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Centro Educacional Sesc Cidadania

Ensino Fundamental Anos Finais

Goiânia, ___ / ______ / ______ 7º ano Turma: _____


Nome do(a) Aluno(a): ____________________________________________________________
Professora: Mara Matias

Uso de eletrônicos em excesso atrasa desenvolvimento infantil, diz Unicamp


Estudo foi feito com crianças de 8 a 12 anos, na região de Campinas.
Pesquisadora se surpreendeu com o tempo gasto com os aparelhos.

Um estudo da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, em Campinas (SP), concluiu que as crianças que usam
aparelhos eletrônicos sem controle e não brincam, ou brincam pouco, no "mundo real" podem ter atraso no
desenvolvimento. A pesquisa foi realizada com meninos e meninas de 8 a 12 anos de idade, que ficam de quatro a seis
horas diante das telas de computadores, tablets, celulares e videogames.

Para a pedagoga Ana Lúcia Pinto de Camargo Meneghel, que desenvolveu o estudo na FE durante o mestrado na linha
de psicologia da educação, as crianças que se enquadram neste perfil acabam não brincando e nem tendo uma rotina,
o que afeta no ritmo de construção do desenvolvimento cognitivo.

Ao todo, 21 meninos e meninas de uma escola particular na região de Campinas (SP) passaram por testes para avaliar
as capacidades que eles precisam ter para, inclusive, aprender bem o conteúdo ensinado na escola. Para a surpresa da
pesquisadora, de todas as crianças, apenas uma mostrou as habilidades esperadas para essa faixa.

"Apenas uma criança, de 12 anos, tinha construído as noções lógico-elementares, que seriam as noções matemáticas e
a noção de espaço", afirma a pesquisadora da Unicamp.

Brincar aumenta a criatividade


O uso de eletrônicos em si não é exatamente o problema, segundo a
pesquisa, mas sim a falta de brincadeiras no "mundo real".

"O mais importante é eles brincarem. Num parquinho, na piscina, na escola.


Precisa oferecer para essas crianças atividades criativas. Atividades que eu
vou buscar, que eu tenha curiosidade". explica Ana Lúcia.

Criança que brincam mais desenvolvem mais a criatividade


(Foto: Reprodução / TV Globo)

Moradora de uma chácara em Vinhedo (SP), Isabella Bracalente, de 9 anos, aproveita para subir em árvores e explorar
brincadeiras, como andar de bicicleta, patins e pular corda.

"Eu acho que só ficar no tablet o dia inteiro, a gente não desenvolve a nossa criatividade. Por isso que eu gosto de
brincar", conta a menina.

Segundo a pesquisa, quando a criança brinca, faz uso das operações infralógicas, que garantem noção operatória de
espaço, tempo e causalidade. Um exemplo é uma brincadeira simples de entrar debaixo de uma cadeira. A criança
precisa viver a experiência para saber se cabe naquele espaço ou não.

Crianças foram entrevistadas


A pedagoga e pesquisadora Ana Lúcia conversou com as crianças e todas afirmaram ter pelo menos quatro aparelhos
eletrônicos em casa. Sobre brincadeiras na rua, os meninos e meninas responderam que não brincavam porque os pais
não deixavam, por ser perigoso.

Sobre a prática de atividades físicas, das 21 crianças avaliadas, 14 afirmaram que não praticavam nenhuma. As que
disseram sim, afirmaram fazer natação, uma ou duas vezes na semana.

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A pesquisadora percebeu em outros questionamentos, sobre o que as crianças fazem quando não estão na escola, que
muitas não conseguem descrever suas rotinas.

Dificuldades para medir espaço


Entre os testes desempenhados, as crianças tiveram que montar uma torre com peças de madeira em uma mesa e
depois outra no chão, com peças diferentes. A ideia é que construíssem torres de igual tamanho. Elas tiveram
dificuldades para medir as duas.

Em outra prova, a pesquisadora avaliou a perspectiva. Com a ajuda de uma


maquete de casas e fotos de diversos ângulos da maquete, muitas das crianças
não conseguiram definir as posições das casas. Ana Lúcia concluiu que essas
crianças ainda não tinham desenvolvido a noção de espaço.

E em atendimentos psicopedagógicos, verificou que as crianças sem


oportunidade de brincar, explorar e que passam horas diante dos aparelhos
eletrônicos, apresentaram dificuldade na hora de organizar os pensamentos.
Foi difícil, por exemplo, montar contas matemáticas no papel com um
número embaixo do outro.

Entrevista com a psicóloga e Karla Cerávolo:

Quais as consequências de uma superexposição da criança a eletrônicos?

Não há como querer que tudo volte a ser como 25, 30 anos atrás. E acredito que nem queremos isso!
Temos tudo com melhor acesso, falamos com pessoas que amamos e que estão distantes, pagamos
contas sem sair de casa e eu poderia ficar aqui falando sobre os benefícios por horas! Mas o que gera
essa necessidade de discussão e preocupação de especialistas da área da infância é que observa-se um
déficit nas relações das crianças com o mundo a partir da entrada desses eletrônicos em suas vidas e
talvez seja essa a maior preocupação de todos em relação à superexposição.

Qual o tempo ideal de exposição da criança a aparatos tecnológicos?

Devemos lembrar da nossa infância, quando nossos pais determinavam o tempo para ficarmos em frente
à TV. Não tinham exageros. Tinha a hora para a tarefa, hora para as refeições, hora para brincar! Não é
porque agora vivemos essa era tão tecnológica que devemos cruzar os braços. Cada família, a seu modo,
deverá, por meio de um diálogo responsável, onde há a fala e a consequente escuta, definir limites claros,
regras claras e manter a constância dessa organização.

Como conscientizar os próprios pais de que são necessárias regras em relação ao uso da tecnologia na
infância, se eles mesmos, às vezes, exageram?

Somos os maiores exemplos dos nossos filhos. Então, precisamos nos atentar para não ficarmos tão
conectados com os eletrônicos e desconectados dos nossos filhos. Por exemplo, sentados à mesa para
as refeições, é um dos grandes momentos que devemos nos ater em não estar com celulares. Esses que
nos impedirão de olhar no olho, de estabelecer um diálogo genuíno e necessário entre pais e filhos. Uma
mãe que está amamentando, por exemplo, não deve ficar ao celular ou assistindo TV. O vínculo com seu
filho está sendo criado e olhar nos olhinhos, tocar, conversar e cantar são coisas imprescindíveis para que
o bebê sinta todo o carinho necessário para ir se adaptando e se separando de sua mãe para o mundo
exterior.

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Que regras os pais devem estabelecer para que os pequenos não acabem exagerando na hora de
usar dispositivos eletrônicos?

Estabelecer dia e horário para o uso dos eletrônicos é importante. Mas o essencial é que essa regra tenha
constância para as crianças entenderem e absorverem regras, rotina, limites. Se o tempo para o uso do
Ipad é de 20 minutos, deve ser assim em qualquer lugar: em casa, na casa da vovó, na casa do amigo,
etc.

O que você ressalta como benefícios do uso comedido de aparelhos eletrônicos?

Nossas crianças já nascem íntimas desses objetos e têm uma atração natural por eles. Em salas de parto,
quando estou acompanhando as gestantes, os bebês são fotografados imediatamente e a família já
recebe a foto e conhece o bebê quase que instantaneamente! Não queremos deixar nossos filhos
paralelos a tudo isso, pois mais cedo ou mais tarde precisarão dessas tecnologias. Além de controlar o
tempo de acesso, os pais precisam estar atentos a quais conteúdos são apresentados, para que sejam
para o desenvolvimento cognitivo da criança e não apenas para que elas estejam entretidas. Se pudermos
estar ali, ao lado, interagindo e participando com a criança, teremos mais um facilitador nas relações entre
pais e filhos.

A segurança também preocupa. Como monitorar o acesso das crianças à internet?

O que observo no consultório é o crescente número de crianças que estão em redes sociais na Internet.
As mães assumem não ter controle sobre os conteúdos que seus filhos acessam. Isso é preocupante. Há
maneiras diversas de filtrarmos esses conteúdos e monitorar. O próprio Google, maior plataforma de
pesquisa da Internet, tem ferramentas para que os pais possam fazer essa difícil tarefa. Não podemos
deixar para lá ou achar que “com meu filho não vai acontecer”. Crianças são curiosas. E são inocentes!
Então, eu acredito que o melhor caminho é conversar sempre com seu filho e despertar nele a confiança
de poder sempre falar sobre tudo com os pais.

Contra o exagero da tecnologia na infância, qual a importância de incentivar as “brincadeiras de


antigamente”?

Crianças precisam das relações interpessoais, para que aprendam a lidar com as pressões, frustrações e
provocações que irão enfrentar na vida adulta. Criança aprende brincando. Aprende sobre si, sobre sua
força, seus limites, suas habilidades e fraquezas. Aprende a ajudar o outro. Desenvolvem o altruísmo, tão
necessário nos dias atuais. Precisamos urgentemente olhar para o começo da vida dos nossos filhos com
mais interesse em “deixá-los ser crianças”. Menos agenda cheia, mais colo, mais tempo livre, mais olho no
olho, mais histórias antes de dormir. Temos que brincar mais com nossos filhos, ser os seus próprios
brinquedos. Precisamos mesmo é sentar mais vezes no chão e brincar com o primeiro objeto que estiver
às mãos, dando asas à imaginação dos pequenos.

O uso excessivo de aparelhos eletrônicos gera problemas de visão?

O uso constante de aparelhos eletrônicos é uma realidade cada vez mais presente no cotidiano de
crianças, jovens e adultos.

Televisão, computador, tablet e smartphone estão sempre ao alcance das mãos e dos olhos — muitas
vezes mais de um aparelho ao mesmo tempo.

Como todo exagero, o uso excessivo de aparelhos eletrônicos pode, sim, trazer prejuízos à saúde dos
olhos. E é sobre esse assunto que vamos falar no nosso artigo de hoje.

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Quais são os riscos para a visão do uso excessivo de aparelhos eletrônicos?

Embora não cause doenças oculares conhecidas, como a miopia, o astigmatismo ou a hipermetropia, o
uso excessivo de aparelhos eletrônicos pode causar desconfortos, além de agravar outros problemas
de saúde dos olhos.

Um problema cada vez mais comum é a síndrome da vista cansada, causada pela fixação das vistas na
tela dos aparelhos que emitem luz durante muito tempo. O resultado desta fixação é o aumento do tempo
entre as piscadas e o ressecamento ocular, além da fadiga visual, pelo esforço de acomodação excessivo
que causa uma série de sintomas que comprometem a qualidade da visão e a produtividade no trabalho e
nos estudos.

Quais são os sintomas do uso excessivo de aparelhos eletrônicos?

Os sintomas do uso em excesso dos eletrônicos e da síndrome da visão do computador, são:

 visão turva:
 dor de cabeça:
 sensação de olhos secos;
 olhos vermelhos;
 cansaço dos olhos;

Os malefícios também se estendem aos músculos do pescoço e ombros devido ao mau posicionamento
do computador ou à má postura na hora de usar notebooks e celulares.

Por que os aparelhos eletrônicos podem causar problemas de visão?

As características de tamanho de tela, luminosidade e emissão de luz desses eletrônicos exigem mais dos
olhos.

A tela reduzida do celular e a baixa qualidade da imagem de televisores e computadores, por exemplo,
demandam um esforço maior para a precisão do foco da visão, chamado de acomodação, causando uma
sensação de cansaço e dor de cabeça.

As luzes também reduzem a frequência das piscadas. O resultado: menor lubrificação dos olhos que ficam
mais secos, irritados e avermelhados.

Quando o uso de aparelhos eletrônicos é considerado excessivo?

Parece pouco tempo, mas, usar sem pausa o computador ou outra tela, como o smartphone, por tempo
superior a uma hora, sem nenhum descanso, já compromete a saúde dos olhos.

A recomendação é que os adultos façam uma pausa de 5 a 10 minutos a cada hora para descansar a
visão e lubrificar os olhos — naturalmente, através de piscadas voluntárias, ou com o uso de colírios
lubrificantes.

Para as crianças, que ainda estão com a visão em formação até os oito anos, a recomendação é que as
pausas sejam de 15 a 30 minutos.

Como evitar os problemas de visão com o uso dos eletrônicos?

Algumas medidas simples de bom uso podem evitar os problemas de visão causados por aparelhos
eletrônicos:

 ajuste a luminosidade e o contraste de computadores e televisores para evitar o excesso de luz


refratada que age sobre a pupila;
 faça pausas regulares a cada hora de uso dos eletrônicos;

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 Nos intervalos olhe pela janela ou para um ponto distante da casa para relaxar a musculatura do
olho
 atente para o posicionamento do computador em relação aos seus olhos. A tela deve ficar de 10 a
20 graus abaixo do nível dos olhos para maior conforto
 lembre-se de piscar com frequência durante o uso dos eletrônicos para manter os olhos
lubrificados (se necessário uso lubrificantes oculares);
 Evitar ar condicionado ou ventilador direto sobre o rosto;
 regule o tempo de uso dos aparelhos eletrônicos pelas crianças.

Além de evitar o uso excessivo de aparelhos eletrônicos, visitar anualmente o oftalmologista é uma
medida essencial para garantir a saúde dos olhos.

Celular antes de dormir afeta sono,


hormônios e desenvolvimento infantil

Crianças que têm acesso a eletrônicos, como celulares e tablets, na hora de dormir, estão sujeitas a
desenvolver uma série de problemas de comportamento e de saúde.

Uma pesquisa do King's College, de Londres, reuniu dados de 125.198 crianças e adolescentes entre 6 e 19
anos de idade, em diversos países, e detectou efeitos negativos do uso do aparelho no período de descanso
em diferentes graus de gravidade. Os pesquisadores verificaram de má qualidade do sono a doenças como
obesidade e depressão infantil.

E não são só pesquisadores e pais que têm se preocupado com o assunto. Neste fim de semana, dois grandes
grupos de investidores com US$ 2 bilhões em ações da Apple pediram, em carta aberta, que a empresa
desenvolva softwares que limitem o uso de smartphones por crianças. Os acionistas citam justamente
estudos mostrando o impacto negativo do celular e das redes sociais em excesso na saúde física e mental
dos jovensa para justificar o apelo. A Apple ainda não respondeu a eles.

Impactos
O modo como os jovens têm usado a tecnologia têm sido diversos e cada vez mais intenso, segundo o
estudo do King's College. E, para cada uso, há variados impactos gerados na vida deles.

A médica Roberta Magalhães, no Rio de Janeiro, quase todos os dias precisa chamar a atenção da filha
Roberta, de 9 anos, para desligar o celular na hora de dormir.

"Com certeza atrapalha. Ela fica horas navegando na internet, no Instagram, WhatsApp, Musical.ly,
assistindo vídeos no YouTube. Depois demora a dormir. Fica rolando na cama", conta.

Roberta diz ainda não ter observado impactos negativos na rotina, mas observa atentamente: "Se interferir,
tiramos o celular na hora."

Na casa da professora carioca Rovana Machado, a situação na hora de dormir não é diferente com o filho
Theo, de 14 anos. "Ele fica fissurado olhando a tela. Acho que atrapalha bastante e, quando vejo, mando
desligar, mas adolescente é fogo. Fazem as coisas escondidos e temos que repetir mil vezes."

Além dos efeitos sobre o sono e a propensão a desenvolver doenças, os pesquisadores mostraram que deixar
o celular ou o tablet no quarto das crianças, mesmo que eles não os utilizem, também afeta o período de
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descanso. A mera expectativa de receber mensagens nas mídias sociais deixava as crianças e adolescentes
em estado de alerta.

"Esse tipo de estudo endossa o que as pessoas de bom senso já sabiam. Os eletrônicos dão uma sossegada
nas crianças por um tempinho mas, no médio e longo prazo, são muito ruins para o organismo", observa o
neurologista Leonardo Ierardi Goulart, médico especialista em doença do sono do Hospital Albert Einstein,
em São Paulo, onde também recebe crianças e adolescentes com problemas de sono e relatos de uso de
eletrônicos à noite.

O estudo do King's College observa que o distúrbio do sono na infância é conhecido por causar danos à
saúde mental e física. Isso incluiria obesidade, queda do sistema imunológico, crescimento atrofiado e
problemas mentais como depressão e tendência suicida.

Em 2016, um estudo da Sociedade Real para Saúde Pública (RSPH, na sigla em inglês), na Grã-Bretanha,
foi além e alertou que dormir pouco ou mal é um dos fatores que levariam a doenças graves como câncer e
ataques cardíacos.

A importância do sono
Para a neurologista Anna Karla Smith, do Instituto do Sono, de São Paulo, o descanso é tão importante para
o desenvolvimento e bem-estar da criança quanto a nutrição e a atividade física.

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"O sono é um estado em que há uma série de processamentos, onde há a fabricação de alguns hormônios
muito importantes para o corpo", comenta a médica à BBC Brasil.

"Nas crianças existe o GH, o hormônio do crescimento, essencial para o desenvolvimento do corpo. Esse
hormônio é liberado durante o sono profundo que a criança entra poucos minutos depois de adormecer.
Nessa fase há o pico de sua fabricação."

A neurologista explica que se a criança vai dormir tarde, por exemplo, os hormônios ainda serão liberados,
mas de maneira antifisiológica. "Ela está indo contra a sua natureza. A quantidade de hormônio do
crescimento produzida pode ser pouca ou até inexistente em casos extremos se houver patologia. A própria
distribuição do hormônio do crescimento estará alterada ao longo do dia", explica a especialista.

A liberação de outros hormônios também é prejudicada, segundo a médica, já que em diferentes etapas do
sono há a produção da leptina (hormônio da saciedade), do cortisol (que ajuda a manter estabilidade
emocional, controla inflamações e alergias) e do TSH (estimulador da tireóide).

Como o uso de eletrônicos atrapalha?


O uso de eletrônicos atrapalha o sono, em primeiro lugar, porque o simples fato de ligar o celular ou tablet
para brincar com um jogo faz com que a criança, por exemplo, atrase sua hora de ir para cama e durma
menos.

Em segundo lugar, diz o estudo da King´s College, o conteúdo pode ser muito estimulante - e gerar uma
excitação que atrase o início do relaxamento.

Em terceiro lugar, a forte luz emitida pelas telas dos dispositivos gera um impacto no corpo, afetando o
relógio biológico e a percepção do cérebro do que é noite ou dia.

A chamada "luz azul" já foi alvo de diversos estudos nos últimos anos. O mais recente, da Universidade de
Haifa, em Israel, constatou que a luz azul, presente nas telas de celulares, tablets e computadores, inibe a
secreção da melatonina, o hormônio que avisa o nosso corpo que está na hora de dormir.

O organismo também não ativa seu mecanismo natural que reduz a temperatura corporal. O normal é que a
temperatura do corpo caia durante a madrugada e volte a subir quando estamos prestes a despertar. Isso,
contudo, não ocorre se o cérebro recebe a mensagem que ainda estamos em estado de vigília.

"O estímulo biológico para o sono fica prejudicado pela luminosidade. Porém o problema não é só a luz,
mas também pensar em um monte de coisas, condicionando o momento do sono com a execução de tarefas
sociais. Talvez isso atrapalhe mais do que a luz", observa o neurologista Goulart.

Luz azul x luz vermelha


A luz branca azulada emitida pelas telas de dispositivos eletrônicos prejudica a duração e, principalmente, a
qualidade de sono - ao contrário da luz branca avermelhada que não causa interferência no organismo.

Esta é a conclusão de uma pesquisa realizada pela Universidade de Haifa, em Israel, e pela Clínica do Sono
Assuta. Pela primeira vez, foi feito um estudo comparativo entre os dois tipos de luminosidade. Para isso,
foram usados filtros que bloqueavam a luz azul e depois a vermelha.

"A luz emitida pela maioria das telas é azul e danifica os ciclos do corpo e nosso sono", explica o professor
Abraham Haim, um dos autores da pesquisa. Embora o olho humano não consiga identificar todos os
espectros da luminosidade nas telas, o cérebro capta o tom azulado.

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A neurologista Anna Karla Smith, do Instituto do Sono, de São Paulo, diz que levantamentos como esse
comprovam que a exposição à luz azul suprime a produção de melatonina, o hormônio que avisa o nosso
organismo que está na hora de dormir.

"Quanto mais próximo aos olhos, pior. Recebemos mais luminosidade o que desregula o nosso ritmo
circadiano, de sono e vigília", explica à BBC Brasil a neurologista, cujos pacientes, em sua maioria, relatam
usar eletrônicos na cama.

Prejuízos
De acordo com a neurologista, no curto prazo, os "prejuízos, às vezes, não são perceptíveis". Mas a falta de
sono "pode interferir no rendimento cognitivo porque o processamento de memória, que ocorre na segunda
metade da noite, provavelmente não aconteceu ou não aconteceu de maneira satisfatória".

"Em curto prazo, pode afetar a consolidação de informações recém-aprendidas porque vai ter um sono mais
superficial, mais fragmentado e não reparador", afirma Leonardo Ierardi Goulart, médico especialista em
doença do sono do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Ele explica que as atividades cerebrais que assimilam os conhecimentos adquiridos durante uma aula, por
exemplo, ocorrem durante o sono profundo. É nesse momento que o cérebro processa, revisa e armazena a
memória.

Em longo prazo, porém, os riscos são maiores. "Não é uma insônia, de dois, três, seis meses", destaca Anna.

No longo prazo, ela explica, há uma "bagunça de hormônios" que controlam, por exemplo, a saciedade. Se
não produz esse hormônio, a leptina, cuja liberação ocorre ao longo da noite e no início da manhã, o
indivíduo vai comer mais, podendo ficar obeso e diabético.

Problema é mais sério no longo prazo


Mas é no longo prazo que as consequências se tornam mais sérias. "Pode gerar insônia. A pessoa fica
condicionada àquele ambiente de alerta e daí, mesmo que ela vá para cama sem celular ou iPad, o cérebro
acha que aquele é um lugar de vigília e não de descanso", diz Goulart.

Indivíduos que têm ciclos de sono distorcidos, que ficam acordados de madrugada e acordam à tarde, por
exemplo, possuem imunidade baixa, segundo a neurologista Ana Karla Smith. "Há estudos que
relacionaram mulheres que trabalham em turnos à noite com maior incidência de câncer de mama", conta a
médica.

Em quadros mais graves de distúrbios do sono, o desequilíbrio hormonal é ainda maior o que,
consequentemente, leva a quadros de saúde mais graves como doença cardiovascular, AVC, obesidade,
depressão, entre outras.

Cansaço e mau humor

Na pesquisa da Universidade de Haifa, 19 voluntários, entre 20 e 29 anos, participaram sem saber qual era o
objetivo do estudo. Na primeira fase, durante uma semana eles usaram um actígrafo, pequeno aparelho que
possibilita obter informações sobre os horários em que uma pessoa dormiu e acordou. Em um diário eram
registrados os hábitos e qualidade de sono.

Na segunda parte, realizada no laboratório da Clínica de Sono Assuta, os voluntários foram expostos a telas
de computadores das 21h até 23h - horário em que a glândula pineal começa a produzir e expelir a
melatonina.

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Os participantes ficaram em contato com quatro tipos de luz: luz azul de alta intensidade, luz azul de baixa
intensidade, luz vermelha de alta intensidade e luz vermelha de baixa intensidade.

Eles foram conectados a instrumentos que medem as ondas cerebrais e podem determinar os estágios de
sono de uma pessoa durante a noite, incluindo quando despertam sem notar.

Na manhã seguinte, os voluntários completaram questionários sobre como se sentiam.

Em média, a exposição à luz azul reduziu a duração do sono em aproximadamente 16 minutos. Essa mesma
luz também diminuiu de forma significativa a produção de melatonina, enquanto que, com a luz vermelha, a
produção do hormônio ficou em um nível normal.

Danos
Os pesquisadores explicam que os danos na produção de melatonina refletem no relógio biológico do corpo
humano. Foi evidenciado, por exemplo, que a exposição à luz azul não deixa o organismo ativar o
mecanismo natural que reduz a temperatura corporal.

"Naturalmente, quando o corpo começa a adormecer reduz sua temperatura, alcançando seu menor nível por
volta das quatro horas da madrugada. Quando o corpo volta para sua temperatura normal, acordamos",
explica Haim.

"Depois da exposição à luz vermelha, o corpo continuou a se comportar normalmente, mas exposto à luz
azul ele manteve sua temperatura normal à noite - o que evidencia danos ao nosso relógio biológico."

Foi ainda observado que com a luz vermelha em ambas intensidades as pessoas acordaram, em média, 4,5
vezes. Na luz azul de baixa intensidade, foram 6,7 vezes, enquanto que, na alta intensidade, foram 7,6 vezes
que despertaram.

No dia seguinte, os voluntários relataram terem sentido mais cansaço e mau humor após a exposição à luz
azul.

Como proteger os olhos: lentes especiais, aplicativos e até vitamina


Para combater a luz azul, já foram lançados óculos com lentes especiais e aplicativos eletrônicos que
alteram a cor da luz das telas. Na Austrália, a empresa Caruso's Natural Health lançou até uma vitamina que
diz proteger os olhos da luz azul.

A eficácia, no entanto, não foi comprovada cientificamente.

http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2016/09/uso-de-eletronicos-em-excesso-atrasa-desenvolvimento-infantil-diz-unicamp.html
https://www.manualdamamae.com.br/infancia-e-tecnologia-os-perigos-do-exagero/
https://blog.drconsulta.com/2017/07/o-uso-excessivo-de-aparelhos-eletronicos-gera-problemas-de-visao/
https://www.bbc.com/portuguese/geral-42603165

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