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HOS D'ÁGUA
Vi só lágrimas e
lágrimas. Entretanto,
ela sorria feliz. Mas eram tan-
tas lágrimas, que eu me perguntei
se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos
sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe
trazia, serenamente em si, águas correntezas.
Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu
rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor
de OLHOS D 'ÁGUA. Águas de Mamãe
Oxum! Rios calmos, mas profundos e
enganosos para quem contempla a vida
apenas pela superfície. Sim, águas
de Mamãe Oxum.
LHOS D'ÁGUA
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11
PA..UÁCIO
çlo E,"3.rlsto a;preseotam uma signlf>atl\'a gale-ria de mo- pio, do plvett l.umblj, ou do menino UxAo, aos contos que
lhem-Ana °"'""P. a mmd;g> ~. !QtaUno. levam os seus nomos' •E liJüol foi se encolhendo, se en-
Wauw>da, Ci<b, a menina 2.alta OU stdo !Odas a mesma rosando•tê pnhar 1 poslçlo de leio·. A força slmbõllca de
mulbe. apada e ..m..ci. no calriclmalplo do litentu~ QI ~ flsla • emocloml é de uma síntese lnepari~
em ,"2riados imtantlneos da \ida? Oi~ das nn klà e Em ""percuno, o li.-ro, oJ<m do mundo de mulheres ede
em conjuntuns de expe1ii11Ciu mas compartilham da mes- meninos, lncoipot• homens <0010 pro<agoolstas (QuimbA.
ma ,-.da de fmo, oqu!libr.mc»-st na •fdgu voro• que. lemoo Ardoatl,cujapmpttt1. .,0<a>iooalmmte,passaacomandar
no<0<1to•o CoopttdeOdo', Ea •cordo bombadotcmpo'. ananaçlo.O\HodlttrqutoOuxonanati,;oatingeoseudfmax
Na ,-crdade, essa mulher de mww (;ices f embit'Jnâlia no já óudo ..A gente combinamos~ nao morret"" em que,
de milhões de brasilCitaS na sociedade <le txclusocs que ta pela pnmelra ~Z. <lfwnos n.uraaore encamlntlam a açao..
"°'"'· Frágil vara, coroa bamba, fios de feno, íeno de pas- Frag;mmta·se- uma unlvocldade fem.Inlna, por mals dispersa
sar, a dança das me.dforas as e111a.ça ' rctrorutrói a vida de e ntúltlpla que est-n li fosse. A par disso, constata-se, nu1n
pessoas desp>Ssu_ídas a qu-11 expressa, .apesar de tudo, uma c1escendo, t1m eslllhaçar 6cdonaJ que o texto assuJ:ne ao
vitalidade própria que o 1exto de Concclç4o Insiste t"Jll cele- redupllcar a prttarleda<le de seus personagens. pata quem
brar. •Era tudo tão doce, too go2.0, tio dor!•, sh1tttlt.a "Ana •ãs vezes a moneé J ""~ como a poeira. Ea vida se confu1tde
Davmg.a"'. Os cont0$,. as.sim. cqullíbram·st ~ trt a afirm. com um põ branco qu.alquie.C-. O conto lmplode a sua pr~
çào e a ilegação. entre a denúncia t 1 celcbniç.Jo da vida1 eci-- pria técnica narrativa. Em um verdadeiro avesso de apotec>
ue o na$dmento e a mone: *Brevemente Iria p._irlJ urn filho. "-'• o '""º licdonal, paradigmático do sociedade, também
Um lilho que fora concebido nos frigtls li=tos do vkLt e do se pul•"'1Zll: • Algu&n antou • pedra e o segredo foi rompi-
mortt.'' (•Quantos 6Jbos NJulin3 te"\~?"). do. A ~ ,..,. dos po<os do tttn.. O mundo explode.
No livro estão presentes m~ mulru mkS. E umb&n Seres de mil maos aprnm <udo. No.ia escapa.· ~.
fiJNs. ª'-&. amantes, homms e mulhttn - uxb ~ lri<or.. É com •'Cid.
t conosco, t com todos, ~aqui se la~
dos"",.... W>culos • dllemu SO<taiS, stxuols. txi>t<ndols. M.ua posll- latuol pttV;tkcr, apesu de tudo. U~
nwm ptura:lictadf e V\Jlnerabilidadt quf conslituun a hu- posltlvldldt tm que escrever f. certamfltl~ •uma maneira
mana condlçio. ~quaisquer ldeaUUçOes. sao aqui reem. de sangrar"; mas tamb&n de lnvocu e evocar Vk1as costura-
das com flrmeu e talento as duras condições mfrcntadõls das •com fios de forro• - po<tm aqui preservadas com a pe1-
pela cornuo.idade ~rasikjriill. sistente c:ostura dos fios da ~o, em que ta.mbêrn .se almeja
A obrang&lclo de tal problcnútk;i ult,.passa, decerto, e se combfna, lncan5.l\.'tl1nent~ nao decerto a tmortaUda<te.
o mundo oegro, assim como 1ransctn<le o dia de' hoje. Os mns a tenaz vitória hwnnnól, •cada geração, sobre a morte.
contas, sempre fincados no fugid io pre!entc, obaroml O pas.
sado e i11terrogam o futuro. Sintom.:1Uc:amcntt, si<> muitos e Ht!lois/J Tolltr Got'1t$
d1veDO!i os velhos e as crla~s qut os llM>itan1. O passado
ê inevitavelmente implach"'t'l., o futuro, tm geral d\l'Vidoso,
certu "-czes tnexoravehne-nte ncpdo. ~o caso. por (:xtm-
10. • li
Introdução
Ao ,...,_>crttr
a língua de Próspero - e> homem branco
- , C.líbon - a mulbef negra- abro caminho pau a Ubet-
- ltadicallza o jogo. Erpõr .. r<glM do locc> que jop:
mota o .stg..redo. DescCAtina o mistêrio.
Aqui.. instala--se a cultura de attltl 11ualiz.ada. como H·
pressou Muruz Sodre- AttSta-..., a preonça •o poder de um.a
trodilâ<> YÍ\'a-
r-;nie livro encontrei outra vez callban OCUJ»do ma mui.
tas .W..-.nõtS. Er.l lpk>dê, a que bla pcW mulOO<s que
n3io podern falar, contando, dizendo, nmat.01çoanOO. f.ra Olhos d' água
Oxum. às pc>rUS da asa de Oxalá, amaldiçoando a pc>breu
e a tn;ustiça que recai• sobre as 1nuth~res.. E crtscendo em
força e poc:ler, tran.sfoanand~se na dona {le toda Zl riqueza ...
É MSim que as mulher~s, nós n1\1lhercs negras, bu$Ca11'os
form.u de scr no mundo. De contar o 111undo como forma
de apropriarmo-nos dele. lk noo1ei·k>. De "°''"'""•
o ax~ a
1 ••
OUtoso".(w.-
Sendo a pómt•ira de sete filh.as, desde ttdo busquei dai cn jwtamente nesses dias de parco ou nenhum altme11to
conta de minhas próprias dificuldadcs1 cresci rãpido, p3$- que ela mais brlncovJ rom as filhas. Nessas ocasiôc.'s 1 brltl·
,.ndo por uma b....., adol...rndo. s.m11"' ao lado ~ mi· cadc1ra. preferida era aque-J~ em que a mJi~ tta a Senhora, a
nho rnJo, aprendi a a>nh~ DedfnYll o"" silénáo nu blnha. Da se assenti"~ em RU t~ um pequeno bafl.
horas de clili~ <orno tambêm sabi.> reconbecet, <m qulnho de madeira fdlzes. rolhíamos llores cultivadas em
.s<."W golos. p1tnúttdos ele poss.lvds alegrias.. Naquele n10- um pequeno pedaço ck terra que clrtUnda...-a o nO;UO bar.ra-
m<:nto. entretanto. me descobria e:ht'in de culpa, por n:.o c.."O. As Oores er.rm depois solenemente di.)tribuidas por seus
recorda.i de que cor serla1n os seus olhos. Eu achava lu do cabelos, braços• colo. E diante dei• (atíamoo revt>rtnclas à
muit0 Htranbo. poiS me lembrava. nf1ld.amente de várlOs ~nhora. Postávamos deitadas no ch.SO e batíamos cabeça
detalhes do rorpo dda. Oa unha encnvada do dedo rnlr>- pAra a Rainha. ?lo;Os, pc:tocesas, em ''Ol~ dda,. canúvamos.
dinho do pó esquerdo.•. da •-muga qu< S< perdi.a no mdo <b.nçt\."'JJ'!lOS, iOl'rlamos.. A mie sõ rb de: uma mantlra tristt
uma abelelr.t acsp.> • belo.- Um dia. brincando de "'""'"' r com um sorriso molhMlo_ Mas dt' que cor eram os olhos
bontca. alegria que a mAe nos dav.1 quando, deixando por dei: nlinha 1nãe? Eu sabia, desde aqueY époc;a, que a n1ãé
uns 1no111entos o lava·l:aVil. o passa-passa das roupagens inventava es~ e outros fogos para distrair a oo:ssa fome. f: a
•lhoias •se tom.ava uma grond< boneca ""P pua" filhas, nc»ia Íomt' . . dU1 ralo.
de3oobrlmos wna bolinho <><00dilla ~ oo couro abdu- À> - no línal da Wd<. antes que • noit< tomasse
do dela. Pmsamos que r..,.. carrapato. A mk rochilavo • conta do tempo. da .w sentava na JOkir;J dil poru t', 1un·
uma de tnlnbas irm1S, aniQ. querendo livrar a bonec:a·mk •~s. 6d"-a:tnoS contemplando as ar1ts d.as nU'\-""°n.s no célL
daqttde IMdecer, 1>uxou rãpido o blchh1ho. A n1ãe e nós ri· Unl;as virava1n eanlclrlnhos; ouuas, cachorrinhos; nl.gun1as,
mos e rln1os e rimos de nosw engano. Amk riu tanto, das gtg;:tntes ~onnttt<los, e havia aquel;.u que erm-i .sõ nuvtnJ,
Ygrimas escouercm. M.IS de que cor tt1m molhos dei•? algodio doce. A mae, <ntiO, espicho,., o braço. que la aif o
Eu m e -. . wnb&n de~ h"'6riu da lní.lr>- ttu, coibia aquda nuwm, rq>artl• em pedacinhos• mfuiva
da de mlnb.l mãe. Eb havt. na.sddo em um lugar perdido ripido na boca de C'>da uma de nós. Tudo tinha de str mui·
no interior de f\iinas.. Ali, u aianças andava1n nuas até bem to ri1pido~ antes: que a. nuvem derrtttsw e com ela os no5Sos
grandinhas. As meninas. ~m que os sek>s com~vam a sonh0$ 1e esvaectsseni tan1bêm. ~1as de que cor enun oJ
brotar. ganblvam roupas antcS dos meninos. Às '\"eUS, a:s olho$ de minha m:le?
histórias da lnfãnáa de llWJba inJe conf'undiam-ie oom u Lmlbro-me >inda do temor d• minha ma. nos dias de
de minhôl põpàa inBnN. Lem~me dt que muitis ~ fortes dm>-.s. Em chm da cama, aganada a nós, ... nos
zes. qua11do a m~ coz.lnbii''a$ da panela $Ubla cheiro ai. p<otegw com seu obraço. ~com os olhos alag;>dos de pr•n·
gum. Era como se c:ozil1ha.s.se, ali, apenas o nosso d~s~ tos balbuciava rezas a Santa lUrbara. le.inendo que o nosso
rado dõelo de alimento. As labaredas, sob a água so1itArla rr4gJI barr'1CO desabasse sobre n6$. E tu 11ao set se o lamen·
qu< fmlt1 no po.ncla cheia de fome, partti>m debochor do ro..pranto de minha mie~ se o banllno da chuva ... Sei que
VIZlo do nosso esrõmago. lgno<a1ldo nossa> bocas lntinns tudo ~ auQrQ a ~de que 3 nossa asa ba.Linça:,,..
em qu<' as línguas brincaVillll • ..livar 50llho de mmlda. E .10 vm.to. Nesses momentos os olhos de mlnba mãe~ con~
16 . • 11
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fiu1.cliam com os olhos da n.atwna. Chovi&. choravat ~ de M..mt Oxuml Rlos calmos, mas protunclos e engonooos
ravi.. choYia! Entio, pot que e.a n.Jo a>nseguia lembntr a c:or poro qum:i conttmplo a vida openos pela supofiôe. Sim,
cios olhos dela? ~.. dt M..mt Oirum.
E naquela noite a pergunta continuavi. me aronnentan- AlnC<i a mk. en<OStd meu rosto no ddil • pedi prote-
çlo. Senti .. ligrlmas ddas ,. mlsturuem >s mlnhiLS.
do H•\'ia anos que eu esuvo lon dt nunha ddacle n;ital
S.ira dt nunba asa em bu5a dt ,,,..1i- condl($<> d• .;da
~ra mim e pua minha famDla: da t' mtnhas lrmls 1inham
H*
tento -
qvando I' 11canrel a cor dos olhos dt minm mãe.
a cor dos olhos dt minha fiJbo.. Foço • bdn·
fiado para trás. Mas eu nuna eq~n. a minha mie. ~ cade!ro em qut os olhos de uma se <amam o espelho pi!'•
ronhecia a JJDpoctioda dela n1 mlnha vkla, nlo sô dd:a. os olhos da outn. E um dia desses me surpreendi com um
mas de minhas tiiS e d~ todas ~ mulMta de minha fa- gesto de mJnThl menlna.. Quando nós duas esô.vamos nesse
mília. F. tambem, já naquda tpoa, cu tritoava cantos dt doce togo, ela tocou suavemente no meu rosto. me contem·
IOO\'Or a todas nossas ancotrals, qut <lcsdc a Arna. vlntwn piando lntensarntntt. E., e.nquanro joga' 'ª o olhar dela no
arando a terra da vida com as sun pr6priu 1n3os. paJaVfi1$ C! meu, peiguntou balxlnho, mas tao balxlnho, conto se fosse
~n.gut. Nao, eu não csqutÇO f'Ssas Senhoras, nossas YWãs, uma pergunta parll ela mesma. ou como estivesse buscando
donas de tantas sabedorias.. Mas de c1ue cor eram os olhos e encootra11do a rtvelaçao de um 1n1st&lo ou de um grande
d e minha mãe? ..-g<tdo. Eu escutei quando, sussurrando, minha filha falou:
E foi então que. tomada pelo deesptto por nJo melem· - M.k, q~I f 3 cor tJo úm.ed.a de srus olhos?
bru de que cor sedam os olhos dt minha niac, naquele~
mmto resolvi dcilw tudo., no dY S<guinte, voltu ã óclod<
em que nasci. Eu pr<cisavo bWa.r o """°
dt minh• mãe,
ti:nr o mtu olhar no cXY. para nu.na ~is tsqutter ;a cor
.,. ..... olbos.
""5im fiz. Voltei. afliU. mas 5""tbltita. Vtv'3 a <ensaçio dt
esw cumpnndo um ritual, em'!"" a oftttn<b aas Orl>:ós
~;a~ descobem da cor dos olhos cJt minha ma..
E quando após lortgos cBa.s de ""iagcm para cM;pr à mi-
4
'ª . ...
Ana Davenga
era assim. onde andava o seu, jâ que os das o utra$ estavam que _seria aquilo? Estadam guarda11do wna dor profunda e
ali? Por onde andava o seu hon'letn? 1>or que Oa~ga nâO .i1>e.na.s mascarando o softimento para que ela não sofresse?
estava all? Seria alguma brincadeira de Davenga? Ele estada esoondido
Oavenga nAo estava aJL Os home1\S rode.atam Ana com 1>0r ali? Não! oa~renga não era homem de tais modos! l?.Je
cuidado, e as mulheres tambêm. Era preciso ruidado. Da- oalé brincava, porém, sõ com o:s companlte1ros. Assim mes·
' "e.ll:p era bom . Tinha um coração de l)rus, mas. invocado~ nlO de uma brincadeira bruta. Socos.. pontapés. safanões, ta-
era o próprio diabo. Todos bavtam aprendjdo a olhar Ana pa.s, *seus 61hos da puQ• ... Mais patcda briga. Onde estava
Davenga. Olhavam a mulher buscai1do nJo perttbcr a vida Oavenga? Teria se inetldo em algunta corúusão? Sim,. seu: hcr
e as delícias que e.<plocllam por todo o ~ corpo. men1sô tinha tamanho. No mais era criança em tudo. Fazia
O barraco de Daveng3. eca u1'01 es-p~ d(! (fU2-rtql-gqn• col.so:; que tl3 nem gosuva d@ pqn$"'r. Às ve2eS, ficava di;;is"
ral> e ele e:ra o chefe. Ali se decidia tudo. No princíp io, os dlas, me5e:> atê, foragido. e quando t:la menos especava dava
companheiros de Davenga olharam Ana com ciúme,. çobiça com ele dentro de casa. Pois é. Davenga pareda ter mesmo
e desconfiança. O ho1nem morava soU.nho. :\li armava e o poder de se tornar lnvisivd. Um pouco que ela sai.a: para
confabulava com os outros 1od.a.s as proezas. E de repente. buscar roupas no varal ou falar um tantinho com as amigas,
sem consultar os contpanbclros, mete aJi dentro uJna mu- quando voltava dava com ele. deitado na cama. Nu:tinho.
lher. Pensar.un em esco lher o utro chefe e outro local para Bonito o Oa\ief\,ga vesddo com a pele que Deus lhe deu. Uma
quanef.generaJ, ntas não tiveram COrdgml. l>epois de c;en-o pele negra, Mti-cada, ltslnha~ bcilbosa. Ela mal fechava a por·
tempo. Davenga comunicou a todos que aquela mulher fi. ta e se abria todinlta para o seu bor.ncm. Davenga! Da..'erlga!
cada com ele e nada ll\udaria. f.la era cega, swda e muda E ar acontecia o q ue ela não enter1dia. Davenga que tta tão
no que se referia a as$untos deles. Ele, entreta;nto, queria grande, tão fort~ ruas tâo menino, tinha o prazer banhad o
dizer mais unta coisa: qualquer um que bulis.se com ela ba· em lágrimas.. Chora"<l feito aimça. Soluçava. umedecia éla
veria de morrer sangrando nas mãos dclt feito porc:o capa· toda. Seu i:osto, seu corpo ficavam úmidos das lágrimas d t
do. Os amtgos entenderam. E quando o de$ejO aftorava ao DavengiL E rodas as vezes que ela via aquele homem ao go-
vislumbrar os peitos-rnaçã.s sa1ientes da mulher. algo como 1.0-pranto, sentia u11la dor lntensa. Era 00010 se Oavenga ~
u1na dot profunda dofa nas partes de bai_x o deles. O d esejo tJVes.se sofrendo mesmo, e ro.s.se ela a a.slpada... Depois então,
abaixava então, esvar\ccendo, diluindo a possibilidad~ de os dois Utda ~ corpos nus. ficavam a1L Ela enxugando as
ereção do prazer. E Ana pas$0\I a ser Quase uma irmã que Ugrima.5 dele. Era tudo tão doce. tão g<>zo, tão dor! Um <lia
povoa\•a os soohos i1)CCStu0$0S dos homens comparsas dos ~1tSou em se negar para não ~r Oa"-cnga chorando tanto.
delJtos e dos crin1es de Da~n,ga . Mas ele pedia, caçava, buscava. Não re.ttava nada a fazer, a
O peito de A.na Oavcnga doía do f~mor. Te>dos estavam n4o :;cr cnx-ug;u o gozo-pranto de ~wu homem.
a li, me11os o dela. Os homens rodeavam Ana. E. as mulhe- Todos continuavain parados olhando Ana Oavenga. Ela
res,. co1no ~ esliVtSSem focmando pares para uma dança, recordou que uns tempos atrás nenbwn deles era amigo.
rodeava1n seus compa11heiros, parando atrás de seu homem Eram inimigos. quase. EJes detestavam A1\a. Ela não os ama-
rerto. Ana oll1ou todos e não pCTCebeu tristeza_alguma. O va nem os <Xliava. Ela oao sabia onde tle$ estavam na vid.a
22. • 2)
CO/'fCEIÇÃO EV.AltrSTO
de Daveog;a:. E qm.ndo percebeu. viu que não poderia ter O t\01ne-in não deu ttabalho algum. Ptes.sentlu a arma
por eles indiferença. Teria de amá-los ou odiã.lo.s. Optou que Da,·e.nga nei11 tinha sacado ainda. E quando isto acon·
pOr ttmã·los. então. Foi dificiJ. .Eles não a queriam. N~ era h.'t.'tu. o próprio deputado fã tinha adia11tado o senriço e.a·
do agrado de nenhum deles aquela n1u1her dentro do qu.ar· 1regando tudo.. Oavenga olhou a rua. Tudo eano, tudo escu·
tel·general do chefe, sabendo de todos os segredos. Acha· ro. Madrugada e frio. ~(311dou que o homem abrlsse o carro
vam que Oa·venga iria se dar malecomprometet todo o gru- t• pl'tiiu as cha\..'CS. O deputado uemla, as chaves tilinta''am
po. Mas Da,·enga estava mesn10 apaixonado pela mulher. ~m suas m ãos. Davenga n1ordeu o übio, contendo o riso.
Quando Oavenga conheceu Ana. em uma roda de samba,, Olhou o político bem no fundo dos o lhos. mandou então
ela estava ili, faceira~ dançando macio. Davenga gostou dos que e:l~ tiras!e a roupa e foi recolhendo tudo.
urvYiJo~uM \lv \..UllJO llil wullux. Ela fadill uut wovhutt1lo - Nav, tloutur, a cuct.u uaor Sua cut'c.<1 1Wol Sd ló )o\" v
bonito e ligeiro de bonda. Estava distraida na dança que
~ )o(:1lhor te1n alguo1a doei1ça ou se tá com o cu sujo!
aem percebeu ºª""eD.&ª olhando insistentemente para ela. Quando arrecadou tudo, empurroo o homem pa13 den·
Naqueles dias, ele andava con1 temor no peito. Era preciso tTI) <k> carro. Olhou para ele e balançou as chaves. Deu um
cuidado. Os homens esta''a.lll atrás dele. nnha havido um ~deus ao deputado, que correspondeu ao gesto. Oavenga ti·
assalto a um banco e o caixa descrevera aJguêm p.a reddo nha Q pe:i10 ex:plodiodo e..in gargalhadas, mas conte\.-e o riso.
com ele. A polida já linha subido o morro e entrado em Af>ertou o passo, tinha d e abreviar.. Era1n três e quinze da
seu barraco vârfas "-ezes. O pior ê que ele não estava medeio n1ndrugada. Daí a pouco passaria por al1 uma patrulhln:ha.
naquela merda. Serla buno de assaltar um ba11ro ali niesmo Oi as atds ele havia estud ado o ambiente.
no bairro, tão peno dele? Fazia os seus serviços ma1s longe, l~Oi por aqueles dias do assalto ao deputado que Oavenga
e alen1 do mals nào gostava de assaltos a bancos.. Já até pat· Mn h~ Ana.. A venda. do relógio lhe l\a,.·ia rendido aJgum
tidpara de alguns~ mas achava o sen•Jcinh.o sem graça.. Não dinheiro, fora o que estava na carteira. E d e cabeça lf'?e re-.
da\'3 tempo de ver as felções das vitin1as.. O q ue ele gosta\"3 wlvcu ir eom os arnigos para o samba. Sabia, pocém, que
mesmo era de ver o medo. o te1n~ o pavor nas fetçoes e mo- c.ltvia ficar atento. Estava ate.nto, shn. Estava atento aos mo-.
dos das pessoas.. Quanto mais forte o SuJeito, meDlor. Ado- vhnentos e à da11ça da mulher. Ela lhe lembrava uma. baJla-
rava ver os chefões. os mandachuvas se caga11do de medo, Tl11;1 nua, tat qual a qut- eJe vira uo1dia no filme da televisão.
feilo aquele depurado que ele assaltou um dia. Foi a maior A h.aiJarina dançava Uvre, solta, 11a festa de uma aldeia afó·
comédja. Ficou na ronda perto da casa do ho111em. Quando cana.. Só quando a bateria parou foi que Ana também parou
eJe chegou e saltou do carro, Davet1ga se aproximou. e r.e tnça1r1inhou com as outras 1>ata o banheiro. Davenga
- Pois é doutor, a vida não tá fácil! Ainda bC!'m que tem ol.S$i$tia a tudo.. Na volta ela passou por e.le. olhou-o e deu·
l1Ulllelu lá etu clu1a l."OI UU o !.t'.11.bur tlcfe11tlc-11tlo a ge11tt!, us lhe um largo somsu. Ele LTIUU w ragau. Era prt'l.i.su l.urag~
pobres. - Era mentira. - Doutor, eu votei 110 senhor.. - par3 chegar a un1a mullter. Mais coragem até do que para
Era mentlra ta1nbêm. - E nao me arrependi. Veio viSitar a 131.cr um serviço. Aproxilnou-.se: e convidou.a para uma cc.r-
familia? Eu tanibêm tou lndo ver a mh1ha e quero levar uns \'(: jn. FJa agradeceu. Estava com sed~ queria água. e deu-lbe
..
pre:Se:Jltinbos.. Quero cltegar bem-\iestido, como o se1\hoc onl sorriso mais profundo a.inda. Davenga se en1od.011ou.
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CON(lt(.AO CV.uttlTO
Lembrou do mãe, das irmãs, das •las. ..., prlmu e att do v: çh3rruirii ABI DaVftt.ga Eb queril 1: marca do bcunem
avó. a ~-e:lba bolina.. Daquelas mulheres todi.S que ele nio dela no seu a>rpa e no Jtu nome.
vY bi muitoS anos,. dt$de que <omf'ÇarJ. a vanr o mundo. f~\.'ttl;ga gosi;ar1 ck An• desde o primeiro momento atf
Serio do bom se~ mulh<r quü<SSt tlai com el<, mo- t• wmpre. Dera seu nomt .,.a Ana e se dera r:unbém. Fon
nr com ele, xr dek na vida clek. Mas como? Ekqueúa wm wm da que doscobrlR • comoçou • pemor no porqul de
mulbelo uma só. Esuva cansado de nao ttr po.ao <eito. E• \UJ '\'id:a.. Fora com tb que começaa a pensar nas outras
mulher que lhe lembrava a bailarina nua havia mexido com mulheres que uvera antes. E uuu lhe uma. \DJ1 gosto de re-
de, rom alguma coisa li dentro <Ide. Ela lhe uouxen 50\Jda. nwmo. Ele havia mandado milW M.U. Agoota.
de de" um tmlpo paz. um tempo criança. um tempo MUYs.. Conhecera a mulhn ao \.úitar um companheiro na ca-
l.;1 le"1Jl11u.• i.d tc11ld1••• AJ'lél_,. a billarlrw de~ k1nbl"-1.J]Ça'* ~ tkla. O ;21ni go armar.a um.:a C' ~se dera bem. A prbãa devia
beu igua enquanto 03venga enamorado tomava 1 cen--eja, )Cr horrível. S6 rm peruar tinha medo e desespero. Se urn
sem sentir o gosto do líquido. Quando ttrmlnou. pegou na <lia t--aíSJC preso e nlo coru'l\lhse fu.gir, se mataria. E íoi
mlo da mulher e $.iliu. Ô$ an1igos de Oaveng.a vJ.ram quando ne~~a única vl$ltl ao amigo que conheceu Maria Agonia. Ela
ele, des<:uida<lo de qualq uer perigo, attavasou o terreiro da vivia <liT..Cndo ~agonia de \lfllil vida sem oolbardo Senhor.
roda de samba e caminhou f~lto namorado puxmdo a mu- ~il(lltclc dia, quando satram da. cadeia. ela velo conversan-
lher pela mão, ganhando o espaço LA rora, quase esquecido do com DaYfllp. Era bonita. usava uma roupa abatx:o do
do p<rigo. jOClho, o abelo amarndo poa tr.ls. Uma voo alma acom-
Desde aquele dia Ana fia>u pan semi"" no burooo • na panhada de gl"Stos cr1nquUos. Davenp estava gostando de
vida de Da•~ NâQ pergun1ou de que O homem mio. CIUVir 3$ pillvra:s de Madli Agoo.ii.. MMcaram um encorttro
Ele trula sempre dinheiro e coias. Nos tempos an que fi.. pira o domingo seiuontt na pr.11ça. Quando ele ch<gou, o
ca'"J. f<>ri. de casa. emn os com~nhelros dele: q~ atu\"ês pncor ÃllYl, t Mart. Agonia esta.va com a Biblia aberta na
das mulh<Rs. lhe uazi•m o sumn10. E1I nio fSlmlba,.. m.\Q. ~~.. os modos ooollltosda mulhtL Ela,
nild.L. Muit&s '~ O:a~Ut:ga m.andl~ quie da fosw entJ"e-. .., kvonw os olhos • peicd>tt o oUw dele. pitdosameme
p i dinheiro ou aiisas para as m"lhOt<S dos amigos dde. o1b.Jbcou a cabeça t voltou ~livro. Ele saiu e se eoc:am.i:nhou
Elas recebi.aro as encomendas e mandavam ptrguntat quan- p.ira o botequim cm ftto1e. NJ acabar a pregação, d.a saiu
do e se seus homens volta.riam. On"'Ctlp is vezes fiJav1 do do rneio dos outr~ pilSO\I por ele e fez um sinal. fJe fôi
regresso, às "ezest não. An:a .sabla ben1 qual tf'il • iJtividlde •lrSs. As>im que lodos,. dispersaram. ela falou do d-jo de
de SõJ homeJL S.bi• dos riS(<>! que corr~ ao lodo dele. Mas C\t'3r com clt. Queria ir para ~u1n lugar, SOZUlhos. Fora1n
achlva também que qualquer vi<U era um rlsc:o e o risco ('se anJ.1ram multo. Ele chorou como sempre. Esses encon~
u ll!! 11ÃJ 1c 1 1t~a \fiVCí. E tlilt.1 utLI noite pdn1ein,
11lak.Jl l::!l d Ir<» acontt'C'C'r11m muJw e multa:; vc:zo. rrlm.clro a prftça,
110 barraco de Oavw:n.g41, MpoiS de ludo, quando calmos e o1 JlrcgaçJo, a aença. Depois tudo no s:llêndo, na moita,
ele Ji de olhos enxutos, - ele ha..u chorado copiosamente 111do escondldlnho. Um dia ele se encheu. Propôs que ela
no gozo--pra.nto- puderam co11versar, Ana resolveu adotar wbisse o morro e ficaSSit com de. Corresse oom eJe todos os
o nome dele. ResolYeu ent)o que a pari Ir câqutle momento 1><rlgos. OclxlSst a Blblla, ddlwse tudo. Mana Agonia...,,.
• 27
COMC1'Ç.l0 (YAlt:ISTO
giu. \lê só se ela, crente. ólha de pastor, lnstn1ida.. iria deixar .ilf:Çou a b.'lrriga. Lá dentro es:tavé'I a sua, bem pequena, bem
tudo e 1norar com um mirginal, com um band.ido? Da\'\!!'tga ..1u1ho al11da. As crianças, ba"';ª utnasque de long~ ou às ve--
se ttVOltou. Ahl Então era i$$0? Sô prazer? Só o gc>stoso? Só lt''i de perto, acompanhavam as façanhas dos pais. Atgunlas
aquilo J1a cama? Saiu dali era novamente a Bíblia? Mandou \\'»ulttam pelas mesmas ITilhas. Outras, quem .sabe', t:raça-
que a mulher se ~. E.la amda se negou. Estava que. rh11n caminhos diferentes:. E o 611,o dela com Davenga, qu~
rendo maiS. Est;:rva precisando do ptazer que ele,, só ele. era , ,ul1tnbo rarla? Ab, isto pertence ao fu turo. Sõ que o f\:lh1ro
capaz de dar. Sairam juntos do motel, a certa altura, como illl chegava rápido. O tempo de crescer era breve. O de ma·
sempre. ~desceu do carro e cammhou soz.inho. Não havia 111r ou morre1 chegava breve, tan1bén1. E o filho dela e <le
de ser 1\ada. Tinha alguêm que (aria o serviço para ele. Dias IJ,1v~nga? Cadê ºª"'°·nga, meu Deus?
d-epCHS, a segulJ1te man chete aparmet tio:. ;u111.oõ: .. Pilha d~ l)avenga entra furando <> drt:ulo. Alcg~.. .1;1u 1 1~i1v, \.cr-
pa.st0r apareceu nua e toda perfwada d e balas. Tinha ao tado hcç:i-sooho, DU\•eo.s. Abraça a mulher. No abraço, alêm do
do co-.,)() uma Biblia. A moça cultivava o hã.bito de vi$itar os \'OlJ)() de Daveoga, ela sentiu a pressao da acma.
presídios para levar a pala\-Ta de Deus".
Pôr rnais que Ana Dav-enga se esfo rçasse. não oonseguia -Davenga. Davenga, que festa é esta? Por q\1e iMo ttrdo?
atinar com o porqué da ausê1)cia de seu homem. Todos es. - Mulher. tá pancada? Parece que bebe? Esq""""u da
ta\-alt'I ali. lsso significava que, onde quer que Oavé11ga es· \'l<ln? Esqueceu de você?
ti\'USC naquele momento, Clé fStava só. E não era comum
em tempos de guerra como aqueles, eles andarem sozinhos. Nilo, Ana Davenga não havia esquecido,. 01as rambém
Oavcnga devia estar em perigo, csn 1naus lençóis.. As hi$t:ó- n:to :;abia por que Lembrar. Era a primefra vez na vida, um.il
rias. e os feitos de Oavenga vieram quesites e vivos em sua f<.'\ia <te a11iversârio.
mente. Ocntre eles, u1n em que havia uma semdhante sua, O barraco de Ana Davenv. c-Otno o seu cotaçlo, guat·
morta. Nem no dia em que OaVCJ1ga, de cabeçit baixa, lhe ttnv;, t,"('Jltc e felJcldades. Alguns se encostaram pelo pouco
contara o crl1ne, ela tivera medo do homem. Buscou as fei. t~1,;1ç0 do tenelro. outros se amonroara1n nos banacos vi-
ções de suas semelhantes. ali presentes.. Encontrou calma. 1hlh-0$. por onde rolavam a cachaça~ á cervcia e o mais e
Seria porque os homens delas esuvaol all? Não,. não era. A nu1i). Quando a n1adtugada a6rmou. Davenga o.1aadou que
ausência de wu deles significava sempre perigo para todos. 1odcn se retitas:senl, recomendando aos companl1etros que
Por que t:Stavam tão calmas, tão alheias as.sinl? ti c:11 y~çm alertas.
Novas batidas ecoaram na porta e já eram prenúnci05 de 1\na CSté'l ...a feliz. Só Daveoga mesmo ()ata fazer aqulJo. E
samba. f.ra samba mesmo. .:\J~a Davc11ga quis romper o clr· \•1/1, tão viciada na dor. fizera dos momentos que antecede-
culo em V<>ll~ dela • se encaminhar par• alJrlt • 1')1L>. Os 1.11n a alcgti3 maior um protun<io sotnmc11ro. Davl'11ga t:~W·
homens fecharam a rodam.ais ainda e as mulheres em volta v,1:ili na cama veslldo com aquela pdc negra, brilhante, lisa
deles c:omeçaram a balanÇJTo rorpo. cadê Oavenga, cadê c1uc Deus lhe dera. Ela também. nua. Era tão bom ficar se
Oa\-enga. meu Deus? O que seria aquilo? E.ra una festa! Ois-- t<lf<•ndo primeiro. Depois haveria o choro de Davenga, tão
tinguiu vozes pequenas e havia a.\ crianças. Ana Oaven.ga doloroso, tão profundo, que ela fica~4l adiando o go1.0.pran-
28.
(0,.CLIÇÃO [YAJtlJ TO
)O O
COl>CDÇ.lO CVAAISf"O
o mundo. Senliu um hlido de cãibra na1 pétnas. ergucu·M" l 1u cima dela dormia um homem. Duzu fi cou confusa: por
pela metadt, aC'OCOrancto.se de DO\'O, ÚUl\ta mamo tkan· •tu< aqud< hO<Mm donni• em cimo da moça? Saiu devagar.
do •-.lha, pensou. I.ev>ntou devopr. Olhou pan uis, Viu '''''>:antes ficou olhando um pouco 0$ dois. Esuva en~
0$ rompa.nhâros 5eUS ewados. depois do almoço, C<>nlftn· Jo Eslav> boruto. Esav> bom dt ollloL Entao resolwu que
piando o melo-dia. Ensaiou e mudou os pas:i:os. c.amt>ala,n. ''tnt $tmpre la bater nas portu dos quanos. Nem sempre l.a
te e iosegur1 íeJlo c:rianÇil que começ.;a il 11\dar. Sorrlu da ler· r'1Jtrar o pode entear. Algurtw vezes ia entrar-entrando. E
dtta e da c::a.Jbra que illSUU.am. É,. a perna estava quermdo h.-tl 1 ~ cnt.rar..entrando que Du.z.u vi\I várias vez.es bom.cru
fill>at. Ela 1: q.., não i• ficai o11 .....,hd&. Se as pernas n1o 1lon11indo em clmi das: mulberes. Homens acordados l"fn
andam. ~ Pfed5o ter asas SMtJ voar. '1ma das mui.bera. Homens mexendo em am.a d.is mulh""
Quando Duzu cb<gou pela pdmelrn wi n• cidade, •la m rn. Homens lrOQndode lu.g;u com a.s mulhcrn. Gmt..v.a ôrc
mie:nin.a, bc111 _pequena. Viera numa viagrm de tre111, dias e ,.,.r nquiJo tudo. Em alguns quartos a menln1 trtt repreendi·
dias.. Atra,-euai:a unas ~ rk». As pontes parttiam rri.gds. da. Em outros. era benraeclta.. Houve até aquele quano em
Elo ficavo o tempo todo <SpOtaOdo o tmn caiL A mk ~ que o hmnem lhe fez wn carinho no rosto e foi abatx•ndo
anv> cans.>d._ Queri• desc:u no melo do caminho. O p;il • mJo lontlma>te- A moça m.mdoo qu< ~ p>RS1l'. N.lo
queria caminhar pêlta o 1ma11ha.. M tava vendo que da eR uma menina? O homem parou. t,e..
O pai de Ouzu linha no~ atos a 01t1ra da e$J>Ua11ça. De vant·o u embrulhado no lençol Ouzu viu entao que a moça
pescador que era. sonDl\'J um ofick> 00\-1). úa pr«iso nt:.va nua. Ele pq;ou a cartelra de dinheiro t deu WJY nola
opmlderoutros meios do 1nbalbar. EB p«dsownWm dir
outr.1 Vidi por• a filha. !':• ci<la<k haY!o stnhons que tm·
"''° Ou%u. Ela olhou tinúdamente.,... o homem. Voltou ali
no outro dia. no entrar-entrando.. Nlo ~ o mesmo. SUu df...
pcegaVtrm menlllli. Ela podi:r trabalhar e ntudar. 011iu tra \.lpontada e trht,. ~alguns d.las voltou a o:tuarde su..
aprichosi e llnb.a cabeça para leitura. Um d ia sua A1ha se. 1K-tl'ioQ. Era ele. Er• o homem que lhe havia fclto u111 carinho e
ria pessoa de mwto sabtr. E a menina t.tnha sone.. Já vinha. Ih~ dado um dinheiro. EB ele que esta>·• tá. Estavom os dois
no rumo «no. Uma smhora que ha"Y'UI &rNnµdo 1rat».lho t11u.inbot_ Ele em cimi.. parecendo dentJO dl mulher. Du.zu
para. a filha de U ~o la ma:intra.r tom eles na apiul. J1t"OU olhandO tudo. T~ um momento em que o bom.em
Ouzu ficou com 11a casa da taJ .senhora durante muitos t 11an1ou por ti&. Vagarosarntnte ela foi se aproximando. Ele.
anos. Era unta casa: gran~ de muitos quartos.. Nos quartos e 111 ô.ma da mulher. com uma das mjos rwa carinho no
mori"Vam mulheres qUt' Duzu achava bonitas. Gosn,.. ck rc>5to e nos sdos da menina. Du.w tinha gosto e medo~ Era
fiar otmndo para os rostos delos. Elas P""O•om muiw CXll- <"lranho. mas en bom. Ganhou muito dinhouo depois.
w: no roRO e na boca. Fiavam maiS bonitas ainda. Dw.u Ouzu voltava sempre. Vlnha num mlrar-mt:rando dtrio
trabalha\'I muito. AjtLdava na la,ragcm e na passagem da JC medo, desejo e deoapelO. Um Clla 0 homem e>tW4 Jci•
roupa. E.ra eta também q~1n falia a limpel..1 dos quanos. A 1ado nu e sozinho. Pegou a me.nina e jogou na cama. Ouzu
~tinha o.>tplicadoa l>u<uquc bal...., nas portaslftn· nJIQ oabia alndi o âlmO do corpo, IDO$, ripidi • lnsdntlVll-
pre. 8.lt""' forte• espensst o pode •mnr. Um dia Dum ... 'ncntr, ap~ a dançar. G.anluva: mais e mais dinbriro.
queceu e rol t'Tltrattdo. A moça do quano estav.t dormindo. \.'ohava 'a moça do quarto nunca csuva.
ll.
CO"CttÇÃO EVARIS1'0
Um dia quem abriu a porta de sup<.'tâo foi D. Esmeraldi- tt ti) que ele possuía wna tittna e que a cor veanelh<>sangue
oa. Estava brava. Se a menina quisesse deitar com homrrn j.l 11c• tlcmunava em sua vida.
podia. Só uma coisa ela não i;,1 permitir. n1ulher deitando í '01}1 a 1norte de Tâtlco, Ouzu ganhou nova dor para
com homem, debaixo do teto dela, usando quarto e cama, e •uartla.r no peito. Ficava ali, amuada. diante da pona da
ganhando o dinheiro sozinha! Se a menina era esperta, cla IHI( jll. Olhava os santos lá dentro. os homens cá. fora, sem
era ma.Is ainda. Queria todo o dinheiro e já! Ouzu naquele tihtc:or consolo algun1. Era preciso descobrir uma fonna de
momento entendeu o porquê do homem lhe du d.i nhêro. ludlbrlar a dor. Pensando nisto, resolveu voltar ao mono.
Entendeu o porquê de tmtas mulheres. e de taotO$ quartos 1 .1 onde durante anos e anos, depols que ela havia deixado
all Entendeu o porquê de nunca mau ter co~uido ver 1.1 101ta. fora morar com os filhos. Foi relomando ali que
a sua m3c: e o :;cu pai. e de nvna J), Esfn('raldin:i ter cum t~1 1 ~u deu de brlne3!" de faz de conta. E foi 3profundan-do
pddo a promessa de deixj,.Ja eswdar. E entendtu também tl.1'i raias do delfrio que ela se agarrou para viver o tempo de
qual serla a sua vida. É. U fie.ar. Ia entrar-tiltrando $em sa.bcr w us últimos dias.
quando e porque parar. 1>uw o lh ou cm volta, viu algumas roupas no varai. l.e·
Dona Esmerakfina anumou um quano para Ouz.u, q ue v.a11tou com dificuldades e foi até lâ. Com dlficuldade maior
passou a receber homens também. Criou fregueses e fama. .aind a, 6cou nas pontinhas dos pés abrindo os braços. As
Ouzu morou a.li muitos anos e de lá partiu para outras u;. 1c>u1>aS balançavam ao .sabor do ''ento. Ela, ali no meio, se
nas. ACOSlU.DlOU·se aos gritos das mulheres apanhando dos '\C'llll3 como um pássaro que la por d:ma de tudo e de todos.
homens, ao sangue das mulheres a$Sil$sinada$. Acostumou-se \()l>revoava o morro, o ma.r, a cidade. As pernas doiam. mas
às pancadas dos cafetões,. aos mando.s e desmandos das ca.k- possuía as.as para voar~ Ou.tu voava no alto do morro. Voova
tinas. Habltuou--se ã morte como uma focmi:t de vida. '111ando perambulava pela cidade. Voa'ra quando estava ali
Os filhos de Duzu foram muitos. N~ Estavam C$palha- wn1ada ã J>Orta da igreja. Duzu estava feliz. Havia se agarra-
dos pelos morros, pelas zonas e peta cidade. Todos os filhos ~ht aos delir1os. entorpecendo a doL E foi se misturando às
tiveram filhos. Nunca menos~ dois. Dentre 0$ setLS netos 1t1u 1 ~ do varal que ela ganhara asas e asshn viajava, voava.
três marcavam as.sento maior em sai conç.ão. Três netos lhe 1ll\rl1f1daf)do-se o maiS posstvel do real.
abrandavam os dlas. Angélico, que chorava porque não gos- l~ta\la chegando uma época: eül qu<e o sofrer era proibid o.
tava de ser homem. Quem ser guarda penjte:ndário para )l.·tl·smo com toda dignidade ulttaJada.. mesmo que matas·
poder dar fuga ao pai. Titica, que não queria ser nada. E a \oCIU os seus, mesJno com a fome cantando no estômago de
menina Querença que retomava sonhos e dcsejOS de tant0$ tOOos, com o frlo rachando a pele de muJtos, com a doen-
oooos que jã tinham ido••. \.t comendo o corpo. oom o desespero diante daquele vi ~
Oozu entrou cm dc:i~ro no dlil cm que ~be da mor \·t·r 1norrer; por rnator que fosse a dor, era proibido o sofrer.
le de Tâtico. .Ele havia sido apanhado de surpresa por wn 1la gostava deste te1npo. Alegrava-se tanto! Era o camavaJ.
grupo lnlml.go. Era tifo novo! Treze anos. 11nba ainda \'OZ <! 1 ld ham atê imaginado a roupa para o desfile da escola.
jeito de menino. Quando ele vinha est;ir tóm ela, passavt1 IJtt viria 1\a ala das baianas. Estava fazendo uma fantasia
ãs vezes a noJte ali DisJarçava. Pedia a benÇão. Ela sabia po- lln<la. Catava papéis brilhantes e costurava pacientemente
,..
(OWCCl(ÃO (YAIUSlO DtJIU QU(•CHÇA
em seu vestido esmolimbado. Um compa1lhclro mmc:Ugo '.tllllnlKJ\. Nlo s.ab1a &1nda como. Esuva estudando., ensi-.
hovio·lhe dito quo s.a roupa, ....im tJo mld~ de popéis '*'
11t\·11 nta1lÇ'IS menom d.a ía\.'ela. pankipa"--a do grupo de
recolUdos em forma de esuel.., mais par<d> roupa de fad• t· •\' ll\ dõl Assodaç.Jo de Mo.1'dotes e do Grêmio da EscolA.
cio q~ de l»iaiu. Duzu reagiu. Qutm clW< <!"' estm.o tt• 111101.- que 1udo era mu.1to pouco. A luta deYia ser rmior
s6 pan .. - ütrela ... paza ela, Duzu. Estttli ... par• tl•Hl.t \ftnlM Quettnça ti.oba ttttt anos, como seu primo
Titko, pan Angéüco. ütrela tn por> a m<n1no Qumeoça. 1 •llw 'I"° h•vl> Ido po< aqud<s dl.lS.
moradia nova. bendito oyf, onde ancestnb • vltils .5Clllbos ll~ olhou nG\~mente o corpo Cl11.glO e a fmwia
biiV!'~m de ftc:x'esar e acontecer. +LI,,,,•. Desviou o oltw' t cnttt Ugdmas contempk:Ju a n1a..
Duzu continuava enfeitando a vldl t o va.Udo. O dia 1 , \l'JI plS5.1<io df mdo-0.la esuva colado no alto do céu..
do de.mie chc.pi. tr11 pr<dM> ln•ugww • folia. Despertou M1IU\ de- lu1 agft'(illlm n :a~f:11ltn Mlukim: rolo.ri~ ocm.
cedo. Foi e voltou. LtvantOu voo e aterrlzou. E foi e:soor· ,~, viclro - lixo t"lvu - bttlhavam oo cMo.
regando brandamente em seus fam intos sonhos que Duzu
v!sualirou seguros plao- e lart11 colh<!ltas. Estrelas próxl·
mas e dis:ta_otes existiam e i11si.stianl. Rostos dos presentes se
aprox:imavam. Facts dos au$tnt:ts retornavam. V6 Ala.faia,
Vô Kilii. Tia Sambcnc, seu J>al. su.1 1nlt, seus filhos e netos.
Menina Querença adiantava·st' mals t mais. sua lm.igen1
crescia, cresàa. Duro deslizava em vlsões e sonhos pot um
misted050 e eterno caminho...
Meni:IY Querença., qw:ndo soube da pars gem d.t Avõ
Duzu. tinbi K2l»do de chegu ela escola. SUbownente se
sentiu iSSistida e "isitada por pa.rentes. qut dl nem C'OD.fre'.
au e de quem s6 ouvin contar 1s hbló<las. llwcou oi ore-
mório os nomes de ~ns. Alibla, l<lbl, Rambtn<- Escu·
tou os as>oblo$ do primo Titia> !! loca chamando po< ei..
Sorriu pesarosa.. havia uns trfs meses qot t lt 001.bém tinha
ido.... Querença descw o mono recordando a histócia. de
sua familia, de.eu povo. Avó Ow;u havio •nsin.>do panela
• bri n cadei r~ das asas, do voo. Eagora estava aJI deitada nas
uc.adariaJ d11 i~'T'Cja.
E (oi no deliriQ da a vó, na forma aludnad.;i de seu.s últl·
mos dias,. que ela, Querença, ha'•erià de sempre u1nedecer
JieUS sonhos piilra que eles Oorcscascm t se cumprissem vi·
vos e reais. Era preciso reinvcnu.r a vkl.a. encontrar novos
)~ . • )7
Mari a
wm ele.. Ma.da sentou·se m frente. O homem setltou·~ a seu 11ult1. O motorista seguia a \'Q;g<'nl. Havia o sil~ncto de t~
lato. Ela se lembrOu do p.lssa<k> Do homem dellado com 1lc1\ ''°ónibus.. Apenas .a voz do outro se ouvia pedindo aos
da. o. vida dos dois oo t>m-. Dos póm<UOS entoas. O. l'""'J:dIOS que •n•oqxsem tudo npkl.uoente. O medo da
barriga eoorme que todos diziam ~mtoS, e da aleg1b dele. ' itlJ l"ltt Mílril bl aummtando. Mtu Deus. como Hrt.l a vidi
Que bom! Nasau! f.ra um mmino! E haveria de se t0n1ar 1f1" '"-'US filhos? Era a prlmeiB ,.ez que ela ,;a um assaJlo ao
um l1ol'nem. Maria viu. sem o lhar, que era o pai de seu filho. 1111\hu'- lntaglnava o terror das pessoas.. O comparu de sai
~ wntinuava o mesJno. BonitO, grande, o olhar assusiado 1 11 hornent p.usot1 por ela e nio pediu nada. Se IOSSCJn ou·
nlo se 6.xando em nada e em ningu&n. Sentiu uma ~ tUJ\ t~ .lisaJtmtts? Ela letl.a IJrl.D ca,. utDa QC:Ola dt fru ta.s,.
onms.. PO< que nlo podia ,.. de um.a outta forma? PO< que 1111' ·~de pmtll t wm gorjiea de mil auzriros.. NJo titlN
Mo podiam ser ff.Um.? E o menino, M.KY? Como vai o me-- '' hl)tkJ algum no braço. Nas mios nenhum~ ou alLança.
nino? c:ochichou o homem. Sabe qt1c $lnto falta de vods? ·re- \1111,, ms mãos tinha sim! Tinha um profundo cortt reilo
nho um buraco no peito, tam~nha a ~uda ck! Tou sozinho! 1 11111 l.lGI n laser que pareda corutr .:atf a vli».
Nlo arrwncl, nio quis Olllls ninguém. Você já teve outrOS... '), nsaJtante dHCCWD ripido. Ma.tia olhou saudosa e
outros 61hos7 A mulhtt baixou os olhos como que pedindO ·lo " >('<'r.'da pat> o pruneiro. Foi q - UIIlil """'acoldou •
pmSJo. t. Ela tOft maiS dois filhos, ..... nao tinha nlngu&n . '"•ic<m dos demais.~ Jrttou quo aqodo puu ..t.oda
também. Ficava. ape.rm de vez em qtando, com um ou ou- IA 11.1 frcnt~ conhtda os assaltantts. Ma.ria se ass•s:s'O'J. fJJ
tro hornen>. En tio dJficil ficar so1Jnlla! ~ de$$1S delta<la$ uno l'Oflhcda assalrantc aigum. COnhec:la o pa1 de '4..'U lJli_...
repentinaS. loucas, surgiram os dois filhos mt!71orcs. E veja 1111•lt(1 filho. Conhccb o h omem que- llnha sido <ltb e que
'6, homens tamhmll Homens umb&n? Eles t>av<rl•m de ter , 1.1 o11n<b atna\'11 t'Jnto. Ouviu um& ''OZ; l\rrgn safada. •'OI~
outaa Wla. Com et<s tudo - · de ser dilbeile. Maóa, ._,,, t\l..nvtkmldoo:nr os dois.. Outra \'OZ. ~ lj do fundo
nao te ""i""d! TI tudo aqui no bunco do peilO.- 1lu t\tubtu acttSttntou: aat.a, .cm*! St dl ~ /wJtD
•O o •••
CONCCl~ÃO lVAlll)TO
.
••· • • 11 )\)(' ah1da quaw uma mminaquando padu o primc1·
.,
C0.C.(l(ÃO C'WAAISTO
""""'° qu.ise
ro lilho. Briogyo
oomondlnho • qu.ndo deu o
todas .. noitn com o ><u
ff, jogo praz"""° brincou de
111 1r.a1l.am nos bra(os ;u 1UIS cn.tDÇilS.. oiutras vtnha.m
t•11 rt 1, c.k!braços e m.àos vulas. Onde~ PruedH metia
plqu.--onde lá donuo de sua barrlgo. A mk d_,ada 111111\ ' ' qt~ ficavam lj dentro? Sá Pritxedes. flão. A mie-
perguntou se da qucria o filho e se Bilko queria 11mbérn. ·•• N 11.alln~1 e as outras mã<.'S sabiam que u.1 s6 d.itt.1' para
fJa nao .sabia respOndtr j)Or ele. Sabia. porém. q\IC tia, Na- , 11 1n\ol\ lllll' ian• cl\ílmar 11 wltu.l e os úlh05 ficavam qule-
b.UJ1a. não quc:rU. Q.ut • nlOe a perdoasse, nlo t>ait·eut ntl~ 111• 114•'-lt'tlam. Sá Prue<les comia aLtnça! Natalina sabia
nlo coo"""' ~ para o pai. Que fizesse S<gr<do at~ para lj,,,, •J.1 1.11nbés'.f.\ JUUlhS w:z:es consquia a obedJ&K:la dos
o BUlco. Da - . . com 6dlo • ""l:oobo. Bilko nunca malS 11111.ac .... 11w1'0rt"S uazendo1 W'lha ~dr.- até o medo ddcs.
bnncarb com eb.. fle nio la querer um1 menina que esti- /\ 11 ,, tk"Vi.a estar mesmo com mwu mjgoa dcb.. Estava
,...,._ <Spel>ndo um ilho. ~ a mãe ticasw alado. Ela ia 4111 '"'~' ''-~~b a Sã Prax:t'dn. A Vdba la comer aqwlO q\W
d.u um jeito DM1Uilo. l>..trriga dela. ~ comqult Wer o qot os ch1s nAo
, \lit\'.t tlJ
Nl!talina sabiil de «n"O$ chh. Vârlas vezes vira ti mie be- lltlll.llfl CC)U~idO.
ber. Sabia também qut às vezes os. chis resolviam, outra.s N111,'1ln,1 espero u. No outro dl{I; q~ndo a mãe Wu ce<lo
vezes, ~. Esc:uQ:Yll a mAe comentar com as vb:lnha.s: 1• 1111 it \C:trluha da ina<kme, ela saiu logo at::rá$ para lugar ai·
- Ei. fuJ"na, o lroço desceu! - E soltl'Va uma gargalhada , 11111 N.14> ~al>ia para oode la. Ao dtscu o mono, cm um dos
&livl.adai de quem ronhtda o \'alor da vida e o vakH' <li OX>rt.e. '""' ,,, JM\~ em frente ao banaco de Bllico. Era ali que os
N~Q.lim pttJNirou OJ dW ~ tomou dunnte vArios dias. .t.11\ 1 rtmJvam pruerosos.. snnptt. hs.sou R:pido. pts,a.ndo
Da r.c.-.. em asa cu.S.ndo dos lnn1os m<nOtts. fa fai<:r h ', mt r1tl' com mõio de m vist~. TI.nJ:l,,) de f\lgir de Si Pra-
catorze ~os. Uma mlsa estava li denno da blimp dela t • •I•, l1Jnhou a a~a. p.nhou outras IUi$. Escondtu·x
Wi crescer. c:resaT até um dia arrebentar no mundo. Não, ela , • 111.11' k)ll~
pos$ivel de cisa Ganhou outros amigos tam·
nao queda, precisava se ver liVtt daquilo. '" 111 U111 dJa_, iunto com outra nacruna.mulher q~ t:im.
A inenlna estiva comcç.indo a fie.ar desespt-nd3. Tomava 1.. 1u '''l"-'ft1va um filho, tomou u m tten1 pan n·1ats longt
os chãs e nao re:sotvl&. Um dia a 1nae perguntou-Jht como .. 11111.1 1 rt.";\pirou ali\iada. Sâ Pni.xcdes 11ao a pegaria nunca
est.ava lodo ludo. fJ• nJo respondeu.. A mie enttndN a res- N.1 ll't(('J~ t»rrig:a t'la sabia de tudo que ii acontettJ. Na
posta muda <U 61hi. Agorll •fa mesma é quem fa Prtl'O"' os l 11111• 1r~ e m stgundJ: fOR apanhadl. de surpresa. Bilko.
d>ll. Como b"''\'rii d< alar nws uma cdança? O quo faze< ••"'•'' de infinc:ia. ot:Sttta com da.. Os dais haYiatn des--
quando o lilbodo mmlna n.........,? Na ca.. li h.am tanta , 1.t'"'"' '' juntos o corpo. Foi com ele: que da descQbriu q~.
gente! Ela. o marido• stte Crianças, E agora t<rla o lilbo <U 1111 , 11 e~ doer um pouco, o seu buraco abói: e ali dentro
6llla? La tentar mais um pouco de beberagens.. se nao
des:1e • 1hl.1 •• IH••zer. cabia a alegria Quando a criança nasceu tra
certo, levaria a menina 1 SA Praxedcs. A ve1ha parteira cobra· 1 111h1 de 81Jico. 1gua1, Igualzinha. fJa conseguira rugir ~
ria um pouco. mas f1car1an1 livres de tudo. Natalina segurou ''A l'r,.\t"<ICS. Não qul:r1a o mmlno, mas também nãO quc--
o tcmot em si~cio . Si l>n.xtdt:s, não! Ela morria de medo 111 •IU" i•tc f05$4! comido pela \""elha. U111a. enfe.nnelra quls o
cio velb.t. Diziml qu• ola com.a meninos. Mulhttts l>onigu- 1111 rtlttn. A menina-mãe saiu te\.'t e \'3Zl.a do hospital! E '13
••• ..,
CONCflÇ),O IVMU$'0
como se ela Uvesse ganho urru. bon«a que nJo dnepsse e t •"'ti"'"'" ser só dei.a Um dia... Mquanto ~a em wus
cedes& o brinquedo pan alguém que quise»e. •uh••',._, 1>rc.-teru.1 dona.. o tddone tocou. Ea a patroa que
A segunda grn!dtt !oi tambfm smi qu<ttr. mos do já l A•VI •kt t"<lr>.lro, m> 1>rantos. lht pedia ajuda. Ela que-
estova mais espeita. Brinav;a goslOSO com os bomms, ma. '" 1 p1•'l'.i\llv<1 ter um 61ho. S6 Natalina poderia ajucU-la.
nlo descuidava_ Quando clsaa,.,.
com quolquu coiso, to- t Lt 11.11• '"n1endeu o teldonnna nem as patavns da ~
mav.i os seus cba?inhos.. às vaies, o mCs inlnro. As n:gr:as f l111u •1-l\i.arc.bndo o 1tg;acsso dos dol:s. D.ai uns dW a panoa
._..m entllo copl05aS como rios d< songue. Me<no ;mim, ••lhM• s.uilliru ouviu e enteodeu tudo. A mulher queria
um dia uma semertte teitnOsol vi.ripa. Nacallna passou no- uni fllht• C' n,\O consqub.. f,.S.tava dcsespt'rada e mw:rgon.ha·
~ente pelo momento d< ""'ll""ha. Nlo la contar para ilA J"'H 1)\(), l·l.t t marido i.ã haviam COtl\."efsado.. Era sõa em·
Tonho, mas o rapu desconfiou.. ~lavia noite que se assen- 1•11 ,M11~IJ f;a?c1 um tllho para o patrão. Elas se pareciam um
tavam no banco da praça e nem convcsaram, da. só cochl- 1••11111 N.u11tlo;i só ttnha um tom de pele mi.is negro. Um
lav~ Uma \'tt vomitou ao sentt·r chtlro de pipoc.a. Depois, 111tu1 1lc• 11111rlc.lo 00111 Natalina poderia passar como sendo
um cUa, no quart0 da obra on~ ele morava, quando Nata- w 11 N.it.1111111 lc.-mbrou·se d~ 5' Praxede:s comendo criançcis.
lina se pôs nua. o ~paz ptrguncou d<>ctmcnt~ JObre aque.la \ "41 V\'f c1uc 11 velhn, um dia, co1nett o filho desta mulher(':
burlgulnba que estava aeKCndo. FJa, env('(gOObada, con- 1I1 n1·11' \.1blr:.. Lembrou da primt:ira ab.nça Q\Jlt' tivera e que
tou-lhe que estava <Sperando um filho. Que el• • perdoasse. 111 111 1tnt1a vl\to direito. Pois fora dirrto para ai mãos-cora-
Que elJl havia tom.do wu chb. Que el• <onbeoo wna tal de \l~• 11.1 t·nlcrrnclra qot Xlia a mie. Lembrou da segundi qtie
Si Praxe<!es_ Quando ac:obou • fala~lo •olhou para Tooho, 1 l.t tio 1, .. ,,. corn o Tonho, pai f'tll%. NJo entendeu porque
o moço chora•.. • ria. ~ i.:.tallna • repetli feliz qut la 114.101 l.a n1ulh·et ~desesperava"~ ~vergo~ tanto por
te! um filho. Que fom>.11riom uma flmíba. Na"11ma gonbou 1ta.1 h r uni filho.. nKSo certo. Dtitana com o pattio. sem
preocupaçk> nova. Ela não qutria liat com rungutm. ~ l"'V 11hc1.un11, tal\tas "'UU fQS3tl' pecbO. Deitada com de até
quieda Eatnília alguma. N"'ao qunb filho. Quando Tolnzjoho , .'º''" . . . '"'l.&ra"idar.. 1tf a outra encontrar oo fundo de um
msceu, ela • Tonho já blivlam actr•• tudo. Ela gostava ,,,, 11• 11uc- 11.IO o~ atgu.m btW perdido no llmiu de um
<Ide, mas não QUe!la liaor monnclo com dt. 100bo chorou t 1111•n '10( j{> a velha Pruedes c:onh«ia. A patroa cborava.
muito e YOltou para a tma del-t, im1 nWlQ entmder a m=u- '""' Jt.A•rc'J um pouco mais aliVi.ada. Natallm levantou r~-
w. de Natalina dia:nt~ do que "Jf' julgava ser o modo de uma 111111 , ''" .~ b.lnhelro, na boca uma saliva grossa. Eam os
mulher ses- feli2. Urna ~. um homet11. u.m filho••• Voltou 11111u·lr1'°\ cnfoos que i.i corneça"·a.m.
levaildo consigo o filho qu~ Natallnn Mo qul.s. \ 11o11rt'·' de N.ltallna pa"'1U a viajar so2.lnha. O pamo fi~
A tetceira gravidei:_ ela ta1nbém não queria. Quem quis 1 •\'11 nt> qu:1rco dele, dt noite levantava e ia buscar Nat.alina
foi o casal para. quem Natalina trabalhava. Os dois víViao1 '"' 1jt111rto de em1>rcglda. NãO falavam nada. naqueles en·
bem. Vlajavam de tempos c1n ltmpos t quando regrcssa- 1~·1 11 111\ ti~· pr.u.tr comtdido. Cada vez q ue a patroa voltava,
vun davam sempre fcstu. Ela gos1ava de uabalha.r all. Eia 111111111111 \ I e) <lcselo de gravidez no olhar. Os três busa:ram
tudo 1nuito tranquilo, 6cava sozlnJ\a tomando conta do "' tct1'~''""' duran1e mnes e macs. Urn dia as regras de N'1·
apartatncnto. Cozinhi~ paSS3Vl. lavava,, n1as só pra Si. A 111111 111c> dcsceranl. A patroa aflita prd.iu a wina, fizeram
••• ..,
CONCO(AO rw,a,:sTO
1
fatts$1f carlllho. Ntalina, mttt o ódio e o paiYOJ, obtdecla a
tudo. Na hora. quase na hora do gozo. o homem arrancou a
vmda dos olhos dela. El• tremia, seu corpo, sua cob<ço es·
tavam como se fossem arrebentar de dol. A nOitt escura nao
permitia que d1"ilasse o rosto do homem. Ele pou re1to
cavalo enfuttddo em cmu d& Depois tombou sonolento
ao lado. Foi quondo. ao COtl!ftW o corpo pon se ofostat
dde, ela esOO.nou em algo no cbao. Pressenti\I era a uma
dele. O movln1eoto foi rápido. O Uro foi certeiro e 13<> pro.
ximo que Natalina pen.sou C;'itat se matando 1aml>tm. fu. Beijo na face
giu. Guardou tudo só pra ela. A quem dizer? O que ÍU<fl S6
que guardou mois do que o 6dio, a ve.igoobo, o "'"°'•a dor
de r<r sido YloknQ<la. O...rdou mois do que • corag<rn da
vingança e da defesa. Guardou mais do que a sarlsfoçao de
ter conseguJdo momar ai próptU vldi. Guardou a ~te
in'oasora daquele homem. Poucos meses depois, Nnt-a.lina se
descobria grávido.
Estava feliz.. O 6.lho estava pilrl anebentar no rnundo a
qoalqu<f ho... Esava ansiosa par• ollw aqudo ftlho e nao
... a .,,...,. de olnguém. talva nem dela.. EsaVll fetlz e só
comigo mesmo. Lembava de Si Praxedes e $0Crla, Aquela
crianç:a. Si Praxede.s não ia con.wgult comer nuna. Um dia, •11101.a tombou sua~1to rosto e com as mlosemcon·
quando tta quase menina ainda. safra da cidade ondt na~. • 1111 1••lltcu, pela milfsin1a vci, a sensaçao Impregnada do
cera fugindo da velha parteira. Agora. bem recentemente, tio !ln 1•111 sua face. Depois com um gfi:to lento e cuidadoso,
som de outra cidade fugindo do comporsa de um homem 1·1 111,-, fMllnwdas mlos, contcmplando-.as. Si.m, lá es«tva o
que ela h>Via motldo. SobiJ que o perigo existtl, mas estava ~ • fJlht do c,adnho. Algo tâO tinue, como os mtos de uma
feliz. ike'r<mcntr ltl.t paór um filho. Um ftlho que fõ<> COt>· eM •nt.arda., de UIDA borboleta-~ que !oi auopeladi
cellido nos fngas llmltes d• vicio •da morte. ..... a•1l1nelros lnstUlte:s ~seu' inaugural \'00. Rememorou
•hui" ,, totpO que um dia. antC$ estivera em ofenõóo ao
~ u lt!tk>, ·1uuo pr.t1~i.. u111 watl11:1. Os loque .1contecc-rllm
1 1l1i·14.kkr> de sutlleza. Cadnhc» inicialmente cxpedmen·
••ili•• -'1>c11as com as pon\il$ dos d~. FJa estava
I''' tulrndo um novo amor. Um amor que Yfvla e se fort>
1 I • ,,. espen do amonhJ. que se Plia lnespcradomcnte
50.
' nas frinchas de wn momento ~Utt. qu. "' rtWLln por AI 1 d• id.a..., lr.lbalho. Salindo não podia sair só.
um Jlmpks plJCU de olhos, por um _,,,., tnSalado o.o me- 1111 "4 nt ~r. 11.nb.t.in sido mnsfonMdos em vtg:W
ode d.u bor<Lls de um lábio, por um ttp<tlr constmte do 11~1 A , 1.11(,·n1 <tr regres.so.. que d• rn SOZinhl, ro1 coo·
tu ir amo. dccl~ fdta, muiw vezes. em \"OZ. silenciosa. 111. 1 wlr ,, nlf>tnento em que deixou a asa d4l ti.I.. No
audtvel sonlénte pira dclltto, úuJldO com que o eco dessa •l• 11• · 1 lfl)(t• qut• C'olnl'ÇOU a ser Yigi;ida, chegou• pen·
fala se expandisse no intmor mesmo do próprio dccl.atmte. • 111•• ''tlVt.''""' \t)frcndo doe mania dt ptr.segui(Ao. Con·
No prtncl1>lo • aprendizagem lhe cus1am muito. Acostt•· 1111111 11•11{·1n, que estava sendo seguida, quai1do, numa
0
mada ao amor em que tudo ou QUilSC tudo 1:iode ser gritado, " ih 11 111111 hlo. julga11do que ela esti'-"tSSC dorn1lndo, fala·
exibido am' qtL~tro ventos~ Salindil perdeu o cMo. llabltua· • 1lh• llA \111\1.K> ludo e scn1 querer ela ouviu todo o teor da
da ao amor que pede e pemllte mt1:n1u11l1i1>, l1k.llUln n~.:i ''' 1 1 ~ 1 l t• 1"-'"•' 11vtkias de todos os paJ'os deto.. Depois
horas do dcsanxx, v;,·e:r Silente amaf\ha en1oç'lo, era como ,"º' 1111 t\llt1 f06 ~dando pelas noticias que elt' trazl.a. Ela
clcglullr o pr6pN boa, reptei> de faLl. dcsetosa de contar 11111 , \'l\t.1 em tal r tal lugar. Sall:nda cntrndc!u o com-
.s glórias an""OSOJ. E por '!"" ajo grita<, nlo pidu.r pelos ta111 111> ct.1 mando. Esta\.<t a vlgl.i-la. mas ao 1n\"'fs de
muros, nAo txpor em outdoor • grandeza do otnlimmto? r flll 'lk 1Kk>. \·1nha de própria vozalttti-1&. Era como se
N.lo, nAo ora a ostm~ que OQtl<I• amor podia. O omor hu • 1,~. l\"1.,nlar um cncootto com a ~rdadc.
pedia o direito de am.ir.. somente. \• '' ,.,.,<,.,~ameaças feitas pelo marido* as ma1s dlver-
Sallnda tCtltou guardai em si ã lembtanças e retomar a fh 1hl '' .- ,·ru~ll. (or.uu surgindo. Tomar as crian('M, matá-la
rotina. En 1>rtdso viver a calma e o clcsespcro corno se llôlda •• \UI kl 11 \l' <k-ix;1ndo oma carta culpand~a. Sahr'lda, por
estJves..st aoo1lt«endo. H:avia quase um a110 que ~ fclkld3d e 1 ••+ \.'lt1l1.1 hfl Jl\03 ;1diando um rootpimento dtfinitivo rom
lhe era st'l'Vld~ cm conia--gottts. Pequenas gotkulas q~ guar· 1 l lnh• nu.'<kJ, seotla"'5e ~c;uada, c1nbora à.s \'tte'S perl)aS~
daY31n a forc;;i e a ~ de reservatónos lnfiodos, de re- , " 1 lt uuuta ruia nada. caso da o ~asse dt V(';Z. Aprcn-
pttSOS de fcllddadc intára Mesmo estondo entupôd.a de ale- 11· ...1c· \.'fl~. certzs.artimanhas, sonda\."l ltfTÇT'tO, pr~
1111.
gria, com uma canção• borbulhar no peltO, S.Und.a pttmava '" •kl.-. Aos poucos foi "' fortaltttndo, criando defe-
anbrut<ar o corpo. os olhos. • ''Ol. Eso•.. sendo om.r--.c1a lt-" 1111ndl.~ pelo menos o JeU espaço íntimo.
cm t<ldo5 S<\>S ID0'1metUO$. A "1gllànda soln OS '°"
possos 1t• \ ;ui~ cm ~ da Alegria, rn única pessoa que ~i
ptttendla. "'pos.s1""i .ou<ar atê""' ponsammt0$. Ela. que oh· •• 11 \Ofrlmcnto de Salinda,. acolheu seu te:gredo e ~
m emAO fora iornpr• di>tr.lida. """ de •p_, • prestar 111 ,,, 'uo11>1a.. fn ~casa~ tia que o.s encontros ~n-
iltenção a nado" cm todos- A mulber ou hotMm que estl\:esse 1 11111 l>rt· 11cMt~ depois das crianças. desMnheandooqut
nsc11tado ao $N lado no ônibus poderia ser o ckttti\'e parti· 1•11 J\.1 nun a inàe. donni:rml, Salinda, no quarto ck:$ti-
cular qtlf' o seu marido bnhã co-ntrntado J.':lr.t ~ui ·I.._ i td!' .1 t l.t, IKX.lla ~ tlJI. Ct'l~IA-I. ~e te-te ~1 1,.ra ela mesrna
Ao se lenlbtar do lll.ilridO, Satlnda foi at~ ao quatto desfa· 1•1-11• 111;11~ 11lgué111. Tia Vandu era guardlll do novo~ secre·
zera 1ml1, qttc estava ali abandonada; desde manhã. TI.nha 1 111"11 til· S::ilinda.
ido att ChA de Al<t!rlo, de;xar as crianças de ftrl•• com • 1111111.a desf.uJ.a a mala relembrando o seu re:gruJO de
tia. Era para aquela cicLld< qu. \liaj.-.. $Clllptt com os fi. 11 • 11~ ..\ltitria. Volt2'\'a para casa tria1ldo l embra~ en-
S> o
talhadas lln memória Jogou aJguma.s roupas no ~nque; 11111'"' 'uf 1:1C•l11\ terras e.te Cl1.l de Alegria. AJ crianças ac:or·
ou~ alnd~ ú:midas do dcselo q~ brlna'-a nos C'OJPOS 111!4111 .,., '-tlln J.:c :1 ~\c qut niío estava presa na galola~
umntcS. ~ra ~ tll mvt:ntou um aconderi;o. Queria a 111 • 'f'lh•. nttlllr..- se n1atu~ mulhtt. olhou Sallnm
Pf""rv>Çlo do teSOutO, q~ as poças molman sob • ~ • f ',. v1r11u_ ELt ttt'Olheu o sorriso da filha e pet«btu
do tempo Cntimo de sua esperança. ,. •llh 1lr 11.1 11\4:nlna u1na possível rumplkldade. que es.-
Havia dol.s tempos fundamentais na vtd.- de Sallnda: um 1 • 11tl\~'"'1nu·n1r ~uardou e aguardou poder R.iliT.ar um dia.
tempo em que o marido estava envol,'ido e cada vu n1aiS 11111t .. 11.t11 1•1t1 db.1-rrumar a mala e em rcvl'\-"tr vâóas Jem.
se dilub e o tempo em que o noYO amor se 50tidifia\'a. Dai t ... ,,."' \.1111.. ~ nJc> petcrbeu o avançar das horas.- Quando
uns minutos. o hornem chega.ria. podtrla 'rir calmo, amigo 1 u , .. • 11 1.1 ""' 1l()ite-. Estranhou o síl&do e a ausf:nda do
como nos bons tempos de namoro t alnda durdnt~ 1Jguru. •11.111tk1 1h·1100 tlnha iclO nusca..ta na rodOV\ana, m;a. a»h11
anos de cosada. Sim, 1tnha ;ido dei._ o lugar do C'illdo amor •1111· 1111 l ht•Kt)U, rcccbt!u um ttlefon~a dtle diitndo que
de ade:>laceate. Foi ele 1 primei.a. pessoa. que a tornou 1pu: !11\1.a 1•.1t,1-...d.a111ãe. Ela ~mirada, gostou.. Depoi.s de lo~
e ávida pan todos os domai$ amores que eLt .-rio a ter. ~ 1 11 . i• I~ ficar sozãnba.. Hii"ia uns doa> anos. desde
chegor tambêm amargo, agress.!vo, ln/diz. quettndo •rta- 10• 1 I• Jt""u116ou deb com wn cotega M t111balbo,. um ln·
nhar a face da felicidade de.la. Vinha cnltio com as ptrgun- 1 1111 • "" ft1l!Mil0 dos dois l'lavta 1e instaurado.. Das pagu11tas
tas de SClnpre: o que ell 6iera durante os anos em que, ;;-ün· 111 1hlu\..1\ (\•l1.1s de mancira a,gressiva wrglu uma v\gilãncla
da soltdtos, terminaram o namoro t se separaram? Quem •·1~ e c.-1\"\t.1n1e quir se 1raruformou em uma q~ prf..
era o homftil, pai da primesn filha dela? Por que d<poiS 1 •"' 1ikllbr Ela rep;:wldeu <'OID um ;ogo lparentemenlt
de tanto tempo af~. ela aceitou '\'Oltar e se caa.r com 1 l\h filll!JU """""' Era lp<DilS uma e>ttaltgia de oob~
e-Je? E is.sim aos pnuc:os, Salitlda foi percebendo que nunca t~ ~th •• l'n~bv;i mmeir"s de se defender aguardando as
deveri;a ter assumido nova1nente uma 1elt\Ção com ele. Re- 1, ! IU\•'' t r~st.nseo1 um pouco mais. Qunn<lo foi iniciado o
conh«la, entretanto, Q\14: antes,. tanto na époa do namoro 111 11 dc>1n(oos.t.ro, a menin;a que ele bavi4 as.sumido co1no
da ju-•ude como .,. do próprio casamm10, ela haviam li 111 .. 1t< ..i.e os ontt meses tinha treze ADOS.
expnimcntado ternpos fcliits. h~ •.. ,_,r que o marido m-wi demorando tanto? Ela co--
A m.al:t ia sendo desfcit.'l Je:ntnmmte enquanto tempos 11111,11\'.1 11 ~ atorn1entilt . O que estaq por traz daquela 1u..
distintos amalgan1avam-sc ern suas len1br30ç.1s. A Imagem 1h 11 IM> silcodosa? O que tinha acootecido? O que es't.i1va
dos filhos '\--oltou à sua mentt.. Estanm de férias., e a melhOJ 1 ,., .. coolea-rl E sua \idl s«ttta? Setã que o segredo ha--
companhia para eles no o)()IOleftto na. sem dúvida. 1 TP 11 4c&.1 cttscobttto de aJguma forma? Salindl tinha 'rlajldo
Vandu.. Um misto de U.a,..a"~ mk f' amlp. A GtR st:m <15 • 1t11 .. \ (tfan('l.S. Sair com os filhos nJo tevantan suspri-
crlanç;as thlha. o .sil~ndo que brincav.i matreirumente nos \•1• .alJ(\11nn. E. quando: qualquer dcsconlÍnn(t acontecln, o
cômodos. ;\ a.wê.ncta de qualquer som transportou.a no"•· 011uilte1 o11>licav1 as suas tiltk:as h1terrogatlvas. As atanças
ment• pira os poucos dias vi\'\dos em Ch.\ de Alegria. No 1•111 ~rH\Cbrnadas a raiar ~xau).1ivamentt JObre o passeio.
dia •nlttlor tinha ltnntado relo guatdando no l'OSIO e no lu1 .. rf1t('mtntt nanavam tudo, fdi2es por ftltrCm COfl\'ft•
corpo as maJOS do encontro vtVldo n<i n0tte. feliz.cantou.. 1'111hl (-()10 o pai.
54.
COJ«:tlÇÃO CVA.ltlSTÕ UCIJ O NA. FACE
Sallnda se lembrou das ameaças do marido. Preferiu de- 11111!1•• d1l 1lt'\C\lldo <tela e da tia. Disse alnda: qtte não que·
sacreditar que ele tives5e coragem suftciente para q ualquer • 1• 11 l • Ulllllll mais. mas era bom ela Ir se preparando para
decisão. Entretanto, não se tranquilizou, alguma coisa es- o111111 fC'" 1111. N.\O lu rnatá-la. Não ia cometer suicídio. Mas ia
ta''ª acontecendo. Levantou aOita procu.rar1do os dgarros. 11 1111t 11 rt•11enha111cnte os filhos. Ele queria os fi.Jho~ todos.
Buscou uma caixet fósforos que deixou cair no d1ao. O li- \h 1•11111l1lf... ~1ll n da recebeu o golpe com a abeça ergui·
geiro barulho da aixa ain<to no solo retu1n bou como uma ·• • \11 1\'11: o.lo podia demonstrar nenhum temor. &~lhas
bomba atômJca, e Chã Feliz se deser1hou ern sua mente. TI- 111,1111 rll llt'\, n1als cruéis que as anteâores- Sentiu porém
nba ido ao circo com as crianças e-m um dos dias que ficara • 1111 dl\'1(t, A ~dade tinha sido apresentada~ por pior que
oa casa da tia. Estava mai5 enlu$iasmada tio que elas. 8e1n I• !\ • .~ 1'41r, l ) tlUC fazer? Que cuidados e providências toma.r
cedo, quando a manh~ ainda estava no na.'\cedouro, ela go- 111 • 1•1111nt·1Uti/ A quem recorrer? E as aianças? Não, da não
rou ant«ipadamente a doce aflição que sentiria à tnde ao 1-1 ' " '''Ut ch·IJ.). Seu.s filhos eram uma opção que e.la fizera
deparar.se com o equiHbrista. No circo, o momento que sa. 1• 11 11 '' rtlJll'~·. Se11tlu·se desesperadamente só. Quis ligar para
Unda lMis gostava, era o de vigiar a acrobacia do bailarino 111 ~ 11rH111, 1x>1Ktecou t'fltt etanto que seria melhor esperar
Dil corda bamba. Naquele dia, quen1se apresenta''ª era uo1a 1110 l"~1cu, 1\ tlOlte as crlanças sempre Ligavam para casa
mulhet. Salinda vigiou os passos cambaleantM da n1oça ten- 1111.1111h.1 t'\1!1Y1im por lá. J\gora mais do que nunca precisava
tando se apn1mar sobre um tão 6,no e qu.a.'\c imperceptível .i.111l•tht't1 t'i:>ra('3o d a velha.
lio. Ela sa.bia que., qu:stquer passo e.oi falso, a mulher esta- lt 01~trtd11 ..e t."Qulllbrar sobre a dor e o susto. Salinda. con·
ria chamando a morte. Por um rnomento pediu para que 1. 1111111•11 \l' 1 1o~pc l ho. Sabia que ali encontra.tia a sua igual..
rud-0 se rompesse. E, como l>QUilibriSta, ela mesnla sentiu l ·"'~l 1v 1 tl g~lo contempJat:lvo de si mesma. E no lugar de
um gosto de morte na boca, mas logo se: recuperou mor- o 1 1.111· viu a d~1 outra. Do outro lado, como se \.-i?rdade
dendo novamente o sabor da "";da. $eu hálito a.inda ~va 1 ~·· 1"l tlllltk> rosto da amiga surgiu para afumara força de
Impregnado do amor \ivido na noite anteriqr. Levantou-se 11111 1111h•r enltt' dtLas Iguais. MuU1e.res. ambas se pareciam.
acompanhando com gosto o jOgO da dançarina na fugaz -"\11.t 1n'Jtl11'l e coo1<leze.nas de dreads a Ules enfeitar a cabe-
Unha da vida. A m ulher cambaleava, rif\JbeaYa 1l O es1>a.ço. ' • \tHb.I\ .1v<.-s fêotcas, ousadas mergulhadoras na própria
la cair'! RmJ~rou·sC em seguida, com u1n passo-gesto re- 1•111l1111..W111. t:. a cada vez que uma mergulharva na outra,
dondo, prôprio e justo,. no fino fio estendido sob seus pés. • 1111\ 1 ~·11c:o111ro de suas fendas·mulberes engravidava as
O público aplaudiu. Vozes infantis norteava1n a alegria dos t111\ ti,• 1•r.'1l'.er. E o que parecla pouco. multo se tornava. O
demais. Sallnda saJu vitoriosa do cirço. 1111 llflll<l t:r:), se elernlz.ava. E um le\'t' e fugaz beijo naJa-ce,
A atLSêncta e o silêncio do marido continuava.rn. O 1ele- 1111111~ t.i~\1r•'<bi <lc uJna asa amarela de borbol~ta, se toma·
rone tocou. Levantou preparada~ sabia que era ~e. Do outro • U•ll·• rt•t't<"z.a, uo1a presença Incrustada nos poros da pele
lado do 6o, com tima voz foTÇ0So1mcnte calma, o marido 1l i 11u ntôrl:t.
anunciou que iã ~bia de tudo.. Perguntou .St: ela h.avia es-
quec1do de que os olhos da noite podem não ser somente
..
estrelas. Outros olhos existem; humanos vlgiam. E riu dclJ<>.
, • >7
Luamantfa
ficasse gotejando bes:n na altura do coração. levava a mão 11111,.11.1 ia <.OI~ da lua nem esti,·esse es.Ganarada nocêu. Não
ao peito e SMtia a pulsação dá vida d esenfreada, louca. f , l 1 n1.1I, ;, lua viria depois. E veio, vârias """'UeS· Lua cWn·
Taquicardia. Tardio terià, ou 1ndmo l1ave:ria um tempo 11lht tt1111 ~rriga...'>·luas de LU41.manda.. Vinha para demaIGlr
em que as nttessidadéS do amot .seriarn todas saciadas? 11 1111111iu grávido da mu1her e expulsar, em lág.ri.oas am.m.
Ela iniciara cedo na busca~ tnenina, n1uito menina aiir 11\11 ,,, .. ~ngue, os filhos: ónco. Nav<.-gaç.io ínti~ de seu
da. Lembrava.se: da prinu.~ira J>aixão. ~n timen to esquivo , h 1111u 11\ 1l o bura~ abato d<: $C\l corpo. O amor ê um
oode se 1l'llsturava1n revims ern quadrin h.o s, g it oolorido. 111 •\11 n11s1crioso onde se acumulam á;&"Uas·lá_grimas?
partilha de pão com sala1ne e um qJílogo cruel dramati· 111 f"lil.)fS, 1empos depois., Luamanda expeômenta10-a o amor
t.ado pela surra que te"\•ar.i da mãe. O amor dói? Na época 1111 l11tJ~•>li ~melhantes aos seus. Os bicos dos seios dela ro-
pcrt$Ou qué a dor de arnor era tanta, porque tinha onze \•tiJtll, ..-01 outros intumescidos bicos. No ptimeiro instante~
anos e um corpo-coração pequeno. E desejou cresa:r. Eo· ~'· 1 11lu l,1ltJ do encaixe, do membro que completava. Num
tre um pelo t outro que nasciam em suas axilas e sobre o 1•1! 11lr 1·~quedmento, sua mão procurou algo ereto no corpo
seu púbis ensaiou e experimentou sorrisos, acenos distan· •1111· ',t,1vn diante do dela. Encontrou um ta.lo ausente. Mas
tes, piSCar de olhos, tTOCa d~ dmnhos, <.:a~ rnal-eKritas t'•l+1\.;1 t.1f> úmida, tão aquosa aquela s.upetficie misteriosa·
borradas com os dedos trémulos de amores platôniços.. O 1111111,• 11l11na. tão aberta e igual as~ que Luam~ afun·
amor é terra morta? 1111u w l'lll um doce e feminil carinho. E quando se sentiu
Um dia, aos tteze anos, a cama do goro foi arrum~a em , 111" rt.i 1x>r pele, poros e pelos semelhantes aos~ quan--
pleno terreno baldio. A lua espiava no céu denunciando 1111 ,1 'º•'
lgual dançou com leveza i. dança-a.mor com ela.
com a sua luz um corpo confuso de uma quase menini!, de -111111.HJ(' J1fguma sentiu, vazio a.lgum existiu, pois rodas as
uma quase mulher. Corpo-colição espetado por um falo, h 111t.1, df.' seu corpo foram fundidas nas femininas ofereo-.
também estreante. Um mmJno que se faáa homem ali~ •111~ 11.. <)t1tra. O amor se guuda só na ponta de um falo ou
a inauguc-aJ em Luamanda o primeiro jorro, fora de suas 111\11 tl1111bêm d os Láb1os va.gh1ais de um coraç.'.io de \lma
própóas masturbantes mãos. E ambos se lambtlz.a..,-am fes- 11111Ut''' 1>iJra outra?
tivamente um no corpo do outro. lu.amanda chorando de 1u.111111nda. un1 dia,. tambem amazona. montada entac>
prazer. O gozo-dor entre as SQaS pernas lacrimevaginava no nhtr u111 foven. O moço encantado por aquela mulher que
fa lo intumescido do macho menino. em sua vez pàmein: 1 li ' 1hl.1 rnadura, JrulS de imprecisa idade. O jovem arn.l'-
no corpo de uma mulher. O ~or é terremoto? •th 1111u1<10...se no tempo vivido dela. Luamanda se realin1eo·
~i5, em outro tempo, quando p acumulad a de vári'1s 111111'1. 11.<Cncontn1ndo a sua fu,ieotude passada e encantada
vivências, ela deparou--.se com um homem oue \•irja inauJ(ti.- 11111• \ •hlll<lade ouase inocente dele. Era tão )?.Tande a juvenil
rar llO'\o"OS citos em seu COIJX>. Uma sensação estranha, algo !• ••\•• dl> tnoço a anavessu o corpo de Luamanda, que en·
como um jorro-d'água ou um tapa inesperado caiu sobre o 1llhlN ldf1, às vezes, quando eJe estava lã embaixo no bura·
rosto de l.uamanda. ~o avisá-lo pela primeira \•ez. Ele sor· 111 1•• tr1,11 cla pensava que o intumescido bastão dde ia pe--
riu. fJa sentiu o sorciso desgrudando da face dele e mocd en~ 10 11it1 11\-1 seu corpo, desde Lã de baixo e lhe vazar pela boca
dolâ õentrodela. Oc.oraç3ode Luam.lndacoçouepa.lpitou, 11111 ... t) 11n1or na.o cabe em um corpo?
•o• •••
COKC:EJÇÃO E.VARISi O
Tantos foram os amores na vida de Luamanda, que senl· 1• "' IHl'"" dC' :~cus filhos. f.oi uJn te:inpo e:in que preci·
pre um chamava mais um. Aconteceu também a paixão "' '' '' 11.11 "1 JMCh.~(1da coo\ o seu próprio oorpo. Trancada
avassaladora pelo velho, pelas rugas que ele uazJa na pele, 11! ti ••ll u11.1lt•c>r, i1berta para si me:s.mo. com as mãos es-
pelo cansaço ddE, pela cópula que ela esperava e espreita· 1 • l1n.t•l•• 1• l\'Vt"s h11agi1l:1va ~i tivos carinhos. Chorando
va durante dia.s e dias. Era tão bom contemplar aquele faJo 11 11. 1 1•111111, c."Ont(>rnava uma Cicatrizqu~ ficara desenhada
adorn1eddo1 preguiçoso, sapiente de tinto corpos·bistória.s 111 11111 1•1111tc:• d.d pt'le, onde os pelos se rareanun para scn\·
do passado. Era como vivenda! uma duvidosa e infieJ fé, t 11 l 11 111n 1K>1110 LI.nico, mlnWcuJo. um Impertinente ca-
sustentada por uma temerosa esperança de que o milagre 1 111!111 '\ti, ~ntlO aUsava a dor e seus COJltornos. Era preciSo
mo aconteces.se. E foi no corpo do vdbo que ela melhor 11fl, 10 • 1 lll' r111 su~1 Rores.ta espessa e negra de que o prazer
ex<"cutou o ritual do amor. Pacientemente penteava ou OU· 1~ 11 111 .. ' lo ti:torn4vel. de que o gozo ainda era possívcl. O
riçava, com os dentes, os en1branqueddos pentelhos do cor. 111111 'ftlfll)Uttil varl:uites ser1Umei1tos?
po dele. Ede noit-e, depois de multas ooltes, quando a pedra 1010· 1·11rt•n1roll e ~ncontros, Lua.manda éstava !'m
enve,rgonhada e soturna se desabrochava e111 flor. ambos ca. 1i 11 11 1 "'l'"~11dl14gc 111. Urna aprendizagem no, por dent(O e
vavam o abismo do abismo encontrando o nada como rea" I• , 1 1t11 t ••tpn A C;)da anlor ViVido, LuamaJlda percebia que
tidade única e, então, é que aconteciam as luras de amor. E li\ 1•• 1n~01npriclava, mas que ainda faltan testes. argui·
o velho vinha lento, calmo, cuidadoso, doso do fundo ca· • ~ 1l1.ltl11a .. e <1uc da sabia só um pouquinho ou taJvez
mlnJto que ele teria de adentrar. Ela também calma, apenas 111 ·i1uh~·..'íl.' nõKl;i ai1tda.
retesando sua\remente ~ finos 'réus .sanguíneos, bordados l l 1\. I.. lllhCb, trd mulhert:s e dois J101ncns.. Todos eles
111'1
nas paredes vaginais. Ele chegav-a e ela slle11dando os gritos '' i11111Jtu1,1th>-. no n1ís1&io maiOr d.a Vida. A roais nova CS·
se quedava embevecida diante do quase nada de um átimo ' •• 1t.111d1' d.i c-abcça áôS p& guardant10 e aguardando a
de prazer. O amor é um tempo de paciência? Ih• , 1111vit c-spéci-c hun1ana desafiadora do t:empo. 'Estava
Se havia o amor na vida de Luamanda, também um gran- •li \, 'l'"'Cll~ <fc 1>arir. Lua manda, avó, mãe, amiga, compa·
de fardo de dor contpunha as lembranças de seu caminho. 1•h1111 •U•!IOtt, ahna-me.nina no tempo.
A vagina ensanguentada, perfurada, vtolada por u1n fino e~ '"•t ·I ""'11lna 110 témpo? Não, ela o.ão~ envergonhava de
peto, arma covarde de um desesperado homem, que não li o.-nt1l\1UQ. Era (t)m ele qut ela corn1>unha e .reo::>Jnpu·
soubera entender a soüdão da hora da partida. E. durante t11 1i "'• 1-u.1 dtgoid.ack. Eilcarou novamente o cs.pdho e se
meses, o sangue mensuual de LuantaDda, sangue de n1u- 1 111lunu tlt• \•1~1 poénla., ent qut: uma mulher oonte.mpla:ndo
lhe1 que nasce naruralmente de seu útero.alma vlnba mls· • 11~ l1t1 •K~·1i1 refletida., per!.>untav.t angustiada onde é que e la
turar~se ao san~ e pusl dádivas dolorosas que ela ganhara 1 1~ 11~ A \lUt outra fa-ce. a antip.. pois não se reconhecia na·
de um estranho fim amoroso. E pior do que a dor foi a dor· 1111 l 1 •111• lhi: esh\•a sendo apre$entada naquele momento.
mêncla de que foi atacada, em sua parte tão vi\'8, durante 4J\• • n.li) cr:a <) ca~ de Luamanda~ qt1e $e Jec;onhecia e
meses a fio. Logo ali onde a \•Ida se enuanlta e desentranha. 11• '1tl111\' $Cmp.re.. Pouquí$$imos 6os de cabelos brancos
Ali 011de Luamanda ltavia parido concretas e vitalfcias len1. • 1411\ '' 11111 buscando criar um tcrritóriO próprio em sua ca·
branças de si e de outro homem que ela amara tanto. nas 11 1 -.1thcu es,«-:ç Íl-0$~ puxou-os querendo destacá-los en-
••• • 61
ttt os demais ~·,..com os cabdos bnncos sobre o
rosto negro. Serio belo como• V.Cho Domlnps Li das Gerais.
~ oo tempo-t'Y'l'nto do ,... vlc1a, l.&wtw>do,. dls-
mída. esquereu-se do rompmmlsso pano qual se prepara-
va no momento. Acordou. pin o encontro que estava para
acontecer mquela noitr. qUUKk> ou\'lu os assob6os de aJ..
guêm que aguarda.. po< elo Li fof>. Apf<s50U·se. Podla ser
que o amor lá nlo supona1"' um 1ompo de k>n8" epera.
O cooper de Cida
•• •
tttlmcnros. Em asa. <o<m ao banho. ao quano. l Alo. ô 11 1 n ..qodt momen10 optou por retomar um dia para
('Otinha. Fervt-1o1ei t~. arrum.3va a mesa, votuva ao quarto,, "' 111 l1nham rUIO, a cidade e-ra mi.ravilhosa.
avaoça'1a sobre o guarda-roupa t atrac:ava-se ao unifor1ne \1 • di•1A"Ssete :11\os, um tmprcgo, o p rimeiro, arnmja<lo
dt tnbalho, logo~ já ..uva "" sala ltdlando a por· r tto, ptnnillu qut tla viesse paira a capital A vida
111 t
ta t indo. VOOVll pelos tscoda$. pois o eltvador tra lftlto • 111. 1w ritmo act"Ierado de- seu desefo. Trabalho, ttabiJho.
no c:onstante COOf>Ct ganhava a rua. Corrla JObre a corda t1.1h1lt111 (.) diJI e ntupido de obrigaç(>es. A nolt't: festeiada
bamba, invlsivd e opies:sora do 1emp0. Era preciso avançar 1 u 1111 o nt r~ de rápidos goms. Os 1more1 tJnham d e :w:r
sempre ~ Stmpre. fH '• ' unm. o:tudos somente aqueles q~ pcoporoonas-
€b ~ vtncedor~ ~ n1J02S dl~tândas.. fi saltara mon- "i "' ltt>\ imediatos. N41da de sala de au.U durante anos
tJnha.s e d ivisas de um tempo-cspól(O que &cara para trá.s. 'º"' 1• í.h.· Jclrurás t.n.finltas. - Aptttrd.i 11'l1ts t-111 stls 111~
Como era mesmo a $tLl ddldie natJJ? Não gbli bem. Lem. t t.1utbHM a~''° apr~1Nlizago11 mi corto e 0tta11'1 dias. -
br3YõHe, entre.unto,,~ as pasoa:s eram tmw. Ancbvam. 1 t 1 ~ l(.J.)f<U o l tmpO curto e raro. t preciso corrtt, pa.n
falnvam e vlvbm d e-va-ga r~7J.-n ho. A vida era de uma ler· 1Ih.,.,., *'lltt.'1, conseguir a vaga, o l~gar ao JOI, pegar a fila
deu ~ qut "'&Umas mulheres e>queciam~ de porlr seus f" q11· 11• 110 banco. t':llCOnlrar a lavanderia aben n, testemu..
rebentos. A biimga Cl'Clda até aos onze meses.. As crianças ' 11 • • 1nt1ilde d.a miSSa.. O ~ ~ tento e o rltuaJ 1-am-
nasciam moles* desapcraclamente almas e adlavam indefi- 1 tu '''1~1f01 a metade da liturgia, pdo menos n.Jo fiava
nidamente o exercido de crescer. Cid& desde pequena guat· 11111i11.-1n oNO Inteiro. Não perde r a missa aos do rnlngos foi
dav1 um sentimento de urgéxil. Seu corpo aos now> a1lOS 11 •U• • ft'COmtndação que ai mãe fi::eA.. Algum llibi.tos ieta
matwou~se no sangue n1cnsaJ ~mulher. As was brincades- '" " · ,.;ic1o para tds, outros ~r.1 • hl"1a adquirido
ras predi.l eta~ atnda ntssa époai, eram a de apostar corrida •1111111 uuvos. P;-i$SOU a beber diariame.a1te um rtíriger.lnte,
com as aia:nças e a dr desafiar grandes e pequenas. no tem- ''" ••111bém rompra\'a todos os dias um jornal. que n.a
po psto poni execuçio dt qmlqUá w.llL Vttlcla smiptt. • 'bi \-'ttfS nem lia. AumeoQR vertig!nosa.inentt- o
utilizand o um tempo d imlnuto em relação a todos. lt 11 •11 'eh ~oncr. Tocbs as l'rWlbâs, os pês de Cida pisavam
Aos onze anos, Clda foi peia primeira \-U ao J>Jo com a 1~1·1 1'11 to1J~o c4 pnia. I~ e vinhan1em toques rápidos
mk. em vilgttU dt negócios. A ma. rec1lm1va d.t ~ ' " • 11\, como SC' ~ en\lt'rgOClhados dos c:::ariJlhos
de dos carros, do amontoado e da correria cb..li pessoas, do 111 ~ 111; pudf'ssc lhes insinuar no ckcoua <bl ma:rcha. A
vai e vem d r toclos. Oda bebeu e nlouquecida o zigue-u1gue 1111 .. 1 11111tth111a lllilis e mais velocidade a sua louca e ~Hti·
cios anos. dos pessoa• cios p!s qiwe .....,,.. cios pedte>ttS I • ... ,.-lcH1a. C.Orrl.a conm da própril, 11ao ptt(k?ndoe! nao
dcs.l.fiaodo. nru:-endo t ~l'"l'Wlrr:.ndo a mont. Oe:scobr1u no · ' •lc• nunca. Mas naquele dia. a Jernides~ manhii
rurbilha.o da ddade um jogo de caJeidoscópto fonnado por 1.v,1{:lru d e um ser1tlmento p«'horrtttto, de um a~
h11111
ptÇ>S, gente-máquinas se auzando, entt=nando br•ços. 1i 1 ~11t•1 tr 1»rar, de não qUtte.r ir. Senl ~r. pernlltiu
+
~ ca~ buzinas, motos. ptmn, p!s • COlj)OS aroma- rtlldJo aos tre\IS pusos ie peY prlmcira \"'Cl viu o mat.
titados pela tnê:ncla da ga.solina. Oda d l":S<'Obriu outras pes-. 11 . .. , 11uo experimentou wna profunda monotonia Qb..
soas também portadotas da urg~ncia de Y1da que da trazia • í .. 1uf1 1 t)'i movlnlt'lltos tq)elid os e 1·1.1an i.acos das onda.}.
•• • ..,
Como a natureza repetia séculos e séculos, por iodo o sem- 111 ''''•'""''' 1) ~u ca111inho. Eram extre:mantcntt po-
pre, os meSJnos atos'! O dia raiar, a noi1e c"'ir, o.sol. a tua ... O 1h~ tt l l'lllJM"> 11!1<, 5e nl edia com moeda, ou ~'I hons, os
mar magnânimo l:ivando rcpttidarnmte, a curtos lncerva- 11111 1\ 11Jit> 'l~·rlJm n1edms ju.sus do tempo. Eb t!t&-
los a arei.1 clmlnd>n1e. Tudo monótono, <mo• Pf"U!Ytl tU1 " 1tc1vt .a.nos. Pouco? Multo? Medir, compam.
Tio ptnbi..t como°' prindpliS atOJ ddo: ie--.ntar. <0ner, 1•\ 41MJ\ t.•n1 relação a que? tUverla um tempo ou-
Sllr, "'Olt:n. Contesnplou os r0$IOS que pa5Sa"-a:m, conh«la " "' '"" hl<I• 1tt1 t..·1:>rll('ão do ttmpo? O nadador contlnu-
todos de rela.n tt. Todas as manhas 1opava <:om e1queJ11 faces ' "'" • \1111 IHlnrJ•leira. Cida dcsetou se lançar no mar â
suadas dàante de si. Assustou-~. 1'4:rnbeu que nlO estava '1111 11• 1il,l(v q1u.• ela não enc:oncrava c.á fora. Oium que
correndo. Estava andando l'm dn•tta lenta. quase. Stntlu 1., 11ur .duip "'1.ueus e m.lt:térlos. Ea lombn>u·s.e
a planUI dos pts. mamo guardadas nos tênis, toandO o ' ' .t d.a t1ur.. ~ voltar JMR aY.. f.ca preciso cond·
solo. Eh esta\'I IO<Undo, pa...,,do, md>Jldo, por&Ddo. pa- '*\'li" rc,i.llnesras,. incorpori.r-se- novamente ao ro-
rando. Todos os setilõ membros tsiavam Ja.ssos. s6 o cora- 11111 \, \1t1· e ~1uarcnt-a e cinco, Peclto acionaôa a buzina
çao batia eslonteado. Oda levou a mio ao peito. Se:ntlu o 1 1111111 111 lt•·ntc 1111 pr&lio dela. Ji pronta, desceria rapl·
cornçOO e os selos. Lembrou-le tnt:lo que era uma mulher , 1'\'-••d.t. e antes, bemª"'" das olto e trinta, se o
e nao um• .mquina d<senn...b, loua, progmnado para tl\t" l101n, t:I~ aporurlam no t'SCrit6rio da RJo
couetcouei. Envngonhou~ dos C>QiiH100S pttm<dlt>do<, l.t IM'l'-l\iCJ Ir, <Xlrltt n:ais alnda.. Ha'Via macuado o
aonomettadm qu• vinha cultiw.ndo ire aJL !la oào ~ cn- I" . n 11 ttltu1 e a espera peamlnosa d.iatttt do mar. O
trqava nunca e ttJ>udia'\ra ~lqutr gesto de abandono que 1hl 1 11,ulljUUfJ 1n ..1sua em SC"U jogo. Cida -..-e:;c, vo&t~ndo,
•J;uóm pud es~ 1er dionte dela. A c0<cla bambo do tempo, •li t 1111t1 h•11t.i1n~·n 1c. Outr0$ corredores cá no calçad!o
varal no qual tstíJvn mendi<b a vlda. era tágD, podendo h1ho110 (l 111ar hUi$tia em se mostrar diante dda. Só
se rotnpõ a qu.Mquer hora. fR precbO; pois, um consunte 1111·1• ~La. eb pen:dJen o nw-. E corno tudo tra
estado dt alerta.. O mu mO\'imentoo-se n~ntt num t111n"~tit bdo.. Atravasou alma.mente a rua. n.lo
gesto alkiante "convkb:tivo~ Oda abandoitou o calçadio e 11110\ nk11digos saiam dos bares com copos plistl·
mca1ninhou-sc par3 a aireia. Sentiu nt'ttS.Sidade de .irnncar 11 I•· IOrnavam oliquldOt'tlnhamaexpf'f'SSão
1ft•\.".ife.
os t~n's que lht prcndiaim os pés' delxou aquelas corrc11tcs 1•111 dt.• wn,,, f<>1ne, descompromlsso e abandono.
at>andooadt1$ ali mesmo. Afundou os pés na areia e a>n1e111- "' 11 nll'1k:la de tetnpo para tles? Em meio a esses
pl0u maiS uma vu o mar. Um nadackM brincava repetidas 1•11w111<111u,, t td.icl>qou à pon. clestU p~ Ptdrof'ota
, _ . com os ~ • • cabeça na ãgua. Cida agualdou có 1 "'1'-''"''·.a·~ para entrar t 10 deparar-se com ela,
rora de>ejando anslo"' que ele soiue. Ela quera 5'1ber do 1. 11 . u~t1Mt.• nllt!\ndn iun 1 moça da cabeça aot p&: O
1e:n1po dele. OOrganhnr momentos, pedir um tempo nnpres- 111. 11lr+ ,•11111\N l/llt' da esfal-'d clt1J!ll1tdo do cooper 1raquele
tado talvtz. Como uma pessoa;, em plena terça-feira, às seis I 1•fft UUJ//(l(/Q? Uvaram.Jftt OS tbris? ba prrdJo Slt·
e cinquenta e dnco da manh.l podia estu tiO tranquila- 111.:11,ria t1:la•u at:razadbri1rtt1.
mente brinando no ma? OeYe&ai str exttt:mamit:nte rico. \lt;l\:.I luc;k> pbda Ptdro gesa.iculaQ ~ fab\'JI rã-
V"""' ele jur"'- Lembrou-"' dos men<tigos que CQOStanle· ' 4• 4."!Jttv.."Ssc imtdia:ndo u1na particb de futd>o'I.
•• • •••
CONCEIÇÃO !v'.\Rl'SlC)
'º •
COfllCCIÇÃO tvAIU~fO
A mJe de Zaíu csun canQda. Tinh.a trinta e q\iatro anos '"" u c1t.r a voz. da mãe' trem.li um pouco. Dt noite
e quatro fill1os. Os lnais \IClhos lá C1taYaOl homens. O 1>ri· IM u •1vll .1IRtnts Htlmpidos de bilia ali por perto. Logo
melro ..,.va no Exêráto. Quem seguu carrd1111. O iegundo 1 • ; 11un1 e>\ passoi apressados do irrnk> que mtrava.
também. A> meninas vifl>m multo tunpo dopo;,, q~do hratJU ma:iS para ;unto da mie. A ltml donnia.. A
Beitícta pensava que nem engravidaria mais. Entretanto, lã • OH'l11·u n.1 cama ~rias vetes; em um dado momento
estanm ••duas. Gém<u. EJ1llm iguai$. Igualzinhas. A dlf<'- 11 •• .,\u,,i.1\LI, depois se dei1ou novamente cobrtndo-se
mi:ça estava na maneira de falar. 1.líu falava biixo t lftlto. ••·~'º' Jos (OrJlO:l da mlt e di innl lhe davam cer-
Nafta, alto e rápido. Zliu tinha nos modos um q uê de cJo. ' oi 1tr1 l 111rcc.1nto, não consegutu donn.u mais, tinha
çura, de mUté:rioc e de soirlmento. 1•• 111ull(1111t'Jo, e a rnJe lhe plitteeU ter passado a noite
ZafU. \.irou a aix.. e os brinquedos se: espilrriima:ra:ra., ra- f• 111411.t
l<?ndo barulho. lloneas lncompletAs, chapinhas de garra- 111 • 1. \/~""'° e Siliu, deixando os brinquedos espi.lha-
fas. lattnhos , . _ , caixas e palitos de lósfO<c>s usados. M.. • 1w1111t1111clc1 .1s recomendações da mãe. Alguf'1S &:aram
'"'" em tudo, :ICnl .., de<tt em btlnqu<do algum. Bwan " A linda booea
• lf•· •nt-"fllC' expostos pek> amlnho.
insistentemente a figurinhn. embora .$OU~ que não a en.- ~· 1n1 \4 u unko bfaço aberto. pa.recb. sorrir desam-
«>ntra.m ali. No dla anterior. havia recusado razer a troca t ,., oi 110• 11111 fC"lli.. A nu~:r1lna estava pouco ~ imponando
mais uma vu. A lm>J of<r<ôo pela ftpánha aquela bon<a 1u • •1••'11~ (JUdcuf tt<tbe:L Queria apenas encontrar
11 011,1 Utw tiuc tinha sumido. Procurou pda lmY aos
negra, a que só faltava um braço e que era tãO boni~. Ota'la
&inda as dois pedaços de lll1>is ttra, um vermt':lho e um a1n.a. 111 t•i'·' t•, tlcsapo11tada. só encontrou o 11<'1.Z:lo.
Ido, que• proRuo<a n.. dm. Ela nao quis. Brigaram. Zaíta .ih11l.1 •11UJN\1J os poucos mandmttttos no ''dho
chorou. Â noit• dormiu <Om a figunnha·flor embaixo do 111 111 •k'''"· bit~ l~"l!' medo de olhar para da.. Saiu
traveuêlro. De- mnnh.a foram para escolil. Co1no o qundri· 111 ifl 1•1111 pfrtt ber e btueu no barraco de Dona Fiinha. ;io
nho da menin>Ror tlnm sumido? j A ll1t1A tt.Jc) e;sUi:\''1 ali blllbt:m.. Ondt estava l'a..íta?
Zaíta olhou os brinquedos largados no chio e se lfm· 1i .. v1 .. w nwttdo? bit-a saiu de asa cm asa por
brou da recomendação da 1nk. Ela ficlva brava quando l$tO 1 1•1 111, llill.'rMuntando pela lrnu.. Ninguém sabla res--
KOOtedl.. Biria na! meninas, reclaJJY\"i do bl.traco pcq~ 1 1 • .\ ' ii l.a •~ncil de lnfonnaçlO sua mAgoa aescia.
no, cio vida pobre, dos filhos, pôn<lpllrnentc do segundo. 1 • 1 1119c1 1111110 <Ofll a deses:penoça. nnba o pttSKDti-
Um dia Zaita viu q~ o lrmãO, o segundo, tlnha os olhos 111 • •I• •1u• .. (1gurinhtl·Dor nâo existia m.1.b.
&flitos. Notou ainda quando ele pegou WDI arma ckmixo 11 •• ··•••• •lt /..i,ta, o que nao escava no Ex&ci:to, mas que-
da pofuona cm que dormia t" Qiu aprasado ~ rau_ A,~m • ' l lfll ,,.., bu:sQY;J outra forma e local de podtt. r ..
72 .
rijOIOS, arda, ci.nxrtto e cal nas COJ\SlruçôC'5 l-ivis. O pai das ronJqUiria comprar quase noda. E>un caJUOdo. mu tlJlha
gêmeas, qut dur.antc anos morou corn RA rnãe,, trabal.ilava de i\lrM:rl.W o p11ho. la arnnjar trabalho para os tinais
multo f nunca nula o bolso chdo. O moç<1 vi~ nu itheres, de semana. O printelro tilllo nunca pedja dinheiro. mas ela
homen$ e até mesmo crtan~ ainda melo ac:tor111«ido.s, sabia que el< p~vo. E...,. que o qundo sou~ lle-
Si..ittm pua o trab&lho e voltarem pobres corno for.tm K'U• 1 niôa colocav.:1 uns t.rocadJnhos debalxo do tnvesscil'O para
mul3d03 de tans.a(O apenM. Queria, pois.. :11 rurn:er ,. vi~ de ele, quando ele vinh• do quartel. Havu tambfm o aluguel,
outra fO<mL Ha•io algum que tr.lbolhann> de outro modo 1. ~a df' jgua e de tuz. Havta ainda a irmJ com os filhos
e fiavam deos.. fn só insb;11r, JÔ ler corageut. Só tlomillir pequenos e com o J1omem q11,. g;inh~Y2 tão pouro.
o medo<:" Ir adiante. Ot:W4: IK.'<[ueJlO tle Ví11ha ~1 11ul.indo A m~de Zaita, às vezes, clw.g;a,.. • pms.ltqueoS<glffido
ex:ptri~. ~O'VO, ~ ainda, a mK nem dcs<'onii> filho tinha ruJo. Vinha a vontade de aceitar odlnheuoque
""' e t;fe jã traça"''°' o seu an1inho. C.orria ,\gil prtos becos, ~e ofertti.1 ~c.mpre, rnas não queriil compactu.tr com• 6CO-
tolhia r«:adõs, entrega"-a ent."Omendas, e dbplica1lL'mellte lha de~. Orgulhosamonto, nlo-Qvo que e~ ron1nbuiss<
anobiava um.a m(üica infantil, iom iodiativo de que os com nada em asa. Estava, porém, chega11<10 à conctUSâo
J1ome1\s. atavam chegando. die qt•r tnbaU10 como o dela nJo resolvia nacb.. Mas o q~
Zolta andava do b«o em bcw lo procun da imi.>. O,.,.. W.,,7 ~ parasw,. fome .m. mm npklo. \'O<U aind&. Ge-
va.. Algumas pesson conbeddas pergunt~v.1n1 o porquê d(! nícia, ao <b.r por raJta das me11inas, hlterrorlll'ftl os pensa~
ela estar tão longe de~. A mmlna x ler11brou (la mff e mentos. Nôo ouvi.a as vozrs das duas N ~um tempo. De-
~ rmva que ela df:olia estu. ta aJ*lhar multo qw.rtdo voa.. vtam cst.ar mrtidu e1n 1.lguma ane. Stnriu ttrto tCn.lOr. Veio
tas.se. Não tt impottou com aquela lembrartç.1. N;u1ucle mo· andando.nlt• da cozinha e troi><çou nosbrinquedó$espar.
mento, da buKava na manória como o t.k-wnho ~ romi- nmMlos pelo dlio. A preocupaçio anicóor se tran.Sfonnou
rq..lllor tinha nasddo em sua coleç:So. A fi..:urinh.1 1>0dii1 ter em raiva. Que merdal Todos os di.as tinha que fala r a mts·
vindo em um daqueles enveJopes que o l11r•;'l1). o }Cg:undo, ma coisa! Ontle as duas haviam .se metido? Por que tinham
a.'~ compravo para do. Quem - ,..,,. no mrio das dâDdo todo espalhado? Aponhou • booea negra, o ft'.ais
duplK:'a.t-as q~ a mie ganhava da filt1i1 ~ 1..:11r~ ou ainda bOnitinha.. a <1ue só faltava u1n braço, e arrancou o outro,
fruto de a.tguma troea qllt' ela fizaa n.J e..\>la? J-.tólS podia d<pols a <>beça e .. ptmaS. Em poucos minutos a boneco
-.r u.mb&n pane de um segredo qur C'la n..tc• h;ivg ronado estava destnJfda; cabrlos arrancados e olhos vazados. A oo·
ne:m para s:u.a i,guai a Nafta. A ftgurlnha 1•~J I ;• k.'f (llUa da· ha me11in.a,. Nair.a. que estava tK> barraco ao lado, acuun.
que:U.S dE"Z,, que dl havia comptado um dlil \tHTI unu flllOeo- do os bmo5 da ma.. \IOluJu .~;... Foi R'<'elnda com t•""'
d.ai que tiwa da m~ s.:uJ 41Je eta ptm_~lt.". Z.:1lt~ 1x>r mah e 5af1nões. Saiu chornndo para procurar Zaít:.. Tinht• duas
que se e.slorçass.e retomando as leml1ranÇ01.\, ••:lo coc•segull lris:lezas ~ contar a ~ irmã igu.ll. Ha.~ P'Ufido mm.
atinar como .a 6.gwi.nha·Oor tinha te 10~• su.... COisl que Z.aíta gastava muito. Dr manhã tinha apanhido
A mãe ~ laíra guardou rapid0tmc11lt" ~ llOUCOS rnantl· a figurinha dei>.1lxo do travesseiro. Queria scnttro perfume
n1entos. ·reve a sensação de ter perdido a.lgtllll d111llC'iro no do ptttO. E agora não ..bia mols ood< tsDVa a flor.•• A OUU>
supea11mwdo. lmpos:sivel, le\wa a nletiltk dtJ soiWrk> e Qj() coisa; era que 3 mam3e estava brava porque ~ tffin<1ucc:los
74. .,,
estavam latgados no chio e de mva dil
aquela boo<qwnha nqr>, • mois linda-
h•.,. ·-Qdo
:-<os úlbmos lftnpos na lavda, os tiro<ftos aroot<dom c:om
frequência e a qualquer hora. Os componentes cios grupos rl-
...is brigavam para garontir seus espoços • Ír<g\l<Slas. Havia
ainda o confronto cons~n1e com os polic:ii1s qut l11vadlun a
áre-a. O t.rmao dt 2aft'.I liderava o grupo mais novo, cnlttean·
to, o mais armado. A áre:il perto de su4! casa ele qo('tfo s6 para
sl O barulho seco de t».lis se mist\lri••va à 3Jgau_rru Jnfarttll
As crtanças oomcc&am ' rcconxndaçio de nlo brlnore.m Oi lixã o
longe de casa. mas às vaes se cfistniiam. E. ent.io, nJo expt-
rimeotavam .somtnte: u !»las~ suaq:s. que derre-
tiam na boca, mas alnda oq.- que lhes dWolvlom • vida.
Zalta seguia dútnida <m..,. pm><UpaÇio. M•I> um 1lro-
telo começava. Uma ~. antes de fecbar ""ioltnt,rnente
a ian•la. fu um sino) para que ela mtnsse riptdo em um
barraco qualquer. Um dos contendor~ ao notar a 1.>resença
da menina, Imitou o gesto fei10 pelo goroto, por3 que Zaf-
ta procurasse abrigo. E~ procurava, entreu1nto, so1ncnte a
sua 6gud:nha-Oor... F.m meio ao tiroteio a menlr1~1 la. Balas.
balas e bata.s dtsabrochavam como flores maldit<», crvou d3·
ninhas SUSpC!nsu no ar.. Algurm.s fizeram círculos 1lo corpo D! Lido abriu os olhos >oba madiupla clara que lã"" tor-
da menina. Dai um minuto tudo ~bou. Homms :ariuclo$ nava dia- Apalpou um lado do rosto, sen1lndo a dlf<ttnça,
sumiram polos bttos J11màosos, cegos • mooa.. Onco ou ,,,..mo sem 1oar o ou11o- o cleot• lattjou espalhando •
- corpos. como o de Zoi1a, j.qiam no chJo. do1 por todo o do da boca- Pmou 1<nt11nerue a llngua no
A ouua menina ~ Jftiti i procvn cb ~ para lhe anto da &"nifva. Sentiu que• bola dr pus csuva Inteira.
falar da 6gurinh>llor desoparedda- Como l:il.lr tomb&n da O companheiro de quam>awqulse levan1ou um pouco
bon<quinh• nogni desmódo? o corpo ~ tnttt o sono othou espantado, mrio adormecido.
Os moradores do bero onde havia aconl(.'Cido o Urotelo para •1•- 01 Uxão encheu rápido a boa de ,.lh'I e deo uma
Ignoravam os oulros corpos e rt'C'Olhiam só o d:i 1ncnlna. OJSJ>atada no ros10 do menino. O outro, num sobressalto,
Nafta demorou um pouco para entender o quie havia acon- acordou de seu SOJ\O todo in-stinto de ~fc1a. Pulou lne$f>C·
tecido. E as1im que se aproximou d.i irmA. grilou entre<> s:adamenlf, acabando de se levantar. Oi Uxlo acompanhou
desesptrc>, a dor. o np;:anto e o medcr. o gesto raivoso do mmino, l~--ant.ando tambfm. Numa fra-
- Zaía, ,'()(f t>Qll«OU de guilldar os brinquc'Closl ÇIO ~ Mg\lndos 1ttebeo um ponta~ o.as suas p1rtes baixas
16.
C:OHUtÇÃO N"-R1$1'0 OI UXÃQ
Abalx0\1 dcSCS'perado, Stgutando os O'\'OS·vlda.. E foi se en· $e11tiu vontade d e mlfaL Quando clt: era pequeno mi;ava
colhendo~ se enroscando até ganhar a posição de feto. Pe1il nas calças. Sua m~e lhe balia sempre por i.sso. Um dia, ela,
primeira vez. depois de tudo, se lembrou da mãe. Ainda bem numa Oi$c de rai\•a, ao ' l'f:r o 1nenino todo ensopado de
que aquela J)uta linbit morrid o! Ele sabia quem havia mata· mijo.. puxot1 a bimbinba dele atê q~ arrebentar. E dJzla
do a n1ulher. Tlllha visto tudo direitinho. Na policia negou para ele aos benos que aquilo era para mijar. para mijar.
que estivesse por perto.. q ue suspeitasse de algu(m. Oepois mijar, mijar•••
de uês ou quatro idas à delegacia, os policiais acabaram por A dor que Oi Lixão sentiu naquele- dia voltava agora. O
delxã·lo cm~ De sabia quem. PottCO lmportava. Que dei· que era aquilo? Naquele dia a 1nãc havia pu.xado a birobl-
~nt o h<:uncm solto. N!lo gos-t;iv:i. ntes1110 d<!! m;tf> Nf"-. n:h:i dclq. Agora ele er.a grnnde, experlmcntõldo na vid0;. TI·
nhuma falta ela faz.i.3. NiO aguentava a falaçJo dela. Oi, vai nha Lei.oado um chute no saco, nos ovos. t doía para cacete.
para a escola! Dl, nllo fala co1n meu:;, hon\ens! Di, 4...>u nasci .-\ vontade de miiar se confundia com a dor. Naquela época,
aqul, você nasceu aqui, mas dá um jeito de mudar t >seu ca· pen.sava qoe a bimbinha só sentia para mija.(, mi jar.. mi jaL
minho! Puta safada qtte vivta querendo cn.sl~r a vida para :\g(>ra não! 11nha crescido, '1 bimbinha se trarufonnado em
ele. Depois, 1>0uco a_ di.a.nta''ª· Zona por %01\a, ficava all mes- pau, cacete. H.ã muito tempo bavl<t descoberto que birnbi·
mo. Ll fora, o outro mundo também era u~ iona. Sabia nha grande, em pé, tlnba outro fazer~ nrtha experimentado
quem tinha .-natado - mãe. E dai? O que ele tinha c;om isso? i.Sto nos quartos daquelas putas.
As panes de baixo de Oi Llx:.O doíam. O dente c;or1tiJ1ua· Fôi também no quano ao lado do de sua mãe, com uma
va a latejar. Será. que ele ia morrer? Serâ que a dor de dtna la meJ1ina d a id.'fde dele qoe co1no ele: havia nascid o ali, que
se encontrar com a dor de baixo? Será que o encontro seria experimentou o primeiro prazer- a dois. Quando acabou
uma dor só? tudo, quase morreu de vergonha. Estava oa c;ama ainda e não
Pensou no colega de quarto-marqui.Se.. () menino havia C01'1$'1)'Uia parar. Não conscgu.la parar o mijo. ).fijoti·se todo.
sido mais esperto do que ele. Fugjra. Ganhat~ o n1undo . Já Oi Lixão estava com vontade d e mijar. Queria levantar
tinha bastante tempo que os dois dividiaot aquele espaço. e não podia. la soltar nas calças. Não podia fazer. A mlle,
De dia perambulavam pela rua, cada qual 1l0 ~o ganho. aquela puta, era bem capaz de Vivl!r de novo e vir c;astig::i·IO.
Encontravam-se ali no meio da noite. Às VC"l.t'S co11vcmva1n Apalpou.. meio sem jeito e eottrgonhado, as panes doidas.
multo. falavam de ti 1do. Até de um pai, n1enos d;;i mãe. OI O dente Jatejou fundo no profur1do da boca. Dor de de1t·
UXllo achava que a história da mãe do outro devia parecer te mata~? Não sabia. Sabia porénl que ia morreL Mas isto
com a dil sua mãe. FJe não sabia se gostav.i ou não do me- também, como a mone da mae, pouca hnportância tinha_
11ino. Tmham quiUc o m1!$JU3 Idade. O 1ncoino, ~P"!9T rlP Ondv ~va o desgraçado do outro? Só não queria morrer
pequeno, tinha quatoae anos. Ele, no 111ês a11terior. n u1n tãosoUnbo.
dia qualquer, tinha feito quinze.. Os primeiros trabalhadores pa:;$avam apressados. 01 LI·
O dente de Oi U..xão latejava compa:s~1-dank"1ltc. Et~ era xão ceve vontade d e chamar um deles,. mas silenciou o de-
uma dor só. As dores haviarn se encontr.uh>. Doía o dente. .sejo na garganta O sol a11unciava o dia Q\Lente. Ele. entre.
Ooiam as partes de baixo. Ooia o ódio~ tanto, trem.ia de frio. Sentia um vaiío na cabeç-a, no peito e
76. • 19
.........
~
co'fCOÇ&O rv..atSTo
Ror. Às VettS o casal se dtsgJrrava. O\IS na mtsiua hora, maos, qur escorregavam l<vrmente n.a di~ do palmo do
respi.rat1 o ~ se fundll dt- novo. Lutnbii ficava por
stfl'l outra pes>oa, ou subsritulclo pelo levm de um. lkx·!Orriso
peno olhanclo de soolaio para • mulllft. E quando nou•-. q1.11t se abna ~ Intenção de um &ãblo a outro
q~ ela estaVa ioda mole: to homem derretido, o 1ntnino Lumbii tinha ainda ouuos truques. Sabia chorar, quand o
st punl1a quase entre os dois, com a Oor eo1 ri.Ste, hnpon· queria~ Escolhi.a uma meA qualquer, .sentava,. aba.ixava • ca-
do a mercadoria. O calioentt namorado enfiava a 0 ·11o no b<ça <.. bo.nh•vo oro Uptmu. Semp~ começa--. chorando
bobo, UraVJi o dinhciro" ptg1q a ros.&. rMOmeçando oca- por "''-'" ~em mdo l$ lôgd~ msaiada>. o choro
rinho. As \'UeS, rao distraido no bell•-b<ii• estava o casal real, profundo, magoado se contundia. Nas histórias. que
que a rosa nJo era c;olJ1id.t das mãos do me11ino. E o troco lnve11t'1va nru mo.mt:ntrx ri~ t"boto para comovc-r ru ptJl:JO-
honestamente oferecido ao lreguês cansava~ 01>erar na as, tinha semptt uma di»JmuJadi verdldt. Utn dado real da
ln.IO do \'<'1dcclo<. LumbU calcul>nclo o lucro da vmda vida dele ou cio amigo Gungo .. ronfunclla rom • lnw:nçõo
sonu feJi:L Ás velJeS, o menino usava outro ardil pan im· do menino. EmquantochOrJVi. o pranto ensaiado pa,..co-
putstonar a vcr1da. Che-gaVI eloglmdo a mulha , dlzl~ que mover os comprador~ C01\ tava ora sobre a surra q~ ha·
ela era linda e qur 0$ dois iam ser multo felizes. 1h1via. ca- levado da mie, ora pt~ IT!<'fQ<looo que estovo 6<ando
Vl.l
sat.s que tt:J90ndWn: oncallloda (e •Ir preciso,.. rttom.t pan ..., com um bom
mui~ dr vrnda), ou alndo, ptlo dinheiro, huto de seu
-Será? Est~mos tern1inand o agora! trabalho. que linha sido 1on1ado por um mertino maior... E
aos poucos. cm meio às ">"trda~entim que tinha lnven-.
taclo, Lumbli b se descobrindo realmrnr• t~ t.1o triste.
prol\lnd>mrnte magoado, otorment•do ttn $<U ptlt<><o<a.
- Não b.i grande amor sem problemai! Uma Oor, umil çJo menino.
rosa na despedi ela de vods •• lfavia. por(:m, uma oc.uuro em que nada ameaÇttVi os
dw gozmos cio menino: o ach""to do 'total A cidade se
Vencia trmpR'. f<eiiz, Lumbiã • o amigo Gunp depois tnfritaw. com luzes que t.01a">'im de todos os cantos. Um·
riam do bdJO babado do homem e da mulher. FJ• sabia tom· padas como foguo!ras incendiárias at..vam um fal$0 fogo
bém que não era só homtm e mulher que se beijavanl. tt.- Uuminádo sobre 4$ fach.ld:1s dos ptédjos, sobre as 11rvores.
v'la os casais,, cm que a dupla era formucb por sontlhantes. <W noos, dos l•Jdlns públloos e priVJdos. Enttetwto, não
Hom<m com homem. Mulher rom ruulhe<. E>ses COSlls nio
se beijavam ~n público. ÀJ vezes fatiam um c:annho ripido
... esse ptn>ttcni<o e>p<dculo ""° xdum l.uml>U. Nom
o persoDagftn Papai NM t(\rdo e fcJii. cxun o xu 1orriso
1\as mã0$ do ouuo. Raramente con11>rav.irn «)$a$. As mu.. envidraçado d entro das vlttines. Das Arvores de natnl, nao
lheres se awntuf'íl'"~ mals. Comprav:im e ofertavam para gos111va dos plnh<iros ilumln•dos e coloridos. Dos pmeo-
1 amtga pn:5tnte. Lwnbl.i prava multo de aproximar <k>5 tes upouos nH vi~ prindpalment• oS embrulhados,
easats scmdh1n1es. Gostava da troei carinhosa q~ ele is unha vontadt "" llJ>ilnh>los e arnaȋ-los. Reavo Irritado,
vttts a$$i.stta entre esses pares. O beijo en depositado na-s sabia que tudo eram calx.u vazias. Só haVla uma 001~1 que o
• ? • ...
O sinal! O carro! Lumbü! l'ivt'lel Crlan(>I Elt. Jesus Me·
nmo. A~ ~. quebradosl O.US.memno,
l.umbiã morttu!
Os amores de Kimbá
•••
os AMOitc:s O( (lwa..(
...-wnho 010 seu.. Vó Lldwnira., a. '~lh,a wntlnte.. que dunn- onde de Ylnh1? Com quctn ek saía? Perguo1avam tudo em
te toda • nolt~ aflitivamcn1e munnurou retas, tOS$iu seco <ÇIU\ndo Olhav.tm poro de de dJt1c1 iil. IM:lxo, e O olhar delas
e piga11eou. uma ave-maria. As duas fnnl1s de- Kfn1W, que para ...a fustammte all. Um dia ele estava com a btaguilha
igualmente ali dormiam~ se.1nidcs1>er1ds pt-k> acordu do abert41 e s6 percebetJ quando os olhares das duas pararam di-
til(>\lZ., disputaram Jllais un1a v~ o (1nlro trnvnselro, em que reto 411i. mexendo com o pudor dele• .Envergonhado, puxou
iuntas aninhavam a cabeça. Sua m:ie e sunJ 1ta>-, tambêm o zíper. Porém, nlo linha nada a h!'mer. o membro donnJa
contam.imdas pelo 1nCWi.Jnenta.r do mO('O, 13 do o utro lido esquecido, 1nado. Ele det<$tilva la!lnbém ter de ser dois.. rrês,
<Ili parede, estremeceram, cada um• por sua \.-e?. nl3$ como vãrtos talvez. DaY1 rrabalho mudar o rosto o corpo, mudar
1
x tivessem sJdo atravesPda$ por um1 mesma e 6na Umlna ot~ o gosto. Sona !Jo bom ><> ele pudes>e ser só ele. M., o
do aço, do cabeça aos pé. que t:r-1 ser ele? En ser o Zttinbo? Era.ser-o Klmbá?
Kimbô olhou comoYido par> o innlo mais mho que dor- ~inho aHC<u solto pelos becos do morro. Empinwa
DlÍil aU oo mesmo qu.ano com de. Gosova do mais ""'tibo. pipas, ' - · pleolf, •pcmdlo ""' pouco das coisas da ...
cola. Ganhl'va uns IJC .,: )S da; mie e ~ tiR Bcigava rom
Collado do IWmundo! Sana- bôt»do • ><>mp!• q.....000
COI.is e mUs cacbaça. Obsuvou a irnobibcbdt do outro e riu ~ lnn.is. "'°"ª""do ""'em quando uns goles"°" plnp do
do su. pniprla agru-, de ...,. lll0\1tnentos ~ cllttçlo, innão, que ;> naqu.11 fpoa bebia mUJt0. Zezinho gostova
M'lll aJ\"O certo. Lrvantou, e~ pf .sentiu melhor o seu cor-
de jogar apoein. VO>ó Udumlr.a pepn o rosãtio e fiava
po. Er• olto. Espichando o braço, ulmipaJJin o tdb.ldo. rezando--rttando. mqu.into de &QQVJ um J.nimigo lt'm:gi·
nârio. Da ,....,, pedindo a S..nhora do Rosário que prot..
Flcoo um~ gozando o praur que >eu tam•nbo lbe
dava. Sabta-se alto. Sabia.se forte. Sa.bla-K bonito. As mu- gesw o menino. Est~va dwgando o tempo de guerra. dizia
lheres gostavam dele e os homens rambên1. AllJis, foi. u1na VOY6 Udumira. Zttlnho m . Jogava capoieira até se cansaL
dcKoberta que lhe asSUStou muito. Unm :11tuaç3o pertur- .Drtpois en1:ra...a no unqu~e se ~hava. Saía ffC'$CO e calmo.
t>.dora que ele lutava para esconder: os llOintns gost.1van1 f>f'vi-3 o morro e ~ (ncontra.r os .i1uf.gos. Ele nao gos.t1va
dde também. de seus colegas vlz.inhos, ptava da turma Já de baJxo. No
KJmW desceu um por um 0$ degraus d.a eKadarla da la-
meso delesl os lti de b\llxo. <'le, Zezinho, era o diferente. Era
deira. a
e-1n baixo sentiu dor e 11ivlo. nnha con.seguJdo o que jogava CJ1podr1, o que morava no morro~ o que COO·
sUr do buraco. Deixar tudo pan 1rãs. Todos os dias l>COSa\'a tava as J11st6ri1s. Era ouvido sempre. Frequenta\--a a casa de
•lguns sonhondo com o dia em que teria tudo como eles.
•••
1 CONCOÇAO tY4111S1'0
•••
1 1
Cl,4't00(A
l 1
ao empurra~pu:na. aos grit0$ 005 c:imelôs, às retAs dos lou por cima d ele p.>,. atender uma pessoa. Ardoca resplr.o-
crentes. às vous dos W:bados. aos Jair,cntoJ e cochilos c:k>s va COC'll djfi(UJdadf, deba:i.xo do negro de sua pele, um tom
trat»lhadolCI e tni1»1h~ cansados.. AssiSltu Inúmeras amarelo desbotado aparecia.. Uma mulher levantou, corn·
vcin,. romo tõtcmunl1a ~e niuda, a assaltos. assasslnil· prou um copo d'ãgua e deu.lhe de bebe~ ttnt:lndo runún>
'°" báfico e "'°de droga nos vogõcs su~ A ado -lo. Os cr.,ntn coollnuav•m bradando o hino. O >'ft>dedo<
via,gem. Ardoa mais estranh.ava e dei;.acOsrumava à vlda do de dg~. buscando um espaço para fazer valer a sua fala.
trem. Queria vJajar co1n o D)('SffiO descuido de algu11S que anuncuva o seu produto em Altísslrm vai. O tttm parado
Ío&3""3m pon1nba ou donni.lm duunt~ o ptrcwso, roa.\ continuava mO<tificando os ouvldos fragllizados de Aldoca.
permanecia smlpre desesperi.d amente acordado. Estava Enquanto Juo, suu vkfa id )e aprotuelando mais e mais no
semptt atento, tenso. como se o u~, a quaJquer mornm.. dis=ru de rudo. ~ buscava a ~ Li oo runc1o. 11
to, p1 d~sse aulOCOlidit, S4! autõe"mbuafunhi1. fazendo com mulher que lhe socorreu parf'Cia querer chorar. Neste 010-
que o tiltln10 vagão se fechasse em drculo sobre o prln1ciro men to entrou no vagão u rn passageiro co.rrt.ndo e g:rttando.
~ soJwse tudo pek>s ues.. ~. eDlpur.rou u pmm'5 buscando ~sagmi e1n
E foi então, que ~ u1na urde, Ardoca c:amlnbou com direção ao rapaz desfaJedcto, chanu1ndo por ele:
llaSSOS lentos vn direç.Jo a esbÇ'.fto. Erti sábado. O D>OYlrnen-
to monor de ~ não pranuu pcl<án • "°""'bii-
de de um Jug1r vazio. Ele ~ senti.a cansado por todos os
- Fl, Ardocal E, Atdoca!
d iill, todos os trnbillboS. e por todai a vicb Enttou na fW . .Rapidamente o tomou no colo, deSau do Irem, o de~
para a rompno do bilhete. O funcion!rio deu·lhe o uoco. srtou no bi.nco da estaçao. A composlçJo infdou f('n tame11.
Ardoa co1n um gesto recwou. Olhou e) t~. a co1n1)()Si.. ~ i1 panJda. Ci de- d<!ntro; a mulher que se (()lidoera de Ar·
ção parttet.Hhe mais l.onga a.inda. Sabiu com 1!!6o1kJides. doca• alguns outms pl=i<lros •inda puderam 11er. Aquele
enCOSlOU-se i parede do vagJo e depots Jeotamentt- íoi es.- que o socorrera estavt1 a meter a 11130 nos bolsos d e AJdoca
corrqand o o corpo ar~ chegar ao chllo. Algum.. ~ • • Mfl"""1·1he os ,.potos e o n!lc)glo quem lllliil no pul-
riram. Algufm gritou que o homem estava bfbado. Outro so. Ardoa estan Jendo ass.ahado. A mulh~r fez. m~nÇlo de
completou a observaçto dittndo qut o <linheiro do J>Obre desc<?r, mas• máquln> pnhou velocidade, p;utlu. Nao era
não dava pata o al.imtt\LO, mas dan para a a<'haça.. O trem pr.cJso JlOr<m nnn dor, """ t.\pimas. O ootro podia le\>ar
continuava parado, mas a barutheln sobre 05> trilhos atcan .. os poucos penl•n<:ft de An:k.x'.n. Podia comar.Jhe tudo. Ardo.
çava t feria os ouvidos de Ardoc.a. Ek sorria um pouco. Um ca oJo lfnm maiS na<b.,. nen1 a ~. ~ tarde, ainda
suor frio escorrii 50tltt a SU& fx'e. Um gnipo de cttnla a.o.. no tnh>l!Jo •le raol...,. 1utlo. ~'um ~o des<$p<rado •
tava olhando para ele toJnO st quJ~ oolllO\'ê· IO. Alclui• S<Jlit.irlo bebero lentamente um \'eneno e decidira levantar
vam IOS altos brados um Setihor q•, stgt1ndo eles, fala~ pan morru no.,..,,_ O outro 1.....-. os pertences d< alguém
rm sl}fodo aos homens. Ar-doa a~na,'3 o corpo, que que 1' de>perttneio â vida e J•zla no oor10:> da csuç.10.
pendJa lentamente para u1n lado. O JlaSJagclro do bânco O barulho <la màqulna l<>bre os uUhos entoava uma mú-
próxltnO en<OI~ o ~ Um camd6 que ''""''ª
Agia po- Sica riquian de daanso <'lemo""'" llrdoca. Am.!m.
•• • • 91
A gentP. com binamos
de não morrer
radC)s.. A vida ê capim, mato, lixo. é pele e c:abelo. te não e. calava, c:antava n1als aho ainda. Urn dJa. com tanta raiv;t,
Na ttlcvls.lo deu: cantou tão alto. que quando parou estava rouca e soluça_n..
do. l~"O olhou para el<l de Josl>io, podju • ~ • saiu.
- Mahn!D a mu.lhn, puseram o t'Of1JO na Uxitt~ t atu· ~ ~o m«ro. Vildlou, dançou. Minha m3• tt<dJeu
run fogo! a notida que da lá espera'·~. Foi lá, acendeu uma veJa perto
do corpo. U111a fumadnha·m~nllta dançava ao~ de ~o.
Dorvt respirou e ~pirou fundo. Mas que merda, pó coo· S6 ela, a fumo.clnha, a mãe e ai ali vetamos o corpo de meu
ranunado. •té puttt t•lco para p6r na bund.l de neném. onnlo. Um t>po, dcM< bpos. ddontes, patas posam na gmtt.
Pois t. meu filho rwct'U. Um pu>go ele smte. Qoando Bka (Ja)petcs,, como facas afiadas. brincam bhUl&"'f", cnvan1
1r~ mos1rou ne1n U\"t conigem Ot olhar direito. Pequeno. fencJas na nosY rJo esbutatada vida. Balas cona111 e recor·
tão ~ueno! DeVttln rer fiado na barriga da mulher. ou ta1n o corpo da noite-. Mais um (.'O rpo ton1bou Pet1$0 e1n
methor, lnrubado t0mo semente" dentro do mas aralbo. Oorvl Apalpo o meu. l'dto, borriga, prm;u._ E.<1ou de pé.
Quis cutuar o putanho com a ponta ele minha ...-opet>. Mftl nc:sotm dorme. Ainda n'le tatoeana..uoaquik>qureJOU..
Sia Jt ar.astou corno se o fi.lho toue- só deQ.. Nlo sei pua
quto medo. Saraivadas d~ b~ de instantes em inst.lntes, m.u1n·
~m no interior dõ <..1LS.J... an1eaçando a divers.io da mJe de
Não ~I porque o pensou a.a. Se ao 01enos o medo
~01 Bta e dt Jdago. Dona Eslbllnda levanta irrltW e ml.Jll.ii de
me 6ttsst recuar, pdo oootritk>. avanço mau e mais Ili aml dt tdevt1k>. U kln. balu e babs,. lndtp<ndente do
meomo ptopoiÇiO- Olfdo. t como se o medo"'- uma dtsitlo da mulh~ executam continuadiment~ a 1nesma e
cwagc:m ao contrário. Medo, oo~. medo, coragemedo, .sca sonata. Uma programaç;Jo mais arnma vnl elltOrpeccr1-
coragcn1edo de dor e p~ 1l lco. A fe.sn está se d3ndo. R:illts CO· do os scntkfo:1 da n1ulher.
ítitam o cor.>ção da noite. Não gO>to de filmes da 1evt. Moae O que rmls gosto na tdevlsJo ê de DO\'e'la. Acho a mlk>r
t ~ ele .....,ti.a. Aqui, não. Às Vttts a mortt f ~ como bobdra futebol. polida. eotmV>I e show. ~em Um·
a po<ita. E• vida se a>nlunde com um pó branco qualqueL bêm ~cm. campanha conm a fome. contra o~.
Às. vues ~ wna fumaça adode<:1d.a mcheodo o pulmão da oontra a \ida, <.'Ontra·contra. C0t11ra ou a favor? Sti lá, oon·
gente. Un1 tapa, dois tapas, ttts tiros. .. Minha 1nk bri1tcava fund• tudo. Acho que ê conu11 mtSn10. Contra e nao. Con-
a$$lm com a gente: •u111 dt(antr omoln a #Jll~. amolat Dais tra·mão. A.ado se.ntindo dores MS ptma.s.. 'Dmbérn' -iara
ri<funteJ amola a J<'l(t, 01.-, ª""*' Tli< d<:(anto ....,.. a d'jgua m cabeça. ü vol ~·.Sobe o morro, de5(l: o IDO<·
gc!'IJtr, amola, amola, amola, pa.tro dt(ont~... tO f se cansa deul dança Alhos? Não VM• bom., ro doi).
A \!\da~ t.anta amolaçAo. A minha mãe ia e la. ~ia amo- Cuspi tora uns quatro ou clnc:o.. Provoquei. "El1 CIJll{t:S.sut,
lando li gente com aquela ca-rttig:a besta, mas Clllit me fazia 11w (()nff.SS,IJ a lkrd, n,tu aios.o 31mdatltJr. btntl1tD 1D1s i.'6s. quc
íeliL klago,. meu inDAO, n.IO. fJ~ ftava puto e ngndava a olN po< mim" Na noV<!la da> oito, Lidiane .,. bobá do mt-
\."dlw alar a bc:K:a. PUQ 6av.l a mk. Era t'l'tHmo o l\nal dos nino Cuias RotlttgutS Magninlmo. Ela erulnou •criança a
tempos.! Onde iá se "1u, filho ma.odu a 1nãe calar? Ela nao ruaL Tudo era grande na casa dos Rodrlgue5 f\.iagnãn11.no.
100 . O IOI
p:ira b:tixo '-ê o maL Quero .. morte lenta e caln1a. Qutto con\ o filho do p<ltrâo. BonJ10, rudo Jn tilto boni to. Ch ort:I
boiar no profundo fundo do mu. Quero o fundo <lo mar de emoção. Quat1do choro dlante de noYel.1., ctioro tam·
-amor, onde <te-1' rdnar mm.no. t li no prolundO fundo bém por outm coisl.s e ~ vida ser t.io d.úêrmte.. Choro
qur "°" conmuir um astdo pan a mo<ada de meu 61ho. por coisas qur não gosto nem de pensar. Dorv! e com~
Blca, 1>redileta minha, vii 1amb&n. F.Ja sabe qur da ponta nheiro de Bica, •ninha filha. Fízerarn tlm filho, meu 1,rl·
d a CSCO()eta rambérn 1-1ti carinho. No fundo d o mlJ, rllundo melro neUrlho. Acho que nso rcrei tantos. Não vou delxar
algum <xplOde. Boa, dileta minllo, • vldo explode. Expl~ Bica '"in.r mulher p.uideira hso de ter muacos filhos tra
o
de. ode, Ode, ode- M••~ meu desejo f wn C3Jtdo do meu tempo. N<m eu vim Que Deus mt perdoel Serj
de - ? M'11 ,.; _ Um di.l. copo de uísque no 11\JO, de li qut minha alma vai padecer""' logo do int'tmo? Outro dl•
de-dma olhei o mar. Eu era grat."Kle, no alto de tudo. O mar me contaram que Dorvi é$l4 complicado. Eu pensei outro
fâ en1bal.xo abrindo 10<10. todo. Grande é o ~r. Quando futuro para os meus fi.lh0$. Jdago. pois f., Kilba.ram tom
n:io estou com minha anna por perto, me borro~ n1edo. o gaTOto. Dia f t.ão intt'.Ugente. Na f'SCola Rlllpre Sé satu
Ttnl>O vonl3de de choRL Olhando o ma lá de d:M. vi qu< bem.. coosqu1u estudu at• a Oitava sê:rit:. Gosu de tt.kvf-
pequeno sou aL O outro,. o qu\" me fornece~ estava na sala sio, mas tem a mania de implicar com as minhas flO\',fas.
com os amigqs e me chamou para dcnuo. Ê um ptSSoa.lz.i· 01z. que ell vivo n o mundo da tua. Eng.ano dei•. Eu .sei que
t1l10 rnclo be$ta. NSO ten ho ilus.'lo. O que teinos ~n co mum Dorvi est! complicado. Não t - c:tflpa. Ou tem? CoDS<Ogul u
ê o p6 do qual somos feitos. É o p6 que oos faz. mais n.>da. es1abelecer um ponto.. arriKou a pele t: manthn o próprio
M.is o meu p6 CO<tt mais perigo. ~ põ vila cinza ripido. n<gódo, mas confiou o.a pessoa emda. E agora o pesiooJ
Quem lnttndna? l'odo ser• polida, pode ser qmlque< um do B>ependl, o ••I folD<'ttdor, quer• p;oga. Disseram que.
de n6$ mesmo, grupos rivais. Qut:ro o fundo do 1nar. Que- se Oorvi levou unl banho, eles~ que não vJo se banhar na
roa prt>dileta m inh.a e o meu putJnho que 11nsceu. Um dia mesrna água. Eu sernpre gosctt de Oorvi, menino que tu vl
vou ser "ª"""e&ilnlt. Vou comprar um ba.rco-estteb com trê$ <r<S<eL ~ula Idade rorn 81ca, mas nãO t o companheiro
lupm. Tou doido, vtogen kgoL A terra vai oplodir no qu< .., queria para dL E acho que oon d&. Eu tenho es-
mundo-anal da 1d<-vlsão. Aqui lora lã explode, rnalandro! peranças de q~ Bica. a minha menUU... nlo SofJ quando t
A pruncira ~t cu n3o sabia aspirar tudo. Os dest)OS, osso- t'On10, terá outro destino. IRsde pequena era aienta a tudo
a viagem, tudo se atracou n.a minha garpnta. N~
1lhe>S., Já leve outros namorados. indusive um rapuinho crentt.
fa.Lat eu podia. Um dl.1 vou ser rY\qante... Quero faz.er uma Bom 111enlno, mas Bka nãO gostou ddt. l>l%la que de u•
~ profunda, pro fundo do 1Dl1.amoc. Pr<dll<t• minha. um ban.ana.. Eu n1o mlendi1 por que. U m menino tao bom
o pulinho meu e eu,. 05 nês... A 'iagtm funda que afunda.. A m.
f'a1ndacom a i.arantiadt e.'\t.1r 14"1nge drop3. fot ai qut
vida vale? A dívida f minha? Co1n quem d.ivldlrbSa divlda? tla encrespou. Bica diue qu e elt: era drogado sim. Drogado
Esy, dúvida? Dileta minha. pu tinbO !ll elL.. ptlJI 8íb!U, i><lo pastor, p<l• igtt1•. enfim. Que nem von~l·
de próprio tinha Njo eottndl ruda. mas pa.,.; a observ•r
A babá Lidiane, do ~ du ou o, aabou soúnho. Não o menino. fJe ra.lmenlt' parece uma. pe5$0I se-m sus.tino3,
gosto! do finaL Assisti outra D<>''tla em que • bobô casou 5efl1 a coragem de Oorvl. Ess11 diferença eu noto, 1nas n~io
• •OS
1
CONCEÇÃO n'd1SfO
101 .
• 109
Ayoluwa, a alegri a do nosso povo
lho. ahmerttos. água. rnatêda para os nossos pensamtntos e ttntro do pG\""<lo. A '~dos corpos ;o.._ dilam.dos
sorthos. pabvr» par.tas nossas boa$. cantos para~ o0$53:S .,. • paJsosen maior• comqueua d;.nte de nossos olhos.
vottS. llJO'l\mmlO, cimça, destjOS paro OS nos<0S corpos. O~ do •ida ckuou de ocontecwwnt>em. nenhuma
Os mais \."dbo:s, acwnulados de u.nto so(nmtt'lto; olha· -~ - .. ""'. ch<goda dos - tudo piorou.
..m par• tds' do passado o..ia ~heclom no pmenie. As vellw parteiros do~. cansadas de esperar por no-
Su.>s lut•s, seu faZft • sabe<. tudo potttLl t<r se p<rdido no "" n>Sdmentos, sem lunçlo, b.a•i•m cksistido lgualmcnro
tempo. O qur fiiram, então? Oerom d• clamar ptl• mor- de_vavu. TinhJm pcsccbido 11.1. esasscr dos putos, que suas
te. ta todo lnstante elcS partiam. t. com a c:rlstaa da f.a.lta m.aos aJo tinham mais a sc:rventia de ~r a Vkla. Nenhtt-
de lugar ("nt um mundo Mn que eles nao se reconhtclam e ma famiWI m.ii.s fcsteja.-a a esptt.trlça que renascia no surRJ·
nem reconh«@m mais, muitos ~ foram Denttt dcs, me mento do prole. As crionç.u fcnm <JqU<ddas, ficondo lolll!"
lc1nbro de \>'Õ Mo)''O, o que trai.ia ~ saOdc, de tio Ma$Ud, do coraçio dos grondes. E os pequenos. os que iá existiam,
o 4lfortunado. o velho Abede, o homc1n abençoado, e OU· como Mandlsa_ a doce. KizzJ, a que veio para ficar, Z.Ola, a
tr<» e outros. Todos estavam enfraquccldos e C$qutt"ldos da produtiva, Nyarne, o criador, Lutalo, o guerreiro, B\~ranl.
íorça que t:raziafn DO Significado de $Ct15 próprl~ nomes. o bem·vlndo, e os bem novinhos, alguns sem palavras aiil·
As \.'ribas mulheres tarnbêm. FJas. que sempre lnve11tavam da na boca, s6 laz.la1n chorar. r1anto ern \'âO, Jã q ue 0$ pais,
formas de Mf.ren w e --v·ence:r a dor~ n3o acreditavam mais 011regues As suu 1>r6priu tristezas, desprezat'31'D as ck- seus
na c6c.kia ddas próprias. C.omo os homens. des1ttnbrttvam riclx~tos. O 1\0:UO (>O'\'C»ÔO lnfótil moo:ia 3 míngua e mais
• pottnci• que ,. acho"ª resguatdlKlo panir d• suas deno- e ~aJS a nossa "tdl J>a.s50U, desq>erançu...
minações. E podiam •-..menr.mtnt< à vida que <>qu«US<' A noít•. quondo reunlamos tm volta de uma fogueira
dd» •que as dril<a<Se partiL foi com <ss< estado dt tmmo mais dt dnzas do quo de logo, a m m - maiOr ,;Ilho de
que muitas delos empJttll(ieJam • demdtin vlllgl"ftl: V<>''Ó nossos .......,..,._ E em ...,.. deuas noites de macambúzla
A.ntin&, • padba. da Sek. • rnulbor f~ como um elefan- fa.b. de um esbdo l~I de banzo. â>fllO se a dc:w nunca mais
lt. m.k A.santeWU. a mu!bet de guma. •guerreiro,• ainda i........, ap.11'Ur de nós, wn.1 mulher, • mais jo>Tm do d<S-
M;ahU, • runfl;I. Com a idi de D0S10S mais velhos 6camos falcod.1 roda, troux• uma boa fala. Bomklele, a "'l"OllÇ3,
mais desamparados ainda. E o que dizer pu• 05 nossos !O' anunaou que l.i •~ um filho.
vens., a não ser as nossa;$ lrlstc:zas? A p;utU d.lqude momtnto, n.lO hOU\.. quem não fosse
E atê eles. os moços, começaram~ se cncaruar ctc.1tro etc. fecundado pela esperança. dom que Bamidele trazia no sen.
tC'S mesn1o.s, a se tomarem infelizes. 1~.senm.s.t a matar uns tido de~ 11omc. Toda • co111unidade. mulheres, homens,
11.os outrOG, e a ti;:tltireni mntra a própria vida, bd>cndo li· 0$ poucos \•elhos que ainda _per,istiam vivos, al~ns mais
quidos maJMic<n oo aspirando u m tipo de areia f\ninha que jovens q~ cscolh~ram nao n1orrer, os pequcnin.inl1os que
em poucos dias acum\1tava e eodurecia dmtro de ~us pul-- ainda não 1lnll1m sido co11tarninados tO(almente pela trls·
mOes. Ou Mtão sr deixavam morttr •OS poucos, ada dla um t~ todos se c.ogravldar&m da crianç.a nossa. do li(>r q~ ln
pouquinbo, descrentes que pudes.se existir outra vida SialiO c~ar. E antes. multo antes de .sa.be.rmos, a vida deJe ~ cs.
aqudJ., para vtvcrcm. As mies, dias e oottd, cborav1m no tava escrita 1\a linhl clrcW.a.1 de !"°5$0 tempo. Lá es«t\•a mais
•, l • • ttl
COMet1ÇÃO EVA-IUS TO
••• ..,
CC»t<:EIC.ÃO t_'Y.tt,ltlSfO OS AM011C'J OE l(IM&Ã
KimW il se distanciando do morro. <:.lmlntuva com p.i.s· estava de pf, •-.,srldo no meio d> sala. Queda Ir •mbon, Jil
ios seguros.. cranquilos. A mbéni e t\Klo que cktntava dnha era tarde. ~V3 subir o morro. Os dois ins.istiram para
fiado pan ttis. Enfiou a mão no bobo. t()('OU na anel~ que de oc.u,..,. N;o, nao podio ficar nxsmo. o amii!<> per-
quo - tinha lhe tRZiclo do ot•rioL kth ""°"' -
e
tlt..,,,.... go5t1Ddo também do mulhtt Foi o amigo q"" lhe
gun1ou "'de quorla dlJ\h<lro pua o úxi. ~ queri>. c;os-
_,de mdor' pf peb madrupdo.
Wdz:ara com o nome micano quie 6«1'3 as 1pwcsc11QÇ6n. Klmba ..iu <loque~ en<0ntro de corpo 1....._ Não S>bla,
Eb eftl primiJ do unigo. ~Jvu. N' n01tt cm qut se eonJ'teo. porem, >e esta•-. fttlz ou infoliz.. Já unha ouvido t.Lu de
{'ft'lm, tinha KODtecido u.m eocoalro bom, gosioso e cheio pessoas~ transaVJm 1un1as. mas penJaVJ q~ fOSR e.aso
dr safadezas. de dnc:Qll, Nao sabta porque tinha hoito aqullo. A mulhet
Os dois, de• o amigo, tinham Ido ã asa de 8<1h. O ami- tinha um corpo bonito. ChriRVa a perfumes e .i sabonete.
go falava sempre dela. Estavam bebendo na $11.a, quando a E o •migo? O que deu no •migo? Quando pensou que o
mu lher ~ levantou, pediu licença e foi ao banheiro. Voltou amJg·o fosse ptnttrar na n1ulher, els que o homern se lcvao.
logo apôs, nua. Nuazinha! O •migo c:on1e.;oo a bclii·la e ta, vai átrás dele. abre a tOUJ),1 dele e ainda por c::ir1t a beJfa o
aariciá...ti. Aos poucos foi tirilado a roupa tam~n1. Flcaran1 me.n1bro delef Stt:\ <1ue o nrnigo era? Se-rá que era? E: ilgora.
os dois naquela k>uc" brincadeúa. O bomern li estava pron- o que ~te la fazâ? Gostava t~to dele. J~rf'C(l.leflta\13 a casa
to.. prontinho para ~nma1 na muJht:L K1n1bi tstava louco dele, saia co1n clt 6.s \'ttCS, Conhettra <1lgumas amigas e
t•mbem. Tinha ""'!Onho e dnejos po1 todo o corpo. Est>vo amlgos de.lcs. Nunca havia pe1'('tt>ldo nada. Será que o ho-
assentado. parado, duro. de tempo em ttrnpoCNza.va edes-- mem la dar em dm• cltlt?
CJUzava IS ~ O amigo vào ca~ndo ~t'J.mcnte Quando Klmba empurrou 1 porta do b;mam roi q"" mo-
""swo direçjo. Abriu• amlso e• a)? d<~ belJ•ndo.lhe ravo, já era madrugada olt>, qwse mmh1. l'<lcl< ocuw o
nidammte o membro .mo. l(lmW "'..,...ou o.pois o ressonv do a>'Õ. do mie, dos tias e das irmh. S<u iun.\o
>migo ~·lhe pelo braço e o empunoo em dlttÇao do R.aimundo, roncava alto. Da boa aberu uaJ.an um bili!~
rnulhet. Bem abAçou-lhe buscando o"" corpo com~ dt cachaç.>. Virou o lnnao com cuidado, o rooco diminuiu.
n. O •mi&<> .-.gozijou. Riu. riu• nu. Sentiu cm seu próprio corpo o cheiro da mulbet. Vestiu o
Klmbõ esqueceu o outro, esqU«eU dt si próprio • "' lan- calçlo • foi li fora no ••nqut. Pegou um pedaço de ..Wo
çou dentro dela. Quando se pttctbeu nova1nmce, fStl\'Am de coco, ligou • borracha e C:Ome('O<J a >e ensaboar. Tinha se
os três deitados no chão. o homem Qlmo, .sac.tsfef1·0 romo KOStumado com o .sabao de coro. NãO gostava de fnlgrin.
de e a mulher. E sõ entJo, se viu e se.ot1u nu Comparou o da de sabonelt em .si próprio. Depois veio para a cama. Se-
neopume de seu corpo com a ~vura doS t..'"Orpos dos dois. guoda.(e:ira, o dia Já rompia. Kimh~ n.âQ conHgUtu õom1lr.
Achou tudo muito bonito. Queria se vesllr. porêm. Suas Nas l1otas seguintes nao se lev1nrou. Não desceu o morro.
roup..1s estavam na poltrona. um pouco dbaante. E agora, Nlo foi~ supenncrcado trabalhar.
mmo cnminhar na rrente dos dois? Qutrl:a ~e Jevant111 e não Bctl1 possui.1 Kln1b~ querendo ter <::e'rteza de que o ho·
sabia como. O amigo e a mulher se le-.-~ntar.\m por ele e se mem era KU. Sat>;_a dele com Gusta"'o~ aliás, o conhecera
•ncamlnha.ram para o banheiro. Quando volt>ram, Klmbá por meio dele. lfJ mutco que o an1tgo nuula wnil p.1lx.ao.
•o• ...
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uin dcscio intenso por Kimbá, roas nAo Un1la tido • cora· do peito. Não poderia dizer para ningu&n, multo menos
ge.m de abordá· lo. No dia em que Gusr.ivo ratou que li. apre-. J»ra Gustavo. O omtgo lev~va tudo na b rincadeira.. Atê a
sent.i-14 • wn negro lindo, ll<th r>So se entusJ.asmou. Esta- amiude-dos dois parttia uma brinQdeha.. Não seria ele que
va cansoda dos .,...os <Ide. M., com poucos mconuos. lrb estnpr tudo diuodo q"" estava gostando da IIIOÇoJ,
no primeiro utvez. 6cara apaixonad1. u~ coisa tsliVil 1tM- Havia o pior ainda. Ela era de um mundo que diziam nAo
prtOCUJN1ndo. Tinha de re:solvcr n1a questão sozinhn. Não ser o dele. Gustavo l'Ambén1 iua das .. altas", como dim eJe
podia esquecer que entre da e Gustavo bavla wn ncordo próprio ãs Vet('S. quarldo se reítria às desaVMÇa.S que tinh01
tácllo. Nil<lo de dú.meS, nada de disputa enue os dob, aso com os pai>. Ek niO podio ~ !Uo. Tmh> de transor
um se mYOlvesse com o pateeiro do ouuo. Mas com Kimbi no meio dos dois• ter cuidado. muito eui<bdn
c~st.ava srnoo <U1eren1c. Não suporuva pensar i'ltk deitado Kimbâ achava Beth muito dJJnente das rnulheres que ele
rect'btndo e dando c.arh1hos a algufn1 que JlfiO rosse ela.. E COOh<.ura até tntJo. En diferente da avô, da m3e, dils tias
o piot e q~. ele que a11tes &c;avil tJo sem feito rla .si1u~. • dos inn.IS. Era dlferonte de todas a. mulh•ttS que de co-
agoa parKÍiill tJarultM, viver, faia amor &tura.lmmt~ com nh«ota na favela• no ttobalho. Diferente em tudo. o..de a
os dois. rmnriR de fa.za a coisa,. como N de se ws1ir depois. Tudo
Ktmbá jogou a igu> e sabão ao d>lo esfreg.>ndo Ylolenr. na mo.Lber- paredl en.saiido. Tinha posst para se1\ tar, parn
01entc a sujeira como se esti'-'CSSé conl raiva. Estava 1nesmo. IC'V'J.nta~ para comer, pattl se sen~r no Y3SO... Um dia de'\-iU
Estava cansMlo do dia a dia no supe:rmen:ado e cb noite a a mulher senta<b para f3ZJtt x1x.i ou coc:D. Ela atava c:om o
noite com 8etb e o amlgO. São .guentava mais. Ou en o corpo ttt'.(O, como tt estivesse em um trono. Kimbã às ""'2a
amigo ou en lletb. Eles lhe dariam tudo, caso de quisesse. achava que llcth en invmQda, t..bricada para bulir com os
Tanto u1n como o outro já lhe haviam feito a proposta, para sentimentos, com os de5tjos •com a vida delt.
que t-1<' deln.sse de trab.1lhar e fosse n1orar em casas deles. O a1ntgodc Klmbã tinhi cert('Z.I de que o homem n~er.i
Fn tm!lldOL Delx.u a favela- DeiUf a misêria. Dtlur a Q. SC'U. Sabla dele cocn Beth. Klmbi ftcava com tle por amiu~
mfüa. As rezos de V6 Udumio llx irritavam profundamen- de ou lnttresse talvez. s.bú que "' ele tiwsse clt fi1Uf uma
te A ,..,lha "23Ya por tudo e por noda. Eele nã<) vi. milagre rscolh.a, optaria pela mulhcL Sentiu um mhto de ciúmes e:
algum. NJo vaa nada de bom acoo1ccer com ela ou com a nligoa. Afinal tinha Sido eJe que havia apn."5Cntado KimW
farnílla. A avõ na.sc:era de miie e de pai que foram escravi· poto a amiga. Sab14 também que nJo eia justo 6ar rnagoodo
zados. Ela li era ftlly, do -VentR U\'re", ~tret.into viYtt.1 com ela e com IO.mbá muito menos. Nenhum dOs três ti.
• maJO< pane de ,... vida eollqut aos ll3balhos em uma oh.a pttViSto .s.en11meritos que p;ldes'se:m m~r a situaçào.
fattnda. A mk e as tios possonm • vida ~ g>$12ndo nos jamais havia pensado em se apaixonar por K1mM e agorill
tt1nques e nas oozlnh&s das madames. As irmãs iam pores- estava a li, deslnttrCS:Mldo de: tudo e de todc», pen$ando só
se$ mesn1os can1lnhos. E de.. ele mesmo. estava ali. niquele no homem, tal q~I namoradinho envolvido pdo primeiro
.,frqa·esíttga de chao d• supenn<rado. amo<. E agon o que ia-?~ rumos tomu ou dor aquilo
Kimbi ..uva gosunclo de 8«h. Tinha ""rgonha destt tudo? Como falaJ com KimbU Como mosuar oo rapaz oo
sentimento. Não sabll coJIK> 1.jeiw a mulher dentro e fora que dnha dado a brinadelra ...
• 2. ..,
COHCLllÇÃO (VAAtS10
'º' . • I01
wm nossa ~ ><ndo Jooçada ã vida pdas mJos
de nossos ancestralj.
Acamo< pknos dt ~ ~ nao cegos cliantt cll'
todas .. no=s dificuldade. Sabi>m<» que tínhamõ5 vãrlas
quesc:ões a enfrenli,t. A m.a10r era • now. dificukbde ln1e-.
rlot de acreditar 11 0,·1.mcnt~ 110 vaJor da vida... ~ias sempre
lnventanlos a nossa sobre\li,1ência. Entre nós, ainda estava
a experiente Omolara, a que h,avla nascido no tempo ctrto..
Parteira '1"_. h'pPlia com ~ a hi$l:6ria de seu próprio
nascimento. Omolara havia se recusado a se dci.u.r morra.
E oo manento t"XatO em que a \:Ü milagrou no \itnut
dt Bamidel<, Omolan. oqud> q"" linha o dom dt bur vir
as pessoas ao mundo. a conhccedal• de todo ri~ do na-.
cimento. acoDwu a crlan~ de Ba.m.ide4c. Uma mcruna qut'
t>uscavacaminhotm mdoa conentezadasi.gulsinti1nasde
sua mile. E todas nm sentimos. no lnstan~ ein qw Ayoluwa
nascia. todas 11ós Sf'nthnos •lgo :se: contorcer em nossos ~n·
t rl'S. os homens tam~n1, Ningu&n se assustou. Sabfa mm
<1ut es-tâvamos parindo cm nós mesn10 uma nov1 vlda. E
foi bonito o 1>rhndro choro d.aquela qu~ \"e10 pan tra:.er a
alegria P3ra o 110$50 povo. O K U irudal grito, comprovando
que nasdJ ,;va, acontou lOdo$ n6s. f. partU dai tudo mu·
dou. Toimmos ~mente • vida com as oossas mlos.
Ayol~ •legtb dt nouo "°'"'continua ..,~ nós. do
mo nao COO\ a pcomm> cio solv.çi<>, ims tamllftn nao wlo
para morrn na auz. NJo dlgo qut esse murtdo descomtt·
tado Já se consenou. Mas Ayoluwa, ~de nosso pO\'O,
e $ua rnlle. Bamldck, a Hptrança, contlnuam fermentando
o pãO nosso"'•' ntb tlh1. E quando a
dor \'em C1'1COSt:ir·se a
a~ enquanto u1n 01110 chora, o outto espia o 1tmPQ pro-
curando a soluçtio.
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