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Brasília, 10 a 14 de junho de 1996 - Nº 35

Data (páginas internas): 19 de junho de 1996

Este Informativo, elaborado pela Assessoria da Presidência do STF a


partir de notas tomadas nas sessões de julgamento das Turmas e do Plenário,
contém resumos não oficiais de decisões proferidas na semana pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja uma
das metas perseguidas neste trabalho, somente poderá ser aferida após a
publicação das mesmas no Diário da Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Associação para Tráfico
Autonomia Estadual
Conflito de Competência
Contagem de Prazo no CPP
Direito de Recorrer em Liberdade
Escuta Telefônica
“Frutos da Árvore Envenenada”
Fundamentação e Nulidade
Legitimidade para ADIn
Participação em Campanha Eleitoral
Pensão de Ex-Combatente
Prestação Jurisdicional
Prisão Provisória e Pronúncia
Representação do Ofendido
Vantagens de Caráter Pessoal e Isonomia

PLENÁRIO
Legitimidade para ADIn
Das entidades autárquicas de fiscalização profissional, somente o Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil está legitimado à propositura da ação direta de
inconstitucionalidade (CF, art. 103, VII). Com esse fundamento, o Tribunal não conheceu
de ação direta ajuizada pelo Conselho Federal de Serviço Social, vencido o Min. Sepúlveda
Pertence, que enquadra essa espécie de autarquia no conceito de “entidade de classe de
âmbito nacional” (CF, art. 103, IX). Precedente citado: ADIn 641-DF (RTJ 144/747). ADIn
1.463-RS, rel. Min. Ilmar Galvão, 03.06.96. *

“Frutos da Árvore Envenenada”


Examinando novamente o problema da validade de provas cuja obtenção não teria sido
possível sem o conhecimento de informações provenientes de escuta telefônica autorizada
por juiz - prova que o STF considera ilícita, até que seja regulamentado o art. 5º, XII, da
CF (“é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal;”) -, o Tribunal, por maioria de votos, aplicando a doutrina dos “frutos da árvore
envenenada”, concedeu habeas corpus impetrado em favor de advogado acusado do crime
de exploração de prestígio (CP, art. 357, par. único), por haver solicitado a seu cliente
(preso em penitenciária) determinada importância em dinheiro, a pretexto de entregá-la ao
juiz de sua causa. Entendeu-se que o testemunho do cliente - ao qual se chegara
exclusivamente em razão da escuta - , confirmando a solicitação feita pelo advogado na
conversa telefônica, estaria “contaminado” pela ilicitude da prova originária. Vencidos os
Ministros Carlos Velloso, Octavio Gallotti, Sydney Sanches, Néri da Silveira e Moreira
Alves, que indeferiam o habeas corpus, ao fundamento de que somente a prova ilícita - no
caso, a escuta - deveria ser desprezada. Precedentes citados: HC 69912-RS (DJ de
26.11.93), HC 73351-SP (Pleno, 09.05.96; v. Informativo nº 30). HC 72.588-PB, rel. Min.
Maurício Corrêa, 12.06.96.

Autonomia Estadual
O Estado-membro, quando contrata servidores sob o regime da legislação trabalhista,
sujeita-se à política salarial estabelecida pela União. Com base nesse fundamento, o
Tribunal reconheceu o direito de servidores celetistas de autarquia do Estado de Minas
Gerais ao recebimento de diferenças remuneratórias decorrentes da aplicação dos chamados
“gatilhos salariais” (Decretos-leis 2284/86, 2302/86, 2335/87, 2336/87 e 2343/87).
Precedente citado: Rp 745-DF (RTJ 45/01). RE 164.715-MG, rel. Min. Sepúlveda Pertence,
13.06.96.

Pensão de Ex-Combatente
Deferido mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União que negara
o registro de pensão a filha de ex-combatente, sob o argumento de que a relação de
dependência exigida pelo art. 53, III, do ADCT, já não existia à época do falecimento da
mãe da impetrante, anterior beneficiária da pensão. Prevaleceu o entendimento de que as
normas aplicáveis à espécie são as vigentes ao tempo do falecimento do ex-combatente,
ocorrido antes da promulgação da Carta de 1988, quando o vínculo de dependência não era
exigível. Vencidos os Ministros Sydney Sanches e Moreira Alves, ao fundamento de que o
TCU aplicara corretamente a disciplina do mencionado art. 53, III, do ADCT, em vigor ao
tempo da morte da viúva, fato gerador da pretendida reversão. Precedente citado: MS
21707-DF (DJ de 13.10.95); MS 22108-MA (Pleno, 16.08.95). MS 21.610-RS, rel. Min.
Carlos Velloso, 12.06.96.

Participação em Campanha Eleitoral


Tendo em vista a alteração promovida pelo Tribunal Superior Eleitoral no texto da
Resolução TSE nº 19572/96 - tornando legítima a participação, antes vedada, em atos
públicos de campanha eleitoral de candidato ou partido político, das autoridades públicas
listadas na alínea a do inc. II do art. 1º da LC 64/90 (Governadores, Ministros e Secretários
de Estado, Prefeitos, etc.), desde que não acarrete o comprometimento de recursos públicos
-, o Tribunal julgou prejudicada a ação direta de inconstitucionalidade contra ela ajuizada
pelo Partido Progressista Brasileiro - PPB. ADIn 1451-DF, rel Min. Octavio Gallotti,
12.06.96.

Vantagens de Caráter Pessoal e Isonomia


Deferida a suspensão de eficácia do art. 4º da Lei 11050/94, do Estado de Pernambuco,
que autoriza o Presidente do Tribunal de Justiça a determinar, sempre que a soma do
subsídio com a representação do deputado ultrapassar em mais de 35% a soma do
vencimento com a verba de representação do desembargador, o acréscimo do excesso à
remuneração deste. O Tribunal considerou relevante a argumentação deduzida pela
Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB, autora da ação, no sentido de que o
dispositivo impugnado estaria frustrando a isonomia assegurada pelo art. 37, XI, da CF, ao
computar, na remuneração dos desembargadores, percentual correspondente a vantagem de
caráter pessoal, como são os adicionais por tempo de serviço. Suspendeu-se, também, a
eficácia do parágrafo único do art. 1º e dos §§ 1º e 2º do mencionado art. 4º. ADIn 1.456-
PE, rel. Min. Ilmar Galvão, 12.06.96.

* Este julgamento deveria ter sido noticiado no Informativo anterior.

PRIMEIRA TURMA
Contagem de Prazo no CPP
Tratando-se de intimação realizada mediante carta precatória, o prazo começa a correr a
partir da própria intimação, e não da data de juntada aos autos da precatória. Havendo
previsão expressa na lei processual penal (art. 798, § 5º, a), não há espaço para a aplicação
analógica do art. 241, IV, do CPC (“Começa a correr o prazo: IV- quando o ato se realizar
em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos
autos devidamente cumprida;”). Com base nesse fundamento, a Turma indeferiu, por
maioria de votos, habeas corpus impetrado contra acórdão que julgara intempestiva a
apelação interposta pela defesa do paciente. Vencido o Min. Celso de Mello, relator, que
aplicava, por analogia (CPP, art. 3º), o art. 241, IV, do CPC. HC 73.971-GO, rel. orig. Min.
Celso de Mello; rel. p/ ac. Min. Ilmar Galvão, 11.06.96.

Escuta Telefônica
Se as provas que serviram de base à sentença e ao acórdão foram obtidas sem auxílio
dos elementos informativos fornecidos pela escuta telefônica, não há falar em nulidade da
condenação. Hipótese em que não se aplica a doutrina dos “frutos da árvore envenenada”.
HC 73.461-SP, rel. Min. Octavio Gallotti, 11.06.96.

Fundamentação e Nulidade
Não é nulo acórdão que adota como razão de decidir, por remissão, os fundamentos de
parecer oferecido em segunda instância pelo Ministério Público, na qualidade de custos
legis. HC 73.545-SP, rel. Min. Ilmar Galvão, 11.06.96.

Associação para Tráfico


A condenação pelo crime do art. 14 da Lei de Tóxicos (“Associarem-se duas ou mais
pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos
arts. 12 e 13 desta Lei”) pode ocorrer em processo no qual somente um dos prováveis
integrantes da associação figure como réu. Cuidando-se da associação de três pessoas, o
fato de a primeira haver sido absolvida da imputação não basta à descaracterização do
delito em relação à segunda, se a terceira ainda não foi julgada. Habeas corpus indeferido,
reconhecendo-se ao paciente o direito à revisão criminal, caso se verifique a absolvição do
terceiro denunciado. Precedente citado: HC 62153-SP (RTJ 112/1064). HC 73593-SP, Rel.
Min. Ilmar Galvão, 11.06.96.

SEGUNDA TURMA

Representação do Ofendido
O art. 88 da Lei 9.099/95 (“... dependerá de representação a ação penal relativa aos
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas”) aplica-se aos feitos em andamento.
Com esse fundamento, a Turma anulou acórdão que se omitira sobre a aplicação, a processo
por lesões corporais culposas, do procedimento previsto no mencionado dispositivo.
Precedente citado: Inq 1.055-AM (DJ de 24.05.96). Habeas corpus deferido para cassar o
acórdão impugnado e determinar que o tribunal a quo que conceda à vítima oportunidade
para o oferecimento de representação. HC 73.837-GO, rel. Min. Marco Aurélio, 11.06.96.

Conflito de Competência
Iniciado o julgamento de recurso extraordinário interposto contra acórdão do STJ que
decidira pela competência da Justiça Eleitoral para conhecer de mandado de segurança
impetrado por suplentes de vereadores, perante a Justiça comum estadual, contra ato de
presidente de câmara municipal que lhes indeferira a posse como titulares. Sustenta-se no
RE a competência da justiça comum, tendo em vista que a jurisdição da justiça eleitoral se
exaure com a diplomação dos eleitos, sendo esta suficiente para viabilizar a posse
pretendida. Após o voto do Min. Néri da Silveira, relator, confirmando a decisão recorrida,
o julgamento foi do adiado em virtude de pedido de vista do Min. Maurício Corrêa. RE
202.520-PR, Néri da Silveira, 11.06.96.

Direito de Recorrer em Liberdade


Sentença que reconhece ao réu o direito de permanecer em liberdade até o trânsito em
julgado da condenação não impede que, improvida a apelação interposta pela defesa, seja
determinado o seu imediato recolhimento à prisão. Com base nesse entendimento, a Turma
indeferiu habeas corpus em que o paciente, condenado nas instâncias ordinárias, pretendia
continuar solto até o julgamento do recurso especial; vencido o Min. Marco Aurélio,
relator, que concedia a ordem para que o paciente aguardasse em liberdade até o trânsito
em julgado da condenação. HC 74.011-SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio; rel. p/ ac. Min.
Maurício Corrêa, 10.06.96.

Prestação Jurisdicional
Iniciado o julgamento de recurso extraordinário no qual se imputa a acórdão do
TST que rejeitara embargos declaratórios, sem suprir a omissão apontada pelo embargante,
ofensa aos incisos XXXV, LIV e LV do art. 5º e inc. IX do art. 93 da CF (garantia de acesso
ao Judiciário, devido processo legal, ampla defesa, e necessidade de motivação das
decisões judiciais). Após o voto do Min. Marco Aurélio, relator - conhecendo e provendo o
recurso extraordinário para determinar que outra decisão seja proferida, emitindo o tribunal
a quo entendimento explícito sobre as alegações deduzidas nos embargos declaratórios -, o
julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do Min. Maurício Corrêa. RE 158.655-
PA, rel. Min. Marco Aurélio, 10.06.96.
Prisão Provisória e Pronúncia
A prisão provisória não decorre automaticamente da pronúncia do réu, sendo
necessário que sua decretação esteja adequadamente fundamentada. Habeas corpus
deferido para, mantida a pronúncia do paciente, cassar o decreto de prisão, tendo em vista a
falta de motivação. HC 73.364-RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 11.06.96.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 12.06.96 13.06.96 14


1ª Turma 11.06.96 -------- 86
2ª Turma 11.06.96 10.06.96 270

OS INTERESSADOS EM OBTER CÓPIAS EM DISQUETE DOS INFORMATIVOS 01


A 21, EM ARQUIVOS PADRÃO “WORD FOR WINDOWS”, DEVERÃO PROCEDER
DA SEGUINTE MANEIRA: REMETER PARA O ENDEREÇO ABAIXO UM
DISQUETE DE 3 ½” , DEVIDAMENTE FORMATADO, E ENVELOPE DE RETORNO
PREENCHIDO E SELADO.
Supremo Tribunal Federal
Assessoria da Presidência
“INFORMATIVO STF”
Praça dos Três Poderes
CEP - 70.175-900 - Brasília - DF

C L I P P I N G DO D J
14 de junho de 1996

HC nº 72156-7
Rel.: Min. Ilmar Galvão
EMENTA: HABEAS CORPUS. JÚRI. TENTATIVA DE HOMICÍDIO E CONTRAVENÇÃO
PENAL POR DISPARO DE ARMA DE FOGO. APLICAÇÃO CUMULATIVA DAS PENAS
DE RECLUSÃO E DE MULTA. FATOR DE REDUÇÃO DECORRENTE DA TENTATIVA.
MOTIVAÇÃO.
1. A jurisprudência desta Corte tem admitido que a motivação da aplicação da pena,
embora não esteja contida no capítulo a ela dedicado, com suficiente precisão, pode ser buscada
nas circunstâncias do fato delituoso. Inocorre vício na escolha do fator de redução de um terço
pelo delito tentado (CP, art. 14, parágrafo único), se os elementos existentes permitem inferir que
esse percentual foi adotado em razão do caminho percorrido pelo paciente.
2. Existência de mero equívoco no questionário submetido aos jurados, quando se indagou
sobre o delito do art. 132 do Código Penal, quando, na realidade, se tratava da contravenção de
disparo de arma de fogo, equívoco esse que foi corrigido pelo acórdão, que corretamente aplicou a
pena relativa ao art. 28 da Lei das Contravenções Penais.
3. Embora os elementos, motivos e circunstâncias do crime estejam a indicar que o delito
contravencional foi absorvido pela tentativa de homicídio, não cabe, na via do habeas corpus,
proceder-se à correção, tendo em vista estar-se diante de condenação à pena de multa, em que
inexiste ameaça à liberdade de locomoção, na linha do que vem decidindo o Supremo Tribunal
Federal.
4. Conhecido, em parte, o pedido de habeas corpus e, nessa parte, indeferido.

HC nº 73464-2
Rel.: Min. Carlos Velloso
EMENTA: - PENAL. PROCESSUAL PENAL. "HABEAS CORPUS". DECISÃO DO JÚRI.
APELAÇÃO: LIMITES. CERCEAMENTO DE DEFESA. DEFICIÊNCIA DA DEFESA: NÃO
COMPROVAÇÃO DE PREJUÍZO PARA OS RÉUS.
I. - A apelação contra as decisões do júri não devolve à instância superior o conhecimento
pleno da causa, ficando circunscrita aos motivos invocados no recurso.
II. - O direito de defesa é amplo, mas não irrestrito, e encontra delimitação, no que concerne
à interposição de recursos, na legislação própria.
III. - A lei processual adotou o princípio de que somente se anula ato processual se
comprovado o prejuízo para a defesa, na linha do adágio "pas de nullité sans grief".
IV. - HC indeferido.

HC nº 73481-2
Rel.: Min. Ilmar Galvão
EMENTA: HABEAS CORPUS. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. AUSÊNCIA DO RÉU.
INTIMAÇÃO DO DEFENSOR. NULIDADE RELATIVA.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem como relativa a nulidade por falta da
requisição do réu preso, para se fazer presente à audiência de instrução, sanável, se não arguida
oportunamente.
Habeas corpus indeferido.

HC nº 73538-0
Rel.: Min. Octavio Gallotti
EMENTA: - Oferecimento de razões escritas em audiência, pela acusação. Possível nulidade
simplesmente relativa, sem protesto oportuno, nem evidência de prejuízo.
Embora não seja motivo de aumento de pena em abstrato, como sucede com as dolosas, a
gravidade das lesões corporais culposas pode influir na dosagem, em concreto, da reprimenda.
Invocação da Lei nº 9.099-95, art. 91, que peca por ser a sua vigência ulterior ao acórdão
impugnado.

RE nº 160850-1
Rel.: Min. Ilmar Galvão
EMENTA: AUDITORES DO ESTADO DO MARANHÃO. VENCIMENTOS. ISONOMIA COM
OS AUDITORES DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO. VEDAÇÃO. SÚMULA 339.
Segundo assentado pelo Supremo Tribunal Federal, não cabe ao Poder Judiciário, que não
tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento em
isonomia (Súmula 339), nem ao próprio legislador é dado, segundo a Constituição vigente,
estabelecer vinculação ou equiparação de vencimentos (arts. 37, XIII).
O art. 39, § 1º, da CF, ao assegurar isonomia de vencimentos para cargos de atribuições
iguais ou assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, estabelece norma que há de ser observada pelo Poder Legislativo na fixação da
remuneração devida aos integrantes de cada categoria funcional, não havendo margem para
extensão da remuneração de uma categoria a outra.
Recurso extraordinário conhecido e provido.

Ag nº 178005-4 (AgRg)
Rel.: Min. Maurício Corrêa
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRABALHISTA.
NORMA SUPERVENIENTE QUE ALTERA O PADRÃO MONETÁRIO. SENTENÇA
NORMATIVA. REAJUSTE SALARIAL. COISA JULGADA E DIREITO ADQUIRIDO.
INEXISTÊNCIA.
A sentença normativa tem natureza singular e projeta no mundo jurídico apenas norma de
caráter genérico e abstrato, embora nela se reconheça a existência da eficácia da coisa julgada formal
no período de vigência mínima definida em lei (art. 873, CLT), e, no âmbito do direito substancial,
coisa julgada material em relação à eficácia concreta já produzida. É norma editada no vazio legal.
Porém, editada a lei, norma de caráter imperativo, esta se sobrepõe a todas as demais fontes
secundárias de direito - convenção, acordo ou sentença normativa -, sendo nula, de pleno direito,
disposição de convenção ou acordo coletivo que contrarie proibição ou norma disciplinadora do
Governo ou concernente à política salarial vigente (art. 623, CLT).
A sentença normativa firmada ante os pressupostos legais então vigentes pode ser derrogada
por normas posteriores que venham a imprimir nova política econômico-monetária, por ser de
ordem pública, de aplicação imediata e geral, sendo demasiado extremismo afirmar-se a existência
de ofensa ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada, em face de a decisão
recorrida haver adequado os reajustes salariais da categoria, emergentes de acordo em dissídio
coletivo, ao plano de estabilização econômica.
Agravo regimental conhecido, mas improvido.

Acórdãos publicados: 162

T R A N S C R I Ç Õ E S

Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão


mais aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões
que tenham despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade
jurídica.

Responsabilidade Civil do Estado


RE 109.615-RJ *
Ministro Celso de Mello (relator)

Relatório - O Município do Rio de Janeiro interpõe recurso extraordinário contra acórdão do Tribunal
de Justiça do Estado, que, reconhecendo a responsabilidade civil objetiva do ora recorrente,
condenou-o a indenizar vítima de acidente ocorrido nas dependências de uma de suas escolas
municipais. Esse infortúnio, que atingiu aluno da rede escolar pública, gerou, na vítima, deformidade
traumática com incapacidade permanente para o trabalho (perda total do globo ocular direito).
Alega o Município recorrente ofensa ao art. 107 da Carta Federal então vigente (CF/69), eis
que "(...) o infeliz acidente que acarretou dano à Autora foi provocado por uma sua colega de classe
(...)" (fls. 213), objetivando afastar, desse modo, com tal argumento, qualquer responsabilidade da
Administração Pública municipal na eclosão dos gravíssimos danos causados à aluna que foi vitimada
na própria sala de aula da escola municipal.
Regularmente processado, o presente apelo extremo subiu a esta Corte em virtude de
provimento do respectivo Agravo de Instrumento.
É o relatório.

Voto - Trata-se de recurso extraordinário interposto pelo Município do Rio de Janeiro contra acórdão
do Tribunal de Justiça do Estado, que está assim ementado (fls. 208), verbis:
"Responsabilidade civil. Lesão causada em aluna, por outra, em sala de aula,
ambas impúberes.
Perda total do globo ocular direito, pela vítima, com deformidade traumática permanente,
percentual incapacitatório para o trabalho, de 75%. Evento causado por omissão da
administração da escola, onde o mesmo se verificou, nas cautelas compatíveis com a
segurança dos alunos durante a atividade escolar. Responsabilidade objetiva do Município,
proprietário da escola, face ao que preceitua o art. 107 da Constituição Federal. Dano estético
com repercussão patrimonial." (grifei)
A discussão em causa gira em torno do reconhecimento da responsabilidade civil objetiva do
Município do Rio de Janeiro.
O ora recorrente, buscando descaracterizar a sua responsabilidade civil, argumenta, nas
razões recursais (fls. 213), que:
"Conforme doutrina e jurisprudência pacíficas, na interpretação do art. 107 da CF,
esta só atribui responsabilidade objetiva à Administração pelos danos que seus funcionários,
nessa qualidade, causem a terceiros. Portanto, o legislador constituinte só cobriu o risco
administrativo da atuação ou inação dos serviços públicos; não responsabilizou objetivamente a
Administração por atos predatórios de terceiros, nem por fenômenos naturais que causem danos
aos particulares (cf. HELY MEIRELLES, Dir. Adm. Bras., texto integral às fls. 182/183).
Na hipótese sub examine, como se apura das peças do processo, o infeliz acidente que
acarretou dano à Autora foi provocado por uma sua colega de classe que, apesar das diligências e
fiscalizações normalmente realizadas nos objetos portados por alunos, tinha a posse de uma
agulha de injeção."
Entendo não assistir qualquer razão ao Município recorrente.
A situação de fato que gerou o evento imputado ao Município do Rio de Janeiro/RJ põe em
evidência todos os pressupostos primários determinadores do reconhecimento constitucional da
responsabilidade civil objetiva dessa pessoa jurídica de direito público, eis que a vítima, com apenas
10 anos de idade, na condição de aluna de Escola pública, achava-se, no momento do fato, sob os
cuidados, a vigilância e a fiscalização do Poder Público, em estabelecimento escolar oficial mantido
e administrado pelo próprio Município, que foi incapaz de impedir a consumação de evento danoso
gravíssimo, consistente na perda total do globo ocular direito, com deformidade traumática
permanente, causada por outra menor impúbere que também estudava na mesma unidade de ensino
fundamental.
No caso, o Município do Rio de Janeiro/RJ, "pela falta dos recursos necessários ao
funcionamento regular e satisfatório dos estabelecimentos públicos de ensino" (fls. 209), incidiu em
comportamento configurador de típica falha funcional, com conseqüências danosas para um dos
alunos da rede escolar pública, que sofreu - ante a incapacidade da Administração Pública de prover
os serviços adequados e de dispensar proteção eficaz aos que se acham matriculados em seus
estabelecimentos escolares - dano de conseqüências extremamente graves.
A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos documentos constitucionais
brasileiros desde a Carta Política de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabilidade civil
objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes públicos, por ação ou por omissão, houverem
dado causa. Essa concepção teórica, que informa o princípio constitucional da responsabilidade civil
objetiva do Poder Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo causado à vítima pelo
Estado, o dever de indenizá-la pelo dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente de
caracterização de culpa dos agentes estatais ou de demonstração de falta do serviço público,
consoante enfatiza o magistério da doutrina (HELY LOPES MEIRELLES, "Direito Administrativo
Brasileiro", p. 561, 21ª ed., 1996, Malheiros; MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, "Direito
Administrativo", p. 412/413, 5ª ed., 1995, Atlas; DIOGENES GASPARINI, "Direito
Administrativo", p. 410/411, 1989, Saraiva; CELSO RIBEIRO BASTOS, "Comentários à
Constituição do Brasil", vol. 3, tomo III/172, 1992, Saraiva; JOSÉ AFONSO DA SILVA, "Curso de
Direito Constitucional Positivo", p. 620/621, 12ª ed., 1996, Malheiros, v.g.).
Impõe-se destacar, neste ponto, que os elementos que compõem a estrutura e delineiam o
perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade do dano,
(b) a causalidade material entre o eventus damni e o comportamento positivo (ação) ou negativo
(omissão) do agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente do
Poder Público, que tenha, nessa condição funcional, incidido em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência
de causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 - RTJ 71/99 - RTJ 91/377 - RTJ
99/1155 - RTJ 131/417).
A ausência de qualquer desses pressupostos basta para descaracterizar a responsabilidade
civil objetiva do Estado, especialmente quando ocorre circunstância que rompe o nexo de
causalidade material entre o comportamento do agente público e a consumação do dano pessoal ou
patrimonial. Tal situação, contudo, não ocorreu no caso em exame.
O princípio da responsabilidade objetiva - já advertiu o Supremo Tribunal Federal - não
se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria
responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias
- como o caso fortuito e a força maior - ou evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria
vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50).
As circunstâncias do presente caso - apoiadas em pressupostos fáticos soberanamente
reconhecidos pelo Tribunal a quo - evidenciam que o nexo de causalidade material restou
plenamente configurado em face do comportamento omissivo em que incidiu o agente do Poder
Público (funcionário escolar), que se absteve de adotar as providências reparatórias que a situação
estava a exigir. Na realidade, consta dos autos que, por incompreensível omissão administrativa, não
só deixou de ser solicitado e prestado imediato socorro médico à vítima, mas, também, absteve-se a
própria administração escolar de notificar os pais da aluna atingida, com a urgência que o caso
requeria.
Essa sucessão de erros culminou no resultado dramático que este processo registra: a
pequena vítima sofreu a enucleação de seu globo ocular direito, com perda correspondente da visão,
além de deformidade traumática permanente, com elevado índice percentual incapacitante das
atividades laborais ordinárias. E todas essas conseqüências - tal como pôde reconhecer o Tribunal a
quo - resultaram de omissão da Administração escolar no emprego e na adoção das medidas de
cautela impostas pela exigência de segurança a que o Poder Público - enquanto guardião de alunos
confiados à sua vigilância - está sujeito no plano das atividades escolares desenvolvidas pela rede
pública de ensino.
Impõe-se reconhecer, por irrecusável, que o Município tem o dever de proporcionar
segurança aos alunos que freqüentam as escolas públicas por ele mantidas, enquanto permanecerem
no recinto das unidades de ensino.
Essa obrigação jurídica do Município projeta-se em relação a todos e a cada um dos alunos,
que, matriculados na rede escolar municipal, estejam, no momento do fato lesivo, no interior do
próprio estabelecimento de ensino, sob a guarda, a vigilância e a proteção do Poder Público,
ressalvadas, evidentemente - consoante adverte o magistério da doutrina (LUCIA VALLE
FIGUEIREDO, "Curso de Direito Administrativo", p. 186, item n. 10, 2ª ed., 1995, Malheiros;
CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO, "Curso de Direito Administrativo", p. 456/458,
itens n. 77-82, 4ª ed., 1993, Malheiros) -, as situações que descaracterizam o nexo de causalidade
material entre o evento danoso e a atividade estatal imputável aos agentes públicos.
Impõe-se ao Poder Público, desse modo, como específica conseqüência de seu dever de
proteção e de vigilância sobre todos os que se acham sob sua guarda nas escolas públicas, a obrigação
de adotar providências que, diligentemente executadas, destinem-se a evitar situações lesivas aos
alunos, notadamente quando estes - sendo ainda menores impúberes - se encontrem na própria
sala de aula, sob a direta e imediata supervisão do Professor.
Não tem sentido, por isso mesmo, que, por falha na vigilância ou por falta de adequada
fiscalização, as crianças, que se acham sob o cuidado do Poder Público nas escolas integrantes da
rede oficial de ensino, venham a sofrer injusta ofensa em sua própria incolumidade física, agravada
pela ausência de imediata adoção, por parte dos órgãos competentes da administração escolar, de
medidas eficazes destinadas a atenuar os gravíssimos efeitos decorrentes do ato lesivo.
Se é certo que incumbe ao Poder Público garantir o acesso de todos à educação formal - que
visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o exercício da cidadania e à sua
qualificação para o trabalho -, também é irrecusável reconhecer que assiste à entidade
governamental o dever de preservar o bem-estar e a segurança de todos os que, matriculados nas
escolas da rede oficial - e durante o período de sua permanência no recinto escolar - freqüentem
as aulas ministradas nos estabelecimentos escolares mantidos pelas instituições estatais.
A obrigação de preservar a intangibilidade física dos alunos, enquanto estes se encontrarem
no recinto do estabelecimento escolar, constitui encargo indissociável do dever que incumbe ao
Estado de dispensar proteção efetiva a todos os estudantes que se acharem sob a guarda imediata do
Poder Público nos estabelecimentos oficiais de ensino. Descumprida essa obrigação, e vulnerada a
integridade corporal do aluno - tal como no caso ocorreu -, emerge a responsabilidade civil do Poder
Público pelos danos causados a quem, no momento do fato lesivo, se achava sob a guarda, atenção,
vigilância e proteção das autoridades e dos funcionários escolares.
É preciso enfatizar que o Poder Público, ao receber o menor estudante em qualquer dos
estabelecimentos da rede oficial de ensino, assume o grave compromisso de velar pela preservação
de sua integridade física, devendo empregar todos os meios necessários ao integral desempenho
desse encargo jurídico, sob pena de incidir em responsabilidade civil pelos eventos lesivos
ocasionados ao aluno, os quais, muitas vezes, decorrem da inércia, da omissão ou da indiferença dos
servidores estatais.
Essa é a razão pela qual YUSSEF SAID CAHALI ( "Responsabilidade Civil do Estado", p.
412, item n. 69, 2ª ed., 1995, Malheiros), em autorizado magistério, assevera, na perspectiva do
princípio constitucional da responsabilidade objetiva do Estado, que "Responde, também, a Fazenda
Pública pelo dano derivado de ofensa física de um estudante contra outro ocorrida em
estabelecimento escolar", eis que - em tal situação - a ausência de vigilância necessária dos agentes
estatais atua como fato gerador da responsabilidade civil do Poder Público.
Cumpre acentuar que essa mesma tese - ora acolhida neste voto - foi prestigiada em
julgamento proferido pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que, analisando essa
quaestio juris, enfatizou a responsabilidade estatal pela segurança pessoal de todos aqueles que,
como alunos, freqüentam os estabelecimentos oficiais da rede pública de ensino (RJTJSP 93/156-
157):
"Ao receber o menor estudante, deixado no estabelecimento de ensino da rede oficial
para as atividades de aprendizado, a entidade pública se investe no dever de preservar a sua
integridade física, havendo de empregar, através dos mestres e demais servidores, a mais
diligente vigilância para evitar qualquer conseqüência lesiva, que possa resultar do convívio
escolar.
E responde, no plano reparatório, se, durante a permanência no interior da unidade de ensino,
o aluno vem, por efeito de inconsiderada atitude de colega, a sofrer violência física, restando-se
lesionado de forma irreversível.
A responsabilidade, aí, é inerente à extensão dos cuidados exigidos para a custódia do menor
vitimado. E, com respeito ao ente estatal, se filia ao princípio consagrado no art. 107 da CR,
configurando-se pela simples falha na garantia de incolumidade, independentemente da culpa
concreta de qualquer servidor."
O Ministério Público Federal, ao opinar pelo não acolhimento da postulação recursal ora
deduzida, observou, corretamente, que "o Estado só se exime da responsabilidade se conseguir
provar que o dano resultou de ato exclusivo do prejudicado. Não é esta, pois, a hipótese dos autos.
Aqui, se é verdade que não foi imputada culpa pessoal à professora, não há dúvida de que houve pelo
menos a falta do serviço. A criança foi entregue sã e salva nas dependências escolares do
Município. E de lá saiu com 75% de perda de sua capacidade para os atos normais da vida.
Houve falha na vigilância, sem dúvida. A responsabilidade é objetiva" (fls. 250 - grifei).
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar causa na qual se pôs em discussão tema virtualmente
idêntico ao dos presentes autos, assim decidiu:
"Responsabilidade civil do Estado. Artigo 107 da Constituição. Assentada no risco
administrativo, independe da prova de culpa. Basta que o lesado demonstre o nexo causal entre o
fato e o dano. Recurso conhecido e provido."
(RE 116.333-RJ, Rel. Min. CARLOS MADEIRA, DJU de 19/08/88).
De outro lado, ainda que ausente qualquer parcela de responsabilidade da servidora
municipal (Professora da Escola pública) na eclosão do evento de que resultou a cegueira parcial da
aluna de sua própria classe, tal circunstância, só por si, não teria o condão de exonerar o Município
do Rio de Janeiro/RJ da responsabilidade civil - que é objetiva - decorrente do fato danoso em
questão.
É que a responsabilidade objetiva do Poder Público não deriva, necessariamente, da conduta
eventualmente culposa dos agentes estatais. Posto que é inteiramente objetiva, essa modalidade de
responsabilidade civil prescinde da demonstração de dolo ou culpa subjacente ao comportamento do
servidor público. Daí a observação de YUSSEF SAID CAHALI ("Responsabilidade Civil do
Estado", p. 44, item 14, 2ª ed., 1995, Malheiros):
"Tendo a Constituição da República de 1988 ( a exemplo das anteriores) adotado a
teoria da responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas indicadas em seu art. 37, § 6º, a que
bastaria o nexo de causalidade entre o dano e a ação ou omissão do ente público ou privado
prestador de serviço público, mostra-se, em princípio, despicienda qualquer averiguação do
dolo ou da culpa por parte de seus agentes, por desnecessária a sua prova" (grifei).
No caso presente, restou plenamente evidenciado que o Tribunal a quo proferiu decisão que
interpretou, com absoluta fidelidade, a norma constitucional que consagra, em nosso sistema
jurídico, a responsabilidade civil objetiva do Poder Público. O acórdão impugnado nesta sede recursal
extraordinária, ao fazer aplicação do preceito constitucional em referência, reconheceu, com inteiro
acerto, no caso em exame, a cumulativa ocorrência dos requisitos concernentes (1) à
consumação do dano, (2) à omissão administrativa, (3) ao vínculo causal entre o evento
danoso e o comportamento estatal e (4) à ausência de qualquer causa excludente de que pudesse
eventualmente decorrer a exoneração da responsabilidade civil do Município.
Sendo assim, e pelas razões expostas, não conheço do presente recurso extraordinário,
mantendo, em conseqüência, o acórdão proferido pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro.
É o meu voto.

* Acórdão ainda não publicado.

Assessor responsável pelo Informativo


Miguel Francisco Urbano Nagib

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