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Senso crítico é arma para combater ‘fake

news’
Para especialistas, sociedade deve fazer esforço coletivo
pela alfabetização digital
Por Marina Dayrell, Matheus Riga e Pedro Ramos

A educação virtual é uma arma importante para detectar informações falsas no


noticiário, segundo especialistas. Essa “alfabetização” deve contar com
esforços de vários setores da sociedade, para evitar que as chamadas fake
news tumultuem o debate público, como ocorreu na corrida eleitoral americana
e na votação pela saída do Reino Unido da União Europeia.

“Tem de vir da grande imprensa, do professor, da família, de todos os lados”,


diz a diretora da Agência Lupa, Cristina Tardáguila, que realiza checagem de
informações do noticiário brasileiro. “Até porque não há nenhum sinal de que a
produção de notícias falsas vai diminuir.” Para ela, o entendimento sobre como
o noticiário é produzido deve ser uma prioridade no combate às fake news.

A dificuldade de identificar notícias falsas afeta até países com melhores


índices de escolaridade. Uma pesquisa da Universidade de Stanford apontou,
em julho deste ano, que estudantes americanos tiveram problema para checar
a credibilidade das informações divulgadas na internet. Dentre 7.804 alunos
dos ensinos fundamental, médio e superior, 40% não conseguiram detectar
fake news.

A editora executiva da agência de checagem Aos Fatos, Tai Nalon, destaca a


importância da criação de políticas públicas com foco na análise crítica da
mídia. “Acho que dificilmente conseguiremos uma mudança cultural sem
passar pela educação de massa da sociedade”, afirma.

Para o professor do Departamento de Informática da PUC-Rio, Daniel


Schwabe, o público não conhece os meios pelos quais pode ser manipulado na
internet. “Em relação às mídias tradicionais, as pessoas já aprenderam a
identificar sinais de demagogia”, diz. “Nesse cenário de novos canais, há uma
certa vulnerabilidade porque não se sabe mediar a absorção da informação
que se recebe.” Segundo ele, é necessário criar uma cultura de
questionamento.
Como identificar (e não compartilhar) fake news

Evitar ser alvo de informações falsas é ainda mais fundamental em períodos de


tomadas de decisão, como em disputas eleitorais. Para descobrir se o
conteúdo que você recebe por Facebook, Twitter ou WhatsApp é verdadeiro e
não ser enganado por fake news durante as eleições de 2018, confira as dicas
a seguir, apontadas por Cristina, da Agência Lupa, Tai, da Aos Fatos, e Angie
Holan, editora do site de checagem americano Politifact:

1) Não leia só o título


Uma estratégia muito utilizada pelos criadores de conteúdo falso na internet é
apelar para títulos bombásticos. Ler o texto completo é um passo básico para
evitar compartilhar fake news. “Às vezes, um título é provocativo, mas ele não
necessariamente está sendo honesto com a própria reportagem”, indica
Cristina. “Os títulos são feitos para chamar a atenção. Então, você precisa ler o
que está escrito para ver se o título se confirma no texto.”

2) Verifique o autor

Ver quem escreveu determinado texto é importante para dar credibilidade ao


que está sendo veiculado. “Na checagem de fatos, ver o autor é interessante. A
notícia foi assinada por alguém que você nunca viu na vida?”, questiona
Cristina. Para Tai, se a matéria é assinada por um repórter, o site demonstra
responsabilidade pela qualidade da informação.

3) Veja se conhece o site

Não deixe de olhar a página onde está a notícia. Navegar mais no site ajuda a
analisar sua credibilidade. “Investigar que página é essa, ir lá no ‘Quem somos’
e saber se dá para ligar para essa redação e falar com um responsável é
fundamental”, afirma Cristina. Na mesma linha de pensamento, Tai acredita
que procurar pelo expediente do site e tentar achar o básico sobre a hierarquia
da empresa são dicas valiosas. “É preciso saber quem é o responsável legal
pelas publicações.” Também vale checar o endereço do site. Segundo Cristina,
algumas páginas tentam simular o endereço de um veículo importante,
alterando apenas uma letra, um número ou um símbolo gráfico.

4) Observe se o texto contém erros ortográficos

As reportagens jornalísticas prezam pelo bom vocabulário e pelo uso correto


das normas gramaticais. Por outro lado, os sites com notícias falsas ou
mensagens divulgadas pelo WhatsApp tendem a apresentar uma escrita fora
do padrão, com erros de português ou quantidade exagerada de adjetivos. “Os
manuais sérios dos grandes jornais orientam o jornalista a não adjetivar
quando fizer uma reportagem”, explica Tai. “Se você está diante de um site de
notícias falsas, já tem adjetivo no título. Existe uma linguagem que é muito
particular do jornalista que não é utilizada em um site de notícia falsa.”

5) Olhe a data de publicação

Identifique quando a notícia foi publicada. Muitas vezes, o texto está


simplesmente fora de contexto. “Cansei de ver notícia falsa que na verdade
não é falsa, só é velha”, conta Cristina.

6) Saia da bolha da rede social


Para estar bem informado, o eleitor deve ler e acompanhar o noticiário não
somente nas redes sociais. “Ele deve fazer um esforço para estar mais
informado, encontrando uma nova fonte na qual ele confia e que tenha um bom
histórico”, recomenda Angie. “Não espere apenas que as notícias cheguem até
você porque você pode ter uma imagem muito distorcida do que está
acontecendo.”

7) Tome cuidado com o sensacionalismo

As fake news tendem a conter palavras ou frases que despertam emoções ou


mexem com as crenças das pessoas, atingindo um maior potencial de
divulgação e compartilhamento nas redes sociais. “Se tiver uma manchete,
uma foto, um meme ou um vídeo que comova você, ou que fale diretamente
com aquilo que acredita, duvide, porque pode ter sido feito para isso”, avalia
Cristina.

Colaborou Alessandra Monnerat

Por Mayra Poubel


Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

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“Fake News” em tradução literal significa notícia falsa. O uso corrente que essas
palavras têm tido atualmente não é, porém, uma relação direta entre notícia falsa e
mentira. Alguns intelectuais apontam que estamos sob o domínio do “pós-verdade”,
isto é, um momento em que notícias falsas são difundidas – principalmente com o
advento da internet – importando muito mais as crenças que se pretendeu solidificar do
que a veracidade dos fatos em si.

Eleita pelo dicionário Oxford (referência no papel de catalogar novos termos) como
expressão do ano de 2016, o termo “pós-verdade” foi definido como “relativo ou
referente a circunstâncias nas quais os fatos objetivos tem menos influência em moldar
a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. De forma
simplificada, a utilização dessa expressão se refere à diminuição do peso dado para a
verdade factual e valorização das versões de um fato com objetivo de sustentar opiniões
e ideologias.

Em linhas gerais, esta ideia já era discutida por Baudrillard quando ao analisar a
sociedade pós-industrial apontava que as transformações ocorridas nesse período
resultaram em um mundo onde há cada vez mais informação e menos sentido. A
realidade não é mais simplesmente o que acontece, mas o que é capaz de ser simulado e
reproduzido. A representação estaria, portanto, precedendo a realidade.

Embora a discussão de Baudrillard já abra caminho para o entendimento do


descolamento entre o real e o que é reproduzido, a expressão “pós verdade” conforme
utilizada atualmente apareceu no ano de 1992 na revista “The Nation”, se projetando a
partir de 2016 com a divulgação de “Fake News” em dois eventos de alcance mundial:
eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA e a saída do Reino Unido
da União Européia (Brexit). Nestes dois episódios, a divulgação de notícias falsas
podem ter sido decisivas para o resultado final das campanhas.

Cabe ressaltar que notícias falsas sempre existiram na história da humanidade mas há
quatro causas que se relacionam e explicam esse novo fenômeno:

 Descentralização da informação trazida pelas novas tecnologias de


comunicação;
 Ambiente de forte polarização política, que contribui para a difusão de notícias
falsas para atingir o inimigo ideológico;
 Crise de confiança nas instituições tradicionais favorecendo a autonomia das
pessoas na busca pelas informações;
 Fortalecimento de uma visão de mundo que relativiza a verdade resultado de
mudanças socioeconômicas trazidas pela globalização que fragmentaram e
flexibilizaram o modo de ver o mundo propiciando um pensamento mais
individualista e imediatista.

Em um momento de queda em quatro grandes instituições: Empresas, Governos, ONG e


Mídia, as pessoas estão mais propensas a ignorar informações que confirmam uma ideia
com a qual não concordam, mostrando um desprezo pela verdade, ainda que baseado
em fatos.

O grande perigo existente na fluidez da veracidade dos fatos é que a verdade não precisa
ser provada, apenas afirmada. A afirmação/manipulação dos fatos para atender a
determinados objetivos e ideologias foi uma estratégia muito utilizada nos regimes
totalitários e que está perigosamente ganhando terreno também entre os regimes ditos
democráticos.

Bibliografia:

Guia do Estudante. Atualidades vestibular + ENEM. Ed.26. 2º S 2017 Editora Abril

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