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02/04/2015 Umberto Eco: “A Internet pode tomar o lugar do mau jornalismo” | Cultura | EL PAÍS Brasil

CULTURA

LITERATURA »

Umberto Eco: “A Internet pode tomar


o lugar do mau jornalismo”
Em novo romance, filólogo italiano mergulha no mundo da "máquina de lama" das notícias

JUAN CRUZ 29 MAR 2015 - 19:00 BRT

Arquivado em: Umberto Eco Itália Jornalismo Literatura Livros Europa Ocidental
Internet Europa Cultura Política Meios comunicação Comunicação Telecomunicações
Comunicações

Umberto Eco caminha diante da estante de livros em sua casa. / ROBERTO MAGLIOZZI

Umberto Eco tem na entrada de sua casa em Milão, antes
de sua montanha de livros, o jornal de seu povoado
(Alessandria, no Piemonte), que recebe diariamente.
Quando pedimos fotos de sua juventude foi a um
computador, que é o centro borgiano de seu Aleph
particular, seu escritório, e encontrou as fotos que o levam
ao princípio de sua vida, quando era um bebê de fraldas.
Faz tudo com eficiência e bom humor, e rapidamente; tem
na boca, quase sempre, um charuto apagado com o qual,
com certeza, foge do charuto. Tem uma inteligência direta,
não foge de nada, nem dá voltas. Acostumado a escolher as
palavras, as diz como se viessem de um exercício intelectual
que tem seu reflexo nos corredores superlotados dessa casa
que se parece com o paraíso dos livros.

Está com 83 anos; emagreceu,
pois faz uma dieta que o afastou
do uísque (com o qual almoçava algumas vezes) e de outros
excessos, de forma que mostra a barriga achatada como
uma glória conquistada em uma batalha sem sangue. É um
dos grandes filólogos do mundo; desde muito jovem
ganhou notoriedade como tal, mas um dia quis demonstrar
que o movimento narrativo se demonstra andando e
publicou, com um sucesso planetário, o romance O Nome
da Rosa (1980), cujo mistério, cultura e ironia
impressionaram o mundo.

Passeamos junto com o escritor. Física e metaforicamente.

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Percorremos juntos a imponente biblioteca de sua casa em
Milão, onde também repousam alguns de seus livros de
maior sucesso, como O Pêndulo de Foucault e
Apocalípticos e Integrados. Nas mesmas prateleiras
também está seu novo romance, Número Zero, uma ficção
sobre jornalismo inspirada na realidade. Um olhar sobre a
informação no século XXI e a Internet, campo de batalha
das ideias, das notícias e das mentiras. Controlar a verdade
do que aparece na rede é, para Eco, imprescindível. Uma
tarefa à qual deveriam se dedicar os jornais tradicionais,
para que esses continuem sendo, no futuro, garantidores da
democracia, da liberdade e da pluralidade.

Com esse sucesso que teria envaidecido qualquer um, não
parou de trabalhar, como filósofo e romancista, e desde
então o professor Eco é também o romancista Eco; agora
aparece (em vários países do mundo) com um novo
romance que nasce do centro de seus próprios interesses
como cidadão: ele se sente um jornalista cujo compromisso
civil o levou durante décadas a fazer autocrítica do ofício;
seu romance Número Zero (cujos direitos no Brasil foram
comprados pela Record, que deve lançá­lo neste ano)
retrata um editor que monta um jornal que não sairá às
ruas, mas cuja existência serve ao magnata para intimidar e
chantagear seus adversários. Pode se pensar legitimamente
que nesse editor está a metáfora de Berlusconi, o grande
magnata dos meios de comunicação na Itália?, perguntei a
Eco. O professor disse: “Se quiser ver em Vimecarte um
Berlusconi, vá em frente, mas há muitos Vimecarte na
Itália”.

Pergunta. Um romance sobre o
jornalismo. Por quê?

Resposta. Escrevo críticas do ofício desde os anos 1960,
além de ter na carteira o registro de jornalista. Tive um bom
debate polêmico com Piero Ottone sobre a diferença entre
notícia e comentário. Escrever sobre certo tipo de
jornalismo era uma ideia que me passava pela cabeça desde
sempre. Há leitores que encontraram em Número Zero o
eco de muitos artigos meus, cuja substância utilizei porque
já se sabe que as pessoas esquecem amanhã o que leram
hoje. De fato, alguns me elogiaram. Por exemplo, há quem
aplaudiu o que escrevo sobre o desmentido na imprensa, e
já escrevi o mesmo sobre isso há 15 anos! De forma que
abordei o tema porque o carrego comigo. Até o princípio do
livro é muito meu, porque esse episódio em que a água não
sai da torneira era também o princípio de O Pêndulo de
Foucault. Para aquele alguém me disse que não era uma
boa metáfora, e tirei; mas, para Número Zero, gostei dessa
ideia, a água que fica presa na torneira e não sai, e você
espera que saia pelo menos uma gota. Gostei dessa ideia, fui
ao porão, encontrei aquele primeiro manuscrito e voltei a
usar. Tudo é assim: na discussão que há com Bragadoccio
[um jornalista fundamental na trama de Número Zero]
sobre qual carro comprar, o que escrevo é uma lista que fiz
nos anos 1990 quando eu mesmo não sabia qual automóvel
queria...

P. O romance está cheio de referências ao cinismo do editor

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que cria um jornal para extorquir...

R. Tinha em mente um personagem da história da Itália,
Pecorelli, um senhor que fazia uma espécie de boletim de
agência de notícias que jamais chegava às bancas. Mas suas
notícias acabavam na mesa de um ministro, e se
transformavam, em seguida, em chantagem. Até que um
dia foi assassinado. Disseram que foi por ordem de
Andreotti, ou de outros... Era um jornalista que fazia
chantagens e não precisava chegar às bancas: bastava que
ameaçasse difundir uma notícia que poderia ser grave para
os interesses de outro... Ao escrever o livro pensava nesse
jornalismo que sempre existiu, e que na Itália recebeu
recentemente o nome de “máquina de lama”.

P. No que consiste?

R. Em que para deslegitimar o adversário não é necessário
acusá­lo de matar sua avó ou de ser um pedófilo: é
suficiente difundir uma suspeita sobre suas atitudes
cotidianas. No romance aparece um magistrado (que existiu
de verdade) sobre quem se lança suspeitas, mas não se
desqualifica diretamente, se diz simplesmente que é
extravagante, que usa meias coloridas... É um fato
verdadeiro, consequência da máquina de lama.

A imprensa é ainda uma P. O editor, o diretor do jornal


garantia de democracia” que não chega a sair, diz por
meio de seu testa­de­ferro: “É
que a notícia não existe, o
jornalista é que cria”.

R. Sim, naturalmente. Meu romance não é apenas um ato
de pessimismo sobre o jornalismo da lama; acaba com um
programa da BBC, que é um exemplo de fazer bem feito.
Porque existe jornalismo e jornalismo. O impressionante é
que quando se fala do mau, todos os jornais tratam de fazer
acreditar que se está falando de outros... Muitos jornais se
reconheceram em Número Zero, mas agiram como se
estivessem falando de outro.

P. O jornalista, em particular,
está retratado também como um
paranoico em busca de histórias Não pode se
custe o que custar, e fica
babando quando acha ter limitar apenas
encontrado...
a falar do
R. Acontece quando
Bragadoccio encontra a autópsia
mundo, uma
de Mussolini... Sempre disse, vez que disso a
também quando escrevia
romances históricos, que a televisão já
realidade é mais fantástica que a
ficção. Em A Ilha do Dia
fala. Já disse:
Anterior descrevo um tem que opinar
personagem fazendo um
estranho experimento para muito mais
descobrir as longitudes; é muito
engraçado, e as pessoas
sobre o mundo
disseram: “Olha que bonita a virtual. Um
invenção do Eco”. Pois era de
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Galileu, que também tinha
ideias loucas de vez em quando e
jornal que
havia inventado essa máquina soubesse
para vender aos holandeses. Se
mergulhar na história pode analisar e
encontrar episódios mais
dramáticos, mais cômicos, e
criticar o que
também mais verdadeiros do aparece na
que os que qualquer romancista
pode inventar. Por exemplo, Internet hoje
enquanto buscava material para teria uma
Número Zero, encontrei a
autópsia inteira de Mussolini. função
Nenhum narrador de pesadelos
e horrores jamais conseguiu
imaginar uma história como essa, e é verdadeira. E a passei
para o personagem Bragadoccio, jornalista investigativo,
que babava enquanto a utilizava para sua crônica sobre
conspiração que inventou.

O autor, em sua casa. / ROBERTO MAGLIOZZI

P. E o senhor não a inventou, claro.

R. Está na Internet, é assim. Então é muito fácil imaginar
que um personagem tão paranoico e tão obsessivo como
esse jornalista comece a desfrutar tanto da autópsia como
das caveiras que encontra na igreja de Milão por onde passa
sua história. Também nesse caso da igreja tudo é
verdadeiro: tentei desenhar uma Milão secreta, com essas
ruas, essas igrejas, que abrigam realidades que pareceriam
fantasias...

P. Agora a realidade e a fantasia têm um terceiro aliado, a
Internet, que mudou por completo o jornalismo.

R. A Internet pode ter tomado o lugar do mau jornalismo...
Se você sabe que está lendo um jornal como EL PAÍS, La
Repubblica, Il Corriere della Sera…, pode pensar que existe
um certo controle da notícia e confia. Por outro lado, se
você lê um jornal como aqueles vespertinos ingleses,
sensacionalistas, não confia. Com a Internet acontece o
contrário: confia em tudo porque não sabe diferenciar a
fonte credenciada da disparatada. Basta pensar no sucesso
que faz na Internet qualquer página web que fale de
complôs ou que invente histórias absurdas: tem um
acompanhamento incrível, de internautas e de pessoas
importantes que as levam a sério.

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P. Atualmente é difícil pensar no mundo do jornalismo que
era protagonizado, aqui na Itália, por pessoas como Piero
Ottone e Indro Montanelli…

R. Mas a crise do jornalismo no
mundo começou nos anos 1950
e 1960, bem quando chegou a Internet pode ter tomado
televisão, antes que eles o posto do jornalismo
desaparecessem! Até então o mau”
jornal te contava o que acontecia
na tarde anterior, por isso
muitos eram chamados jornais da tarde: Corriere della
Sera, Le Soir, La Tarde, Evening Standard… Desde a
invenção da televisão, o jornal te diz pela manhã o que você
já sabe. E agora é a mesma coisa. O que um jornal deve
fazer?

P. Diga o senhor.

R. Tem que se transformar em um semanário. Porque um
semanário tem tempo, são sete dias para construir suas
reportagens. Se você lê a Time ou a Newsweek vê que várias
pessoas contribuíram para uma história concreta, que
trabalharam nela semanas ou meses, enquanto que em um
jornal tudo é feito da noite para o dia. Um jornal que em
1944 tinha quatro páginas hoje tem 64, então tem que
preencher obsessivamente com notícias repetidas, cai na
fofoca, não consegue evitar... A crise do jornalismo, então,
começou há quase cinquenta anos e é um problema muito
grave e importante.

P. Por que é tão grave?

R. Porque é verdade que, como dizia Hegel, a leitura dos
jornais é a oração matinal do homem moderno. E eu não
consigo tomar meu café da manhã se não folheio o jornal;
mas é um ritual quase afetivo e religioso, porque folheio
olhando os títulos, e por eles me dou conta de que quase
tudo já sabia na noite anterior. No máximo, leio um
editorial ou um artigo de opinião. Essa é a crise do
jornalismo contemporâneo. E disso não sai!

P. Acredita de verdade que não?

R. O jornalismo poderia ter outra função. Estou pensando
em alguém que faça uma crítica cotidiana da Internet, e é
algo que acontece pouquíssimo. Um jornalismo que me
diga: “Olha o que tem na Internet, olha que coisas falsas
estão dizendo, reaja a isso, eu te mostro”. E isso pode ser
feito tranquilamente. No entanto, ainda pensam que o
jornal é feito para que seja lido por alguns velhos senhores
–já que os jovens não leem— que ainda não usam a
Internet. Teria que se fazer um jornal que não se torne
apenas a crítica da realidade cotidiana, mas também a
crítica da realidade virtual. Esse é um futuro possível para
um bom jornalismo.

P. Em seu romance, um editor concebe um jornal que não
vai sair às ruas, para dar medo. É uma metáfora do que
acontece?

R. E não só isso. Em Número Zero aprofundo a técnica do

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dossiê. A chantagem consiste em anunciar uma
documentação, um informe. A pasta pode estar vazia, mas a
ameaça de que existe basta: cada um de nós tem um
cadáver no armário ou pelo menos recebeu uma multa por
excesso de velocidade há 30 anos. A ameaça da existência
de um dossiê é fundamental. A técnica da documentação é
como a técnica do segredo. Filósofos ilustres, como Simmel
e outros, disseram que o segredo mais poderoso é o segredo
vazio. É uma técnica infantil: o menino diz (enganando):
“Eu sei uma coisa que você não sabe!”. Dizer que sabe uma
coisa que o outro não sabe é uma ameaça. Muitos segredos
são vazios, e por isso são muito mais poderosos. Depois
você vê os verdadeiros documentos, e são apenas recortes
de imprensa. São vendidos a um Governo e aos serviços
secretos, ou para a polícia, e são dossiês vazios, cheios de
coisas que todos sabiam, menos os serviços secretos.

P. Número Zero é um romance de ficção, mas tudo pode
ser visto na realidade...

R. É do jornalismo real que eu falo. Os jornais
especializados na máquina de lama existem. Nem todos os
jornais usam essa máquina, mas existem os que a utilizam,
e por uma modesta soma de dinheiro eu poderia te dar os
nomes...

P. E como sair da lama?

R. Dando notícias credenciadas. O que é maquina de lama?
Normalmente é utilizada para deslegitimar o adversário e
desacreditá­lo sobre questões particulares. Quero dizer que,
na época áurea, se você não gostava de um presidente dos
Estados Unidos, já aconteceu com Lincoln e Kennedy, o
matava; era, por assim dizer, um procedimento honesto,
como se faz na guerra... Por outro lado, com Nixon e
Clinton se produziu uma deslegitimação com base em
questões particulares. Um incitava a roubar papéis, o outro
fazia coisas com uma estagiária... Essa é a maquina de
lama. Poderiam ter dito, algo que não aconteceu nos
Estados Unidos, que Kennedy dormia com Marilyn
Monroe; a máquina de lama teria feito isso... Aquele juiz de
Rimini do meu livro (que existiu realmente, em outra
cidade) foi colocado na máquina de lama: usava meias
extravagantes, fumava demais. Na verdade, havia emitido
uma sentença que naquele momento não tinha agradado
Berlusconi. E o que o maquinário do ex­primeiro­ministro
fez foi buscar desacreditar sua reputação por meio de
episódios menores. Pode se deslegitimar Netanyahu pelo
que faz com a Palestina. Mas acusá­lo, por exemplo, de
pedófilo, então já não estará trabalhando com fatos, mas
estará colocando em funcionamento a máquina de lama.

P. Contra a máquina de lama…

R. As provas, as notícias rebatidas. Para a máquina de lama
é suficiente difundir uma sombra de suspeita ou trabalhar
sobre uma fofoca menor. No fim, na Itália, Berlusconi foi
colocado contra as cordas contando o que ele fazia à noite
em sua casa. Podiam dizer dele, e disseram, coisas muito
mais graves, sobre seus conflitos de interesse, por exemplo.
Mas isso deixava o público indiferente. E quando se provou

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que ele estava com uma menor de idade, então se viu em
dificuldades. Como você pode ver, até defendo o
Berlusconi! Ele foi vencido a partir de revelações sobre sua
vida pessoal mais do que por notícias sobre fatos
verdadeiros e outras coisas pelas quais é responsável.

P. O senhor cita em seu livro a Operação Gládio em relação
a fatos que ocorreram após a Segunda Guerra Mundial...
Entram aí até as suspeitas sobre a autoria da matança dos
advogados de Atocha... Aquela sombra da extrema direita
agora volta ao mundo com os atentados islâmicos. Um
mundo sombrio outra vez. Qual a sua opinião desse
momento outra vez sangrento, protagonizado dessa vez
pelos terroristas jihadistas?

R. É como o nazismo: pensava em restabelecer a dignidade
do povo alemão matando todos os judeus. De onde nasce o
nazismo? De uma profunda frustração. Tinham perdido
uma guerra, e é nos momentos de grandes crises que o
cacique de um povo pode congregar a opinião pública em
torno do ódio contra um inimigo. Acontece agora com o
mundo muçulmano: três séculos de frustração, após o
império otomano, após o imperialismo, surge essa
frustração em forma de ódio e fanatismo...

P. E como se luta contra isso?

R. Não sei. Estava muito claro como se podia lutar contra o
fanatismo nazista, porque os nacional­socialistas estavam
em um território identificável. Aqui a coisa é mais
complexa.

P. Tem medo?

R. Não por mim, por meus netos.

P. O senhor escreveu um livro em que um jornal da lama
faz batalhas sujas sem sair às ruas... Cogita que um dia não
haja jornais?

R. É um risco muito grave, porque, depois de tudo que
disse de mau sobre o jornalismo, a existência da imprensa
ainda é uma garantia de democracia, de liberdade, porque
especialmente a pluralidade dos jornais exerce uma função
de controle. Mas, para não morrer, o jornal tem que saber
mudar e se adaptar. Não pode se limitar apenas a falar do
mundo, uma vez que disso a televisão já fala. Já disse: tem
que opinar muito mais sobre o mundo virtual. Um jornal
que soubesse analisar e criticar o que aparece na Internet
hoje teria uma função, e até um rapaz ou uma moça jovem
leriam para entender se o que encontraram online é
verdadeiro ou falso. Por outro lado, acho que o jornal ainda
funciona como se a Internet não existisse. Se olhar o jornal
de hoje, no máximo encontrará uma ou duas notícias que
falam da Internet. É como se as rotativas nunca se
ocupassem de sua maior adversária!

P. É adversária?

R. Sim. Porque pode matá­la.

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02/04/2015 Umberto Eco: “A Internet pode tomar o lugar do mau jornalismo” | Cultura | EL PAÍS Brasil

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