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Curso Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal

Disciplina Finanças Públicas


Tema Carga Fiscal e Tributária
Professor Alcides Mário Amaral de Oliveira Júnior

Introdução
Neste tema, estudaremos os princípios gerais da tributação (carga fiscal
progressiva, regressiva, neutra, carga fiscal no Brasil, Curva de Laffer, Curva
de Lorenz, tributos progressivos e curva reversa).
Além disso, veremos acerca da incidência tributária (curva de demanda,
curva de oferta, distinção entre oferta e quantidade ofertada, e determinação do
preço de equilíbrio de mercado).
No material on-line, acompanhe o vídeo do professor Alcides sobre os
princípios tributários, assim você ficará por dentro do conteúdo de hoje e terá
menos dificuldades para entendê-lo.

Problematização
A carga fiscal brasileira é a soma de toda tributação imposta à sociedade
relativamente ao total de riquezas geradas pelo país. Trata-se, pois, da relação
existente entre a Receita Fiscal e o PIB.
Segundo a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), existe
uma pequena diferença entre carga fiscal e carga tributária. No caso da
primeira, além de serem incluídos os impostos, as taxas e as contribuições de
melhoria, que correspondem à carga tributária, incluem-se também as
contribuições fiscais e parafiscais, como a Contribuições de Intervenção no
Domínio Econômico (Cide) e a Contribuição para Fins de Seguridade Social
(Cofins).
Para limitar o poder de tributar, são estabelecidos princípios tributários,
capazes de regular e estabelecer os contornos legais para a estipulação da

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carga de tributos à sociedade. Dentre os princípios, qual não é considerado um
princípio que não se aplica ao ordenamento jurídico e econômico?
Antes de responder, leia este material para entender melhor o conteúdo
e ter base sobre o assunto.

Princípios tributários
No vídeo de introdução, o professor Alcides falou a respeito dos
princípios tributários, mas vamos dar mais uma explorada.
Os princípios tributários são estabelecidos pelo ordenamento jurídico e
econômico, que delegam ao Estado o poder de tributação. A seguir, veja cada
um deles.

Princípio da Legalidade

Art. 150, inciso I, da CF/88


É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios
exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

Princípio da Igualdade ou da Isonomia

Art. 150, inciso II, da CF/88


Não deve haver tratamento desigual a contribuintes que se encontrem
em situação equivalente, assim como qualquer distinção em razão da
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.

Princípio da Irretroatividade

Art. 150, inciso III, alínea “a”, da CF/88


É vedada a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos
antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

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Princípio da Anterioridade (do exercício e nonagesimal)

Art. 150, inciso III, alíneas “b” e “c”, da CF/88


É vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro (ano) e
antes de decorridos 90 dias em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou.
Exceções: Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE),
Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF), ICMS monofásico sobre combustíveis e lubrificantes, Cide
petróleo, empréstimo compulsório para casos de calamidade pública ou guerra
externa, imposto extraordinário de guerra e contribuições para o financiamento
da seguridade social, que juntamente com o IPI obedecem somente a
noventena.

Princípio da Capacidade Contributiva

Art. 145, § 1º, da CF/88


Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Princípio da Vedação do Confisco

Art. 150, inciso IV, da CF/88


É vedada a utilização do tributo com efeito de confisco, impedindo que o
Estado, com o pretexto de cobrar tributo, se aposse dos bens do contribuinte.

Princípio da Liberdade de Tráfego

Art. 150, inciso V, da CF/88


É vedado estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de

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pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

Princípio da Transparência dos Impostos

Art. 150, § 5º, da CF/88


A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos
acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

Princípio da Uniformidade Geográfica

Art. 151, inciso I, da CF/88


É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o
território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação ao
Estado, ao Distrito Federal ou ao município, em detrimento de outro, admitida a
concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país.

Princípio da Seletividade

Art. 153, § 3º, da CF/88


A tributação deve ser maior ou menor dependendo da essencialidade do
bem. Possui aplicação obrigatória quanto ao IPI e facultativa para o ICMS e o
IPVA.

Princípio da não Diferenciação Tributária

Art. 152, da CF/88


É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios estabelecer
diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de
sua procedência ou destino.

Princípio da não Cumulatividade

Art. 155, § 2º, inciso I; art. 153, § 3º, inciso II; e art. 154, inciso I, da CF/88
Quanto ao ICMS, ao IPI e aos Impostos Residuais da União deve-se

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compensar o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores
pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal.

Princípio das Imunidades Tributárias

Art. 150, inciso VI, alínea “a”, da CF/88


É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios
instituir impostos sobre: patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos
de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos
da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.

Princípio da Competência

Segundo Hugo de Brito Machado


A entidade tributante há de restringir sua atividade tributacional àquela
matéria que lhe foi constitucionalmente destinada.

Princípios gerais da tributação


A carga fiscal brasileira é a soma de toda tributação imposta à sociedade
relativamente ao total de riquezas geradas pelo país. Trata-se, pois, da relação
existente entre a Receita Fiscal e o PIB.
Segundo a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), existe
uma pequena diferença entre carga fiscal e carga tributária. No caso da
primeira, além de serem incluídos os impostos, as taxas e as contribuições de
melhoria, que correspondem à carga tributária, incluem-se também as
contribuições fiscais e parafiscais, como as Contribuições de Intervenção no
Domínio Econômico (Cide) e a Contribuição para Fins de Seguridade Social
(Cofins).
A princípio entendemos que tal definição é válida, especialmente porque

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a própria classificação da Receita Orçamentária diferencia as receitas em
tributárias e de contribuições. Destacamos apenas que, na maior parte das
questões de concurso, não existe tal diferenciação, motivo pelo qual devemos
ter atenção ao abordarmos uma questão que verse sobre tal assunto.
O objetivo da imposição do ônus fiscal é o de financiar a atividade
governamental, consubstanciada nas suas funções de alocação, distribuição,
estabilização e regulação do processo econômico.
Importante: a estrutura tributária, bem como o seu grau de incidência
sobre a riqueza gerada no país, está diretamente relacionada à composição
dos tributos incidentes.

Carga fiscal progressiva


À medida que a renda cresce, a carga fiscal cresce mais do que
proporcionalmente ao crescimento da renda. O objetivo desse sistema é o de
promover a melhoria da distribuição na renda da sociedade, contribuindo mais
aqueles que ganham mais.
Podemos afirmar ainda que quando a carga fiscal é progressiva, o
acréscimo marginal (adicional) da incidência fiscal é maior do que a carga
média da mesma incidência. Vejamos como isso ocorre com a ajuda da tabela
do IR, que é um imposto progressivo.

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Carga fiscal regressiva
À medida que a renda cresce, a carga fiscal cresce menos do que
proporcionalmente ao crescimento da renda. Destaca-se ainda que a
regressividade tende a piorar a distribuição da riqueza gerada na economia,
uma vez que aqueles que ganham mais, pagam menos proporcionalmente às
suas rendas.
Ao contrário da carga fiscal progressiva, no caso da regressividade, o
aumento marginal da carga fiscal é inferior à carga fiscal média cobrada em
função do aumento da renda.

Carga fiscal neutra ou proporcional


A carga fiscal cresce na mesma proporção do aumento da renda. Nesse
caso, a alíquota marginal é igual à alíquota média cobrada, uma vez que
ocorrem aumentos na renda da sociedade.
Observação: assim como o disposto na análise dos impostos,
verificamos que uma carga fiscal proporcional atende diretamente ao princípio
teórico da neutralidade, não alterando a alocação dos recursos econômicos.
Diante desses conceitos e agregando os conhecimentos anteriores,
podemos afirmar que em um regime de carga fiscal progressiva pagam mais
aqueles que ganham mais. A carga fiscal progressiva tende a diminuir as
desigualdades econômicas, na medida em que ocorre uma redistribuição da
renda gerada na economia.
Um dos impactos negativos de uma carga fiscal progressiva, o qual será
analisado mais adiante, é o de que os trabalhadores decidirão ofertar menos
trabalho (não querem aumentar mais a sua renda), pois pagarão uma carga
tributária cada vez maior.
De forma inversa, diante de uma carga fiscal regressiva, acabam por
pagar mais aqueles que recebem menos, acentuando as desigualdades
econômicas no país. Isso porque ocorre um estímulo ao trabalho, já que à
medida que aumenta a renda, o percentual tributado da renda é cada vez

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menor. Trata-se, portanto, de uma dicotomia existente diante de um sistema
tributário perverso.
Conforme já verificado, no caso de uma carga fiscal neutra, as decisões
de alocação de recursos não se alteram. A sociedade é proporcional à renda,
permanecendo constante a oferta de trabalho pelos trabalhadores.

Carga fiscal no Brasil


De forma oficial, podemos dizer que o sistema tributário brasileiro é
progressivo, porém, devido ao emaranhado de legislações existentes,
verificamos que o próprio sistema não apresenta tanta progressividade quanto
parece.
A essa constatação estão associadas às seguintes questões:

 O IR é menos progressivo do que prega a legislação, uma vez que


rendas de capitais são tributados em alíquotas inferiores às alíquotas
incidentes sobre a renda e os proventos de qualquer natureza de
pessoas físicas. Associada às diferentes alíquotas e ao fato de que as
rendas de capitais estão normalmente vinculadas às pessoas de maior
poder aquisitivo, encontra-se a possibilidade de deduções com saúde,
que tende a beneficiar os trabalhadores de maior poder aquisitivo e que,
naturalmente, possuem maiores gastos com saúde;

 O efeito translação tende a promover o repasse de grande parte da


carga tributária incidente sobre a renda diretamente para os
trabalhadores;

 PIS e Cofins, contribuições incidentes sobre o faturamento das


empresas e, consequentemente, sobre os preços, tendem a tornar o
sistema tributário menos progressivo, dado o caráter de regressividade
deles.
Não há um consenso quanto à carga fiscal ideal de um país, muito
menos quanto à forma de incidência da tributação sobre a renda e o consumo.
De todo modo, é natural que os governos busquem sempre a maximização de

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suas receitas, acompanhadas, se possível, da minimização dos impactos
negativos da tributação sobre a sociedade. A essa ideia está associado o
conceito de carga fiscal ótima, conforme podemos verificar na sequência do
material.

Carga Fiscal Ótima

A Curva de Laffer
Independentemente do aspecto referente à estrutura tributária do país, é
importante identificar qual seria o nível de carga fiscal que maximiza a
arrecadação de recursos pelo Estado e, ao mesmo tempo, torna o sistema
tributário equitativo e neutro, sem causar interferência nas decisões dos
agentes econômicos.
O simples aumento das alíquotas dos tributos pode não levar ao
aumento da receita, mas sim à queda da arrecadação. Esse fenômeno ocorre
porque fica muito custoso aos trabalhadores oferecerem trabalho, já que parte
representativa de sua renda é transferida diretamente ao governo.
Tal constatação foi inicialmente abordada por Laffer, famoso economista
americano que procurou demonstrar a existência de um nível ótimo de carga
fiscal que maximizaria a arrecadação tributária e, ao mesmo tempo, não
desestimularia o chamado trabalho formal.
Você sabe para que serve a Curva de Laffer?
Serve para demonstrar que quando a alíquota é relativamente baixa,
existe uma relação direta entre a alíquota e a arrecadação. De acordo com o
autor, existe uma alíquota ótima de arrecadação – a chamada carga fiscal
ótima. Entretanto, a partir de determinado nível de carga fiscal, qualquer
elevação adicional resultará em uma diminuição da arrecadação global, devida
à provável evasão (sonegação) fiscal e ao desestímulo sobre os negócios em
geral.
Observe com atenção a forma gráfica da Curva de Laffer.

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Como forma de minimizar os impactos da imposição da tributação sobre
a população, alguns aspectos e considerações devem ser feitos quanto à
estrutura e distribuição do ônus.
Para a reestruturação da carga fiscal e consequente melhoria nos níveis
de distribuição da renda, é importante que os recursos gerados sejam
originados da tributação de bens e serviços de consumo das classes de maior
nível de renda, especialmente aqueles de uso suntuário ou de luxo. Uma
tributação progressiva sobre a propriedade (residências e automóveis de luxo,
barcos, aviões) também contribuiria para melhorar o perfil distributivo.
Um balanceamento dessas formas de tributacão, com a adoção de um
Imposto de Renda progressivo, que não desestimule a poupança e o
investimento – a utilização de incentivos fiscais, desde que bem monitorados
quanto ao alcance de seus objetivos, pode auxiliar nesse aspecto –, parece ser
o desenho mais apropriado, de forma a alcançarmos, se não um nível ótimo de
carga fiscal, pelo menos uma minimização das distorções geradas pelo sistema
tributário.

Curva de Lorenz
Uma forma alternativa de caracterizar a carga fiscal ótima é por meio da
Curva de Lorenz, a qual mostra a desigualdade na distribuição da renda de
uma sociedade. No eixo “X” encontra-se o percentual da população enquanto
no eixo “Y” encontra-se a renda na qual o percentual da população está
relacionado.
A ideia dessa curva é a de que 10% da população concentra 10% da

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renda, 20% da população concentra 20% da renda e assim sucessivamente.
Dessa maneira, quando 10% da população representa 50% da renda e os
outros 90% representa os outros 50%, existe uma concentração da riqueza da
sociedade nas mãos de uma pequena parte da sociedade.
Analise a seguir como funciona essa curva no gráfico.

A Curva de Lorenz “A” é a chamada curva ideal, a qual tem uma


inclinação de 45%, ela demonstra uma relação linear entre o percentual
acumulado da população e o percentual acumulado da renda da sociedade.
Conforme dito anteriormente, o aumento do percentual acumulado da
população é exatamente igual ao aumento do percentual acumulado da renda
da sociedade.
Para a Curva de Lorenz “B”, a relação não é linear, ou seja, um maior
percentual da população possui um menor percentual da renda da sociedade.
Ainda pior do que a curva “B” é a curva “C”, pois esta demonstra um percentual
muito maior da população com pouca representatividade na renda da
sociedade.
Atenção: políticas que promovam uma carga fiscal progressiva, em que
aqueles que ganham mais paguam mais, levarão as curvas “B” e “C” em
direção à Curva de Lorenz ideal. Caso a carga fiscal seja essencialmente
regressiva, é certa a piora da distribuição da renda da sociedade.
Ainda na análise a respeito dos tipos de tributos e sua relação com a
progressividade, regressividade ou neutralidade, podemos verificar de que
forma esses tributos tendem a impactar as decisões feitas pelos agentes

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econômicos em termos da relação existentes entre trabalho e lazer (descanso),
uma vez que à medida que aumenta a renda, maior tende a ser a “mordida”
tributária.

Os tributos progressivos e a chamada curva reversa


Os efeitos da ausência ou do excesso de tributos podem ser traduzidos
como a melhora ou a piora das inter-relações existentes entre consumidores,
produtores e o próprio governo.
A tributação é objetivada na necessidade de geração de caixa para o
governo, para que ele possa realizar a manutenção da máquina estatal, bem
como para ser o promotor de políticas de estímulo ao crescimento econômico
das mais diversas formas (saúde, educação, transportes etc.), além de atuar na
minimização das distorções existentes entre as relações comerciais de
produtores e consumidores.
Você deve saber que os mercados sem a interferência governamental
são aqueles chamados de perfeitamente competitivos, em que a alocação dos
recursos pode levar ao chamado na economia de “Ótimo de Pareto”, situação
na qual o aumento do bem-estar de um indivíduo acaba por piorar o bem-estar
dos demais integrantes da sociedade.
Vale mencionar, no entanto, que toda a atividade interventiva
governamental, no sentido de atingir o ponto teórico do “Ótimo de Pareto”, deve
ser pautada nos princípios da tributação de neutralidade e equidade, de forma
que o ônus tributário seja utilizado muito mais para suprimir as distorções nos
mercados do que para inibir as transações entre consumidores e produtores.
Entende-se então que a tributação imposta à sociedade deve ser
adequada, de forma a não desestimular as atividades econômicas, uma vez
que o salário – remuneração do processo produtivo, também conhecido como
renda do trabalhador – é gravado pelo próprio ônus tributário. Assim, à medida
que crescem as alíquotas de impostos, cresce na mesma direção o
desestímulo à oferta de trabalho, o que, por si só, traz como resultado o

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impacto sobre o crescimento da renda e do produto da economia.
Podemos constatar também, por meio das análises e dos impactos da
tributação progressiva sobre a renda, que o salário líquido, real valor recebido
pelo trabalhador, diminui em proporção ao aumento de trabalho ofertado. Em
consequência desse efeito, menor será o estímulo ao aumento de horas
trabalhadas.
Você sabia que a incidência tributária progressiva sobre a renda dos
consumidores gera os chamados efeito substituição (deslocamento) e efeito
renda?
No caso do efeito substituição, o trabalhador, ao verificar a incidência
tributária sobre a renda, entende que a sua remuneração líquida está
diminuindo proporcionalmente às horas trabalhadas, de tal maneira que se
torna mais interessante para ele substituir o trabalho por lazer. Diante dessa
situação, concluímos que, quanto maior a carga tributária, menor será o
estímulo do trabalhador a oferecer trabalho, impactando negativamente a
arrecadação fiscal.
Já no caso do efeito renda, o trabalhador, ao verificar que a sua renda
líquida diminuiu, procura oferecer mais trabalho, de forma a diminuir o impacto
da perda de bem-estar, e, consequentemente, ele terá menos horas de lazer.
O resultado dos efeitos renda e substituição tornam a oferta de trabalho
na economia representada conforme o gráfico que segue. Confira!

Inicialmente, os trabalhadores oferecerão mais trabalho, de forma a

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compensar a perda de renda, fazendo com que o efeito renda seja superior ao
efeito substituição. Não obstante, como o dia só possui 24 horas, aumentos
ainda maiores na tributação farão com que o efeito substituição de trabalho por
lazer dos trabalhadores seja maior do que o efeito renda, o que faz os mesmo
aumentos salariais adicionais diminuírem nas horas de trabalho ofertadas.
Portanto, podemos afirmar que, em condições normais, o aumento dos
salários será acompanhado de maior oferta de trabalho. No entanto, com a
excessiva tributação sobre a renda, cada aumento salarial será menos
relevante sobre a decisão de oferta de trabalho, uma vez que o salário líquido,
valor descontado dos impostos, será cada vez menor, diminuindo a utilidade
adicional auferida pelo trabalhador.
O que achou desta parte do tema? Interessante, não é mesmo? Mas
não terminou por aqui, o professor Alcides tem mais a dizer acerca do assunto
no vídeo que está no seu material on-line.

Incidência tributária

A análise dos impactos da tributação sobre consumidores e produtores


pode ser evidenciada por meio da ferramenta microeconômica utilizada para
demonstrar a reação deles às variações nos preços dos bens e serviços.
Trata-se, portanto, da relação existente entre oferta e demanda.
Vejamos os principais conceitos que embasam essa análise.

Curva de demanda – função demanda


A demanda ou procura pode ser definida como as várias quantidades de
um determinado bem ou serviço que os consumidores estão dispostos e aptos
a adquirir, em função dos vários níveis de preços possíveis, em determinado
período de tempo. Ou seja, a demanda é a correlação entre as diversas
quantidades procuradas de um bem, com os diversos níveis de preços
apresentados.
A demanda é dependente de uma série de variáveis, dentre as quais o
preço do bem “X” (PX), a renda dos consumidores (R), o preço dos outros bens

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(PY), assim como os gostos dos consumidores (G).

 DX = f (PX, R, PY, G), sendo a demanda dada em função dos


parâmetros anteriores.
A Lei da Demanda diz que há uma correlação inversa entre preços e
quantidades demandadas, coeteris paribus – expressão latina que significa
“todo o mais é constante”, como a renda do consumidor, os preços de outros
bens e as preferências dos consumidores –, ou seja, quanto maior for o preço,
menor será a quantidade demandada do bem que o consumidor estará
disposto a adquirir e vice-versa.
Analise o gráfico que se segue.

Sendo assim, concordamos com a informação de que existe uma


relação inversa entre o preço e a quantidade demandada, o que nos leva a
interpretar, conforme o gráfico anterior, que a curva apresenta uma declividade
(inclinação) negativa.
Você precisa saber que a curva de demanda é negativamente inclinada
devido ao efeito conjunto de três fatores:

 Efeito substituição – se um bem “X” possui um substituto “Y”, ou seja,


outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu
preço aumenta (coeteris paribus), o consumidor passa a adquirir o bem
substituto “Y”, reduzindo assim a demanda pelo bem “X”. Por exemplo,
se o preço do fósforo subir muito, os consumidores passam a consumir
isqueiro, reduzindo a demanda por fósforo;

 Efeito renda – quando aumenta o preço de um bem, tudo o mais


constante (renda do consumidor e preços de outros bens constantes), o

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consumidor perde poder aquisitivo e a demanda pelo produto cai;

 Utilidade marginal – quanto maior a quantidade de um produto que o


consumidor pode adquirir, menor será a utilidade ou satisfação adicional
(marginal) com cada unidade adicional consumida, o que o levará a
reduzir a quantidade demandada do bem.
Embora os termos “demanda” e “quantidade demandada” tendam a ser
utilizados como sinônimos, possuem interpretações diferentes. O primeiro diz
respeito a toda escala ou curva que relaciona os diferentes preços e
quantidades dos bens transacionados na economia, e o segundo devemos
entender como um ponto da curva que relaciona o preço e a quantidade
demandada de um determinado bem.
No gráfico a seguir, a curva de demanda está indicada pela letra “D”,
sendo que a quantidade demandada “Q0” é relacionada ao preço “P0”. Caso o
preço aumentasse para “P1”, haveria uma diminuição na quantidade
demandada e não na demanda. Isto é, as alterações da quantidade
demandada ocorrem ao longo da mesma curva de demanda.

No próximo gráfico, a curva da demanda inicial está indicada por “D0”.


Imaginemos que ocorresse um aumento na renda dos consumidores (coeteris
paribus), isso faria com que a demanda se deslocasse para a direita “D1”,
indicando que o consumidor estaria disposto a adquirir maiores quantidades de
bens e serviços.

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Verificamos que movimentos da quantidade demandada ocorrem ao
longo da mesma curva de demanda (D 0), devido somente a mudanças no
preço do bem. Quando a curva de demanda desloca-se (devido a variações da
renda ou de outras variáveis, que não o preço do bem), temos um
deslocamento da demanda, e não da quantidade demandada.

Curva de oferta – função de oferta


Qual é o conceito de curva de oferta para você?
Bom, podemos conceituá-la como as várias quantidades de bens e
serviços que produtores estão dispostos a oferecer no mercado aos mais
variados níveis de preços. Ao contrário da função demanda, a função oferta
representa a correlação positiva (direta) entre quantidade ofertada e nível de
preços.

Distinção entre oferta e quantidade ofertada


A oferta representa o total de bens e serviços oferecidos por
determinada empresa. Essa mesma oferta é dependente de uma série de
variáveis, como o preço do bem a ser vendido (P X), o preço dos insumos
(produtos utilizados na produção – PINS), a tecnologia empregada no processo
produtivo (T), bem como o preço dos demais bens (PY).

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Podemos demonstrar a função oferta da seguinte maneira:

 OX = f (PX, PINS, T, PY), sendo a oferta dada em função dos


parâmetros anteriores.
Assim como ocorre na análise da demanda, as variações na quantidade
ofertada derivam tão somente de alterações no preço do produto, conforme
exposto pelo gráfico anterior.
Já as variações na oferta de bens e serviços acontecem por fatores
diferentes da mudança de preços. Um bom exemplo pode ser derivado da
descoberta de nova bacia exploratória de petróleo em águas profundas
brasileiras. Nesse caso, ocorrerá o deslocamento da curva de oferta para baixo
e para direita, de acordo com o gráfico seguinte.

Determinação do preço de equilíbrio de mercado


A interação entre a demanda e a oferta por bens e serviços determina o
preço e a quantidade de equilíbrio no mercado.
As negociações entre consumidores e produtores funcionam da seguinte
maneira: quando ocorre um excesso de oferta de bens frente à demanda,
existe uma tendência natural a que ocorra uma sobra de produtos no mercado,
a qual tende a puxar os preços dos produtos para baixo.
De forma inversa, quando ocorre um excesso de demanda frente a uma
mesma oferta, existe a tendência de que os preços negociados dos produtos
subam. A isso damos o nome de escassez de bens.
Outra consideração importante que você deve saber é a de que o
mercado de concorrência perfeita é uma abstração teórica, ou seja, ele é pouco

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factível, existindo na economia apenas aproximações a esse tipo de mercado,
como o mercado de produtos hortifrutigranjeiros.

Para mais detalhes a respeito da curva de demanda, da curva de oferta,


da distinção entre oferta e quantidade ofertada e da determinação do preço de
equilíbrio de mercado, acompanhe no seu material digital o vídeo do professor
Alcides.

Revendo a problematização
Muito bem! Você deve estar lembrado da problematização deste tema, a
qual dizia que a carga fiscal brasileira é a soma de toda tributação imposta à
sociedade relativamente ao total de riquezas geradas pelo país. Então, agora,
chegou a hora de responder à pergunta feita acerca dos princípios tributários.
Opção 1: Princípio da Legalidade (art. 150, inciso I, da CF/88).
Opção 2: Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145, § 1º, da
CF/88).
Opção 3: Princípio da Moralidade.
Você encontra o feedback de cada uma das opções no material on-line.

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Síntese
Hoje, estudamos sobre carga fiscal progressiva, regressiva, neutra,
carga fiscal no Brasil, Curva de Laffer, Curva de Lorenz, tributos progressivos,
curva reversa, curva de demanda, curva de oferta, distinção entre oferta e
quantidade ofertada, e determinação do preço de equilíbrio de mercado.
Não se esqueça de finalizar assistindo ao vídeo de conclusão do
professor Alcides, o qual está no material digital.

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Referências
ALÉM, A. C.; GIAMBIAGI, F. Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil.
4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2011.
MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 1974.
VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. das. Introdução à economia. 8. ed. São
Paulo: Frase, 2007.

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Atividades
A principal fonte de receita do setor público é a arrecadação tributária.
Com relação às características de um sistema tributário ideal, assinale a
opção falsa.

a. A distribuição do ônus tributário deve ser equitativa.

b. A cobrança dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais


aquelas pessoas com maior capacidade de pagamento.

c. O sistema tributário deve ser estruturado de forma a interferir o


minimamente possível na alocação de recursos da economia.

d. O sistema tributário deve ser eficiente e maximizar os custos de


fiscalização da arrecadação.

Não é considerado um exemplo de tributo indireto:

a. Imposto sobre Produtos Industrializados.

b. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.

c. Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços.

d. Imposto de Importação.

Quanto aos diferentes tipos de impostos, é correto afirmar que:

a. As bases de incidência dos impostos são a renda, o patrimônio e o


consumo.

b. Contribuição é um tributo cobrado pelo governo sem um fim específico


definido com contrapartida.

c. Os impostos diretos incidem sobre as atividades ou os objetos.

d. Os impostos indiretos incidem sobre os indivíduos.

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Os sistemas de tributação diferenciam-se entre si de acordo com o
tratamento tributário dado às diversas camadas de renda da sociedade.
Com relação aos sistemas de tributação, identifique a alternativa correta.

a. O sistema de imposto progressivo tem a característica básica de tributar


mais fortemente às camadas mais baixas de renda.

b. A aplicação de um sistema de imposto proporcional altera o padrão da


distribuição de renda da sociedade.

c. A aplicação de um sistema de imposto progressivo não altera o padrão


da distribuição de renda da sociedade.

d. No sistema regressivo, o percentual do imposto pago diminui com o


aumento do nível de renda.

Em uma determinada economia, um imposto sobre o valor adicionado,


não cumulativo e do tipo multiestágio, tem uma alíquota fixa de 20% e é
cobrado “por fora”. Há um setor dessa economia que produz um bem, o
qual passa por quatro etapas produtivas até atingir o consumidor final,
sendo que a primeira etapa é constituída por uma firma totalmente
integrada verticalmente. Supondo-se que o preço cobrado por essa
empresa é 100 e que as outras três empresas na cadeia produtiva
acrescentam 100% ao valor do insumo recebido para formar seu preço,
quanto o governo desse país arrecadará por unidade vendida do bem?

a. 160

b. 180

c. 220

d. 250

Você encontra o gabarito das questões no material on-line.

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

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