionário Hebraico-Português/Aramaico-Português
editado pela Sinodal/Vozes. O subastantivo derivado dessa raiz ,
"a'havá", significa "amor", "amizade", e a flexão "a'havim",
"deleites ou delícias do amor". A abordagem linguística é
insuficiente para se ter uma real dimensão de qual era o real
valor desse "amor" entre Davi e Jônatas. O que nos resta é a
hermenêutica mais poderosa para a interpretação de textos
antigos: a sua contextualização histórica. Mesmo assim, a
interpretação fica em aberto,mas há um forte indício, levando-se
em consideração que o homossexualismo é tão antigo quanto a
própria história humana, de que poderia, de fato, pelas imagens
poeticamente emanadas dos mais antigos textos da Bíblia que
são esses textos do livro de Samuel, que um amor homossexual
possa ter havido entre esses dois personagens tão icônicos,
considerando a naturalidade que havia entre líderes militares e
políticos, como Alexandre Magno, de cultivarem efebos na
diversidade de seus haréns. Mas tudo são conjecturas. E a
interpretação moderna, corroída pelas idiossincrassias de nosso
tempos, prevalece. Seja entre os fundamentalistas cristãos ou
dos que procuram à forceps encontrar uma bela narrativa
homoerótica envolvendo um herói nacional de Israel, como o
texto do DCM transparece.

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